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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
HILDA CAROLINA RIOS FRAGA
Salvador (Bahia), 2011
IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DA QUALIDADE
EM UM LABORATÓRIO PÚBLICO DE PESQUISA:
ESTUDO DA VIABILIDADE e dos IMPACTOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde
IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DA QUALIDADE
EM UM LABORATÓRIO PÚBLICO DE PESQUISA:
ESTUDO DA VIABILIDADE e dos IMPACTOS
HILDA CAROLINA RIOS FRAGA
Professora-orientadora: Camila Indiani de Oliveira
Dissertação apresentada ao Colegiado do
Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Saúde, da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal da
Bahia, como pré-requisito obrigatório
para obtenção do grau de Mestre em
Ciências da Saúde.
Salvador (Bahia), 2011
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz / FIOCRUZ - Salvador - Bahia.
Fraga, Hilda Carolina RiosF811i Implantação de um sistema da qualidade em um laboratório público de pesquisa:
estudo da viabilidade e dos impactos [manuscrito] / Hilda Carolina Rios Fraga. - 2011.
f. : il. ; 30 cm.
Datilografado (fotocópia).
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Medicina. Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, 2011.
OrientadorA: Profª. Drª. Camila Indiani de Oliveira, Laboratório de Imunoparasitologia.
1. Laboratório. 2. Pesquisa. 3. Qualidade. I.Título. CDU 001.891:519.873
85
IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DA QUALIDADE EM UM LABORATÓRIO PÚBLICO
DE PESQUISA: ESTUDO DA VIABILIDADE e dos IMPACTOS
HILDA CAROLINA RIOS FRAGA
Folha de Aprovação
Comissão Examinadora
____________________________________________________
I. Camila Indiani de Oliveira
Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo
Pesquisadora do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz - CPqGM / FIOCRUZ
______________________________________________
II. Letícia de Alencar Pereira Rodrigues
Mestre em Ciência de Alimentos pela UFBA
Coordenadora dos laboratórios análise de alimentos (microbiologia e físico-química) do
SENAI-CETIND
______________________________________________
III. Maria Julia Alves de Souza
Doutora em Letras pela UFBA
Analista de Gestão em Saúde e Presidente da Comissão de Qualidade do Centro de
Pesquisas Gonçalo Moniz - CPqGM / FIOCRUZ
______________________________________________
IV. Songeli Menezes Freire
Doutora em Imunologia pela Universidad de Buenos Aires – UBA Argentina
Professora do Programa de Pós-Graduação em Processos Interativos dos Órgãos e
Sistemas do ICS e colaboradora do Curso de Doutorado da Renorbio / UFBA
AGRADECIMENTOS
A Deus todos os dias e sempre ...
A minha mãe e aos meus irmãos, que mesmo sem perceberem, sempre foram os maiores
incentivadores da minha escalada profissional.
Ao meu esposo Monclar pelo companheirismo e apoio incondicional e por não ter permitido que
eu desistisse!
A minha orientadora Dra. Camila Indiani e a Dr. Manoel Barral por terem sido os primeiros a
acreditarem neste projeto.
Ao Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz nas pessoas de Dr. Mitermayer Galvão, Dra. Aldina
Barral e Maria Julia por terem permitido que este trabalho fosse desenvolvido.
Aos profissionais do Laboratório de Imunoparasitologia que participaram diretamente deste
trabalho – Kiyoshi Fukutani, Juqueline Cristal e Fabiana Celes.
A Ana Maria Fiscina, bibliotecária do CPqGM pela dedicação na arrumação deste trabalho.
As minhas colegas e amigas Dalva e Paula que tive o prazer de encontrar durante as aulas da
Pós, pelo incentivo e amizade.
Dedico este trabalho aos meus
filhos Heitor e Helisa, que são
seguramente, a razão da minha vida!
SUMÁRIO
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
Lista de Siglas
I RESUMO 11
II INTRODUÇÃO
II.1 GESTÃO DA QUALIDADE EM PESQUISA & DESENVOLVIMENTO 13
II.2 SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE 15
II.3 SISTEMA DE GESTÃO BPL – BOAS PRÁTICAS DE LABORATÓRIO 18
II.4 A FIOCRUZ NA BAHIA: O CENTRO DE PESQUISAS GONÇALO MONIZ 24
III JUSTIFICATIVA 26
IV OBJETIVOS
IV.1 OBJETIVO GERAL 27
IV.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 27
V DESENHO EXPERIMENTAL 28
VI METODOLOGIA
VI.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS 29
VI.2 NATUREZA DO ESTUDO 29
VI.3 LEVANTAMENTO DAS NORMAS E SELEÇÃO DO LABORATÓRIO 29
VI.4 DEFINIÇÃO DAS ETAPAS DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO 30
VII RESULTADOS
VII.1 ETAPA DE PLANEJAMENTO 34
VII.2 ETAPA DE IMPLANTAÇÃO/EXECUÇÃO 37
VII.3 ETAPA DE AVALIAÇÃO 39
VIII DISCUSSÃO 47
IX PERSPECTIVAS DE ESTUDO 53
X CONCLUSÃO 54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 55
ANEXO 58
APÊNDICES 59
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Ciclo PDCA - etapas para o processo de implantação do sistema BPL
Figura 2. Gráfico - número de empresas certificadas e laboratórios acreditados no Brasil
Figura 3. Fluxo operacional para o processo de reconhecimento em BPL
Figura 4. Esquema orientativo dos itens a serem considerados em certificação BPL
Figura 5. Desenho experimental do trabalho
Figura 6. Organograma funcional do Laboratório de Imunoparasitologia – LIP
Figura 7. Gráfico - nível de adequação do Laboratório aos requisitos BPL
Figura 8. Gráfico - há quanto tempo os entrevistados utilizam ferramentas da Qualidade no
desenvolvimento de suas pesquisas
Figura 9. Gráfico - os entrevistados dariam ao grau de importância que um Sistema da Qualidade
tem no seu trabalho
Figura 10. Gráfico - os entrevistados já foram impedidos de realizar algum trabalho ou publicação
por não ter um Sistema da Qualidade implementado
Figura 11. Gráfico – os entrevistados já participaram de alguma capacitação em Qualidade
Figura 12. Gráfico - os entrevistados têm conhecimento sobre como se dá o processo de
implantação de um Sistema da Qualidade
Figura 13. Gráfico – os entrevistados já participaram de cursos na Fiocruz Bahia
Figura 14. Gráfico - os entrevistados têm vontade de participar de curso / palestra ou treinamento
na área de Qualidade.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Indicadores propostos para avaliação do impacto do processo de implantação BPL
Tabela 2. Modelo de padronização de documentos
Tabela 3. Resultado dos indicadores para avaliação do impacto do processo de implantação BPL
Tabela 4. Resultado do diagnóstico do nível de adequação do Laboratório aos requisitos BPL
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LISTA DE SIGLAS
ABMES Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BPF Boas Práticas de Fabricação
BPL Boas Práticas de Laboratório
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
Cgcre Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CONMETRO Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
CPqGM Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz
ELISA Ensaio imunoenzimático
FDA Food and Drug Administration
Fiocruz Fundação Oswaldo Cruz
HEMOBA Fundação Hematologia e Hemoterapia da Bahia
HIV Human Immunodeficiency Virus – Virus da Imunodeficiência Humana
HTLV Human T Lymphotropic Virus Type – Virus Linfotrópico T humano
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IgG Imunoglobulina G
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
ISO International Organization for Standardization – Organização Internacional para
Padronização
LIP Laboratório de Imunoparasitologia
LSH Leishmania
MAD Mutual Acceptance of Data
NBR Norma Brasileira
NC Não Conformidade
NIH National Institute of Health
NIT-DICLA Norma Inmetro - Divisão de Acreditação de Laboratórios
10
OECD Organization for Economic Cooperation and Development
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
PCR Reação de polimerase em cadeia
PDCA Plan-Do-Check-Act (Planejar – Implantar – Avaliar – Melhorar)
PE Plano de Estudo
POP Procedimento Operacional Padrão
RFE Relatório Final de Estudo
SGQ Sistema de Gestão da Qualidade
SINMETRO Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
SLA Antígeno Solúvel de Leishmania
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
11
I RESUMO
A finalidade de um laboratório de pesquisa é produzir trabalhos de pesquisa e serviços com
qualidade e eficiência, nos mais altos padrões, atendendo de forma consistente, os requisitos
dos protocolos de cada experimento ou pesquisa. Para que estes ideais sejam alcançados,
alguns passos devem ser seguidos, tais como: i) realizar experimentos de excelente qualidade
assegurados pelo rigoroso cumprimento dos requisitos das boas práticas de laboratório, ii)
possuir um quadro de funcionários envolvido, comprometido e motivado em todos os níveis do
laboratório e iii) implementar, controlar e manter um Sistema da Qualidade baseado nos
requisitos exigidos pela ANVISA, Ministério da Saúde e demais normas reguladoras
específicas. A aplicação de Sistemas da Qualidade em atividades de pesquisa e
desenvolvimento em instituições de pesquisa de um modo geral ainda é incipiente, mas
durante os últimos anos tem havido um crescente interesse no desenvolvimento de uma
estratégia para aplicação destes Sistemas. Uma vez que existe cada vez mais a necessidade
de comprovar e assegurar a rastreabilidade dos resultados das pesquisas publicadas que
possibilitam a sua repetição ou melhoria a qualquer tempo, este trabalho teve como objetivo
avaliar o processo de implantação de um sistema de gestão da qualidade em um laboratório de
pesquisa básica de uma instituição pública, avaliando sobretudo, a viabilidade e os impactos
desta melhoria. Os resultados revelam que a implantação do Sistema de Qualidade BPL
aplicado no Laboratório de Imunoparasitologia LIP da Fundação Oswaldo Cruz – Bahia é viável
desde que para isso mudanças comportamentais e estruturais sejam feitas. Impactos positivos
foram percebidos durante o processo, os quais foram relacionados com diversas melhorias.
Palavras-chave: Laboratório. Pesquisa. Qualidade.
12
SUMMARY
The purpose of a research laboratory is to produce research studies and services with quality
and efficiency to the highest standards, consistently meeting the protocols requirements of each
experiment or research. To achieve these ideals, steps must be followed, such as: i) perform
experiments with excellent quality guaranteed by strict compliance with the requirements of the
good laboratory practice, ii) have a staff involved, committed and motivated in all levels of a
laboratory and iii) implement, monitor and maintain a Quality System based on the
requirements required by ANVISA, Ministry of Health and other specific regulatory standards.
The application of Quality Systems in activities of research and development at research
institutes in general is still incipient, but during the last years there has been a growing interest
in developing a strategy for the implementation of these Systems. Once there is an increasing
need to check and ensure the traceability of the results of published research, allowing
reproduction or improvement at any time, this study aimed to evaluate the process of
implementing a quality management system in a basic research laboratory of a public
institution, especially considering the feasibility and impacts of this improvement. The results
show that the implementation of the Quality System used in GLP at Laboratory of
Immunoparasitology (CPqGM/FIOCRUZ) - Bahia is feasible once certain behavioral and
structural changes are made. Positive impacts were noticed during the process, which were
related to several improvements.
Keywords: Laboratory. Search. Quality
13
II INTRODUÇÃO
II.1 GESTÃO DA QUALIDADE EM PESQUISA & DESENVOLVIMENTO
As atividades de pesquisa seguem duas orientações: a pesquisa básica (teórica ou
experimental) que representa investigações iniciais com o objetivo principal de adquirir
conhecimentos fundamentais e compreensão sem considerações prévias para aplicações
científicas e a pesquisa aplicada que envolve investigações originais ou de melhoria de
informações já existentes para aplicações práticas ou industriais (Mathur, 1997).
Porém é importante lembrar que, independente de sua vertente, a finalidade de um
laboratório de pesquisa é produzir trabalhos e, quando aplicável, oferecer serviços com
qualidade e eficiência, nos mais altos padrões, atendendo de forma consistente, os requisitos
dos protocolos de cada projeto. A aplicação de Sistemas da Qualidade em atividades de
pesquisa e desenvolvimento em instituições de pesquisa de um modo geral ainda é incipiente,
mas durante os últimos anos tem havido um crescente interesse no desenvolvimento de uma
estratégia para aplicação destes Sistemas. A força motriz por trás deste movimento, tem sido a
necessidade de conformidade com as normas internacionais de qualidade implementadas
inicialmente pela ISO - International Organization for Standardization além da necessidade de
comércio internacional (Cammann & Kleibohmer, 1998).
Durante a década de 1990, alguns pesquisadores e patrocinadores começaram a
questionar a avaliação das pesquisas que definiam a “boa investigação”. Um interesse
crescente do público na ciência, alimentada pela mídia, levantou a percepção objetiva da
investigação e aumentou a desconfiança dos motivos e métodos dos cientistas. Com isso,
tornou-se ainda mais importante demonstrar para o público que o financiamento era utilizado
de forma imparcial na aplicação da investigação apropriada e de alto nível. Tornou-se
necessário aí estabelecer princípios de Controle de Qualidade de modo a permitir que todos os
domínios da pesquisa e desenvolvimento fossem julgados de forma imparcial (Robins et al.,
2006). Em paralelo, tornou-se necessário demonstrar também que a pesquisa realizada
deveria ser comparável àquelas realizadas em outros lugares, que cada vez mais cientistas
requeriam um sistema de gestão da qualidade na instituição e além disso que a pesquisa
básica deveria ser compreensível a terceiros (Cammann & Kleibohmer, 1998).
14
Para a pesquisa em instituições públicas, que são dependentes de subsídios estatais,
a distribuição de recursos, aos olhos do contribuinte, deve ser feita com base na qualidade
individual da instituição. Devem ser estabelecidos princípios de Gestão da Qualidade que
permitam estabelecer critérios e padrões por meio dos quais as pesquisas possam ser
avaliadas pela comunidade científica. Em alguns países europeus, há leis que controlam a
qualidade das pesquisas em instituições públicas de forma periódica e estas Instituições
recebem valores de subsídios e financiamentos a depender destes relatórios de avaliação
(Cammann & Kleibohmer, 1998).
A gestão das atividades de pesquisa vista sob uma perspectiva estratégica poderá
agregar valor tanto científico e tecnológico como econômico à instituição. Do ponto de vista
científico, o valor poderá ser expresso sob a forma dos novos conhecimentos gerados, das
publicações obtidas e da divulgação do nome da instituição; do ponto de vista do tecnológico,
pela transferência de resultados à sociedade; e do econômico, pela captação de recursos para
a pesquisa e pela redução dos custos operacionais (Schlatter et al., 2006).
De acordo com a ABMES - Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino
Superior - o grande desafio nas próximas décadas não se trata simplesmente de formar mais
pesquisadores, mas de ter uma sociedade preparada para o futuro, baseada fortemente no
conhecimento (Schlatter et al., 2006). A ampliação e a estabilidade do fomento à pesquisa pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia, promovida pelos fundos setoriais, proporciona um novo
padrão de financiamento, permitindo: aplicação plurianual; gestão compartilhada (setores
públicos e privado e pesquisadores); estabilidade do financiamento (fontes vinculadas e
diversas); transparência na aplicação dos recursos; avaliação de resultados e garantia de
qualidade das pesquisas.
Hoje no Brasil, não existe uma norma diretamente aplicada aos laboratórios de
pesquisa básica muito menos uma obrigatoriedade de tais segmentos aderirem aos sistemas
de gestão. O que se observa na realidade atual é o fato de diferentes grupos estarem sofrendo
pressões externas para garantir a melhoria dos resultados alcançados, como é a pressão feita
pelos editores de publicações científicas internacionais. Por outro lado, as instituições de
fomento, tais como o NIH – National Institute of Health (EUA), exigem, para a concessão de
15
recursos, que as pesquisas utilizem na sua condução, processos que podem ser reconhecidos
e rigorosamente documentados. Estas vêm exigindo a aderência dos laboratórios de pesquisa
aos critérios de Boas Práticas Laboratoriais devido à necessidade de comprovar e assegurar a
rastreabilidade dos resultados das pesquisas publicadas, possibilitando a sua repetição ou
melhoria a qualquer tempo. Percebe-se então que existe uma necessidade de equilibrar a
liberdade fundamental à pesquisa com o compromisso social da utilidade pública e o bom uso
dos recursos em instituições públicas (Schlatter et al., 2006).
Além do mais, outro ponto importante a ser considerado é que a aplicabilidade dos
resultados da pesquisa está se tornando cada vez mais importante e a sociedade está exigindo
respostas verdadeiras, comprovação e a responsabilidade da comunidade científica para com
os subsídios financeiros gastos em pesquisa.
II.2 SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE
Os sistemas de gestão da qualidade no mundo inteiro tendem a convergir em critérios
e requisitos comuns. O que os diferencia, em termos gerais, é o foco (objetivo) do sistema e os
aspectos específicos complementares aplicáveis a determinados processos (FIOCRUZ, 2009).
Já os processos são definidos na ISO 9001:2008 como sendo um conjunto de
atividades interativas que transformam entradas (exemplo: pedido de exame) em saídas
(exemplo: resultado de exame). A abordagem por processos consiste em identificar e gerenciar
processos de maneira interligada com a finalidade de melhorar a eficácia da organização na
tomada de decisões e atendimento aos seus objetivos. De maneira geral os principais tipos de
processos de uma empresa são: gestão da organização, gestão de recursos, processo de
produção e processo de medição, análise e melhoria (ISO 9001).
Implementar um Sistema de Gestão da Qualidade envolve ações de planejamento,
preparação de documentação, treinamento de recursos humanos em processos de acreditação
e condução de auditorias internas para avaliar se o sistema implementado garante a qualidade
com base em políticas e objetivos estabelecidos pela direção. Além disso, requer organização
de seus processos e flexibilidade para avaliação e melhoria contínua de seus produtos e/ou
processos (Benoliel, 1999). Para ser funcional, um Sistema de Gestão da Qualidade deve ser
16
aberto e dinâmico e sua complexidade deve ser medida de acordo com a diversidade de
produtos e serviços oferecidos, quantidade de pessoas envolvidas, número de processos a
serem gerenciados, assim como indicadores e documentos utilizados para medir e padronizar
os processos (Andrade, 2003). A implementação de um sistema da qualidade é um processo
lento e caro, mas que pode trazer inúmeras vantagens tanto internamente quanto
externamente à Instituição, dentre elas uma melhor imagem da empresa frente à seus clientes
(Benoliel, 1999). A implementação permite ainda vantagens para os diretores, funcionários e
clientes, como a padronização e maior controle dos processos, maior poder de detecção e
correção de erros e maior confiabilidade analítica respectivamente (Almeida & Pires, 2006).
O primeiro passo para esta implementação é a formalização, pela alta direção, de sua
política da qualidade, ou seja, a definição do sistema da qualidade adotado pela empresa,
deixando claro o objetivo pretendido (WHO, 2009). A evidência de comprometimento da alta
direção com a integridade física e capacitação dos funcionários, assim como a definição de
objetivos claros onde estes se sintam inseridos, proporciona maior comprometimento e
envolvimento dos funcionários com as diretrizes da organização (Oliveira, 2004). Porém,
alguns recursos mínimos, como por exemplo, um funcionário com acesso a alta direção, que
conheça as atividades administrativas, técnicas e suas interações e que tenha capacidade de
interpretar os requisitos dos clientes, as legislações aplicáveis e a norma escolhida para
descrever os processos da empresa alinhados a estes requisitos, são necessários.
De acordo com a ISO 9001:2008, para a implantação de um sistema de gestão de
qualidade pode ser utilizada a abordagem oferecida pela ferramenta PDCA – Plan-Do-Check-
Act (Planejar – Implantar – Avaliar – Melhorar). Esta ferramenta tornou-se popular na década
de cinquenta quando foi aprimorada e aplicada em processos de qualidade por W. Edwards
Deming que a denominou de Shewhart PDCA Cycle em homenagem ao criador (Souza, 1997).
Esta ferramenta baseia-se em detalhamento das atividades em etapas a serem cumpridas,
conforme pode ser verificado na Figura 1.
17
Figura 1. Ciclo PDCA com as etapas para o processo de implantação do sistema BPL
A ferramenta PDCA – Plan-Do-Check-Act, é aplicável no gerenciamento e melhoria
de projetos, pois permite a identificação dos objetivos, metas e método do projeto (planejar),
treinamento dos envolvidos e implementação do que foi planejado (implantar/executar), análise
de resultados e avaliação do atendimento aos objetivos e metas propostas (avaliar) realização
de melhoria no método, objetivos e metas para otimização do projeto com base no objetivo
definido (melhoria) (Andrade, 2003).
Outra ferramenta que também podem facilitar a implantação de sistemas de gestão
da qualidade e de acordo com estudo realizado por Mendes (1998), o programa 5S é
indispensável para a implantação e consolidação de um sistema de gestão da qualidade. Seu
nome é proveniente de palavras, que em japonês, soam com a letra S: Seiri (senso de
utilização), Seiton (senso de ordenação), Seiso (senso de limpeza), Seiketsu (sendo de
padronização) e Shitsuke (senso de autodisciplina) (Mendes, 1998).
Os principais sistemas de gestão da qualidade aplicados hoje no Brasil, são: Normas
da Família ISO 9000, Norma NBR ISO 17025, Norma 14001 (Gestão Ambiental), ISO 15189
que trata dos “Requisitos de Competência para Laboratórios Clínicos”, Boas Práticas de
Laboratório – BPL e Boas Práticas de Fabricação – BPF (Presot & Silva, 2006). Segundo
informações do INMETRO, o número de empresas certificadas e laboratórios acreditados no
Brasil em normas diversas ainda é pequeno conforme pode ser verificado abaixo.
18
Figura 2. Número de empresas certificadas e laboratórios acreditados no Brasil até 06 de novembro de
2011. Fonte: www.inmetro.gov.br.
II.3 SISTEMA DE GESTÃO BPL – BOAS PRÁTICAS DE LABORATÓRIO
O conceito formal para regulamentação de Boas Práticas de Laboratório – BPL, teve
origem nos Estados Unidos, na década de 70, devido a preocupações sobre a validade de
dados de segurança não-clínicos no contexto de ”aplicações de novas drogas” submetidos à
FDA - Food and Drug Administration. A inspeção de estudos e laboratórios revelou
planejamento inadequado e execução incompetente de estudos, documentação insuficiente de
métodos e resultados e até mesmo fraude. Essas deficiências foram divulgadas em audiências
do Congresso dos EUA e os resultados políticos destas levaram à publicação do FDA de
propostas para regulamentação sobre BPL em 1976 com a definição em junho de 1979. Esta
regulamentação forneceu a base para a garantia de que os relatórios submetidos à FDA
refletissem fielmente o trabalho experimental realizado (WHO, 2009).
Para atender a demanda internacional da qualidade no campo das pesquisas e nas
mais diversas áreas de saúde e de meio ambiente, a OECD formulou diretrizes que
contemplam as características de um sistema da qualidade, que avalia a segurança através
dos Princípios das Boas Práticas de Laboratório - BPL (FIOCRUZ, 2009). Os Princípios
Básicos da OECD para BPL foram publicados em 1995 e revisados em 1998. O protocolo de
reconhecimento de uso do sistema garante que todos os signatários do protocolo, Estados
19
membros, aceitam a validade de Estudos desenvolvidos na sua integralidade em concordância
com os Princípios Básicos da Organização para BPL (Schlatter et al., 2006). Em 2007, foi
definido que a Cgcre/Inmetro seria a Autoridade Brasileira de Monitoramento da Conformidade
aos Princípios das BPL, fazendo parte do Programa Brasileiro de Monitoramento BPL junto à
OCDE. A definição das autoridades de monitoramento no país possibilitou que o Brasil
solicitasse adesão aos atos da OCDE, visando o reconhecimento mútuo de dados segundo as
BPL (MAD – Mutual Acceptance of Data). Assim, o reconhecimento da Cgcre/Inmetro pela
OCDE como Autoridade de Monitoramento permite que os estudos/testes realizados em
instalações de teste monitoradas e reconhecidas pela Cgcre/Inmetro sejam aceitos pelos
países membros da OCDE. Compete à Cgcre/Inmetro atuar como organismo de acreditação de
organismos de avaliação da conformidade. A Cgcre/Inmetro é, portanto, dentro da estrutura
organizacional do Inmetro, a unidade organizacional principal que tem total responsabilidade e
autoridade sobre todos os aspectos referentes à acreditação, incluindo as decisões de
acreditação. Já a Divisão de Acreditação de Laboratórios - Dicla é a unidade da Cgcre/Inmetro
responsável pela coordenação, gerenciamento e execução das atividades relacionadas ao
monitoramento e reconhecimento de instalações de teste segundo os Princípios das BPL.
O processo de reconhecimento da conformidade em BPL no Brasil deve ser feito
através de solicitação ao INMETRO, e está ilustrada a seguir:
20
Figura 3. Fluxo operacional para o processo de reconhecimento em BPL Fonte: www.inmetro.gov.br
Segundo a NIT DICLA 035, “BPL é um sistema de qualidade que abrange o processo
organizacional e as condições nas quais estudos não-clínicos de saúde e de segurança ao
meio ambiente são planejados, desenvolvidos, monitorados, registrados, arquivados e
relatados” (INMETRO, 2009). Os princípios das BPL podem auxiliar o pesquisador a realizar
seu trabalho científico de acordo com o projeto pré-estabelecido, uma vez que ajudam a definir
e padronizar o planejamento, execução, registro, relato, acompanhamento e arquivamento de
processos dentro de instituições de pesquisa. Os regulamentos da BPL não oferecem análise
sobre o conteúdo científico ou técnico dos estudos por si só e não têm o objetivo de avaliar o
valor científico dos estudos: essa função é reservada inicialmente para os pesquisadores que
trabalham, em seguida, para as Autoridades de Registro e, eventualmente, para a comunidade
científica internacional como um todo. Os requisitos de BPL estão voltados para o
planejamento adequado, para o desempenho de técnicas de controle, para registro fiel de
todas as observações, para um acompanhamento adequado das atividades e para o
arquivamento completo de todos os dados brutos obtidos, e servem para eliminar muitas fontes
de erro (WHO, 2009).
21
Os Princípios das BPL devem ser aplicados aos itens dos ensaios de segurança de
testes não-clínicos contidas em produtos farmacêuticos, pesticidas, cosméticos, medicamentos
veterinários, bem como os aditivos alimentares, aditivos para alimentos e produtos químicos
industriais. Esses itens de teste são frequentemente produtos químicos sintéticos, mas podem
ser de origem natural ou biológica e, em algumas circunstâncias, podem ser os organismos
vivos. O objetivo do ensaio destas substâncias é obter dados sobre suas propriedades e / ou a
sua segurança com relação à saúde humana e/ou o ambiente (WHO, 2009). O objetivo dos
princípios das BPL é promover o desenvolvimento de dados de teste de qualidade. A
possibilidade de comparação dos dados de ensaios constitui a base para a aceitação mútua
entre diferentes países. Se cada país puder confiar nos dados de ensaios desenvolvidos em
outros países, a duplicação de testes pode ser evitada, economizando tempo e recursos. Em
tempo, a aplicação destes princípios deve contribuir para evitar a criação de barreiras técnicas
ao comércio, e melhorar a proteção da saúde humana e ao meio ambiente (WHO, 2009).
Para a implementação dos princípios da BPL dois aspectos críticos devem ser
considerados: em primeiro lugar, ao invés de regras (comuns às demais normas) existem
diretrizes que necessitam de interpretação durante a aplicação; em segundo lugar, estes
princípios exigem a melhoria contínua que está ligada ao avanço do conhecimento técnico e
científico a fim de manter o sistema da qualidade. A autora defende ainda que a interpretação
dos princípios da BPL exige flexibilidade e especialização por parte dos responsáveis pela
implementação do sistema (Brunetti, 2002).
A implementação dos princípios das BPL representa um desafio significativo para as
organizações iniciantes e deve ser um esforço colaborativo, apoiada pela alta administração e
envolvendo pessoal de uma variedade de setores, incluindo pesquisa, qualidade, manutenção,
metrologia, recursos humanos, gestão de documentos e arquivos, etc (WHO, 2009).
Tanto a NIT DICLA 035 quanto a WHO salientam a importância de seguir alguns ítens
para a implementação da BPL, destacados abaixo e ilustrados na Figura 4:
1. Recursos: Organização, pessoal, instalações e equipamentos
Os regulamentos da BPL exigem a definição da estrutura organizacional e as
responsabilidades do pessoal envolvido no Estudo. Salienta também sobre o número suficiente
22
de pessoas bem como suas qualificações e competências. Outro ponto importante é a
nomeação de um Diretor de Estudos que representa o ponto central de controle de todas as
etapas relacionadas ao estudo. A norma NIT DICLA 035 detalha todas as funções e
responsabilidades do Diretor.
Quanto às instalações e os equipamentos, devem ser suficientes e adequadas para
realizar os estudos; todos os equipamentos devem estar em condições de funcionamento
tendo um programa de validação / qualificação, calibração e manutenção que proporcione isso
(WHO, 2009).
2. Caracterização: Os itens de ensaio e sistemas de teste
Tanto para os ítens de ensaio quanto para os sistemas de teste, condições
apropriadas de identificação, estocagem, cultivo, guarda, manuseio, etc devem ser
estabelecidas para assegurar a qualidade dos dados gerados (NIT DICLA 035, 2009)
3. Regras: protocolos, procedimentos operacionais padronizados (POPs)
Um plano de estudos deve ser elaborado antes do início do mesmo; descreve a
concepção do estudo e fornece prova de que o estudo foi planejado e elaborado em
conformidade com os princípios BPL descritos. A obrigação de formular um plano de estudo
com um propósito científico definido para o estudo irá evitar falsos começos e diminuir a
incidência de estudos incompletos ou inconclusivos, respeitando os princípios de BPL e assim,
otimizar a produção científica de estudos (NIT DICLA 035, 2009 e WHO, 2009).
A elaboração dos POP – Procedimentos Operacionais Padrão, serve para padronizar
as técnicas executadas com frequência de modo a facilitar a comparação dos resultados entre
os estudos e facilitar a reconstituição destas; os procedimentos devem ser adaptados à medida
que for necessário (para evitar a utilização de métodos ultrapassados) e devem estar
disponíves a todos no local em sua versão atual. Através da aplicação de técnicas válidas e
aprovadas muitas fontes de erro sistemático podem ser evitados (WHO, 2009).
23
4. Resultados: Os dados brutos, o relatório final e arquivos
Os dados brutos são os resultados do experimento em que foram baseadas as
conclusões; são dados originais coletados durante a realização do Estudo bem como as
circunstâncias em que este foi conduzido; são, portanto, essenciais para a reconstrução de
estudo e resgate de informações bem como para a rastreabilidade dos eventos do Estudo
(WHO, 2009).
O Relatório Final é de responsabilidade do Diretor de Estudos que faz a interpretação
científica do Estudo e onde estão descritos com precisão as informações deste; é no Relatório
que deve estar descrita a informação de que o Estudo foi ou não conduzido conforme os
requisitos da BPL (WHO, 2009).
O armazenamento dos dados de forma conservada, sem perda ou deteriorações e de
fácil recupreação permite que um estudo possa ser reconstruído anos após sua conclusão
(WHO, 2009).
5. Garantia de qualidade: monitoramento independente dos processos de investigação
A Garantia da Qualidade é definida pela BPL como sendo uma equipe de pessoas
responsáveis por garantir o cumprimento da norma; deve ser independente do estudo e
conduzir inspeções para verificar a adequação do processo aos requisitos BPL (NIT DICLA
035, 2009).
24
Figura 4. Esquema orientativo dos ítens a serem considerados em certificação BPL. Fonte:
www.inmetro.gov.br
A criação de um sistema BPL implica em compromisso a longo prazo não só pela
direção mas por cada um dos envolvidos. Segundo Xavier (2005), um processo que tem como
objetivo principal obter apenas uma certificação ao invés de atingir a melhoria contínua de seus
processos, não será bem aceito e está susceptível ao fracasso (Abad Xavier et al., 2005).
II.4 A FIOCRUZ NA BAHIA: O CENTRO DE PESQUISAS GONÇALO MONIZ - CPqGM
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é uma instiuição federal vinculada ao Ministério
da Saúde que atua na área de ciência e tecnologia em Saúde. O CPqGM é uma unidade
técnico científica na Bahia ligado à Fiocruz que tem como missão “Promover a melhoria da
qualidade de vida da população através da geração e difusão de conhecimento científico e
tecnológico no Estado da Bahia e no Brasil”. Atualmente, na área biomédica, são
25
desenvolvidas pesquisas científicas sobre doenças infecciosas e parasitárias, de importância
regional e nacional.
O CPqGM fomenta uma crescente consciência institucional sobre a necessidade de
se implantar sistemas de gestão da qualidade em todos os laboratórios e apesar de ser
referência no estudo de diversas linhas de pesquisa, ainda não possui um Sistema de Gestão
de Qualidade estruturado e implantado. Isso se deve, possivelmente, ao fato de não ter havido
exigência ou orientação da Alta Direção da Fiocruz para implementação de Sistema de Gestão
da Qualidade nas unidades de pesquisa, mas apenas um esforço em relação aos Laboratórios
de Referência, uma vez que há legislação definindo isto, a exemplo da Portaria 2031/2004
(Ministério da Saúde), Portaria 70/2004 (Sistema de Vigilância Sanitária) e Portaria 140/2008
(Fiocruz). Um dos fatos que comprovam esta ausência de orientação para a Qualidade é o fato
da Política da Qualidade da Fiocruz somente ter sido aprovada em 2010 a ainda não estar
amplamente divulgada. Outro fato a contribuir para a falta de implementação de Sistema da
Qualidade na Fiocruz é que não existe hoje no Brasil uma norma diretamente aplicada aos
laboratórios de pesquisa básica muito menos uma obrigatoriedade de tais segmentos aderirem
aos sistemas de gestão, como BPL, por exemplo, mas a sedimentação da cultura da qualidade
é fundamental para mudar este cenário.
Hoje porém, existe cada vez mais a necessidade de comprovar e assegurar a
rastreabilidade dos resultados das pesquisas publicadas que possibilitam a sua repetição ou
melhoria a qualquer tempo. Seguindo neste direcionamento, nossa hipótese de trabalho foi a
que é viável a implantação de um sistema de gestão da qualidade em laboratórios de pesquisa
de uma instituição pública. A partir desta hipótese, trabalhamos com os procedimentos para
esta implantação e avaliamos a viabilidade e os impactos desta melhoria.
26
III JUSTIFICATIVA
Todas as instituições têm seus próprios sistemas “naturais” de qualidade, embora
muitas vezes estes sejam informais e não sigam um padrão específico. No entanto em um
laboratório de pesquisa, a investigação é um processo de constante evolução que visa
descobrir novos fatos. Por sua própria natureza, o trabalho de pesquisa está sujeito a
mudanças de direção em resposta a novos e frequentes resultados, muitas vezes inesperados.
Na verdade, o resultado final da pesquisa pode nem estar relacionado com os objetivos iniciais
do projeto. Enquanto esta realidade pode trazer um vigor para a pesquisa, pode também
prejudicar a criação de mecanismos que garantam a coerência e a confiabilidade dos dados à
longo prazo.
Considerando ainda que não há no CPqGM nenhum sistema de gestão
implementado e verificado e ainda que o CPqGM é uma Instituição de referência justifica-se a
execução deste trabalho. A adesão a normas de qualidade e a conquista de prêmios de
excelência são ações que vêm se tornando essenciais para responder às expectativas e
exigências das revistas científicas indexadas, das instituições de fomento nacionais e
internacionais, e, especialmente, de órgãos reguladores da sociedade civil.
27
IV OBJETIVOS
IV.1 OBJETIVO GERAL:
Avaliar o processo de implantação de um sistema de gestão da qualidade em um
laboratório de pesquisa básica de uma instituição pública.
IV.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Verificar a viabilidade da implantação de um sistema de gestão da qualidade.
Descrever os impactos do processo de implantação de acordo com indicadores
selecionados.
Analisar a percepção dos pesquisadores acerca de sistemas de gestão da qualidade.
28
V DESENHO EXPERIMENTAL
Figura 5. Desenho experimental do trabalho
29
VI METODOLOGIA
VI.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
Este trabalho foi submetido CEP – Comitê de Ética em Pesquisa do CPqGM (A
provação número 237/2011 - Anexo 1). O método utilizado na avaliação do objetivo foi a
utilização de um questionário (Apêndice 2) realizado com pesquisadores e estudantes de Pós
Graduação, uma vez que estes estão diretamente envolvidos nas pesquisas realizadas pelo
Centro. Esta metodologia foi adotada por não apresentar prejuízo aos seus participantes, uma
vez que o questionário tem participação voluntária e não necessita a identificação dos mesmos.
Todos os envolvidos foram informados sobre a natureza da pesquisa e assinaram um Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 1), respeitando as considerações contidas na
Resolução Nº 196 de 10/10/1996, do Conselho Nacional de Saúde - MS.
VI.2 NATUREZA DO ESTUDO
Este é um estudo qualitativo prospectivo. Com o estudo pode-se descrever o
planejamento e o processo de implantação de um sistema de gestão de qualidade em um
laboratório de pesquisa, analisando a viabilidade e os impactos deste processo sob vários
aspectos entre os quais a percepção das pessoas em relação à importância do tema.
VI.3 LEVANTAMENTO DAS NORMAS APLICÁVEIS E SELEÇÃO DO LABORATÓRIO
PARTICIPANTE
Realizamos um levantamento das normas nacionais que poderiam serem utilizadas
como guia para um laboratório de pesquisa básica implantar sistemas de gestão da qualidade,
tendo como critérios de seleção a aplicabilidade ao escopo do laboratório e reconhecimento
nacional e internacional, uma vez que no CPqGM o laboratório LIP – Laboratório de
Imunoparasitologia, participa de projetos internacionais.
Selecionou-se a Norma NIT DICLA 035 – Princípios das Boas Práticas de
Laboratório, uma vez que esta atendeu aos critérios previamente definidos para a seleção e
considerando que não há uma norma direcionada a Laboratórios de Pesquisa exclusivamente.
30
Documentos de orientação da OECD: Princípios para Boas Práticas Laboratoriais (OECD,
1992) também foram utilizados de modo complementar.
VI.4 DEFINIÇÃO DAS ETAPAS PARA O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA
Para implantação do sistema, foi necessário pensar em uma forma de dinamizar e
esquematizar o processo, uma vez que várias etapas precisariam ser cumpridas e a forma
como o processo aconteceria seria fundamental para o sucesso do projeto. Assim foi escolhida
a ferramenta PDCA - Planejamento, Execução, Avaliação e Melhoria (Andrade, 2003), muito
utilizada nos estudos e processos de implantação de sistemas da qualidade. A etapa de
Melhoria não foi contemplada neste projeto, por entendermos tratar-se de estudos futuros.
1ª. Etapa - Planejamento
1.1 Definição da política, objetivos e organograma do Laboratório LIP
A política da qualidade do Laboratório LIP foi redigida de forma simples, clara e de fácil
entendimento para todos os níveis hierárquicos do Laboratório. Tanto a política quanto os
objetivos foram elaborados pelos envolvidos no projeto e foi aprovado pela Chefia do
Laboratório.
1.2 Definição do Estudo a ser implantado o sistema e elaboração do Plano
Uma vez selecionada a Norma NIT DICLA 035 – Princípios das Boas Práticas de
Laboratório – a qual determina que a implantação das boas práticas deverá ocorrer em
Estudos, foi definido o estudo ”Pesquisa de prevalência de leishmaniose em doadores de
sangue assintomáticos na cidade de Salvador”. Este estudo teve como objetivo principal avaliar
a prevalência da leishmaniose em doadores de sangue assintomáticos. O intuito foi realizar o
estudo seguindo as diretrizes e conceitos da norma NIT DICLA 035. O Plano de Estudo foi
elaborado conforme os requisitos da norma NIT DICLA 035 e contempla itens relacionados à
Instalação onde foi executado, Diretor do Estudo, Pesquisador, entre outros que estão
detalhadamente descritos no Apêndice 3.
31
1.3 Definição de indicadores para avaliação do impacto do processo de implantação de
um sistema de gestão da qualidade
Foram definidos indicadores de processo qualitativos e/ou quantitativos objetivos,
rastreáveis, de fácil coleta e entendimento. Apesar destes indicadores terem sido selecionados
com o objetivo de acompanhar o processo de implantação, poderiam ser analisados
independentemente da implantação de um sistema de gestão da qualidade.
Tabela 1. Indicadores propostos para avaliação do impacto do processo de implantação BPL:
Processo
Atividade Indicador
Gestão do Processo
BPL
Reunião com o Diretor de
Estudos – discussão de
assuntos
Nº de reuniões realizadas / Nº de reuniões planejadas
Gestão da
Qualidade
Identificação e tratamento
de não conformidades
Nº de NC tratadas / Nº de NC registradas
Gestão de
Equipamentos
Calibração ou manutenção
preventiva
Nº de instrumentos calibrados / Nº de instrumentos
utilizados
Gestão de
Documentos Controle de documentos
Nº de POP descritos / Nº de POP exigidos pela norma NIT
DICLA 035 e demais relacionados
2ª. Etapa – Implantação/Execução do Sistema BPL
2.1 Capacitação dos envolvidos no processo de implantação
Foi realizado um levantamento para verificar se as pessoas envolvidas no processo já
haviam participado de cursos relacionados.
2.2 Realização de Diagnóstico do nível de adequação do Laboratório aos requisitos da
norma selecionada
Continuando a etapa de implantação do sistema de gestão da qualidade BPL, foi
realizado um diagnóstico para avaliar a adequação do Laboratório aos critérios normativos
descritos. Esta etapa foi feita aplicando-se um questionário antes e após o processo de
32
implantação do sistema BPL, de modo que fosse realizado um comparativo dos dois momentos
(Apêndice 4).
Para elaboração do questionário, foram escolhidos requisitos descritos na norma NIT
DICLA 035 e outros relacionados à Gestão da Qualidade desejáveis à organização de um
Laboratório; para cada requisito foram elaboradas 5 perguntas e para cada pergunta 2
respostas possíveis: Atende ao Requisito e Não Atende ao requisito. Para cada resposta
“Atende” foi atribuído um percentual de 20%; o desejável era que ao final, no questionário
realizado posteriormente ao processo de implantação, o percentual de atendimento ao requisito
fosse de 100%, o que equivaleria ao atendimento das 05 perguntas elaboradas; para a
resposta “Não Atende”, não foi atribuída porcentagem de acerto. Foi realizada a comparação
dos percentuais de atendimento ao requisito antes e após a realização do projeto (Tabela 4).
Com este questionário, foi possível visualizar em quais itens o Laboratório estava falho,
permitindo a identificação de pontos de melhoria.
2.3 Elaboração, revisão e aprovação da documentação necessária à implantação do
sistema
O passo seguinte durante a etapa de Implantação foi redigir procedimentos
necessários à realização das atividades do estudo escolhido e demais atividades do
Laboratório. Para tanto, inicialmente foram elaborados procedimentos para controle de
documentação (POP DIR.05.002); este documento inicial foi elaborado pela Comissão Interna
da Qualidade com o objetivo de criar um modelo de documento e padronizar a elaboração dos
demais documentos relacionados ao estudo e à implantação do sistema. Os documentos do
estudo foram feitos de acordo modelo padronizado e encaixaram-se em níveis hierárquicos
pré-definidos (Tabela 2).
No POP DIR.05.002 foram definidos critérios como arquivamento dos procedimentos
(em meio físico ou eletrônico), etapas de elaboração, revisão e aprovação, bem como a
periodicidade dos mesmos, o qual foi redigido seguindo requisitos de Controle de Documentos,
Controle de Registros e Controle de Dados da norma ISO 17025:2005 uma vez que a norma
BPL não especifica requisitos para documentação (ISO 17025, 2005).
33
Tabela 2 – Modelo de padronização de documentos
Nível
Tipo Sigla Função
1
Manual da Qualidade
do Laboratório
MQ
Dispor a estratégia para a Gestão do Laboratório e as preconizações nele contidas têm caráter obrigatório.
Neste nível está descrito “o que o Laboratório se propõe a fazer para assegurar a qualidade de suas pesquisas e
serviços”.
2
Procedimentos
Operacionais Padrão
POP
Descrever quais serão as técnicas e táticas utilizadas para manter funcionante suas pesquisas e processos
operacionais, “como a empresa se organiza para fazer o que diz que faz com qualidade”.
3
Registros
R
Provar o que o Laboratório faz; é a evidência objetiva de que o laboratório tem um sistema de qualidade efetivo.
A confecção e aprovação dos documentos teve a participação dos envolvidos
diretamente com o estudo, conforme pode ser verificado nos POP, listados no Apêndice 5.
2.4 Execução do Estudo selecionado para Implantação do Sistema BPL
O Estudo selecionado (“Pesquisa de prevalência de leishmaniose em doadores de
sangue assintomáticos na cidade de Salvador”) foi executado entre em março de 2010 e
fevereiro de 2011.
3ª. Etapa - Avaliação
Para avaliação de todo o processo, bem como para identificar o impacto e os
desafios durante a implantação do sistema de gestão da qualidade no laboratório, foram
analisadas as informações coletadas referentes à:
1. Porcentagem de atendimento pelo laboratório aos requisitos da norma escolhida após a
implantação.
2. Realização de pesquisa (Apêndice 2) para avaliar a percepção dos pesquisadores e
estudantes da Instituição sobre sistema da qualidade.
3. Levantamento das dificuldades encontradas pelos envolvidos nas etapas de planejamento e
implantação do sistema BPL.
34
VII RESULTADOS
VII.1 ETAPA - PLANEJAMENTO
Foi definida a política da qualidade e seus objetivos, bem como o organograma do
Laboratório, os quais estão descritos e publicados no Manual da Qualidade do Laboratório e
podem ser verificados abaixo:
Política de Qualidade do LIP
“A Política da Qualidade do LIP visa garantir a qualidade das pesquisas realizadas, assegurar a
confiabilidade analítica e atender aos requisitos regulatórios do sistema de gestão da qualidade do
CPqGM, mantendo sua eficácia e melhorando continuamente através de instalações apropriadas,
qualidade de reagentes e materiais além de treinamento e desenvolvimento de pessoal.”
Objetivos do LIP
O LIP tem como um dos objetivos principais a formação de pessoal para pesquisa, atuando nos níveis de
graduação (iniciação científica) e pós-graduação (mestrado e doutorado). Além disso, o LIP
tem promovido a interação científica com grupos no Brasil e exterior, para atender
aos objetivos de seus projetos.
Organograma funcional do LIP
Figura 6. Organograma funcional do Laboratório de Imunoparasitologia – LIP.
Uma vez que não são muitos os cargos do Laboratório, foi possível criar apenas um
organograma institucional.
35
Foi escolhido o Estudo: “Pesquisa de prevalência de leishmaniose em doadores de
sangue assintomáticos na cidade de Salvador”. Como critérios para escolha deste estudo estão
o fato de tratar-se de um estudo rápido – ponto fundamental por ser inserido como objeto de
estudo em um projeto de mestrado - ter importância para a saúde pública, e ainda ser de
execução clara e simples utilizando apenas duas metodologias que não possuíam alterações
nos seus procedimentos durante seu andamento. Além disto, é importante destacar que a
equipe executora do estudo já havia participado do treinamento da norma BPL e teve total
interesse e disponibilidade para participar do projeto, ponto importante para o sucesso de um
projeto de qualidade, que depende de disponibilidade e interesse do pessoal envolvido.
Conforme recomenda a norma NT DICLA 035, o Plano foi elaborado previamente ao
estudo; porém, considerando ser este um trabalho pioneiro na Unidade da Fiocruz Bahia, a
elaboração do Plano foi considerada um pouco mais demorada e difícil, uma vez que não
haviam modelos a serem seguidos e/ou consultorias a serem feitas. A elaboração do Plano
obedeceu aos requisitos definidos pela norma e pode ser verificado no Apêndice 3.
Durante a elaboração deste Plano, verificou-se a necessidade de acrescentar ao
projeto uma norma complementar, NIT DICLA 043 – Aplicação dos princípios de BPL à
organização e ao gerenciamento de estudos em múltiplas localidades (Multi-site) – uma vez
que a etapa de coleta de amostra presente no estudo escolhido aconteceu fora do CPqGM.
Os indicadores para avaliação do impacto do processo de implantação de um sistema
de gestão da qualidade (Tabela 3) foram analisados após a conclusão do projeto.
36
Tabela 3. Resultado dos indicadores para avaliação do impacto do processo de
implantação/execução.
Processo
Atividade Indicador Antes Depois
Gestão do Processo
BPL
Reunião com o Diretor de
Estudos – discussão de
assuntos
Nº de reuniões realizadas / Nº de
reuniões planejadas NR 0
Gestão da
Qualidade
Identificação e tratamento
de não conformidades
Nº de NC tratadas / Nº de NC
registradas NR 0
Gestão de
Equipamentos
Calibração ou manutenção
preventiva
Nº de instrumentos calibrados / Nº de
instrumentos utilizados R
3 / 14 =
21%
Gestão de
Documentos Controle de documentos
Nº de POP descritos / Nº de POP
exigidos pela norma NIT DICLA 035 e
demais relacionados
R 19 / 19 =
100%
NR – Não registrado R – Registrado
Os resultados revelam que não foram identificados registros de reuniões ocorridas
entre o Diretor de Estudos e o pessoal envolvido no Estudo durante o processo de implantação
BPL; apesar do relato de terem ocorridos alguns encontros com os envolvidos não houve o
registro dos mesmos. Segundo informações do Diretor de Estudos, estes encontros ocorreram
principalmente para verificar o andamento do Estudo e se o mesmo estava ocorrendo conforme
requisitos BPL. Mesmo após o processo de implantação, não foram evidenciados registros de
reuniões.
O laboratório tem uma folha onde são registrados fatos considerados pelos mesmos,
como sendo não-conformes; porém estes fatos não são tratadas como não-conformidades uma
vez que que não há o registro de tratamento dos mesmos. Algumas não-conformidades foram
identificadas pela autora do projeto durante a execução do Estudo tais como: utilização de
equipamentos que não foram calibrados; ausência de registro das atividades diárias no Livro
de Registros (dados brutos) para garantir a rastreabilidade de informações fundamentais
referentes aos materiais e lotes de reagentes utilizados, condições de transporte das amostras,
equipamentos utilizados, condições de descarte; a falta da sistematização e de rotina no
registro diário destas informações pode ter ocasionado perda de dados referentes ao estudo.
De todos os equipamentos utilizados durante a execução das análises (Apêndice 7),
apenas as Micropipetas, o PCR Real Time e o Fluxo Laminar foram calibrados. Os demais, não
37
são calibrados e/ou verificados quanto ao seu funcionamento, devido ao Laboratório e a
Instituição como um todo não ter uma política de verificação ou calibração de equipamentos.
Entretanto, apesar das dificuldades relatadas pela Chefia do Laboratório, como falta de verba
para a calibração, falta de política e sistematização por parte da própria Instituição, há uma
preocupação com o assunto e boa vontade por parte dos envolvidos no processo para sua
solução.
A elaboração dos documentos foi o único requisito que pode ser considerado como
atendido, uma vez que quase todos os documentos considerados necessários e que são
solicitados pela Norma NIT DICLA 035 foram elaborados e utilizados pela equipe executora do
estudo a exceção de um documento para treinamento dos envolvidos.
VII.2 ETAPA – IMPLANTAÇÃO/EXECUÇÃO
A capacitação dos envolvidos foi realizada anteriormente ao início do projeto e
ocorreu através de treinamento dado a várias pessoas entre elas os futuros envolvidos no
projeto, na norma NIT DICLA 035 – Princípios das BPL. O treinamento foi feito através de aulas
expositivas com realização de exercícios teórico-práticos, teve duração de 16 horas e ocorreu
no período de 13 e 14 de Agosto de 2009.
O diagnóstico para avaliar o nível de adequação dos laboratórios aos requisitos da
norma, realizado em dois momentos (antes e após o processo de implantação) foi capaz de
fornecer informações importantes para identificação dos principais pontos a serem melhorados
pelo Laboratório e deverá auxiliar na elaboração de melhorias.
Os oito requisitos escolhidos foram considerados pela equipe como sendo suficientes
para demonstrar uma visão geral do Laboratório. Destes requisitos, apenas “Sistema de
Gestão” e “Aquisição” não são exigidos pelas normas NIT DICLA 035 e 043, mas foram
acrescentados pelo grupo considerarmos que trata-se de requisitos importantes na Gestão da
Qualidade como um todo e ajudam no bom andamento do Laboratório.
38
Tabela 4. Resultado do diagnóstico do nível de adequação do Laboratório aos requisitos da
norma.
Requisitos Antes da
implantação Após a
implantação
Pessoal 40% 60%
Ambiente de Trabalho / Instalações 20% 60%
Controle de Dados Bruto 20% 20%
Equipamentos, Materiais e Reagentes 20% 80%
Sistema de Gestão 20% 80%
Controle de Documentos zero 80%
Aquisição 20% 40%
Controle de Registros 20% 80%
No diagnóstico realizado antes do processo de implantação ser iniciado, nenhum
requisito havia alcançado o percentual de 50% de atendimento. Entre os requisitos que tiveram
o menor índice podemos destacar “Controle de Documentos”, o mesmo que, quando avaliado
após o processo de implantação obteve a maior evolução, alcançando 80% de atendimento. O
requisito “Dados Brutos” não obteve melhoria mesmo após o processo de implantação,
demonstrando ser este o item de maior falha no Laboratório atualmente.
Durante todo o andamento do projeto houve uma preocupação dos envolvidos em
sistematizar as rotinas e para isso todos os procedimentos de relevância e aplicáveis ao
Projeto foram elaborados. Os POPs – Procedimentos Operacionais Padrão foram sendo
elaborados a medida que foi sendo identificada sua necessidade, ou seja, antes e durante a
realização do trabalho. Já a Matriz de Atribuições e Responsabilidades já havia sido elaborada
previamente ao início do Projeto. Não foi evidenciada a elaboração de Registros, uma vez que
as informações foram registradas no Livro de Registro do Projeto. Além dos procedimentos
considerados necessários, alguns outros documentos tais como um Manual da Qualidade do
Laboratório, Matriz de Perfil de Pessoal e Matriz de Signatários, já haviam sido elaborados e
39
apesar de não ser uma das exigências da implementação de sistema BPL ou da norma NIT
DICLA 035, demonstra a disponibilidade do Laboratório em definir e organizar suas rotinas.
O Estudo foi conduzido conforme o Plano de Estudo previamente elaborado,
considerando os requisitos da norma selecionada. Após o término do estudo, um relatório final
foi redigido conforme recomendado pela NIT DICLA 035 com as informações do estudo
executado (Apêndice 8).
VII.3 ETAPA - AVALIAÇÃO
Conforme colocado na metodologia, foram escolhidas três situações para avaliar o
processo de implantação do sistema BPL no LIP.
A primeira avaliação a ser considerada nesta etapa é o diagnóstico sobre o nível de
adequação aos requisitos da norma após todo o processo, demonstrado na Figura 7.
0% 50% 100%
Pessoal
Ambiente de Trabalho / Instalações
Controle de Dados Bruto
Equipamentos, Materiais e Reagentes
Sistema de Gestão
Controle de Documentos
Aquisição
Controle de Registros
Antes da implantação
Após a implantação
Figura 7. Diagnóstico do nível de adequação do Laboratório aos requisitos BPL
O requisito com melhor avaliação e, portanto o que teve melhor desempenho foi
“Controle de Documentos”, com 100% de atendimento, o que realmente pode ser evidenciado
40
na rotina do Laboratório. Atualmente o laboratório disponibiliza um conjunto de documentos
que direcionam as rotinas consideradas importantes e que estão disponibilizados a todos;
estes documentos são identificados e foram aprovados pela Chefia do Laboratório.
Os resultados obtidos através da realização do diagnóstico para verificar o
atendimento pelo laboratório aos requisitos da norma após o processo de implantação,
demonstram que, ainda que este processo não tenha ocorrido em sua totalidade, houve uma
melhoria no Laboratório. Rotinas foram implementadas através da elaboração de
procedimentos e registros, as instalações foram melhoradas considerando que alguns
equipamentos foram calibrados, os registros do controle de registro de uso estão sendo
acompanhados e um melhor detalhamento do seu manuseio foi elaborado. Isto garantirá a
rastreabilidade da utilização e evitará uso indevido. Outra melhoria pode ser observada através
do controle de reagentes, considerando que todos estão identificados quanto ao seu
armazenamento e um controle mais rigoroso foi implementado. O Laboratório implantou um
formulário de registro das não conformidades encontradas, que pode ser utilizado em projetos
futuros de modo que o registro das informações torne-se sistematizado e seu tratamento possa
ser evidenciado.
O segundo requisito escolhido para a etapa de avaliação foi o questionário (Apêndice
2) realizado com pesquisadores e estudantes para avaliar a percepção dos mesmos acerca de
sistema de gestão da qualidade. Este questionário foi realizado com vinte pessoas, sendo dez
pesquisadores e dez estudantes.
A avaliação das respostas demonstrou em sua primeira questão que, de um modo
geral, todas as pessoas têm um entendimento correto sobre a definição de Qualidade e os
conceitos gerais não são uma nova revelação aos pesquisadores e/ou estudantes. Talvez, o
que seja novo e até certo ponto polêmico, é o fato de consolidar os conceitos de Sistema da
Qualidade aos processos inerentes às pesquisas e com isso demonstrar a “solidez” do trabalho
de investigação.
Quando perguntamos na questão nº 2, de que forma a Qualidade poderia ser
identificada ou aplicada no trabalho, foram encontradas respostas condizentes que relatavam o
registro em livros de registros para controle dos dados, a realização dos experimentos
41
seguindo princípios estabelecidos e planejados (POPs), utilização de calibração e manutenção
de equipamentos, dentre outros.
Na questão nº 3, quando questionamos há quanto tempo são praticadas ou utilizadas
ferramentas da qualidade, 50% responderam que utilizam as ferramentas há algum tempo,
antes mesmo de entrar no CPqGM enquanto a outra metade começou a utilizá-las apenas
após o ingresso na Instituição (Figura 8).
50% 50%
Antes mesmo de entrar no CPqGM Após entrar no CPqGM
Tempo que pratica/utiliza ferramentas
da Qualidade no desenvolvimento da
sua pesquisa
Figura 8. Porcentagem de entrevistados que relataram há quanto tempo utilizam ferramentas da
Qualidade no desenvolvimento de suas pesquisas.
Na pergunta nº 4 foi questionado que pontuação os entrevistados dariam ao grau de
importância que um Sistema da Qualidade tem no trabalho de cada um. 75% das pessoas
responderam que “é muito importante para o bom andamento e resultados do trabalho” e 25%
responderam que “é importante, mas não sabem como implementar” (Figura 9).
42
25%
75%
4 a 7 - É importante, mas não
sei como implementar
8 a 10 – É muito importante
para o bom andamento e
resultados do trabalho
Pontuação da importância que um
Sistema da Qualidade tem no trabalho
Figura 9. Porcentagem de entrevistados que atribuíram pontuação para o grau de importância que um
Sistema da Qualidade tem no seu trabalho.
Na pergunta nº 5, 91% das pessoas entrevistadas relataram nunca ter sido impedidas
de realizar algum trabalho ou publicação por não ter na instituição um Sistema da Qualidade
implementado. Apenas 9% dos entrevistados relataram já terem sido impedidos de publicar ou
realizar algum trabalho em função da ausência de um Sistema de Gestão. Isso evidencia e
ratifica o quanto este é um tema que necessita de divulgação e o quanto este processo ainda é
incipiente (Figura 10)
Figura 10. Porcentagem de entrevistados impedidos de realizar de algum trabalho ou publicação por não
ter um Sistema da Qualidade implementado.
43
Quanto à participação em capacitação no tema, na pergunta nº 6, 42% relataram já
ter participado de alguma capacitação, sendo os cursos BPL e ISO 17025, os mais relatados
(Figura 11).
Figura 11. Porcentagem de entrevistados que já participaram de alguma capacitação em Qualidade
Já na questão nº 7, quando perguntado se os entrevistados tinham conhecimento
sobre como acontece o processo de implantação de um Sistema da Qualidade, 66% das
pessoas relataram desconhecerem o processo. Apenas 34% relataram ter conhecimento sobre
como se dá o processo de implantação de um Sistema (Figura 12).
Figura 12. Porcentagem de entrevistados que têm conhecimento sobre como se dá o processo de
implantação de um Sistema da Qualidade
44
Para as pessoas que têm conhecimento sobre o processo de implantação de um
sistema da qualidade foi questionado na pergunta nº 8 de que forma este conhecimento foi
adquirido e todos relataram terem sido em palestras e/ou cursos promovidos pela própria
Fiocruz.
Dentre os entrevistados que responderam à pergunta nº 9, 58% relataram já ter
participado de eventos / cursos sobre Qualidade na Fiocruz Bahia (Figura 13).
58%
42%
Sim Não
Já participou de algum evento / curso
sobre Qualidade realizado na Fiocruz
Figura 13. Porcentagem de entrevistados que já participaram de cursos na Fiocruz Bahia
Na pergunta de nº 10, 75% das pessoas demonstraram ter vontade de participar de
curso / palestra ou treinamento na área de Qualidade. Estes dados revelam de um modo geral
que tanto os pesquisadores quanto os estudantes têm um entendimento adequado em relação
ao tema e reconhecem a importância deste processo caracterizada pelo alto percentual de
pessoas que demonstraram interesse em estudá-lo (Figura 14)
45
Figura 14. Porcentagem de entrevistados que têm vontade de participar de curso / palestra ou
treinamento na área de Qualidade.
O terceiro e último item a ser considerado na etapa de avaliação do trabalho, foi o
levantamento das dificuldades encontradas pelos envolvidos nas etapas de planejamento e
implantação do sistema BPL. Foram elas:
Falta de informação sobre o tema;
Escolha de um modelo de Plano de Estudos;
Adequação e flexibilização da norma adotada ao desenvolvimento do Estudo
escolhido;
Manter a motivação de uma equipe de pesquisadores acostumados inicialmente a uma
rotina sem regras e convencê-los a seguir protocolos agora pré-estabelecidos;
Adequação à rotina de uma Instituição Pública;
Falta de uma equipe de auditores internos;
Falta de apoio institucional de forma clara por parte da alta direção;
O tempo disponível para realizar um trabalho como este;
Por fim, a ausência de uma norma direcionada às atividades de pesquisa também foi
um impeditivo neste processo, pois requereu tempo superior por parte dos envolvidos
na interpretação da norma escolhida.
46
Neste trabalho o encontro com as dificuldades não foi diferente de tantos outros, uma
vez que muitas questões polêmicas cercam a aplicação de um Sistema da Qualidade para
laboratórios de Pesquisa e Desenvolvimento por causa das diferenças básicas entre as
atividades de pesquisa e serviços. Considerando ainda ter sido este um projeto experimental,
foi muito mais demorado e difícil, pois desde a interpretação da norma escolhida até a escolha
dos documentos necessários a este processo a inexperiência da equipe diante do processo foi
decisiva. Porém a maturidade e a experiência conquistadas durante a execução do projeto
possibilitará a equipe a implantação de critérios BPL em outros estudos se assim o desejar.
47
VIII. DISCUSSÃO
Todo processo de implantação de sistema de gestão da qualidade, seja em qualquer
norma utilizada, implica na necessidade de dedicação, disponibilidade e empenho por parte
dos envolvidos. Por outro lado, uma das recompensas deste processo é que a implantação de
sistemas de gestão hoje vem se tornando um dos diferenciais de qualidade e sobrevivência de
laboratórios de um modo geral (Mathur, 2000).
Na pesquisa, este processo ainda é pouco visível e caminha a passos lentos. Prova
disso é o fato de atualmente, no Brasil, os órgãos de fomento à pesquisa não exigirem
comprovação de competência dos Laboratórios e nem a apresentação dos requisitos de
garantia da qualidade. Porém, nos EUA e em países da Europa e Ásia, o financiamento está
condicionado a estas evidências (Robins et al., 2006).
Apesar da introdução de um Sistema da Qualidade em Pesquisa e Desenvolvimento
suscitar preocupação e ceticismo entre alguns grupos - especialmente de pesquisa acadêmica,
em função, segundo eles, de uma rigidez e abordagem excessivamente normativa - há um
interesse crescente entre os organismos de acreditação e certificação bem como na
comunidade científica de desenvolver uma estratégia para ampliar esta tendência (Mathur,
2000).
Este estudo teve como objetivo principal avaliar o processo de implantação de um
sistema de gestão da qualidade em um laboratório de pesquisa básica de uma instituição
pública, do ponto de vista de sua viabilidade e impactos gerados.
Já na etapa inicial de escolha da metodologia e consequentemente da norma a ser
aplicada, foi possível verificar que a escassez de referências bibliográficas voltadas sobre o
tema no Brasil ainda é inicialmente o maior desafio e demonstra como este processo ainda é
incipiente, ao tempo em que ratifica a necessidade de vencer a resistência e as dificuldades
dos laboratórios de pesquisa, sejam eles clínicos ou básicos neste processo. Pesquisadores
em trabalhos semelhantes sobre o tema, relataram sobre a dificuldade e a escassez de
publicações brasileiras e internacionais além de mencionar a resistência dos laboratórios na
48
implantação de sistema de gestão da qualidade e que poucos têm sido os relatos de
experiências bem sucedidas na área (Bordini, 2009).
Ficou claro que, como na maioria dos processos, a escolha da metodologia assim
como os modelos de documentos e registros necessários e definição das etapas do processo é
fundamental para o sucesso do trabalho e neste caso, como a equipe executora foi pequena,
foi fácil a comunicação e a definição deste ponto. Foi preciso em alguns momentos, recorrer a
outras unidades da Fiocruz que já haviam passado por processos semelhantes, como por
exemplo, quando da definição do modelo de Plano de Estudos, uma vez que não há na
literatura relatos sobre modelos a serem adotados para implantação de BPL em instituições de
pesquisa.
Em outros trabalhos semelhantes, existem relatos que um dos grandes desafios
durante a implantação de um sistema da qualidade em centros de pesquisa é a limitação
decorrente da maioria das normas que não são direcionadas à Pesquisa e uma necessidade
de maior flexibilização na aplicação das normas existentes (Brunetti, 2002). Com base nisto,
estabelecer inicialmente um planejamento para direcionar quais pontos seriam abordados
neste projeto, procedimentos a serem elaborados e seguidos, estudo a ser escolhido, dentre
outros foi considerado fundamental, uma vez que a pesquisa requer uma abordagem flexível e
independente que investiga um grande número de fatores desconhecidos e parâmetros
indefinidos.
Porém, apesar da característica básica da pesquisa que requer flexibilização, em um
processo de implantação de sistema de gestão da qualidade, estabelecer uma estrutura
hierárquica de documentos e requisitos mínimos de controle dos dados que são gerados
durante o processo / pesquisa é necessário. Convencer um pesquisador e/ou estudante de que
os resultados inesperados e errados fornecem uma valiosa contribuição para o avanço da
ciência e que o registro das falhas é tão importante quanto o registro dos resultados positivos,
foi considerado primordial durante a execução deste trabalho. Consideramos então que, dentre
os impactos que consideramos fundamentais, está o fato de se conseguir implementar, ainda
que de forma modesta, a rastreabilidade dos dados que estão sendo gerados nas pesquisas
realizadas pelo laboratório LIP, elemento fundamental para qualquer laboratório independente
49
do seu fim. Não se pode perder de vista que o objetivo de um laboratório desta natureza é
gerar dados confiáveis e rastreáveis, que a sua missão é proporcionar saúde aos indivíduos de
um modo geral. Um outro impacto considerado importante neste processo está o fato de hoje o
Laboratório já ser capaz de iniciar um processo uma vez que já é sabido o que é necessário e
o que pode ser dispensável neste.
A implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade requer mudanças estruturais,
comportamentais e culturais e é natural que estas mudanças causem insegurança e resistência
por parte de alguns, principalmente quando os conceitos e benefícios ainda não foram
devidamente sedimentados. Em um estudo que avaliou processos de implantação em 66
instituições de saúde, realizado por Greenfield & Braithwaite (2008), foi possível verificar que
os funcionários possuem expectativas e percepções diferentes a respeito do impacto do
processo. Na maioria das instituições, os funcionários relataram que o processo de
implantação pode gerar conflitos quando as partes envolvidas possuem objetivos e interesses
diferentes. Para esses pesquisadores, a definição clara e única por parte da alta direção com
relação à Qualidade, é uma das conseqüências positivas deste processo Greenfield &
Braithwaite (2008).
Em maio de 2011 foi realizada uma visita ao Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães,
Unidade Técnico-Científica da Fiocruz em Recife e foi possível perceber, através do relato dos
envolvidos, que o processo de implantação da qualidade foi iniciado apenas após a Direção
assumir o compromisso institucional e apoiar as demandas do setor da qualidade. Dificuldades
semelhantes às do CPqGM, como a ausência de uma norma direcionada às atividades de
pesquisa também foram identificadas no processo. Porém, aos poucos a comunidade foi
aderindo a idéia e apoiando as iniciativas do Setor da Qualidade, através de normativas que
partiam inicialmente da Direção. Este apoio implica necessariamente em uma mudança de
cultura corporativa e em a Instituição reconhecer a importância e urgência de um processo
como este através inclusive da contratação de profissionais terceirizados. Hoje, o processo
está em andamento – em fase de auditoria externa – com a implantação do sistema ISO 15189
e implantação de outras normas, como BPL.
50
No CPqGM dentre as dificuldades citadas podemos destacar a falta de informação
sobre o tema ainda durante as aulas da Pós Graduação, pois poucos profissionais
reconheciam neste projeto a significância e importância do mesmo para a pesquisa científica; a
falta de modelos a serem seguidos, como por exemplo para elaboração do Plano de Estudos;.
Considerando que em pesquisa, os resultados e observações dos processos de investigação
não podem ser definidos ou previstos com precisão e podem divergir significativamente
daqueles esperados inicialmente e devem, portanto ser adaptados à realidade inerente a uma
rotina de pesquisa, a adequação e flexibilização da norma adotada ao desenvolvimento do
Estudo escolhido também foi considerada uma dificuldade a ser vencida além de manter a
motivação de uma equipe de pesquisadores acostumados inicialmente a uma rotina sem
regras e convencê-los a seguir protocolos agora pré-estabelecidos, principalmente em relação
a importância do registro diário do que é feito com seus resultados esperados e inesperados;
Ainda em relação às dificuldades encontradas, o projeto foi desenvolvido em uma
Instituição Pública e a adequação à rotina de uma Instituição Pública que tem um ritmo próprio
e algumas particularidades, como compra através de licitações (que acabam demorando e
travando um pouco o processo), aprovação de diretoria, etc foi considerado um ponto a ser
discutido para os próximos projetos assim como a falta de uma equipe de auditores internos
treinada para a realização de auditorias fundamentais ao andamento do processo dificultou o
trabalho também, pois esta seria uma das etapas fundamentais para a melhoria contínua dos
processos que estavam acontecendo.
Todo processo de implantação de sistema da qualidade implica em melhorias
institucionais que vão desde a adoção de políticas até mudanças estruturais, as quais
demandam apoio incondicional e total da direção da instituição, inclusive com a busca de
recursos financeiros para sua viabilização e a falta de apoio institucional de forma clara é um
fator limitante, bem como o tempo disponível para realizar um trabalho como este. Por ser um
processo inovador na Instituição e para o Laboratório envolvido, o tempo disponibilizado pela
autora do projeto e pelos envolvidos foi considerado insuficiente para iniciar e concluir o
processo, até porque a Instituição não dispõe de um Setor de Qualidade e/ou pessoas voltadas
apenas a esta atividade e portanto qualificadas para auxiliar no processo.
51
Para os processos de pesquisa do CPqGM, a norma NIT DICLA 035 pode ser
considerada satisfatória e aplicável, desde que os conceitos relacionados na mesma e em suas
complementares sejam adequados à rotina na pesquisa. Porém ainda sente-se a necessidade
de se estabelecer normas mais direcionadas à pesquisa que permitam a flexibilidade e
originalidade indispensável para pesquisa e desenvolvimento. Os pesquisadores precisam de
orientação prática para adaptar os princípios já existentes em Gestão da Qualidade para
trabalhos não rotineiros como são os trabalhos de experimentação.
É possível citar como outro grande desafio e ponto fundamental, fazer com que
pesquisadores e futuros pesquisadores acreditem nos benefícios de um processo como este, o
que pode ser conquistado através de treinamentos e após o andamento do trabalho.
Estabelecer um Sistema de Gestão da Qualidade em pesquisa e desenvolvimento ou em
qualquer outro segmento só é possível se as pessoas envolvidas estão convencidas ou
acreditam plenamente nas suas vantagens.
É importante ressaltar que os conceitos gerais de qualidade na prática das
investigações não é uma nova revelação aos cientistas (Mathur, 2000). O que talvez seja novo
e polêmico é o fato de integrar a qualidade intrínseca dos processos de pesquisa com funções
de gestão do sistema de gestão da qualidade, identificando a solidez do trabalho. Isto pode
levar os pesquisadores a pensarem que as práticas e os métodos científicos hoje utilizados e já
existentes são suficientes e que as despesas gerais para implantação de um Sistema da
Qualidade levariam a uma perda significativa de tempo de pesquisa.
Por fim, é importante destacar que no caso do Sistema BPL, os princípios da norma
são diretrizes ao invés de regras e que têm como objetivo garantir a qualidade e validade dos
dados gerados nos ensaios. Seu objetivo maior, no entanto, é facilitar a aceitação dos dados,
tanto a nível nacional quanto internacional no âmbito de seus processos mas as autoridades
terão de avaliar a necessidade intrínseca de interpretação durante a aplicação (Brunetti, 2002).
Além disso, o sistema BPL é um processo dinâmico que exige a melhoria contínua em relação
à evolução tanto a nível técnico / científico, quanto operacional. Consideramos ser este o
principal aprendizado neste trabalho, pois muitas dificuldades e as possíveis interpretações
52
devem ser consideradas durante a aplicação dos princípios BPL e a experiência dos envolvidos
com certeza foi reforçada durante a realização do mesmo.
Apesar de não termos implementado o Sistema BPL de maneira global, melhorias no
Laboratório LIP foram implementadas e agora tanto a Chefia quanto a equipe que se envolveu
neste projeto já é capaz de suscitar uma iniciativa como esta e afirmar que a implantação é
completamente viável e benéfica.
53
IX PERSPECTIVAS DE ESTUDO
Sugerimos como propostas de estudo que o Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz tenha
funcionários direcionados para a implantação de sistemas de gestão da qualidade e que
capacite uma equipe de pessoas como auditores de modo que possam contribuir para a
adequação das rotinas dos Laboratórios ainda que a finalidade não seja a certificação. Ampliar
a gestão a outros projetos de pesquisa inicialmente pode ser uma boa iniciativa, bem como
trabalhar para a modificação da visão atual dos gestores sobre a importância de um processo
como este.
54
X CONCLUSÃO
Concluímos que a implantação do Sistema de Qualidade BPL aplicado no Laboratório
de Imunoparasitologia LIP da Fundação Oswaldo Cruz – Bahia é viável em relação aos
aspectos econômico e estrutural mas depende da geração de recursos humanos através da
absorção de pessoas e/ou capacitação dos existentes. Além disto,o processo de implantação
gerou impactos positivos no desenvolvimento do estudo e na equipe envolvida.
55
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58
ANEXO
Anexo 1. Parecer final de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa - CEP
59
APENDICES
Apêndice 1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE
Apêndice 2. Questionário para avaliação da percepção de pesquisadores e alunos acerca de Sistema
da Qualidade
Apêndice 3. Plano de Estudo – Projeto Leishmaniose
Apêndice 4. Questionário de diagnóstico do nível de adequação do Laboratório aos requisitos da
norma antes da implantação do Sistema de Boas Práticas de Laboratório – BPL
Apêndice 5. Lista de documentos elaborados necessários ao Estudo - Projeto Leishmaniose
Apêndice 6. Lista de equipamentos utilizados durante o Estudo - Projeto Leishmaniose
Apêndice 7. Questionário de diagnóstico do nível de adequação do Laboratório aos requisitos da
norma após a implantação do Sistema de Boas Práticas de Laboratório – BPL
Apêndice 8. Relatório Final do Estudo Lista - Projeto Leishmaniose
60
ANEXO 1. Parecer final de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa - CEP
61
APÊNDICE 1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado a participar do estudo chamado: “Implantação de um sistema da qualidade em
um laboratório de pesquisa público: estudo da viabilidade e impactos”, que será realizado no Centro de
Pesquisa Gonçalo Moniz – FIOCRUZ-BA. A sua participação é totalmente voluntária e a sua permissão para
participar do estudo pode ser retirada a qualquer momento, não resultando em punições.
A finalidade de um laboratório de pesquisa é produzir trabalhos de pesquisa e serviços com qualidade e
eficiência, nos mais altos padrões, atendendo de forma consistente, os requisitos dos protocolos de cada
experimento ou pesquisa. Para que estes ideais sejam alcançados, alguns passos devem ser seguidos, tais
como realizar experimentos de excelente qualidade assegurados pelo rigoroso cumprimento dos requisitos das
boas práticas de laboratório, possuir um quadro de funcionários envolvido, comprometido e motivado em todos
os níveis do laboratório, implementar, controlar e manter um sistema da qualidade baseado nos requisitos
exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, Ministério da Saúde e demais normas
reguladoras específicas.
Um dos objetivos desse trabalho é avaliar a percepção de pesquisadores e alunos de pós graduação do
CPqGM acerca de Sistema de Gestão da Qualidade. Para tanto será utilizado um questionário não
necessariamente identificado e desta forma, a sua identidade será mantida em segredo e nenhum outro grupo
terá acesso às informações coletadas.
Os registros da sua participação no estudo serão mantidos confidencialmente, sendo do conhecimento apenas
do próprio autor e do orientador do projeto. A sua anuência sobre a participação no estudo implica na permissão
para aplicar o questionário em anexo. Também queremos que você concorde com a publicação dos resultados
coletados, sempre seguindo os aspectos éticos determinados na resolução 196/96.
A sua participação no estudo poderá trazer benefícios futuros na medida em que auxiliará na elaboração de um
trabalho de conscientização das pessoas acerca do tema em questão e na elaboração de propostas mais
consistente e condizente com as necessidades relativas ao assunto.
Caso consinta com a participação no estudo, você deverá assinar uma cópia do presente termo.
Você teve todas as explicações sobre o projeto e receberá uma cópia deste termo de consentimento livre e
esclarecido. Esse estudo será desenvolvido na FIOCRUZ, instituição pública brasileira.
Assinatura do responsável ______________________________________________Data ___/___/___
Nome em letras de forma _____________________________________________________________
Contato dos pesquisadores responsáveis:
Drª Camila Indiani de Oliveira – Orientadora do projeto – e-mail: [email protected] / Fone (71)
3176-2211 e Hilda Carolina de Jesus Rios Fraga – Aluna do Programa de Pós Graduação em Ciências da
Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia – autora do projeto. e-mail:
62
APÊNDICE 2. Questionário para avaliação da percepção de pesquisadores e alunos acerca de Sistema da Qualidade
AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DOS PESQUISADORES e ALUNOS ACERCA DE SISTEMA DA QUALIDADE
Laboratório: ( ) Pesquisador ( ) Aluno de Pós Graduação Data: Nome (opcional):
1. O que é Qualidade na sua percepção?
2. Cite de que forma ou em que situação, a Qualidade pode ser identificada ou aplicada no
desenvolvimento do seu trabalho no CPqGM.
3. Há quanto tempo você pratica/utiliza ferramentas da Qualidade no desenvolvimento da sua
pesquisa?
( ) Há algum tempo, antes mesmo de entrar no CPqGM
( ) Comecei a utilizar as ferramentas da Qualidade após entrar no CPqGM
( ) Nunca utilizei ferramentas da Qualidade.
4. Se tivesse que dar uma pontuação ao grau de importância que um Sistema da Qualidade tem no seu
trabalho, qual seria?
( ) 0 – Não tem importância
( ) 1 a 3 – Pode até ser importante, mas não faz falta no meu trabalho
( ) 4 a 7 - É importante, mas não sei como implementar
( ) 8 a 10 – É muito importante para o bom andamento e resultados do trabalho
63
5. Você já foi impedido de realizar algum trabalho/publicação por não ter um Sistema da Qualidade
implementado?
( ) Sim ( ) Não
6. Você já participou de alguma capacitação em Qualidade?
( ) Sim ( ) Não
Qual?______________________________________________________________________
7. Você tem conhecimento sobre como se dá o processo de implantação de um Sistema da Qualidade?
( ) Sim ( ) Não
8. Como foi adquirido o conhecimento referente à pergunta 7?
( ) Curso / palestra promovida pela Fiocruz
( ) Curso / palestra promovida por outra Instituição
( ) Outro:__________________________________________
( ) Não se aplica
9. Você já participou de algum evento / curso sobre Qualidade realizado na Fiocruz?
( ) Sim ( ) Não
10. Você tem vontade de participar de curso / palestra / treinamento na área de Qualidade?
( ) Sim ( ) Não
Muito Obrigada!
64
APÊNDICE 3. Plano de Estudo – Projeto Leishmaniose
PLANO DE ESTUDO
Patrocinador Instalação
de Teste
Gerente da
Instalação de Teste
Garantia da
Qualidade Código do Estudo
Camila Indiani
de Oliveira LIP - Laboratório de
Imunoparasitologia Aldina Barral Maria Julia PE.13.001
DIRETOR DE ESTUDO
Camila Indiani de Oliveira
PESQUISADOR PRINCIPAL
Kiyoshi Ferreira Fukutani
1. TITULO DESCRITIVO
Pesquisa de prevalência de leishmaniose em doadores de sangue assintomáticos na cidade de Salvador
2. PROPÓSITO DO ESTUDO
Avaliar a prevalência da leishmaniose em doadores de sangue assintomáticos e direcionar ações de
saúde pública necessárias à sua prevenção. Este estudo propõe avaliar a presença de anticorpos na
população de doadores de sangue da Hemorrede pública estadual. Para tanto, serão pesquisados cerca
de 1800 doadores, os quais serão avaliados por ELISA para a presença de sorologia positiva anti-
Leishmania. Em paralelo, faremos a avaliação da presença de DNA do parasita por meio de PCR. Nossos
resultados permitirão, caso necessário, propor a adoção de medidas de triagem laboratorial na
população de doadores de sangue a partir dos resultados encontrados.
As Leishmanioses, doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania são um complexo de sinais
clínicos que variam desde brandos até fatais. Esta doença afeta cerca de dois milhões de pessoas em
praticamente todos os continentes, com exceção da Oceania, sendo endêmica em 88 países (na
Américas do Sul e Central, África e Ásia). De acordo com a Organização Mundial de Saúde,
aproximadamente 350 milhões de pessoas em todo o planeta vivem sob risco de infecção, 12 milhões
delas estão infectadas e, a cada ano, cerca de 1,5 a 2 milhões de novos casos surgem, causando 57 mil
mortes anualmente, sendo considerada a segunda doença mais importante causada por protozoários
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2007).
No Brasil, as Leishmanioses eram consideradas uma endemia focal e rural até a década de 80, quando
ocorreu uma expansão para regiões peri-urbanas e urbanas. Revelando uma maior incidência na região
Nordeste, somando 92% dos casos, sendo 66% destes na Bahia, Maranhão, Ceará e Piauí. Atualmente,
há relatos da doença em todas as regiões do país (SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE / MS, 2001;
2003; 2005; 2007), afetando em 80% dos casos crianças com menos de 10 anos, podendo levar a óbito
em 10% desses pacientes, quando não se institui o tratamento adequado (GONTIJO & MELO, 2004).
3. NATUREZA DO ESTUDO
65
Biológico
4. IDENTIFICAÇÃO DA SUBSTÂNCIA TESTE
Sangue humano
5. IDENTIFICAÇÃO DA SUBSTÂNCIA DE REFERÊNCIA
Sangue humano positivo e/ou negativo para Leishmania
6. PROJETO EXPERIMENTAL 6.1 Delineamento do Estudo
Trata-se de um estudo observacional, transversal e descritivo. A amostragem será não-casual, de
conveniência.
6.2 Cronologia do Estudo Fase Inicial: - Obtenção do Consentimento Livre e Esclarecido pelo doador - Coleta das amostras de sangue A fase inicial do estudo e apenas esta, ocorrerá na Unidade de Teste Hemoba.
Fase Intermediária: - Processamento das amostras para obtenção do soro e extração de DNA; - Realização dos ensaios de ELISA para determinar a presença de anticorpos anti-Leishmania e realização de PCR em tempo real para determinar a presença de DNA de Leishmania.
Fase Final:
- Análise de dados e confecção de relatório.
6.3 Metodologia - COLETA DE AMOSTRAS
Serão coletadas alíquotas de 5ml de sangue periférico, em anticoagulante EDTA de doadores de sangue.
Os componentes serão fracionados em 2 a 12 horas após a coleta para a obtenção do plasma e creme
leucocitário.
- ELISA Para quantificação dos anticorpos específicos para Leishmania, será adotado o protocolo de ELISA
descrito por Badaró e cols. (1986). O antígeno a ser utilizado é um antígeno solúvel, obtido de
homogeneizado de Leishmania, cepa isolada de paciente com leishmaniose visceral, já caracterizada por
anticorpos monoclonais e por isoenzimas como sendo Leishmania chagasi (cepa MHOM Ba 62), cedido
66
pela Dra Aldina Barral (FIOCRUZ-BA). As placas serão sensibilizadas com o antígeno por um pernoite.
Após lavagens, serão colocadas as amostras dos soros diluídos 1:100. Uma amostra será considerada
positiva, quando a OD for >média + 3DP da absorbância obtida dos soros de indivíduos sem exposição
prévia a leishmania.
- PCR em tempo real
Para a reação de PCR em tempo real serão utilizados iniciadores desenhados pelo programa Primer Express (Applied Biosystems, EUA), com base no gene G6PD (Glicose-6-fosfato deshidrogenase), de cópia única. São eles: G6PD Fwd – 5’-CCCGAGGGCAGCACTTG-3’ e G6PD Rev 3’-CCACCGGTCGTTGTTGATG-5’. A curva padrão para a quantificação dos parasitas será construída por meio do número de parasitas presentes em uma determinada concentração de DNA, diluída seriadamente a partir de um estoque. A especificidade dos iniciadores já foi testada e apresenta apenas
um pico na curva de dissociação.
6.4 Métodos de Referência
- Obtenção de plasma a partir de soro humano - BARKER. KATHY. Na Bancada. Manual De Iniciação
Científica Em Laboratórios. ARTMED. Primeira Edição 2002.
- Técnica de Extração de DNA, segundo as instruções dos fornecedores do kit Mini Spin Kit (Illustra/ GE
Healthcare código 28-9042-64).
- Cultivo de Leishmania segundo segundo Badaró R, Reed SG, Barral A, Orge G, Jones TC. Evaluation of
the micro enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) for antibodies in American visceral
leishmaniasis: antigen selection for detection of infection-specific responses. Am J Trop Med
Hyg. 1986 35:72-8.
- Técnica de obtenção de Antígeno Solúvel de Leishmania segundo S. Iborra, J. Carrión, C. Anderson, C.
Alonso, D. Sacks, and M. Soto, “Vaccination with the Leishmania infantum acidic ribosomal P0
protein plus CpG oligodeoxynucleotides induces protection against cutaneous leishmaniasis in
C57BL/6 mice but does not prevent progressive disease in BALB/c mice,” Infect. Immun. 2005 73:
5842–5852.
- Técnica de quantificacão de proteína, segundo as instruções dos fornecedores do kit Micro BCA
(Promega) - Smith, P.K., et al. (1985). Anal. Biochem. 150, 76-85.
- Técnica de ELISA, segundo Badaró R, Reed SG, Barral A, Orge G, Jones TC. Evaluation of the micro
enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) for antibodies in American visceral leishmaniasis:
antigen selection for detection of infection-specific responses.
- Técnica de PCR em tempo real segundo T. Castilho, L.M. Camargo, D. McMahon-Pratt, J. Shaw, L.
Floeter-Winter. A Real-Time Polymerase Chain Reaction Assay for the Identification and Quantification
of American Leishmania Species on the Basis of Glucose-6-Phosphate Dehydrogenase .Am J Trop Med
Hyg 2008 78: 122-132
67
6.5 Métodos estatísticos A casuística será composta por doadores voluntários de sangue, adultos, recebidos na Fundação de
Hematologia e Hemoterapia da Bahia (HEMOBA). Para se estimar uma prevalência de 9%, com um
intervalo de confiança de 95%, correspondendo a uma precisão de 15% (I.C. 95%: 7,65 a 10,35) será
necessária uma amostra de pelo menos 1.723 doadores. Neste estudo serão examinadas 1.800
amostras.
6.6 Caracterização do sistema teste
Os sistemas testes utilizados nesse estudo são os equipamentos Spectramax 190 e ABI 7500”:
Spectramax 190: O SpectraMax® 190 é um espectrofotômetro ideal para aplicações cientificas, inclusive
para quantificação de ácidos nucleicos. Para soluções e placas de 96 poços. Possui um sistema de
normalização de absorbância, deixando os resultados mais confiáveis.
ABI 7500: É aplicado para analise de expressão gênica (quantificação de DNA de patógenos,
diferenciação de genótipos e analises de concentração de ácidos nucléicos).
6.7 Justificativa para seleção do sistema teste
Para a detecção de DNA de Leishmania no sangue de doadores do HEMOBA, optamos pela técnica de
PCR em tempo real. Esta técnica permite a quantificação de parasitas em uma determinada amostras
e,como tal, já foi empregada em diversos estudos de detecção e diagnóstico de Leishmania tais como:
Castilho et al. 2008. Para a realização do ensaio de PCR em tempo real, é necessário um equipamento
capaz de fazer a detecção em tempo real do alvo de DNA amplificado. Assim, optamos pelo
equipamentoABI 7500 Real Time PCR System pois é que dispomos no nosso laboratório. Para a
realização do ensaio de ELISA, é necessário um espectrofotômetro capaz de ler placas de 96 poços.
Optamos pelo Spectramax 190 da Molecular Devices por ser um equipamento comumente utilizado
para esta técnica e por ser o equipamento disponível no laboratório.
7. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRÃO UTILIZADOS NO ESTUDO
Número Nome Status de revisão
VDP.13.005 POP Extração de DNA de sangue total 00
VDP.13.006 POP Obtenção de plasma 00
VDP.13.007 POP de antígeno solúvel de Leishmania - SLA 00
VDP.13.008 POP Cultivo de Leishmania 00
68
VDP.13.009 POP Coleta de amostras de sangue 00
VDP.13.010 POP Quantificação de proteína 00
VDP.13.011 POP ELISA indireto para detecção de IgG 0
VDP.13.012 POP Técnica de PCR em tempo real 00
VDP.13.013 POP Eletroforese em gel 00
VDP.13.014 POP Quantificação de ácidos nucleicos 00
VDP.13.015 POP Utilização do Leitor de ELISA 00
VDP.13.016 POP Utilização do SCANWASHER 300 00
VDP.13.017 Tabela de controle de calibração e utilização de
equipamentos
00
VDP.13.018 POP Controle e armazenamento de reagentes de
uso comum
00
VDP.13.016 POP Utilização de microscópio óptico 00
VDP.13.016 POP Utilização de centrífuga 00
VDP.13.016 POP Utilização de balança analítica 00
8. EQUIPE DE TRABALHO
8.1 Diretor do Estudo:
Camila Indiani de Oliveira
Fases do Estudo delegadas ao Diretor do Estudo
- Treinamento dos colaboradores nas técnicas experimentais utilizadas;
- Acompanhamento do desenvolvimento do projeto;
- Disponibilização de materiais necessários à execução do projeto;
- Aprovação da documentação (POPs e demais) elaborada para o desenvolvimento do projeto.
8.2 Pesquisador Principal:
Kiyoshi Ferreira Fukutani
69
Fases do Estudo delegadas ao Pesquisador Principal:
- Coleta do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
- Coleta e envio das amostras de sangue;
- Processamento das amostras de sangue;
- Realização das técnicas de processamento das amostras e amplificação por PCR em tempo real.
9. UNIDADES DE TESTES – NOME E ENDEREÇOS
LIP – Laboratório de Imunoparasitologia
Rua Waldemar Falcão, 121 – Candeal - CEP 40296-710 / Salvador-BA
HEMOBA - Fundação de Hemocentro e Hemoterapia da Bahia
Avenida Vasco da Gama, 1 - Acupe, Salvador - (0xx)71 3116-5600
10. CRONOLOGIA DO ESTUDO
Data do Fim Prevista - Março de 2011
11. CRONOLOGIA DOS ENSAIOS
Data do Fim Prevista - Fevereiro de 2011
12. ARQUIVAMENTO DOS DADOS
Os dados do estudo, bem como as amostras, os sistemas-testes e de referência serão armazenados no
Laboratório de Imunoparasitologia - LIP. Os dados escritos como Plano, POPs e Relatórios serão
arquivados por um período de 05 anos sob a responsabilidade do Diretor de Estudo.
13. RESPONSÁVEL PELOS DOCS BPL
Camila Indiani de Oliveira
14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
70
- Costa C. H., Stewart J. M., Gomes R. B., Garcez L. M., Ramos P. K., Bozza M., Satoskar A., Dissanayake
S., Santos R. S., Silva M. R., Shaw J. J., David J. R. and Maguire J. H. (2002) Asymptomatic human carriers
of Leishmania chagasi. Am J Trop Med Hyg 66, 334-7.
- de Oliveira Camera P., Junger J., do Espirito Santo Silva Pires F., Mattos M., Oliveira-Neto M. P.,
Fernandes O. and Pirmez C. (2006) Haematogenous dissemination of Leishmania (Viannia) braziliensis in
human American tegumentary leishmaniasis. Trans R Soc Trop Med Hyg 100, 1112-7.
- Grogl M., Daugirda J. L., Hoover D. L., Magill A. J. and Berman J. D. (1993) Survivability and infectivity of
viscerotropic Leishmania tropica from Operation Desert Storm participants in human blood products
maintained under blood bank conditions. Am J Trop Med Hyg 49, 308-15.
- Guevara P., Ramirez J. L., Rojas E., Scorza J. V., Gonzalez N. and Anez N. (1993) Leishmania braziliensis
in blood 30 years after cure. Lancet 341, 1341.
- Guevara P., Rojas E., Gonzalez N., Scorza J. V., Anez N., Valera M. and Ramirez J. L. (1994) Presence of
Leishmania braziliensis in blood samples from cured patients or at different stages of immunotherapy.
Clin Diagn Lab Immunol 1, 385-9.
- le Fichoux Y., Quaranta J. F., Aufeuvre J. P., Lelievre A., Marty P., Suffia I., Rousseau D. and Kubar J.
(1999) Occurrence of Leishmania infantum parasitemia in asymptomatic blood donors living in an area
of endemicity in southern France. J Clin Microbiol 37, 1953-7.
- Otero A. C., da Silva V. O., Luz K. G., Palatnik M., Pirmez C., Fernandes O. and Palatnik de Sousa C. B.
(2000) Short report: occurrence of Leishmania donovani DNA in donated blood from seroreactive
Brazilian blood donors. Am J Trop Med Hyg 62, 128-31.
- Riera C., Fisa R., Udina M., Gallego M. and Portus M. (2004) Detection of Leishmania infantum cryptic
infection in asymptomatic blood donors living in an endemic area (Eivissa, Balearic Islands, Spain) by
different diagnostic methods. Trans R Soc Trop Med Hyg 98, 102-10.
Camila Indiani de Oliveira Salvador, 10 de janeiro de 2010
Diretora de Estudo
71
APÊNDICE 4. Questionário de diagnóstico do nível de adequação do laboratório aos requisitos da norma antes da implantação do Sistema BPL
QUESTIONÁRIO DE DIAGNÓSTICO DO NÍVEL DE ADEQUAÇÃO DO
LABORATÓRIO AOS REQUISITOS DA NORMA
Nome do Laboratório: Laboratório de Imunoparasitologia - LIP Endereço: Rua Waldemar Falcão, 121 - Candeal Telefone: (71) 3176-2207 Responsável pelo Laboratório: Aldina Barral Responsável pelo Preenchimento: Camila Indiani de Oliveira Data do Preenchimento: Janeiro /2010
(*) Cada item de cada pergunta, que atende, corresponde a 20% de resultado descritivo e quantitativo.
REQUISITOS GERENCIAIS e TECNICOS
Pessoal 1 = Atende
2 = Não Atende
O laboratório tem definido pessoal tais como Diretor de Estudos, Gerente de Instalação, Pesquisador e demais, para realização das Boas Práticas de Laboratório?
x
O pessoal envolvido no estudo é capacitado segundo os princípios das BPL?
x
Existe disponível no laboratório um procedimento que define a sistemática de seleção de pessoal, identificação de necessidade de treinamento, avaliação e cronograma de treinamentos?
x
Os funcionários do laboratório dispõem e utilizam de EPI's e EPC's adequadas para os tipos de análise que realizam e foram treinados em procedimentos e/ou manuais de Biossegurança para preservar sua integridade física?
x
No laboratório se realiza treinamento de pessoal, mesmo que seja de maneira não procedimentada e faz registro destes treinamentos?
x
RESULTADO EM PERCENTAGEM (%)
40
Ambiente de Trabalho / Instalações 1 = Atende
2 = Não Atende
O laboratório possui dimensão, construção e localização adequadas para os tipos de atividades que realiza?
x
O laboratório possui um certo grau de separação entre as diferentes atividades para garantir que cada estudo seja conduzido adequadamente?
x
Existem áreas ou salas utilizadas para armazenamento de suprimentos separadas das demais áreas de modo que seja protegido contra infestação, contaminação ou deterioração?
x
O manuseio e descarte dos resíduos são realizados de maneira a não colocar em risco a integridade do estudo?
x
Existem mapas de risco ou qualquer outra sinalização que facilita a identificação do nível de risco da área e a saída das áreas em caso de emergência?
x
RESULTADO EM PERCENTAGEM (%)
20
72
Controle de Dados Brutos 1 = Atende
2 = Não Atende
Existe sistemática de registro dos dados brutos gerados no Laboratório e estes são legíveis e controlados?
x
Os registros, cálculos e as transferências de dados são submetidos a verificação apropriadas de
maneira sistemática? x
Quando são utilizados sistemas computadorizados, existem POP para garantir que estes sistemas são mantidos de acordo com os Princípios das BPL?
x
São estabelecidos e implementados procedimentos para a proteção de dados em meio físico e eletrônico?
x
Os computadores e equipamentos automatizados são conservados, de forma a assegurar o funcionamento adequado, e estam em condições ambientais e operacionais necessárias para a manutenção da integridade dos dados de análises?
x
RESULTADO EM PERCENTAGEM (%)
20
Equipamentos, Materiais e Reagentes 1 = Atende
2 = Não Atende
No laboratório se disponibiliza equipamentos na quantidade e tipo adequados as suas necessidades?
x
É prática no laboratório se realizar periodicamente inspeções, manutenções e/ou calibrações mesmo que seja de forma não padronizada e programada em equipamentos utilizados no Estudo de acordo com POP?
x
Os equipamentos são identificados para assegurar a rastreabilidade?
x
Os produtos químicos, reagentes e soluções são rotulados para indicar identidade, data de validade e eventuais condições de armazenamento?
x
Existem procedimentos para garantir que os sistemas-testes, substâncias de referências, etc, são coletados e transportados à unidade teste em tempo hábil ao estudo?
x
RESULTADO EM PERCENTAGEM (%)
20
Sistema de Gestão 1 = Atende
2 = Não Atende
O laboratório possui política da qualidade (ou qualquer outra denominação) que define o escopo de serviço, o comprometimento do laboratório com as boas práticas profissionais, com a qualidade das análises e a conformidade e com o sistema de gestão da qualidade?
x
O laboratório possui um Plano de Estudos com definição de objetivos, instalação e pessoal para realização dos procedimentos?
x
Existe um manual da qualidade (ou qualquer outra denominação) que define a estrutura da documentação, cita os procedimentos e as diretrizes do laboratório para atendimento as requisitos da norma, as atribuições do pessoal gerência, bem como o escopo de trabalho?
x
O laboratório possui estrutura organizacional e gerencial definida, com especificação de responsabilidades?
x
Há um programa de Garantia da Qualidade responsável por fazer inspeções de Estudo, das instalações para assegurar que o Estudo está sendo executado de acordo com as BPL?
x
RESULTADO EM PERCENTAGEM (%)
20
Controle de Documentos 1 = Atende
2 = Não Atende
O laboratório tem uma estrutura de documentos que dão as diretrizes de como as atividades devem ser realizadas? Estes documentos contêm: identificação unívoca, título, responsável pela aprovação, paginação.
x
O laboratório possui procedimentos apropriados e tecnicamente válidos que definem as técnicas utilizadas no estudo BPL, disponibilizados aos envolvidos no processo?
x
Existe uma lista mestra (ou qualquer que seja a denominação) que evidencie o controle de x
73
revisões, bem como o controle de distribuição de documentos?
Há um arquivo histórico de todos os Procedimentos Operacionais Padrão (POP) utilizados no Estudo?
x
Existe procedimentos da Garantia da Qualidade que assegure o planejamento, agenda, condução, documentação e relatórios das inspeções?
x
RESULTADO EM PERCENTAGEM (%)
zero
Aquisição 1 = Atende
2 = Não Atende
Existe uma sistemática definida em procedimento para seleção e compra de insumos e serviços que possam afetar a qualidade das análises?
x
Existe uma lista de fornecedores homologados (qualificados) de insumos e serviços que possam afetar a qualidade das análises, a saúde dos funcionários e integridade do meio ambiente?
x
Existem procedimentos de inspeção e quando aplicável realização de testes antes do uso de insumos e serviços que possam afetar a qualidade das análises, a saúde dos funcionários e integridade do meio ambiente?
x
Existem procedimentos para recebimento, armazenamento e gerenciamento de estoque de insumos considerados críticos que assegura a qualidade e disponibilidade destes insumos?
x
Os documentos que atestam a qualidade de insumos recebidos, bem como os certificados de que os fornecedores tem um sistema de gestão da qualidade implementada são solicitados e verificados por pessoal do Laboratório?
x
RESULTADO EM PERCENTAGEM (%)
20
Controle de Registros 1 = Atende
2 = Não Atende
É elaborado um Plano de Estudos antes de cada estudo (pesquisa) ser iniciado?
x
O laboratório estabelece e mantém procedimentos para identificar, coletar, indexar, acessar, arquivar, armazenar, manter e dispor os registros técnicos e da qualidade?
x
Os registros são legíveis, armazenados e preservados, por um período determinado, de tal forma que podem ser prontamente recuperados, em instalações que ofereçam ambiente adequado, prevenindo danos, deterioração ou perda?
x
Após o término do estudo, o Plano, o Relatório Final, os dados brutos e demais materiais são arquivados adequadamente?
x
Existe pessoal responsável pelo gerenciamento dos registros e arquivamento dos mesmos referentes aos protocolos de estudos?
x
RESULTADO EM PERCENTAGEM (%)
20
Desenvolvido com base no questionário da Anvisa e Normas NIT DICLA 035 – Princípios para Boas Práticas de Laboratório e NIT DICLA 043 – Aplicação dos Princípios de BPL à Organização e ao Gerenciamento de Estudos Multi- Site
Referência: http://www.inmetro.gov.br/monitoramento_BPL/documentos_aplic.asp
74
APÊNDICE 5. Lista de documentos necessários ao Estudo – Projeto Leishmaniose
LISTA DE DOCUMENTOS NECESSÁRIOS AO ESTUDO
Nome do Laboratório: Laboratório de Imunoparasitologia - LIP Endereço: Rua Waldemar Falcão Responsável pelo Laboratório: Aldina Barral Projeto: Pesquisa de prevalência de leishmaniose em doadores de sangue assintomáticos na cidade de Salvador
Número Nome Status de revisão
PE.13.001 Plano de Estudos 00
RFE.13.001 Relatório Final de Estudo 00
VDP.13.003 Matriz de Atribuições e Responsabilidades dos
envolvidos no Estudo
00
VDP.13.005 POP Extração de DNA de sangue total 00
VDP.13.006 POP Obtenção de plasma 00
VDP.13.007 POP de antígeno solúvel de Leishmania SLA 00
VDP.13.008 POP Cultivo de Leishmania 00
VDP.13.009 POP Coleta de amostras de sangue 00
VDP.13.010 POP Quantificação de proteína por micro BCA 00
VDP.13.011 POP Elisa indireto para detecção de IgG 00
VDP.13.012 POP Técnica de PCR real em tempo real 00
VDP.13.013 POP Eletroforese em gel 00
VDP.13.014 POP Quantificação de ácido nucleico 00
VDP.13.015 POP Utilização do leitor de ELISA 00
VDP.13.016 POP Utilização do SCANWASHER 300 00
75
VDP.13.017 Tabela de controle de calibração e manutenção de
equipamentos
00
VDP.13.018 POP Controle e armazenamento de reagentes de
uso comum
00
VDP.13.019 POP Utilização de microscópio óptico 00
VDP.13.020 POP Utilização de centrífuga 00
VDP.13.021 POP Utilização de balança analítica 00
76
APÊNDICE 6. Lista de equipamentos utilizados no Estudo – Projeto Leishmaniose
LISTA DE EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO ESTUDO
Nome do Laboratório: Laboratório de Imunoparasitologia - LIP Endereço: Rua Waldemar Falcão Responsável pelo Laboratório: Aldina Barral Projeto: Pesquisa de prevalência de leishmaniose em doadores de sangue assintomáticos na cidade de Salvador
Nome Patrimônio Marca Calibração/ Manutenção
Banho Seco Dry Bath T-CPqGM-5402 Isotemp 125D NR
Centrifuga Mini Spin T-CPqGM-527 Eppendorf NR
Centrífuga Refrigerada Sem patrimônio Eppendorf NR
Estufa Thermostatic T-CPqGM-1199 Isotemp 125D NR
Fluxo Laminar T-CPqGM-2937 Nuaire R
Leitor de Elisa T-CPqGM-872 Spectra Max 190 NR
Mesa Agitadora Orbital T-CPqGM-962 CT-145 NA
Microcentrífuga T-CPqGM-1209 MiniStar NR
Micropipeta Sem patrimônio LG-Technologic R
Microscópio Optico T-CPqGM-1319 Nikon NR
Nanodrop T-CPqGM-1292 Não Identificado NR
PCR Real Time System T-CPqGM-771 Applied Biosystems R
Skanwasher 300 T-CPqGM-1754 Skaton NR
Sonicador T-CPqGM-779 Sonifier 250 NR
Termociclador T-CPqGM-425 Eppendorf NR
Vortex T-CPqGM-878 VWR Genie 2 NA
NR: Não Realizado NA: Não Aplicável R: Realizado
77
APÊNDICE 7. Questionário de diagnóstico do nível de adequação do laboratório
aos requisitos da norma após a implantação do Sistema BPL
QUESTIONÁRIO DE DIAGNÓSTICO DO NÍVEL DE ADEQUAÇÃO
DO LABORATÓRIO AOS REQUISITOS DA NORMA
Nome do Laboratório: Laboratório de Imunoparasitologia - LIP Endereço: Rua Waldemar Falcão, 121 - Candeal Telefone: (71) 3176-2207 Responsável pelo Laboratório: Aldina Barral Responsável pelo Preenchimento: Camila Indiani de Oliveira Data do Preenchimento: Março /2011
(*) Cada item de cada pergunta, que atende, corresponde a 20% de resultado descritivo e quantitativo.
REQUISITOS GERENCIAIS e TECNICOS
Pessoal 1 = Atende
2 = Não Atende
O laboratório tem definido pessoal tais como Diretor de Estudos, Gerente de Instalação, Pesquisador e demais, para realização das Boas Práticas de Laboratório?
x
O pessoal envolvido no estudo é capacitado segundo os princípios das BPL?
x
Existe disponível no laboratório um procedimento que define a sistemática de seleção de pessoal, identificação de necessidade de treinamento, avaliação e cronograma de treinamentos?
x
Os funcionários do laboratório dispõem e utilizam de EPI's e EPC's adequadas para os tipos de análise que realizam e foram treinados em procedimentos e/ou manuais de Biossegurança para preservar sua integridade física?
x
No laboratório é realizado treinamento de pessoal, mesmo que seja de maneira não procedimentada e faz registro destes treinamentos?
x
RESULTADO EM PERCENTAGEM (%)
60
Ambiente de Trabalho / Instalações 1 = Atende
2 = Não Atende
O laboratório possui dimensão, construção e localização adequadas para os tipos de atividades que realiza?
x
O laboratório possui um certo grau de separação entre as diferentes atividades para garantir que cada estudo seja conduzido adequadamente?
x
Existem áreas ou salas utilizadas para armazenamento de suprimentos separadas das demais áreas de modo que seja protegido contra infestação, contaminação ou deterioração?
x
O manuseio e descarte dos resíduos são realizados de maneira a não colocar em risco a integridade do estudo?
x
Existem mapas de risco ou qualquer outra sinalização que facilita a identificação do nível de risco da área e a saída das áreas em caso de emergência?
x
RESULTADO EM PERCENTAGEM (%)
60
78
Controle de Dados Brutos 1 = Atende
2 = Não Atende
Existe sistemática de registro dos dados brutos gerados no Laboratório e estes são legíveis e controlados?
x
Os registros, cálculos e as transferências de dados são submetidos a verificação apropriadas de
maneira sistemática? x
Quando são utilizados sistemas computadorizados, existem POP para garantir que estes sistemas são mantidos de acordo com os Princípios das BPL?
x
São estabelecidos e implementados procedimentos para a proteção de dados em meio físico e eletrônico?
x
Os computadores e equipamentos automatizados são conservados, de forma a assegurar o funcionamento adequado, e estam em condições ambientais e operacionais necessárias para a manutenção da integridade dos dados de análises?
x
RESULTADO EM PERCENTAGEM (%)
20
Equipamentos, Materiais e Reagentes 1 = Atende
2 = Não Atende
No laboratório se disponibiliza equipamentos na quantidade e tipo adequados as suas necessidades?
x
É prática no laboratório se realizar periodicamente inspeções, manutenções e/ou calibrações mesmo que seja de forma não padronizada e programada em equipamentos utilizados no Estudo de acordo com POP?
x
Os equipamentos são identificados para assegurar a rastreabilidade?
x
Os produtos químicos, reagentes e soluções são rotulados para indicar identidade, data de validade e eventuais condições de armazenamento?
x
Existem procedimentos para garantir que os sistemas-testes, substâncias de referências, etc, são coletados e transportados à unidade teste em tempo hábil ao estudo?
x
RESULTADO EM PERCENTAGEM (%)
80
Sistema de Gestão 1 = Atende
2 = Não Atende
O laboratório possui política da qualidade (ou qualquer outra denominação) que define o escopo de serviço, o comprometimento do laboratório com as boas práticas profissionais, com a qualidade das análises e a conformidade e com o sistema de gestão da qualidade?
x
O laboratório possui um Plano de Estudos com definição de objetivos, instalação e pessoal para realização dos procedimentos?
x
Existe um manual da qualidade (ou qualquer outra denominação) que define a estrutura da documentação, cita os procedimentos e as diretrizes do laboratório para atendimento as requisitos da norma, as atribuições do pessoal gerência, bem como o escopo de trabalho?
x
O laboratório possui estrutura organizacional e gerencial definida, com especificação de responsabilidades?
x
Há um programa de Garantia da Qualidade responsável por fazer inspeções de Estudo, das instalações para assegurar que o Estudo está sendo executado de acordo com as BPL?
x
RESULTADO EM PERCENTAGEM (%)
80
Controle de Documentos 1 = Atende
2 = Não Atende
O laboratório tem uma estrutura de documentos que dão as diretrizes de como as atividades devem ser realizadas? Estes documentos contêm: identificação unívoca, título, responsável pela aprovação, paginação.
x
O laboratório possui procedimentos apropriados e tecnicamente válidos que definem as técnicas utilizadas no estudo BPL, disponibilizados aos envolvidos no processo?
x
79
Existe uma lista mestra (ou qualquer que seja a denominação) que evidencie o controle de revisões, bem como o controle de distribuição de documentos?
x
Há um arquivo histórico de todos os Procedimentos Operacionais Padrão (POP) utilizados no Estudo?
x
Existe procedimentos da Garantia da Qualidade que assegure o planejamento, agenda, condução, documentação e relatórios das inspeções?
x
RESULTADO EM PERCENTAGEM (%)
80
Aquisição 1 = Atende
2 = Não Atende
Existe uma sistemática definida em procedimento para seleção e compra de insumos e serviços que possam afetar a qualidade das análises?
x
Existe uma lista de fornecedores homologados (qualificados) de insumos e serviços que possam afetar a qualidade das análises, a saúde dos funcionários e integridade do meio ambiente?
x
Existem procedimentos de inspeção e quando aplicável realização de testes antes do uso de insumos e serviços que possam afetar a qualidade das análises, a saúde dos funcionários e integridade do meio ambiente?
x
Existem procedimentos para recebimento, armazenamento e gerenciamento de estoque de insumos considerados críticos que assegura a qualidade e disponibilidade destes insumos?
x
Os documentos que atestam a qualidade de insumos recebidos, bem como os certificados de que os fornecedores tem um sistema de gestão da qualidade implementada são solicitados e verificados por pessoal do Laboratório?
x
RESULTADO EM PERCENTAGEM (%)
40
Controle de Registros 1 = Atende
2 = Não Atende
É elaborado um Plano de Estudos antes de cada estudo (pesquisa) ser iniciado?
x
O laboratório estabelece e mantém procedimentos para identificar, coletar, indexar, acessar, arquivar, armazenar, manter e dispor os registros técnicos e da qualidade?
x
Os registros são legíveis, armazenados e preservados, por um período determinado, de tal forma que podem ser prontamente recuperados, em instalações que ofereçam ambiente adequado, prevenindo danos, deterioração ou perda?
x
Após o término do estudo, o Plano, o Relatório Final, os dados brutos e demais materiais são arquivados adequadamente?
x
Existe pessoal responsável pelo gerenciamento dos registros e arquivamento dos mesmos referentes aos protocolos de estudos?
x
RESULTADO EM PERCENTAGEM (%)
80
Desenvolvido com base no questionário da Anvisa e Normas NIT DICLA 035 – Princípios para Boas Práticas de Laboratório e NIT DICLA 043 – Aplicação dos Princípios de BPL à Organização e ao Gerenciamento de Estudos Multi- Site
Referência: http://www.inmetro.gov.br/monitoramento_BPL/documentos_aplic.asp
80
APÊNDICE 8. Relatório Final do Estudo – Projeto Leishmaniose
RELATÓRIO FINAL DE ESTUDO
Patrocinador Instalação
de Teste
Gerente da Instalação
de Teste
Garantia da
Qualidade Código do Estudo
Camila Indiani
de Oliveira LIP - Laboratório de
Imunoparasitologia Aldina Barral Maria Julia PFE.13.001
DIRETOR DE ESTUDO
Camila Indiani de Oliveira
PESQUISADOR PRINCIPAL
Kiyoshi Ferreira Fukutani
1. TITULO DESCRITIVO
Pesquisa de prevalência de leishmaniose em doadores de sangue assintomáticos na cidade de Salvador
2. CRONOLOGIA DO ESTUDO
Início do Estudo
Início dos Ensaios
Final dos Ensaios
Auditoria do Estudo
Número do Registro
Janeiro / 2010
Janeiro / 2010 Fevereiro/2011 Não realizada N/A
3. DECLARAÇÃO DE CONFORMIDADE À BPL
Não informado
4. FASES CRÍTICAS DO ESTUDO
Não houve dificuldades na execução do projeto.
5. IDENTIFICAÇÃO DA SUBSTÂNCIA TESTE
Sangue humano
6. IDENTIFICAÇÃO DA SUBSTÂNCIA DE REFERÊNCIA
Sangue humano positivo e/ou negativo para Leishmania
7. METODOLOGIA
81
7.1 Descrição
- COLETA DE AMOSTRAS
Serão coletadas alíquotas de 5ml de sangue periférico, em anticoagulante EDTA de doadores de sangue.
Os componentes serão fracionados em 2 a 12 horas após a coleta para a obtenção do plasma e creme
leucocitário.
- ELISA Para quantificação dos anticorpos específicos para Leishmania, será adotado o protocolo de ELISA
descrito por Badaró e cols. (1986). O antígeno a ser utilizado é um antígeno solúvel, obtido de
homogeneizado de Leishmania, cepa isolada de paciente com leishmaniose visceral, já caracterizada por
anticorpos monoclonais e por isoenzimas como sendo Leishmania chagasi (cepa MHOM Ba 62), cedido
pela Dra Aldina Barral (FIOCRUZ-BA). As placas serão sensibilizadas com o antígeno por um pernoite.
Após lavagens, serão colocadas as amostras dos soros diluídos 1:100. Uma amostra será considerada
positiva, quando a OD for >média + 3DP da absorbância obtida dos soros de indivíduos sem exposição
prévia a leishmania.
- PCR em tempo real
Para a reação de PCR em tempo real serão utilizados iniciadores desenhados pelo programa Primer Express (Applied Biosystems, EUA), com base no gene G6PD (Glicose-6-fosfato deshidrogenase), de cópia única. São eles: G6PD Fwd – 5’-CCCGAGGGCAGCACTTG-3’ e G6PD Rev 3’-CCACCGGTCGTTGTTGATG-5’. A curva padrão para a quantificação dos parasitas será construída por meio do número de parasitas presentes em uma determinada concentração de DNA, diluída seriadamente a partir de um estoque. A especificidade dos iniciadores já foi testada e apresenta apenas um pico na curva de dissociação. 7.2 Referência Normativa
- Obtenção de plasma a partir de soro humano - BARKER. KATHY. Na Bancada. Manual De Iniciação
Científica Em Laboratórios. ARTMED. Primeira Edição 2002.
- Técnica de Extração de DNA, segundo as instruções dos fornecedores do kit Mini Spin Kit (Illustra/ GE
Healthcare código 28-9042-64).
- Cultivo de Leishmania segundo segundo Badaró R, Reed SG, Barral A, Orge G, Jones TC. Evaluation of
the micro enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) for antibodies in American visceral
leishmaniasis: antigen selection for detection of infection-specific responses. Am J Trop Med
Hyg. 1986 35:72-8.
- Técnica de obtenção de Antígeno Solúvel de Leishmania segundo S. Iborra, J. Carrión, C. Anderson, C.
Alonso, D. Sacks, and M. Soto, “Vaccination with the Leishmania infantum acidic ribosomal P0
protein plus CpG oligodeoxynucleotides induces protection against cutaneous leishmaniasis in
C57BL/6 mice but does not prevent progressive disease in BALB/c mice,” Infect. Immun. 2005 73:
5842–5852.
- Técnica de quantificacão de proteína, segundo as instruções dos fornecedores do kit Micro BCA
(Promega) - Smith, P.K., et al. (1985). Anal. Biochem. 150, 76-85.
82
- Técnica de ELISA, segundo Badaró R, Reed SG, Barral A, Orge G, Jones TC. Evaluation of the micro
enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) for antibodies in American visceral leishmaniasis:
antigen selection for detection of infection-specific responses.
- Técnica de PCR em tempo real segundo T. Castilho, L.M. Camargo, D. McMahon-Pratt, J. Shaw, L.
Floeter-Winter. A Real-Time Polymerase Chain Reaction Assay for the Identification and Quantification
of American Leishmania Species on the Basis of Glucose-6-Phosphate Dehydrogenase .Am J Trop Med
Hyg 2008 78: 122-132
7.3 Métodos estatísticos A casuística será composta por doadores voluntários de sangue, adultos, recebidos na Fundação de
Hematologia e Hemoterapia da Bahia (HEMOBA). Para se estimar uma prevalência de 9%, com um
intervalo de confiança de 95%, correspondendo a uma precisão de 15% (I.C. 95%: 7,65 a 10,35) será
necessária uma amostra de pelo menos 1.723 doadores. Neste estudo serão examinadas 1.800
amostras.
7.4 Procedimentos operacionais padrão – POPs – utilizados no estudo
Número Nome Status de revisão
VDP.13.005 POP Extração de DNA 00
VDP.13.006 POP Obtenção de Plasma 00
VDP.13.007 POP de antígeno solúvel de Leishmania SLA 00
VDP.13.008 POP Cultivo de Leishmania 00
VDP.13.009 POP Coleta de Amostras 00
VDP.13.010 POP Quantificação de proteina 00
VDP.13.011 POP Elisa 00
VDP.13.012 POP PCR Real Time 00
VDP.13.013 POP Eletroforese em Gel 00
VDP.13.014 POP Quantificação de Ac. Nucleicos 00
VDP.13.015 POP Utilização do Leitor de ELISA 00
VDP.13.016 POP Utilização do SCANWASHER 300 00
83
VDP.13.017 Tabela de Controle de Calibração e Manutenção de
Equipamentos do LIP
00
VDP.13.018 POP Controle e armazenamento de reagentes 00
VDP.13.019 POP Utilização de Microscópio Optico 00
VDP.13.020 POP Utilização de Centrífuga 00
VDP.13.021 POP Utilização de balança analítica 00
8. IDENTIFICAÇÃO DE INSUMOS E MATERIAIS
Reagente Marca Lotes Armazenamento
Ácido acético Isofar 40875 T.A.
Ácido Bórico USB 115004 T.A.
Acrilamida LGC Biotechnology 180509 T.A.
Água para injeção Sapp Flex 50356/1 T.A.
Álcool Etílico Isofar 100091 T.A.
Antibiótico Penicilina &
Streptomicina
Gibco 730853 Freezer
Anticorpo anti IgG humana Sigma Aldrich 085K6060 Geladeira
Bicarbonato de Sódio (NaHCO3) Vetec 706740 T.A.
Bis-acrilamida LGC Biotechnology 9374 T.A.
Blood genomicPrep Mini Spin Kit Illustra Ge Healthcare 373000 T.A.
BSA Sigma Aldrich 087K0691 Geladeira
Carbonato de Sódio (Na2CO3) Synth 95354 T.A.
Cloreto de Magnésio (MgCl2) Synth 96119 T.A.
EDTA Dinamica 9374 T.A.
Formaldeído Synth 108579 T.A.
Hidróxido de Sódio (NaOH) Sigma Aldrich 54H3487 T.A.
Meio Schneider LGC Biotechnology 271209 Geladeira
Micro Amp Optical 96 well
reaction plate
Applied Biosystems P29D9 QA53 T.A.
Micro Amp optical adhesive film Applied Biosystems 200912340 T.A.
Micro BCA Protein Assay Kit Thermo Scientific CK48589A T.A.
84
Nitrato de Prata Cannabras N.I. T.A.
PCR Supermix Invitrogen 1329500 Freezer
Persulfato de amônio N.I. N.I. Freezer
Peso molecular Invitrogen 398064 Freezer
Rox Invitrogen 791871
Solução Isotônica de Cloreto de
Sódio
JP Industrias
Farmacêuticas
138909 T.A.
Soro Bovino Fetal Gibco 210120K Freezer
Substrato PMN (p-
nitrofenilfosfato)
Sigma Aldrich 085K8207 Geladeira
Syber Green Invitrogen 828847 Geladeira
Syber Green para coloração de
gel
Invitrogen 506471 Freezer
TEMED Amresco 2196A08 T.A.
TRIS-base USB 115164 T.A.
Tween 20 Sigma Aldrich 029K01856V T.A.
T.A – Temperatura Ambiente
9. IDENTIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS
Conforme documento VDP.13.017 em anexo.
10. APRESENTAÇÃO DE SUMÁRIO DE RESULTADOS
A leishmaniose é causada por protozoários do gênero Leishmania e constitui um grave problema de
saúde pública na Bahia. A transmissão do protozoário pela transfusão de sangue já foi relatada e existe a
possibilidade dos hemoderivados serem um potencial risco para a transmissão da doença. O presente
trabalho teve como objetivo avaliar positividade sorológica contra Leishmania e a presença deste
parasita no sangue periférico de doadores, na cidade de Salvador, BA. Para avaliar a soroprevalência de
leishmaniose em doadores de sangue, foram coletadas amostras de sangue periférico de 700 indivíduos,
no Hemocentro da Bahia (HEMOBA), de janeiro a setembro de 2010. As amostras foram processadas
para a obtenção de plasma e de DNA. A sorologia anti-Leishmania foi feita por ELISA, empregando
antígeno solúvel de Leishmania chagasi (SLA). A presença de parasitas foi determinada por PCR
quantitativo (qPCR). A população amostral foi composta por 74.5% de indivíduos masculinos, com
média de idade de 34 anos. A partir de uma curva ROC, empregando soros de pacientes com
85
leishmaniose visceral e soros de pacientes residentes em área não endêmica, o ponto de corte para o
teste sorológico foi estabelecido em 0,0167 (DO em 405nm). A sorologia anti-Leishmania foi positiva em
5.4% (38/700) das amostras. Empregando o qPCR, foi possível determinar a presença de parasitas em
0.4% (3/700) amostras e, nestas, a quantificação foi inferior a 100 parasitas. Nossos resultados mostram
a prevalência de sorologia anti-Leishmania é de 5.4%, em doadores do HEMOBA, similar ao encontrado
em outras regiões endêmicas.
11. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES
A soro prevalência do anticorpo anti-Leishmania na população doadora de sangue do HEMOBA
é de 5.4%.
A reação de PCR quantitativa só foi capaz de detectar a presença de DNA de Leishmania em 3
amostras e, em todas elas, o número de cópias foi inferior a 100 parasitas.
12. CRONOGRAMA DE AUDITORIAS INTERNAS
Não foram realizadas auditorias internas no Estudo
13. ARQUIVAMENTO DOS DADOS
Todos os dados brutos do estudo - documentos, registros, desenhos, cadernos de laboratórios e quaisquer outras informações necessárias para garantir, assegurar e, estabelecer as condições de repetibilidade deste Estudo, estão arquivados no arquivo BPL, do Laboratório LIP, sob a guarda do Diretor do Estudo e sob a responsabilidade da Gerente da Instalação de Teste O arquivo se encontra no andar térreo do Pavilhão Zilton Andrade – Laboratório de Imunoparasitologia - LIP, situado na rua Waldemar Falcão, 121 – Candeal – Salvador/Bahia, Brasil. Dessa forma, se mantém a condição de confidencialidade e de integridade deste estudo que pertence
ao seu Patrocinador.
Salvador, 02 de março de 2011
Patrocinador Diretor de Estudo Gerente da
Instalação de Teste Pesquisador
Principal Garantia da Qualidade
Camila Indiani de Oliveira
Camila Indiani de Oliveira
Aldina Barral Kiyoshi Ferreira
Fukutani Maria Julia
Souza