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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL FUNGEMIA DIAGNOSTICADA POR HEMOCULTURA E PCR MULTIPLEX EM PACIENTES NEUTROPÊNICOS FEBRIS ONCO-HEMATOLÓGICOS HEBERTON MEDEIROS TEIXEIRA RECIFE 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL

 

FUNGEMIA DIAGNOSTICADA POR HEMOCULTURA E PCR MULTIPLEX EM

PACIENTES NEUTROPÊNICOS FEBRIS ONCO-HEMATOLÓGICOS

HEBERTON MEDEIROS TEIXEIRA

RECIFE

2011

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HEBERTON MEDEIROS TEIXEIRA

FUNGEMIA DIAGNOSTICADA POR HEMOCULTURA E PCR MULTIPLEX EM

PACIENTES NEUTROPÊNICOS FEBRIS ONCO-HEMATOLÓGICOS

 

 

 

 

                   

 

 

 

 

  ORIENTADORA: PROFA. DRA. VERA MAGALHÃES DA SILVEIRA

COORIENTADOR: PROF. DR. CARLOS ALEXANDRE ANTUNES DE BRITO

RECIFE

2011

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA À BANCA EXAMINADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL – CCS/UFPE COMO REQUISITO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM MEDICINA TROPICAL ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: MEDICINA TROPICAL.

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Teixeira, Heberton Medeiros Fungemia diagnostica por hemocultura e PCR multiplex em pacientes neutropênicos febris onco-hematológicos / Heberton Medeiros Teixeira. – Recife: O Autor, 2011.

112 folhas: il., quadro. ; 30 cm .

Orientador: Vera Magalhães da Silveira

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCS. Medicina Tropical, 2011.

Inclui bibliografia, apêndices e anexos.

1. Diagnóstico. 2. Fatores de risco. 3. Fungemia. 4. Neutropenia. 5. Reação em cadeia de polimerase. I. Silveira, Vera Magalhães da. II.Título.

UFPE

616.994 18 CDD (20.ed.) CCS2011-069

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL

REITOR

Amaro Henrique Pessoa Lins

PRÓ-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Anísio Brasileiro de Freitas Dourado

DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

José Thadeu Pinheiro

COORDENADOR DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA

TROPICAL

Maria Rosângela Cunha Duarte Coêlho

VICE-COORDENADOR DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA

TROPICAL

Heloísa Ramos Lacerda de Melo

CORPO DOCENTE

Ana Lúcia Coutinho Domingues

Célia Maria Machado Barbosa de Castro

Edmundo Pessoa de Almeida Lopes Neto

Fábio André Brayner dos Santos

Heloísa Ramos Lacerda de Melo

Maria Amélia Vieira Maciel

Maria do Amparo Andrade

Maria de Fátima Pessoa Militão de Albuquerque

Maria Rosângela Cunha Duarte Coêlho

Marli Tenório Cordeiro

Ricardo Arraes de Alencar Ximenes

Vera Magalhães da Silveira

Valdênia Maria Oliveira de Souza

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Vláudia Maria Assis Costa

Dedico esta dissertação de mestrado:

A Deus, nosso pai e criador, sem ele nada disso existiria.

À minha amada Carolina, esposa, amiga e companheira, razão do meu

viver, e que tanto me apoiou nessa caminhada, sem você não teria

conseguido essa realização.

À nossa filha desejada e já querida, Maria Eduarda, esperamos que a

sua geração seja mais humana e menos egoísta.

Aos meus queridos pais Osman Teixeira (in memorian) e Marlene

Medeiros Teixeira, que abdicaram de seus sonhos em favor dos meus,

sempre fornecendo carinho, ensinamentos e apoio em todos os

momentos, amo vocês.

Aos meus irmãos Anderson e Robson e suas esposas Nóia e Isabelly,

pela amizade de todas as horas, compreensão e auxílio.

Aos meus sogros Dr. Kleber e Dra. Heide, à minha cunhada Gabriela,

ao seu esposo Rafael e ao meu sobrinho Rafinha pelo suporte, amparo,

companhia e convivência familiar salutares.

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AGRADECIMENTOS

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Dra. Vera Magalhães, por suas considerações, paciência, disponibilidade e importância no desenvolvimento desse trabalho.

Ao meu coorientador Dr. Carlos Brito, pela amizade e ajuda na definição e elaboração dessa pesquisa.

À toda a equipe do laboratório de biologia molecular do serviço de oncologia do instituto materno-infantil professor Fernando Figueira (IMIP), em especial, à Dra. Norma Lucena pela inspiração do projeto e por todo o suporte ao longo da sua realização e ao colega Jurandy Magalhães pelas orientações e realizações das técnicas moleculares empregadas.

Ao centro de pesquisa e corpo clínico da enfermaria do HEMOPE, em especial Dra. Paula Loureiro, chefe do centro de pesquisa, Dra. Fernanda Souto, chefe da enfermaria, Dra. Maria Conceição Barros, médica assistente responsável pelo andamento da pesquisa nessa instituição e toda a equipe de enfermagem pelo auxílio na aquisição das amostras.

À Dra. Helóisa Ramos, que muito me auxiliou no planejamento do estudo.

Aos professores do Departamento de Medicina Tropical e seus colaboradores, admiro sua dedicação e amor pelo que fazem.

Aos amigos adquiridos durante a pós graduação.

A Alice Lourenço e Walter Leite Galdino, pelo apoio e orientação na Secretaria da Pós-graduação de Medicina Tropical.

À toda minha família (Nascimento, Matias, Medeiros e Teixeira), por fazerem parte dessa história.

Aos pacientes, pela contribuição e disposição para participar da pesquisa, apesar de tanto sofrimento durante as suas internações. Não podemos esquecer nunca, que vocês são a razão maior da realização dessa pesquisa.

Aos amigos e colegas de trabalho, em especial a José Fernando e Ana Caroline Patu, que entenderam e deram suporte, no período em que estive mais ausente.

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A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.

“Há homens que lutam um dia, esão bons; Há outros que lutam um ano, e sãomelhores; Há aqueles que lutam muitos anos,e são muito bons; Porém há os que lutam toda umavida.

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RESUMO

FUNGEMIA DIAGNOSTICADA POR HEMOCULTURA E PCR MULTIPLEX EM PACIENTES NEUTROPÊNICOS FEBRIS ONCO-HEMATOLÓGICOS

Neutropenia febril é uma complicação infecciosa frequente em oncologia clínica, no entanto, só consegue-se isolar o agente etiológico, causador da infecção, em 20 a 30% dos casos, desses, apenas 5 % deve-se a infecção fúngica invasiva. Essa infecção é a principal causa de letalidade em neutropênicos febris. O isolamento de fungos por hemocultura é um processo demorado e nem sempre viável. Dessa forma, na prática clínica, utiliza-se critérios clínicos, radiológicos e a presença de fatores de risco para definir-se doença fúngica invasiva (DFI) e iniciar antifúngicos. Objetivo: Avaliar a frequência de fungemia e sua etiologia em pacientes onco-hematológicos com episódios de neutropenia febril utilizando-se de hemocultura e multiplex PCR (MT-PCR) panfúngica no Hemocentro de Pernambuco (HEMOPE) e descrever as características oncológicas e os fatores de risco dos pacientes. Método: Estudo descritivo, do tipo série de casos, avaliando os resultados de hemocultura e MT-PCR após coleta de sangue durante episódios de neutropenia febril em pacientes onco-hematológicos, no período entre fevereiro e novembro de 2010. Neutropenia febril foi definida conforme critérios da IDSA 2010, considerando-se neutropenia um número de neutrófilos < 500/mm3 ou entre 500 a 1000/mm3 com tendência a declínio. Febre foi definida por uma mensuração maior ou igual a 37,8°C ou maior ou igual a 37,5°C por mais de uma hora. Novo episódio de neutropenia febril foi determinado por reinício da febre após um período de 72 horas afebril. DFI foi definida como comprovada, provável ou possível de acordo com o EORTC-MSG, no dia da coleta da amostra de sangue para realização da MT-PCR. Para avaliação estatística utilizou-se o programa SPSS versão 13, com a qual obteve-se a análise descritiva dos dados. Resultados: Foram constatados 74 episódios de neutropenia febril em 44 pacientes portadores de doença onco-hematológica, com e sem critérios para doença fúngica invasiva. A hemocultura foi positiva em dois episódios de doença fúngica comprovada, decorrentes de Candida parapsilosis e tropicalis, enquanto a MT-PCR foi positiva em um dos episódios. Ocorreram ainda mais 16 casos com critérios clínicos para infecção fúngica, (3 prováveis e 13 possíveis) com a MT-PCR identificando fungemia em 12. Entre os 50 episódios negativos para critérios de DFI, a MT-PCR foi positiva em 20 (40%). A PCR conseguiu registrar quarenta e duas infecções fúngicas através da presença de ITS positivo na reação, com a determinação por MT-PCR de vinte e três espécies em 21 análises (duas PCRs identificaram duas espécies de fungo no mesmo episódio), assim distribuídos: C. parapsilosis 10 (43,5%), Cryptococcus neoformans 6 (26,1%), C. glabrata 4 (17,4%), C. tropicalis 2 (8,7%) e C. albicans 1(4,3%). Em 11 (61,2%) episódios de DFI os pacientes apresentavam leucemia mielóide aguda

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(LMA) como doença oncológica. A mediana de dias de neutropenia foi de 9, 20 e 20, para DFI comprovada, provável e possível, respectivamente. Conclusão: A utilização da MT-PCR associada a hemocultura aumentou o número de documentação microbiológica, em episódios de neutropenia febril, quando infecção fúngica invasiva é suspeita, demonstrando uma frequência de fungemia de 21%, o equivalente a 14 infecções fúngicas, das quais 2 (3,0%) correspondiam a DFI comprovada, 2 (3,0%) DFI provável e 10 (14%) a infecção fúngica possível. LMA como neoplasia de base e o tempo de neutropenia acima de dez dias foram os fatores de risco que ocorreram com maior frequência em pacientes onco-hematológicos com episódios de neutropenia febril (NF) e infecção fúngica.

Palavras-chave: Diagnóstico. Fatores de risco. Fungemia. Neutropenia. Reação em cadeia de polimerase.

ABSTRACT

FUNGEMIA DIAGNOSED BY BLOOD CULTURE AND MULTIPLEX PCR IN ONCO-HEMATOLOGICAL PATIENTS WITH FEBRILE NEUTROPENIA

Febrile neutropenia is a frequent infectious complication in clinical oncology and the use of empyrical broad-spectrum antibacterial therapy has reduced the mortality in this group of patients in the last decades. The microbiological documentation of infection is achieved in only 20-30% of cases and 5% of these are due to invasive fungal disease (IFD), which is a major cause of mortality in neutropenic patients with fever. Because laboratory diagnosis of fungemia by blood cultures lacks sensibility and is often delayed, the definition and treatment of IFD is often made by clinical and radiologic criteria and by the presence of risk factors. Objective: To evaluate the fungemia frequence and its etiology in onco-hematological patients with febrile neutropenia using blood cultures and panfungal multiplex PCR (MT-PCR) at the Hemocentro de Pernambuco (HEMOPE) and to describe the oncologic characteristics and risk factors of IFD of these patients. Methods: Descriptive case series study evaluating the blood cultures and MT-PCR samples collected during each febrile neutropenia episode in onco-hematological patients between February and November 2010. Febrile neutropenia was defined based on IDSA 2010 criteria, considering neutropenia the absolute neutrophil count < 500/mm3 or < 1000/mm3 with predicted decline to < 500 cells/mm3 and fever as a single temperature >38oC or > 37,8oC for more than one hour. A new episode of febrile neutropenia was determined as fever reappearance after a 72-hour period without fever. IFD was defined as proven, probable or possible according to EORTC-MSG at the day blood sample was collected for MT-PCR. Statistical analyses were performed with SPSS version 13. Results: 74 febrile neutropenia episodes in 44 onco-hematological patients with and without IFD criteria were analysed. Blood cultures were positive in two cases of proven IFD, due to Candida parapsilosis and Candida tropicalis while MT-PCR was positive in one of proven IFD episodes. In other 16 cases with clinical criteria for IFD (3 probable and 13 possible), MT-PCR indentified fungemia in 12. Among the 50 episodes without clinical criteria for IFD, MT-PCR was positive in 20 (40%). The PCR was able to register forty two fungal infections through the presence of ITS in the positive reaction, as determined by MT-PCR of twenty three species in 21 tests (two PCRs identified two species of fungus in the same episode), as follows: C. parapsilosis 10 (43.5%), Cryptococcus neoformans 6 (26.1%), C. glabrata 4 (17.4%), C.

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tropicalis 2 (8.7%) and C. albicans 1 (4.3%). In 11 (61,2%) of IFD episodes the patients had acute myeloid leukemia (AML) diagnosis. The median neutropenia duration was 9, 20 and 20 for proven, probable and possible IFD, respectively. Conclusion: MT-PCR combined with blood cultures increased the number of microbiological documentation during febrile neutropenia when IFD was suspected. AML diagnosis and neutropenia duration of more than 10 days were the most frequent risk factors for IFD in onco-hematological patients with febrile neutropenia and fungemia.

Keywords: Diagnosis. Fungemia. Neutropenia. Polymerase chain reaction. Risk Factors.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Definição operacional e categorização das variáveis pág.38

Quadro 2. Espectro de análise da MT-PCR panfúngica e seus iniciadores pág.43

LISTA DE

TABELAS

  

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Revisão de literatura Tabela 1. Escore MASCC (Multinational Association for Supportive Care in Cancer), para classificação de risco do episódio de neutropenia febril

pág.20

Artigo 1

Tabela 1. Espectro de análise da MT-PCR panfúngica e seus iniciadores pág.51

Tabela 2. Sexo , idade e tipo de neoplasia em 42 pacientes com episódios de neutropenia febril

pág.52

Tabela 3. Dias de neutropenia, número de episódios, micro-organismos isolados e sítio de infecção em 67 episódios de neutropenia febril Tabela 4. Espécies de fungos identificadas por hemocultura e MT- PCR Tabela 5. Distribuição dos resultados de hemocultura, MT-PCR, resposta à antifúngico e óbito segundo os critérios para doença fúngica invasiva

pág.53 pág.54 pág.54

Artigo 2

Tabela 1. Espécies de fungos identificadas por hemocultura e MT- PCR, nas doenças fúngicas invasivas (DFIs), em 74 episódios de neutropenia febril

pág.69

Tabela 2. Características oncológicas, idade e tempo de neutropenia dos pacientes nos 18 episódios de neutropenia febril e doença fúngica invasiva (DFI)

pág.70

Tabela 3. Frequência dos fatores de risco de acordo com a classificação de doença fúngica invasiva (DFI), em 74 episódios de neutropenia febril

pág.71

 

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

aids - Síndrome da imunodeficiência adquirida

β - Beta

BIOL MOL - Laboratório de biologia molecular

°C - Graus Celsius

CE - Corticosteróide

Cols - Colaboradoes

CVC - Cateter venoso central

DECH - Doença do enxerto contra hospedeiro

DEPC - Dietil pirocarbonato

DFI - Doença fúngica invasiva

DM - Diabetes mellitus

DNA - Deoxyribonucleic acid

DPOC - Doença pulmonar obstrutiva crônica

dNTP - Desoxirribonucleotídeo trifosfato

ECOG - Eastern Cooperative Oncology Group

EDTA - Ethylenediamine tetraacetic acid

e.g. - em geral

ELISA - Enzyme linked immunosorbent assay

EORTC - European Organization for Research and Treatment of Cancer

EUA - Estados Unidos da América

FMUSP - Faculdade de Medicina da Universidade do estado de São Paulo

FNT –α - Fator de necrose tumoral alfa

gpdH - glicerol 3-fosfato desidrogenase

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HEMOPE - Hemocentro de Pernambuco

IDSA - Infectious Diseases Society of America

IMIP - Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira

ITS - Internal transcribed spacer

Kg - Quilograma

LA - Leucemia aguda

MASCC - Multinational Association for Supportive Care in Cancer

mg - Miligrama

MgCl2 - Cloreto de magnésio

min - Minutos

µl - Microlitro

ml - Mililitro

mM - Milimolar

mm3 - Milímetro cúbico

MSG - Mycoses Study Group

MT-PCR - multiplex PCR

NF - Neutropenia febril

ng - Nanograma

NIAID - National Institute of Allergy and Infectious Disease

NPT - Nutrição parenteral total

PBS - Phosphate buffered saline

PCR - Polymerase chain reaction

PE - Pernambuco

pmol - Picomol

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QT - Quimioterapia

RNM - Ressonância nuclear magnética

rpm - Rotações por minuto

seg - Segundo

SMD - Síndrome mielodisplásica

SNC - Sistema nervoso central

SVD - Sonda vesical de demora

Taq - Thermus aquaticus

TC - Tomografia computadorizada

TMO - Transplante de medula óssea

US - Ultrassom

UTI - Unidade de terapia intensiva

VPP - Valor preditivo positivo

VPN - Valor preditivo negativo

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SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

LISTA DE QUADROS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

1. DELIMITAÇÃO DO TEMA ------------------------------------------------------------------ pág.17

2. REVISÃO DA LITERATURA ----------------------------------------------------------------pág.19

2.1. NEUTROPENIA FEBRIL ------------------------------------------------------------- pág.19

2.2. FUNGEMIA ------------------------------------------------------------------------- ----- pág.21

2.3. NEUTROPENIA FEBRIL E FUNGEMIA ---------------------------------------- pág.28

2.4. PCR PARA FUNGEMIA -------------------------------------------------------------- pág.33

3. OBJETIVOS--------------------------------------------------------------------------------------- pág.36

3.1. OBJETIVO GERAL -------------------------------------------------------------- ----- pág.36

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS -------------------------------------------------------- pág.36

4. PACIENTES E MÉTODOS ------------------------------------------------------------------- pág.37

4.1. DESENHO DO ESTUDO --------------------------------------------------------------- pág.37

4.2. POPULAÇÃO ALVO -------------------------------------------------------------------- pág.37

4.3. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ---------------------------------------------------------- pág.37

4.4. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO --------------------------------------------------------- pág.37

4.5. DEFINIÇÃO DE TERMOS E VARIÁVEIS ---------------------------------------- pág.37

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4.6. MÉTODO DE COLETA DE DADOS ------------------------------------------------ pág.40

4.7. QUALIDADE DOS INSTRUMENTOS DE MEDIDA E PADRONIZAÇÃO DAS TÉCNICAS ----------------------------------------------- pág.41

4.8. PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS --------------------------------- pág.43

5. ASPECTOS ÉTICOS --------------------------------------------------------------------------- pág.44

ARTIGO 1: FREQUÊNCIA E ETIOLOGIA DE INFECÇÕES FÚNGICAS DIAGNOSTICADAS ATRAVÉS DE HEMOCULTURA E/OU PCR MULTIPLEX PANFÚNGICA EM PACIENTES ONCO- HEMATOLÓGICOS NEUTROPÊNICOS FEBRIS ----------------------------------------- pág.45

ARTIGO 2: CARACTERÍSTICAS ONCOLÓGICAS E FATORES DE RISCO EM PACIENTES NEUTROPÊNICOS FEBRIS COM INFECÇÕES FÚNGICAS INVASIVAS --------------------------------------------------------- pág.63

6. CONCLUSÕES ---------------------------------------------------------------------------------- pág.

79

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ----------------------------------------------------------------- pág. 79

8. REFERÊNCIAS --------------------------------------------------------------------------------- pág.80

APÊNDICE A (TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO-HEMOPE) ---------------------------------------------------------------------- pág.90 APÊNDICE B (TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO-FIOCRUZ) ---------------------------------------------------------------------- pág.91 APÊNDICE C-(FICHA DE COLETA DE DADOS/QUESTIONÁRIO) ----------------- pág.92

ANEXOS ----------------------------------------------------------------------------------------------- pág.96

ANEXO A – (APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA DO HEMOPE) ANEXO B – (APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA DA FIOCRUZ) ANEXO C - (NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS ORIGINAIS DA REVISTA EUROPEAN JOURNAL OF CLINICAL MICROBIOLOGY & INFECTIOUS DISEASES)

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ANEXO D - (NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS ORIGINAIS DA REVISTA BRASILEIRA DE HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA)

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1. DELIMITAÇÃO DO TEMA

Neutropenia febril (NF) é uma complicação infecciosa frequente em pacientes

oncológicos, com incidência que pode chegar a mais de 20% dependendo do protocolo

antineoplásico utilizado (FREIFELD et al, 2011), sendo classificada em alto ou baixo risco de

letalidade, de acordo com a duração da neutropenia (TALCOTT et al, 1992).

As causas de febre em neutropênicos são: de etiologia bacteriana em 30-35% dos casos,

fúngica em 5%, viral em outros 5% e em 50 a 60% dos casos por causas não determinadas como

medicamentos, mucosite, febre tumoral ou infecções não diagnosticadas (FREIFELD et al, 2011).

Quando a infecção é devida a fungemia, em 90 % dos casos se deve a Candida sp ou

Aspergillus sp e raramente ocorre em neutropenias menores que uma semana (CUNHA, 2006).

Candidemia nosocomial é a principal causa de infecção fúngica invasiva no ser humano e

apresenta uma taxa de letalidade de até 47% (GUDLAUGSSON et al, 2003), correspondendo a

quarta maior causa de infecção nos Estados Unidos da América (EUA), com uma incidência de

0,46 casos por 1000 admissões (GAREY et al, 2006). A incidência, no Brasil é maior que nos

EUA com uma taxa de 2,49 casos por 1000 admissões (COLOMBO et al, 2006) e um estudo

realizado no Recife em hospital terciário demonstrou uma incidência de 3,9 casos por mil

admissões (HINRICHSEN et al, 2008).

O diagnóstico de candidíase invasiva é obtido habitualmente através de culturas (sangue,

tecidos, líquidos cavitários ou fluídos estéreis) ou na presença de evidências clínicas de doença

disseminada, que incluem anormalidades oftalmoscópicas ou alterações em exames de imagem

abdominal (MARIE, 2000).

No diagnóstico de candidemia a PCR (polymerase chain reaction) pode ser utilizado por

apresentar sensibilidade que varia entre 60 a 100%, dependendo da metodologia utilizada, da

sequência iniciadora para amplificação (primer), da população de pacientes e dos critérios

utilizados para o diagnóstico (COLOMBO, 2007), entretanto, na prática clínica ainda é de uso

limitado, uma vez que as técnicas são desenvolvidas em laboratórios individuais e, portanto, não

há uma padronização que possa ser utilizada de forma universal (PONTÓN, 2009).

Outra importante causa de infecção fúngica em pacientes neutropênicos é a aspergilose

invasiva, e sua taxa de letalidade pode variar de 42% a 100%, e até o momento, não existe um

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teste rápido, confiável e viável para a detecção de Aspergillus sp em procedimentos de rotina

(NOVARETTI et al, 2008). Exames de imagem como raios-X ou tomografia de tórax, podem

auxiliar ao diagnóstico, porém as alterações produzidas podem ser encontradas, também, em

infecções bacterianas e em condições não infecciosas (WHEAT, 2006).

Métodos sorológicos e por cultura para detecção de infecção por Aspergillus sp mostram-

se inefetivos do ponto de vista de sensibilidade e especificidade. Por outro lado, vários estudos

têm proposto métodos baseados em PCR para detecção precoce da infecção por Aspergillus sp,

com sensibilidade variando entre 45 e 92%, e uma especificidade média em 91%, (WHEAT,

2006), no entanto, ainda falta uma sistematização técnica para que possa ser utilizada de rotina

(NOVARETTI et al, 2008).

Outros fungos têm importância como agentes de infecções oportunistas em pacientes

neutropênicos febris, como Cryptococcus sp, Fusarium sp e Trichosporon sp, que também

apresentam baixa sensibilidade a cultura (< 50%), além de curva de crescimento lento o que

retarda o seu isolamento (COLOMBO, 2007).

O diagnóstico laboratorial da fungemia é habitualmente realizado através de hemocultura,

que apresenta baixa sensibilidade (35%) além de fornecer resultados tardios (superiores a uma

semana), o que dificulta o seu reconhecimento. A PCR parece ser um exame promissor por

apresentar maior sensibilidade e rapidez dos resultados. Entretanto, o desempenho desse método

no diagnóstico da doença fúngica apresenta resultados variados, possivelmente por falta de

padronização dos primers e das técnicas utilizadas (POTÓN, 2009).

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 NEUTROPENIA FEBRIL

Neutropenia febril é definida como contagem de neutrófilos abaixo de 500/mm3, ou entre

500 a 1000/mm3 e com tendência à queda, associada à febre, que é caracterizada como

temperatura oral isolada maior ou igual a 38,3°C (37,8°C axilar) ou temperatura oral mantida, por

mais de uma hora, entre 38 e 38,3°C (entre 37,5 e 37,8°C axilar) (HUGHES et al, 2002; LIMA et

al, 2006; FREIFELD et al, 2011).

A maioria dos episódios de neutropenia febril ocorrem em pacientes submetidos a

quimioterapia, mas podem ocorrer também em pacientes com leucemias agudas, síndromes

mielodisplásicas (SMD) ou infiltração tumoral da medula óssea, além de neutropenia secundária à

radioterapia que abrange grandes áreas de medula óssea (HALFDANARSON et al, 2006).

De uma forma geral as causas de febre em neutropênicos são: infecção bacteriana em 30-

35% dos casos, infecção fúngica em 5%, infecção viral em 5% e 50 a 60% por causas não

determinadas (medicamentos, mucosite, febre tumoral) ou infecções não diagnosticadas

(PICAZO, 1998; LIMA et al, 2006; BANACLOCHE et al, 2008; FREIFELD et al, 2011).

Apesar da frequência relativamente alta da neutropenia febril em pacientes oncológicos, a

documentação microbiológica é baixa. Hummel e cols (2009) isolaram o agente etiológico em

apenas 8,7% dos casos de alto risco e desses, ocorreu crescimento de fungos em 0,5% dos casos.

Dentre as bactérias, os bacilos gram-negativos entéricos (Escherichia Coli e Klebsiella

sp), Pseudomonas aeruginosa, e germes relacionados a infecções de cateteres como

Staphylococcus aureus e Staphylococcus coagulase negativo, são as mais frequentemente

isoladas, enquanto as bactérias anaeróbias são menos comuns e normalmente encontram-se

associadas a infecções mistas como abcessos perianais e gengivites necrosantes (PICAZO, 2004).

O diagnóstico clínico do sítio de infecção, normalmente utilizado para nortear a terapia

empírica em não neutropênicos, nos imunocomprometidos torna-se difícil devido à ausência de

sinais inflamatórios causados pela diminuição ou escassez dos fagócitos circulantes e,

consequentemente, da redução da capacidade inflamatória tecidual (SICKLES et al, 1975;

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HUGHES et al, 2002; COLOMBO, 2007; FREIFELD et al, 2011). Na década de 70 a letalidade

chegava a 75% dos casos, pois havia retardo no início da terapia antimicrobiana, esperando-se

sinais clínicos de infecção ou o resultado de cultura positiva (SCHIMPFF et al, 1971).

Atualmente, observa-se taxa de letalidade em torno de 5% após a introdução da antibioticoterapia

de amplo espectro empírica e imediata (HALFDANARSON et al, 2006).

A chance de complicação grave ou óbito não é a mesma para todos os pacientes

neutropênicos febris, e de uma forma geral, a duração da neutropenia é o fator prognóstico mais

importante (TALCOTT et al, 1992). Como a duração da neutropenia é difícil de ser avaliada, na

prática utiliza-se alguns escores de risco que classificam esses pacientes em alto e baixo risco de

mortalidade e dessa forma pode-se escolher a antibioticoterapia mais adequada e se há a

necessidade de internação hospitalar (tabela 1).

 

Tabela 1. ESCORE MASCC (Multinational Association for Supportive Care in Cancer) para classificação de risco do episódio de neutropenia febril

CARACTERÍSTICA PONTOS

Intensidade dos sintomas * Ausência de hipotensão 5 Ausência de DPOC 4 Portador de tumor sólido ou ausência de infecção fúngica

4

Ausência de desidratação 3 Não hospitalizado ao aparecimento da febre 3 Idade menor que 60 anos 2

*Sem sintomas ou com sintomas leves = 5 pontos; sintomas moderados a graves= 3 pontos. DPOC: Doença pulmonar obstrutiva crônica. O RISCO = SOMATÓRIA DOS PONTOS: ≥ 21: Baixo risco de complicações (6%); < 21: Alto risco de complicações (39%). Adaptado: Pracchia et al, 2004.

Em pacientes neutropênicos febris de baixo risco existem evidências de que a terapia

inicial com antibióticos por via oral ou parenteral seguida de oral apresentam resultados

satisfatórios (KERN et al, 1999; SHENEP et al, 2001). Contudo em pacientes de alto risco,

deverá ser iniciada antibioticoterapia intravenosa com atividade contra Pseudomonas sp, podendo

ser associado a um glicopeptídeo ou outros agentes ativos contra aeróbios gram-positivos na

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presença de fatores de risco, como infecção relacionada a cateter central, infecção de pele ou

mucosite importante, uso profilático de quinolona, sepse grave, cultura positiva para gram-

positivo, colonização conhecida por S. pneumoniae resistente a cefalosporina ou S.aureus

meticilina-resistente (HUGHES et al, 2002; FREIFELD et al, 2011).

2.2 FUNGEMIA

Entre os agentes oportunistas, os fungos são aqueles que apresentam maior distribuição na

natureza. Estão presentes no ar, nas superfícies inanimadas de hospitais e dos domicílios, nas

plantas, solo, água, alimentos e nos animais domésticos. Colonizam pele, mucosas do trato

gastrintestinal, genitais e também do trato respiratório do hospedeiro (COLOMBO, 2007).

Portanto, é natural que pacientes portadores de imunodeficiências adquiridas ou induzidas

apresentem alto risco para o desenvolvimento de infecções fúngicas invasivas, localizadas ou

disseminadas e desde o início dos anos 80 esses micro-organismos têm emergido como uma das

principais causas de doença nesses pacientes (PAULA et al, 2007).

Os fungos oportunistas, causadores de infecções nosocomiais, têm se expandido

continuamente, e incluem, entre outras, inúmeras espécies do gênero Candida, outras leveduras

como Cryptococcus sp, Trichosporon sp, Rhodotorula sp e Picchia sp e filamentosos como

Aspergillus sp, Acremonium sp, Fusarium sp, Scedosporium sp, Paecilomyces sp e Scopulariopsis

sp (COLOMBO, 2007; DEL NEGRO, 2008). Estas infecções, frequentemente diagnosticadas

tardiamente, estão associadas a alta letalidade (MELO, 2009).

A detecção de fungemia por hemocultura, o principal método empregado, apresenta

limitações. A técnica apresenta baixa sensibilidade (35 a 50%), mesmo quando seriadas,

normalmente são demoradas (> 7 dias) e seu isolamento pode não representar infecção, mas

apenas contaminação, uma vez que pode se tratar de agente comensal (PEMÂN e ALMIRANTE,

2008).

2.2.1 CANDIDEMIA

A candidemia é a principal doença fúngica invasiva no ser humano (DFI). Muitos

episódios são transitórios e autolimitados, no entanto, têm potencial para progressão sistêmica,

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resultando em lesões cutâneas embólicas, abscessos renais e hepatoesplênicos, endoftalmites,

entre outras (DEL NEGRO, 2008).

Candida sp são leveduras ovais de cerca de 5 micrômetros, pleomórficos, de ciclo sexual

incompleto, existindo mais de 200 espécies, muitas destas fazem parte da microbiota humana,

com menos de 10 % delas consideradas patogênicas, podendo levar a diversos tipos de infecção

(EGGIMANN et al, 2003). As principais espécies de interesse clínico são C. albicans, C.

parapsilosis, C. tropicalis, C. glabrata e C. krusei, esta menos frequentemente causa candidíase

(COLEMAN et al, 1998). Apesar de C. albicans continuar sendo a espécie mais isolada em

hemoculturas, com uma frequência que varia de 40 a 70% (SANDVEN, 2000; PFALLER e

DIKEMA, 2007), a contribuição de espécies não albicans vem sendo cada vez mais documentada

(SANDVEN, 2000; COLOMBO e GUIMARÃES, 2003).

Candidemia é a quarta maior causa de infecção em corrente sanguínea nosocomial nos

Estados Unidos da América (EUA), com incidência de 0,46 casos por 1000 admissões

(WISPLINGHOFF et al, 2004; GAREY et al, 2006). A incidência de candidemia no Brasil é

maior que nos EUA com uma taxa de 2,49 casos por 1000 admissões (COLOMBO et al, 2006).

Estudo realizado em Recife em hospital terciário demonstrou uma incidência de 3,9 casos por mil

admissões (HINRICHSEN et al, 2008).

Nucci e colaboradoes (cols) em 1995 avaliaram 313 episódios de neutropenia febril e

encontraram uma incidência de 10 % de infeções fúngicas, sendo metade destas decorrente de

diferentes espécies de Candida sp. O estudo é um dos poucos trabalhos publicados no Brasil, em

neutropênicos febris não transplantados.

Nas últimas décadas, devido aos avanços tecnológicos nos cuidados médicos hospitalares

em diversas áreas e que prolongam a sobrevida de pacientes críticos, vem aumentando a

frequência de candidemia. São fatores de risco classicamente conhecidos para infecções fúngicas:

uso prévio de antibióticos de largo espectro, cateteres centrais, nutrição parenteral, terapia

dialítica em unidades de suporte intensivo, uso de agentes imunossupressores (incluindo

corticosteróides) e neutropenia (PAPPAS et al, 2009).

A candidemia pode ser adquirida por via endógena, através da translocação do fungo pela

mucosa do trato gastrintestinal, provocadas por um desequilíbrio na microbiota residente, ou

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lesões da mucosa intestinal, causada por procedimentos cirúrgicos, quimioterápicos e desnutrição

grave, ou por via exógena através de mãos contaminadas de profissionais de saúde, e pela

utilização de cateteres e soluções parenterais contaminadas (COLOMBO e GUIMARÃES, 2003;

TORTORANO et al, 2006; PERLROTH et al, 2007).

Sinais e sintomas de infecção sistêmica por Candida sp são frequentemente inespecíficos,

sendo o sintoma mais comumente descrito a febre não responsiva ao tratamento antibiótico. São

relatados em menor frequência: dores abdominais, náuseas, vômitos e anorexia, além da

endoftalmite (CANTU, 2005).

A fundoscopia em pacientes hospitalizados pode ajudar a confirmar o diagnóstico em

pacientes com suspeita de candidemia, o exame precisa ser cuidadoso e deve-se procurar

abscessos, ruptura de corpo vítreo e necrose retiniana, no entanto, endoftalmite por Candida sp só

ocorre em 9 a 26% dos pacientes e devido a baixa frequência de alterações a fundoscopia não é

comumente realizada (UPTODATE, 2011b).

A cultura sanguínea e o exame histológico são os métodos mais importantes para o

diagnóstico de candidemia, no entanto, ambas as modalidades são limitadas. A cultura tem uma

baixa sensibilidade, resultado positivo em apenas 40% dos casos, necessitando de um longo

tempo de incubação, enquanto a biópsia tecidual é um procedimento invasivo estando associado a

morbidade, principalmente em pacientes neutropênicos e/ou com plaquetopenia (CANTU, 2005).

Além disso, como Candida sp são micro-organismos da microbiota do trato

gastrointestinal, a observação tecidual e o isolamento em cultura, frequentemente são

insuficientes para a determinação da etiologia, pois essas provas laboratoriais não distinguem

entre o fungo patogênico e o comensal. Assim, o quadro clínico e a resposta ao tratamento são

necessários para sua confirmação diagnóstica (GUERY, et al, 2009).

Evidência radiológica de doença disseminada ocorre ao encontrar-se alterações tipo “roda

dentro de roda" ou “olho de boi”, que representam microabscessos em fígado ou baço, ao

ultrassom (US) ou tomografia computadorizada (TC) de abdome, entretanto, exames de imagem

apresentam baixa sensibilidade e comumente não auxiliam o diagnóstico (DE MARIE, 2000).

A pesquisa do anticorpo antimanana, antígeno constituinte da parede fúngica da Candida

sp, no diagnóstico de candidemia encontra-se em investigação e apesar de uma boa

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especificidade, apresenta sensibilidade baixa em torno de 50% (ALEXANDER e PFALLER,

2006). Ensaios que detectam metabólitos secretados pela Candida sp como o D-arabinitol e

outros componentes da parede celular como a β-1,3-glucana, têm sido relatados por alguns

autores, mas sua aplicação clínica ainda é restrita (PONTÓN e DEL PALACIO, 2007).

A detecção do agente etiológico através da PCR (polymerase chain reaction) pode ser uma

alternativa diagnóstica. Um estudo realizado em população de alto risco para desenvolver

candidemia, demonstrou uma sensibilidade do método de 72,1%, especificidade de 91,2%, valor

preditivo negativo (VPN) de 93,2% e valor preditivo positivo (VPP) de 65,9% (MOREIRA-

OLIVEIRA et al, 2005). A utilização da PCR para o diagnóstico de candidemia pode ajudar a

diminuir a taxa de letalidade dessa infecção que chega a 47%, pois evitaria o diagnóstico tardio,

com consequentes falhas no tratamento decorrentes da demora na instituição da terapêutica ou à

utilização de antifúngico ineficaz para as espécies resistentes (GUDLAUGSSON et al, 2003).

A droga de escolha para o tratamento das candidemias é o fluconazol na dose de 400mg ao

dia, porém deve-se atentar para o fato de que C.glabrata e C.tropicalis, podem apresentar

resistência primária ou secundária ao fluconazol, enquanto C. krusei, envolvida em 4% das

candidemias nesse grupo de pacientes, é intrinsecamente resistente ao mesmo (DELNEGRO,

2008).

2.2.2 ASPERGILOSE INVASIVA

O termo aspergilose refere-se à doença devido à invasão tecidual por espécies de

Aspergillus sp, tendo habitualmente como porta de entrada, no ser humano, o pulmão por

aspiração de conídios, sua forma infectante (UPTODATE, 2011a).

Este grupo de fungos filamentosos são ubíquos no ambiente, encontrados em todas as

estações do ano, dispersos no solo, vegetais, ou qualquer matéria em decomposição, o que garante

a dispersão dos conídios, prioritariamente no domicílio, em alimentos, solo e piscina, entre outros

(RICHARDSON e JOHNSON, 2000).

O número de espécies de Aspergillus que causam doença clínica tem se expandido nos

últimos anos, principalmente em pacientes com leucemias agudas (LA) e receptores de

transplantes de medula óssea (TMO), além de usuários de corticosteróide e outros

imunossupressores. Na década passada até 90% dos casos de aspergilose se devia ao A.

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fumigatus, atualmente, apesar do mesmo continuar sendo a espécie mais frequente, outras,

ganham importância como A. flavus, A. terreos e A. niger (UPTODATE, 2011a).

Por outro lado, a aspergilose invasiva é incomum em pacientes com aids (síndrome da

imunodeficiência adquirida), provavelmente porque a deficiência imunológica destes pacientes

afeta principalmente as células T, mais do que os granulócitos e macrófagos (STAPLES et al,

1995).

A primeira linha de defesa do organismo contra o conídio do Aspergillus sp inalado são os

macrófagos alveolares, que possuem a capacidade de destruir os conídios. No entanto, em

situações em que o inóculo inalado apresenta alta carga infectante ou quando ocorre uma

diminuição no número e/ou função dos macrófagos, como ocorre em pacientes que receberam

repetidos ciclos de quimioterapia, os conídios podem iniciar sua germinação e formar hifas.

O desenvolvimento dessas hifas leva a um influxo de neutrófilos, secundário a ativação do

complemento e a produção de fatores quimiotáticos dos neutrófilos, que podem debelar a

infecção. Caso a infecção progrida, o crescimento das hifas leva a produção de vários metabólitos

que inibem as defesas do hospedeiro, como inibidores de complemento, várias proteases e

micotoxinas (SEGAL, 2005; STANZANI et al, 2005).

Com o desenvolvimento da infecção o micro-organismo penetra os tecidos e invade os

vasos sanguíneos do hospedeiro, com subsequentes infartos e necrose, o que leva a disseminação

hematogênica (BHATTI et al, 2006; MASCHMEYER et al, 2007).

As principais manifestações clínicas são tosse em 87% dos casos, hemoptise em 50-80%

dos casos, dispnéia, emagrecimento em 61% dos casos, podem também estar presentes fadiga, dor

torácica e febre. A complicação de pior prognóstico é a hemorragia, que pode levar o paciente ao

óbito (AMORIM et al, 2004).

Essas apresentações clínicas sugestivas da doença como dor torácica e hemoptise, são

raras em pacientes neutropênicos. São várias as alterações radiológicas pulmonares,

principalmente nas tomografias de alta resolução, porém raramente específicas, com exceção da

detecção de nódulos com o sinal do halo, que corresponde a nódulos envoltos por halo em vidro

fosco ou áreas de consolidação segmentares, por vezes em forma de cunha, com a base voltada

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para superfície pleural, associados ou não a áreas de atenuação em vidro fosco, cujos achados

correspondem a infartos hemorrágicos (MARCHIORI et al, 2002).

A taxa de letalidade por aspergilose é inaceitavelmente elevada, chegando a 90% em

pacientes submetidos ao TMO e 50% em portadores de LA (DENNING, 1996), sendo um

diagnóstico precoce crítico para orientar a terapêutica e melhorar o prognóstico dessa infecção, no

entanto, até o momento, não há nenhum método suficientemente sensível e específico que possa

ser utilizado na prática clínica (PFEIFFER et al, 2006).

Culturas de material do trato respiratório em pacientes de alto risco são altamente

específicas (em pacientes neutropênicos superior a 80%), mas, infelizmente com sensibilidade

extremamente baixa, correspondendo a menos de 30%, o que a torna pouco confiável em

amostras negativas (PFEIFFER et al, 2006).

Outro método para o diagnóstico do Aspergillus sp, utilizando ELISA (enzyme linked

immunosorbent assay) para detecção do antígeno galactomanana, vem sendo descrito. Trata-se de

um constituinte da parede do fungo, liberado durante o crescimento das hifas, com sensibilidade

de 71% e especificidade de 89%, segundo metanálise da European Organization for Research

and Treatment of Cancer (EORTC) (PFEIFFER et al, 2006).

O sequenciamento do DNA, seguido de PCR, atualmente ainda é considerado

investigacional, principalmente pela falta de padronização da técnica, no entanto, estudos tem

demonstrado sensibilidade do teste variando entre 45 e 92%, com especificidade média de 91%

(WHEAT, 2006).

Estudo realizado em 2008 por NOVARRETTI e cols em pacientes onco-hematológicos em

programação de TMO na faculdade de medicina da universidade do estado de São Paulo

(FMUSP), desenvolveram PCR para detecção de Aspergillus sp, e demonstraram uma

sensibilidade de 100%, especificidade de 94,4%, VPN de 83,3% e VPP 100%.

Diante desses resultados, o desenvolvimento de uma PCR apresenta-se com boas

perspectivas diagnósticas em pacientes com aspergilose (MARIE, 2000; WHEAT, 2006).

A combinação da dosagem de galactomanana e o sequenciamento de DNA por PCR,

parece ser uma estratégia promissora para melhorar a sensibilidade e especificidade de ambos os

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métodos, em pacientes de alto risco para desenvolvimento dessa infecção (FLORENT et al,

2006).

A droga de escolha no tratamento da aspergilose invasiva é o voriconazol (8mg/kg/dia)

(MICHALET et al, 2009).

 

 

2.2.3 CRIPTOCOCOSE

A criptococose é uma micose profunda causada por espécies de Cryptococcus,

destacando-se o Cryptococcus neoformans, que é adquirido através da inalação de basidiósporos

ou pequenas leveduras pobremente encapsuladas, facilitando seu depósito em alvéolos e

bronquíolos terminais (UPTODATE, 2011c).

O C. neoformans é um basidiomiceto que se apresenta na forma tecidual como levedura

encapsulada, tem distribuição mundial encontrado principalmente em solos e excrementos de

aves, apresentando duas variedades fúngicas, com quatro sorotipos: variedade neoformans

(sorotipos A e D) e variedade gatti (sorotipos B e C) (DARZÉ, 2000).

O principal grupo de pacientes predispostos a essa infecção são os pacientes

imunocomprometidos como os pacientes com aids e câncer (principalmente aqueles com

malignidades hematológicas, utilizando altas doses de corticosteróides e receptores de TMO

alogênico).

A principal via de entrada no organismo é inalatória, com o basidiomiceto chegando aos

alvéolos e sendo destruído pelos macrófagos nos indivíduos imunocompetentes. Nos pacientes

com funcionamento insuficiente dos macrófagos alveolares ou com déficits em seu número, o

fungo produz infecção local e se dissemina, inicialmente aos linfonodos mediastinais e

posteriormente, invadindo a corrente sanguínea, atingindo olhos e sistema nervoso central

(SNC).

Clinicamente a infecção por esse fungo pode produzir febre persistente na ausência de

outros sintomas, além de quadros de pneumonia, coriorretinite, meningite e meningoencefalite

(GARCIA-RUIZ et al, 2004).

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Classicamente o diagnóstico se baseia na cultura fúngica, histologia, antígeno criptocócico

e radiografia.

A visualização de leveduras encapsuladas em escarro, lavado bronco-alveolar e espécies

de tecidos são sugestivos de infecção criptocócica e a cultura dessas amostras são frequentemente

positivas, diferentemente das hemoculturas.

A determinação do antígeno criptocócico em sangue periférico auxilia no diagnóstico da

infecção, encontra-se positivo em 56 a 70% dos pacientes imunocomprometidos com

criptococose e altos níveis (títulos <1:512) podem indicar infecção disseminada.

A radiografia de tórax, apesar de auxiliar o diagnóstico em pacientes imunocompetentes,

com achados de nódulos não calcificados, infiltrados lobares e hilar e adenopatia mediastinal, em

pacientes imunocomprometidos raramente encontra-se essas alterações.

A punção lombar está indicada para qualquer paciente com sintomas sugestivos de

acometimento de SNC, bem como em pacientes imunocomprometidos com altos títulos de

antígeno criptocócico, independente dos sintomas neurológicos (UPTODATE, 2011c).

O sequenciamento do DNA é extremamente promissor na criptococose, um estudo

realizado na índia, realizando PCR sérica, mostrou sensibilidade 85,7 a 92,9%, especificidade de

100%, VPN e VPP de 100% (SAHA et al, 2009).

O tratamento de escolha é a anfotericina B (0,7mg/kg/dia) associado a 5-flucitosina

(100mg/kg/dia) por 2 semanas, seguido por manutenção com fluconazol (400mg/dia)

(BANACLOCHE et al, 2008).

 

2.3 NEUTROPENIA FEBRIL E FUNGEMIA

Pacientes portadores de imunossupressão, como os neutropênicos, e que evoluem com

micose oportunista apresentam dificuldade para o diagnóstico etiológico dessas infecções. A

redução da resposta inflamatória do hospedeiro faz com que sinais e sintomas da infecção, assim

como suas alterações laboratoriais, apresentem-se de forma discreta ao longo do quadro

infeccioso, o que dificulta a suspeita diagnóstica.

Além disso, habitualmente, existe uma dificuldade de aquisição de espécimes biológicos

por biópsia, pois, com frequência esses pacientes encontram-se neutropênicos e plaquetopênicos,

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ou algumas vezes, apresentam graus variados de instabilidade hemodinâmica o que contraindicam

procedimentos médicos invasivos (COLOMBO, 2007).

Muitas infecções graves por fungos em pacientes neutropênicos não são diagnosticadas

ante mortem, como demonstrou estudo realizado em pacientes submetidos à necrópsia, onde

metade dos pacientes com candidíase disseminada apresentavam hemoculturas positivas. Esta

baixa positividade se deve ao fato do crescimento de leveduras em hemoculturas serem

dependentes de vários fatores, como quantidade de sangue colhido, concentração do fungo na

corrente sanguínea, espécie do fungo e tipo de sistema empregado para a realização da

hemocultura (BUCHNER et al, 2002).

Em pacientes neutropênicos febris a letalidade por DFI aumenta quanto mais postergado

for o início do tratamento específico (GAREY et al, 2006). O fato de se isolar ou determinar o

agente causador da infecção altera a conduta terapêutica em mais da metade dos casos

(HUMMEL et al, 2009), sendo a infecção invasiva por esses agentes a maior causa de

mortalidade nessa população (HEBART et al, 2000).

Devido a essa dificuldade diagnóstica do ponto de vista microbiológico, e ao prejuízo à

saúde do paciente caso haja retardo no início da terapêutica antifúngica um consenso

internacional da EORTC/Mycoses Study Group (MSG) of the National Institute of Allergy and

Infectious Disease (NIAID), em 2008, revisou os critérios para definir infecção fúngica em

pacientes neutropênicos, conforme descrito a seguir:

a) Critérios do hospedeiro:

a.1) Recente história de neutropenia (neutrófilos < 500/mm3 por mais de 10 dias)

temporalmente relacionado ao início da infecção fúngica;

a.2) Receptores de TMO alogênico;

a.3) Uso prolongado de corticosteróides (excluindo aqueles com aspergilose

bronco-pulmonar) com uma dosagem mínima de 0,3mg/Kg/dia de prednisona ou

equivalente por mais de três semanas;

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a.4)Tratamento com outros imunossupressores de células T, como ciclosporina,

bloqueador de FNT-α, anticorpos monoclonais específicos (como o alemtuzumab), ou

análogos nucleosídeos durante os últimos 90 dias;

a.5) Imunodeficiência inata severa (como doença granulomatosa crônica ou

imunodeficiência combinada severa).

b) Critérios micológicos:

b.1) Teste direto (citologia, microscopia direta ou cultura) caracterizado pela

presença de bolores em escarro, lavado bronco-alveolar, escovado brônquico ou

aspirado nasal , indicado por um dos seguintes achados: presença de elemento fúngico

indicando hifas ou isolamento por cultura de uma hifa (e.g. Aspergillus sp, Fusarium

sp, Zygomycetos, ou Scedosporium sp).

b.2) Teste indireto (detecção de antígenos ou constituintes da parede celular) na

aspergilose pela identificação do antígeno galactomanana em soro, plasma, lavado

bronco-alveolar ou líquor e em DFI outras como criptococose e zigomicose pela

detecção sérica do β-D-glucano.

c) Critérios clínicos:

c.1) Doença fúngica do trato respiratório superior, definida pela presença de um

dos três fatores a seguir: lesão densa, bem circunscrita com ou sem sinal do halo; sinal

do ar crescente ou cavitação.

c.2) Traqueobronquite, determinada pela presença de: ulcerações, nódulos,

pseudomembranas, placas ou necrose traqueobrônquicas observadas em análises

broncoscópicas;

c.3) Infecção sinunasal, diagnosticada por imagem mostrando sinusite mais pelo

menos um dos três sinais a seguir: dor localizada aguda (incluindo dor irradiada para

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olhos); ulceração nasal com secreção enegrecida ou extensão para estruturas vizinhas,

incluindo órbita.

c.4) Infecção em SNC e diagnosticada pela presença de um dos seguintes: lesão ou

imagem focal e envolvimento meníngeo por ressonância nuclear magnética (RNM) ou

TC.

c.5) Candidíase disseminada conceituada pela existência de pelo menos uma das

duas entidades a seguir, após um episódio de candidemia nas duas semanas prévias:

abcessos pequenos, em alvo (lesões em olho de boi) em fígado ou baço e exsudato

retiniano progressivo em exame oftalmológico.

Com base nesses critérios, descritos acima, definem-se as infecções fúngicas como

comprovada, provável e possível, conforme se segue:

a) Infecção fúngica comprovada:

a.1) Infecção comprovada por hifas:

Análise microscópica de material estéril: histopatologia, citopatologia ou exame

microscópico direto obtida de aspiração por agulha ou biópsia mostrando hifas ou

leveduras-like melanizadas associado a evidências de lesão tissular.

Cultura positiva obtida de procedimento estéril, de um tecido ou líquido

normalmente estéril, que tenham alterações clínicas ou radiológicas compatíveis com

infecções, exceto lavado bronco-alveolar, urina e cavidades de seios cranianos.

Hemocultura mostrando hifas (e.g. Fusarium sp) no contexto de doença infecciosa

compatível.

a.2) Infecção comprovada por leveduras:

Análise microscópica de material estéril: histopatologia, citopatologia ou exame

microscópico direto de espécimes obtidas por agulha ou biópsia mostrando leveduras –

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por exemplo, Cryptococcus sp, indicado por brotamento de leveduras encapsuladas ou

Candida sp mostrando pseudo-hifas ou hifas verdadeiras.

Cultura positiva de material estéril: Isolamento de leveduras obtidas de

procedimento estéril associado a anormalidades consistentes com processo infeccioso

local.

Hemocultura mostrando leveduras (e.g. Cryptococcus sp ou Candida sp) ou fungo

levedura-like (Trichosporon sp).

Análise sorológica do líquor: Antígeno criptocóccico no líquido cefalorraquidiano

indica criptococose disseminada.

a.3) Micose endêmica comprovada, definida pela presença de um dos seguintes

achados, em hospedeiro com doença consistente com micose endêmica:

Cultura comprovada do sítio afetado ou sangue;

Histopatológico ou microscopia direta demonstrando formas morfológicas

apropriadas e consideradas adequadas para fungo dimórfico (Blastomyces dermatidis

com paredes espessas de base ampla e brotamento de leveduras, esporos em

Coccidioides sp, Paracoccidioides brasiliensis mostrando múltiplos brotamentos e no

caso de histoplasmose, a presença de leveduras intracelulares em fagócitos no sangue

periférico ou macrófagos em outros tecidos).

Também na coccidioidomicose, demonstração de anticorpo anticoccidioide em

liquor, ou aumento em duas diluições, em duas amostras consecutivas de sangue,

concomitante a um cenário sugestivo da infecção.

Ainda na paracoccidioidomicose, demonstração em duas amostras consecutivas da

banda precipitina da paracoccidoidina, associado a quadro clínico de infecção.

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b) Infecção fúngica provável: 1 critério do hospedeiro, associado a 1 critério micológico e

a 1 critério clínico compatível com infecção.

c) Infecção fúngica possível: 1 critério do hospedeiro associado a 1 critério clínico

compatível com infecção.

d) Micose endêmica provável: Presença de um critério do hospedeiro, mais um quadro

clínico sugestivo de micose endêmica além de uma evidência micológica, como um teste

positivo para antígeno Histoplasma sp na urina, sangue ou líquor.

Na prática, utiliza-se essas definições para iniciar tratamento antifúngico empírico ou

preemptivo em pacientes imunocomprometidos (ASCIOGLU et al, 2002; HUGHES et al, 2002;

DE PAUW et al, 2008; FREIFELD et al, 2011).

O regime antibiótico de escolha para o tratamento inicial da neutropenia febril pode variar

conforme o perfil bacteriológico da instituição, a neoplasia de base, as características clínicas dos

pacientes, estado hemodinâmico, entre outros, mas, de uma forma geral opta-se por um

betalactâmico com espectro de ação contra Pseudomonas aeruginosa, associado ou não ao

glicopeptídeo ou linezolida, caso o indivíduo apresente fatores de risco para infecção por

bactérias gram-positivas como infecção relacionada a cateter, colonização por Staphylococcus

aureus meticilina-resistente, cultura mostrando crescimento de germe gram-positivo previamente

à identificação definitiva e ao seu perfil de sensibilidade ou choque séptico (BANACLOCHE et

al, 2008).

Na década de 70, foi observado que o risco de infecção fúngica aumenta naqueles com

neutropenia febril persistente. O retardo no início da terapia antifúngica é claramente associada à

falência terapêutica e morte, justificando o acréscimo dessas drogas ao esquema antimicrobiano

dessa população (AISNER et al, 1977). Baseado nessas informações, os protocolos atuais

recomendam a introdução de antifúngicos, em pacientes com neutropenia e febre persistente após

4 a 7 dias a contar do diagnóstico e início de antibacterianos, sendo recomendado: Anfotericina B

lipossomal, itraconazol, voriconazol ou caspofungina com eficácias semelhantes (BANALOCHE

et al, 2008; FREIFELD et al, 2011).

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2.4 PCR PARA FUNGEMIA

A detecção de DNA microbiano utilizando a tecnologia de PCR é um grande avanço no

diagnóstico de infecções causadas por bactérias e vírus, entretanto, seu uso para DFI em pacientes

neutropênicos febris ainda é limitado, uma vez que as publicações utilizam técnicas

desenvolvidas em laboratórios individuais e, portanto, não há padronização que possa ser

utilizada de forma universal (PONTÓN, 2009). Como consequência deste fato, a detecção de

DNA fúngico não se inclui nos critérios microbiológicos de diagnóstico de infecção fúngica

invasora estabelecidos pelo EORTC/MSG (DE PAW et al, 2008).

Desde o advento dessa técnica persiste uma série de problemas na detecção de DNA para

o diagnóstico de DFI, incluindo o método de extração do DNA, o formato da PCR, a detecção e

identificação de várias espécies de fungos simultaneamente, o custo, a interpretação de um

resultado positivo para poder diferenciar uma colonização de uma infecção além da amostra ideal

(soro ou sangue total) (BOUGNOUX et al, 1999). Uma das primeiras pesquisas utilizando-se a

PCR convencional em fungemia em pacientes com neutropenia febril foi realizada por Einsele e

cols em 1997, que demonstrou sensibilidade de 100% e especificidade de 98%, em grupo de

pacientes sabidamente infectados por infecção fúngica. Nesse trabalho, houve um grupo de 11

pacientes com PCR persistentemente positiva para infecção fúngica, com hemocultura negativa e

cujos pacientes não melhoraram com terapia específica (EINSELE et al, 1997). Outros estudos

com PCR convencional não conseguiram reproduzir esses valores de sensibilidade e

especificidade (POTÓN, 2009).

A introdução da PCR em tempo real e dos métodos automatizados de extração de DNA

têm solucionado alguns dos problemas associados com a contaminação da amostra e com o tempo

de realização da prova, no entanto, ainda persistem resultados amplamente variados

(BRETAGNE e COSTA, 2005; COLOM et al, 2006; ELLEPOL et al, 2005; LAÍN et al, 2008),

com estudos utilizando técnicas diferentes e mostrando desde uma sensibilidade de 63% e

especificidade de 96% (BADIEE, 2007) até uma sensibilidade e especificidade de 100%, para

ambos, utilizando apenas a espécie Candida albicans (ARANCIA et al, 2006).

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Além de elevada sensibilidade e especificidade comparativamente às provas fenotípicas,

essas metodologias tem demonstrado boa correlação com a evolução clínica e valores preditivos

negativos em torno de 98% para fungemia em pacientes neutropênicos (ALEXANDER, 2002;

STEVENS, 2002).

A multiplex-PCR (MT-PCR) é uma técnica derivada da PCR clássica onde dois ou mais

loci são simultaneamente amplificados em uma mesma reação, o que possibilita a detecção e

identificação, ao mesmo tempo, de distintos genes de interesse. Por sua simplicidade e rapidez,

tem se mostrado uma boa ferramenta no reconhecimento e diagnóstico de fungos em amostras

clínicas (MÉNDEZ-ÁLVAREZ e PÉREZ-ROTH, 2004). Em um estudo, realizado em 2010, por

Lau e cols aplicaram MT-PCR em sangue e plasma para detecção de múltiplas espécies de

Candida e comparam com a hemocultura em relação ao tempo da coleta ao diagnóstico, a

sensibilidade, especificidade, VPP e VPN, da MT-PCR, e encontraram os seguintes dados: a

hemocultura demorava em média oito dias para detectar a espécie, enquanto o da MT-PCR 2,2

dias, e a MT-PCR demonstrou sensibilidade de 75%, especificidade de 97%, VPP 95% e VPN de

85%.

Outro estudo publicado, em 2002, também com multiplex PCR para detecção de C.

albicans, C. glabrata, C. parapilosis, C. tropicalis, A. fumigatus e C. neoformans, utilizando

diretamente as culturas de fungos como amostra, demonstrou sensibilidade e especificidade de

100% (Luo e Mitchell, 2002).

Acredita-se que para se obter um diagnóstico precoce de micose profunda e/ou fungemia

em pacientes imunossuprimidos, sobretudo em pacientes onco-hematológicos e naqueles

submetidos a TMO, a perspectiva para um futuro a curto e médio prazo é a monitorização

contínua de biomarcadores moleculares, como a detecção de antígenos específicos ou sequência

de DNA, em pacientes com risco de desenvolver infecção fúngica (COLOMBO, 2007).

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3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a frequência de fungemia e sua etiologia em episódios de neutropenia febril em

pacientes onco-hematológicos internados no HEMOPE, de fevereiro a novembro 2010,

utilizando-se hemocultura e MT-PCR desenvolvida in house.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Avaliar a frequência de fungemia em pacientes onco-hematológicos com episódios de

neutropenia febril de alto risco utilizando-se hemocultura e MT-PCR.

b) Descrever as espécies de fungos encontradas em pacientes onco-hematológicos com

episódios de neutropenia febril de alto risco, utilizando-se hemocultura e MT-PCR.

c) Relatar as características oncológicas e os fatores de risco, mais frequentes, em pacientes

com neoplasia hematológica e neutropenia febril com doença fúngica invasiva.

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4. PACIENTES E MÉTODOS

4.1 DESENHO DO ESTUDO

O presente estudo tem caráter descritivo, do tipo série de casos, que nos permitiu

caracterizar os episódios de neutropenia febril em pacientes internados com fungemia

diagnosticada por hemocultura e MT-PCR convencional, através de amostra de conveniência.

Esse estudo é um subprojeto de uma pesquisa multicêntrica denominada “Avaliação de teste

molecular para detecção de infecção fúngica em população vulnerável: pacientes em uso de

quimioterapia e neonatos”.

4.2 POPULAÇÃO ALVO

Pacientes oncológicos com episódios de neutropenia febril internados no HEMOPE,

hospital terciário e que se caracteriza por ser referência no tratamento de leucemias agudas no

estado de Pernambuco, de fevereiro a novembro de 2010.

4.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Estar internado durante o episódio de neutropenia febril ou ter indicação de internação por

neutropenia febril.

4.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

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Coleta de amostra de sangue para realização de PCR apenas 48 horas após o último pico

febril.

4.5 DEFINIÇÃO DE TERMOS E VARIÁVEIS

Definição de termos:

a)Neutropenia febril (IDSA, 2010): Associação descrita a seguir.

Neutropenia: Pacientes com número total de neutrófilos abaixo de 500/mm3 ou

entre 500 e 1.000/mm3 com tendência à queda;

Febre: Um episódio de temperatura oral maior ou igual a 38,3°C, o que equivale a

uma temperatura axilar maior ou igual a 37,8°C, não relacionada à infusão de

hemoderivados, ou temperatura mantida a 38°C (37,5°C axilar), por mais de uma hora.

b) Resolução da neutropenia febril

O episódio de neutropenia febril foi considerado resolvido após o paciente

apresentar-se 72 horas afebril (HUGHES et al, 2002; FREIFELD et al, 2011).

c) Infecção fúngica

Definida como infecção fúngica comprovada, provável ou possível de acordo com

as definições do EORTC/MSG/NIAID, 2002 e revisados em 2008.

A definição operacional e a categorização das variáveis são demonstradas no quadro 1.

Quadro 1. Definição operacional e categorização das variáveis

Idade:

Variável contínua definida como o intervalo de tempo entre a data de nascimento, referida pelo paciente e a data da coleta dos dados, em anos completos.

Sexo Masculino ou feminino.

Detecção de fungo por hemocultura :

Colhida a critério do médico assistente do paciente com diagnóstico de neutropenia febril, categorizada como positiva ou negativa, e discriminado o gênero e espécie isolados.

Detecção de fungo por multiplex PCR

Colhida ao diagnóstico da neutropenia febril ou ao início do antifúngico, categorizada como positiva ou negativa, e discriminado o gênero e espécies detectados.

Tipo de neoplasia Origem da neoplasia de base do paciente, descrita

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em prontuário, sendo categorizada como síndrome mielodisplásica (SMD), Leucemia Mielóide aguda não M3(LMA), LMA M3 (LMAM3), Leucemia Linfóide Aguda (LLA), Leucemia Bifenotípica Aguda (LBA), outras neoplasias onco-hematológica não SMD e não LA.

Progressão de doença:

Definida como refratariedade da neoplasia ao tratamento ou recidiva após remissão e categorizada como sim na presença e não na ausência de progressão.

Duração da febre: Intervalo de tempo, em dias, entre o início da febre e a coleta da amostra para análise da PCR.

Temperatura máxima registrada: Variável contínua em graus célsius registrada no período em que o paciente encontra-se febril.

Comorbidades:

Presença de outras doenças que contribuam para a imunossupressão no momento do diagnóstico da NF, relatada em prontuário ou pelo paciente. Como hipertensão arterial (HAS), diabetes mellitus (DM), doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), outras pneumopatias crônicas, Insuficiência renal crônica (IRC), outras nefropatias, cardiopatias crônicas, cirrose hepática (CH), outras hepatopatias e doenças autoimunes e categorizadas como sim na presença e não na ausência.

Quimioterapia atual: Informação sobre o uso de quimioterápicos. Definidas como QT de indução, consolidação, manutenção, paliativa e de resgate.

Linha de tratamento quimioterápico atual:

Definida como números de protocolos de quimioterapia recebidos pelo paciente antes do episódio de NF, Categorizada como Primeira (0 linha prévia), segunda (1 linha prévia), outras ( 2 ou + linhas prévias).

Uso de antibiótico terapêutico : Informação de uso de antibiótico terapêutico adequado no dia da coleta da amostra da PCR.

Sítio de Infecção : Informação discriminada em prontuário médico.

Mucosite:

Documentada em prontuário ou observada pelo entrevistador durante a coleta de dados e dicotomizada em sim (presença) ou não (ausência).

Internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI):

Internação em UTI atual ou nos trinta dias previamente ao diagnóstico de NF. Categorizada em sim ou não.

Tempo de internação em UTI : Intervalo de dias em que o paciente esteve internado em UTI.

Ventilação mecânica : Informação documentada em prontuário, categorizada em sim ou não.

Presença de acesso venoso central:

Definida como presença de acesso venoso central, provisório e/ou definitivo, atual ou nos sete dias prévios ao diagnóstico de NF. Categorizada com sim (presença) e não (ausência).

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Tempo de cateter central : Intervalo de dias em que o paciente esteve com cateter central instalado.

Uso de Nutrição Parenteral Total (NPT):. Definida como uso atual de NPT ou nos sete dias prévios ao diagnóstico de NF. Dicotomizada em sim (presença) e não (ausência).

Hemodiálise: Tratamento hemodialítico realizado periodicamente, relatado pelo mesmo ou em prontuário. Categorizada como sim ou não.

Uso prévio de corticosteróides:

Necessidade de uso terapêutico de corticosteróide, equivalente a prednisona 20mg/dia por mais de 30 dias, ou equivalente, informado em prontuário ou pelo paciente. Categorizada em sim ou não.

Uso prévio de imunossupressores não corticosteróides :

Necessidade de uso terapêutico de imunossupressores, com exceção dos corticosteróides, informado em prontuário ou pelo paciente. Categorizada em sim ou não.

Uso de Sonda vesical de demora: Documentada em prontuário ou informada pelo paciente, categorizada em sim ou não.

Hemoglobina : Níveis de hemoglobina checado em prontuário médico no dia da coleta da PCR. Variável contínua.

Leucócitos : Número de leucócitos checado em prontuário médico no dia da coleta da PCR. Variável contínua.

Neutrófilos : Número de neutrófilos checado em prontuário médico no dia da coleta da PCR. Variável contínua.

Duração da neutropenia:

Tempo em dias entre a neutropenia ou neutropenia febril (o que for documentado primeiro) e a recuperação neutrofílica (neutrófilos maior ou igual a 1500/mm3). Variável contínua.

Plaquetas: Número de plaquetas checado em prontuário médico no dia da coleta da PCR. Variável contínua.

Achados tomográficos sugestivos de Doença Fúngica Invasiva (DFI):

Tomografia de tórax e/ou abdome, realizadas durante a internação por NF, sugestivas de IFI (imagens em “roda dentro de roda” ou “olho de boi” em baço ou fígado na tomografia de abdômen e infiltrado intersticial, nódulos de distribuição randômica, imagens com padrão em árvore em brotamento ou consolidação pulmonar na tomografia de tórax), relatadas em laudo ou prontuário médico. Categorizada em presença, ausência ou não realizada.

 Oftalmoscopia sugestiva de DFI :

Fundoscopia realizada durante a internação e sugestiva de DFI (endoftalmite), durante a internação por NF, documentada em prontuário médio. Categorizada em presença, ausência ou não realizada.

Dosagem de Antígenos : Dosagem de galactomanana, checado em prontuário, nos 7 dias que precedem a coleta da

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PCR.  

4.6 MÉTODO DE COLETA DE DADOS

Pacientes atendidos na instituição participante da pesquisa com diagnóstico de neutropenia

febril e que tivessem indicação de internação hospitalar ou que estivessem internados ao

desenvolverem neutropenia febril, foram convidados a participar da pesquisa. Após a assinatura

do termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice A), responderam a um questionário pré-

formulado (Apêndice B), seguido de registro de dados clínicos, laboratoriais e de imagem do

prontuário médico e posteriormente eram coletados amostras biológicas para estudo imunológico

(PCR), na rotina do serviço.

Todos os dados, tanto os referentes às variáveis de caráter amostral, quanto às

laboratoriais, foram arquivados em protocolo específico para pesquisa.

4.7 QUALIDADE DOS INSTRUMENTOS DE MEDIDA E PADRONIZAÇÃO DAS

TÉCNICAS

4.7.1 AMOSTRAS DE SANGUE PARA REALIZAÇÃO DE HEMOCULTURA

As hemoculturas dos paciente internados no HEMOPE foram realizadas rotineiramente

pelo laboratório CERPE®, até setembro de 2010, e pelo laboratório LAPAC® a partir de outubro

de 2010, ambos utilizavam cultura automatizada, com BacT/Alert®. A solicitação de

hemoculturas, sua coleta, processamento do material e identificação das espécies, seguiu a rotina

dos laboratórios prestadores desse serviço ao HEMOPE. Os resultados das culturas foram obtidos

através de consultas aos prontuários médicos.

4.7.2 AMOSTRAS DE SANGUE PARA AMPLIFICAÇÕES POR PCR

Estas amostras foram obtidas por coleta de 5 a 8 ml de sangue em tubo contendo EDTA

(ethylenediamine tetraacetic acid), na rotina da enfermaria do HEMOPE, no dia seguinte após

leitura e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelo paciente ou seu

responsável (Apêndice A e B). Portanto, para as amplificações por PCR, foram utilizadas

amostras diferentes das encaminhadas para hemoculturas. Foi colhido uma amostra por episódio

de neutropenia febril por paciente e encaminhada ao laboratório de biologia molecular do

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Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), onde eram realizados os testes

moleculares.

4.7.3 EXTRAÇÕES DE DNA GENÔMICO NAS AMOSTRAS DE SANGUE

Amostras de 5-8 ml de sangue periférico foram diluídas em igual volume de tampão PBS

(phosphate buffered saline) e submetidas a um gradiente de Ficoll-Paque plus (Ge Healthcare,

Uppsala, Suécia) por centrifugação a 1800rpm por 30 min em centrífuga clínica. O anel de células

sanguíneas foi coletado e as células lavadas em PBS e quantificadas. Ao se adquirir 5 x 106

células, as mesmas eram suspensas em 700µl do reagente DNAzol (Invitrogen, São Paulo, Brasil)

visando a lise celular, sendo adicionado 200µl de Isopropanol 100% para a precipitação de DNA

em temperatura ambiente por 5 min. O precipitado obtido com centrifugação a 6.000 rpm por 6

min foi lavado com etanol 75%, após rápida secagem foi ressuspenso em 50µl de água com

(DEPC) dietil-pirocarbonato (LUO e MITCHELL, 2002).

4.7.4 DIAGNÓSTICO MOLECULAR DE INFECÇÃO FÚNGICA

A detecção molecular da infecção fúngica consistiu em três etapas. A primeira etapa foi

submeter à amostra a uma reação em cadeia de PCR para a amplificação do gene humano

constitutivo para glicerol 3-fosfato desidrogenase (gpdH) visando confirmar a qualidade da

amostra nos casos do teste negativo. Na segunda etapa, a amostra foi avaliada quanto à presença

genética de fungo consistindo em sequência conservada da região intercalante do gene ribossomal

chamada de internal transcribed spacer (ITS). A última etapa foi realizada nas amostras positivas

para o ITS e consistiam na amplificação do gene ribossomal das espécies fúngicas mais

frequentes na infecção hospitalar. Nessa etapa, as amostras foram submetidas a duas reações de

MT-PCR com inicializadores específicos para a identificação das espécies Candida glabrata, C.

tropicalis e C. parapsilosis na multiplex 1, e para as espécies de Aspergillus sp, Criptococcus

neoformans e C. albicans na multiplex 2.

A reação de amplificação do gene constitutivo foi preparado com 100 ng de DNA, 25

pmol de cada inicializador, 1,76 mM MgCl2, 0,45 mM de dNTPs, 1x tampão e 1,0 U Taq DNA

polimerase (Invitrogen) em um volume total de 25μL. A amplificação por PCR foi executada no

termociclador Mastercycler, Eppendorf (Hamburgo, Alemanha) utilizando o programa de

ciclagem formulado em 5 minutos para desnaturação inicial a 94°C, seguido de 40 ciclos de 1

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minuto a 94°C para desnaturação, 1 minuto a 62°C para anelamento dos inicializadores, e 1

minuto a 72°C para extensão; ao final foi adicionado um ciclo de 7 minutos a 72°C.

A reação de amplificação da sequência ITS foi preparada com 100 ng de DNA, 25 pmol

de cada inicializador, 1,5 mM MgCl2, 0.3 mM de dNTPs, 1x tampão e 1,0 U Taq DNA polimerase

em um volume total de 25 μL. A amplificação por PCR foi executada no termociclador

Mastercycler Eppendorf utilizando o mesmo programa de ciclagem citado acima. As

multiplex PCR foram feitas com as concentrações e condições acima citadas e a lista de

iniciadores utilizados está descrito no quadro 2.

 

 

 

 

 

 Quadro 2. Espectro de análise da MT-PCR panfúngica e seus iniciadores

Alvo Iniciadores

gpdH (gene humano) 5’ GTCTCCACCACCATGGAGAAGGCT 5’ CATGCCAGTGAGCTTCCCGTTCA

ITS (sequência fúngica)

5’ TCCCTAGGGTGAACTGCGG 5’ TCCTCCGCTTATTGATATGC

rDNA Aspergillus fumigatus

5’CGCCGAAGACCCCAACATGAACGC 5’TAAAGTTGGGTGTCGGCTGGC

rDNA Candida albicans

5’TTTATCAACTTGTCACACCAGA 5’ATCCCGCCTTACCACTACCG

rDNA Candida glabrata

5’TTATCACACGACTCGACACT 5’CCCACATACTGATATGGCCTACAA

rDNA Candida tropicalis

5’CAATCCTACCGCCAGAGGTTAT 5’TGGCCACTAGCAAAATAAGCGT

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rDNA Candida parapsilosis

5’GCCAGAGATTAAACTCAACCAA 5’CCTATCCATTAGTTTATACTCCGC

rDNA Cryptoccocus neoformans

5’ATCACCTTCCCACTAACACATT 5’GAAGGGCATGCCTGTTTGAGAG

 

4.8 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

A partir dos prontuários, questionários e coletas de sangue dos pacientes envolvidos no

estudo, foi criado um banco de dados na planilha eletrônica excel (2007). Para a caracterização da

amostra em termos de frequência foi utilizado o programa SPSS versão 13, na qual obteve-se a

análise descritiva dos dados.

5. ASPECTOS ÉTICOS

Este projeto de pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa da fundação

HEMOPE (Parecer final n° 34/2009, anexo A) e comitê de ética e pesquisa

CPqAM/FIOCRUZ (parecer final n° 73/2009, anexo B).

Os pacientes assinaram termos de consentimento livre e esclarecido e aprovado pelo

mesmo (Apêndices A e B), de acordo com a resolução 196/96 do conselho nacional de

saúde e responderam a entrevista padronizada (Apêndice C). Os que não concordaram

em participar foi-lhes garantido o mesmo atendimento e tratamento.

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Os dados serão armazenados pelo pesquisador por pelo menos 5 anos para eventual

comprovação.

ARTIGO 1: FREQUÊNCIA E ETIOLOGIA DE INFECÇÕES FÚNGICAS

DIAGNOSTICADAS ATRAVÉS DE HEMOCULTURA E/OU PCR MULTIPLEX

PANFÚNGICA EM PACIENTES ONCO-HEMATOLÓGICOS NEUTROPÊNICOS

FEBRIS

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AUTORES: TEIXEIRA, HM; BRITO, CAA; LUCENA-SILVA, N; MAGALHÃES, JJF;

LYRA, JMA; MATIAS, CN; MELO, HRL; JUCÁ, MB; MAGALHÃES, V.

Artigo a ser submetido à revista European Journal of Clinical Microbiology & Infectious

Diseases (Qualis A internacional)

FREQUÊNCIA E ETIOLOGIA DE INFECÇÕES FÚNGICAS DIAGNOSTICADAS

ATRAVÉS DE HEMOCULTURA E/OU PCR MULTIPLEX PANFÚNGICA EM

PACIENTES ONCO-HEMATOLÓGICOS NEUTROPÊNICOS FEBRIS

RESUMO:

O diagnóstico microbiológico tardio, através de hemoculturas, em pacientes com neoplasias

hematológicas e neutropenia febril, posterga o início do tratamento adequado, levando a aumento

da morbimortalidade. A identificação do micro-organismo altera a antibioticoterapia em mais da

metade dos casos, porém, o agente tem sido isolado, em 20 a 30% dos casos. Desse total, 5% se

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deve a infecção fúngica, causada principalmente por Candida sp e Aspergillus sp. Objetivo:

Avaliar a frequência de fungemia e sua etiologia em pacientes onco-hematológicos com episódios

de neutropenia febril utilizando-se de hemocultura e de multiplex PCR (MT-PCR) panfúngica.

Método: Estudo descritivo, do tipo série de casos, avaliando os resultados de hemocultura e MT-

PCR colhidas ao início de cada episódio de neutropenia febril. Resultados: Foram analisados um

total de 67 episódios de neutropenia febril em 42 pacientes portadores de doença onco-

hematológica, com e sem critérios para doença fúngica invasiva (DFI). A hemocultura foi positiva

em dois episódios de doença fúngica comprovada , decorrentes de C. parapsilosis e C. tropicalis,

enquanto a MT-PCR foi positiva em um dos episódios. Ocorreram ainda mais 15 casos com

critérios clínicos para infecção fúngica, (3 prováveis e 12 possíveis) com a MT-PCR

identificando fungemia em 12. A PCR conseguiu registrar quarenta e duas infecções fúngicas

através da presença de ITS positivo na reação, com a determinação por MT-PCR de vinte e três

espécies em 21 análises (duas PCRs identificaram duas espécies de fungo no mesmo episódio),

assim distribuídos: C. parapsilosis 10 (43,5%), Cryptococcus neoformans 6 (26,1%), C. glabrata

4 (17,4%), C. tropicalis 2 (8,7%) e C. albicans 1(4,3%). Conclusão: A utilização da MT-PCR

associada a hemocultura aumentou o número de documentação microbiológica, em episódios de

neutropenia febril, quando infecção fúngica invasiva é suspeita. Considerações: Ajustes na

técnica e estudos de validação são necessários para determinar a real eficácia da mesma.

Palavras chaves : Diagnóstico. Fungemia. Hospedeiro imunocomprometido. Neutropenia. Reação

em cadeia de polimerase.

OCCURRENCE AND ETIOLOGY OF FUNGAL INFECTIONS DIAGNOSED BY

BLOOD CULTURE AND/OR PANFUNGAL MULTIPLEX PCR IN ONCO-

HEMATOLOGICAL PATIENTS WITH FEBRILE NEUTROPENIA

ABSTRACT

The late microbiological diagnosis using blood cultures in febrile neutropenic onco-hematological

patients delays the prompt initiation of adequate treatment, leading to an increase of

morbimortality in these individuals. The identification of the responsible microorganism changes

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the antibiotic therapy in more than one half of patients, however, in only 20-30% of cases the

pathogen isolation is achieved. Of these, 5% is due to fungal infections, caused mainly by

Candida sp and Aspergillus sp. Objective: To evaluate the fungemia frequence and its etiology in

onco-hematological patients with febrile neutropenia using blood cultures and panfungal

multiplex PCR (MT-PCR). Methods: Descriptive case series study evaluating the blood cultures

and MT-PCR samples collected during a febrile neutropenia episode. Results: 67 febrile

neutropenia episodes in 42 onco-hematological patients with and without invasive fungal disease

(IFD) criteria were analysed. Blood cultures were positive in two cases of proven IFD, due to

Candida parapsilosis and Candida tropicalis while MT-PCR was positive in one of proven IFD

episodes. In other 15 cases with clinical criteria for IFD (3 probable and 12 possible), MT-PCR

indentified fungemia in 12. Conclusion: the use of MT-PCR combined with blood cultures

improves microbiological documentation in febrile neutropenia episodes when IFD is suspected.

Technical adjustments and validation studies are needed to determine its actual efficacy.

Keywords: Diagnosis. Fungemia. Immunocompromised host. Neutropenia. Polymerase chain

reaction.

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

Neutropenia febril é uma complicação infecciosa frequente em pacientes

portadores de doenças onco-hematológicas, no entanto, o isolamento do agente infeccioso,

através da hemocultura, ocorre em 20 a 30% dos casos (1) e desses 30 a 35% se devem a

bactérias, 5% ocorre por vírus e outros 5% a fungos (2). Quando essa infecção é devida à

fungemia, em 90 % dos casos ocorre por Candida sp ou Aspergillus sp e raramente em pacientes

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com neutropenias menores que uma semana (3). A redução da resposta inflamatória do

hospedeiro faz com que sinais e sintomas da infecção, assim como alterações laboratoriais,

apresentem-se de forma discreta ao longo do quadro infeccioso, o que dificulta a suspeita

diagnóstica (2). O fato de se isolar ou determinar o agente causador da infecção nesses pacientes

altera a conduta terapêutica em mais da metade dos casos (4), contudo, as hemoculturas para

fungemia, apresentam baixa sensibilidade (35 a 50%), mesmo quando seriadas, e normalmente

apresentam resultados tardios (> 7 dias) (5). A infecção fúngica é a principal causa de mortalidade

em pacientes neutropênicos febris e é maior quanto mais retardado for o início do tratamento

específico (6,7). Devido a dificuldade diagnóstica, do ponto de vista microbiológico, e ao

prejuízo a saúde do paciente caso haja retardo no início da terapêutica antifúngica um consenso

internacional da European Organization for Research and Treatment of Cancer

(EORTC)/Mycoses Study Group (MSG) of the National Institute of Allergy and Infectious Disease

(NIAID), em 2008, revisou os critérios para definir infecção fúngica (8), no entanto, essa

classificação além de ser presuntiva, na maioria das vezes proporciona um diagnóstico tardio (1).

Em pacientes com risco de desenvolver infecção fúngica, a perspectiva para um futuro a

curto e médio prazo é a monitorização contínua de biomarcadores moleculares, como o

sequenciamento de DNA (deoxyribonucleic acid), que são capazes de detectar micro-organismos

rapidamente e sem incubação (9). O desenvolvimento de uma multiplex PCR (MT-PCR) in house

para detecção de fungos em amostras de sangue em pacientes neutropênicos febris tem

demonstrado sensibilidades e especificidades variadas quando comparada a hemoculturas

(10,11,12). Porém, a falta de padronização de técnicas e de inicializadores para detecção

genômica fúngica, limitam a sua utilização rotineira (13).

Foi desenhada uma multiplex PCR convencional para detectar fungos em amostras de

sangue humano em pacientes com neutropenia febril, com a região internal transcript spacer

(ITS) do genoma fúngico sendo o alvo selecionado para a detecção de 06 espécies de fungos

patogênicos.

O objetivo deste estudo foi determinar a frequência de infecção fúngica por hemocultura e

MT-PCR em pacientes com neoplasias hematológicas com episódios de neutropenia febril.

MATERIAIS E MÉTODOS

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1. PACIENTES: Realizou-se um estudo prospectivo, observacional, conduzido no Hemocentro

de Pernambuco (HEMOPE), hospital de referência para pacientes onco-hematológicos em

Pernambuco (Recife-PE), Brasil, entre fevereiro e novembro de 2010. Foram convidados a

participar da pesquisa, adultos atendidos na instituição com diagnóstico de neoplasias

hematológicas, que estivessem ou não recebendo quimioterapia e que tivessem indicação de

internação hospitalar ou que estivessem internados, ao desenvolverem neutropenia febril. Após a

assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, responderam a um questionário pré-

formulado, seguido de registro de dados clínicos, coleta de amostras sanguíneas para exames

laboratoriais de rotina, hemocultura e para realização de MT-PCR. Esta pesquisa foi aprovada

pelo comitê de ética e pesquisa da fundação HEMOPE (Parecer final n° 34/2009) e comitê de

ética e pesquisa CPqAM/FIOCRUZ (parecer final n° 73/2009).

2. MANEJO CLÍNICO: Pacientes foram internados e conduzidos de acordo com seu médico

assistente. Os pacientes habitualmente recebiam, no momento do diagnóstico, profilaxia para

infecções com fluconazol, aciclovir e levofloxacino. Durante o episódio febril recebiam

antibioticoterapia empírica conduzida de acordo com os protocolos da Infectious Diseases Society

of America (IDSA) (2). Modificações da terapia antibiótica e adição de terapia antifúngica foi

baseada no curso clínico (persistência da febre acima de 72 h, deterioração clínica e/ou novo foco

infeccioso). O manejo clínico foi rotineiramente baseado em resultados das hemoculturas, os

resultados da MT-PCR não foram considerados na decisão terapêutica.

3.DEFINIÇÕES: Neutropenia febril foi definida conforme critérios da IDSA 2010, considerando-

se neutropenia um número de neutrófilos < 500/mm3 ou entre 500 a 1000/mm3 com tendência a

declínio e febre definida por uma mensuração maior ou igual a 38°C ou maior ou igual a 37,8°C

por mais de uma hora (2). Um novo episódio de neutropenia febril foi determinado por reinício da

febre após um período de 72 horas afebril. Doença fúngica invasiva foi definida como

comprovada, provável ou possível de acordo com o EORTC-MSG (8), no dia da coleta da

amostra de sangue para realização da MT-PCR.

4.COLETA DAS AMOSTRAS SANGUÍNEAS: As hemoculturas automatizadas foram realizadas

utilizando-se o sistema BacT/Alert®. A solicitação de hemoculturas e sua coleta, processamento

do material e identificação das espécies, seguia a rotina dos laboratórios prestadores desse serviço

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ao HEMOPE. As amostras para execução da MT-PCR foram obtidas por punção periférica

através do sistema vacutainer com coleta de 5 a 8 ml de sangue em tubo contendo EDTA

(ethylenediamine tetraacetic acid). Foi colhida uma amostra por episódio de neutropenia febril

por paciente e encaminhada ao laboratório de biologia molecular do Instituto de Medicina

Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), onde foram realizados os testes moleculares.

5. EXTRAÇÃO E AMPLIAÇÃO DO DNA E DIAGNÓSTICO MOLECULAR DA INFECÇÃO

FÚNGICA: Para extração do DNA genômico 5 a 8 ml das amostras de sangue periférico foram

diluídas em igual volume de tampão PBS (phosphate buffered saline) e submetidas a um

gradiente de Ficoll-Paque plus (Ge Healthcare, Uppsala, Suécia) por centrifugação a 1800 rpm

por 30 min, o processamento, extração e diagnóstico molecular foi realizado de acordo com Luo e

Mitchell (2002), a lista de iniciadores utilizados está descrita na Tabela 1.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tabela 1. Espectro de análise da MT-PCR panfúngica e seus iniciadores

Alvo Iniciadores gpdH (gene humano)

5’ GTCTCCACCACCATGGAGAAGGCT

5’ CATGCCAGTGAGCTTCCCGTTCA

ITS (sequência fúngica)

5’ TCCCTAGGGTGAACTGCGG

5’ TCCTCCGCTTATTGATATGC

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rDNA Aspergillus fumigatus

5’CGCCGAAGACCCCAACATGAACGC

5’TAAAGTTGGGTGTCGGCTGGC

rDNA Candida albicans

5’TTTATCAACTTGTCACACCAGA

5’ATCCCGCCTTACCACTACCG

rDNA Candida glabrata

5’TTATCACACGACTCGACACT

5’CCCACATACTGATATGGCCTACAA

rDNA Candida tropicalis

5’CAATCCTACCGCCAGAGGTTAT

5’TGGCCACTAGCAAAATAAGCGT

rDNA Candida parapsilosis

5’GCCAGAGATTAAACTCAACCAA

5’CCTATCCATTAGTTTATACTCCGC

rDNA Cryptoccocus neoformans

5’ATCACCTTCCCACTAACACATT

5’GAAGGGCATGCCTGTTTGAGAG

6. DADOS E ANÁLISE ESTATÍSTICA: A partir dos prontuários, questionários e coletas de

amostras de sangue dos pacientes envolvidos no estudo, foi criado um banco de dados na planilha

eletrônica excel (2007). Para a avaliação estatística utilizou-se o programa SPSS versão 13, com

a qual obteve-se a análise descritiva dos dados. Os resultados da MT-PCR panfúngica foram

interpretadas de acordo com os critérios do EORTC-MSG para classificação e infecção fúngica

(8) associado à resposta ou não a introdução de antifúngicos. Os episódios de neutropenia febril

em que não conseguiu-se extração gênica de controle (alvo humano) para a realização da PCR

(polymerase chain reaction) não foram analisados.

RESULTADOS:

Analisou-se 67 episódios de neutropenia febril (NF) apresentados por 42 pacientes com

neoplasias hematológicas. A cada episódio de NF obteve-se pelo menos uma amostra de sangue

para cultura e uma amostra para realização da PCR, sendo 25 homens e 17 mulheres, com uma

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mediana de idade de 43anos (variando de 19 a 70 anos). As características dos pacientes com

episódios de neutropenia febril estão listadas na tabela 2. Tabela 2. Sexo , idade e tipo de neoplasia em 42 pacientes com episódios de Neutropenia febril

Características dos pacientes com Neutropenia febril (n=42) Valores (%)

Masculino/Feminino.......................................... 25 (60)/ 17 (40)

Mediana de idade............................................... 43 anos Neoplasias Hematológicasa

LMAb não M3................................................. 24 (58,5) LLAc................................................................ 8 (19,5) LBAd................................................................ 4 (9,8) SMDe ............................................................... 2 (4,9) LMAb não M3 ................................................. 1 (2,4) Outros.............................................................. 2 (4,9)

aEm um paciente não se identificou o tipo de neoplaisa hematológica b Leucemia Mielóide Aguda c Leucemia Linfóide Aguda d Leucemia Bifenotípica Aguda e Síndrome mielodisplásica

 

Do total de episódios de NF analisados, 42 corresponderam ao primeiro episódio e 25 a

episódios recorrentes. A mediana de dias de neutropenia foi de 11 dias e variou entre 2 a 95 dias.

O sítio de infecção foi identificado em 35 (52,2%) casos, sendo 4 (6,0%) do trato

gastrintestinal, 22 (32,8%) do trato respiratório e 9 (13,4%) de cateteres, pele ou partes moles e

32 (47,8%) não teve um sítio de infecção definido (Tabela 3).

Tabela 3. Dias de neutropenia, número de episódios, micro-organismos isolados e sítio de infecção em 67 episódios de neutropenia febril

Características dos episódios de Neutropenia febril (n=67) Valores (%)

Mediana de dias de Neutropenia........................................................................ 11

Número de episódios febris

Primeiro episódio............................................................. 42 (62,7) Episódios recorrentes....................................................... 25 (37,3) Antimicrobiano adequado ao início da febre................... 63 (98,4)

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Infecção documentada microbiologicamente

Bactérias Gram-positivas.................................................. 9 (52,9) Bactérias Gram-negativas................................................. 6 (35,3) Fungos............................................................................... 2 (11,8)

Sítio de infecção

Sítio desconhecido........................................................... 32 (47,8) Vias aéreas superiores e inferiores ................................. 22 (32,8) Cateteres,pele e partes moles........................................... 9 (13,4) Trato gastro-intestinal superior e inferior ....................... 4 (6,0)

  Documentação microbiológica. Foram identificados através de hemoculturas 17 micro-

organismos, sendo isoladas 9 (52,9%) bactérias gram-positivas, 6 (35,3%) bactérias gram-

negativas e apenas 2 (11,8%) fungos, uma Candida parapsilosis e uma Candida tropicalis (tabela

3 e 4). A PCR conseguiu registrar quarenta e duas infecções fúngicas através da presença de ITS

positivo na reação, com a determinação por MT-PCR de vinte e três espécies em 21 análises (duas

PCRs identificaram duas espécies de fungo no mesmo episódio), assim distribuídos: C.

parapsilosis 10 (43,5%), Cryptococcus neoformans 6 (26,1%), C. glabrata 4 (17,4%), C.

tropicalis 2(8,7%) e C. albicans 1 (4,3%). Esses resultados são demonstrados na tabela 4.

 

 

 

 

 

Tabela 4. Espécies de fungos identificadas por hemocultura e MT- PCR

Espécie Número de espécies detectadas

Hemocultura PCR Total

Candida glabratab 0 4 4 Candida parapsilosisc 1 8 9 Cryptococcus neoformans 0 4 4 Candida tropicalisb 1 2 3 Candida albicans 0 1 1

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Candida parapsilosis + Cryptococcus neoformans 0 2 2

Não identificada 36a 22 58 a Número de hemoculturas negativas para fungos e bactérias b Em um caso a hemocultura demonstrou C.tropicalis e a MT-PCR C.glabrata c Em um caso a hemocultura demonstrou C. parapsilosis e MT-PCR foi negativa, no entanto, esta foi colhida após 24h do início de antifúngico terapêutico.

Doença fúngica invasiva (DFI). DFI foi diagnosticada de acordo com o EORTC-MSG (8) em

dezessete episódios (25,4%): 2 (3,0%) infecções comprovadas, 3 (4,4%) infecções prováveis e 12

(18,0%) infecções possíveis e não foram preenchidos critérios para infecção fúngica em 50

(74,6%). Enquanto a hemocultura demonstrou infecção por fungos nas duas DFIs comprovadas a

MT-PCR foi positiva apenas em uma (o paciente havia inciado antifúngico 24 horas antes da

coleta da MT-PCR).

Dos 3 casos de DFI prováveis a MT-PCR para fungo foi positiva em dois e nos 12 casos

de DFI possíveis a MT-PCR foi positiva em dez. Existiram ainda 29 episódios em que a MT-PCR

foi positiva e não se preenchia critérios para DFI (tabela 5), destes 17 episódios apresentaram

resposta terapêutica à introdução de antifúngico.

Tabela 5. Distribuição dos resultados de hemocultura, MT-PCR, resposta à antifúngico e óbito segundo os critérios para doença fúngica invasiva

DFIa Hemoculturab MT-PCR Resposta à AFc,d Óbito positiva negativa positiva negativa sim não Sim Não

Comprovada 2(100,0%) 0(0,0%) 1(50,0%) 1(50,0%) 2(100,0%) 0(0,0%) 0(0,0%) 2(100,0%) Sem critérios 0(0,0%) 38(100,0%) 29(59,2%) 20(40,8%) 20(41,7%) 28(58,3%) 4(8,2%) 45(91,8%) Provável 0(0,0%) 3(100,0%) 2(66,7%) 1(33,3%) 2(66,7%) 1(33,3%) 0(0,0%) 3(100,0%) Possível 0(0,0%) 10(100,0%) 10(83,3%) 2(16,7%) 7(70,0%) 3(30,0%) 4(33,3%) 8(66,7%) a Em um episódio de NF não foi possível realizar a classificação de DFI conforme critérios da EORTC-MSG b Houve 13 casos de hemoculturas não colhidas ou extraviadas c Antifúngico d Em três dos episódios de DFI possível não conseguiu-se avaliar a resposta ao AF.

Para todos os 17 casos de DFI (comprovada, provável ou possível), treze (76%) PCR

foram positivas. Entre os 50 episódios negativos para critérios de DFI, a PCR foi positiva em 20

(40%).

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Quando analisados os 31 casos que apresentaram resposta terapêutica a introdução de

antifúngico, 26 tiveram PCR positivas. Entre os 32 sem resposta terapêutica a introdução da

droga, PCR estava negativa em 18.

 

DISCUSSÃO

Utilizando-se os critérios do EORTC-MSG (8), no corrente estudo, foi demonstrado uma

frequência de 17 casos de DFI em 42 pacientes com neoplasias hematológicas em um total de 67

episódios de neutropenia febril (25,8%), sendo 2 comprovadas, 3 prováveis e 12 possíveis. Desses

a MT-PCR foi capaz de registrar 13 episódios (19%), através da detecção do ITS fúngico em

amostras sanguíneas. Rabagliati e cols ao utilizar esses mesmos critérios para identificar DFI

encontrou uma incidência de 26,2 % enquanto Lamoth e cols demostraram uma frequência de

5%.

Quanto à comprovação da infecção fúngica através do isolamento do agente por

hemocultura a literatura relata variação entre 5 a 10% (2,16,17,18,19). Na casuísta, aqui descrita,

a percentagem de hemoculturas positivas para fungos foi de 3,0 % dos episódios, representadas

por dois casos de candidemia, sendo isolada uma C. parapsilosis e uma C. tropicalis. Mesmo

utilizando-se hemocultura automatizada, o fato de ter sido coletado apenas uma amostra

sanguínea para a realização da mesma, pode ter diminuído a sensibilidade do método e justificar a

frequência abaixo do esperado em literatura.

Essa baixa incidência de isolamento microbiológico de fungos, demonstram a importância

do desenvolvimento de técnicas como a MT-PCR, que sejam capazes de documentar um maior

número, e com maior efetividade, essas infecções.

A ausência de um procedimento diagnóstico padrão-ouro adequado para a identificação de

infecção fúngica em neutropênicos febris, devido a hemocultura apresentar baixa sensibilidade e

apresentar resultados tardios, é uma limitação ao desenvolvimento e avaliação de novos métodos

moleculares. No presente estudo o pequeno número de DFIs prováveis e possíveis, além do baixo

número de infecções documentadas por hemoculturas, e a ausência de documentação

histopatológica, são fatores que dificultaram a avaliação de desempenho da MT-PCR. Dessa

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forma é recomendado a interpretação de PCR positiva com hemocultura negativa de acordo com

cada contexto clínico (20,21).

A falência da MT-PCR em diagnosticar um caso comprovado de fungemia pode dever-se

ao fato de se ter iniciado o antifúngico antes da coleta da amostra para realização da MT-PCR, ou

até mesmo contaminação da hemocultura na hora da coleta ou de seu manuseio (22,23).

A PCR detectou 2 DFI nos 3 casos de infecções fúngicas prováveis e 10 DFI em 12 casos

de infecção fúngica possível, em ambos os casos, não houve isolamento de fungos através das

hemoculturas. Alguns desses achados podem dever-se a resultados falso-positivos da MT-PCR,

mas, sua interpretação é difícil, devido a limitação do método padrão-ouro (hemocultura) (22,

23).

A maioria (90%) dos casos de fungemia em neutropênicos febris deve-se a Candida sp ou

Aspergillus sp. Raramente, esses episódios ocorrem em neutropenias com duração menor que

uma semana, sendo exatamente após esse período que se espera a maioria dos casos de fungemia

(3).

Apesar de não ter identificado a espécie, em episódios de DFI que apresentavam imagens

sugestivas de aspergilose, a PCR conseguiu detectar a presença de infecção fúngica através do

ITS positivo na maioria desses casos (tabela 5). Esse fato pode dever-se a ausência de primers

específicos para detecção de outras espécies de Aspergillus emergentes, as quais vem sendo

detectados cada vez mais com maior frequência nesses pacientes. Na década passada até 90% dos

casos de aspergilose se devia ao Aspergillus fumigatus, atualmente, outras espécies estão sendo

reconhecidas, como: o A. flavus, A. terreos e A. niger (24).

Vários outros fungos têm importância emergente como agentes de infecções oportunistas

em pacientes neutropênicos febris como Fusarium sp e Trichosporon sp, e que também

apresentam baixa sensibilidade a cultura (< 50%), além de curva de crescimento lento o que

retarda o seu isolamento (9), e que podem também explicar o fato da MT-PCR ter demonstrado

infecção fúngica, sem no entanto, ter identificado a espécie, devido a falta de primers específicos

da mesma.

Apesar de mais de 90% dos casos de candidemia serem causadas por C. albicans, C.

glabrata, C. parapsilosis, C. tropicalis e C. krusei, as variedades de espécies de Candida

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causadoras de infecção continuam a crescer, provavelmente pelo uso, cada vez mais frequente,

de antifúngicos profiláticos e a melhorias nos métodos de identificação laboratoriais (25,26). No

presente estudo, a espécie encontrada com maior frequência foi C. parapsilosis, que está

relacionada principalmente à presença de cateteres e à falta de higienização das mãos dos

profissionais de saúde (25,27). Seguida de C. glabrata, segunda espécie mais incidente nos

Estados Unidos da América (EUA), enquanto que nos países latino americanos corresponde a

apenas 4 a 7% dos casos. Esta diferença pode ser decorrente de fatores ligados ao hospedeiro,

variações geográficas dos diversos países além de diferenças nos métodos de isolamento

utilizados nos laboratórios de microbiologia (25-29). A C. tropicalis, importante causa de

candidemia em pacientes com neoplasias hematológicas, foi a terceira espécie mais comumente

isolada nesse estudo. Sua incidência vem decaindo, mundialmente, com a utilização, cada vez

mais difundida, de triazólicos profiláticos (25,30). A C. albicans, em literatura, permanece sendo

a espécie mais frequentemente isolada, estando associada a índices de letalidade elevados

(29,31,32). No presente estudo foi demonstrado uma baixa incidência dessa espécie, sendo

documentada em um único caso.

O uso de fluconazol profilático (utilizado rotineiramente pelo HEMOPE) pode justificar a

baixa frequência de C. albicans, espécie intrinsecamente sensível ao mesmo. Ainda como

consequência de seu uso rotineiro, pode ocorrer a seleção de espécies naturalmente resistentes

aos triazólicos, como a C. krusei, ou propiciar o surgimento de cepas resistentes de C.

parapsilosis e tropicalis.

Aumento de Candida sp, ditas emergentes, e da própria C. krusei, não contemplada na

MT-PCR, pode ser uma outra explicação para o alto número de PCRs com ITS para fungo

positivo sem conseguir isolar-se o agente.

A infecção multifúngica é mais comumente observada em pacientes com neoplasias

hematológicas do que em pacientes com tumores sólidos. Sua incidência varia de 2 a 10% dos

casos de fungemia. Classicamente, os fatores que mais se correlacionam com esse achado são

neutropenia prolongada (10±17 dias), neutropenia grave (neutrófilos < 500/mm3), uso de

fluconazol profilático e infecção fúngica prévia (33).

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Na presente pesquisa observou-se dois casos (3,0%) de superinfecção. Dois mostrando

Cryptococcus neoformans e Candida parapsilosis , em pacientes portadores de LMA M2 e SMD,

com neutrófilos de 0 e 125/mm3, com um tempo de 28 e 39 dias de neutropenia, respectivamente.

Ambos utilizaram antifúngico profilático, porém, não apresentavam histórico de infecção fúngica

prévia. Ocorreu ainda um caso verosímil de infecção fúngica por multiespécie, causada por C.

tropicalis e C.glabrata, diagnosticada através de hemocultura e MT-PCR, respectivamente,em um

paciente com LMA M2, com 0 neutrófilos em sangue periférico e tempo de neutropenia

relativamente curto, 4 dias.

O uso de técnicas moleculares para detecção de DNA fúngico pode ter impacto na decisão

e início precoce da terapêutica em pacientes com neoplasias hematológicas e neutropenia febril

(34-36) e a utilização da MT-PCR desenvolvida in house associado a hemocultura e aos critérios

para DFI da EORTC-MSG aparentemente aumentou o número de documentação de micro-

organismos e do diagnóstico de micoses invasivas em pacientes com neoplasias hematológicas e

NF, no presente estudo.

CONCLUSÕES

a) A frequência de fungemia em pacientes oncológicos com episódios de neutropenia

febril de alto risco, determinadas por hemocultura e PCR panfúngica, internados no HEMOPE

foi de 21%, o equivalente a 14 infecções fúngicas, das quais, 2 (3,0%) correspondiam a DFI

comprovada, 2 (3,0%) DFI provável e 10 (15%) a infecção fúngica possível.

b) As espécies de fungos encontradas em pacientes oncológicos com episódios de

neutropenia febril de alto risco, através de hemocultura e MT-PCR foram: C. parapsilosis em 9

episódios (13%), C. glabrata em 4 casos (6%), Cryptococcus neoformans em 4 (6%) amostras, 3

(4%) demonstraram Candida tropicalis, 1 Candida albicans e 2 superinfecções por C.

parapsilosis e C. neoformans.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Infecção fúngica em pacientes portadores de neoplasias hematológicas não são incomuns,

porém a documentação microbiológica é difícil. Os resultados apresentados sugerem que a MT-

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PCR combinada a hemocultura e a avaliação de critérios clínicos, em pacientes com neoplasias

hematológicas e neutropenia febril, podem fornecer importantes informações diagnósticas na

suspeita de infecções fúngicas. No entanto, estudos de validação e o desenvolvimento de MT-

PCR panfúngica em tempo real são necessários para confirmar esses dados e melhorar sua

performance.

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ARTIGO 2: CARACTERÍSTICAS ONCOLÓGICAS E FATORES DE RISCO EM

PACIENTES NEUTROPÊNICOS FEBRIS COM INFECÇÕES FÚNGICAS INVASIVAS

AUTORES: TEIXEIRA, HM; BRITO, CAA; LUCENA-SILVA, N; MAGALHÃES, JJF;

LYRA, JMA; MATIAS, CN; MELO, HRL; JUCÁ, MB; MAGALHÃES, V.

Artigo a ser submetido à Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (QUALIS B1 nacional)

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CARACTERÍSTICAS ONCOLÓGICAS E FATORES DE RISCO EM PACIENTES

NEUTROPÊNICOS FEBRIS COM INFECÇÕES FÚNGICAS INVASIVAS

RESUMO

Infecção fúngica é uma importante causa de mortalidade em pacientes com câncer, especialmente,

nos doentes com neoplasias hematológicas. O reconhecimento das características e dos fatores de

risco para o desenvolvimento de micose invasiva nessa população, é essencial para o início

precoce da terapêutica e melhora nos seus resultados. Objetivo: Descrever as características

oncológicas e os fatores de risco para doença fúngica invasiva (DFI) em pacientes com neoplasias

hematológicas e neutropenia febril (NF). Métodos: Estudo tipo série de casos, descrevendo

pacientes onco-hematológicos com episódios de NF e infecção fúngica diagnosticada através de

hemocultura, multiplex PCR panfúngica (MT-PCR) e com critérios para DFI. Resultados: Foram

avaliados 74 episódios de NF em 44 pacientes (26 homens e 18 mulheres) com neoplasias

hematológicas no Hemocentro de Pernambuco (HEMOPE), hospital de referência em neoplasias

hematológicas. Dezoito episódios de NF preencheram critérios para DFI, dos quais, em 11

(61,2%) episódios os pacientes apresentavam leucemia mielóide aguda (LMA) como doença

oncológica. A mediana de dias de neutropenia foi de 9, 20 e 20, para DFI comprovada, provável e

possível, respectivamente. Em 11 (61,2%) dos episódios, os pacientes utilizavam acesso venoso

central ao momento do diagnóstico de fungemia. Nenhum desses pacientes recebia arabinosídeo-

C (ARA-C) em altas doses, fludarabina ou tinha sido submetido à transplante de medula óssea

(TMO), fatores de risco conhecidos para desenvolvimento de fungemia. CONCLUSÃO: LMA

como neoplasia de base e o tempo de neutropenia acima de dez dias foram os fatores de risco que

ocorreram com maior frequência em pacientes onco-hematológicos com episódios de NF e

infecção fúngica.

PALAVRAS CHAVE: Fatores de risco. Fungemia. Neutropenia. Reação em cadeia de

polimerase.

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ONCOLOGICAL CHARACTERISTICS AND RISK FACTORS FOR INVASIVE FUNGAL

DISEASE IN PATIENTS WITH FEBRILE NEUTROPENIA

ABSTRACT

Fungal infection is an important cause of mortality in patients with cancer, specially in those with

hematologic malignancies. The recognition of clinical characteristics and risk factors for invasive

fungal disease in this population is essential for prompt treatment and improvement in therapy

outcomes. Objective: To describe oncological characteristics and risk factors for fungemia in

patients with invasive fungal disease (IFD). Methods: Descriptive case series study describing

onco-hematological patients with febrile neutropenia (FN) and fungal disease diagnosed by blood

culture, panfungal MT-PCR and clinical criteria for IFD. Results: 74 FN episodes in 44 onco-

hematological patients (26 men and 18 women) treated at the Hemocentro de Pernambuco

(HEMOPE) were evaluated. Eighteen NF episodes had clinical criteria for IFD. In eleven cases

(61,2%) the patients had acute myeloid leukemia diagnosis. The median neutropenia duration was

9, 20 and 20 for proven, probable and possible IFD, respectively. In 11 cases (61,2%) patients had

a central venous access at the moment fungemia was diagnosed. None of these patients had

received citarabine at high doses, fludarabine or had been submitted to a bone marrow

transplantation, well known risk factors for fungemia development. Conclusion: Oncological

diagnosis of acute myeloid leukemia and neutropenia duration of more than 10 days were the

most frequent risk factors for fungemia in onco-hematological patients with FN.

Keywords: Fungemia. Neutropenia. Polymerase chain reaction. Risk factors.

INTRODUÇÃO

A doença fúngica invasiva (DFI) é reconhecidamente uma importante causa de

morbimortalidade em pacientes neutropênicos febris (1). Sua incidência varia de 5 a 10% entre

os casos em que se identifica o agente (2). As manifestações clínicas, habitualmente, são

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inespecíficas e apresentam como sintoma mais comum a febre. Apresenta taxa de letalidade que

pode chegar a 60%.

Normalmente, existe dificuldade de aquisição de espécimes biológicos por biópsia, pois,

com frequência esses pacientes encontram-se neutropênicos e plaquetopênicos, ou algumas vezes,

apresentam graus variados de instabilidade hemodinâmica o que contraindicam procedimentos

médicos invasivos (3). Em consequência desse fato, muitas infecções graves por fungos em

pacientes neutropênicos não são diagnosticadas ante mortem, como demonstrou estudo realizado

em pacientes submetidos à necrópsia, onde apenas metade dos pacientes com candidíase

disseminada apresentavam hemoculturas positivas. A baixa positividade deve-se ao fato do

crescimento de leveduras em hemoculturas serem dependentes de vários fatores, como

quantidade de sangue colhido, concentração do fungo na corrente sanguínea, espécie do fungo e

do tipo de sistema empregado para a realização da hemocultura (4).

Portanto, o reconhecimento dos fatores de risco para infecção fúngica em pacientes

neutropênicos são essenciais para o diagnóstico e início de terapia precoces, possibilitando, dessa

forma, a diminuição da letalidade (5,6). Vários desses fatores têm sido identificados, e o mais

importante descrito em pacientes onco-hematológicos, parece ser o tempo de neutropenia superior

a 10 dias (2,7). No entanto, outros fatores apresentam importância como o uso prévio de

corticosteróide (CE), internação em unidade de terapia intensiva (UTI), necessidade de ventilação

mecânica, uso de cateter venoso central (CVC), comorbidades (destacadamente diabetes

mellitus), nutrição parenteral , entre outros (8-11).

Quanto às características oncológicas, as micoses invasivas são mais comumente

observadas em pacientes com neoplasias hematológicas, principalmente, leucemias agudas e

mielodisplasia. Os pacientes submetidos a TMO, notadamente os que desenvolvem doença do

enxerto versus hospedeiro (DEVH), aqueles que estejam recebendo o primeiro ciclo de

quimioterapia (QT) de indução e exposição a alguns antineoplásicos como ARA-C em altas doses

e fludarabina, além de recorrência da doença neoplásica hematológica de base são fatores

relacionados a fungemia (7.8,12,13).

O presente estudo descreve os fatores de risco e as características neoplásicas encontradas

em pacientes onco-hematológicos com NF e DFI diagnosticada por hemocultura e MT-PCR.

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PACIENTES E MÉTODOS

1. LOCAL DO ESTUDO E PACIENTES: O estudo foi realizado no HEMOPE, hospital de

referência para o atendimento de pacientes onco-hematológicos em Pernambuco, Brasil. O

período do estudo foi o compreendido entre fevereiro e novembro de 2010. Foram convidados a

participar da pesquisa, adultos atendidos na instituição participante da pesquisa com diagnóstico

de neoplasias hematológicas e com indicação de internação hospitalar ou que estivessem

internados, ao desenvolverem neutropenia febril. Após a assinatura do termo de consentimento

livre e esclarecido, responderam a um questionário pré-formulado, seguido de registro de dados

clínicos, coleta de amostras sanguíneas para exames laboratoriais de rotina, hemocultura e MT-

PCR. Esta pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética e pesquisa da fundação HEMOPE (Parecer

final n° 34/2009) e comitê de ética e pesquisa CPqAM/FIOCRUZ (parecer final n° 73/2009).

2. DEFINIÇÕES: Neutropenia febril foi definida conforme critérios da IDSA 2010, da forma que,

neutropenia foi definida por número de neutrófilos < 500/mm3 ou entre 500 a 1000/mm3 com

tendência a queda e febre definida por uma mensuração axilar maior ou igual a 37,8 °C ou maior

ou igual a 37,5 °C por mais de uma hora (2). Um novo episódio de neutropenia febril foi

determinado por reinício da febre após um período de 72 horas afebril. Doença fúngica invasiva

foi classificada de acordo com as definições do EORTC-MSG (2).

3. COLETA DAS AMOSTRAS SANGUÍNEAS: As hemoculturas automatizadas foram

realizadas utilizando-se o sistema BacT/Alert®. A solicitação de hemoculturas e sua coleta,

processamento do material biológico, bem como a identificação das espécies, seguiu a rotina dos

laboratórios prestadores desse serviço ao HEMOPE. As amostras para execução da MT-PCR

foram obtidas por punção periférica através do sistema vacutainer com coleta de 5 a 8 ml de

sangue em tubo contendo EDTA (ethylenediamine tetraacetic acid). Foi colhida uma amostra por

episódio de neutropenia febril por paciente e encaminhada ao laboratório de biologia molecular

do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), para realização dos testes

moleculares.

4. EXTRAÇÃO E AMPLIAÇÃO DO DNA E DIAGNÓSTICO MOLECULAR DA INFECÇÃO

FÚNGICA : Para extração do DNA genômico 5 a 8 ml das amostras de sangue periférico foram

diluídas em igual volume de tampão PBS (phosphate buffered saline) e submetidas a um

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gradiente de Ficoll-Paque plus (Ge Healthcare, Uppsala, Suécia) por centrifugação a 1800rpm

por 30 min. O processamento e identificação do patógeno, ocorreram conforme publicado por

Luo e Mitchell (2002).

5. DESENHO DO ESTUDO, DADOS E ANÁLISE ESTATÍSTICA: Foi realizado um estudo tipo

série de casos, por amostra de conveniência.

Para todos os pacientes inclusos na pesquisa foram coletados dados a partir dos

prontuários e questionários, sobre:

Sexo, idade, tempo de neutropenia, presença de comorbidades (diabetes mellitus,

hipertensão arterial, doenças autoimunes, pneumopatias, hepatopatias, nefropatias e cardiopatias

crônicas);

Presença nos últimos 30 dias de: internação em UTI e necessidade de ventilação

mecânica, uso de CVC, necessidade de hemodiálise, nutrição parenteral total (NPT) e sonda

vesical de demora (SVD) e de CE (dose de prednisona maior que 20 mg/dia, ou equivalente, por

mais de 30 dias);

Resultados de níveis de hemoglobina, número de leucócitos, neutrófilos e plaquetas, além

do tempo total de neutropenia;

Características oncológicas: Tipo, estadiamento e progressão da neoplasia, ciclo e tipo de

QT, TMO prévio, presença de DEVH.

Com essas variáveis associadas ao resultado das coletas de amostras de sangue dos

pacientes envolvidos no estudo, foi criado um banco de dados na planilha eletrônica excel, 2007.

Para a avaliação estatística utilizou-se o programa SPSS versão 13, com a qual obteve-se a análise

descritiva dos dados. Os resultados da MT-PCR panfúngica e hemocultura foram interpretadas de

acordo com os critérios do EORTC-MSG para classificação e infecção fúngica (15) associado a

resposta ou não à introdução de antifúngicos.

RESULTADOS

População do estudo. Foram analisados 74 episódios de neutropenia febril apresentados por 44

pacientes com neoplasias hematológicas. A cada episódio de NF obteve-se pelo menos uma

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amostra de sangue para cultura e uma amostra para realização da PCR, sendo incluídos 26 (59%)

homens e 18 (41%) mulheres, apresentando uma idade mediana de 40 (19-70) anos.

Do total de episódios analisados, 44 corresponderam ao primeiro episódio e 30 a episódios

recorrentes. A mediana de dias de neutropenia foi de 11 dias e variou entre 2 a 95 dias. O episódio

de neutropenia febril foi o inicial em 44 (59,4%) dos casos, enquanto foi recorrente em 30

(40,6%). O antibiótico inicial estava adequado em 67 (94,3%) dos episódios, segundo Friefeld e

cols.

Doença fúngica invasiva. DFI foi diagnosticada de acordo com o EORTC-MSG (15) em dezoito

episódios (24,4%), dos quais 2 (2,8%) foram infecções comprovadas, através de uma hemocultura

positiva para Candida tropicalis e outra para C.parapsilosis, 3 (4,0%) infecções prováveis e 13

(17,6%) infecções possíveis (tabela 1). A documentação desses agentes através da hemocultura e

da MT-PCR, encontra-se na tabela 1. Não foram preenchidos critérios para infecção fúngica em

55 (74,3%) e em um (1,3%) episódio não foi possível sua classificação quanto a DFI.

Tabela 1. Espécies de fungos identificadas por hemocultura e MT- PCR, nas doenças fúngicas invasivas (DFIs), em 74 episódios de neutropenia febril

Espécies

Número de espécies detectadas DFI Comprovadaa

DFI Provávelb

DFI Possívelc

Candida glabratab 1 1 1 Candida parapsilosisc 1 0 2 Candida tropicalisb 1 0 0 Candida albicans 0 0 1 C.parapsilosis + C.neoformans 0 1 0

a Em um caso de DFI comprovada a hemocultura isolou C.tropicalis e a MT-PCR C. glabrata. b Em um caso não conseguiu-se a documentação etiológica. c Em 9 casos não conseguiu-se a documentação etiológica,entretanto, a MT-PCR conseguiu identificar genôma fúngico em 7 dessas amostras.

 

Características oncológicas e fatores de risco para infecção fúngica. A mediana de idade foi

de 61, 38 e 38 anos, respectivamente, para DFI comprovada, provável e possível. A LMA com 11

casos de DFI, foi a neoplasia mais frequente, seguida de leucemia linfóide aguda (LLA), que

apresentou 4 casos. Leucemia plasmocítica aguda (LPA), leucemia bifenotípica aguda (LBA) e

leucemia linfóide crônica (LLC), em cada uma delas ocorreu DFI em 1 caso (Tabela 2). Nove

(50%) pacientes com DFI apresentaram diagnóstico de progressão doença onco-hematológica,

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enquanto outros nove (50%) não tiveram diagnóstico de progressão. Nenhum paciente com

critério para DFI recebeu QT com ARA-C em altas doses ou fludarabina. Em toda a casuística,

não houve qualquer paciente submetido a TMO. Tabela.2. Características oncológicas, idade e tempo de neutropenia dos pacientes nos 18 episódios de neutropenia febril e doença fúngica invasiva (DFI)

DFI comprovada

DFI provável

DFI possível

Mda idade (em anos) 61 (60-63) 38 (30-47) 38 (22-50)

Neoplasia

LMA 2 (11,2%) 2 (11,2%) 7 (38,8%)

LLA 0 (0,0%) 0 (0,0%) 4 (22,3%)

LBA 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (5,5%)

LPA 0 (0,0%) 1 (5,5%) 0 (0,0%)

LLC 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (5,5%)

Progressão neoplasia

Sim 0 (0,0%) 3 (100%) 6 (46%)

Não 2 (100%) 0 (0,0%) 7 (54%)

Ciclo incial de QTb

Sim 1 (50,0%) 1 (33,3%) 7 (58,3%)

Não 1 (50,0%) 2 (66,7%) 5 (41,7%)

Mda de dias de neutropenia 9 (4-14) 20 (3-28) 20 (4-95)

    a Mediana 

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  b Em um caso de DFI possível não conseguiu‐se determinar o ciclo   atual de QT  Ao realizar-se a correspondência dos fatores de risco para infecção fúngica com a

classificação de DFI da EORTC-MSG, observou-se que apenas 2 (2,8%) episódios de NF o

paciente apresentou necessidade de hemodiálise, em um outro (1,4%) o paciente necessitou usar

SVD, em 2 (2,8%) casos utilizou outros imunossupressores que não corticosteróide, assim como,

apenas 2 pacientes fizeram uso de ventilação mecânica em UTI, e nenhum desses preencheu

critérios para infecção fúngica. Vinte e sete (40,3%) dos indivíduos apresentavam outra

comorbidade associada a neoplasia (como hipertensão arterial, diabetes mellitus, hepatopatia ou

pneumopatia crônicas). A tabela 3 mostra a distribuição dos demais fatores de risco para DFI nos

episódios de neutropenia febril.

Tabela 3. Frequência dos fatores de risco de acordo com a classificação de doença fúngica invasiva (DFI), em 74 episódios de neutropenia febril

DFI Mucosite UTI Comorbidades

Acesso central

Mda de dias de acesso central

Uso de corticóide

Comprovada 1 (50,0%) 0 (0,0%) 1 (50,0%)# 2 (100,0%) 9 (3-15) 0 (0,0%) Sem critérios 10 (19,6%)c 4 (7,4%) 15 (27,3%)* 44 (80,0%)d 14 (0-94) 19 (35,0%) Provável 0 (0,0%) 1 (33,3%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0-0) 1 (33,3%)

Possível 3 (33,3%)c 2 (16,6%)c 3 (23,0%)# 9 (82,0%)c 17 (0-70) 5 (41,6%) a Mediana b 4 pacientes sem dados c 2 pacientes sem dados d 3 pacientes sem dados

DISCUSSÃO:

Pacientes neutropênicos, em tratamento quimioterápico, constituem um grupo com alta

prevalência de micoses invasivas. O reconhecimento de fatores de risco para o desenvolvimento

de infecção fúngica torna-se importante para o início precoce da terapêutica (3).

É descrito em literatura a associação de fungemia com pessoas mais idosas em receptores

de TMO, no entanto, essa tendência não foi observada em pacientes neutropênicos não

submetidos a TMO (7). Colombo e cols em estudo multicêntrico, por um período de 22 meses,

avaliaram casos de candidemia nesse período, e verificaram uma mediana de idade de 34,3 anos.

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Na casuística do presente estudo observou-se a mediana de 60 anos para pacientes com

DFI e 38 anos para DFI provável e possível. O fato dos pacientes com DFI provável ter

apresentado uma mediana de idade elevada, pode dever-se a presença de comorbidades,

notadamente diabetes mellitus (DM) e mucosite (tabelas 2 e 3).

O número de micoses invasivas, nos últimos anos, vem aumentando, principalmente, por

espécies de Candida não albicans, apesar de C. albicans permanecer a espécie mais

frequentemente isolada em diferentes sítios anatômicos e em toda a parte do mundo (3). Esta

espécie é naturalmente sensível a todas as drogas antifúngicas de uso sistêmico (16), o que pode

ser uma justificativa para a baixa frequência dessa espécie aqui encontrada, uma vez que, usa-se

fluconazol profilático de rotina para pacientes neutropênicos febris, no HEMOPE.

A espécie mais frequentemente detectada foi C. parapsilosis, uma por hemocultura e 3 por

MT-PCR (1 delas associada a Cryptococcus neoformans), desde a década de 80, apresenta-se

como um importante patógeno hospitalar de fungemias, sendo responsável por 7 a 15% das

candidemias em séries publicadas nos EUA e Europa (17,18). Esse agente apresenta capacidade

de proliferar-se em soluções glicosadas e produção de biofilme e dessa forma, apresentam clara

associação com a presença de CVC (19). No atual estudo, dos 5 episódios em que se documentou

C. parapsilosis (1 por hemocultura e 4 por MT-PCR), 4 (80%) pacientes encontravam-se em uso

atual de CVC. Apesar de ser uma espécie normalmente sensível ao fluconazol, a sua facilidade

em produzir biofilmes pode ser uma das causas da sua alta frequência aqui demonstrada apesar do

uso de triazólico profilático.

A outra fungemia detectada por hemocultura foi por C. tropicalis, considerada como

importante agente oportunista em hospedeiro neutropênico. Tem sido relatada como segundo ou

terceiro agente fúngico mais comum em candidemia em pacientes neutropênicos, com maior

frequência em leucemias do que em tumores sólidos (20). Apesar de sensível ao fluconazol,

existem cepas resistentes (21,22). No caso aqui relatado, em que isolou-se C. tropicalis, apesar de

um tempo relativamente curto (4 dias), o paciente apresentava neutropenia grave (0 neutrófilos).

Candida glabrata foi documentada em um episódio de DFI provável, um episódio

comprovado e em um episódio de DFI possível. Normalmente associada a candidemia em idosos,

representando 25% das fungemias em indivíduos acima de 65 anos de idade. Outra

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particularidade desse agente é a emergência de cepas resistente a fluconazol (10%) e algumas à

anfotericina B (23). Encontrou-se três casos, em pacientes com 60, 63 e 30 anos, em DFI

comprovada, provável e possível respectivamente, o que demonstra uma tendência de

conformidade com a literatura quanto à idade dos pacientes infectados por esse agente.

O Cryptococccus neoformans foi isolado em um caso de superinfecção associado a C.

parapsilosis, em um paciente com episódio de NF compatível com DFI provável. Trata-se de uma

infecção oportunista, relativamente frequente, em pacientes com aids e que vem diminuindo sua

incidência devido a introdução de HAART (highly active antiretroviral therapy). Criptococose em

pacientes onco-hematológicos é raramente relatada devido a baixa frequência e dificuldade

diagnóstica (11), na maioria das vezes, ocorre em casos de leucemias agudas. Os fatores

associados, que predispõem, a essa micose são: o uso de CE e a presença de comorbidades,

principalmente, DM, mas também hepatopatia crônica, doenças autoimunes e insuficiência renal

(11). O paciente aqui relatado com criptococose documentada por MT-PCR, era portador de

LMA, mas, não apresentava comorbidades ou havia feito uso de CE em doses predisponentes a

infecção por fungos.

De acordo com investigações prévias, pacientes portadores de leucemias agudas e

síndrome mielodisplásica (SMD) tem maior chance de desenvolver DFI (12% para comprovada e

provável) (24). Dos doentes com leucemias agudas, aqueles portadores de LMA apresentam

maior risco do que os com LLA, no entanto, com maior chance de óbito nestes últimos (25). Na

casuística apresentada não obtivemos nenhum caso de DFI em SMD, no entanto, algumas LMAs

podem ter se desenvolvido a partir de SMD não diagnosticada, principalmente, em idosos. Dos 5

casos de DFI comprovada e provável, 4 (5,4% do total de episódios de NF) ocorreram em

pacientes portadores de LMA. Apesar de estudos mostrarem associação de DFI com mieloma

múltiplo, encontramos apenas um caso de doença fúngica provável em paciente com leucemia

plasmocitária, neoplasia, habitualmente, originada de mieloma múltiplo prévio. Outro fato que

pode explicar essa baixa frequência é que o tratamento de escolha atual do mieloma múltiplo é

ambulatorial e com drogas com baixo potencial de neutropenia (talidomida associada à

corticosteróide).

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Bow e cols descreveram uma associação entre quimioterapia com ARA-C em altas doses e

infecção fúngica invasiva. Dos 74 episódios avaliados, em 62 os pacientes estavam recebendo

quimioterapia, dos quais, 6 encontravam-se recebendo ARA-C HD, entretanto, nenhum deles

desenvolveu DFI definida pelos critérios do EORTC-MSG.

O uso de CE faz parte do tratamento sistêmico de inúmeras neoplasias hematológicas,

principalmente, linfomas, LLA e mieloma múltiplo, além de sua utilização rotineira, em

esquemas de quimioterapia, como potente antiemético. O CE encontra-se envolvido na

predisposição a infecções fúngicas pela sua ação inibitória do linfócito T e consequente déficit de

imunidade celular (7). Observou-se utilização de CE, em doses consideradas como predisponente,

em 1 paciente dos 3 com DFI provável e em 5 dos 13 doentes com DFI possível.

O risco de infecção fúngica é 3 vezes mais frequente no primeiro ciclo de indução de

quimioterapia (QT) do que nos subsequentes (27, 28). Uma provável explicação para esse fato é a

aplasia de medula prolongada, que habitualmente, antecede o diagnóstico da neoplasia

hematológica (27).

Das 2 infecções fúngicas comprovadas, uma ocorreu no ciclo inicial de QT e a outra em

ciclo subsequente. Nos episódios de NF, que preencheram critérios para DFI provável, uma

ocorreu no primeiro ciclo de QT e duas em ciclos subsequentes. Enquanto nos episódios de NF

com DFI possível 7 ocorreram no primeiro ciclo de QT e 5 em ciclos subsequentes.

Neutropenia prolongada é descrita como o principal fator de risco para aquisição de DFI

em pacientes neutropênicos febris, classicamente, naquelas com duração superior a 10 dias,

devido ao longo período de imunossupressão (2). Sua recuperação é um fator de bom prognóstico

quanto ao desfecho da infecção fúngica (12). Avaliando-se os pacientes com DFI pelo EORTC-

MSG, os números encontrados de mediana foram 9 (4-14), 20 (3-28) e 20 (3-95), em infecções

comprovadas, prováveis e possíveis, respectivamente.

Em 55 episódios de NF os pacientes apresentavam cateter central e curiosamente nos 3

casos de DFI provável, os pacientes não utilizavam esse dispositivo, possivelmente, porque

nesses três casos a principal suspeita era de aspergilose e o uso de acesso vascular central não é

relatado como fator de risco para essa infecção (7).

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A presença de comorbidades crônicas, principalmente DM, são classicamente descritas

como fatores de risco associados a fungemia em pacientes neutropênicos. Na casuística aqui

descrita 1 (50%) paciente com DFI comprovada apresentava comorbidade, 3 (23%) em DFI

possível e nenhum em DFI provável e aparentemente foi um fator secundário em pacientes com

neoplasia hematológica, mais uma vez devido ao fato da duração da neutropenia sobrepujar os

demais.

Internação em UTI, utilização de SVD, ventilação mecânica, mucosite e uso de outros

imunossupressores não CE, estavam presentes em 1 ou 2 casos apenas e devido à sua baixa

frequência dificulta inferir a sua importância nessa população.

CONCLUSÃO

LMA como neoplasia de base e o tempo de neutropenia acima de dez dias foram os

fatores de risco que ocorreram com maior frequência em pacientes onco-hematológicos com

episódios de NF e infecção fúngica.

RECOMENDAÇÃO

Estudos de coorte prospectivos são necessários para confirmação dessas variáveis como

fatores de risco para essa população.

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6. CONCLUSÕES

6.1 A frequência de fungemia em pacientes oncológicos com episódios de neutropenia febril de

alto risco, determinadas por hemocultura e PCR panfúngica, internados no HEMOPE foi de 21%,

o equivalente a 14 infecções fúngicas, das quais, 2 (3,0%) correspondiam a DFI comprovada, 2

(3,0%) DFI provável e 10 (15%) a infecção fúngica possível.

6.2 As espécies de fungos encontradas em pacientes oncológicos com episódios de neutropenia

febril de alto risco, através de hemocultura e MT-PCR foram: C. parapsilosis em 9 episódios

(13%), C. glabrata em 4 casos (6%), Cryptococcus neoformans em 4 (6%) amostras, 3 (4%)

demonstraram Candida tropicalis, 1 Candida albicans e 2 superinfecções por C. parapsilosis e C.

neoformans.

6.3 LMA como neoplasia de base e o tempo de neutropenia acima de dez dias foram os fatores de

risco que ocorreram com maior frequência em pacientes onco-hematológicos com episódios de

NF e infecção fúngica.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Infecção fúngica em pacientes portadores de neoplasias hematológicas não são incomuns,

porém a documentação microbiológica é difícil. Os resultados apresentados sugerem que a MT-

PCR combinada a hemocultura e a avaliação de critérios clínicos, em pacientes com neoplasias

hematológicas e neutropenia febril, podem fornecer importantes informações diagnósticas na

suspeita de infecções fúngicas. No entanto, estudos de validação e o desenvolvimento de MT-

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PCR panfúngica em tempo real são necessários para confirmar esses dados e melhorar sua

performance.

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APÊNDICE A - TERMO DE CONSETIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (HEMOPE)  Prezado(a) senhor(a), As pessoas podem ter a sua pele e mucosas habitadas por germes, incluindo os fungos. O fungo é um tipo de micro-organismo e quando há diminuição das defesas do indivíduo, este germe pode causar doenças. O presente projeto trata da dissertação de mestrado acadêmico em Medicina Tropical, do programa de pós-graduação em Medicina Tropical da UFPE sobre a pesquisa: Título: Ocorrência de fungemia Dignosticada por Hemocultura e PCR em Pacientes neutropênicos febris Oncológicos Pesquisador: Heberton Medeiros Teixeira Avaliação do risco da pesquisa: risco mínimo A pesquisa tem objetivos: de identificar o número de episódios de neutropenia febril que são causados por fungos, diagnosticados por hemocultura e PCR, além de determinar as suas espécies que causam essa infecção. O senhor(a) será informado pessoalmente, por telefone ou por carta, caso algum dos resultados de seus exames de sangue seja positivo para infecção por fungo. Para esse estudo, o(a) senhor(a) está sendo convidado(a) para participar de uma entrevista respondendo um questionário acerca do processo de sua neoplasia e a infecção atual, além de uma coleta de 5 ml de sangue. O procedimento será com agulha e tubo de coleta descartável. Este procedimento pode causar leve desconforto. Será garantido o anonimato dos participantes da pesquisa, assim como, a confidencialidade das informações repassadas. Os dados obtidos serão utilizados exclusivamente para o protocolo de pesquisa proposto, enfatizando que existe risco mínimo ou malefícios previsíveis. Sua participação é voluntária, ou seja, o(a) senhor(a) terá o direito de se recusar à participar da pesquisa. Entretanto, lembramos a importância de sua contribuição para o desenvolvimento do trabalho, que trará benefícios diretos e coletivos à comunidade.

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A recusa em participar desse estudo não trará qualquer prejuízo no seu atendimento ou tipo de assistência médica, ou de seus familiares. Os resultados obtidos serão divulgados em eventos , e ou periódicos científicos, nacionais ou internacionais e poderão sustentar estratégias ou ações de saúde. Em caso de dúvida, o(a) senhor(a) poderá entrar em contato com o responsável pelo projeto, Dr. Heberton Medeiros Teixeira no telefone (81) 9164-9746, no horário comercial das 8 às 16 horas ou com o Comitê de Ética da Fundação Hemope no telefone (81) 3182-4671. Eu, ____________________________________, declaro estar esclarecido(a) sobre os termos apresentados e concordo em participar desse estudo, assinando esse termo em duas vias, ficando comigo uma cópia. Recife-PE, ___ de __________ de 2010. ______________________________________ Assinatura do paciente voluntário ou responsável ______________________________________ Assinatura do pesquisador responsável Testemunha 1 _______________________________________ APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (FIOCRUZ) Título  da  pesquisa:  Avaliação  de  teste  molecular  para  detecção  de  infecção  fúngica  em  população vulnerável: pacientes em uso de quimioterápicos e neonatos. Pesquisadora responsável: Norma Lucena Cavalcanti Licinio da Silva, Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães /  Fundação Oswaldo  Cruz  / Ministério  da  Saúde.  Endereço:  Av. Moraes  Rego,  s/n,  Campus  da UFPE, Cidade Universitária, Recife, PE, 50670‐420. Tel: 21012618, 99623975. Eu,_______________________________________________________________________  aceito participar  de  forma  voluntária  desta  pesquisa  na  qual  procurarei  contribuir  respondendo  a  perguntas sobre a minha doença através de um questionário e doação de amostra de sangue equivalente a uma colher de sopa ou 10 ml ou secreção que será colhida para os exames de rotina e encaminhada para o laboratório,  para  que  seja  também  utilizada  nesse  estudo  e  armazenadas  para  futuros  estudos.  Esse estudo  tem por objetivo desenvolver um  teste de  laboratório para a detecção de  infecção,  sei que os testes realizados nesse estudo poderão não me beneficiar, e que eu não terei nenhuma despesa com os testes realizados. Os resultados desse estudo serão divulgados com a garantia de sigilo sobre a identidade dos participantes. Os riscos a que estarei exposto são aqueles relacionados com a coleta de sangue, ou seja, dor, infecção, sangramento e manchas arroxeadas no  local da coleta, que serão minimizados com cuidados de higiene na  coleta e a pressão  local após a  coleta do  sangue.   O acompanhamento da minha doença não  será alterado, caso eu desista de participar deste estudo.  Este  projeto  foi  avaliado  pelo  Comitê  de  Ética  em  Pesquisa  do  Aggeu Magalhães  e  qualquer  dúvida contactarei a pesquisadora responsável.    Sendo assim, concordo em participar como voluntário não remunerado dessa pesquisa, estando ciente dos riscos e benefícios desses procedimentos para minha pessoa, conforme exposto acima. Sei que tenho a liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo sem que 

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isso traga prejuízo para mim. Visto que nada tenho contra a pesquisa, concordo em assinar o presente termo de consentimento em duas vias (uma ficará comigo).   

Recife, _____,_____, _____   ____________________________                 ____________________________   Voluntário           Assinatura  _____________________________    ____________________________   1° testemunha        Assinatura 

  

__________________________________________ Pesquisador responsável 

Contato do voluntário: Rua____________________________________________________________No.__________________ Bairro________________________________________________________Cidade_________________ Telefone ______________________________________ APÊNDICE C - FICHA DE COLETA DE DADOS/QUESTIONÁRIO

1) Número do questionário: _ _ _ 2) Número do prontuário: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 3) Iniciais do nome do paciente:___________ 4) Data de Nascimento:__/__/___ 5) Sexo:

a. Masculino (1) b. Feminino (2)

6) Naturalidade: a. Recife (1) b. Outro (2) Qual?________.

7) Procedência: a. Recife (1) b. Outro (2) Qual?________.

8) Grau de escolaridade: a. Analfabeto (1) b. Primeiro grau c. - completo (2)

9) - incompleto (3) Série:______. a. Segundo grau b. - completo (4)

10) - incompleto (5) Série:_______.

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a. Terceiro grau b. - completo (6)

11) -incompleto. (7) Anos: ______. 12) Profissão: ____________________. 13) Renda familiar: ________________. 14) Instituição:

a. HEMOPE (1) b. Esperança (2) c. Outro (3) Qual:______________.

15) Tipo de neoplasia: a. Síndroome mielodisplásica (SMD) (1) b. Leucemias Agudas (LA) (2) c. Onco-hematológica ( não SMD, não LA) (3) d. - Qual: _______________________ e. Tumores sólidos (4) f. - Qual:_______________________

Data do diagnóstico da neoplasia:____/____/____ 16) Estadiamento oncológico, ao diagnóstico: ____________________ 17) Progressão/Recidiva da neoplasia:

a. Sim (1) Data: ____/____/____ b. Não (2)

18) Estadiamento oncológico, na recidiva: _______________________. 19) Performance status, conforme Eastern Cooperative Oncology Group (ECOG) atual :

a. 0 b. 1 c. 2 d. 3 e. 4 20) Temperatura axilar: 21) D0 de febre :___/___/___ 22) Máxima registrada: ____. Data: ___/___/___. 23) Duração da febre: ____ (dias), antes do diagnóstico de NF. 24) Duração da febre: ____ (dias), antes do início do antifúngico. 25) Comorbidades:

a. Sim (1) Qual? ____________. Data do diagnóstico: __/__/__ b. Não (2)

26) Etilismo. a. Sim (1) Duracao: _______ b. Nao (2)

27) Tabagismo. a. Sim (1) Macos/ano: ______ b. Nao (2)

28) Transplante de medula óssea (TMO) prévio: a. Sim (1) Quando: ____________ Qual: ______________ b. Não (2)

29) Quimioterapia (QT) atual

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a. Sim (1) - Qual:_______________ - Data do último ciclo: ___/___/___ - Quantos ciclos: b. Não (2)

30) Linha de tratamento atual: a. primeira (1) b. segunda (2) c. outra (3) qual? ________

31) Uso de antibiótico atual: a. Sim (1) Qual?____________ tempo de uso: ____________ a.1. profilático. a.2. terapêutico sítio de infecção:______________________ Agente isolado: _______________________ b. Não (2)

32) Colonização fúngica prévia: a. Sim (1) b. Não (2)

33) Infecção fúngica prévia: a. Sim (1) Qual o sítio:____________ Tratamento:____________ b. Não (2)

34) Mucosite: a. Sim (1) Grau:________ b. Não (2)

35) Encontra-se ou esteve internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI): a. Sim (1) Quando?_____Por quanto tempo?_____Ventilação mecânica? ____. b. Não (2)

36) Acesso Venoso Central: a. Sim (1) a.1. Provisório. Quanto tempo:______ a.2 Definitivo. Qual:________. Quanto tempo: _________. b. Não (2)

37) Nutrição Parenteral Total (NPT): a. Sim (1) Quanto tempo:____________. b. Não (2)

38) HEMODIÁLISE: a. Sim (1) Quanto tempo:____________. b. Não (2)

39) Uso de corticosteróide:

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a. Sim (1) Qual:______ Dose:_________ Duração ______ Indicação_______ b. Não (2)

40) Uso de imunossupressores (não corticosteróide) a. Sim (1) Qual:_______. Duração _________ Indicação_____________. b. Não (2)

41) Uso de sonda vesical de demora a. Sim (1) Duração: _________ b. Não (2)

42) Hemoglobina. Inicial = Valor:_______. Data____/___/____ Pré-antifúngico = Valor: _____. Data: ___/___/___

43) Leucócitos. Inicial = Valor:_______. Data____/___/____ Pré-antifúngico = Valor: _____. Data: ___/___/___

44) Neutropenia: D0 Neutropenia: ___/___/____ Inicial (pré NF) = Valor:_______. Data____/___/____ Pré-antifúngico = Valor: _____. Data: ___/___/___

45) Plaquetas. Inicial = Valor:_______. Data____/___/____ Pré-antifúngico = Valor: _____. Data: ___/___/___

46) Tomografias tórax, abdome e/ou pelve. a. Sim.(1) a.1. Imagem sugestiva de IFI. Data ___/___/____ b. Não.(2)

47) Oftalmoscopia. a. Sim.(1) Data ___/___/___.Resultado:______ b. Não.(2)

48) Testes sorológicos ou de antígenos: Qual: ________________. Resultado: ___________. Data: ___/___/___

49) Datas das coletas coletas e resultados: a. Hemocultura ao diagnóstico: data;__/___/___ resultado: ________. Sensibilidade: __________________________________________. Resistência : ___________________________________________ . b. PCR ao diagnóstico: data: ___/___/___ resultado: _________. c. Hemocultura pré anti-fúngico data: ___/___/___ resultado:________.

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Sensibilidade : _________________________________________ . Resistência : _________________________________________ . d. PCR pré anti-fúngico

data: ___/___/___ resultado:_______.

52) Evolução: _____________________________________________________ .

ANEXOS

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