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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA Desafios e Avanços da Política Pública de Assistência Social e a importância da atuação do Serviço Social junto à equipe multiprofissional para o Centro de Referencia de Assistência Social – CRAS Por: Sheila Tavares Medeiros Lacerda Matrícula: K228192 Orientador Prof. Luiz Eduardo Chauvet Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA

Desafios e Avanços da Política Pública de Assistência Social e

a importância da atuação do Serviço Social junto à equipe

multiprofissional para o Centro de Referencia de Assistência

Social – CRAS

Por: Sheila Tavares Medeiros Lacerda

Matrícula: K228192

Orientador

Prof. Luiz Eduardo Chauvet

Rio de Janeiro

2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA

Desafios e Avanços da Política Pública de Assistência Social e

a importância da atuação do Serviço Social junto à equipe

multiprofissional para o Centro de Referencia de Assistência

Social - CRAS.

Apresentação de monografia à AVM

Faculdade Integrada como requisito parcial

para obtenção do grau de Especialista em

Gestão Pública.

Por: Sheila Tavares Medeiros Lacerda.

Rio de Janeiro

2014

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AGRADECIMENTOS

A cada vitória o reconhecimento devido ao meu DEUS.

Aos meus pais, meu esposo, meus filhos e toda família,

pelo carinho e apoio não medindo esforços, para me

ajudar.

A professora Flávia Martins pela inspiração no

amadurecimento dos meus conhecimentos e conceitos

que me levaram a execução e conclusão desta pesquisa.

Aos meus amigos da Pós AVM em especial a Claudia

que me incentivou a fazer presencial, a Carla, Priscila e

Roberto pela amizade, companheirismo e carinho.

Obrigado aos meus colegas de trabalho Fabiane,

Marcelo e Josilene (SMS/CEREST de Duque de Caxias)

e também a Silvia Mara (SMASDH/CRASIII/CREAS de

Guapimirim) que fizeram parte do processo, me apoiando

e acreditando.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a DEUS por me conceber força

para a realização e conclusão. Aos meus pais Jandira e

Altamiro (in memorian) e a minha irmã Luzinete pelo que

sou.

Aos meus filhos Aluízio Junior, Rodrigo e Raphael por

me entender nos momentos de ausência e estresse.

As minhas queridas colegas Carla, Claudia e ao colega

Roberto com quem tive o grande privilégio de poder

conviver neste período essencial para minha formação

profissional.

A todos os professores em especial a professora Flávia

Martins, “mulher guerreira”.

Ao meu amado marido e companheiro Aluízio Lacerda

que está sempre ao meu lado, me ajudando a formar

uma abençoada família, por acreditar e confiar em mim,

pelo companheirismo, pela dedicação, por me aceitar,

por me ajudar, por me acalmar, quando muitas vezes o

desespero vinha. Sou completa com você. Obrigado meu

amor.

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RESUMO

Este trabalho é fruto de reflexões sobre as características do Serviço

Social brasileiro na assistência social e quais os avanços e desafios que a

atualidade apresenta para os profissionais da área atuantes no CRAS, os

avanços apresentados pela política publica de assistência social em cada

Governo desde o fim da ditadura militar. Visa contribuir para o fortalecimento

da atuação profissional de Serviço Social e da equipe multiprofissiona. Está

estruturado em três partes. Na primeira a trajetória histórica da política publica

de assistência social, abordando as Leis vigentes, o segundo os presidentes e

os avanços para assistência em seus governos, a terceira parte tem por

objetivo desenvolver uma reflexão sobre os desafios e avanços postos ao

serviço na atualidade para a equipe multiprofissional, para tanto, busca uma

interlocução com alguns autores da área que refletiram sobre o tema.

O grande desafio é colocar em pratica as políticas publicas que vem

avançado de maneira histórica no Brasil nos últimos anos, trazendo uma

assistência social qualificada dentro dos CRAS’s. Com o estudo acreditamos

poder mostrar para os profissionais e usuários que não entendem está relação

perversa capital x trabalho, que os Projetos e Programas como o Cadastro

Único (Tarifa Social de Energia Elétrica, Isenção de taxas de inscrição para

concurso publico, Bolsa Família, INSS da dona de casa e do empreendedor

individual...), precisam avançar nas ações que não podem ser imediatistas,

necessitam de prevenção, precaução e compreensão para enfrentar essas

dificuldades que lhes são apresentadas precisaram todos como profissionais,

nos humanizar buscando viabilizar direitos constituídos.

Precisamos relacionar a teoria e a pratica, proporcionando a equipe

multidisciplinar do CRAS uma leitura critica das políticas de assistência e da

sistematização da pratica, relacionando textos de autores do Serviço Social, da

Assistência, e demais políticas publicas como: Constituição Federal de 1988,

Sistema Único de Assistência Social – SUAS; Lei Orgânica de Assistência

Social – LOAS; na Política Nacional de Assistência Social – PNAS; do governo

federal, no Instituto Nacional da Seguridade Social – INSS; no Ministério do

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Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS e no Fundo Nacional de

Assistência Social - FNAS.

Conhecer melhor as políticas de assistência social e a importância do

profissional de Serviço Social e da equipe multiprofissional para um

atendimento de qualidade junto à população usuária. Onde o grande desafio é

priorizar populações vulneráveis, garantindo à equidade no acesso, articulando

estratégias de acesso universal e equitativo em áreas prioritárias, respeitar as

potencialidades e capacidades de cada serviço, definindo objetivamente

normas de organização, adequando às ações de prevenção, a realidade do

usuário, estimulando a articulação com outros serviços, definindo estratégias

de divulgação da existência dos CRAS’s, incentivando o usuário a buscar o

resultado e utilizando meios que venham a envolver gestores, profissionais,

sociedade civil e usuários na resolução de problemas.

Em resumo, é fundamental ter conhecimento teórico das atualizações e

avanços das legislações, vontade política e competência técnica. Há de se ter

clareza, de que o que se tem em jogo não é a resposta imediatista, mas uma

redefinição das formas de enfrentamento ao longo prazo, bem como suas

conseqüências para os profissionais, o usuário e para a sociedade em geral.

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METODOLOGIA

Segundo Minayo 2014, o tema de uma pesquisa indica uma área a ser

investigada. Neste trabalho buscamos apresentar os Desafios e avanços para

as Políticas, nas legislações vigentes e especificas de Assistência Social nos

entes federados. Pesquisando o assunto em livros, artigos, publicações que

contenham material sobre o assunto como: a Constituição Federal de 88

(CF88), no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), na Lei Orgânica da

Assistência Social (LOAS), na Política Nacional de Assistência Social (PNAS)

do governo federal, no Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS), no

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e no Fundo

Nacional de Assistência Social (FNAS).

O objetivo á apresentar uma pesquisa sobre os avanços e desafios

apresentados pelas políticas publicas de assistência, a importância da atuação

do Serviço Social junto à equipe multiprofissional do Centro de Referencia e

Assistência Social - CRAS. Identificando as dificuldades enfrentadas, as

constantes mudanças e renovações nas Políticas Públicas de Assistência, os

níveis de conhecimento do profissional acerca dos parâmetros para a atuação

do Serviço Social, as estratégias utilizadas pelo mesmo para a realização do

trabalho no CRAS e como se dá a relação entre o Serviço Social e a equipe

multiprofissional, analisando qualitativamente o trabalho destes profissionais

para o sucesso dos Programas e Projetos da política publica de assistência

social.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I -

A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL 12

1. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 - CF88 14

2. LEI ORGÂNICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS 17

3. SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS 20

3.1 Norma Operacional Básica (NOB/SUAS): instrumento operacional

do conteúdo da política nacional de assistência social. 21

4. POLÍTICAS NACIONAL ASSISTÊNCIA SOCIAL – PNAS 22

5. A SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTENCIA SOCIAL E DIREITOS

HUMANOS (SMASDH) 23

5.1 PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA (PSB) 24

5.1.1 Centro de Referencia da Assistência Social (CRAS) 25

5.2 PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL (PSE) 26

5.2.1 Centro de Referencia Especializado em Assistência Social

(CREAS) 26

5.3 OS CONSELHOS DE SERVIÇO SOCIAL 27

5.3.1. Conselho Federal de Serviço Social – CEFESS 27

5.3.2 Conselho Estadual de Serviço Social – CRESS 28

CAPÍTULO II -

OS PRESIDENTES E OS AVANÇOS DA POLITICA PUBLICA DE

ASSISTÊNCIA EM CADA GOVERNO 29

1. JOSÉ RIBAMAR SARNEY (1985-1990) 29

2. FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO (1990-1992) 31

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3. ITAMAR AUGUSTO CAUTIERO FRANCO (1992-1994) 32

4. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-2002) 32

5. LUIS INÁCIO LULA DA SILVA (2003-2010) 34

6. DILMA ROUSSEF (2011-2014) 36

CAPÍTULO III –

OS AVANÇOS E DESAFIOS POSTOS A PROPOSTA DE TRABALHO PARA

UMA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR COMPROMETIDA 39

CONCLUSÃO 42

REFERENCIA BIBLIOGRAFIA 44

ÍNDICE 47

FOLHA DE AVALIAÇÃO

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objeto de estudo a política publica da

assistência social, no âmbito do processo de implantação das legislações

vigentes, como expressão da dimensão universal do direito à Seguridade

Social no Brasil. A partir da Constituição de l988 (Constituição Cidadã) e com a

promulgação da Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS em 07/12/1993, a

assistência adquire uma nova visibilidade, saindo das esferas acadêmicas e

ganhando espaço nas esferas federais, estaduais e municipais, bem como,

junto aos segmentos da sociedade civil interessados na descentralização e

implementação da política de assistência social no país.

O reconhecimento pela Constituição de 1988 da Assistência Social (AS)

como política pública e sua inserção no Sistema de Seguridade Social

brasileiro transforma o ano de 1988 no marco referência a partir do qual a

Assistência insere-se na agenda decisória governamental brasileira. Nos

últimos anos com a questão da municipalização da assistência e da

universalização dos direitos, através da implementação das leis vigentes,

observamos grandes avanços para o tripé (assistência, previdência e saúde).

Visando essas políticas publicas e os avanços e desafios apresentados,

elaboramos este estudo, que possui uma natureza eminentemente

documental, ou seja, realizado através de pesquisa bibliográfica, tendo como

fonte básica a própria lei, com subsídios na literatura corrente (livros, artigos e

outros), materiais elaborados após a Nova República, por entendermos serem

os mais representativos sobre o assunto.

Objetivos do estudo:

• Identificar as dificuldades enfrentadas pelo Serviço Social e pela equipe

multiprofissional na política de assistência e no CRAS;

• Identificar o conhecimento da equipe multiprofissional acerca dos

parâmetros para a atuação profissional na assistência;

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• Verificar as estratégias utilizadas pelas politicas publicas de assistência

social, servindo de base para a realização do trabalho no CRAS;

Que este sirva a equipe multidisciplinar, para que esteja preparada,

tenha acessos a materiais que possam contribuir nas ações de: prevenção,

promoção e proteção do usuário, dispondo de conhecimento técnico, teórico e

metodológico, permitindo interpretação das políticas públicas de assistência

social, os avanços e desafios postos a está e suas normas operacionais,

baseando sua intervenção nas legislações vigentes. Podendo assim responder

as muitas demandas existentes e emergentes nesta esfera, que melhor

conheçam a enorme gama das manifestações da “questão social” que derivam

da exclusão/inclusão, sendo um grande desafio para a equipe multidisciplinar.

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CAPITULO I

A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

Para analisar a Política de Assistência Social é fundamental investigar a

sua trajetória. A Constituição Federal é um marco fundamental desse processo

porque reconhece a assistência social como política social que, junto com as

políticas de saúde e de previdência social, compõem o sistema de seguridade

social brasileiro. Portanto, pensar esta área como política social é uma

possibilidade recente. Mas, há um legado de concepções, ações e práticas de

assistência social que precisa ser capturado para análise do movimento de

construção dessa política social.

No Brasil, até 1930, não havia uma compreensão da pobreza enquanto

expressão da questão social e quando esta emergia para a sociedade, era

tratada como “caso de polícia” e problematizada por intermédio de seus

aparelhos repressivos. Dessa forma a pobreza era tratada como disfunção

individual.

“A primeira grande regulação da assistência social no país foi a

instalação do Conselho Nacional de Serviço Social – CNSS -

criado em 1938”. (Mestriner 2001, p.57-58).

O conceito de amparo social neste momento é tido como uma

concepção de assistência social, porém identificado com benemerência.

Portanto, o CNSS foi a primeira forma de presença da assistência social na

burocracia do Estado brasileiro, ainda que na função subsidiária de subvenção

às organizações que prestavam amparo social.

“A primeira grande instituição de assistência social foi a Legião

Brasileira de Assistência – LBA - que tem sua gênese marcada

pela presença das mulheres e pelo patriotismo”. (Sposati, 2004)

A relação da assistência social com o sentimento patriótico ocorreu

quando Darcy Vargas, a esposa do presidente, reúne as senhoras da

sociedade para acarinhar pracinhas brasileiros da FEB – Força Expedicionária

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Brasileira – combatentes da II Guerra Mundial, com cigarros e chocolates e

instala a Legião Brasileira de Assistência – LBA. Compreende-se que o intuito

inicial da LBA era atuar como uma legião, como um corpo em ação numa luta

em campo.

“Em Outubro de 1942 a L.B.A. se torna uma sociedade civil de

finalidades não econômicas, voltadas para “congregar as

organizações de boa vontade”. Aqui a assistência social como

ação social é ato de vontade e não direito de cidadania”.

(SPOSATI, 2004 p.20).

A L.B.A. assegura estatutariamente sua presidência às primeiras damas

da República, imprimindo dessa forma a marca do primeiro-damismo (pratica

não extinta no Brasil) junto à assistência social e estende sua ação às famílias

da grande massa não previdenciária, atendendo na ocorrência de calamidades

com ações pontuais, urgentes e fragmentadas. Para desenvolver essas novas

funções, a LBA busca auxílio junto às escolas de serviço social especializadas.

Dessa forma, há uma aproximação de interesse mútuo entre a LBA e o serviço

social, pois a LBA precisava de serviço técnico, de pesquisas e trabalhos

técnicos na área social e o serviço social estava se firmando e precisava se

legitimar enquanto profissão. Somente em 1969, a LBA é transformada em

fundação e vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência Social, tendo

sua estrutura ampliada e passando a contar com novos projetos e programas.

A ditadura militar cria, sob o comando de Geisel, em 1º de Maio de

1974, o Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS – que contém

na sua estrutura uma Secretaria de Assistência Social, a qual, em caráter

consultivo, vai ser o órgão-chave na formulação de política de ataque à

pobreza. A assistência social deixa de ser simplesmente filantrópica fazendo

parte cada vez mais da relação social de produção, mas:

“A criação de novos organismos segue a lógica do

retalhamento social, criando-se serviços, projetos e programas

para cada necessidade, problema ou faixa etária, compondo

uma prática setorizada, fragmentada e descontínua, que

perdura até hoje. (MESTRINER, 2001, p.170).

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Nesse contexto de grande mobilização democrática e exigência de

práticas inovadoras na área social, tem início uma intensa discussão para a

formulação de uma política pública de Assistência Social, constitucionalmente

assegurada. Onde é necessária a elaboração de diagnósticos, estudos e

propostas, promovidas pelo Estado, categorias profissionais e organizações da

sociedade civil, compreendendo o significado político e o vínculo de tal área

com os setores populares de todo território nacional.

Construindo um complexo processo de debates e articulações com

vistas ao nascimento da Política de Assistência Social, inscrita no campo

democrático dos direitos sociais, garantindo densidade e visibilidade à questão.

Neste contexto do processo constituinte que gestou a Nova Constituição

Federal é marcado por grande pressão social, crescente participação

corporativa de vários setores e decrescente capacidade de decisão do sistema

político. A Constituição Federal de 1988 – CF/88, aprovada em 5 de outubro,

trouxe uma nova concepção para a Assistência Social, incluindo-a na esfera da

Seguridade Social esse é o nosso próximo tema.

1 - A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.

A "Constituição Cidadã", assim chamada a Constituição Federal de

1988, registra o maior período de vida democrática no Brasil desde 1946. Com

o intuito de dar publicidade ao processo constituinte iniciado em 1987. Quando

a Constituição foi entregue pelos parlamentares à sociedade brasileira, em 5

de outubro DE 1988, foi quase impossível que não recebesse o apelido de

"Constituição Cidadã", devido à grande quantidade de leis voltadas à área

social.

O deputado Ulysses Guimarães, que chefiou os trabalhos, destacou-se

pela capacidade de articulação entre os diferentes partidos e tendências

ideológicas que disputavam espaço na Constituinte.

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De acordo com os artigos 203 e 204 da Constituição Federal de 1988

(CF/88) que prioriza as políticas publicas de assistência:

“Assistência Social será prestada a quem dela necessitar,

independentemente de contribuição à seguridade social”, já o

artigo 204, traz que (...) as ações na área governamental, serão

realizadas com recursos do orçamento da seguridade social”.

A Política de Assistência Social é inscrita na CF/88, principalmente pelos

artigos 203 e 204. Como podemos observar no artigo 203 o avanço é um fato,

no entanto o grande desafio posto até hoje tem sido, em colocar em pratica

integralmente, e na ponta no serviço do CRAS os itens descritos no artigo 203:

A Assistência Social será prestada a quem dela necessitar,

independentemente de contribuição à seguridade social, e tem

por objetivos:

I- a proteção à família, à maternidade, à infância, à

adolescência e à velhice;

II- o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III- a promoção da integração ao mercado de trabalho;

IV- a habilitação e a reabilitação das pessoas portadoras de

deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;

V- a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à

pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não

possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la

provida por sua família, conforme dispuser a lei.

(art. 203 CF/88).

Completando os dois artigos podemos observar que no Art.204 da

CF/88. Vamos contemplar os desafios não só postos a assistência social, mas

sim ao que chamamos de tripé da seguridade social (saúde, assistência e

previdência), onde citamos a importância do controle social, da participação

dos entes federados e da sociedade civil simultaneamente.

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As ações governamentais na área da assistência social serão

realizadas com recursos do orçamento da seguridade social,

previstos no art.195, além de outras fontes, e organizadas com

base nas seguintes diretrizes:

I–descentralização político-administrativa, cabendo a

coordenação e as normas gerais à esfera federal e a

coordenação e a execução dos respectivos programas às

esferas estadual e municipal, bem como a entidades

beneficentes e de assistência social;

II–participação da população, por meio de organizações

representativas, na formulação das políticas e no controle das

ações em todos os níveis. (CF/88, art. 204, p. 130)

Afirma Sposati (2004, p.42), que a Assistência Social, garantida na

CF/88 contesta o conceito de “(...) população beneficiária como marginal ou

carente, o que seria vitimá-la, pois suas necessidades advêm da estrutura

social e não do caráter pessoal” tendo, portanto, como público alvo os

segmentos em situação de risco social e vulnerabilidade, não sendo destinada

somente à população pobre.

A CF/ 88 ofereceu a oportunidade de reflexão e mudança, inaugurando

um padrão de proteção social afirmativo de direitos que superasse as práticas

assistenciais e clientelistas, além do surgimento de novos movimentos sociais

objetivando sua efetivação. No período pós-CF/88, evidenciam-se fortes

inspirações neoliberais nas ações do Estado no campo social. O processo de

Reforma do Estado, iniciado na década de 90.

“trabalharia em prol de uma redução do tamanho do Estado

mediante políticas de privatização, terceirização e parceria

público-privado, tendo como objetivo alcançar um Estado mais

ágil, menor e mais barato” (Nogueira, 2004, p.41).

Neste contexto, as políticas sociais assumem características seletivas e

compensatórias. Deflagra-se um movimento de desresponsabilização do

Estado na gestão das necessidades e demandas dos cidadãos. O Estado

passa a transferir as suas responsabilidades para as organizações da

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sociedade civil sem fins lucrativos e para o mercado. Consequentemente, a

implementação da LOAS esbarra em aspectos da ordem política e econômica,

que comprometem a sua efetivação.

O Ministério do Bem-Estar Social promoveu encontros regionais em todo

o país para a discussão da Lei Orgânica da Assistência Social, culminando na

Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em junho de 1993, em

Brasília.

2 – LEI ORGÂNICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS

A Lei 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social) trouxe formas de

afirmar os direitos a todos os brasileiros, através da promulgação da conhecida

Constituição Cidadã, os direitos básicos para que vivessem de forma digna,

possibilitando, em determinados casos, a concessão de benefícios, cujo

objetivo nada mais é do que lhes garantir o mínimo necessário para poderem

conquistar um lugar para viverem socialmente de forma digna.

A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é

Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os

mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de

ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o

atendimento às necessidades básicas. (LOAS, Art. 1)

Distendo como fonte principal o inciso V, do artigo 203, da Carta Maior,

a LOAS foi de forma específica, promulgada para disciplinar o referido

comando legal que assegura a assistência social para quem dela necessitar,

independente de qualquer tipo de contribuição ou filiação à Previdência Social,

garantido, assim, a quantia de um salário mínimo de benefício mensal à

pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir meio de

prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, o que

extinguiu, contudo, a renda mensal vitalícia.

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O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) tem por objetivos a execução

da LOAS, ou seja:

• proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à

velhice;

• amparo às crianças e adolescentes carentes;

• promoção da integração ao mercado de trabalho;

• habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a

promoção de sua integração à vida comunitária;

• a garantia de 1 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa

portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir

meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua

família. (Benefício de prestação continuada - BPC)

A LOAS traz a definição das competências da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios pode-se dizer que, ao indicar o papel e as

responsabilidades de cada uma das instâncias do poder público, a LOAS

estabelece uma hierarquia de competências entre os níveis de governo,

porém, sem ferir a autonomia de cada ente governamental, conforme

prerrogativa constitucional.

“as ações na área da Assistência Social devem ocorrer “de

forma articulada, sabendo a coordenação e as normas gerais à

esfera federal e a coordenação e execução dos programas, em

suas respectivas esferas, aos Estados, ao Distrito Federal e

aos Municípios” (LOAS, art. 11).

Para o financiamento da Política de Assistência, a LOAS previu a

criação do Fundo de Assistência Social (FAS), regulamentado pelo Decreto nº

1605/95, nas três esferas de governo, sendo que de acordo com o artigo 1º do

citado decreto, o objetivo é proporcionar recursos e meios para financiar o BPC

e apoiar serviços, programas e projetos de assistência social.

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Concordamos que a história da Política de Assistência Social, não

termina com a promulgação da LOAS, visto que esta Lei introduziu uma nova

realidade institucional, propondo mudanças estruturais e conceituais, um

cenário com novos atores revestidos com novas estratégias e práticas, além de

novas relações interinstitucionais e intergovernamentais, confirmando-se

enquanto.

“possibilidade de reconhecimento público da legitimidade das

demandas de seus usuários e serviços de ampliação de seu

protagonismo”, assegurando-se como direito não contributivo e

garantia de cidadania. (YASBEK, 2004, p.13)

A avaliação da Assistência Social pós-LOAS é, portanto, Rumo a

concretização dos pressupostos contidos na CF/88 e na LOAS, em 1997 foi

aprovada a primeira Norma Operacional Básica que conceituou o sistema

descentralizado e participativo da política de Assistência Social. Em dezembro

de 1998, foi definido o primeiro texto da Política Nacional de Assistência

Social. No mesmo ano, foi editada uma Norma Operacional Básica de

conformidade com o disposto na Política Nacional de Assistência Social.

Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realiza-

se de forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos

sociais e provimento de condições para atender contingências

sociais e promovendo a universalização dos direitos sociais.

(LOAS. Parágrafo único. Art.2)

Esses instrumentos normativos estabelecem as condições de gestão, de

financiamento, de controle social, de competências dos níveis de governo com

a gestão da política, de comissões de pactuação e negociação e de avaliação.

Criam, por exemplo, conselhos deliberativos e controladores da Política de

Assistência Social, Fundos Especiais para alocação de recursos financeiros

específicos da Assistência Social e órgãos gestores da Política de Assistência

Social, em todos os níveis de governo, além de Comissões Intergestoras

Bipartites e Tripartites.

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3 – SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - SUAS

Criado a partir das deliberações da IV Conferência Nacional de

Assistência Social e previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), o

Suas teve suas bases de implantação consolidadas em 2005, por meio da sua

Norma Operacional Básica do Suas (NOB/Suas), que apresenta claramente as

competências de cada órgão federado e os eixos de implementação e

consolidação da iniciativa.

O Sistema Único de Assistência Social (Suas) é um sistema público que

organiza, de forma descentralizada, os serviços socioassistenciais no Brasil.

Com um modelo de gestão participativa, ele articula os esforços e recursos dos

três níveis de governo para a execução e o financiamento da Política Nacional

de Assistência Social (PNAS), envolvendo diretamente as estruturas e marcos

regulatórios nacionais, estaduais, municipais e do Distrito Federal.

Coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome (MDS), o Sistema é composto pelo poder público e sociedade civil, que

participam diretamente do processo de gestão compartilhada. Do mesmo

modo, todos os Estados, comprometidos com a implantação de sistemas locais

e regionais de assistência social e com sua adequação aos modelos de gestão

e cofinanciamento propostos, assinaram pactos de aperfeiçoamento do

Sistema.

O Suas organiza as ações da assistência social em dois tipos de

proteção social. A primeira é a Proteção Social Básica, destinada à prevenção

de riscos sociais e pessoais, por meio da oferta de programas, projetos,

serviços e benefícios a indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade

social. A segunda é a Proteção Social Especial, destinada as famílias e

indivíduos que já se encontram em situação de risco e que tiveram seus

direitos violados por ocorrência de abandono, maus-tratos, abuso sexual, uso

de drogas, entre outros aspectos.

As bases organizacionais do processo de gestão do SUAS de acordo

com a PNAS, são:

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Matricialidade sócio-familiar; Descentralização político-

administrativa e Territorialização; Novas bases para relação

entre Estado e Sociedade Civil; Financiamento pelas três

esferas de governo, com divisão de responsabilidades; Controle

Social; Política de Recursos Humanos e; Informação,

Monitoramento e Avaliação. (BRASIL, 2005, p.39)

A regulamentação do SUAS sustentou também a necessidade de

implantação dos Centros de Referência de Assistência Social, que na

afirmação de Silveira (2007, p. 63) “é a condição primeira para o vínculo

municipal”. Acredita-se que o passo inicial para a materialização do conteúdo

da política de assistência social, foi dado, mas ainda há muito a ser feito, e

nesse sentido a proteção social básica, deve ser efetivada através do CRAS,

não como único meio de realização da proteção social básica, mas como a

porta de entrada da Assistência Social.

3.1 Norma Operacional Básica (NOB/SUAS): instrumento operacional do

conteúdo da política nacional de assistência social.

A fim de explicitar o funcionamento do SUAS, o CNAS aprovou a

resolução nº 46130 de 15 de Julho de 2005 que institui a Norma Operacional

Básica (NOB/SUAS, 2005). Dessa forma a NOB/SUAS do ano de 2005 é um

instrumento que juntamente com as orientações das NOB’s anteriores, vão

contribuir com a regulamentação da PNAS através da apresentação das bases

de realização do SUAS. Em sua estrutura, a NOB/SUAS apresenta divisão de

competências e responsabilidades entre as três esferas de governo; os níveis

de gestão de cada uma dessas esferas; as instâncias que compõe o processo

de gestão e controle dessa política e como elas se relacionam; a nova relação

com as entidades e organizações governamentais e não-governamentais; os

principais instrumentos de gestão a serem utilizados; e a forma de gestão

financeira, que considera os mecanismos de transferência, os critérios de

partilha e de transferências de recursos (BRASIL, 2005, p.84).

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4 – POLÍTICA NACIONAL ASSISTÊNCIA SOCIAL – PNAS

Política publlica que junto com as políticas setoriais, considera as

desigualdades socioterritoriais, visando seu enfrentamento, à garantia dos

mínimos sociais, ao provimento de condições para atender à sociedade e à

universalização dos direitos sociais. O público dessa política são os cidadãos e

grupos que se encontram em situações de risco. Ela significa garantir a todos,

que dela necessitam, e sem contribuição prévia a provisão dessa proteção.

Os princípios da PNAS. Em consonância com o disposto na LOAS,

capítulo II, seção I, artigo 4º, a Política Nacional de Assistência Social rege-se

pelos seguintes princípios democráticos:

I – Supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre

as exigências de rentabilidade econômica;

II – Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o

destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais

políticas públicas;

III – Respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao

seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à

convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer

comprovação vexatória de necessidade;

IV – Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem

discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência

às populações urbanas e rurais;

V – Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e

projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo

Poder Público e dos critérios para sua concessão.

A Política de Assistência Social vai permitir a padronização, melhoria e

ampliação dos serviços de assistência no país, respeitando as diferenças

locais. Expressa exatamente à materialidade do conteúdo da Assistência

Social como um pilar do Sistema de Proteção Social Brasileiro no âmbito da

Seguridade Social (BRASIL, 2005, p.11).

A Política Pública de Assistência Social realiza-se de forma integrada às

políticas setoriais, considerando as desigualdades socioterritoriais, visando seu

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enfrentamento, à garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições

para atender contingências sociais e à universalização dos direitos sociais. Sob

essa perspectiva, objetiva:

• Prover serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social

básica e, ou, especial para famílias, indivíduos e grupos que deles

necessitarem;

• Contribuir com a inclusão e a equidade dos usuários e grupos

específicos, ampliando o acesso aos bens e serviços socioassistenciais

básicos e especiais, em áreas urbana e rural;

• Assegurar que as ações no âmbito da assistência social tenham

centralidade na família, e que garantam a convivência familiar e

comunitária.

A PNAS/2004 aborda a questão da proteção social em uma perspectiva de

articulação com outras políticas do campo social que são dirigidas a uma

estrutura de garantias de direitos e de condições dignas de vida. Ocupa-se de

prover proteção à vida, reduzir danos, monitorar populações em risco e

prevenir a incidência de agravos à vida em face das situações de

vulnerabilidade.

5 – A SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTENCIA SOCIAL E DIREITOS

HUMANOS (SMASDH), A SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTENCIA

SOCIAL E DIREITOS HUMANOS (SMASDH): PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA

(PSB) E PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL (PSE).

A implantação do SUAS no município, através do órgão que representa

o comando único, que é a Secretaria Municipal de Assistência Social

(SMASDH), responsável pela organização as ações da área de assistência

social. A Secretaria é apresentada visando favorecer uma melhor

compreensão sobre a estrutura existente para que se efetive as ações de

assistência social, os programas e projetos que são oferecidos pela SMASDH,

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conforme já visto na primeira parte do trabalho de onde provem as ações que

objetivam provocar a emancipação social.

Cabe ressaltar, que um dos programas que merecem destaque é o

Programa de Atenção Integral a Família (PAIF) ofertada no CRAS que por sua

vez é o objeto de estudo deste trabalho.

O Suas organiza as ações da assistência social em dois tipos de

proteção social. A primeira é a Proteção Social Básica, destinada à prevenção

de riscos sociais e pessoais, por meio da oferta de programas, projetos,

serviços e benefícios a indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade

social. A segunda é a Proteção Social Especial, destinada a famílias e

indivíduos que já se encontram em situação de risco e que tiveram seus

direitos violados por ocorrência de abandono, maus-tratos, abuso sexual, uso

de drogas, entre outros aspectos.

5.1 PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA (PSB)

A Proteção Social Básica tem como objetivo a prevenção de situações

de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o

fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população

que vive em situação de fragilidade decorrente da pobreza, ausência de renda,

acesso precário ou nulo aos serviços públicos ou fragilização de vínculos

afetivos (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre

outras).

Essa Proteção prevê o desenvolvimento de serviços, programas e

projetos locais de acolhimento, convivência e socialização de famílias e de

indivíduos, conforme identificação da situação de vulnerabilidade apresentada.

Esses serviços e programas deverão incluir as pessoas com deficiência e ser

organizados em rede, de modo a inseri-las nas diversas ações ofertadas. Os

Benefícios Eventuais e os Benefícios de Prestação Continuada

(BPC) compõem a Proteção Social Básica, dada a natureza de sua realização.

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Os programas qualificam e incentivam os benefícios e serviços

socioassistencias, como o Programa Nacional de Promoção do Acesso ao

Mundo do Trabalho - ACESSUAS/TRABALHO, que busca a autonomia das

famílias usuárias da política de assistência social, por meio do incentivo e da

mobilização à integração ao mundo do trabalho.

5.1.1 CENTRO DE REFERENCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL - CRAS

A Proteção Social Básica atua por intermédio de diferentes unidades.

Dentre elas, destacam-se os Centros de Referência de Assistência Social

(Cras) e a rede de serviços socioeducativos direcionados para grupos

específicos, dentre eles, os Centros de Convivência para crianças, jovens e

idosos.

Este equipamento é um grande avanço para a política publica e

Assistência Social. O CRAS é uma unidade pública estatal descentralizada

da PNAS. Atua como a principal porta de entrada do Sistema Único de

Assistência Social (Suas), é responsável pela organização e oferta de serviços

da Proteção Social Básica nas áreas de vulnerabilidade e risco social.

O grande desafio é que além de ofertar serviços e ações de proteção

básica, o Cras possui a função de gestão territorial da rede de assistência

social básica, promovendo a organização e a articulação das unidades (saúde,

assistência, educação) a ele referenciadas e o gerenciamento dos processos

nele envolvidos, como: oficinas e o Serviço Convivência e Fortalecimento de

Vínculos.

O principal serviço ofertado pelo CRAS é o Serviço de Proteção e

Atendimento Integral à Família (PAIF), cuja execução é obrigatória e exclusiva.

Este consiste em um trabalho de caráter continuado que visa fortalecer aas

famílias, prevenindo a ruptura de vínculos, promovendo o acesso e usufruto de

direitos e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida do cidadão, difícil

na pratica para a equipe técnica, pois exige além de uma grande qualifica

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teórica uma pratica permeada por dificuldades que são enfrentadas no dia-a-

dia profissional.

A localização do CRAS é fator determinante para que ele viabilize, de

forma descentralizada, o acesso aos direitos socioassistenciais. O CRAS deve

ser instalado prioritariamente em locais de maior concentração de famílias em

situação de vulnerabilidade, com concentração de famílias com renda per

capita mensal de até ½ salário mínimo, com presença significativa de famílias

e indivíduos beneficiários dos programas de transferências de renda, como o

BPC - Benefício de Prestação Continuada, Bolsa Família e outros, conforme

indicadores definidos na Norma Operacional Básica - NOBSUAS/2005. Cada

município deve identificar o(s) território(s) de vulnerabilidade social e nele(s)

implantar um CRAS, a fim de aproximar os serviços oferecidos aos usuários.

Um dos desafios postos a equipe multiciplinar é que todo CRAS em

funcionamento terá de ofertar obrigatoriamente o serviço PAIF. A existência do

CRAS está necessariamente vinculada ao funcionamento desse serviço,

cofinanciado ou não pelo Governo Federal. Reconhece-se, portanto, ser

atribuição exclusiva do poder público, o trabalho social com famílias, sendo

esta a identidade que deve ser expressa no espaço físico do CRAS. O CRAS

que não oferta o serviço PAIF, não poderá ser identificado como CRAS. Não

existi CRAS sem PAIF, ou sem uma equipe preparada para execução eficiente

dos serviços prestados a população usuária.

5.2 PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL (PSE)

A Proteção Social Especial (PSE) destina-se a famílias e indivíduos em

situação de risco pessoal ou social, cujos direitos tenham sido violados ou

ameaçados. Para integrar as ações da Proteção Especial, é necessário que o

cidadão esteja enfrentando situações de violações de direitos por ocorrência

de violência física ou psicológica, abuso ou exploração sexual; abandono,

rompimento ou fragilização de vínculos ou afastamento do convívio familiar

devido à aplicação de medidas.

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Diferentemente da Proteção Social Básica que tem um caráter

preventivo, a PSE atua com natureza protetiva. São ações que requerem o

acompanhamento familiar e individual e maior flexibilidade nas soluções.

Comportam encaminhamentos efetivos e monitorados, apoios e processos que

assegurem qualidade na atenção.

As atividades da Proteção Especial são diferenciadas de acordo com

níveis de complexidade (média ou alta) e conforme a situação vivenciada pelo

indivíduo ou família. Os serviços de PSE atuam diretamente ligados com o

sistema de garantia de direito, exigindo uma gestão mais complexa e

compartilhada com o Poder Judiciário, o Ministério Público e com outros

órgãos e ações do Executivo. Cabe ao Ministério do Desenvolvimento Social e

Combate à Fome (MDS), em parceria com governos estaduais e municipais, a

promoção do atendimento às famílias ou indivíduos que enfrentam

adversidades.

5.2.1 O Centro de Referência Especializada em Assistência Social – CREAS

O CREAS é a unidade pública estatal que oferta serviços da proteção

especial, especializados e continuados, gratuitamente a famílias e indivíduos

em situação de ameaça ou violação de direitos. Além da oferta de atenção

especializada, o Creas tem o papel de coordenar e fortalecer a articulação dos

serviços com a rede de assistência social e as demais políticas públicas.

5.3 OS CONSELHOS DE SERVIÇO SOCIAL:

5.3.1 O Conselho Federal de Serviço Social CEFESS

O Conselho Federal de Serviço Social é sem dúvida a entidade nacional

de representação desta categoria. Assim sendo, examinar as suas frentes de

ação política é identificar qual tem sido a bandeira organizativa desta profissão.

Um dos eixos de suas frentes foi “Trabalho, direitos e democracia: a

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resistência ao neoliberalismo”, onde é reafirmada a defesa das políticas

públicas, sendo o compromisso com a seguridade social pública uma

estratégia central. Para tanto, essa luta não se dá de uma maneira endógena e

sim, em articulação com outros trabalhadores, onde os espaços de controle

social são fundamentais

O CFESS na arena da saúde, tal qual nas outras áreas das políticas

sociais públicas, possui reconhecimento enquanto entidade que tem como

estratégia o fortalecimento da política pública, na perspectiva da

democratização do Estado e da sociedade brasileira. Durante o período que o

relatório abraça, cabe destacar a intervenção da entidade no debate sobre a

Norma Operacional Básica sobre Recursos Humanos (NOB-RH).

5.3.2.O Conselho Estadual de Serviço Social CRESS

Para que os Assistentes Sociais possam exercer a profissão de Serviço

Social é necessário concluir graduação em Serviço Social em unidade de

ensino cujo curso tenha sido oficialmente reconhecido e proceder a inscrição

no CRESS. O registro no Conselho é requisito estabelecido pela lei de

Regulamentação Profissional como condição para a habilitação ao exercício da

profissão de Serviço Social. Trabalhar sem registro constitui ilegalidade,

podendo ser caracterizada como contravenção penal sujeita à processo penal

por crime de responsabilidade.

Ressaltamos que os profissionais que ocupem o cargo de assistente

social, mas estejam em desvio de função, bem como os que, embora

contratados sob outra função, mas que desenvolvam atividades privativas do

assistente social, necessariamente deverão estar inscritos no CRESS. Caso o

profissional exerça trabalho voluntário também deve se inscrever.

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CAPÍTULO II -

OS PRESIDENTES E OS AVANÇOS DA POLITICA PUBLICA DE ASSISTÊNCIA

EM CADA GOVERNO

1 – JOSÉ RIBAMAR FERREIRA ARAUJO DA COSTA SARNEY (1985-1990)

Quando tomou posse, Sarney afirmou que mudanças viriam durante o

processo de redemocratização. As primeiras delas vieram em 8 de maio de

1985, quando foi aprovada a emenda constitucional que estabeleceu eleições

diretas para presidente, prefeito e governador. Os analfabetos tiveram pela

primeira vez o direito ao voto na história brasileira, e os partidos comunistas

foram legalizados.

O cruzeiro, moeda vigente na época, foi mudada para o cruzado. Os

salários foram congelados, tendo reajuste sempre que a inflação atingisse

20%. A correção monetária foi extinta, e, foi criado o seguro-desemprego. No

início, o plano conseguiu atingir seus objetivos, diminui o desemprego e

reduziu a inflação.

Dois outros planos de governo apresentados na gestão de Sarney foram

o Plano Bresser, de autoria do Ministro da Fazenda, Bresser Pereira, lançado

em 16 de junho de 1987 que resultou na redução do poder de compra dos

trabalhadores e conseqüentemente na desigualdade social. O outro foi de

autoria do ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, com a “Política do Arroz

com Feijão”, que seguiu a risca, as orientações do ideário liberal,

operacionalizando corte nos gastos públicos, principalmente como regra geral,

da área social.

“o governo Sarney ficou conhecido como de transição Democrática, que teve como resultante a Constituição Federal de 1988, e, por outro lado, pelo processo de articulação das forças conservadoras, que tornaram, pela sua pressão, inacabada a reforma prevista pela Constituição, iniciando o percurso do Brasil que teve como agenda econômica, política e social as orientações de recorte teórico neoliberal”. (Couto 2006, p.144)

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No processo de redemocratização, era necessário que uma

nova Constituição fosse feita. Isso, porque a então vigente Constituição de

1967 tinha sido feita durante o regime militar, e, logo, possuía caráter ditatorial.

Em 1º de fevereiro de1987, tomou posse a Assembléia Constituinte de 1988,

responsável por formar a nova Constituição. O presidente da Assembléia foi

Ulysses Guimarães (PMDB-SP). A maior parte da Assembléia Constituinte era

formada pelo (PMDB, PFL, PTB, PDS e partidos menores).

Independentemente das controvérsias de cunho político, a Constituição

Federal de 1988 assegurou diversas garantias constitucionais, com o objetivo

de dar maior efetividade aos direitos fundamentais. As estratégias utilizadas

por Sarney para cumprir as novas determinações institucionais, principalmente,

no campo da proteção social, visando atender as reformas previstas na

Constituição Federal, em realidade não se efetivaram, pois os objetivos

econômicos se sobrepuseram mais uma vez aos do social, ou seja, acreditava-

se que com o controle da economia, haveria um crescimento econômico e que

este por sua vez daria conta de, por exemplo, gerar novos postos de trabalho e

aumentar o poder de compra do trabalhador.

Como medidas de caráter emergencial, foram elaborados programas de

combate à fome, a miséria e a pobreza, como foi o caso do Programa Nacional

de Alimentação Escolar (PNAE), Programa de Suplementação Alimentar (PSA)

e o Programa Nacional do Leite para as Crianças Carentes (PNLCC). No plano

econômico foi criado o Plano Cruzado, I e II que visavam o controle dos preços

e da inflação, porém estas medidas tiveram um efeito temporário, pois a

inflação voltou a subir e, conseqüentemente, a desigualdade social, já que o

trabalhador voltou a perder seu poder de compra.

No governo Sarney, executa-se um quadro de reformas institucionais,

visando o desenvolvimento econômico e social, esquematizando planos de

realinhamento de posições. Dentre tais planos destaca-se, em 1985, o I Plano

Nacional de Desenvolvimento da Nova República, propondo um

desenvolvimentismo baseado em critérios sociais.

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2 – FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO (1990-1992)

Em 1989 ocorreu a primeira eleição direta para presidente da República

no Brasil. Depois de quase três décadas de interrupção do processo eleitoral

democrático, os brasileiros voltaram às urnas para escolher o sucessor

de José Sarney. Collor foi o presidente mais jovem da história do Brasil (na

época com 40 anos de idade), o primeiro presidente eleito por voto direto do

povo, após o Regime Militar (1964/1985) e o único deposto por um processo

de impeachment no país. Sucedeu o presidente José Sarney, nas eleições de

1989. Antes destas eleições, a última vez que o povo brasileiro elegeu um

presidente pelo voto direto, foi em 1960, com a eleição na época do

candidato Jânio Quadros.

Neste período não ocorreram grandes avanços para a assistência

social no Brasil. Aconteceram grandes privatizações como a da Companhia

Vale do Rio Doce e da Companhia Siderúrgica Nacional, os recursos captados com o processo de privatização deveriam servir para diminuir a dívida pública –

todas as dívidas do setor público, incluindo governo (federal, estadual e

municipal), mas isso não ocorreu. A inflação era altíssima e três planos

separados para estabilização da inflação foram implementados durante os dois

anos do governo Collor (Plano Collor I e II e Plano Marcílio), todos um

fracasso. Um dos pontos importantes do plano previa o confisco dos depósitos

bancários.

Em meados de 1991, denúncias de irregularidades começaram a surgir

na imprensa, em maio de 1992, Pedro Collor de Mello, irmão do presidente,

revelou o esquema de corrupção, em 27 de maio uma Comissão Parlamentar

de Inquérito para apurar a responsabilidade do presidente sobre os fatos

divulgados. Em 1° de junho, a CPI começa seus trabalhos e em 2 de outubro é

aberto o processo de impeachment na Câmara dos Deputados, impulsionado

pela maciça presença do povo nas ruas, como o movimento dos “Caras

pintadas”. Em 29 de setembro, por 441 a 38 votos, a Câmara vota pelo

impedimento do presidente, que renuncia antes de ser condenado. A

presidência é assumida pelo então vice-presidente, Itamar Franco.

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3 – ITAMAR AUGUSTO CAUTIERO FRANCO (1992-1994)

Quando o empossado o novo governo, Itamar logo foi se afastando de

Collor, divergindo de importantes aspectos da política econômico-financeira

adotada pelo novo governo. Criticou publicamente o processo de privatizações

e a aplicação dos fundos resultantes da venda das companhias estatais, que

para ele, deveriam ser usados na área social.

O Brasil estava no meio de uma grave crise econômica, com

a inflação chegando a 1100% em1992, e alcançando 2708,55% no ano

seguinte (a maior da historia do Brasil). Itamar trocou de ministros da economia

várias vezes, até que Fernando Henrique Cardoso assumisse o Ministério da

Fazenda.

O Presidente Itamar Franco fez projetos de combate à miséria ao lado

do sociólogo Betinho.

4 - FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-2003)

No governo de FHC acorreram grandes avanços para assistência do

País: a criação do Ministério de Previdência e Assistência Social (MPAS) no

FHC quanto a criação do Ministério da Assistência Social (MAS) e do Ministério

Extraordinário de Segurança Alimentar (MESA), e de sua posterior fusão no

Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) em 2004, se

constituíram em novos pontos de canalização das demandas dos atores

sociais envolvidos.

A Secretaria Nacional de Assistência Social foi a instância coordenadora

da Política Nacional de Assistência Social, conforme preconizada na Lei

Orgânica de Assistência Social – a LOAS (Lei 8.742/93). Em agosto de 1995,

foi regulamentado o Fundo Nacional de Assistência Social. No mês seguinte, a

1ª Conferência Nacional de Assistência Social foi convocada e, em dezembro,

houve a regulamentação do Benefício de Prestação Continuada (BPC).

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Em janeiro de 1996, teve início a Operacionalização do Benefício de

Prestação Continuada. Além disso, neste mesmo ano, foi regulamentada a

Política Nacional do Idoso e encaminhada ao Conselho Nacional de

Assistência Social a proposta da Política Nacional de Assistência Social, e foi

lançado o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), com a

finalidade de atender às famílias com filhos na faixa etária de 7 a 14 anos,

submetidos a trabalhos caracterizados como insalubres e degradantes. No seu

segundo ano de funcionamento, 1977, o PETI recebeu 4 PRÊMIOS UNICEF

“Criança e Paz – Betinho”: em Nível Nacional e nos três estados em que

estava implantado, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Bahia.

Regulamentação e Operacionalização do Benefício de Prestação

Continuada, o Benefício LOAS:

É a garantia de um salário mínimo mensal è pessoa com deficiência e

ao idoso com 65 anos ou mais, e que comprovem não possuir meios de

promover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família. Cerca

de 3 milhões de pessoas, entre pessoas com deficiência e idosas, são

atendidas atualmente pelo Programa.

Regulamentação do Fundo Nacional de Assistência Social:

Quando, em agosto de 1996, o Presidente FHC regulamentou o Fundo

Nacional de Assistência Social estava dando a maioridade à Assistência

Social. Os recursos para as políticas públicas de Assistência Social passaram

a ser depositados no Fundo, como uma obrigação do Estado brasileiro e direito

do cidadão.

Implantação dos Conselhos Estaduais e Municipais de Assistência

Social. A Assistência Social, como Política Pública, passou a ser fiscalizada e

acompanhada por Conselhos Estaduais e Municipais em todo o país, inclusive

com representação da comunidade.

Regulamentação da Política Nacional do Idoso

Assegura os direitos sociais do idoso, criando condições para promover

sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.

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5 - O GOVERNO DE LUIS INÁCIO LULA DA SILVA (2003-2010)

No dia 27 de Outubro 2002, foi eleito presidente da república brasileira

Luis Inácio Lula da Silva, que “tinha o apoio entusiasta dos movimentos

sociais, de parte da classe média e de setores empresariado. Em seu primeiro mandato, de 2002 a 2005, Lula deu continuidade à

mesma orientação econômica, seguida pelo governo de FHC, ou seja, priorizar

a estabilidade econômica. No que diz respeito ao sistema de seguridade social,

mas precisamente na área de assistência social, houve a implantação do

programa Fome Zero, em 30 de janeiro de 2003, objetivando o fim da fome no

país. O Programa Bolsa Família (PBF) foi implantado em todos os municípios

por meio da Lei nº 10.836, sendo este um programa de transferência de renda,

onde o beneficiário saca o valor do benefício diretamente através do Banco do

Brasil ou da Caixa Econômica Federal.

Um avanço significativo na área social foi à aprovação pelo Conselho

Nacional de Assistência Social (CNAS), da nova PNAS no dia 22 de setembro

de 2004 através da resolução 145, do dia 15 de outubro de 2004.

“Um avanço para a constituição do SUAS foi a construção da

Política Nacional de Assistência Social PNAS/ 2004, cuja

racionalidade de gestão apontou e exigiu um novo modelo

assistencial com caráter público na assistência social,

comprometido em efetivar resultados, garantir seguranças

sociais e direitos aos usuários” (SPOSATI, 2006, p.106).

No governo Lula, foram aprovadas:

• Política Nacional de Assistência Social (PNAS), de 2004;

• Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência

Social (NOB-SUAS), de 2005;

• Norma Operacional Básica de Recursos Humanos (NOB-RH), de

2006;

• Projeto de Lei que regula o Sistema Único de Assistência Social

(SUAS), citando apenas os marcos normativos mais importantes.

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A PNAS reforça as diretrizes da LOAS de descentralização político-

administrativa, com uma maior articulação entre as três esferas de governo,

enfatizando a primazia da responsabilidade do estado em cada nível de

governo, reforça a idéia de participação da população por meio de

organizações representativas tanto no processo de formulação quanto no de

controle social. Na PNAS que é colocada por um lado, a centralidade da

família para concepção e implementação dos benefícios, programas e projetos.

Os grandes avanços apresentados e já implementados na época

demonstram a importância da NOB-SUAS que apresenta as bases

operacionais para as diretrizes dadas pela LOAS e pela PNAS, estruturando o

funcionamento do SUAS.

O Cadastro Único e o Programa Bolsa-Família (PBF) – foi o principal

Programa criado no governo Lula, através do Decreto n. 5.209 de 17 de

Setembro de 2004 é um programa de transferência de renda e um dos

principais programas que surgiu a partir da reforma e fusão de programas de

transferência de renda que já existiam em governo anterior. Sua natureza é de

benefício social, pois ajuda famílias em situação de pobreza - com renda

mensal por pessoa de R$ 60,00 (sessenta reais) a R$ 120,00 (cento e vinte

reais) - e extrema pobreza - com renda mensal por pessoa de até R$ 60,00

(sessenta reais). Onde as famílias devem cumprir condições específicas como,

por exemplo: a permanência das crianças de até 15 anos na escola, com

freqüência mínima de 85%; e a atualização das carteiras de vacinação. Já

forma beneficiadas mais de 11 milhões de famílias.

Neste período com o processo de inserção da assistência social num

novo status nas políticas sociais, ocorre uma grande transformação, quando

essa passa de política de governo para uma política de Estado. Assim, a

construção da assistência social como agenda decisória busca identificar as

ligações entre a estrutura institucional, os atores políticos, em especial do

presidente da república, e sua mudança de imagem no âmbito político e social.

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6 – DILMA VANA ROUSSEF (2011-2014)

O período é marcado por fato histórico, pois representa a primeira vez que

uma mulher assumiu o poder no Brasil no posto mais importante do país.

A presidente Dilma disse que a sanção da lei que institui o Sistema Único de

Assistência Social (Suas) representa “institucionalização em nosso país a

política de assistência social”. A cerimônia ocorreu nesta quarta-feira (6/7), no

Salão Nobre do Palácio do Planalto. Segundo a presidenta, a lei representa o

coroamento do processo iniciado durante a Constituição de 1988 e destacou

que sua elaboração resultou no atendimento de demandas dos mais diversos

setores quando tramitou no Congresso Nacional.

O tripé da seguridade social (saúde, assistência e presidência) leva o

governo ao tripé de ações. O programa se apóia sobre algumas ações já

existentes e outras inéditas, com metas parciais para serem atingidas ano a

ano. O governo continuará fazendo transferência de renda via Bolsa Família

que sofreu mudanças com vistas a alcançar maior número de crianças. A nova

proposta avança ao também se preocupar em levar infra-estrutura a uma

população desatendida por serviços básicos, como luz, água, esgoto, escola e

saúde. Tentando auxiliar as pessoas com capacitação profissional Além disso,

há o Bolsa Verde, para as famílias em situação de extrema pobreza que

promovam a conservação ambiental nas áreas onde vivem e trabalham. O

programa pagará, a cada trimestre, R$ 300 por família que preserve florestas

nacionais, reservas extrativistas e de desenvolvimento sustentável.

Para atuar no Programa Bolsa família o SUAS prevê e possui uma rede de

Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e de Centros de

Referência Especializados de Assistência Social (CREAS). Esses organismos

funcionam como porta de entrada ao estado daqueles que precisam de

assistência social. Serão os CRAS e seus agentes que farão a “busca ativa”

dos pobres ainda fora do cadastro único do Bolsa Família, por exemplo.

Na área urbana, a principal aposta do plano para proporcionar encaixe

profissional às pessoas de menor renda são os canteiros de obras do

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Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e, particularmente, daqueles

relacionadas à Copa do Mundo de 2014 e à Olimpíada de 2016.

Programas para a erradicação da miséria no Brasil e a elevação do País

como referência no investimento para educação e esportes marcaram o ano de

2012 da presidenta Dilma Rousseff à frente do Planalto.

Faremos uma breve retrospectiva com as principais ações e conquistas

realizadas ao longo do ano.

• Brasil sem Miséria;

• Lançamento do Brasil Carinhoso;

• 11 anos do Programa Bolsa Família;

• Aumento dos empregos no país;

• Na saúde foram realizados mais de 12,3 mil transplantes no SUS;

• Minha Casa, Minha Vida;

• Crédito em expansão;

• Redução da tarifa de energia;

• Ampliação do Pronatec. O Programa Nacional de acesso ao Ensino

Técnico e Emprego;

• Cientistas para o mundo. Com bolsas de estudos do programa

Ciência sem Fronteiras;

• Mais Educação. Atividades educacionais no contraturno;

• Meio ambiente. O desmatamento da Amazônia continua em queda;

• Modernizações dos aeroportos. Estão em andamento 31 ações em

13 aeroportos: Brasília, Belo horizonte, Campinas, Cuiabá, Curitiba,

Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Recife, Salvador, Guarulhos/SP,

São Gonçalo do Amarante/RN e Galeão/RJ;

• Infraestrutura. As obras e ações de grande complexidade do PAC2

foram concluídas;

• Copa do Mundo. Construção de novos estádios.

O ciclo histórico da Presidente Dilma não está completo. Mas, de um

ponto de vista objetivo, até aqui, o governo Dilma realizou pouco. É necessário,

então, compreender esse processo para que se percebam desafios, impasses

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e limites do governo em curso. Um processo longo, de transformação do Brasil,

que começa lá atrás, nos tempos de FHC e Lula; nas escolhas do passado que

geram efeitos de longo prazo; ecos que ainda ressoam.

Todo governo tem seu desafio histórico. Alguns mais dramáticos; outros

menos perceptíveis porque as circunstâncias não revelam tantas angústias.

Dilma assumiu o governo em condições menos dramáticas que seus

antecessores.

Desse modo, a tarefa Dilma seria dar continuidade à transformação:

liberar o fluxo do desenvolvimento sustentável, sem retorno à inflação. Fazê-lo

com inclusão social e aperfeiçoamento institucional. Eis seu desafio histórico.

A questão que cabe discutir é se Dilma tem cumprido a contento este papel.

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CAPÍTULO III

OS AVANÇOS E DESAFIOS POSTOS A PROPOSTA DE TRABALHO PARA UMA

EQUIPE MULTIDISCIPLINAR COMPROMETIDA

No que tange ao modelo de proteção social, a Constituição Federal de

1988 é uma das mais progressistas, onde a Assistência Social, conjuntamente

com a Saúde e a Previdência Social integra a Seguridade Social. A pesquisa

examina várias formulações de política social, a presença da assistência no

conjunto desta política, as singularidades da assistência e do assistencialismo

e suas relações com o serviço social. A assistência está colocada como um

caminho a ser trilhado para viabilizar a população, em busca de bens e

serviços.

A assistência social, no âmbito do processo de implantação da Lei

Orgânica da Assistência Social - LOAS,como expressão da dimensão universal

do direito à Seguridade Social no Brasil. A análise se detém ao exame da

particularidade histórica da política pública de assistência social no país, após

a legalização de seu estatuto como direito social, na Constituição de 1988.

Esse estudo busca a análise dos avanços presenciados nas políticas e

os desafios postos a equipe que trabalha nestas políticas publicas,

principalmente no CRAS, percebidas como fundamentais, a estruturação dos

temas referentes ao escopo e abrangência da assistência social enquanto um

direito universal, com as suas modulações teóricas e as inflexões e políticas

decorrentes do cenário de retração de direitos, levada a termo pela

hegemônica orientação política neoliberal.

O propósito maior desdobra-se, também, em confrontar as alterações

substantivas trazidas pelas referências constitucionais da cidadania, diante do

legado histórico da contraditória composição da responsabilidade estatal no

provimento dos direitos sociais na sociedade brasileira, e da organização do

campo dos direitos socioassistenciais.

O grande desafio encontra-se em assinalar potencialidades na

perspectiva da democratização e universalização do acesso à proteção social,

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principalmente nos CRAS que são unidades de referencia familiar, onde se

coloca em pratica nos termos que as políticas públicas de Seguridade Social

têm a exercer, a partir dos dizeres constitucionais com a especial distinção à

política pública de assistência social.

Nesta direção pode-se questionar: Como os municípios se organizaram

frente ao processo de implementação do SUAS. Qual a relação entre a

execução e a regulação. Como a legislação federal disciplinou e como a

legislação municipal organizou a dinâmica local. Que mudanças

organizacionais foram realizadas. Quais responsabilidades os municípios

assumiram. Como acabar com a lógica de ajuda, colocando em foco o direito à

proteção social. Que desafios e dificuldades se impõem aos serviços prestados

pelos profissionais. Qual o nível de entendimento dos trabalhadores dessa

política sobre o SUAS. De que forma ocorre a participação dos cidadãos e o

financiamento dessa política social dentro do município e áreas de

abrangências de cada CRAS.

“Avaliar os impactos da Política de Assistência Social na vida

dos cidadãos é condição igualmente importante em função da

escassez de conhecimento e dados referentes à população que

recorre a Assistência Social para satisfazer suas demandas

histórica e socialmente produzidas, pois trata-se de uma

população destituída de poder, trabalho, informação, direitos,

oportunidades e esperanças” (YASBEK, 2004, p.22).

Com esse estudo, abordamos os avanços apresentados pelos Governos

para as políticas publicas de assistência e com esta os desafios para o Serviço

Social e para equipe multiprofissional no CRAS, analisando as contribuições,

os limites e os desafios do profissional do Serviço Social na assistência. O

assistente social e enquanto suporte e facilitador para a resolução das

problemáticas sociais que impactam as instituições assistenciais, relacionadas

com as famílias dos usuários dos Programas e projetos ofertados pelos

CRAS’s e o cenário social em que se inserem.

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`Podemos acreditar que o maior avanços e maior desafio encontrados

pelos profissionais que atuam na ponta, nos CRAS’s tem sido colocar em

pratica os princípios e diretrizes apresentados na LOAS:

I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de

danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente:

a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à

adolescência e à velhice;

b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes;

c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; d) a

habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a

promoção de sua integração à vida comunitária; e

e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à

pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir

meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por

sua família.

II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar

territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a

ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e

danos;

III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos

direitos no conjunto das provisões socioassistenciais.

(LOAS, art. 2)

A legislação prevê ainda a atuação de psicólogos e assistentes sociais

no CRAS como profissionais parceiros dos gestores, outros trabalhadores e

membros da comunidade na área de abrangência de cada unidade,

trabalhando na implantação de projetos pela melhoria da qualidade dos

serviços prestados, viabilizando o processo de orientações, encaminhamentos

e na mediação das relações sociais e institucionais.

Obviamente, que todos os profissionais precisam entender que a

qualidade dos serviços prestados a população também dependem do contexto

econômico e político e de movimentos de pressão e negociação permanentes.

Esse processo é contraditório, lento e gradual e requer a coordenação

qualificada, dos entes federados: municípios, dos Estados e da União.

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CONCLUSÃO

A trajetória de afirmação da Assistência Social como política social,

demonstra que as inovações legais estabelecidas na Constituição Federal de

1988, na LOAS, na Política Nacional de Assistência Social e na Norma

Operacional Básica/SUAS, por si sós, são incapazes de modificar de imediato

o legado das práticas de assistência social sedimentadas na ajuda, na

filantropia e no clientelismo.

As legislações precisam ser compreendidas, debatidas, incorporadas e

assumidas por todos os envolvidos no processo de gestão da Política de

Assistência Social, em todos os níveis da federação. No curso da história, a

Política de Assistência Social adquiriu status de política social. Está em franco

processo de institucionalização; de profissionalização e de alcance de

racionalidade técnica e política. A regulação estabelece os fundamentos sobre

os quais está colocada a possibilidade de reversão da lógica do favor para a

lógica do direito à proteção social para todos os cidadãos.

Art.194. A seguridade social compreende um conjunto

integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da

sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde,

à previdência e à assistência social. (CF 88, 2003, p. 193.)

Considerando a atual conjuntura política, social e econômica em que se

insere a Política de Assistência Social é necessário compreender os limites e

constrangimentos de ordem estrutural, que comprometem a sua efetividade.

Apesar de todos os esforços e avanços, ainda permanece um abismo entre os

direitos garantidos constitucionalmente e a sua efetiva afirmação.

“na árdua e lenta trajetória rumo à sua efetivação como política

de direitos, permanece na Assistência Social brasileira uma

imensa fratura entre o anúncio do direito e sua efetiva

possibilidade de reverter o caráter cumulativo dos riscos e

possibilidades que permeiam a vida de seus usuários”

(YASBEK, 2004, p. 26).

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A investigação do processo de execução da Política de Assistência

Social é uma medida importante, na perspectiva de implementação do Sistema

Único de Assistência Social, capaz de analisar, avaliar e construir

conhecimentos sobre a área e atuação do serviço social no CRAS.

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ÍNDICE

CAPA 1

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I -

A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL 12

6. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 - CF88 14

7. LEI ORGÂNICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS 17

8. SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS 20

3.1 Norma Operacional Básica (NOB/SUAS): instrumento operacional

do conteúdo da política nacional de assistência social. 21

9. POLÍTICAS NACIONAL ASSISTÊNCIA SOCIAL – PNAS 22

10. A SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTENCIA SOCIAL E DIREITOS

HUMANOS (SMASDH) 23

5.1 PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA (PSB) 24

5.1.1 Centro de Referencia da Assistência Social (CRAS) 25

5.2 PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL (PSE) 26

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5.2.1 Centro de Referencia Especializado em Assistência Social

(CREAS) 26

5.3 OS CONSELHOS DE SERVIÇO SOCIAL 27

5.3.1. Conselho Federal de Serviço Social – CEFESS 27

5.3.2 Conselho Estadual de Serviço Social – CRESS 28

CAPÍTULO II -

OS PRESIDENTES E OS AVANÇOS DA POLITICA PUBLICA DE

ASSISTÊNCIA EM CADA GOVERNO 29

7. JOSÉ RIBAMAR SARNEY (1985-1990) 29

8. FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO (1990-1992) 31

9. ITAMAR AUGUSTO CAUTIERO FRANCO (1992-1994) 32

10. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-2002) 32

11. LUIS INÁCIO LULA DA SILVA (2003-2010) 34

12. DILMA ROUSSEF (2011-2014) 36

CAPÍTULO III –

OS AVANÇOS E DESAFIOS POSTOS A PROPOSTA DE TRABALHO PARA

UMA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR COMPROMETIDA 39

CONCLUSÃO 42

REFERENCIA BIBLIOGRAFIA 44

ÍNDICE 47