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1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O CRIMINOSO E A SOCIEDADE SOB A ÓTICA DA CRIMINOLOGIA.
Por: RITA DE CASSIA COSTA MUNIZ
Orientador
Prof. Francis Rajzman
Rio de Janeiro
2011/2012
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
2
O CRIMINOSO E A SOCIEDADE SOB A ÓTICA DA CRIMINOLOGIA.
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Penal e Processo Penal.
Por: Rita de Cassia Costa Muniz.
3
AGRADECIMENTOS
...aos amigos e parentes, etc......
4
DEDICATÓRIA
.....dedica-se a mãe e amigas,,.......
5
RESUMO
O indivíduo vem sendo vítima de sua historia. Vem sendo um prisioneiro de
seus hábitos e sua moral. A passividade em que o ser humano assiste inerte a sua
raça ser dizimado e incrível. O homem deveria ser um ser buscando seu
crescimento porém gradativamente, percebe-se que o homem é um ser inacabado.
O crescimento intelectual do homem se confronta com seu temperamento explosivo
e destrutivo. Esse homem, que cumpre as leis ou as infringe, não é o pecador, irreal
; nem um animal perigoso e selvagem que inspira temor; nem o inválido que
necessita de tutela e assistência; nem a pobre vítima da sociedade, mero pretexto
para reclamar radical reforma das estruturas, como proclamam as teses marxistas. É
o homem defeituoso que monta o nosso futuro histórico . Este homem por vezes,
não tem facilidade de acatar leis e possui facilidade em não cumpri-las por razões
nem sempre acessíveis a nossa mente.
METODOLOGIA
6
Os métodos utilizados foram, como leitura de livros, jornais, revistas,
questionários e a resposta, remonta questionamentos que vem sendo feitos há anos.
O objeto do estudo busca entender em entrevistas, questionários, um pouco do
universo do ser humano em seu aspecto mais animal. O processo de produção da
monografia foi árduo e gratificante. As faculdades e Institutos Criminais fornecem
base para um maior compreensão do estudo desenvolvido.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A evolução histórica da criminologia 10
1.1- Antiguidade: precursores 11
1.2- Antropologia Criminal 14
1.3 -Sociologia Criminal 15
1.4- Política Criminal 15
CAPÍTULO II - Criminologia e o sistema penitenciário 20
CONCLUSÃO 47
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52
ANEXOS 58
8
INTRODUÇÃO
Segundo estudiosos, perguntas que parecem fáceis levam anos de estudos
para serem respondidas, e ,muitas vezes, embora haja muitos estudos não se obtém
os motivos reais que levaram o homem a cometer crimes. A ciência Criminologia
estuda o fenômeno criminal, a vítima, as determinantes endógenas e exógenas que
isolada ou cumulativamente atuam sobre a pessoa e a conduta do delinqüente, e os
meios laboratoriais e terapêuticos ou pedagógicos de reintegra-lo ao grupamento
social".
Todo mundo se pergunta o que leva alguns homens a cometerem crimes tão
bárbaros com intenção satisfazer suas necessidades. A busca por saciar estas
necessidades podem aparecer em vários momentos da vida. A busca pelo
cometimento de crimes para abrandar sentimentos desconhecidos pelo homem
levam o estudo da criminologia a uma importante inimaginável . A forma de
elaboração e freqüência no cometimento de crimes, serviram de base para formular
diversas teorias. Entretanto, estas teorias tem servido para dar um pouco de
entendimento no que se refere a criminalidade porém não vem servindo para
provocar mudanças na realidade. Nesse setor muito se fala e se discute a esse
respeito, diversas propostas e leis tem sido apresentadas no congresso visando
trazer uma solução para esses problemas evidentes que vem tirando a paz da
sociedade brasileira. Os brasileiro, imediatista, buscam soluções que vão desde a
prisão perpetua a pena de morte achando que qualquer delas pode ser a solução.
Os mais moderados são a favor da redução da maioridade penal.
Na opinião de Vitorino Prata que reconhecendo a condição de ciência da Criminologia,
sublinha: " Embora o homem seja o mesmo em qualquer parte do mundo, os crimes têm
características diferentes em cada continente, devido à cultura, à história própria de cada um. Há,
pois, um criminologia iugoslava, criminologia brasileira, chinesa, enfim, uma criminologia própria de
cada raça ou cada nacionalidade".
“É o estudo experimental do fenômeno do crime, para pesquisar-lhe a etiologia e tentar a sua debelação por meios preventivos ou curativos”. ( Nelson Hungria).
9 “Uma ciência pré-jurídica; a sua matéria de estudo é o homem, o seu viver
social, as suas ações, toda a sua evolução, como espécie e como indivíduo. Ela
pretende ser uma ciência de informação, manifestando-se sobre as causas
(conhecidas ou a pesquisar) e os efeitos ( próximos ou remotos) das ações anti-
sociais; e pretende chegar lá através das ciências do homem, da Antropologia lato
sensu, em sua maior amplitude, que se dilatará como o próprio desenvolvimento dos
acervos científicos acumulados”.(Hilário Veiga de Carvalho).
10
CAPÍTULO I
A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CRIMINOLOGIA.
O CONCEITO
A Evolução da Criminologia embora já tivesse se manifestado desde o
inicio da humanidade, somente no século XIX , teve sua sistematização quando foi
entendida como ciência empírica que se ocupa do crime, do delinqüente, da vítima e
do controle social do delitos. Baseia-se na observação, nos fatos e na prática, mais
que em opiniões e argumentos, é interdisciplinar e, por sua vez, formada por outra
série de ciências e disciplinas, tais como a biologia, a psicopatologia, a sociologia,
política, etc.
A evolução histórico-científica da Criminologia
Na antiguidade , não se possuía um estudo sistematizado sobre o crime e o
criminoso. A passagem da criminalidade pela Antiguidade foi caracterizada pelas
ordens distintas associadas a filósofos e pensadores, classificando a criminalidade
aos fenômenos sócio-econômicos
A falta de conhecimento, levam os seres humanos a buscar explicações
sobrenaturais ou religiosas sobre o mal e o crime.
O filosofo Sócrates, (470 a 399 a.C.) , que nasceu em Atenas , é considerado o fundador da filosofia ocidental, ensinava seus discípulos através de perguntas, conhecido como método socrático “Conhece-te a ti mesmo”.
Esta magnifica frase leva ao pensamento de que o ser humano não se
conhece intimamente, não conhece seus reais desejos e frustrações e onde tudo
isso pode parar. A falta de conhecimento na antiguidade levavam pessoas a
fogueiras e a outros meios cruéis de tortura. Porém , os torturadores, possuíam um
salvo conduto para o cometimento de tais crimes. Estavam amparados pela lei dos
homens e lei de Deus.
11 O Crime era visto como pecado, tentativa de ligar crime a religião. Ou melhor,
a falta de religião. A religião, tratava muitos crimes cometidos, como “encarnação
diabólica”, faltava estudos psicológicos e familiares.
Na Antiguidade, registraram-se muitas manifestações de natureza penal,
psicológica, antropológica ,que se conhece com “ o embrião da Criminologia”.
A sistematização científica da Criminologia vem se constituindo recentemente,
abrangendo estudo de sua evolução, atendendo a critério de divisão em períodos
históricos ou fases.
Períodos ou fases da Criminologia
A Criminologia pode ser estudada, do ponto de vista de sua evolução
científica, em períodos históricos ou fases, a saber:
1.1 Antiguidade: precursores
Hamurabi, foi uma rei, que criou um conjunto de leis na Mesopotâmia. O código
é pautado na lei de Talião, ou seja, olho por olho, dente por dente. Este texto tem
natureza civil, administrativa, penal etc., contém diversas normas repressivas,
punindo aquilo que hoje se denomina a criminalidade dourada (praticada por altos
funcionários públicos e por pessoas abastadas, com grande poder de corrupção),
visto que, na época, grassava vasta corrupção na administração babilónica, como
lembra Luiz Rodríguez Manzanera (Criminologia, pp. 150 e segs.).
Algumas leis do Código de Hamurabi:
- Se alguém enganar a outrem, difamando esta pessoa, e este outrem não puder
provar, então aquele que enganou deverá ser condenado à morte.
- Se uma pessoa roubar a propriedade de um templo ou corte, ele será condenado à
morte e também aquele que receber o produto do roubo deverá ser igualmente
condenado à morte.
12 - Se uma pessoa roubar o filho menor de outra, o ladrão deverá ser condenado à
morte.
- Se uma pessoa arrombar uma casa, deverá ser condenado à morte na parte da
frente do local do arrombamento e ser enterrado.
- Se uma pessoa deixar entrar água, e esta alagar as plantações do vizinho, ele
deverá pagar cereais por tamanho de terra.
- Se um homem tomar uma mulher como esposa, mas não tiver relações com ela,
esta mulher não será considerada esposa deste homem.
- Se um homem adotar uma criança e der seu nome a ela como filho, criando-o, este
filho quando crescer não poderá ser reclamado por outra pessoa.
Em matéria criminológica, Israel legou à posteridade alguns aspectos
marcantes, dada a natureza e características da existência e da organização social
desse povo, onde a religião e a política se entrelaçavam, e os reis governavam
como sumos-sacerdotes.
Primitivamente, ali se desconhecia a propriedade privada da terra,
considerada um bem coletivo, ideal esse que, em parte, inspirou mais tarde a teoria
comunista de Marx.
Ocorreram, porém, divergências religiosas, que acabaram dividindo o povo:
uns defendiam a religião tradicional, a harmonia social, a liberdade, enquanto outros
pregavam a expansão comercial, os lucros particulares, a escravidão dos devedores
insolventes, a usura; estes acabaram fazendo prevalecer os seus pontos de vista,
desaparecendo para sempre os tempos em que Israel "vivia em paz e liberdade, sob
os vinhedos e oliveiras".
Os profetas desempenharam papel destacado no tocante aos costumes
sociais e destinos do povo.
Na China (por volta de 1500 a.C.) a situação não era muito diferente. Mais
tarde, Confúcio (551-478 a.C.) se preocupou, em várias oportunidades, com o
13 comportamento criminoso. Merece consideração esse pensamento dele, dirigido,
naturalmente, aos homens públicos: "Tem cuidado de evitar es crimes, para não ver-
te obrigado a castigá-los."
Verifica-se a antiga Grécia, recheada de condutas delituosas tais como
homicídios, roubos, violações etc. Os Deuses mitológicos, podem ser tido como
criminosos as época,consideração feita por Lombroso , quando qualifica de
"criminoso nato";Zeus. Vemos o Deus, Apoio como homossexual; Poseidão, deus do
mar, é outro maníaco sexual; Vénus é mentirosa, cruel e adúltera; Hermes, um
criminoso precoce, dentre outros.
Dentre os pensadores gregos, que se destacaram no estudo dos problemas
criminais, encontramos algumas ideias precursoras.
Alcmeão de Crotão (século VI a.C.) foi, talvez, o primeiro a dissecar animais e
estudar as características físicas e morais dos autores de delitos.
Isócrates (436-338 a.C.) ensinou que "ocultar o crime é tomar parte nele",
lamentando a sua ocultação.
Segundo Platão, o jovem pode converter-se em criminoso pela pressão do
meio, pelas más companhias e as orgias. Sustenta que: "Ninguém deve ser
castigado porque causou um mal, porquanto o que está feito não pode ser desfeito,
senão para que, no futuro, este e aqueles que o vejam castigado possam
cabalmente odiar a injustiça ou, quando menos, diminuam muitos de seus atos
perversos."
Aristóteles (384-322 a.C.) , discípulo de Platão, pilar da cultura filosófica
ocidental, é considerado o fundador da corrente psicológica da Criminologia.
Segundo ele, os conceitos de vontade e Uberdade, vale dizer, livre arbítrio e
determinismo, têm diferenças marcantes, assim, o homem não é completamente
livre, ainda que possa chegar a sê-lo, submetendo seus instintos à razão e fazendo
com que esta domine a sensibilidade.
14 Como Platão, ele crê que a pobreza é um dos fatores criminó-genos mais
importantes; que a miséria engendra rebelião e crime, porém, assinala que os delitos
mais graves não se cometem para adquirir o necessário, senão pelo supérfluo, quer
dizer o homem não mata por fome, mas por ambição.
Aristóteles, em sua Política, afirma que "a miséria engendra rebelião e delito",
fundamentando, portanto, da mesma forma que Platão, a criminalidade em causas
económicas.
Em Alexandria, o contato entre médicos gregos e egípcios foi proveitoso
pois serviu para o intercâmbio de informações básicas, ensejando o aparecimento
de médicos como Herófilo e Erasístrato, o primeiro deles considerado o pai da
Anatomia, ao realizar os primeiros estudos que se conhecem sobre cadáveres
(geralmente de delinquentes justiçados).
Em Roma, Sêneca (c. 4 a.C.-65 d.C.) é considerado o crimi-nólogo de
maior destaque; em sua análise sobre a ira, ele a considera como o motor básico do
crime, por isso que a sociedade está sempre em luta fratricida.
As causas económicas, era motivos e causas para o cometimento de
crimes. Crimes estes sempre amparados por justificativa onde alguns homens
possuíam maior valores que outros.
1.2 ANTROPOLOGIA CRIMINAL
A antropologia criminal, hoje também denominada biologia criminal, é ciência
criminológica que deve seu aparecimento, como conjunto de princípios
sistematizados, a Cezare Lombroso. Segundo o famoso médico italiano, há um tipo
humano especial, devidamente caracterizado por uma série de traços somato-
psíquicos, e que é o “delinqüente nato”. Existem, assim, certos homens
naturalmente criminosos, perfeitamente identificáveis por características particulares,
a maioria das quais externamente visível.
15 A Era Antropológica-criminal aconteceu numa época que se deixou a Escola
Clássica e se passou para verificações objetivas e concretas sobre o delito e
criminoso.
Como disse MEZGER, com muito acerto, a existência de um delinqüente nato
não se comprovou empiricamente. Embora possam ser encontrados homens com
inclinação para o delito, por sua constituição inata, não representam eles “um tipo
criminal unitário, fechado em si, com determinadas características corporais
(somáticas) e anímicas (psíquicas) como genuína species generis humani”.
A conceituação de Grispigni, que dentro da própria escola positiva combateu o
exagero de Ferri, situa a sociologia criminal no campo estrito do fenômeno da
criminalidade, critério esse também abraçado por Etienne De Greef. Para o jurista
italiano os fatores exógenos do delito não passam, em última ratio, de fenômenos
pertinentes ao indivíduo, pelo que devem ser estudados na antropologia criminal. Só
a criminalidade, que é o crime como fato social, constitui o objeto da sociologia
jurídica.
1.3 SOCIOLOGIA CRIMINAL
A sociologia criminal foi o novo período da criminologia deixando de lado a
teoria Lambrosiana e dando lugar a três teorias: Antropossociais, sociais
propriamente ditas e socialistas. O surgimento logo após da Política Criminal de três
escolas distintas deu uma trégua nas discussões entre a teoria italiana e francesa
sobre o estudo de Lombroso. Nos dias atuais nas tendências da criminologia
existem duas concepções que predominam, viabilizando um melhora para o sistema
criminal.
1.4 POLITICA CRIMINAL
"A Política Criminal é a ciência ou a arte de selecionar os bens (ou direitos)
que devem ser tutelados jurídica e penalmente e escolher os caminhos para efetivar
tal tutela, o que iniludivelmente implica a crítica dos valores e caminhos já eleitos"
(ZAFFARONI, 1999:132).
16 A Politica Criminal se oriente visando a ação e a efetivação a tutela dos
bens jurídicos, visando fornecer orientação aos legisladores no combate adequado e
racional da criminalidade .As críticas que são feitas ao ordenamento em vigor, busca
promover sua alteração e adequação às políticas recomendadas.
A Política esta relacionada diretamente as normas jurídicas portanto fatores políticos
determinam a criação ou extinção de uma norma penal.
"A norma, portanto, deixaria de exprimir o tão propalado interesse geral, cuja
simbolização aparece como justificativa do princípio representativo para significar,
muitas vezes, simples manifestação de interesses partidários, sem qualquer vínculo
com a real necessidade da nação" (TAVARES, 2000:74).
Torna-se oportuno um breve apanhado sobre os principais movimentos da
Política Criminal da atualidade. Destacam-se três correntes: a Nova Defesa Social, o
Movimento da Lei e da Ordem, e a Nova Criminologia ou Política Criminal Alternativa
(Cf. ARAÚJO Jr. 1991:65:79).
I – Nova Defesa Social – Iniciado em 1945, por Filippo Gramatica, foi inicialmente
denominada de Defesa Social. Em 1954, com a publicação do livro La Défense
Sociale Nouvelle, de Marc Ancel, foi rebatizada de Nova Defesa Social.
II – Movimento da Lei e da Ordem – Esse movimento credita o aumento da
criminalidade ao tratamento excessivamente benigno que a lei dedica ao criminoso.
A violência somente pode ser reprimida pelo recrudescimento do sistema penal, com
a edição de leis mais severas e imposição de penas privativas de liberdade mais
longas e, até, pena de morte. São seus postulados:
III – Nova Criminologia – Trata de conjunto de movimentos interligando:
Criminologia Crítica, Criminologia Radical, Criminologia da Reação Social, Economia
Política do Delito, modalidades que repudiam à Criminologia Tradicional e a busca
da construção de uma teoria materialista da criminalidade, ou seja, "de uma
criminologia de inspiração marxista". Sua difusão, assim como seu nome, devem-se
à obra coletiva de Taylor, Walton e Young, The New Criminology (1973). No Brasil,
17 coube a Roberto Lyra Filho, com sua obra Criminologia Dialética (1972) o posto de
precursor da Nova Criminologia.
II- CRIMINOLOGIA E SISTEMA PENITENCIÁRIO
O Direito Penal , sempre se direcionou visando a punição do ofensor, sem
vislumbrar o estudo da criminalidade. Se o Autor, do fato, em algum momento não
seria vítima, seja do preconceito da sociedade, da desigualdade social, da má
distribuição de renda, seja de políticas públicas mal elaboradas não lhe assegurando
os direitos constitucianolmente contidos nos direitos e garantias fundamentais do
cidadão.
Outra ciencia de muita importancia porém de poucas oportunidade é
a ciencia que estuda a vítima, ou seja, vitimologia. A vitimologia, estuda a vítima e
sua relação com o crime e o criminoso, ou seja, a proteção e tratamento da vítima,
bem como sua possível influência para a ocorrência do crime, de modo que se
percebe a necessidade de uma análise mais profunda no que diz respeito à ciência
em estudo, uma vez que existe vítima em ambos os lados do ato criminoso.
A decadência do sistema penitenciário brasileiro ja vem de muitos anos. Nada
consegue-se adequar, seja no que tange, número de presos ao número de vagas, a
superlotação generalizada em todos os Estados brasileiros demonstra a falência do
sistema, bem como a inviabilidade do modelo punitivo adotado pelo Brasil.
A Lei 9.099/95 , veio como salvação para desafogar o judiciário embora tenha
vindo visando implantar medidas despenalizadoras , não vem cumprindo seu real
proposito. Verifica-se que os próprios delinquentes, não acreditam na eficácia do
sistema que muitas vezes, funciona como meio de impunidade, vez que nos crimes
de menor potencial ofensivo raramente se consegue uma punição de fato inibidora à
prática de novos atos criminosos.
18 O Direito Penal , sempre se direcionou visando a punição do ofensor, sem
vislumbrar o estudo da criminalidade. Se o Autor, do fato, em algum momento não
seria vítima, seja do preconceito da sociedade, da desigualdade social, da má
distribuição de renda, seja de políticas públicas mal elaboradas não lhe assegurando
os direitos constitucianolmente contidos nos direitos e garantias fundamentais do
cidadão.
Outra ciencia de muita importancia porém de poucas oportunidade é a
ciencia que estuda a vítima, ou seja, vitimologia. A vitimologia, estuda a vítima e sua
relação com o crime e o criminoso, ou seja, a proteção e tratamento da vítima, bem
como sua possível influência para a ocorrência do crime, de modo que se percebe a
necessidade de uma análise mais profunda no que diz respeito à ciência em estudo,
uma vez que existe vítima em ambos os lados do ato criminoso.
A decadência do sistema penitenciário brasileiro ja vem de muitos anos. Nada
consegue-se adequar, seja no que tange, número de presos ao número de vagas, a
superlotação generalizada em todos os Estados brasileiros demonstra a falência do
sistema, bem como a inviabilidade do modelo punitivo adotado pelo Brasil.
A Lei 9.099/95 , veio como salvação para desafogar o judiciário embora tenha
vindo visando implantar medidas despenalizadoras , não vem cumprindo seu real
proposito. Verifica-se que os próprios delinquentes, não acreditam na eficácia do
sistema que muitas vezes, funciona como meio de impunidade, vez que nos crimes
de menor potencial ofensivo raramente se consegue uma punição de fato inibidora à
prática de novos atos criminosos
19
CONCLUSÃO
Dessa forma, podemos concluir que não existe uma causa da
criminalidade, o crime não decorre por um determinado segmento. É complexo, pois
é o produto de determinados fatores.
O desenvolvimento de uma visão criminológica crítica no Brasil tem sido
lento. As razões para este comportamento dos estudiosos brasileiros devem ser
analisadas desde a opção ideológica bastante definida da criminologia crítica até as
dificuldades políticas internas enfrentadas, que ocasionaram certo isolamento
cultural, do único país de língua portuguesa da América latina, passando pela
formação eclética dos percussores do estudo criminológico brasileiro.
20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
D´URSO, Luiz Flávio Borges. Palestra proferida por ocasião do Seminário TEMAS DE DIREITO E PROCESSO PENAL, coordenado pelo expositor, promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil- Secção de São Paulo, em 12 de junho de 1996.
RIBEIRO, Armando Lúcio. Privatização (Terceirização) dos Presídios.
Disponívelemhttp://www.mp.rn.gov.br/artigo/caops/caopjp/teses/privatizacao_presidi
os.pdf. Acesso em 10 de julho de 2009.
DOS SANTOS, Cirino. Direito Penal: a nova parte geral. Rio de Janeiro,
Forense,1985, p.227.
MINHOTO, José Laurindo. (2000), Privatização de presídios e criminalidade: A
gestão da violência no capitalismo. São Paulo, Max Limonad, 2000, p. 25
LOTKE, Eric. Revista Brasileira de Ciências Criminais. A Indústria das prisões. São
Paulo, Revista dos Tribunais, 1997, p.28.
CAMARGO, Antonio Luis Chaves. Sistemas de Penas, Dogmático Jurídico-
Penal e Política Criminal. São Paulo, Cultural Paulista, 2002, p. 29.
CAMILO Roberta Rodrigues. Realidade nos estabelecimentos prisionais brasileiros
e a dignidade humana. In: MIRANDA, Jorge e SILVA, Marco Antonio Marques da
(Coord.). Tratado Luso-Brasileiro da Dignidade Humana, 1. ed, São Paulo, 2008,
p.763
http://gballone.sites.uol.com.br/forense/criminologia.html
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA8LMAL/criminologia-formatado
http://br.monografias.com/trabalhos905/criminologia-direito-penal/criminologia-
direito-penal.shtml
21 http://www.idecrim.com.br/index.php/component/communicator/view/1/15
http://idecrim.com.br/images/stories/idecrim/4_boletim_jan_09.pdf
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAk9kAD/a-evolucao-criminologia
22
ANEXO 1
PRODUZINDO O MATERIAL
Privatizar presídios: solução para a crise do sistema penitenciário?
» André Ricardo Dias da Silva
RESUMO
Busca-se, com este artigo, analisar a privatização de presídios, método de pouca
aplicação no Brasil, como mecanismo apto a otimizar a saúde dos presídios
nacionais, em sua maioria recintos insalubres e vilipendiadores dos direitos
humanos fundamentais, locais onde a ressocialização e a reeducação dos internos é
sobremaneira dificultada. Não se pretende defender a tese do abolicionismo ou da
não punição ao infrator.
A LEI DE EXECUÇÃO PENAL
A Lei n° 7.210/84 regula a execução penal, e já em seu primeiro
artigo aponta que a execução criminal busca proporcionar condições para a
harmônica integração social do condenado e do internado.
Ao preso é deferida variada gama de assistências por parte do Estado,
ressaltando:
a) material: fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas;
b) à saúde: compreende atendimento médico, farmacêutico e odontológico;
c) jurídica: destinada aos presos sem recursos financeiros para constituir advogado;
23 d) educacional: compreende a instrução escolar, sendo o ensino de primeiro grau
obrigatório,e a formação profissional do preso. Dota cada estabelecimento de uma
biblioteca, munida de livros instrutivos, recreativos e didáticos;
e) social: busca amparar o preso e prepará-lo para o retorno à liberdade; e
f) religiosa: a participação em atividades religiosas têm caráter facultativo.
Os artigos 40 a 43 da Lei de Execução Penal lastreiam os direitos do
preso, em extenso rol. Dentre outros aponta-se o respeito à integridade física e
moral, alimentação suficiente e vestuário, atribuição de trabalho e sua remuneração,
proteção contra qualquer forma de sensacionalismo, previdência social,
chamamento nominal, visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em
dias determinados, entre outros. Os direitos do preso, ex vi lege, devem ser
respeitados, bem como se este utilizá-los de forma abusiva, é merecedor da
reprimenda estatal.
APONTAMENTOS HISTÓRICOS E DADOS DE DIREITO COMPARADO
A história da privatização de presídios no Brasil é relativamente
recente. Minhoto [2] informa que o Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária (CNPCP), sugeriu a adoção do modelo de prisões privadas pela
primeira vez em 1992.
Fábio Maia Ostermann [3], em monografia sobre Privatização de
Presídios, informa que existem no Brasil atualmente 16 instituições prisionais com
atividades terceirizadas a empresas privadas. Destacam-se as seguintes empresas:
INAP (Instituto Nacional de Administração Penitenciária), CONAP (Companhia
Nacional de Administração Presidiária), Yumatã, Reviver e Montesinos.
No exterior a privatização surgiu nos anos 70, nos Estados Unidos da
América. Nos anos 80 começa a surgir na Inglaterra.
24
Os Estados Unidos entregam a penitenciária ao ente particular,
atuando apenas como custos legis. A privatização é sentida em vários continentes,
estando presente em países como Austrália, África do Sul, Alemanha, Peru e Hong
Kong, entre outros.
Nos EUA estão as maiores empresas que atuam na área, como a
Corrections Corporation of América e a Wackenhut Corrections Corporation. Juntas
administram mais de 100.000 internos. Também atuam no Reino Unido e na
Austrália [4].
O Instituto Reason Foundation [5] elaborou quadro onde enumera
vários estabelecimentos penais privados norte-americanos, os, quais segundo o
Instituto apresentam redução de custo de manutenção se comparados à
administração pelo Estado.
Dados apresentados pelo direito comparado norte-americano, tem-se
que a redução de gastos chegou a 63% (Selle´s Study, 1985) e jamais apresentou
resultados negativos. Confiando-se na veracidade e na seriedade destes estudos,
que abordam períodos desde 1985 até o ano 2000, têm-se que os dados
entusiasmam até os mais céticos.
ANÁLISE DOUTRINÁRIA DA PRIVATIZAÇÃO DE PRESÍDIOS
A pena privativa de liberdade surgiu com o escopo de substituir as
penas violentas e cruéis antes existentes. Possui inúmeros críticos, mas a
sociedade ainda não foi capaz de encontrar uma pena substitutiva eficaz. Reza a
crítica que a crença na recuperação do criminoso, via pena privativa de liberdade, é
devaneio. Esta crença, ressalte-se, é baseada na tradição brasileira de presídios
controlados pelo Estado.
Na edição 2101, de 25 de fevereiro de 2009, a revista Veja (p.85-
87) divulgou dados interessantes e favoráveis à privatização de presídios.Comparou
o Presídio Central de Porto Alegre, considerado o pior do país, com a Penitenciária
25 Industrial de Joinville. Segundo a revista, os resultados são tão promissores que
existe uma tendência de se ampliar a participação da iniciativa privada na área
prisional, seja através de terceirização, seja através de parceria público-privada.
Dante Alighieri [6] descreve o inferno como um lugar úmido,
sujo,fétido, sombrio, mal iluminado. As fotos estampadas na reportagem supra
mencionada retratam o inferno de Dante no Presídio Central de Porto Alegre, onde
as condições de habitação são abjetas.
Dois modelos de privatização se destacam: o americano e o francês.
O americano permite maior autonomia no gerenciamento do estabelecimento, já no
Francês a participação do Estado é maior. O modelo brasileiro de privatização tende
a se aproximar do modelo francês.
Luiz Flávio Borges D´Urso [8] defende a tese da privatização de
presídios como forma redutora dos malefícios causados pelas prisões brasileiras
modernas. Para o atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil paulista, o
preso custa ao Estado 50 dólares por dia, enquanto que para a administração
privada este valor cairia para 25 dólares. O professor ainda avalia que se a
Constituição Federal não proibiu a privatização, permitiu. E conclui distribuindo as
tarefas: a jurisdicional sempre nas mãos do Estado-juiz, restando ao particular cuidar
da alimentação, limpeza, roupas, e demais serviços materiais da execução penal.
A opinião de Armando Lúcio Ribeiro [9], em artigo publicado no portal
do “parquet” potiguar, converge com a de Borges D´Urso. Diz Armando:
Não havendo óbices legais, posto que se o legislador constitucional não proibiu,
permitiu a participação da iniciativa privada na gestão do sistema penitenciário, é
uma alvissareira idéia, a da “privatização” dos presídios.
Muito embora os doutrinadores entendam que a legislação brasileira
não proibiu a privatização de presídios, a tese por eles defendida não é unânime.
Armando ainda traz em seu trabalho importantes defensores da tese da
privatização. Cita Edmundo Oliveira, o qual estudou o “Houston Detention Center”,
26 estabelecimento no qual existe um servidor estatal encarregado de fiscalizar o
cumprimento das cláusulas contratuais. A inobservância de tais cláusulas gera a
aplicação de multas e até mesmo a rescisão do contrato. Outro autor apontado é
Paulo Helder Bordin, para quem o índice de fuga das unidades terceirizadas é zero e
a reincidência no período pós prisão da ordem de 2%.
Considerando que em 2003, o Departamento Penitenciário Nacional
(DEPEN) informava que o índice de reincidência no Brasil é de 82%, a marca de 2%
das unidades terceirizadas é excepcional.
Quais seriam as causas deste baixo índice de reincidência? Seriam as
boas condições encontradas no interior destes presídios? Certamente a salubridade
do ambiente, assistência médica e odontológica, o incentivo ao trabalho favorecem a
ressocialização e fortalecem a dignidade da pessoa humana, princípio constitucional
vilipendiado nas prisões exclusivamente estatais.
Qualquer que seja a modalidade prisional adotada, ao preso se deve
possibilitar trabalho. O ócio perpetrado nas cadeias brasileiras, é demolidor dos
homens. Imagine-se passar horas sem ocupação, e o que dizer se tais horas se
converterem em dias, meses, anos. Como bem lembra Daniela Muradas [10] o
“trabalho é um processo de formação do homem”. Necessário lembrar, porém, que a
prestação de trabalho a entidade privada depende de consentimento expresso do
preso, conforme reza o artigo 36, § 3°, da Lei de Execução Penal.
César Barros Leal [11] também defende a privatização, sob o argumento
de que a recuperação que hoje se apresenta é uma miragem. Segundo as palavras
do professor:
É preciso, sem nos iludirmos com a fata morgana da recuperação, assistir o preso e
dar-lhe trabalho, necessário este à auto-suficiência dos presídios e reconhecido
como dever social e requisito da dignidade humana, levando-se em conta, em sua
oferta, a habilitação, a condição penal e as necessidades futuras dos internos, assim
como as oportunidades do mercado. É preciso discutir a idéia da privatização,
implantável em projetos pilotos, em regime de gestão mista, e cujas vantagens,
múltiplas, são de ordem humana, operacional, legal e financeira.
27
Fernando Capez é contundente:
É melhor que esse lixo que existe hoje. Nós temos depósitos humanos, escolas de
crime, fábrica de rebeliões. O estado não tem recursos para gerir, para construir os
presídios. A privatização deve ser enfrentada não do ponto de vista ideológico ou
jurídico, se sou a favor ou contra. Tem que ser enfrentada como uma necessidade
absolutamente insuperável. Ou privatizamos os presídios; aumentamos o número de
presídios; melhoramos as condições de vida e da readaptação social do preso sem
necessidade do investimento do Estado, ou vamos continuar assistindo essas cenas
que envergonham nossa nação perante o mundo. Portanto, a privatização não é a
questão de escolha, mas uma necessidade indiscutível, é um fato.
A doutrina, entretanto, apresenta pensamentos contrários à tese da
privatização. Em suma, combate-se a exploração do trabalho do preso pela empresa
privada, e o possível apego ao lucro excessivo, problema sobremaneira
preocupante. O lucro faz parte do conceito de empresa, e muitas vezes a probidade
e a ética são deixadas em segundo plano, colocando-se em primeiro os cifrões das
moedas.
Cirino dos Santos [13] entende que o trabalho do preso não pode ser
supervisionado por uma empresa privada:
No Brasil, o legislador definiu o trabalho do condenado como dever social e
condição de dignidade humana, com finalidade educativa e produtiva (art. 28 e §§,
LEP), mas com duas importantes limitações: o trabalho do condenado somente pode
ser gerenciado por fundação ou empresa pública e deve ter por objetivo a formação
profissional do condenado (art. 34, LEP).
Receia-se, como já assentado, que a voracidade com que as empresas
administradoras de presídios buscariam os lucros, poderia macular os ideais
constitucionais da dignidade da pessoa humana, como bem apontam os professores
infra alinhavados.
Laurindo Dias Minhoto ensina que as duas maiores empresas do ramo,
a Corrections Corporation of America e a Wackenhut Corrections Corporations
28 apresentam grandes margens de lucro. A primeira apresentou, em 1996, um
faturamento de US$ 137,8 milhões, e a segunda faturou US$ 206 milhões, tendo
lucro líquido de US$$ 21,2 milhões.
Para Eric Lotke , “as indústrias madeireiras precisam de árvores; as
siderúrgicas precisam de ferro; as companhias de prisões usam pessoas como
matéria prima. As indústrias enriquecem na medida em que conseguem apanhar
mais pessoas.”
A confirmar a tese apontada por estes estudiosos, a privatização teria um
efeito deletério, buscando as empresas do ramo, quem sabe, a aplicação do direito
penal do inimigo, para que suas celas estejam cada vez mais repletas de infratores e
consequentemente seus lucros sejam maiores.
CRIMINOLOGIA E O SISTEMA PRISIONAL
Samyra Naspolini, baseada nos ensinamentos de Lemmert traz à baila
os conceitos de desvio primário e desvio secundário. A submissão de uma pessoa
que tenha cometido um delito (desvio primário) à penalizações e tratamentos, faz
com que a mesma se ligue umbilicalmente ao seu ato e passe, assim, a cometer
novos delitos (desvio secundário). Diz a pesquisadora: “Em suma, a reação social
frente ao desvio primário conduz ao desvio secundário”.
Considerando a situação dos cárceres, a inserção do delinqüente
primário nestes, gera uma escolarização do crime, uma vinculação do criminoso à
prática de novos crimes, o qual antes da entrada no sistema poderia ser reeducado,
mas que agora já não pode mais, pois contaminou-se.
A aparente falta de interesse do Estado e mesmo da sociedade em
resolver o crônico problema dos presídios, também pode ter outras explicações. A
criminalidade de alto poder aquisitivo, leia-se políticos, empresários, jamais
frequentará o cárcere, estando este reservado, regra geral, a pessoas de parcos
recursos materiais e educacionais. Muitos delitos também passam a margem da
29 repressão estatal como os crimes contra o sistema financeiro nacional, contra a
ordem tributária, crimes perpetrados, em sua imensa maioria, por abonados.
Samyra aponta em seu interessante artigo (p. 160), utilizando dados do
Censo Penitenciário Nacional elaborado pelo Ministério da Justiça em 1994, que:
a) 95% dos presos são pobres,
b) 87% não concluíram o primeiro grau,
c) 85 % não possuem condições para contratar um advogado
d) Os delitos mais praticados pelos presos: Roubo (33%), furto (18%), homicídio
(17%), Tráfico de drogas (10%).
Apoiada em dados fornecidos pelas revistas Veja e Isto É, a professora
continua. De cada dez presos, três cometeram delitos banais, como roubar tijolos ou
uma lata de leite. Dos 129.169 presos existentes no Brasil (1994), 0002% cumprem
pena por corrupção ativa e 0,04% estão condenados por corrupção passiva.
Da análise dos dados apontados no parágrafo supra, e tendo-se por
lógico que crimes de corrupção ativa/passiva são praticados por pessoas de estratos
mais elevados da sociedade, confirma-se a tese de que cadeia não é para qualquer
um, mas apenas e tão somente para os baixos estratos da camada social.
Para a criminologia crítica, a prisão e o sistema penal não buscam
recuperar o delinquente, mas antes reproduzir as desigualdades existentes na
sociedade, reservando o cárcere aos desafortunados, os quais são carimbados com
a pecha de criminosos. Cárcere não é local para ser habitado por quem poderia
tornar suas condições de vida mais dignas, então porquê fazê-
lo?
Camargo entende que um maior respeito aos direitos fundamentais do
preso, e esta a justificativa para a privatização, fará com que este reflita sobre sua
responsabilidade social, verbis:
30
Uma pena executada, sob a visão dos direitos fundamentais da pessoa
humana, será mais justa, no sentido de procurar seu verdadeiro significado e tentar
durante o tempo de execução, produzir no condenado, uma reflexão sobre sua
responsabilidade social. Seu crescimento pessoal será a única justificativa para a
pena.
Roberta Rodrigues Camilo se mostra preocupada com o trabalho do
preso após sua saída do cárcere:
É de conhecimento público o fato de que certos estabelecimentos prisionais,
devido à superpopulação estabelecem um rodízio para que os presos durmam.
Devido a essa situação caótica, ao invés da ressocialização do preso, este é tratado
como se estivesse num depósito, num container. Nos dias atuais, é de extrema
importância a reforma das prisões com o intuito de combater a corrupção e melhorar
as condições do preso para que tenha acesso a atividades profissionalizantes, de
modo que o egresso consiga uma ocupação digna.
Todos os autores mencionados neste trabalho que defendem a
privatização, visualizam a necessidade de mudanças, neste rol incluiu-se seu autor.
Impossível passar ao largo da situação vexatória que hoje se apresenta. Incutir
responsabilidade social, ocupação digna intra e extra cárcere, punição com respeito
aos direitos fundamentais e à dignidade da pessoa humana, eis uma reflexão
necessária.
31
ANEXO 2
Reportagens
Uma série especial sobre o Apagão Carcerário uma viagem ao horror, brutalidade, abandono e condições sub-humanas atrás das grades de prisões brasileiras.
Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem. Rebelião em Osasco
30/05/2008 – Os presídios que funcionam
Mas nossa última reportagem traz exemplos de como o sistema prisional pode funcionar e é capaz de recuperar detentos.
Prisão de segurança máxima. Limpa. Organizada. O modelo ideal existe no Brasil.
O alerta dá início a uma rotina rígida. Com um agente na galeria, o preso é obrigado a ir para o fundo da cela.
Estamos na Penitenciária Federal de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Capacidade: 208 presos. Atualmente abriga
154, todos muito perigosos. Guardados por 250 agentes e mais de 200 câmeras.
Somos a primeira equipe de televisão a entrar nessa fortaleza. Nenhum celular jamais foi encontrado no local, nunca
houve fuga ou rebelião.
Ele é revistado, passa por um detetor de metais e deixa toda a roupa e objetos pessoais guardados. Depois ele recebe
um kit que vai usar durante o tempo que ficar aqui: cobertor, toalha, sapato, chinelo, objetos de higiene pessoal e
roupas.
Esse tempo que é de isolamento dura 20 dias. É o tempo para o preso conhecer as regras da penitenciária e para uma
equipe técnica conhecer o preso e decidir, por exemplo, com quem ele vai poder conviver aqui dentro.
"Cada ala tem 13 celas. Então, o preso ele vai conviver com o grupo máximo de 13 pessoas", diz Arcelino Vieira, diretor
da Penitenciária.
Jussivan Alves dos Santos. No mundo do crime, Alemão, um dos assaltantes do Banco Central de Fortaleza. Por mau
comportamento, ele caminha sozinho durante o banho de sol e existem punições mais rigorosas.
32 Na ala do isolamento da penitenciária, a cela de número 10 é ocupada pelo traficante Fernandinho Beira-mar. Ele tem
um banheiro, a cama, uma pequena mesa com alguns livros e um pátio com grades e barras onde ele toma banho de
sol diário.
Ele não tem contato com outros presos, porque desde dezembro do ano passado está no regime disciplinar
diferenciado. Só tivemos acesso a cela porque Fernandinho Beira-mar havia saído para audiência.
As celas não têm tomadas nem interruptores. Lâmpada e chuveiro ficam a cinco metros do chão.
Nesta penitenciária, cada preso custa R$4 mil por mês. Mais do dobro do que é gasto em outras prisões. É o preço que
a sociedade paga para conter os criminosos mais perigosos do país.
Além dos dois presídios federais, só o estado de São Paulo tem uma instituição nesses moldes, em Presidente
Bernardes. A regra é o descumprimento da lei com a mistura de presos de alta e baixa periculosidade.
"Quando eu separo os presos e conheço, sei com que estou lidando, o que eu posso fazer? Tentar recuperar quem é
recuperável, e dar o tratamento de segregação adequado pra quem eu identificar como irrecuperável. E existe muito
isso, tem que parar com discurso romântico", diz Gilmar Bortolotto, promotor de Justiça do Rio Grande do Sul.
O diretor da defensoria pública de São Paulo concorda que existam presos irrecuperáveis, mas defende que quem
comete crimes menos graves não deve ficar na cadeia aumentando a superpopulação carcerária.
"Enquanto os operadores de direito, aí incluindo promotores, juízes e muitas vezes as autoridades policiais não se
conscientizarem que a prisão deve ser reservada, sim para casos extremos, nós não vamos solucionar esse problema,
ele vai se acentuar", diz Renato de Vitto, 1º defensor público de São Paulo.
Guarabira. Agreste da Paraíba, a 98 quilômetros de João Pessoa. Em uma pequena cidade, estão sendo testadas
alternativas à pena de prisão.
Dona Giselda sempre encontra com condenados ao regime fechado no caminho de casa. Presos no meio da rua, sem
algemas nem escolta policial.
Na maioria das cidades brasileiras, essa situação causaria medo, mas em Guarabira, esse grupo faz parte de um
projeto que pode incentivar aprogressão de pena e aumentar a segurança da sociedade.
"Nós apenas cumprimos o que está previsto no Código Penal. O Código Penal possibilita a saída dos presos do regime
fechado para o trabalho e serviços em obras públicas.", diz Bruno Azevedo, juiz.
"Quem está aqui fica muito bom, a mente fica mais livre, fica tomando esse ar natural aqui", diz Cleginaldo Alves,
Severiano, preso.
Em três anos de projeto, nenhuma fuga, nenhum ato de violência.
"Eles não vem sozinho, eles tão acompanhados, estão orientados, então com certeza está fazendo bem pra eles e pra
comunidade e a cidade está ficando limpinha”, diz Giselda Maria Coelho da Silva, aposentada.
Três desses presos testam uma tornozeleira eletrônica. Se o equipamento for retirado, um alarme dispara numa central.
"Isso traz uma segurança muito grande ao juiz da execução penal em garantir a progressividade do preso.", diz Bruno
Azevedo, juiz.
33 De olho no fim da pena, Genivaldo não se importa com o calor de quase 40 graus nem com o controle 24h por dia.
"Isso aqui é uma prova que a gente não está se dirigindo do local do trabalho pra outra área que não deve", diz
Cleginaldo Severiano, preso.
Darci pode ir para aonde quiser e todas as manhãs, vai para o trabalho. "Pra mim foi uma alegria de eu ter a carteira
assinada e estar trabalhando pra sustentar minha família", diz Darci Caldas de Abreu, auxiliar mecânica industrial.
De condenado a trabalhador. A transformação foi feita numa fábrica de bons exemplos: a Penitenciária Industrial de
Guarapuava, no Paraná.
A rotina começa cedo. Às seis da manhã os presos vão para a fábrica de calçados, dentro da penitenciária. Trabalho
remunerado. Setenta e cinco por cento do salário mínimo por mês.
"Passamos oito horas trabalhando, tem várias atividades. Então, aqui, o interno se sente mais livre do que fechado", diz
José Odiar de Almeida, preso.
Estudar é obrigatório. Computação é opcional, mas o curso está sempre cheio. Manter os presos aqui não custa um
centavo a mais do que a média das outras penitenciárias do Brasil.
"Não dá vontade de fugir. Aqui o objetivo aqui é só pagar o que a gente deve e sair livre pra liberdade sem dever nada
pra Justiça", diz João dos Santos Viana, 31 anos.
A reincidência no Brasil está entre 60 e 70%. Em Guarapuava, não passa de 6%, graças a um programa que
encaminha o ex-detento para um emprego.
"Aqui em Guarapuava a gente ta divulgando bastante o trabalho, a reinsserção deles, entrando em contato com as
empresas. Conscientização da sociedade. Qualquer ser humano pode errar, mas ele tem que ter a chance de se
recuperar porque sozinho não vai conseguir. Se a sociedade não abrir as mãos para a recuperação dele”, diz Nina
Leschuk, coordenadora pró-egresso
Os barcos da sociedade estão fechados para a mioria dos 422 mil brasileiros que cumprem pena nas prisões visitadas
por essa série de reportagens e em tantas outras de vários estados que preferiram trancar as portas na tentativa de
esconder o apagão carcerário. Uma crise que Pedro dos Santros conheceu de perto.
Ele passou nove anos na cadeia, conheceu o inferno, mas teve mais sorte que a maioria. Depois de ser transferido
para Guarapuava, Pedro recebeu ajuda. Voltou a acreditar no futuro e é de novo um homem livre.
"Aconteceu umas coisas erradas, graças a Deus eu paguei, Estou saindo liberado, sossegado pra continuar meu
serviço. Começar a vida de novo, se Deus quiser", diz Pedro.