universidade federal de alfenas unifal...atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a...

30
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL Campus Avançado de Poços de Caldas (MG) Instituto de Ciência e Tecnologia PAULA MARCATTI VIEIRA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE MONOETILENOGLICOL POÇOS DE CALDAS/MG 2015

Upload: others

Post on 12-Mar-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS – UNIFAL

Campus Avançado de Poços de Caldas (MG)

Instituto de Ciência e Tecnologia

PAULA MARCATTI VIEIRA

CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE MONOETILENOGLICOL

POÇOS DE CALDAS/MG

2015

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

PAULA MARCATTI VIEIRA

CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DO MONOETILENOGLICOL

Trabalho de conclusão de curso apresentado

como parte dos requisitos do curso de

Engenharia Química na Universidade

Federal de Alfenas – Campus Poços de

Caldas.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Giselle Patrícia

Sancinetti.

POÇOS DE CALDAS/MG

2015

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

V658c Vieira, Paula Marcatti.

Cinética de degradação de monoetilenoglicol. / Paula Marcatti Vieira.

Orientação de Giselle Patrícia Sancinetti. Poços de Caldas: 2015.

28 fls.: il.; 30 cm.

Inclui bibliografias: fl. 28

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Química) –

Universidade Federal de Alfenas– Campus de Poços de Caldas, MG.

1. Monoetilenoglicol. 2. Tratamento de Efluentes. 3. Reatores anaeróbicos.

I . Sancinetti, Giselle Patrícia. (orient.). II. Universidade Federal de Alfenas – Unifal

III. Título.

CDD 628.1

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos
Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

Dedico aos meus pais, familiares, amigos

e a todos que me ajudaram na concretização

desta caminhada.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por estar presente em todos os momentos de minha

vida, concebendo fé, coragem e força para conseguir vencer todos os obstáculos enfrentados.

O meu profundo e sincero agradecimento aos principais colaboradores desta

caminhada, à minha família, especialmente meus pais, que foram fundamentais na

concretização desta graduação. Eles que junto comigo compartilharam do inicio ao fim todos

os dias durante esses 5 anos, apoiando e incentivando a cada novo passo tomado. A ajuda,

paciência e generosidade de vocês foram imprescindíveis para minha formação.

À professora e orientadora Dr.ª Giselle Patrícia Sancinetti que desde o princípio esteve

ao meu lado colaborando e auxiliando nessa formação, sendo de grande importância para a

conclusão não só deste trabalho, como outros desenvolvidos em parceria. Seu conhecimento,

dedicação, disposição em sempre estar me atendendo, fizeram total diferença para meu

crescimento e aprendizado.

A todos os professores que durante todos estes períodos contribuíram para que essa

formação ocorresse, transmitindo ensinamentos e vivências que serão de grande valia para a

profissional que há de se formar.

A todos os técnicos e funcionários que de um jeito ou de outro estiveram presentes,

auxiliando e prestando assistência no que foi necessário.

A empresa M&G Fibras Brasil S.A pelo apoio ao ceder o material necessário para a

realização desta pesquisa.

Aos meus amigos e colegas que colaboraram com a conclusão deste trabalho. Aos

amigos que conquistei durante a graduação e que juntos vivemos e batalhamos por essa

formação, principalmente as meninas que convivi e morei; as vizinhas que sempre estiveram

presentes e os amigos que estiveram do meu lado, acompanhando e vivenciando cada alegria

e tristeza. Vocês hoje fazem parte da minha vida e estarão presentes comigo para sempre.

Aos amigos da sala, por cada apoio e incentivo, por cada descontração e por todas as

dificuldades que enfrentamos juntos.

Aos amigos da minha cidade natal, que sempre me apoiaram na minha caminhada e

que entenderam minha ausência em diversas ocasiões.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

RESUMO

O crescimento industrial gera aumento no volume de efluentes industriais, os quais são uns

dos principais causadores da poluição ambiental. A fim de diminuir o impacto negativo

causado ao meio ambiente, eles devem ser previamente tratados para evitar a contaminação da

fauna e flora. A partir disso, diversos métodos de tratamento foram desenvolvidos, sendo eles,

físicos, químicos ou biológicos, estes aeróbios ou anaeróbios. O tratamento aeróbio é mais

empregado industrialmente, entretanto é desvantajoso economicamente devido ao alto

consumo de energia e geração de lodo, por isso diversas empresas estudam a possibilidade de

adotar meios anaeróbios para tratamento de suas águas residuárias, como no caso da M&G

Fibras Brasil S.A que utiliza como método de tratamento os lodos ativados. Nesta empresa, o

efluente possui como principal componente o monoetilenoglicol (MEG), que é uma matéria

orgânica tóxica de baixo peso molecular. Este projeto propôs o estudo da cinética de

degradação do MEG em reatores anaeróbios a partir de ensaios em reatores em batelada, os

quais forneceram resultados satisfatórios durante o período experimental apresentando

remoção de DQO superior a 50% para concentração em torno de 800 mg.l-1.

Palavras – chave: Monoetilenoglicol. Tratamento anaeróbio. Cinética de degradação.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

ABSTRACT

The industry growth increases the volume of industrial effluent, which is one of the main

causes of environmental pollution. To reduce the negative impact on the environment, it needs

to be previously treated to avoid the contamination of the fauna and flora. From this, various

methods of treatment were developed, which can be physical, chemical or biological, and

these can be aerobic or anaerobic. The aerobic treatment is the most applied industrially,

however it is more economically unfavorable because of the high energy consumption and

generation of sludge, so some industries study the possibility of adopting anaerobic ways to

treat their wastewater, like the M&G Fibras Brasil S.A, that uses the method of activate

sludge treatment. In this company, the effluent’s main component is monoethyleneglycol

(MEG), a toxic organic material of low molecular weight. This project proposes the study of

the degradation kinetics of MEG in anaerobic reactors from tests in batch reactors, which

provided satisfactory results during the experimental period, showing Chemical Oxygen

Demand (COD) removal higher than 50% for concentration around 800 mg.l-1

.

Keys words: Monoethylene glycol; Anaerobic treatment; Degradation kinetics.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 9

2. OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 9

3. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................ 10

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................................... 11

4.1. Velocidade de reação ................................................................................................................. 11

4.2. Reator Batelada .......................................................................................................................... 12

4.3. Constante de velocidade ............................................................................................................. 13

4.4. Efluentes Industriais ................................................................................................................... 14

4.5. Tratamento anaeróbio ................................................................................................................. 15

4.6. Demanda Química de Oxigênio ................................................................................................. 18

4.7. Monoetilenoglicol ...................................................................................................................... 18

4.8. Degradação de monoetilenoglicol .............................................................................................. 19

5. METODOLOGIA ........................................................................................................................... 19

5.1. Reator Branco ............................................................................................................................. 20

5.2. Reatores R1, R2 e R3 ................................................................................................................. 20

5.3. Forma de análise dos resultados ................................................................................................. 21

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................................. 21

6.1. Reator Branco ............................................................................................................................. 21

6.2. Reatores R1, R2 e R3 ................................................................................................................. 22

7. CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 29

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

9

1. INTRODUÇÃO

O alto índice de crescimento urbano aliado ao crescimento industrial são os principais

causadores da poluição do meio ambiente, afetando os recursos hídricos, o ar, o solo e o meio

biótico. O efluente produzido por um centro urbano pode ser subdividido em grupos, sendo

um deles os provindos das indústrias. Estes quando descartados em corpos d´água ou na rede

de esgoto sem tratamento prévio, acarretam sérios problemas com relação à degradação

ambiental e sanitária (ARCHELA et al., 2003).

Os efluentes industriais são caracterizados por possuírem compostos orgânicos e

inorgânicos em sua composição. Os compostos orgânicos, quando lançados em corpo

aquático, aumentam a proliferação de bactérias no meio ocasionando aumento na atividade

total de respiração e por consequência aumentam a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)

(ARCHELA et al., 2003). A respiração aeróbia dos microrganismos irá diminuir os níveis de

oxigênio do meio, tornando-o inóspito para a sobrevivência dos peixes (VON SPERLING,

1996).

A fim de diminuir a carga orgânica nos efluentes podem-se adotar métodos de

tratamento aeróbios e anaeróbios. Embora o aeróbio seja o mais aplicável atualmente, ele é

menos viável economicamente. Dessa forma, estuda-se a possibilidade de desenvolver novas

tecnologias a partir de ambientes anaeróbios, os quais são mais vantajosos economicamente

por apresentarem baixa produção de lodo, dispensando posteriores gastos com o destino deste;

baixo consumo de energia elétrica; baixo custo de implementação e operação

(CHERNICHARO, 2007).

2. OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho foi avaliar a degradação anaeróbia de

monoetilenoglicol em reator batelada.

Os objetivos específicos foram:

a) Avaliar a degradação para concentrações crescentes de DQO;

b) Obter a constante de velocidade específica para a degradação de

monoetilenoglicol.

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

10

3. JUSTIFICATIVA

O monoetilenoglicol (MEG) é um reagente utilizado em diversas aplicações

industriais, como para a produção de fibras e resina PET. Durante a sua aplicação, as

moléculas não convertidas em produto são descartadas e compõem o efluente industrial

(DWYER; TIEDJE, 1983). Este é um dos problemas enfrentados pela empresa M&G Fibras

Brasil S.A localizada em Poços de Caldas, a qual possui o composto como principal reagente

da sua cadeia produtiva, como pode ser observado na Figura 1.

Figura 1 - Diagrama do processo produtivo da Resina PET, Fibras e outros materiais do grupo

M&G.

Fonte: M&G Chemicals.

Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método

de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos ativados para degradar o MEG, o qual é

satisfatório, porém dispende de alta demanda de energia e geração de lodo, o qual requer

destinação final adequada (CHERNICHARO, 2007).

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

11

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1. Velocidade de reação

A velocidade de reação (ri) determina a agilidade com que a quantidade de mol de uma

espécie química está sendo consumida para gerar outra, ou seja, é definida como a quantidade

de mols consumidos por unidade de volume por tempo. Considerando uma reação química

nA B, tem se a seguinte expressão algébrica para a velocidade de consumo de A (FOGLER,

2009).

, (1)

onde, k é a constante de velocidade, dependente da temperatura do sistema; a concentração

da espécie A e n é o coeficiente estequiométrico.

A equação (1) pode ser utilizada para determinar a velocidade da reação que ocorre no

interior de qualquer reator, seja ele contínuo ou descontínuo, pois os parâmetros adotados no

seu calculo são baseados nas propriedades do reagente e as condições de operação do reator,

como por exemplo, temperatura e concentração das espécies. Além disso, a velocidade pode

ser obtida para diversos pontos dentro do equipamento devido às variações que esses

parâmetros sofrem em seu interior, alterando assim os valores da taxa de formação do produto

(FOGLER, 2009).

A partir da velocidade de reação pode-se obter a taxa de geração de uma espécie

química ( ) dentro de um reator, a qual está expressa pela equação (2). Para esta considera-se

que há variações dos parâmetros nos diferentes pontos dentro do volume (V) do equipamento,

resultando em valores diferentes de velocidade de reação nas diferentes posições (FOGLER,

2009).

; (2)

A partir do conhecimento da velocidade de geração de uma espécie química dentro do

reator, além da sua vazão de entrada ( ) e saída ( ), pode-se calcular o seu acúmulo (

)

dentro do equipamento a partir de um balanço de molar, a qual expressão algébrica está

representada na equação (3) (FOGLER, 2009).

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

12

. (3)

4.2. Reator Batelada

O reator batelada possui como principal característica ser descontínuo, o que significa

não haver vazão de alimentação de reagente nem vazão de saída de produtos. Este

equipamento possui orifícios em sua parte superior para haver a alimentação ou esvaziamento,

além de possuir agitadores, a fim de homogeneizar a solução (FOGLER, 2009). Seu design

em escala industrial está representado na Figura 2.

Figura 2 - Reator batelada industrial.

Fonte: MMC.

Ele é aplicado em operações com baixa escala de produção, para testar novos

produtos, principalmente quando caros e também em processos que seja difícil o emprego de

operações contínuas (FOGLER, 2009).

Neste reator pode-se deixar o reagente em seu interior por longos períodos de tempo, o

que proporciona altas taxas de conversões destes em produtos. Os produtos podem apresentar

diferenças entre uma batelada e outra, sendo isso uma desvantagem do processo, além do alto

custo de operação e a dificuldade em produzir em alta escala (FOGLER, 2009).

Com a finalidade de descobrir o volume necessário para comportar uma reação ou o

tempo necessário para converter uma quantidade de reagente em produto é possível utilizar a

equação (3) e adaptá-la a este reator. Neste tem-se que = = 0, já que o reator batelada é

caracterizado por ser um processo descontínuo. Além disso, por apresentar homogeneização

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

13

pode-se admitir que sua velocidade de reação é igual em todos os pontos dentro do volume do

reator. Dessa forma, a equação molar pode ser expressa conforme equação (4) (FOGLER,

2009).

. (4)

4.3. Constante de velocidade

A constante de velocidade, que também é conhecida como velocidade específica da

reação, na verdade não é uma constante. Essa denominação é devido a sua independência com

relação às concentrações envolvidas nas reações estudadas, sendo ela fortemente dependente

da temperatura, embora também dependa de outros parâmetros, os quais exercem um efeito

muito menor sobre esta constante, tais como pressão parcial do gás, força iônica e solvente

escolhido. (FOGLER, 2009).

Para a maioria dos estudos de reações de laboratório e industriais é considerado apenas

a temperatura ( ) como parâmetro no cálculo da constante de velocidade , como pode ser

observado na equação (5) (FOGLER, 2009).

( ) , (5)

em que,

= Fator pré exponencial ou fator de frequência;

= Energia de ativação, em J/mol ou cal/mol;

= Constante universal dos gases = 8,314 J/mol.K = 1,987 cal/mol.k.

Esta é conhecida como equação de Arrhenius, a qual tem a sua eficiência comprovada

empiricamente para a maioria das reações químicas sob uma ampla faixa de valores de

temperatura (FOGLER, 2009).

Conhecer o valor da constante de velocidade é importante para analisar o

comportamento de uma reação, pois como pode ser observada na equação (5), esta é

diretamente proporcional à velocidade de reação, sendo que o estudo desta também é

interessante, pois define a eficiência do processo empregado, como também proporciona

conhecer a natureza da reação (FOGLER, 2009).

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

14

Para os tratamentos de efluentes em reatores batelada, no qual se considera uma

constante cinética aparente de primeira ordem (

), é possível calcular este parâmetro,

assim como a velocidade global geral ( ) com que a degradação está ocorrendo, a partir da

equação definida por CUBAS et al. (2006), a qual está definida abaixo.

( )

( ); (6)

onde,

: Concentração inicial de substrato no efluente (mg.l-1

);

: Concentração final de substrato no efluente (mg.l-1

);

: tempo (h-1

);

: concentração do efluente no tempo t (mg.l-1

).

constante cinética aparente de primeira ordem(h

-1)

Esta equação pode ser integrada, resultando em :

( )

. (7)

Este equação pode ser utilizada para calcular os valores desses parâmetros a partir de

dados obtidos em ensaios experimentais.

4.4. Efluentes Industriais

Todos os processos industriais, domésticos e hospitalares são suscetíveis à produção

de resíduos sólidos, líquidos e gasosos e todos devem ser tratados antes de serem dispostos no

meio ambiente. Para isso, houve a necessidade de desenvolvimento de tratamentos genéricos

e específicos para o cuidado de cada tipo de efluente (METCALF; EDDY, 1979).

Focando nos efluentes líquidos, a partir de 1970, houve a preocupação em se retirar os

materiais sólidos do meio, realizar um tratamento para biodegradar os compostos orgânicos e

eliminar os organismos patogênicos presentes. Em meados de 1980 percebendo a necessidade

de melhorar o tratamento desses resíduos houve a preocupação em diminuir a demanda

bioquímica de oxigênio (DBO), melhorar a coleta dos sólidos suspensos e diminuir os

organismos biológicos (METCALF; EDDY, 1979).

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

15

Além disso, havia programas liderados por agencias estatais e federais que possuíam

como objetivo melhorar a qualidade da agua a partir do tratamento dos efluentes. Para isso, a

pauta destes programas era baseada no aprimoramento dos conhecimentos sobre os efeitos

provocados no meio ambiente; o efeito causado por alguns componentes específicos

encontrados neste e o desenvolvimento de uma politica para proteção do meio-ambiente

(METCALF; EDDY, 1979).

A partir de 1980, a melhoria da qualidade da água continuou a ser estudada a partir da

melhoria do tratamento de efluentes baseando-se na remoção de compostos que afetam a

saúde humana e causam impactos ambientais (METCALF; EDDY 1979).

Existem diversos estudos sobre diferentes meios de tratamentos dos efluentes,

destacando-se os sistemas aeróbios e anaeróbios (METCALF; EDDY, 1979).

4.5. Tratamento anaeróbio

O tratamento de esgotos e efluentes realizado em ambientes anaeróbios, ou seja,

ausentes de oxigênio, a princípio pode ser utilizado para degradar todos os tipos de matéria

orgânica. Embora seja pouco empregado em comparação aos tratamentos aeróbios, ele está

sendo largamente aplicado no tratamento de efluentes agrícolas, indústrias alimentícias e de

bebidas (CHERNICHARO, 2007).

Essa tecnologia possui diversas vantagens, como a baixa produção de lodo (cerca de 2

a 8 vezes menor que o tratamento aeróbio); baixo consumo de energia; baixo custo de

implementação e operação; preservação da biomassa, a qual pode ser mantida por diversos

meses e tolerância a altas cargas de matéria orgânica (CHERNICHARO, 2007).

Entretanto há desvantagens, como os mecanismos da digestão anaeróbia que são

complexos; o processo inicial de digestão é lento quando o lodo não está adaptado e o

efluente tratado às vezes não é capaz de atender os padrões ambientais, sendo necessária a

aplicação de um pós-tratamento (CHERNICHARO, 2007).

Algumas desvantagens e vantagens estão exemplificadas em valores numéricos na

Tabela 1, as quais estão comparadas as do processo aeróbio. Nesta considera-se a produção de

novas células, que acarreta na formação de lodo (SPEECE; 1996).

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

16

Tabela 1 - Comparação de algumas características do processo aeróbio e anaeróbio considerando 1

tonelada de DQO.

Biotecnologia

Anaeróbico Aeróbico

Consumo de eletricidade - 1100kwh

Geração de metano 1.1 x 107 Btu -

Produção de novas células

(lodo) 20 - 150 kg 400 - 600 kg Fonte: Adaptada de Speece (1996).

A digestão anaeróbia é realizada por diversos tipos de microrganismos que oxidam a

matéria orgânica por meio dos processos fermentativos, produzindo metano, gás carbônico,

água, gás sulfídrico e amônia. Esse processo pode ser dividido em diversas fases, as quais são

classificadas de acordo com as diferenças nas rotas metabólicas devido ao emprego de

diferentes tipos de microrganismos (CHERNICHARO, 2007).

A primeira fase é a hidrólise, a qual consiste em converter materiais orgânicos

particulados que apresentam cadeias grandes (polímeros) em matérias dissolvidos mais

simples, por meio das exoenzimas excretadas pelas bactérias fermentativas hidrolíticas que

excretam. Isso deve ser realizado como primeira fase devido à incapacidade dos

microrganismos digerirem a matéria orgânica particulada, já que posteriormente a essa etapa

ela pode ser facilmente assimilada pelas bactérias (CHERNICHARO, 2007).

A segunda fase é a acidogênese, caracterizada pela decomposição da matéria orgânica

dissolvida por meio das bactérias acidogênicas. O processo fermentativo, o qual ocorre no

interior das células, metaboliza os produtos advindos da hidrólise, que são os açúcares,

aminoácidos e ácidos graxos, produzindo compostos mais simples, como por exemplo, ácidos

graxos, álcoois, cetona, dióxido de carbono e hidrogênio, além das novas células bacterianas

que também são formadas (CHERNICHARO, 2007).

A terceira fase é a acetogênese, a qual consiste na decomposição de matérias orgânicas

intermediárias por meio da digestão das bactérias sintróficas acetogênicas. Os produtos

formados são o acetato, hidrogênio e gás carbônico, os quais servem de substrato para a

próxima fase, que é a metanogênese (CHERNICHARO, 2007). Além disso, nesta etapa é

importante que a pressão parcial de hidrogênio esteja em níveis baixos, pois assim é possível

manter uma condição termodinâmica favorável e permitir a conversão dos ácidos e dos

álcoois em acetatos (SPEECE; 1996).

A metanogênese é definida como a quarta fase e é responsável pela última etapa de

decomposição das matérias orgânicas, cujos microrganismos metanogênicos as convertem em

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

17

metano e dióxido de carbono. Os microrganismos metanogênicos são divididos em dois

principais grupos de acordo com o substrato utilizado para o metabolismo, as metanogênicas

acetoclásticas e metanogênicas hidrogenotróficas. As primeiras produzem gás carbônico e

metano a partir da degradação do acetato e as segundas decompõem o gás carbônico e

hidrogênio em metano (CHERNICHARO, 2007).

Os processos apresentados podem ser facilmente visualizados na Figura 3 a seguir:

Orgânicos complexos

(carboidratos, proteínas, lipídeos)

Orgânicos simples

(açúcares, aminoácidos, peptídeos)

Ácidos orgânicos

(propionato, butirato, etc)

Para definir o melhor tratamento anaeróbio a ser adotado é importante conhecer o

comportamento da reação, sendo fundamental o conhecimento da etapa que controla a

velocidade global desta. Em muitos casos para este tipo de reator, a reação de degradação é

Bactérias fermentativas (Hidrólise)

Bactérias acetogênicas produtores de hidrogênio

Metanogênicas

hidrogenotróficas

Bactérias fermentativas (Acidogênese)

Bactérias acetogênicas (acetogênese)

Bactérias acetogênicas consumidores de hidrogênio

Arqueas metanogênicas (metanogênese)

Metanogênicas

acetoclásticas

CH4 + CO2

H2 + CO2 Acetato

Figura 3 - Rotas metabólicas explicitando os grupos microbianos envolvidos na digestão

anaeróbia.

Fonte: Adaptado de Chernicharo (2007).

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

18

controlada pela natureza do substrato, o design, a temperatura e a taxa de carregamento. Para

cada tipo de efluente existe uma etapa mais lenta (SPEECE, 1996).

4.6. Demanda Química de Oxigênio

A Demanda Química de Oxigênio (DQO) é uma técnica que mede indiretamente a

quantidade de matéria orgânica presente em um determinado meio, pois indica o teor de

oxigênio consumido durante a oxidação química de um composto (VON SPERLING, 1996).

O método consiste em utilizar um forte oxidante, o dicromato de potássio ( ),

em meio ácido com um catalisador, a fim de oxidar a matéria-orgânica presente no efluente.

Quando isso ocorre, o íon dicromato, que possuia o cromo no estado hexavalente é reduzido

ao estado trivalente (APHA, 2012).

A determinação da DQO a partir desta reação pode ser realizada por três principais

métodos: titulométrico com refluxo aberto, titulométrico com refluxo fechado e o

colorimétrico com refluxo fechado.

Os métodos titulométricos consistem na titulação de sulfato ferroso amoniacal, o qual

reage com o dicromato em excesso e assim, determina qual foi o teor de oxigênio consumido.

O método colorimétrico determina a quantidade de oxigênio consumido a partir de um

espectrofotômetro no comprimento de onda de 620 nm, o qual indica a quantidade absorvida

nesta região pelo íon cromo indicando proporcionalmente o quanto de oxigênio foi consumido

na reação.

4.7. Monoetilenoglicol

O monoetilenoglicol (MEG – Etano-1,2-diol) é um líquido incolor, miscível em água e

tóxico ao consumo humano, utilizado como reagente em indústrias que produzem fibras,

biofilmes, refrigerantes de motores e na fabricação de garrafas. Durante a sua aplicação nem

todas as moléculas desse composto são convertidas no produto de interesse, o que resulta na

sua presença em efluentes industriais. Quando isso acontece, ocorre um aumento nos níveis da

demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e também da demanda química de oxigênio (DQO)

no efluente. Dessa forma, quando estes são dispostos no meio ambiente sem tratamento, a

fauna e a flora podem ser contaminadas (GHOGARE; GUPTA, 2012).

O Gruppo Mossi & Ghisolfi proprietário da empresa M&G Fibras Brasil S.A.

localizada em Poços de Caldas-MG possui o MEG como principal reagente na sua cadeia

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

19

produtiva e também no seu efluente. A fim de decompor essa matéria orgânica e

consequentemente diminuir a DQO do efluente, utiliza-se lodos ativados como método de

tratamento aeróbio, os quais possuem resultados satisfatórios, entretanto do ponto de vista

econômico possui alta demanda de energia e geração de lodo. Este último é disposto em tubos

geotêxteis, os quais necessitam de novas aquisições esporadicamente, além da necessidade de

disposição final adequada, não podendo ser descartado no meio ambiente (M&G Chemicals,

2015).

4.8. Degradação de monoetilenoglicol

O monoetilenoglicol sofre decomposição por processos anaeróbios e aeróbios, sendo

este último comumente mais aplicável, pois existem rotas de metabolismo conhecidas.

Entretanto esse tratamento possui elevados custos (DWYER; TIEDJE, 1983).

Os processos anaeróbios possuem baixo nível de aplicação, pois as suas rotas de

metabolismo são pouco conhecidas. Dwyer e Tiedje (1983) estudaram o processo anaeróbio,

o qual também se mostrou satisfatório. A partir disso, pode ser vantajosa a aplicação desse

método de tratamento.

5. METODOLOGIA

Um galão com aproximadamente 5L do efluente da M&G Fibras foi coletado na sede

industrial da empresa a fim de utilizá-lo como fonte de matéria orgânica para o estudo da

cinética de decomposição, já que seu principal componente é o monoetilenoglicol.

Como inóculo foi usado lodo proveniente de reator anaeróbio do tratamento de

abatedouro de aves do município de Tietê-SP.

O efluente coletado possuía demanda química de oxigênio (DQO) de 3500 mg.l-1

.

Posteriormente, foram encaminhados para ensaios em reatores batelada, frascos Duran de 500

ml. Os reatores permaneceram em Incubadora Refrigerada (Shaker) com agitação de 150 rpm

e 30°C.

Para acompanhar a decomposição de MEG no meio reacional foram realizadas

análises de DQO duas vezes na semana, retirando-se dos reatores cerca de 3,8 ml de

sobrenadante com o auxílio de uma seringa. Estas amostras foram centrifugadas por 10 min

para posterior análise de DQO.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

20

A operação desses reatores foi realizada em várias etapas a fim de verificar a ação dos

microrganismos na degradação de MEG. Inicialmente foi realizado ensaio com uma

concentração de 500 mg.l-1

. Posteriormente, a concentração inicial foi aumentada para 800

mg.l-1

.

A cada fase o sobrenadante era descartado, permanecendo a biomassa, com adição de

solução de MEG e nutrientes.

5.1. Reator Branco

Foi realizado ensaio em branco apenas com adição de MEG sem a presença de inoculo

e nutrientes para avaliar a autodegradação.

Antes da vedação do reator houve fluxo de gás de nitrogênio.

5.2. Reatores R1, R2 e R3

Os ensaios foram feitos em triplicata com DQO inicial de 500 mg.l-1

. Para esta

condição foram adicionados 43 ml de MEG, 30ml de inoculo e 227ml de meio nutricional

com composição apresentada na Tabela 2, conforme sugerido por Del Nery (1987). Além

disso, nestes reatores houve fluxo de nitrogênio antes da vedação do recipiente, a fim de

inertizar o meio.

Tabela 2 - Nutrientes que compõem o meio nutricional.

Nutrientes Concentração (mg/L)

CH4N2O 18,75

NiSO4.7H2O 0,150

FeSO4.7H2O 0,750

FeCl.6H2O 0,075

CaCl2.2H2O 7,050

CoCl2.6H2O 0,012

SeO2 0,0105

KH2PO4 12,75

K2HPO4 3,255

Na2HPO4.7H2O 5,010

NaHCO 300,0

Fonte: do autor.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

21

5.3. Forma de análise dos resultados

As análises de DQO foram realizadas duas vezes por semana, de acordo com os

métodos do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (2012), pelo

método colorimétrico.

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1. Reator Branco

O ensaio deste reator foi realizado a fim de conhecer o comportamento da

concentração de monoetilenoglicol em função do tempo, para que fosse possível descobrir se

este efluente se degrada sozinho ou se sua concentração se mantinha constante com o tempo.

Os dados obtidos estão representados na Figura 4.

Figura 4 - Gráfico do comportamento da concentração de MEG em função do tempo.

Fonte: do autor.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

22

Analisando a Figura 4 pode-se afirmar que a concentração do efluente se manteve

constante com o tempo e também com valores bem semelhantes, o que indica que não houve

autodegradação.

6.2. Reatores R1, R2 e R3

Os reatores R1, R2 e R3 foram submetidos aos mesmos cuidados e condições a fim de

se obter a comparação entre os dados, os quais foram obtidos por meio de análises de DQO.

Além disso, em cada reator realizou-se 5 fases experimentais: F1, F2, F3, F4 e F5. As Figuras

5, 6 e 7 representam os gráficos correspondentes à duração de cada etapa e a variação das

concentrações de MEG em cada uma delas. Nesses gráficos cada linha pontilhada simboliza o

fim de uma etapa e o início da outra, sendo por este motivo que existem pontos de

amostragem que são bem elevados posteriormente aos de baixos, os quais, respectivamente,

representam os valores iniciais e finais de cada fase.

Figura 5 - Evolução da degradação nas diferentes fases do Reator 1.

Fonte: do autor.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

23

Figura 6 - Evolução da degradação nas diferentes fases do Reator 2.

Fonte: do autor.

Figura 7 - Evolução da degradação nas diferentes fases do Reator 3.

Fonte: do autor.

Analisando as figuras, nota-se que durante a primeira etapa necessitou-se de um

período maior, em média 15 dias, para haver a diminuição significativa na concentração de

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

24

DQO, enquanto que a partir da segunda etapa, a diminuição ocorreu mais rapidamente, em

média de 10 dias, mesmo partindo-se de uma concentração inicial de MEG maior. Isso

demonstra que os microrganismos adaptaram-se ao meio.

A concentração de MEG para a F1 foi estimada em 500 mg.l-1

, enquanto que as outras

foram estimadas em 800 mg.l-1

. Entretanto, realizando as análises de DQO notou-se que as

concentrações não estavam próximas a este valor, indicando possivelmente uma diluição, já

que não houve autodegradação do efluente, como foi observado anteriormente nas análises do

reator branco.

Assim, a fim de conhecer a remoção de MEG em cada fase de cada reator, estas foram

calculadas, como pode ser observado nas Tabelas 3, 4 e 5.

Tabela 3 - DQO em cada fase do ensaio no Reator 1.

Tempo de operação

(dias)

DQO inicial

(mg.l-1

)

DQO final

(mg.l-1

)

Remoção

(%)

F1 37 500,00 98,12 80,38

F2 17 662,18 191,22 71,12

F3 84 500,00 122,85 75,43

F4 48 395,33 169,33 57,17

F5 70 382,77 108,81 71,57

Fonte: do autor.

Tabela 4 – DQO em cada fase do ensaio no Reator 2.

Tempo de operação

(dias)

DQO inicial

(mg.l-1

)

DQO final

mg.l-1

)

Remoção

(%)

F1 37 500,00 82,66 83,47

F2 17 748,20 191,22 74,44

F3 84 500,00 117,76 76,45

F4 48 364,77 153,54 57,91

F5 70 408,15 141,60 65,31

Fonte: do autor.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

25

Tabela 5 - DQO em cada fase do ensaio no Reator 3.

Tempo de operação

(dias)

DQO inicial

(mg.l-1

)

DQO final

(mg.l-1

)

Remoção

(%)

F1 37 500,00 95,54 80,89

F2 17 592,81 201,65 65,98

F3 84 500,00 173,78 65,24

F4 48 418,25 158,80 62,03

F5 70 392,92 131,51 66,53

Fonte: do autor.

A partir de todos os dados de remoção da Tabela 3, 4 e 5 é possível encontrar a

remoção média de MEG do meio, que foi de 70,26%.

A fim de estudar outro parâmetro do processo, foi possível obter o valor da constante

cinética da reação de degradação do monoetilenoglicol a partir dos dados de concentração que

foram coletados durante o estudo, especificamente a última fase. Para realizar esta estimativa

foi utilizada a equação (7). Os resultados encontrados para os reatores 1, 2 e 3 estão

representados nas Figuras 8, 9 e 10.

Figura 8 – Estimativa da constante cinética do reator 1.

Fonte: do autor.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

26

Figura 9 - Estimativa da constante cinética do reator 2.

Fonte: do autor.

Figura 10 - Estimativa da constante cinética do reator 3.

Fonte: do autor.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

27

A Tabela 6 apresenta o valor da constante cinética obtida para cada um dos reatores.

Tabela 6 - Valores encontrados para a constante cinética aparente e o ajuste de reta a partir das

análises dos dados obtidos em laboratório.

Kap

± σ (h-1

) R2

Reator 1 0,36 ± 0,04 0,95739

Reator 2 0,44 ± 0,07 0,92457

Reator 3 0,66 ± 0,11 0,94935

Fonte: do autor.

Observando-se os gráficos anteriores e o valor do ajuste de reta nota-se que a

estimativa realizada foi adequada. Isso também se comprova a partir dos valores estimados

das concentrações finais ( ) de cada reator encontrados na simulação, os quais foram

próximos aos dados experimentais, como pode ser observado na Tabela 7.

Tabela 7 - Comparação dos valores estimados pelo modelo e encontrados em análises laboratoriais.

Concentração final (mg.l-1

)

Estimativa Experimental

Reator 1 117,60 108,81

Reator 2 131,08 141,60

Reator 3 122,27 131,51

Fonte: do autor.

Observando-se os valores obtidos para a constante cinética a média dos 3 reatores foi

de 0,49 h-1

. Como não existem dados da literatura para que se possa fazer a comparação,

considera-se que este valor possa ser usado como referencia para estudos posteriores.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

28

7. CONCLUSÃO

A partir das análises de DQO foi possível encontrar a remoção do monoetilenoglicol

presente no efluente estudado, o qual foi em média de 70,26%, indicando uma boa eficiência

no tratamento anaeróbio. Além disso, foi possível obter o valor da constante cinética de

degradação para as condições deste trabalho que foi em média de 0,49 h-1

e pode ser utilizado

como referência para estudos posteriores, já que não existem dados na literatura atual. Para

futuros trabalhos propõem-se outras condições, como a adoção de uma maior concentração de

efluente e até mesmo do lodo.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL...Atualmente, antes de dispor o efluente no meio ambiente, a empresa utiliza o método de tratamento aeróbio baseado na utilização de lodos

29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APHA - AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard Methods for the

examination for water and wastewater. 22th ed. New York. 2012.

ARCHELA, E.; CARRARO A.; FERNANDES, F.; BARROS, O. N. F.; ARCHELA, R. S.

Considerações sobre a geração de efluentes líquidos em centros urbanos. Geografia. p.

517-525. V. 12. 2003.

CHERNICHARO, C. A. D. L. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias:

Reatores anaeróbios. 2 ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. 380 p.

CUBAS, S. A.; FORESTI E.; RODRIGUES J. A. D.; RATUSZNEI, S. M.; ZAIAT M.

Effects of solid-phase mass transfer on the performance of a stirred

anaerobic sequencing batch reactor containing immobilized biomass. Bioresource

Technology, p. 1411–1417, 2006

DWYER, D. F.; TIEDJE, J. M. Degradation of Ethylene Glycol and Polyethylene Glycols

by MethanogenicConsortiat. Appliedandenvironmentalmicrobiology .p. 185-190.V.46.

1983.

FOGLER, H. S. Elementos de Engenharia das Reações Químicas. 4 ed. Rio de Janeiro:

LTC, 2009. 4 ed. 853 p.

GHOGARE, P. D; GUPTA, S. G. Degradation of Mono Ethylene Glycol by Few Selected

Microorganisms and Developed Microbial Comsortium.International Journal of

Microbiological Research.3 (2): 93-98, 2012.

M&G Chemicals. Disponível em: <http://www.mg-chemicals.com.br/pt/produtos/resinas-pet-

para-embalagens>. Acesso em: 06 maio 2015.

METCALF & EDDY, INC. Wastewater engineering: treatment, disposal, and reuse.

McGraw-Hill, Inc., 1979, 1334p.MMC. Reatores para maionese: Modelos para pequenas e

médias produções. Disponível em: <http://www.mmc-

equipamentos.com.br/reatormaionese.htm>. Acesso em: 04 maio 2015.

SPEECE, R.E. Anaerobic Biotechnology for Industrial Wastewaters. Environ. Sci.

Technol., V. 17, Philadelhphia, 1983.

VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos.

Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental – DESA. Universidade Federal de Minas

Gerais. V. 1. 1996.