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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O TDAH NAS SÉRIES INICIAIS E A INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA INSTITUCIONAL
Por: Vanderleia Dias da Silva
Orientador
Prof. Dra. Carly Machado
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O TDAH NAS SÉRIES INICIAIS E A INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA INSTITUCIONAL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Psicopedagogia..Institucional
Por: . Vanderleia Dias da Silva
3
AGRADECIMENTOS
....Para todos que compartilharam do
meu ideal, me incentivando, apoiando,
lutando comigo em busca de uma
conquista para a realização de um
sonho.
4
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo investigar como o psicopedagogo
institucional poderia contribuir para o processo da aprendizagem de alunos das
séries iniciais do Ensino Fundamental, que possuem Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade (TDAH). Este transtorno pode gerar conseqüências
negativas para a criança no ambiente escolar, prejudicando-a em vários
aspectos, sendo um deles a aprendizagem. O auxílio do psicopedagogo
institucional neste processo pode ser enriquecedor e de grande valia. A
questão central do presente estudo está voltada para as formas como este
profissional poderia atuar no processo de aprendizagem das crianças com o
transtorno e na fase escolar abordada acima. O estudo utiliza o método teórico
de pesquisa, baseando-se, portanto, na revisão bibliográfica disponibilizada.
PALAVRAS- CHAVES: TDAH. Psicopedagogo. Aprendizagem.
5
METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica. Foram
analisados documentos em busca dos elementos que exerceram papel
fundamental na constituição do trabalho, com o objetivo de poder abordar o
assunto de forma coerente.
Foram feitas leituras de livros cujos autores são especializados no
assunto, Rohde, Mattos, Benczlk são de grande importância para o presente
estudo.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I - Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade 9 CAPÍTULO II – Diagnóstico do TDAH 16 CAPÍTULO I – Intervenções Psicopedagógicas 24
CONCLUSÃO - 40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43
INDICE 46
FOLHA DE AVALIAÇÃO 47
7
INTRODUÇÃO
O transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, ou TDAH, é um
distúrbio de desenvolvimento manifestado através de comportamentos
considerados inadequados em que a criança não consegue controlar seus
impulsos e vontades prejudicando seu nível de atenção e concentração. Os
sintomas de hiperatividade podem ser muito ou pouco pronunciados. Desta
forma, torna-se difícil para um leigo diferenciar uma criança agitada de uma
hiperativa.
O presente trabalho é fruto de pesquisa bibliográfica sobre uma questão
que angústia muitas pessoas, principalmente professores, e tem despertado
interesse de pesquisadores: Como o psicopedagogo ao identificar o TDAH,
pode instrumentalizar o professor para aplicar a melhor metodologia para que o
processo de aprendizagem desse aluno possa acontecer de forma eficaz?
O presente tema é importante, pois Na minha atuação como professora
do Ensino Fundamental da rede pública e como futura psicopedagoga venho
tentando compreender o comportamento de alguns alunos, que apresentam o
Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade. Diante da dificuldade de
lidar com esses alunos, e pela falta de conhecimento sobre o assunto,
interessei-me em conhecer todos os detalhes desse transtorno e também como
deve ser feita atuação psicopedagógica institucional junto ao educador, que
muitas vezes não reúne condições estruturais cognitivas e práticas
metodológicas, impedindo um desenvolvimento coerente de sua ação frente ao
educando, de acordo com a necessidade verificada e do grau de percepção de
cada caso que surge no seu cotidiano escolar.
Sendo assim essa pesquisa tem como objetivo proporcionar aos
educadores, compreensão do tema e uma metodologia que possibilitem uma
8
aplicação prática junto ao portador de TDAH e possibilitar ao professor, através
da interação entre o método e a prática uma nova instrumentação para a sua
ação pedagógica.
Porém, apenas este tipo de orientação não é suficiente podendo ir além,
através de esclarecimento aos pais de como podem entender melhor o filho e
assim ajudá-los em suas dificuldades da melhor maneira que puderem.
O ambiente da sala de aula deve ser o mais agradável possível, onde o
professor deverá incentivar o aluno através de jogos que desenvolvam a
atenção e a concentração.
No primeiro capítulo será fornecido uma histórico do Transtorno de
Déficit de Atenção/ Hiperatividade, ou seja, desde quando é conhecido e as
pesquisas cientificas sobre ele através do tempo, suas possíveis causas,
principais características.
No segundo capítulo, mostraremos os principais sintomas,
comorbidades de que maneira é feito o diagnóstico do TDAH.
No terceiro será explorada a forma de intervenção psicopedagógica
junto da instituição escolar, orientando professores em sua prática diária; como
é possível intervir junto à família e principalmente como ajudar a criança a
superar as dificuldades que enfrenta em seu dia-a-dia.
9
CAPÍTULO I
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE
ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade tem sido um dos
temas mais pesquisados na área de psicopatologia infanto-juvenil e segundo
Goldstein (2004, p.1) é uma desordem biopsicossocial, uma vez que fatores
biológicos, sociais e psicológicos contribuem para a manifestação e extensão
do problema. Ballard (1997, p.1) por outro lado, descreve o TDAH como uma
desordem biológica, onde a hereditariedade desempenha importante papel, e
que pode ser exacerbado por fatores sociais.
O nome deste transtorno tem-se modificado no decorrer do tempo,
sendo que a primeira referência à hiperatividade e desatenção apareceu na
literatura não médica, em meados do século XIX (ROHDE; HALPERN, 2004,
p.61). Na literatura médica, as primeiras descrições sobre crianças com
sintomas de desatenção, impaciência, inquietação e indisciplina foram feitas
por George Still, em 1902 (ROHDE; HALPERN, 2004, p.61 BENCZIK, 2002,
p.21; SCHWARTZMAN, 2001, p.10) que denominou o problema como defeito
de conduta moral.
Em 1940, o transtorno passou a ser designado como Lesão Cerebral
Mínima, isto porque evidências (relação com desordens pós- encefalíticas de
comportamento na infância) indicam que o sistema nervoso central das
crianças que apresentavam sintomas parecidos com aqueles causados por
alguma infecção cerebral tivesse sofrido um dano em algum momento.
(SCHWARTZMAN, 2001, p.11).
Em 1962, a designação Lesão Cerebral Mínima foi substituída por
Disfunção Cerebral Mínima, uma vez que as hipóteses de lesão não se
confirmaram (BENCZIK, 2002, p.23), e o comportamento das crianças
(considerando-se as dificuldades escolares; dificuldades de atenção,
percepção, memória, coordenação; hiperatividade; impulsividade;
agressividade) passou a ser relacionado a alguma disfunção cerebral.
10
“uma relação muito consistente entre as dificuldades de
aprendizagem e o comportamento hiperativo (...) o modelo
médico ainda privilegiava o quadro comportamental, enquanto
que o modelo pedagógico privilegiava o aspecto da
aprendizagem.” (SCHWARTZMAN, 2001, p.13).
Na década de 1970, os sistemas classificatórios começaram a definir o
transtorno dando ênfase à hiperatividade e considerando a atividade motora
excessiva como sintoma principal do distúrbio. Assim, a segunda edição do
Manual Diagnóstico e Estatístico das Doenças Mentais (DSM-II) proposto pela
Associação Americana de Psiquiatria e a nona edição da Classificação
Internacional de Doenças (CID-9) proposta pela OMS introduziram o termo
Hipercinética para descrever o transtorno; no primeiro Reação Hipercinética e
no Segundo Hipercinética.
Nos anos de 1980, como as pesquisas começaram a identificar alguns
aspectos cognitivos do transtorno, mais especificamente o déficit de atenção e
a impulsividade, o DSM-III alterou a nomenclatura para Distúrbio Déficit de
Atenção ressaltando os aspectos cognitivos da definição da síndrome,
principalmente o déficit de atenção e a falta de autocontrole ou impulsividade.
Em sua revisão em 1987, o DSM-III voltou a enfatizar a hiperatividade e alterou
o nome para Distúrbio de Hiperatividade com déficit de atenção. (BENCZICK,
2002, p.23; WERMER JUNIOR, 1997, p.83).
Atualmente, os sistemas internacionais utilizam nomenclaturas
diferentes, o CID 10 (1993) Transtorno Hipercinético e o DSM-IV (1994) de
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.
A prevalência do TDAH na população situa-se entre 1% (Inglaterra) e
9% (Taiwan) (GOLFETO; BARBOSA 2003, p.13). Nos Estados Unidos, o
11
TDAH acomete cerca de 3 a 6% das crianças em idade escolar (ROHDE, 2003,
p. 12; BENCZIK, 2002, P.23; BALLARD, 2004, p.1).
No Brasil, os estudos realizados referem em 3% e 17%, dependendo da
metodologia utilizada, Barbosa (1994, p. 452), através de questionário de
Conners (versão para pais e professores), encontrou uma prevalência de 3,3%.
Freire e Pondé (2005, p.476) realizaram um estudo piloto em escolas da rede
pública e privada de Salvador (BA), utilizando a Escala de TDAH (versão para
professores) e encontraram prevalências entre 0,6% e 5,3% dependendo do
tipo de TDAH. Vasconcelos, Werner Júnior, Malheiros et al ( 2003, p. 69) em
pesquisa realizada em uma escola pública primária encontraram uma
prevalência de 17,1%; Guardiola, Fuchs e Rotta (2000, p. 406) realizou um
estudo em Porto Alegre (RS) e referiu duas taxas de prevalência, uma de 18%
utilizando os critérios do DSM-III-R e outra de 3,5% utilizando critérios
neuropsicológicos; Rohde, Biederman, Busnello, et al (1999) em uma pesquisa
também realizada em Porto Alegre, com adolescentes entre 12 e 14 anos,
usando como instrumento uma escala baseada no DSM-IV, encontraram uma
prevalência estimada em 5,8%. Admiti-se que a grande variação obtida na
estimativa prevalência do TDAH no Brasil decorra das diferentes metodologias
utilizadas, tais valores, contudo, são compatíveis com os obtidos em pesquisas
internacionais.
No que se refere ao gênero, pesquisas clínicas apontam uma proporção
de nove meninos para uma menina. Andrade, Scheuer, Ribeiro et al (2001,
P.98) realizaram um estudo sócio demográfico com crianças atendidas no
Ambulatório para Distúrbios Hiperativos e Déficit de Atenção (ADHDA) do
hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, e em relação ao sexo
encontraram a proporção referida pela literatura, ou seja, de 2 a 9 vezes mais
meninos do que meninas, sendo a diferença menor quando observadas
crianças com TDAH sem hiperatividade. Golfeto e Barbosa (2003, p.25-26)
discutem esses dados e de outras pesquisas quanto à prevalência do TDAH
ser maior nos meninos, apontando como possível causa dessa diferença o fato
das meninas apresentarem principalmente o tipo predominantemente
desatento, o que implicaria numa manifestação clínica de menor impacto para
as meninas, interferindo assim no cálculo da prevalência entre os sexos.
12
Os estudos sobre o TDAH indicam a presença de disfunção em uma
área frontal do cérebro conhecida como região orbital frontal localizada logo
atrás da testa. Constitui-se uma das regiões cerebrais mais desenvolvidas nos
ser humano e é responsável pela inibição do comportamento, pelo controle da
atenção, pelo planejamento futuro e pelo autocontrole. Nos sujeitos que
apresentam sintomas de TDAH, há uma alteração no funcionamento dos
neurotransmissores, substâncias que permitem a comunicação entre os
neurônios. A causa mais aceita no momento é uma vulnerabilidade herdada ao
transtorno, que irá se manifestar de acordo com as interações e condições do
ambiente físico, afetivo, social e cultural (ROTTA, 2006 p.83).
Quanto às características, o TDAH apresenta três principais
manifestações: dificuldade de manter a atenção, hiperatividade e
impulsividade. Essas características apresentam-se acentuadamente,
ocorrendo uma discrepância do seu comportamento em relação aos indivíduos
da mesma idade. Muitas vezes, a criança ou adolescente mostra-se distraído e/
ou agitado dependendo do tipo de sintoma. Essas características devem se
apresentar simultaneamente em dois ambientes, no mínimo em seis meses;
por exemplo, em casa e na escola.
Segundo Barkley (2002), o maior problema das crianças com TDAH é a
dificuldade em inibir e controlar o comportamento. Para o autor, os portadores
de TDAH não se beneficiam com advertências sobre o que ocorrerá mais tarde,
baseando seu comportamento no momento presente, sem planejamento
futuros. Geralmente, apresentam lentidão no entendimento lingüístico,
matemático e no raciocínio moral. Tendo em vista que espera é um ato ativo, e
que se origina do poder de controlar os impulsos e nos permite criar um senso
de temporalidade, criar um discurso interno de controle do comportamento,
avaliar eventos, utilizar a capacidade de análise e síntese. A criança com
TDAH poderá ter dificuldade em desenvolver essas habilidades, não
interiorizando emoções, que criam motivação interna, dirigindo o
comportamento no alcance de objetivos.
Para Brown (2007), não é tanto a dificuldade no controle do
comportamento que prejudica os portadores de TDAH, mas problemas nas
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funções centrais na memória de trabalho. Segundo o autor, a memória de
trabalho ativa as informações necessárias para realizar atividades atuais, e
mantêm informações a serem decodificadas em longo prazo, recuperando
informações armazenadas na memória de longo prazo, necessárias para
tarefas imediatas. Esse processo ocorre lentamente em portadores de TDAH,
que mantém menos atenção e concentração nas atividades, pouco ativando a
memória de trabalho, e conseqüentemente, armazenando menos informações
nesta memória, o que provoca pouca eficiência nas atividades.
O TDAH é considerado um problema de saúde mental que tem três
características básicas: a desatenção, a agitação (ou hiperatividade) e a
impulsividade. Este transtorno pode levar a dificuldades emocionais, de
relacionamento familiar e social, bem como um baixo desempenho escolar.
Muitas vezes, é acompanhado de outros problemas de saúde mental (ROHDE
e BENCZIK, 1999 p. 93).
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade caracteriza-se por
dois grupos de sintomas 1) desatenção e 2) hiperatividade (agitação) e
impulsividade. Segundo a tabela de critérios diagnósticos do DSM IV, no grupo
dos sintomas de desatenção encontram-se:
a) Não prestar atenção a detalhes ou cometer erros por descuido;
b) Ter dificuldades para concentrar-se em tarefas e /ou jogos;
c) Não prestar atenção ao que lhe é dito;
d) Ter dificuldades para seguir regras e instruções e/ ou não terminar o que
começa;
e) Ser desorganizado com as tarefas e materiais;
f) Evitar atividades que exijam um esforço mental continuado;
g) Perder coisas importantes;
h) Distrair-se facilmente com coisas que não tem nada a ver com o que está
fazendo;
i) Esquecer compromissos e tarefas.
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Os sintomas que fazem parte do grupo de hiperatividade/impulsividade
são:
a) Ficar remexendo as mãos e/ ou pés quando sentado;
b) Não parar sentado por muito tempo;
c) Pular, correr excessivamente em situações inadequadas, ou ter uma
sensação interna de inquietude;
d) Ser muito barulhento para jogar ou divertir-se;
e) Ser muito agitado;
f) Falar demais;
g) Responder as perguntas antes de terem sido terminadas;
h) Ter dificuldade em esperar sua vez;
i) Intrometer-se em conversas ou jogos dos outros.
Algumas crianças e adolescentes apresentam muitos dos sintomas
listados, na maioria das vezes, estão presentes vários, mas não todos. É
importante destacar que para se considerar que algum dos sintomas citados
está presente é necessário que ele ocorra frequentemente. Segundo Rohde e
Benczik, as pesquisas mais recentes têm mostrado que são necessários pelo
menos seis dos sintomas de desatenção e/ou seis dos de
hiperatividade/impulsividade para que se possa pensar na possibilidade do
diagnóstico de TDAH (1999, p.41).
As crianças com TDAH são frequentemente acusadas de “não prestar
atenção”, mas na verdade elas prestam atenção a tudo. O que não possuem é
a capacidade para planejar com antecedência, focalizar a atenção
seletivamente e organizar respostas rápidas. Elas afetam o desempenho
acadêmico, os relacionamentos familiares e sociais e o ajustamento
psicossocial. Portanto, devem ser alvo de intervenção.
As crianças e adolescentes com TDAH apresentam com maior
freqüência outros problemas de saúde mental, como problemas de
comportamento, ansiedade e depressão, que são chamados de comorbidades.
15
Comorbidade é a ocorrência em conjunto de dois ou mais problemas de saúde.
O TDAH é acompanhado com uma freqüência alta de outros problemas de
saúde mental. Segundo Rohde e Benczik a explicação é simples, se
pensarmos o cérebro como uma rede interligada, torna-se fácil imaginar que
um dano possa atingir diferentes da rede. Do ponto de vista emocional, uma
criança que apresenta TDAH e tem dificuldades de relacionamento e de
aprendizagem pode desenvolver sentimentos de ansiedade, baixa auto-estima
e depressão como conseqüência (1999, p.46).
Pesquisas mostram uma alta prevalência de comorbidade entre o TDAH
e os transtornos disruptivos do comportamento (transtorno de conduta e
transtorno opositor desafiante), situada em torno de 30 a 50%. A taxa de
comorbidade também é significativa com as seguintes doenças: a) depressão
(15 a 20%); b) transtornos de ansiedade (em torno de 25%); c) transtornos da
aprendizagem (10 a 25%). (SILVA, 2003, p.137), destaca que é importante
saber diferenciar os transtornos na medida em que há a possibilidades de uma
pessoa apresentar os dois quadros.
16
CAPÍTULO II
DIAGNÓSTICO DO TDAH
Como o diagnóstico do TDAH é clinico, embora seus sinais possam ser
detectados precocemente pelo pediatra que acompanha a criança, é essencial
o conhecimento da história do sujeito, a partir da observação dos pais, dos
professores, e da própria criança já que na maioria das vezes esta não
apresenta sintomas característicos da TDAH durante a consulta médica.
O diagnóstico do TDAH envolve também outras avaliações
complementares com outras especialidades médicas e ainda outros
profissionais. É necessário, logo de início avaliações auditivas e visuais, uma
vez que déficits nessas capacidades podem provocar dificuldade de atenção.
Além disso, é de grande importância a avaliação neurológica, para que se
excluam outras possíveis patologias.
Possa, Spanemberg e Guardiola (2005, p.482); Souza, Serra, Mattos et
al (2001, p.403) revelam alta comorbidade ( ocorrência de dois ou mais
transtornos em um mesmo indivíduo) entre TDAH e outros transtornos
psiquiátricos, e entre os assim chamados transtornos de aprendizagem que de
acordo com o DSM IV englobam os transtornos de leitura (dislexia), transtornos
de matemática (discalculia) e transtornos de expressão escrita (disgrafia).
Rohde e Halpen (2004, p.66) apontam uma taxa de comorbidade entre o TDAH
e os transtornos disruptivos do comportamento (transtorno de conduta e
transtorno opositor desafiante) entre 30 a 50%; com depressão por volta de 15
a 20%;
Com os transtornos de ansiedade em torno de 25% e com transtornos
de aprendizagem por volta de 10 a 25 %.
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No diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade
deve-se observar a tabela de critérios diagnósticos do DSM IV, onde
encontram-se as característica dos dois grupos de sintomas: desatenção e
hiperatividade descrita no capítulo anterior.
Como vimos anteriormente, entre os fatores que integram e tornam-se
importantes para o diagnóstico do Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade, estão a presença dos sintomas em pelo menos dois
contextos em que o individuo está inserido e a existência de prejuízos à sua
vida, sejam em quais forem os aspectos envolvidos.
A presença de problemas no contexto escolar, vivenciados por
portadores de TDAH é significativamente comum, sendo referentes,
principalmente, aos aspectos da aprendizagem, comportamento e
relacionamento com colegas e/ou com professor.
Os sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção/hiperatividade podem
passar despercebidos pelos pais até a criança entrar no contexto escolar,
mesmo que alguns comportamentos sintomáticos deste transtorno possam ser
observados desde bebê como por exemplo uma agitação exacerbada. A tabela
abaixo nos mostra a história clássica do TDAH segundo Rohde e Halpern
(2004, p.67).
Lactente “Bebê difícil”, insaciável, irritado, de difícil consolo, maior
prevalência de cólicas, dificuldades de alimentação e sono.
Pré-escolar Atividade aumentada ao usual, dificuldades de ajustamento,
teimoso, irritado e extremante difícil de satisfazer.
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Escola
elementar
Incapacidade de colocar foco, distração, impulsivo,
desempenho inconsistente, presença ou não de
hiperatividade.
Adolescência Inquieto, desempenho inconsistente, sem conseguir colocar
foco, dificuldades de memória na escola, abuso de
substância, acidentes.
Para muitas famílias, esta observação da criança pode ser mais difícil,
de acordo com a disponibilidade e limites dos próprios pais, que muitas vezes,
vêem tal comportamento como normal em crianças ou até mesmo pelo (a) filho
(a) não ter a possibilidade do contato com outras crianças de sua faixa etária.
Quando a criança ingressa na escola, inevitavelmente, entra em contato
com outros indivíduos de sua idade, o que possibilita aos pais e professores
uma certa comparação com as outras crianças e uma melhor percepção de
alguns comportamentos apresentados por esta, que podem ser indicativos de
algo não está bem, como é o caso do TDAH.
E claro que cada indivíduo e único e tem suas características peculiares
e seu próprio ritmo, porém este contato permite que se salientem aspectos
desadaptativos que precisam ser investigados melhor para auxiliar a criança,
caso necessário.
Na pré-escola, apesar das observações dos comportamentos
apresentados e do contato com outras crianças, o diagnóstico ainda é difícil,
pois o cotidiano escolar nesta fase propicia atividades que envolvem maior
movimento e ludicidade, o que faz com que as crianças soltem-se mais durante
as brincadeiras, corram, joguem e realizem atividades mais livres e prazerosas.
Acredita-se que no denominado “Primeiro Ciclo do Ensino Fundamental”
que refere-se às primeiras séries do Ensino Fundamental (1ª à 4ª série), os
sintomas dos TDAH possam se tornar mais visíveis, visto que as crianças se
deparam com uma dinâmica escolar bastante diferente, sendo mais exigidas
em alguns aspectos.
19
Nesta fase escolar, há uma necessidade maior da criança permanecer
mais tempo sentada, de prestar a atenção em conteúdos escolares que estão
sendo transmitidos pelo professor e realizar tarefas que exigem concentração.
Tais exemplos de condutas exigidas acabam tornando mais evidentes alguns
problemas, como a presença da sintomatologia do Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade.
Assim, o diagnóstico antes dos seis ou sete anos de idade deve ser
muito mais cauteloso, pois embora a criança apresente alguns sintomas do
transtorno, como um comportamento relativamente agitado, estes podem ser
facilmente confundidos com condutas normais de crianças nesta idade ou até
mesmo com outros problemas que possam estar ocorrendo, como por
exemplo, referentes à sua adaptação ao cotidiano escolar.
Pensa-se que a escola, por intermédio do seu corpo docente e dos
demais membros que a compõe, desempenham um papel fundamental na
identificação de problemas em seus alunos, como o TDAH, visto que é neste
contexto que, muitas vezes, tal transtorno é primeiramente percebido e que é
realizado um encaminhamento inicial a profissionais especializados, seja ao
psicopedagogo da escola ou, na sua ausência, à um profissional externo.
Além disso, é a escola que transmite muitas informações valiosas aos
profissionais que estão analisando e/ou tratando a criança com TDAH, o que
irá possibilitar a realização de um diagnóstico mais preciso.
É importante salientar que a desatenção, a hiperatividade ou a
impulsividade como sintomas isolados podem resultar de muitos problemas na
vida de relação das crianças (com os pais e/ou colegas e amigos), de sistemas
educacionais inadequados, ou podem estar associados a outros transtornos
comumente encontrados na infância e adolescência. Portanto, para o
diagnóstico do TDAH, é sempre necessário contextualizar os sintomas na
história de vida da criança. Algumas pistas que indicam a presença do
transtorno são:
a) Duração dos sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade.
Normalmente, crianças com TDAH apresentam uma historia de vida desde a
20
idade pré-escolar com a presença de sintomas, ou pelo menos, um período de
vários meses de sintomatologia intensa.
b) Freqüência e intensidade dos sintomas. Para o diagnóstisco de TDAH, é
fundamental que pelo menos seis dos sintomas de desatenção e/ou seis dos
sintomas de hiperatividade/impulsividade descritos no capitulo anterior, estejam
presentes frequentemente (cada um dos sintomas) na vida da criança.
c) Persistência dos sintomas em vários locais e ao longo do tempo. Os
sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade precisam ocorrer em
vários ambientes da vida da criança (por exemplo, escola e casa) e manterem-
se constantes ao longo do período avaliado. Sintomas que ocorrem apenas em
casa ou somente na escola devem alertar o clínico para a possibilidade de que
a desatenção, hiperatividade ou impulsividade possam se apenas sintomas de
uma situação familiar caótica ou de um sistema de ensino inadequado. Da
mesma forma, flutuações de sintomatologia com períodos assintomáticos não
são características do TDAH.
d) Prejuízo clinicamente significativo na vida da criança. Sintomas de
hiperatividade ou impulsividade sem prejuízo na vida da criança podem traduzir
muito mais estilos de funcionamento ou temperamento do que um transtorno
psiquiátrico.
e) Entendimento do significado do sintoma. Para o diagnóstico de TDAH, é
necessária uma avaliação cuidadosa de cada sintoma, e não somente a
listagem de sintomas. Por exemplo, uma criança pode ter dificuldade de seguir
instruções por um comportamento de oposição e desafio aos pais e
professores, caracterizando muito mais um sintoma de transtorno opositor
desafiante do que de TDAH.
Todos os dados apresentados podem ajudar a entender melhor o TDAH
e a suspeitar fortemente que o individuo apresente ou não este problema.
Entretanto, o diagnostico só deve ser realizado por um profissional de saúde
mental, seja ele médico ou psicólogo.
O diagnóstico de TDAH é fundamentalmente clínico, existem escalas
que descrevem os sintomas de atenção, hiperatividade e impulsividade e
medem de forma objetiva sua indentidade de acordo com a opinião dos pais e
21
professores. Rohde e Benczick (1999, p.49) sugerem a Escala de Conners e a
Escala de Problemas de Atenção do Inventário de Comportamento de Crianças
e Adolescestes, que nas suas versões para pais e professores têm sido as
mais usadas e podem ser muito úteis como ferramentas auxiliares no processo
do diagnóstico, mas não servem como instrumentos isolados. O exame
neurológico evolutivo, realizado por neuropediatras e alguns teste psicológicos
como a Escala de inteligência de Wechsler 5 para crianças, podem indicar
dados que fortalecem o diagnóstico. Entretanto, os resultados destas
avaliações isoladamente ou em combinação não são suficientes para o
diagnóstico, pois algumas crianças com sintomas importantes podem
apresentar resultados normais nesses exames e testes, porque são realizados
em ambientes altamente estruturados, com poucos estímulos externo e com
cuidado individualizado á criança; segundo estes autores, outro testes
neuropsicológicos mais complexos e exames mais modernos, como as
tomografias por emissão única de fóton (SPECT), são bastante promissores
para o futuro.
Segundo Mattos (2005, p.56-60) além dos sintomas do transtorno, em
mais de 50% dos casos existem comorbidades, destacando-se entre elas:
1) transtorno desafiante de oposição (TOD), que se caracteriza por
comportamento desafiador e opositivo (conforme o nome sugere) em relação a
figuras de autoridade;
2) transtorno de conduta (TC), que se caracteriza pelo padrão de
comportamento no qual se desrespeita os direitos básicos dos outros
(mentiras, roubos, crueldade com animais, entre outros);
3) abuso de substâncias psicoativas e álcool – em geral o abuso destas
substâncias relaciona-se com o maior comprometimento funcional nas áreas
acadêmicas, social e profissional;
4) transtorno de humor-depressão e transtorno bipolar sendo que
primeiro caracteriza-se por tristeza, irritação, perda de interesse por atividades
habitualmente prazerosas, fadiga fácil, insônia ou hipersônia, enquanto que o
transtorno bipolar caracteriza-se pela presença de humor exaltado, euforia
alternando-se com momentos de depressão (especialmente em crianças);
22
5) transtornos de ansiedade, que se caracterizam por medos ou
preocupações excessivas que comprometem a vida acadêmica, social e
familiar;
6) transtornos de tiques que se caracterizam pela realização de
movimentos ou sons vocais repentinos, rápidos, não rítmicos, estereotipados;
7) transtornos de aprendizado, não se considerando aqui as dificuldades
primárias decorrentes das próprias características do TDAH (desatenção e
impulsividade) e que erroneamente são designadas como transtornos de
aprendizagem.
A presença de comorbidades em geral sugere um maior grau de
prejuízo, pior prognóstico, e frequentemente uma persistência de problemas ao
longo do tempo.
Nesse sentido, ressalta-se a importância do correto diagnóstico no
TDAH, uma vez que a presença de comorbidades vai ensejar condutas
diferentes no tratamento.
Segundo Mattos (2005, p.56) há uma tendência em se negligenciar os
quadros comórbidos no tratamento do TDAH, quando o mesmo é realizado
apenas pelo neuropediatra; a ação de equipes multidisciplinares concorre para
mudar esta situação.
A partir do momento que se reúne as várias informações e se estabelece
o diagnóstico de TDAH, todas as pessoas envolvidas com a criança precisam
ser educadas sobre o TDAH. Os pais precisam conhecer o transtorno e
aprender como interagir com seus filhos; a criança deve receber informações
apropriadas à sua idade; as pessoas que convivem com a criança (irmãos,
avós, tios, primos, babás) precisam saber mais sobre o distúrbio além das
informações divulgadas pela mídia, que muitas vezes não são corretas e
acabam mais prejudicando do que ajudando.
Rohde (2002, p.133) destaca que nas culturas latinas as desordens do
comportamento são relacionadas com a falta de habilidade dos pais em educar
as crianças, salientando a importância de discussões claras e abertas com os
familiares das crianças com TDAH sobre os modernos aspectos da
neurobiologia do transtorno.
23
Os professores assim como os profissionais da saúde devem conhecer
os sintomas, as possíveis causas, os prognósticos, e as formas mais
adequadas de intervenção para o desenvolvimento da criança.
É importante que se saiba que TDAH não tem cura, e que a melhor
qualidade de vida da criança, adolescente ou ainda adulto com TDAH vai
depender da colaboração daqueles com quem convive, e para isso é
necessário que estes aprendam o máximo que puderem sobre o transtorno.
CAPÍTULO III
24
INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS
O psicopedagogo possui um papel fundamental na avaliação do portador
de TDAH, partindo da idéia principal de que este profissional irá trabalhar para
adequar um sujeito a obter um melhor resultado, bem como possibilitar melhor
ajustamento do mesmo com a equipe nessa escola (direção, professores,
apoio e outros alunos). A observação de todo o contexto no ambiente escolar é
o principal item para buscar respostas na avaliação proposta.
O passo inicial é diferenciar no sujeito avaliando dificuldades ou o
próprio transtorno, a dificuldade deriva muito de aspectos sociais e/ou
metodológicos que acabem por não propiciar a aprendizagem em toda
plenitude. A ação (prática) seria trabalhar complementando, cuidar de
mudanças na estrutura escolar para sanar dificuldades. Os portadores de
TDAH nas formas: desatento, hiperatividade; combinado, demonstram em
muitas situações as dificuldades de aprendizagem principalmente quando
surgem atividades que envolvam a leitura e a escrita bem como as atividades
matemáticas.
O psicopedagogo deve fazer sua avaliação diferenciando os transtornos
em: leves, moderados ou graves e solicitar um leque avaliativo maior para
observar a localidade afetada que explique o determinado transtorno.
Inicialmente a avaliação psicopedagógica no portador do TDAH passa
por contato com os pais e responsáveis pela criança/adolescente para
realização de Anamnese, pesquisa e conclusão da história escolar, bem como
todos os dados escolhidos anteriormente. O psicopedagogo não deve ter
receio de realizar uma investigação minuciosa para que assim obtida uma
resposta para então iniciar um tratamento observando:
• Habilidades metalingüísticas:
-consciência fonológica
-evocação de palavras e fluência verbal.
25
• Leitura :
-conhecimento do alfabeto e evocação do som das letras;
-uso da via fonológica ou lexical do conhecimento, das palavras;
-leitura de palavras e pseudopalavras;
-leitura de frases;
-leitura de textos (oral e silenciosa)
-compreensões de leitura.
• Escrita :
-ortografia;
-produção textual;
-aspectos gráficos.
• Matemática:
-cálculos;
-solução de problemas;
-nível de pensamento.
• Outras habilidades:
-noções espaçotemporais;
- lateralidade;
-memória.
...“ Em uma sociedade em transformação, no qual o
conhecimento muda e se amplia em ritmo acelerado, é preciso
garantir ao estudante o acesso a todas as fontes de produção de
conhecimento, adaptando-se às características de cada um,
inclusive às daqueles com TDAH.”
26
(Rohde e cols,2003, p.83)
O tratamento do TDAH envolve uma abordagem múltipla, englobando
intervenções psicopedagógicas, psicossociais e psicofarmacológicas. Muitas
vezes, é necessário um programa de treinamento para os pais, com ênfase em
intervenções comportamentais, a fim de que aprendam a manejar os sintomas
dos filhos. É importante que eles conheçam as melhores estratégias para o
auxilio de seus filhos na organização e no planejamento das atividades (por
exemplo, essas crianças precisam de um ambiente silencioso, consistente e
sem maiores estímulos visual para estudar). Além disso, esses programas
devem oferecer treinamento em técnicas especificas para dar os comandos,
reforçando o comportamento adaptativo social e diminuindo ou eliminando o
comportamento desadaptado (por exemplo, através de técnicas de reforço
positivo). Rohde e Benczik (1999, s.p) consideram que, na maioria das vezes, é
necessária a combinação de várias da seguintes intervenções:
• Esclarecimento familiar sobre o TDAH;
• Intervenção psicopedagógica com a criança ou adolescente;
• Intervenção psicopedagógica e/ou reforço de conteúdos;
• Uso de medicação
• Orientação de manejo para a família;
• Orientação de manejo para os professores.
Intervenções no âmbito escolar também são importantes. Nesse sentido,
idealmente, os professores deveriam ser orientados para a necessidade de
uma sala de aula bem estruturada, com poucos alunos. Rotinas diárias
consistentes e ambiente escolar previsível ajudam essas crianças a manter o
controle emocional. Estratégias de ensino ativo, que incorporem a atividade
física com o processo de aprendizagem, são fundamentais. As tarefas
propostas não devem ser demasiadamente longas e necessitam ser explicadas
passo a passo. E importante que o aluno com TDAH receba o máximo possível
de atendimento individualizado. Ele deve ser colocado na primeira fila da sala
27
de aula, próximo à professora e longe da janela, ou seja, em local onde ele
tenha menor probabilidade de distrair-se; Muitas vezes, crianças com TDAH
precisam de reforço de conteúdo em determinadas disciplinas. Isso acontece
porque elas já apresentam lacunas no aprendizado no momento do
diagnóstico, em função do TDAH. Topczewski destaca que professores que
possuam alunos que apresentam problemas de hiperatividade devem ter muita
paciência e disponibilidade, pois eles precisam de muita atenção. A criança
hiperativa geralmente possui baixa auto-estima pelo fato de apresentar
dificuldades na concentração e os professores que não conhecem os
problemas relacionados ao TDAH consideram-na como exemplo negativo para
os demais alunos (TOPCZEWSKI apud SILVA, 2004, p.37).
Além das medidas já citadas, a atividade física regular é fundamental
para qualquer criança, mais importante ainda para aquelas com este
transtorno, especialmente quando os sintomas de hiperatividade são mais
intensos. Devem-se escolher atividades e jogos nos quais a criança possa
aprender e conviver com regras e limites. Esta é uma oportunidade para que
ela possa gastar energias de uma forma produtiva.
Segundo Benczik (2002) o trabalho do psicopedagogo é muito
importante pois auxilia, atuando diretamente sobre a dificuldade escolar
apresentada pela criança, suprindo a desfasagem, reforçando o conteúdo,
possibilitando condições para que novas aprendizagens ocorram, e orientando
professores.
As técnicas mais utilizadas são os jogos de exercícios sensórios-
motores, ou de combinações intelectuais, como damas, xadrez, carta,
memória, quebra-cabeça, entre outros.
Os jogos com regras permitem à criança, além do desenvolvimento
social quanto a limites, à participação, o saber ganhar, perder, o
desenvolvimento cognitivo, e possibilita a oportunidade para a criança detectar
onde está, o porquê e o tipo de erro que cometeu, tendo a chance de refazer,
agora, de maneira correta.
28
Podem ser usadas técnicas que envolvam escritas, como escrever um
livro e ilustrá-lo, pode despertar nela em criar algo seu e admirar seu trabalho
final, podendo isso, ser estendido às lições em sala de aula.
Outra técnica é a de despertar na criança o gosto pela leitura, através
de assuntos e temas de seu interesse e também aguçar a curiosidade por
conhecer novos livros, revistas e gibis.
A utilização de contos de fadas e suas dramatizações podem ser um
recurso a mais. Podem ser utilizados desde a fase do diagnostico até a fase de
intervenção educativa, adaptando-se as tarefas, em razão do nível de
aprendizado em que a criança se encontra. Benczik (2002) salienta que essa
técnica permite ao psicopedagogo coletar tanto dados cognitivos quanto
psicanáliticos.
As intervenções precoces podem representar um grande passo para
minimizar o impacto negativo que o TDAH traz à vida da criança.
Os pais e professores precisam compreender que a frustração que
essas crianças sentem por causa de seus fracassos é real. Essas frustrações
afetam a integração da criança em casa, na escola e na comunicação em
geral.
A busca pela leitura, é o caminho para o conhecimento. É essencial a
leitura porque mantém uma boa relação de comunicação entre os pais e a
escola. A partir da informação, há uma maior reflexão, percepção sobre o
TDAH. Com a orientação, as características são percebidas e os rótulos e as
críticas são evitados.
Realmente é um enorme desafio. E cabe a cada um, pais e a escola,
assumirem os seus papéis. Um conhecimento correto, ajuda a criança vencer
os seus obstáculos, em busca de uma qualidade de vida melhor.
Uma educação apropriada é essencial, nunca é demais enfatizar a
importância dela. Ela é importante, pois os pais não apenas devem saber como
proceder, mas também, como interpretar tanto as informações desejadas e
espontâneas sobre os problemas da criança, quanto as suas soluções. De uma
maneira ou outra, a criança hiperativa continuará a vivenciar mais problemas
durante toda a sua infância e adolescência que a maioria das outras crianças.
29
É necessário que os pais estejam cientes dos recursos que são úteis na
identificação dos problemas e das estratégias para enfrentá-los, pois a criança
hiperativa precisará da ajuda de seus pais para ter êxito.
“ Os pais não causam hiperatividade, mas o modo
como interagem com seus filhos pode aumentar ou
diminuir a gravidade dos problemas hiperativos”.
(GOLDSTEIN,2004, p.145)
Quando os pais percebem a importância da informação, a necessidade
de se tornar um consumidor informado, fica menos desgastante e as queixas
também diminuem. Porque agora já sabem o que é o TDAH, suas causas e
como ele se manifesta nas diferentes situações do dia-a-dia e nos diferentes
locais que a criança freqüenta. Entende também, que a criança está tendo
certas dificuldades não porque ela é ruim ou teimosa e sim porque o TDAH a
leva a agir diferentemente do esperado.
“ Uma coisa é ser mal-educada, não saber
comportar-se em determinadas situações; outra bem
diferente é ter um transtorno bem específico que é o
motivo de pesquisa em todo o mundo”.
(MATTOS,2005, p.49)
Embora não existam “receitas prontas” é necessário que utilize
estratégias especificas para o manejo de comportamentos. De nada vai
adiantar exigir mais do que ela pode dar.
“Não se esqueça de que você é o modelo de
identificação para o seu filho. É difícil pedir para ele
30
pensar antes de agir se você age antes de pensar”.
(ROHDE e BENCZIK, 1999,p.75)
Ao se tornarem verdadeiros especialistas no assunto, os pais devem
manter um diálogo franco escutando também as opiniões de seu filho sobre
aqueles aspectos do seu comportamento que facilitam ou dificultam as coisas
para ele. As normas sobre os comportamentos precisam ser sempre
claramente estabelecidas. Um meio familiar que tenha rotinas, que seja
previsível e que especifique exatamente o que é esperado dele. As regras
devem fazer sentido e serem constantes para todas as pessoas que se
relacionam com o portador do TDAH. Qualquer norma só deve ser
implementada se todos os responsáveis que lidam com a criança ou
adolescente concordarem com ela. Todos os prêmios e castigos também
devem ser conhecidos por todos. Mas qualquer discussão, acerca das regras,
não deve acontecer na frente da criança.
Algumas dicas importantes, estratégias que podem ajudar os pais de
crianças com TDAH.
Estabelecer prioridades
Tentar estabelecer prioridades, estratégias de manejo. Qual incomoda mais?
Tentar estabelecer prioridades estratégias de manejo para dificuldade maior.
Resolver um problema e só então passar a dar atenção para o próximo.
Pensar antes de agir
O comportamento hiperativo e impulsivo destas crianças levam muitas vezes
os pais a reagirem de forma rápida. Frente a cada dificuldade da criança, é
preciso pensar qual é melhor alternativa de manejo. Quanto se pensa, mais
chance o bem censo tem de prevalecer. É bom não esquecer que os pais são
modelos de identificação dos seus filhos. É muito difícil pedir para ele pensar
antes de agir, se os pais agem antes de pensar; não conseguindo administrar
suas emoções.
Uso do reforço positivo antes da punição
31
As criança hiperativas precisam mais do que as outras de constante reforço
positivo do que as estratégias punitivas. Em vez de criticá-la por aquilo que não
consegue fazer, é melhor elogiá-la no momento em que consegue fazer as
coisas de forma adequada. Desse modo, em vez de ressaltar as falhas, estará
sendo evidenciado o que ela tem de bom, seus progressos e a capacidade de
melhorar se houver empenho. Assim, quando ela consegue esperar a sua vez
na fila, os pais devem elogiar ou premiar ( um brinquedo desejado, um passeio
ou um abraço). Tais estratégias refletem um princípio básico da relação
interpessoal, ou seja, o da obtenção de direitos na medida em que os deveres
são cumpridos. Os elogios sempre ajudam a promover a auto-estima, enquanto
as críticas e os castigos geram frustração e sentimento de inadequação.
Manter constância de estratégias
É importante os pais se comportarem sempre do mesmo modo em situações
semelhantes. Não fazer de jeito em uma ocasião e em outra, completamente
diferente. O mesmo comportamento que o incentiva a ter em casa, seja
incentivado em todos os outros locais. Assim, ao decidir por uma estratégia de
reforço positivo, ao invés de punição, para reforçar um comportamento
desejado, mantenha a mesma estratégia por pelo menos um mês,
independente dos resultados obtidos no início.
Ao decidir por manter uma constância de estratégias significa:
a) Não abandonar rapidamente a estratégia proposta;
b) Mantê-la constante, independente do ambiente. Os pais conseguem
manejar bem a impulsividade da criança em casa, mas se atrapalham
quando o sintoma aparece em outro local.
c) Certificar-se de que os pais estão executando-a de forma similar. Não
adianta a estratégia se executada por um dos pais e pelo outro não.
Tentar estabelecer um mínimo de prioridades e estratégias em que
ambos estejam de acordo, fazendo de forma privada e só tentando
implementar qualquer estratégia quando houver consenso.
d) Estas crianças tendem a funcionar melhor em ambientes estruturados,
constantes e previsíveis. Um ambiente com rotina diária ( hora fixa para
32
o dever de casa, para o almoço e jantar e para outras tarefas). Qualquer
mudança que quebre essa rotina, a criança precisa ser preparada.
Antecipação dos problemas
Muitas vezes, os pais conseguem prever com bastante precisão o
comportamento do seu filho, em situações que estão por acontecer. Ao
exercitar a capacidade de antecipação de problemas, ajuda a buscar o
melhor manejo com a criança. Por exemplo, que ele vai rapidamente se
desinteressar pela tarefa proposta, dispersar-se com outros estímulos, etc.
Antes de iniciar a tarefa e bom que se discuta o que ele acha que vai
acontecer (quanto tempo necessita para acabar a tarefa, onde ela deve ser
feita,etc.). A idéia é formar uma equipe para enfrentar as dificuldades e não
a de que estão jogando uma partida em lados opostos.
“A orientação psicológica muitas vezes é
interessante e necessária para os pais, pois os ajuda a
entender e lidar com o problema do filho de modo mais
adequado...” (TOPCZEWSKI, 1990,p.44).
Estabelecer uma comunicação
Estabelecer de forma clara os limites toleráveis para o comportamento
da criança. Muitas vezes, é útil que a família de crianças com TDAH tenha
em algum ambiente da casa um cartaz, um quadro negro, onde as regras
mínimas de funcionamento estejam claramente escritas, bem como as
instruções de cada dia.
Proporcionar uma atividade física regular
A atividade física é fundamental para qualquer criança. Pode ser
ginástica, esporte, andar de bicicleta. Escolher atividades e jogos nos quais
ela possa aprender e conviver com regras e limites. Esta é uma
oportunidade da criança gastar energia de uma forma produtiva.
Como escolher a escola?
33
É fundamental que a escola tenha uma equipe de professores e
orientadores educacionais que estejam familiarizados com conceitos
básicos sobre TDAH, ou que pelo menos, tenham interesse em discuti-lo.
Acima de tudo, é importante que a escola tenha disponibilidade para
receber um aluno que poderá apresentar dificuldades de aprendizagem ou
de comportamento e para desenvolver um trabalho em equipe com pais e
com o profissional da área de saúde mental. Procurar escolas que
valorizem o desenvolvimento global da criança e que a avaliem
individualmente levando em conta seus progressos ao longo do tempo do
que a comparação rígida com a média dos colegas. Assim, escolas voltadas
de modo exclusivo para o resultado em termos de conteúdo, podem não ser
um ambiente adequado para essas crianças.
Intervenção do professor
O professor tem um papel fundamental no processo de aprendizagem e
na saúde mental de crianças com TDAH. A busca pela informação é de
grande importância. A leitura é parte integrante desse processo porque
pode manter uma boa relação de comunicação entre a escola e os pais.
Conhecendo os sintomas, fica fácil diferenciar de “má educação”,
“indolência” ou “preguiça” e também distinguir entre “incapacidade para
atender as regras” com “falta de vontade em atendê-las”.
O professor precisa ser um grande estimulador que se assuma em
constante construção e busque novos caminhos para sempre integrar o seu
aluno. Uma busca constante de vir a ser, um professor pesquisador,
reflexivo e determinante.
“Aprender a ser retoma a idéia de que todo ser
humano deve ser preparado inteiramente – espírito e
corpo, inteligência e sensibilidade, sentido estético e
responsabilidade pessoal, ética e espiritualidade – para
elaborar pensamentos autônomos e críticos e também
para formular os próprios juízos de valores, de modo a
34
poder decidir, por isso mesmo, como agir em diferentes
circunstâncias da vida”.(ANTUNES,2001,p.15)
Realmente quando falamos de TDAH é preciso saber mais e mais.É
necessário descobrir novas respostas e possibilidades. Uma vez que uma
criança não é igual a outra e não existe uma “ receita pronta” que sirva para
todos.O TDAH pede inquietação e indagação por parte do professor. Um
comprometimento com esses alunos, uma reflexão sobre a sua prática
pedagógica.
“ A reflexão ajuda o professor a compreender cada
vez melhor o que está em jogo e a ter controle sobre ele,
permite antecipar fatos, prever eventualidades, construir
cenários...” (PERRENOUD, 2002,p.55).
O educador não pode fechar os seus olhos se conformando e se
acomodando. Há uma necessidade de olhar cada vez mais, um olhar
curioso, um olhar amoroso, um olhar sensível. Um olhar que rompa com as
insuficiências do saber, ampliando o pensamento e principalmente esse
olhar. Olhares que possam vir a fazer a diferença na vida dessas crianças.
Enxergando além das barreiras, com o compromisso de não desistir de
mudar.
“Participação da formação de alguém é
contribuir para afastá-lo de ser objeto, é ajudar a
humanizá-lo.” (FREIRE, apud CAMPOS, 1992, p.90)
Algumas dicas são importantes para que o professor possa estruturar
e organizar sua sala de aula.
• É preciso manter uma rotina constante e previsível. Uma criança com
TDAH requer um meio estruturado que tenha regras claramente
estabelecidas e que estabeleça limites ao seu comportamento. Evitar
mudar os horários e as regras de avaliação;
35
• O professor deve sempre deixar claro o que é esperado dos alunos
desde o primeiro dia. Pode até colocar as regras por escrito em um
cartaz no mural da sala;
• Deve também se expressar claramente de modo conciso e, de
preferência, apresentar aquilo que está sendo dito também sob forma
visual(slides, pôsteres), em função das dificuldades de manutenção
da atenção;
• A criança com TDAH necessita de um nível um pouco mais alto de
estimulação para funcionar melhor. Embora as rotinas sejam
necessárias, é interessante introduzir novidades, desde que isso seja
feito co preparo prévio;
• É importante conversar com a criança sobre suas dificuldades e ouvir
sugestões sobre como as coisas poderiam ficar mais fáceis.
Envolvendo-as nas discussões, faz com que as mudanças se tornem
um projeto conjunto, percebendo as atitudes do professor de forma
mais positiva;
• O professor deve tentar modificar o comportamento do aluno
gradualmente. Após fazer uma lista dos comportamentos
inadequados, ele deve escolher inicialmente alguns que sejam mais
prejudiciais para o desempenho da aula ou que mais atrapalhem a
aula. Quando o aluno tiver apresentado melhora nesses
comportamentos ele pode estabelecer novas metas. O professor não
deve tentar modificar simultaneamente todos os comportamentos do
aluno;
• Ele tem que saber equilibrar exigência de cumprimentos das regras e
flexibilização de comportamento. Quando houver infração as regras,
é importante sempre estar atento à existências de fatores atenuantes
as penas pelo não cumprimento das regras, podem então ser
abrandadas ou até mesmo retiradas, mas somente e exclusivamente
quando houver atenuantes;
• Tentar sempre descobrir a melhor forma de utilização do material ou
a melhor adaptação do conteúdo;
36
• Permitir que o aluno ajude a compensar os erros cometidos. Assim,
se ele desarrumou, ele pode ser estimulado a arrumar. Ele pode,
inclusive, ter uma função oficial na sala de aula, ser o “ajudante”.
Isto, além de melhorar a qualidade do relacionamento dentro da sala
de aula, permite que ele se movimente um pouco mais;
• O professor pode desenvolver um sistema de sinais com a criança
para avisá-la de que está se “desligando” ou agindo de forma
inadequada;
• Assim como os pais, o professor deve procurar elogiar ou premiar
quando apresentar comportamento adequado. Não puni-la quando
apresentar comportamentos inadequados;
• O professor deve sinalizar quando estiver trocando de tarefa ou
atividade e ressaltar diferencialmente pontos importantes.
Acima de tudo, para que todas as intervenções realmente funcionem,
basicamente é necessária a interação professor-aluno. Segundo (Vygotsky,
1996,p.188), a presença do outro faz parte da constituição de cada ser
como um facilitador para que a criança tenha confiança em conseguir o que
deseja. A presença do outro é estímulo para que sinta confiança em
conseguir o que deseja. A presença do outro é estímulo para que sinta
confiança em experimentar a vida, desenvolvendo-se como ser integral e
integrado ao meio social.
São as condições ambientais, históricas ou familiares que determinam
as oportunidades para o desenvolvimento de cada um.
“ O conhecimento é construído na tensão entre o
mundo da experiência física, social e cultural, permitindo
que tanto a experiência cognitiva estejam em permanente
diálogo direcionando e organizando as possibilidades de
conhecer criativamente a realidade”. (VYGOTSKY, apud
SOUZA,1998, p.41)
37
Vygotsky (1998) enfatiza o papel fundamental da imaginação na
constituição do conhecimento, que é a base de toda a atividade criadora
criar novas possibilidades para estimular, favorecendo a manutenção do
nível de atenção e impulsividade.
“ O desenvolvimento pode parar em qualquer
progressivos e regressivos, de caminho que ainda
desconhecemos.” (Vygotsky,apud SOUZA, 1998, p.188)
Na busca de novos caminhos, penso a minha própria ação.
Reexaminando os meus objetivos e os meus saberes, na criação de um
novo ciclo permanente de aperfeiçoamento.
A escola constitui um espaço privilegiado, onde circulam idéias,
pensamentos, informações e saberes. É nesse centro, que deve acontecer
a construção coletiva e colaboradora do trabalho docente, resultando em
uma modificação da prática.
É nesse contexto que a escola deve possibilitar ao professor um
programa pedagógico adequado. Uma reorganização do planejamento, da
prática e do espaço físico para receber essas crianças. A escola precisa
promover encontros para reflexões, leituras e análises para fundamentar os
processos de ensino-aprendizagem. De nada adianta somente a atuação do
professor. É preciso uma equipe integrada, preparada e que esteja
membros que se relacionam com essa criança. Possuindo um
esclarecimento as críticas e os rótulos, serão evitados.
Ao escolher uma escola para a criança com o TDAH, é importante levar
em consideração as seguintes características:
As escolas que levam em conta as diferenças individuais de
aprendizagem e que apresentam alguma possibilidade de adaptar o método de
ensino às necessidades da criança;
As escolas que utilizam critérios diversificados ao avaliar o aluno e que
consideram seus progressos individuais em vez de compará-lo à média da
38
turma. A avaliação de aquisição de conhecimentos é importante, mas não pode
ser o único critério utilizado;
Em geral, classes com poucos alunos permitem uma maior
individualização das atenções. Mesmo em classes com grande número de
alunos o portador do TDAH deve fazer seus trabalhos em pequenos grupos;Se
possível, procurar fazer com que o portador do TDAH sente-se longe da janela.
O banheiro ideal deve ficar no fim da sala ou então no corredor, o mais próximo
possível da sala; A decoração não deve ser muito estimulante, mas também
não pode ser uma coisa completamente sem graça. As paredes podem estar
cobertas de cartazes que especifiquem as regras gerais de comportamento,
lembram de compromissos ( provas, afazeres, etc.). O esquema do que será
realizado no dia deve estar especificado no quadro negro; As mesas não
devem ficar muito juntas, algumas crianças com déficit atentivo saem-se
melhor nas primeiras fileiras, onde o professor pode supervisionar melhor. Mas
isto não é uma regra; outras, apresentam melhor resultado quando estão no
final da sala onde elas podem se mover sem prejudicar muito a aula;Em geral,
a melhor sala de aula permite o máximo de contato com o professor com o
mínimo de transtorno para a classe. Isso depende muito do estilo do professor,
se ele fica parado na frente, se ele se move ao longo da sala de aula. O ideal é
que ele possa manter proximidade física se ser onipresente.
Todo trabalho precisa ser questionado para que se descubra os erros e
as formas de melhorar, dando sentido à prática.
A escola precisa atuar junto com os professores na solução de
problemas, na tomada de decisão, na avaliação e na compreensão do que está
acontecendo. Todos ganham quando a escola e o educador investem na
mudança de idéias, na busca do como e do porquê das coisas. Nenhum
conjunto isolado de diretrizes e sugestões funcionará para todos. Há
necessidade de se tentar intervenções diferentes antes de se conseguir algum
sucesso.
39
CONCLUSÃO
Como foi possível ver ao longo deste trabalho, o Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade, por meio de seus sintomas e características em geral,
pode prejudicar os indivíduos em diversos contextos, entre eles, o escolar.
Entre vários fatores, pode atingir a questão da aprendizagem, seja pelos
40
comportamentos ocasionados pelo próprio transtorno (dificuldade de manter a
atenção, inquietação exagerada, entre outros) ou pela presença de
comorbidades como os Transtornos de Linguagem e de Aprendizagem.
A identificação do TDAH em crianças na fase escolar inicial do Ensino
Fundamental possibilita intervenções precoces e com resultados positivos no
processo de aprendizagem, além da prevenção de futuros problemas no
percurso escolar e vital. De acordo com algumas reflexões realizadas no
terceiro capítulo pôde-se perceber a grande importância que o psicopedagogo
institucional possui neste processo, realizando intervenções necessárias aos
alunos com TDAH, aos pais e aos professores, visando promover um processo
de aprendizagem adequada às necessidades de tais crianças.
O presente estudo tinha como “problema central” e propôs a pesquisar
de que forma o psicopedagogo institucional poderia contribuir para o processo
de aprendizagem de alunos de séries iniciais do Ensino Fundamental com
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.
Para desenvolver este trabalho, foi elaborada a hipótese de que a ação
conjunta dos profissionais da educação deve ser uma ferramenta eficaz na
produção do método e ação pedagógica para a interação dos educandos com
TDAH e que psicopedagogo institucional poderia contribuir realizando as
seguintes intervenções: detectando na escola a presença do TDAH nos alunos,
bem como os encaminhado a outros profissionais especializados, de acordo
com suas necessidades de tratamento; auxiliando as crianças com este
transtorno no processo de aprendizagem e nos processos de estudo;
orientando pais sobre o TDAH, a melhor forma de proceder com o filho e com
relação aos estudos em casa; e orientando os professores sobre os sintomas
deste transtorno, auxiliando-os nas questões didático-metodológicas usadas,
tornando-as mais adequadas para facilitar a aprendizagem destas crianças.
Após a realização de um estudo mais aprofundado sobre o assunto,
verificou-se que tal hipótese foi validada, considerando que todas as
intervenções abordadas que constituiriam as contribuições do psicopedagogo
institucional, referem-se ao seu próprio objeto de estudo: do processo de
aprendizagem e do estabelecimento de condições que o favoreçam.
41
As possíveis contribuições abordadas enquanto hipótese refere-se à
busca de melhores condições para que as crianças com TDAH possam lidar da
forma mais adequada possível com o processo de aprendizagem, além de
melhorarem sua qualidade de vida, na medida em que se sentem bem neste
percurso escolar.
Além disso, integram a comunidade escolar como um todo, incluindo
aqui os pais neste processo de aprendizagem dos filhos e isto constitui uma
ferramenta valiosíssima para auxiliar tais crianças. Verificou-se que tais
intervenções podem, perfeitamente, serem realizadas com êxito por este
profissional, como pode ser verificado no terceiro capítulo deste trabalho.
Para finalizar, cabe ressaltar que, apesar de haverem muitas pesquisas
sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, é importante que
novos estudos sejam realizados, visto que ainda há alguns aspectos
desconhecidos, como algumas causas.
Outra sugestão de novas pesquisas refere-se à abordagem deste
transtorno em outras fases do desenvolvimento humano, como adolescência,
visto que esta constitui uma fase de muitas modificações e de conflitos, que
poderiam se agravados pelos sintomas do TDAH.
O psicopedagogo atuando no âmbito escolar pode dar uma contribuição
valiosa e enriquecedora tanto para a instituição rever suas práticas quanto aos
demais membros da comunidade escolar, auxiliando no entendimento das
dificuldades que podem ocorrer no percurso escolar e afetar o processo de
aprendizagem.
Através deste estudo constata-se a importância da conscientização da
hiperatividade como um transtorno, propiciando tratamento adequado,
facilitando a integração da criança hiperativa na escola e na sociedade.
A continuação de novos estudos e pesquisas sobre hiperatividade será
de grande importância, pois, a busca de novas informações, auxiliará os pais e
professores na convivência diária, na utilização de novos métodos que facilitem
a aprendizagem e a socialização.
42
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Estadual de Campinas, Campinas.1997
ÍNDICE
46
FOLHA DE ROSTO 1
AGRADECIMENTO 2 RESUMO 3
METODOLOGIA 4
SUMÁRIO 5
INTRODUÇÃO 6
CAPÍTULO I - Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade 8 CAPÍTULO II – Diagnóstico do TDAH 15 CAPÍTULO III – Intervenções Psicopedagógicas 23
ÍNDICE 44
47
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: