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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DANYA BANDEIRA LIMA VENENO DA FORMIGA Dinoponera quadriceps COMO FONTE DE PEPTÍDEOS BIOATIVOS FORTALEZA 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

DANYA BANDEIRA LIMA

VENENO DA FORMIGA Dinoponera quadriceps COMO FONTE DE

PEPTÍDEOS BIOATIVOS

FORTALEZA

2018

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1

DANYA BANDEIRA LIMA

Veneno da formiga Dinoponera quadriceps como fonte de peptídeos bioativos

Tese submetida à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, da Universidade Federal do Ceará como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Ciências Farmacêuticas.

Área de Concentração: Farmácia

Orientadora: Profa. Dra. Alice Maria C. Martins

Co-orientador: Prof. Dr. Gandhi Rádis- Baptista

FORTALEZA

2018

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca UniversitáriaGerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

L697v Lima, Dânya. VENENO DA FORMIGA Dinoponera quadriceps COMO FONTE DE PEPTÍDEOSBIOATIVOS / Dânya Lima. – 2018. 158 f. : il. color.

Tese (doutorado) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Farmácia, Odontologiae Enfermagem, Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Fortaleza, 2018. Orientação: Profa. Dra. Alice Maria Costa Martins. Coorientação: Prof. Dr. Gandhi Rádis Baptista.

1. Dinoponeratoxinas. 2. Peptídeos antimicrobianos. 3. Doença de Chagas. 4. Câncer. 5.Dinoponera quadriceps. I. Título.

CDD 615

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2

DANYA BANDEIRA LIMA

VENENO DA FORMIGA Dinoponera quadriceps COMO FONTE DE

PEPTÍDEOS BIOATIVOS

Tese apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciências

Farmacêuticas, da Universidade

Federal do Ceará como requisito

parcial para obtenção do título de

Doutor em Ciências Farmacêuticas.

Aprovada em: ____/____/______.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________

Profª. Dra. Alice Maria Costa Martins (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará – UFC

________________________________________________

Prof. Dr. Gandhi Rádis Baptista (Co-orientador)

Universidade Federal do Ceará – UFC

___________________________________________

Prof. Dra. Maria Jania Teixeira

Universidade Federal do Ceará – UFC

________________________________________________

Profª. Dra. Arlandia Cristina Lima Nobre de Morais

Universidade de Fortaleza-UNIFOR

________________________________________________

Profª. Dra. Helena Serra Azul Monteiro

Universidade Federal do Ceará – UFC

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3

À Deus,

que realizou maravilhas ao longo desta caminhada

À minha mãe e meus amigos,

fonte de suporte constante e compreensão

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4

AGRADECIMENTOS

Em especial, à Prof. Dra. Alice Costa Martins, que desde o início

sempre confiou em mim e me deu total suporte para a realização deste

trabalho e de vários outros projetos, inclusive durante meu estágio na Espanha.

Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Gandhi, pela confiança e apoio

científico para realização deste trabalho tão promissor.

“A mi tutora en Centro de Investigación Príncipe Felipe, Mar Orzaéz,

por su larga ayuda cientifica y atención personal comigo.”

Ao Prof. Dr. Yves Patric Quinet por abrir seu laboratório à esta

colaboração.

Aos membros da banca que aceitaram prontamente o convite, me

prestigiando com sua presença e contribuições.

“A mis compañeros del Centro de Investigación Príncipe Felipe

(Laura, Ally, Carmen, Estefania, Irene, Gema, Alejandra, Alba, Paula,

Mônica UPV, Melissa, Racquel, Mônica Sancho, Jordi, Alberto) por toda la

ayuda cientifica y personal en el laboratorio y su amistad. Los echo de menos y

los quiero mucho!”

Às minhas grandes amigas, Clarissa Perdigão e Izabel Bandeira,

que me ajudaram durante essa jornada e de tantas outras com todo carinho e

atenção.

Aos companheiros do Laboratório de Pesquisa em Nefrologia e

Doenças tropicais (LPNDT) e do Laboratório de Venenos e Toxinas

(LAFAVET) pela ajuda nos experimentos e em tantos outros trabalhos, mas em

especial à Gabriela, Tiago, Mariana Maciel, Roberta Jeane, Isabel Oliveira

pelos laços de amizade construídos que levaremos pra vida.

À todos meus sinceros agradecimentos.

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“O desenvolvimento, na realidade, diz respeito às metas da vida.

Desenvolver para criar um mundo melhor, que responda às aspirações

do homem e amplie os horizontes de expectativas. Só há

desenvolvimento quando o homem se desenvolve.”

Caio Furtado

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6

RESUMO

Os peptídeos antimicrobianos possuem propriedades antibacterinas,

antiparasitárias e antitumorais. O veneno da formiga Dinoponera quadriceps

(DqV) é rico em peptídeos antimicrobianos chamados dinoponeratoxinas

(Dntxs) e possui propriedades antimicrobianas e tripanocidas. Na busca de

novos agentes tripanocidas e antitumorais, no presente estudo foi avaliado o

efeito antichagásico do DqV, de Dntxs (sDq-3348, sDq-2561, sDq-1503, sDq-

1319) e seu fragmento sDq-2561[12-23], além do efeito antitumoral das Dntxs

sobre linhagens de câncer de mama e colo de útero. O efeito tripanocida foi

avaliado em formas epimastigotas, tripomastigotas e amastigotas de cepa Y de

Trypanosoma cruzi (cepa resistente ao benzonidazol). A toxicidade foi avaliada

nas células hospedeiras LLC-MK2 por MTT e o índice de seletividade (IS) foi

determinado. O mecanismo de ação em T. cruzi foi estudado em formas

epimastigotas através de citometria de fluxo utilizando os marcadores

7AAD/AX, DCF, Rho 123 e laranja de acridina e através de microscopia

eletrônica de varredura (MEV). O efeito antitumoral foi avaliado nas linhagens

tumorais de mama (MDA-MB-231, MDA-MB-468, MCF7) e câncer cervical

(HeLa) por MTS. A toxicidade em linhagem normal de ovário (MCF10A)

também foi mensurada por MTS. O mecanismo de ação antitumoral foi

avaliado por microscopia de “time-lapse” com marcação de AX e PI e ensaio de

liberação de LDH. DqV foi capaz de inibir formas amastigotas de T. cruzi

mostrando um IS de 112, agindo por mecanismos necróticos e apoptóticos.

sDq-2561 e sDq-3348 inibiram as formas epimastigotas, tripomastigota e

amastigota de T. cruzi. sDq-2561 mostrou efeito mais próximo do DqV e

mecanismo de morte predominantemente necrótico. sDq-3348 mostrou

mecanismo de morte apoptótico sem indícios de autofagia. No ensaio

antitumoral, sDq-3348 mostrou efeito contra MDA-MB-468 e HeLa, mas sDq-

3348 não se mostrou seletivo. sDq-2561 demonstrou efeito em MDA-MB-231 e

HeLa por mecanismo necrótico e com efeito máximo em duas horas de

incubação. Nenhuma das Dntxs testadas foi tóxica para a MCF10A. sDq-1319,

sDq-1503 e sDq-2561[12-23] não mostraram efeitos antitumorais ou

tripanocidas promissores.

Palavras-chave: Dinoponeratoxinas; Trypanosoma cruzi; Doença de Chagas;

Peptídeo antimicrobiano; Câncer; Antitumoral;

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7

ABSTRACT

Antimicrobial peptides have antibacterial, antiparasitic and antitumor properties.

Dinoponera quadriceps ant venom (DqV) is rich in antimicrobial peptides called

dinoponeratoxins (Dntxs) and it has antimicrobial and trypanocidal properties.

Searching for novel trypanocidal and antitumor agents, we evaluated the

antichagasic effect of DqV, Dntxs (sDq-3348, sDq-2561, sDq-1503, sDq-1319)

and its fragment sDq-2561[12-23], as well the antitumor effect of Dntxs on

breast and cervical cancer strains. The trypanocidal effect was evaluated in

epimastigote, trypomastigote and amastigote forms of Y strain of Trypanosoma

cruzi (benznidazole-resistant strain). Toxicity was assessed in the host cells

LLC-MK2 by MTT and the selectivity index (SI) was determined. The action

mechanism in T. cruzi was evaluated in epimastigote forms by flow cytometry

using the 7AAD/AX, DCF, Rho 123 and acridine orange markers and by

scanning electron microscopy (SEM). The antitumor effect was evaluated in

breast cancer (MDA-MB-231, MDA-MB-468, MCF7) and cervical cancer (HeLa)

by MTS. Toxicity in normal ovarian lineage (MCF10A) was also measured by

MTS. The antitumor mechanism of action was evaluated by time-lapse

microscopy with AX and PI labeling and LDH release assay. DqV was able to

inhibit amastigote forms of T. cruzi showing an IS of 112, acting by necrotic and

apoptotic mechanisms. sDq-2561 and sDq-3348 were able to inhibit

epimastigote, tripomastigote and amastigote forms of T. cruzi. sDq-2561

showed similar effect of DqV and a necrotic mechanism. sDq-3348 showed

apoptotic mechanism with no evidence of autophagy. In the antitumor assay,

sDq-3348 showed effect against MDA-MB-468 and HeLa, but sDq-3348 was

not selective. sDq-2561 demonstrated effect on MDA-MB-231 and HeLa by

necrotic mechanism with maximum effect at two hours of incubation. None of

the Dntxs tested was cytotoxic to MCF10A. sDq-1319, sDq-1503 and sDq-2561

[12-23] showed no promising antitumor or trypanocidal effects.

Keywords: Dinoponeratoxin; Trypanosoma cruzi; Chagas disease;

Antimicrobial peptide; Cancer; Antitumoral;

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8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1-

Desenho esquemático descrevendo mecanismos de ação de

peptídeos antimicrobianos interagindo com bicamadas lipídicas.....

21

Figura 2- Distribuição de doença de Chagas no mundo.................................. 25

Figura 3-

Visão geral do ciclo de vida intracelular de Trypanosoma cruzi no

hospedeiro mamífero........................................................................

27

Figura 4- Células do microambiente tumoral................................................... 35

Figura 5-

Efeito do veneno de D. quadriceps e de dinoponeratoxinas sobre

células LLC-MK2 infectadas com a forma amastigota intracelular

de cepa Y de T. cruzi........................................................................

64

Figura 6-

Perfil de morte em formas epimastigotas de T. cruzi após 24 h de

incubação com sDq-2561.................................................................

67

Figura 7-

Perfil de morte em formas epimastigotas de T. cruzi após 24 h de

incubação com sDq-3348.................................................................

68

Figura 8-

Análise de espécies reativas de oxigênio em epimastigotas por

tratados com sDq-2561 citometria de fluxo......................................

70

Figura 9-

Análise de espécies reativas de oxigênio em epimastigotas

tratados com sDq-3348 por citometria de fluxo................................

71

Figura 10-

Análise do ΔΨm de epimastigotas tratados com veneno de D.

quadriceps por citometria de fluxo....................................................

73

Figura 11-

Análise do ΔΨm de epimastigotas tratados com sDq-2561 por

citometria de fluxo............................................................................

73

Figura 12-

Análise do ΔΨm de epimastigotas tratados com sDq-3348 por

citometria de fluxo............................................................................

74

Figura 13-

Fotomicrografia de microscopia confocal de formas epimastigotas

tratadas com veneno de D. quadriceps, sDq-2561 ou sDq-3348 e

marcadas com rodamina..................................................................

75

Figura 14-

Fluorescência relativa de formas epimastigotas tratadas com

veneno de D. quadriceps marcadas com Laranja de Acridina.........

77

Figura 15-

Fluorescência relativa de formas epimastigotas tratadas com sDq-

2561 marcadas com Laranja de Acridina.........................................

78

Figura 16-

Fluorescência relativa de formas epimastigotas tratas com sDq-

3348 marcadas com Laranja de Acridina.........................................

79

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9

Figura 17-

Fotomicrografia de microscopia eletrônica de varredura (MEV) de

formas epimastigotas de T. cruzi não tratadas.................................

81

Figura 18-

Fotomicrografia de microscopia eletrônica de varredura (MEV) de

formas epimastigotas de T. cruzi após 12 h de incubação com

DqV...................................................................................................

81

Figura 19-

Fotomicrografia de microscopia eletrônica de varredura (MEV) de

formas epimastigotas de T. cruzi após 12h de incubação com

sDq-2561..........................................................................................

82

Figura 20-

Fotomicrografia de microscopia eletrônica de varredura (MEV) de

formas epimastigotas de T.cruzi após 12h de incubação com a

sDq-3348..........................................................................................

83

Figura 21-

Fotomicrografia de microscopia de “time-lapse” de células HeLa

após 1h de incubação......................................................................

86

Figura 22-

Fotomicrografia de microscopia de “time-lapse” de células HeLa

após 2h de incubação......................................................................

87

Figura 23- Fotomicrografia de microscopia de “time-lapse” de células MDA-

MB-231 após 1h de incubação.........................................................

88

Figura 24- Fotomicrografia de microscopia de “time-lapse” de células MDA-

MB-231 após 2h de incubação.........................................................

89

Figura 25- Fotomicrografia de microscopia de “time-lapse” de células

MCF10A após 1h de incubação.......................................................

90

Figura 26- Fotomicrografia de microscopia de “time-lapse” de células

MCF10A após 2h de incubação.......................................................

91

Figura 27- Liberação de LDH por células HeLa após 1 e 2 horas de

incubação.........................................................................................

92

Figura 28- Liberação de LDH por células MDA-MB-231 após 1 e 2 horas de

incubação.........................................................................................

93

Figura 29- Efeito citotóxico da sDq-2561 sobre a forma epimastigota de

T.cruzi...............................................................................................

127

Figura 30- Efeito citotóxico da sDq-3348 sobre a forma epimastigota de

T.cruzi...............................................................................................

128

Figura 31- Efeito citotóxico da sDq-1503 sobre a forma epimastigota de

T.cruzi...............................................................................................

129

Figura 32- Efeito citotóxico da sDq-1319 sobre a forma epimastigota de

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10

T.cruzi............................................................................................... 130

Figura 33- Efeito citotóxico da sDq-2561[12-23] sobre a forma epimastigota

de T.cruzi..........................................................................................

131

Figura 34- Efeito citotóxico da sDq-2561 sobre a forma tripomastigota de

T.cruzi.........................................................................................................

132

Figura 35- Efeito citotóxico da sDq-3348 sobre a forma tripomastigota de

T.cruzi.........................................................................................................

132

Figura 36- Efeito citotóxico da sDq-1503 sobre a forma tripomastigota de

T.cruzi.........................................................................................................

133

Figura 37- Efeito citotóxico da sDq-1319 sobre a forma tripomastigota de

T.cruzi.........................................................................................................

133

Figura 38- Efeito citotóxico da sDq-2561[12-23] sobre a forma tripomastigota

de T.cruzi....................................................................................................

134

Figura 39- Efeito citotóxico de DqV sobre LLC-MK2......................................... 134

Figura 40- Efeito citotóxico da sDq-2561 sobre LLC-MK2................................. 135

Figura 41- Efeito citotóxico da sDq-3348 sobre LLC-MK2................................. 135

Figura 42- Efeito citotóxico da sDq-1503 sobre LLC-MK2................................. 136

Figura 43- Efeito citotóxico da sDq-1319 sobre LLC-MK2................................. 136

Figura 44- Efeito citotóxico da sDq-2561[12-23] sobre LLC-MK2..................... 137

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11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1-

Estrutura e propriedades físico-químicas de dinoponeratoxinas de

D. quadriceps...................................................................................

22

Tabela 2- Estrutura primária de dinoponeratoxinas e sDq-2561[12-23]........... 50

Tabela 3-

Efeito das dinoponeratoxinas sobre formas epimastigotas de cepa

Y de T. cruzi.....................................................................................

61

Tabela 4-

Efeito das dinoponeratoxinas sobre formas tripomastigotas de

cepa Y de T. cruzi.............................................................................

62

Tabela 5-

Efeito das dinoponeratoxinas sobre LLC-MK2 e índice de

seletividade.......................................................................................

65

Tabela 6-

Efeito de dinoponeratoxinas contra linhagens de câncer de mama

e cervical e linhagem normal de ovário............................................

84

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 7-AAD 7-Amino Actinomicina D

Anexina-V Anexina V- ficoeritrina

BZ Benzonidazol

CT Controle

DCF 2’,7’- diclorofluoresceína

DMEM Dulbecco's Modified Eagle's médium

DMSO Dimetilsulfóxido

DNDi Drugs for Neglected Diseases Initiative

Dntxs Dinoponeratoxinas

EPM Erro Padrão Médio

EROs Espécies reativas de oxigênio

ERNs Espécies reativas de nitrogênio

IC50 Concentração capaz de inibir 50% do crescimento celular

PI Iodeto de propídeo

IS Índice de seletividade

LAFEPE Laboratório Farmacêutico de Pernambuco

LIT Meio Liver infusion tryptose

LDH Lactato Desidrogenase

LPNDT Laboratório de Pesquisa em Nefrologia e Doenças Tropicais

MEV Microscopia eletrônica de varredura

MOMP Permeabilização da membrana externa mitocondrial

MTS 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-5-(3-carboximetoxifenil)-2-(4-sulfofenil)-2H-

tetrazólio

MTT 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difenil brometo de tetrazólio)

OMS Organização Mundial da Saúde

PAM Peptídeo Antimicrobiano

PBS Tampão fosfato em salina

Rho Rodamina 123

Rpm Rotação por minuto

SBF Soro bovino fetal

SDS Dodecil sulfato de sódio

µH Momento hidrofóbico

ΔΨm Potencial transmembrânico mitocondrial

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13

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................... 16

1.1 Biotoxinas como modelo para o desenvolvimento de

medicamentos.................................................................................

16

1.2 Doença de Chagas........................................................................ 24

1.3 Características do câncer.............................................................. 31

1.4 Mecanismos de morte celular........................................................ 37

2. JUSTIFICATIVA ........................................................................... 44

3. OBJETIVOS.................................................................................. 47

3.1 Objetivo geral................................................................................. 47

3.2 Objetivos específicos..................................................................... 47

4. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................. 49

4.1 Obtenção do veneno..................................................................... 49

4.2 Peptídeos e benzonidazol............................................................. 49

4.3 Avaliação da atividade tripanocida in vitro em cepas Y de T.

cruzi...............................................................................................

50

4.3.1 Ensaio em formas epimastigotas de T. cruzi................................. 50

4.3.2 Ensaio em formas tripomastigotas de T. cruzi............................... 51

4.3.3 Ensaio em formas amastigotas de T. cruzi.................................... 51

4.4 Avaliação da toxicidade in vitro nas células hospedeiras e índice

de seletividade...............................................................................

52

4.5 Avaliação do mecanismo de morte celular em cepa Y de T.

cruzi................................................................................................

53

4.5.1 Efeito necrótico e/ou apoptótico em formas epimastigotas de T.

cruzi.................................................................................................

53

4.5.2 Avaliação da produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) 54

4.5.3 Determinação do potencial transmembrânico mitocondrial (ΔΨm) 54

4.5.3.1 Determinação do potencial transmembrânico mitocondrial (ΔΨm)

por citometria de fluxo....................................................................

54

4.5.3.2 Determinação do potencial transmembrânico mitocondrial (ΔΨm)

por microscopia confocal................................................................

55

4.5.4 Avaliação de indução de autofagia ................................................ 55

4.5.5 Avaliação de alterações morfológicas ultraestruturais.................... 56

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14

4.6 Avaliação da atividade antitumoral in vitro...................................... 56

4.6.1 Linhagens celulares e cultivo.......................................................... 56

4.6.2 Avaliação do efeito antiproliferativo de células tumorais................ 57

4.6.3 Análise mecanismo de morte celular.............................................. 57

4.6.3.1 Microscopia de “time-lapse”............................................................ 57

4.6.3.2 Ensaio da atividade da enzima Lactato Desidrogenase................. 58

4.7 Análise de dados............................................................................ 59

5. RESULTADOS............................................................................... 61

5.1 Avaliação da atividade tripanocida in vitro em cepas Y de T. cruzi 61

5.1.1 Ensaio em formas epimastigotas de T. cruzi.................................. 61

5.1.2 Ensaio em formas tripomastigotas de T. cruzi................................ 62

5.1.3 Efeito em formas amastigotas de T. cruzi....................................... 63

5.2 Avaliação da toxicidade in vitro nas células hospedeiras e índice

de seletividade................................................................................

65

5.3 Avaliação do mecanismo de morte celular em cepa Y de T. cruzi 66

5.3.1 Efeito necrótico e/ou apoptótico em formas epimastigotas de T.

cruzi.................................................................................................

66

5.3.2 Avaliação da produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) 69

5.3.3 Determinação do ΔΨm................................................................... 72

5.3.4 Avaliação de indução de autofagia................................................. 76

5.3.5 Avaliação de alterações morfológicas ultraestruturais.................... 80

5.4 Avaliação da atividade antitumoral in vitro...................................... 84

5.4.1 Avaliação do efeito antiproliferativo de células tumorais................ 84

5.4.2 Microscopia de “time-lapse”............................................................ 85

5.4.3 Ensaio de liberação de lactato desidrogenase (LDH)..................... 92

6. DISCUSSÃO................................................................................... 95

7. CONCLUSÃO................................................................................. 105

8. REFERÊNCIAS.............................................................................. 107

APÊNDICE A.................................................................................. 127

APENDICE B.................................................................................. 139

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15

_________INTRODUÇÃO

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16

1. INTRODUÇÃO

1.1 Biotoxinas como modelo para o desenvolvimento de medicamentos

Os venenos animais, durante várias décadas, têm sido estudados

na busca de moléculas farmacologicamente ativas. Nestas pesquisas com

biotoxinas, a indústria farmacêutica conseguiu alguns sucessos notáveis, que

originaram medicamentos amplamente comercialidados, utilizados desde

para fins estéticos até o tratamento de doenças crônicas. Alguns exemplos

mais comuns de fármacos derivados ou inspirados em biotoxinas que

originaram novos medicamentos são o captopril, ziconotida e vários produtos

de toxina botulínica (HARVEY, 2014).

O captopril é o exemplo mais famoso de biotoxina que foi utilizada

para o desenvolvimento de medicamentos. Este medicamento é amplamente

utilizado para tratar a hipertensão e insuficiência cardíaca congestiva e deu

origem à classe de antihipertensivos inibidores da enzima conversora de

angiotensina (ECA). Do veneno da serpente Bothrops jararaca foi isolado o

peptídeo potencializador de bradicinina, inibidor da ECA, enzima que origina

angiotensina II, um hormônio que causa vasoconstrição e o aumento da

pressão arterial. Este peptídio inibidor se liga ao sítio ativo da ECA de forma

semelhante aos substratos naturais e reduz a pressão arterial. O captopril foi

desenvolvido após estudos de modelagem molecular a partir deste peptídeo

isolado (CUSHMAN; ONDETTI, 1999; FERREIRA, 1965). Seu sucesso foi a

principal causa dos venenos animais serem reconhecidos como fontes de

novos fármacos (HARVEY, 2014).

As toxinas botulínicas, amplamente utilizadas para fins estéticos e

terapêuticos, foram desenvolvidas a partir de toxinas microbianas do

Clostridium botulinum, uma bactéria patogênica anaeróbia que produz

potentes exotoxinas neurologicamente dirigidas. Oito tipos sorológicos (A, B,

C1, C2, D, E, F e G) são reconhecidos de acordo com a especificidade

antigénica de cada exotoxina. Mas somente os sorotipos A (Botox®,

Xeomin®) e B (Myobloc®) estão disponíveis no mercado. Essas toxinas

foram aprovadas para uso clínico em pacientes com uma variedade de

condições causadas pela hiperatividade de neurônios, mostrando sucesso

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em estrabismo, distonias, hiperidrose, amenizar e previnir as linhas de

expressão (ABRAMS; HALLETT, 2013; MATAK; LACKOVIĆ, 2014).

O diabetes do tipo 2, doença de alta prevalência em indivíduos

obesos, também recebeu um reforço em seu tratamento com um

medicamento desenvolvido a partir de uma biotoxina, a Exenatida®. Dois

peptídeos, Exendin-3 e Exendin-4, identificados na saliva do monstro de gila,

Heloderma suspectus, estimulam a secreção de insulina em resposta ao

aumento da glicemia e modulam esvaziamento gástrico para retardar a

entrada de açúcares ingeridos no sangue. Assim, o Exendin-4 foi utilizado

para o desenvolvimento deste medicamento (JOY; RODGERS; SCATES,

2005; TIWARI, 2015).

O tratamento da dor crônica severa também foi beneficiado pela

descoberta da neurotoxina ω-conopeptideo MVIIA, identificada no veneno do

molusco marinho Conus magus. Esta toxina e seu equivalente sintético

ziconotida (Prialt ®), bloqueiam canais de cálcio sensíveis à voltagem tipo-N

em neurônios sensoriais de dor de mamíferos e, portanto, possui potente

ação anti-nociceptiva em condições em que a morfina é pouco ou não ativa

(MCDOWELL; POPE; POPE, 2016; POPE; DEER, 2013).

Vários estudos com venenos animais vêm demonstrando grande

potencial biotecnológico, como no caso de alguns venenos de formigas das

subfamílias Ponerinae, Myrmiciinae, Pseudomyrmecinae e Ecitonina

(JOHNSON et al., 2010; PIEK et al., 1991; WANANDY et al., 2015) que são

ricos em peptídeos e proteínas (PALMA, 2006).

A espécie Dinoponera quadriceps, pertencente à subfamília

Poneriane, é uma formiga primitiva de grande tamanho (~3 cm) distribuída no

nordeste brasileiro (PAIVA; BRANDÃO, 1995). As colônias do gênero

Dinoponera tem uma pobre organização social, formando pequenas colônias

que não possuem rainha. Ao contrário da maioria das espécies de formigas,

todas as operárias da colônia de Dinoponera possuem capacidade

reprodutora (MONNIN; PEETERS, 1998). As formigas do gênero Dinoponera

são, em sua maioria, predadoras, alimentando-se de pequenos e médios

artrópodes, que são paralizados pela sua picada (ARAÚJO; RODRIGUES,

2006).

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Este veneno possui conteúdo protéico de 64% (SOUSA et al.,

2016) e nosso grupo de estudo demonstrou diversas propriedades

farmacológicas, como antinoceptiva (SOUSA et al., 2012), anticonvulsivante

(LOPES et al., 2013), anti-inflamatória, anti-agregante plaquetária,

anticoagulante (MADEIRA et al., 2015), antimicrobiana (LIMA et al., 2014) e

antiparasitária (LIMA, 2014).

Concomitantemente, nosso grupo de pesquisa realizou o

transcriptoma da glândula de veneno da D. quadriceps e revelou um

repertório de toxinas que inclui dinoponeratoxinas (DnTxs), toxinas

semelhantes a pilosulina, toxinas ICK, proteínas alérgenas, esterases

(fosfolipases e carboxilesterases) e toxinas letais (TORRES et al., 2014).

Esses achados abriram caminho para as investigações funcionais

e farmacológicas desses novos (poli) peptídeos preditos do veneno desta

formiga gigante. Os precursores transcricionais que codificam duas DnTxs de

comprimento total foram proporcionalmente os transcritos mais expressos.

Estes códigos de transcrições de DnTxs para pré-propeptídeos longos que

são propensos a modificação pós-tradução na glândula de veneno, através

da qual vários fragmentos peptídicos podem ser liberados, conforme

detectado, respectivamente, por nosso grupo de estudo na peptidômica de

veneno de D. quadriceps (BANDEIRA LIMA et al., 2017) e no trabalho de

Johnson et al. (2010), no veneno de D. Australis.

As DnTx foram denominados tomando em consideração seu peso

molecular teórico ou experimental e por uma nomenclatura normalizada: Dq-

2561 (M-PONTXDq3a; 23 resíduos de aminoácidos), Dq-1503 (M-PONTX-

Dq3b; 13 resíduos de aminoácidos), Dq-1319 (M-PONTX-Dq3c, 11 resíduos

de aminoácidos) e Dq-3348 (MPONTX- Dq4e; 30 resíduos de aminoácidos)

(BANDEIRA LIMA et al., 2017).

As Dntxs maduras compartilham semelhanças de variáveis na

sequência primária com peptídeos antimicrobianos de outras formigas de seu

mesmo gênero (Ponerinae), como ponericina G2 e G3, e de sapo, como

dermaseptina-H65, no caso de DnTxs longas, e em caso de DnTxs curtas

com ponericin W3, rã Gaegurin-5 e Brevinin-1PTa (BANDEIRA LIMA et al.,

2017; COLOGNA et al., 2013; JOHNSON et al., 2010; TORRES et al.,

2014).

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Tanto o veneno total de D. quadriceps como os peptídeos

relacionados às Dntxs demonstraram atividade antimicrobiana contra uma

ampla gama de microorganismos (COLOGNA et al., 2013), incluindo

Staphylococcus aureus resistente à meticilina (LIMA et al., 2014), sugerindo

as Dntxs como peptídeos antimicrobianos (PAMs), que mostram grande

potencial biotecnológico.

PAMs são um grupo heterogêneo de proteínas de natureza

pequena, catiônica e anfipática em sua maioria, sendo usados pelo sistema

imune inato de animais, plantas e seres humanos, como componentes-

chave, atuando como primeira linha de defesa imediata contra organismos

patogênicos. Estes peptídeos foram selecionados no curso da evolução por

sua capacidade de atacar bactérias, fungos, protozoários e vírus (COLE;

LEHRER, 2003; TORRENT et al., 2013; ZASLOFF, 2002).

Os peptídeos no geral, oferecem mínima imunogenicidade,

excelente penetrabilidade nos tecidos, baixo custo de produção e facilidade

em modificações moleculares para melhorar a estabilidade in vivo e a

atividade biológica. Assim, PAMs são potenciais candidatos para antibióticos,

antiparasitários ou antineoplásicos (SUN; SUN; HUANG, 2016; TORRENT et

al., 2012; YAVARI et al., 2018).

As propriedades físico-químicas são muitas vezes analisadas para

caracterizar um determinado peptídeo e/ou prever seu comportamento em

diferentes ambientes. Normalmente, os peptídeos PAMs são caracterizados

por ter um tamanho menor que 50 resíduos de aminoácidos e ficam

desestruturados em solução aquosa, mas quando estão associados à

membranas adotam conformações correspondentes à estrutura secundária,

tais como α-hélice ou conformação-β (SALDITT; LI; SPAAR, 2006).

Desde a década de oitenta foram realizados estudos para

estabelecer uma relação entre as diferentes propriedades físico-químicas e a

atividade antibacteriana ou hemolítica de peptídeos com atividade biológica.

Um exemplo clássico disso é o trabalho realizado por Eisenberg et al. (1982),

que criou uma ferramenta físico-matemática nomeada "momento hidrofóbico"

(µH) muito útil para caracterizar sequências de peptídeos e proteínas. Este

parâmetro, juntamente com a hidrofobicidade (H) e a carga líquida (z) de

peptídeos, tem sido amplamente utilizado em estudos de análise racional de

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interações peptídeo-membrana (DRIN; ANTONNY, 2010).

O momento hidrofóbico é uma medida quantitativa direta de

anfipaticidade. Calcula-se através da soma dos vetores individuais da

hidrofobicidade de cada aminoácido presente na sequência de um peptídeo

ou proteína (TEIXEIRA; FEIO; BASTOS, 2012) e nos diz se uma determinada

sequência, considerado idealmente helicoidal, exibe potencialmente uma

localização espacial assimétrica (em frente) de resíduos hidrofóbicos e

polares. Ou seja, informa-nos sobre a existência de uma face hidrofóbica e

polar na estrutura helicoidal assumida para o peptídeo.

As mudanças na hidrofobicidade de uma sequência estão

intimamente relacionadas com sua capacidade de permear membranas

eletricamente neutras. De acordo com Wieprecht et al. (1997), um aumento

de µH de um peptídeo, mantendo todos os outros parâmetros físico-químicos

constantes, potencializa consideravelmente sua permeabilização em

vesículas constituídas lipídicas, o que é atribuído a um aumento da afinidade

do peptídeo para a membrana.

No final dos anos 90, Dathe et al. (1997) foram mais longe e

sugeriram que a atividade hemolítica de peptídeos catiônicos e

potencialmente helicoidais é substancialmente modulada e aumentada com o

incremento da hidrofobicidade, do momento hidrofóbico e do ângulo da face

polar da hélice. Por outro lado, a seletividade antibacteriana mostrou-se

ótima em peptídeos de hidrofobicidade moderada que, por sua vez,

apresentam um momento hidrofóbico e um ângulo da face polar reduzido

(YIN et al., 2012).

As diferentes propriedades físico-químicas dos peptídeos

antimicrobianos e as diferentes composições de membrana podem levar à

diferentes mecanismos para desestabilizar as bicamadas lipídicas, entretanto,

o mesmo peptídeo pode manifestar mais que um caminho para interagir com

membranas (LI; DING; MA, 2016). Os modelos clássicos de formação de poros

por peptídeos antimicrobianos são nomeados de poro barril de hélices, poro

toroidal e tapete/detergente como mostrado na Figura 1 (SALDITT; LI; SPAAR,

2006).

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Figura 1: Desenho esquemático descrevendo mecanismos de ação de

peptídeos antimicrobianos interagindo com bicamadas lipídicas

Fonte: Adaptado de (SALDITT; LI; SPAAR, 2006).

Legenda: Conformação α-hélice com suas zonas hidrofílicas e hidrofóbicas,

conformação representada esquematicamente como um cilindro anfifílico com uma

face hidrofóbica (vermelha) e uma face hidrofílica (azul). Os peptídeos antimicrobianos

se ligam à superfície da membrana com as cadeias laterais hidrofóbicas ancorando no

núcleo lipídico hidrófobo da bicamada, dando origem a resultados diferentes, como

esquematizado o poro toroidal (A), o poro barril (B) e o modelo do tapete: aglomerado

de peptídeos antimicrobianos na superfície da membrana e subsequentemente conduz

à sua destruição através de um processo da micelação (C).

Apesar dos modelos citados acima serem os mais relacionados à

atividades antimicrobianas, os PAMs também podem interagir com alvos

intracelulares através da inibição da síntese de RNA mensageiro, do bloqueio

da síntese proteica, de dificultar o enovelamento conformacional das proteínas,

da ligação irreversivel, dentre outros (JENSSEN; HAMILL; HANCOCK, 2006).

As diferentes dinoponeratoxinas possuem estruturas e

propriedades fisico-químicas diferentes, o que pode predizer e explicar seus

efeitos. Estas estruturas e propriedades fisico-químicas dos 4 peptídeos (Dq-

3348, Dq-2561, Dq-1503 e Dq-1319) estão dispostas na tabela 1.

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Tabela 1. Estrutura e propriedades físico-químicas de dinoponeratoxinas de D. quadriceps

Dinoponeratoxina (nomenclatura normalizada)

sDq-3348 (M-PONTX-Dq4e)

sDq-2561 (M-PONTX-Dq3a)

sDq-1503 (M-PONTX-Dq3b)

DnTx-1319 (M-PONTX-Dq3c)

Estrutura primária GLKDWWNKHKDKIVKVVKEMGKAGINAAGK FWGTLAKWALKAIPAAMGMKQNK FWGTLAKWALKAI FWGTLAKWALK

Peso molecularb 3348,97 (3350,02) 2561,13 (2562,16) 1503,83 (1504,85) 1319,59 (1320,61)

Predição de modeloc

Carga líquida (z)d 6,1 5,0 3,0 3,0

pId 10,9 14,0 14,0 14,0

Hidrofobicidade, He 0,148 0,509 0,823 0,781

µHe 0,458 0,248 0,531 0,523

Roda α-helicoidale

Fonte: Adaptado de Bandeira Lima et al., 2018.

Legenda: Peptídeos amidados C-terminal; bMassa molecular experimental e teórica entre parenteses respectivamente; cPredição de modelo

arquivado com o servidor PEP-FOLD 2 (http://bioserv.rpbs.univ- paris-diderot.fr/services/PEP- FOLD/); dCarga líquida em pH e pI neutro,

calculado por http://pepcalc.com; eFrom http://heliquest.ipmc.cnrs.fr/, com resíduos carregados negativamente em vermelho, positivamente em

azul, não polares em preto e polares em amarelo; µH = momento hidrofóbico;

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Os peptídeos menores Dq-1319 e Dq-1503 são fragmentos do

peptídeo Dq-2561 clivados e amidados no aminoácido 11 e 13 respectivamente

no seu terminal carboxílico por modificações pós-tradução na glândula do

veneno da formiga gigante. Estes peptídeos curtos e maduros têm cargas

líquidas relativamente baixas (+3), hidrofobicidades "H" (H = 0,781 e 0,823,

respectivamente) e momentos hidrofóbicos "μH" (tendência a adoção de

estruturas a-helicoidais em solução) mais altos em comparação com os seu

peptídeo parental Dq-2561, apesar de terem também um alto valor pI (pI=14).

Em contraste, Dq-3348 é o peptídeo predito mais longo relacionado a DnTx

expresso na glândula de veneno, com 30 resíduos de aminoácidos, uma carga

líquida de +6, um valor de H de 0,148 e um μH = 0,458 (BANDEIRA LIMA et

al., 2017).

Por todas as suas características as Dntx e seus derivados

sintéticos demonstram grande potencial biotecnológico e provável efeito

contra membranas lipídicas, visto que o veneno total de D. quadriceps

demonstrou efeito antimicrobiano com permeabilização de membrana em S.

aureus (LIMA et al., 2014). Além disso, também foi evidenciado efeito

antiparasitário contra formas epimastigotas e tripomastigotas de cepa Y de

Trypanosoma cruzi. Nas formas tripomastigotas, formas circulante no sangue

de pacientes chagásicos, as concentrações capazes de matar 50% dos

parasitos foram de 2 µg/mL, enquanto que o benzonidazol, medicamento de

referência, para conseguir o mesmo efeito necessitou de 73 µg/mL. A

avaliação da via de morte celular em formas epimastigotas indicou

mecanismos também envolvendo dano em membrana (necrose) e

envolvendo apoptose (LIMA, 2014). A apoptose é um mecanismo de morte

almejado por drogas antitumorais, por sua baixa imunogenicidade

(CZABOTAR et al., 2013), deixando estes peptídeos também interessantes

para estudo contra o câncer.

Haja vista que este veneno possui conteúdo de aproximadamente

30% de dinoponeratoxinas (TORRES et al., 2014) e considerando suas

estruturas e propriedades físico-químicas, elas podem ser as principais

responsáveis por tais efeitos, tornando assim, importante sua investigação

contra doença de Chagas e câncer.

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1.2 Doença de Chagas

A doença de Chagas foi descrita pela primeira vez em 1909, quando

Carlos Chagas identificou o parasito protozoário Trypanosoma cruzi como o

causador de uma doença febril aguda que afligia trabalhadores da ferrovia

brasileira em Minas Gerais. Também conhecida como tripanossomíase

americana, é uma doença potencialmente fatal, sendo transmitida por um vetor,

o inseto triatomíneo hematófago, conhecido popularmente como “barbeiro”

(BONNEY, 2014).

Há aproximadamente 200 a 300 anos, quando a mudança rápida do

habitat do vetor passou da floresta natural para as terras agrícolas, surgiram

inúmeras oportunidades para a disseminação de T. cruzi em animais

domesticados, tornando a doença de Chagas uma zoonose endêmica

(COURA; VIÑAS, 2010). A urbanização das populações rurais em meados do

século XX, que envolveu a migração de um grande número de indivíduos

infectados para áreas com um risco comparativamente baixo de transmissão

vetorial, estendeu a endemia às cidades. No entanto, a doença permaneceu

em grande parte limitada às áreas rurais pobres. No final do século XX, a

doença de Chagas tornou-se reconhecida pela Organização Mundial da Saúde

(OMS) e outras instituições de saúde pública como uma doença tropical

negligenciada, porque afeta principalmente as populações de baixa renda,

sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade crônica em

países tropicais em desenvolvimento, e tem sido historicamente sub-

representada na alocação de recursos de promoção da saúde de organizações

de pesquisa, governamentais e de auxílio público (BONNEY, 2014).

Uma vez que afeta desproporcionalmente os indivíduos de baixa

renda, que são os menos capazes de proteger-se contra a infecção e

completar o tratamento adequado, tem um efeito substancialmente deletério

sobre a capacidade desses indivíduos de estudar e obter seus ganhos, fazendo

parte assim, de um ciclo de auto-propagação da pobreza em muitas regiões

endêmicas (BONNEY, 2014).

Atualmente, a doença de Chagas afeta cerca de 6 a 8 milhões de

pessoas no mundo, causando aproximadamente 12.000 mortes por ano

decorrentes de suas complicações. Além disso, estima-se que cerca de 70

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milhões de pessoas estejam em áreas de risco de contrair esta doença (DNDI,

2016). Mais recentemente, a emigração generalizada de latino-americanos,

incluindo um grande número infectado por T. cruzi, resultou em uma ameaça

emergente para a saúde pública em áreas historicamente não endêmicas do

mundo, como Estados Unidos, Canadá, Europa Ocidental, Japão e Austrália

(CHATELAIN, 2017). Nas últimas décadas, tem sido cada vez mais encontrada

nos Estados Unidos da América, estimando-se cerca de 300 mil casos (BERN,

C. et al., 2011) e em alguns países europeus, estimando-se cerca de 100 mil

casos (PÉREZ-MOLINA; NORMAN; LÓPEZ-VÉLEZ, 2012) (Figura 2).

Figura 2. Distribuição de doença de Chagas no mundo

Fonte: DNDi, 2016.

O Trypanosoma cruzi, agente etiológico da doença de Chagas é um

protozoário unicelular e parasito obrigatório. É classificado dentro da Ordem

Kinetoplastida, da classe Zoomastigophorea, da família Trypanosomatidae que se

desenvolve em insetos hematófagos da família Reduviidae, em pequenos

mamíferos e em humanos (CHAGAS, 1909). Possui um único flagelo (exceto na

forma intracelular, que não possui flagelo) e uma única mitocôndria, alongada e

termina em um cinetoplasto que contem o DNA mitocondrial (DE SOUZA,

WANDERLEY, 2002; GIRARD et al., 2016).

Durante seu ciclo de desenvolvimento, o T. cruzi apresenta três

formas evolutivas principais: epimastigota (forma proliferativa não infectante,

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presente no intestino médio do inseto), tripomastigota (forma não proliferativa

infectante, presente na circulação sanguínea) e amastigota (forma proliferativa

intracelular) (ADADE et al., 2013). Este parasito possui ciclo de vida complexo

que requer passagem obrigatória em dois hospedeiros, o inseto vetor

triatomíneo, e um hospedeiro vertebrado (FRANCISCO et al., 2017).

O inseto vetor triatomíneo se alimenta do sangue de um hospedeiro

vertebrado infectado, contendo formas tripomastigotas sanguíneas, que no

estômago do inseto se transformam em formas epimastigotas, que por sua vez

migram para o intestino médio e dividem-se intensivamente por divisão binária,

mantendo a infecção no vetor. Parte desses epimastigotas migra para o

intestino posterior onde se diferenciam em formas tripomastigotas metacíclicas,

forma infectante para várias espécies de mamíferos. A infecção ocorre quando

o triatomíneo ao realizar o repasto sanguíneo, deposita junto a região da picada,

seus excrementos (fezes e urina) contaminados com formas tripomastigotas

metacíclicas. Uma substância irritante que ocasiona prurido também é liberada

pelo inseto. A coceira local faz com que os tripomastigotas metacíclicos sejam

arrastados para o orifício da picada pelo próprio hospedeiro vertebrado

(CHATELAIN, 2017).

O tripomastigota metacíclico, se liga aos receptores de superfície

celular no hospedeiro mamífero, onde o parasito é levado para um vacúolo

parasitóforo. Isso ocorre independentemente da célula hospedeira ser ou não

fagocítica. Em seguida, o parasito sofre uma divisão celular assimétrica,

resultando em duas células filhas, um amastigota de replicação competente

com um flagelo curto e a outra um fragmento citoplasmático com flagelação

sem núcleo. O amastigota escapa para o citoplasma e começa replicação por

fissão binária, enquanto o restante dos componentes do parasito é degradado

pelo proteassoma e seus antígenos são apresentados na superfície. Alguns

amastigotas podem tornar-se metaquimamente quiescentes, podendo residir

em longo prazo em tecido cronicamente infectado. Os amastigotas que

continuam a se replicar se diferenciam em uma forma intracelular semelhante

aos epimastigotas e finalmente, se diferenciam em tripomastigotas flagelados,

que lisam a célula hospedeira e escapam para a corrente sanguínea, fluidos

biológicos ou outros tecidos do corpo, podendo ser ingeridas por outro inseto,

propagando o ciclo (Figura 3) (FRANCISCO et al., 2017).

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Figura 3. Visão geral do ciclo de vida intracelular de Trypanosoma cruzi no

hospedeiro mamífero.

Fonte: Francisco et al. (2017).

Legenda: O tripomastigota metacíclico, se liga aos receptores de superfície celular no

hospedeiro mamífero (1), onde o parasito é levado para um vacúolo parasitóforo (2).

Em seguida, o parasito sofre uma divisão celular assimétrica, resultando em duas

células filhas, um amastigota de replicação competente com um flagelo curto e a outra

um fragmento citoplasmático com flagelação sem núcleo (3). O amastigota escapa

para o citoplasma e começa replicação por fissão binária (4), enquanto o restante dos

componentes do parasito é degradado pelo proteassoma e seus antígenos são

apresentados na superfície (5). Alguns amastigotas podem tornar-se metaquimamente

quiescentes, podendo residir em longo prazo em tecido cronicamente infectado (6). Os

amastigotas que continuam a se replicar (7) se diferenciam em uma forma intracelular

semelhante ao epimastigotas (8) e finalmente, se diferenciam em tripomastigotas

flagelados (9), que lisam a célula hospedeira e escapam para a corrente sanguínea,

fluidos biológicos ou outros tecidos do corpo (10).

A principal forma de transmissão da doença de Chagas ainda é a

vetorial, através do contato com os excrementos do triatomíneo infectado

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(COURA, 2007; COURA; BORGES-PEREIRA, 2012). No Brasil, 52 espécies de

triatomíneos foram descritas, destas 27 foram encontradas no nordeste, com

maior atenção para espécies de três gêneros distintos, Triatoma, Rhodnius e

Panstrongylus, sendo estes vetores importantes para a transmissão entre

animais domésticos e o homem nas áreas endêmicas (RASSI; RASSI; MARIN-

NETO, 2010). Além da transmissão vetorial, existem outros tipos de

transmissão, como transfusão de sangue, congênita, transplante de órgãos e

através da ingestão de alimentos contaminados (via oral) (CHATELAIN, 2017).

A transfusão sanguínea é o segundo mecanismo mais comum de

transmissão da doença (GASCON; BERN; PINAZO, 2010), onde o receptor

recebe sangue contendo os parasitos. A transmissão congênita pode ocorrer

em qualquer fase da doença materna e também pode se dar em qualquer

época da gestação, sendo mais provável no último trimestre, ou ocorrer

durante o parto, pelo contato das mucosas do feto com o sangue da mãe

infectada (REQUENA-MÉNDEZ et al., 2015). A transmissão por meio de

transplante de órgãos tem adquirido relevância nas últimas décadas, devido ao

aumento do número desses procedimentos. Essa forma de transmissão

apresenta manifestações clínicas graves uma vez que os receptores estão

imunocomprometidos (PEREIRA; NAVARRO, 2013). A infecção pela via oral é

responsável por surtos de transmissão em áreas urbanas e regiões onde não

há circulação de insetos vetores domiciliados. Esta via de transmissão é

geralmente associada com uma alta concentração parasitária, resultando em

uma manifestação clínica aguda mais severa com altos índices de mortalidade

(TOSO M; VIAL U; GALANTI, 2011).

A doença de Chagas foi dividida em três fases distintas. O estágio

inicial "agudo", que ocorre nas primeiras 4-6 semanas após a infecção,

geralmente manifesta-se como condição febril leve e transitória, e em muitos

casos, é assintomática. No entanto, a fase aguda causa morte de 2 a 5% das

pessoas infectadas, geralmente envolvendo crianças, que morrem de

miocardite ou mieloencefalite (CHATELAIN, 2017). Com o desenvolvimento de

uma adaptação vigorosa da resposta imune, em que CD8+, IFN-γ+ e células T

desempenham um papel importante (CARDILLO et al., 2015; TARLETON,

2015), a infecção é suprimida, mas a imunidade estéril não é alcançada. Esta

fase "indeterminada" ou estágio "cronológico assintomático" é caracterizado

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por uma parasitemia intermitente e extremamente baixa. No entanto,

aproximadamente 10-30 % das pessoas infectadas eventualmente evoluem

para o estágio "sintomático crônico", muitas vezes décadas após a infecção

primária. No estágio crônico sintomático, a cardiomiopatia se desenvolve na

maioria desses indivíduos, enquanto uma minoria (aproximadamente 10% das

pessoas infectadas) sofrem megasíndromes do trato digestivo (CUNHA-NETO;

CHEVILLARD, 2014; DNDI, 2018; RIBEIRO et al., 2012).

A forma indeterminada pode durar de 10 anos ao resto da vida e os

pacientes podem transmitir para outros, mesmo sem mostrar sinais da doença.

A forma indeterminada foi descrita por Carlos Chagas em 1985 como

assintomática e com resultados normais para eletrocardiograma e raio-x de

coração, esôfago e cólon (DNDI, 2018; RASSI; RASSI; MARIN-NETO, 2010).

A cardiomiopatia é caracterizada por infiltração inflamatória, morte

celular e fibrose intersticial reparativa, levando a distúrbios no sistema de

condução cardíaco (disfunção no nódulo sinusal, arritmia ventricular e bloqueio

intraventricular e atrioventricular) e miocardite, causando instabilidade elétrica

(arritmia atrial), redução da contratilidade (trombose intracavitária e

insuficiência cardíaca) e distúrbios microvasculares que podem resultar em

morte súbita. Alterações no sistema nervoso intracardíaco podem causar dor

torácica atípica e também morte súbita (MARIN-NETO et al., 2007; PEREIRA;

NAVARRO, 2013). A falha cardíaca progressiva (70%) e morte súbita (30%)

permanecem as principais causas de morte de pacientes portadores da

cardiomiopatia chagásica (CHATELAIN, 2017).

As megasíndromes do trato digestivo usualmente resultam em

dilatação do trato gastrointestinal. A forma digestiva é responsável pelo

desenvolvimento de mega-esôfago e cólon. O comprometimento do esôfago

inclui a perda do peristaltismo esofágico e falta de relaxamento do esfíncter

inferior durante a deglutição, causando progressiva dilatação do órgão. A

disfunção esofágica pode ser associada com alterações no trânsito intestinal.

Esta forma da doença é caracterizada por destruição de neurônios

ganglionares, aumentando a lentidão do transito intestinal, levando a hipertrofia

muscular e, em casos exacerbados, a dilatação do órgão. Os sintomas mais

comuns são disfagia, dor no peito e regurgitação (LESCURE et al., 2010;

PEREIRA; NAVARRO, 2013). Existe a estimativa de 300.000 indivíduos com

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megacólon no Brasil e os relatando sintomas como constipação crônica, dor

abdominal e impactação fecal. Pacientes com megacólon também podem

apresentar vólvulo, obstruções e até perfurações intestinais (PEREIRA;

NAVARRO, 2013; SILVA et al., 2003).

Embora a doença de Chagas seja uma das principais causas de

morte prematura em muitas áreas da América do Sul, apenas existem dois

medicamentos para o tratamento desta doença, os derivados nitroimidazólicos

benzonidazol e nirfutimox. Estes são utilizados por quase 50 anos, apesar das

evidências generalizadas de falhas de tratamento (MORILLA; ROMERO,

2015). Outras desvantagens incluem o longo período de tratamento

(geralmente 60 a 90 dias), a frequência e severidade dos efeitos colaterais, e o

potencial para resistência cruzada, que decorre da exigência desses agentes

nitroheterocíclicos serem ativados pelo mesma enzima, a nitroredututase

mitocondrial do parasito, TcNTR-1 (CAMPOS et al., 2017).

Além de só existirem duas opções terapêuticas, o nirfutimox teve sua

comercialização cancelada em diversos países, inclusive no Brasil (CANÇADO,

2002). Assim, o benzonidazol tornou-se o único medicamento usado no Brasil

para tratar esta doença (MORILLA; ROMERO, 2015).

O tratamento com benzonidazol é eficaz logo após a infecção,

possuindo uma taxa média de cura entre casos agudos e recentes de 80%,

entretanto inferior a 20% nos crônicos (COURA; BORGES-PEREIRA, 2012;

SESTI-COSTA et al., 2014). Além disso, o tratamento é contra indicado para

pacientes com insuficiência renal ou hepática, e durante gravidez

(HASSLOCHER-MORENO et al., 2012; RASSI; RASSI; MARIN-NETO, 2010),

permanecendo incerto também, se este fármaco poderia prevenir ou aliviar a

patologia cardíaca crônica, principal complicação da doença de Chagas que

leva à morte (MORILLO et al., 2015).

Mesmo aprovado pelo Ministério da Saúde e amplamente

comercializado, o tratamento com benzonidazol além de possuir eficácia

limitada, desencadeia muitos efeitos adversos (PÉREZ-AYALA et al., 2011). Os

efeitos adversos comumente observados em pacientes que utilizam este

medicamento são reações cutâneas, febre, dermatite atópica, eritomatose,

erupções sensíveis à luz, púrpura, perda de peso e distúrbios gastrointestinais,

logo nas primeiras semanas de tratamento. O avançar do tratamento pode

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culminar em leucopenia, trombocitopenia e distúrbios neurológicos como

degeneração neuronal e desmielinização (HASSLOCHER-MORENO et al.,

2012; VIOTTI et al., 2009). A necessidade do emprego deste medicamento em

esquemas posológicos prolongados, de pelo menos dois meses, com doses

diárias de 5-7 mg/kg de peso corporal, facilita o surgimento dessas reações

(COURA; BORGES-PEREIRA, 2012; HASSLOCHER-MORENO et al., 2012).

Assim, existe uma necessidade urgente de se desenvolver uma

forma mais eficaz de terapia contra a doença de Chagas com mínimos efeitos

colaterais (CHATELAIN, 2017). Uma das abordagens mais utilizadas

ultimamente são pesquisas na busca de novos modelos moleculares

antichagásicos com eficácia em todas as fases do tratamento que levem a

morte do parasito, causando pouco dano ao paciente. Substâncias com alto

índice de seletividade, efeito contra as formas intracelulares do parasito e que

atuem por mecanismos de ação pouco imunogênicos são alvos destas

pesquisas (DNDI, 2018). Várias biotoxinas já mostraram potencial

antichagásico atendendo à maioria destas características como a melittina,

batroxicidina e crotalicidina (ADADE et al., 2013, 2014; BANDEIRA et al.,

2017; MELLO et al., 2017).

1.3 Características do câncer

Além das doenças negligenciadas, algumas doenças que possuem

alto investimento em pesquisas para sua cura, altos custos com seus

tratamentos e alta taxa de mortalidade, continuam sem cura efetiva. O câncer

é uma dessas doenças.

Câncer é um termo geral que se refere a mais de 100 doenças

distintas que afetam vários tecidos diferentes e vários tipos de células

(ROBBINS & COTRAN, 2016), sendo um dos principais causadores de morte

em países em desenvolvimento, como o Brasil. Durante as últimas décadas,

o número de pacientes com câncer e sua mortalidade aumentou

consideravelmente. No ano de 2012, surgiram 14 milhões de novos casos e

8,2 milhões de pessoas morreram por câncer (FERLAY et al., 2015).

A autossuficiência na sinalização de fatores de crescimento, a

evasão de supressores de crescimento, a resistência à morte celular,

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imortalização da capacidade replicativa, a indução de angiogênese, a

ativação de invasão e metástase, a inflamação e o microambiente tumoral

são características específicas do câncer que tornam sua cura tão difícil

(HANAHAN, DOUGLAS; WEINBERG, 2011).

Os tecidos normais controlam cuidadosamente a produção e

liberação de sinais promotores de crescimento que levam ao crescimento e

divisão celular, promovendo a homeostase do número de células e a

manutenção da arquitetura e função do tecido. As células tumorais, pela

desregulação destes sinais, se tornam donas do seu próprio destino. Além da

característica distintiva de induzir e sustentar sinais de estimulação de

crescimento de ação positiva, as células cancerígenas também contornam

programas poderosos que regulam negativamente proliferação celular, onde

muitos desses programas dependem das ações de genes supressores de

tumor. Dezenas de supressores de tumores que operam de várias maneiras

para limitar o crescimento celular e a proliferação foram descobertos através

da sua inativação característica em uma ou outra forma de câncer animal ou

humano (VITIELLO et al., 2018).

A morte celular programada apoptótica serve como uma barreira

natural ao desenvolvimento do câncer, por sua função de manter a

homeostase de organismos multicelulares eliminando células defeituosas ou

lesadas. A elucidação dos circuitos de sinalização que regem o mecanismo

apoptótico revelou como esta é desencadeada em resposta a vários

estresses fisiológicos que as células cancerosas passam durante a evolução

da tumorigênese ou como resultado de terapia anticancerígena. Entre os

estresses indutores de apoptose destacam-se os desequilíbrios de

sinalização resultantes de níveis elevados de sinalização oncogênica e danos

ao DNA associado à hiperproliferação. No entanto, pesquisas revelaram que,

como a apoptose é atenuada nos tumores, estes conseguem progredir para

estados de malignidade de alto grau e resistência à terapia (ADAMS; CORY,

2007; LOWE; CEPERO; EVAN, 2004).

Além da evasão da morte fisiológica, as células cancerosas

necessitam de um potencial replicativo ilimitado para gerar tumores

macroscópicos. Esta capacidade contrasta com o comportamento das células

na maioria das linhagens celulares normais no corpo, que são capazes de

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passar apenas por um número limitado de ciclos sucessivos de crescimento e

divisão celular. Essa limitação tem sido associada a duas barreiras distintas à

proliferação: a senescência, uma fase tipicamente irreversível em um estado

não-proliferativo, mas viável, e a crise, que envolve a morte celular. Por

conseguinte, quando as células são propagadas em cultura, os ciclos

repetidos de divisão celular conduzem primeiro à indução da senescência e,

em seguida, as células que conseguem contornar essa barreira, progridem

para a fase de crise, na qual a grande maioria das células da população

morre. Em raras ocasiões, as células emergem de uma população em crise e

exibem um potencial replicativo ilimitado. Esta transição é conhecida como

imortalização, uma característica que as linhas celulares mais estabelecidas

possuem em virtude de sua capacidade de proliferar na cultura sem evidência

de senescência ou crise (HANAHAN, DOUGLAS; WEINBERG, 2011).

Mesmo possuindo mecanismos de evasão, os tumores requerem

sustento na forma de nutrientes e oxigênio, bem como a capacidade de

evacuar resíduos metabólicos e dióxido de carbono, semelhante aos tecidos

normais. A neovasculatura associada ao tumor, gerada pelo processo de

angiogênese, supre essas necessidades. Durante a embriogênese, o

desenvolvimento da vasculatura envolve o nascimento de novas células

endoteliais e sua montagem em tubos (vasculogênese), além da germinação

(angiogênese) de vasos novos. Após esta morfogênese, a vasculatura normal

torna-se bastante quiescente. No adulto, a angiogênese é ativada como parte

de processos fisiológicos, como cicatrização de feridas e ciclos reprodutivos

femininos, mas apenas transitoriamente. Em contraste, durante a progressão

do tumor, um "interruptor angiogênico" é quase sempre ativado

permanentemente, fazendo com que a vasculatura normalmente quiescente

forme continuamente novos vasos que ajudam a sustentar a expansão dos

tumores neoplásicos. Alguns desses reguladores angiogênicos estão

sinalizando proteínas que se ligam a receptores estimulantes ou inibitórios na

superfície das células endoteliais vasculares (HANAHAN, D; FOLKMAN,

1996).

Outro grande problema no câncer é sua disseminação. O processo

de invasão e metástase foi esquematizado como uma sequência de várias

etapas discretas, muitas vezes denominada cascata de invasão-metástase.

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Esta descrição prevê uma sucessão de mudanças na biologia celular,

começando com a invasão local, depois o intravasamento por células

cancerosas no sangue e vasos linfáticos próximos, seguido do seu trânsito

através dos sistemas linfáticos e hematogênicos e de sua fuga da lumina de

tais vasos para o parênquima de tecidos distantes (extravasamento). Assim

ocorre a formação de pequenos nódulos de células cancerosas

(micrometástases) e, finalmente, o crescimento de lesões micrometastáticas

em tumores macroscópicos, sendo este último passo denominado

"colonização" (TALMADGE; FIDLER, 2010).

Nas últimas décadas, as pesquisa sobre as interseções entre a

inflamação e a patogênese do câncer se ampliaram, produzindo

demonstrações abundantes e convincentes de efeitos e funções que as

células imunes, em grande parte do sistema imune inato, têm na progressão

neoplásica (COLOTTA et al., 2009; DENARDO; ANDREU; COUSSENS,

2010; GRIVENNIKOV; GRETEN; KARIN, 2010; QIAN; POLLARD, 2010). A

inflamação pode contribuir para múltiplas características fornecendo

moléculas bioativas ao microambiente do tumor, incluindo fatores de

crescimento que sustentam a sinalização proliferativa, fatores de

sobrevivência que limitam a morte celular, fatores proangiogênicos, enzimas

modificadoras da matriz extracelular que facilitam a angiogênese, invasão e

metástase e sinais indutivos que levam à ativação de transição epitelial-

mesenquimal e outros programas facilitadores (DENARDO; ANDREU;

COUSSENS, 2010; GRIVENNIKOV; GRETEN; KARIN, 2010; KARNOUB;

WEINBERG, 2006-2007; QIAN; POLLARD, 2010).

A inflamação é, em alguns casos, evidente nos estágios iniciais da

progressão neoplásica e é comprovadamente capaz de promover o

desenvolvimento de neoplasias incipientes em câncer completo (DE VISSER;

EICHTEN; COUSSENS, 2006; QIAN; POLLARD, 2010). Além disso, células

inflamatórias podem liberar produtos químicos, especialmente espécies

reativas de oxigênio, que são ativamente mutagênicas para células

cancerígenas próximas, acelerando sua evolução genética em direção a

estados de malignidade aumentada. Como tal, a inflamação pode ser

considerada uma característica habilitante por suas contribuições para a

aquisição de recursos para as outras características anteriormente citadas

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(GRIVENNIKOV; GRETEN; KARIN, 2010).

O microambiente tumoral, como mostrado na Figura 4, é composto

por vários tipos de células, com funções individuais na propragação e nutrição

do tumor. Existem células endoteliais e pericitos, células inflamatórias,

fibroblastos associados, células do tumor, células proliferativas do tumor,

dentre outros tipos de células com variadas funções, criando assim, um

ambiente ideal para o desenvolvimento e disseminação do câncer

(HANAHAN, DOUGLAS; WEINBERG, 2011).

Figura 4. Células do microambiente tumoral

Fonte: Adaptado de Hanahan, Douglas e Weinberg (2011).

Por causa de todas suas características, o câncer aflinge todo o

mundo. No ano de 2012, observaram-se 14,1 milhões de novos casos de

câncer, ocorrendo 8,2 milhões de mortes por câncer em todo o mundo. O

câncer de pulmão continua a ser o câncer mais comum no mundo, tanto em

termos de novos casos (1,8 milhões de casos, 12,9% do total) quanto em

mortes (1,6 milhão de óbitos, 19,4%) devido à alta letalidade. O câncer de

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mama é o segundo câncer mais comum em geral (1,7 milhão de casos,

11,9%), mas ocupa o quinto lugar como causa de óbito (522 mil, 6,4%) devido

ao prognóstico relativamente favorável. Estes tipos de câncer são seguidos,

em termos de incidência, por câncer colorretal (1,4 milhão de casos, 694 mil

mortes), câncer de próstata (1,1 milhão de casos, 307 mil mortes), câncer de

estômago (951 mil casos, 723 mil mortes) e câncer de fígado (782 mil casos e

745 mil mortes). Estes seis tipos de câncer representam 55% do fator de

incidência global em 2012 (FERLAY et al., 2015).

O câncer de mama é o câncer mais frequente entre as mulheres

com cerca de 1,67 milhões de novos casos diagnosticados em 2012 (25% de

todos os cânceres). A maioria dos casos ocorre em mulheres de países

menos desenvolvidas. O câncer de mama é a quinta causa da morte por

câncer em geral (522 mil mortes), enquanto é a mais frequente causa de

morte por câncer em mulheres em regiões menos desenvolvidas (324 mil

mortes, 14,3% do total). A diferença nas taxas de mortalidade entre as

regiões do mundo são menores do que a incidência devido à sobrevivência

mais favorável do câncer de mama em regiões desenvolvidas, por conta do

maior cuidado e acesso à serviços de saúde (FERLAY et al., 2015).

O câncer de mama é uma doença heterogênea que pode ser

classificada com base em subtipos moleculares pela presença ou ausência de

receptor de estrogênio (ER), receptor de fator de crescimento epidérmico

humano 2 (HER2) e receptor de progesterona (PR). Existem tumores que não

expressam nenhum destes 3 receptores que são alvos moleculares de ação de

alguns fármacos contra o câncer de mama (PANAYOTOPOULOU et al., 2017;

REDDY, 2011).

Este tipo de câncer que não expressa nenhum destes receptores é

chamado "triplo-negativo", que corresponde a cerca de 20% de todos os

cânceres de mama e é caracterizado por alto índice mitótico, altas taxas de

metástases e pobre prognóstico por possuir opções terapêuticas reduzidas

(HAMUNYELA; SERAFIN; AKUDUGU, 2017; WALI et al., 2017).

Além do câncer de mama, o câncer cervical ou de colo de útero é o

quarto mais comum nas mulheres, e o sétimo geral, com o surgimento de 528

mil novos casos em 2012. A maioria (cerca de 86%, 453 mil casos) da carga

global ocorre em regiões menos desenvolvidas (América Latina, Caribe e

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Ásia), onde representa quase 12% de todos os casos de câncer feminino.

Houve uma estimativa de 266 mil mortes por câncer cervical em todo o

mundo em 2012, representando 7,5% de todas as mortes por câncer nas

mulheres. Entretanto, quase nove em cada 10 (87%) mortes por câncer

cervical ocorrem em regiões menos desenvolvidas, sendo o risco médio de

morte por câncer cervical antes dos 75 anos três vezes maior nas regiões

menos desenvolvidas que nas regiões mais desenvolvidas (VACCARELLA et

al., 2017).

A busca por novos fármacos específicos para as células

neoplásicas, com toxicidade reduzida e índice terapêutico favorável tem sido

um desafio para indústria farmacêutica no mundo todo, a fim de reduzir os

efeitos colaterais resultantes do tratamento com quimioterápicos. Diante disto,

é importante que novas estratégias terapêuticas sejam desenvolvidas a fim

de eliminar a massa tumoral, protegendo as células normais e minimizando o

desconforto do paciente. Várias pesquisas vêm buscando novos alvos

terapêuticos contra o câncer e substâncias capazes de promover a morte de

células tumorais por mecanismos pouco imunogênicos para aumentar o

conforto e aceitabilidade do tratamento (ROBERTS et al., 2012; WEISS et al.,

2016).

1.4 Mecanismos de morte celular

A morte celular manifesta-se com alterações morfológicas.

Juntamente com os mecanismos pelos quais as células mortas e seus

fragmentos são descartados, esses morfotipos têm historicamente sido

empregados para classificar a morte celular em três formas diferentes,

apoptose, necrose e autofagia (GALLUZZI et al., 2018).

A apoptose ou morte celular de tipo I, exibe encolhimento

citoplasmático, exposição de resíduos de fosfatidilserina no folheto externo da

membrana plasmática, condensação de cromatina (picnose), fragmentação

nuclear e blebbing da membrana plasmática, culminando com a formação de

pequenas vesículas aparentemente intactas (comumente conhecidas como

corpos apoptóticos) que são retiradas de forma eficiente por células vizinhas

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com atividade fagocítica e degradadas dentro de lisossomos (GALLUZZI et al.,

2018).

As células apoptóticas retêm a integridade da membrana plasmática

e a atividade metabólica à medida que o processo prossegue até a conclusão,

o que in vivo permite a depuração rápida por macrófagos ou outras células com

atividade fagocítica, que reconhecem a externalização da fosfatidilserina e

englobam a célula apoptótica (GREEN; OGUIN; MARTINEZ, 2016).

Apoptose pode ser ativada por duas vias, intrínseca e extrínseca. A

via intrínseca é uma forma de morte celular iniciada por uma variedade de

perturbações microambientais, incluindo retirada de fatores de crescimento,

danos ao DNA, estresse de retículo endoplasmático (ER), sobrecarga de

espécies reativas de oxigênio, estresse de replicação, alterações

microtubulares ou defeitos mitóticos (BRUMATTI; SALMANIDIS; EKERT, 2010;

PIHÁN; CARRERAS-SUREDA; HETZ, 2017; ROOS; THOMAS; KAINA, 2016).

Um evento chave da via intrínseca da apoptose é a permeabilização

da membrana externa mitocondrial (MOMP), amplamente considerado um

ponto de não retorno na progressão da morte celular apoptótica. Este evento é

estritamente controlado por uma complexa rede de interações entre membros

da família Bcl-2 (BIRKINSHAW; CZABOTAR, 2017).

As proteínas Bcl-2 são caracterizadas pela presença de domínios de

homologia Bcl-2 (domínios BH) e um domínio transmembranar (TMD)

carboxílico-terminal (C-terminal), presente em quase todos os membros da

família. De acordo com a sua função e o número de domínios de homologia

Bcl-2 (BH), eles são classificados em três grupos: as proteínas anti-apoptóticas

(Bcl-2, Bcl-xL, Bcl-w, Mcl-1, A1 e Bcl-B); as proteínas pró-apoptóticas de

“sensor” BH3-apenas (Bad, Bid, Bim, BMF, Puma, Noxa); e os "executores"

pró-apoptóticos (Bax e Bak) (ANVEKAR et al., 2011).

Em células não estressadas, o Bax pró-apoptótico reside inativo no

citosol, com o domínio C-terminal sequestrado dentro de um sulco superficial

hidrofóbico (SUZUKI et al., 2000). Sob esta situação, as proteínas anti-

apoptóticas desempenham duas funções complementares de sobrevivência:

unir e neutralizar as proteínas sensoriais de BH3 e inibir as proteínas efetoras

de Bax e Bak.

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Quando a célula sofre um estímulo pró-apoptótico, a regulação

positiva das proteínas BH3-apenas produz mudanças nos equilíbrios de

interação. Estudos estruturais demonstraram que a inserção de proteínas BH3

no sulco hidrofóbico formado pelos domínios BH1, BH2 e BH3 de membros

anti-apoptóticos (DAY et al., 2005; DENISOV et al., 2003; LIU et al., 2003;

SATTLER et al., 1997) diminui a quantidade de proteínas pró-sobrevivência

disponíveis para inibição de Bax/Bak. Além disso, as proteínas BH3 interagem

também diretamente com Bax e Bak para promover sua ativação (LETAI et al.,

2002).

Durante a ativação de Bax, o domínio hidrofóbico C-terminal é

liberado, interage com a membrana e promove a formação de poros

proteolipídeos Bax e Bak produzindo MOMP e a liberação de fatores

apoptogênicos, como o citocromo c para o citoplasma. Uma vez no citosol, o

citocromo c se liga ao fator 1 de ativação da protease apoptótica (Apaf-1) e

procaspase-9, em um complexo macromolecular conhecido como apoptosoma.

Neste complexo, procaspase-9 é ativada e, por sua vez, ativa a protease

efetora, a caspase-3 que finalmente destrói a célula (BIRKINSHAW;

CZABOTAR, 2017).

Essa família de proteínas Bcl-2 é alvo molecular de vários

medicamentos antitumorais que estão sendo lançados atualmente, como o

venetoclax e navitoclax, no intuito de promover a apoptose nas células

tumorais que possuem os membros anti-apoptóticas desta família super-

expressos, como as leucemias (ROBERTS et al., 2012; WEISS et al., 2016).

A apoptose extrínseca é uma via de morte celular iniciada por

perturbações do microambiente extracelular, recebendo e processando sinais

extracelulares indutores da morte. Os receptores de morte incluem: receptor de

morte de superfície celular de Fas (FAS, também conhecido como CD95 ou

APO-1) e membro de superfamília do receptor de TNF 1A (TNFRSF1A, mais

conhecido como TNFR1), 10a (TNFRSF10A, mais conhecido como TRAILR1

ou DR4) e 10b (TNFRSF10B, mais conhecido como TRAILR2 ou DR5)

(AGGARWAL; GUPTA; KIM, 2012; FLETEN et al., 2016; VON KARSTEDT;

MONTINARO; WALCZAK, 2017). Como regra geral, a ligação do receptor da

morte permite a montagem de um complexo multiprotetivo dinâmico na cauda

intracelular do receptor, como o chamado "complexo de sinalização indutor da

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morte" (DISC), "complexo I" e "complexo II", Que funcionam como plataformas

moleculares para regular a ativação e funções de caspases, levando a célula à

morte (GALLUZZI et al., 2018).

Na ausência de fagócitos, como em estudos in vitro, apoptose pode

progredir para apoptose tardia, também conhecida como necrose secundária,

perdendo a integridade da membrana e liberando seu conteúdo intracelular

(VANDEN BERGHE et al., 2013).

A autofagia ou morte celular do tipo II, manifesta-se com

vacuolização citoplasmática extensa e culmina de forma semelhante da

apoptose, com a absorção fagocítica e consequente degradação lisossômica

(GALLUZZI et al., 2018). A autofagia é uma via rigorosamente regulada

envolvendo a degradação lisossômica de organelas citoplasmáticas ou

componentes citosólicos. Esta via pode ser estimulada por múltiplas formas de

estresse celular, incluindo privação de nutrientes ou fatores de crescimento,

hipoxia, espécies reativas de oxigênio (EROs), danos ao DNA, agregados

proteicos, organelas danificadas ou patógenos intracelulares (KROEMER;

MARIÑO; LEVINE, 2010).

Existem três tipos principais de autofagia que culminam com a

degradação mediada pelo lisossomo: macroautofagia que envolve a formação

de uma vesícula de membrana dupla (autofagosomo) para sequestro de

organelas e biomoléculas danificadas; micro-autofagia, pelo qual o material

citosólico é diretamente engulfado pelo lisossoma; e autofagia mediada por

chaperona (FILOMENI; DE ZIO; CECCONI, 2015). Atualmente, está bem

estabelecido que a autofagia é um processo muito sensível subjacente à

resposta celular induzida por quase todas as condições estressantes que

afetam a homeostase celular (KROEMER; MARIÑO; LEVINE, 2010). Através

da autofagia, as células coordenam a energia e os blocos de construção

exigidos para processos vitais (crescimento e proliferação) com os estímulos

extracelulares e disponibilidade de fonte de carbono, como aminoácidos e

glicose. Se eles não são suficientes para manter a taxa de síntese protéica, ou

para fornecer a quantidade necessária de ATP necessária para sustentar

reações metabólicas, as células ativam a autofagia para degradar rapidamente

os componentes antigos ou danificados e reutilizar o pool de biomoléculas

gerado (FILOMENI; DE ZIO; CECCONI, 2015).

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41

Várias linhas de evidência indicam que EROs e espécies reativas de

nitrogênio (ERNs) são os moduladores da autofagia, provavelmente agindo em

vários níveis no processo. De acordo com essa suposição, EROs e ERNs

atuariam como as "moléculas de alarme" intracelulares da disponibilidade

extracelular de nutrientes (estímulos primitivos), sinalizando sua presença para

a maquinaria autofágica. Através de uma regulação de feedback negativo, a

autofagia poderia ser induzida a fornecer energia e blocos de construção para

restaurar a homeostase e, concomitantemente, remover o dano oxidativo.

Nesta perspectiva, a autofagia é necessária para que a célula supere

simultaneamente a falta de nutrientes e as condições de estresse oxidativo

(FILOMENI; DE ZIO; CECCONI, 2015; KROEMER; MARIÑO; LEVINE, 2010).

Entretanto, a autofagia é considerada tanto um mecanismo pró-

sobrevivência, quanto um tipo de morte celular. Muitas linhas de evidência

argumentam que a autofagia pode atrasar a morte das células apoptóticas

após o dano do DNA, sustentando a demanda de energia necessária para

suportar os processos de reparo do DNA (ABEDIN et al., 2007; YOON et al.,

2012). Um fenômeno que coincide com o desenvolvimento de mecanismos de

quimiorresistência em células cancerígenas (BORDIN et al., 2013).

Inversamente, em células onde o DNA não está compensado e a

apoptose é defeituosa, a autofagia induzida por danos ao DNA foi relatada

como mecanismo de morte celular, atuando como um supressor de tumor.

Quando o DNA é danificado por EROs e ERNs, as células ativam vários

caminhos para manter a integridade genômica, estando associados à resposta

ao dano do DNA. Diferentes classes de proteínas estão implicadas no dano do

DNA, entre os quais os sensores reconhecem especificamente as lesões ao

DNA, enquanto os mediadores e os efetores transduzem o sinal do núcleo para

o citosol, onde vários processos são ativados contextualmente para melhor

enfrentar condições adversas (CICCIA; ELLEDGE, 2010; ROOS; KAINA,

2013).

Por conseguinte, qualquer disfunção no mecanismo autofágico

revela-se envolvida no aparecimento de estados patológicos onde um papel

primário para o estresse oxidativo e/ou alterações na demanda metabólica

(como câncer) também foi relatado. Consequentemente, os defeitos genéticos

de genes autofágicos levam a uma produção aumentada de EROS e a

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acumulação de organelas e DNA danificados, que, por sua vez, promovem a

reprogramação metabólica e induzem a tumorgênese (FILOMENI; DE ZIO;

CECCONI, 2015).

Por fim, a necrose ou morte celular de tipo III, não apresenta

características distintivas da morte celular de tipo I ou II e termina com a

disposição de restos celulares e ausência de comprometimento fagocítico e

lisossômico observável (GALLUZZI et al., 2018). A necrose é um processo de

morte celular de caráter degenerativo, decorrente de eventos como lesão

celular, infecção e ausência de fatores de crescimento, levando a alterações na

integridade de membrana citoplasmática, aumento do volume celular, colapso

da produção de ATP e perda das demais funções biológicas (VANDEN

BERGHE et al., 2013). Suas principais características morfológicas são

aumento do volume celular, agregação de cromatina, desorganização do

citoplasma, perda da integridade da membrana plasmática, lise celular precoce

com consequente liberação do conteúdo citoplasmático causando dano às

células vizinhas além de uma reação inflamatória local (ROOS; THOMAS;

KAINA, 2016).

O mecanismo de morte celular pode ser analisado por abordagens

farmacológicas/ transgênicas, fatores bioquímicos e alterações morfológicas

em células eucarióticas (VANDEN BERGHE et al., 2013). Entretanto,

algumas abordagens farmacológicas/transgênicas em protozoários ainda são

desconhecidas, como por exemplo, a expressão de caspases (MENNA-

BARRETO et al., 2009).

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43

_______JUSTIFICATIVA

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44

2. JUSTIFICATIVA

Endêmica em 21 países da América Latina, a doença de Chagas

mata mais pessoas nesta região a cada ano do que qualquer outra doença

parasitária. Aproximadamente 6-8 milhões de pessoas estão infectadas

atualmente, levando a cerca de 12.000 mortes por ano. Em 10% a 30% dos

pacientes infectados, desenvolve-se a doença sintomática crônica, que resulta

em megasíndromes gástricas ou cardiomiopatias. Essas comorbidades

resultam em deficiência significativa com grande impacto social e econômico,

incluindo desemprego e diminuição da capacidade de ganho (DNDI, 2018),

sendo a cardiomiopatia a pricipal causa de morte (MORILLO et al., 2015).

O único medicamento disponível no Brasil para o tratamento da

doença de Chagas é o benzonidazol, apesar de não ser efetivo na fase crônica,

possuir baixa seletividade ao parasito, causar efeitos colaterais severos e não

mostrar benefícios nas cardiomiopatias (MORILLA; ROMERO, 2015; MORILLO

et al., 2015; VIOTTI et al., 2009). Além disso, algumas cepas resistentes ao

benzonidazol emergiram, tornando ainda pior o prognóstico de alguns

pacientes, já que não possuem outra opção terapêutica (RODRIGUES et al.,

2014).

Além das doenças negligenciadas, uma das principais causas de

morte em países em desenvolvimento é o câncer. O câncer de mama é o

mais frequente entre as mulheres, sendo a causa de morte mais frequente

em regiões menos desenvolvidas (FERLAY et al., 2015). Outro tipo de câncer

que atinge principalmente as mulheres de países em desenvolvimento é o

câncer cervical ou de colo de útero, estimando-se que 86% dos casos

ocorrem nas regiões da América Latina, Caribe e Ásia. A maioria das mortes

por câncer cervical, cerca de 87%, também ocorrem nestas regiões

(VACCARELLA et al., 2017).

Nas últimas décadas, houveram avanços significativos na terapia

anticancerígena, porém o câncer continua a ser uma séria ameaça para a

sobrevivência humana (HASHIM et al., 2016). Os tumores são clones de

células que se dividem rapidamente não regulados por mecanismos normais

de supressão do crescimento. A quimioterapia visa interferir com este

processo descontrolado de divisão celular. No entanto, muitas drogas

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cancerígenas geralmente não têm especificidade para as células

transformadas (LARSEN et al., 2008). Consequentemente, eles também

matam células saudáveis submetidas a uma rápida proliferação, resultando

em efeitos colaterais tóxicos. Outra limitação da quimioterapia é o

desenvolvimento de resistência por células tumorais (CHATTERJEE; DAMLE;

SHARMA, 2014).

O desenvolvimento de novas ferramentas terapêuticas eficazes e

de baixo custo para doença de Chagas e o câncer são de fundamental

importância para os países em desenvolvimento como o Brasil, por causa das

comorbidades provocadas por ambas e pelo número de óbitos que causam.

Os PAMs exibem atividade de amplo espectro contra bactérias com base em

interações eletrostáticas com lipídios carregados negativamente na superfície

bacteriana (DESLOUCHES; DI, 2017). Estes vêm sendo amplamente

estudados quanto às suas propriedades antiparasitárias (MCGWIRE;

KULKARNI, 2010) e antitumorais (ROUDI; SYN; ROUDBARY, 2017).

Devido às proporções aumentadas de fosfatidilserina (carregada

negativamente) na superfície das células cancerosas em comparação com

células normais, acredita-se que os peptídeos catiônicos anfipáticos podem

ser uma fonte eficaz de agentes anticancerígenos que são tanto seletivos

quanto refratários aos atuais mecanismos de resistência (DESLOUCHES; DI,

2017). As membranas do T. cruzi também possuem componentes

negativamente carregados, como glicoproteínas de ácido siálico e mucina

(DE SOUZA, WANDERLEY; DE CARVALHO; BARRIAS, 2010).

As dinoponeratoxinas são peptídeos anfipáticos carregados

positivamente (BANDEIRA LIMA et al., 2017), podendo assim, mostrar

propriedades antitumorais e antichagásicas seletivas. Além disso, estudos

prévios com o veneno de D. quadriceps demonstraram seu potencial

antichagásico contra uma cepa de Trypanosoma cruzi resistente ao

benzonidazol (LIMA, 2014). Assim, a investigação do efeito antitumoral das

dinoponeratoxinas, bem como do antichagásico do veneno de D. quadriceps

e dinoponeratoxinas foi motivada.

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_________OBJETIVOS

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3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Investigar o veneno de Dinoponera quadriceps como fonte de

peptídeos bioativos tripanocidas e antitumorais.

3.2 Objetivos específicos

Avaliar o efeito antiamastigota do veneno de D. quadriceps sobre cepa Y

de T. cruzi;

Avaliar a toxicidade do veneno de D. quadriceps sobre células hospedeiras

e índice de seletividade;

Elucidar o mecanismo de ação morte induzido pelo veneno de D.

quadriceps sobre formas epimastigotas de cepa Y de T. cruzi;

Avaliar o efeito das Dntxs sDq-3348, sDq-2561, sDq-1503, sDq-1319 e

sDq-2561[12-23] contra formas epimastigotas, tripomastigotas e

amastigotas de cepa Y de Trypanosoma cruzi;

Avaliar a toxicidade das dinoponeratoxinas sobre células hospedeiras e

índice de seletividade;

Investigar o mecanismo de morte induzido por dinoponeratoxinas sobre

formas epimastigotas de cepa Y de T. cruzi;

Avaliar o efeito antiproliferativo das dinoponeratoxinas sobre células de

câncer cervical (Hela) e células de câncer de mama (MCF-7, MDA-MB-231

e MDA-MB-468);

Investigar o mecanismo de morte induzido pelas dinoponeratoxinas sobre

as linhagens tumorais sensíveis;

Avaliar a toxicidade das dinoponeratoxinas sobre células normais de ovário

(MCF10A);

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MATERIAIS

__________E MÉTODOS

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Obtenção do veneno

As formigas Dinoponera quadriceps foram coletadas na serra de

Maranguape-CE e na Reserva Natural Serra das Almas, Crateús-CE, com

autorização do IBAMA/SISBIO – licença Nº 28794-1. Após a identificação do

ninho, o mesmo foi escavado e todos os exemplares encontrados foram

coletados com auxílio de pinças e levados ao Laboratório de Biologia de

Insetos Sociais/UECE para criação, extração da peçonha e dissecção da

glândula de veneno sob a orientação do Prof. Yves Patric Quinet. Para coletar

o veneno, as formigas foram contidas na região do tórax com ajuda de uma

pinça e seu ferrão foi pressionado com um tubo capilar para induzir a secreção

de veneno. O veneno de Dinoponera quadriceps (DqV) foi então transferido

para tubos eppendorfs contendo tampão acetato de amônio (pH 6,8), liofilizado

e armazenado a -20 ºC.

4.2 Peptídeos e benzonidazol

As dinoponeratoxinas (sDq-3348, sDq-2561, sDq-1503 e sDq-1319;

Dntxs) são amidas C-terminal e foram obtidas como descrito por Bandeira Lima

et al., (2017). As sequências de aminoácidos foram analisadas com os

softwares "Peptide property calculator" (http://www.pepcalc.com), "Heliquest"

(http://heliquest.ipmc.cnrs.fr) e/ou “Kael” (http://kael.net/helical.htm). O peptídeo

sDq-2561[12-23] ou M-PONTX-Dq3a[12-23], um fragmento C-terminal amidado

do peptídeo sDq-2561 complementar ao peptídeo sDq-1319, não foi

encontrado nos estudos de proteômica, mas seu estudo durante este trabalho

se tornou interessante, então também foi sintetizado no Centro de Investigación

Príncipe Felipe e testado. A nomeclatura dos peptídeos recebeu um “s” no

início para indicar que são peptídeos sintéticos e não isolados do veneno. As

sequências de aminoácidos destes peptídeos estão descritas na tabela 2.

Benzonidazol (Bz) (C12H12N4O3, PM = 260,249 g/mol) foi obtido do

Lafepe. As soluções de reserva dos peptídeos foram preparadas a 1mM (1000

µM) com PBS e mantidas a 4°C até serem utilizadas dentro de seis semanas.

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Tabela 2. Estrutura primária de dinoponeratoxinas e sDq-2561[12-23]

Peptídeo Sequência de aminoácidos

sDq-2561 FWGTLAKWALKAIPAAMGMKQNK

sDq-1503 FWGTLAKWALKAI

sDq-1319 FWGTLAKWALK

sDq-2561[12-23] AIPAAMGMKQNK

sDq-3348 GLKDWWNKHKDKIVKVVKEMGKAGINAAGK

Fonte: Elaborada pelo autor.

4.3 Avaliação da atividade tripanocida in vitro em cepas Y de T. cruzi

A fim de investigar a atividade antiparasitária das substâncias,

ensaios foram realizados nas três principais formas do ciclo de vida do

parasito: epimastigotas, tripomastigotas e amastigota do Trypanosoma cruzi.

Os resultados foram comparados à droga de escolha para tratamento da

Doença de Chagas no Brasil, o Benzonidazol (BZ).

4.3.1 Ensaio em formas epimastigotas de T. cruzi

As formas epimastigotas de T. cruzi foram cultivadas em meio LIT

(RODRIGUES et al., 2014), suplementado com 10% de soro bovino fetal (SBF),

penicilina (100 UI/mL) e estreptomicina (100 µg/L) e mantidas em incubadora

BOD a 28 °C. Para avaliação do efeito anti-proliferativo das dinoponeratoxinas

nestas formas, foram utilizados parasitos provenientes da fase exponencial da

cultura inicial.

Formas epimastigotas (1 x 106 células/mL) na fase log de

crescimento (ADADE et al., 2014), foram plaqueadas e incubadas em placas

de 96 poços com diferentes concentrações de Dntxs (1,56; 3,12; 6,25; 12,5; 25;

50 e 100 M), e de BZ (6; 12; 24; 48; 96; 192 e 384 M). Após os tempos de

24, 48 e 72 horas, foram realizadas as quantificações de células viáveis em

câmara de Neubauer (RODRIGUES et al., 2014). Células tratadas com PBS

estéril foram consideradas como controle negativo. O percentual de viabilidade

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celular foi calculado em comparação com o grupo controle negativo. A IC50

(concentração capaz de inibir 50% do crescimento celular) foi determinada por

regressão não linear. Foram realizados três experimentos independentes em

triplicata.

4.3.2 Ensaio em formas tripomastigotas de T. cruzi

As formas tripomastigotas foram obtidas a partir da infecção de

cultura de células epiteliais de rim de macaco (LLC-MK2) cultivadas a 37 ºC e

5% de CO2 em meio DMEM (Dulbecco’s modified Eagle’s médium) enriquecido

com 2% de Soro Bovino Fetal (SBF). Após 5 a 8 dias de infecção, o

sobrenadante contendo as formas tripomastigotas que eclodiram, foram

centrifugadas e ressuspensas na concentração de 106 células/mL.

Posteriormente, os tripomastigotas foram incubados em placas de 96 poços

estéreis e tratados com diferentes concentrações de Dntxs (25; 12,5; 6,25;

3,12; 1,56; 0,78; 0,39; 0,19; 0,09 e 0,04 µM) e BZ (6, 12, 24, 48, 96, 192 e 384

M). Neste ensaio consideramos como controle negativo células tratadas com

PBS estéril (pH 7.4) (MEIRA et al., 2015).

A viabilidade foi determinada após 24h de incubação em ambiente

com 5% CO2 e temperatura de 37°C por quantificação em câmara de

Neubauer. O percentual de viabilidade celular foi calculado em comparação

com o grupo controle negativo. A IC50 (concentração capaz de inibir 50% do

crescimento celular) foi determinada por regressão não linear. Foram

realizados três experimentos independentes em triplicata.

4.3.3 Ensaio em formas amastigotas de T. cruzi

Para avaliar o efeito das Dntxs e do veneno total na forma

amastigota, células LLC-MK2 foram incubadas (5,0 x 104/ml) em placas

estéreis com 24 poços contendo lamínulas circulares também estéreis em meio

DMEM e suplementação de SBF 10% em temperatura de 37°C e 5% de CO2.

Após 24 h, as culturas com células aderidas foram infectadas com as formas

tripomastigotas de T. cruzi na proporção de 20:1 e mantidas sob mesmas

condições em meio DMEM com suplementação de apenas 2% de SBF.

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Para que houvesse internalização dos parasitos e transformação em

formas amastigotas intracelulares, aguardou-se um tempo de 48h. O

sobrenadante foi desprezado e as culturas foram então tratadas com Dntxs, BZ

ou DqV em suas respectivas IC50 e o dobro da IC50 das formas

tripomastigotas. PBS foi utilizado como tratamento do controle negativo. Em

seguida, as placas foram incubadas por períodos de 24 e 48h. Após estes

períodos, as lamínulas foram lavadas fixadas em solução de Bouin e coradas

com Giemsa para seguinte montagem em lâminas (ADADE et al., 2014).

Para determinar o número de amastigotas/100 células e o percentual

de células infectadas foi realizado contagem em microscópio óptico de um total

de 300 células em cada lamínula por experimento. Foram realizados três

experimentos independentes em triplicata (BANDEIRA et al., 2017).

4.4 Avaliação da toxicidade in vitro nas células hospedeiras e índice de

seletividade

A atividade citotóxica do veneno de D. quadriceps (DqV) e das Dntxs

sobre células de mamíferos foi realizada na linhagen LLC-MK2 (células

epiteliais renais de macaco), obtida do Banco de Células do Rio de Janeiro.

Para determinar a viabilidade celular, foi realizado o ensaio do MTT

(VANDEN BERGHE et al., 2013), que verifica a capacidade oxirredutiva das

células. As células foram cultivadas em placas estéreis de 96 poços na

concentração de 105 células/mL em meio DMEM a 10% de SBF, penicilina

(100 UI/mL) e estreptomicina (100 µg/L) a 37ºC em atmosfera com 5% de CO2

por 24 horas. Em seguida, foram tratadas com diferentes concentrações de

Dntxs (1,56, 3,12, 6,25, 12,5, 25, 50 e 100 M), Benzonidazol (6, 12, 24, 48, 96,

192, 384 e 768 M) e DqV (1,56, 3,12, 6,25, 12,5, 25, 50, 100 e 200 g/mL) e

incubadas a 37°C durante 24 horas. O MTT (5 mg/ml em PBS) foi adicionado a

cada poço e as placas foram deixadas em repouso por 4 h a 37°C. Finalmente,

os cristais de formazan formados foram solubilizados em 10% de dodecil

sulfato de sódio (SDS) em 0,01 N de HCl. Após 17 h, leu-se a absorvância a

570 nm num leitor de microplacas (Biochrom® ASYS Expert Plus). Foram

realizados três experimentos independentes em triplicata.

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O percentual de viabilidade celular foi calculado em comparação

com o grupo controle de células não tratadas. A IC50 (concentração capaz de

inibir 50% do crescimento celular) foi determinada por regressão não linear. A

toxicidade das substâncias sobre as LLC-MK2 serviu como base para definir as

concentrações de trabalho dos ensaios in vitro e para estimar o índice de

seletividade (IS) das respectivas substâncias através da relação entre a

toxicidade na célula hospedeira e a toxicidade no parasito (NWAKA; HUDSON,

2006).

4.5 Avaliação do mecanismo de morte celular em cepa Y de T. cruzi

A fim de investigar o mecanismo de morte induzido por Dntxs e DqV

em T. cruzi, foram realizados os seguintes ensaios em formas epimastigotas

através de citometria de fluxo, microscopia confocal e microscopia eletrônica de

varredura.

4.5.1 Efeito necrótico e/ou apoptótico em formas epimastigotas de T. cruzi

Para identificar o potencial necrótico e/ou apoptótico das Dntxs sDq-

2561 e sDq-3348, foram utilizados o marcador de apoptose por externalização

da fosfatidilserina Anexina V-PE e o marcador de necrose por lesão de

membrana plasmática 7-AAD. Este experimento não foi realizado com o

veneno total, pois já havia sido realizado no trabalho de Lima (2014).

As formas epimastigotas (1 x 106 células/mL) foram plaqueadas,

tratadas com a IC50 de sDq-3348 e com IC50 e o dobro de IC50 de sDq-2561

e incubadas por 24 horas em placa de 24 poços em estufa de BOD a 28 ºC.

Após esses períodos, as culturas foram lavadas e marcadas com um

conjugado de Anexina V-PE e 7-AAD, utilizando um kit comercial (Sigma-

Aldrich). Células tratadas com PBS foram utilizadas como controle negativo.

Após 15 minutos de incubação no escuro, os parasitos foram

analisados por citometria de fluxo (FACSCalibur, Becton-Dickinson). Para cada

amostra foram considerados no mínimo dez mil eventos (BANDEIRA et al.,

2017).

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4.5.2 Avaliação da produção de espécies reativas de oxigênio (EROs)

Para a avaliação de EROs, utilizou-se o marcador DCF para a

citometria de fluxo. Este marcador na presença de EROs, apresenta um alto

rendimento quântico de fluorescência. Dessa forma, a fluorescência observada

aumenta proporcionalmente à produção de EROs.

As formas epimastigotas (1 x 106 células/mL) foram plaqueadas,

tratadas com a IC50 de sDq-3348 e com as respectivas IC50 e o dobro da IC50

de sDq-2561 e incubadas por 24h em placa de 24 poços em estufa de BOD a

28 ºC. Células tratadas com PBS foram utilizadas como controle negativo.

Após esse período as células foram lavadas e marcados com DCF (2',7'-

diclorofluoresceína) por 30 minutos no escuro.

Ao final, os parasitos foram lavados novamente e colhidos para

análise por citometria de fluxo (FACSCalibur, Becton-Dickinson). Para cada

amostra foram considerados no mínimo dez mil eventos.

4.5.3 Determinação do potencial transmembrânico mitocondrial (ΔΨm)

Para os ensaios de potencial transmembrânico mitocondrial foi

utilizado o marcador Rhodamina 123 (Sigma-Aldrich). A rodamina é um corante

catiônico que se acumula em mitocôndrias intactas livres de danos, emitindo

fluorescência vermelha. Alterações no potencial transmembrânico mitocondrial

causa redução do acúmulo do marcador (BARACCA et al., 2003).

4.5.3.1 Determinação do potencial transmembrânico mitocondrial (ΔΨm)

por citometria de fluxo

As formas epimastigotas (1 x 106 células/mL) foram plaqueadas,

tratadas com a IC50 de sDq-3348 e com as respectivas IC50 e o dobro da IC50

de sDq-2561 e DqV e incubadas por 24h em placa de 24 poços em estufa de

BOD a 28 ºC. Após esse período, as células foram lavadas e marcadas com

rodamina (Rho123) 10 µg/mL por 30 minutos no escuro. Células tratadas com

PBS foram utilizadas como controle negativo. Em seguida, as células lavadas

foram analisadas por citometria de fluxo (FACSCalibur, Becton-Dickinson).

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55

Para cada amostra foram considerados no mínimo dez mil eventos (MELLO et

al., 2017).

4.5.3.2 Determinação do potencial transmembrânico mitocondrial (ΔΨm)

por microscopia confocal

As formas epimastigotas (1 x 106 células/mL) foram plaqueadas,

tratadas com a IC50 de sDq-3348 e com as respectivas IC50 e o dobro da IC50

de sDq-2561 e DqV e incubadas por 24h em placa de 24 poços em estufa de

BOD a 28 ºC. Após esse período, as células foram lavadas e marcadas com

rodamina (Rho123) 10 µg/mL por 30 minutos no escuro. Células tratadas com

PBS foram utilizadas como controle negativo. Em seguida, as células foram

lavadas e as lâminas foram montadas. Finalmente, as células foram analisadas

em microscópio confocal LSM 710 (Zeiss, Germany) (SANDES et al., 2014). As

imagens digitais foram adquiridas e armazenas em computador na Central

Analítica – UFC.

4.5.4 Avaliação de indução de autofagia

Para avaliar a morte celular autofágica, utilizou-se o marcador

laranja de acridina por citometria de fluxo. Este marcador permite a

visualização de organelas vesiculares ácidas, uma vez que é um marcador

acidotrópico. Ao penetrar na célula apresenta fluorescência verde e ao ficar

retido em organelas ácidas (característica de fagossomo) emite fluorescência

vermelha.

As formas epimastigotas (1 x 106 células/mL) foram plaqueadas,

tratadas com a IC50 de sDq-3348 e com as respectivas IC50 e o dobro da IC50

de sDq-2561 e DqV e incubadas por 24h em placa de 24 poços em estufa de

BOD a 28 ºC. Após esse período, as células foram lavadas e marcadas com

laranja de acridina 5 µg/mL por 30 minutos no escuro. Células tratadas com

PBS foram utilizadas como controle negativo (SANDES et al., 2014). Em

seguida, as células lavadas foram analisadas por citometria de fluxo

(FACSCalibur, Becton-Dickinson). Para cada amostra foram considerados no

mínimo dez mil eventos.

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56

4.5.5 Avaliação de alterações morfológicas ultraestruturais

Alterações na superfície dos parasitos foram observadas por

microscopia eletrônica de varredura (MEV). A técnica consiste em utilizar um

feixe de elétrons de pequeno diâmetro para explorar a superfície da amostra,

ponto a ponto, por linhas sucessivas e transmitir o sinal do detector a uma tela

catódica cuja varredura está perfeitamente sincronizada com aquela do feixe

incidente.

As formas epimastigotas (1 x 106 células/mL) foram incubadas com

IC50 de sDq-3348 e com as respectivas IC50 e o dobro da IC50 de sDq-2561 e

DqV e incubadas em placas de 24 poços por 12 horas em estufa de BOD a 28

ºC. Após a incubação, os parasitos foram fixados por 2 horas com 2,5% de

glutaraldeído (Electron Microscopy Sciences, Hatfield, Pennsylvania), lavados

duas vezes com PBS e duas vezes com água destilada centrifugando-se a

800g por 10 min. Em seguida, as amostras foram desidratadas e séries

crescentes de etanol (30-100%), colocadas em lamínulas de vidro, fixadas a

37ºC com 5% de CO2, cobertas com ouro e observadas em um microscópio

eletrônico de varredura FEG Quanta 450 (FEI, Oregon, USA) (MELLO et al.,

2017). As imagens digitais foram adquiridas e armazenas em computador na

Central Analítica – UFC utilizando o Software Nis 4.0.

4.6 Avaliação da atividade antitumoral in vitro

A fim de investigar a atividade antumoral das Dntxs (sDq-2561, sDq-

3348, sDq-1319 e sDq-1503), foram realizados testes contra várias linhagens

tumorais de câncer de mama e cervical.

4.6.1 Linhagens celulares e cultivo

As linhagens de mama utilizadas foram MCF-7, MBA-MB-231, MDA-

MB-468, enquanto que de câncer cervical foi utilizada HeLa. Utilizou-se

também uma linhagem normal de ovário, a MCF10A. As MCF-7, MBA-MB-231,

MDA-MB-468 e HeLa foram cultivadas em meio DMEM a 10% de SBF sem a

adição de antibióticos e antifúngicos. A linhagem MCF10A foi cultivada em

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57

meio DMEM/F12 a 5% de soro equino e outros fatores (Fator de Crescimento

Epidérmico 20 ng/mL, hidrocortisona 0,5 mg/mL, toxina de cólera 100 ng/mL,

insulina 10 µg/mL, penicilina100 UI/mL e estreptomicina 100 µg/L). Todas as

linhagens foram mantidas a 37ºC em atmosfera com 5% de CO2.

4.6.2 Avaliação do efeito antiproliferativo de células tumorais

O efeito antiproliferativo foi determinado utilizando o ensaio com

MTS (VANDEN BERGHE et al., 2013), que verifica a capacidade oxirredutiva

das células. As células foram plaqueadas (1 x 105 células/mL) e incubadas em

seu respectivo meio a 37ºC em atmosfera com 5% de CO2 por 24 horas para

permitir sua adesão. Em seguida, foram tratadas com diferentes concentrações

de Dntxs (1, 5, 10, 25 e 50 µM) e incubadas por 24 horas. O MTS (0,33 mg/ml)

foi adicionado a cada poço e as placas foram deixadas em repouso de 2 a 4

horas a 37°C dependendo da velocidade de metabolismo da linhagem celular.

Finalmente, leu-se a absorvância a 570 nm num leitor de microplacas Victor 2

(Perkin Elmer Wallac 1420). A IC50 de cada Dntx sobre cada linhagem celular

foi calculada por regressão não linear e foi utilisada nos ensaios posteriores.

4.6.3 Análise de mecanismo de morte celular

A fim de investigar o mecanismo de morte celular das linhagens

sensíveis às Dntxs, foram realizados ensaios de microscopia de “time-lapse” e

de liberação de LDH.

4.6.3.1 Microscopia de “time-lapse”

A melhor abordagem para distinguir o mecanismmo de morte celular

entre necrose e apoptose é a microscopia de imagens em “time-lapse”. Esta

técnica permite que um processo biológico seja fotografado em intervalos

regulares durante um período, que pode durar de algumas horas a vários dias,

e pode ser aplicado a células em cultura ou in vivo (WALLBERG; TENEV;

MEIER, 2016). Para identificação do potencial necrótico e/ou apoptótico das

substâncias em estudo, as células tratadas serão submetidas à marcação com

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58

Anexina V-PE, marcador de apoptose por externalização da fosfatidilserina, e

iodeto de propídeo (PI) marcador de necrose por lesão de membrana

plasmática.

As células sensíveis a sDq-2561 (MDA-MB-231 e HeLa) foram

investigadas quanto ao seu mecanismo de morte celular na microscopia de tim-

lapse. Este ensaio também foi realizado com as células MCF10A, linhagem de

ovário normal, em concentrações próximas às utilizadas nas linhagens

tumorais, já que esta linhagem não foi sensível a este peptídeo.

MDA-MB-231, HeLa e MCF10A (1 x 105 células/mL) foram

plaqueadas e incubadas durante 24 horas a 37ºC e 5% de CO2 para sua

adesão. Em seguida, o meio das células foi trocado por DMEM 10% sem

indicador de pH e as células MDA-MB-231 e HeLa foram tratadas com as

respectivas IC50 de sDq-2561 e de doxorrubicina para controle positivo.

MCF10A foi tratada com 10 µM de sDq-2561 e 4 µM de doxorrubicina,

concentrações semelhantes às utilizadas nas outras linhagens. Células

tratadas com PBS foram utilizadas como controle negativo. Então, foram

adicionados os marcadores Anexina V-PE (5 μL/mL em 2,5 mM CaCl2 no

meio) e 1,5 μM de PI. Por fim, a placa foi adaptada em um Microscopio

Invertido de investigação totalmente automático Leica DMI6000 B, que foi

programado para bater fotos de cada condição a cada meia hora durante 6

horas. As fotos obtidas foram transpostas com a fluorescencia e analisadas.

4.6.3.2 Ensaio da atividade da enzima Lactato Desidrogenase

Para investigar se o tratamento com sDq-2561 causou lise e

liberação do conteúdo celular, foi realizada a dosagem da atividade da enzima

lactato desidrogenase (LDH) no sobrenadante de poços tratados (VANDEN

BERGHE et al., 2013).

MDA-MB-231 e HeLa (1 x 105 células/mL) foram plaqueadas e

incubadas durante 24 horas a 37ºC e 5% de CO2 para sua adesão. Em

seguida, foram tratadas com suas respectivas IC50 e metade da IC50 de sDq-

2561. Também foram feitos grupos controle negativo com células tratadas com

PBS e controle positivo com células tratadas com Triton X-100 1% v/v. Após 1

e 2 horas de incubação, 50 µL do sobrenadante dos grupos tratados e controle

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59

foram retirados e incubados com o reagente de determinação de LDH

(Promega) em placa de 96 poços negra em temperatura ambiente por 30

minutos no escuro. Por fim, a leitura da fluorescência (Ex/Em = 530-570/590-

600 nm) foi medida no leitor de microplacas Victor 2. Os valores de

citotoxicidade foram calculados utilizando os resultados de controle negativo

como liberação basal de LDH, e os resultados de controle positivo, como 100%

de liberação da enzima.

4.7 Análise de dados

Os ensaios foram realizados em triplicada de três experimentos

independentes e os resultados obtidos expressos em média ± erro padrão da

média e os valores de IC50 determinadas por regressão não linear com intervalo

de confiança 95%. Comparações estatísticas foram analisadas utilizando

ANOVA com Bonferroni’s post-test no programa GraphPad Prism 5.

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60

________RESULTADOS

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61

5. RESULTADOS

5.1 Avaliação da atividade tripanocida in vitro em cepas Y de T. cruzi

5.1.1 Ensaio em formas epimastigotas de T. cruzi

A citotoxicidade das dinoponeratoxinas sDq-2561, sDq-1319, sDq-

1503, sDq-2561[12-23] e sDq-3348 foi avaliada em formas epimastigotas de T.

cruzi após 24, 48 e 72 horas de exposição a diferentes concentrações (em μM:

100; 50; 25; 12,5; 6,25; 3,12; 1,56; 0,78). A percentagem de viabilidade celular

foi calculada em relação ao controle, cuja quantificação foi considerada 100%.

Para controle positivo foi utilizado o benzonidazol. As respectivas IC50

encontadas estão dispostas na tabela 3.

Tabela 3. Efeito das dinoponeratoxinas sobre formas epimastigotas de cepa Y de

T. cruzi.

sDq-3348 sDq-2561 sDq-1503 sDq-1319 sDq-2561

[12-23]

Bz

IC50/24 h 23,5±3 4,7±1 48,8±5 - - 218,0±15

IC50/48 h 11,0±3 3,6±0,5 45,9±7 - - 61,1±3

IC50/72 h 8,3±3 2,4±0,4 39,3±10 - - 16,5±1

Fonte: Elaborada pelo autor.

Legenda: Valores de IC50 são expressos em μM. Dados são espressos por média ±

erro padrão da média de 3 experimentos independentes. (-) Significa ausência de

efeito em todas as concentrações testadas. Bz: Benzonidazol.

sDq-2561 demonstrou a menor IC50 de todos os peptídeos e não

demonstrou uma alteração significativa das IC50 entre os tempos de 24 e 48

horas. A IC50 de 72 horas foi a menor encontrada, mas ainda muito próxima

das de 24 e 48 horas (Apêndice A; Figura 29). sDq-1503 não demonstrou

diferenças significativas entre as IC50 dos 3 tempos, sugerindo efeito tempo

independente (Apêndice A; Figura 31). sDq-1319 e sDq-2561[12-23] não

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62

mostraram efeito sobre formas epimastigotas em nenhuma das concentrações

testadas (Apêndice A; Figura 32 e 33). sDq-3348 mostrou a segunda menor

IC50 de 24 horas dentre os peptídeos testados, que caiu significativamente à

metade para o tempo de 48 horas, não sendo visível alteração significante

entre os tempos de 48 e 72 horas (Apêndice A; Figura 30). O controle positivo

BZ mostrou IC50s maiores do que de sDq-2561 e sDq-3348 nos 3 tempos de

incubação, sendo maior, no período de 24 horas, em 46 e 9 vezes

respectivamente.

5.1.2 Ensaio em formas tripomastigotas de T. cruzi

A citotoxicidade das dinoponeratoxinas sDq-2561, sDq-1319, sDq-

1503, sDq-2561[12-23] e sDq-3348 foi avaliada em formas tripomastigotas de

T. cruzi após 24 horas de exposição a diferentes concentrações (em μM: 100;

50; 25; 12,5; 6,25; 3,12; 1,56; 0,78; 0,39; 0,19; 0,097). A viabilidade celular foi

calculada em relação ao controle, cuja quantificação foi considerada 100%. O

benzonidazol foi utilizado como controle positivo. As IC50 encontradas estão

descritas na tabela 4.

Tabela 4. Efeito das dinoponeratoxinas sobre formas tripomastigotas de cepa Y

de T. cruzi após 24 horas de incubação.

sDq-3348 sDq-2561 sDq-1503 sDq-1319 sDq-2561

[12-23]

Bz

4,7±0,3 0,32±0,03 7,4±0,6 34,8±5 - 282±20

Fonte: Elaborada pelo autor.

Legenda: Valores de IC50 são expressos em μM. Dados são espressos por média ±

erro padrão da média de 3 experimentos independentes. (-) Significa ausência de

efeito em todas as concentrações testadas. Bz: Benzonidazol.

sDq-2561 demonstrou a menor IC50 de todos os peptídeos

(Apêndice A; Figura 34), mostrando uma concentração necessária para inibir

50% da viabilidade celular 880 vezes menor que do BZ. sDq-1503 (Apêndice

A; Figura 36) e sDq-1319 (Apêndice A; Figura 37) mostraram IC50 de 7,4 e

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34,8 µM, ainda 38 e 8 vezes menores que a do Bz, mas bem maiores que sDq-

2561. sDq-2561[12-23] não demonstrou nenhum efeito contra formas

tripomastigotas de T. cruzi (Apêndice A; Figura 38). sDq-3348 mostrou a

segunda menor IC50 dentre os peptídeos testados (Apêndice A; Figura 35),

sendo 60 vezes menor que do Bz.

5.1.3 Efeito em formas amastigotas de T. cruzi

As dinoponeratoxinas que demonstraram efeito em formas

tripomastigotas (sDq-2561, sDq-1319, sDq-1503 e sDq-3348) e o veneno de

Dinoponera quadriceps, foram testados em ensaios de formas amastigotas.

Foram realizados ensaios em 24h e 48h, utilizando a IC50 e dobro da IC50 das

formas tripomastigotas. Os parâmetros avaliados foram o percentual de células

infectadas e o número de amastigotas por 100 células.

O veneno de D. quadriceps demonstrou diminuição no número de

amastigotas/100 células nos tempos de 24 e 48 horas (Figura 5A) e no

percentual de células infectadas também nos dois períodos (Figura 5B). As

dinoponeratoxinas sDq-1319 e sDq-1503 não mostraram nenhum efeito em

nenhum dos parâmetros avaliados nos dois períodos de tempo. Já as

dinoponeratoxinas sDq-2561 e sDq-3348 mostraram efeito nos dois

parâmetros. sDq-2651 foi capaz de diminuir o número de amastigotas/100

células nos dois períodos testados, nas duas concentrações sem diferenças

significativas entre as concentrações testadas (Figura 5C), já no percentual de

células infectadas diminuiu no tempo de 24 horas nas duas concentrações sem

diferença significativa entre elas, mas não mostrou efeito no tempo de 48 horas

em nenhuma concentração (Figura 5D). sDq-3348 foi capaz de reduzir o

número de amastigotas/100 células nas duas concentrações sem diferenças

entre elas nos dois períodos de tempo (Figura 5E), mas no percentual de

células infectadas, não mostrou efeito no tempo de 24 horas em nenhuma

concentração, mostrando nas duas concentrações no tempo de 48 horas

(Figura 5F). Estes resultados indicam complementariedade entre os efeitos do

sDq-2561 e o sDq-3348 para o efeito do veneno de D. quadriceps, onde sDq-

3348 exerce um efeito melhor em tempos maiores e o sDq-2561 exerce um

efeito melhor em tempos menores.

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64

Figura 5 - Efeito do veneno de D. quadriceps e de dinoponeratoxinas sobre

células LLC-MK2 infectadas com a forma amastigota intracelular de cepa Y de

T. cruzi.

CT 1,98 3,960

100

200

300

400

50024 h

48 h

**

*

*

DqV (g/mL)

Am

astigota

s/

100 c

élu

las

A

CT 1,98 3,960

20

40

60

80

10024 h

48 h

* * * *

B

DqV (g/mL)

Célu

las infe

cta

das (

%)

CT 0,34 0,680

500

1000

150024 h

48 h

**

*

*

sDq-2561 (M)

Am

astigota

s/

100 c

élu

las

C

CT 0,34 0,680

20

40

60

80

10024 h

48 h

* *

sDq-2561 (M)

Célu

las infe

cta

das (

%)

D

CT 4,7 9,40

500

1000

150024 h

48 h

* * **

E

sDq-3348 (M)

Am

astigota

s/

100 c

élu

las

CT 4,7 9,40

20

40

60

80

10024 h

48 h

*

*

F

sDq-3348 (M)

Célu

las infe

cta

das (

%)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Amastigotas por 100 células em células tratadas com veneno de D. quadriceps (A), sDq-2561 (C) ou sDq-3348 (E) após 24 e 48 h de incubação e percentual de células infectadas em células tratadas com veneno de D. quadriceps (B), sDq-2561 (D) ou sDq-3348 (F) após 24 h e 48 h de incubação. O gráfico representa a média ± E.P.M, de experimentos independentes (n= 3). Análise estatística foi realizada por ANOVA, seguida por teste de Bonferroni, com *p˂0,05.

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65

5.2 Avaliação da toxicidade in vitro nas células hospedeiras e índice de

seletividade

A citotoxicidade do veneno total e das dinoponeratoxinas sDq-2561,

sDq-1319, sDq-1503, sDq-2561[12-23] e sDq-3348 foi avaliada em células

hospedeiras LLC-MK2 após 24 horas de exposição a diferentes concentrações

em μM (100; 50; 25; 12,5; 6,25; 3,12; 1,56; 0,78) para dinoponeratoxinas e em

μg/mL (200; 100; 50; 25; 12,5; 6,25; 3,12; 1,56) para o veneno total (Apêndice

A; Figura 39-44). No ensaio com o MTT, o qual detecta viabilidade celular com

base no metabolismo oxidativo, foi possível calcular as IC50 dos peptídeos

testados através da viabilidade celular, que foi calculada em relação ao

controle negativo, cuja absorbância foi considerada 100%. Estes resultados

estão dispostos na tabela 5.

A partir do valor de IC50 obtido de formas tripomastigotas e células

LLC-MK2 foi possível calcular o Índice de Seletividade (IS), que representa a

seletividade da substância ao parasito em relação à célula de mamífero. Este

índice foi calculado pela razão IC50 de LLC-MK2/IC50 de tripomastigotas. Os

resultados também estão dispostos na tabela 5.

Tabela 5. Efeito das dinoponeratoxinas sobre LLC-MK2 e índice de seletividade

sDq-

3348

sDq-

2561

sDq-

1503

sDq-

1319

sDq-

2561

[12-23]

DqV Bz

LLC-

MK2

16,7±2 25,7±2 144±75 >100 >100 222±30 614,8+30

IS 3,5 80,3 19,4 >2,9 - 112,12 2,18

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Valores de IC50 são expressos em μM para dinoponeratoxinas e para

veneno de D. quadriceps (DqV) em μg/mL. Dados são espressos por média ± erro

padrão da média de 3 experimentos independentes. (-) Significa ausência de efeito em

todas as concentrações testadas. IS.: Índice de Seletividade. Bz: Benzonidazol.

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66

sDq-2561 mostrou ser o peptídeo mais seletivo e todos os peptídeos

testados se mostraram mais seletivos que o BZ. O veneno total mostrou o

índice de seletividade mais alto de todas as substancias testadas (IS=112).

sDq-2561 (IS=80) foi o peptídeo que demonstrou a seletividade mais próxima

do veneno total. O índice de seletividade de sDq-2561[12-23] não pode ser

calculado por falta de efeito contra formas tripomastigotas nas concentrações

testadas.

5.3 Avaliação do mecanismo de morte celular em cepa Y de T. cruzi

5.3.1 Efeito necrótico e/ou apoptótico em formas epimastigotas de T. cruzi

Com o objetivo de identificar alterações celulares indicativas de

necrose e/ou apoptose induzidas por Dinoponeratoxinas sDq-2561 e sDq-3348,

as células tratadas por 24 horas foram submetidas ao protocolo de marcação

por 7AAD e anexina V -FITC.

No ensaio, os resultados encontrados indicam a ocorrência de

eventos necróticos e apoptóticos da sDq-2561, caracterizados por dupla

marcação no quadrante de cima da direita (8,7%) e células necróticas

caracterizadas por marcação de 7-AAD no quadrante de cima à esquerda

(15,3%) na concentração de duas vezes a IC50 (9,4 µM), conforme

demonstrado na Figura 6A-B.

Entretanto, os resultados encontrados nas células tratadas com sDq-

3348 indicam a ocorrência de apoptose tardia, caracterizada por dupla

marcação no quadrante de cima da direita (11,2%), conforme demonstrado na

figura 7A-B.

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67

Figura 6A. Perfil de morte em formas epimastigotas de T. cruzi após 24 h de

incubação com sDq-2561.

7AAd-/AX- 7AAd+/AX- 7AAD-/AX+ 7AAd+/AX+0

20

40

60

80

100

120

CT

4,7 M

9,4 M

*

*

**

Eve

nto

s %

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Perfil de morte em formas epimastigotas após 24 h de incubação com IC50

e dobro da IC50 de sDq-2561. Os dados foram expressos como percentual de eventos

± EPM de três experimentos independentes e analisados estatisticamente por ANOVA

e pós-teste de Bonferroni (*p< 0,05 vs. grupo controle). 7AAD-/AX- : células não

marcadas; 7AAD+/AX- : marcado com 7-amino actinomicina D; 7AAD-/Ax+ : marcados

com anexina V; 7AAD+/AX+ : marcado com 7-AAD e Anexina V-PE). CT: Controle.

Figura 6B. Gráficos Density-plot de distribuição das populações celulares submetidas ao ensaio de investigação de mecanismo de morte celular por citometria de fluxo.

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Representação da marcação de Anexina V-PE e 7-AAD. Quadrante inferior esquerdo: células viáveis (não-marcadas); quadrante inferior direito: células marcadas com Anexina V; quadrante superior esquerdo: células marcadas apenas com 7-AAD; quadrante superior direito: células marcadas duplamente com 7-AAD e Anexina V-PE. CT: Controle.

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68

Figura 7A. Perfil de morte em formas epimastigotas de T. cruzi após 24 h de

incubação com sDq-3348.

7AAd-/AX- 7AAd+/AX- 7AAd-/AX+ 7AAd+/AX+0

20

40

60

80

100

120CT

23,5 M*

*

Eve

nto

s %

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Perfil de morte em formas epimastigotas após 24 h de incubação com IC50

de sDq-3348. Os dados foram expressos como percentual de eventos ± EPM de três

experimentos independentes e analisados estatisticamente por ANOVA e pós-teste de

Bonferroni (*p<0,05 vs. grupo controle). 7AAD-/AX- : células não marcadas;

7AAD+/AX- : marcado com 7-amino actinomicina D; 7AAD-/Ax+ : marcados com

anexina V; 7AAD+/AX+ : marcado com 7-AAD e Anexina V-PE). CT: Controle.

Figura 7B. Gráficos Density-plot de distribuição das populações celulares submetidas ao ensaio de investigação de mecanismo de morte celular por citometria de fluxo.

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Representação da marcação de Anexina V-PE e 7-AAD. Quadrante inferior esquerdo: células viáveis (não-marcadas); quadrante inferior direito: células marcadas com Anexina V; quadrante superior esquerdo: células marcadas apenas com 7-AAD; quadrante superior direito: células marcadas duplamente com 7-AAD e Anexina V-PE. CT: Controle.

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69

5.3.2 Avaliação da produção de espécies reativas de oxigênio (EROs)

Com o intuito de investigar o envolvimento das espécies reativas de

oxigênio (EROs) no processo de morte celular, formas epimastigotas foram

incubadas com 2´-7´ diclorodihidrofluoesceína diacetato (DCF-DA), que é

permeável à membrana celular e não-fluorescente. Na presença de ROS, este

composto é oxidado no interior da célula e produz um composto fluorescente,

2´, 7´- diclorofluoresceína (DCF), que permanece no meio intracelular (CHEN et

al., 2010).

A análise da produção de EROs foi analisada após 24 horas de

incubação de formas epimastigotas com as dinoponeratoxinas sDq-2561 e

sDq-3348. Nas duas dinoponeratoxinas foi observado um deslocamento à

direita da população tratada com a droga em relação ao grupo controle, as

formas epimastigotas tratadas com sDq-2561 na sua IC50 demonstraram um

aumento de 20% de EROs, enquanto que as tratadas com 2 vezes sua IC50

demonstraram um aumento de quase 900% (Figura 8A-B). Os epimastigotas

tratados com a IC50 de sDq-3348 aumentaram ROS em 600% (Figura 9A-B).

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70

Figura 8A - Análise de espécies reativas de oxigênio em epimastigotas

tratados com sDq-2561 por citometria de fluxo.

CT 4,7 9,40

2

4

6

8

10

12

*

*

sDq-2561 (M)

Flu

ore

scência

rela

tiva

(F

L1)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Valores de fluorescência relativa de formas epimastigotas de T. cruzi tratados com IC50 e o dobro da IC50 de sDq-2561 por 24 horas. Os dados foram expressos como intensidade de fluorescência ± erro padrão médio (EPM) de três experimentos independentes e analisados estatisticamente por ANOVA e pós-teste de Bonferroni (p< 0,05 vs. grupo controle). CT: Controle (formas epimastigotas não tratadas).

Figura 8B – Histograma representativo do sinal fluorescente de DCF.

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: CT: Controle (formas epimastigotas não tratadas).

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71

Figura 9A: Análise de espécies reativas de oxigênio em epimastigotas tratados

com sDq-3348 por citometria de fluxo.

CT 23,340

3

6

9

*

sDq-3348 (M)

Flu

ore

scência

rela

tiva

(F

L1)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Valores de fluorescência relativa de formas epimastigotas de T. cruzi tratados com IC50 e o dobro da IC50 de sDq-3348 por 24 horas. Os dados foram expressos como intensidade de fluorescência ± erro padrão médio (EPM) de três experimentos independentes e analisados estatisticamente por ANOVA e pós-teste de Bonferroni (p< 0,05 vs. grupo controle). CT: Controle (formas epimastigotas não tratadas).

Figura 9B – Histograma representativo do sinal fluorescente de DCF.

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: CT: Controle (formas epimastigotas não tratadas).

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72

5.3.3 Determinação do potencial transmembrânico mitocondrial (ΔΨm)

Nesse ensaio, o parasito na sua forma epimastigota foi incubado

com rodamina 123 (Rho 123), corante fluorescente específico que se acumula

no espaço intermembrana mitocondrial de células viáveis. Dano no potencial

transmembrânico mitocondrial causa redução do acúmulo de Rho123.

As formas epimastigotas do parasito foram tratadas com o veneno

de D. quadriceps (IC50 e 2xIC50), sDq-2561 (IC50 e 2xIC50) ou sDq-3348

(IC50) e incubados por 24 horas. Após incubação foram analisadas através de

citometria e microscopia confocal. A figura 10 mostra uma diminuição gradual

da emissão de fluorescência em células tratadas com DqV, de 20% em células

tratadas com IC50 e em 75% em células tratadas com 2 x IC50, bem como as

figuras 13B (IC50) e 13C (2 x IC50) comparadas com o controle (Figura 13A).

A figura 11 mostra uma diminuição gradual da emissão de fluorescência em

células tratadas com sDq-2561, de 20% em células tratadas com IC50 e em

80% em células tratadas com 2 x IC50, bem como as figuras 13E (IC50) e 13F

(2 x IC50) comparadas com o controle (Figura 13A). A figura 12 mostra uma

diminuição da emissão de fluorescência em células tratadas com sDq-3348 de

50% em células tratadas com IC50, bem como a figura 13D (IC50) comparada

com o controle (Figura 13A).

Estes dados sugerem que há um dano mitocondrial nesses

parasitos tratados com o veneno e os 2 peptídeos, uma vez que a rodamina se

acumula apenas em mitocôndrias intactas. Estes dados também sugerem o

efeito do sDq-2561 muito semelhante com o efeito do veneno total neste

ensaio.

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73

Figura 10: Análise do ΔΨm de epimastigotas tratados com veneno de D.

quadriceps por citometria de fluxo

CT 28,32 56,640.0

0.5

1.0

1.5

*

*

DqV (g/mL)

Flu

ore

scência

rela

tiva

(F

L2)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Valores de fluorescência relativa de formas epimastigotas de T. cruzi tratados com IC50 e o dobro da IC50 de veneno de D. quadriceps por 24 horas. Os dados foram expressos como intensidade de fluorescência ± erro padrão médio (EPM) de três experimentos independentes e analisados estatisticamente por ANOVA e pós-teste de Bonferroni (p< 0,05 vs. grupo controle). CT: Controle (formas epimastigotas não tratadas).

Figura 11: Análise do ΔΨm de epimastigotas tratados com sDq-2561 por

citometria de fluxo

CT 4,7 9,40.0

0.5

1.0

1.5

*

*

sDq-2561 (M)

Flu

ore

scência

rela

tiva

(F

L2)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Valores de fluorescência relativa de formas epimastigotas de T. cruzi tratados com IC50 e o dobro da IC50 de sDq-2561 por 24 horas. CT: Controle (formas epimastigotas não tratadas). Os dados foram expressos como intensidade de fluorescência ± erro padrão médio (EPM) de três experimentos independentes e analisados estatisticamente por ANOVA e pós-teste de Bonferroni (p< 0,05 vs. grupo controle).

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74

Figura 12: Análise do ΔΨm de epimastigotas tratados com sDq-3348 por

citometria de fluxo

CT 23,340.0

0.5

1.0

1.5

*

sDq-3348 (M)

Rela

tive

flu

ore

scense (

FL2)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Valores de fluorescência relativa de formas epimastigotas de T. cruzi tratados com IC50 e o dobro da IC50 de sDq-3348 por 24 horas. Os dados foram expressos como intensidade de fluorescência ± erro padrão médio (EPM) de três experimentos independentes e analisados estatisticamente por ANOVA e pós-teste de Bonferroni (p< 0,05 vs. grupo controle). CT: Controle (formas epimastigotas não tratadas).

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75

Figura 13: Fotomicrografia de microscopia confocal de formas

epimastigotas tratadas com veneno de D. quadriceps, sDq-2561 ou sDq-

3348 e marcadas com rodamina.

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Formas epimastigotas de T. cruzi não tratadas (A; controle), tratados com IC50 (B) e o dobro da IC50 (C) de veneno de D. quadriceps ou tratados com IC50 (D) de sDq-3348 ou tratados com IC50 (E) e o dobro da IC50 (F) de sDq-2561 por 24 horas.

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76

5.3.4 Avaliação de indução de autofagia

A autofagia (ou autofagocitose) é um processo fisiológico catabólico

celular que dá origem à degradação de componentes da própria célula

utilizando os lisossomos. É um processo estreitamente regulado que

desempenha uma função normal no crescimento celular, diferenciação, e na

homeostase, e ajuda a manter um equilíbrio entre a síntese, a degradação e o

reciclado dos produtos celulares. Consiste também num dos principais

mecanismos para manutenção da homeostase celular em condições adversas

como privação de nutrientes, presença de patógenos e toxinas, sendo um

processo de recuperação celular (FILOMENI; DE ZIO; CECCONI,

2015).

O processo autofágico induz a formação de fagossomos, que são

vesículas ácidas. Assim, pode-se utilizar o corante fluorogênico acidotrópico

laranja de acridina para marcar especificamente esses ambientes celulares,

onde o marcador se deposita.

Neste ensaio, as formas epimastigotas foram tratadas com DqV,

sDq-2561 ou sDq-3348 e após 24 horas de incubação, marcadas com laranja

de acridina. Os resultados não evidenciaram processo autofágico induzido nem

pelo veneno total (Figura 14A-B; IC50 e 2 x IC50), nem por sDq-2561 (Figura

15A-B; IC50 e 2 x IC50) ou sDq-3348 (Figura 16A-B; IC50), uma vez que não

houve diferença significativa na emissão de fluorescência do grupo tratado em

comparação ao não tratado.

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77

Figura 14A. Fluorescência relativa de formas epimastigotas tratadas com

veneno de D. quadriceps marcadas com Laranja de Acridina.

CT 28,32 56,640.6

0.8

1.0

1.2

DqV (g/mL)

Flu

ore

scência

rela

tiva

(F

L3)

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Valores de fluorescência relativa em formas epimastigotas de T. cruzi

tratados com a com IC50 e o dobro da IC50 de veneno de D. quadriceps por 24 horas.

CT:Controle. Os dados foram expressos como intensidade de fluorescência ± erro

padrão médio (EPM) de três experimentos independentes e analisados

estatisticamente por ANOVA e pós-teste de Bonferroni (p< 0,05 vs. grupo controle).

Figura 14B – Histograma representativo do sinal fluorescente de laranja de

acridina.

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: CT: Controle (formas epimastigotas não tratadas).

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78

Figura 15A. Fluorescência relativa de formas epimastigotas tratadas com sDq-

2561 marcadas com Laranja de Acridina.

CT 4,7 9,40.7

0.8

0.9

1.0

1.1

sDq-2561 (M)

Flu

ore

scência

rela

tiva

(F

L3)

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Valores de fluorescência relativa em formas epimastigotas de T. cruzi

tratados com a com IC50 e o dobro da IC50 de sDq-2561 por 24 horas. CT:Controle.

Os dados foram expressos como intensidade de fluorescência ± erro padrão médio

(EPM) de três experimentos independentes e analisados estatisticamente por ANOVA

e pós-teste de Bonferroni (p< 0,05 vs. grupo controle).

Figura 15B – Histograma representativo do sinal fluorescente de laranja de

acridina

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: CT: Controle (formas epimastigotas não tratadas).

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79

Figura 16A. Fluorescência relativa de formas epimastigotas tratas com sDq-

3348 marcadas com Laranja de Acridina

CT 23,340.7

0.8

0.9

1.0

1.1

1.2

sDq-3348 (M)

Flu

ore

scência

rela

tiva

(F

L3)

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Valores de fluorescência relativa em formas epimastigotas de T. cruzi

tratados com a com IC50 e o dobro da IC50 de sDq-3348 por 24 horas. CT:Controle.

Os dados foram expressos como intensidade de fluorescência ± erro padrão médio

(EPM) de três experimentos independentes e analisados estatisticamente por ANOVA

e pós-teste de Bonferroni (p< 0,05 vs. grupo controle).

Figura 16B – Histograma representativo do sinal fluorescente de laranja de

acridina

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: CT: Controle (formas epimastigotas não tratadas).

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80

5.3.5 Avaliação de alterações morfológicas ultraestruturais

As análises por microscopia eletrônica de varredura em formas

epimastigotas não tratadas e tratadas com veneno de D. quadriceps, sDq-2561

ou sDq-3348 durante 12h de incubação evidenciaram alterações morfológicos

provocados por estes ao parasito, confirmando envolvimentos de processo de

necrose e apoptose no mecanismo de morte do T.cruzi. A figura 17 mostra que

o grupo controle não tratado apresenta parasitos intactos com membranas bem

preservadas. Os parasitos tratados com o veneno de D. quadriceps (Figura 18)

apresentam alterações visíveis de formação de poro na membrana celular e

extravasamento do conteúdo celular, caracterizando necrose (Figura 18 A-B) e

encolhimento celular, caracterizando apoptose (Figura 18 C e D).

Similarmente, os parasitos tratados com sDq-2561 mostraram a formação de

poros na membrana do parasito (Figura 19 A, B e C) com extravasamento de

material celular, bem como encolhimento celular (Figura 19 D e E),

caracterizando o envolvimento necrótico e apoptótico, assim como o veneno

total. Entretanto, os parasitos tratados com sDq-3348 apenas mostraram

encolhimento celular (Figura 20 A, B e C) indicando predominância de

apoptose.Também foi observada a formação de poro em uma célula

previamente encolhida (Figura 20C), indicando apoptose tardia.

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81

Figura 17. Fotomicrografia de microscopia eletrônica de varredura (MEV) de

formas epimastigotas de T. cruzi não tratadas.

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Observam-se parasitos com comprimento adequado, corpos alongados

típicos (A) e intactos morfologicamente (B). Barra de escala: 3 e 5 µm.

Figura 18. Fotomicrografia de microscopia eletrônica de varredura (MEV) de

formas epimastigotas de T. cruzi após 12 h de incubação com DqV.

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Observa-se a formação de poro na membrana do parasito com

extravasamento de material celular (A e B), bem como o encolhimento celular (C e D)

após 12 h de incubação com a IC50 (A e C) e o dobro da IC50 (B e D) do veneno de

D. quadriceps de formas epimastigotas de T. cruzi. Barra de escala: 4 e 5 µm.

A B

C D

A B

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82

Figura 19. Fotomicrografia de microscopia eletrônica de varredura (MEV) de

formas epimastigotas de T. cruzi após 12h de incubação com sDq-2561.

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Observa-se a formação de poro na membrana do parasito (A, B e C) com

extravasamento de material celular, bem como encolhimento celular (D e E) após 12 h

de incubação com IC50 (A, D e E) e o dobro da IC50 (B e C) de sDq-2561 em formas

epimastigotas de T. cruzi. Barra de escala: 5, 3 e 2 µm.

A B C

D E

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83

Figura 20. Fotomicrografia de microscopia eletrônica de varredura (MEV) de

formas epimastigotas de T.cruzi após 12h de incubação com a sDq-3348.

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Observa-se o encolhimento celular (A, B e C), bem como formação de poro (C) após 12 h de incubação com IC50 de sDq-3348 com formas epimastigotas de T. cruzi. Barra de escala: 5,3 e 2 µm.

A B

D

C

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84

5.4 Avaliação da atividade antitumoral in vitro

5.4.1 Avaliação do efeito antiproliferativo de células tumorais

A citotoxicidade das dinoponeratoxinas sDq-2561, sDq-1319, sDq-

1503 e sDq-3348 foi avaliada em células tumorais MDA-MB-231, MDA-MB-468,

MCF7 e HeLa após 24 horas de exposição a diferentes concentrações em (μM:

50; 25; 10; 5; 2,5; 1). Os mesmos peptídeos nas mesmas concentrações foram

testados na célula não tumoral MCF10A. A citotoxicidade foi avaliada no ensaio

com o MTS, onde foi possível calcular as IC50 dos peptídeos testados através

da viabilidade celular, que foi calculada em relação ao controle negativo, cuja

absorvância foi considerada 100%. Estes resultados estão dispostos na tabela

6.

Tabela 6. Efeito de dinoponeratoxinas contra linhagens de câncer de mama e

cervical e linhagem normal de ovário

IC50/24h sDq-2561 sDq-1503 sDq-1319 sDq-3348

MDA-MB-231

8,5±0,9 nr nr nr

MDA-MB-468 - - - 25,0±3

MCF7 - - - -

HeLa 6,9±0,5 - - 22,2±1,5

MCF10A - - - -

Fonte: Elaborada pelo autor.

Legenda: Valores de IC50 são expressos em μM. Dados são espressos por média ±

erro padrão da média de 3 experimentos independentes. MDA-MB-231, MDA-MB-468

e MCF7: linhagens tumorais de mama; HeLa: linhagem tumoral cervical; MCF10A:

linhagem ovariana normal. (-) Significa ausência de efeito em todas as concentrações

testadas; (nr) significa ensaio não realizado.

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A dinoponeratoxina mais promissora foi a sDq-2561 que mostrou

efeito após 24 horas de incubação com as linhagens tumorais MDA-MB-231 e

HeLa, não mostrando nenhuma toxicidade contra a MCF10A, célula ovariana

saudável.

sDq-3348 também não demonstrou toxicidade na MCF10A,

possuindo efeito contra MDA-MB-468. As outras duas dinoponeratoxinas não

demonstraram efeito contra nenhuma das linhagens testadas e a linhagem

MDA-MB-231 só foi testada contra a sDq-2561, a dinoponeratoxina mais

promissora.

5.4.2 Microscopia de “time-lapse”

O mecanismo de ação da dinoponeratoxina sDq-2561 foi avaliado

através do efeito do tempo na morfologia das células e da marcação por

anexina-V e iodeto de propídeo (PI). Células MBA-MB-231 e Hela foram

incubadas, tratadas com sDq-2561 ou doxorrubicina com suas respectivas

IC50 e marcadas com anexina-V e PI. Em seguida, foram avaliadas em um

equipamento de “Time-Lapse”, onde foram batidas fotos a cada 1 hora.

Os resultados observados com a marcação e a morfologia das

células sugerem que sDq-2561 provoca lise da membrana, confirmada pela

marcação dos núcleos com PI após 1 e 2 horas de incubação em células HeLa

(Figuras 21B e 22B) e MDA-MB-231 (Figuras 23B e 24B), não mostrando

diferença nos tempos posteriores. Células MCF10A foram tratadas com sDq-

2561 em concentrações semelhantes das células tumorais e marcadas, não

mostrando alterações em sua morfologia ou marcação com anexina-V ou PI

nos períodos de incubação testados (Figuras 25B e 26B). Doxorrubicina foi

testada em sua IC50 em células HeLa (Figuras 21B e 22B) e MDA-MB-231

(Figuras 23C e 24C) como controle apoptótico, mas não mostrou efeito na

morfologia ou na marcação com qualquer um dos marcadores. MCF10A

também foi testada com concentrações de 4 µM de doxorrubicina, mas

tampouco mostrou alterações na morfologia ou marcação da célula (Figuras

25C e 26C).

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86

Figura 21: Fotomicrografia de microscopia de “time-lapse” de células HeLa

após 1h de incubação

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Células HeLa marcadas por anexina e iodeto de propídeo sem tratamento

(A), tratadas com sDq-2561 (6,9 µM) (B) e tratadas com doxorrubicina (2 µM) (C)

após 1 hora de incubação. Quadrante esquerdo: fotomicrografia sem fluorescência;

Quadrante direito: fotomicrografia com fluorescência. Barra de escala: 75 µm.

A

B

C

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Figura 22: Fotomicrografia de microscopia de “time-lapse” de células HeLa

após 2h de incubação

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Células HeLa marcadas por anexina e iodeto de propídeo sem tratamento

(A), tratadas com sDq-2561 (6,9 µM) (B) e tratadas com doxorrubicina (2 µM) (C)

após 2 horas de incubação. Quadrante esquerdo: fotomicrografia sem fluorescência;

Quadrante direito: fotomicrografia com fluorescência. Barra de escala: 75 µm.

A

C

B

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88

Figura 23: Fotomicrografia de microscopia de time-lapse de células MDA-MB-

231 após 1h de incubação

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Células MDA-MB-231 marcadas por anexina e iodeto de propídeo sem

tratamento (A), tratadas com sDq-2561 (8,5 µM) (B) e tratadas com doxorrubicina (4

µM) (C) após 1 hora de incubação. Quadrante esquerdo: fotomicrografia sem

fluorescência; Quadrante direito: fotomicrografia com fluorescência. Barra de escala:

75 µm.

A

B

C

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89

Figura 24: Fotomicrografia de microscopia de “time-lapse” de células MDA-MB-

231 após 2h de incubação

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Células MDA-MB-231 marcadas por anexina e iodeto de propídeo sem

tratamento (A), tratadas com sDq-2561 (8,5 µM) (B) e tratadas com doxorrubicina (4

µM) (C) após 2 horas de incubação. Quadrante esquerdo: fotomicrografia sem

fluorescência; Quadrante direito: fotomicrografia com fluorescência. Barra de escala:

75 µm.

A

C

B

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90

Figura 25: Fotomicrografia de microscopia de time-lapse de células MCF10A

após 1h de incubação

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Células MCF10A marcadas por anexina e iodeto de propídeo sem

tratamento (A), tratadas com sDq-2561 (10 µM) (B) e tratadas com doxorrubicina (4

µM) (C) após 1 hora de incubação. Quadrante esquerdo: fotomicrografia sem

fluorescência; Quadrante direito: fotomicrografia com fluorescência. Barra de escala:

75 µm.

B

C

A

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91

Figura 26: Fotomicrografia de microscopia de “time-lapse” de células MCF10A

após 2h de incubação

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Células MCF10A marcadas por anexina e iodeto de propídeo sem

tratamento (A), tratadas com sDq-2561 (10 µM) (B) e tratadas com doxorrubicina (4

µM) (C) após 2 hora de incubação. Quadrante esquerdo: fotomicrografia sem

fluorescência; Quadrante direito: fotomicrografia com fluorescência. Barra de escala:

75 µm.

B

A

C

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92

5.4.3 Ensaio de liberação de lactato desidrogenase (LDH)

Neste ensaio foi avaliado a liberação da enzima LDH por células

HeLa e MDA-MB-231 tratadas com suas respectivas IC50 de sDq-2561, um

indicativo de morte por necrose. Baseados em resultados anteriores foram

avaliados 2 períodos de tempo de incubação, 1 e 2 horas.

HeLa demonstrou liberação de LDH correspondente a 70% de lise

nas células tratadas com a IC50 de sDq-2561 no período de 1 hora (Figura

27A) e correspondente a 60% de lise nas mesmas condições no período de 2

horas de incubação. Nas células tratadas com metade da IC50 observou-se

aumento significante de liberação de LDH apenas após 2 horas de incubação

(Figura 27B).

Figura 27: Liberação de LDH por células HeLa após 1 e 2 horas de incubação

C+ C- 3,45 6,90

20

40

60

80

100

120

*

A

sDq-2561 (M)

Lib

era

ção d

e L

DH

(%

)

C+ C- 3,45 6,90

20

40

60

80

100

120

*

*

B

sDq-2561 (M)

Lib

era

ção d

e L

DH

(%

)

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Percentual de liberação de LDH de células HeLa tratadas com sDq-2561

(3,45 e 6,9 µM) após uma (A) e duas (B) horas de incubação. O gráfico representa a

média ± E.P.M, de experimentos independentes (n= 3). C+ significa 100% de liberação

de LDH; C- significa liberação de LDH de células não tratadas.

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MDA-MB-231 demonstrou liberação de LDH correspondente a 40%

de lise nas células tratadas com a IC50 de sDq-2561 no período de 1 hora

(Figura 28A) e correspondente a 50% de lise nas mesmas condições em no

período de 2 horas de incubação (Figura 28B), indicando um efeito máximo no

tempo de 2 horas.

Figura 28: Liberação de LDH por células MDA-MB-231 após 1 e 2 horas de

incubação

C+ C- 4,25 8,50

20

40

60

80

100

120

**

A

sDq-2561 (M)

Lib

era

çã

o d

e L

DH

(%

)

C+ C- 4,25 8,50

20

40

60

80

100

120

*

*

B

sDq-2561 (M)

Lib

era

çã

o d

e L

DH

(%

)

Fonte: Elaborada pelo autor

Legenda: Percentual de liberação de LDH de células HeLa tradadas com sDq-2561

(4,25 e 8,5 µM) após uma (A) e duas (B) horas de incubação. O gráfico representa a

média ± E.P.M, de experimentos independentes (n= 3). C+ significa 100% de liberação

de LDH; C- significa liberação de LDH de células não tratadas.

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94

_________DISCUSSÃO

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6. DISCUSSÃO

Seis a oito milhões de pessoas na América Latina estão infectadas

com o parasito protozoário Trypanosoma cruzi, o agente etiológico da doença

de Chagas (BERN, CARYN, 2015; HASHIMOTO; YOSHIOKA, 2012). A doença

de Chagas também está se tornando um problema de saúde pública global,

com números de casos sintomáticos agora detectados dentro das populações

migrantes, particularmente no EUA e Europa, onde as estimativas desses

infectados são 300.000 e 100.000, respectivamente (BERN, CARYN, 2015;

PÉREZ-MOLINA; NORMAN; LÓPEZ-VÉLEZ, 2012; REQUENA-MÉNDEZ et al.,

2015).

Existe uma necessidade urgente de descobrir novos fármacos contra

o T. cruzi devido ao pequeno arsenal terapêutico disponível para tratar a

doença de Chagas. A terapia anti-chagásica no Brasil consiste exclusivamente

em um fármaco, o benzonidazol, que causa efeitos adversos severos. Além

disso, cepas de parasitos resistentes a estes fármacos já são relatadas

(RODRIGUES et al., 2014). Fontes de prospecção de novos produtos

farmacêuticos anti-chagásicos são venenos animais, cujos componentes ou

biotoxinas já foram usados como modelos para desenvolver medicamentos

promissores (HARVEY, 2014).

Algumas biotoxinas demonstraram efeito tripanocida contra todas as

formas morfológicas com alta seletividade para T. cruzi, como a melitina do

veneno de Apis mellifera (ADADE et al., 2013), temporizina e temporizina-1 da

secreção cutânea de anfíbios (SOUZA, ANDRÉ L. A. et al., 2016).

Recentemente, o veneno total da formiga gigante Dinoponera quadripeps foi

avaliado quanto à atividade anti-chagásica contra formas epimastigotas e

tripomastigota de T. cruzi, bem como investigação de mecanismo de ação em

formas epimastigotas, demonstrando envolvimentos necróticos e apoptóticos

(LIMA, 2014). No presente estudo, avaliamos o efeito deste veneno contra as

formas amastigotas de T. cruzi e descobrimos que concentrações de 1,98

µg/mL de veneno eram capazes de reduzir o percentual de células infectadas e

o número de amastigotas/100 células nos períodos de 24 e 48 horas de

incubação, enquanto o benzonidazol mostrou efeito semelhante em

concentrações de 73,4 e 146,8 µg/mL.

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As formas amastigotas são as responsáveis pela manutenção da

infecção por T. cruzi e o único fármaco utilizado no Brasil contra doença de

Chagas, o benzonidazol, tem baixa penetrabilidade à membrana plasmática,

sendo necessárias altas concentrações do fármaco para atingir os amastigotas

citoplasmáticos. Estas altas doses de benzonidazol não são possíveis, pois

este medicamento tem alta toxicidade e estes fatores contribuem para a falha

do seu tratamento. Portanto, na busca de novas substancias antichagásicas,

além do efeito anti-amastigota, também é necessário um alto índice de

seletividade ao T. cruzi (MORILLA; ROMERO, 2015). O veneno total de D.

quadriceps mostrou um índice de seletividade acima de 100 ao T. cruzi,

tornando-o promissor para pesquisas mais aprofundadas.

Continuamos o trabalho com o DqV, investigando seu mecanismo de

ação. As vias de morte celular em parasitas podem ser analisadas por

abordagens características bioquímicas e alterações morfológicas (ADADE et

al., 2013). Portanto, neste trabalho avaliamos através de citometria de fluxo,

microscopia confocal e microscopia eletrônica de varredura. O efeito necrótico

e apoptótico do DqV que havia sido sugerido por Lima (2014), foi confirmado

através da constatação da diminuição do potencial transmembrânico

mitocondrial e as alterações morfológicas, como encolhimento celular

característico de apoptose e perda da integridade da membrana, característico

de necrose. Uma via de resistência celular, previamente evidenciada em

venenos de insetos com atividade tripanocida (ADADE; CHAGAS; SOUTO-

PADRÓN, 2012), a autofagia, também foi avaliada neste trabalho por citometria

de fluxo e não foi constatada, tornando o veneno de D. quadriceps ainda mais

atrativo para estudos posteriores.

Este veneno já havia sido descrito por suas propriedades

antimicrobianas e efeito em membranas biológicas (LIMA et al., 2014),

chamando atenção para sua composição majoritária de dinoponeratoxinas

(TORRES et al., 2014) Estes peptídeos também já haviam sido avaliados

quanto ao seu efeito antibacteriano, sendo confirmado por Cologna et al.

(2013). Peptídeos antimicrobianos também já foram descritos quanto ao seu

efeito antiparasitário (MCGWIRE; KULKARNI, 2010), tornando as

dinoponeratoxinas atraentes como objeto de estudo.

Então, começamos a buscar quais dinoponeratoxinas poderiam reter

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a atividade anti-tripanossoma do veneno total de D. quadriceps. A pesquisa

começou tomando informações do trabalho anterior que descreveu o

transcriptoma da glândula de veneno D. quadriceps (TORRES et al., 2014) e

nossa análise preliminar de peptidoma do veneno bruto da formiga (BANDEIRA

LIMA et al., 2017). As dinoponeratoxinas, M-PONTX-Dq4e (Dq-3348), M-

PONTX-Dq3a (Dq-2561) e seus peptídeos maduros derivados, -Dq3b (Dq-

1503) e -Dq3c (Dq-1319), foram selecionados para síntese e análise biológica.

As DnTxs foram testadas contra as formas evolutivas mais

relevantes do ciclo de T. cruzi: epimastigotas, tripomastigotas e amastigotas.

Contra o epimastigotas, sDq-2561 e sDq-3348, que têm pesos moleculares e

cargas líquidas mais altas do que sDq-1319 e sDq-1503, apresentaram

melhores atividades (IC50s inferiores) do que esses peptídeos curtos. Além

disso, a IC50 de sDq-2561 contra os epimastigotas após 24 h de tratamento foi

mais de 46 vezes menor do que a do tratamento padrão benzonidazol, o qual

não teve atividade melhor do que sDq-2561 comparando as IC50s mesmo

após 72 h de incubação.

Os peptídeos também foram testados contra as formas

tripomastigota e amastigota. Estas formas de desenvolvimento posteriores

foram obtidas após incubação dos tripomastigotas com as células hospedeiras

LLC-MK2, que foram utilizadas como modelo celular para infecção por T. cruzi

(ANDREWS; COLLI, 1982; ZINGALES et al., 1997). Curiosamente, após 24 h

de tratamento, enquanto as IC50s contra tripomastigotas e epimastigotas em

benzonidazol eram basicamente as mesmas, a concentração de sDq-2561

capaz de matar 50% dos tripomastigotas foi mais do que dez vezes inferior à

IC50 contra os epimastigotas. A susceptibilidade aumentada dos

tripomastigotas aos peptídeos pode estar relacionada à sobre-expressão de

componentes negativamente carregados da membrana celular de T. cruzi,

como glicoproteínas de ácido siálico e mucina (DE SOUZA, WANDERLEY; DE

CARVALHO; BARRIAS, 2010), que facilitam a interação hospedeiro-parasito,

mas também pode atrair peptídeos antimicrobianos catiônicos para a

membrana do parasito. sDq-3348, sDq-1503 e sDq-1319 também

demonstraram IC50s contra os tripomastigotas inferiores as dos epimastigotas.

No entanto, estes pequenos fragmentos de peptídeos DnTx

novamente apresentaram desempenho inferior a sDq-2561 e sDq-3348 contra

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T. cruzi. Uma explicação para tal variação na atividade anti-T.cruzi depende da

estrutura e características físico-químicas de sDq-2561 e sDq-3348 que são

menos hidrofóbicos, mas mais positivamente carregados do que sDq-1503 e

sDq-1319.

Apesar de todos os DnTxs formarem hélices de diferentes

comprimentos, os peptídeos mais curtos sDq-1503 e sDq-1319 exibem altos

valores de hidrofobicidade e momento hidrofóbico, mas cargas líquidas mais

baixas, que parecia ser crítico para a interação com as membranas carregadas

negativamente do parasito. Além disso, sabe-se que grandes valores do

momento hidrofóbico (μH) de peptídeos são indicativos da formação da hélice

anfifílica e dos momentos helicoidais altos e grandes hidrofobicidades médias

são indicativas de peptídeos que são membranolíticos (EISENBERG; WEISS;

TERWILLIGER, 1982).

Contra os amastigotas, sDq-2561 e sDq-3348 em suas respectivas

IC50s ou 2 x IC50s de tripomastigotas reduziram significativamente o número

de parasitos por 100 células após 24 ou 48 h de tratamento. Entretanto, o

parâmetro de percentual de células infectadas, sDq-2561 mostrou efeito

apenas no período de 24 horas e sDq-3348 só mostrou efeito no período de 48

horas. O DqV mostrou efeito nos dois parâmetros e em ambos os tempos, o

que sugere que estes dois peptídeos são os responsáveis pelo efeito do

veneno total, sDq-2561 mostrando-se mais efetivo em tempos curtos e sDq-

3348 em tempos mais longos nesta forma proliferativa.

sDq-2561 demonstrou IC50 inferiores ao sDq-3348 contra

epimastigotas e tripomastigotas, sugerindo que uma maior hidrofobicidade

tornou o sDq-2561 mais ativo contra T. cruzi do que o sDq-3348, mesmo que o

primeiro peptídeo tivesse a menor propensão a adotar estruturas em α-hélice

(μH mais baixas). Tais achados estão de acordo com estudos que relataram

peptídeos pouco estruturados com atividades antimicrobianas (FALCAO et al.,

2015; PAPO et al., 2002; YACOUB et al., 2016).

sDq-2561 foi o único peptídeo testado enquadrado em dois critérios

importantes estabelecidos pelas diretrizes da OMS/TDR para um candidato

antichagásico ser considerado um sucesso (NWAKA; HUDSON, 2006): índice

de seletividade acima de 50 (IS = 80,3) e IC50 em formas tripomastigotas

abaixo de 1 μg/mL (0,32 μM, isto é, ≈ 0,82 μg/mL). Curiosamente, esses

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valores de sDq-2561 (IS e IC50 em tripomastigotas) foram próximos dos

resultados obtidos em veneno total de D. quadriceps (SI = 100 e IC50=1,98

μg/mL), com a óbvia vantagem de ser um composto puro derivado de veneno,

sem o coquetel potencialmente tóxico de substâncias que são nocivas para

células e organismos eucariotos saudáveis.

Assim, o mecanismo de ação de sDq-2561 também foi avaliado em

formas epimastigotas. Estas formas são proliferativas, bem como as

amastigotas, e não exigem células hospedeiras para se desenvolverem, sendo

mais fáceis de manter que as tripomastigotas. Foram realizados os mesmos

ensaios que no veneno total, análises de citometria de fluxo e microscopia

eletrônica de varredura. A citometria mostrou que os epimastigotas tratados

com 2 x IC50 de sDq-2561 apresentou um aumento significativo na entrada do

marcador de DNA 7-AAD, impermeável em células intactas, comparado com

parasitos não tratados, indicando que a membrana da célula de T. cruzi foi

danificada. Além disso, após o tratamento com sDq-2561 na sua IC50 ou 2 x

IC50, promoveu o aumento de EROs intracelular, como evidenciado pelo

reagente DCF e distúrbio do potencial transmembrânico mitocondrial,

fornecendo evidências bioquímicas de que a principal via de morte celular

induzida por este peptídeo em T. cruzi é necrose. Finalmente, imagens de MEV

confirmaram que a morte celular foi predominantemente necrótica, mostrando

ruptura da integridade da membrana de epimatigotas com a presença de poros

e poucas evidências de apoptose (encolhimento celular). Novamente, sDq-

2561 simula em parte o efeito antichagásico do veneno total de D. quadriceps,

que mostrou necrose e apoptose em seu mecanismo de ação.

sDq-2561 mostrou alguns pontos de clivagem, na posição do

aminoácido 13, gerando o peptídeo sDq-1503 e na posição do aminoácido 11,

gerando o peptídeo sDq-1319. sDq-1503 demonstrou baixo efeito tripanocida

sobre formas epimastigotas (IC50/24h= 48,8 µM) e em tripomastigotas (IC50=

7,4 µM). sDq-1319 demonstrou uma baixa ação tripanocida em formas

tripomastigotas (IC50= 34,8 µM) e nenhum efeito sobre formas epimastigotas

nas concentrações testadas. Assim surgiu a dúvida se o fragmento

complementar a sDq-1319 poderia ser o responsável pelo efeito do peptídeo

parental. Este fragmento C-terminal foi sintetizado e nomeado sDq-2561[12-

23], mas não demonstrou nenhum efeito em formas tripomastigota e

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100

epimastigotas. Isto poderia explicar porque o efeito do sDq-2561 em

amastigotas é melhor em tempos mais curtos do que longos. Este peptídeo

pode ser inativado por clivagem dentro das células após 24 horas, e como seus

pedaços possuem pouco ou nenhum efeito, em 48 horas pode ocorrer uma

recuperação, sendo necessária a adição de peptídeo novo a cada 24 horas.

Estes fragmentos, embora não tenham efeito tripanocida, têm menor toxicidade

do que o peptídeo original, sugerindo segurança quanto a seus produtos de

clivagem.

A via da morte celular mediada por necrose também tem sido

observada com o benzonidazol (BANDEIRA et al., 2017) e com outros

peptídeos, incluindo batroxicidina (MELLO et al., 2017) e crotalicidina

(BANDEIRA et al., 2017), mas diferentes mecanismos, como a apoptose e

autofagia, podem ocorrer em biotoxinas, como no caso da melitina de veneno

de abelha (ADADE et al., 2013).

Embora sDq-2561 possua a melhor potência e índice de

seletividade, também avaliamos o mecanismo de ação do sDq-3348, já que

ainda assim possui um índice de seletividade maior que o benzonidazol e

demonstrou contra as duas formas proliferativas de T. cruzi (epimastigotas e

amastigotas) um efeito melhor com períodos mais longos de exposição,

indicando uma via de ação lenta.

A apoptose é um mecanismo lento de morte celular, caracterizado

por externalização de fosfatidilserina, encolhimento celular, blebbing, formação

de corpos apoptóticos e condensação e fragmentação nuclear (VANDEN

BERGHE et al., 2013). Então, através de análise de citometria de fluxo e

microscopia eletrônica de varredura também avaliamos o mecanismo de morte

de sDq-3348.

Neste estudo, o aumento da marcação de formas epimastigotas

com 7AAD e AX por citometria de fluxo indicou necrose secundária ou

apoptose tardia. A via apoptótica in vitro tem sido relacionada ao aumento da

produção de EROs e diminuição nos níveis de potencial transmembrana

mitocondrial (JIANG et al., 2013). Essas duas alterações também foram

demonstradas neste estudo. Para elucidar o mecanismo de ação, realizou-se

a análise morfológica por microscopia eletrônica de varredura, que mostrou

encolhimento celular em todas as imagens e, em alguns, presença de poros

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101

após 12 horas de incubação. Estes dados indicam uma via apoptótica, que

evolui para a necrose secundária.

Na ausência de fagocitose, as células apoptóticas acabam por

perder a integridade da membrana plasmática e avançar para a necrose

secundária, caracterizada por inchaço osmótico e permeabilização da

membrana plasmática. Nos organismos vivos, as células apoptóticas são

rapidamente fagocitadas por células vizinhas, principalmente macrófagos, e em

um ambiente saudável essa ação pode acontecer tão rapidamente que ocorre

antes da fragmentação em corpos apoptóticos. A fagocitose resulta na

remoção da célula alvo, degradando o material resultante. A membrana

plasmática é mantida durante a apoptose e, portanto, os conteúdos celulares

degradantes são encapsulados e a liberação de citocinas é evitada, resultando

em uma resposta imune mínima ao evento (VANDEN BERGHE et al., 2013).

Em contraste, a membrana plasmática é rompida em outros tipos de

morte celular, causando a liberação de padrões moleculares associados ao

dano, resultando em inflamação e uma forte resposta imune (NAGATA;

HANAYAMA; KAWANE, 2010). A tolerância imunológica diferencia ainda a

apoptose e outros processos de morte celular, tornando-se a via apoptótica

ideal para novos agentes quimioterápicos.

O aumento das vesículas ácidas pode estar relacionado ao

mecanismo autofágico (KESSLER et al., 2013). Autofagia é um processo

catabólico voltado para a reciclagem de componentes celulares e organelas

danificadas em resposta a diversas condições de estresse. A autofagia pode

representar um mecanismo de resistência ao estresse oxidativo induzido por

drogas quimioterapêuticas (FILOMENI; DE ZIO; CECCONI, 2015). O sDq-3348

provoca estresse oxidativo, mas não provoca aumento nas vesículas ácidas

(autofagia) avaliadas por citometria de fluxo, não mostrando evidência de

resistência parasitária.

Em conjunto, as DnTxs foram avaliadas para encontrar os peptídeos

que poderiam reproduzir o efeitos antichagásicos de veneno total de D.

quadriceps. O peptídeo sDq-2561 foi o mais promissor em relação ao índice de

seletividade e IC50 em formas tripomastigotas, possuindo mecanismo de ação

semelhante ao do benzonidazol, fármaco utilizado como tratamento padrão no

Brasil. Entretanto, sDq-3348 mostrou o mecanismo de ação mais promissor,

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102

embora possua baixo índice de seletividade. Estes dois peptídeos foram

capazes de inibir todas as formas evolutivas de T. cruzi, incluindo amastigotas

intracelulares. Assim, sDq-2561 e sDq-3348 demonstram potencial como

modelo para o desenvolvimento de novos medicamentos ou adjuvantes para o

arsenal quimioterapêutico e estratégias clínicas para tratar a doença de

Chagas.

Mesmo as Dntxs possuindo um efeito muito promissor contra

doenca de Chagas, contra o câncer não mostraram grandes vantagens nas

linhagens tumorais testadas neste trabalho. Os PAMs mostram diferenças na

especificidade e atividade em membranas celulares. Os mecanismos de

remodelação da membrana mediada por este tipo de peptídeos dependem

dos tipos de lipídios que compõem a bicamada, uma vez que tais

mecanismos podem variar com a carga do grupo lipídico polar e com o

comprimento de suas cadeias de acila, possuindo propriedades diferentes

nos diferentes tipos de células, por estas possuirem diferentes composições

(SEELIG, 2004). As diferentes composições das membranas dos parasitos e

das células tumorais poderia explicar a alta seletividade ao T. cruzi e a baixa

seletividade as linhagens tumorais testadas.

Embora o peptídeo sDq-3348 tenha mostrado efeito apoptótico em

parasitos, este não se mostrou seletivo às linhagens tumorais testadas, com

IC50s acima de 20 µM em duas das quatro linhagens celulares testadas,

enquanto que em células LLC-MK2 sua IC50 foi abaixo de 20 µM. Os

peptídeos sDq-1319 e sDq-1503 não mostraram efeito antiproliferativo em

nenhuma concentração testada em nenhuma linhagem tumoral utilizada. O

único que se mostrou promissor foi o sDq-2561 que demonstrou efeito em duas

linhagens tumorais com IC50s abaixo de 10 µM. Assim, estudamos o

mecanismo de morte deste peptídeo nas linhagens sensíveis.

sDq-2561 mostrou efeito em células de câncer de mama (MDA-MB-

231) e de câncer cervical (HeLa). Entretanto, o mecanismo de ação envolvido

em seu efeito mostrou ampla marcação com iodeto de propídeo e liberação

máxima da enzima LDH em períodos curtos de incubação (1 e 2 horas).

Estes resultados indicam necrose (VANDEN BERGHE et al., 2013), um

mecanismo que não é ideal para um agente quimioterápico contra o câncer

(HANAHAN, DOUGLAS; WEINBERG, 2011).

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103

A morte celular necrótica libera sinais pró-inflamatórios no

microambiente do tecido circundante ao tumor, ao contrário da apoptose e

autofagia. Como consequência, células necróticas podem recrutar células

inflamatórias do sistema imunológico, cuja função é examinar a extensão dos

danos nos tecidos e remover os restos associados à necrose. No contexto da

neoplasia, no entanto, múltiplas linhas de evidência indicam que as células

inflamatórias imunes podem agir ativando a progressão de tumores, uma vez

que tais células são capazes de promover a angiogênese. Além disso,

células necróticas podem liberar fatores regulatórios bioativos, como IL-1a,

que podem estimular diretamente células viáveis vizinhas a proliferar, com o

potencial, mais uma vez, de facilitar a progressão neoplásica

(GRIVENNIKOV; GRETEN; KARIN, 2010). Consequentemente, a morte

celular necrótica, que aparentemente é benéfica em contrabalançar a

hiperproliferação associada ao câncer pode, em última análise, pode ser

mais prejudicial do que benéfica (HANAHAN, DOUGLAS; WEINBERG,

2011).

Contudo, sDq-2561 e sDq-3348 demonstraram grande potencial

biotecnológico como peptídeos bioativos e mesmo não mostrando grandes

vantagens contra as linhagens de câncer mama e cervical testadas, estes

peptídeos podem apresentar efeitos contra linhagens de outros tipos de

câncer com mecanismos e seletividades diferentes. Além disso, análises

racionais podem melhorar a seletividade e diminuir a toxicidade destas

moléculas, abrindo novas possibilidades (DRIN; ANTONNY, 2010).

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104

_________CONCLUSÃO

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105

7. CONCLUSÃO

O veneno de Dinoponera quadriceps inibiu as formas amastigotas de

cepa Y de T. cruzi com alto índice de seletividade (112), por mecanismos

necróticos e apoptótocos envolvendo aumento de espécies reativas de

oxigênio, perda de potencial transmembrânico mitocondrial.

As dinoponeratoxinas sDq-2561 e sDq-3348 apresentaram efeito

contra as três formas avaliadas de T. cruzi. sDq-1319, sDq-1503 não

demonstraram efeitos contra as formas amastigotas e sDq-2561[12-23] não

demonstrou toxicidade em nenhuma forma testada.

A dinoponeratoxina sDq-2561 demonstrou o efeito mais semelhante

ao do veneno total, com alto índice de seletividade (80) e mecanismo de morte

predominantemente necrótico.

A dinoponeratoxina sDq-3348 não demonstrou alta seletividade, mas

demonstrou um mecanismo de morte apoptótico sem indícios de autofagia.

No efeito antitumoral, sDq-2561 e sDq-3348 mostraram efeito em

linhagens de câncer de mama e cervical.

sDq-3348 não mostrou seletividade às linhagens tumorais testadas,

enquanto sDq-2561 mostrou seletividade e mecanismo de morte necrótico nas

linhagens sensíveis.

Os peptídeos sDq-1319 e sDq-1503 não mostraram efeitos

antitumorais nas linhagens de câncer de mama e cervical estudadas neste

trabalho.

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________REFERÊNCIAS

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126

__________APÊNDICE A

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127

Figura 29. Efeito citotóxico da sDq-2561 sobre a forma epimastigota de T.cruzi.

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

20

40

60

80

100

120

****

*

A

sDq-2561 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

20

40

60

80

100

120

*

*

**

* *

B

sDq-2561 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

20

40

60

80

100

120

*

*

*

*

* * *

C

sDq-2561 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Os dados foram expresso em média ± E.P.M, de experimentos

independentes (n= 3), após 24(A), 48(B), e 72h(C) de tratamento com sDq-2561.

Análise estatística foi realizada por ANOVA, seguida por teste Bonferroni, com

*p˂0,05.

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128

Figura 30: Efeito citotóxico da sDq-3348 sobre a forma epimastigota de T.cruzi.

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

20

40

60

80

100

120

*

*

*

A

sDq-3348 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

20

40

60

80

100

120

**

* **

*

B

sDq-3348 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

20

40

60

80

100

120

*

*

* *

*

*

C

sDq-3348 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Os dados foram expresso em média ± E.P.M, de experimentos

independentes (n= 3), após 24(A), 48(B), e 72h(C) de tratamento com sDq-3348.

Análise estatística foi realizada por ANOVA, seguida por teste Bonferroni, com

*p˂0,05.

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129

Figura 31: Efeito citotóxico da sDq-1503 sobre a forma epimastigota de T.cruzi.

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 50 1000

20

40

60

80

100

120

*

* *

A

sDq-1503 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

20

40

60

80

100

120

*

*

B

sDq-1503 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

20

40

60

80

100

120

*

*

C

sDq-1503 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Os dados foram expresso em média ± E.P.M, de experimentos

independentes (n= 3), após 24(A), 48(B), e 72h(C) de tratamento com sDq-1503.

Análise estatística foi realizada por ANOVA, seguida por teste Bonferroni, com

*p˂0,05.

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130

Figura 32: Efeito citotóxico da sDq-1319 sobre a forma epimastigota de T.cruzi.

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

20

40

60

80

100

120

A

sDq-1319 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

20

40

60

80

100

120

B

sDq-1319 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

20

40

60

80

100

120

C

sDq-1319 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Os dados foram expresso em média ± E.P.M, de experimentos

independentes (n= 3), após 24(A), 48(B), e 72h(C) de tratamento com sDq-1319.

Análise estatística foi realizada por ANOVA, seguida por teste Bonferroni, com

*p˂0,05.

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131

Figura 33: Efeito citotóxico da sDq-2561[12-23] sobre a forma epimastigota de

T.cruzi.

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

20

40

60

80

100

120

A

sDq-2561[12-23] (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

20

40

60

80

100

120

B

sDq-2561[12-23] (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

20

40

60

80

100

120

C

sDq-2561[12-23] (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Os dados foram expresso em média ± E.P.M, de experimentos

independentes (n= 3), após 24(A), 48(B), e 72h(C) de tratamento com sDq-2561[12-

23]. Análise estatística foi realizada por ANOVA, seguida por teste Bonferroni, com

*p˂0,05.

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132

Figura 34: Efeito citotóxico da sDq-2561 sobre a forma tripomastigota de

T.cruzi.

CT 0,097 0,19 0,39 0,78 1,56 3,120

20

40

60

80

100

120

***

*

*

sDq-2561 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Os dados foram expresso em média ± E.P.M, de experimentos

independentes (n= 3), após 24h de tratamento com sDq-2561. Análise estatística foi

realizada por ANOVA, seguida por teste Bonferroni, com *p˂0,05.

Figura 35: Efeito citotóxico da sDq-3348 sobre a forma tripomastigota de

T.cruzi.

CT 0,78 1,56 3,12 6,25 12,5 250

20

40

60

80

100

120

*

*

*

*

sDq-3348 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Os dados foram expresso em média ± E.P.M, de experimentos

independentes (n= 3), após 24h de tratamento com sDq-3348. Análise estatística foi

realizada por ANOVA, seguida por teste Bonferroni, com *p˂0,05.

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133

Figura 36: Efeito citotóxico da sDq-1503 sobre a forma tripomastigota de

T.cruzi.

CT 0,78 1,56 3,12 6,25 12,5 250

20

40

60

80

100

120

*

*

*

sDq-1503 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Os dados foram expresso em média ± E.P.M, de experimentos

independentes (n= 3), após 24h de tratamento com sDq-1503. Análise estatística foi

realizada por ANOVA, seguida por teste Bonferroni, com *p˂0,05.

Figura 37: Efeito citotóxico da sDq-1319 sobre a forma tripomastigota de

T.cruzi.

CT 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

20

40

60

80

100

120

*

*

*

sDq-1319 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Os dados foram expresso em média ± E.P.M, de experimentos

independentes (n= 3), após 24h de tratamento com sDq-1319. Análise estatística foi

realizada por ANOVA, seguida por teste Bonferroni, com *p˂0,05.

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134

Figura 38: Efeito citotóxico da sDq-2561[12-23] sobre a forma tripomastigota

de T.cruzi.

CT 0,78 1,56 3,12 6,25 12,5 250

20

40

60

80

100

120

*

*

*

sDq-1503 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Os dados foram expresso em média ± E.P.M, de experimentos

independentes (n= 3), após 24h de tratamento com sDq-2561[12-23]. Análise

estatística foi realizada por ANOVA, seguida por teste Bonferroni, com *p˂0,05.

Figura 39: Efeito citotóxico de DqV sobre LLC-MK2.

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 100 2000

20

40

60

80

100

120

*

DqV (g/mL)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Os dados foram expresso em média ± E.P.M, de experimentos

independentes (n= 3), após 24h de tratamento com DqV. Análise estatística foi

realizada por ANOVA, seguida por teste Bonferroni, com *p˂0,05.

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135

Figura 40: Efeito citotóxico da sDq-2561 sobre LLC-MK2.

CT 0,78 1,56 3,12 6,25 12,5 25 500

20

40

60

80

100

120

*

*

sDq-2561 (M)

Via

bili

dade c

elu

lar

(%)

Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Os dados foram expresso em média ± E.P.M, de experimentos

independentes (n= 3), após 24h de tratamento com sDq-2561. Análise estatística foi

realizada por ANOVA, seguida por teste Bonferroni, com *p˂0,05.

Figura 41: Efeito citotóxico da sDq-3348 sobre LLC-MK2.

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

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Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Os dados foram expresso em média ± E.P.M, de experimentos

independentes (n= 3), após 24h de tratamento com sDq-3348. Análise estatística foi

realizada por ANOVA, seguida por teste Bonferroni, com *p˂0,05.

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Figura 42: Efeito citotóxico da sDq-1503 sobre LLC-MK2.

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

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Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Os dados foram expresso em média ± E.P.M, de experimentos

independentes (n= 3), após 24h de tratamento com sDq-1503. Análise estatística foi

realizada por ANOVA, seguida por teste Bonferroni, com *p˂0,05.

Figura 43: Efeito citotóxico da sDq-1319 sobre LLC-MK2.

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

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Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Os dados foram expresso em média ± E.P.M, de experimentos

independentes (n= 3), após 24h de tratamento com sDq-1319. Análise estatística foi

realizada por ANOVA, seguida por teste Bonferroni, com *p˂0,05.

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Figura 44: Efeito citotóxico da sDq-2561[12-23] sobre LLC-MK2.

CT 1,56 3,12 6,25 12,5 25 50 1000

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sDq-2561[12-23] (M)

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Fonte: Elaborada pelo autor Legenda: Os dados foram expresso em média ± E.P.M, de experimentos

independentes (n= 3), após 24h de tratamento com sDq-2561[12-23]. Análise

estatística foi realizada por ANOVA, seguida por teste Bonferroni, com *p˂0,05.

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__________APÊNDICE B

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lable at ScienceDirect

Toxicon 120 (2016) 128e132

Contents lists avai

Toxicon

journal homepage: www.elsevier .com/locate/ toxicon

Short communication

Antiparasitic effect of Dinoponera quadriceps giant ant venom

Danya Bandeira Lima a, Paloma Le~ao Sousa a, Alba Fabíola Costa Torres a,Klinger Antonio da França Rodrigues b, Clarissa Perdig~ao Mello a,Ramon R�oseo Paula Pessoa Bezerra de Menezes c, Louise Donadello Tessarolo a,Yves Patric Quinet d, M�arcia Rosa de Oliveira e, Alice Maria Costa Martins a, *

a Department of Clinical and Toxicological Analysis, Faculty of Pharmacy, Federal University of Ceara, Fortaleza, Ceara, Brazilb Post-graduate Program in Natural Products and Synthetic Bioactives, Health Sciences Center, Federal University of Paraíba, Joao Pessoa, Paraíba, Brazilc Department of Physiology and Pharmacology, Faculty of Medicine, Federal University of Ceara, Fortaleza, Ceara, Brazild Institute of Biomedical Sciences, State University of Ceara, Fortaleza, Ceara, Brazile Department of Molecular Biology, Center of Exact Sciences and of the Nature, Federal University of Paraiba, Jo~ao Pessoa, Paraíba, Brazil

a r t i c l e i n f o

Article history:Received 23 June 2016Received in revised form10 August 2016Accepted 11 August 2016Available online 13 August 2016

Keywords:Dinoponera quadricepsTrypanosoma cruziLeshmania amazonensisVenom

* Corresponding author.E-mail address: [email protected] (A.M.C. M

http://dx.doi.org/10.1016/j.toxicon.2016.08.0080041-0101/© 2016 Elsevier Ltd. All rights reserved.

a b s t r a c t

Neglected tropical diseases (NTD) are treated with toxic therapy of limited efficacy. Previously, westudied the antimicrobial effect of Dinoponera quadriceps venom (DqV) against bacteria. To continue thestudy, we report in this short communication the antimicrobial effect of DqV against Leishmania ama-zonensis and Trypanosoma cruzi. DqV inhibits the promastigote forms of L. amazonensis and all T. cruzidevelopmental forms, with low toxicity in host cells. DqV causes cell death in T. cruzi through necroticand apoptotic mechanisms observed by staining the cells with annexin V-FITC (AX) and propidium io-dide (PI), loss of mitochondrial membrane potential by flow cytometry analyses and confocal microscopyand morphological alterations, such as loss of membrane integrity and cell shrinkage by scanningelectron microscopy (SEM). In conclusion, we suggest there is an antimicrobial effect also on parasites.

© 2016 Elsevier Ltd. All rights reserved.

1. Introduction

The World Health Organization (WHO) estimates that theNeglected Tropical Diseases (NTDs) affect proximally 37% of theworld's poorest individuals (WHO, 2010b; Berkowitz et al., 2015).The NTDs cause significant disfigurement, morbidity and mortality,accounting for 1% of the global burden of disability-adjusted lifeyears lost in 2010 (Hotez et al., 2014).

Chagas disease and Leishmaniosis are the first and third mostprevalent NTDs in the world, respectively. It is estimated that 7 to 8million people are infected with T. cruzi and 1.3 million are infectedwith Leishmania (WHO, 2010b; WHO, 2013). The treatment ofparasitic diseases is of limited effectiveness and has severe collat-eral effects (WHO, 2010a; Murcia et al., 2012; Silva et al., 2014).Therefore, several studies have sought to discover novel antipara-sitic substances from natural sources (Passero et al., 2007; Adadeet al., 2011, 2013; 2014).

Recently, our group produced a Dinoponera quadriceps venom

artins).

gland cDNA library to investigate the toxin repertoire present in thevenom used in this study. This venom has 30% of dinoponeratoxinsin its composition and has high homology with ponericins, anti-microbial peptides (Torres et al., 2014). Antimicrobial peptides fromvenoms of many organisms have shown antiparasitic effect onLeishmania and Trypanosoma genera (Mcgwire and Kulkarni,2010). Recently, we demonstrated the antimicrobial action of D.quadriceps venom against bacteria (Lima et al., 2014). To continuethe study of the antimicrobial effect of D. quadriceps venom (DqV),we report in this short communication its action on Trypanosomacruzi and Leishmania amazonensis.

2. Material and methods

2.1. Venom

D. quadriceps venom (DqV) was obtained as described by Sousaet al. (2012). For the experimental assays, final concentrations of200, 100, 50, 25, 12.5, 6.25, 3.12, 1.56 and 0.78 mg/mL were utilized,with Sterile PBS being used as negative control (pH 7.4).

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2.2. Effect of D. quadriceps venom on promastigote forms of L.amazonensis

Promastigote forms of L. amazonensis (IFLA/BR/67/PH8) werecultivated in NNN/Schneider medium (SigmaeAldrich™, St. Louis,USA) supplemented with 20% of fetal bovine serum (FBS) and an-tibiotics with different concentrations of DqV and amphotericin B(Crist�alia, S~ao Paulo, Brazil) at 26 �C for 72 h. Parasite growth in-hibitionwas quantified in a Neubauer chamber (Torres et al., 2010).

2.3. Effect of D. quadriceps venom on epimastigote forms of T. cruzi

Epimastigote forms of T. cruzi strain Y were plated in LiverInfusion Tryptose medium supplemented with antibiotics and 10%of FBS with different concentrations of DqV and Benznidazole (Bz),incubated at 28 �C for 24 and 48 h. Parasite growth inhibition wasquantified in a Neubauer chamber (Abe et al., 2002; Gonçalveset al., 2002).

2.4. Effect of D. quadriceps venom on trypomastigote forms of T.cruzi

The trypomastigote forms of T. cruzi obtained by infectingLLCMK2 cells, were incubated at 37 �C in an atmosphere with 5%CO2 in DMEM medium (Vitrocell, S~ao Paulo, Brazil) supplementedwith antibiotics and 2% of FBS (Aparicio et al., 2004). Cells wereincubated with different concentrations of DqV and Bz for 24 h.Parasite growth inhibition was quantified in a Neubauer chamber(Abe et al., 2002; Gonçalves et al., 2002).

2.5. Cytotoxicity to mammalian cells (MTT assay)

Cell viability was also measured using a standard MTT assay(Mosmann, 1983). LLC-MK2 cells were plated in the DMEM me-dium, treated with different concentrations of DqV and incubatedat 37 �C for 24 h. MTT (Amresco, Ohio, USA; 5 mg/mL) was addedand the cells were incubated for 4 h, when 10% Sodium dodecylsulphate (SDS; Vetec, S~ao Paulo, Brazil) was added to solubilize theformazan product. Cell viability measurements were performed at570 nm on a microplate reader (Biochrom® Asys Expert Plus).Selectivity index (SI) was calculated by the ratio of cytotoxic/try-panocidal activity (Gall�e et al., 2013).

2.6. Effect of D. quadriceps venom on amastigote forms of T. cruzi

LLC-MK2 cells were seeded in 24-well plates containing glasscoverslips (13-mm diameter) cultivated in DMEM supplementedwith 10% FCS, and maintained at 37 �C in a 5% CO2 atmosphere for24 h. Cells were infected with trypomastigote forms (parasite: hostcell ratio of 20:1) in DMEMmedium containing 2% FCS. After 48 h ofinfection, the non-internalized parasites were removed and thecells were cultivated in 2% FCS DMEMmediumwith or without DqV(1.98 and 3.96 mg/mL) and Bz (73.4 and 146.8 mg/mL). The coverslipswere collected up to 24 h and 48 h, washed with PBS, fixed inBouin's solution and stained with Giemsa (Adade et al., 2011). Thepercentage of infected cells and the number of intracellular amas-tigotes per 100 cells was determined by counting 300 cells intriplicate.

2.7. Cytometry flow analysis

Epimastigote forms treated with IC50 of DqV (28.32 mg/mL)incubated for 24 h were stained with FITC-conjugated to annexinV/propidium iodide according to the manufacturer's instructions (BDPharmigen, California, USA). The population of AX-PI viable cells

was evaluated. Mitochondrial transmembrane potential andswelling of reservosomes were also determined. Epimastigoteforms were treated with IC50 (28.32 mg/mL) and 2 x IC50 (56.64 mg/mL) of DqV for 24 h and stained with Rhodamine 123 (10 mg/mL)and Acridine Orange (5 mg/mL) according to the manufacturer'sinstructions (SigmaeAldrich™, St. Louis, USA). The results wereestablished by determining the fold change (treated/non-treatedcell ratio) of the geometric mean of fluorescence. At the end of eachincubation period, the cells were washed and submitted tocytometry flow analysis. All data were collected in a FACSCalibursystem and analyzed using the Cell Quest software (Becton-Dick-inson, California, USA).

2.8. Confocal microscopy

Epimastigote forms were incubated with IC50 (28.32 mg/mL)and 2 x IC50 (56.64 mg/mL) of DqV for 24 h at 28 �C. The parasiteswere washed and labeled with Rhodamine 123 (10 mg/mL) toobserve the mitochondrial transmembrane potential. At the end ofthe incubation time, the cells were washed and the slides weremounted. The cells were analyzed under a LSM 710 confocal laserscanning microscope (Zeiss, Germany).

2.9. Scanning electron microscopy (SEM)

Epimastigotes forms were treated with IC50 (28.32 mg/mL) and2 x IC50 (56.64 mg/mL) of DqV for 12 h. After incubation, the par-asites were fixed for 2 h with 2.5% glutaraldehyde (Electron Mi-croscopy Sciences, Hatfield, Pennsylvania) washed, dehydrated,dried with CO2, coated with gold and observed in a FEG Quanta 450scanning electron microscope (FEI, Oregon, USA). Digital imageswere acquired and stored in a computer.

2.10. Statistical analysis

All tests were performed in triplicate. The statistical analysiswas performed using the GraphPad Prism 5 program (GraphPadSoftware, San Diego, CA, USA). IC50 values were determined bynonlinear regression. Datawere analyzed using one-way analysis ofvariance (ANOVA) followed by Dunnett's post-test. Significancewasdefined as *p < 0.05.

3. Results and discussion

Venom components are of great biotechnological interest, asthey are useful to identify new therapeutic targets and establishmolecular models for the development of new drugs, withimproved efficacy and less toxicity (Harvey, 2014).

Benznidazole and nifurtimox are the only drugs currently beingused to treat Chagas' disease; both are highly toxic and rarelybeneficial during the chronic phase, with a cure rate of approxi-mately 20% (Urbina and Docampo, 2003). Meglumine antimoniate,sodium stibogluconate, amphotericin B, pentamidine, and milte-fosine are the current therapeutic options used to treat Leish-maniasis, which are also highly toxic (D'Annessa et al., 2015).

Leishmanicidal activity by animal venom has been demon-strated (Passero et al., 2007; Pinto et al., 2014). In this study, thegrowth of promastigote forms of L. amazonensis was inhibited byDqVwith IC50 of 63.76 ± 20 mg/mL whereas IC50 of amphotericin Bwas 0.18 ± 0.2 mg/mL after 72 h of incubation.

The treatment of T. cruzi epimastigotes with DqV resulted indose-dependent growth inhibition, with an IC50/24 h treatment of28.32± 5 mg/mL and IC50/48 h of 20.82 ± 5 mg/mL, while BZ showedIC50/24 h treatment of 56.76 ± 15 mg/mL and IC50/48 h of15.91 ± 3 mg/mL. Treatment of trypomastigote forms also resulted

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Fig. 1. Cytotoxicity effect of Dinoponera quadriceps venom on LLC-MK2 cells in MTT assay (A). Effect of D. quadriceps venom on intracellular amastigotes in amastigote/100 cells at24 and 48 h of incubation (B). Effect of D. quadriceps venom on intracellular amastigotes in a percentage of infected cells at 24 and 48 h of incubation (C). Evaluation of the cell deathpathway of epimastigote forms treated with D. quadriceps venom measured by annexin V (AX) and propidium iodide (PI) staining and detected by flow cytometry (FL1) (D).Evaluation of mitochondrial transmembrane potential (DJm) of epimastigote forms treated with D. quadriceps venom measured by Rhodamine 123 staining with flow cytometryanalysis (FL2) (E). Evaluation of mitochondrial transmembrane potential (DJm) of epimastigote forms treated with D. quadriceps venommeasured by Rhodamine 123 staining witha confocal laser scanning microscope (FL2); Control (F); Cells treated with IC50 of DqV (28.32 mg/mL) (G); Cells treated with 2xIC50 of DqV (56.64 mg/mL) (H). The data represent themean ± S.E.M of at least three independent experiments. *Significantly different from the control group (One-way analysis of variance and Dunnett's post-test, *p < 0.05).

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in dose-dependent growth inhibition, with an IC50 of DqV of1.98 ± 0.23 mg/mL whereas the IC50 of BZ was 73.40 ± 20 mg/mL.Considering these results, we continued the experiments with T.cruzi, the most sensitive parasite.

Venoms from hymenopteran insects have also been reported asshowing trypanocidal activity (Adade et al., 2012, 2013). In thepresent study, D. quadriceps venom was able to kill all T. cruzidevelopmental forms and the toxicity evaluated in LLC-MK2 cellsshowed IC50 of 222 ± 30 mg/mL (Fig. 1A), resulting in an SI of 112.12for trypomastigotes forms. When the SI is > 50, it means that thevenom meets the criteria required by the WHO/TDR for T. cruzi tobe considered a hit (Nwaka and Hudson, 2006).

The effect of the DqV on the amastigote forms showed reductionin the percentage of infected cells and number of amastigotes/100 cells with 1.98 and 3.96 mg/mL of DqV at 24 and 48 h, as well asBz with 73.4 and 146.8 mg/mL (Fig. 1B; 1C). Similar results wereobserved with Apis mellifera venom (Adade et al., 2012) andmelittin (Adade et al., 2013), showing a reduction in intracellularamastigotes in both periods.

Recently, we demonstrated that DqV showed antimicrobialproperties causing membrane damage in bacteria (Lima et al.,2014). To identify the cell death mechanism induced by DqVtreatment in T. cruzi, flow cytometry and confocal microscopy wereperformed. In this study, DqV treatment caused an increase in thenumber of AX-/PI þ cells, indicating rupture of plasma membrane,AXþ/PI- cells indicating phosphatidylserine exposure and AXþ/PI þ cells (Fig. 1D), suggesting involvement of necrotic and

Fig. 2. Scanning electron microscopy of control epimastigotes (AeB) and treated epimastigoobserved, such pores in membrane were observed (C and E) and abnormal conformation o

apoptotic pathways.These results show the involvement of both types of cell death

in the DqV-treated epimastigote forms. Adade et al. (2012)demonstrated that autophagy and apoptosis are the mostfrequently observed pathways with A. mellifera venom. In thepresent study, acridine orange staining was used to analyzeswelling of reservosomes, a characteristic of autophagic cell death,but no evidence of autophagy was observed.

Alterations in mitochondrial membrane potential can beobserved in both types of cell death, necrosis and apoptosis (Kryskoet al., 2008). In this study, loss of mitochondrial membrane po-tential was observed with flow cytometry and confocal microscopyin IC50 and 2 x IC50 of DqV, being more expressive with the higherconcentration in both methods (Fig. 1EeH).

Epimastigote forms treated with DqV showed morphologicalalterations that were observed by SEM. The parasites showed lossof membrane integrity with the presence of pores (Fig. 2C; 2E) andcell shrinkage (Fig. 2D; 2F), also showing characteristics ofapoptosis and necrosis at both concentrations.

The most important findings of the present study were the ac-tivity of DqV against the intracellular amastigote form and the highselective index. Amastigotes develop and maintain the infectionsby T. cruzi and significantly lower DqV concentrations, whencompared to those required to cause damage to host cells, inhibitamastigote proliferation.

In conclusion, D. quadriceps venom was be able to inhibit thepromastigote form of L. amazonensis and the epimastigote,

tes with IC50 of DqV (CeD) and 2 x IC50 of DqV (EeF). Morphological alterations weref the cell body with cell shrinkage (D and F). Scale bars: 3 mm.

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trypomastigote and amastigote forms of T. cruzi, strain Y, with theinvolvement of necrotic and apoptotic mechanisms. Therefore, DqVand its components can offer potential tools for the development ofnew drug candidates against neglected diseases.

Acknowledgements

We thank Analytic Centre - UFC/CT - INFRA/Pro e EquipmentCAPES. We thank National Council of Technological and ScientificDevelopment (CNPq), Cearense Foundation for the Support of Sci-entific and Technological Development (Funcap) and Coordinationfor Enhancement of Higher Education Personnel (CAPES) for theirfinancial support.

Transparency document

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Urbina, J.A., Docampo, R., 2003. Specific chemotherapy of Chagas disease: contro-versies and advances. Trends. Parasitol. 19, 495e501.

WHO, 2010a. Control of the Leishmaniasis: Report of a Meeting of the WHO ExpertCommittee on the Control of Leihmaniases (WHO Technical Report Series,Geneva, Switzerland).

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Founded in 1877 by Felix Hoppe-Seyler asZeitschrift für Physiologische Chemie

Felix Hoppe-Seyler (1825–1895) was a pioneer of biochemistry, remembered not only for his discovery of hemoglobin and his contributions to the chemical characterization of many other biological compounds and processes but also for having been the mentor of Friedrich Miescher and Albrecht Kossel. In his preface to the first issue of Zeitschrift für Physiologische Chemie, Felix Hoppe-Seyler coined the term Bio chemistry (‘Biochemie’) for the then newly emerging discipline.

Editor-in-ChiEfB. Brüne, Frankfurt/Main

ExECutivE EditorsJ. Buchner, MunichM. Lei, ShanghaiS. Ludwig, MünsterH. Sies, DüsseldorfD. Thomas, ChicagoB. Turk, LjubljanaA. Wittinghofer, Dortmund

Editorial BoardP. Agostinis, LeuvenL. Banks, TriesteA.G. Beck-Sickinger, LeipzigL. Boscá, MadridE. Cadenas, Los AngelesI. Dikic, Frankfurt/MainW.-X. Ding, Kansas CityA. Driessen, GroningenK. Gevaert, GhentC. Hammann, BremenF.U. Hartl, MartinsriedD. Häussinger, DüsseldorfJ. Hiscott, RomeL.-O. Klotz, JenaM. Lamkanfi, GhentV. Magdolen, MunichG. Mugesh, BangaloreM. Müschen, San FranciscoC.M. Overall, VancouverG. Pejler, UppsalaN. Pfanner, FreiburgR. Pike, MelbourneJ. Potempa, KrakowK. Sandhoff, Bonn J. Scheller, DüsseldorfC. Sommerhoff, MunichG. Tiegs, HamburgJ.M. Valpuesta, Madrid

assoCiatE Editors (GBM study Groups)C. Blattner, KarlsruheK. Giehl, GiessenR. Hell, HeidelbergJ. Herrmann, KaiserslauternS. Hiller, BaselC. Hunte, FreiburgS. Knauer, EssenI. Koch, Frankfurt/MainC. Seidel, DüsseldorfC. Villmann, Würzburg

BioloGiCalChEMistry

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aBstraCtEd/indExEd in Academic OneFile (Gale/Cengage Learning), ASFA1: Biological Sciences & Living Resources, Biochemistry & Biophysics Citation Index, Biological Abstracts, BIOSIS Previews, CAB Abstracts, Calcium and Calcified Tissue Abstracts, Chemical Abstracts and the CAS databases, CSA Illustrata - Natural Sciences, CSA Neurosciences Abstracts, Current Contents/Life Sciences, Elsevier BIOBASE/Current Awareness in Biological Sciences (CABS), EMBASE - the Excerpta Medica database, EMBiology, Index Medicus/MEDLINE, Journal Citation Reports/Science Edition, Reaction Citation Index, Reference Update, Science Citation Index, Science Citation Index Expanded (SciSearch), Scopus, SIIC Data Bases, Zoological Record.

The publisher, together with the authors and editors, has taken great pains to ensure that all information presented in this work (programs, applications, amounts, dosages, etc.) reflects the standard of knowledge at the time of publication. Despite careful manuscript preparation and proof correction, errors can nevertheless occur. Authors, editors and publisher disclaim all responsibility for any errors or omissions or liability for the results obtained from use of the information, or parts thereof, contained in this work.The citation of registered names, trade names, trademarks, etc. in this work does not imply, even in the absence of a specific statement, that such names are exempt from laws and regulations protecting trademarks etc. and therefore free for general use.

ISSN 1431-6730 ∙ e-ISSN 1437-4315 ∙ CODEN BICHF3

All information regarding notes for contributors, subscriptions, Open access, back volumes and orders is available online at www.degruyter.com/bc.

rEsponsiBlE Editor(s) Professor Dr. Bernhard Brüne, Goethe-University Frankfurt, Faculty of Medicine, Biochemistry I, Theodor-Stern-Kai 7, D-60590 Frankfurt/Main, Germany, Tel.: +49-69-6301 7424, Email: [email protected]

Journal ManaGEr Dr. Torsten Krüger, De Gruyter, Genthiner Straße 13, 10785 Berlin, Germany, Tel.: +49 (0)30 260 05-176, Fax: +49 (0)30 260 05-298, Email: [email protected]

rEsponsiBlE for advErtisEMEnts Claudia Neumann, De Gruyter, Genthiner Straße 13, 10785 Berlin, Germany. Tel.: +49 (0)30 260 05-226,Fax: +49 (0)30 260 05-264, Email: [email protected]

© 2018 Walter de Gruyter GmbH, Berlin/Boston

typEsEttinG Compuscript Ltd., Shannon, Ireland

printinG Franz X. Stückle Druck und Verlag e.K., EttenheimPrinted in Germany

CovEr illustrationThe venom gland of the giant ant Dinoponera quadriceps (pictured on the cover) produces several biologically active anti-infective peptides with tripanomicidal properties. In their study presented on pp. 187–196 in this issue, Bandeira Lima et al. investigated some of the venom–derived components regarding their activity against Trypanosoma cruzi, the causative agent of Chagas disease. Four dinoponeratoxins were tested against epimastigote, trypomastigote and amastigote forms of the benznidazole-resistant Y strain of T. cruzi and in mammalian host cells. The results indicate that one particular polypeptide from the D. quadriceps venom (M-PONTX-Dq3a) might be a promising candidate for the development of active compounds against Chagas disease.Image courtesy of Gandhi Rádis-Baptista, Fortaleza, Brazil.

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Biological Chemistry   2018 | Volume 399 | Issue 2

Contents

Reviews

Anja Matena, Edisa Rehic, Dana Hönig, Bianca Kamba and Peter BayerStructure and function of the human parvulins Pin1 and Par14/17 101

Sonja LorenzStructural mechanisms of HECT-type ubiquitin ligases  127

Jessica A. Williams and Wen-Xing DingMechanisms, pathophysiological roles and methods for analyzing mitophagy – recent insights 147

Minireview

Esther Barreiro and Joaquim GeaPARP-1 and PARP-2 activity in cancer-induced cachexia: potential therapeutic implications 179

Research Articles/Short Communications

Protein Structure and Function

Dânya Bandeira Lima, Clarissa Perdigão Mello, Izabel Cristina Justino Bandeira, Ramon Róseo Paula Pessoa Bezerra de Menezes, Tiago Lima Sampaio, Cláudio Borges Falcão, Jean-Étienne R.L. Morlighem, Gandhi Rádis-Baptista and Alice Maria Costa MartinsThe dinoponeratoxin peptides from the giant ant Dinoponera quadriceps display in vitro antitrypanosomal activity 187

Salvatore Nesci, Fabiana Trombetti, Vittoria Ventrella, Maurizio Pirini and Alessandra PagliaraniThe inhibition of the mitochondrial F1FO-ATPase activity when activated by Ca2+ opens new regulatory roles for NAD+ 197

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Biol. Chem. 2018; 399(2): 187–196

Dânya Bandeira Lima, Clarissa Perdigão Mello, Izabel Cristina Justino Bandeira, Ramon Róseo Paula Pessoa Bezerra de Menezes, Tiago Lima Sampaio, Cláudio Borges Falcão, Jean-Étienne R.L. Morlighem, Gandhi Rádis-Baptista* and Alice Maria Costa Martins*

The dinoponeratoxin peptides from the giant ant Dinoponera quadriceps display in vitro antitrypanosomal activityhttps://doi.org/10.1515/hsz-2017-0198Received July 13, 2017; accepted September 12, 2017; previously published online September 27, 2017

Abstract: The crude venom of the giant ant Dinoponera quadriceps is a cocktail of polypeptides and organic com-pounds that shows antiparasitic effects against Trypano-soma cruzi, the causative agent of Chagas disease. In order to investigate the venom-derived components responsible for such antitrypanosomal activity, four dinoponeratoxins (DnTxs) were identified, namely M-PONTX-Dq3a, -Dq3b, -Dq3c and -Dq4e, that are diverse in size, net charge, hydrophobicity and propensity to interact with eukary-ote cell membranes. These peptides were tested against epimastigote, trypomastigote and amastigote forms of benznidazole (Bz)-resistant Y strain of T. cruzi and in mammalian host cells. The M-PONTX-Dq3a and -Dq4e inhibited all developmental forms of T. cruzi, including amastigotes, the responsible form for the maintenance of infection on chronic phase of the disease. The M-PONTX-Dq3a showed the highest selectivity index (SI) (80) and

caused morphological alterations in T. cruzi, as observed by scanning electron microscopy (SEM), and induced cell death through necrosis, as seen by multiparametric flow cytometry analysis with specific biochemical mark-ers. Altogether, the D. quadriceps venom appears as a source for the prospection of trypanocidal peptides and the M-PONTX-Dq3a arises as a candidate among the dino-poneratoxin-related peptides in the development of com-pounds against Chagas disease.

Keywords: ant venom; antitrypanosomal agents; Dino-ponera quadriceps; dinoponeratoxins; tropical disease; Trypanosoma cruzi; venom peptides.

IntroductionThe venom gland transcriptome of the New World giant ant Dinoponera quadriceps was previously reported and revealed a toxin repertoire that comprises dinoponeratoxins

*Corresponding authors: Gandhi Rádis-Baptista, Program of Post-Graduation in Pharmaceutical Sciences, Faculty of Pharmacy, Federal University of Ceará, Rua Capitão Francisco Pedro 1210, 60430-372 Fortaleza/CE, Brazil; Northeast Biotechnology Network (RENORBIO), Post-Graduation Program in Biotechnology, Federal University of Ceará, Av. da Universidade 2853, 60020-180 Fortaleza/CE, Brazil; and Laboratory of Biochemistry and Biotechnology, Institute for Marine Sciences, Federal University of Ceará, Av. da Abolição 3207, 60165-081 Fortaleza/CE, Brazil, e-mail: [email protected]. http://orcid.org/0000-0001-9210-092X; and Alice Maria Costa Martins, Faculty of Pharmacy, Department of Clinical and Toxicological Analysis, Federal University of Ceará, Rua Capitão Francisco Pedro 1210, 60430-372 Fortaleza/CE, Brazil; and Program of Post-Graduation in Pharmaceutical Sciences, Faculty of Pharmacy, Federal University of Ceará, Rua Capitão Francisco Pedro 1210, 60430-372 Fortaleza/CE, Brazil, e-mail: [email protected]ânya Bandeira Lima, Clarissa Perdigão Mello and Izabel Cristina Justino Bandeira: Faculty of Pharmacy, Department of Clinical and Toxicological Analysis, Federal University of Ceará, Rua Capitão Francisco Pedro 1210, 60430-372 Fortaleza/CE, Brazil; and Program of Post-Graduation in Pharmaceutical Sciences, Faculty of Pharmacy,

Federal University of Ceará, Rua Capitão Francisco Pedro 1210, 60430-372 Fortaleza/CE, BrazilRamon Róseo Paula Pessoa Bezerra de Menezes: Program of Post-Graduation in Pharmaceutical Sciences, Faculty of Pharmacy, Federal University of Ceará, Rua Capitão Francisco Pedro 1210, 60430-372 Fortaleza/CE, BrazilTiago Lima Sampaio: Faculty of Medicine, Department of Pharmacology, Federal University of Ceará, Rua Coronel Nunes de Melo 1127, 60430-275 Fortaleza/CE, BrazilCláudio Borges Falcão: Program of Post-Graduation in Pharmaceutical Sciences, Faculty of Pharmacy, Federal University of Ceará, Rua Capitão Francisco Pedro 1210, 60430-372 Fortaleza/CE, Brazil; and Laboratory of Biochemistry and Biotechnology, Institute for Marine Sciences, Federal University of Ceará, Av. da Abolição 3207, 60165-081 Fortaleza/CE, BrazilJean-Étienne R.L. Morlighem: Northeast Biotechnology Network (RENORBIO), Post-Graduation Program in Biotechnology, Federal University of Ceará, Av. da Universidade 2853, 60020-180 Fortaleza/CE, Brazil; and Laboratory of Biochemistry and Biotechnology, Institute for Marine Sciences, Federal University of Ceará, Av. da Abolição 3207, 60165-081 Fortaleza/CE, Brazil

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188      D.B. Lima et al.: Antitrypanosomal activity of giant ant dinoponeratoxins

(DnTxs), pilosulin-like toxins, ICK-folded toxins, allergen proteins, esterases (phospholipases and carboxylester-ases), and lethal-like toxins (Torres et  al., 2014). Such findings pave the way for the functional and pharmaco-logical investigations of novel predicted polypeptides from giant ant venom. Among these transcriptional prod-ucts, two full-length DnTx precursors were proportion-ally the most expressed transcripts, accounting for up to 5% of the predicted venom-related peptides. These DnTx transcripts code for long pre-propeptides that are prone to post-translational modification in the venom gland, by which several peptide fragments can be released in the venom, as detected, respectively, by some of us in the venom peptidomes of D. quadriceps and by others (Johnson et al., 2010), in Dinoponera australis venom. The mature DnTxs share variable primary sequence similari-ties with antimicrobial peptides from ponerine ants, like ponericin G2 and G3, and from vertebrates, like frog der-maseptin-H65, in case of long DnTxs, and ponericin W3, frog Gaegurin-5 and Brevinin-1PTa, in case of short DnTxs (Johnson et  al., 2010; Cologna et  al., 2013; Torres et  al., 2014). Both the crude venom of D. quadriceps and DnTx-related peptides were shown to display antimicrobial activity against a wide range of microorganisms (Cologna et  al., 2013), including methicillin-resistant Staphylococ-cus aureus (Lima et al., 2014). Additionally, the antipara-sitic (antiChagasic) activity of D. quadriceps crude venom was demonstrated against all the main forms of Trypa-nosoma cruzi with high selectivity to the parasite (Lima et al., 2016). This latter disclosure is important, as T. cruzi is the causative agent of the American trypanosomiasis, a highly disabling parasitic infection, responsible for car-diomyopathies and digestive tract pathologies in approxi-mately 30% of chronically infected individuals (Morilla and Romero, 2015; Chatelain, 2017). American trypanoso-miasis or Chagas disease is a neglected tropical disease, caused by the protozoan T. cruzi that is transmitted by a triatominiae insect. The Chagas disease cycle involves three developmental forms of T. cruzi: epimastigote (the proliferative insect vector-borne stage), trypomastigote (non-proliferative, bloodstream and infective form) and amastigote (intracellular proliferative form). It is endemic in Latin America, but it can also be found in Europe, North America, Japan and Australia, as a consequence of human and environmental changes. Around 6 million people are affected worldwide and approximately 7000 deaths occur annually (Chatelain, 2017; WHO, 2017). The only two drugs currently being used to treat Chagas disease are benznida-zole (Bz) and nifurtimox. These are highly toxic and rarely beneficial during the chronic phase of the disease, have a low percentage of cure (Urbina and Docampo, 2003), and

consequently the discovery of more selective and effective antiChagasic agents are demanding.

Therefore, based on the aforementioned facts, in the present study, we evaluated and compared the in vitro antitrypanosomal (antiChagasic) activity of four DnTxs from D. quadriceps and the drug-of-choice Bz, against all morphological forms of T. cruzi, and investigated the main mechanism by which DnTxs trigger parasite cell death.

Results

Dinoponeratoxin peptide structures and physicochemical properties

Based on the transcriptome (Torres et  al., 2014) and the peptidome (unpublished) data, four dinoponeratoxin sequences were selected for synthesis and these are pres-ently named M-PONTX-Dq3a, -Dq3b, -Dq3c and -Dq4e, from which structures and some of their physicochemical properties are presented in Table 1. The peptides M-PONTX-Dq3b and -Dq3c are fragments of M-PONTX-Dq3a, which appear to be cleaved between Ile/Pro or Lys/Ala residues and amidated at their carboxyl terminal by post-transla-tion modifications in the giant ant venom gland. These short mature peptides have relatively low net charges (+3), higher hydrophobicities “H” (H = 0.781 and 0.823, respectively) and hydrophobic moments “μH” (a  ten-dency to adopt α-helical structures in solution), compared to its parental M-PONTX-Dq3a, despite them all having a high pI value (pI = 14). In contrast, M-PONTX-Dq4e is the longest DnTx-related predicted peptide expressed in the venom gland, with 30 amino acid residues, a net charge of +6, a H value of 0.148 and a μH = 0.458 (Table 1).

Antitrypanosomal activity of DnTxs

The four DnTxs were tested in vitro against the three devel-opmental forms of T. cruzi. Against the epimastigotes, the peptide with best trypanocidal activity was M-PONTX-Dq3a that only needed 4.7 μm to kill 50% of the parasites after 24 h. That concentration essentially did not change up to 72  h of treatment. M-PONTX-Dq4e also displayed similar IC50 values as M-PONTX-Dq3a against the epimas-tigotes, but only after 48 h. In contrast, Bz does not have comparable activity in low micromolar concentrations even after 72 h of treatment (Table 2).

Against the trypomastigotes, M-PONTX-Dq3a also showed better activity (lowest IC50) than the other peptides

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D.B. Lima et al.: Antitrypanosomal activity of giant ant dinoponeratoxins      189

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190      D.B. Lima et al.: Antitrypanosomal activity of giant ant dinoponeratoxins

and Bz. In addition, M-PONTX-Dq3a concentration to kill 50% of healthy LLC-MK2 cells (without the parasites) was relatively low (25.7 μm), compared to its fragments -Dq3b and -Dq3c and Bz. In consequence, M-PONTX-Dq3a dis-played the highest selectivity index (SI) among the tested drugs (Table  3), and, thus, was selected for subsequent analysis. Furthermore, the peptides M-PONTX-Dq3a and -Dq4e were evaluated against intracellular amastigotes infecting LLC-MK2 cells.

According to Figure  1, after 24 or 48  h of treatment, both peptides were able to significantly reduce the number of intracellular parasites at their respective con-centrations to kill 50% of the T. cruzi trypomastigote forms compared to untreated infected cells.

The T. cruzi cell death pathway triggered by DnTxs

Considering these results, the T. cruzi cell death pathway triggered by DnTxs was studied with the most promising peptide, M-PONTX-Dq3a, and the epimastigote forms. This study involved two methodologies of analysis: (i) multipar-ametric flow cytometry, based on the use of biochemical markers, such as annexin V-FITC (AX), 7-aminoactinomy-cin D (7-AAD), rhodamine 123 (Rho123), 2′,7′-dichlorofluo-rescin diacetate (DCFDA) and acridine orange (AO); (ii) ultrastructural analysis using scanning electron micro-scopy (SEM). Epimastigotes treated with M-PONTX-Dq3a,

for 24  h, at its twice the IC50 (2 × IC50) exhibited a signifi-cant increase of 7-AAD+/AX- labeled cells (15.3%) and of 7-AAD+/AX+ labeled cells (8.7%), compared to the control group, which indicates T. cruzi death mainly by necrosis (Figure 2).

To confirm these findings, additional flow cytom-etry experiments were then performed, in which the gen-eration of reactive oxygen species (ROS) and the loss of mitochondrial transmembrane potential were measured. Utilizing the DCFDA fluorescence as a readout, after 24  h of treatment, M-PONTX-Dq3a at its IC50 and 2 × IC50 induced an increase in intracellular ROS (fluorescence shift to the right) by 18–20% and 80%, respectively, com-pared to untreated cells (Figure  3A). When Rho123  was employed as a biochemical marker, epimastigotes treated with M-PONTX-Dq3a exhibited gradual decreases (shift to the left) in Rho123 fluorescence emission, compared to the control group, by 20–23% with IC50 and 72–76% with 2 × IC50, which suggested an alteration in the mitochon-drial transmembrane potential in parasites treated with M-PONTX-Dq3a (Figure 3B). The potential autophagic mechanism of parasite death was also investigated by utilizing AO staining that labels acidic vesicles, such as swelled acidic compartments. The treatment of T. cruzi epimastigotes with M-PONTX-Dq3a did not show any sig-nificant increase of AO fluorescence in any tested concen-trations (Supplementary Figure S1).

Finally, the morphological alterations of the T. cruzi epimastigote treated for 24 h with the IC50 (Figure 4B–D)

Table 2: Effect of dinoponeratoxin peptides against epimastigote forms of T. cruzi Y strain.

  sDq-2561 (M-PONTX-Dq3a)

  sDq-1503 (M-PONTX-Dq3b)

  sDq-1319 (M-PONTX-Dq3c)

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IC50 and LC50 values are expressed in μm. Data are expressed as means ± standard deviation (SD) of three independent experiments. (–) No effect at all tested concentrations (0.10–100 μm).

Table 3: Effect of dinoponeratoxin peptides against trypomastigote forms of T. cruzi Y strain, cytotoxicity toward LLC-MK2 mammalian cells and respective selectivity index.

  sDq-2561 (M-PONTX-Dq3a)

  sDq-1503 (M-PONTX-Dq3b)

  sDq-1319 (M-PONTX-Dq3c)

  sDq-3348 (M-PONTX-Dq4e)

  Bz

Trypomastigote (LC50)   0.32 ± 0.03  7.4 ± 0.6  34.8 ± 5  4.7 ± 0.3  282 ± 20LLC-MK2 (IC50)   25.7 ± 2  144 ± 75  >100  16.7 ± 2  614.8 + 30 SI   80.3  19.4  –  3.5  2.18

IC50 and LC50 values are expressed in μm. Data are expressed as means ± SD of three independent experiments (SI, selectivity index).

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and 2 × IC50 for M-PONTX-Dq3a (Figure 4E, F), compared with untreated parasites (Figure 4A) showed cell shrinkage (Figure 4B, C) and disruption of the membrane integrity of the parasite (Figure 4D, E) that include the formation and presence of pores (Figure 4E). In combination with flow cytometry data, these morphological changes confirmed that in T. cruzi the main cell death pathway triggered by M-PONTX-Dq3a involves necrosis.

DiscussionIt is agreeable that there is an urgent need to discover new anti-T. cruzi compounds due to the very few medica-tions available to treat Chagas disease. The antiChagasic therapy relies exclusively on Bz and nifurtimox, which cause severe adverse effects. Moreover, parasite strains that are resistant to these drugs have already surged

(Rodrigues et al., 2014). Possible sources for prospection of new antiChagasic pharmaceuticals are animal venoms, whose components or biotoxins have been used as tem-plates to develop promising medicines (Harvey, 2014). Some biotoxins have demonstrated trypanocidal effect against all morphological forms with high selectivity to T. cruzi (Adade et al., 2013; Souza et al., 2016).

Recently, the crude venom of the giant ant D. quadri-ceps was showed to possess an antiChagasic activity against all T. cruzi developmental forms (Lima et al., 2016). In the present report, we searched for and evaluated the dinoponeratoxin-related peptides that could retain the antitrypanosomal activity of D. quadriceps crude venom. The search started by taking into account the previous work that described the transcriptome of the D. quadri-ceps venom gland (Torres et  al., 2014), our preliminary peptidome analysis of the giant ant’s crude venom, and the venom peptidomes of other D. quadriceps population (Cologna et  al., 2013) and Dinoponera species (Johnson et  al., 2010). A molecular weight of 3500 Da was estab-lished as a threshold to ease the chemical synthesis, and we noticed that the DnTxs, M-PONTX-Dq4e (Dq-3348), M-PONTX-Dq3a (Dq-2561) and their derived mature pep-tides, -Dq3b (Dq-1503) and -Dq3c (Dq-1319), fell within this limit; thus, these peptides were selected for synthesis and biological analysis. Herein, the current normalized nomen-clature of D. quadriceps (Dq) DnTxs was adopted, based on the denomination rationally proposed for ant toxins, according to previous reports (Touchard et al., 2016).

The DnTxs were tested against all T. cruzi morpho-logical forms. Against the epimastigotes, M-PONTX-Dq3a and -Dq4e, which have higher molecular weights and net charges than -Dq3b and -Dq3c (Table 1), showed better activities (lower IC50s) than these short peptides (Table 2). Similar results were also found against T. cruzi with the use of the vipericin batroxicidin (BatxC), a cathelicidin-related peptide from the venom gland of Bothrops atrox snakes (Falcao et al., 2014; Mello et al., 2017). Moreover, M-PONTX-Dq3a IC50 against the epimastigotes after 24  h of treatment was more than 45-fold lower than the stand-ard drug Bz, which did not perform a close activity com-pared to M-PONTX-Dq3a IC50s even after 72 h of incubation (Table 2).

The peptides were also tested against the trypomas-tigote and amastigote forms. These later developmental forms were obtained after incubation with LLC-MK2 host mammalian cells, which have been used as cellular model for T. cruzi infection (Andrews and Colli, 1982; Zingales et  al., 1997). Interestingly, after 24  h of treatment, while Bz IC50s against trypomastigote and epimastigotes were basically the same, the concentration of M-PONTX-Dq3a

Figure 1: The effect of dinoponeratoxin peptides against intracel-lular amastigotes of T. cruzi.The in vitro activity of M-PONTX-Dq3a (Dq-2561) (A) and M-PONTX-Dq4e (Dq-3348) (B) against T. cruzi amastigotes. Reduction of intra-cellular parasites within the host LLC-MK2 cells (amastigotes/100 cells), at 24 and 48 h of incubation.

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to kill 50% of the trypomastigotes was more than an order of magnitude lower than its IC50 against the epimastigotes (Tables 2 and 3). The increased susceptibility of trypomas-tigote to the peptides might be related to the over-expres-sion of negatively charged components of the T. cruzi cell membrane, such as sialic acid and mucin glycoproteins (de Souza et al., 2010), which facilitate host-parasite inter-action but also can attract cationic antimicrobial peptides to the parasite membrane. The lower IC50s against the try-pomastigotes than the epimastigotes were also observed with M-PONTX-Dq3a and -Dq4e fragments, i.e. M-PONTX-Dq3b and -Dq3c (Tables 2 and 3). Nevertheless, these short DnTx peptide fragments again underperformed M-PONTX-Dq3a and -Dq4e against T. cruzi.

One explanation for such variation in the anti-T. cruzi activity relies on the structural and physicochemi-cal characteristics of M-PONTX-Dq3a and -Dq4e that are less hydrophobic but more positively-charged than -Dq3b and -Dq3c. Despite that all DnTxs form helices of different lengths, the shortest peptides M-PONTX-Dq3b and -Dq3c display high values of hydrophobicity and hydrophobic moment, but have lower net charges, which appeared to be critical for interaction with negative-charged membranes of the parasite. Indeed, large values of the hydrophobic

moment (μH) of peptides are indicative of the formation of amphiphilic helix, while high helical moments and large mean hydrophobicities are indicative of peptides that are membranolytic or membrane-active/membrane-interact-ing helices (Eisenberg et al., 1982), in addition, however, peptide net positive-charges seem to be critical for the anti-infectivity effect. In light of the contrastive difference in the structure-activity relationship of DnTxs, the remain-ing experimental evaluation of antitrypanosomal activity was carried out with only the more active M-PONTX-Dq3a and -Dq4e peptides.

Against the amastigotes, both M-PONTX-Dq3a and -Dq4eat their respective IC50s or 2 × IC50s significantly reduced the number of parasites inside LLC-MK2 cells after 24 or 48 h of treatment (Figure 1). However, as both peptides had the same toxicity to healthy LLC-MK2 cells, additional analysis was performed with only M-PONTX-Dq3a due to the lower IC50s than M-PONTX-Dq4e against epimastigotes and trypomastigotes (Tables 2 and 3). Therefore, it is suggestive that a higher hydrophobicity made M-PONTX-Dq3a more active against T. cruzi than M-PONTX-Dq4e, even though the former peptide had the lowest propensity to adopt α-helical structures (lowest μH) (Table 1). Such findings are in agreement with studies

Figure 2: Representative flow cytometry scattering plots of T. cruzi epimastigotes treated with M-PONTX-Dq3a (Dq-2561) at 4.7 and 9.4 μm for 24 h.Percentage values are averages of 10 000 live events from three independent experiments.

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that have reported poorly structured peptides with anti-microbial activities (Papo et al., 2002; Falcao et al., 2015; Yacoub et  al., 2016). Moreover, M-PONTX-Dq3a was the only tested peptide that met two important criteria set by the WHO/TDR guidelines for a prospective drug candidate to be considered as a hit against T. cruzi: SI = 80.3 above 50 and trypomastigote IC50 (0.32 μm, i.e. ≈0.82 μg/ml) below 1 μg/ml (Nwaka and Hudson, 2006). Interestingly, these M-PONTX-Dq3a values (SI and trypomastigote IC50) were close to those results obtained from D. quadriceps crude venom (SI = 100 and IC50 = 2 μg/ml) (Lima et  al., 2016), with the obvious advantage to be an isolated venom-derived compound, without the potentially toxic cocktail of substances that are noxious to healthy eukaryotic cells and organisms.

Although M-PONTX-Dq3a IC50s against the trypomas-tigote and amastigote forms were lower than against the epimastigotes, the studies that determined T. cruzi death pathway(s) triggered by the peptide were evaluated with

the later forms. Because epimastigotes do not require host cells to develop, they are straightforward to maintain and test in vitro than trypomastigote and amastigote, the eval-uation of antytripanosmal activity of DnTxs was contin-ued with that parasite life form of T. cruzi.

The flow cytometry analysis showed that epimastig-otes treated with M-PONTX-Dq3a at its 2 × IC50 displayed a significant increase in the entrance of the impermeable nucleic acid dye 7-AAD, compared to untreated parasites, indicating that T. cruzi cell membrane was damaged (Figure 2). In addition, after M-PONTX-Dq3a treatment at its IC50 or 2 × IC50, the increase in intracellular ROS, as evidenced by the cell permeant reagent DCFDA and by the disturbance of mitochondrial transmembrane poten-tial (Figure 3), provided biochemical evidences that the major T. cruzi cell death pathway taking place was necrosis. Finally, SEM images showed and confirmed the necrotic cell death due to cell swelling and disruption of epimastigote membrane integrity with the presence of

100

100 101 102 103 104

0

0

20

40

60

80

100

120

140

10

Dq-2561 (IC50)

CT

A

B

CT

Dq-2561 (2 × IC50)

Dq-2561 (2 × IC50)

Dq-2561 (IC50)

20

30

40

Rel

ativ

e flu

ores

cens

e (F

L1)

Rel

ativ

e flu

ores

cens

e (F

L2)

50

60

70

80

90

0CT 4.7

*

*

*

*

9.4

CT0.0

0.5

1.0

1.5

4.7 9.4

Dq-2561 (µM)

Dq-2561 (µM)

2

4

6

8

10

12

101 102

FL1-DCF-DA

FL2-Rho123

103 104

Figure 3: Flow cytometry analysis of ROS production and mitochondrial transmembrane potential changes in T. cruzi exposed to M-PONTX-Dq3a (Dq-2561) peptide.Representative histograms of DCFDA (A) and Rho123 (B) fluorescence signal and respective relative fluorescence values from experiments with T. cruzi epimastigotes that were treated with M-PONTX-Dq3a at 4.7 μm and 9.4 μm for 24 h. All measurements involved three independ-ent experiments.

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pores (Figure 4). Again, M-PONTX-Dq3a alone mimics the antiChagasic activity of the whole D. quadriceps crude venom, eliciting T. cruzi cell death by necrosis. Although the cell death pathway mediated by necrosis was observed with peptides other than DnTxs, like BatxC from snake venom gland (Mello et  al., 2017), different mechanisms, such as apoptosis and autophagy, might operate in the case of other venom-derived peptides as, for example, mellitin from the bee venom (Adade et al., 2013).

Taken together, DnTxs were evaluated to find pep-tides that could reproduce the antiChagasic effects of the D. quadriceps crude venom. The peptide M-PONTX-Dq3a was found to be the most promising DnTx because it could inhibit all T. cruzi morphological forms, including intra-cellular amastigotes. Moreover, it showed a similar IC50 and high SI. M-PONTX-Dq3a induced the same cell death pathway as the crude venom, with the clear advantage of being a single, pure substance from the complex toxin

cocktail of giant ant venom. Thus, M-PONTX-Dq3a figures as a potential lead and peptide template in the development of alternative drugs or adjuvants for the chemotherapeutic arsenal and clinical strategies to treat Chagas disease.

Materials and methodsDnTxs and Bz

The four DnTxs sequences were retrieved from converging data of the venom gland transcriptome of D. quadriceps and the peptidome of crude venom; these DnTx peptides, named by taking into account their theoretical or experimental molecular weight and by a nor-malized nomenclature were: Dq-2561 (M-PONTX-Dq3a), Dq-1503 (M-PONTX-Dq3b), Dq-1503 (M-PONTX-Dq3c) and Dq-3348 (M-PONTX-Dq4e). The peptides were commercially prepared by solid phase syn-thesis (China Peptides Co. Ltd., Shanghai, China), with over 95% of purity and the quality control ascertained by high-performance liquid chromatography (HPLC) and mass spectrometry analysis. Their pri-mary structures were analyzed with the following software: “Peptide property calculator” (http://www.pepcalc.com), “PEP-FOLD 2 server” (http://bioserv.rpbs.univ-paris-diderot.fr/services/PEP-FOLD/), “Heli-quest” (http://heliquest.ipmc.cnrs.fr) and “Helical wheel” (http://kael.net/helical.htm) to obtain data about some physicochemical properties. Peptide stock solutions were prepared at 1 mm with ster-ile phosphate-buffered saline (PBS) as required and kept in aliquots at −20°C until use. Bz(C12H12N4O3; MW = 260.249 g/mol) was obtained from Roche® (Basel, Switzerland) and stock solutions were prepared at 1 mm with PBS and maintained at 4°C up to 6 weeks.

Antitrypanosomal in vitro assays with epimastigote and trypomastigote forms of T. cruzi

The epimastigote forms of T. cruzi Y strain (Bz resistant) were a gift from Prof. Dr. Maria Júlia Manso Alves, Laboratory of Parasite Bio-chemistry, University of São Paulo, São Paulo, Brazil. These epimas-tigotes (1 × 106 parasites ml−1) were seeded in 96-well plates in Liver Infusion Tryptose medium supplemented with 1% antibiotics and 10% fetal bovine serum (FBS) and, then, treated with two-fold serial dilutions of either DnTxs or Bz at 28°C for 24, 48 and 72 h ( Rodrigues et al., 2014). Final peptide and Bz concentration ranges were 0.10–100 μm and 10–1000 μm, respectively. The trypomastigote forms of T. cruzi, obtained by infecting LLC-MK2 cells (American Type Culture Collection – ATCC, Manassas, VA, USA), were incubated at 37°C in an atmosphere with 5% CO2 in Dulbecco’s modified eagle medium (DMEM) medium (Vitrocell, São Paulo, SP, Brazil) supplemented with 1% antibiotics and 2% FBS. Later, trypomastigotes were seeded in 96-well plates and treated with either DnTxs or Bz for 24 h at the same final concentration ranges used against the epimastigote forms. After their respective treatments, epimastigote and trypomastigote densi-ties were separately quantified in a Neubauer chamber (Adade et al., 2014). Relative cell viabilities were calculated with parasites treated with only sterile PBS in the medium as negative controls and experi-ments were carried out in triplicate.

Figure 4: Scanning electron microscopy of T. cruzi epimastigotes treated with M-PONTX-Dq3a (Dq-2561).Untreated control (A) and treated with peptide IC50 (B–D) and 2 × IC50 (E, F). Morphological alterations are observed, such cell shrinkage (B, C) and loss of integrity of parasite membrane (D–F) with the pres-ence of pores (F). Scale bars: 1 μm.

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D.B. Lima et al.: Antitrypanosomal activity of giant ant dinoponeratoxins      195

Evaluation of cytotoxicity in mammalian cells (MTT  assay)

LLC-MK2 cell viability without the parasites was also measured using a standard 3-(4,5-dimethylthiazol-2-yl)-2,5-diphenyltetrazolium bro-mide (MTT) assay (Vanden Berghe et  al., 2013). These cells were seeded in the DMEM medium in 96-well plates, treated with two-fold serial dilutions of DnTxs or Bz and incubated at 37°C for 24 h. The final concentration ranged from 0.19 to 100 μm DnTxs and 15.6 to 1000 μm Bz. MTT (Amresco, Solon, OH, USA; 5 mg/ml) was then added and the cells were incubated for additional 4 h, when 10% sodium dode-cyl sulfate (SDS) was added to dissolve the purple-colored formazan product. The absorbance values were obtained at 570  nm with a microplate reader (Biochrom® Asys Expert Plus Microplate Reader, Biochrom Ltd., Holliston, MA, USA). Relative cell viability was calcu-lated with cells treated with only sterile PBS in the medium as nega-tive controls and experiments were carried out in triplicate. SI was calculated by the ratio of cytotoxic/trypanocidal activity (Nwaka and Hudson, 2006).

Antitrypanosomal in vitro assay with amastigote forms of T. cruzi

LLC-MK2 cells were seeded in 24-well plates containing glass cover-slips (13-mm diameter), cultivated in DMEM supplemented with 10% FBS, and maintained at 37°C in a 5% CO2 atmosphere for 24 h. Next, these cells were infected with trypomastigote forms (parasite: host cell ratio of 20:1) in DMEM medium containing 2% FBS. After 48 h of infection, the non-internalized parasites were removed and the cells were cultivated in 2% FBS DMEM medium with either DnTxs or Bz at their respective IC50s or 2 × IC50. The coverslips were collected after 24 h or 48 h, washed with PBS, fixed in Bouin’s solution and stained with Giemsa (Lima et al., 2016). Non-treated infected LLC-MK2 cells were used as controls. The number of intracellular amastigotes per 100 cells was determined by counting 300 cells in triplicate.

Multiparametric flow cytometry analysis to assess the mechanism of parasite death

Epimastigote forms were treated with DnTxs at their IC50 or 2 × IC50 concentrations for 24 h of exposure, at 28°C. Next, these cells were washed and stained with FITC-labeled annexin V and 7-aminoac-tinomycin D, according to the manufacturer’s instructions (BD Pharmigen, CA, USA) with the aim of identifying cell death mech-anisms either by apoptosis or necrosis, respectively. In separate experiments, the loss of mitochondrial transmembrane potential, the outburst of ROS and the acidic compartments were also inves-tigated. Epimastigote forms were treated with DnTxs (IC50 or 2 × IC50) for 24 h and stained with either Rhodamine 123 (10 μg/ml), DCFDA (20 mm) or AO (5 μg/ml), according to the established protocols and manufacturer’s instructions (Sigma-Aldrich™, St. Louis, MO, USA). At the end of each incubation period, the cells were washed and run in a FACSCalibur flow cytometer (Becton-Dickinson, San Jose, CA, USA). Ten thousand live events were analyzed using the Cell Quest software and the results were established by determining the fold change (treated/non-treated cell ratio) of the geometric mean of

fluorescence. Epimastigotes without treatment with DnTxs were used as controls and experiments were carried out in triplicate.

SEM of T. cruzi morphologies

Epimastigote forms were treated with DnTxs at 2 × IC50 for 24 h. After incubation, the parasites were fixed for 2 h with 2.5% glutaraldehyde (Electron Microscopy Sciences, Hatfield, PA, USA) solution, washed, dehydrated, dried with CO2, coated with gold and observed with a Quanta FEG 450 scanning electron microscope (ThermoFisher Scien-tific, Hillsboro, OR, USA). Digital images of SEM were acquired and stored as previously described (Lima et al., 2016).

Statistical analysis of experimental data

All experiments were performed in triplicate. The statistical analy-sis was performed using the GraphPad Prism 5 program (GraphPad Software, San Diego, CA, USA). The IC50 values were determined by nonlinear regression. Data were analyzed using one-way analysis of variance (ANOVA) followed by Dunnett’s post-test. Significance was achieved if p < 0.05.

Acknowledgments: The authors are grateful for the fund-ing agencies, the Brazilian National Council for Scientific and Technological Development (CNPq), the Ministry of Science, Technology and Innovation (MCTI) and the Coor-dination for the Improvement of Higher Education Person-nel (CAPES), the Ministry of Education and Culture, both of the Federal Government of Brazil, for the financial support of the project development and the fellowships of gradu-ate students, respectively. We are also thankful to the Ana-lytical Center Core Facility of the Federal University of Ceará for the technical support on Electron Microscopy studies. Our deepest thanks to Professor Katsuhiro Konno, Institute of Natural Medicine, University of Toyama, Toyama, Japan, and Dr. André J. Zaharenko and Dr. Álvaro Rossan B. Prieto-da-Silva, Laboratory of Genetics, Institute Butantan, São Paulo, Brazil, for the preliminary proteomic and peptidome analysis of D. quadriceps crude venom.

Conflict of interest statement: Authors declare no conflict of interest.

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Supplemental Material: The online version of this article offers supplementary material (https://doi.org/10.1515/hsz-2017-0198).