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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP Maria do Carmo da Silva Rodrigues Miranda Uma Trajetória Hipotética de Aprendizagem: Leitura e Interpretação de Gráficos e Tabelas e Medidas de Tendência Central em uma Perspectiva Construtivista MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE MATEMÁTICA São Paulo 2011

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC/SP

Maria do Carmo da Silva Rodrigues Miranda

Uma Trajetória Hipotética de Aprendizagem:

Leitura e Interpretação de Gráficos e Tabelas e Medidas

de Tendência Central em uma Perspectiva Construtivista

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE MATEMÁTICA

São Paulo

2011

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC/SP

Maria do Carmo da Silva Rodrigues Miranda

Uma Trajetória Hipotética de Aprendizagem:

Leitura e Interpretação de Gráficos e Tabelas e Medidas

de Tendência Central em uma Perspectiva Construtivista

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como

exigência parcial para obtenção do título de MESTRE

PROFISSIONAL EM ENSINO DE MATEMÁTICA, sob a

orientação do Professor Doutor Armando Traldi Junior.

São Paulo

2011

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Banca Examinadora

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

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O mestre tem a responsabilidade de fazer com que o aluno

descubra não o caminho propriamente dito, mas as vias de acesso

a esse caminho, que devem conduzir à meta última.

Eugen Herrigel (1989)

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Dedico este trabalho a meus pais, esposo,

filha e neto, pois com muito carinho e

incentivo colaboraram, para que eu

alcançasse mais este objetivo em minha vida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, o maior de todos os Mestres, pelos

ensinamentos de vida, por todas as conquistas

alcançadas e barreiras ultrapassadas.

A meus pais José e Celestina (in memória), minha filha Luana,

meu neto Pedro e o meu esposo Leonardo, que sempre me

acompanharam, participando de meus objetivos, envolvendo-me

com amor, atenção e carinho.

Ào professor orientador Doutor Armando Traldi Júnior,

pela competência e sabedoria na orientação e execução

deste trabalho.

Aos professores do curso, que com toda sabedoria souberam

transmitir e me fazer entender tudo aquilo que se propuseram a

ensinar.

À professora, amiga e irmã de coração Viviane, pela

preciosa atenção, receptividade, sabedoria e dedicação na

correção da redação de meu trabalho durante todo seu

desenvolvimento, sempre me apoiando e incentivando

com carinho amor e dedicação.

As amigas de curso Luciane Mendonça e Luciane Rosenbaum,

no decorrer do curso, aprendi a tê-las como irmãs de coração, por

me apoiarem sempre e aceitarem como sou, ouvindo-me nos

momentos de desânimo e ajudando a prosseguir nesta

caminhada sempre com carinho e dedicação.

A meu amigo de curso Mitchell, que me apoiou nos

momentos difíceis e respeitou-me como sou, incentivando

e ouvindo-me com calma e sabedoria para me orientar

sempre que necessário.

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Aos demais colegas do curso, que me aceitaram, permitindo-me

viver em liberdade para que pudesse ser eu mesma,

compreendendo minhas falhas e estimulando-me ao êxito: tenho

certeza de que nunca estaremos sós, pois cada um de nós leva

um pouco do outro e deixa um pouco de si mesmo...

Aos professores e alunos sujeitos desta pesquisa, sem os

quais não seria possível sua efetiva realização.

A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização

deste trabalho.

A Autora

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RESUMO

Este estudo teve como objetivo verificar como desenvolver uma trajetória hipotética de

aprendizagem (THA), de acordo com as perspectivas construtivistas, contemplando a

leitura e a interpretação de gráficos, tabelas e medidas de média, moda e mediana.

Assim, analisou-se a atuação do professor de Matemática, no que se refere ao

planejamento e desenvolvimento de uma trajetória hipotética de aprendizagem, de forma

compatível com a perspectiva construtivista de aprendizagem. Para a fundamentação

teórica, a teoria de Simon (1995) foi usada, pois defende a formulação de modelos de

ensino, baseados em uma perspectiva construtivista. O estudo faz parte de um projeto de

pesquisa denominado “Construção de Trajetórias Hipotéticas de Aprendizagem e

Implementação de Inovações Curriculares em Matemática no Ensino Médio”. Com a

finalidade de responder às questões de pesquisa, realizou-se um estudo de natureza

qualitativa, contando com a participação de três professores em regime de colaboração

da rede pública do Estado de São Paulo e 90 alunos da 3.ª série do Ensino Médio. A THA

foi elaborada pela pesquisadora com base nos resultados de pesquisas já realizadas

sobre leitura e interpretação de gráficos e tabelas estatísticas, medidas de média, moda e

mediana que contemplam tarefas, contendo tabelas de dados brutos, situações-

problema, representações gráficas e tarefas que envolveram a análise exploratória dos

dados. Apoiada nos resultados obtidos, inferiu-se, que o uso dos resultados de pesquisa

contribui de forma relevante para o planejamento de situações de ensino e

aprendizagem, porém, é necessário rever como estas poderão chegar aos professores.

Considera-se que, apesar do uso das THAs ser relevantes e servir realmente de ponto de

referência para o planejamento das atividades de ensino, sua elaboração é uma tarefa

difícil dentro do âmbito de uma aprendizagem, segundo os pressupostos de uma

perspectiva construtivista. Ressalta-se ainda que apenas a THA não é suficiente, para

que ocorra uma aprendizagem significativa.

Palavras-chave: Estatística. Leitura e Interpretação de Gráficos e Tabelas. Trajetória

Hipotética de Aprendizagem. Educação Matemática. Ensino Médio. Perspectiva

Construtivista.

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ABSTRACT

This study aimed to determine how to develop a Hypothetical Learning Trajectory (HLT),

according to constructivist perspectives, considering the reading and interpreting of

figures, charts and measures of mean, median and mode. Thus, It was analyzed the

performance of the mathematics teachers in relation to the planning and development of a

hypothetical learning trajectory, consistent with the constructivist perspective of learning.

For the theoretical background, it was used the theory of Simon (1995), because it

defends the formulation of models of teaching based on a constructivist perspective. The

study is part of a research project entitled "Construction of Hypothetical Learning

Trajectories and Implementation of Curriculum Innovation in Mathematics Teaching in

High School." In order to answer the research questions, It was carried out a qualitative

study, with the participation of three teachers under cooperation of the State of São Paulo

and 90 students of the 3rd Grade of high school. The (HLT) was established by the

researcher based on the results of researches conducted about reading and interpreting

graphs and statistical charts, measures of mean, median and mode which includes tasks,

containing charts of gross data, problem-situations, graphics representations and tasks

involved in exploratory data analysis. Supported by the results found, we inferred that the

use of research results contributes to the planning of teaching and learning situations,

however, it is necessary to review how they could reach the teachers. It is considered

that, despite the use of (HLT) be relevant and truly important as a reference point for

planning teaching activities; its development is a difficult task within the framework of a

learning process, according to the assumptions of a constructivist perspective. In addition

to, it was noticed that only the (HLT) is not enough to happen a meaningful learning.

Keywords: Statistics. Reading and Interpreting Graphs and Charts. Hypothetical Learning

Trajectory. Mathematics Education. High School. Constructivist Perspective.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO DA PESQUISA ....................................................................... 13

Projeto de Pesquisa no qual o Trabalho está Inserido ......................................... 13

Relevância e Motivação do Estudo Realizado com base no Projeto de Pesquisa 14

III Estrutura do trabalho ........................................................................................ 18

CAPÍTULO 1 ............................................................................................................ 19

Trajetórias Hipotéticas de Aprendizagem (THA) .............................................. 19

1.1 Pressuposto Teórico: Construtivismo ............................................................ 19

1.2 Trajetórias Hipotéticas de Aprendizagem (THA) - MARTIM SIMON ............. 24

1.2.1 Aspectos da Perspectiva Construtivista ............................................... 25

1.2.2 Caracterizações de uma Trajetória Hipotética de Aprendizagem ........ 27

1.3 Outras Concepções sobre THA Pesquisadas por Gómez e Lupiañez .......... 36

1.4 Revisão bibliográfica ...................................................................................... 39

1.4.1 Estudos de THA ................................................................................... 39

1.4.2 Leitura e Interpretação de Gráficos e Tabelas e Conceitos Básicos

de Estatística .......................................................................................

44

1.4.3 Analise Exploratória dos Dados ........................................................... 56

1.4.4 Letramento Estatístico .......................................................................... 58

1.5 A Estatística nos Documentos Oficiais .......................................................... 60

CAPÍTULO 2 ............................................................................................................ 67

Metodologia de Pesquisa ................................................................................... 67

2.1 Metodologia .................................................................................................... 67

2.2 Procedimentos Metodológicos ....................................................................... 67

2.3 Cenário de Pesquisa ...................................................................................... 70

2.3.1 Caracterização das Escolas ................................................................ 70

2.3.2 Caracterização dos Professores Colaboradores ................................. 72

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2.3.3 Caracterização dos Alunos .................................................................. 75

2.4 Primeiro Contato dos Professores com o Projeto .......................................... 77

CAPÍTULO 3 ............................................................................................................ 79

Primeira versão da THA ...................................................................................... 79

3.1 Motivação para Elaboração da Primeira Versão da THA .............................. 79

3.2 Objetivos da Pesquisadora ............................................................................ 80

3.3 Hipótese da Professora Pesquisadora em Relação à Aprendizagem dos

Alunos ............................................................................................................

82

3.4 Primeira Versão da THA e Objetivos de Cada Etapa de Aprendizagem ....... 83

CAPÍTULO 4 ............................................................................................................ 105

A THA em sala de aula ........................................................................................ 105

Desenvolvimento da Trajetória Hipotética de Aprendizagem em Sala de Aula .... 105

4.1 Desenvolvimento da THA pelos Professores ................................................. 105

4.2 Desenvolvimento da THA pelos Alunos ......................................................... 108

4.3 Análise da primeira versão da THA ............................................................... 110

4.4 Sugestões e Modificações para a Segunda Versão da THA ......................... 143

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 158

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 166

SITES ........................................................................................................................ 170

ANEXOS ................................................................................................................... 172

Roteiro para Entrevista ......................................................................................... 172

Encontros com P1e P2 ......................................................................................... 174

Observações das aulas de P1 e P2 - Resolução da THA em sala de aula .......... 176

Encontros com P3 ................................................................................................. 194

Observações das aulas de P3 - Resolução da THA em sala de aula .................. 195

Segunda Versão da THA ...................................................................................... 209

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Ciclo de ensino de Matemática abreviado (Simon, 1995, p. 136) ............... 30

Figura 2: Os componentes da THA de Simon (1995) ................................................ 31

Figura 3: Domínios do conhecimento do professor, trajetória hipotética de

aprendizagem e interações com os alunos ..................................................

33

Figura 4: Diagrama das diferentes concepções de THA, conforme Gómez e

Lupiáñez (2007) ...........................................................................................

38

Figura 5: Gráfico de distribuição de frequência das formas de tempo gasto na

utilização do computador .............................................................................

84

Figura 6: Resolução errônea dos alunos de P3 da seleção dos sujeitos de

pesquisa .......................................................................................................

111

Figura 7: Representação do aluno A de P3 para o gráfico de colunas ...................... 113

Figura 8: Representação do aluno B de P3 para o gráfico de colunas ...................... 113

Figura 9: Tabela elaborada pelo aluno A de P1 ......................................................... 117

Figura 10: Representação gráfica dos dados da tabela pelo aluno A de P1 ............. 118

Figura 11: Tabela elaborada pelo aluno A de P2 ....................................................... 119

Figura 12: Representação gráfica dos dados da tabela pelo aluno A de P2 ............. 120

Figura 13: Organização dos dados apresentada pelo aluno B de P3 ........................ 122

Figura 14: Organização dos dados em uma tabela elaborada pelo aluno B de P3 ... 123

Figura 15: Tabela desenvolvida pelo aluno C de P1 .................................................. 125

Figura 16: O cálculo das medidas e construção do histograma pelo aluno C de P1 . 126

Figura 17: Tarefa realizada pelo aluno C de P2 ......................................................... 128

Figura 18: Histograma construido pelo aluno C de P2 ............................................... 128

Figura 19: Tarefa realizada pelo aluno D de P3 ......................................................... 129

Figura 20: Tarefa realizada pelo aluno D de P1 ......................................................... 131

Figura 21: Tarefa realizada pelo aluno de P2 ............................................................ 131

Figura 22: Tarefa realizada pelo aluno de P3 ............................................................ 132

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Figura 23: Representação relizada pelo aluno E dos dados quanto ao gosto pela

Matemática dos alunos da turma de P1 ...................................................

134

Figura 24: Texto apresentando o perfil da turma de P1 realizado pelo aluno E com

base na análise dos dados .......................................................................

134

Figura 25: Tarefa realizada pelo aluno de P2, relacionando gosto pela Matemática

e gênero e descrição da turma á partir da análise dos dados ..................

135

Figura 26: Tarefa realizada pelo aluno de P3 ............................................................ 137

Figura 27: Representação gráfica referente à tabela anterior realizada pelo aluno

de P3 ........................................................................................................

137

Figura 28: Texto redigido pelo aluno de P3 para descrever o perfil da turma a partir

da análise dos dados ................................................................................

138

Figura 29: Evolução do IPCA nos últimos 12 meses (Foto: Editoria de Arte/G1) ...... 154

Figura 30: Gráfico do índice do custo de vida ............................................................ 155

Figura 31 Gráfico investimento público na Educação ................................................ 155

Figura 32: Gráfico da evolução da população residente em Portugal ........................ 156

Figura 33: Gráfico de distribuição de frequência das formas de tempo gasto na

utilização do computador ..........................................................................

210

Figura 34: Evolução do IPCA nos últimos 12 meses (Foto: Editoria de Arte/G1) ...... 222

Figura 35: Gráfico do índice do custo de vida ............................................................ 223

Figura 36 Gráfico investimento público na Educação ................................................ 224

Figura 37: Gráfico da evolução da população residente em Portugal ........................ 224

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13

APRESENTAÇÃO DA PESQUISA

Projeto de Pesquisa no qual o Trabalho está Inserido

Este estudo está inserido em um projeto de pesquisa intitulado “Construção

de trajetórias hipotéticas de aprendizagem e inovações curriculares em

Matemática no Ensino Médio”, coordenado pelos Professores Doutores Célia

Maria Carolino Pires e Armando Traldi Júnior. O projeto iniciou-se no segundo

semestre de 2007, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), e

faz parte do grupo de pesquisa, cuja linha de investigação é “Matemática na

Estrutura Curricular e Formação de Professores”.

A pesquisa “Construção de trajetórias hipotéticas de aprendizagem e

inovações curriculares em Matemática no Ensino Médio” é um trabalho

colaborativo, entre professores da rede pública do Estado de São Paulo e os

pesquisadores, foi motivado pela necessidade de desenvolver materiais de base e

inovação no currículo de Matemática, levando em conta os princípios presentes

nos Parâmetros Curriculares do Ensino Médio.

Seus objetivos são construir, avaliar e desenvolver trajetórias hipotéticas de

aprendizagem (THA), conforme os pressupostos apresentados por Simon (1995),

que visam à aprendizagem dos alunos e levantamento de hipóteses sobre como

elas ocorrem. Para a aprendizagem dos estudantes, consiste dos objetivos as

tarefas matemáticas que serão usadas na promoção da aprendizagem e o

levantamento de hipóteses a respeito do processo de aprendizagem para

diferentes conteúdos do currículo do Ensino Médio.

O projeto tem a pretensão de contribuir com o conhecimento da

aprendizagem dos alunos do Ensino Médio por meio de tarefas, envolvendo a

resolução de problemas do cotidiano e interdisciplinar, o uso da tecnologia,

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14

utilização dos conceitos e procedimentos matemáticos em situações variadas do

cotidiano.

Relevância e Motivação do Estudo Realizado com base no Projeto de

Pesquisa

De acordo com Pires (2009), apesar dos documentos oficiais1 proporem

em sua estrutura a organização do conhecimento em três grandes blocos

(Códigos, Linguagens e suas Tecnologias; Ciências da Natureza, Matemática e

suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias), disposição esta

riquíssima para a integração e conexão entre as áreas do conhecimento, parte

dos professores não faz uso destes direcionamentos, o que nos remete à

necessidade de uma implementação mais clara do currículo.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNEM), outro ponto destacado é

a importância do ensino e da aprendizagem da Matemática serem propostos por

intermédio de situações contextualizadas, interdisciplinares e com aplicabilidades

na vida cotidiana.

Os PCNEM apontam que o papel da Matemática não se restringe apenas à

formação ou à instrumentação, mas, sim, a uma ciência com características

próprias e úteis a toda e qualquer área social, cultural e econômica. Defendem

ainda que a Matemática deva ser apresentada aos alunos de tal forma que os

conduza a uma aprendizagem contínua, buscando novas informações e outras

formas de aprender.

Conforme descreve Pires (2009) diferentes estudos em Educação

Matemática têm atentado para o problema da desarticulação entre conteúdos,

metodologias, avaliação e organização curricular. Também alerta sobre a falta de

comunicação entre os formadores de professores com os estudantes de

Licenciatura, e ausência de oportunidade desses estudantes para utilizarem a

tecnologia da informação e da comunicação durante sua formação.

1 Parâmetros Curriculares Nacional do Ensino Médio e Parâmetros Curriculares Nacional +.

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15

De acordo com a autora, em geral, os cursos de licenciatura ou de

formação continuada mantêm um distanciamento visível entre os conteúdos

específicos e pedagógicos, assim como o distanciamento entre teoria e prática.

Além destes fatores, a maioria dos professores possui uma formação baseada na

transmissão do conhecimento e guiada por livros-texto ou outras fontes de

informação.

Em função dos fatos acima mencionados, Pires (2009) justifica a

importância da elaboração do projeto de pesquisa que envolve docentes dos

cursos de formação inicial e continuada e professores da rede pública, visando à

implementação da proposta curricular do Ensino Médio na prática.

A presente proposta teve sua motivação na necessidade do

desenvolvimento de materiais de apoio à inovação curricular na área de

Matemática do Ensino Médio. Os materiais devem contemplar a expansão dos

recursos didáticos e materiais de divulgação, destacando a abordagem dos

conteúdos de forma contextualizada e interdisciplinar por meio da resolução de

situações-problema.

Com base nas motivações e objetivos dos coordenadores de projeto

“Construção de trajetórias hipotéticas de aprendizagem e inovações curriculares

em Matemática no Ensino Médio”, buscamos elaborar nossa trajetória hipotética

de aprendizagem envolvendo leitura e interpretação de gráficos e tabelas e

medidas de tendência central (a média, a moda e a mediana). A trajetória tem a

pretensão de amenizar as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos

alunos destacadas em diferentes pesquisas, envolvendo os conteúdos de leitura e

interpretação de gráficos e tabelas estatísticas e interpretações errôneas em

relação às medidas de tendência central que referenciamos.

A proposta de pesquisa do grupo ao qual pertencemos, é motivada pela

necessidade do desenvolvimento de materiais de apoio à inovação curricular na

área de Matemática no Ensino Médio. Pretendemos priorizar nesta trajetória o

desenvolvimento de habilidades, como selecionar e analisar as informações

obtidas para tomar decisões que exijam linguagem, métodos e formas de pensar

matemáticos, conforme alguns princípios apresentados nos PCNEM.

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16

Para tanto, contemplaremos as situações de aprendizagem que viabilizem

o contato do aluno com algumas etapas do desenvolvimento de conhecimentos

relacionados à Estatística. Elaboramos a THA inspirados na “Análise Exploratória

dos Dados” (Batanero, Godino e Estepa, 1991) e nos conceitos de Raciocínio e

Letramento Estatísticos baseados em Borim, 2007.

Verificamos ainda que vários estudos realizados no ensino de Estatística

objetivavam verificar em que nível de leitura e interpretação de gráficos e tabelas

encontravam-se seus sujeitos de pesquisa. Os trabalhos que fundamentam nossa

pesquisa buscaram subsídios de apoio nos três níveis de leitura e interpretação

de gráficos idealizados por Curcio (1989):

Leitura dos dados: o leitor simplesmente levanta os fatos atestados nos

gráficos ou informações encontradas nas etiquetas dos eixos,

diretamente dos eixos (compreensão de nível cognitivo muito baixo);

Leitura entre os dados: este nível inclui interpretação e integração do

dado do gráfico, requer habilidade de comparar quantidades e o uso de

outros conceitos matemáticos e habilidades (nível encontrado em testes

padronizados); e

Leitura além dos dados: este nível de compreensão requer uma

predição ou inferência a partir dos dados, extraindo os esquemas

existentes para a informação que não é explícita nem implicitamente

apresentada no gráfico.

Os trabalhos ainda buscaram ou se apoiaram nos níveis de leitura dos

dados das tabelas apresentados por Wainer (1992);

Nível básico – é o nível em que as questões somente extraem da tabela

os dados que estão explícitos;

Nível intermediário – é o nível em que as questões exigem a

interpolação ou a percepção da relação existente entre os dados de uma

tabela; e

Nível avançado – é o nível em que as questões abordam um maior

entendimento das estruturas dos dados em sua totalidade, comparando

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17

tendências, analisando questões implícitas e privilegiando a visão global

da tabela.

Com o intuito de responder nossas questões de pesquisa e que os alunos

desenvolvam habilidades que contemplem em parte estes níveis, elaboramos a

THA, utilizando a análise exploratória dos dados de Batanero, Godino e Estepa

(1991), e em tarefas baseadas no material de Novaes e Coutinho (2008), já que

consideramos que estes se aproximam de uma trajetória de ensino e

aprendizagem dentro de uma concepção construtivista.

Amparados em nossas leituras e baseados na Teoria de Simon (1995), que

consiste na elaboração e desenvolvimento de THA, temos o objetivo de verificar

como os professores colaboradores de nossa pesquisa desenvolvem uma THA,

contemplando situações de ensino e aprendizagem sob uma perspectiva

construtivista. Além disso, nosso estudo visa a investigar como estes professores

podem contribuir para a elaboração e/ou possíveis mudanças da THA. Desta

maneira, averiguaremos também a atuação de nossos colaboradores no decorrer

das aulas, diante de uma THA. Com base nestes objetivos, pretendemos

responder às seguintes questões:

Quais são as possibilidades e dificuldades de desenvolver uma trajetória

hipotética de aprendizagem (THA) em uma perspectiva construtivista,

envolvendo os conhecimentos de leitura, interpretação de gráficos e

tabelas e medidas, como a média, a moda e a mediana para alunos do

Ensino Médio?

Quais são as contribuições do professor na elaboração de trajetória

hipotética de aprendizagem?

Que atuação pode ter um professor de Matemática no que se refere ao

desenvolvimento da trajetória hipotética de aprendizagem de uma forma

compatível com uma perspectiva construtivista de aprendizagem?

III Estrutura do trabalho

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18

Nosso trabalho está organizado em quatro capítulos:

No capítulo 1, apresentaremos o pressuposto teórico referente ao

construtivismo; as Formulações de Martin Simon (1995); o estudo da concepção

de THA, segundo a visão de outros pesquisadores; estudos realizados para

fundamentar a elaboração da THA, a análise dos Parâmetros Curriculares

Nacionais do Ensino Médio, focando o ensino de estatística, os temas e os

principais resultados dos trabalhos de THA desenvolvidos e concluídos por

pesquisadores do grupo ao qual estamos inseridos.

No capítulo 2, discorreremos sobre a fundamentação metodológica, os

procedimentos metodológicos, o cenário de pesquisa, a caracterização das

escolas, dos professores colaboradores e dos alunos destes professores, além do

primeiro contato dos professores colaboradores com o projeto.

No capítulo 3, abordaremos a motivação para a elaboração da primeira

versão da THA, os objetivos da professora-pesquisadora em relação à leitura e

interpretação de gráficos e tabelas e aos conteúdos básicos de estatística, as

hipóteses da professora pesquisadora em relação à aprendizagem dos alunos, a

primeira versão da THA e os objetivos de cada tarefa.

No capítulo 4, apresentaremos o desenvolvimento da THA em sala de aula.

Para tanto, descreveremos como ocorreu o desenvolvimento da THA pelos

professores e alunos, faremos uma análise da primeira versão da THA e

relataremos sugestões e modificações das tarefas para elaboração de uma

segunda versão.

Por fim, apresentaremos as considerações, nas quais procuramos

responder nossas questões de pesquisa e apresentar suas principais

contribuições para a Educação Matemática e aquisição de novos conhecimentos

e o crescimento profissional da pesquisadora e dos professores colaboradores.

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19

CAPÍTULO 1

Trajetórias Hipotéticas de Aprendizagem (THA)

Neste capítulo, apresentaremos o pressuposto teórico referente ao

construtivismo; as formulações de Martin Simon (1995); o estudo da concepção

de THA, segundo a visão de outros pesquisadores; e estudos realizados para

fundamentar a elaboração da THA e a análise dos Parâmetros Curriculares

Nacionais do Ensino Médio, focando o ensino de estatística.

1.1 Pressuposto Teórico: Construtivismo

O construtivismo demonstra toda sua potencialidade de ensino, quando

usado como instrumento para análise de situações educativas e de ferramenta

utilizada na tomada de decisões inteligentes, de acordo com o planejamento,

aplicação e avaliação de ensino. Não pode ser considerado como salvação da

educação e/ou como um receituário a ser seguido, mas, um conjunto de princípios

possíveis de diagnosticar, julgar e tomar decisões sobre o ensino. (COOL et al.,

2009)

Os autores citados não consideram a concepção construtivista uma teoria,

porém um referencial para utilização de pesquisas e teorias, como marco inicial

para o planejamento das ações de situações de ensino e aprendizagem, o que

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20

não significam ações de exclusividade do professor, pois a ação é realizada pelos

alunos.

Partindo deste pressuposto, podemos inferir que o professor precisa de

teorias que sirvam de referencial para priorizar e contextualizar metas de

finalidades; planejar, analisar e modificar situações de ensino em função do que

ocorre em sala de aula, para tomar decisões e adaptar situações de

aprendizagem, ou seja, teorias que forneçam instrumentos de análise e reflexão

sobre práticas, requisitos estes presentes na THA idealizada por Simon (1995).

Para Coll et al. (2009) a concepção construtivista da aprendizagem e do

ensino parte do principio de que a escola deve propiciar aos alunos aspectos

culturais imprescindíveis, para o desenvolvimento do cognitivo e das capacidades

de equilíbrio pessoal, de inserção pessoal, de relações intrapessoais e motoras.

Aceitando que a aprendizagem é feita da construção pessoal, ponto este comum

à teoria de Simon (1995) que buscou articular duas concepções do

construtivismo: a radical e a cultural.

Estruturados nesta concepção, temos arraigados o fato de que

aprendemos quando somos capazes de elaborar a representação pessoal sobre

um objeto da realidade ou do conteúdo que pretendemos aprender. Sendo assim,

aprendemos com base nas experiências, interesse e conhecimentos prévios;

quando isso ocorre, não só modificamos o que já sabemos, mas interpretamos o

novo de forma a integrá-lo e interiorizá-lo.

Para que o aluno atinja esta etapa da aprendizagem, precisamos ter

discernimento que tal fato não ocorre isoladamente, assim, a promoção da

aprendizagem significativa é necessária e, para tal, é de suma importância a

intervenção do professor, variando em quantidade e qualidade contínua e

transitória, ajustando as necessidades do aluno, para que parta de suas

responsabilidades, progredindo, conforme a finalidade educativa.

É preciso ter consciência de que a escola é o ambiente onde o aluno

aprende a se desenvolver, quando constrói significados adequados dos

conteúdos que compõem o currículo escolar. Esta construção é possível, desde

que haja a participação ativa e global do aluno, além de sua disponibilidade e

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conhecimentos prévios no desenvolvimento das situações de aprendizagem,

sendo o professor mediador e orientador entre aluno e cultura.

Concordamos com Coll et al. (2009), que o construtivismo é um ótimo

referencial para o trabalho do professor, pois é útil para reflexão sobre como se

ensina, o que se ensina, quando se ensina e como se avalia, atuando como ponto

de partida para a tomada de decisão e justificativa no planejamento de uma

intenção de ensino. Podemos ainda deduzir com base nos pressupostos de

Simon (1995) que, além do planejamento, este possibilita a implementação de

mais dois elementos, os objetivos destas intenções de ensino e as hipóteses dos

professores sobre a aprendizagem dos alunos com estas intenções de ensino.

(...) a concepção construtivista oferece ao professor um referencial para

analisar e fundamentar muitas decisões que tomam no planejamento e

no decorrer do ensino, pois é no domínio da situação de ensino

aprendizagem seja na sala de aula, seja em sua abordagem na própria

equipe que a concepção construtivista mostra a sua maior potencialidade

para converter-se em fonte de reflexão e inovação para o ensino. (COLL

et al., 2009, p. 35)

Vale ressaltar com base nos autores, que a disponibilidade para a

aprendizagem e o significado que lhe é dado, envolvem aspectos afetivos

relacionais, pois, quando aprendemos, atribuímos nossos valores e sentidos. O

processo e seu resultado também provêm de nosso entendimento da situação ou

do objeto de estudo. Deste modo, o aprender implica uma necessidade ou

interesse pelo saber. Para que ocorra aprendizagem, o ser humano leva em conta

vários aspectos afetivos e emocionais. A aprendizagem e o sucesso são

fundamentais na construção de nosso autoconceito2 e autoestima.

Para a realização de aprendizagens significativas, o aluno deve manifestar

disposição para aprender significativamente, isto é, dar um enfoque profundo ao

que se pretende aprender, pois, neste enfoque, a intenção dos alunos é

compreender os significados dos objetos de estudo, relacionando conhecimentos

prévios com o novo conteúdo, com a própria experiência ou outros temas,

2 O autoconceito Fierro, (1990) apud Coll et al. (2009) inclui um amplo conjunto de representações que temos

de nós mesmos. O autoconceito refere-se ao conhecimento de si mesmo e inclui juízos valorativos chamados de autoestima.

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avaliando, o que vai realizando até chegar a um grau aceitável de compreensão.

(COLL et al., 2009)

De acordo com os autores, vale ressaltar que o enfoque dado à tarefa

depende do interesse pelo conteúdo, das características das tarefas e dos

requisitos da avaliação. Mas, para sentir interesse, é preciso saber, o que se

pretende e verificar se a tarefa preenche alguma necessidade. Para obtenção de

um enfoque profundo, é preciso considerar que:

...a elaboração do conhecimento requer tempo, esforço e envolvimento

pessoal, bem como ajuda especializada, incentivo e afeto, pode

contribuir para modificar em certo grau um processo para ajustá-lo mais

aquilo que esperamos: que os alunos aprendam e ficam contentes por

aprender; que os professores comprovem que os seus esforços são uteis

e sintam-se gratificados.(COLL et al., 2009, p. 37)

Os autores citados ressaltam que uma tarefa de aprendizagem ou de

qualquer tipo tem sentido quando contempla fatores como: “saber o que é para

fazer, a que responde, qual a finalidade perseguida com isso, com quais outras

coisas pode relacionar-se, em que projeto geral pode ser inserido”.

O sentido para envolver-se em uma tarefa ocorre, quando ela nos é

atraente, interessante e necessária, que irá funcionar como motor que move a

ação. Logo, quando uma tarefa é apresentada aos alunos como algo, que permite

preencher determinadas necessidades (aprender, saber, influir, mudar) e quando

eles têm a oportunidade de desenvolvê-la ativamente, criam condições de torná-la

interessante.

A concepção construtivista pressupõe os conhecimentos prévios, como

ponto de partida para a aprendizagem de novos conteúdos, sendo este um

elemento central para elucidar os processos de aprendizagem e ensino na sala de

aula, pois oferece subsídios de como o professor pode ou deve ensinar coisas

novas ao aluno com base no que já conhecem. (COLL et al., 2009)

Para os autores citados, o enfoque ou disposição da abordagem das

situações de aprendizagem de novos conteúdos surge como resultado de

numerosos fatores de índole pessoal e interpessoal. Então, devemos considerar

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que os alunos dispõem de um conjunto de instrumentos, estratégias e habilidades

gerais adquiridos em contextos diferentes para completar o processo ao longo de

seu desenvolvimento e, de maneira especial, no contexto escolar. Para isto, há

níveis de inteligência que lhe permitirão certo grau de compreensão e a

concretização da tarefa.

Graças aos conhecimentos prévios dos alunos, percebemos os

fundamentos da construção de novos significados, que podem fazer a primeira

leitura de novos conteúdos, atribuindo-lhes significado e sentido para iniciar o

processo de aprendizagem. A tarefa é mais significativa, quando o aluno é capaz

de estabelecer relações significativas entre o que já sabe, ou seja, seus

conhecimentos prévios e o novo conteúdo. (COLL et al., 2009)

Em determinados níveis e áreas do conteúdo, a prática docente ininterrupta

pode proporcionar indicações confiáveis sobre as dificuldades mais habituais dos

alunos na aprendizagem de um novo conteúdo, sobre as atitudes, conceitos e

procedimentos que eles têm de pôr em jogo para realizar esta aprendizagem,

sobre os erros sistemáticos que costumam cometer ou as lacunas que

detectamos. (COLL et al., 2009)

Concordamos com os autores, que não é fácil determinar quais são os

conhecimentos prévios necessários. Diante desta dificuldade, pode ser

conveniente uma exploração global para saber em que estágio de aprendizagem

os alunos se encontram, antes de iniciar a situação de ensino. Deixando para

avaliar aspectos mais específicos ou pontuais, ao iniciar ou no decorrer das lições

concretas. Sendo assim, esta exploração pode ser realizada por meio de um

diálogo entre professor e aluno, pois este é mais flexível e pode ser mais rico e

ainda permite a dinâmica de sala de aula, evitando que a exploração do

conhecimento prévio seja vista como um exame.

Na concepção construtivista, pressupomos, baseados em Coll et al. (2009),

que os conteúdos não são um fim em si mesmo, mas um meio para a

transformação dos alunos. Sendo assim, para que estes desenvolvam um

conhecimento profundo e significativo, os professores devem planejar o ensino

contemplando a determinação do objetivo para ajudar a orientar melhor a

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atividade dos alunos no processo de construção de conhecimentos, decidindo

qual o tipo e grau de ajuda que devem oferecer.

Para os autores, o aluno considera a aprendizagem escolar um processo

ativo, em que constrói, modifica e elabora o conhecimento de diferentes

conteúdos, apoiado no significado e no sentido que pode atribuir aos mesmos e

ao próprio fato de aprendê-los.

Coll et al. (2009) relatam que, necessariamente, na concepção

construtivista, o ensino deve ser entendido, como suporte ao processo de

aprendizagem. Os autores relacionam três elementos básicos como eixos da

tarefa do professor: o planejamento do ensino, a observação e reflexão constante

sobre o que ocorre na aula e a atuação mobilizada em função dos objetivos, do

planejamento, da observação e da análise que vão sendo realizadas.

A ajuda não depende daquilo que cada professor individual pode fazer

na sala de aula, mas também tem a ver com decisões tomadas a nível

de ciclo, de etapa, de seminário sobre questões como materiais

curriculares a serem usados pelos alunos, livros didáticos, agrupamentos

de alunos, distribuição e uso de espaços, estruturação de horários

etc.(COOL et al., 2009, p. 43)

Baseados nos pressupostos dos autores, compreendemos que a

concepção construtivista não determina formas de ensino, mas, oferece

elementos para análise e reflexão sobre a prática, possibilitando a compreensão

dos processos que nela intervêm e a avaliação de sua conexão educativa,

oferecendo, ainda, critérios valiosos para o planejamento, a concretização e a

avaliação do ensino.

1.2 Trajetórias Hipotéticas de Aprendizagem (THA) - MARTIM SIMON

Para Simon (1995), embora o construtivismo apresente indícios de trajetos

proveitosos aos professores de como se processam a aprendizagem dos alunos,

a tarefa da reconstrução de uma “pedagogia da Matemática”, baseada em uma

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perspectiva construtivista de ensino, é um tabu a ser vencido, pois pode oferecer

importantes contribuições às reformas do ensino de Matemática em sala de aula.

O autor citado descreve apenas o termo Pedagogia, como sendo a

intenção de significar todas as contribuições para a Educação Matemática na sala

de aula. Destacando a inclusão, não apenas um trabalho multifacetado do

professor, mas também contribuições para o ensino em sala de aula com um

currículo construído, desenvolvendo materiais e pesquisas educacionais.

Em seu trabalho, Simon (1995) buscou estabelecer uma relação específica

entre os conteúdos de ensino, o modo como os alunos adquirem conhecimentos e

os métodos utilizados para se alcançar este aprendizado, buscando descrever a

pedagogia da Matemática. Sendo assim, o construtivismo destaca-se como

proposta pedagógica, baseado na construção do conhecimento e apoiado em

situações atreladas à realidade, nas quais os conteúdos são importantes, mas o

foco principal é pautado em como o aluno aprende esses conteúdos e qual o

caminho percorrido, para que ocorra a apropriação do conteúdo de forma

significativa.

O autor citado desenvolveu um trabalho3 que contribuiu para o ensino em

sala de aula, mostrando que o currículo pode ser construído, assim como também

podem ser desenvolvidos materiais de ensino, justificando o fato de que o ensino

realizado deriva de uma perspectiva da construção do conhecimento.

Pires (2009) relata que o foco do trabalho de Simon está na tomada de

decisão a respeito dos conteúdos e nas tarefas de ensino a serem desenvolvidas

em sala de aula.

1.2.1 Aspectos da Perspectiva Construtivista

Conforme relatado por Simon (1995), “teóricos da Educação Matemática,

pesquisadores e praticantes” têm discursos diferentes no que diz respeito às

3 Dados coletados em sala de aula experimental com 25 alunos, onde o pesquisador acompanhou o

professor de Matemática.

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aspirações do construtivismo, desde expressões: “Construtivismo Radical” e

“Construtivismo Social”. Assim, em uma perspectiva construtivista, edificamos

nosso conhecimento de mundo, utilizando nossas astúcias e experiências,

baseados em nosso conhecimento prévio. Em conformidade com os princípios

apresentados por Simon (1995), acreditamos que o processo de aprendizagem

inicia-se, quando a experiência adia nossas expectativas, sendo resultante da

reflexão continua de intervenções adaptativas, induzindo a novos conceitos.

Para o autor, o construtivismo radical é uma visão particular dos alcances

do conhecimento, caracterizando apenas uma expansão da verdade que nos

permite a vantagem da “construção sobre nosso senso de experiência”. Esta

posição em relação ao construtivismo relaciona-o, como construção individual,

mesmo apresentando a importância da interação social.

Já o construtivismo social, de acordo com Simon (1995), caracteriza-se

como uma construção mental derivada de um processo, no qual o conhecimento

individual é oriundo da dimensão social, ou seja, baseado na cultura.

Apoiado em Cobb, Yackel, e Wood (in press, Wood, Cobb, e Yackel; in

press; cobb, 1989) e Bauersfeld (1988), objetivando evitar os extremos Simon

(1995) faz a conexão das duas perspectivas, condição esta necessária para

entender como se processa a aprendizagem em sala de aula, tendo em vista que

esta não se dá apenas na perspectiva social ou em uma dimensão cognitiva, mas,

na conexão das duas.

De acordo com Simon (1995), a análise psicológica (cognitiva) está focada

no conhecimento individual da aprendizagem Matemática, em seu entrosamento

com o outro e no discernimento do funcionamento da aula de Matemática. Já a

análise sociológica tem como alavanca “o conhecimento e as normas sociais da

sala de aula”.

As “normas sociais” referem-se àquilo que está entendido como a

construção do conhecimento com a efetiva participação dos alunos nas

aulas de Matemática. Incluem também as expectativas que os membros

da comunidade têm sobre os professores e os alunos, conceitos dos

meios utilizados para a elaboração da aula de Matemática e o caminho

utilizado para validar a aula de Matemática. (SIMON, 1995, p. 7)

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Concordamos com o autor, ser de grande valia enxergar a Matemática

como atividade cognitiva, pois deve ser vista como uma atividade apreendida por

processos e fenômenos culturais e sociais estabelecidos por uma comunidade

conscientizada.

Embasado nestes presupostos, o autor propõe a estruturação de um

trabalho, no qual se compreenda que a aprendizagem dos alunos é estabelecida,

quando é proveniente de um processo de construção individual e social mediado

pelo professor. O fato é fundamental, para que o construtivismo possa contribuir

com “a reconstrução de uma Pedagogia da Matemática”.

Nesta reconstrução, o autor considera o fato dos professores determinarem

como finalidade para a aprendizagem da Matemática, a construção de uma

prática que habilite seus alunos a percorrerem o caminho desta aprendizagem,

reconstruindo “meios para fazer conhecer a Matemática na escola e, deste modo,

meios para ensinar Matemática”.

Simon (1995) chama atenção para o fato de que não é simples mapear a

metodologia de ensino dentro de uma concepção construtivista, ou seja, esta não

determina estratégias para apropriação ou não do ensino. Sendo assim, para

entrelaçar cognição e social, esta metodologia não pode ser proveniente de

instruções de ensino.

Para o autor, não é possível acionar a perspectiva construtivista social sem

contradizê-la, usando a denominação de “ensino construtivista”, mas alerta para o

fato de que o construtivismo por si só não é a tábua de salvação para os

problemas de ensino.

1.2.3 Caracterizações de uma Trajetória Hipotética de Aprendizagem

Simon (1995) concebe que a elaboração das trajetórias hipotéticas de

aprendizagem deve considerar os seguintes aspectos: o objetivo da

aprendizagem, o planejamento e a elaboração das atividades ou tarefas a serem

realizadas pelos alunos e o conhecimento destes. No entanto, além das hipóteses

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sobre a aprendizagem dos alunos e o conhecimento Matemático do professor,

esta deve incluir o conhecimento das teorias e pesquisas do ensino de

Matemática.

Pires (2009) destaca que no conhecimento dos professores, além das

hipóteses do conhecimento dos alunos, outros fatores profissionais interferem na

elaboração de uma THA. Entre eles, enfatiza o conhecimento das teorias do

ensino da Matemática, os materiais didáticos, a teoria de como os alunos

aprendem, as representações matemáticas, o conhecimento dos conteúdos

derivados de pesquisas ou da própria experiência, entre outros.

No decorrer do desenvolvimento de uma atividade proposta pelo professor,

o objetivo pode mudar várias vezes, pois, à medida que os alunos vão se

comprometendo com a realização das atividades planejadas, cabe ao docente

inserir novas ideias sobre o conteúdo com base nas observações de como se dá

a aprendizagem dos alunos (SIMON, 1995).

Sendo assim, podemos inferir que é na escola e, sobretudo, na sala de

aula que aparecem os resultados da interação professor-aluno, assim como o

envolvimento destes com o conteúdo matemático. No entanto, o autor chama a

atenção para o fato de que qualquer modificação do conceito não é de

responsabilidade do professor, ele apenas contribui com a tarefa, porém, os

alunos constroem as tarefas e as experiências, determinando assim seu potencial

de aprendizagem.

Apoiados nos relatos acima e para melhor esclarecimento, utilizaremos

como exemplo uma tarefa referente ao conteúdo de Estatística, na qual o aluno

dá uma resposta inadequada sobre o conceito de média, no momento que o

professor verifica que está mal formulado, traça um novo objetivo de ensino sobre

“média”; que substituirá o anterior.

Entretanto, o professor levanta a hipótese dos possíveis métodos que os

alunos proporão para determinar a média e inicia uma discussão com eles sobre

os métodos estratégicos que conhecem para solucionar o problema. Após a

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averiguação das estratégias propostas e, somente a partir daí, baseado nas

estratégias e interesses da turma, o docente deverá rever seus objetivos,

buscando novos objetivos, cuja finalidade será facilitar a compreensão de todos

em relação ao conteúdo de ensino, pois, no momento que consegue visualizar as

dificuldades de seus alunos, este se compromete de fato com a questão de

ensino.

As constantes idas e vindas durante a interação professor-aluno e as

mudanças continuas nas trajetórias, de acordo com Simon (1995), contribuem

para o processo de aprendizagem e desenvolvimento de trajetórias de

aprendizagem.

Pires (2009) descreve o fato como ambiente de aprendizagem resultante

da interação entre professor-aluno, e o modo como se empenham na realização

de uma tarefa.

A passar por estas etapas da elaboração e reelaboração de uma atividade

de ensino, o professor acaba por desenvolver-se melhor profissionalmente, visto

que seu entendimento sobre o conteúdo matemático também aumenta, à medida

que as discussões exigem a reformulação de seu conhecimento.

Quando as hipóteses listadas pelo professor no desenvolvimento de uma

tarefa mudam sua trajetória, ou seja, redefinem as perspectivas do conhecimento

dos alunos e a perspectiva das concepções matemáticas envolvidas, a

reorganização das perspectivas colabora com a modificação dos objetivos, planos

para as atividades de ensino e aprendizagem antecipadas. Estes apontamentos

permitiram a Simon apresentar o Ciclo do Ensino Matemático, esquematizado a

seguir, “um modelo de inter-relações cíclicas dos aspectos do conhecimento do

professor, pensamento, tomada de atitudes” (SIMON, 1995, p. 136).

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Figura 1: Ciclo de ensino de Matemática abreviado (Simon, 1995, p. 136)

Para o autor, o ensino é direcionado pelos objetivos conceituais

apresentados aos alunos, que estão em contínua e constante modificação. As

atividades são basicamente elaboradas e embasadas no conhecimento do

professor e nas hipóteses que ele tem dos conhecimentos dos alunos, ficando

subentendido que o professor pode confrontar seu conhecimento sobre

determinado conteúdo, para a construção do conhecimento dos alunos.

A concepção de conhecimento matemático dos alunos é estruturada pelo

conhecimento matemático do professor, estes fatos são interessantes no campo

do ensino. Sendo assim, as metas de aprendizagem traçadas pelo docente serão

direcionadas para uma “trajetória hipotética de aprendizagem”.

Simon (1995) utiliza o termo trajetória hipotética de aprendizagem, tanto

para fazer referência ao prognóstico do professor como ao caminho que

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possibilitará o processamento da aprendizagem. Segundo o autor, é hipotética,

pois não oferece um conhecimento avançado, e sim uma expectativa de

aprendizagem. Sendo assim, a trajetória hipotética de aprendizagem (THA)

instrumenta o professor na construção de seu projeto de decisões, baseado em

suposições de como se processa a aprendizagem.

A THA é composta por três componentes: o objetivo do ensino com

direções definidas (1); as atividades de ensino (2) e o processamento hipotético

de aprendizagem e as possibilidades de modificações da THA (3), sendo este

último a parte central do modelo desenvolvido por Simon, pois, nesta parte, o

professor poderá redefinir toda sua trajetória, conforme as necessidades dos

alunos. (SIMON, 1995)

Figura 2: Os componentes da THA de Simon (1995)

Nos dados da figura, o autor relata que uma trajetória hipotética de

aprendizagem implica a seriedade, com a qual se relaciona a meta pretendida

com o raciocínio das decisões de ensino e a hipótese desse percurso da

aprendizagem. É importante salientar que o desenvolvimento de uma THA, assim

como o das atividades de aprendizagem apresenta uma relação simbólica. A

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origem das ideias para a elaboração ou construção das atividades de

aprendizagem está atrelada à hipótese do professor sobre o desenvolvimento do

pensamento e da aprendizagem do aluno. A antecipação dessas idéias beneficia

a origem dessas hipóteses, para o desenvolvimento do conceito do aluno.

Para Simon (1995), a escolha do termo “trajetória” é expressiva para

indicar um caminho, o autor faz a seguinte analogia para exemplificar o

significado do termo.

(...) considere que você tenha decidido viajar ao redor do mundo para

visitar, na seqüência, lugares que você nunca tinha visto. Ir para a

França, depois Havaí, depois Inglaterra, sem uma série de itinerário a

seguir. Antes, você adquire conhecimento relevante para planejar sua

possível jornada. Você faz um plano. Você pode inicialmente planejar

toda a viagem ou uma única parte dela. Você estabelece sua viagem de

acordo com seu plano. No entanto, você deve fazer constantes ajustes,

por causa das condições que irá encontrar. Você continua a adquirir

conhecimento sobre a viagem e sobre as regiões que você deseja visitar.

Você muda seus planos a respeito da seqüência do seu destino. Você

modifica o tamanho e a natureza de sua visita, de acordo com o

resultado da interação com as pessoas no decorrer do caminho. Você

adiciona os destinos à sua viagem e que não eram de seu

conhecimento. O caminho que você utilizará para viajar é sua “trajetória”.

O caminho que você antecipa em algum ponto é a sua “trajetória

hipotética. (SIMON, 1995, p. 35)

Simon (1995) destaca que a geração de uma THA tende a priorizar

instrumentos pelos quais o professor planeja suas atividades para a sala de aula

e sua interação com seus alunos. Com base nas observações que o professor faz

dos alunos, constitui-se sua experiência, que é a essência de sua construção

social, sendo diferente das primeiras antecipações dos professores, pois apoiados

nestas experiências os professores podem modificar toda sua trajetória de ensino.

Ainda afirma que, tanto a construção social das atividades como a

modificação das ideias do conhecimento do professor em sala de aula ocorrem de

forma simultânea. Às vezes, a avaliação do pensamento do aluno apresenta

várias adaptações, considerando o conhecimento do professor, retornando

reformulada como uma “nova ou modificada trajetória hipotética de

aprendizagem”.

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O conhecimento matemático do professor contribui para a identificação

de um objetivo de ensino. Estes domínios de conhecimento, a meta de

ensino e o conhecimento da representação das atividades Matemáticas

para o professor, seu conhecimento sobre a aprendizagem individual do

aluno bem como a concepção de aprendizagem e ensino (ambos em

geral dentro da Matemática) contribuem para o desenvolvimento de

atividades de aprendizagem e processos de aprendizagens hipotéticas.

(SIMON, 1995, p. 36)

De acordo com o autor, a modificação da trajetória hipotética de

aprendizagem não ocorre durante o planejamento entre aulas, mas é ajustada

constantemente, quando o professor está comprometido com a trajetória da

aprendizagem. Os ajustes ou transformações podem ser realizados por um ou

todos os componentes da trajetória hipotética de aprendizagem: o método, as

atividades e o processamento hipotético da aprendizagem.

Em suma, o diagrama a seguir, baseado em Pires (2009), representa a

relação entre os domínios do conhecimento do professor, a trajetória de

aprendizagem e a interação com os alunos.

Figura 3: Domínios do conhecimento do professor, trajetória hipotética de aprendizagem e interações com os alunos

Fonte: Pires (2009) (adaptado)

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34

O ponto inicial do diagrama é o conhecimento do professor, pressupõe-se

que este tenha em mãos uma variedade de situações-problema desafiadoras para

apresentar aos alunos, assim como o conhecimento das dificuldades mostradas

pelos alunos e a hipótese das estratégias que estes mobilizarão na resolução das

atividades. Desta forma, há possibilidade de serem eficientes na promoção da

aprendizagem e, ainda, existe a oportunidade de aprender mais sobre, o que

significa a aprendizagem e os conceitos embutidos.

Portanto, ao prever as dificuldades potenciais dos alunos, o professor terá

subsídios favoráveis para encontrar e desenvolver ideias mais poderosas na

construção das atividades que envolvam competências, mas o aumento de

dificuldades deve ser gradativo. As dificuldades conceituais são desafios

característicos, quando são superados pelos estudantes, derivam como

consequência do crescimento do conhecimento.

Em síntese, Simon (1995) considera que a interação de pequenos grupos,

a ausência de situações-problema rotineiras e a manipulação de materiais podem

ser instrumentos valiosos nas mãos dos professores de Matemática. No entanto,

não são suficientes para tornar os professores produtores de situações de

aprendizagens que resultem em um crescimento conceitual.

O modelo desenvolvido por Simon (1995) destaca a importância do

intercâmbio entre o planejamento do professor e a construção das atividades

provenientes das interações entre professores e alunos. Seu modelo é um

método instrucional e hipotético de como os alunos poderiam desenvolver o

conhecimento de forma significativa com base nos objetivos traçados. As

hipóteses e metas dos professores sobre aprendizagem e a construção de

atividades mudam continuamente o conhecimento dos professores, resultante de

seu “envolvimento na cultura Matemática em sala de aula”.

A estrutura do método para a Educação Matemática é indispensável,

quando é possível o envolvimento dos professores. As possibilidades dependem

das experiências interceptadas que constituem o desenvolvimento da

aprendizagem. Sendo assim, a Educação Matemática não se baseia em métodos,

como ideias fixas ou plataformas de experiências docentes; mas suas estruturas

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35

metodológicas serão estabelecidas inicialmente pelas vivências e também serão

provenientes de transformações experimentais da aprendizagem atual e nos

episódios de ensino descritos por Simon (1995) a seguir:

“o pensamento/entendimento é um processo contínuo do conjunto de

dados e hipóteses construídas”.

“o conhecimento do professor envolve-se simultaneamente com o

crescimento do conhecimento do aluno”.

“a transformação continuada do conhecimento do professor”, ou seja, a

criação de mudanças contínuas na trajetória hipotética de

aprendizagem.

O Planejamento das instruções é parecido com a inclusão, a criação de

uma trajetória hipotética de aprendizagem. Esta visão reconhece e valida

o método do professor pela instrução e a importância de hipóteses sobre

o processamento da aprendizagem dos alunos. (SIMON, 1995, p. 42)

Para o autor, apesar da literatura no entorno da Educação Matemática ser

poderosa, no montante referente à importância de ouvir os alunos e avaliar suas

aprendizagens, pouca ênfase se dá à antecipação do processamento da

aprendizagem.

Em seu estudo, Simon (1995) demonstrou que o ensino matemático

envolve uma série de diferentes recursos, destacando que a dependência dos

fenômenos observados resultou em um modelo, cujos objetivos podem encorajar

outras pesquisas para examinar “teoremas em ação” para construir suposições

explícitas e convicções. Enfatiza a necessidade de novos modelos de ensino

matemático que sejam consistentes e construídos para surgimento de distintas

teorias.

O autor, ao considerar o “Ciclo de Ensino Matemático como um caminho

para pensar sobre o ensino matemático significativo”, refere que é importante ter

em mente a necessidade dos professores desenvolverem habilidades para gerar

hipóteses sobre o conhecimento dos alunos, habilidades para gerar trajetórias

hipotéticas de aprendizagem e habilidades para se comprometer com as análises

conceituais relatadas.

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36

1.3 Outras Concepções sobre THA Pesquisadas por Gómez e

Lupiañez

Gómez e Lupiañez (2007) realizaram um trabalho e buscaram explorar as

diferentes concepções sobre THA, inspirado na necessidade de averiguar como

se dá a apresentação de THA aos alunos e de que forma contribui com o ensino e

aprendizagem. Primeiramente, ressaltam o ciclo criado por Simon (1995) para o

ensino da Matemática, como proposta de uma nova pedagogia da Matemática e,

em seguida, analisam os trabalhos de outros pesquisadores.

O interesse de Gómez e Lupiañez (2007) pelas THAs deu-se, após uma

edição de Mathematics Thinking and Learning, dedicado à discussão realizada

por Clements e Sarama, em 2004. De acordo com os autores, Steffe (2004)

declara o quanto é relevante a noção de THA dentro da Educação, pois,

atualmente, a construção de THA para os alunos é um dos maiores desafios à

Educação Matemática, sendo considerado também um problema apaixonante,

pois este caminho nos conduz à compreensão da Matemática que os alunos

conhecem e leva o professor para que possa interferir nesse conhecimento

matemático.

Para Gómez e Lupiañez (2007), vários pesquisadores reconhecem os três

elementos fundamentais para elaboração de uma THA. No entanto, de forma

diferenciada, pois uns a tem como ferramenta de investigação e outros para o

planejamento.

De acordo com Gómez e Lupiañez (2007) os trabalhos de Steffe (2004),

Lesh e Yoon (2004) e Clements, Wilson e Sarama (2004) estão relacionados à

investigação, e suas THAs exploram apenas aprendizagem de temas concretos.

Em contrapartida, Gravemeijer (2004) e Simon e Tzur (2004) preocupam-se mais

com a exploração das THA quanto ao uso que o professor faz delas. Um trabalho

diferenciado foi o de Battista (2004) centrado na avaliação. Gómez e Lupiañez

(2007) ressaltam que todos os trabalhos trazem exemplos de trajetórias de

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aprendizagem, contemplando temas concretos, nos quais os pesquisadores

assumem o papel de professores em aulas concretas.

Gómez e Lupiañez (2007) ressaltam que alguns professores que

participaram desses projetos, são os que produzem os resultados. Já em outros,

como por exemplo, os trabalhos de Steffe (2004) e de Gravemeijer (2004), veem

as THAs como um trabalho do investigador, cujos resultados servem como apoio

ao trabalho dos professores. Apontam também as principais diferenças dessa

concepção, que alguns a defendem, como sendo o planejamento de várias

sessões para a sala de aula, e outros como trabalho com atividades especificas.

Para Gómez e Lupiañez (2007), o trabalho de Gravemeijer (2004) é uma

proposta baseada em teorias de instrução, ou seja, uma coleção de atividades

sobre determinado tema, de forma análoga. Já os desenvolvidos por Steffe (2004)

e Lesh e Yoon (2004) utilizam esta noção para descrever a aprendizagem dos

alunos ao longo de várias sessões de ensino sobre determinado tema, e Simon e

Tzur (2004) defendem as trajetórias hipotéticas de aprendizagem como

ferramenta para o planejamento de atividades e instrução no dia a dia da sala de

aula. Ao fim, apresentam ainda as concepções de Baroody, Cibulskis, Lai e Li

(2004), que sugerem que as trajetórias hipotéticas de aprendizagem servem para

o desenvolvimento microconceitual - atividade central da instrução em sala de

aula.

Gómez e Lupiañez (2007) encontraram pontos de discordância entre as

propostas de alguns pesquisadores como Gravemeijer, Cobb, Bowers e

Whitenack, (2000), na qual a trajetória é considerada a transformação de juízos e

decisões locais que, por sua vez, modificam as trajetórias hipotéticas de

aprendizagem, ou seja, têm caráter reflexivo; em contrapartida, Simon e Tzur

(2004) enfatizam que o papel do professor é a construção e a revisão constante

da trajetória hipotética de aprendizagem.

No entanto, as trajetórias que Gómez e Lupiañez (2007) vêm encontrando,

foram elaboradas por pesquisadores. Estes ainda discorrem que algumas

propostas, como as de Steffe (2004) e Lesh e Yoon (2004) são complexas e

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técnicas, o que dificulta sua utilização pelo professor. Mas as apresentadas por

Simon e Tzur (2004) e Gravemeijer (2004), ainda segundo os autores, mostram

apenas prescrições.

Finalmente, Gómez e Lupiañez (2007) afirmam que Baroody, Cibulskis, Lai

e Li (2004) fazem inferência sobre a falta da universalidade, verificando-se que a

THA é válida em uma circunstância particular. Gravemeijer (2004), segundo

Gómez e Lupiañez (2007), reconhece as dificuldades dos professores na

construção das trajetórias, como as produzidas pelos pesquisadores. Os autores

ressaltam que não basta apenas entregar listas de instruções, mas, sequências

de instrução e sugerem que estas devam contemplar dois elementos úteis,

servindo como marco de referências e sequências de atividades que lhes sirvam

de exemplo.

Com a finalidade de melhor apresentarmos os estudos realizados por

Gómez e Lupiañez (2007) sobre as diferentes concepções da THA, elaboramos o

diagrama a seguir.

Figura 4: Diagrama das diferentes concepções de THA, conforme Gómez e Lupiáñez (2007)

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Desse modo, Gómez e Lupiañez (2007) concluem que as THAs são

importantes na prática docente no que diz respeito ao desenvolvimento de

situações de ensino e aprendizagem. Assim, as recentes pesquisas em Educação

Matemática demonstram a importância desta noção na atuação dos professores

de Matemática, quando desenvolvem atividades de ensino e aprendizagem. No

entanto, as pesquisas realizadas recentemente mostram que estas são propostas

elaboradas por pesquisadores que assumem o papel de professores, não

apresentando indicações de como o professor pode utilizá-las em seu trabalho

diário em sala de aula.

Os autores referidos apresentam o trabalho realizado em um curso inicial

de formação de professores para exemplificar a noção de THA. Baseados no

desenvolvimento e seleção das tarefas de ensino e aprendizagem em um

processo reflexivo e cíclico que, para uma determinada tarefa, se apresentam as

capacidades necessárias, para que estas sejam concretizadas e, apoiados nestas

realizam as análises e os objetivos impostos para poderem modificar e analisar de

novo. Neste processo, o professor deve ter ideia das possibilidades de

aprendizagem no estágio inicial dos alunos para, então, apresentar seus objetivos

de aprendizagem, ou seja, as capacidades a serem desenvolvidas. Para tanto,

devem desenvolver uma lista contendo as capacidades que consideram

relevantes para atingir seus objetivos de aprendizagem.

A identificação, a caracterização e a seleção destas capacidades surgem

com as análises dos conteúdos matemáticos que se referem a estes objetivos.

Sendo assim, os autores propõem que o desenvolvimento de atividades de ensino

e aprendizagem determina-se em um processo sistemático, aberto a criticas e

discussões e que abordem o planejamento sugerido por Simon (1995).

1.4 Revisão bibliográfica

1.4.1 Estudos de THA

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Antes de iniciarmos nossa revisão bibliográfica para o tema diretamente

ligado aos estudos de Estatística, buscamos analisar as pesquisas realizadas

pelo grupo em que estamos inseridos, assim, apontaremos os conteúdos

específicos em cada uma das THAs e seus principais resultados.

Os trabalhos foram realizados em sala de aula e tinham como foco os

alunos do Ensino Médio com seus respectivos professores de Matemática. Mas,

dos oito já desenvolvidos por nosso grupo, verificamos que apenas dois

pesquisadores conseguiram desenvolver a THA, contando com a participação de

três professores colaboradores, pois os demais tiveram a colaboração de apenas

dois professores. Com base nesse fato, podemos inferir que não é realmente fácil

desenvolver projetos colaborativos dentro das instituições escolares, talvez por

insegurança do professor em relação a seu próprio conhecimento. Verificamos

também que não foi fácil para os pesquisadores desenvolverem a THA,

provavelmente, pela escassez de material adequado e/ ou concomitante com uma

perspectiva construtivista para o Ensino Médio.

Angiolin (2009) desenvolveu uma THA abordando conteúdos relativos ao

estudo de funções exponenciais. A pesquisadora concluiu que não importa o

quanto o material seja bem elaborado, já que a aprendizagem dos alunos

depende em grande parte do ensino concebido pelo professor, pois, embora a

THA apresentada aos professores tenha sido a mesma, os resultados foram

diferentes, à medida que um interagiu mais que o outro, exercendo papel de

mediador no decorrer das tarefas, possibilitando aos alunos maior confiança no

que estavam fazendo, e que tivessem participação ativa no processo. A

pesquisadora chama a atenção para o fato de que não foi fácil apresentar aos

professores as intenções de ensino, mesmo com as trajetórias de aprendizagem

já elaboradas, em razão da concepção que o professor já tem sobre a melhor

forma de ensinar.

Assim, os professores têm dificuldade para trabalhar de forma

contextualizada, relacionando outras áreas, tecnologia, investigação e resolução

de problemas, pois preferem acreditar que os alunos aprendem mais por

explicações e/ou exposição dos conteúdos.

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Barbosa (2009) elaborou e desenvolveu uma THA contemplando razões e

funções trigonométricas. Durante o desenvolvimento de sua THA, concluiu que,

embora os professores tivessem o conhecimento do conteúdo, apenas um

conseguiu desenvolver com seus alunos os conteúdos de forma significativa, pois

realizava intervenções o tempo todo, tirando dúvidas e motivando-os com

situações desafiadoras pertinentes, de forma a interagirem entre eles e o

professor.

O autor concluiu que não importam quais e como as tarefas sejam

propostas, pois o ensino depende da forma como o professor ensina. Acrescenta

baseado em Simon (1995), que não adianta apenas o professor ter conhecimento

do conteúdo para desenvolver uma aprendizagem em uma concepção

construtivista, deve também ter um repertório de estratégias e/ou instrumentos.

Mesquita (2009) teve sua trajetória hipotética de aprendizagem elaborada e

desenvolvida sobre ensinar e aprender funções polinomiais de 2º grau. Ao final da

elaboração da THA, ressalta o quanto é difícil elaborar uma trajetória de

aprendizagem, considerando os apontamentos das pesquisas, objetivos e

hipóteses sobre a aprendizagem dos alunos.

Durante o desenvolvimento da THA, a pesquisadora observou que os

professores colaboradores atuaram como transmissores de informação, pois

houve pouca intervenção durante a realização das tarefas e estavam mais

preocupados com seu comportamento do que com a aprendizagem. Verificou

também que o professor mais interessado pelo trabalho, acabou intervindo e

motivando mais seus alunos, justificando que o interesse do professor pela THA,

possivelmente, trouxe aos alunos também um interesse diferenciado dos demais

para desenvolverem as tarefas. Por fim, destaca o quanto a etapa da tarefa

desenvolvida com o uso da tecnologia foi motivadora para alunos e professores,

mas poderia ter sido mais bem explorada.

A autora revelou que, por várias vezes, teve vontade de interferir nas

tarefas com os alunos, pois, por diversas vezes, não concordava com a forma

como eram conduzidas. Alerta para o fato de que não importa o quanto sejam

boas as THAs, pois deve-se levar em conta que o professor é quem desenvolve,

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e este não pode ser considerado, como mero aplicador de boas situações de

ensino.

Luna (2009) elaborou e desenvolveu a THA, envolvendo geometria

espacial, concluiu que, apesar da teoria construtivista não estipular um caminho

para a aprendizagem dos alunos, suas contribuições podem ser significativas

desde que os professores investiguem o pensamento dos alunos durante a

realização das atividades, buscando enriquecer e reformular suas expectativas de

aprendizagem redirecionando o planejamento das aulas. A pesquisadora ainda

relatou que, embora os colaboradores não tenham indicado modificações

significativas na THA, houve a promoção da reflexão sobre a prática dos

envolvidos e, consequentemente, sobre as hipóteses de aprendizagem dos

alunos.

Lima (2009) explorou conteúdos relativos à função logarítmica. O

pesquisador alega ter observado que o professor é o diferencial para o

desenvolvimento da THA, pois professores diferentes podem deduzir de forma

também distinta o desenvolvimento de uma mesma THA, ou seja, o professor já

tem uma concepção definida sobre o ensino e aprendizagem de determinado

conteúdo, pois, mesmo depois das reuniões, foi difícil explicitar-lhes, o que se

pretendia com a THA.

Desse modo, a forma como desenvolveram a trajetória possibilitou ao

pesquisador concluir que o professor é o principal responsável pelo sucesso ou

não de uma trajetória de ensino, pois um dos colaboradores direcionava e

mediava as tarefas, proporcionando um clima de trocas, discussões e

experimentação, no qual, ao final, o próprio professor se surpreendeu com os

resultados, e o outro deixou seus alunos à vontade, por muitas vezes, o que fez

que os alunos se desinteressem pelo desenvolvimento das tarefas.

Cabral Júnior (2009) abordou conteúdos relativos à noção inicial de

probabilidade em sua THA. Em suas considerações, ressalta as dificuldades

verificadas desde a própria elaboração até a apresentação da THA aos

professores colaboradores. Segundo o autor, a dificuldade de elaboração foi pela

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escassez de material e/ou autores que contemplem atividades desenvolvidas em

uma concepção construtivista.

O pesquisador refere que os professores tiveram dificuldade para

apresentar modificações para a THA pela insegurança em relação ao

conhecimento do conteúdo. Pelos questionários, constatou que o tema é muito

complexo para os professores, e estes o deixam para o final do ano letivo, caso

haja tempo de desenvolvê-lo. Deduziu ainda que as condições de trabalho

constitue obstáculo no desenvolvimento de trajetórias de aprendizagem.

Tonneti (2010) contemplou em sua THA o ensino de estatística, em

especial, utilizou textos retirados de jornais. O pesquisador depreendeu que a

THA idealizada por Simon (1995) funciona como ponto de partida para a

reconstrução de uma pedagogia da Matemática, pois possibilitou que todos os

participantes enriquecessem seus conhecimentos. Concluiu que a tarefa de

elaborar uma THA não é de fácil execução, ressalta o quanto foi difícil convencer

o professor colaborador das razões e objetivos da intervenção de ensino, pois,

durante as reuniões, estes demonstravam desconfiança e resistência em aceitar o

novo. O pesquisador percebeu que a turma mais participativa foi justamente a do

professor que mais intervinha com os alunos, pois os outros não se interessaram

muito pelas atividades.

Freitas (2010) realizou um trabalho relacionado ao tema “ensinar e

aprender transformações isométricas no ensino médio”. A pesquisadora verificou

que, quando os professores recebem direcionamento e possíveis espaços para

discutir e modificar situações de ensino, sentem-se mais seguros para ensinar,

enxergando ainda possibilidades de ampliarem seus conhecimentos. Após suas

análises, esta ainda depreende, baseada em Gomez e Lupianez (2007), que a

elaboração da primeira versão de uma THA é mais condizente para o pesquisador

e, ao professor compete, apenas as alterações necessárias, de acordo com suas

necessidades.

Segundo Freitas (2010), o comprometimento do professor é o diferencial

para o sucesso ou não do desenvolvimento de uma THA, pois, inicialmente, os

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professores mostraram-se bem motivados e apresentaram várias propostas de

modificação e de metodologias, antes do desenvolvimento. Mas, no decorrer das

aulas, a pesquisadora percebeu que um dos colaboradores não tinha o hábito de

preparar suas aulas, muitas vezes, não sabia nem o que fazer em sala de aula,

fato que acabou por desmotivar os alunos. Isto lhe possibilitou concluir que, de

acordo com uma perspectiva construtivista, não importam boas situações de

ensino para ensinar, pois o fato depende do professor, não apenas de sua

concepção de ensino, mas, de vários fatores para o sucesso ou não de uma

trajetória hipotética de aprendizagem.

Com base nos trabalhos apresentados, destacamos que todos salientam a

importância do professor para mediar e fazer funcionar a THA, pois são eles os

responsáveis por motivarem e/ou direcionarem os rumos que a aprendizagem do

aluno deve tomar.

1.4.2 Leitura e Interpretação de Gráficos e Tabelas e Conceitos Básicos de

Estatistica

Para auxiliar na elaboração de nossa trajetória hipotética de aprendizagem,

buscamos estudos realizados sobre o ensino e aprendizagem que abordam

conceitos básicos de estatística, referentes à leitura e interpretação de gráficos e

tabelas, medidas de tendência central, como média e moda e mediana.

Procuramos verificar ainda se estes conceitos influenciam o bom

rendimento dos alunos na resolução de questões e/ou situações-problema

envolvendo os conceitos básicos de estatística em avaliações externas ou se os

conceitos aprendidos auxiliam os estudantes a interpretar as informações

apresentadas em diferentes gráficos e tabelas que aparecem na mídia e nos

distintos meios de comunicação.

Além destes estudos, exploraremos um pouco mais o trabalho realizado

por Batanero, Godino e Estepa (1991) e Borim (2007), principais fontes

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inspiradoras para elaboração de nossa trajetória de aprendizagem, por

considerarmos condizentes com a perspectiva construtivista de ensino.

Para tanto, fizemos uma pesquisa no Banco de Teses da Capes,

bibliotecas de Universidades e em sites recomendados por professores do

programa de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Nssa busca, utilizamos como palavras-chave as expressões: estatística, medidas

de tendência central, gráficos e tabelas estatísticas e leitura e interpretação de

dados. Mas, não verificamos muitos trabalhos direcionados ao Ensino Médio, foco

principal de nossa pesquisa. Sendo assim, optamos por escolher determinados

trabalhos de pesquisa sobre os assuntos já mencionados, independente do nível

escolar, para o qual foram desenvolvidos, por considerarmos importantes na

elaboração da THA. Em sua maioria, os trabalhos pertencem à instituição onde

estamos inseridos, tendo em vista o grande número de pesquisas sobre o assunto

que esta já elaborou.

Rodrigues (2009) realizou um trabalho de pesquisa que consistiu em uma

análise comparativa do desempenho dos alunos de Licenciatura em Matemática,

Pedagogia e Bacharelado em Administração, no qual pressupõe que os alunos de

Administração se sairiam melhores na leitura e interpretação de gráficos e

tabelas, envolvendo conceitos básicos de estatística.

A autora justificou o fato de sua escolha, por alunos desses cursos, por

serem os de Administração, consumidores de Estatística, utilizam a estatística de

serviço e, portanto, sairiam-se melhores que os outros. Sua escolha para os

alunos de licenciatura e pedagogia foi por serem estes os futuros professores,

responsáveis por ensinar os conceitos básicos, e os de pedagogia por poderem

introduzir os conceitos básicos.

A pesquisadora fundamentou seu estudo pautado nos níveis de leitura e

interpretação de gráficos e tabelas de Curcio e Wainer e nos registros de

representação semiótica da teoria de Duval. O trabalho contou com a participação

de 174 sujeitos, cujo material recolhido para análise foi composto de um caderno

com seis páginas, dividido em duas partes: a primeira, contemplou questões de

cunho pessoal; e a segunda, tinha nove questões, variando os níveis de

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conhecimentos básicos que os alunos deveriam mobilizar para responder sua

questão de pesquisa sobre leitura e interpretação de gráficos e tabelas.

Em suas análises, a pesquisadora refutou a hipótese de que os alunos de

administração se sairiam melhor, justificando como fator que o trabalho realizado

para a apreensão dos conceitos não tenha sido de muita importância para os

mesmos, ou seja, o trabalho seria significativo se os temas de pesquisa tivessem

sido sugeridos pelos próprios alunos, o que não deve ter ocorrido. Concluiu que

os alunos de licenciatura encontram-se no nível intermediário, definido por Wainer

para leitura e interpretação de tabelas, e os outros dois grupos, no nível básico.

Em relação aos níveis de leitura e interpretação de gráficos, os grupos realizaram

apenas a leitura dos dados, conforme descrito nos níveis de Curcio.

Ribeiro (2007) desenvolveu um trabalho, cujo tema foi “leitura e

interpretação de gráficos e tabelas um estudo exploratório com professores”. O

autor considerou os níveis de interpretação gráfica idealizados por Curcio e os

níveis de interpretação de tabelas por Wainer, tendo como objetivo identificar que

os níveis de leitura e interpretação de gráficos e tabelas têm seu diferencial,

conforme o nível que os profissionais ensinam. Assim como a distinção entre

especialistas em Matemática ou não especialistas, o autor definiu como

especialistas, os professores de ensino fundamental II que frequentaram um

curso de Matemática e não especialistas os profissionais do ensino fundamental I,

inferindo que os especialistas possuem maior aptidão para lidar com a leitura e a

interpretação de gráficos e tabelas.

A pesquisa teve como público 40 professores da rede estadual de ensino

por serem estes, segundo o autor, os responsáveis pelo ensino e aprendizagem

da maioria, e pela facilidade de acesso aos mesmos. Os professores foram

divididos em dois grupos, sendo 20 de 1ª a 4ª séries e 20 de 5ª a 8ª séries. O

instrumento de pesquisa foi composto de cinco questões, envolvendo gráficos e

tabelas, contendo cada uma quatro itens contemplando os níveis de leitura e

interpretação de Curcio e Wainer. Além de ler e interpretar, os sujeitos que

participaram da pesquisa, realizaram a mudança de registro que, de acordo com o

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autor, é um dos requisitos para o desenvolvimento de habilidades de leitura e

interpretação, ou seja, o da transcrição de tabelas para o registro gráfico e textual.

Após seus estudos, o pesquisador chegou à conclusão que os professores

que fizeram a graduação em Matemática, estão melhores preparados para

ensinar e desenvolver as atividades relacionadas ao ensino de estatística. No

entanto, apesar dos resultados apresentados, ainda precisam ser melhores

preparados, pois mostraram dificuldades relativas à leitura e interpretação dos

dados nos gráficos de linhas.

Embora o autor tenha direcionado sua pesquisa para as competências e

habilidades dos professores, trouxe como justificativa o fato de serem os

responsáveis pelo desenvolvimento de tais competências e habilidades no nível

de Educação Básica, pois os professores só têm condições de ensinar se

dominarem o assunto.

Durante o estudo de pesquisas relativas à leitura e interpretação de

gráficos e tabelas, podemos ainda ressaltar o trabalho realizado por Vasconcelos

(2007) que fez um estudo exploratório com alunos da 8ª série do Ensino

Fundamental, cujo objetivo foi investigar os conceitos estatísticos com a finalidade

de observar os efeitos de uma intervenção de ensino por intermédio de uma

abordagem não tradicional, voltada à resolução de problemas, envolvendo

conteúdos de estatística para o letramento estatístico de alunos da 8ª série.

O autor partiu das análises realizadas sobre o desempenho dos alunos nas

avaliações do SAEB4 e do SARESP5, ressaltando as dificuldades apontadas por

algumas pesquisas na leitura e interpretação de gráficos e tabelas. Assim,

realizou um estudo experimental fazendo um pré-teste com cinco atividades

subsidiadas de quatro itens cada, cuja finalidade foi direcionar as atividades a

serem aplicadas baseadas nos níveis de interpretação gráfica de Curcio e nos

campos conceituais de Vergnoud, para um posterior pós-teste também com cinco

atividades semelhantes ao pré-teste, aplicados a 33 alunos da 8ª série do ensino

fundamental.

4 Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica.

5 Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo.

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Em seu trabalho, o autor alerta sobre os índices das pesquisas do INAF6 a

respeito do número de analfabetos funcionais, assim como os níveis de

alfabetização e um esquema de ensino dos conceitos de estatística, relacionando-

os aos campos conceituais de Vergnoud.

Analisando o pós-teste, Vasconcelos (2007) considerou, em seus estudos,

que os alunos tiveram um nível de aproveitamento satisfatório, após sua

intervenção de estudo. Em relação ao pré-teste, observou que não houve

dificuldades na leitura dos dados, que não constituiu maiores problemas aos

alunos nos pré e pós-testes. Verificou que houve uma melhora considerável na

leitura entre os dados, além destes, conforme os níveis de leitura e interpretação

de gráficos indicados por Curcio.

Desse modo, concluiu que a abordagem não tradicional contribui para a

aprendizagem de conceitos elementares de estatística quando é oferecida aos

alunos a possibilidade de resolverem diferentes situações-problema, envolvendo

variadas representações gráficas e exigindo sua participação em todas as fases

de desenvolvimento das atividades.

A dissertação de Cardoso (2007) teve por objetivo verificar como os

professores de Matemática mobilizam os conhecimentos estatísticos frente às

situações-problema, envolvendo medidas de tendência central, variabilidade e

representação gráfica dos dados.

Em seu trabalho, considerou duas questões de pesquisa: o professor, ao

trabalhar um conjunto de dados, utiliza os princípios da análise exploratória? Que

elementos dessa análise, ele mobiliza na resolução de problemas? Na busca

pelas respostas, apresenta um quadro teórico fundamentado no nível de

alfabetização dos professores pesquisados que, segundo Shamos (1995, apud

CARDOSO, 2007), está estruturado em três níveis:

Nível cultural – este é considerado básico: as pessoas entendem os

conceitos básicos apresentados nos meios de comunicação;

6 Indicador de Alfabetismo Funcional.

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Nível funcional: o sujeito apresenta capacidade de conversão, leitura e

escrita de informação, utilizando termos científicos; e

Nível científico, nesta fase, o sujeito demonstra autonomia e segurança

ao escolher os métodos e as representações estatísticas, sendo ainda

capaz de realizar a análise dos dados, considerando a variabilidade.

Para responder sua questão, aplicou um questionário para 29 professores

de Matemática do Ensino Médio, atuantes em escolas públicas do Estado de São

Paulo (SP). A escolha dos mesmos não obedeceu a nenhum critério, pois a

participação foi voluntária, e o pesquisador já havia estabelecido vínculos

profissionais, segundo o autor, o fato evitaria que os sujeitos de pesquisa se

sentissem constrangidos e não tivessem a sensação de estarem sendo avaliados

ao responderem à atividade proposta, que foi dividida em três etapas e baseada

nas atividades propostas (BIFI, 2006).

Cardoso (2007) propõe diferentes níveis de complexidade às questões,

objetivando verificar em que nível de alfabetização os professores encontram-se.

Para tanto, o instrumento foi dividido em três partes: a primeira, composta por

dados fictícios; a segunda, por duas tabelas de distribuição de frequência e a

terceira, pela representação gráfica das tabelas apresentadas na segunda parte.

Em suas conclusões, Cardoso (2007) verificou que os professores não

apresentaram dificuldades quanto aos cálculos das medidas pedidas nas

primeiras etapas das atividades, porém não conseguem justificá-los ou dar

significados aos cálculos realizados. O fato levou o autor a deduzir que, se existe

o conhecimento, ficou implícito, pois os professores permaneceram ligados

apenas aos valores numéricos, o que os classifica em um nível cultural. Concluiu

que os professores têm um entendimento equivocado dos conceitos de média e

mediana, pois, para qualquer banco de dados, eles atribuíram a noção de

simetria.

Apoiado nisto, o pesquisador alerta para o fato dos livros didáticos

trabalharem com dados da forma simétrica e, assim, o professor não tem a

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oportunidade de questionar a respeito de outros tipos de distribuição, o que lhe

possibilitaria a passagem para um nível funcional.

De acordo com as conclusões de Cardoso (2007), ao se depararem com as

situações apresentadas, os professores buscaram, de imediato, cálculos

algébricos de média ou desvio-padrão sem a preocupação de analisar se tais

cálculos seriam mesmo necessários.

Pereira (2007) realizou um estudo baseado em estudos preliminares sobre

a importância dada à Estatística, por ser um dos ramos da Matemática que vem

tomando espaço de destaque na Educação. Em seu trabalho, procurou identificar

como os professores de Matemática do Ensino Médio ensinam Estatística a seus

alunos, se ocorrem mudanças na maneira de ensinarem, após passarem por uma

formação Estatística e ainda verificar em que níveis os alunos desses professores

se enquadram, após esta formação. Em seu trabalho, o foco é o professor, pois o

autor buscou assessorar o professor nos conceitos de Estatística, para que este

realizasse o trabalho de formação com seus alunos.

Partindo do princípio de que todo cidadão deve receber uma formação

adequada sobre os conceitos básicos de Estatística, para que, de forma

autônoma, construa seu conhecimento perante a mediação do professor, o autor

subdivide sua questão de pesquisa em três partes: primeira, “Como o professor

de Ensino Médio lida com os conteúdos de estatística?”, segunda, “Qual a opinião

que esse professor tem sobre a proposta de trabalhar com tais conteúdos no

Ensino Médio” e a terceira, ”Como os alunos resolverão as questões?”.

Para responder à questão de pesquisa, Pereira (2007) realizou cinco

encontros para sanar as dificuldades do professor sobre os conceitos estatísticos.

Além disso, houve um encontro em sala de aula com os alunos desse professor,

que foi assessorado pelo próprio pesquisador, o que enquadra sua pesquisa em

um estudo de caso. Ao final dos encontros, marcou-se um teste para responder à

sua questão de pesquisa, no qual os alunos comunicaram os resultados,

defenderam suas opções para resolução e discutiram as interpretações que

fizeram ao desenvolverem os testes.

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De forma análoga a Cardoso (2007), Pereira também propõe diferentes

níveis de complexidade às questões dos testes, sendo estes divididos em três

partes: a primeira, composta por dados fictícios; a segunda, por duas tabelas de

distribuição de frequência e a terceira, contemplando a representação gráfica das

tabelas apresentadas na segunda parte.

Pereira (2007) analisou a produção dos alunos, de acordo com os níveis de

conhecimento defendidos por Robert (1998): mobilizável, técnico e disponível.

Em suas conclusões, não identificou as dificuldades dos alunos, pois estes

calcularam até mesmo o que não foi pedido. No entanto, ao desenvolverem os

relatórios de justificativa para as opções e interpretações, verificou que apenas

um grupo conseguiu relacionar os conceitos apresentados de forma coerente –

grupo este que o autor classifica, de acordo com a visão de Robert (1998), no

nível mobilizável de conhecimentos, e os demais, apesar de apresentarem todos

os cálculos corretos, não conseguiram justificar. Fato este que levou o

pesquisador a concluir que, se o conhecimento existir, o mesmo estará implícito,

pois os alunos ligam-se apenas aos valores numéricos, o que classifica estes

grupos dentro do nível técnico de Robert (1998).

Pereira (2007) ainda concluiu que os alunos investigados confundiram

média com mediana, pois atribuíram a noção de simetria a qualquer banco de

dados.

Da mesma forma que Cardoso (2007), Pereira também concluiu que,

mesmo em questões que exigem apenas uma interpretação visual do gráfico para

explicar o comportamento dos dados apresentados, os alunos realizaram uma

série de cálculos, buscando uma justificativa para a questão, evidenciando assim

a necessidade de realização de um trabalho de alfabetização estatística que

contemple sua totalidade nas propostas de Gal, (2002) apud, Cardoso (2007): “A

análise critica e global dos dados coletados”.

...o professor, quando recebe uma ajuda (tanto conceitual como

pedagógica) tem condições de trabalhar os temas em questão com seus

alunos. O que ficou evidente neste trabalho é que os alunos terão as

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mesmas dificuldades que seus mestres. No caso, a análise interpretativa

dos resultados obtidos com os cálculos. (PEREIRA 2007, p. 106).

Simone Neto (2008) analisou os conteúdos de Estatística nos livros

didáticos do Ensino Médio de acordo com a visão Praxeológica de Chevallard

(2002), com o objetivo de verificar se estes apresentam conteúdos que propiciem

a construção do letramento estatístico e, ainda, analisar o nível exigido de

letramento para a resolução dos exercícios contidos nos mesmos, pois, de acordo

com o autor, embasado nos trabalhos de Lajolo (1996) e Dante (1996), o papel do

professor é fundamental para o ensino e aprendizagem, assim como a relação

professor / livro didático – sendo este na maioria das vezes o único suporte

pedagógico do professor. A análise realizada teve a finalidade de verificar se as

abordagens didáticas e a organização dos conceitos estatísticos citados

possibilitam a construção do letramento estatístico ou apenas a aplicação e

memorização de fórmulas.

Simone Neto (2008) justifica que em razão da atual importância dada à

Estatística, para que o aluno se desenvolva plenamente como cidadão, faz-se

necessário verificar se os livros, como aliados pedagógicos do professor,

fornecem subsídios para o desenvolvimento do pensamento estatístico, de modo

a prepará-lo para o futuro mercado de trabalho ou como pessoa em constante

construção de aprendizado.

Para fundamentar seu trabalho, o autor realizou um estudo da Organização

Praxeológica de Chevallard (2002), cuja teoria divide-se em: tarefa (ação do

sujeito sobre as categorias de um problema que pode ser resolvido por uma

técnica), técnica (método de resolução) e tecnologia (justificativa da técnica).

Quando uma tarefa está ligada a uma ou mais técnicas, forma-se o bloco “prático-

técnico”, mais conhecido como saber fazer.

Quanto aos níveis de letramento, Simone Neto (2008) atém-se nas

definições para letramento estatístico, baseadas nos estudos de Gal, (2002),

apud, Simone Neto (2008) e em seu modelo de letramento estatístico, composto

de cinco elementos cognitivos (conhecimento procedimental, conhecimento

estatístico, conhecimento matemático, conhecimento do contexto e habilidade

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crítica; e dois elementos de disposição: crenças e atitudes e postura crítica).

Baseou-se, nos níveis de letramento de Shamos (1995) (cultural, funcional e

cientifico).

Com base na fundamentação, Simone Neto (2008) define um cidadão

letrado estatisticamente como o sujeito que consegue ler e reconhecer

informações, classificando-as quanto ao tipo de gráficos ou tabelas; utilizar

adequadamente o gráfico, tabela ou tipos de medidas, de acordo com os dados

informados, sendo estes requisitos, para que o sujeito assimile a grande

variedade de informações divulgadas nos meios de comunicação, capacitando-o

a tomar decisões.

O referido pesquisador analisou seis coleções de livros didáticos do Ensino

Médio aprovados pelo PNLD7, com finalidade de responder duas questões de

pesquisa “Que Organização Matemática e Didática os livros didáticos do Ensino

Médio de 1º ao 3º anos selecionados apresentam em relação aos conteúdos

estatísticos?” e “A construção do letramento estatístico é favorecida pelo

desenvolvimento da organização apresentada nos livros didáticos?”. Estas

questões tinham como objetivo contribuir para a melhoria dos livros, no que diz

respeito ao tema Análise de Dados.

Das seis coleções analisadas, o pesquisador concluiu que apenas uma

promove atividades propícias para o desenvolvimento do letramento no nível

funcional. Uma, está no nível cultural mais próximo do nível funcional, e as

demais, no nível cultural.

Segundo Simone Neto, das duas coleções que propõem atividades no nível

funcional resta apenas complementá-las com atividades, envolvendo a coleta de

dados para descrição e a escolha do instrumento adequado na representação dos

mesmos, bem como desenvolver exercícios para compreensão e variabilidade

dos dados: e ainda há necessidade de se complementar uma delas com a

inserção de sugestão do uso de planilhas eletrônicas. De modo geral, as coleções

7 Programa Nacional do Livro Didático.

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concentram os conteúdos de Estatística em um único volume e capítulo, mas

deveriam ser distribuídos em diferentes capítulos nos três volumes.

Cazorla (2002) realizou um estudo com o objetivo de verificar os fatores

que interferem na leitura de gráficos estatísticos, conforme a teoria das

habilidades matemáticas de Krutetskii e a teoria de compreensão gráfica de

Pinker. Os sujeitos de sua pesquisa foram 814 estudantes universitários do curso

de Estatística, foram utilizados seis instrumentos de pesquisa: um questionário,

duas escalas de atitudes, uma prova de Matemática, uma de Estatística e uma de

Aptidão verbal.

Para a autora, o avanço tecnológico tem colocado a Estatística em um

plano privilegiado, alertando para a necessidade da inclusão da Educação

Estatística em todos os níveis de escolaridade, pois os cidadãos, de modo geral,

ficam expostos às informações vinculadas pelos vários meios de comunicação

que podem influenciar nas tomadas de decisão. Além disto, chama a atenção

para o fato de que a ausência de conhecimento pode levar o cidadão a tomar

decisões erradas, tornando-o vulnerável a interpretações que não condizem com

a realidade. A autora, partindo desse pressuposto, parafraseia que “para uma

cidadania plena, o pensamento estatístico é tão necessário quanto a capacidade

de ler e escrever”.

Foi realizado um amplo estudo sobre a importância da leitura de gráficos,

de acordo com a visão de vários autores. Desse modo, selecionou a teoria de

Pinker por considerá-la a mais elaborada, porque existem dois fatores para o

sucesso na leitura de gráficos: o primeiro, ligado à ideia de que a capacidade do

leitor depende de sua capacidade de processar as informações e a segunda,

ligada à eficácia do gráfico em transmitir as informações (CAZORLA, 2002).

Ainda, segundo a autora, conforme a visão de Pinker (1990), ao ler um

gráfico aciona-se uma série de processos ligados à capacidade cognitiva do leitor:

o processo de reconhecimento, o de montagem, o de interrogação e o inferencial.

Mas, para adquirir as habilidades de interpretação de gráfico, a prática exerce um

papel importante, visto que os fatores que interferem na habilidade de

interpretação de gráficos são a habilidade verbal, a habilidade matemática, o

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conhecimento matemático anterior, o conhecimento estatístico e os fatores

ligados aos gráficos.

Para Cazorla (2002), a eficácia de um gráfico depende dos conceitos

estatísticos envolvidos em sua construção; supõe que, quanto maior o domínio do

leitor sobre os procedimentos e conceitos estatísticos maior será sua habilidade

de leitura de gráficos e, ainda, que o aspecto afetivo pode interferir na

aprendizagem da estatística. Com base nestas suposições, buscou responder ao

seguinte problema de pesquisa: “Quais as relações entre a habilidade viso-

pictórica, o domínio de conceitos estatísticos e as atitudes em relação à

Estatística e leitura de gráficos?”. Com isso, propôs-se a responder duas

questões: quanta informação consegue ser extraída durante a leitura de gráficos e

quais são os fatores que determinam o sucesso dessa tarefa. Pela abrangência

do tema, limitou-se ao estudo do conceito de média aritmética, gráficos de barras

e de linhas.

O Ensino Superior foi o nível escolhido para a coleta de dados, justificando

que é neste nível de ensino que se estuda a disciplina Estatística. Os sujeitos

escolhidos para participarem da pesquisa foram 814 alunos, todos matriculados

no segundo semestre de 1999 e primeiro semestre de 2000 de um curso de

Estatística que, segundo a autora, compõem um censo populacional, fato este

que não a impediu de fazer relações entre as variáveis. O instrumento de

pesquisa foi composto de seis etapas:

Questionário informativo, contendo variáveis demográficas;

Escala de atitudes em relação à Estatística adaptada e validada por Brito

(1998), composta por 20 itens, sendo dez de negativas e dez positivas;

Prova de Estatística dividida em duas partes: a primeira, envolvendo

conceito de média e a segunda, leitura de gráficos;

Escala de atitudes em relação à Matemática e validada por Brito (1998);

Prova de Matemática com questões agrupadas em três provas: figural,

de geometria plana e de geometria espacial; e

Prova do raciocínio verbal do teste de aptidões especificas.

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O instrumento foi aplicado em duas etapas: primeiro, um pré-teste e depois

o pós-teste, com exceção da prova verbal que só ocorreu no pós-teste. A análise

dos dados ocorreu em duas etapas: sendo a primeira de cunho descritivo, utilizou

as técnicas de estatística; e a segunda, realizada com o objetivo de validar as

hipóteses da pesquisadora, assim, consistiu em duas partes: a verificação das

relações entre as variáveis nos pré e no pós-testes.

Em suas considerações, a autora ressalta que, dos 814 alunos, apenas

757 realizaram o pré-teste; e o pós-teste, apenas 366. Outro fato relevante foi que

apenas 309 sujeitos participaram das duas etapas.

Cazorla (2002) concluiu que os sujeitos estão em um nível fraco de leitura

de gráficos para alunos do nível superior, pois conseguiram extrair informações

de nível elementar e tendências quando explícitas e, ainda, fazer projeções se

existia um padrão regular. Os indivíduos falharam na linguagem gráfica,

apresentaram baixa flexibilidade de pensamento em situações diferentes e não

perceberam a necessidade de conceitos elaborados para uma análise mais

consistente. A leitura dos gráficos foi dificultada pela ausência de conhecimento

do conceito de média e algumas propriedades.

A pesquisadora concluiu que, mesmo no ensino superior, os alunos não

estão no nível desejável, pois, em relação ao conceito de média, demonstraram

entendimento razoável e, na leitura de gráficos, apresentaram um baixo

desempenho, classificando-os como fracos. Ainda, atenta para o fato que há

muito trabalho a ser feito. As instituições devem elevar estas habilidades a um

nível bem mais avançado, buscando alcançar os pensamentos estatísticos

compatíveis com o mundo permeado de informações. Há necessidade de

desenvolver um trabalho mais significativo em relação à leitura de gráficos por ser

um instrumento cada vez mais usado para transmitir informação. Apesar de

cursarem o nível superior, os sujeitos apresentam graves lacunas na leitura de

gráficos. Portanto, a comunidade estatística deve dar mais atenção a conceitos

básicos que podem contribuir substancialmente para o desenvolvimento da

cidadania. A autora salientou que muitos dos resultados encontrados no presente

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estudo são peculiares da instituição onde a pesquisa foi realizada, precisando de

estudos similares em outras instituições.

Com base nas pesquisas, verificamos que estas se justificam e concluem

que os alunos, independente do nível de ensino em que se encontram,

desenvolvem melhores competências e habilidades relativas à leitura e

interpretação de gráficos e tabelas, quando lhe são apresentadas situações-

problema significativas e ligadas ao meio em que estão inseridos.

1.4.3 Análise Exploratória dos Dados

Batanero, Godino e Estepa (1991) ressaltam que o desenvolvimento

tecnológico trouxe uma nova forma de se pensar o currículo do Ensino Médio,

sendo os conteúdos divididos em cinco blocos, dos quais dois estão relacionados

ao estudo de Estatística: o quarto, denominado ”Interpretação, representação e

tratamento da informação” e o quinto, “Tratamento do acaso”.

O momento é ideal, deve-se aproveitar esta inovação curricular para

introduzir o conceito da Análise Exploratória dos Dados no contato inicial do

Estudo de Estatística, pois esta metodologia leva em conta duas partes: a

primeira, refere-se à regularidade e aos desvios, e a segunda, às diferenças dos

dados relacionados a essa estrutura, buscando assim separar as regularidades

das observações. Com o uso desta metodologia, é possível extrair toda

informação, gerando novas hipóteses e fazendo conjecturas sobre as mesmas,

possibilitando ainda a apropriação dos temas de estudo no Ensino Médio.

(BATANERO, GODINO e ESTEPA, 1991)

Isso sugere um trabalho bem diferente do que se faz atualmente, no qual

são considerados apenas o levantamento dos cálculos e a representação visual

dos dados ajustados a um modelo preestabelecido, contemplando duas

alternativas: a confirmação ou não das hipóteses, o que não permite a

possibilidade de explorar outra informação em que se busca a junção entre

observações e regularidades.

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Os autores citados apresentam as técnicas básicas da Análise Exploratória

dos Dados, justificando que, geralmente, se trabalha com computadores, porém,

muitas dessas técnicas são facilmente desenvolvidas manualmente por serem

bem simples, exemplificam com um conjunto de dados supostamente feito em

sala de aula pelos alunos sobre a massa em quilogramas de cada um.

A primeira representação citada por Batanero, Godino e Estepa (1991) é o

Diagrama de Ramos e Folhas (no caso em estudo, as dezenas indicam o tronco e

as unidades, as folhas), com o qual é possível visualizar a construção gráfica e os

valores dos dados estudados. Na concepção dos autores, na prática, temos um

histograma de amplitude igual a um, pois além de mostrar a forma de distribuição,

apresenta os dados ordenados. Esta representação pode ser reduzida ou

ampliada. Quando ampliada, recebe o nome Gráfico de Tronco Ampliado, tendo a

construção semelhante ao anterior, diferenciando-se apenas por ter duas linhas

para representar cada dezena, marcando um asterisco para representar as

unidades que variam de zero a quatro e um ponto quando variam de cinco a nove.

Batanero, Godino e Estepa (1991) relatam ainda as vantagens em se

trabalhar com as representações citadas em relação ao histograma: fácil

construção, precisão na observação dos dados, levantamento de ordem (máximo,

mínimo, mediana, moda, quartis, percentis e suas classes). Além disto, é muito

útil para o estudo da variável isolada, serve para estabelecer comparações entre

duas diferenças, entre duas distribuições. No caso exemplificado, observa-se

facilmente a noção intuitiva para o estudo da hipótese.

Outra representação é o Gráfico de Caixa ou Box-Plot, no qual os autores

também descrevem os procedimentos de construção, que não contemplaremos

em nosso trabalho, assim, não iremos nos estender neste ponto.

Segundo Batanero, Godino e Estepa (1991), a maior parte das técnicas

pode ser utilizada, tanto para análise clássica como no enfoque exploratório.

Concordamos com os autores que novos tempos requerem mudanças e

novas metodologias de ensino, assim como um novo olhar para o Estudo de

Estatística. Em uma das coleções de livros didáticos do Ensino Médio

“Matemática Aula por Aula” (Cláudio Xavier da Silva e Benigno Barreto Filho),

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utilizada por dois de nossos colaboradores. Verificamos que embora explorem os

conteúdos de Estatística nas três séries do Ensino Médio e apresentem situações

contextualizadas, ainda trazem exercícios prontos e com resultados

predeterminados, utilizando representações clássicas, apresentando um

tratamento superficial dos dados e fazendo uso de tabelas e gráficos do mesmo

tipo (gráficos de barras, coluna, setor e segmento), nos três volumes.

Após analisarmos os livros, inferimos que estes trazem atividades sem

caráter exploratório, contemplando apenas a visualização de dados e o

levantamento de cálculos.

1.4.4 Letramento Estatístico

Consideramos importante discorrer sobre o termo letramento estatítico,

pois algumas pesquisas que fazem uso deste vocábulo, como, Cazorla (2002),

Vasconcelos (2007) e Simone Neto (2008) foram utilizadas em nossa revisão

bibliográfica.

Com base em Soares (2004), Borim (2007) faz a seguinte observação: no

Brasil, o termo alfabetização está relacionado a ler e escrever, e letramento é a

aplicação da leitura e da escrita. Ainda, segundo Borim (2007), outro termo

utilizado é literacia (aquisição e mobilização do conhecimento), termo este que

para Soares (2004) é sinônimo de letramento.

Borim (2007) ao definir letramento estatístico concorda com a definição

apresentada por Gal (2002), na qual o letramento auxilia o indivíduo a entender

fenômenos de relevância social e pessoal, evidenciando ainda os conceitos que o

ativam. Nesta definição, os adultos são considerados consumidores da produção

de informação estatística.

Borim (2007) destaca a importância em se desenvolver competências,

como: compreender, interpretar e avaliar os dados da pesquisa. Mas, ressalta que

isso depende do contexto cultural. Para tanto, é preciso conhecer conceitos

básicos de Estatística (investigação Estatística e as ideias-chave), de modo que

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se compreenda e interprete criticamente os dados, desenvolvendo-se primeiro o

pensamento estatístico8, que é fundamental para o letramento estatístico do

cidadão, depois o conhecimento matemático propriamente dito. Mas, não se deve

deixar de lado a articulação entre conceitos e algoritmos. A construção do campo

conceitual ocorre de várias formas, no entanto, só será possível letrar

estatisticamente o aluno, se o professor for letrado antes.

Para Watson e Callingham (2003) apud Borim (2007), há seis níveis de

sofisticação para o letramento estatístico, e estes devem seguir uma sequência

hierárquica do letramento estatístico: Idiossincrático, Informal, Inconsistente,

Consistente e Não Crítico, Crítico e Matematicamente Crítico. A pesquisadora

ressalta que os autores alertam sobre a importância do contexto nos dois

primeiros níveis, sobre os diferentes conceitos estatísticos nos terceiro e quarto e,

só nos dois últimos, sobre o trabalho com relatórios apresentando postura crítica.

Borim (2007) aponta que o letramento estatístico depende tanto do

raciocínio estatístico9 como do pensamento estatístico, uma vez que estão

diretamente ligados. Quando o indivíduo é letrado estatisticamente, ultrapassa a

leitura das informações, refletindo de modo crítico em seus significados, que vai,

além de simples descrições e representações de dados, atingindo a investigação

e a tomada de decisão (BRASIL,2002). Ser letrado estatisticamente é ter

condições de aplicar os conteúdos estatísticos nas soluções e interpretações de

problemas do mundo real, entendendo fenômenos culturais e sociais.

A sobrevivência na sociedade depende cada vez mais do conhecimento,

pois diante da complexidade da organização social, a falta de recursos

para obter e interpretar informações impede a participação efetiva e

tomada de decisões em relação aos problemas sociais. (BRASIL, 1998,

p. 26/27)

(...) a tomada de decisões diante de questões políticas e sociais

dependem da leitura critica e interpretações de informações complexas

(...). (BRASIL, 1998, p. 27)

8 (...) estratégias mentais utilizadas pelo indivíduo para tomar decisões em todas as etapas do ciclo

investigativo (problema, planejamento, dados, análise e conclusão). (BORIM, 2007 p. 30) 9 (...) é um processo interno, mental, cujo argumento (ou o entendimento de uma explicação, ou uma ação

numa situação) permite inferi-lo. (BORIM, 2007 p. 32) Borim (2007) apresenta raciocínio como sinônimo de argumento: é interno e mental, uma elaboração que permite a resolução de problemas, que para ser desenvolvido é necessário que o aluno compare conceitos, avaliando-os e analisando-os de maneira adequada. Quanto mais o aluno tiver oportunidade de vivenciar situações envolvendo conceitos estatísticos, mais refinado ficará seu raciocínio, baseado em suas experiências.

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A contextualização das ciências no âmbito sócio-cultural na forma de

analise crítica das idéias e dos recursos da área e das gestões do

mundo... (BRASIL, 2002, p. 133)

Sendo assim, o letramento estatístico deve inter-relacionar competências e

cidadania. Com base nas análises feitas no PCN do Ensino Fundamental e no PCN+, o

Letramento Estatístico deve ser desenvolvido na escola básica (EF e EM) de forma

contextualizada, tendo como princípio desenvolver competências básicas e primordiais

direcionadas ao ensino de Estatística.

1.5 A Estatística nos Documentos Oficiais

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM)

(BRASIL, 1998), no bloco Ciências da Natureza Matemática e suas Tecnologias, a

Matemática, pela sua posição de destaque e sua universalização, trabalha as

competências e habilidades de forma interligada, com o objetivo de orientar o

professor a realizar um trabalho integrado, pois, em outras áreas, quando existe a

necessidade de uma linguagem mais elaborada e abstrata, é de suma importância

o uso dos objetos matemáticos. Com o objetivo de direcionar a integração entre as

áreas, no documento é apresentado um quadro com o resumo das competências

e habilidades. Portanto, vamos destacar apenas às que se referem a nosso objeto

de pesquisa: leitura e interpretação de gráficos e tabelas Estatísticas:

Para o desenvolvimento da competência “Desenvolver a Capacidade de

Comunicação”, as habilidades são:

Interpretar e utilizar diferentes formas de representação (tabelas,

gráficos, expressões, ícones...).

Identificar variáveis relevantes e selecionar os procedimentos

necessários para a produção, análise e interpretação de resultados

de processos e experimentos científicos e tecnológicos.

Identificar, analisar e aplicar conhecimentos sobre valores de

variáveis, representados em gráficos, diagramas ou expressões

algébricas, realizando previsão de tendências, extrapolações e

interpolações e interpretações.

Analisar qualitativamente dados quantitativos representados gráfica

ou algebricamente relacionados a contextos sócio-econômicos,

científicos ou cotidianos. (BRASIL, 1998, p. 13)

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Apoiados nas nove habilidades listadas para o desenvolvimento desta

competência, podemos verificar a importância que se deve dar ao estudo dos

conceitos de Estatística, pois quatro delas estão diretamente ligadas a este bloco

de conteúdo do Ensino Médio. Com o intuito de continuar justificando o porquê do

tema escolhido, veremos as habilidades do quadro de resumo para o

desenvolvimento da competência “Desenvolver a capacidade de questionar

processos naturais e tecnológicos, identificando regularidades, apresentando

interpretações e prevendo evoluções. Desenvolver o raciocínio e a capacidade de

aprender”

Formular questões a partir de situações reais e compreender aquelas

já enunciadas.

Procurar e sistematizar informações relevantes para a compreensão

da situação-problema.

Formular hipóteses e prever resultados.

Interpretar e criticar resultados a partir de experimentos e

demonstrações.

Articular o conhecimento científico e tecnológico numa perspectiva

interdisciplinar.

Compreender o caráter aleatório e não determinístico dos fenômenos

naturais e sociais e utilizar instrumentos adequados para medidas,

determinação de amostras e cálculo de probabilidades. (BRASIL,

1998, p. 12)

Para esta competência, também se verifica a importância dada ao tema

escolhido, pois, das 12 habilidades, seis estão diretamente ligadas aos conceitos

de estatística.

Conforme prescrito no documento, no Ensino Médio, a organização do

currículo de Matemática deve possibilitar o desenvolvimento dos alunos com

diferentes motivações, interesses, capacidades e condições necessárias para sua

inserção no mundo em constante mudança em que as necessidades sociais,

culturais e profissionais.

[...] necessitam de alguma competência em Matemática e a possibilidade

de compreender conceitos e procedimentos matemáticos é necessária

tanto para tirar conclusões e fazer argumentações, quanto para o

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cidadão agir como consumidor prudente ou tomar decisões em sua vida

pessoal e profissional. (BRASIL, 1998, p. 41).

Ainda relacionando a Matemática a outras áreas, podemos ressaltar sua

potencialidade integradora conforme as competências relativas ao ensino dos

conteúdos estatísticos listados no documento, pois seus instrumentos possibilitam

o desenvolvimento de competências fundamentais de utilidade prática para

diversas áreas, fato este facilmente verificado no trecho citado a seguir.

[...] contribuem para o desenvolvimento de processos de pensamento e a

aquisição de atitudes, cuja utilidade e alcance transcendem o âmbito da

própria Matemática, podendo formar no aluno a capacidade de resolver

problemas genuínos, gerando hábitos de investigação, proporcionando

confiança e desprendimento para analisar e enfrentar situações novas,

propiciando a formação de uma visão ampla e científica da realidade, a

percepção da beleza e da harmonia, o desenvolvimento da criatividade e

de outras capacidades pessoais.

No que diz respeito ao caráter instrumental da Matemática no Ensino

Médio, ela deve ser vista pelo aluno como um conjunto de técnicas e

estratégias para serem aplicadas a outras áreas do conhecimento, assim

como para a atividade profissional. (BRASIL, 1998, p. 40)

No Ensino Médio, a Matemática deve ser vista pelo aluno, como um

conjunto de regras e estratégias de comunicação de ideias, permitindo a este

modelar e interpretar a realidade. Mas, não é necessário que o aluno adquira

estratégias rebuscadas e complexas, e sim que consiga adaptá-las e utilizá-las

como meios para se inserirem em uma sociedade cada vez mais “bombardeada”

por informação nos mais variados modos de representação e meios diversos de

comunicação. Para tanto, é no Ensino Médio que se devem consolidar as

habilidades referentes a selecionar e analisar as informações obtidas e, a partir

daí, tomar decisões. As finalidades para o Ensino Médio em relação ao tema de

pesquisa, para que se desenvolvam tais habilidades é levar o aluno a:

aplicar seus conhecimentos matemáticos a situações diversas,

utilizando-os na interpretação da ciência, na atividade tecnológica e

nas atividades cotidianas;

analisar e valorizar informações provenientes de diferentes fontes,

utilizando ferramentas matemáticas para formar uma opinião própria

que lhe permita expressar-se criticamente sobre problemas da

Matemática, das outras áreas do conhecimento e da atualidade;

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64

desenvolver as capacidades de raciocínio e resolução de problemas,

de comunicação, bem como o espírito crítico e criativo;

expressar-se oral, escrita e graficamente em situações matemáticas e

valorizar a precisão da linguagem e as demonstrações em

Matemática;

estabelecer conexões entre diferentes temas matemáticos e entre

esses temas e o conhecimento de outras áreas do currículo;

reconhecer representações equivalentes de um mesmo conceito,

relacionando procedimentos associados às diferentes

representações. (BRASIL, 1998, p. 43)

No PCNEM, entre as habilidades descritas estão as de descrever e

analisar um grande número de dados, realizar inferências e fazer predições com

base em uma amostra de população, aplicar as ideias de probabilidade e

combinatória a fenômenos naturais e do cotidiano, são aplicações da Matemática

em questões do mundo real. Para o desenvolvimento de tal habilidade, no que

está explícito no documento, podemos verificar o quanto é importante o ensino e

a aprendizagem das técnicas em estatística e probabilidade, que são

imprescindíveis, para que haja a ampliação da aprendizagem em Matemática,

relacionando-a com as demais áreas do conhecimento. (BRASIL, 1998)

As habilidades indicadas para a área de Matemática, em específico, para o

Tema Estatístico, estão relacionadas a seguir e são concomitantes com as

habilidades gerais indicadas para a Área Ciências da Natureza Matemática e suas

Tecnologias.

Ler, interpretar e utilizar representações matemáticas (tabelas,

gráficos, expressões, etc);

Transcrever mensagens matemáticas da linguagem para linguagem

simbólica (equações, gráficos, diagramas, fórmulas, tabelas, etc.) e

vice-versa;

Procurar, selecionar e interpretar informações relativas ao problema;

Formular hipóteses e prever resultados;

Interpretar e criticar resultados numa situação concreta;

Desenvolver a capacidade de utilizar a Matemática na interpretação e

intervenção no real; e

Aplicar conhecimentos e métodos matemáticos em situações reais,

em especial em outras áreas do conhecimento. (BRASIL, 1998, p.46)

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65

Nos Parâmetros Curriculares do Ensino Médio (PCN+), o estudo de

Estatística aparece detalhando as competências que devem ser desenvolvidas

pelo aluno e a que está mais diretamente ligada ao ensino da Estatística é:

“A competência que está diretamente ligada ao estudo da estatística no

ensino médio e a “contextualização das ciências no âmbito sócio-cultural,

na forma de análise crítica das idéias e dos recursos da área e das

questões do mundo que podem ser respondidas ou transformadas por

meio do pensar e do conhecimento científico...” (BRASIL, 2002, p.

133)”.

O estudo da Estatística é justificado no PCN+ por ser de grande

importância para a leitura de forma crítica da informação que circula na mídia e

em outras áreas do conhecimento. Logo, o que se espera é que, ao término do

Ensino Médio, o aluno ultrapasse as leituras simples, adquirindo a competência

de formular um pensamento crítico diante delas, aplicando a Matemática em

questões do mundo real, mas, especificamente, aquelas provenientes de outras

áreas, quantificando e interpretando o conjunto de dados ou informações que não

pode ser quantificada direto ou exatamente. Cabe à Estatística, analisar e inferir

situações por meio de pesquisas que envolvem amostras, levantamento de dados

e outras informações.

O PCN+ detalha da seguinte forma as habilidades a serem desenvolvidas

ao se trabalhar com o conteúdo estatístico:

“... Descrição de dados; representações gráficas, análise de dados:

média, moda e mediana, variância e desvio-padrão”;

Identificar formas adequadas para descrever e representar dados

numéricos e informações de natureza social, econômica, política,

científico-tecnológica ou abstrata;

Ler e interpretar dados e informações de caráter estatístico apresentado

em diferentes linguagens e representações, na mídia ou em outros

textos e meios de comunicação;

Obter médias e avaliar desvios de conjuntos de dados ou informações de

diferentes naturezas; e

Compreender e emitir juízos sobre informações estatísticas de natureza

social, econômica, política ou cientifica apresentadas em textos, notícias,

propagandas, censos, pesquisas e outros meios... ”(BRASIL, 2002, p.

127).

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66

Observamos a importância apresentada para o ensino dos conteúdos

relativos ao Ensino de Estatística, assim, podemos referenciar e reforçar o quanto

o trabalho significativo envolvendo conteúdos do Tema Estatístico é fundamental

para o desenvolvimento do estudante, como ser inserido em uma sociedade em

constante desenvolvimento. As orientações curriculares dão destaque às

construções do pensamento estatístico, valorizando ainda os conceitos e os

procedimentos estatísticos na resolução de situações-problema, na leitura, na

compreensão e na ação sobre a realidade.

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CAPÍTULO 2

Metodologia de Pesquisa

Neste capitulo, apresentaremos a fundamentação metodológica, os

procedimentos metodológicos e o cenário de pesquisa.

2.1 Metodologia

A pesquisa realizada enquadra-se no que é proposto por Bogdan e Biklen

(1994), apud Júnior (2006) sobre os conceitos de uma pesquisa qualitativa, pois

contempla as seguintes características: a fonte direta para aquisição dos dados e

o ambiente natural; a investigação é descritiva; o interesse está mais focado no

processo do que no produto.

Acrescentamos, ainda, que nossa pesquisa denomina-se qualitativa do tipo

estudo de caso, pois procuramos “descrever os fenômenos educativos e observá-

los com pretensão de obter um produto descritivo e analítico”.

2.2 Procedimentos Metodológicos

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Segundo Pires (2008), tanto professores como alunos desempenham

papéis de agentes passivos em situações de ensino e aprendizagem, nas quais

os processos de avaliação dizem respeito apenas ao desempenho dos alunos

diante dos resultados de provas. Com o objetivo de possibilitar que, na prática,

ocorra a implementação de propostas curriculares inovadoras, a realização de

projetos de pesquisa envolvendo professores de diversos níveis de formação,

com professores do Ensino Médio da rede pública são de extrema importância.

Desta forma, elaboramos uma trajetória hipotética de aprendizagem (THA)

com o objetivo de desenvolvê-la com professores e alunos do Ensino Médio da

rede pública de São Paulo, cujos conteúdos contemplados fazem parte da

Proposta Curricular do 3º ano do Ensino Médio.

No desenvolvimento de nossa trajetória hipotética de aprendizagem, a

participação colaborativa dos professores do Ensino Médio nos remeteu a um

trabalho conjunto entre pesquisadora, professores e alunos, buscando objetivos

comuns em que todos os participantes se beneficiassem. Estas características

são próprias da descrição de pesquisa colaborativa de Boavida e Ponte (2002).

De acordo com os autores, esta colaboração pode ser entre pares que tenham o

mesmo papel ou entre pares com papéis diferentes, como no caso de nossa

pesquisa entre professores e pesquisadores.

Segundo Boavida e Ponte (2002), este tipo de pesquisa apresenta recursos

importantes para o trabalho de investigação sobre a prática, unindo, assim, mais

elementos para promover mudanças e inovações, pois, de acordo com os

autores, unindo pessoas empenhadas em um objetivo em comum, concentra-se

mais energia e fortalece a determinação para agir. A junção de pessoas com

experiências e competências diversificadas determina também a junção de mais

recursos para realizar um trabalho mais plausível de sucesso na promoção de

mudanças e inovações e, além disso, diversas pessoas dialogando e refletindo

em conjunto criam uma sinergia que possibilita a aprendizagem mútua, permitindo

ir mais além, dando condições para enfrentar as incertezas e obstáculos que

surgem.

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Com o intuito de atingir nossos objetivos, visitamos unidades escolares

diferentes, convidando professores atuantes no 3º ano do Ensino Médio que

tivessem interesse em participar de nosso projeto de pesquisa.

Inicialmente, teríamos três escolas diferentes onde desenvolveríamos o

projeto. No entanto, ficamos apenas com duas, pois uma não deu certo por falta

de professor. Não tivemos muitos critérios para a escolha dos professores, pois

não dispúnhamos de muitas opções. Assim, a única exigência foi a assiduidade e

a atuação do professor na série onde o conteúdo desenvolvido na THA estivesse

prescrito. Já em relação à escola, buscamos aquelas mais próximas à casa da

pesquisadora.

A proposta do projeto, elaborada pela pesquisadora, foi apresentada,

primeiro, ao professor coordenador e ao diretor da unidade escolar, pois teriam de

concordar com a antecipação do conteúdo, tendo em vista que as atividades

apresentadas na THA estão prescritas na Proposta Curricular do Estado de São

Paulo10 para o 4º bimestre e, com o projeto, seriam desenvolvidas no 2º bimestre.

Em seguida, apresentamos a THA e seus objetivos aos professores

colaboradores, que eram o foco principal da pesquisa.

A pesquisa contou com a participação de três professores que foram

denominados P1, P2 e P3, sendo P1 e P2 professores da escola E1 e P3 da

escola E2; P1 contava com uma turma de 28 alunos; P2 com 30 alunos e P3 com

32, totalizando 90 alunos em quase todo desenvolvimento, pois, nem sempre

todos estiveram presentes.

No caso de P1, iniciamos o desenvolvimento da THA na semana posterior

ao primeiro encontro em que esta foi apresentada, e em que foi aplicado o

questionário investigativo para a coleta de dados profissionais de P1 e P2, pois a

mesma resolveu estudar a THA antes, com o intuito de se apropriar melhor dos

conteúdos envolvidos. No caso de P3, começamos após 15 dias do primeiro

encontro, pois este começaria, após o término do conteúdo sugerido pela

proposta curricular já iniciado. Vale ressaltar que P2 iniciou o desenvolvimento da

10

Destacamos que apesar e estar prescrito no documento o conteúdo Medidas de Dispersão não fizemos

nenhuma referência ao mesmo, pois não estamos explorando na THA desenvolvida.

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THA 6 dias depois de P1, porque, esta se demorou a decidir se participaria ou

não do projeto.

Cada professor colaborador recebeu um bloco, contendo todas as etapas

da THA com seus objetivos e respectivas tarefas. Já os alunos receberam os

blocos separadamente, de acordo com os objetivos a serem alcançados, ou seja,

estes só poderiam resolver a etapa seguinte, após todos concluírem a anterior.

Os dados apresentados foram coletados diretamente na sala de aula por

observação da pesquisadora, anotações e gravações, estas realizadas com o

consentimento de todos os sujeitos envolvidos na pesquisa, sob a condição de

serem mantidos em sigilo seus nomes e, inclusive, o nome da instituição. Além da

sala de aula, mantivemos encontros semanais com os professores colaboradores

para dialogar sobre o acompanhamento dos alunos e possíveis mudanças na

THA, assim como tirar algumas dúvidas apresentadas por P1 relativas ao

conteúdo.

Aula a aula foram elaborados relatórios a respeito do comportamento dos

alunos e professores, problemas de cunho metodológico e/ou falta de

conhecimentos prévios e possíveis erros de interpretação quanto aos enunciados

das tarefas.

2.3 Cenário de Pesquisa

2.3.1 Caracterização das Escolas

As escolas envolvidas na pesquisa foram enunciadas por E1 e E2, com a

finalidade de preservar seu anonimato.

A primeira escola (E1), localizada na periferia da cidade de Santo André, é

considerada de difícil acesso em razão da própria localização e de sua clientela,

possui 16 salas de aula, todas ocupadas durante os três períodos de aula; recebe

alunos do Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e do Ensino Médio. Não

conta com materiais diversificados, tendo em vista a precariedade, não tem sala

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de informática e/ou vídeo nem biblioteca. A maioria dos professores tem cargo

efetivo e grande parte dos alunos que inicia, completa a escolaridade básica na

mesma, segundo a direção.

Durante o período que estivemos na escola, observamos que a relação

entre professor e direção e coordenação é quase escassa, pois os componentes

da direção e/ou coordenação pouco frequentam a escola no período noturno e

quase não acompanham o andamento das tarefas do período.

A segunda escola E2, também localizada na periferia da cidade de Santo

André, é próxima de E1 e atende a uma clientela com características já descritas

em E1, mas é voltada apenas a alunos do Ensino Fundamental II e do Ensino

Médio. Nesta, funcionam 16 salas de aulas ocupadas nos três períodos, porém

difere da primeira, pois conta com um acervo melhor de materiais didáticos, tem

biblioteca, sala de vídeo e sala de informática, apesar de estar em reforma. A

escola conta com um número considerável de professores efetivos e, segundo a

professora colaboradora, a diretora faz questão de acompanhar todas as tarefas

desenvolvidas na escola com a professora coordenadora.

Coll et al.(2009) descrevem que o professor desenvolve situações de

ensino significativas com qualidade em sala de aula, a partir do momento que a

escola também seja de qualidade, e esta só o será, à medida que considerar

simultaneamente o caráter socializador do ensino e sua função no

desenvolvimento individual. Sendo assim, uma escola de qualidade, segundo o

autor, deve conter, no mínimo, um pouco de cada uma das seguintes

características:

É proporcionada uma atmosfera favorável para a aprendizagem. Em

que há um compromisso com normas e finalidades claras e

compartilhadas;

Os professores trabalham em equipe, colaboram no planejamento,

cooparticipam da tomada de decisões, estão comprometidos com a

inovação e responsabilizam-se pela avaliação da própria pratica. Isso

só pode ser feito seriamente no contexto de um currículo flexível o

bastante;

Há uma direção eficiente, assumida, que não se contrapões as

necessárias participação e colegialidade;

Há considerável estabilidade no corpo docente;

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Há oportunidades de formações permanentes relacionadas com as

necessidades da escola;

O currículo é cuidadosamente planejado e incluem tanto as matérias

que permitam que os alunos adquiram os conhecimentos e

habilidades básicas quanto às indicações para uma avaliação

continua e, ao mesmo tempo refletindo os valores adotados pela

escola;

Os pais apóiam a tarefa educacional da escola, esta se encontra

aberta para eles;

Há certos valores próprios da escola, reflexo da sua identidade e

propósitos, que são compartilhados por seus componentes;

Racionaliza-se o emprego no tempo de aprendizagem, articulando as

matérias e as sequências didáticas de modo a evitar duplicidades e

repetições desnecessárias; e

Existe o apoio ativo das autoridades educativas responsáveis, cuja

missão é facilitar as mudanças necessárias da direção das

características assinaladas. (COLL et al., 2009, p. 16)

Portanto, o que compete aos professores nada mais é que a atuação no

ensino e a reflexão sobre esta atuação, o que, por sua vez, são necessários

alguns referenciais que permitam a análise e a melhoria do ensino e, para tanto,

este deve estar inserido em um ambiente escolar propício.

Sendo assim, podemos inferir que estas escolas, segundo a visão de Coll

et al., (2009), contempla, em parte, algumas das características de uma escola de

qualidade, o que nos remete a pressupor que a concepção construtivista de

ensino será obtida por um trabalho um tanto sofrível, baseado nas informações

dadas pelos próprios professores colaboradores.

2.3.2 Caracterização dos Professores Colaboradores

A caracterização dos professores foi realizada por um questionário anexo a

esta pesquisa, no qual indagamos a formação profissional, o tempo de magistério,

a metodologia e as estratégias utilizadas para desenvolver o conteúdo específico

no tema da THA, as expectativas do professor quanto à aprendizagem dos

alunos, os livros didáticos e/ou materiais utilizados para desenvolvimento do

conteúdo, a influência das pesquisas e sua utilização ao preparar as tarefas.

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A Professora P1

A professora P1 possui Licenciatura Plena em Matemática e curso de

extensão em Administração de Empresa. É professora contratada da rede

estadual de ensino há 13 anos e, na escola, onde desenvolvemos a THA, leciona

há 2 anos.

As aulas ministradas, segundo a própria, são de cunho expositivo por meio

de trabalhos e pesquisas em grupo e individuais. A professora relatou que nunca

participou dos cursos ministrados pela Secretaria da Educação.

Quando questionada a respeito dos livros didáticos utilizados, informou que

não existe um livro em especial, pois se utiliza de diversos na preparação das

aulas.

Quanto ao emprego dos cadernos propostos pelo Estado de São Paulo, P1

afirmou que faz uso das situações de aprendizagem contidas no caderno, mas

sempre fazendo as alterações necessárias, conforme as turmas que trabalha.

Embora nunca tenha trabalhado com os conteúdos de Estatística

contemplados na THA, P1 relatou que trabalharia por intermédio de pesquisa e

interpretação de gráficos e tabelas. Ainda quando questionada quanto às

possíveis dificuldades dos alunos sobre o tema tratado, relatou que as

dificuldades possivelmente fossem de interpretação e falta de organização.

P1 afirmou que trabalharia com resolução de problemas para desenvolver

os conteúdos envolvidos no tema e ainda buscaria apoio em pesquisas para

elaborar suas aulas.

A professora P2

A professora P2 é formada em Administração de Empresas, está fazendo

um curso de complementação pedagógica em Matemática. Leciona há 3 anos na

instituição de ensino onde desenvolvemos a THA, como professora temporária,

pois é eventual.

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As aulas ministradas são no Ensino Fundamental II e no Ensino Médio.

Segundo a própria, as estratégias e/ou metodologias são de cunho expositivo, por

meio de trabalhos em grupo, giz e lousa.

A professora relatou que nunca participou dos cursos ministrados pela

Secretaria da Educação.

Quando questionada a respeito dos livros didáticos utilizados, informou que

utiliza os livros da Coleção Aula por Aula por serem os adotados pela escola.

Quanto ao uso dos cadernos propostos pelo Estado de São Paulo, P1

afirmou que faz uso das situações de aprendizagem contidas no caderno. Além

do caderno, usa o livro didático.

Considerando nunca ter trabalhado com os conteúdos de Estatística

contemplados na THA, P2 relatou não saber como desenvolveria o tema. No

entanto, quando questionada quanto às possíveis dificuldades dos alunos sobre o

tema tratado, P2 afirmou que as dificuldades seriam de interpretação.

De acordo com o questionário, P2 ressaltou trabalhar com resolução de

problemas para desenvolver os conteúdos envolvidos no tema e ainda buscou

apoio em pesquisas para elaborar suas aulas.

A professora P3

A professora P3 é formada em Licenciatura Plena em Matemática. Atua no

magistério há 6 anos e está há 3 anos e 4 meses como professora efetiva na

unidade escolar onde o projeto foi desenvolvido. Possui curso de Especialização

e já participou de três cursos oferecidos pela Secretaria da Educação, como:

Rede Aprende com a Rede, Ensino Médio em Rede e Curso Especial de

Matemática (em desenvolvimento).

P3 ministra aulas no Ensino Fundamental II e no Ensino Médio. Quanto à

questão de especulação sobre as estratégias e/ou metodologias utilizadas em

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sala de aula não respondeu, porém, pelo que observamos, estas provavelmente

sejam expositivas, com desenvolvimento de atividades realizadas em grupo.

Quanto à questão referente ao(s) livro(s) didático(s), P3 afirmou utilizá-los

para preparar as aulas, mas também não informou e não foi possível constatar,

tendo em vista que em momento algum a vimos portando ou manuseando

nenhum livro.

Em relação ao uso dos cadernos propostos pelo Estado de São Paulo, P3

afirmou que faz uso. No entanto, sempre faz adaptações e alterações para utilizar

o material. A professora relatou ainda que, além do material da proposta

curricular, utiliza recursos de ilustrações concretas que, segundo ela, são

materiais manipuláveis.

Mesmo não tendo trabalhado com os conteúdos de Estatística

contemplados na THA, P3 apontou algumas formas que trabalharia com a

finalidade de desenvolver os conteúdos relativos ao assunto, como por exemplo,

o uso de várias fontes de informação (revistas, jornais e livros) para análise dos

dados e a promoção de discussões em sala de aula.

Como P3 nunca desenvolveu este conteúdo em sala de aula, não

respondeu à questão relacionada às dificuldades apresentadas pelos alunos ao

estudarem o assunto, mas, afirmou trabalhar com resolução de problemas para

desenvolver os conceitos envolvidos em Estatística. Quanto ao questionamento

sobre o hábito de buscar resultados de pesquisas para auxiliá-la na elaboração

das aulas, não obtivemos resposta.

2.3.3 Caracterização dos Alunos

Um total de 90 alunos do 3º ano do Ensino Médio de duas escolas

estaduais localizadas em Santo André participou da pesquisa. Os alunos das

professoras P1 e P2 estudavam no período noturno e os da professora P3 eram

do período matutino. Inicialmente, verificamos separadamente as características

dos alunos envolvidos em nosso projeto de pesquisa, pois partimos do

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pressuposto de que a diferenciação de período, de professores e/ou escolas pode

influenciar no comportamento e desenvolvimento dos alunos. Vale ressaltar que

P2 estava substituindo a professora titular da classe, já que esta se ausentou das

aulas, para acompanhar o desenvolvimento do projeto.

Os alunos de P1 são classificados pelos demais professores, de um modo

geral, como de péssimo desempenho escolar e com pouco interesse pelo ensino

que lhes é oferecido, informação esta verificada pelos comentários realizados

pelo próprio grupo de professores na reunião de HTPC (hora de trabalho

pedagógico coletivo) e na sala dos professores.

Inicialmente, esta turma mostrou-se, conforme descrito pelos professores,

pois, ao iniciarem o desenvolvimento da THA, demonstrou pouco interesse pelas

tarefas, apesar dos objetivos do trabalho serem esclarecidos pela professora e de

ficar acordado que a realização das tarefas seria utilizada, como instrumento de

avaliação.O número máximo de alunos participantes desta turma era em torno de

25, apesar de haver matriculados 34 alunos, conforme registrados no diário da

classe. Desta forma, inferimos, que não tinham o compromisso de frequentar às

aulas com a regularidade devida.

Com relação aos conteúdos da THA, apresentavam pouco ou nenhum

conhecimento prévio necessário para realização das tarefas, o que exigiu da

professora uma intervenção maior durante seu desenvolvimento. No decorrer das

aulas, os alunos foram superando as expectativas de P1, pois, à medida que iam

desenvolvendo as tarefas, foi aumentando o grau de interesse pela sua

realização.

Os alunos de P2, segundo os professores, eram de desempenho regular,

em sua maioria interessava-se pelo ensino oferecido; eram considerados

questionadores, o que incomodava alguns professores e conversavam

demasiadamente. Inicialmente, P2 definiu os objetivos e as tarefas que deveriam

desenvolver para participarem do projeto desenvolvido pela professora-titular das

aulas, que estes seriam o instrumento de avaliação utilizado por ela. A turma era

composta por 35 alunos registrados no diário de classe, dos quais em torno de 28

participavam ativamente das aulas. Estes não tinham o hábito de faltar e iniciaram

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as tarefas demonstrando interesse e responsabilidade para desenvolvê-las. Como

já foi mencionado anteriormente, é uma turma bem falante, porém, bastante

produtiva e, em sua maioria apresentou os conhecimentos prévios necessários

para o desenvolvimento das tarefas.

Entre os alunos de P3, não foi possível verificar as opiniões dos outros

professores em relação à turma. No entanto, apropriamo-nos das expectativas da

professora coordenadora pedagógica e de P3. Ambas relataram que os alunos

tinham um péssimo nível escolar pelo baixo rendimento nas avaliações internas

(simulados, por exemplos).

No entanto, verificamos que a turma diferia bem das outras duas: eram

alunos bem interessados, apesar do baixo rendimento escolar, rendimento que

pode ser justificado pelo pouco conhecimento prévio adquirido ao longo dos anos

de estudo. P3 iniciou as tarefas com eles, após ter ressaltado os objetivos e que

estas fariam parte de um projeto desenvolvido por uma aluna mestranda da

PUCSP. Salientou que a realização das tarefas seria parte das avaliações

desenvolvidas para o bimestre. Ao iniciarem as atividades, ficou claro que, apesar

do pouco conhecimento, a vontade de aprender era grande. A turma era

composta por 40 alunos registrados em diário de classe, dos quais 35

participavam efetivamente das aulas.

2.4 Primeiro Contato dos Professores com o Projeto

Antes de descrevermos os primeiros contatos com os professores

colaboradores, acreditamos ser conveniente justificar como estes ocorreram.

Inicialmente, buscamos falar diretamente com os professores de algumas escolas

perto da residência da pesquisadora, em razão da facilidade que esta teria para

acompanhar as aulas; buscamos escolas diferentes da que esta leciona por

pressupormos que a mesma escola e colegas de trabalho pudessem interferir nos

resultados.

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Dentre os professores indagados sobre o desejo de participar no projeto,

verificamos que alguns até aceitavam; no entanto, quando eram informados de

que a pesquisadora atuaria como observadora das aulas, desistiam, alegando

não terem tempo para se preparar ou mesmo para se encontrarem com a

pesquisadora para discutir a THA. Supomos que este fato tenha ocorrido pela

falta de hábito em participar desse tipo de projeto ou talvez por insegurança do

próprio nível de conhecimento, ou ainda, em relação ao medo de expor suas

estratégias ou metodologias de ensino, ou talvez medo de ser avaliado.

Pelas dificuldades apresentadas para encontrarmos professores dispostos

a colaborar, optamos por aceitar a colaboração de dois professores atuantes na

mesma escola onde a pesquisadora ministra aula e outra professora de outra

unidade escolar. No primeiro encontro, a pesquisadora firmou um acordo com P1

de que se reuniria sempre que esta tivesse dificuldade para realizar alguma tarefa

e também para auxiliá-la com o uso do material manipulativo (compasso e

transferidor), pois, segundo P1, em momento algum trabalhou com os conteúdos

de Estatística nem com o material necessário para construção dos gráficos.

Com o objetivo de estudar a primeira versão da THA, foram realizados

alguns encontros entre a pesquisadora e os professores colaboradores.

No decorrer desses encontros, as tarefas e seus objetivos foram

apresentadas, buscamos esclarecer ainda dúvidas de cunho matemático

principalmente com os colaboradores P1 e P2 e trazer a fundamentação da

pesquisa para justificar o uso das estratégias a serem exploradas durante a

elaboração de cada uma das etapas da THA. Com a finalidade de estreitar os

laços com os professores colaboradores e estabelecer uma relação dialógica de

confiança, durante os encontros, sempre nos colocávamos como pesquisadores,

mas buscávamos salientar que éramos professores atuantes da rede estadual de

ensino.

Vale ressaltar que sempre que os professores colaboradores foram

questionados sobre o fator de concordância ou não das tarefas e/ou estratégias,

estes, em momento algum, discordavam ou davam novas sugestões. Portanto, os

professores não opinaram nem sugeriram qualquer mudança inicial da THA, pois,

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consideraram a sequência adequada a seus alunos e não conseguiram identificar

a maior parte das dificuldades que os alunos poderiam encontrar.

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CAPÍTULO 3

Primeira versão da THA

Neste capítulo, apresentaremos: a motivação para a elaboração da

primeira versão da THA, os objetivos da professora-pesquisadora em relação à

leitura e interpretação de gráficos e tabelas e os conteúdos básicos de estatística,

as hipóteses da professora pesquisadora em relação à aprendizagem dos alunos,

a primeira versão da THA e os objetivos de cada tarefa.

3.1 Motivação para Elaboração da Primeira Versão da THA

O desenvolvimento tecnológico traz uma grande variedade de informações,

fator determinante para se repensar o currículo em relação ao conteúdo e

metodologia sobre o estudo de Estatística. Este conteúdo está cada vez mais

presente no contexto social das várias áreas do conhecimento e ocupações, que

trazem informações para os cidadãos, representadas por uma grande variedade

de gráficos e tabelas, tendo sua presença imposta em avaliações externas pelo

sistema educacional.

Embasada no conhecimento adquirido em minha prática docente, como

professora do Ensino Médio, desde 1998 e, em especial, nos últimos 4 anos

ministrando aulas no 3º ano do Ensino Médio e nas leituras realizadas sobre o

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ensino de Estatística, verifiquei que uma das grandes problemáticas em relação

ao ensino e aprendizagem deste conteúdo é a maneira como é apresentado aos

alunos e se é desenvolvido nas aulas da rede pública de ensino.

Elaborar uma trajetória hipotética de aprendizagem, contemplando a

construção de conhecimentos para aquisição de ferramentas mínimas, para

auxiliar na leitura e interpretação de gráficos e tabelas e diferenciar média de

mediana e/ou determinar medidas de tendência central, tornou-se um desafio, à

medida que esses conteúdos são imprescindíveis para a vida cidadã em razão da

diversidade das informações que circulam pelos mais variados meios de

comunicação.

Com base nestes pressupostos, procuramos elaborar uma THA que fosse

ao encontro da problemática listada pelos pesquisadores e as indicações dos

PCNEM e do PCN+, como atividades de ensino motivadoras, interessantes,

contextualizadas e de aplicabilidade no cotidiano dos alunos, buscando, desta

forma, um trabalho no qual o aluno haja como agente de sua própria

aprendizagem, e o professor possa interagir com seu aluno, despertando nele

habilidades investigativas.

3.2 Objetivos da Pesquisadora

À medida que a tecnologia se faz cada vez mais presente na sociedade, os

indivíduos são “bombardeados” por informações representadas por tabelas e

gráficos, sendo necessário um profundo conhecimento da leitura e interpretação

dos mesmos, retirando-se deles todas as informações necessárias para uma

tomada de decisão em diversos campos onde estas circulam, desenvolvendo,

assim, a capacidade de transformar a realidade e contribuir para o bem da

comunidade.

No entanto, para que isso ocorra, é preciso que o trabalho nas aulas de

Matemática seja integrado e não restrito ao livro didático, que traz conceitos de

Estatística com resultados preestabelecidos e soluções já determinadas.

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83

Chamamos a atenção para uma reflexão sobre os principais objetivos na seleção

dos conteúdos e abordagens, já que existe uma vida fora dos muros da escola.

Pautados nas dificuldades apresentadas pelos alunos, e apoiados nas

leituras realizadas, e o que nos é proposto nos documentos oficiais, as tarefas

propostas na THA elaborada devem contemplar os conteúdos sugeridos para o 3º

ano do Ensino Médio, no 4º bimestre, conforme sugerido no Caderno do Estado

de São Paulo (gráficos estatísticos: cálculo e interpretação de índices estatísticos,

medidas de tendência central: média, mediana e moda e elementos de

amostragem). Após o desenvolvimento desta, pretendemos atingir os seguintes

objetivos listados nos documentos:

Identificar, analisar e aplicar conhecimentos sobre valores de variáveis,

representados em gráficos, realizando previsão de tendências, e

interpretações;

Analisar qualitativamente dados quantitativos, representados gráfica ou

algebricamente relacionados a contextos sócioeconômicos, científicos

ou cotidianos;

Analisar e valorizar informações provenientes de diferentes fontes,

utilizando ferramentas matemáticas para formar uma opinião própria que

lhe permita expressar-se criticamente sobre problemas da Matemática,

das outras áreas do conhecimento e da atualidade;

Expressar-se oral, escrita e graficamente em situações matemáticas e

valorizar a precisão da linguagem em Matemática;

Ler, interpretar e utilizar representações matemáticas, como gráficos e

tabelas;

Formular hipóteses e prever resultado;

Interpretar e criticar resultados de pesquisas em uma situação concreta;

Desenvolver a capacidade de utilizar a Matemática na interpretação e

intervenção no real; e

Aplicar conhecimentos e métodos matemáticos em situações reais, em

especial, em outras áreas do conhecimento.

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84

3.3 Hipótese da Professora Pesquisadora em Relação à Aprendizagem

dos Alunos

Embasados nas leituras realizadas, nos apontamentos dos pesquisadores

com relação aos erros mais comuns dos estudantes quanto à leitura e

interpretação de gráficos e tabelas e medidas de tendência central e, ainda, na

própria experiência como professora do Ensino Fundamental II e Médio, partimos

do pressuposto que os possíveis obstáculos e erros cometidos para apreensão

destes conteúdos são causados ou pela apresentação bastante rudimentar do

conteúdo ou mesmo por falta de seu desenvolvimento nos anos de escolaridade

básica, tendo em vista que as dificuldades apresentadas nas pesquisas estão

presentes em todos os níveis de ensino.

Por meio da análise exploratória dos dados de Batanero, Godino e Estepa

(1991), as indicações apontadas para o ensino de estatística, de forma prática e

contextualizada foram de fundamental importância para a elaboração da THA.

Partimos da hipótese de que a aprendizagem dos alunos, após o

desenvolvimento da THA ocorrerá de forma:

Motivadora, encaminhando o aluno a buscar soluções próprias para as

tarefas, com base em seu conhecimento de mundo;

A apresentar aos alunos caminhos de validação ou não de uma

pesquisa Estatística;

A utilizar variadas maneiras de apresentar um objeto matemático;

A apresentar o tema como objeto de estudo e como ferramenta para

outros elementos da Matemática e de outras áreas do conhecimento;

A utilizar informações expressas em gráficos ou tabelas para fazer

inferências;

A resolver problema com dados apresentados em tabelas ou gráficos; e

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85

A analisar informações expressas em gráficos ou tabelas, como recurso

para a construção de argumentos.

3.4 Primeira Versão da THA e Objetivos de cada Etapa de Aprendizagem

Apoiados em nosso levantamento bibliográfico, verificamos que as

dificuldades dos alunos em relação às habilidades de leitura e interpretação de

gráficos e tabelas envolvendo conceitos estatísticos independem do nível de

escolaridade. Nos Parâmetros Curriculares, os conceitos referentes ao

desenvolvimento destas habilidades são destaque no bloco de conteúdos

referentes ao estudo de Estatística. Para aquisição de tais habilidades, é

necessária a prática aliada à teoria. Logo a THA foi elaborada, buscando

relacionar teoria e prática, pois conforme descrito nas pesquisas referenciadas, os

alunos encontram-se em um nível fraco de leitura e interpretação de gráficos e

tabelas e apresentam conceitos errôneos não diferenciando média de mediana.

Primeira etapa: Tarefas referentes à diferenciação entre amostragem e

população para a coleta e validade dos dados de uma pesquisa.

Objetivo: Tratar termos utilizados em Estatística: população e amostra e

desenvolver habilidade para tomada de decisão sobre a validade de uma

pesquisa, de acordo com a amostra usada para seleção dos dados.

A seguir, a situação foi elaborada com dados fictícios.

1. Em uma escola de periferia, estudam cerca de 1.800 alunos distribuídos

em três períodos, onde foi realizada uma pesquisa com a finalidade de

prever o resultado da votação para chapa do grêmio estudantil. A escola

conta com a participação de duas chapas por período, compostas por

cinco participantes cada. Com base na população, responda:

a) De que modo poderíamos selecionar uma amostra contendo 60

eleitores para determinar as intenções de voto?

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86

b) Se os entrevistados forem apenas de um dos períodos a pesquisa

terá validade? Justifique sua resposta.

2. Em uma indústria, é muito comum realizar o controle de qualidade de

seus produtos. Será que uma indústria que fornece pneus para as

montadoras testa todos os seus pneus?

a) A amostra para análise da qualidade dos pneus, pode ser retirada de

apenas uma das muitas máquinas que os fabricam? Justifique sua

resposta.

b) Se a escolha pudesse ser realizada desta forma, o controle de

qualidade da indústria teria validade?

3. (Adaptada do Projeto Escola e Cidadania Ed do Brasil 2000) Foram

entrevistadas 500 crianças de 8 a 13 anos nas cidades de São Paulo,

Porto Alegre, Recife e Belo Horizonte, cujo objetivo foi apurar como cada

criança gasta seu tempo quando utiliza o computador, fazendo trabalhos

escolares, navegando na internet, jogando, etc.

Figura 5: Gráfico de distribuição de frequência das formas de tempo gasto na utilização do computador.

Com base na representação gráfica dos dados colhidos, responda:

a) Qual a população e a amostra desta pesquisa?

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b) As crianças de 8 a13 anos que moram nessas capitais, utilizam muito ou

pouco a internet?

c) Se você fabricasse jogos de computador, investiria no mercado

consumidor formado por estas crianças? Por quê?

d) Segundo a pesquisa que porcentagem do tempo de utilização do

computador é destinada a trabalhos escolares?

e) Você acredita que essas porcentagens tendem a mudar no futuro? Que

setor deverá crescer? Discuta com seus colegas e justifique sua

resposta.

f) Observe que, a cada 1 hora de uso do computador, 64%, que

correspondem a, aproximadamente, 38 minutos, são gastos jogando;

29% do tempo são gastos para realização de trabalhos escolares; 2%

com a internet e 5%, outros. Com base nestas informações, complete a

tabela de distribuição de frequência e represente os dados em um

gráfico de colunas.

Tabela de distribuição de frequência quanto ao tempo gasto na utilização do computador

Categorias Tempo em

(min.) Porcentagem

(%)

Jogos 38 64

Trabalhos escolares

Internet

Outros

Total 100

Segunda etapa: Tarefas envolvendo planilhas com dados brutos,

contendo variáveis estatísticas diversas: variáveis contínuas e discretas.

Objetivo: Desenvolver habilidades de representar diferentes dados em

tabelas e gráficos, construir o “diagrama de ramos e folhas”, determinar

medidas de tendência central (média, moda e mediana), interpretar e

inferir sobre os dados apresentados.

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1. Ao verificar que alguns alunos tinham frequentemente apresentado

sintomas de embriaguez durante o período de aula, os alunos do 3º ano

do Ensino Médio realizaram uma pesquisa envolvendo uma amostra

com 50 sujeitos da região. Com o objetivo de diagnosticar e apresentar

possíveis propostas de soluções ao problema relacionado ao consumo

de bebidas alcoólicas, foi gerado o seguinte banco de dados:

Gênero Idade Grau de

escolaridade

Idade de

iniciação no

consumo de

álcool

Sensação ao

consumir o álcool

Motivos que o

levaram a

consumir

Masculino 22 EF II Completo 13 Euforia Amigos

Masculino 16 EM Incompleto 12 Euforia Diversão

Feminino 15 EF II Completo 12 Euforia Amigos

Masculino 15 EM Incompleto 14 Poder Amigos

Masculino 16 EM Incompleto 16 Euforia Diversão

Masculino 18 EF II Completo 14 Euforia Balada

Feminino 16 EF II Completo 12 Euforia Diversão

Masculino 32 EF II Incompleto 14 Euforia Amigos

Feminino 21 EM Completo 15 Euforia Balada

Masculino 27 EM Completo 21 Euforia Outros

Masculino 22 EM Incompleto 16 Euforia Diversão

Masculino 28 EF II Completo 14 Euforia Outros

Masculino 42 EF I Completo 14 Euforia Amigos

Masculino 22 EM Incompleto 14 Poder Amigos

Masculino 17 EM Incompleto 15 Outros Diversão

Feminino 45 EM Completo 14 Euforia Curiosidade

Feminino 23 EM Completo 18 Euforia Diversão

Feminino 34 EM Incompleto 13 Euforia Amigos

Masculino 48 EM Incompleto 19 Euforia Outros

Masculino 18 EM Completo 13 Outros Balada

Masculino 29 EM Completo 17 Euforia Diversão

Masculino 17 EM Incompleto 14 Outros Amigos

Masculino 24 EF II Completo 16 Euforia Curiosidade

Masculino 39 EF I Completo 13 Desinibido Outros

Feminino 17 EM Incompleto 16 Euforia Balada

Feminino 20 EM Completo 14 Depressivo Balada

Feminino 38 EM Incompleto 15 Poder Outros

Masculino 16 EM Incompleto 14 Euforia Amigos

Masculino 21 EF II Completo 12 Euforia Amigos

Masculino 31 EM Completo 15 Euforia Diversão

Masculino 19 EM Incompleto 14 Outros Balada

Feminino 22 EF II Completo 15 Euforia Balada

Feminino 49 EF I Completo 14 Depressivo Outros

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Feminino 23 EM Completo 18 Euforia Amigos

Masculino 16 EM Incompleto 14 Euforia Amigos

Masculino 18 EM Incompleto 17 Outros Curiosidade

Masculino 26 EF II Completo 13 Euforia Curiosidade

Masculino 48 EF II Incompleto 16 Desinibido Outros

Feminino 15 EM Incompleto 14 Euforia Amigos

Masculino 23 EM Completo 17 Euforia Amigos

Masculino 19 EF II Incompleto 13 Euforia Balada

Feminino 15 EM Incompleto 15 Outros Amigos

Feminino 16 EM Incompleto 16 Euforia Diversão

Feminino 37 ES 18 Euforia Diversão

Masculino 15 EF II Completo 12 Euforia Amigos

Masculino 33 ES 21 Euforia Balada

Feminino 36 EM Completo 14 Poder Outros

Feminino 16 EF II Incompleto 15 Euforia Balada

Masculino 35 EF I Completo 13 Euforia Amigos

Masculino 27 EF II Incompleto 14 Euforia Curiosidade

Total:

* EF I - Ensino Fundamental I

* EF II - Ensino Fundamental II

* EM - Ensino Médio

* ES - Ensino Superior

Com base nos dados apresentados, faça uma análise, utilizando uma

coluna de cada vez, ou seja, uma variável por vez:

1.1. Observe as colunas com variáveis qualitativas.

a) Organize uma tabela de distribuição de frequência para as variáveis

qualitativas (gênero, nível de escolaridade, sensação e motivo),

contendo três colunas; na primeira use a categoria; na segunda, o

número de observação (frequência absoluta) e na terceira, a taxa

percentual (frequência relativa);

b) Construa um gráfico circular ou de setores para cada variável

qualitativa. Se não lembram, sigam os seguintes passos:

Com o compasso, desenhe um círculo;

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Calcule o número de graus correspondente a cada categoria

representada, como por exemplo, para M (masculino) e F

(feminino). Para tal, utilize a regra de três simples;

Com o transferidor, meça os ângulos correspondentes aos graus

encontrados.

c) Construa um gráfico de barra ou coluna para cada variável

qualitativa. Lembrando-se que: no eixo horizontal das abscissas

devem estar localizadas as categorias, como por exemplo, M

(masculino) e F (feminino); no eixo vertical das ordenadas, a

frequência relativa. Cuidado com a escala (utilize um centímetro

para cada 5 unidades)

d) Redija algumas linhas para explicar as variáveis, a partir dos

gráficos e tabelas construídas.

e) Com base na representação gráfica, você poderá observar qual

delas representa melhor cada variável. No caso do grau de

escolaridade, em que tipo de gráfico fica mais fácil a visualização?

1.2. Organize os dados referentes às variáveis quantitativas contínuas:

idade e idade de iniciação do consumo de álcool, em ordem crescente

separadamente.

Com base nos dados apresentados, determine as medidas de

tendência central, ou seja, que descrevem a posição central dos dados

para cada uma das variáveis.

a) Média – Somatório de todas as idades, dividido pela quantidade de

entrevistados.

b) Moda – O valor que se repete com maior frequência.

c) Mediana – O valor que divide o conjunto de dados em duas partes

iguais.

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91

d) Quais são as idades, mínima e máxima dos dados apresentados?

Uma boa maneira para determinar as medidas de tendência central,

valores máximo e mínimo, é a representação de dados em um diagrama de ramo

e folhas. Portanto, vamos construir um.

Ao verificar que as idades variam de 15 a 49 anos, as dezenas

representam o ramo e as unidades, as folhas. A vantagem em se trabalhar com

esta representação é que não se perde nenhuma informação, sendo possível

saber exatamente quantos alunos têm 16 anos, o que não ocorre com a tabela de

distribuição de frequência, quando se trabalha com intervalo de classes.

1.3. Com base nas informações, continue o diagrama de ramo e folhas

relativo à idade do sujeito de pesquisa. Construa um para a idade

que iniciou o consumo de bebidas alcoólicas.

1 5 5 5 5 5 6 6

2

3

4

5

a) Qual posição indica a mediana em cada diagrama? Lembre-se,

este valor encontra-se no meio dos dados.

b) Quantos alunos têm 16 anos? E 33 anos?

c) Qual a idade que mais aparece em cada diagrama, ou seja, a

moda?

d) Elabore a tabela de distribuição de frequência para as duas

variáveis quantitativas discretas, agrupando a idade em classe de

5 anos. Por exemplo, de 15 a 20 anos, qual é a frequência?

Neste caso, é importante observar que 20 anos não entra na

contagem, pois fará parte da classe de 20 a 25 anos, e assim por

diante.

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e) Construa um histograma para representar os dados agrupados na

tabela de frequência. Este gráfico é formado por retângulos

congruentes “colados” uns aos outros. No eixo das abscissas,

escreva o intervalo das idades (base do retângulo) e no eixo das

ordenadas, a freqüência (altura do retângulo).

f) Redija algumas linhas explicativas para as variáveis apresentadas

nos gráficos e tabelas.

g) Com base na situação apresentada após a análise dos dados, o

que se pode concluir? O que pode ser feito para amenizar o

problema?

2. A seguir, a planilha apresentada descreve alguns dados relativos ao

perfil de alguns alunos de um 7º ano do Ensino Fundamental recolhidos

durante a aula de Matemática. Com base nestes dados, vamos estudar

alguns conceitos relativos ao tratamento e à organização dos dados.

Nome do

Aluno Gênero

Idade

(em anos)

Gosto pela

Matemática

Horas de estudo

extraclasse

Esporte

Preferido

Airton M 12 Muito 3 Futebol

Alessandro M 13 Regular 1 Vôlei

Aline F 12 Pouco 0,5 Basquete

Andre M 14 Pouco 1,5 Natação

Bruno M 12 Muito 4 Futebol

Daniel M 14 Regular 2 Basquete

Diego M 15 Pouco 0,5 Futebol

Eduardo M 13 Não 0 Futebol

Erick M 12 Não 0,5 Basquete

Fabiana F 12 Regular 1 Futebol

Gabriel M 11 Pouco 2 Vôlei

Gabriela F 13 Regular 1 Natação

Grazielle F 12 Regular 0,5 Vôlei

Guilherme M 14 Pouco 2 Vôlei

Henrique M 15 Muito 4 Futebol

Jaqueline F 12 Pouco 1,5 Futebol

Jeferson M 11 Não 0 Natação

John M 14 Não 0 Futebol

Jonatas M 13 Pouco 1 Vôlei

Jucivania F 12 Muito 3 Futebol

Kauê M 12 Não 0,5 Natação

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Luana F 12 Muito 4 Vôlei

Lucélia F 13 Pouco 1 Vôlei

Luiz M 12 Muito 3 Basquete

Maria F 13 Não 0 Vôlei

Mayara F 12 Regular 1,5 Natação

Mike M 12 Regular 2,5 Natação

Natalia F 13 Pouco 0,5 Futebol

Pedro M 14 Muito 3,5 Futebol

Raisa F 12 Regular 1,5 Vôlei

Roger M 12 Não 0 Futebol

Tatiane F 13 Não 0 Natação

Vinicius M 12 Muito 2 Vôlei

2.1. Realize agora uma análise unidimensional, ou seja, estude uma coluna

de cada vez para cada opção da variável observada. Anote o número

de vezes que cada opção aparece.

a) Na coluna da variável “gosto pela Matemática”, quantas vezes

aparece a opção muito? E a regular? Cada opção está associada a

um valor, que recebe o nome de distribuição de frequências.

b) Quantas vezes podemos observar o “M”? e o “F”?

a. Elabore uma tabela de distribuição de frequência para cada uma

das variáveis observadas na tabela.

b. Em média, são gastas quantas horas por dia com estudo

extraclasse?

c. Qual é a idade média dos alunos?

d. Como você classifica o gosto desta turma pela disciplina de

Matemática? Existe alguma relação entre gosto pela Matemática e

gênero? Para tal análise, complete os dados da tabela abaixo.

Tabela: de distribuição de frequência de relação entre gosto pela Matemática e Gênero.

Gosto pela matemática Masculino Feminino Total

Nº % Nº %

Não 6 18 2 6,7 24,7

Pouco

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Regular

Muito

Total

g) Construa um gráfico de setores ou de colunas para as seguintes

variáveis: gênero, gosto pela Matemática e esporte preferido.

h) Construa um gráfico de colunas, representando as informações da

tabela do item f.

i) Após a representação, faça uma análise da situação e redija um

texto de três linhas, no mínimo, no qual esteja descrito o perfil dos

alunos da turma.

j) Construa um histograma para a variável idade e tempo gasto com

estudo extraclasse. Este tipo de variável é contínua, pois seu valor

pode assumir qualquer valor dentro de um intervalo real.

k) Para as variáveis idade e hora de estudo extraclasse, organize os

dados em ordem crescente, construa o diagrama de ramos e folhas

e determine a mediana e a moda.

Terceira etapa: Tarefas envolvendo amostras para o cálculo de

medidas de tendência central e escolha de instrumentos

adequados para sua representação.

Objetivo: Organizar, representar e analisar os dados com base na

construção do diagrama de ramos e folhas e histograma,

determinar média, moda, mediana, valores máximo e mínimo.

1. (Situação adaptada Novaes, Coutinho – 2008): Uma pesquisa realizada

com uma amostra do diâmetro de 60 eixos produzidos por uma máquina,

que tinha por objetivo verificar a variabilidade existente, apresentou os

seguintes resultados:

83,2 81,5 83 82,4 85,2 80,7 80,2 83,5 82,8 83

93,1 84 83,7 84,1 85,8 84 84,5 83,9 83,2 84,1

82,7 95,9 82,8 83,4 84 80,2 81,1 82,9 83,5 82,5

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82,3 82,4 82,1 83,1 82,5 83,4 85,7 85,6 81,9 82,6

84,1 84,4 83,6 83 85 82 84,1 83,9 83,4 82,5

81,1 82,3 84,7 81,3 82,4 82,9 82,8 82,3 82,4 82,1

a) Agrupe os dados em uma tabela de frequência;

b) Construa o diagrama de ramos e folhas;

c) A partir do diagrama, determine a média, a mediana, a moda, as

medidas mínima e máxima;

d) Construa o histograma; e

e) Redija algumas linhas explicando a distribuição representada.

2. Todos os dias, em uma Unidade de Saúde são registradas, as idades

das pessoas que recebem atendimento, com a finalidade de propor

melhorias, tendo em vista que idades diferentes requerem tratamento

diferenciado. Vamos supor que, em um determinado dia da semana,

deram entrada nessa unidade de Saúde 56 pessoas, cujas referidas

idades estão dispostas a seguir:

2 meses 23 dias 3 anos 35 anos 1 ano 23 anos 20 anos

23 anos 48 anos 5 anos 37 anos 2 ano 38 anos 27 anos

22 dias 24 anos 2 anos 7 anos 6 meses 71 anos 47 anos

35 anos 13 anos 2 meses 6 meses 7 anos 8 anos 5 meses

45 anos 24 dias 34 anos 8 anos 4 meses 73anos 9 meses

77 anos 12 anos 17 anos 5 anos 7 meses 23 anos 4 anos

28 dias 13 dias 23 anos 4 anos 2 meses 56 anos 9 anos

3 meses 68 anos 39 anos 30 anos 10 anos 9 meses 36 anos

a) Do jeito que os dados estão dispostos, fica difícil relatar a incidência

das idades. Com base neste fato, organize os dados da maneira que

sua leitura seja mais fácil;

b) Construa uma tabela de frequências;

c) Quais as idades, mínima e máxima dos pacientes que foram

atendidos nesse dia?

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96

d) Qual é a moda (idade que mais aparece)?

e) A idade é que tipo de variável? e

f) Qual é o gráfico que melhor representa essa variável? Construa.

Quarta etapa: Tarefas envolvendo o cálculo de medidas de

tendência central e a decisão de escolha da medida que melhor

representa os dados apresentados.

Objetivo: Calcular as média e mediana, determinar a moda e

diferenciar moda de mediana.

1. (Situação adaptada Cazorla, Santana – 2006) Calcular as alturas média

e mediana de um grupo de alunos, cujas alturas estão definidas abaixo.

Joana

149cm.

Bruna

140cm.

José

155cm.

Ana

160cm.

João

148cm.

Beatriz

153cm.

a. Ordene os dados em ordem crescente;

b. Calcule a média das estaturas; e

c. Qual o valor da mediana?

d. Este é Pedro, ele possui 175 cm de altura. Suponha que ele faça

parte do grupo, no lugar da Beatriz. Agora

determine a média e a mediana, utilizando esta

informação. Qual medida representou a melhor

altura do grupo?

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97

2. Em um escritório de advocacia trabalham, dez funcionários, cujos

salários estão informados a seguir:

Maria / Paula /Jacinto – R$ 560,00 João – R$ 850,00

Pedro / Joaquim – R$ 1.235,00 Mariana – R$ 656,00

Luiz / Pedro – R$ 3.875,00

a) Ordene os dados;

b) Determine a moda, a média e a mediana; e

c) Com base nos dados, quem representa melhor os salários dos

funcionários dessa empresa, a média ou a mediana? Justifique.

Quinta etapa: Tarefas envolvendo a participação dos alunos em

todas as etapas de uma pesquisa estatística.

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98

Objetivos: Desenvolver habilidade para a coleta, organização,

análise e a interpretação dos dados. Fornecer ferramentas em que

o aluno desenvolva a habilidade de selecionar o tipo de tratamento

(gráfico/tabela) adequado a cada uma das variáveis envolvidas,

com base nos dados reais levantados na própria sala de aula

Parte 1

Elabore o instrumento para coleta dos dados:

Com a participação dos alunos, elabore questões para apresentação do

perfil da turma da sala (em média seis questões), selecionando-as de modo que

contenham variáveis qualitativas e quantitativas contínuas e discretas.

Parte 2

a) Organize os dados em tabelas de distribuição de freqüências;

b) Represente graficamente os dados; e

c) Redija um texto descrevendo as características de sua turma, de acordo

com os dados observados.

Sexta etapa: Tarefas envolvendo a resolução de situações-problema

do SARESP e do ENEM.

Objetivo: Aplicar os conceitos aprendidos nas atividades anteriores na

resolução de questões que aparecem em avaliações externas do

SARESP e do ENEM.

1. (ENEM, 2009) Cinco equipes A, B, C, D e E disputaram uma prova de

gincana na qual as pontuações recebidas podiam ser 0, 1, 2 ou 3. A

média das cinco equipes foi de 2 pontos.

As notas das equipes foram colocadas no gráfico a seguir, entretanto,

esqueceram de representar as notas da equipe E.

Mesmo sem aparecer as notas

das equipes D e E, pode-se

concluir que os valores da

moda e da mediana são,

respectivamente:

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99

a. 1,5 e 2,0.

b. 2,0 e 1,5.

c. 2,0 e 2,0.

d. 2,0 e 3,0.

e. 3,0 e 2,0.

2. (ENEM, 2008) Considere que as médias finais dos alunos de um curso

foram representadas no gráfico a seguir.

Sabendo que a média para a aprovação nesse curso era maior ou igual

a 6,0, qual foi a porcentagem de alunos aprovados?

a. 18%.

b. 21%.

c. 36%.

d. 50%.

e. 72%.

Gráfico para as questões 3 e 4.

(ENEM, 2008) No gráfico a seguir, estão especificados a produção

brasileira de café, em toneladas; a área plantada, em hectares (ha); e o

rendimento meio do plantio, em kg/h, no período de 2001 a 2008.

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100

3. A análise dos dados mostrados no gráfico revela que:

a) A produção em 2003n foi superior a 2.100.000 toneladas de grãos.

b) A produção brasileira foi crescente ao longo de todo período

observado.

c) A área plantada decresceu a cada ano no período de 2001 a 2008.

d) Os aumentos na produção correspondem a aumentos no rendimento

médio do plantio.

e) A área plantada em 2007 foi maior que a de 2001.

4. Se a tendência de rendimento observado no gráfico, no período de 2001

a 2008, for mantida nos próximos anos, então o rendimento médio do

plantio do café, em 2012, será aproximadamente de:

a. 500 kg/h

b. 750 kg/h

c. 850 kg/h

d. 950 kg/h

e. 1250 kg/h

5. (ENEM, 2008) Uma pesquisa da ONU estima que, já em 2008, pela

primeira vez na história das civilizações, a maioria das pessoas viverá na

zona urbana. O gráfico a seguir mostra o crescimento da população

urbana desde 1950, quando essa população era de 700 milhões de

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pessoas, e apresenta uma previsão para 2030, baseada em crescimento

linear no período de 2008 a 2030.

De acordo com o gráfico, a população urbana mundial em 2020

corresponderá, aproximadamente, a quantos bilhões de pessoas?

a. 4,00.

b. 4,10.

c. 4,15.

d. 4,25.

e. 4,50.

6. (ENEM, 2007) O gráfico abaixo, obtido a partir de dados do Ministério do

Meio Ambiente, mostra o crescimento do número de espécies da fauna

brasileira ameaçadas de extinção.

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Se mantida, pelos próximos anos, a tendência de crescimento mostrada no

gráfico, o número de espécies ameaçadas de extinção em 2011 será igual a:

a. 465.

b. 493.

c. 498.

d. 538.

e. 699.

Texto utilizado para as questões 7 e 8.

(ENEM, 2006) Nos últimos anos, ocorreu redução gradativa da taxa de

crescimento populacional em quase todos os continentes. A seguir, são

apresentados dados relativos aos países mais populosos, em 2000, e também as

projeções para 2050.

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7. Com base nas informações acima, é correto afirmar que, no período de

2000 a 2050:

a. A taxa de crescimento populacional da China será negativa.

b. A população do Brasil duplicará.

c. A taxa de crescimento da população da Indonésia será menor que a

dos EUA.

d. A população do Paquistão crescerá mais de 100%.

e. A China será o país com maior taxa de crescimento populacional do

mundo.

8. Com base nas informações dos gráficos mostrados, suponha que, no

período 2050-2100, a taxa de crescimento populacional da Índia seja a

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mesma projetada para o período 2000-2050. Sendo assim, no início do

século XXII, a população da Índia, em bilhões de habitantes, será:

a. Inferior a 2,0.

b. Superior a 2,0 e inferior a 2,1.

c. Superior a 2,1 e inferior a 2,2.

d. Superior a 2,2 e inferior a 2,3.

e. Superior a 2,3.

9. (ENEM, 2006) Uma cooperativa de radio-táxi tem como meta atender,

em no máximo 15 minutos, a pelo menos 95% das chamadas que

recebe. O controle dessa meta é feito ininterruptamente por um

funcionário que utiliza um equipamento de rádio para monitoramento. A

cada 100 chamadas, ele registra o número acumulado de chamadas que

não foram atendidas em 15 minutos. Ao final de um dia, a cooperativa

apresentou o seguinte desempenho:

Total acumulado de chamadas 100 200 300 400 482

Número acumulado de camadas não atendidas 6 11 17 21 24

Esse desempenho mostra que, nesse dia, a meta estabelecida foi

atingida:

a. Nas primeiras 100 chamadas.

b. Nas primeiras 200 chamadas.

c. Nas primeiras 300 chamadas.

d. Nas primeiras 400 chamadas.

e. No final do dia.

10. (SARESP, 2007) Numa determinada cidade, pesquisou-se durante um

ano a ocorrência do número de casos de certa doença, encontrando-se

os dados apresentados no gráfico abaixo.

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É verdade que:

a. O total de casos registrados no 2ºsemestre foi de 4.000.

b. A maior variação entre 2 meses consecutivos ocorreu de agosto e

setembro.

c. No último trimestre, o número de casos registrados foi de 2.500.

d. Os períodos de crescimento e os de decrescimento do número de

casos registrados foram sempre crescentes.

11. (SARESP, 2007) Os vendedores de uma grande loja de

eletrodomésticos venderam, no segundo bimestre de 2007, uma

quantidade de geladeiras especificada na tabela ao lado.

Nessa loja, a venda bimestral

por vendedor foi, em média, de:

a. 12 geladeiras.

b. 10 geladeiras.

c. 8 geladeiras.

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d. 6 geladeiras.

12. (SARESP, 2007) Num determinado dia do mês de setembro, o Centro

de Gerenciamento de Emergência da Prefeitura de São Paulo registrou

umidade do ar nas quatro regiões da capital.

O índice médio da umidade do ar nesse dia foi de:

a. 20%.

b. 19%.

c. 18%.

d. 17%.

13. (SARESP, 2007) Suponha que o gráfico abaixo ilustra o resultado de

uma pesquisa realizada sobre a aprovação em Matemática do Ensino

Médio – 3ª série em que 60 000 estudantes fizeram a prova.

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Se os homens representam 50% entre os aprovados e 80% entre os

reprovados, então, o número de estudantes mulheres era:

a. Mais de 28.000.

b. Entre 25.000 e 30.000.

c. 24.800.

d. Menos de 24.800.

14. (SARESP, 2007) Na tabela seguinte, foram registradas as qualidades

de livros vendidos por uma livraria nos três primeiros meses deste ano,

e também os livros vendidos na primeira quinzena de abril.

Para que a média de livros vendidos nos três primeiros meses seja

mantida durante o mês de abril, quantos livros ainda precisam ser

vendidos na 2ª quinzena deste mês?

a. 110.

b. 170.

c. 210.

d. 250.

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CAPÍTULO 4

A THA em sala de aula

Neste capítulo, descreveremos o desenvolvimento da THA em sala de

aula. Foram retirados apenas os objetivos de cada etapa, antes de entregar o

material aos alunos, tendo em vista que os professores não fizeram nenhuma

alteração inicial por considerá-la adequada para desenvolver com seus alunos da

forma que estava. No entanto, foram realizadas poucas modificações na THA,

depois de iniciado o desenvolvimento. Sendo assim, optamos por apresentar

apenas os itens ou tarefas alteradas.

Desenvolvimento da Trajetória Hipotética de Aprendizagem em Sala de Aula

4.1 Desenvolvimento da THA pelos Professores

O desenvolvimento da THA foi acompanhado em todas as aulas de

Matemática de P1, P2 e P3. Vale ressaltar que, em períodos distintos, pois P1 e

P2 eram do período noturno e P3, do perído da manhã. O início da THA não

ocorreu simultaneamente, pois P3 não trabalhava na mesma unidade escolar das

demais, e P2 demorou a decidir se iria ou não colaborar com o projeto, já que era

professora eventual em substituição à professora titular da sala, que estava em

licença para o desenvolvimento do projeto, como já foi mencionado anteriormente.

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Sendo assim, iniciamos o trabalho com a turma de P1 no dia 18 de maio de

2010, com previsão de término para 18 de junho de 2010; a turma de P2 no dia

24 de maio de 2010, com finalização prevista para 24 de junho de 2010, e P3 deu

início dia 2 de junho de 2010, com previsão para término em 2 de julho de 2010.

As observações foram realizadas com o objetivo de acompanhar a atuação

dos professores, a aprendizagem dos estudantes e as possíveis dificuldades dos

professores e alunos com relação ao tema Leitura e Interpretação de Gráficos e

Tabelas e Medidas de Tendência Central. Nas análises preliminares, inferimos

que a professora P1 estava bem comprometida com o projeto, pois lia as

atividades anteriormente à aplicação e realizava as resoluções, antes dos alunos,

com a finalidade de retirar possíveis dúvidas com a pesquisadora em horários fora

de aula. A professora reconhecia suas limitações em relação ao conteúdo

apresentado, já que se propôs a colaborar, desde que a pesquisadora se

dispusesse a ajudá-la em suas dúvidas em horário distinto ao das aulas.

Em relação à professora P2, podemos inferir que não demonstrou a

mesma dedicação e interesse pelo desenvolvimento da THA, pois, não se

preocupava em ler e/ou desenvolver as atividades antes. Por vezes, entrava em

sala de aula sem ao menos saber, o que deveria ser trabalhado e/ou qual

atividade seria desenvolvida. Deduzimos ainda que P2 não era muito aceita pelos

alunos, pois estes se queixavam de sua falta de experiência ou mesmo de sua

falta de conhecimento matemático.

No entanto, para definir os motivos de tal atuação, talvez seja necessário

outro estudo para averiguar se existe influência entre a formação profissional e o

conhecimento do professor na aprendizagem dos alunos. Apesar da disposição

da pesquisadora para compartilhar e resolver as atividades antes com a

professora, esta não demonstrou interesse em aprender e/ou tirar dúvidas.

Em contrapartida, P3, além do interesse e disposição para desenvolver a

THA com seus alunos, demonstrou ter conhecimento do conteúdo, pois, leu e

resolveu todas as atividades, antes de apresentar aos alunos. Foi possível

observar que aparentemente tem o hábito de preparar suas aulas. Diferente das

demais, antes de iniciar suas aulas, sempre organiza a sala e faz uma leitura

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compartilhada das atividades, determinando metas a serem atingidas na aula

(“nesta aula, vocês vão terminar o item 2.3 da atividade”).

P3 realmente participou ativamente da aprendizagem de seus alunos, pois

esteve o tempo todo entre os grupos, tirando dúvidas e mediando o

conhecimento. Verificamos ainda que P3 sempre levantava questionamentos

quanto às supostas soluções dos alunos, indagando sempre, para que se

certificassem da veracidade da resposta. Apesar de saber das limitações de sua

turma, buscava levantar questionamentos, com o objetivo de torná-los um pouco

independentes.

Com a finalidade de apresentar melhor nossos colaboradores, buscamos

verificar se estes apresentam algumas das características necessárias, para que

possam conceber um ensino dentro de perspectivas construtivistas. Para tanto,

utilizamos as indicações de Coll et al. (2009) de que entre os professores existem

algumas concepções de aprendizagem e ensino. Entre elas, destacam que:

Na primeira concepção, a aprendizagem escolar consiste em conhecer

respostas corretas para as perguntas formuladas pelos professores. De acordo

com os autores, estes professores não têm o hábito de explicar o conteúdo e, por

vezes, nem mesmo leem em voz alta as tarefas; a única finalidade é obter

resposta corretas e reprimir as erradas.

Na segunda concepção, a aprendizagem escolar está baseada em adquirir

os conhecimentos proeminentes de uma cultura. Nesta, o ensino nada mais é do

que a transmissão da informação necessária aos alunos, insistindo em ter os

alunos como processadores de informação. Neste tipo de ensino, a aquisição do

conhecimento é identificada por intermédio de cópias, ou seja, reproduz-se, sem

modificações, a informação recebida, usa-se a repetição.

Na terceira concepção, a aprendizagem escolar consiste em construir

conhecimentos. Os conhecimentos culturais dos alunos são elaborados com base

em sua atividade pessoal, o ensino consiste em dar ajuda necessária, para que

os alunos possam construí-lo. No caso, o professor é um participante ativo no

processo de construção do conhecimento, focado no aluno e não na matéria, o

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que importa é ensinar o aluno a aprender e ajudá-lo a compreender que, quando

se aprende, não é importante apenas o conteúdo de aprendizagem, mas também

como o aluno se organiza e age para aprender.

Segundo Coll et al. (2009), professores dispostos a ensinar conceitos aos

alunos para a construção do próprio conhecimento apresentam características

como:

1. Intervir para ativar as ideias prévias dos alunos – atividades de

aprendizagem, selecionadas e apresentadas adequadamente, podem

ajudar os alunos a se conscientizarem das suas próprias

representações, ideias e crenças, a averiguar algumas das suas

limitações e se predisporem positivamente a modificá-las.

2. Possibilitar que os alunos consigam orientar sua atividade e seu

esforço no processo de ensino aprendizagem e que ajustem as

próprias expectativas de realização da tarefa as expectativas do

professor. Assim, é função do professor permitir que os alunos

aprendam o objetivo da tarefa de aprendizagem, os materiais e as

condições de trabalho.

3. Os professores levarão em conta uma série de critérios de

apresentação da informação e de organização e funcionamento das

atividades. (COLL et al., 2009, p. 108)

Durante o desenvolvimento da THA, verificamos que os nossos

colaboradores possuem algumas das características citadas por Coll et al. (2009).

No entanto, abordaremos melhor este fato nas considerações finais desta

pesquisa.

4.2 Desenvolvimento da THA pelos Alunos

Os alunos de P1 resolviam as atividades inicialmente em duplas, porém, a

todo o momento solicitavam ajuda e intervenção da professora, sem se

preocuparem em validar suas respostas e/ou discutirem antes com os colegas.

Apresentavam muita insegurança em relação a seus conhecimentos e à

veracidade da resolução correta da atividade, o que pressupomos serem alunos

extremamente dependentes do professor. Nos primeiros dias, os alunos estavam

organizados em duplas e a maioria demonstrava certo nível de desinteresse.

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Após o segundo dia, eles se dispuseram em grupos mesmo contra a vontade da

professora, e foi possível observar que houve um visível aumento de interesse

pela maioria na execução das atividades. Demonstraram também estarem mais

confiantes na busca de soluções das tarefas.

Durante o desenvolvimento das atividades, os alunos do professor P2

apresentaram um comportamento bem diferenciado dos alunos de P1, pois

demonstraram interesse na realização das atividades desde o inicio. Durante as

aulas, estavam sempre organizados em grupos determinados por eles mesmos.

A todo momento, discutiam as resoluções das atividades e quase não

solicitavam a ajuda da professora, porém, por várias vezes, apesar de já terem

sido orientados que a pesquisadora não pode interferir na aula, esta foi solicitada

para tirar dúvidas, pois alegavam que a professora não sabia nada de

Matemática. No entanto, no decorrer das aulas, foi possível observar que, apesar

do comprometimento dos alunos na realização das atividades, estavam

construindo conceitos errôneos sobre o conteúdo, tendo em vista o pouco

conhecimento apresentado pela professora e seu pouco interesse em

desenvolver as atividades.

Apesar do descaso apresentado por P2, os alunos seguiram

desenvolvendo as atividades, discutindo e trocando entre eles respostas das

possíveis soluções e ajudando-se mutuamente. Com este comportamento,

observamos que os alunos apresentaram interesse para realizar as atividades.

Pressupomos que o fato tenha se dado em virtude da relação estabelecida entre

a pesquisadora e os alunos da turma, tendo em vista que a pesquisadora é

professora titular da turma desde a 7ª série (8º ano) do Ensino Fundamental II.

Os alunos da professora P3 iniciaram as atividades demonstrando o

mesmo interesse apresentado pelos alunos de P2. No primeiro momento, foi

possível verificar o vínculo de amizade e respeito estabelecido entre alunos e

professor, pois o clima dominante na sala era amistoso, clima este que durou todo

tempo de acompanhamento da turma.

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Assim, foi possível comprovar que as expectativas sobre o nível de

conhecimento da turma, segundo a professora coordenadora e P3, estavam

corretas, pois apresentaram poucos ou quase nenhum conhecimento prévio

necessário para realização das tarefas, fator que, possivelmente, justifique a

dependência que os alunos tinham das opiniões e intervenções constantes de P3.

Os alunos sentiam necessidade da presença de P3 na realização de todas as

tarefas, até mesmo nas que eram meras aplicações de conteúdos vistos

anteriormente em outras tarefas similares.

4.3 Análise da primeira versão da THA

A análise da THA foi realizada com base nas observações das aulas, nos

conhecimentos apresentados pelos professores durante a explicação dada a cada

tarefa e nas resoluções das atividades desenvolvidas pelos alunos. Nesta análise,

buscamos explicitar as principais dificuldades apresentadas pelos alunos e as

possíveis causas.

Apresentaremos algumas resoluções das tarefas realizadas pelos próprios

alunos, pois verificamos que, em alguns momentos, determinados alunos

apresentavam resoluções totalmente erradas, o que nos conduz a pressupor que

tenham aprendido dessa forma, tendo em vista que praticamente todos

apresentaram o mesmo erro.

Primeira etapa

A realização das tarefas desta etapa deu-se em três aulas aos alunos de

P1, em duas aulas pelos alunos de P2 e em seis aulas aos alunos de P3. O maior

tempo utilizado pelos alunos de P3 talvez se justifique porque não foram

realizadas intervenções na execução das tarefas. Durante o desenvolvimento

destas tarefas, verificamos que os alunos não tinham o hábito de ler e, se o

faziam, não dispensavam a atenção necessária para compreender seus

enunciados. Apenas P1 e P2 realizaram a leitura compartilhada com os alunos;

nesta etapa, P3 não fez quase nenhuma intervenção, talvez por se sentir

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constrangida com a presença da pesquisadora, mas o comportamento foi

mudando, à medida que avançamos no desenvolvimento da THA.

As professoras P1 e P2 iniciaram a primeira tarefa, fazendo uma leitura

compartilhada com um breve relato sobre a aplicação dos conteúdos que os

alunos iriam aprender em pesquisas eleitorais e como eram realizadas. A

professora P3 não fez a leitura ou qualquer comentário sobre a tarefa, preferiu

entregar as cópias, deixando-os à vontade, para que resolvessem. Esta atitude

talvez se dê pelo fato de se sentir insegura com a presença da observadora, mas

vale ressaltar que optou por atendimento individual aos grupos, fator este que

causou certa dependência da presença de P3 pelos alunos para concretização

desta etapa.

Os alunos de P3 tiveram dificuldade para identificar a maneira correta de

selecionar os sujeitos de pesquisa da tarefa 1 (um), “item a”, e, quanto ao “item

b”, não conseguiram justificar quanto à veracidade da pesquisa (vide Figura 6).

Acreditamos que estes erros ocorreram porque a professora não direcionou e/ou

fez nenhum comentário sobre os termos “amostra” e “população”, pois nas turmas

em que as professoras exemplificaram e explicaram o significado dos termos, os

alunos quase não apresentaram respostas erradas. Nas três turmas, foi possível

perceber que o texto não ficou muito claro, pois a informação relativa ao número

de participantes era irrelevante e poderia conduzir ao erro.

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Figura 6: Resolução errônea dos alunos de P3 da seleção dos sujeitos de pesquisa.

Apenas P1 sugeriu que esta informação fosse excluída. As dificuldades

apresentadas pelos alunos de P3 podem ser verificadas na resolução das tarefas

2 (dois) e 3 (três), pois esta só realizou as correções quando todos lhe

entregaram as atividades, mas, verificamos que, à medida que esta ia se

relacionando com a pesquisadora, sua prática mudava e, ao final das tarefas, já

estava realizando algumas intervenções com os alunos sem se preocupar muito

com a observadora.

O arredondamento no valor da tabela do “item f”, da tarefa 3 (três), causou

dúvidas; neste caso, P1 e P3 sugeriram aos alunos o uso de uma casa depois da

vírgula. Os alunos de P3 mostraram dificuldades para relacionar 1 hora a 60

minutos e, quanto ao gráfico de colunas, verificamos que sentiam necessidade de

utilizar todas as informações da tabela em sua representação e, mostraram um

conceito errôneo do tipo de gráfico, pois todos apresentaram um gráfico diferente

das demais turmas (vide Figuras 7 e 8). Destacamos também que, em relação ao

gráfico, todos tinham dúvidas quanto ao uso das escalas e dos cálculos que

deveriam ser feitos, para completarem a tabela. Com o objetivo de explicitar

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116

melhor as dificuldades e conhecimentos prévios mobilizados para a realização

das tarefas, selecionamos algumas resoluções realizadas pelos alunos.

Figura 7: Representação do aluno A de P3 para o gráfico de colunas.

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Figura 8: Representação do aluno B de P3 para o gráfico de colunas.

Conhecimentos mobilizados na realização desta etapa:

Regra de três simples;

Gráficos de colunas;

Leitura de dados em gráfico de setores;

Representação de dados em um gráfico de colunas; e

Diferenciação entre amostra e população, validade de uma pesquisa de

controle de qualidade.

Contrariando as expectativas dos professores P1 e P3 de que os alunos

não apresentariam dificuldades para realizar as tarefas referentes a esta etapa,

percebemos que os termos “população” e “amostra” não faziam parte de seu

cotidiano e, ainda, que a maioria não mobilizou os conhecimentos prévios

necessários para calcular porcentagem, localizar informações no gráfico de

setores nem construir o gráfico de barras. No entanto, os alunos de P1 foram

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118

orientados durante a realização das tarefas, o que viabilizou sua realização

correta. O mesmo não ocorreu com os alunos de P3, que só foram orientados

depois da realização das mesmas, quando esta foi discutida e as dúvidas

esclarecidas.

Os professores P1 e P2 foram atenciosos com os alunos e prestaram

atendimento individual, quando solicitados. Nas primeiras aulas, pudemos deduzir

que tal comportamento pode ter sido influenciado pela presença da pesquisadora,

que era estranha ao ambiente, mas, nas aulas subsequentes, verificamos que o

comportamento de P2 mudou, pois deixou de mediar as aulas, e P3 assumiu, em

alguns momentos, a postura de mediadora, depois de ter sido orientada pela

pesquisadora que poderia, pois esta tinha como concepção que no construtivismo

os alunos constroem sozinhos o conhecimento.

Percebemos que as turmas de P1 e P3 solicitavam atendimento individual.

Os alunos eram extremamente dependentes dos professores. No entanto, não

vamos nos estender nesta análise, mas vale ressaltar que a adaptação ao método

construtivista demanda tempo e uma série de fatores, que vão desde condições

físicas às características pessoais de professores e alunos.

Segunda etapa

Para a realização das tarefas desta etapa, foram destinadas dez aulas aos

alunos de P1, nove aos de P2 e doze aos de P3. Apenas P1 e P3 realizaram a

leitura compartilhada com os alunos. Nesta etapa, P2 não fez quase nenhuma

intervenção, talvez por se sentir rejeitada pelos alunos, pois estes deixaram

transparecer que não se sentiam seguros em relação ao conhecimento

disponibilizado por ela quanto ao conteúdo. Por sua vez, P2 deixou claro aos

alunos que não gostava de dar aula para o Ensino Médio.

Com relação a segunda tarefa desta etapa, as três professoras envolvidas

sugeriram que fosse retirada, pois alegaram o pouco tempo disponível em razão

da extensão da tarefa 1, ressaltando que poderiam explorar na quinta etapa, o

que estava descrito na tarefa 2. Com base na extensão desta etapa, optamos por

fazer análise individual de cada turma.

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119

Antes dos alunos iniciarem as tarefas, P1 fez a leitura compartilhada da

situação-problema e explicou o significado das variáveis apresentadas na tabela.

Além disto, ao ser questionada novamente sobre o significado de variável, explica

o termo individualmente para cada dupla que solicita. A professora iniciou a tabela

reforçando a contagem da variável gênero. Neste momento, demonstrando

impaciência, propôs-se a fazer a primeira tabela com eles. Algumas duplas tinham

dúvidas quanto à utilização de cem por cento para representar os sujeitos de

pesquisa e para realizar os cálculos. A professora explicou que era o número total

de pesquisados.

Quando questionada sobre o significado de variável qualitativa, a

professora respondeu com exemplos. No entanto, não conseguiu explicar a

contento o significado aos alunos, talvez por não ter muito conhecimento do tema.

Após o término da aula, P1 solicitou que talvez fosse necessário um texto

explicativo, ou seja, apresentar algo que explicasse o significado da palavra

variável e distinções. Apesar das dificuldades, P1 procurou dar atenção a todos

individualmente, esclarecendo dúvidas. Os alunos pareciam mais motivados e

demonstraram maior interesse em desenvolver as tarefas.

Os termos como EF I e EF II foram motivos de dúvida por parte dos alunos.

A hipótese da professora de que os alunos não teriam dúvidas sobre a construção

do gráfico de setores foi descartada, pois a dúvida foi geral, levando-a por várias

vezes à lousa para explicar a construção.

Contrariando o que foi dito pela professora, antes de iniciar o

desenvolvimento da THA, foi visível o interesse crescente dos alunos para realizá-

la. A professora mostrou-se surpresa com o crescente interesse da turma e o

trabalho que se iniciou em dupla, tornou-se em grupo de quatro ou cinco, eles

dialogavam a respeito das tarefas enquanto as realizavam.

Aluno: “Nossa! Que interessante! Aprendemos sem saber que estamos

aprendendo, vai ser útil para o ENEM”.

A turma apresentou muitas dificuldades quanto ao uso do transferidor,

como instrumento para construir o gráfico, a utilizar escalas na construção dos

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gráficos de colunas e histograma. Um fato que chamou muita atenção, foi quanto

ao desconhecimento quase que total do uso de regra de três para o cálculo de

porcentagem e a elaboração de tabelas e ainda podemos inferir que uma parte

considerável não sabia quantos graus possui um círculo.

A moda também foi motivo de dúvidas, mesmo com perguntas simples que

direcionavam sobre a idade que mais aparecia. Verificamos que termos ou

mesmo medidas como média, moda e mediana não faziam parte da vida escolar

desta turma.

Quanto à construção do histograma, também mostraram muitas

dificuldades em razão da representação dos dados nos eixos, como intervalos

contínuos. Um agravante deu-se no momento que apresentaram o histograma,

pois foi possível verificar que, quando o intervalo apresentava a informação 0% de

frequência, este simplesmente desaparecia, o que nos levou a inferir que

receberam orientação errada por parte de P1, pois, apesar de ter sido orientada

pela pesquisadora sobre o fato, insistiu em explicar errado aos alunos. Outro fator

de dificuldade foi justamente a organização dos dados em ordem crescente “rol”,

porque aparentemente não havia realizado nenhuma atividade semelhante a esta

até o momento.

A professora passou pelos grupos tirando dúvidas sobre as tarefas, sempre

questionando a resposta correta, mas ainda era notória a relação de dependência

dos alunos, já que apenas três não solicitaram muito a presença da professora,

talvez por serem oriundos de outras escolas e não terem estabelecido maiores

vínculos com ela ainda. O “rol” foi o maior problema, aparentemente, os alunos

apresentaram muitas dificuldades para organizar os dados. Em razão de sua

impaciência, a professora deu início ao “rol” na lousa, pedindo para que os alunos

dessem continuidade à organização.

Com o objetivo de apresentar melhor o desenvolvimento desta etapa por

essa turma, apresentaremos algumas resoluções realizadas pelos alunos, pois

acreditamos que tiveram uma boa participação e um bom desenvolvimento,

superando as expectativas de P1 e do grupo de professores.

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Figura 9: Tabela elaborada pelo aluno A de P1.

Figura 10: Representação gráfica dos dados da tabela pelo aluno A de P1.

A professora P2 iniciou a segunda etapa, realizando a leitura

compartilhada. Apareceram as dúvidas entre variáveis qualitativas e quantitativas

que a professora, seguindo as orientações da pesquisadora em momentos

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anteriores à aula, esclareceu comentando ainda sobre a variável quantitativa

discreta.

Aluno: “Professora, deveria ter uma coluna com variável quantitativa

discreta, então!”

P2: “Tudo bem, podemos acrescentar esta variável na quinta etapa.”

Os alunos discutiam e tentavam resolver as atividades e a professora não

intervinha, dialogavam o tempo todo, tirando dúvidas. Em alguns momentos,

reclamavam que a atividade era muito longa. A maioria apresentava dúvidas

quanto ao uso do transferidor e nomeação dos eixos dos gráficos. Nesse

momento, a professora pesquisadora precisou intervir e explicar, pois P2 também

não sabia. Apesar das dificuldades de aceitação da professora por parte dos

alunos, esta procurava ir de carteira em carteira, observando se havia dúvidas.

Aluna1: “Qual gráfico dá para ver melhor?”

Aluna2: “É o de pizza, pois tem mais impacto, ao olhar dá para ver tudo,

parece ser mais exato.”

Aluna1: “O legal seria fazer misturado, separar, fazer duas variáveis de

colunas e duas de setores.”

Aluna2: “É, mas não daria pra fazer a comparação.”

Ao montar o “rol”, alguns alunos demonstraram dificuldades que logo foram

esclarecidas pela professora. A turma era mais independente, apesar das

dificuldades, realizou as tarefas sem solicitar muito a ajuda da professora, pois

alegava que ela explicava tudo errado.

Para determinar a mediana, apresentaram dificuldades pelo fato da

amostra ter um número par de participantes. Outro obstáculo ocorreu quando

tiveram de representar no histograma a presença de intervalos com frequência

zero. Ao questionarem P2, esta também não soube explicar e, novamente, houve

intervenção da pesquisadora com a autorização de P2, pois, em momento algum,

queríamos tirar sua autoridade em sala de aula.

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A seguir, inserimos a resolução realizada por alguns alunos da turma, cujo

intuito é apresentar ao leitor a organização e a preocupação depreendidas por

eles na realização das tarefas.

Figura 11: Tabela elaborada pelo aluno A de P2.

Figura 12: Representação gráfica dos dados da tabela pelo aluno A de P2.

A professora P3 determinou que, iria dispor de quatro aulas para o término

da Etapa. Sem dúvida, por sua fala fica claro que um dos fatores imprescindíveis,

para que ocorra aprendizagem significativa, seja o fator tempo. Inicialmente, P3

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avisou aos alunos sobre a importância do uso da folha de atividades, ressaltando

que todas as anotações deveriam ser feitas na própria folha.

Verificamos que P3 foi a única professora que se preocupou em determinar

o tempo que as tarefas deveriam ser desenvolvidas e, podemos inferir ainda, que

P3, diferente da postura assumida durante a realização da primeira etapa, agora

transitava mais entre os grupos e tirava dúvidas. O direcionamento é importante,

pois podemos observar que, nesta etapa, os alunos cobram muito a atenção da

professora. No entanto, esta mesmo vendo os erros, parece não enxergar, o que

nos leva a inferir que a disposição das tabelas em estatística é nova para ela

também.

Grupo 1: A tarefa de contagem foi dividida para agilizar o processo – “eu

conto masculino e você conta feminino”. Em sua maioria, os alunos

demonstraram dificuldades para enxergar as variáveis separadamente.

Inicialmente, montaram uma única tabela envolvendo todas as variáveis. A

professora não se preocupou em corrigi-los no momento, deixou que tentassem,

mesmo estando errados. Verificamos que a elaboração das tabelas não é um

hábito constante, tendo em vista os erros apresentados. Apenas um grupo

começou certo, analisando uma variável de cada vez e, antes de montar as

tabelas, fez a contagem separadamente.

Neste momento, a grande maioria dos alunos mostrou muita dificuldade,

alguns grupos não sabiam, o que fazer com os dados, ou seja, não sabiam nem

como separá-los e misturaram todos em uma única tabela. Um dos grupos fez

todas as tabelas com as mesmas informações, em todas representaram a variável

gênero. Em certo momento, P3 propôs metas quanto ao tempo de realização de

alguns itens. Diferente de P1 e P2, P3 tinha todo o material que utilizaria, em uma

caixa que levava à sala de aula: transferidor, régua, compasso e calculadora, o

que a diferia das demais. Quem dispunha do material para uso dos alunos de P1

e P2 era a pesquisadora.

Apareceram dificuldades na construção dos gráficos, como por exemplo,

quantos graus têm uma circunferência; como encontrar cada grau correspondente

a cada porcentagem a ser representada no gráfico.

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Apesar das dificuldades, eles realizaram as tarefas, pareciam bem

comprometidos. A professora passava por todos os grupos, disponibilizando

ajuda, sempre perguntando e indagando sobre as resoluções, mas não oferecia a

resposta, apenas direcionava.

Com a finalidade de terminar no tempo por ela estabelecido, P3 instruiu os

alunos:

P3: “Pessoal, para agilizar o processo, aproveitem a disponibilidade em

grupo e dividam as tarefas”. Neste momento, um aluno pede ajuda para usar o

transferidor:

Aluno: “Professora, me ajuda, eu não sei usar o transferidor inteiro, só a

metade.”

Mesmo após a intervenção de P3, apareceram erros frequentes, alguns

alunos insistiam em construir o gráfico de setores sem critérios de separação de

ângulos, utilizando apenas a régua graduada para dividir o ângulo.

Apesar da disposição em grupo, interagiam pouco com os colegas, pois,

sempre que surgiam dificuldades, solicitavam a ajuda da professora. Para esta

turma, também a organização dos dados em rol foi de extrema dificuldade.

Mesmo tendo estabelecido tempo, para que concluíssem as tarefas, P3 solicitou

que um colega lhe cedesse duas aulas, pois estava próximo do recesso escolar e

temia que parassem de ir sem concluir as tarefas da segunda etapa.

Ao término da etapa, após a análise das tarefas concretizadas, P3

dedicava duas aulas à correção e esclarecimento de dúvidas, a fim de socializar e

corrigir as concepções errôneas apresentadas pelos alunos. Para avaliar o

desenvolvimento das tarefas desta etapa, verificamos que P3 pediu aos alunos

uma autoavaliação, assim, os componentes do grupo eram chamados à sua

mesa, e ela lhes fazia algumas perguntas sobre sua participação e quanto à nota

na escala de 1 a 10 que mereciam. Com esta atitude, foi possível verificar que

eles se autoavaliaram de forma crítica, pois as notas variaram entre 5 e 8,

justificando-se pelas faltas e/ou conversas paralelas durante a realização das

tarefas.

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No que se refere ao atraso na realização das tarefas, P3 justificou que foi

por falta de prática do uso do material manipulativo. Em conversa com a

pesquisadora, sugeriu que a tarefa fosse composta de duas partes, separando as

variáveis quantitativas das qualitativas, segundo ela, isto facilitaria a compreensão

dos alunos quanto ao tratamento de cada uma.

Abaixo apresentamos algumas resoluções desenvolvidas pelos alunos de

P3.

Figura 13: Organização dos dados apresentada pelo aluno B de P3.

Figura 14: Organização dos dados em uma tabela elaborada pelo aluno B de P3

Terceira etapa

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Na realização desta etapa, foram destinadas quatro aulas aos alunos dos

três professores colaboradores. Vale ressaltar que nenhum dos três realizou a

leitura compartilhada ou deu qualquer instrução, antes dos alunos iniciarem o

desenvolvimento. Ainda inferimos que os alunos, apesar dos obstáculos ou pouco

conhecimento prévio, realizaram as tarefas com empenho e determinação. Para

não nos estendermos muito ou evitar que a leitura se torne muito cansativa,

apresentaremos apenas os relatos imprescindíveis, para situar os leitores no

acompanhamento do desenvolvimento das tarefas destinadas a esta etapa.

O desenvolvimento das tarefas foi em grupo, porém cada aluno recebeu os

protocolos para realizá-las.

As professoras deram poucas instruções para sua resolução. A orientação

foi adequada, pois os alunos haviam feito tarefas similares nas etapas anteriores.

Nestas aulas, percebemos que as professoras resgataram em parte a concepção

construtivista, e os alunos fizeram sem muitas orientações, mesmo com alguma

dificuldade.

A única que utilizou a estratégia de socializar o conhecimento, após o

desenvolvimento das etapas, foi P3, pois as demais apenas acompanharam o

desenvolvimento individualmente pelos grupos. Sendo assim, os que não

solicitaram ajuda se tinham interpretações errôneas, continuaram com elas. Esta

foi uma postura positiva apresentada por P3. Depois de acompanhar os alunos na

resolução das atividades, sempre se dirigia à lousa para fazer a correção coletiva.

Assim, propiciou que os alunos participassem da aula, socializando as dúvidas e

conjecturas levantadas durante a resolução. P1 e P2 mantinham o atendimento

individual, poucas vezes, faziam a orientação coletiva.

Prosseguiremos, destacando os fatos pontuais das aulas.

P1, demonstrando impaciência, resolveu iniciar a organização dos dados

na lousa para os alunos, pois, segundo ela, estes eram muito devagar e

demoravam em razão das conversas paralelas e ainda estava preocupada com a

chegada do recesso, temendo que desaparecessem sem cumprir as tarefas.

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Verificamos que P1 não se incomodava muito com as conversas nem impor

limites à turma, deixava-os sempre bem à vontade. Durante a realização das

tarefas, verificamos que os alunos tinham dificuldades para lidar com a contagem

dos números, envolvendo valores decimais, ou seja, diferenciar sua ordem de

grandeza.

P1 procedeu passando de grupo em grupo, buscando ajudar os alunos e

intervindo sempre quando necessário. A esta altura, eles já demonstravam mais

segurança para utilizar a calculadora de forma a facilitar os cálculos.

Consideramos que, se P1 fosse mais exigente e cobrasse uma postura mais

adequada de seus alunos, talvez eles se saíssem melhor.

Embora P1 tenha combinado que a participação no desenvolvimento das

tarefas seria parte da nota bimestral, alguns alunos ainda não demonstravam

muito interesse, porém, vale ressaltar que apenas quatro alunos dispuseram-se a

trabalhar inicialmente e, neste momento, apenas três não estavam fazendo as

tarefas.

Foi possível verificar que mesmo já tendo construído alguns diagramas, os

alunos tinham muitas dúvidas, necessitando que P1 explicasse como fazer.

Inicialmente, esta foi de grupo em grupo, mas demonstrava impaciência para

deixá-los tentar fazer, P1 foi à lousa e iniciou o diagrama. Por algumas vezes,

surgiam falas demonstrando desânimo, insegurança e dependência dos alunos:

Aluno: “Não sei fazer.”

Aluno: “Ah, sou muito burro.”

Aluno: “Nem vou tentar, sei que não vou conseguir mesmo.”

Aluna: “Professora, me ajuda?”

Aluna: “Professora, o que é histograma?”

P1: “Histograma é o gráfico que tem os “predinhos” juntos um do lado do

outro. Ah, e não se esqueçam de usar a escala, pois vocês têm que usar medidas

iguais para representar os intervalos.”

No entanto, a professora fez um comentário errôneo em relação ao dado

com 0% de frequência, pois disse que este não precisaria aparecer, mas, após

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conversar com a pesquisadora, foi orientada a falar que se enganou e que este

deveria aparecer na escala dos eixos.

Resoluções dos alunos de P1.

Figura 15: Tabela desenvolvida pelo aluno C de P1.

Figura 16: O cálculo das medidas e construção do histograma pelo aluno C de P1.

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Em relação aos alunos de P2, verificamos que, apesar da quantidade de

tabelas construídas na segunda etapa, alguns alunos faziam errado, sobretudo

um que criou uma relação de dependência tão grande com a professora que esta

se sentava ao lado dele, realizando quase toda a tarefa para ele.

A interação entre esta turma foi bem visível, pois, assim que um grupo

associou a ideia de agrupamentos em classe para a primeira atividade,

compartilhou com os demais. Esta característica demonstra a independência

deles e a disponibilidade para uma aprendizagem coletiva.

A turma concentrava-se para resolver as tarefas, interagindo com os

colegas e quase não solicitava a ajuda da professora, apresentando poucas

dúvidas em relação a esta etapa. Verificamos que poucos alunos questionaram:

Aluna: “Professora, o que faço com as porcentagens que estão

apresentando dízimas.”

P2: “Utiliza duas casas depois da vírgula. Só não se esqueçam de

arredondar.”

Aluna: “Como assim?”

P2: “Se for um número maior que cinco, arredonda para mais e, se for

abaixo de cinco, arredonda para menos”.

Neste momento, P2 vai à lousa e dá dois exemplos de arredondamento.

Assim como ocorreu com os alunos de P1, eles tiveram dúvida em relação

a dados com 0% de frequência, não sabiam como representar no gráfico, ou

mesmo se precisava aparecer. No entanto, a professora também não soube

responder e perguntou à pesquisadora para, posteriormente lhes explicar.

No dia em que P2 faltou, o desenvolvimento das tarefas foi acompanhado

pela pesquisadora, e isto lhe possibilitou confirmar algumas de suas suspeitas

que os alunos tinham autonomia para caminharem sozinhos, pois, mesmo sem

sua presença, continuaram a desenvolver as tarefas interagindo entre eles, o que

facilitou a realização.

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Alguns estavam mais adiantados e explicavam aos que estavam mais

atrasados.

Aluna: “O que tenho que fazer agora com esses números?”

Aluno: “Ué, organizar! Pois está uma bagunça.”

Os alunos demonstraram muita eficiência na realização das tarefas desta

etapa e podemos inferir que interagiram com os colegas.

A seguir, apresentaremos algumas tarefas desenvolvidas pelos alunos.

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Figura 17: Tarefa realizada pelo aluno C de P2.

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Figura 18: Histograma construido pelo aluno C de P2.

P3 entregou-lhes as tarefas, sem maiores explicações, apenas informou o

tempo que teriam para desenvolvê-las. Os alunos foram organizados e iniciaram

os trabalhos; apresentaram algumas dúvidas quanto à organização, solicitando

ajuda da professora. P3 seguia, conforme o habitual, mediando sempre que

solicitada, porém, sempre questionando quanto à forma correta.

Vale destacar que P3 estava nos últimos meses de gestação e, por isso, os

alunos deslocavam-se mais até sua mesa para esclarecer as dúvidas que

surgiam no decorrer das aulas. Diferente das demais, esta, ao ser questionada

quanto à representação do zero, orientou-os corretamente. Em suma, foi

direcionando os alunos, tendo em vista que eles já estavam mais autoconfiantes e

não solicitavam tanto a professora como inicialmente.

Esta etapa para a turma de P3 foi desenvolvida mais rapidamente, em

razão do tempo estipulado pela professora, já que estes geralmente demoravam

mais para se apropriarem das tarefas, o que nos leva a pressupor ter interferido

negativamente quanto ao fato da aprendizagem significativa. Outro fator que pode

ser considerado como ponto negativo foi a socialização ser realizada sempre

após o término de todas as tarefas.

Ao término da aula, durante uma conversa, a professora ressaltou que:

P3: “Os alunos estão mais autônomos, pois estão trabalhando mais

individualmente e discutindo mais as dúvidas entre eles”.

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Figura 19: Tarefa realizada pelo aluno D de P3.

Sendo assim, apoiados nas observações do desenvolvimento desta

etapa, verificamos que as principais dificuldades apresentadas

pelos alunos das três professoras foram: organizar grandes

números; pouca atenção e concentração na contagem; representar

0% de frequência no gráfico (neste caso, foram dificuldades de P1

e P2 também); enxergar a mediana como valor que divide o

conjunto de dados em duas partes iguais; o hábito de separar

tabelas por linhas e colunas e contar duas vezes o mesmo valor

nos dados agrupados.

A representação dos dados em um diagrama de ramos e folhas foi um

ponto facilitador para localização das medidas.

Quarta etapa

Para realização das tarefas desta etapa, foi destinada apenas uma aula

aos alunos das três professoras colaboradoras. Durante sua realização, foram

poucas as dificuldades apresentadas no conteúdo em si; o maior problema foi

quanto à justificativa entre a melhor medida para representar os dados, visto que

apesar deles terem consciência da melhor medida, escrever, justificando,

mostrou-se um grande obstáculo, sobretudo aos alunos de P1 e P3.

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A aula de P1 iniciou com os alunos já organizados, pois estavam ansiosos

pelo recesso, e fez um acordo com eles na aula anterior, se iniciassem e

terminassem as tarefas da quarta etapa na próxima aula, não precisariam mais vir

às suas aulas durante o mês de julho, pois, as quinta e sexta etapas ficariam para

o inicio do 3º bimestre, após o recesso. Como sempre, a professora foi de grupo

em grupo, ajudando-os nas tarefas, sempre tirando dúvidas e/ou dando a

resposta, dependendo do grupo, o fato dificultou visualizar as principais

dificuldades.

Figura 20: Tarefa realizada pelo aluno D de P1.

Os alunos de P2 realizaram esta etapa sem maiores problemas. Assim

como nas outras, não solicitaram ajuda de P2 e terminaram rapidamente. Alguns,

quando questionados quanto à melhor medida para representar os dados, deram

a resposta para P2 em voz alta, o que facilitou a justificativa dos demais.

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Figura 21: Tarefa realizada pelo aluno de P2.

Na realização desta etapa, os alunos de P3 não apresentaram muitas

dúvidas ou quase nenhuma, a não ser quanto à escolha das medidas média ou

mediana que melhor representariam a amostra das idades e dos salários

apresentados nas tarefas; porém a professora fez a seguinte observação na

busca do esclarecimento da dúvida em geral.

P3: “Então, é conveniente dizer que a média salarial é 1.500 reais quando

tenho mais pessoas recebendo 560 e apenas dois recebendo 3.500 reais”. A

resposta foi unânime.

Alunos: “Não, “prô”. Então, com certeza a mediana representa melhor,

neste caso, para a idade também, pois tenho só uma pessoa bem maior que as

outras”.

A principal dificuldade da turma foi redigir o texto diferenciando média de

mediana. O fato deu-se, provavelmente, pela falta de hábito de justificar

resultados encontrados para as tarefas, pois percebemos que não fazia parte do

cotidiano da maioria dos alunos.

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Figura 22: Tarefa realizada pelo aluno de P3.

Podemos ressaltar que a realização desta etapa foi a mais tranquila e bem

mais rápida.

Quinta etapa

Para a realização das tarefas desta etapa, foram destinadas seis aulas aos

alunos de P1 e quatro aos de P2 e P3. Durante a realização desta tarefa, tanto P1

como P2 precisaram das orientações da pesquisadora, pois não sabiam como

iniciá-la. As professoras foram orientadas a discutir com os alunos, quais as

questões necessárias para apresentar o perfil da sala aos demais integrantes da

escola e da Diretoria de Ensino e, assim, fizeram.

O comportamento das três foi bem semelhante: foram à lousa e anotaram

as questões apresentadas pelos alunos e depois fizeram a seleção com a ajuda

deles. As questões selecionadas foram bem parecidas, tendo em vista que

decidiram direcionar de tal forma que pudessem apresentar o perfil da turma no

geral, tendo como base as questões contempladas na tarefa 2 da segunda etapa.

Assim, como foi acordado, os alunos de P2, de P1 e de P3 também foram

orientados a inserir uma questão contemplando a variável quantitativa discreta.

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Na lousa, P1 anotou os dados para agilizar o processo, e seus alunos

foram direcionados o tempo todo, desde a elaboração das tabelas até a

representação dos dados nos gráficos, pois, apesar do interesse crescente para

desenvolver as tarefas, estes ainda se mostravam muito dependentes da

professora, que fazia o acompanhamento individual, sem se preocupar em

socializar o conteúdo. Quando se disponibilizava a ir à lousa, era para iniciar a

tarefa, demonstrando impaciência ou interesse em terminá-las o quanto antes.

Figura 23: Representação relizada pelo aluno E dos dados quanto ao gosto pela Matemática dos alunos da turma de P1.

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Figura 24: Texto apresentando o perfil da turma de P1 realizada pelo aluno E com base na análise dos dados.

P2 pediu para que uma aluna anotasse os dados brutos na lousa também

com o objetivo de agilizar o processo. Verificamos que os alunos acharam esta

etapa muito interessante, embora já estivessem cansados. O tratamento dos

dados deu-se de forma rápida, pois acreditamos que já tinham familiaridade com

o conteúdo. Conforme foi sugerido pela pesquisadora, a professora pediu para

que elaborassem também uma tabela, relacionando o gosto pela Matemática e o

gênero.

Todos os alunos de P2 trabalhavam tranquilamente, discutiam e

desenvolviam as atividades. No entanto, quanto à questão da elaboração da

tabela de dupla entrada e sua representação gráfica, a pesquisadora precisou

intervir e orientá-los, pois monstravam dificuldade, já que P2 era insegurança no

assunto. Ao final desta etapa, os alunos foram comunicados que a professora

titular das aulas voltaria e terminaria o desenvolvimento das tarefas da etapa final

com eles.

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Figura 25: Tarefa realizada pelo aluno de P2, relacionando gosto pela Matemática, gênero e descrição da turma a partir da análise dos dados.

Após a seleção das questões, P3 foi à lousa e anotou os resultados em

uma tabela, apresentando os dados brutos. Esta parte da tarefa deu-se de forma

muito descontraída, pois os alunos mostravam empolgação e interesse.

Diferente das demais, ao finalizar as anotações, orientou os alunos quanto

ao fato de estarem se apresentando a pessoas que, provavelmente, não os

conheciam. Logo, seria necessário um cuidado muito especial na elaboração das

tabelas e dos gráficos, ou seja, deveriam conter informações cruciais, para que

quem os visse, conseguisse descrevê-los com clareza e precisão.

Orientou também quanto à redação do texto, ressaltando que esta deveria

ser clara, esclarecendo que, para tanto, seria interessante que calculassem

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também a média, a moda e a mediana, porque facilitariam na hora da descrição

do perfil.

A etapa foi tranquila, pois os alunos desenvolveram-na praticamente

sozinhos, quase não precisaram da intervenção da professora, e todos

demonstraram muito empenho e interesse em sua realização.

Assim que P3 verificava que as dúvidas eram comuns, dirigia-se

imediatamente à lousa, para socializar e orientar os alunos, o podemos considerar

um fato inusitado na realização desta etapa. Isto se deu porque ela percebeu que

não teria tempo para dar a devolutiva das tarefas que considerava de suma

importância. Assim foi possível verificar que a turma havia se tornado mais

autônoma.

Figura 26: Tarefa realizada pelo aluno de P3.

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Figura 27: Representação gráfica referente à tabela anterior realizada pelo aluno de P3.

Figura 28: Texto redigido pelo aluno de P3 para descrever o perfil da turma a partir da análise dos dados.

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Mesmo durante a finalização do desenvolvimento da THA, foi possível

verificar que alguns alunos ainda trocavam frequência relativa por absoluta, e o

uso da calculadora era visto como algo errado por parte deles, apesar das

professoras colaboradoras liberarem seu uso. Em alguns momentos, observamos

que a usavam escondido, como se fosse errado ou considerado crime.

Quanto à redação dos textos, estes ainda o faziam de forma tímida (vide

Figura 28). Talvez fosse necessário um trabalho mais intenso nesse aspecto,

solicitando que se justifiquem mais por escrito, quando solucionam uma situação-

problema, descrevem e expressam mais suas trajetórias na solução de uma

tarefa.

Ao término desta etapa, durante uma conversa com a professora, ela

relatou-me os seguintes fatos:

P3: “Os alunos gostaram muito do projeto, pois alegaram que aprenderam

muito e o quanto se desevolveram trabalhando em grupo, pediram até que os

demais professores os deixassem trabalhar desta forma”.

Ainda no decorrer da conversa disse que:

P3: “Confesso que no começo fiquei apreensiva em trabalhar com a THA,

mas, no decorrer das aulas, isso mudou, pois gostei muito da experiência, tanto

que, para o próximo ano, procurarei elaborar minhas aulas desta forma, montando

trajetórias de ensino baseadas nas dificuldades dos alunos”.

Sexta etapa

Esta estapa foi realizada de forma diferente das demais, pois as

professoras colaboradoras P1 e P3 resolveram utilizá-la como avaliação, o que

dificultou um pouco a observação. No entanto, diferente de P1, que fez a

avaliação individual, os alunos de P3 realizaram-na em grupos de quatro alunos,

pois, como explicado anteriormente, esta foi desenvolvida por um professor

eventual, já que a professora havia se afastado por licença-maternidade. A turma

de P2 desenvolveu a etapa com o professor titular.

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144

A análise desta etapa foi realizada diretamente pelos protocolos dos

alunos, tendo em vista seu caráter avaliativo, houve dificuldade na observação, já

que não existiu a socialização entre os alunos.

Apesar da turma de P1 ter apresentado muita dificuldade na realização das

tarefas, verificamos que se empenhou em sua resolução. Podemos deduzir que

esta turma necessitaria de um tempo maior na construção da aprendizagem, pela

falta de hábito de estudo e compromisso com a escola, pois faltava em demasia

às aulas.

Após o encerramento das tarefas, durante nossa conversa, a professora

disse:

P1: “Gostei muito da experiência, apesar de ter ficado apreensiva no

início”. Ressaltou ainda que:

“Este tipo de trabalho deveria ocorrer com mais frequência, pois aprendi

demais. Projetos deste tipo realmente auxiliam o trabalho do professor em sala de

aula, ou seja, me possibilitou a aprender muita coisa e ainda a diversificar minha

aula, tornando-a interessante e mais produtiva. Sem contar que até me

desacostumei a usar a lousa com tanta frequência”.

Conforme o combinado com P3, os alunos permaneceram nos grupos que

iniciaram o desenvolvimento da THA para a realização da útima etapa.

O professor substituto entregou as instruções e, assim como a professora

P3, não fez nenhuma leitura inicial com eles. Durante as observações, percebi

que os alunos mantiveram o acordo firmado com P3, concentrando-se na

resolução das tarefas. Inferimos que os conceitos de média, moda e mediana

ficaram claros, assim como a leitura dos gráficos mais simples, porém, as

questões envolvendo dados temporais, apresentaram mais dificuldades.

A turma mostrou muita dificuldade em relação à mobilização dos

conhecimentos prévios, mas vale ressaltar que o interesse em aprender se fez

presente em todas as etapas da THA. Entendemos que o fato ocorreu pelo

incentivo dado pela professora em todos os momentos e, ainda, pelo clima

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amistoso no ambiente de sala de aula que sempre esteve presente. Os alunos

fizeram-se presentes todo tempo, quase não faltaram às aulas, apesar da

socialização do conteúdo ser realizado sempre ao final de cada tarefa, foi possível

constatar que gostaram muito da THA.

Salientamos que o foco de nossa pesquisa foi a observação da atuação do

professor em sala de aula, portanto, não desenvolvemos nenhuma atividade

diagnóstica para levantar dados sobre os conhecimentos prévios dos alunos,

poorque acreditamos, conforme descrito em Coll et al. (2009), que o diálogo é o

melhor caminho investigativo para saber o que os alunos conhecem sobre o

assunto.

Vale ressaltar que a sexta etapa foi desenvolvida pelos alunos de forma

avaliativa por opção das professoras colaboradoras e, por isso, buscamos apenas

verificar se apresentava indicativos de aprendizagem dos novos conhecimentos

por parte dos alunos e ainda se contribuiu para a diminuição de suas dificuldades

nos conteúdos específicos das tarefas.

Nas questões envolvendo as tabelas e os conteúdos de média, moda ou

mediana, percebemos que a maioria dos alunos, que estive comprometido com a

realização das tarefas, acertou, ou seja, superaram as dificuldades apresentadas

inicialmente.

Portanto, as tarefas propostas na THA exploraram estas variáveis de

maneiras diferenciadas, permitindo aos alunos construir o conhecimento de forma

mais ampla e significativa.

Houve um baixo índice de acerto para a questão 4, porque a THA

desenvolvida não supriu as necessidade dos alunos, logo, esta deveria ter sido

melhor explorada, já que o erro foi verificado para ambas as turmas.

Após a avaliação, optamos por retirar as questões de número 5 e 6 da

segunda versão da THA, verificamos com os professores colaboradores, que

estas contemplavam basicamente conteúdos relativos à função polinomial de

primeiro grau, assim como a questão de número 13 por apresentar mais a

exploração de conceitos matemáticos, como: razão, proporção e porcentagem.

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146

Como P1 encontrou dificuldades na resolução da questão 7, optou por

desconsiderá-la. Aos alunos de P2 e P3, as dificuldades para relacionar as

informações apoiadas na análise de dois gráficos, quando estas não vêm

explícitas foi considerado um grande obstáculo, talvez por falta de hábito em lidar

com várias informações em um mesmo gráfico, visto que entre os alunos de P2

só três acertaram, dentre os 27 que realizaram a avaliação. Dos alunos de P3,

nenhum acertou a referida questão.

Inferimos que os conhecimentos que adquirimos na elaboração e

desenvolvimento das tarefas de nossa THA, não foram suficientes para a

apreensão dos conteúdos contemplados na questão 7.

Com relação à avaliação dos alunos de P1, a professora corrigiu a questão

8 errada, desconsiderando as corretas e optando por outra resposta. Vale

ressaltar que este engano foi verificado com os alunos, após o encontro em que

discutimos a questão.

P1 atribuiu o alto índice de erro ao tempo destinado à avaliação, pois, estes

já não estavam mais lendo e/ou concentrados no que estavam fazendo. Ainda,

conforme a professora a maioria mostrou-se bem interessada na resolução das

questões.

Pelas avaliações, notamos que o fator tempo é decisivo para a

interpretação desse tipo de questão. Outro fato observado é que apoiados nesta

avaliação devemos reformular as tarefas da THA, visto que algumas questões

tiveram um índice de erro muito grande para as três turmas acompanhadas. Em

relação à questão gráfica, com mais de uma informação ou mais de uma

representação gráfica, os alunos tiveram muita dificuldade para interpretar e

solucioná-la, como por exemplo, no caso do gráfico apresentando o crescimento

populacional de alguns países.

Outro fator em que mostraram dificuldades, foi justamente a questão 3 por

apresentar informações implícitas nos eixos gráficos. Destacamos que as

questões envolvendo média foram facilmente resolvidas, o que nos leva a inferir

que estes conteúdos ficaram claros.

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Com base nas tarefas realizadas na avaliação, observamos que os alunos

de P3 destacaram-se muito em relação aos de P1. Verificamos que este ocorrido

teve influência por parte da professora P1, porque sua forma de trabalhar tornava

os alunos sempre muito dependentes dela. Mas, não podemos deixar de discorrer

sobre a postura dos alunos de P1 que, muitas vezes, demonstraram desinteresse

em aprender, além da falta de compromisso ao frequentarem as aulas com

regularidade, problema que não foi apresentado pelos alunos de P3.

Quanto ao desempenho dos alunos de P2, este já era esperado, eles se

saíram razoavelmente bem, tendo em vista que a avaliação só foi desenvolvida,

após muitos dias do desenvolvimento da THA.

Voltando ao artigo de Simon (1995), verificamos que a situação vai ao

encontro do Ciclo de Ensino Matemático proposto por Simon (1995),

comprovando que as interações realizadas nas atividades em sala de aula trazem

novos conhecimentos para o professor, possibilitando-lhe retomar à THA sempre

que haja necessidade, a fim de modificá-la para atingir seus objetivos de

aprendizagem.

De acordo com Simon (1995), o professor comprometido deve se

preocupar em ajustar a THA, pois as modificações realizadas podem também

modificar os métodos e os caminhos traçados para o processo da aprendizagem,

as tarefas propostas ou as três simultaneamente.

4.4 Sugestões e Modificações para a Segunda Versão da THA

Como já salientamos, os professores quase não deram sugestões de

alteração para as tarefas da THA, já que alegaram não terem tido a oportunidade

de desenvolver o conteúdo específico da THA e, no caso de P1 e P2 por falta de

familiaridade com o mesmo.

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Apresentaremos algumas modificações sugeridas por nossos

colaboradores e outras que consideramos convenientes com base nas

observações em sala de aula e pelos protocolos apresentados pelos alunos,

sujeitos de nossa pesquisa, destacando que estas são apenas sugestões que

podem e devem ser alteradas, conforme a necessidade de aprendizagem de cada

grupo em que serão desenvolvidas.

Na primeira etapa, foi sugerida apenas uma mudança no texto da tarefa 1 e

na apresentação dos números da tabela, ficando da seguinte forma:

1. Em uma escola de periferia, estudam cerca de 1.800 alunos distribuídos

em três períodos, na qual foi realizada uma pesquisa com a finalidade de

prever o resultado da votação para a chapa do grêmio estudantil. Sabe-

se ainda que as chapas são compostas por alunos dos três períodos.

Com base nestas informações, responda:

a) De que modo poderíamos selecionar uma amostra contendo 60

eleitores para determinar as intenções de voto?

b) Se os entrevistados forem apenas de um dos períodos, a pesquisa

terá validade? Justifique sua resposta.

Durante o desenvolvimento da tarefa, verificamos que seria mais bem

explorada se fosse apresentada da seguinte maneira:

A seguir, a tabela apresenta como os alunos de uma escola estão

distribuídos nos períodos de aula.

Período da Manhã Período da Tarde Período Noturno

800 alunos 600 alunos 400 alunos

Com base nos dados, responda:

a) Qual é a população?

b) Durante uma disputa eleitoral para compor o grêmio estudantil, de que

modo pode ser selecionada uma amostra de 72 alunos para investigar

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as intenções de voto, sabendo que haverá participantes dos três

períodos?

c) Os alunos decidem distribuir questionários para realizar a previsão das

intenções de votos da seguinte maneira: 32 para o período da manhã,

24 para o período da tarde e 16 para o período noturno. Está é uma boa

amostra? Justifique.

d) Se fossem distribuídos 24 questionários por período, a amostra teria

validade? Justifique.

2. Duas indústrias dispõem de cinco máquinas: A, B, C, D e E e lotes de

borracha diferentes para confecção de pneus. Uma montadora pretende

comprar pneus de uma das duas. Mas, exige que lhes enviem uma

amostra para teste. Com base nas exigências, Gustavo, funcionário da

empresa X, enviou 100 pneus retirados de uma única máquina; já

Roberto, que trabalha na indústria Y, pediu o prazo de uma semana para

selecionar as amostras das cinco máquinas e dos diferentes lotes de

borracha. Com base nas informações, responda:

a) Qual dos dois fez a melhor escolha? Justifique.

b) Quais as vantagens e desvantagenas nas escolhas feitas por

Roberto e Gustavo?

c) Você poderia descrever outra solução para a retirada das amostras?

Qual?

A alteração no valor do tempo da tabela de 38 para 38,4, foi sugerida por

ter induzido ao erro por causa do arredondamento. Mesmo após verificar que

contemplava apenas a aplicação do conteúdo matemático regra de três,

resolvemos deixá-la, porém retiramos o item (e), pois poderia induzir ao erro,

dando ao aluno a impressão da possibilidade de se fazer previsões futuras, a

partir de um gráfico de setores.

Tabela: de distribuição de frequência quanto ao tempo gasto na utilização do computador

Categorias Tempo em Porcentagem

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(min.) (%)

Jogos 38,4 64

Trabalhos escolares

Internet

Outros

Total 100

Por opção dos professores colaboradores, não foi realizado o

desenvolvimento da tarefa dois, referente a segunda etapa, pois estes justificaram

não disporem de tempo suficiente. No entanto, vale ressaltar que, na etapa de

número cinco, os alunos relacionariam as variáveis: gosto pela Matemática e

gênero com a finalidade de contemplar a habilidade de representação das duas

relações por tabela e graficamente.

Para uma segunda versão, decidimos inserir uma coluna com variável

quantitativa discreta na primeira tarefa e um item contemplando a comparação de

grupos. Optamos ainda por trocar a ordem dos itens da tarefa dois da segunda

etapa e inserimos uma coluna variável quantitativa discreta, ficando assim a nova

tarefa:

Segunda etapa

1. Ao verificar que alguns alunos tinham frequentemente apresentado

sintomas de embriaguez durante o período de aula, os alunos do 3º ano

do Ensino Médio realizaram uma pesquisa envolvendo uma amostra

com 50 sujeitos da região. Com o objetivo de diagnosticar e apresentar

possíveis propostas de soluções do problema relacionado ao consumo

de bebidas alcoólicas foi gerado o seguinte banco de dados:

Gênero Idade Quantidade de pessoas

na residência

Grau de escolaridade

Idade que iniciaram a

consumo de álcool

Sensação ao consumir o

álcool

Motivos que o levaram a

consumir

Masculino 22 6 EF II Completo 13 Euforia Amigos

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151

Masculino 16 4 EM Incompleto 12 Euforia Diversão

Feminino 15 6 EF II Completo 12 Euforia Amigos

Masculino 15 8 EM Incompleto 14 Poder Amigos

Masculino 16 5 EM Incompleto 16 Euforia Diversão

Masculino 18 7 EF II Completo 14 Euforia Balada

Feminino 16 4 EF II Completo 12 Euforia Diversão

Masculino 32 6 EF II Incompleto 14 Euforia Amigos

Feminino 21 4 EM Completo 15 Euforia Balada

Masculino 27 3 EM Completo 21 Euforia Outros

Masculino 22 5 EM Incompleto 16 Euforia Diversão

Masculino 28 4 EF II Completo 14 Euforia Outros

Masculino 42 9 EF I Completo 14 Euforia Amigos

Masculino 22 4 EM Incompleto 14 Poder Amigos

Masculino 17 8 EM Incompleto 15 Outros Diversão

Feminino 45 4 EM Completo 14 Euforia Curiosidade

Feminino 23 4 EM Completo 18 Euforia Diversão

Feminino 34 5 EM Incompleto 13 Euforia Amigos

Masculino 48 3 EM Incompleto 19 Euforia Outros

Masculino 18 4 EM Completo 13 Outros Balada

Masculino 29 3 EM Completo 17 Euforia Diversão

Masculino 17 3 EM Incompleto 14 Outros Amigos

Masculino 24 5 EF II Completo 16 Euforia Curiosidade

Masculino 39 6 EF I Completo 13 Desinibido Outros

Feminino 17 4 EM Incompleto 16 Euforia Balada

Feminino 20 2 EM Completo 14 Depressivo Balada

Feminino 38 5 EM Incompleto 15 Poder Outros

Masculino 16 3 EM Incompleto 14 Euforia Amigos

Masculino 21 4 EF II Completo 12 Euforia Amigos

Masculino 31 2 EM Completo 15 Euforia Diversão

Masculino 19 5 EM Incompleto 14 Outros Balada

Feminino 22 6 EF II Completo 15 Euforia Balada

Feminino 49 5 EF I Completo 14 Depressivo Outros

Feminino 23 4 EM Completo 18 Euforia Amigos

Masculino 16 3 EM Incompleto 14 Euforia Amigos

Masculino 18 6 EM Incompleto 17 Outros Curiosidade

Masculino 26 5 EF II Completo 13 Euforia Curiosidade

Masculino 48 4 EF II Incompleto 16 Desinibido Outros

Feminino 15 6 EM Incompleto 14 Euforia Amigos

Masculino 23 5 EM Completo 17 Euforia Amigos

Masculino 19 8 EF II Incompleto 13 Euforia Balada

Feminino 15 4 EM Incompleto 15 Outros Amigos

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Feminino 16 6 EM Incompleto 16 Euforia Diversão

Feminino 37 3 ES 18 Euforia Diversão

Masculino 15 5 EF II Completo 12 Euforia Amigos

Masculino 33 4 ES 21 Euforia Balada

Feminino 36 5 EM Completo 14 Poder Outros

Feminino 16 7 EF II Incompleto 15 Euforia Balada

Masculino 35 8 EF I Completo 13 Euforia Amigos

Masculino 27 4 EF II Incompleto 14 Euforia Curiosidade

Total:

* EF I - Ensino Fundamental I * EF II - Ensino Fundamental II * EM - Ensino Médio * ES - Ensino Superior

Pautado nos dados apresentados, faça uma análise, utilizando uma coluna

de cada vez, ou seja, uma variável por vez:

1.1. Observe as colunas com variáveis qualitativas.

a) Organize uma tabela de distribuição de frequência para as variáveis

qualitativas (gênero, nível de escolaridade, quantidade de pessoas

por residência, sensação e motivo), contendo três colunas; a

primeira, continha a categoria; a segunda, o número de observação

(frequência absoluta) e a terceira, a taxa percentual (frequência

relativa);

b) Construa um gráfico circular ou de setores para cada variável

qualitativa. Se não lembrar, siga os passos a seguir:

c) Com o compasso, desenhe um círculo;

d) Calcule o número de graus correspondente a cada categoria

representada, como por exemplo, para M (masculino) e F

(feminino). Para tal utilize a regra de três simples;

e) Com o transferidor, meça os ângulos correspondentes aos graus

encontrados;

f) Construa um gráfico de barras ou colunas para cada variável

qualitativa. Lembrando-se que: no eixo horizontal das abscissas

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devem estar localizadas as categorias, como por exemplo, M

(masculino) e F (feminino); no eixo vertical das ordenadas, a

frequência relativa. Cuidado com a escala (utilize um centímetro

para cada 5 unidades);

g) Redija algumas linhas para explicar as variáveis baseadas nos

gráficos e tabelas construídas; e

h) A partir da representação gráfica, você pode observar qual delas

representa melhor cada variável. No caso do grau de escolaridade,

em que tipo de gráfico fica mais fácil a visualização?

1.2. Organize os dados referentes às variáveis quantitativas contínuas:

idade e idade de iniciação do consumo de álcool, em ordem crescente

separadamente.

Com base nos dados apresentados, determine as medidas de

tendência central, ou seja, que descrevem a posição central dos dados

para cada uma das variáveis.

a) Média – Somatório de todas as idades, dividido pela quantidade de

entrevistados.

b) Moda – O valor que se repete com maior frequência.

c) Mediana – O valor que divide o conjunto de dados em duas partes

de mesmo tamanho (ou mesma quantidade de observações).

d) Quais são as idades, mínima e máxima dos dados apresentados?

Uma boa maneira para determinar as medidas de tendência central, valor

máximo e mínimo, é a representação de dados em um diagrama de ramo e

folhas. Portanto, vamos construir um.

Ao verificar que as idades variam de 15 a 49 anos, as dezenas

representam o ramo, e as unidades, as folhas. A vantagem em se trabalhar com

esta representação é não se perder nenhuma informação, sendo possível saber

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exatamente quantos alunos têm 16 anos, o que não ocorre com a tabela de

distribuição de frequência, quando se trabalha com intervalo de classes.

1.3. Com base nas informações, continue o diagrama de ramo e folhas

relativo à idade do sujeito de pesquisa. Construa um para a idade com

que iniciaram o consumo de bebidas alcoólicas.

1 5 5 5 5 5 6 6

2

3

4

5

a) Qual posição indica a mediana em cada diagrama? Lembre-se, este

valor encontra-se no meio dos dados.

b) Quantos alunos têm 16 anos? E 33 anos?

c) Qual a idade que mais aparece em cada diagrama, ou seja, a

moda?

d) Elabore a tabela de distribuição de frequência para as duas

variáveis quantitativas discretas, agrupando a idade em classe de 5

anos. Como por exemplo, de 15 a 20 anos, qual é a frequência?

Neste caso, é importante observar que 20 anos não entram na

contagem, pois fará parte da classe de 20 a 25 anos e, assim por

diante.

e) Construa um histograma para representar os dados agrupados na

tabela de frequência. Este gráfico é formado por retângulos

congruentes “colados” uns aos outros. No eixo das abscissas,

escreva o intervalo das idades (base do retângulo) e, no eixo das

ordenadas, a frequência (altura do retângulo).

f) Redija algumas linhas explicativas, para as variáveis apresentadas

nos gráficos e tabelas.

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g) Com base na situação apresentada, após a análise dos dados, o

que se pode concluir? O que pode ser feito para amenizar o

problema?

h) Existe alguma relação entre o gênero e o grau de escolaridade?

Para tal análise, complete a tabela abaixo.

Tabela 1. Tabela: Relação entre o grau de escolaridade e o gênero

Grau de escolaridade Masculino Feminino Total

Nº % Nº %

EF I Completo 3 9,4 0 0 9,4

EF I Incompleto

EF II Completo

EF II Incompleto

EM Completo

EM Incompleto

ES

Total

i) Construa um gráfico de colunas, representando as informações da

tabela do item anterior.

j) Após a representação, faça uma análise da situação e redija um

texto de três linhas, no máximo, explicando se existe relação entre

as variáveis.

2. A seguir, a planilha apresentada descreve alguns dados relativos ao

perfil de alguns alunos de um 7º ano do Ensino Fundamental, recolhidos

durante a aula de Matemática. Com base nestes dados, vamos estudar

alguns conceitos relativos ao tratamento e organização dos dados.

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Nome do Aluno

Gênero Idade

(em anos)

Quantidade de pessoas

por residência

Gosto pela Matemática

Horas de estudo

extra classe

Esporte Preferido

Airton M 12 9 Muito 3 Futebol

Alessandro M 13 4 Regular 1 Vôlei

Aline F 12 6 Pouco 0,5 Basquete

André M 14 3 Pouco 1,5 Natação

Bruno M 12 2 Muito 4 Futebol

Daniel M 14 4 Regular 2 Basquete

Diego M 15 6 Pouco 0,5 Futebol

Eduardo M 13 2 Não 0 Futebol

Erick M 12 9 Não 0,5 Basquete

Fabiana F 12 8 Regular 1 Futebol

Gabriel M 11 3 Pouco 2 Vôlei

Gabriela F 13 2 Regular 1 Natação

Grazielle F 12 2 Regular 0,5 Vôlei

Guilherme M 14 4 Pouco 2 Vôlei

Henrique M 15 6 Muito 4 Futebol

Jaqueline F 12 5 Pouco 1,5 Futebol

Jéferson M 11 6 Não 0 Natação

John M 14 8 Não 0 Futebol

Jonatas M 13 4 Pouco 1 Vôlei

Jucivania F 12 2 Muito 3 Futebol

Kauê M 12 2 Não 0,5 Natação

Luana F 12 4 Muito 4 Vôlei

Lucélia F 13 5 Pouco 1 Vôlei Luiz M 12 5 Muito 3 Basquete

Maria F 13 9 Não 0 Vôlei

Mayara F 12 4 Regular 1,5 Natação

Mike M 12 3 Regular 2,5 Natação

Natália F 13 5 Pouco 0,5 Futebol

Pedro M 14 6 Muito 3,5 Futebol

Raisa F 12 3 Regular 1,5 Vôlei

Roger M 12 5 Não 0 Futebol

Tatiane F 13 4 Não 0 Natação

Vinícius M 12 6 Muito 2 Vôlei

2.1. Realize agora uma análise unidimensional, ou seja, estude uma

coluna de cada vez para cada opção da variável observada. Anote

o número de vezes que cada opção aparece.

a) Na coluna da variável “gosto pela Matemática”, quantas vezes

aparece a opção muito? E a regular? Cada opção está

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associada a um valor, que recebe o nome de distribuição de

frequências.

b) Quantas vezes podemos observar o “M”? e o “F”?

c) Elabore uma tabela de distribuição de frequência para cada uma

das variáveis observadas na tabela.

d) Construa um gráfico de setores ou de colunas para as seguintes

variáveis: gênero, quantidade de pessoas por residência, gosto

pela Matemática e esporte preferido.

e) Construa um histograma para a variável idade e tempo gasto

com estudo extraclasse. Este tipo de variável é contínua, pois

seu valor pode assumir qualquer valor dentro de um intervalo

real.

f) Para as variáveis idade e hora de estudo extraclasse, organize

os dados em ordem crescente, construa o diagrama de ramos e

folhas e determine a mediana e a moda.

g) Em média, são gastas quantas horas por dia com estudo

extraclasse?

h) Qual é a idade média destes alunos?

i) Como você classifica o gosto desta turma pela disciplina de

Matemática? Existe alguma relação entre gosto pela Matemática

e gênero? Para tal análise, complete a tabela abaixo.

Tabela 2. Tabela: Relação entre o gosto pela Matemática e o Gênero

Gosto pela Matemática Masculino Feminino Total

Nº % Nº %

Não 6 30 2 20 50

Pouco

Regular

Muito

Total

j) Construa um gráfico de colunas representando as informações

da tabela do item anterior.

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k) Após a representação, faça uma análise da situação e redija um

texto de três linhas, no mínimo, no qual esteja descrito o perfil

dos alunos dessa turma.

Após a realização das tarefas referentes à resolução de exercícios,

verificamos a necessidade de inserir outra etapa, pois os alunos demonstraram

muita dificuldade para ler e interpretar gráficos, contendo informações, quando

estas estão representadas em gráfico de linhas.

Sendo assim, nas terceira, quarta e quinta etapas não fizemos nenhuma

alteração, pois consideramos apropriadas, como foram apresentadas e

desenvolvidas, porém inserimos outra etapa, antes da de número seis, com o

objetivo de amenizar as dificuldades apresentadas. Desta maneira, a nova versão

ficou estruturada com a 6ª etapa da seguinte forma

Leia o texto abaixo:

Foi publicado no portal de notícias da Globo.com que o Índice Nacional de

Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado "inflação oficial" do País,

registrou variação de 0,01% em julho, segundo a informação do Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado é praticamente igual ao de junho, quando o IPCA não registrou

variação. Em julho do ano passado, o índice havia sido de 0,24%. O IPCA é

usado, como referência pelo Banco Central para estabelecer metas de variação

de preços no País.

No ano, o índice acumula alta de 3,10%, acima dos 2,81% referentes ao

mesmo período do ano passado. Nos últimos 12 meses, o IPCA ficou em 4,60%,

abaixo do acumulado nos 12 meses anteriores (4,84%), segundo o IBGE.

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Destacando que esta variação é mensal com base no texto, foi elaborado o

gráfico a seguir:

Figura 29: Evolução do IPCA nos últimos 12 meses (Foto: Editoria de Arte/G1)

Fonte: http://g1.globo.com/economia-e-negocios/noticia/2010/08/inflacao-oficial-varia-001-em-julho-diz-

ibge.html

Com base nas informações, responda à questão 1:

a) De agosto a dezembro de 2009, em que mês o índice foi mais alto?

b) Em que mês, no primeiro semestre de 2010, houve o menor índice?

c) Qual foi o índice alcançado em fevereiro de 2010?

d) É possível obter, a partir do gráfico, a informação contida no texto: “No

ano, o índice acumula alta de 3,10%”? Em caso afirmativo, como?

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e) Qual foi o índice acumulado de agosto a dezembro de 2009?

2. O gráfico de linhas indica as variações percentuais do índice de custo de

vida dos primeiros 4 meses de 2010 de três itens (alimentação,

habitação, saúde) escolhidos para pesquisa.

Figura 30: Gráfico do índice do custo de vida. Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html

Façam uma análise do gráfico e respondam:

a) Que item foi o “vilão” do aumento do custo de vida no mês de janeiro?

b) A afirmação “Por 2 meses consecutivos, observa-se queda do custo de

vida no item Habitação” está correta?

c) Em que mês, a população brasileira teve de gastar mais dinheiro para

“colocar comida na mesa”?

3. O gráfico mostra os percentuais do investimento público na Educação

Infantil, no Ensino Fundamental final e no Ensino Médio, no período de

2005 a 2007.

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161

Figura 31: Gráfico investimento público na Educação.

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html

Com base nas informações contidas no gráfico, responda:

a) Qual o percentual do investimento nos três níveis de ensino em 2005?

b) De 2005 a 2007, que percentual foi investido no Ensino Fundamental

final?

c) Em que ano, o investimento foi maior?

4. Neste gráfico de barras, está representada a evolução da população

residente em Portugal ao longo dos anos, segundo os dados estatísticos

obtidos nos recenseamentos.

Figura 32: Gráfico da evolução da população residente em Portugal.

Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2003/icm24/probexerc.htm

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a. Qual o valor aproximado da população residente em Portugal no ano de

1989?

b. Qual ou quais o(s) ano(s) em que a população residente em Portugal foi

igual a 10 milhões?

c. A partir de que ano os portugueses residentes passam a ser mais de 10

milhões?

A segunda versão da THA encontra-se anexa ao trabalho.

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163

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pautados na pesquisa realizada, verificamos e traçamos caminhos que nos

possibilitaram responder nossa primeira questão de pesquisa “Quais são as

possibilidades e dificuldades em desenvolver situações de aprendizagem em uma

perspectiva construtivista, envolvendo os conhecimentos de leitura, interpretação

de gráficos e tabelas e medidas, como a média, a moda e a mediana para alunos

do Ensino Médio?”

Para tanto, primeiro, buscamos, situar os professores colaboradores sobre

os principais resultados de pesquisa na área da Educação Matemática, a respeito

do tema escolhido para a elaboração da THA, propiciando a estes contatos com

as principais dificuldades apresentadas pelos alunos nestas investigações.

Ressaltamos a importância desses resultados para a mudança da prática

profissional. Com a finalidade de estreitar percursos traçados entre pesquisadora

e professores, realizamos reuniões periódicas para discussão da THA.

Durante o desenvolvimento do projeto, inferimos que uma das maiores

dificuldades para desenvolver situações de ensino e aprendizagem, dentro de

uma perspectiva construtivista, é justamente o distanciamento que há entre os

pesquisadores que as elaboram e a prática do professor em sala de aula,

obstáculo este em parte superado, de acordo com os relatos dos próprios

professores colaboradores. Outro fator que dificultou o desenvolvimento da THA

foi o pouco conhecimento em relação ao conteúdo específico por parte dos

professores. No entanto, em nossos encontros, procurávamos sempre tirar

dúvidas quanto ao conteúdo.

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164

Vale ressaltar que a THA possibilitou aos professores realizar mediações

entre os alunos de forma contínua e transitória e ainda que ele fizesse as

intervenções necessárias para que os mesmos realizassem as tarefas. Aspectos

estes concomitantes com uma perspectiva construtivista de ensino. Destacamos

que a THA proporcionou também aos professores desenvolver trabalhos em

grupos nos quais os alunos tinham possibilidades de validar suas respostas, fazer

conjecturas e discutir as soluções.

Consideramos também que, antes da apresentação de boas situações de

aprendizagem dentro de uma perspectiva construtivista, talvez fosse necessário

investigar a seguinte questão: o que os professores colaboradores entendem por

construtivismo em sala de aula?

Este trabalho nos possibilitou, apoiados nas observações das aulas com

base nos pressupostos apresentados por Coll et al. (2009), identificar algumas

características das concepções construtivistas que nossos professores

colaboradores têm e iremos discorrer sobre elas, relacionando-as a cada um

deles.

P2 apresentou características compatíveis com a primeira concepção, pois

para ela a aprendizagem escolar consiste em conhecer respostas corretas às

perguntas formuladas. Não tem o hábito de explicar o conteúdo e, por vezes, nem

mesmo lia em voz alta as tarefas; em parte, sua finalidade consistia em obter

respostas corretas e corrigir as erradas.

P1 enquadrou-se mais na segunda concepção, já que, para esta, a

aprendizagem escolar baseia-se em adquirir os conhecimentos proeminentes de

uma cultura. Com base em sua postura em sala de aula, o ensino nada mais é do

que a transmissão da informação necessária aos alunos, insistindo em tê-los

como processadores de informação. Por várias vezes, deixou subentender que a

aquisição do conhecimento ocorre por intermédio de cópias, ou seja, reproduz

sem modificações a informação recebida, usa a repetição. Podemos reafirmar

esta concepção apoiados em sua constante preocupação com o tempo, ou

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mesmo, os momentos em que ela foi à lousa para iniciar as tarefas para seus

alunos.

Já na colaboradora P3, encontramos traços concomitantes com a terceira

concepção, na qual a aprendizagem escolar consiste em construir

conhecimentos. Para ela, o ensino consiste em dar a ajuda necessária, para que

os alunos possam construí-lo. Neste caso, P3 foi uma participante ativa no

processo de construção do conhecimento, mostrou-se focada no aluno e não na

matéria. Assim, o importante era ensinar o aluno a aprender e ajudá-lo a

compreender que, quando se aprende, não é importante apenas o conteúdo da

aprendizagem, mas também como se organiza e age para aprender.

Embasados em Coll et al. (2009), no decorrer do processo, consideramos

que não bastam apenas THAs bem elaboradas, para que haja uma aprendizagem

significativa, pois o professor deve estar disposto a ensinar conceitos aos alunos

para construção do próprio conhecimento, intervindo sempre para ativar as ideias

prévias dos alunos, incentivando-os a averiguar algumas de suas limitações e

predispondo-se positivamente a modificá-las.

O professor deve também traçar caminhos que possibilitem aos alunos

nortear as atividades e seus esforços no processo de ensino e aprendizagem e

que adaptem suas expectativas durante a realização das tarefas às expectativas

do professor. Assim, é função do professor levar em conta uma série de critérios

de apresentação da informação, de organização e funcionamento das atividades.

Mas, vale ressaltar que, para tanto, deve conhecer um rico repertório de

atividades e trajetórias de ensino para um mesmo conteúdo, visto que uma das

características da THA, de acordo com Simon (1995), é justamente as possíveis

mudanças dessas trajetórias de ensino apoiadas no ocorrido em sala de aula.

Conseguimos indícios que nos permitem concluir uma superação na

dificuldade, tanto dos professores como dos alunos em relação à diferenciação e

utilização das medidas de média e mediana, avanços consideráveis em relação à

representação de dados estatísticos em gráficos e tabelas, assim como o

entendimento das diferentes variáveis estatísticas e sua organização de modo

geral.

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166

Apoiados no desenvolvimento deste trabalho, verificamos que boa parte

dos sujeitos participantes ativos deste projeto tiveram um envolvimento direto com

as atividades, contemplando o conteúdo: Leitura e Interpretação de Gráficos e

Tabelas e medidas de Média, Moda e Mediana integraram a oportunidade de

vivenciar recursos pedagógicos, envolvendo a análise exploratória dos dados e as

variadas representações matemáticas de um mesmo conteúdo, relacionando-os

com situações reais do dia a dia. As atividades apresentaram situações que

possibilitaram aos alunos organizar, representar e analisar dados estatísticos com

o objetivo de conhecer e aprender os temas desenvolvidos.

Consideramos ter possibilitado aos professores envolvidos a utilização de

nossa THA, como marco de referência e como uma sequência de atividades que

lhes serviram de exemplo para desenvolverem em sala de aula, atendendo a uma

das concepções de THA discutida por Gómez e Lupiáñez (2007).

Em nossa pesquisa, entendemos vislumbrar o Ciclo de Ensino de

Matemática, proposto por Simon (1995), pois verificamos que alguns

componentes do ciclo proporcionaram mudanças nos professores colaboradores,

nos alunos e na pesquisadora. Ressaltamos que todos os envolvidos ativamente

no processo ampliaram seus conhecimentos matemáticos sobre Leitura e

Interpretação de Gráficos e Tabelas e medidas de Média, Moda e Mediana,

partindo do princípio que alguns itens específicos relacionados ao tema eram

desconhecidos também pelos professores, conforme relatado por eles.

Certamente, o uso de THA e o acesso às pesquisas realizadas na área da

Educação Matemática podem contribuir com a prática do professor em sala de

aula. Conforme os relatos dos professores colaboradores obtivemos indícios

diretos em relação à pretensão de utilizarem a THA nas próximas oportunidades

de desenvolver o assunto e, em especial, P3 quanto à possibilidade de utilizar

THA envolvendo outros temas, já que durante nossos encontros teve contato com

outros temas já desenvolvidos pelo grupo, ao qual o projeto está inserido.

Sendo assim, inferimos que, de acordo com o apresentado por Gómez e

Lupiáñez (2007), os professores em parte assumiram postura reflexiva essencial

à noção de THA, retroalimentando o Ciclo de Ensino da Matemática de Simon

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(1995). Diante do fato de que foi uma aprendizagem, tanto de conteúdo como de

sequências de atividades para o professor, possivelmente, quando ele for

trabalhar novamente o tema, irá renovar as hipóteses de aprendizagem e realizar

modificações de outros elementos.

Quando nos propusermos a realizar o trabalho com o referido tema,

tínhamos a expectativa de encontrar uma nuança maior de trabalhos direcionados

ao Ensino Médio e deparamo-nos com a realidade da escassez de material

desenvolvido, especialmente, para este nível de escolaridade. No entanto,

conseguimos apresentar aos professores colaboradores as possibilidades de

desenvolverem e elaborarem situações de ensino, concomitantes com os

resultados de pesquisa.

Em suma, percebemos que as dificuldades para desenvolver situações de

aprendizagem significativas existem e que não são muitas as possibilidades de

desenvolvê-las. Contudo, encontramos indícios de que estas poderão ser

superadas e propiciadas, desde que haja engajamento de todos os envolvidos no

processo.

A segunda questão de pesquisa a que nos propusemos a responder, diz

respeito às contribuições do professor na elaboração de trajetória hipotética de

aprendizagem, pode ser justificada, apoiada em nosso aporte teórico: o

construtivismo baseado em Coll et al. (2009), as contribuições de Simon (1995) e

as concepções de THA descritas por Gómez e Lupiañez (2007).

No início do processo, destacamos que as contribuições diretas para as

mudanças da THA, por parte de nossos colaboradores, foram poucas,

contrariando nossas expectativas, porém, no decorrer do processo, mesmo que

indiretamente estas ocorreram.

Partimos do princípio que, ao elaborarmos as tarefas contempladas na

THA, realizamo-las conforme os pressupostos construtivistas, pois procuramos

propiciar aos alunos a construção do próprio conhecimento, uma vez que as

situações estavam inseridas no cotidiano. Ao final, estes deveriam comparar

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resultados e justificar, podendo assim fazer a sistematização individual em pares

ou em grupos.

Com a intenção de atender alunos em todos os níveis de aprendizagem de

leitura e interpretação de gráficos e tabelas determinados por Curcio (1989) e

Wainer (1992), buscamos elaborar questões que despertassem o interesse

daqueles com um bom conhecimento prévio sobre o tema, até os com pouco ou

nenhum conhecimento prévio.

Para responder a terceira questão, relativa a qual atuação pode ter um

professor de Matemática no que se refere ao desenvolvimento da trajetória

hipotética de aprendizagem de uma forma compatível com uma perspectiva

construtivista de aprendizagem, buscamos indícios que permitissem sua resposta

e que contribuíssem para a pesquisa na área do Ensino da Matemática.

No momento que nos dispusemos a desenvolver a THA em sala de aula

com os professores colaboradores e seus respectivos alunos, tínhamos algumas

hipóteses em relação à atuação do professor, sobretudo quanto as mudanças de

atitudes dos professores e alunos com relação ao sucesso das tarefas escolhidas

para sua elaboração.

Deduzimos que, apesar das tarefas planejadas, estas não bastam, como

exemplos de atividades, características da THA e do construtivismo, pois não

podem ser considerados, como manuais prontos, mas, sim, como marcos de

referências para guiar o trabalho do professor na ajuda das tomadas de decisões.

Tanto as intervenções dos professores como a disponibilidade dos alunos

em aprender foram responsáveis pelos resultados. Nos momentos em que a aula

era conduzida, de acordo com a abordagem construtivista, notamos maior

autonomia dos alunos. No entanto, nos momentos que os professores auxiliavam

demais ou davam orientações inadequadas, os alunos apenas aguardavam a

resposta.

Apenas com o conhecimento matemático, verificamos ser possível ao

professor interpretar a linguagem, as dúvidas, as conjecturas e as ações dos

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alunos, conforme destacado por Simon (1995). O docente para ter possibilidade

de modificar a THA, deve conhecer os objetivos da aprendizagem que espera

alcançar. Apoiados em nossas observações, destacamos que, para ocorrer o bom

desenvolvimento de uma THA, é necessário, entre outros fatores, que esta

aconteça em um ambiente de aprendizagem, no qual a interação entre professor

e alunos propicie o empenho de todos na construção dos conhecimentos.

A partir do desenvolvimento da THA, consideramos que a aprendizagem

verifica-se pautada em experiências, interesse e conhecimentos prévios, pois

percebemos o fato quando constatamos que os alunos não modificavam o que já

sabiam, mas interpretavam o novo de forma a integrá-lo e interiorizá-lo,

pressuposto este encontrado no material apresentado por Coll et al. (2009).

Este projeto nos propiciou inferir e concordar com o autor citado, pois, para

que o aluno atinja a aprendizagem significativa, precisamos ter discernimento que

o fato não ocorre isoladamente. Assim, é de suma importância a intervenção do

professor, variando em quantidade e qualidade contínua e transitória, ajustando

as necessidades do aluno, para que este parta de suas responsabilidades,

progredindo, conforme a finalidade educativa.

Apoiados nos discursos dos professores colaboradores, identificamos

contribuições positivas para a prática do professor, com base no trabalho

desenvolvido entre elas, como: o conhecimento de novos conteúdos, tanto aos

professores como aos alunos, a reflexão sobre a própria prática docente, o

desenvolvimento de autonomia por parte de alguns alunos e professores, a

aproximação entre as pesquisas na área educacional e a realidade da sala de

aula e ainda a conscientização da importância da interação entre alunos e

professores.

Ressaltamos ainda que, conforme descrito por Coll et al. (2009), cada

professor tem suas concepções sobre as melhores formas de ensinar, visto que a

mesma THA desenvolvida por três professores apresentou resultados diferentes.

Na turma em que o professor constantemente proporcionou um espaço maior de

comunicação em sala de aula, percebemos que se criou um ambiente de

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interação entre professor e aluno, mostrando, assim, o caráter reflexivo do

professor em relação à aprendizagem do aluno.

No entanto, na turma do outro professor que se preocupou mais com o

tempo ou com o programa a cumprir, em alguns momentos, houve desinteresse

dos alunos para resolver as atividades, pois se sentiam inseguros e até mesmo

desmotivados para realizá-las sem o auxílio do professor.

Mas não podemos deixar de falar sobre o outro colaborador que, apesar do

pouco conhecimento ou da forma despreocupada que conduziu sua aula, pouco

influenciou no desempenho da turma, já que a série onde o trabalho foi

desenvolvido supostamente nos conduz a concluir que estes alunos já tenham

desenvolvido sua autonomia e maturidade para buscar o conhecimento de forma

significativa.

Com nosso trabalho, esperamos ter contribuído nas discussões e

pesquisas para formação e desenvolvimento profissional dos professores de

Matemática. Mas, vale ressaltar que, em nossa pesquisa, utilizamos os estudos

de Simon (1995) para apresentar uma proposta de THA, evidenciando que o

desenvolvimento de uma THA requer diversos aspectos, como o conhecimento

dos resultados de pesquisa, a preocupação para compreender como ocorre a

aprendizagem e a prática reflexiva que mantém o movimento do Ciclo de Ensino

de Matemática proposto por Simon (1995).

Entendemos que a experiência com a THA desenvolvida serviu de estímulo

aos professores colaboradores na busca por resultados de pesquisa, como

observamos nas discussões realizadas durante nossos encontros. Destacamos

que nos pressupostos apresentados por Simon (1995), a THA deve ser

desenvolvida pelo próprio professor e optamos por utilizar os defendidos por

Gómez e Lupiañez (2007), no qual a elaboração da THA seja mais adequada ao

pesquisador.

No decorrer das aulas, observamos que a aprendizagem ocorre de forma

significativa, quando o professor mostra-se preparado e compromissado com

seus alunos.

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Pautados no relato dos professores participantes do estudo, verificamos ter

contribuído na melhoria do processo de ensino e aprendizagem das turmas

envolvidas. De acordo com estes professores, houve uma real compreensão da

abordagem construtivista e, além disto, estes se mostraram preocupados para

questionar os alunos e permitir que participem da construção de seu próprio

conhecimento.

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ANEXOS

Roteiro para Entrevista

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Programa de Estudos Pós-Graduação em Educação Matemática

Escola Estadual ____________________________________________

Pesquisa: Professor colaborador da THA em Leitura e interpretação de gráficos e

tabelas e medidas de tendência central (média, moda e mediana).

Caro (a) Professor (a),

Esta pesquisa é parte integrante da dissertação de mestrado profissional

em Ensino de Matemática do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação

Matemática da PUC-SP, intitulada: UMA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA

PARA O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE

GRÁFICOS E TABELAS E MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL (média, moda

e mediana) e tem por objetivo traçar um perfil da opinião do professor colaborador

sobre o tema.

Antecipadamente, agradecemos sua participação e colaboração.

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1. Nome ____________________________________________________

2. Formação _________________________________________________

(Graduação Plena em Matemática/ Complementação/ Bacharelado)

3. Localização da escola ____________________ D.E. _______________

4. Tempo de magistério.____________________________

5. Tempo que leciona nesta Unidade Escolar ___________________

6. Professor: Efetivo ( ) OFA ( )

7. Segmento que leciona: ( ) E.F. I ( ) E.F.II ( ) E.M.

8. Pós-Graduação cursada e/ou em andamento

( ) Extensão

( ) Aperfeiçoamento

( ) Especialização

( ) Mestrado

( ) Doutorado

( ) Nenhum

9. Quais estratégias ou metodologias de trabalho normalmente utiliza em

suas aulas?

10. Participou ou participa de cursos ministrados pela Secretaria da Educação?

Quais?

11. Qual (is) livro(s) didático(s) utiliza como apoio para preparar suas aulas?

12. Você utiliza (segue) o material da Proposta Curricular do Estado de São

Paulo? Se sim, faz adaptações e/ou alterações neste material, de acordo

com as turmas para as quais leciona?

13. Utiliza outros recursos, além do material da proposta curricular do Estado

de São Paulo? Quais?

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14. Em nossa pesquisa, estamos desenvolvendo o conteúdo de leitura e

interpretação de gráficos e tabelas e medidas de tendência central (média,

moda e mediana). Considerando sua experiência e conhecimento, como

você desenvolve ou desenvolveria esse tema?

15. Quais são as dificuldades que os alunos apresentam ao estudar este

assunto?

16. Costuma trabalhar com resolução de problemas para desenvolver os

conceitos envolvidos no tema?

17. Você costuma buscar resultados de pesquisas para auxiliá-lo na

elaboração de suas aulas?

Encontros com P1e P2

1º encontro – 13/05/2010 (P1/P2), com o objetivo de pedir a colaboração das

professoras para participarem da pesquisa, solicitei autorização à coordenadora

para conversar com P1 sobre os objetivos do projeto e do questionário que

deveria responder para caracterização do professor. A professora em questão

trabalha na mesma unidade escolar que a pesquisadora, o que facilitaria os

encontros e a discussão da THA. No mesmo dia, ficou acordado que a

pesquisadora estaria à disposição da professora para o esclarecimento de

possíveis dúvidas em relação ao conteúdo. Ainda nesse dia, a coordenadora

dispôs-se a convencer P2 a participar do projeto, pois esta deveria ficar em

substituição da professora que estaria de licença prêmio, de imediato P2 recusou-

se, alegando que não gosta de dar aula para o Ensino Médio. A THA foi entregue

para P1.

2º encontro – 14/05/2010, neste dia, reunimos-nos para discutir a resolução das

tarefas e como estas seriam apresentadas dentro de cada etapa para os alunos.

Pude verificar que P1 já havia resolvido a primeira etapa e que, neste instante,

não apresentou nenhuma dúvida, a mesma ressaltou que estava muito fácil e que

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os alunos não teriam problemas para resolvê-la, apesar das dificuldades que têm

em relação à Matemática. P1 falou de suas preocupações com o desenvolvimento

da THA por parte dos alunos, que são muito desinteressados e a maioria não

participa das aulas. Vale ressaltar que P2 também fez parte da reunião, embora

não tenha se pronunciado em nenhum momento, ficou apenas observando e

ouvindo as orientações, porém pediu uma cópia da THA para ver se conseguiria

resolver as tarefas. Nestes encontros, ficou acordado que os professores

colaboradores poderiam aproveitar para tirar dúvidas e aprender a usar os

instrumentos de Geometria para ensinarem aos alunos a construção dos gráficos.

Segue abaixo a justificativa dos professores para as dificuldades apresentadas

pelos alunos:

O vocabulário pobre, interpretação precária, falta de concentração e

interesse em aprender.

Professora P1 disse que: “Como a atividade é motivadora e diferente, talvez eles

demonstrem interesse”, ainda ressalta que terão apenas que mobilizar o

conhecimento prévio: Regra de Três Simples e sugere um texto explicativo:

amostra e população diferenciação.

3º encontro – 21/05/2010

P1 apresentou suas resoluções, pois alegou ter o hábito de preparar suas aulas e

sabe que precisa treinar o uso dos instrumentos, pois não tem hábito de usá-los

em suas aulas.

Para a atividade 1, P1 sugeriu tirar a informação cinco participantes, muita

informação confunde. “Vou pedir para que os alunos tragam calculadora para

facilitar os cálculos”. Segundo a professora, eles vão realizar o gráfico de colunas

sem problemas.

Na segunda etapa, P1 sugeriu uma mudança no texto. “Para cada uma das

variáveis qual, “organize” uma tabela de distribuição de frequência”.

Por hipótese, P1 ressaltou que os alunos já reconhecem os termos frequência

relativa e absoluta.

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P2 decidiu participar do projeto, porém não sugeriu nada, e alegou que não teve

tempo de ler as atividades propostas na THA. A professora P2 comentou que

pretendia participar do desenvolvimento das tarefas propostas pela THA, já que

tinha muita dificuldade e pretende aprender o conteúdo envolvido, segundo ela é

uma maneira de perder o medo de dar aulas no Ensino Médio.

Além dos encontros descritos acima, durante todo o processo de desenvolvimento

da THA, uma vez por semana nos reuníamos com P1 e P2 para discutir questões

relacionadas a dúvidas de cunho matemático.

Observações das aulas de P1 e P2 – Resolução da THA em sala de aula

- Professor 1 -

Data 18/05/2010 Número de alunos presentes: 28

Primeira etapa: Tarefa 1 Tempo de duração: uma aula de 45 minutos

A aula estava turbulenta, os alunos falavam o tempo todo, não se concentravam e

pareciam desinteressados. Depois de algum tempo, a professora conseguiu

organizá-los em duplas.

Os alunos apresentavam muita dificuldade, aparentemente, não tinham o hábito

de fazer a leitura, antes de iniciar as tarefas.

A professora deu um exemplo de aplicação da tarefa 1 da 1ª etapa, utilizando

para tal as pesquisas realizadas para presidência, ressaltando que a amostra

deverá ser retirada de cada região do País para determinar as intenções de voto.

Ao término da leitura, a professora fez questionamentos sobre a situação,

induzindo os alunos à resposta correta, salientando que a opinião era pessoal.

A resolução da tarefa 2 deu-se sem a apresentação de maiores dificuldades, de

imediato, algumas duplas responderam o primeiro item da questão. No entanto, a

dupla de número 2, perguntou à professora se era para responder ou colocar xis.

A professora passou por todas as duplas com o objetivo de esclarecer as dúvidas

e orientando; no entanto, sempre questionando, repetindo a leitura, para que

tentassem descobrir a solução.

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No inicio da situação 3, mesmo antes de ler, alguns alunos já pediram para que a

professora explicasse. “Professora explica a 3.”

“Amostra? População?” – neste momento, os alunos demonstram que esses

termos eram totalmente desconhecidos. A professora foi solicitada a todo tempo,

mesmo depois da explicação, apenas uma dupla manifesta-se quanto à

dificuldade da questão. “Não é tão difícil, não”.

Data 20/05/2010 Número de alunos presentes: 26

Primeira etapa: Tarefa 3 Tempo de duração: duas aulas de 45 minutos

Os alunos apresentaram muita dificuldade para determinar a regra de três

simples.

A professora foi de mesa em mesa, tirando as dúvidas e intervindo, o que nos

pareceu que as dificuldades, na verdade, eram em relação à leitura, pois os

alunos leem, mas não se concentram.

Ao realizar a tarefa 2, que estava atrasada, uma das duplas mostra-se muito

contente a ponto de comemorar.

Apesar de alguns alunos terem certeza de que o setor da internet tende a crescer,

sentiam-se inseguros na afirmação, o que talvez demonstre o quanto eram

dependentes da opinião da professora.

A hipótese da professora P1 de que os alunos não teriam dificuldade para realizar

a tarefa, pois seria uma simples aplicação da regra de três, foi refutada logo no

início, apesar de pedir para utilizarem a regra de três, precisou realizar o exemplo

na lousa.

A dupla nº1 embora tenha declarado que a tarefas da primeira etapa eram fáceis;

no entanto, apesar de terem demonstrado concentração e interesse em sua

realização, tiveram muita dificuldade pelo pouco ou nenhum conhecimento sobre

o tema.

“Os alunos, de um modo geral, demonstraram dificuldade para montar o gráfico

de colunas, assim, a professora precisou intervir e iniciar o gráfico na lousa.”

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Apesar do esforço apresentado pela professora, a maioria dos alunos não se

disponibilizou a prestar atenção. Mas, a professora disse “Hoje, está bom, pois

estão se interessando em realizar as tarefas.”

Pudemos observar que alguns alunos até sabiam fazer, mas a vontade ainda não

deixava. Algumas duplas demonstravam interesse, mas, a professora não se

dava ao trabalho de se indispor com alguns alunos, para exigir que tivessem

postura adequada na sala de aula; para a maioria dos alunos, falta limite e alguns

demonstravam ainda pouca maturidade para estar no 3º ano do Ensino Médio.

Até o momento, a maior preocupação por parte dos alunos era se as gravações

seriam utilizadas na reunião de pais.

Embora, neste dia, estivessem muito barulhentos, todos realizaram as tarefas

referentes a primeira etapa. Para encerrar as tarefas, a professora dedicou parte

da aula à conclusão, por causa dos erros apresentados e das dificuldades, fez-se

necessário uma parte explicativa ao final da primeira etapa.

No que diz respeito à representação do gráfico de colunas, uma dupla ao terminar

a primeira etapa utilizou legenda, em lugar de colocar as categorias nos eixos.

Ao término, a professora listou os conteúdos envolvidos na resolução das tarefas

dessa etapa na lousa da seguinte forma:

Conhecimentos mobilizados:

- Regra de três simples;

- Gráficos de colunas;

- Leitura de dados em gráfico de setores;

- Representação de dados em um gráfico de colunas; e

- Diferenciação entre amostra e população, validade de uma pesquisa de controle

de qualidade.

“Algumas duplas acharam bom o trabalho até o momento, porém quando

questionadas pela pesquisadora o porquê tinham gostado, a alegação foi a

seguinte: “não teremos aula de Matemática”

Após tentar fazer a correção, a professora optou por deixar de lado, pois os

alunos não demonstraram interesse, embora tivessem realizado as atividades,

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apresentaram conceitos errados e, mesmo assim, não se dispuseram a aprender

de forma correta.

Data 21/05/2010 Número de alunos presentes: 19

Segunda etapa: Atividade 1 Tempo de duração: uma aula de 45 minutos

A professora iniciou a aula fazendo uma leitura compartilhada da situação, fez

toda a explicação sobre as variáveis apresentadas na tabela.

Indagava o tempo todo, percebemos que apenas um dos alunos não realizava a

tarefa. Ao ser questionada, várias vezes sobre o significado de variável, explicou

novamente o termo.

A professora iniciou a tabela, reforçando a contagem da variável gênero. Nesse

momento, demonstrou impaciência e propôs-se a fazer a primeira tabela com

eles.

Duas duplas questionaram “porque 100%, o que significa?”. A professora

justificou como sendo o número total de pesquisados.

Quando questionada sobre o significado de variável qualitativa, a professora

respondeu com exemplos. No entanto, não conseguiu explicar a contento o

significado para os alunos, pois se confundiu tanto que chamou o círculo de

“trigonométrico”, corrigindo o equivoco em seguida.

“Talvez seja necessário um texto explicativo, ou seja, apresentar algo que

explique o significado da palavra variável e distinções”. (comentário de P1 no

decorrer da aula)

Ao construir o gráfico para dar o exemplo ao aluno, a professora não se

preocupou em construí-lo, utilizando os instrumentos necessários de Geometria.

Apesar das dificuldades, P1 procurou dar atenção a todos individualmente,

esclareceu dúvidas. Os alunos pareceram mais motivados, demonstraram maior

interesse para desenvolver as atividades.

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A professora: “Incrível, dou aula desde 1996 e nunca trabalhei com Estatística,

pois nunca dá tempo.” (comentário feito para a pesquisadora neste dia, na sala

dos professores).

Data 24/05/2010 Número de alunos presentes: 24

Segunda etapa: Atividade 1 Tempo de duração: uma aula de 45 minutos

Apesar das dificuldades, P1 tentava explicar os objetivos da tarefa aos alunos que

faltaram à etapa iniciada na aula anterior.

Nem os gravadores pareciam intimidar um grupo de alunos que insistia em falar

sobre suas intimidades. A professora disse: “O certo seria trabalhar com os

melhores alunos de cada turma”, comentário este apesar do fato de apenas

quatro alunos não demonstrarem interesse pelas atividades, pois foi notória a

mudança da turma que demonstrou interesse a cada dia pela resolução das

atividades propostas.

Os termos como EF I e EF II foram motivos de dúvidas. Assim, contrariando o que

foi dito pela professora, antes de iniciar o desenvolvimento da THA, foi visível o

interesse crescente dos alunos em seu desenvolvimento.

A hipótese da professora de que os alunos não teriam dúvidas sobre a construção

do gráfico de setores foi descartada, pois a dúvida foi geral, levando-a por várias

vezes à lousa para explicar a construção.

Ao final da aula, partimos do pressuposto que deveríamos mostrar como a

tecnologia pode ser um instrumento facilitador na construção desses gráficos,

apesar de não termos computadores, a professora cogitou a utilização do kit

multimídia da escola e o notebook da pesquisadora. No entanto, esta proposta

não foi aceita pela direção da escola, pois a mesma alegou que não tinha

chegado este kit à escola.

Data 27/05/2010 Número de alunos presentes: 26

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Segunda etapa: Atividade 2 Tempo de duração: duas aulas de 45 minutos

O aluno disse: “Nossa! Que interessante! Aprendemos sem saber, o que estamos

aprendendo, vai ser útil para o ENEM.”.

A professora continuou interagindo, esclarecendo as dúvidas o tempo todo,

questionou e acompanhou o desenvolvimento dos alunos. Mostrou-se surpresa

com o crescente interesse da turma, trabalho que se iniciou em duplas, tornou-se

em grupo de 4/5, eles dialogavam a respeito das tarefas enquanto as realizavam.

Pergunta de uma da aluna: “Professora, os graus transformados podem ser

arredondados? Porque o total deu 358 e deveria ser 360º”

De repente, a pergunta: “O que é transferidor?”

P1: “Nunca mais vão esquecer regra de três. Estão gostando das atividades.”

A aluna disse: “Nossa que legal! Desse jeito, é mais fácil aprender!”

Data 28/05/2010 Número de alunos presentes: 14

Segunda etapa: Atividade 1 Tempo de duração: uma aula de 45 minutos

Neste dia, os alunos não demonstraram dificuldades para resolver as tarefas,

muitos faltaram, o que impossibilitou o término da atividade 1 da segunda etapa.

A professora manteve a postura de sempre, ia de carteira em carteira

perguntando se havia dúvidas.

Data 02/06/2010 Número de alunos presentes: 17

Segunda etapa: Atividade 1 Tempo de duração: uma aula de 45 minutos

Neste dia, apesar de haver poucos alunos na sala de aula, a professora continuou

a desenvolver as atividades, mantendo o mesmo comportamento, visitando as

mesas para retirar possíveis dúvidas.

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Data 10/06/2010 Número de alunos presentes: 20

Segunda etapa: Atividade 1 Tempo de duração: duas aula de 45 minutos

Neste dia, a turma estava bem ativa, porém ainda demonstrou ser muito

dependente da professora.

A moda foi motivo de dúvidas, mesmo com perguntas direcionando sobre a idade

que mais aparecia. A atividade, segundo eles, foi interessante, o que motivou sua

realização.

A professora passava pelos grupos tirando dúvidas sobre as tarefas, sempre

questionando a resposta correta, mas ainda era notória a relação de dependência

dos alunos. Apenas três alunos não solicitavam muito a presença da professora,

talvez por serem oriundos de outras escolas e não terem estabelecido maiores

vínculos com ela ainda. “O rol foi o maior problema, parece que a organização

não é ponto forte desta turma”. Pela sua impaciência, a professora deu inicio ao

rol na lousa, pedindo para que os alunos dessem continuidade.

“O rol foi o maior problema, parece que organização não é ponto forte desta

turma!”

Data 17/06/2010 Número de alunos presentes: 24

Segunda etapa: Atividade 1 Tempo de duração: duas aulas de 45 minutos

Estas aulas foram destinadas ao término da segunda etapa, tendo em vista a

grande rotatividade dos alunos e as dificuldades apresentadas, pois são muito

heterogêneos com vários graus de dificuldades.

Data 18/06/2010 Número de alunos presentes: 13

Terceira etapa: Atividade 1 Tempo de duração: uma aula de 45 minutos

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O número reduzido de alunos foi obstáculo para a professora iniciar a terceira

etapa.

Data 24/06/2010 Número de alunos presentes: 24

Terceira etapa: Atividade 1 Tempo de duração: duas aulas de 45 minutos

Nesta etapa, a professora resolveu iniciar a tabela agrupando os dados, para que

os alunos dessem continuidade, pois alegou que o tempo seria pouco para a

conclusão da mesma em razão da chegada do recesso escolar. Verificamos que,

apesar da professora tentar explicar, a maioria dos alunos continuou com

conversas paralelas e a professora não se deu nem ao trabalho de pedir atenção.

Por alguns momentos ainda, continuaram dispersos; neste dia, os alunos

mostraram-se dispersos e muito falantes, porém foi possível verificar que tinham

dificuldades para lidar com a contagem dos números por apresentarem valores

decimais e números inteiros.

A professora procedeu passando de grupo em grupo buscando ajudá-los e

intervindo sempre que necessário. A esta altura, os alunos já demonstravam mais

segurança para utilizar a calculadora de forma a facilitar os cálculos.

“O que realmente atrasou a turma, além das dificuldades foi a conversa, pois a

professora preparou a aula com antecedência para prever possíveis dúvidas e

intervir diretamente na resolução da tarefa”.

Data 29/06/2010 Número de alunos presentes: 25

Terceira etapa Tempo de duração: uma aula de 50 minutos

Esta aula foi destinada ao término da terceira etapa, talvez se P1 fosse mais

exigente e cobrasse uma postura mais adequada deles, eles se saíriam melhor.

Combinou que sua participação e o desenvolvimento das tarefas seriam partes da

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nota bimestral, alguns ainda não demonstravam muito interesse; apesar de,

inicialmente apenas quatro se dispuseram a trabalhar e, neste momento, apenas

três não estavam realizando as tarefas.

Foi possível verificar que mesmo já tendo construído alguns diagramas, P3 ainda

precisava explicar a alguns como deveriam fazer, assim foi à lousa novamente e

iniciou o diagrama, não tinha paciência para deixá-los tentar fazer sozinhos.

“No ponto que eles estão, podemos inferir que apesar de estarem

empolgados em realizar as tarefas, demonstram certo desinteresse pela

disciplina de Matemática, o que nos conduz ao questionamento: Que fatores

podem ter influenciado para contribuírem com esta falta de interesse?”

Por algumas vezes, surgiam falas como: Não sei fazer...... Sou muito burro......

Nem vou tentar, sei que não vou conseguir mesmo...... Professora, me ajuda....

Professora, o que é histograma?

P1 pedia aos alunos que, quando construíssem o histograma, não deveriam

esquecer de pôr a escala, pois eles têm realizado os gráficos de qualquer jeito.

Um comentário errôneo da professora foi em relação ao dado com 0%, disse que

este não precisaria aparecer, porém, após conversar com a pesquisadora falou

que tinha se enganado, e o que o mesmo deveria aparecer na escala dos eixos.

Data 30/06/2010 Número de alunos presentes: 19

Terceira e Quarta etapas Tempo de duração: duas aulas de 45 minutos

A aula deu inicio com os alunos já organizados, pois estavam ansiosos pelo

recesso. P1 fez um acordo com eles, se terminassem as tarefas naquela aula,

não precisariam, mais vir para suas aulas, e que as quinta e sexta etapas ficariam

para o inicio do 3º bimestre. Como sempre, a professora foi de grupo em grupo,

ajudando-os a realizar as tarefas, sempre tirando dúvidas e/ou dando a resposta

dependendo do grupo.

Data 05/08/2010 Número de alunos presentes: 19

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Quinta etapa Tempo de duração: duas aulas de 45 minutos

Esta etapa foi desenvolvida, conforme combinado com P2, porém ainda a

professora iniciou o trabalho com os alunos em duplas, pois justificou que estes

não tinham maturidade para trabalhar em grupos maiores em razão das

conversas paralelas.

Apesar de ter baixa expectativa quanto à participação e envolvimento de sua

turma, foi possível verificar que estavam bem envolvidos e que houve um

aumento no interesse pela realização das tarefas. Os alunos foram direcionados

de tal forma a contemplar as questões de interesse da professora, que tinha

optado pelas mesmas escolhidas pelos alunos de P2.

Inicialmente, os alunos selecionaram as questões que apresentariam o perfil da

sala, P1 direcionou a escolha das questões de tal forma que ficassem, conforme

estava definido na 2ª tarefa da segunda etapa.

Após a escolha, a professora foi à lousa e anotou os dados. Neste momento, ficou

acertado com eles que, após a conclusão, seria montado um painel que seria

exposto para apresentar o perfil deles aos outros alunos e professores da escola,

assim como os da turma de P2. Foi possível verificar pela atitude dos alunos que

eles acharam a atividade interessante.

O tratamento dos dados deu-se de forma rápida, acredito que pela familiaridade

que estes já tinham com o conteúdo. Conforme foi sugerido pela pesquisadora, a

professora pediu, para que elaborassem também na tabela, relacionando o gosto

pela Matemática e o gênero.

Ao término da aula, a professora avisou aos alunos que tiraria um xerox da tabela

contendo os dados brutos para entregar aos que faltaram, pois, apesar de não

participarem diretamente da coleta dos dados, também deveriam participar da

análise e organização

Data 19/08/2010 Número de alunos presentes: 28

Quinta etapa: continuidade Tempo de duração: duas aulas de 45 minutos

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192

Este foi um dia atípico, pois estavam quase todos os alunos presentes. Assim

como ficou combinado na aula anterior, P1 entregou as tabelas aos que faltaram

e explicou o que deveria ser feito, as tarefas foram desenvolvidas sem maiores

dificuldades.

Notei que apenas quatro alunos não se interessavam pelas tarefas, confirmando o

que já havíamos constatado anteriormente, ou seja, havia interesse nas tarefas,

porém o fator tempo era decisivo. A turma em razão do pouco ou nenhum

conhecimento prévio exigia uma disponibilidade maior de tempo para atingir os

objetivos de uma aprendizagem significativa.

Pudemos inferir ainda que a turma era composta basicamente por meninas, e

contrario, às expectativas da professora, almejam fazer um curso de graduação

apesar das limitações e dificuldades da aprendizagem.Neste caso, surgiu a

seguinte questão: Será que a falta de estimulo por parte dos professores, que

fizeram parte de sua trajetória escolar ocasionou este desinteresse na vida

escolar desta turma?

Quando tiveram de construir a tabela, relacionando gosto pela Matemática e

gênero, apresentaram muita dificuldade e, como sempre demonstrando

impaciência, a professora foi à lousa e montou a tabela, impossibilitando-os de

pensar ou mesmo de tentar antes, assim como o gráfico foi ela quem também fez,

para que eles apenas copiassem. Assim, também ocorreu com a representação

gráfica.

Data 10/08/2010 Número de alunos presentes: 24

Quinta etapa: término Tempo de duração: uma aula de 45 minutos

Esta aula foi dedicada ao término da etapa, apesar das dificuldades e do pouco

tempo que tiveram para sua conclusão, verifiquei que os alunos dispuseram-se a

realizá-la, porém um dos maiores problemas foi redigir o texto, explicando o perfil

da turma com base nos dados e em sua representação.

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Os textos foram muito repetitivos e continham muitos erros em relação à escrita,

assim como às demais turmas, estes apresentavam erros graves de português e

muita dificuldade para se expressarem textualmente.

Data 12/08/2010 Número de alunos presentes: 26

Sexta etapa Tempo de duração: duas aulas de 45 minutos

Esta etapa foi desenvolvida como atividade, porém diferente das outras, a

professora pediu que fosse individual, ela utilizou-a como avaliação do conteúdo.

A sala foi organizada com os alunos enfileirados, o que dificultou um pouco a

observação, pois como não houve troca entre eles, decidi por analisar apenas as

resoluções apresentadas nos documentos escritos.

Aparentemente, não houve dificuldades para realizar as tarefas contempladas na

etapa, pois já era hábito deles serem organizados dessa forma nos dias de

avaliação.

Apesar da turma ter apresentado muita dificuldade durante a realização das

tarefas, verifiquei que se empenhou na resolução, podemos ainda inferir que esta

necessitaria de um tempo maior na construção da aprendizagem em razão da

falta de hábito de estudo e compromisso com a escola, pois faltavam em demasia

às aulas.

Segundo a professora na conversa que tivemos, após o encerramento das

tarefas, disse ter gostado muito da experiência, embora tenha ficado apreensiva

no início. Ressaltou ainda, que este tipo de trabalho deveria ocorrer com mais

frequência, pois aprendeu demais e ainda que este tipo de projeto auxilia

realmente o professor, ou seja, possibilitou-lhe aprender muita coisa e ainda

diversificar sua aula, tornando-a interessante e mais produtiva.

- Professor 2 -

Data 24/05/2010 Número de alunos presentes: 30

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194

Primeira etapa: Atividade 1 Tempo de duração: duas aulas de 45 minutos

Como já ficou esclarecido anteriormente, P2 era eventual e substituia a

professora que estava de licença. A professora iniciava a leitura compartilhada,

mesmo antes do término, alguns alunos perguntavam sobre o que se tratava e se

era difícil. A maioria dos alunos aparentemente prestava atenção.

Durante a leitura, a professora utilizou o termo descoberta, deu exemplos de

pesquisas reais e viabilizou a possibilidade de mediação no caso do não

entendimento por parte dos alunos.

A professora instigou os alunos a se questionarem sobre a validade ou não da

pesquisa, de acordo com a seleção das amostras. Os alunos foram

disponibilizados em duplas para realização das tarefas.

Antes mesmo de iniciarem, a professora disse: “Acredito no potencial de vocês!

Apesar da previsão desta fase ser de 3 dias, sei que vocês vão terminar hoje, pois

teremos duas aulas.”

Um dos alunos mesmo trabalhando sozinho demonstrou facilidade com os

cálculos, fato este observado, pois completou primeiro a tabela. Alguns alunos

questionaram o fato de que a amostra poderia ser de dez pessoas por período,

pois eram cinco alunos por chapa. “pesquisador - informação demais induziu ao

erro”.

A experiência de vida da aluna foi fator determinante para a resolução da

segunda questão. Apesar da professora ter demonstrado pouca habilidade para

lidar com os alunos, estes se mantiveram nos lugares trabalhando e, neste caso,

a professora só interferiu quando foi acionada. O que era raro.

Observação: “Se a atividade for bem direcionada, os alunos conseguem resolver,

neste caso, a introdução de um texto explicativo sobre o significado de amostra e

população seria fundamental para esta turma”

Antes de sair da sala, a professora teceu um comentário infeliz, já que este

poderia desmotivar os alunos. “Poderíamos resolver só a metade, né? É muito

longa.”

A primeira etapa foi desenvolvida em apenas 2 horas.

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195

Sugestão do aluno: “Professora, no lugar de 38, posso colocar 38,4, pois vai dar

56 e não 60 minutos, os resultados têm uma casa depois da vírgula e está dando

muita diferença”.

Data 26/05/2010 Número de alunos presentes: 27

Segunda etapa: Atividade 1 Tempo de duração: duas aulas de 45 minutos

A professora iniciou realizando a leitura compartilhada. Apareceram dúvidas entre

as variáveis qualitativas e quantitativas, que a professora esclareceu, comentando

ainda sobre a variável quantitativa discreta.

Sugestão do aluno: “Deveria ter uma coluna com variável quantitativa discreta”.

Os alunos discutiam e tentavam resolver as atividades, a professora não

intervinha. Os alunos dialogavam o tempo todo, tirando dúvidas. Em alguns

momentos, reclamavam que a atividade era muito longa.

Surgiu um obstáculo, a maioria tinha dúvidas quanto à utilização do transferidor.

Neste momento, a professora pesquisadora precisou intervir e explicar, pois a

professora também não sabia.

Data 28/05/2010 Número de alunos presentes: 14

Segunda etapa: Atividade 1 Tempo de duração: uma aula de 45 minutos

Aparentemente, os alunos seguiram com a resolução das tarefas sem maiores

dificuldades. Muitos faltaram nesse dia, o que impossibilitou o término da

atividade 1 da segunda etapa.

Apesar das dificuldades de aceitação da professora por parte dos alunos, esta

procurava ir de carteira em carteira, observando se havia dúvidas.

Data 2/06/2010 Número de alunos presentes: 17

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196

Segunda etapa: Atividade 1 Tempo de duração: duas aulas de 45 minutos

Todos os alunos trabalhando sem maiores problema apresentaram dificuldades

para colocar os nomes nos eixos e o uso do transferidor.

Aluno perguntou se: “O gráfico pode ficar fora de ordem ou tenho que fazer um

atrás do outro, como está na tabela”.

Data 09/06/2010 Número de alunos presentes: 23

Segunda etapa: Atividade 1 Tempo de duração: duas aulas de 45 minutos

Alguns alunos reclamavam que a tarefa estava muito extensa, eram muitas

atividades de 1 a 10, tem muitos gráficos e tabelas.

A aluna ao ser questionada pela colega sobre qual gráfico dava para ver melhor

as informações, ressaltou que “é de pizza, pois tem mais impacto, ao olhar dá

para ver tudo, parece ser mais exato”.

O legal seria fazer misturado, separar, fazer duas variáveis de colunas e duas de

setores... “É, mais não daria pra fazer a comparação”, ressaltou um dos

componentes do grupo.

“Na segunda tabela referente à tarefa de número 2, pedir para que escolham

entre os dois”.

Ao montar o rol, alguns alunos demonstraram dificuldades, que logo foram

esclarecidas. A turma parece ser mais independente, apesar das dificuldades,

procurava realizar as tarefas sem solicitar muito a ajuda da professora, por alegar

que a mesma explicava tudo errado.

Para determinar a mediana, houve dificuldades pelo fato da amostra ter um

número impar de participantes.

Data 10/06/2010 Número de alunos presentes: 25

Segunda etapa: Atividade 1 Tempo de duração: uma aula de 45 minutos

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197

Neste dia, os alunos realizaram as tarefas sem maiores problemas e o fato inédito

foi o que fazer com os sujeitos com 20 anos que não tinha nenhum. Pelo jeito, até

a professora se enrolou, pois mandou excluir este valor do eixo do gráfico. Neste

momento, tive de intervir, pois os alunos iriam construir um conceito errôneo.

Outro fator que observei foi o quanto eles gostavam de legenda, pois faziam até

mesmo onde não era necessário.

Apenas um grupo questionou quanto à tarefa 2.7, se a média era para as duas

idades?

Data 11/06/2010 Número de alunos presentes: 23

Segunda etapa: Atividade 1 Tempo de duração: uma aula de 45 minutos

Neste dia, a maioria dos alunos terminou a primeira tarefa da segunda etapa, e a

professora resolveu esperar os retardatários.

Data 16/06/2010 Número de alunos presentes: 24

Segunda etapa: Atividade 1 Tempo de duração: duas aulas de 45 minutos

Neste dia, iniciou-se a terceira etapa, tendo em vista que a professora decidiu

anular a atividade 2 da segunda etapa, justificando que o tempo estava restrito e

que eles teriam a mesma atividade na quinta etapa, esta decisão foi tomada em

conjunto com P1, pois temiam pela escassez dos alunos em julho (recesso

escolar).

Apesar da quantidade de tabelas elaboradas na segunda etapa, alguns alunos

insistiam em fazer errado ou, em especial, um criou uma relação de dependência

tão grande com a professora que esta se sentava do lado dele e acabava fazendo

quase toda a tarefa para ele.

Alguns alunos ainda reclamavam que: “A professora não sabia nada”.

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198

“Para a segunda versão, podemos retirar a segunda atividade da segunda etapa,

bastava tomar o cuidado de direcionar a realização da tabela de dupla entrada

para comparar o gosto pela Matemática e gênero”.

Um dos grupos de inicio já associou a ideia de agrupamentos em classe para a

primeira atividade, o que foi uma bela jogada, pois acabou por passar aos demais

alunos com quem tinham maior intimidade.

“O tempo deve ser adequado, segundo Coll et al. (2009), o fator tempo também é

decisivo para que uma situação de ensino tenha sucesso”.

Data 17/06/2010 Número de alunos presentes: 27

Terceira etapa: Atividade 1 Tempo de duração: uma aula de 45 minutos

Neste dia, todos os presentes estavam concentrados em resolver a tarefa,

interagiram e quase não solicitavam ajuda da professora, quase não

apresentavam dúvidas apenas alguns questionavam sobre o que fazer, pois as

porcentagens estavam apresentando dizímas periódicas.

Data 18/06/2010 Número de alunos presentes: 27

Continuação da terceira etapa Tempo de duração: 1aula de 45 minutos

Neste dia, apareceu uma dúvida em relação a dados com 0%, os alunos não

sabiam como representar no gráfico, ou mesmo, se precisavam aparecer. No

entanto, a professora também não sabia responder e perguntou à pesquisadora-

observadora para posteriormente, explicar aos alunos.

Data 22/06/2010 Número de alunos presentes: 25

Continuação da terceira etapa Tempo de duração: duas aulas de 45 minutos

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199

A aula seguiu sem maiores novidades; nesse dia, a professora faltou e deixou as

atividades para serem desenvolvidas por um eventual. Neste momento, foi

possível confirmar algumas de nossas suspeitas, pois mesmo sem sua presença

os alunos continuaram a desenvolver as tarefas interagindo, o que facilitou, pois

alguns já estavam mais adiantados e puderam explicar aos outros que estavam

mais atrasados.

O que começou em dupla, foram formados grandes grupos, pois eles foram se

organizando com o objetivo de organizar a contagem. ”Jonny, o que tenho que

fazer agora com esses números”?

Resposta: “Ué, organizar! Pois está uma bagunça isso em relação à atividade 4

da terceira etapa.” Apesar de não conhecerem o termo rol, captaram a mensagem

quanto à organização. Neste dia, o trabalho mostrou-se bem eficiente, pois

pudemos contemplar a interação entre os alunos.

As principais dificuldades foram:

- Organizar grandes números;

- Atenção para contagem;

- Representar o 0% no gráfico;

- Enxergar mediana como valor que divide o conjunto de dados em duas partes

iguais.

- O diagrama de ramos e folhas foi uma representação dos dados que facilitou a

localização das medidas;

- O hábito de separar tabelas por linhas e colunas; e

- Contar duas vezes o mesmo valor nos dados agrupados;

Data 23/06/2010 Número de alunos presentes: 27

Quarta etapa: Atividades 1 e 2 Tempo de duração: duas aulas de 45 minutos

A aula seguiu tranquila, alguns alunos, ainda apresentavam dúvidas a respeito de

média e mediana.

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200

Data 29/06/2010 Número de alunos presentes: 32

Quinta etapa Tempo de duração: duas aulas de 45 minutos

Inicialmente, os alunos selecionaram as questões que apresentariam o perfil da

sala, P3 inferiu de tal forma que direcionou a escolha das questões, conforme

estava definido na 2ª tarefa da segunda etapa.

Após a escolha, a professora pediu para que uma aluna fosse à lousa e anotasse

os dados. Neste momento, ficou acertado com eles que, após a conclusão, seria

montado um painel que seria exposto para apresentar o perfil deles aos outros

alunos e professores da escola. Foi possível verificar que acharam legal esta

atividade, apesar de já estarem cansados. O tratamento dos dados ocorreu de

forma rápida, acredito que pela familiaridade que já tinham com o conteúdo,

conforme foi sugerido pela pesquisadora à professora, esta pediu para que

elaborassem também uma tabela, relacionando o gosto pela Matemática e o

gênero.

Data 30/06/2010 Número de alunos presentes: 25

Quinta etapa: término Tempo de duração: duas aulas de 45 minutos

Todos os alunos trabalharam tranquilamente, discutiam e desenvolviam as

atividades. No entanto, quanto à questão da elaboração da tabela de dupla

entrada e sua representação gráfica, a pesquisadora precisou intervir, pois P3

não sabia como fazer. Ao final da aula, os alunos foram comunicados que a

professora titular das aulas voltaria na aula seguinte e terminaria o

desenvolvimento das tarefas com eles.

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201

Encontros com P3

1º encontro – 07/05/2010 (Coordenação / Direção), com o objetivo de encontrar

uma professora disposta a participar da pesquisa, neste dia, foi sugerido pela

coordenadora uma professora do período matutino, pois, segundo a mesma a

professora era organizada e responsável.

1º encontro – 17/05/2010 (P3), apresentação da THA, objetivos da pesquisa e do

questionário para caracterização da professora colaboradora. A professora

mostrou-se um pouco desinteressada, alegou que não daria tempo de terminar o

conteúdo programático para o bimestre. Neste momento, a coordenadora

precisou intervir dizendo que o trabalho seria interessante para o SARESP, e o

conteúdo seria apenas antecipado do 4º bimestre para o 2º bimestre. Deixei a

THA com a professora, para que se inteirasse do assunto e tomasse a decisão se

iria ou não colaborar. Nesse momento, ela cogitou em participar, mas só iniciaria

o trabalho no dia 28 de junho.

2º encontro – 21/05/2010 (P3), nesse dia, a professora já trouxe o inicio da THA

resolvida e informou que gostou muito e, provavelmente, daria início com os

alunos no dia 2 de junho, para tanto iria mudar o plano bimestral para colocar

Estatística no 2º bimestre. Vale ressaltar que P3, inicialmente, não sugeriu

nenhuma alteração para a THA, justificando ainda que os alunos provavelmente

não teriam dificuldades para resolver as tarefas, apesar da grande dificuldade que

vêm apresentando nas aulas de Matemática , pois estavam trabalhando com

gráficos em DAC (Desenvolvimento de Apoio Curricular), desde o inicio do ano

letivo.

Observações das aulas de P3 - Resolução da THA em sala de aula

Data 02/06/2010 Número de alunos presentes: 27

Primeira etapa: Atividade 1 Tempo de duração: uma aula de 50 minutos

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202

A sala de aula é bem ampla.

Apresentação da proposta aos alunos, apesar do barulho, o clima entre

professor/aluno foi amistoso. Nesta turma, desde o inicio P3 decidiu trabalhar em

grupo, diferente das outras duas professoras colaboradoras. Foi o primeiro

contato do pesquisador com os alunos.

Nesse dia, a sala tinha 31 alunos, mas apenas 27 trabalhavam, pois por motivo

de faltas anteriores quatro destes estavam realizando avaliação.

A professora entregou a folha de questões e pediu, que respondessem na própria

folha. Nesta turma, existe o hábito da discussão e interação entre os alunos.

Algo semelhante às aulas de P1 ocorreu também nesta turma, fato verificado por

esta pergunta: “É para pôr um x”, apesar dos alunos estarem em grupo, ficou

evidente que não liam.

No desenvolvimento da aula, a primeira impressão demonstrou que P3 era,

dedicada e muito responsável. Os alunos realizavam as tarefas da primeira etapa

sem maiores problemas, porém foi facilmente verificado que eram dependentes

um do outro, mas o grupo funcionava. No entanto, se faltasse alguém do grupo,

parecia que eles ficavam meio perdidos.

P3 foi de grupo em grupo, buscando intervir e verificar quem trabalhava, pois foi

acordado entre eles que a realização das tarefas seria parte da avaliação

bimestral.

Na tarefa 1, ocorreu também a interpretação errônea por parte da turma, como

apresentado pelos alunos de P1 e P2. Possíveis causas: muita informação.

O clima predominante foi de interesse, pois todos trabalhavam. Incrível os alunos

tinham o hábito de efetuar os cálculos até onde não havia necessidade.

Data 03/06/2010 Número de alunos presentes: 31

Primeira etapa Tempo de duração: duas aulas de 50 minutos

Ao completar a tabela, um dos grupos, sem se dar conta chegou à conclusão que

29% eram um tempo maior que 64%. “Grupo considerado bom pela P3”. “Um

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203

grupo solicitou P3 para explicar, como se calcula porcentagem”. Fator este que

seria desnecessário, segundo a mesma por considerar que os alunos não teriam

dificuldades com a regra de três.

Mesmo com a tabela começada, percebia-se que os alunos, em sua maioria, não

conseguiam aferir que a totalidade correspondia a 100%.

A calculadora era um instrumento utilizado para facilitar os cálculos, porém eles

não sabiam nem por onde começar para calcular porcentagem.

“Talvez para esta turma, o ideal seria totalizar a coluna de minutos”. Tendo em

vista que eles não conseguiam visualizar que uma hora só tem 60 minutos.

Apesar de todas as dificuldades apresentadas, verificamos que o clima dominante

na sala era de interesse e participação.

P3 mostrou um comportamento bem diferente de P1, pois não circulava muito

pelos grupos, apenas quando solicitada. “O que segundo Coll et al. (2008) é

caracterizado que P3, questiona, tira dúvidas, sempre perguntando, o que não

demonstra muita dependência, procura deixá-los mais soltos para que

descubram.”

Inicialmente, verificamos que o trabalho em grupo funcionava bem, aprendiam

mutuamente, eram colaborativos e participativos. Verificou-se também que os

alunos apresentavam problemas para determinar escalas e nomear os eixos dos

gráficos.

O grupo dos meninos estava bem atrasado, talvez pelo fato da professora deixá-

los muito à vontade, causasse um pouco de dispersão.

O conceito que o professor tinha desses alunos, sobre o pouco ou nenhum

conhecimento em relação ao tema era visível, e eles sabiam. No entanto,

contrariando o que ela pensava, três grupos avançavam bem nas atividades.

Ao passarmos observando os grupos trabalhando, inferimos que seria ideal que a

professora explicasse, como eles deveriam colocar as categorias nos eixos, pois

aparentemente todos tinham apresentado o mesmo erro.

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204

Data 04/06/2010 Número de alunos presentes: 30

Segunda etapa Tempo de duração: uma aula de 50 minutos

“O tempo é fator determinante, simplesmente é necessário tempo disponível para

a realização da aprendizagem significativa”.

Neste dia, verificamos que apesar da construção de gráficos já ter sido

trabalhada, os alunos demonstraram interpretação errônea sobre a nomeação dos

eixos, praticamente, todos os grupos construíram um tipo de gráfico que nunca foi

visto nem pela professora.

Alguns reclamaram que as tarefas eram longas, porém esta foi realizada nesta

aula. A professora tentando acalmá-los disse que: “É fácil, basta prestar atenção

e ler com calma”. A professora ainda comentou ao sair da sala: “Nossa! Todos

estão cometendo o mesmo erro, e este assunto já foi trabalhado nas aulas de

DAC”.

Data 11/06/2010 Número de alunos presentes: 15

Segunda etapa Tempo de duração: uma aula de 50 minutos

Nesse dia, não foi possível observar nada, pois a maioria dos alunos faltou por

causa do projeto Copa do Mundo.

Data 14/06/2010 Número de alunos presentes: 31

Segunda etapa Tempo de duração: duas aulas de 50 minutos

Nesse dia, P3 iniciou a aula com correção da primeira etapa. Correção

comentada.

O grupo composto por cinco meninos mal ouvia o que P3 falava, pois não parava

de falar para ouvir. A professora comentava os erros e o porquê desses erros.

P3 partia pela origem da palavra, e o comparativo quem era maior que quem, a

população ou a amostra, o que falaram mais que depressa que a população era

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205

maior, lógico, pois a amostra é uma pequena parte. Durante toda a correção, fazia

perguntas que induziam as respostas.

O maior enfoque durante a correção foi dado à elaboração das tabelas e ao

gráfico, tendo em vista a dificuldade apresentada pelo aluno.

“A importância do somatório é para confirmar a totalidade em porcentagem (%)

dos dados de pesquisa, e enfocar o fato da pesquisa ser realizada em 1 hora.”

Para esta turma, o item (e) referente à tarefa 3 desta etapa continou com a

concepção errada por parte da maioria, pois até mesmo P3 teve dificuldade para

fazer a interpretação dos dados, por mais que um aluno de determinado grupo

falasse que era a internet e justificasse. Nem a professora nem os outros alunos

prestavam muita atenção.

A professora reforçava o tempo dado que o gráfico era uma representação da

tabela, logo o mesmo deveria conter as mesmas informações.

Data 16/06/2010 Número de alunos presentes: 31

Segunda etapa Tempo de duração: uma aula de 50 minutos

Alunos dispostos em grupo.

A professora determinou que iria dispor de quatro aulas para o término da

segunda etapa.

Inicialmente, foi avisado sobre a importância do uso da folha de atividades, todas

as anotações deveriam ser feitas na própria folha.

A atividade 1 da segunda etapa parecia ter levantado algumas questões em

relação ao consumo de álcool, ao que tudo indicava, alguns alunos estavam

habituados a beber constantemente. Logo, veriicamos que realmente esta

situação fazia parte de seu cotidiano.

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206

Grupo 1: a tarefa de contagem foi dividida para agilizar o processo – “eu conto

masculino, e você conta feminino”. Os alunos demonstravam dificuldades para

enxergar as variáveis separadamente.

O direcionamento era importante, pois podemos observar que, nesta etapa, os

alunos cobravam muita atenção da professora. No entanto, esta mesmo vendo os

erros parecia não enxergar, o que nos levou a inferir que a disposição das tabelas

em Estatística era nova para ela também.

Inicialmente, os alunos montaram uma única tabela envolvendo todas as

variáveis, e a professora não se preocupou em corrigi-los no momento, deixou

que tentassem mesmo estando errados.

“Pude verificar que a elaboração de tabelas não é um hábito constante, tendo em

vista os erros apresentados”.

Apenas um grupo começou certo, analisando uma variável de cada vez e antes

de montar as tabelas fez a contagem separadamente.

Data 18/06/2010 Número de alunos presentes: 33

Segunda etapa Tempo de duração: uma aula de 50 minutos

A aula foi dedicada apenas à elaboração das tabelas. Neste momento, os alunos

demonstraram muitas dificuldades, segundo a professora, alguns grupos não

sabiam o que fazer com dados, ou seja, não sabiam nem como separá-los e

misturavam todos em uma única tabela.

Um grupo fez todas as tabelas com as mesmas informações, em todas

representavam a variável gênero.

Data 21/06/2010 Número de alunos presentes: 35

Segunda etapa Tempo de duração: duas aulas de 50 minutos

Nesse dia, a professora já iniciou a aula propondo metas quanto ao tempo de

realização de alguns itens. A professora tinha o material em uma caixa que levava

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para a aula: transferidor, régua, compasso e calculadora, diferente das outras,

esta já ia à sala com o material, assim como a aula devidamente preparada.

Apareceram dificuldades na construção dos gráficos, como por exemplo, quantos

graus têm uma circunferência; como encontrar cada grau correspondente a cada

porcentagem a ser representada. No entanto, para um determinado grupo o maior

problema foi a concentração, no que mais se atrasou.

Apesar das dificuldades, realizavam as tarefas, pareciam bem comprometidos. A

professora passava por todos os grupos disponibilizando ajuda, sempre

perguntando e indagando quanto às resoluções, mas não oferecia a resposta,

apenas direcionava.

Alguns alunos iniciaram a elaboração dos gráficos, utilizando a frequência

absoluta e outros, a relativa, fato inusitado nesta turma, pois nenhuma das outras

teve esta ideia. Realizaram o cálculo de graus, utilizando a frequência absoluta.

Data 23/06/2010 Número de alunos presentes: 26

Segunda etapa: continuidade Tempo de duração: uma aula de 50 minutos

Ao iniciar a aula, a professora pediu que os alunos agilizassem o processo e

aproveitassem a disponibilidade em grupo para dividir as tarefas.

As dificuldades apresentadas: “Eu não sei usar o transferidor inteiro, só a

metade”.

Erros frequentes, alguns alunos insistiam em construir o gráfico de setores sem

critérios de separação de ângulos, utilizando apenas régua graduada para dividir

o ângulo.

Apesar de estarem em grupo, pouco interagiam, neste dia, mas com a professora.

Data 28/06/2010 Número de alunos presentes: 23

Segunda etapa Tempo de duração: duas aulas de 50 minutos

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A aula seguiu tranquila, todos os alunos realizando as tarefas, surgiram dúvidas

apenas quanto à organização do rol.

Data 30/06/2010 Número de alunos presentes: 35

Segunda etapa Tempo de duração: três aulas de 50 minutos

Foi um dia atípico, pois a maioria dos professores estava fechando a média do

bimestre, sendo assim alegavam que já terminaram o conteúdo programático e

cederam duas aulas para P3 dar continuidade ao desenvolvimento da THA.

Nessa aula, P3 estipulou as metas, pois orientou os alunos sobre o ponto que

todos deveriam chegar na resolução das tarefas, comunicou aos alunos que pediu

aula aos colegas com o objetivo de fechar a tarefa 1 da primeira etapa, pois

estava preocupada com a ausência dos alunos, antes do início do recesso.

A resolução das tarefas segue, conforme o combinado os alunos encerram a

tarefa.

Data 05/07/2010 Número de alunos presentes: 26

Segunda etapa Tempo de duração: duas aulas de 50 minutos

Esse dia foi dedicado à correção e esclarecimento de dúvidas com relação à

tarefa. Verifiquei que para realizar a avaliação do desenvolvimento desta tarefa,

P3 pediu aos alunos uma autoavaliação, pois os componentes do grupo foram

chamados a sua mesa, e ela fazia algumas perguntas sobre sua participação e

quanto a nota na escala de 1 a 10 que eles mereciam.

Foi verificado que os alunos se autoavaliaram de forma critica, pois as notas

variaram de 5 a 8, justificando faltas e/ou conversas paralelas durante a

realização da tarefa. P3 justificou o atraso na realização da tarefa ao pouco

conhecimento dos alunos e à falta de prática do uso do material manipulativo.

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209

Nessa aula em conversa com a pesquisadora, P3 sugeriu que a tarefa fosse

dividida em duas partes separadamente, dividindo as variáveis quantitativas das

qualitativas.

Data 04/08/2010 Número de alunos presentes: 32

Terceira etapa Tempo de duração: uma aula de 50 minutos

Os alunos iniciaram as tarefas em grupo como o habitual, interagindo e

demonstrando muito interesse, porém ainda apresentavam muitas dúvidas. A

professora visitava os grupos, auxiliando-os quando necessário, porém sempre

tomando o cuidado em não lhes oferecer as respostas, apenas direcionando-os,

de tal forma que relembrassem as trajetórias realizadas para concretizar as

tarefas anteriores, em razão do tempo que ficaram em recesso, esqueceram

alguns detalhes das tarefas já realizadas.

Após verificar que as dúvidas estavam impedindo o bom andamento da aula,

chamei a professora de canto e a orientei quanto a necessidade de retomar

alguns conteúdos já vistos anteriormente com a finalidade de esclarecer as

dúvidas gerais, para o bom andamento das tarefas e evitar que esta se

deslocasse muito em razão de seu estado. A professora aceitou a sugestão,

salientando que na próxima aula iniciaria retomando alguns conteúdos.

Após as orientações gerais, foi possível verificar que a aula caminhou sem

maiores problemas. Vale ressaltar ainda que P3 salientou a necessidade dos

alunos agilizarem o desenvolvimento das tarefas e evitarem as conversas

paralelas, pois ela sairia de licença e gostaria de encerrar as tarefas da THA.

Data 06/08/2010 Número de alunos presentes: 32

Terceira etapa Tempo de duração: uma aula de 50 minutos

A professora iniciou as aulas fazendo uma revisão geral dos conteúdos vistos nas

tarefas anteriores. Após as orientações gerais, foi possível verificar que a aula

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caminhou sem maiores problemas. Vale ressaltar ainda que P3 salientou a

necessidade dos alunos agilizarem o desenvolvimento das tarefas e evitarem as

conversas paralelas, pois ela sairia de licença e gostaria de terminar o

desenvolvimento das tarefas da THA.

Data 09/08/2010 Número de alunos presentes: 32

Terceira etapa Tempo de duração: duas aulas de 50 minutos

Nessas aulas, os alunos concluíram esta etapa Durante seu desenvolvimento,

vinham mais à mesa da professora, pois ela estava em dias de ganhar bebê. Os

grupos questionavam quanto à representação do zero por cento. Diferente das

demais, P3 dava às instruções corretas para sua representação, em suma, ela ia

direcionando os alunos, porém, agora estes já estavam mais autoconfiantes e não

solicitavam tanto a professora, como inicialmente.

A etapa foi muito corrida, em razão do tempo estipulado pela professora, o que

nos levou a pressupor ter interferido negativamente quanto ao fato da

aprendizagem significativa. Outro fator que considerei ponto negativo foi a

socialização ser realizada sempre, após o término de todas as tarefas da THA.

Ao término da aula durante uma conversa, a professora ressaltava que os alunos

estavam mais autônomos, trabalhando mais individualmente e discutindo mais as

dúvidas entre eles.

Data 11/08/2010 Número de alunos presentes: 31

Terceira etapa Tempo de duração: uma aula de 50 minutos

A professora realizou a resolução comentada das tarefas com a finalidade de

socializar o conhecimento e esclarecer as dúvidas. Durante as aulas, verifiquei

que era hábito da professora corrigir todas as tarefas realizadas pelos alunos em

sala de aula. Vale ressaltar que também talvez seja habitual determinar tempo

para o término das tarefas de um modo geral.

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211

Ao verificar as tarefas, a professora comentava um erro comum no agrupamemto

dos dados e dava uma explicação mais detalhada. Então, realizava a organização

na lousa em ordem crescente em dias seguidos de meses e anos. Outro ponto de

dificuldades foi a representação do zero, que diferente das demais, ela sociabiliza

e ressalta a importância deste aparecer em sua representação, tanto gráfica como

nas tabelas.

A professora fazia um resumo de todos os pontos cruciais, nos quais os alunos

tiveram dúvidas durante a realização das tarefas e/ou após a análise que ela fazia

das tarefas entregues, sendo estas referentes à: média exemplificando com a

resolução correta, mediana tanto para amostra com números ímpares e pares de

dados e moda, intervalos e agrupamento por rol e ainda o diagrama de ramos e

folhas.

Dentre as dificuldades apresentadas pelos alunos, ressaltamos:

Construção das tabelas utilizando intervalos;

Representação do diagrama de ramos e folhas, quando os dados a serem

representados contemplavam números decimais; e

Construção do histograma com representação do zero por cento. Cálculo de

média, moda e mediana.

Nessa aula, a professora inicou a quarta etapa, entregou o material aos alunos,

ressaltando que a etapa era mais curta e, portanto, deveriam resolver em apenas

uma aula, pois não dispunha de muito tempo. No entanto, os alunos tiveram

tempo apenas de ler e se apropriar do que seria necessário para a realização das

tarefas contempladas. Nessa etapa, a resolução propriamente dita ficou para a

aula seguinte.

Data 13/08/2010 Número de alunos presentes: 32

Quarta etapa Tempo de duração: uma aula de 50 minutos

A aula iniciou-se com o término dessa etapa, na realização das tarefas, os alunos

não apresentaram muitas dúvidas ou quase nenhuma a não ser quanto à escolha

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212

das medidas média ou mediana que melhor representariam a amostra das idades

e dos salários apresentados nas tarefas, mas a professora fez a seguinte

observação, então, é conveniente dizer que a média salarial é 1.500 reais,

quando tenho mais pessoas recebendo 560 e apenas dois, recebendo 3.500

reais. A resposta foi unânime, não prô, então, com certeza, a mediana representa

melhor. Neste caso, para a idade também, pois, tenho só uma pessoa bem maior

que as outras.

A principal dificuldade desta turma foi redigir o texto, diferenciando média de

mediana. O fato deu-se, provavelmente, pela falta de hábito da justificativa dos

resultados encontrados para as tarefas, pois pressuponho que não faz parte do

cotidiano da maioria dos alunos. Podemos ressaltar que a realização da etapa foi

a mais tranquila e bem mais rápida.

Data 16/08/2010 Número de alunos presentes: 30

Quinta etapa Tempo de duração: duas aulas de 50 minutos

A professora iniciou a aula questionando quanto à elaboração do instrumento

para a coleta de dados quanto às questões que este deveria ter para

apresentação do perfil da turma. No entanto, vale ressaltar que foram induzidos a

selecionar questões que a professora achava apropriadas, contemplando apenas

as questões fechadas, pois não dispunha de muito tempo em razão de seu

estado.

A professora foi à lousa, após a seleção das questões e anotou os resultados em

uma tabela, apresentando os dados brutos, perguntando a cada um diretamente.

Esta parte da tarefa seguiu de forma muito descontraída, pois os alunos

demonstravam empolgação e interesse, por vezes, dando risada da idade ou do

gosto pela Matemática de cada um.

Ao finalizar as anotações, reforçava que não deviam esquecer que estavam se

apresentando para outros que não os conheciam, fazia necessário um cuidado

muito especial na elaboração das tabelas e dos gráficos, ou seja, estes devem

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213

conter informações cruciais, para quem os veja consiga descrevê-los com clareza

e precisão.

Diferente das demais, P3 orientava os alunos quanto à redação do texto

ressaltando que este deveria ser claro e para tomarem cuidado com a redação,

pois irão ler, esclarecendo que, para tanto, é interessante que calculem também a

média a moda e a mediana, pois facilitarão na hora da redação.

Data 18/08/2010 Número de alunos presentes: 32

Quinta etapa Tempo de duração: uma aula de 50 minutos

Nesse dia, a professora iniciou a aula situando os alunos que faltaram na anterior

quanto à tarefa que estava sendo desenvolvida e que deveriam se localizar nos

grupos e apropriar-se das tabelas; no entanto, ficariam de fora, pois não haveria

tempo para incluir seus dados na tabela.

Na concepção da professora, a etapa estava sendo muito tranquila, pois os

alunos estavam desenvolvendo praticamente sozinhos, de fato, ela quase não

precisava intervir, pois todos estavam demonstrando muito empenho e interesse

na realização das tarefas, representando os dados com muito cuidado nas tabelas

e gráficos.

Para sua realização, a única dúvida que surgiu foi quanto à questão envolvendo

cursos extracurriculares, ao verificar que alguns responderam que possuiam mais

de um curso, simplesmente ignoraram a informação e optaram por representar

apenas um erro corrigido imediatamente pela professora.

O dia foi diferente dos demais, assim que a professora verificou que as dúvidas

eram comuns, imediatamente, foi à lousa para socializar e orientar os alunos. O

fato deu-se, porque ela não teria tempo de dar a devolutiva das tarefas que

considerava de suma importância.

A aula seguiu tranquila até o final e, realmente, foi possível verificar que a turma

havia se tornado mais autônoma.

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214

Data 20/08/2010 Número de alunos presentes: 32

Quinta etapa Tempo de duração: uma aula de 50 minutos

A aula foi dedicada ao término da etapa e esclarecimento de pequenas dúvidas.

Foi o último dia de P3 com eles, demonstrando um clima muito amistoso, os

alunos dedicaram-se ao trabalho e, ao final, a professora informou que eles

deveriam realizar a sexta etapa com a professora responsável pela aula de DAC

de Matemática, o que não pareceu muito bom para os alunos que tiveram uma

reação negativa, alegando que ela não sabia explicar.

Mas, a professora disse-lhes que não precisavam se preocupar, pois a etapa

apenas contemplaria leitura e interpretação de gráficos e tabelas e a aplicação

das medidas: média, moda e mediana que, não precisavam se preocupar, pois

ela tinha certeza que eles iriam conseguir realizá-la com sucesso.

Vale ressaltar que, em razão dos protestos dos alunos, a professora acordou com

eles que pediria então, para que um professor eventual ficasse com eles na

próxima aula e desenvolvesse as tarefas da etapa.

Erros e dificuldades apresentadas pela visão da pesquisadora, enquanto realizava

as observações:

Foi possível verificar que os dois grupos trocaram a frequência relativa pela

absoluta, possivelmente, ainda tinham o conceito errado, mas ainda persistiam

em tratar as variáveis quantitativas continuas como discretas na hora de

representar o gráfico.

Outro fato preocupante foi quanto ao uso da calculadora, que apesar de ter sido

liberada pela professora, alguns não faziam uso ou usavam escondido, como se

fosse errado ou considerado crime.

Quanto à redação dos textos, estes ainda o faziam de forma tímida. Talvez seria

necessário um trabalho mais intenso neste ponto, pedindo que os alunos se

justifiquem mais por escrito, quando solucionam uma situação-problema, que

descrevam e expressem mais suas trajetórias na solução de uma tarefa.

Durante uma conversa com a professora, ela relatou-me os seguintes fatos:

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215

Os alunos gostaram muito do projeto, pois alegaram que aprenderam muito e o

quanto estavam se desenvolvendo, trabalhando em grupo, pediram até que os

demais professores deixassem que trabalhassem em grupo.

Ainda durante nossa conversa, ela disse que:

Confesso que, no começo, fiquei apreensiva para trabalhar com a THA, mas no

decorrer das aulas, isso mudou, pois gostei muito da experiência, tanto que para

o próximo ano procurarei trabalhar com este material e vou buscar os outros

relativos a outros conteúdos.

Data 23/08/2010 Número de alunos presentes: 22

Sexta etapa Tempo de duração: duas aulas de 50 minutos

Foi desenvolvida, conforme combinado com a professora pelo professor eventual,

os alunos permaneceram nos grupos que iniciaram as tarefas.

O professor entregou as instruções, assim como a professora também não fez

nenhuma leitura inicial com eles. Nesse dia, verificamos que mesmo sem a

presença da professora todos os presentes se dispuseram a resolver as tarefas,

assim como foi combinado com ela.

Durante as observações, percebi que estavam muito concentrados, pude verificar

que o conceito de média, moda e mediana ficou claro, para os que se propuseram

a participar das tarefas referentes à etapa, pois, pela primeira vez faltaram, muitos

alunos, talvez pelo fato da professora ter se afastado.

No entanto, os mais interessados apareceram e demonstraram muita facilidade

para resolver as questões envolvendo média, moda e mediana, assim como a

leitura dos gráficos mais simples, porém as questões envolvendo dados temporais

apresentaram mais dificuldades.

A turma mostrou muita dificuldade em relação à mobilização de conhecimentos

prévios, mas vale ressaltar que o interesse em aprender se fez presente em todas

as etapas da THA. Inferimos que o fato deu-se pelo incentivo recebido pela

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216

professora em todos os momentos e ainda pelo clima amistoso no ambiente de

sala de aula que sempre esteve presente.

A turma se fez presente o tempo todo, quase não faltava e apesar da socialização

do conteúdo ser realizada sempre ao final de cada tarefa, foi possível constatar

que gostaram muito da THA.

Segunda Versão da THA

Primeira etapa: Tarefas referentes à diferenciação entre amostragem e

população para coleta e validade dos dados de uma pesquisa.

A seguir, a situação foi elaborada com dados fictícios.

1. Em uma escola de periferia, estudam cerca de 1.800 alunos distribuídos

em três períodos, na qual foi realizada uma pesquisa com a finalidade de

prever o resultado da votação para a chapa do grêmio estudantil. Sabe-

se ainda que as chapas são compostas por alunos dos três períodos.

Com base nestas informações, responda:

c) De que modo poderíamos selecionar uma amostra, contendo 60

eleitores para determinar as intenções de voto?

d) Se os entrevistados forem apenas de um dos períodos, a pesquisa

terá validade? Justifique sua resposta.

2. A seguir, a tabela apresenta como os alunos de uma escola estão

distribuídos nos períodos de aula.

Período da Manhã Período da Tarde Período Noturno

800 alunos 600 alunos 400 alunos

Com base nos dados, responda:

a) Qual é a população?

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217

b) Durante uma disputa eleitoral para compor o grêmio estudantil, de que

modo pode ser selecionada uma amostra de 72 alunos para investigar

as intenções de voto, sabendo que haverá participantes dos três

períodos?

c) Os alunos decidem distribuir questionários para realizar a previsão das

intenções de votos da seguinte maneira: 32 para o período da manhã,

24 para o período da tarde e 16 para o período noturno. Está é uma boa

amostra? Justifique.

d) Se fossem distribuídos 24 questionários por período, a amostra teria

validade? Justifique.

3. Duas indústrias dispõem de cinco máquinas: A, B, C, D e E e lotes de

borracha diferentes para confecção de pneus. Uma montadora pretende

comprar pneus de uma das duas. Mas, exige que lhes enviem uma

amostra para teste. Com base nas exigências, Gustavo, funcionário da

empresa X, enviou 100 pneus retirados de uma única máquina; já

Roberto, que trabalha na indústria Y, pediu o prazo de uma semana para

selecionar as amostras das cinco máquinas e dos diferentes lotes de

borracha. Com base nas informações, responda:

a) Qual dos dois fez a melhor escolha? Justifique.

b) Quais as vantagens e desvantagens nas escolhas feitas por Roberto

e Gustavo?

c) Você poderia descrever outra solução para a retirada das amostras?

Qual?

4. (Adaptada do Projeto Escola e Cidadania Ed do Brasil 2000) Foram

entrevistadas 500 crianças de 8 a 13 anos nas cidades de São Paulo,

Porto Alegre, Recife e Belo Horizonte, cujo objetivo foi apurar como cada

criança gasta seu tempo quando utiliza o computador, fazendo trabalhos

escolares, navegando na internet, jogando, etc.

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218

Figura 33: Gráfico de distribuição de frequência das formas de tempo gasto na utilização do computador.

Com base na representação gráfica dos dados colhidos, responda:

a) Qual a população e a amostra desta pesquisa?

b) As crianças de 8 a13 anos que moram nessas capitais, utilizam muito ou

pouco a internet?

c) Se você fabricasse jogos de computador, investiria no mercado

consumidor formado por estas crianças? Por quê?

d) Segundo a pesquisa que porcentagem do tempo de utilização do

computador é destinada a trabalhos escolares?

e) Observe que, a cada 1 hora de uso do computador, 64%, que

correspondem a, aproximadamente, 38,4 minutos, são gastos jogando;

29% do tempo são gastos para realização de trabalhos escolares; 2%

com a internet e 5%, outros. Com base nestas informações, complete a

tabela de distribuição de frequência e represente os dados em um

gráfico de colunas.

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219

Tabela de distribuição de frequência quanto ao tempo gasto na utilização do computador

Categorias Tempo em

(min.)

Porcentagem

(%)

Jogos 38,4 64

Trabalhos escolares

Internet

Outros

Total 100

Segunda etapa: Tarefas envolvendo planilhas com dados brutos,

contendo variáveis estatísticas diversas: variáveis contínuas e discretas.

1. Ao verificar que alguns alunos tinham frequentemente apresentado

sintomas de embriaguez durante o período de aula, os alunos do 3º

ano do Ensino Médio realizaram uma pesquisa, envolvendo uma

amostra com 50 sujeitos da região. Com o objetivo de diagnosticar e

apresentar possíveis propostas de soluções ao problema relacionado

ao consumo de bebidas alcoólicas foi gerado o seguinte banco de

dados:

Gênero Idade Quantidade de pessoas

na residência

Grau de escolaridade

Idade que iniciaram a

consumo de álcool

Sensação ao consumir o

álcool

Motivos que o levaram a consumir

Masculino 22 6 EF II Completo 13 Euforia Amigos

Masculino 16 4 EM Incompleto 12 Euforia Diversão

Feminino 15 6 EF II Completo 12 Euforia Amigos

Masculino 15 8 EM Incompleto 14 Poder Amigos

Masculino 16 5 EM Incompleto 16 Euforia Diversão

Masculino 18 7 EF II Completo 14 Euforia Balada

Feminino 16 4 EF II Completo 12 Euforia Diversão

Masculino 32 6 EF II Incompleto 14 Euforia Amigos

Feminino 21 4 EM Completo 15 Euforia Balada

Masculino 27 3 EM Completo 21 Euforia Outros

Masculino 22 5 EM Incompleto 16 Euforia Diversão

Masculino 28 4 EF II Completo 14 Euforia Outros

Masculino 42 9 EF I Completo 14 Euforia Amigos

Masculino 22 4 EM Incompleto 14 Poder Amigos

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220

Masculino 17 8 EM Incompleto 15 Outros Diversão

Feminino 45 4 EM Completo 14 Euforia Curiosidade

Feminino 23 4 EM Completo 18 Euforia Diversão

Feminino 34 5 EM Incompleto 13 Euforia Amigos

Masculino 48 3 EM Incompleto 19 Euforia Outros

Masculino 18 4 EM Completo 13 Outros Balada

Masculino 29 3 EM Completo 17 Euforia Diversão

Masculino 17 3 EM Incompleto 14 Outros Amigos

Masculino 24 5 EF II Completo 16 Euforia Curiosidade

Masculino 39 6 EF I Completo 13 Desinibido Outros

Feminino 17 4 EM Incompleto 16 Euforia Balada

Feminino 20 2 EM Completo 14 Depressivo Balada

Feminino 38 5 EM Incompleto 15 Poder Outros

Masculino 16 3 EM Incompleto 14 Euforia Amigos

Masculino 21 4 EF II Completo 12 Euforia Amigos

Masculino 31 2 EM Completo 15 Euforia Diversão

Masculino 19 5 EM Incompleto 14 Outros Balada

Feminino 22 6 EF II Completo 15 Euforia Balada

Feminino 49 5 EF I Completo 14 Depressivo Outros

Feminino 23 4 EM Completo 18 Euforia Amigos

Masculino 16 3 EM Incompleto 14 Euforia Amigos

Masculino 18 6 EM Incompleto 17 Outros Curiosidade

Masculino 26 5 EF II Completo 13 Euforia Curiosidade

Masculino 48 4 EF II Incompleto 16 Desinibido Outros

Feminino 15 6 EM Incompleto 14 Euforia Amigos

Masculino 23 5 EM Completo 17 Euforia Amigos

Masculino 19 8 EF II Incompleto 13 Euforia Balada

Feminino 15 4 EM Incompleto 15 Outros Amigos

Feminino 16 6 EM Incompleto 16 Euforia Diversão

Feminino 37 3 ES 18 Euforia Diversão

Masculino 15 5 EF II Completo 12 Euforia Amigos

Masculino 33 4 ES 21 Euforia Balada

Feminino 36 5 EM Completo 14 Poder Outros

Feminino 16 7 EF II Incompleto 15 Euforia Balada

Masculino 35 8 EF I Completo 13 Euforia Amigos

Masculino 27 4 EF II Incompleto 14 Euforia Curiosidade

Total:

* EF I - Ensino Fundamental I

* EF II - Ensino Fundamental II

* EM - Ensino Médio

* ES - Ensino Superior

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221

Pautado nos dados apresentados, faça uma análise, utilizando uma coluna

de cada vez, ou seja, uma variável por vez:

1.1 Observe as colunas com variáveis qualitativas.

a) Organize uma tabela de distribuição de frequência para as variáveis

qualitativas (gênero, nível de escolaridade, quantidade de pessoas

por residência, sensação e motivo), contendo três colunas; a

primeira, continha a categoria; a segunda, o número de observação

(frequência absoluta) e a terceira, a taxa percentual (frequência

relativa);

b) Construa um gráfico circular ou de setores para cada variável

qualitativa. Se não lembrar, siga os passos a seguir:

Com o compasso, desenhe um círculo;

Calcule o número de graus correspondente a cada categoria

representada, como por exemplo, para M (masculino) e F

(feminino). Para tal, utilize a regra de três simples;

Com o transferidor, meça os ângulos correspondentes aos graus

encontrados.

c) Construa um gráfico de barras ou colunas para cada variável

qualitativa. Lembrando-se que: no eixo horizontal das abscissas

devem estar localizadas as categorias, como por exemplo, M

(masculino) e F (feminino); no eixo vertical das ordenadas, a

frequência relativa. Cuidado com a escala (utilize um centímetro

para cada 5 unidades)

d) Redija algumas linhas para explicar as variáveis baseadas nos

gráficos e tabelas construídas.

e) A partir da representação gráfica, você pode observar qual delas

representa melhor cada variável. No caso do grau de escolaridade,

que tipo de gráfico fica mais fácil a visualização?

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222

1.2 Organize os dados referentes às variáveis quantitativas contínuas:

idade e idade de iniciação do consumo de álcool, em ordem crescente

separadamente.

Com base nos dados apresentados, determine as medidas de

tendência central, ou seja, que descrevem a posição central dos dados

para cada uma das variáveis.

a. Média – Somatório de todas as idades, dividido pela quantidade de

entrevistados.

b. Moda – O valor que se repete com maior frequência.

c. Mediana – O valor que divide o conjunto de dados em duas partes

de mesmo tamanho (ou mesma quantidade de observações).

d. Quais são a idade mínima e a idade máxima dos dados

apresentados?

Uma boa maneira para determinar medidas de tendência central, valor

máximo e mínimo, é a representação de dados em um diagrama de

ramo e folhas. Portanto, vamos construir um.

Ao verificar que as idades variam de 15 a 49 anos, as dezenas

representam o ramo, e as unidades, as folhas. A vantagem em se

trabalhar com esta representação é não se perder nenhuma

informação, sendo possível saber exatamente quantos alunos têm 16

anos, o que não ocorre com a tabela de distribuição de frequência,

quando se trabalha com intervalo de classes.

1.3 Com base nas informações, continue o diagrama de ramo e folhas

relativo à idade do sujeito de pesquisa. Construa um para a idade com

que iniciaram o consumo de bebidas alcoólicas.

1 5 5 5 5 5 6 6

2

3

4

5

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223

a) Qual posição indica a mediana em cada diagrama? Lembre-se, este

valor encontra-se no meio dos dados.

b) Quantos alunos têm 16 anos? E 33 anos?

c) Qual a idade que mais aparece em cada diagrama, ou seja, a moda?

d) Elabore a tabela de distribuição de frequência para as duas variáveis

quantitativas discretas, agrupando a idade em classe de 5 anos.

Como por exemplo, de 15 a 20 anos, qual é a frequência? Neste

caso, é importante observar que 20 anos não entram na contagem,

pois fará parte da classe de 20 a 25 anos e, assim por diante.

e) Construa um histograma para representar os dados agrupados na

tabela de frequência. Este gráfico é formado por retângulos

congruentes “colados” uns aos outros. No eixo das abscissas,

escreva o intervalo das idades (base do retângulo) e, no eixo das

ordenadas, a frequência (altura do retângulo).

f) Redija algumas linhas explicativas, para as variáveis apresentadas

nos gráficos e tabelas.

g) Com base na situação apresentada, após a análise dos dados, o que

se pode concluir? O que pode ser feito para amenizar o problema?

h) Existe alguma relação entre o gênero e o grau de escolaridade?

Para tal análise, complete a tabela abaixo.

Tabela: Relação entre o grau de escolaridade e o gênero

Grau de escolaridade Masculino Feminino Total

Nº % Nº %

EF I Completo 3 9,4 0 0 9,4

EF I Incompleto

EF II Completo

EF II Incompleto

EM Completo

EM Incompleto

ES

Total

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224

i) Construa um gráfico de colunas, representando as informações da

tabela do item anterior.

j) Após a representação, faça uma análise da situação e redija um

texto de três linhas, no máximo, explicando se existe relação entre

as variáveis.

2. A seguir, a planilha apresentada descreve alguns dados relativos ao

perfil de alguns alunos de um 7º ano do ensino fundamental, recolhidos

durante a aula de Matemática. Com base nestes dados, vamos estudar

alguns conceitos relativos ao tratamento e à organização dos dados.

Nome do Aluno

Gênero Idade

(em anos)

Quantidade de pessoas

por residência

Gosto pela Matemática

Horas de estudo

extra classe

Esporte Preferido

Airton M 12 9 Muito 3 Futebol

Alessandro M 13 4 Regular 1 Vôlei

Aline F 12 6 Pouco 0,5 Basquete

André M 14 3 Pouco 1,5 Natação

Bruno M 12 2 Muito 4 Futebol

Daniel M 14 4 Regular 2 Basquete

Diego M 15 6 Pouco 0,5 Futebol

Eduardo M 13 2 Não 0 Futebol

Erick M 12 9 Não 0,5 Basquete

Fabiana F 12 8 Regular 1 Futebol

Gabriel M 11 3 Pouco 2 Vôlei

Gabriela F 13 2 Regular 1 Natação

Grazielle F 12 2 Regular 0,5 Vôlei

Guilherme M 14 4 Pouco 2 Vôlei

Henrique M 15 6 Muito 4 Futebol

Jaqueline F 12 5 Pouco 1,5 Futebol

Jéferson M 11 6 Não 0 Natação

John M 14 8 Não 0 Futebol

Jonatas M 13 4 Pouco 1 Vôlei

Jucivania F 12 2 Muito 3 Futebol

Kauê M 12 2 Não 0,5 Natação

Luana F 12 4 Muito 4 Vôlei

Lucélia F 13 5 Pouco 1 Vôlei

Luiz M 12 5 Muito 3 Basquete

Maria F 13 9 Não 0 Vôlei

Mayara F 12 4 Regular 1,5 Natação

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225

Mike M 12 3 Regular 2,5 Natação

Natália F 13 5 Pouco 0,5 Futebol

Pedro M 14 6 Muito 3,5 Futebol

Raisa F 12 3 Regular 1,5 Vôlei

Roger M 12 5 Não 0 Futebol

Tatiane F 13 4 Não 0 Natação

Vinícius M 12 6 Muito 2 Vôlei

2.1. Realize agora uma análise unidimensional, ou seja, estude uma

coluna de cada vez para cada opção da variável observada. Anote o

número de vezes que cada opção aparece.

a) Na coluna da variável “gosto pela Matemática”, quantas vezes

aparece a opção muito? E a regular? Cada opção está associada a

um valor, que recebe o nome de distribuição de frequências.

b) Quantas vezes podemos observar o “M”? E o “F”?

c) Elabore uma tabela de distribuição de frequência para cada uma

das variáveis observadas na tabela.

d) Construa um gráfico de setores ou de colunas para as seguintes

variáveis: gênero, quantidade de pessoas por residência, gosto

pela Matemática e esporte preferido.

e) Construa um histograma para a variável idade e tempo gasto com

estudos extraclasse. Este tipo de variável é contínua, pois seu

valor pode assumir qualquer valor dentro de um intervalo real.

f) Para as variáveis, idade e hora de estudo extraclasse, organize os

dados em ordem crescente, construa o diagrama de ramos e

folhas e determine a mediana e a moda.

g) Em média, são gastas quantas horas por dia com estudos

extraclasse?

h) Qual é a idade média destes alunos?

i) Como você classifica o gosto desta turma pela disciplina de

Matemática? Existe alguma relação entre o gosto pela Matemática

e o gênero? Para tal análise, complete a tabela abaixo.

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226

Tabela 3. Tabela: Relação entre o gosto pela Matemática e o Gênero

Gosto pela Matemática Masculino Feminino Total

Nº % Nº %

Não 6 30 2 20 50

Pouco

Regular

Muito

Total

j) Construa um gráfico de colunas representando as informações da

tabela do item anterior.

k) Após a representação, faça uma análise da situação e redija um

texto de três linhas, no mínimo, no qual esteja descrito o perfil dos

alunos desta turma.

Terceira etapa: Tarefas envolvendo amostras para o cálculo de medidas

de tendência central e escolha de instrumentos adequados para sua

representação.

1. (Situação adaptada Novaes, Coutinho – 2008): Uma pesquisa

realizada com uma amostra do diâmetro de 60 eixos produzidos por

uma máquina, que tinha por objetivo verificar a variabilidade existente

apresentou os seguintes resultados:

83,2 81,5 83 82,4 85,2 80,7 80,2 83,5 82,8 83

93,1 84 83,7 84,1 85,8 84 84,5 83,9 83,2 84,1

82,7 95,9 82,8 83,4 84 80,2 81,1 82,9 83,5 82,5

82,3 82,4 82,1 83,1 82,5 83,4 85,7 85,6 81,9 82,6

84,1 84,4 83,6 83 85 82 84,1 83,9 83,4 82,5

81,1 82,3 84,7 81,3 82,4 82,9 82,8 82,3 82,4 82,1

a. Agrupe os dados em uma tabela de frequência.

b. Construa o diagrama de ramos e folhas.

c. A partir do diagrama, determine a média, a mediana, a moda, as

medidas mínima e máxima.

d. Construa o histograma.

e. Redija algumas linhas explicando a distribuição representada.

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227

2. Todos os dias, em uma Unidade de Saúde são registradas, as idades

das pessoas que recebem atendimento, com a finalidade de propor

melhorias, tendo em vista que idades diferentes requerem tratamento

diferenciado. Vamos supor que em um determinado dia da semana

deram entrada nessa unidade de Saúde 56 pessoas, cujas referidas

idades estão dispostas a seguir:

2 meses 23 dias 3 anos 35 anos 1 ano 23 anos 20 anos

23 anos 48 anos 5 anos 37 anos 2 ano 38 anos 27 anos

22 dias 24 anos 2 anos 7 anos 6 meses 71 anos 47 anos

35 anos 13 anos 2 meses 6 meses 7 anos 8 anos 5 meses

45 anos 24 dias 34 anos 8 anos 4 meses 73anos 9 meses

77 anos 12 anos 17 anos 5 anos 7 meses 23 anos 4 anos

28 dias 13 dias 23 anos 4 anos 2 meses 56 anos 9 anos

3 meses 68 anos 39 anos 30 anos 10 anos 9 meses 36 anos

a) Do jeito que os dados estão dispostos, fica difícil relatar a

incidência das idades. Com base neste fato, organize estes dados

da maneira que sua leitura seja mais fácil;

b) Construa uma tabela de frequências;

c) Qual a idade mínima e a idade máxima dos pacientes que foram

atendidos neste dia?

d) Qual é a moda (idade que mais aparece)?

e) A idade é que tipo de variável?

g) Qual é o gráfico que melhor representa essa variável? Construa.

Quarta etapa: Tarefas envolvendo cálculo de medidas de tendência

central e decisão de escolha da medida que melhor representa os dados

apresentados.

1. (Situação adaptada Carzola, Santana – 2006) Calcular a altura média

e mediana de um grupo de alunos, cujas alturas estão definidas

abaixo.

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Joana 149cm.

Bruna 140cm.

José 155cm.

Ana 160cm.

João 148cm.

Beatriz 153cm.

a) Ordene os dados em ordem crescente;

b) Calcule a média das estaturas; e

c) Qual o valor da mediana?

d) Este é Pedro, ele possui 175 cm de altura. Suponha que ele faça

parte do grupo, no lugar da Beatriz. Agora

determine a média e a mediana, utilizando esta

informação. Qual medida representou a melhor

altura do grupo?

2. Em um escritório de advocacia, trabalham 10 funcionários, cujos

salários estão informados a seguir:

Maria / Paula /Jacinto – R$ 560,00 João – R$ 850,00

Pedro / Joaquim – R$ 1.235,00 Mariana – R$ 656,00

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Luiz / Pedro – R$ 3.875,00

a) Ordene os dados;

b) Determine a moda, a média e a mediana; e

c) Com base nos dados, quem representa melhor os salários dos

funcionários dessa empresa, a média ou a mediana? Justifique.

Quinta etapa: Tarefas envolvendo a participação dos alunos em todas as

etapas de uma pesquisa estatística.

Parte 1

Elabore o instrumento para coleta dos dados:

Com a participação dos alunos, elabore questões para apresentação do

perfil da turma da sala (em média 6 questões), selecionando as questões de

modo que contenham variáveis qualitativas e quantitativas contínuas e discretas.

Parte 2

a) Organize os dados em tabelas de distribuição de freqências;

b) Represente graficamente os dados; e

c) Redija um texto descrevendo as características de sua turma, de

acordo com os dados observados.

Sexta etapa: Tarefas envolvendo a resolução de situações-problema

retiradas de fatos ligados à realidade, envolvendo a leitura de gráficos de

séries temporais.

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Leia o texto abaixo:

Foi publicado no portal de notícias da Globo.com que o Índice Nacional

de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado "inflação oficial" do País,

registrou variação de 0,01% em julho, segundo a informação do Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado é praticamente igual ao de junho, quando o IPCA não

registrou variação. Em julho do ano passado, o índice havia sido de 0,24%. O

IPCA é usado, como referência pelo Banco Central para estabelecer metas de

variação de preços no País.

No ano, o índice acumula alta de 3,10%, acima dos 2,81% referente ao

mesmo período do ano passado. Nos últimos 12 meses, o IPCA ficou em 4,60%,

abaixo do acumulado nos 12 meses anteriores (4,84%), segundo o IBGE.

1. Destacando que esta variação é mensal com base no texto, foi

elaborado o gráfico a seguir:

Figura 34: Evolução do IPCA nos últimos 12 meses (Foto: Editoria de Arte/G1) Fonte: http://g1.globo.com/economia-e-negocios/noticia/2010/08/inflacao-oficial-varia-001-em-julho-diz-

ibge.html

Com base nas informações, responda à questão 1:

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De agosto a dezembro de 2009, em que mês o índice foi mais alto?

a) Em que mês, no primeiro semestre de 2010, houve o menor índice?

b) Qual foi o índice alcançado em fevereiro de 2010?

c) É possível obter, a partir do gráfico, a informação contida no texto: “No

ano, o índice acumula alta de 3,10%”? Em caso afirmativo, como?

d) Qual foi o índice acumulado de agosto a dezembro de 2009?

2. O gráfico de linhas indica as variações percentuais do índice de custo de

vida dos primeiros 4 meses de 2010 de três itens (alimentação,

habitação, saúde) escolhidos para pesquisa.

Figura 35: Gráfico do índice do custo de vida. Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html

Façam uma análise do gráfico e respondam:

a) Que item foi o “vilão” do aumento do custo de vida no mês de janeiro?

b) A afirmação “Por 2 meses consecutivos, observa-se queda do custo de

vida no item Habitação” está correta?

c) Em que mês, a população brasileira teve de gastar mais dinheiro para

“colocar comida na mesa”?

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3. O gráfico mostra os percentuais do investimento público na Educação

Infantil, no Ensino Fundamental Final e no Ensino Médio, no período de

2005 a 2007.

Figura 36: Gráfico investimento público na Educação. Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html

Com base nas informações contidas no gráfico, responda:

a) Qual o percentual do investimento nos três níveis de ensino em 2005?

b) De 2005 a 2007, que percentual foi investido no Ensino Fundamental

Final?

c) Em que ano, o investimento foi maior?

4. Neste gráfico de barras, está representada a evolução da população

residente em Portugal ao longo dos anos, segundo os dados estatísticos

obtidos nos recenseamentos.

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Figura 37: Gráfico da evolução da população residente em Portugal. Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2003/icm24/probexerc.htm

a) Qual o valor aproximado da população residente em Portugal no ano de

1989?

b) Qual ou quais o(s) ano(s) em que a população residente em Portugal foi

igual a 10 milhões?

c) A partir de que ano, os portugueses residentes passam a ser mais de 10

milhões?

Sétima etapa: Aplicar os conceitos aprendidos nas atividades anteriores

na resolução de questões que aparecem em avaliações externas do

SARESP e do ENEM.

1. (ENEM, 2009) Cinco equipes A, B, C, D e E disputaram uma prova de

gincana na qual as pontuações recebidas podiam ser 0, 1, 2 ou 3. A

média das cinco equipes foi de 2 pontos.

As notas das equipes foram colocadas no gráfico a seguir, entretanto,

esqueceram de representar as notas da equipe E.

Mesmo sem aparecer as notas

das equipes D e E, pode-se

concluir que os valores da

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moda e da mediana são,

respectivamente:

a) 1,5 e 2,0.

b) 2,0 e 1,5.

c) 2,0 e 2,0.

d) 2,0 e 3,0.

e) 3,0 e 2,0.

2. (ENEM, 2008) Considere que as médias finais dos alunos de um

curso foram representadas no gráfico a seguir. Sabendo que a média

para a aprovação nesse curso era maior ou igual a 6,0, qual foi a

porcentagem de alunos aprovados?

Gráfico para as questões 3 e 4.

a) 18%.

b) 21%.

c) 36%.

d) 50%.

e) 72%.

(ENEM, 2008) No gráfico a seguir, estão especificados a produção

brasileira de café, em toneladas; a área plantada, em hectares (ha); e o

rendimento médio do plantio, em kg/h, no período de 2001 a 2008.

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3. A análise dos dados mostrados no gráfico revela que:

a) A produção em 2003 foi superior a 2.100.000 toneladas de grãos.

b) A produção brasileira foi crescente ao longo de todo período

observado.

c) A área plantada decresceu a cada ano no período de 2001 a 2008.

d) Os aumentos na produção correspondem a aumentos no rendimento

médio do plantio.

e) A área plantada em 2007 foi maior que a de 2001.

4. Se a tendência de rendimento observado no gráfico, no período de 2001

a 2008, for mantida nos próximos anos, então, o rendimento médio do

plantio do café, em 2012, será aproximadamente de:

a) 500 kg/h

b) 750 kg/h

c) 850 kg/h

d) 950 kg/h

e) 1250 kg/h

Texto utilizado para as questões 5 e 6.

(ENEM, 2006) Nos últimos anos, ocorreu redução gradativa da taxa de

crescimento populacional em quase todos os continentes. A seguir, são

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apresentados dados relativos aos países mais populosos em 2000 e

também as projeções para 2050.

5. Com base nas informações acima, é correto afirmar que, no período de

2000 a 2050:

a) A taxa de crescimento populacional da China será negativa.

b) A população do Brasil duplicará.

c) A taxa de crescimento da população da Indonésia será menor que a

dos EUA.

d) A população do Paquistão crescerá mais de 100%.

e) A China será o país com maior taxa de crescimento populacional do

mundo.

6. Com base nas informações dos gráficos mostrados, suponha que, no

período 2050-2100, a taxa de crescimento populacional da Índia seja a

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mesma projetada para o período 2000-2050. Sendo assim, no início do

século XXII, a população da Índia, em bilhões de habitantes, será:

a) Inferior a 2,0.

b) Superior a 2,0 e inferior a 2,1.

c) Superior a 2,1 e inferior a 2,2.

d) Superior a 2,2 e inferior a 2,3.

e) Superior a 2,3.

7. (ENEM, 2006) Uma cooperativa de radiotáxis tem como meta atender,

em no máximo 15 minutos, a pelo menos 95% das chamadas que

recebe. O controle dessa meta é feito ininterruptamente por um

funcionário que utiliza um equipamento de rádio para monitoramento. A

cada 100 chamadas, ele registra o número acumulado de chamadas que

não foram atendidas em 15 minutos. Ao final de um dia, a cooperativa

apresentou o seguinte desempenho:

Total acumulado de chamadas 100 200 300 400 482

Número acumulado de camadas não atendidas 6 11 17 21 24

Esse desempenho mostra que, nesse dia, a meta estabelecida foi

atingida:

a) Nas primeiras 100 chamadas.

b) Nas primeiras 200 chamadas.

c) Nas primeiras 300 chamadas.

d) Nas primeiras 400 chamadas.

e) No final do dia.

8. (SARESP, 2007) Numa determinada cidade, pesquisou-se durante um

ano a ocorrência do número de casos de certa doença, encontrando-se

os dados apresentados no gráfico abaixo.

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É verdade que:

a) O total de casos registrados no 2ºsemestre foi de 4.000.

b) A maior variação entre dois meses consecutivos ocorreu de agosto e

setembro.

c) No último trimestre, o número de casos registrados foi de 2.500.

d) Os períodos de crescimento e os períodos de decrescimento do

número de casos registrados foram sempre crescentes.

9. (SARESP, 2007) Os vendedores de uma grande loja de

eletrodomésticos venderam, no segundo bimestre de 2007, uma

quantidade de geladeiras especificada na tabela ao lado.

Nessa loja, a venda bimestral

por vendedor foi, em média, de:

a) 12 geladeiras.

b) 10 geladeiras.

c) 8 geladeiras.

d) 6 geladeiras.

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10. (SARESP, 2007) Num determinado dia do mês de setembro, o Centro

de Gerenciamento de Emergência da Prefeitura de São Paulo registrou

umidade do ar nas quatro regiões da capital.

O índice médio da umidade do ar nesse dia foi de:

a) 20%.

b) 19%.

c) 18%.

d) 17%.

11. (SARESP, 2007) Na tabela seguinte, foram registradas as qualidades

de livros vendidos por uma livraria nos três primeiros meses deste ano,

e também os livros vendidos na primeira quinzena de abril.

Para que a média de livros vendidos nos três primeiros meses seja

mantida durante o mês de abril, quantos livros ainda precisam ser

vendidos na 2ª quinzena deste mês?

a) 110.

b) 170.

c) 210.

d) 250.