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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A EDUCAÇÃO DO CONSUMIDOR PARA UM MELHOR
APROVEITAMENTO DOS SEUS DIREITOS E EXERCÍCIO DA
SUA CIDADANIA
Por: Gleiciane Janaina de Almeida Nonato Fusco
Orientador
Prof. Sérgio Ribeiro silva
Rio de Janeiro
2005
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A EDUCAÇÃO DO CONSUMIDOR PARA UM MELHOR
APROVEITAMENTO DOS SEUS DIREITOS E EXERCÍCIO DA
SUA CIDADANIA
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como condição prévia para a
conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”
em Direito do Consumidor
3
AGRADECIMENTOS
Ao meu filho Angelo, que foi minha
fonte de inspiração, ao meu esposo
Jaime que me incentivou durante todo
o curso e a minha querida amiga Rita,
que muito me ajudou.
4
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Nilson e Oneide por terem
acreditado sempre nos meus sonhos.
5
RESUMO
O tema “Educação para o Consumo”, há que ser analisado sob dois
ângulos: a educação, que é uma garantia constitucional de todos os brasileiros;
e o consumo, que é um contexto que envolve toda a sociedade.
No que diz respeito à educação devemos ter uma idéia mais abrangente,
visto que este direito se estende a todos os brasileiros, e não só àqueles que
estão freqüentando as salas de aula, logo deve apresentar-se, como um
método de inserção dos indivíduos na sociedade, estimulando inclusive, o
exercício da cidadania.
Já no que tange ao consumo, existe o Código de Defesa do
Consumidor, que é uma lei que deu certo, pois veio proteger uma parcela mais
vulnerável da sociedade que até então estava ao alvedrio dos fornecedores,
porém apenas a lei não basta, é preciso educar o consumidor, até para que ele
possa ter consciência dos seus direitos.
A educação para o consumo, já existe em algumas cidades do Brasil,
através de vários projetos implantados pelos órgãos de defesa do consumidor,
porém, ainda há um longo caminho a ser percorrido, haja vista, a enorme
massa de consumidores brasileiros que são expostos diariamente as mais
diversas práticas comerciais, muitas das vezes sem nenhum tipo de orientação
sobre seus direitos e deveres.
Como vivemos a era do consumismo, os órgãos de defesa do
consumidor e principalmente o Estado, deveriam atuar mais ativamente, no
intuito de educar os consumidores através de campanhas como as que já estão
em andamento, de cartilhas, de programas de rádio e televisão e também nas
escolas, porém, de uma maneira mais abrangente, para que todos os cidadãos
pudessem ter acesso a esse benefício, visando a formação de consumidores
mais críticos, mais informados e mais responsáveis.
6
METODOLOGIA
A presente pesquisa baseia-se primeiramente na leitura dos diversos
artigos da Constituição Federal de 1988, que tratavam sobre o tema proposto,
bem como de vários livros de Direito Constitucional e Direito do Consumidor,
além obviamente, das leis pertinentes ao assunto como a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação e o Código de Defesa do Consumidor.
Outro importante instrumento de pesquisa, foram os sites de órgãos de
defesa do consumidor como o os do Procon, Idec, Inmetro e Ipem, e também
sites jurídicos.
Com base nesse material, foi realizada a presente pesquisa que trata da
importância a educação do consumidor para o exercício da cidadania,
buscando relacionar a nossa lei de defesa do consumidor, aos princípios
constitucionais garantidores dos direitos sociais, basicamente o direito à
educação.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I 10
A Educação no Ambiente Constitucional 10
CAPÍTULO II 21
O Consumidor e o Fornecedor no Direito Brasileiro 21
CAPÍTULO III 28
O Consumismo e o seu Reflexo na Sociedade 28
CAPÍTULO IV 34 Alguns Projetos sobre Educação Para o Consumo 34 CAPÍTULO V 42 A Importância da Atuação do Estado na Formação e Defesa dos Consumidores 42 CONCLUSÃO 51
BIBLIOGRAFIA 54
ÍNDICE 57
FOLHA DE AVALIAÇÃO 59
8
INTRODUÇÃO
A educação é uma garantia prevista em todas as constituições já
existentes no Brasil, desde a Constituição Monárquica. Entretanto, com o
advento da Constituição da República de 1988, uma nova era de garantias de
direitos sociais foi inaugurada, dando maior ênfase à matéria educacional.
Mister se faz destacar que quando falamos em educação, devemos ter uma
idéia mais ampla, não nos prendendo apenas à educação nos bancos
escolares, e sim uma forma de educação que contemple a toda a sociedade,
visto que esta é a previsão constitucional.
Em todo o mundo experimentamos um fenômeno que podemos chamar
de consumismo, que desde a década de 60 vem crescendo vertiginosamente.
Para amparar a sociedade consumidora, se fez necessário a criação de leis
que protegessem o consumidor. No Brasil, a lei 8.078 promulgada em 11 de
setembro de 1990, que veio após a Constituição Federal prever que o estado
promoveria a defesa do consumidor, foi um marco. Com a criação do Código
de Defesa do Consumidor, os cidadãos brasileiros passaram a ter garantias
que até então não existiam, tornando assim as relações de consumo mais
justas e menos discrepantes.
Embora seja uma das leis mais modernas em termos de direitos do
consumidor e que tenha tido grande notoriedade, a lei 8.078/90, ainda precisa
ser mais divulgada afim de que os consumidores possam exercer seu papel de
cidadãos, tendo mais noção dos seus direitos, dos seus deveres além de
apresentarem uma visão mais crítica frente as relações de consumo.
Como os consumidores estão expostos a todo o momento a influência
da mídia, e em nosso país a televisão seja uma grande formadora de opinião,
influenciando sobremaneira a família, sobretudo as crianças e jovens, faz-se
necessário uma política que combata tal influência, informando e educando os
cidadãos para que os mesmos tornem-se menos vulneráveis.
9
Destarte, é neste contexto, que está inserida a necessidade da criação
de projetos envolvendo a “educação para o consumo”. Haja vista, estarem os
consumidores na maioria das vezes em desvantagem em relação aos
fornecedores, devido à sua vulnerabilidade e em alguns casos à sua
hipossuficiência.
Conforme veremos no decorrer desse trabalho de pesquisa, existem em
todo o país, diversos órgãos como o Idec, o Ipem, o Inmetro, os Procons, entre
outros, que vêm desenvolvendo projetos muitas vezes em parceria com
agentes públicos, ou Organizações Não Governamentais, visando a formação
de agentes multiplicadores em educação para o consumo, ou campanhas
educativas veiculadas na mídia ou com atuação nas escolas, formulação de
cartilhas e livros educativos, dentre outros métodos, todos com o intuito de
educar os consumidores e estimulando exercício da cidadania.
Também será destacada a importância da atuação do Estado, na
criação de leis que regulam tanto a educação, quanto a proteção do
consumidor, enfocando, sobretudo, a necessidade da concretização das
garantias dadas pelo Estado para que os consumidores possam desfrutar dos
seus direitos.
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CAPÍTULO I
A EDUCAÇÃO NO AMBIENTE CONSTITUCIONAL
1.1 - Previsão Constitucional da Educação
A política educacional adotada no Brasil, que fora implementada com a
Constituição da República de 1988, está vinculada a inúmeros tratados
internacionais, anteriores, contemporâneos e posteriores a ela.
Através de diferentes artigos, localizados em todo texto legal, a
Constituição da República de 1988 estabelece o regime jurídico da educação,
convertendo-a em direito público subjetivo, dando aos brasileiros o direito de
requerer do Estado a prestação educacional, sob pena de ser responsabilizada
a autoridade competente para oferece-la. Destacando-se que o Direito
Educacional não se limita à simples exposição da legislação do ensino, embora
as determinações constitucionais nem sempre sejam cumpridas.
Embora o Capítulo II, do Título II da Constituição da República de 1988
trate dos Direitos e garantias Fundamentais, poucos desses direitos estão
sendo praticados ou mesmo regulamentados, quando assim o exigem. No
tocante ao Direito do Consumidor a previsão legal também encontra-se na
Constituição Brasileira de 88, porém nos artigos 5º, inciso XXXII, 24, inciso V,
170, inciso V e artigo 48 do ADCT, sendo que neste último, foi fixado um prazo
de 120 (cento e vinte) dias, para elaboração do Código de Defesa do
Consumidor.
Em se tratando dos elementos das políticas sociais, os cidadãos
esperam que os direitos sociais gozem de respeito e superioridade, haja vista,
serem estes previstos constitucionalmente, e por ter sido a Constituição da
11
República de 1988 um marco na história do Brasil, no que diz respeito
principalmente aos direitos e garantais do cidadão.
1.2 – A Constituição Federal e a Política Educacional
Desde a primeira Constituição brasileira, a Constituição monárquica de
1824, a educação surge como o fundamento da política social, que somente no
século XX alcançou maior abrangência. Com relação à política educacional, a
Constituição Federal de 1988, concede amplos direitos, confirmando e
ampliando o interesse social pela educação.
A Constituição determina a vida social, política e jurídica do Brasil. Ao
ordenar a sociedade e o estado, a Constituição também dispõe sobre a
educação e a forma de concretiza-la.
Assim, quando se buscam as bases do Direito Educacional, as mesmas
devem estar inseridas na Constituição, nos princípios abrangentes, capazes de
multiplicarem-se em vários direitos, garantias e deveres.
Neste caso, é necessário considerar o artigo 3º da Constituição Federal de 1988:
Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e
solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a
pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
A presença da educação na Constituição Federal deve ser vista sob a
ótica dos objetivos expostos no artigo 3º, dos quais ela não deve estar
afastada.
12
Os princípios básicos, inseridos no artigo 3º da Constituição, devem
atuar na teoria e na prática educacionais provenientes do Capítulo III, que trata
Da educação, Da Cultura e Do Desporto”, no Título VIII (Da Ordem Social),
juntamente com outros “preceitos” distribuídos pela Constituição.
Em contrapartida os direitos e garantias fundamentais elencados no
título II, da Constituição da República de 1988, também representam princípios
básicos a serem obedecidos na teoria e na prática educacionais, contidas no
Capítulo III, do Título VIII. Estes direitos do cidadão só se realizam quando
amparados nas garantias constitucionais.
As declarações são os principais direitos do homem atual e as garantias
fundamentais representam os instrumentos necessários à concretização deles.
A Constituição Brasileira protege a vida, a liberdade, a segurança e a
propriedade de todos que estejam a ela subordinados. Portanto, se incluem
nessa ordem constitucional os direitos educacionais especialmente do aluno,
do professor, da escola e da família.
Tais direitos e garantias fundamentais já estavam presentes na
Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Organização das
Nações Unidas desde 1948, da qual o Brasil é signatário. O que comprova que
antes mesmo da Constituição de 1988, o Brasil reconhece o que está escrito
na Declaração da ONU, sobre os direitos à educação. Vejamos o que diz o
artigo 26:
Artigo 26. - 1. Toda pessoa tem direito à educação. A educação
deve ser gratuita, ao menos na instrução elementar e
fundamental. A instrução elementar será obrigatória. A instrução
técnica e profissional haverá de ser generalizada; o acesso aos
estudos superiores será igual para todos, em função dos méritos
respectivos. 2. A educação terá por objeto o pleno
13
desenvolvimento da personalidade humana e o fortalecimento do
respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais;
favorecerá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas
as nações e todos os grupos étnicos ou religiosos; e promoverá o
desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a
manutenção da paz. 3. Os pais terão direito preferencial para
escolher o tipo de educação que se dará a seus filhos.
Percebe-se então, que a Declaração Universal dos Direitos Humanos da
ONU, serviu de inspiração para a Constituição Brasileira de 1988, que juntou
àqueles preceitos as exigências da sociedade brasileira. Relativamente à
educação, o Brasil submete-se a pactos internacionais, firmados por ele, como
por exemplo só na década de 1990: a Conferência Internacional de Educação
para Todos, Jomtien, Tailândia,1990; a Declaração de Nova Delhi, Índia, 1993;
a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, Cairo, Egito,
1994; a Cúpula Mundial de Desenvolvimento Social, Copenhague, Dinamarca,
1995; a 4ª Conferência sobre a Mulher, Beijing, China, 1995; a Afirmação de
Aman, Jordânia, 1996; a 45ª Conferência Internacional da Unesco, Genebra,
Suíça, 1996 e a Declaração de Hamburgo, Alemanha, 1997. 1
Conforme ressaltado anteriormente, a educação aparece em todas as
Constituições do Brasil, desde a Imperial de 1824, passando por todas as
republicanas de 1891, 1934, 1946, 1967 até 1988.
A Constituição Federal relaciona os direitos sociais em seu artigo 6º e
particulariza-se no Título VIII que trata da Ordem Social:
"Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade
e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição."
14
Os direitos individuais e os direitos sociais consistem num todo, a exigir
um procedimento diferente do Estado, quanto a eles. São esclarecedoras as
observações de Celso Ribeiro Bastos sobre a distinção de procedimento
estatal, ante os direitos individuais ou os direitos sociais:
“Ao lado dos direitos individuais, que têm por característica
fundamental a imposição de um não fazer ou abster-se do Estado,
as modernas Constituições impõem aos Poderes Públicos a
prestação de diversas atividades, visando o bem-estar e o pleno
desenvolvimento da personalidade humana, sobretudo em
momentos em que ela se mostra mais carente de recursos e tem
menos possibilidade de conquistá-los pelo seu trabalho.” 2
É responsabilidade do Estado, segundo a Constituição de 1988, as
medidas originárias de direitos sociais e das políticas sociais, estando aí
incluída a educação.
Desta forma, constitucionalmente, a educação brasileira deve ser direito
de todos e obrigação do Estado, devendo: acontecer em escolas, seguir
determinados princípios, ratificar a economia universitária, conservar a
liberdade de ensino e principalmente converter-se em direito público subjetivo,
com a possibilidade de responsabilizar-se a autoridade competente.
1.3 – O Regime Jurídico da Educação Brasileira
O regime jurídico da educação é tratado em vários artigos da
Constituição de 1988, conforme veremos a seguir.
O artigo 205 preceitua que a educação é direito de todos:
1 VIEIRA, Evaldo, A política e as bases do direito educacional. Vol. 21, nº 55, Campinas: Caderno CEDES, 2001
15
Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.
O artigo 211, trata da organização dos sistemas de ensino, entre a
União, os estados e os Municípios:
Art. 211 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.
Parágrafo 1º - A União organizará o sistema federal de ensino e o
dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas
federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva
e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades
educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante
assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios. Parágrafo 2º - Os Municípios atuarão
prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil.
Parágrafo 3º - Os Estados e o Distrito Federal atuarão
prioritariamente no ensino fundamental e médio. Parágrafo 4º - Na
organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os
Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar
a universalização do ensino obrigatório.
Já o artigo 212, fala da receita advinda dos impostos que será aplicada
no desenvolvimento do ensino, pela União, pelos Estados e Municípios:
2 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 259.
16
Art. 212 - A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito,
e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por
cento, no mínimo, da receita resultante de impostos,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino. (caput)
No artigo 214, foi estabelecido o plano nacional de educação, bem como
o desenvolvimento e a integração das ações do poder público:
Art. 214 - A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de
duração plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento
do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do
Poder Público que conduzam à: I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar; III - melhoria da
qualidade do ensino; IV - formação para o trabalho; V - promoção
humanística, científica e tecnológica do País.
No que se refere a educação, o direito público expressa-se na faculdade
de exigir, advinda da relação jurídico-administrativa. Pelo direito público
subjetivo, o indivíduo poderá exigir da administração pública o cumprimento de
prestações educacionais asseguradas por lei.
Tanto o direito administrativo, quanto a administração pública
subordinam-se a determinados princípios jurídicos, que se refletem no Direito
Educacional. Segundo a Constituição, tais princípios são: o da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência.
A prestação educacional é um direito do cidadão que pode ser requerido
ao estado, eis que o descumprimento deste dever traz como conseqüência a
responsabilidade da autoridade competente, segundo o artigo 208, parágrafo 1º
e 2º da Constituição Federal de 1988.
17
Art. 208 - O dever do Estado com a educação será efetivado
mediante a garantia de: I - ensino fundamental obrigatório e
gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os
que a ele não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva
universalização do ensino médio gratuito; III - atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento em
creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; V -
acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da
criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de
ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII
- atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de
programas suplementares de material didático-escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde. Parágrafo 1º - O acesso ao
ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. Parágrafo
2º - O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público,
ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade
competente. Parágrafo 3º - Compete ao Poder Público recensear
os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e
zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola.
A educação, na Constituição Federal de 1988, é um bem jurídico,
principalmente porque com ela se constrói uma sociedade livre, justa e
solidária e só com ela se garante o desenvolvimento nacional, dentro do que
determina o seu artigo 3º, no qual se acham os objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil.
Como direito público subjetivo, a educação pode ser protegida por ser
um bem jurídico, individual e coletivo, com a força de direito de ação. A Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, conforme ordenado no artigo 22, XXIV, da Constituição,
disciplinando a educação escolar, efetivada, sobretudo pelo ensino em
18
instituições próprias. Esta Lei tem dado oportunidade à abundância de normas
regulamentares, impossibilitando a flexibilização das atividades educacionais.
Deve-se prestar atenção no fato de a Constituição Federal de 1988
dividir os encargos harmoniosamente entre a União, os Estados e os
Municípios, sob a coordenação da União.
A Constituição de 1988 não concede atuação prioritária da União a
qualquer nível de ensino, o que, em vista disto, autoriza sua atuação supletiva
e redistributiva em todos os níveis educacionais. Assim, a União age supletiva
e redistributivamente nos vários níveis de ensino, porém suas competências
legislativas são indicadas de modo explícito, ficando aos Estados e aos
Municípios o restante.
A organização da educação brasileira segue a mesma direção da
organização político-administrativa da República, fundamentada no
federalismo, havendo descentralização normativa e executiva, de acordo com o
artigo 18, "caput" da Constituição:
"Artigo 18. - A organização político-administrativa da República
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta
Constituição."
O federalismo constitucional mostra a ausência de hierarquia entre o
sistema de ensino da União, o dos Estados, o do Distrito Federal e o dos
Municípios, a não ser quando a União legisla nacionalmente sobre diretrizes e
bases e sobre normas gerais, para ordenar a educação brasileira.
Ao colocar em prática a Lei nº 9.394/96, que fixa as diretrizes e bases da
educação nacional, os órgãos do Poder Executivo exercitam o poder
regulamentar, uma função administrativa e não legislativa, exorbitando de suas
faculdades. O poder regulamentar dos órgãos do Poder Executivo, de essência
19
puramente administrativa, ao inverso do que vem acontecendo, não pode
exceder-se na regulamentação da Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional), que altera a organização educacional do Brasil e flexibiliza
os processos educativos.
O regime jurídico da educação, e ainda o Direito Educacional, integram-
se no Direito Público e, conseqüentemente, no Direito Administrativo, pois a
educação se põe como direito público subjetivo.
Em se tratando de esfera de investigação e de disciplina normativa, o
Direito Educacional se distingue pela natureza pública da educação e pelo
predomínio do interesse público sobre o interesse particular, abrangendo não
somente as instituições públicas e privadas de ensino, como também os
indivíduos vinculados a ele.
No que diz respeito à educação, o direito público subjetivo expressa-se
na faculdade de exigir, proveniente de relação jurídico-administrativa. Pelo
direito público subjetivo, o indivíduo tem a possibilidade de exigir da
administração pública o cumprimento de prestações educacionais,
asseguradas por norma jurídica.
O mestre Pontes de Miranda nos ensina em seus “Comentários à
Constituição de 1946, de onde deve partir o Direito Educacional:
“ A educação somente pode ser direito de todos se há escolas em
número suficiente e se ninguém é excluído delas, portanto se há
direito público subjetivo à educação, o Estado pode e tem de
entregar a prestação educacional. Fora daí, é iludir com artigos de
Constituição ou de leis. Resolver o problema da educação não é
fazer leis, ainda excelentes; é abrir escolas, tendo professores e
admitindo os alunos.” 3
3 PONTES DE MIRANDA. Comentários à Constituição de 1946 (T. 4). 2ª ed. Rio de Janeiro: Borsoi, 1963.
20
Embora o ensinamento do saudoso doutrinador supracitado, tenha
quase sessenta anos, continua pertinente, pois demonstra claramente que de
nada adianta o Estado dar garantias constitucionais aos cidadãos em vários
artigos da Constituição, se não empregar as medidas educacionais na prática.
21
CAPÍTULO II
O CONSUMIDOR E O FORNECEDOR NO DIREITO DO CONSUMIDOR BRASILEIRO
2.1 – A Importância do Consumidor e do Fornecedor para a Relação Jurídica de Consumo
O Código de Defesa do Consumidor (lei 8.078/90), ao entrar em vigor
em 11 de setembro de 1990, trouxe ao direito brasileiro, conceitos próprios,
que até então não existiam em nosso ordenamento jurídico.
Insta salientar primeiramente, a dificuldade de conceituar o que é
consumidor, dada a diversidade de aspectos apresentados e também mediante
a realidade vivida pelo indivíduo, ao mesmo tempo que ajusta-se no contexto
econômico e social, adquire bens e serviços.
Sob esse enfoque, e também com a finalidade de analisar e identificar
as relações de consumo, faz-se necessário conceituar consumidor e
fornecedor, até mesmo para que sejam aplicadas as normas do Código de
Defesa do Consumidor.
A relação jurídica é um vínculo que une duas ou mais pessoas
caracterizando-se uma como o sujeito ativo e outra como passivo da relação.
Este vínculo decorre da lei ou do contrato e, em conseqüência, o primeiro pode
exigir do segundo o cumprimento de uma prestação do tipo dar, fazer ou não
fazer. Se houver incidência do Código de Defesa do Consumidor na relação,
isto é, se uma das partes se enquadrar no conceito de consumidor e a outra no
de fornecedor e entre elas houver nexo de causalidade capaz de obrigar uma a
entregar a outra uma prestação, estaremos diante de uma relação de consumo.
22
Assim sendo, podemos dizer que a relação de consumo é o liame
jurídico através do qual um consumidor (pessoa física ou jurídica) adquire ou
utiliza produto ou serviço do fornecedor.
2.2 - O Conceito de Fornecedor no Código de Defesa do Consumidor
O conceito de fornecedor aparece no artigo 3º do Código de Defesa do
Consumidor, senão vejamos:
Art.3°- Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica , pública ou
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
A palavra atividade do artigo 3º, quer dizer que todo produto ou serviço
prestado deverá ser efetivado de forma habitual, ou seja, de forma profissional
ou comercial.
Os conceitos de produto e serviço, aparecem no artigo 3º §1º e §2º do
mesmo diploma legal, conforme se transcreve a seguir:
“Art. 3º, § 1º - Produto é qualquer bem móvel ou imóvel, material
ou imaterial."
§2º - Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza
bancárias, financeiras, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista."
23
Desta forma temos que, para identificarmos a pessoa como sendo
fornecedora de serviços, é necessário que a mesma detenha além da prática
habitual de uma profissão ou comércio (atividade), e também forneça o serviço
mediante remuneração.
Concluímos assim, que fornecedor é toda pessoa física ou jurídica que
oferta produtos ou serviços mediante remuneração com atividade, cabendo
salientar que é dispensável que o fornecedor seja uma pessoa jurídica
(empresa, industria, etc), pois o art.3º autoriza inclusive a pessoas
despersonalizadas.
2.3- O Conceito de Consumidor no Código de Defesa do Consumidor
O conceito de consumidor aparece em nosso ordenamento jurídico no
artigo 2º, do Código de Defesa do Consumidor, que estabelece o seguinte:
"Art. 2º - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final."
O legislador definiu no artigo 2º, o conceito jurídico de consumidor
padrão estabelecendo como sendo consumidor qualquer pessoa natural ou
jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final, ou
seja, para seu uso pessoal ou de sua família, não comercializando o serviço ou
produto.
A priori, podemos perceber que o artigo 2º estabelece o conceito de
consumidor standard ou stricto sensu, em que o consumidor seria a pessoa
física ou jurídica que adquire o produto como destinatário final.
Logo é necessário explicar, que ser destinatário final, é retirar o bem do
mercado, ou seja, adquirir para uso próprio ou de sua família, sem
comercializar.
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Porém, resta a dúvida: se o profissional adquire o produto não para
comercializar, mas sim para colocar em seu trabalho, é considerado como
destinatário final? Por exemplo o Advogado que adquire um ar condicionado
para o seu escritório e este produto apresenta um vício(defeito). Ou ainda a loja
que adquire um balcão para o seu estabelecimento comercial e o produto
apresenta defeito. Estes profissionais poderiam ser classificados como
consumidores ? Há destinação final ?
Nesses casos, apesar de não estarem comercializando o produto, não
se trata de produto de consumo e sim de insumo, razão da teoria finalista não
aceitar como sendo consumidor, pois não é destinatário final. Já a teoria
maximalista aceita, pois o produto foi retirado do mercado.
Dentro ainda da definição de consumidor destaca-se a expressão
"adquire ou utiliza produto ou serviço". Analisando esta expressão contida no
artigo 2º caput do Código de Defesa do Consumidor, observamos que o texto
legal expressa o consumidor como sendo a pessoa que adquire ou utiliza
produto ou serviço para uso próprio.
Destaca-se ainda, para uma visão mais aprofundada as seguintes
definições sobre o conceito de consumidor, dada por diversos doutrinadores:
"Consumidor é qualquer pessoa, natural ou jurídica, que contrata,
para sua utilização, a aquisição de mercadoria ou a prestação de
serviço, independentemente do modo de manifestação da
vontade; isto é, sem forma especial, salvo quando a lei
expressamente a exigir."4
4 SIDOU, Othon, Proteção ao consumidor. Rio de Janeiro: Forense, 1977, p.2.
5 BENJAMIM, Antônio Herman Vasconcelos e. O conceito jurídico de consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1988, nº 628, p. 78.
25
"Consumidor é todo aquele que, para o seu uso pessoal, de sua
família ou dos que se subordinam por vinculação doméstica ou
protetiva a ele, adquire ou utiliza produtos, serviços ou quaisquer
outros bens ou informação colocados a sua disposição por
comerciantes ou por qualquer outra pessoa natural ou jurídica, no
curso de sua atividade ou conhecimento profissionais." 5
O Código de Defesa do Consumidor estabeleceu ainda, outros conceitos
de consumidor equiparando terceiros a consumidor, tais como:
"Art.2º, parágrafo único - Equipara-se a consumidor a coletividade
de pessoas, ainda que indetermináveis, que hajam intervindo nas
relações de consumo."
"Art. 17 - Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos
consumidores todas as vítimas do evento. "
"Art.29 - Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se
aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não,
expostas às práticas nele previstas."
Conforme já afirmado, o conceito jurídico previsto no artigo 2º caput, é
denominado pela doutrina como conceito padrão ou standard, haja vista que a
lei consumerista reconhece outras pessoas como consumidoras denominando-
as de consumidores por equiparação (bystandard).
Consigna-se que a lei do consumidor equipara a vítima do acidente do
consumo (pessoa que foi atingida pelo fato do produto/serviço) a consumidor,
na forma do art. 17 do Código de Defesa do Consumidor. para os fins de
responsabilizar o fornecedor do produto/serviço defeituoso de forma objetiva.
26
Assim sendo, Zelmo Denari afirma que o Código de Defesa do
Consumidor. demonstra a preocupação com "terceiros" nas relações de
consumo, protegendo os denominados bystanders, isto é, aquelas pessoas
estranhas à relação de consumo, mas que sofreram prejuízo em razão dos
defeitos intrínsecos ou extrínsecos do produto ou serviço.6
Consigna-se ainda, que o produto ou serviço defeituoso atinge o
consumidor não só em sua incolumidade físico, mas também psíquica.
Equiparam-se ao consumidor de acordo com artigo 29 e artigo 2º,
parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor, as pessoas expostas à
oferta, à publicidade, às práticas comerciais abusivas, às cobranças de dívidas
e aos bancos de dados e cadastros dos consumidores, bem como as vítimas
dos acidentes de consumo.
Segundo a doutrinadora Maria Antonieta Zanardo Donato, “o consumidor
equiparado é também a pessoa que foi exposta a uma prática comercial. Sendo
que práticas comerciais são técnicas, meios de que o fornecedor se utiliza para
comercializar, vender, oferecer o seu produto ao consumidor potencial,
atingindo a quem se pretende transformar em destinatário final: o
consumidor/adquirente. Pela sistemática adotada pelo CDC., abrange a
expressão Práticas Comerciais desde a oferta do produto até as cobranças de
dívidas. Estende-se, pois, da pré-venda à pós-venda”.7
6 DENARI, Zelmo. Código brasileiro de defesa do consumidor, comentado pelos autores do anteprojeto. Rio de Janeiro: Forense Universitária. 1998, p. 163.
7 DONATO, Maria Antonieta Zanardo. Proteção ao consumidor : conceito e extensão. São Paulo: RT. 1993, p.263.
27
Diante da pluralidade de conceitos acima descritos à respeito do
consumidor, torna-se possível uma melhor adequação e flexibilização numa
relação de consumo.
Neste contexto tem-se que para a aplicação das normas do Código de
Defesa do Consumidor é necessário identificar se há relação de consumo na
transação comercial efetivada, ou seja, se existe de um lado o fornecedor,
conceituado assim no artigo 3º, e de outro lado o consumidor, conceituado no
artigo 2º ou por suas equiparações, definindo assim o campo de aplicação da
norma consumerista.
A amplitude dos conceitos de consumidor faz com que a necessidade de
educar para o consumo, se torne uma tarefa mais abrangente, que deverá
atingir toda a população, visto que a todo o momento estão se efetuando
relações de consumo. Sendo de suma importância, a atuação do Estado na
divulgação não só da legislação consumerista, mas também formação de
consumidores informados e educados.
CAPÍTULO III
O CONSUMISMO E O SEU REFLEXO NA SOCIEDADE
3.1- Breve Histórico da Educação para o Consumo
28
A primeira vez que se falou em um movimento favorável a educação
para o consumo, foi na década de 60, nos Estados Unidos da América, quando
Jonh Kennedy enviou para o Congresso Americano uma mensagem que
tratava dos interesses dos consumidores, inaugurando a conceituação dos
direitos dos consumidores, destacando quatro direitos fundamentais, a saber:
1- DIREITO À SEGURANÇA
2- DIREITO À INFORMAÇÃO
3- DIREITO À OPÇÃO
4- DIREITO A SER OUVIDO
Este movimento surgiu em virtude da grande mobilização contra as
usinas nucleares e produtos químicos letais e sua distribuição descontrolada no
meio ambiente. Bem como, outros fatos que originaram o direito do
consumidor, como o escândalo da talidomida, o surgimento de produtos mais
complexos e perigosos, a alta descontrolada de preços.
Posteriormente, surgiram outros movimentos, como na comunidade
européia, nos anos 80, em que foram adotadas diversas medidas em defesa do
consumidor, principalmente relacionadas a publicidade enganosa e a
responsabilidade civil do produtor..
A Assembléia Geral das Nações Unidas adotou consensualmente, em
1985 a Resolução 39/248, com Diretrizes Internacionais de Proteção ao
Consumidor, que ressaltava a importância da atuação dos governos para
estabelecerem e manterem uma estrutura eficiente para criar, aplicar e
controlar o andamento das políticas de proteção ao consumidor.
O chamado movimento consumerista brasileiro, surgiu em 1976, quando
o Estado de São Paulo, intensificou os estudos para a implantação do sistema
estadual de defesa do consumidor, que resultou na instalação do Procon, que
29
hoje denomina-se Fundação de Proteção ao Consumidor, órgão da Secretaria
de Estado de Justiça.
No Brasil, a Constituição da República em 1988, veio atenuar a relação
discrepante existente entre consumidores e fornecedores, prevendo em seu
artigo 5º, inciso XXXII, a proteção do Estado ao consumidor, através da
promoção da lei de defesa do consumidor, até então inexistente no país, que
porém só passou a existir em 11 de setembro de 1990, embora o artigo 48 do
Ato das Disposições Constitucionais, estipulasse um prazo de cento e vinte
dias para a criação da mesma.
Uma comissão especialmente designada para a elaboração das leis de
proteção ao consumidor, examinou cerca de vinte legislações diferentes
adotadas em vários países, e seguiu a orientação e as diretrizes da ONU. Com
essa preocupação, tem-se que o movimento consumerista evoluiu rapidamente
até a edição do festejado Código de Defesa do Consumidor - Lei n. 8.078, de
11-09-1990.
A educação para o consumo no Brasil foi mencionada na lei 8.078 de 11
de setembro de 1990, prevê em seu artigo 6º, inciso II, o seguinte:
“Artigo 6º - São direitos básicos do consumidor:
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e
serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas
contratações;”
3.2 – O Fenômeno do Consumismo
Vivemos a era do consumo, que fora produzida pela mídia através de
manifestações ostensivas de poderes inerentes aos interesses capitalistas. O
fenômeno do consumismo nasceu nos Estados Unidos, pois este já era um
30
país desenvolvido, que possuía uma vasta área de mercado, além de um
grande número de consumidores.
Consumir é um direito que acarreta obrigações e responsabilidades
econômicas, sociais, políticas e ambientais. Assim sendo, o consumidor deve
reconhecer sua força econômica exigindo o cumprimento de seus direitos,
porém necessita também cumprir suas obrigações. Vários são os tipos de
consumo, desde consumos essenciais e supérfluos, a consumo privado e
público, individual ou coletivo. Existem diversos padrões de consumo, que
podem estar ligados a época, a localização geográfica, a cultura dos povos, o
rendimento das famílias, entre outros. Desta feita, a educação para o consumo
deve ser o mais abrangente possível, pois deverá atingir a todos os tipos de
consumidor, em todas as camadas da sociedade.
. A desproteção dos consumidores sob o ponto de vista econômico-social
e jurídico, pode ser compensada: pela consciência coletiva e ação conjunta
(movimento associativo) pela consciência individual das suas necessidades e
exercício pessoal dos direitos pela atribuição de direitos específicos e
compensatórios da desproteção (direitos dos consumidores).
Atualmente o consumismo atingiu um patamar assustador, visto que
está presente em todos os aspectos da vida do ser humano, influenciando
sobre maneira seu pensamento, suas atitudes e até determinando sua conduta
perante a sociedade. Na sociedade em que vivemos praticamente tudo gira em
torno do consumo, que nos chega através de vários canais como televisão,
rádio, internet, entre outros e acaba por permear nossas vidas sem que muitas
vezes nos déssemos conta, visto que somos expostos a essa prática
diariamente em nossas casas, na escola, no trabalho, ou num simples passeio
pelas ruas.
A televisão fez-se agente de uma revolução que impôs o audiovisual
como uma realidade central da cultura e do quotidiano de larguíssimas
camadas da população.
31
Como veículo de informação e instrumento lúdico, a televisão influencia
a vida dos cidadãos, modela suas crenças e os seus valores. Pelas suas
características técnicas, acaba por condicionar o espectador a uma atitude de
observação passiva das mensagens que recebe. Ao mesmo tempo, a própria
força audiovisual dessas mensagens impõe-se de tal forma que os analistas
chamam freqüentemente a atenção para os perigos de manipulação que
podem advir do contato exclusivo com um meio de comunicação de massas
tão imediato e, por isso, tão pouco estimulador da reflexão independente.
Mas, por outro lado, a dimensão informativa e democratizante da
televisão, pode ser usada como grande aliada no sentido de educar os
cidadãos, através de campanhas educativas e personagens conscientes dos
seus direitos de cidadão, dando-lhes condições de ter uma visão mais crítica
sobre os demais programas e campanhas publicitárias veiculados pela mídia.
Tal pensamento parece utópico, entretanto, já existem programas de
educação para o consumo nesse sentido, conforme veremos mais a frente no
capítulo que trata dos projetos de educação para o consumo. Só para ilustrar
podemos citar o exemplo da personagem Leonora, a consumidora, que ensina
a dona de casa sobre seus direitos como consumidora.
É visível, que cada vez mais o consumismo, ganha lugar de destaque na
vida de todas as pessoas, mas principalmente na vida dos jovens e crianças.
Apesar de, serem pessoas, com menor aquisição financeira, o público-alvo que
mais é persuadido pelas campanhas de publicidade, são os jovens e crianças.
E, diante da busca incessante e do desejo descontrolado por consumir,
surgem questões sobre o assunto, que vale a pena serem debatidas por
educadores, pais e por jovens.
De acordo com os pesquisadores da UNESCO, um dos males
decorrentes do consumismo infantil é a obesidade, uma doença que já é
considerada problema de saúde pública nos Estados Unidos. Os comerciais de
32
doces, biscoitos, guloseimas e redes de fast food que recorrem aos truques da
animação gráfica ou ao auxílio dos super-heróis da TV, ou personagens
queridos das crianças, influenciam na hora de escolher os produtos
alimentícios. Sendo que na maioria das vezes, tais mercadorias apresentam-se
como inofensivas, no entanto o consumo freqüente pode ocasionar diversos
males a saúde.
Kincheloe, cita o consumo como centralizador do estilo de vida dito pós-
moderno, a ponto de o próprio consumo, ou mais precisamente as empresas
que constroem uma cultura de consumo, produzirem sentido. “Sentido que
constrói identidades, produzindo-nos como sujeitos de determinados discursos.
Sujeitos de consumo, somos perpassados por discursos que vendem imagens
e modos de ser, de sermos atrelados não só a produtos variados, mas também
a imagens geralmente personificadas destes e aos estilos implicados em suas
formas”.8
Estudos realizados nos estados Unidos constataram que desde a
década de 30, existe o uso da imagem de personagens de desenhos animados
conhecidos, para promover venda de produtos, assim a autora Susan Willis
define que “a mudança de personagem de desenho animado para emblema
ocorre no momento de sua definição como mercadoria” Ressaltando ainda que:
Na sociedade de consumo avançada, o ato de consumir não envolve necessariamente uma troca econômica. Consumimos com os olhos, absorvendo produtos com o olhar cada vez que empurramos um carrinho pelos corredores de um supermercado, assistimos à televisão ou dirigimos ao longo de uma rodovia pontuada por logotipos. O consumo visual é de tal forma parte de nosso panorama cotidiano que não nos damos conta dos significados inscritos em tais procedimentos. 9
8 KINCHELOE, Joe. Mac Donald's, poder e criança: Ronald Mac Donald faz tudo por você. Identidade social e a construção do conhecimento. Porto Alegre: Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Secretaria de Educação, 1997. 9 WILLIS, Susan. Cotidiano para começo de conversa. Rio de Janeiro: Graal, 1997.
33
A migração de espaços entre a mídia, a escola e a cultura audiovisual
precisa ser pensada como território imprescindível para uma educação que dê
conta da problemática de um mundo "inflacionado" de imagens e da formação
de novas subjetividades.
O consumo, pode ter os seu benefícios, mas por outro lado é um
fenômeno com que o consumidor deve estar preocupado. Os consumidores
procuram bens que as empresas possam fornecer, mas necessitam de uma
proteção contra negócios abusivos, mesmo aqueles em que não participa
diretamente, mas o influenciam de alguma forma.
Por isso foram criadas as leis de defesa ao consumidor, as instituições
que atuam para proteger, informar e educar, como os PROCONS, o IPEM o
IDEC, entre tantas outras, que atuam com projetos muitas vezes pioneiros,
mas que vem dando um bom resultado. No próximo capítulo veremos alguns
projetos sobre educação para o consumo.
CAPÍTULO IV
ALGUNS PROJETOS SOBRE EDUCAÇÃO PARA O CONSUMO
Atualmente, existem em todo o Brasil projetos envolvendo a educação
para o consumo. Tais projetos são apresentados das mais diversas maneiras e
pelos mais diversos órgãos, entidades e instituições de ensino a nível federal,
estadual e municipal.
34
Entretanto os projetos têm em comum o ideal de formar consumidores
mais críticos, mais conscientes dos seus direitos e deveres e principalmente
mais informados, sempre com a finalidade de aperfeiçoar as relações de
consumo.
Mister se faz ressaltar, que mesmo o consumidor que passa por esses
projetos continua a ser vulnerável, pois segundo Antônio Hermam de
Vasconcelos e Benjamim a “vulnerabilidade é um traço universal de todos os
consumidores, ricos e pobres, educadores ou ignorantes.”10 Sendo ainda a
vulnerabilidade uma qualidade nuclear e indissociável do consumidor numa
relação de consumo, de acordo com conceito legal trazido pelo artigo 2º da Lei
8.078/90, independe da condição social, cultural ou econômica.
Contudo não há que se confundir vulnerabilidade com hipossuficiência,
que é uma característica restrita a alguns consumidores, que além de
presumivelmente vulneráveis são também, individualmente carentes de
condições culturais ou materiais, como por exemplo, as crianças que são
expostas diariamente a diversos anúncios de alimentos supérfulos em que o
exagero no consumo pode acarretar problemas no seu desenvolvimento
natural.
A seguir serão mostrados alguns projetos envolvendo a educação para o
consumo.
4.1 – Projetos do Inmetro (Instituto nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial)
”Um dos grande desafios do Inmetro é envolver o consumidor no
processo de melhoria da qualidade dos produtos e serviços comercializados no
10 BENJAMIM, Antônio Hermam Vasconcelos e. O conceito jurídico de consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1988.
35
Brasil, contribuindo para a formação de um consumidor que exerça sua
cidadania, exija seus direitos e cumpra com suas responsabilidades na relação
com os fornecedores, um papel decisivo nesse processo. Para isso, o Inmetro
vem desenvolvendo o Projeto Educação para o Consumo, com várias ações
nesse sentido, como o Portal do Consumidor, lançado em março de 2002, que
reúne uma ampla quantidade de informações relacionadas ao consumo, além
de sala de notícias, enquetes educativas e lista com mais de 400 Procons
cadastrados. “11
4.1.1- Formação de Multiplicadores em Educação para o Consumo
O Inmetro criou esse projeto visando formar multiplicadores em
educação para o consumo, para atuarem em escolas, instituições de defesa do
consumidor, Organizações Não Governamentais e nas comunidades de um
modo geral, ensinando as pessoas a contextualizar o consumo e repensar a
produção, a partir das conseqüências que os produtos e seus processos de
fabricação causam ao homem e ao meio ambiente.
O projeto é composto de um curso de 40 horas/aula, que trata o
consumo sob a ótica da ética, do meio ambiente, da saúde e segurança, da
publicidade e do Direito do Consumidor.
Desta forma, o projeto espera formar consumidores melhores a fim de
melhorar a qualidade da produção nacional, visto que consumidores
conscientes têm modificado a postura da indústria mundial.
4.1.2- Campanha de Educação para Qualidade do Consumo
Neste projeto foram elaborados pelo Inmetro cartilhas e filmes
destinados a educar fornecedores e consumidores, sobre os aspectos ligados à
qualidade de produtos e serviços.
Essa campanha de educação para a qualidade prevê a criação de
material educativo para todos os produtos de certificação compulsória, que são
11 www.inmetro.gov.br. Educação para o consumo.
36
aqueles certificados obrigatoriamente porque tem implicação direta com a
saúde e segurança do consumidor, como por exemplo: extintores de incêndio,
preservativos masculinos, fósforos, botijões de gás, brinquedos, etc.
4.1.3- Portal do Consumidor
O Portal do Consumidor originou-se no Programa Brasileiro da
Qualidade e Produtividade, atualmente denominado Movimento Brasil
Competitivo, que passou a ser estruturado por metas a partir de 1998.
As Metas Mobilizadoras Nacionais, consistem numa estratégia do
programa supracitado, cujo objetivo é aumentar a mobilização em torno da
questão da melhoria da qualidade de vida no país.
O aperfeiçoamento das relações de consumo, está entre os temas
capazes de movimentar diferentes segmentos da sociedade. Partindo dele, foi
estabelecida como Meta Mobilizadora Nacional de Consumidores: Acelerar o
processo educacional do consumidor com a criação de um sistema de
Informações que seja utilizado por 10 milhões de cidadãos brasileiros, até o
ano de 2003.
Lançado em março de 2002, o Portal do Consumidor, tem como
objetivos:
• Dotar os consumidores de Informações que contribuam para a tomada de
adequadas decisões de compra, uso, descarte de produtos e utilização de
serviços;
• Contribuir com os setores produtivos no estabelecimento e implantação de
estratégias e ações de gestão empresarial;
• Subsidiar órgãos e entidades de defesa do consumidor bem como
programas destinados à educação dos consumidores com informações
relativas às decisões de compra, uso e descarte de produtos;
37
• Subsidiar matérias produzidas pela mídia relativas as relações de consumo,
em particular, àquelas destinadas à defesa do consumidor.
4.2 – Projetos do Ipem (Instituto de Pesos e Medidas)
O Ipem realizou, pela primeira vez, em São Paulo, no segundo semestre
de 2004, um curso de educação para o consumo, cujas aulas foram
ministradas na Secretaria da Justiça e da defesa da Cidadania.
O curso que foi iniciativa do departamento de Comunicação, também é
uma proposta do Inmetro, visando desenvolver uma consciência crítica sobre
as diferentes formas de consumo. Para o Ipem a ação demonstra a importância
da formação educacional da sociedade.
Participaram do evento representantes do Procon, do Idec, da Polícia
Militar, do Senac, do Sesi, de Organizações Não Governamentais, professores
da rede pública, entre outros profissionais que tivessem a possibilidade de
disseminar o conteúdo apresentado no curso.
Durante todo o curso os participantes discutiram as principais questões
envolvendo o consumo, como por exemplo o meio ambiente, a publicidade e a
ética.
4.3 – Projetos do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor)
4.3.1- Coleção Educação para o Consumo
A coleção educação para o consumo responsável, é fruto de uma
parceria entre o Idec e o Inmetro, composta de quatro volumes que tratam de
cinco temas:
• Meio Ambiente e Consumo
• Publicidade e Consumo
38
• Saúde e Segurança do Consumidor
• Direitos do Consumidor e Ética no Consumo
Elaborados com a colaboração de especialistas em educação e nos
assuntos abordados, os livros são destinados a professores e alunos da 5a a
8a séries do Ensino Fundamental. Além das informações sobre cada tema, os
volumes, todos ilustrados, incluem atividades para os alunos desenvolverem
dentro e fora das salas de aulas.
O objetivo das publicações é contribuir para a formação de cidadãos
conscientes do seu papel de consumidores autônomos, participativos e críticos,
a partir da sala de aula, como propõe os parâmetros Curriculares Nacionais
elaborados pelo ministério da educação em 1998. Os Parâmetros introduziram
o consumo entre os temas transversais abordados nas escolas, uma iniciativa
louvável.
A coleção “Educação para o Consumo Responsável”, em uma primeira
etapa, será destinada à formação de multiplicadores dos conceitos de
educação para o consumo. Os livros não são comercializados, mas o Inmetro
cederá gratuitamente as matrizes dos volumes à secretarias e outras
instituições ligadas à educação e até para empresas. Esperando assim, que o
maior número possível de professores receba gratuitamente os volumes e
utilizem esse material para a formação de alunos conscientes do seu papel de
consumidores críticos.
4.3.2- Série de TV Leonora, a Consumidora
O Idec produziu também a série de TV Leonora, a consumidora, em
parceria com o Canal Futura. Em 10 episódios, com dois minutos de duração, a
personagem Leonora, uma dona de casa bem informada, vive situações
cotidianas e dá dicas para os consumidores evitarem e solucionarem
problemas relacionados a bancos, planos de saúde, empresas de telefonia
entre outras.
39
4.3.3- Campanha Fique de Olho A primeira cidade a aderir aos projetos de defesa do consumidor do
Idec, visando a educação para o consumo, foi Curitiba, que através de uma
iniciativa da Secretaria Municipal de Educação iniciou a campanha “Fique
Ligado nos seus Direitos”em nove escolas, em maio de 2002.
O enfoque da campanha era os serviços públicos de abastecimento de
água e energia elétrica e telefonia, orientando os consumidores sobre seus
direitos e deveres, cujo objetivo era estimular os alunos a buscar informações
sobre a forma de prestações destes serviços que regulamentam as atividades
e posteriormente difundirem os conhecimentos na comunidade. Trabalhando
ainda a conscientização para os deveres relativos ao uso racional da água e
energia elétrica.
Posteriormente, a campanha “Fique Ligado nos seus Direitos”, também
foi implantada no Rio de Janeiro e em São Paulo, levando informações sobre
os direitos dos usuários dos serviços de água, luz e telefonia a cerca de 80 mil
alunos, em 93 escolas públicas e privadas. Os estudantes produziram jornais,
vídeos e programas de rádio que irão transmitir esses conceitos às suas
comunidades.
O Idec, em parceria com órgãos públicos e Organizações Não
Governamentais, capacitou professores a orientar os trabalhos dos seus
alunos, que tinham o desafio de produzir trabalhos jornalísticos que
contribuíssem para a difusão dos direitos do consumidor dos serviços públicos
de água, energia elétrica e telefonia.
Os melhores trabalhos foram premiados em eventos realizados em
Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo. A escola primeira colocada nos três
estados ganhou um microcomputador Intel. Os vice-campeões foram
premiados com cinco associações ao Idec e os terceiros colocados com
publicações editadas pelo Idec sobre os direitos do consumidor.
40
4.3.4 – As Cartilhas do seu Jair
As cartilhas do Seu Jair ensinam, por meio de situações vividas pelo
personagem e seus familiares, sobre direitos dos consumidores de serviços
públicos.
4.3.5- Consumo Sustentável: Manual de Educação
Este projeto consiste num guia desenvolvido em parceria com o
Ministério do Meio Ambiente, visando a capacitação de professores para atuar
no tema. Os guias do projeto "Educação para o Consumo Responsável", em
parceria com o Inmetro (Meio ambiente e consumo, Publicidade e consumo,
Saúde e segurança do consumidor e Direitos do consumidor e Ética no
consumo) são todos voltados para professores e alunos da 5a a 8a séries do
Ensino Fundamental.
O projeto piloto de capacitação de professores utilizando o "Manual de
Educação para o Consumo Sustentável", foi realizado em parceria com a
Secretaria Municipal de Educação de São José dos Campos, no estado de São
Paulo, em 1992, envolvendo as 33 escolas da rede municipal de ensino
fundamental. Foram capacitados 85 professores que educam 13.400 alunos.
Com o objetivo de atingir o público em geral, foram produzidos 10 spots
de rádio e 4 folhetos, abordando os diferentes assuntos que o tema consumo
sustentável envolve. Os spots podem ser reproduzidos gratuitamente por
emissoras de rádio.
4.4 – Fundação Procon São Paulo
4.4.1 - Educação para o Consumo
A Fundação Procon também atua preventivamente desenvolvendo
projetos de Educação para o Consumo formal objetivando a implantação de
conceitos básicos de proteção e defesa do consumidor, de modo transversal,
41
nas matérias que compõem a grade curricular do ensino fundamental, médio e
superior, para formar cidadãos conscientes, críticos e participativos.
Os projetos consistem, no treinamento e orientação de professores e
coordenadores que atuam como agentes multiplicadores, por meio de material
didático desenvolvido especialmente para esse fim.
Existem diversos projetos em andamento em escolas das redes
municipal e estadual de ensino das cidades de São Paulo, Taubaté, Belém do
Pará entre outras.
Outras atividades educativas são estimuladas e desenvolvidas através
de parcerias com instituições educativas, a exemplo da peça teatral criada pelo
Grupo TIMOL, da Biblioteca Infanto-juvenil Monteiro Lobato da Secretaria
Municipal de Cultura de São Paulo que tem se apresentado para diversas
escolas.Integram o Projeto de Educação Para o Consumo atividades lúdicas,
à exemplo do gibi "A Turma do Consuminho", e o jogo educativo "A Trilha do
Consuminho".
CAPÍTULO V
A Importância da Atuação de Estado na Formação e
Defesa dos Consumidores
5.1 – A Defesa do Consumidor como Exercício da Cidadania
A Carta Magna de 1988 é um símbolo de louvor à cidadania, pois os
constituintes tiveram a intenção de reconhecer, pela primeira vez, o indivíduo e
a sociedade como anteriores ao Estado, exaltando o Estado Democrático de
Direito e chamando a sociedade para participar, de forma verdadeiramente
revolucionária, um novo modelo de Estado, que seja justo, fraterno e livre.
42
Nesta seara, não se pode esquecer de mencionar o engrandecimento do
Direito do Consumidor, como uma nova maneira para o crescimento da
cidadania através dos órgãos de defesa do Consumidor que se transformaram
em armas da sociedade na busca da construção e da consolidação do modelo
de cidadão consciente de seus direitos. Leciona Sérgio Cavalieri Filho, que:
“a expressão direito do consumidor posta no texto constitucional,
em três oportunidades, tem uma abrangência maior do que as da
sua significação etimológica e não possui significado autônomo.
Ela está vinculada a um momento histórico vivido pela Nação que,
ao ser analisado pelo jurista, revelou a necessidade de se
proteger as relações de consumo, como já vinham fazendo, desde
muito tempo, outras Nações. Os referidos vocábulos,
compreendidos de forma vinculada e sistêmica, expressam uma
realidade presente na universalidade formada pelos fatos e que
necessita ser regulamentada. Os efeitos a serem produzidos pela
irradiação de suas forças não podem sofrer limitações, sob pena
de se restringir, sem autorização constitucional, a sua real eficácia
e efetividade. O sentido dessa normatividade constitucional é,
portanto, de defender, em toda a sua extensão, o consumidor,
protegendo-o, em qualquer tipo de relação legal de consumo, de
ações que desnaturam a natureza jurisdicional desse tipo de
negócio jurídico.” 12
A Lei n° 8.078, de 1990, regula com eficácia o direito de quem compra
produtos ou serviços. No que diz respeito às relações entre o Estado e o
cidadão, percebe-se, claramente, a preocupação do legislador em proteger a
pessoa da má qualidade e eficiência de alguns serviços públicos, ao
estabelecer que "os órgãos públicos, por si ou suas concessionárias,
permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são
12 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Interpretação dos contratos regulados pelo código de proteção ao consumidor.op. cit., p. 361
43
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos
essenciais, contínuos".
Em seu artigo 6º, inciso X, o Código assegura "a adequada e eficaz
prestação dos serviços públicos em geral", e nestes direitos estão reunidas a
educação e divulgação sobre o consumo adequado de produtos e serviços, e a
informação adequada e clara sobre os mesmos. Como exemplo, podemos citar
os serviços de saneamento, que possui a responsabilidade, inclusive, de
garantir a saúde do cidadão.
Juntamente com os consumidores / cidadãos nessa luta para fazer valer
a qualidade e eficiência dos serviços protegidos pelo Código de Defesa do
Consumidor, estão não só as Coordenadorias de Proteção e Defesa do
Consumidor (Procons), como também o Inmetro, o Idec, além de outros, que
atuam em conjunto com as comunidades, divulgando os direitos dos
consumidores e fornecendo orientação sobre a forma de se reivindicar e
reparar os direitos lesados, conforme vimos no capítulo anterior, através das
mais diversas campanhas e cursos de formação de multiplicadores em
educação para o consumo.
Neste sentido que o Código de Defesa do Consumidor, mais do que um
conjunto de normas, é um elenco de princípios que servem de instrumento de
defesa. Trata-se do verdadeiro exercício da cidadania, a qualidade de todo ser
humano, como destinatário final de um produto tido como bem de consumo.
O movimento consumerista proporcionou um Código que habilita ver
reconhecido todo feixe de direitos individuais e coletivos, direitos esses sociais,
mediante tutelas adequadas que foram colocadas à disposição dos indivíduos
para obter resultados ou acesso àqueles meios de defesa e proteção.
Com efeito, nota-se que o Estado forneceu importantes instrumentos
para o cidadão exercer a função do controle social, uma verdadeira arma para
44
a democratização da gestão pública, no sentido de focalizar as políticas
visando alcançar as necessidades básicas da população, a melhoria dos
serviços públicos e também para sua ação fiscalizadora na aplicação dos
recursos públicos.
A população vem conseguindo amplo espaço no exercício de sua
cidadania e a Constituição Federal de 1988 foi um grande passo nesse sentido,
conforme dito anteriormente.
Porém, os instrumentos que existem não são suficientes, devendo existir
uma preocupação cada vez maior do Estado e pressão da população para que
o Governo crie um cenário político apropriado para que, junto com a
comunidade, possam fazer valer todos os princípios básicos do Estado
Democrático de Direito.
É dever do Estado promover os meios necessários para que novos
caminhos estejam disponíveis à comunidade brasileira para o exercício de seus
direitos, seja investindo em capacitação e criando estruturas cada vez mais
“populares” e ao alcance dos mais humildes, seja fazendo valer as tantas
garantias sociais citadas na constituição de 1988, porém 15 anos depois, bem
longe de se tornarem realidade.
Muito já tem sido feito, em relação ao direito do Consumidor, contudo,
para que o bom andamento continue é necessário que haja consciência e
participação da sociedade, juntamente com vontade política do Estado.
A Constituição Federal de 1988 fez história ao eleger o cidadão como
objetivo principal, promovendo a integração dos direitos sociais e coletivos em
seu texto e o reconhecimento concreto da cidadania, da dignidade da pessoa
humana e fornecendo meios para que qualquer pessoa lute contra a injustiça
em todas as suas formas.
45
Na atual conjuntura institucional e política do país, a função do controle
social constitui, um exercício de democratização da gestão pública, no sentido
de direcionar as políticas para o atendimento das necessidades prioritárias da
população, de melhorar os níveis de oferta e de qualidade dos serviços, além
de atribuir à população o papel de fiscalizar a aplicação dos recursos públicos.
Analisando os projetos apresentados nesse trabalho de pesquisa, pode-
se observar que o exercício do controle social vem assumindo algumas formas
institucionais, e utilizando meios tais como a informação, a capacitação e a
reivindicação para realizar-se.
Existem determinações legais para garantir o espaço institucional da
participação popular. Entretanto, nem todos os instrumentos e conquistas
constitucionais estão sendo apropriados pelos movimentos sociais. Ainda que
instrumentos legais sejam, de fato, necessários para viabilizar o exercício do
controle social, estes, não são suficientes. Há de se promover um ambiente
político favorável, onde Governo e população cumpram papéis fundamentais
ao processo.
O Governo, poderia criar as condições necessárias para que os
instrumentos pudessem ser efetivamente oportunos à população. Devendo
para tanto, investir em capacitação, produzir informações que pudessem ser
acessadas democraticamente e tornar as estruturas de gestão cada vez mais
acessíveis às reivindicações da sociedade. Assim, a população,
preferencialmente através das organizações sociais, trabalharia as variáveis
que são indispensáveis à construção social destes processos políticos no que
se refere à mobilização, representação e participação efetiva.
Desta forma, conclui-se que a possibilidade de reproduzir estas
experiências baseadas na democratização da gestão da cidade, pelo exercício
do controle social, depende necessariamente da coincidência de duas atitudes:
vontade política do Governo e capacidade participativa da população.
46
Uma proposta a esta problemática, seria a introdução, ou melhor
dizendo, reintrodução da disciplina de educação moral e cívica nos currículos
escolares de 1º e 2 º graus, com o objetivo de fazer com que crianças e
adolescentes comecem a criar uma cultura para melhor consumirem e
orientarem seus pais, durante o ato de consumo, como por exemplo, saber
avaliar a qualidade do produto além de suas condições de higiene, suas
condições de exposição para venda, dos componentes de exposições para
venda, dos componentes artificiais, ao valor calórico dos alimentos que devem
estar dispostos numa tabela nutricional impressa no rótulo das embalagens, o
prazo de validade para consumo dos produtos, dentre outros aspectos de
cunho sócio-econômico.
Assim, há que se ressaltar, que independentemente da preocupação
que os redatores da lei consumerista brasileira tiveram com a informação, esta
só poderá ser estendida aos cidadãos de maneira mais eficiente, se as
autoridades derem mais atenção a educação básica, que é uma condição
indispensável para o completo exercício da cidadania.
5.2 - Direito à Educação para o Consumo
É garantia constitucional, prevista no artigo 205, que a educação é
direito de todos e dever do Estado e da Família e será promovida e incentivada
com a colaboração da família. Conclui-se desse dispositivo, que o Estado tem
o dever de informar o cidadão sobre a melhor maneira de conduzir-se nas
relações de consumo.
Ainda, a preocupação com o ensino do consumidor, com seu melhor
comportamento na realização das compras de bens e serviços tem dimensões
universais, haja vista sua inclusão na Resolução 39/248 da ONU, onde diz
textualmente, que a educação do consumidor deve fazer parte do currículo
básico do sistema educacional.
47
Neste raciocínio pressupõe-se que havendo a existência de vários
produtos ou serviços da mesma natureza à disposição do consumidor, somente
saberá utilizar adequadamente a liberdade de escolha se estiver bem
informado sobre seus direitos e deter conhecimentos que lhe permitam
identificar o produto ou serviço que pretende ou deseja.
É indispensável que o consumidor seja educado para o consumo de
produtos e utilização de serviços, de forma que aumente o seu nível de
consciência e possa enfrentar as dificuldades do mercado. Assegurando-lhe a
liberdade de escolha entre produtos e fornecimento de serviços, com qualidade
satisfatória que atenda suas necessidades.
O direito à educação abrange a educação formal incluída nos currículos
escolares, desde o primeiro grau de escolas públicas ou privadas, constituindo
verdadeiro instrumento de formação do indivíduo, e a informal, que deriva dos
meios de comunicação social, bem como meios de comunicação em massa
direcionada a um público geral ou específico no intuito de informar dos
consumidores.
O objetivo do legislador é garantir ao consumidor conhecimentos
mínimos acerca da utilização adequada de bens e serviços, de modo que
possa seguramente optar, decidir e escolher, exercendo desta vez, o direito de
liberdade de escolha entre vários produtos ou serviços colocados no mercado.
Ressalte-se a importância universal do direito à educação, uma vez que
reflete na igualdade de contratação entre consumidores e fornecedores. O
consumidor que recebe educação formal e informal estará apto a contratar com
mais segurança com seu fornecedor equilibrando as relações.
5.3 - Direito à Informação
48
Segundo preceitua o inciso III do artigo 6º. do Código de Defesa do
Consumidor, o consumidor tem direito a informações sobre a especificação
correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem
como sobre riscos que o produto possa oferecer.
A exceção que se faz é com relação a composição do produto, pois
divulgar a fórmula de um produto químico ou a composição de determinados
metais é expor o fabricante ao risco de ser copiado por concorrentes. Neste
sentido, decorre do mesmo diploma legal o dever dos fornecedores prestarem
informações de interesse do consumidor, resguardado, porém, o segredo
industrial.
O fundamento desse direito é primordialmente evitar danos a saúde e
segurança do consumidor, quando utilizar produtos ou serviços em
circunstâncias impróprias ou sob condições ambientais desaconselháveis.
Assim sendo, pede-se somente a indicação de elementos que o integram,
oferecendo ao consumidor informações que lhe permitam o uso adequado do
produto adquirido, sem que acarrete danos ao mesmo. Um bom exemplo nesse
caso, é a informação na embalagem dos produtos alimentícios da existência de
glútem, pois a ausência dessa informação poderia colocar em risco a vida de
consumidores que são alérgicos a essa substância.
É inegável a estreita relação entre o direito à informação e o direito à
segurança, haja vista que se o consumidor tem direito de consumir produtos e
serviços eficientes e seguros, é certo que deve ser informado adequadamente,
sobretudo no que diz respeito as características, especificação correta de
quantidade e qualidade, preços, validade e riscos que apresentam.
5.4 - Educação para o Consumo e Segurança Alimentar
A educação para o consumo de alimentos Brasil exige muitos
investimentos e uma verdadeira mudança cultural. Existe uma grande carência
de informações sobre as qualidades nutricionais dos alimentos. Essa situação
49
faz com que os consumidores adquiram os produtos em razão da propaganda,
sem levar em conta sua qualidade e até mesmo seu preço.
A expressiva influência que a televisão exerce sobre os brasileiros,
especialmente os de classes mais baixas, pode gerar problemas nutricionais,
quando, por exemplo, induz através de campanhas publicitárias, uma família a
substituir alimentos típicos da alimentação nacional, como o tradicional arroz
com feijão, por guloseimas sem nenhum valor nutritivo.
Mas há avanços no sentido de regular tal poder. O Brasil já possui uma
legislação rigorosa que estabelece limites para a propaganda de leite e seus
derivados. Em países da Europa, o rigor é ainda maior. Vários produtos
alimentícios obedecem a determinações restritivas por parte de órgãos
fiscalizadores. Há também a imposição de uma "quarentena" a artistas
importantes de programas infantis de televisão, impedindo-os de usar sua
imagem para promover a venda de alimentos. O objetivo é garantir uma dieta
saudável para todos desde a infância, visto que as crianças são as maiores
prejudicadas.
Ressalta-se ainda existência de algumas leis municipais em todo o
Brasil, que versam sobre a proibição da venda de guloseimas nas cantinas
escolas, buscando alternativas para uma merenda mais saudável, incentivando
desta forma uma mudança nos hábitos alimentares dos alunos.
Também a Constituição Federal, traz em seu artigo 220, § 3º, inciso II,
no Capítulo V, que fala “DA COMUNICAÇÃO SOCIAL”, determinações que
tratam sobre a responsabilidade da televisão e do rádio, senão vejamos:
Artigo 220 - A manifestação do pensamento, a criação, a
expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou
veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto
nesta Constituição.
50
§ 3º Compete à lei federal:
I - ...
II – estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à
família a possibilidade de se defenderem de programas ou
programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no
artigo 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e
serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
Tais medidas se fazem necessárias, pois atualmente, mesmo em países
relativamente pobres, a obesidade já convive lado a lado com a desnutrição.
Por outro lado, países com um vasto número de subnutridos costumam
conviver com um grande desperdício de alimentos, seja em sua produção,
distribuição ou preparação. Sendo em ambos os casos a educação para o
consumo, uma maneira eficiente não só de evitar o desperdício de alimentos,
como também de evitar problemas de saúde.
CONCLUSÃO
Ao falarmos em educação para o consumo, não podemos deixar de
lembrar que a educação é uma garantia constitucional, preceituada em vários
artigos da nossa Carta Magna, tendo também amparo em diversas leis que
tratam do assunto como a Lei Federal de Diretrizes e Bases da Educação, e na
Declaração Universal dos Direitos do Homem, da qual o Brasil é signatário.
Com efeito, o Direito do Consumidor, também foi determinado pela
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso XXXII, que trouxe um
enorme progresso para as relações de consumo no Brasil, quando previu que:
“... o estado promoverá na forma da lei a defesa do consumidor”. Já no capítulo
que trata da Ordem Econômica e Financeira e dos Princípios Gerais da
Atividade Econômica, o artigo 170, preceitua que o estado deve promover a
defesa do consumidor, sendo determinado ainda no artigo 48 do Ato das
51
Disposições Constitucionais Transitórias, o prazo de cento e vinte dias, para a
elaboração do Código de Defesa do Consumidor.
A ausência de uma legislação que amparasse o consumidor era patente,
entretanto o prazo e cento e vinte dias estipulado nos Atos das Disposições
Constitucionais Transitórias, não foi cumprido, demorando ainda mais de um
ano para que fosse promulgada a lei de defesa do consumidor.
Com o advento da Lei 8.078/90, iniciou-se uma nova etapa ao exercício
da cidadania no Brasil, haja vista ser o Código de Defesa do Consumidor, um
instrumento regulador das relações de consumo.
Desde que entrou em vigor em 11 de setembro de 1990, a lei 8.078, vem
sendo amplamente difundida tanto pelo Estado, quanto pela sociedade e hoje
quase 15 anos depois, podemos afirmar que é uma lei que deu certo, eis que
cada vez mais consumidores e fornecedores notam as regras jurídicas
reguladoras das relações de consumo.
O Código de Defesa do Consumidor, vai além de um instrumento de
defesa do consumidor, constituindo na verdade um excelente método de
exercício da cidadania, em que a sociedade pode se organizar na proteção e
defesa dos seus direitos. Assim, ao longo dos anos foram surgindo inúmeras
entidades de proteção ao consumidor em todos os níveis nacional, estadual e
municipal, conforme a previsão do próprio artigo 5º do Código de Defesa do
Consumidor.
Destaca-se nesse sentido a atuação do Estado que vem elaborando
uma política de consumo que visa atender os anseios da sociedade, através da
criação de órgãos como os PROCONS, que são amplamente conhecidos e
utilizados pelos cidadãos, bem como do aumento do número dos juizados
especiais cíveis.
52
Por todo o Brasil existem projetos realizados por escolas, universidades,
prefeituras, órgãos de defesa do consumidor como o Idec e o Ipem,
campanhas veiculadas na mídia no sentido de educar o consumidor e informá-
lo sobre seus direitos. O importante projeto realizado em parceria entre o Ipem
e o Inmetro, visando formar multiplicadores em educação para o consumo,
fazendo assim, com que mais pessoas tenham acesso as informações
necessárias para um consumo responsável.
Como vivemos atualmente a era do consumo, mister se faz, a educação
dos consumidores para que os mesmos tornem-se mais conscientes e críticos
em relação à mídia, principalmente a televisão, que é um grande formador de
opinião em nosso país. Evitando dessa maneira, problemas como a obesidade
infantil, entre tantos outros.
Não há dúvida que foi dado um grande passo em direção à democracia
econômica, redefinindo relações entre Estado e sociedade civil na busca
incansável por maior justiça social. Entretando, ainda existe um longo caminho
a ser percorrido.
A complexidade da economia na qual vivemos, faz com que haja a
necessidade de uma maior consciência e informação por parte dos
consumidores, afim de protegê-los das atitudes abusivas e desleais dos
fornecedores. Assim sendo, a responsabilidade do Estado não cessa com a
simples criação da lei de defesa do consumidor, há que se desenvolver ainda
um enorme trabalho no sentido de educar o consumidor e informá-lo sobre
seus direitos, para que ele possa exercitar plenamente sua cidadania.
53
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56
57
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A EDUCAÇÃO NO AMBIENTE CONSTITUCIONAL 10
1.1 – Previsão Constitucional da educação 10
1.2 – A Constituição Federal e a Política Educacional 11
1.3 – O Regime Jurídico da educação Brasileira 14
CAPÍTULO II
O CONSUMIDOR E O FORNECEDOR NO DIREITO
DO CONSUMIDOR BRASILEIRO 21
2.1 – A Importância do Consumidor e do Fornecedor
para a relação Jurídica de Consumo 21
2.2 - O Conceito de Fornecedor no Código de
Defesa do Consumidor 22
2.3 – O Conceito de Consumidor no Código de
Defesa do Consumidor 23
CAPÍTULO III
O CONSUMISMO E O SEU REFLEXO NA SOCIEDADE 28
3.1 – Breve Histórico da educação para o Consumo 28
3.2 – O Fenômeno do Consumismo 30
58
CAPÍTULO IV
ALGUNS PROJETOS SOBRE EDUCAÇÃO PARA
O CONSUMO 34
4.1 – Projetos do Inmetro 35
4.1.1 – Formação de Multiplicadores em Educação
para o Consumo 35
4.1.2 – Campanha de Educação para Qualidade
do Consumo 36
4.1.3 – Portal do Consumidor 36
4.2 – Projetos do Ipem 37
4.3 – Projetos do Idec 38
4.3.1 – Coleção Educação para o Consumo 38
4.3.2 – Série de TV, Leonora a Consumidora 39
4.3.3 – Campanha Fique de Olho 39
4.3.4 – As Cartilhas do Seu Jair 40
4.3.5 – Consumo Sustentável: Manual de Educação 40
4.4 – Fundação Procon São Paulo 41
4.4.1 – Educação para o Consumo 41
CAPÍTULO V
A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO ESTADO NA
FORMAÇÃO E DEFESA DOS CONSUMIDORES 42
5.1 – A Defesa do Consumidor como Exercício
da Cidadania 42
5.2 – Direito à Educação para o Consumo 47
5.3 - Direito à Informação 48
5.4 – Educação para o Consumo e Segurança Alimentar 49
CONCLUSÃO 51
BIBLIOGRAFIA 54
ÍNDICE 57
59
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
Título da Monografia: A EDUCAÇÃO DO CONSUMIDOR PARA UM
MELHOR APROVEITAMENTO DOS SEUS DIREITOS E EXERCÍCIO DA SUA
CIDADANIA
Autor: Gleiciane Janaina de Almeida Nonato Fusco
Data da entrega: 24 de fevereiro de 2005.
Avaliado por: Conceito: