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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA MESTRADO EM PSICOBIOLOGIA COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS FISIOLÓGICOS DE HOMENS E MULHERES EM CONDIÇÕES DE ESTRESSE LABORAL SUBMETIDOS À TÉCNICA WATSU NATAL-RN 2004

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA MESTRADO EM PSICOBIOLOGIA

COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS FISIOLÓGICOS DE HOMENS E MULHERES EM CONDIÇÕES DE ESTRESSE LABORAL SUBMETIDOS À

TÉCNICA WATSU

NATAL-RN 2004

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LARISSA BASTOS TAVARES

COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS FISIOLÓGICOS DE HOMENS E MULHERES EM CONDIÇÕES DE ESTRESSE LABORAL SUBMETIDOS À

TÉCNICA WATSU

Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de mestre em Psicobiologia.

Orientadora: Maria Teresa da Silva Mota Co-orientadora:Vera Maria da Rocha

NATAL-RN 2004

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Título:COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS FISIOLÓGICOS DE HOMENS E MULHERES EM CONDIÇÕES DE ESTRESSE LABORAL SUBMETIDOS À TÉCNICA WATSU

Autora: Larissa Bastos Tavares

Data da apresentação: 29/10/2004

Banca Examinadora:

_________________________________________ Prof. ª DR.ª Maria Teresa da Silva Mota

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN

_________________________________________ Prof.ª Dr.ª Maria Bernardete cordeiro de Sousa

Universidade Federal do Rio grande do Norte, RN

_________________________________________ Prof.ª Dr.ª Maria das graças Rodrigues de Araújo

Universidade Federal de Pernambuco, PE

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AGRADECIMENTOS

A Deus Ser supremo, criador de todas as coisas, pelas oportunidades e

acontecimentos que surgem no momento certo com as devidas soluções.

À minha família, Bel e Nununo que foram os alicerces para a minha educação e

formação pessoal. Às minhas primas Nana e Lili, pelo incentivo em acreditar que sou

capaz, além das ajudas nas “panes” do computador, quando na minha burrice de

operadora sempre pedia ajuda. À minha filha Luíza, desculpa pelos momentos de

ausência e obrigada por me proporcionar sempre alegria, mesmo nos meus momentos

de maiores angústias e por ser a força que me impulsiona diariamente a crescer e viver.

Em especial, à minha mãe Cilene, por estar sempre presente, por agüentar os meus

“estresses”, por me fazer a acreditar que sou capaz e por me acalmar nas madrugadas

de angústia quando pensava que não ia conseguir. Minha pequena família, minha

grande conquista de Sabedoria e Amor.

À empresa que aceitou a realização do experimento, na pessoa de Rosângela e

especialmente aos voluntários que participaram do estudo, pois sem eles não teríamos

resultados.

Agradecimento especial à Ilse, psicóloga colaboradora, pelas vastas viagens

para a Zona Norte, mesmo aventurando não ser pega na “blitz”, por compartilhar dos

momentos de desespero, sempre ouvindo, aconselhando e incentivando o término do

trabalho.

À todos os alunos do grupo estresse, pelos testos que foram discutidos e pelo

auxílio nas coletas dos dados. Sheyla, Lorena, tatiana, Tio, Marilli, Dani e em especial

Clarissa, meu braço direito e o esquerdo também!!!! Pela participação em todas as

coletas, sempre me auxiliando no que fosse preciso. Espero que tenha contribuído e

ainda possa contribuir na formação de vocês.

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Obrigada a Teresa pela paciência e conhecimentos compartilhados. Minhas

desculpas pelo trabalho que dei...

Um imenso agradecimento a Vera pelo incentivo, conselhos, conhecimentos e

pelos “puxões de orelha”, não esqueço que essa relação é de amor e ódio; mais eu te

adoro! Obrigada por tudo.

À Selma pelo fornecimento de material literário, pelos testos lidos em conjunto,

pelas dúvidas estatísticas e por estar sempre disponível a me ajudar.

Agradecimento aos pacientes da clínica por terem entendido minha ausência,

em especial a Paulo pela compreensão, sabedoria, paciência, dignidade e

companheirismo, sempre acreditando no meu trabalho e na minha pessoa. Por

disponibilizar a clínica para a realização da pesquisa e ainda por ter aplicado as sessões

de Watsu. Paulo, obrigada de coração.

Quero agradecer às minha amigas Karina e Kátia pela força, companheirismo e

pelas farras é lógico. Obrigada a Andressa pela amizade, incentivo e por ter suportado

às altas demandas de pacientes na clínica. Andressa obrigada. Lauir, não esqueci você,

obrigada também pela força.

Obrigada a todos não citados que colaboraram em alguma etapa da realização

desse trabalho.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Começando na parede 57

FIGURA 2 - Dança da respiração na água 57

FIGURA 3 - Sanfona 57

FIGURA 4 - Sanfona rotatória 57

FIGURA 5A - Rotação com a perna próxima ao corpo 58

FIGURA 5B - Rotação com a perna próxima ao corpo 58

FIGURA 6 - Captura 58

FIGURA 7A- Balanço braço e perna 58

FIGURA 7 B - Balanço braço e perna 59

FIGURA 8 A - Torção 59

FIGURA 8 B - Torção 59

FIGURA 9 - Joelho na cabeça 59

FIGURA 10 - Valores médios das variáveis fisiológicas de

homens e mulheres antes e após imersão em água

aquecida e a aplicação a Técnica Watsu

28

FIGURA 11 - Comparação dos parâmetros fisiológicos entre

homens e mulheres na condição basal

29

FIGURA 12 - Variação dos parâmetros fisiológicos antes e após

imersão em água e aplicação da Técnica Watsu

entre homens e mulheres

30

FIGURA 13 - Comparação dos parâmetros fisiológicos nas fases

folicular e luteal do ciclo ovulatório das mulheres

na condição basal

31

FIGURA 14 - Variação dos parâmetros fisiológicos antes e após

imersão em água e aplicação da Técnica watsu entre

as fases folicular e luteal do ciclo ovulatório

32

FIGURA 15 - Variação dos parâmetros fisiológicos entre homens

e mulheres nas fases folicular e luteal do ciclo

ovariano na condição basal

34

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FIGURA 16 - Avaliação do estado de humor entre homens e

mulheres através do Instrumento POMS

35

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QUADRO

Quadro 1 ESCALA INDIVIDUAL DA ANSIEDADE

TRAÇO-ESTADO PARA HOMENS E

MULHERES

37

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Estatística descritiva para os parâmetros

fisiológicos de homens e mulheres na condição

basal

27

TABELA 2 - Estatística descritiva para os escores do PEQL

geral de homens e mulheres

34

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1 Termo de Consentimento Livre e esclarecido 60

ANEXO 2 Inventário de Identificação 61

ANEXO 3 Ficha de Controle do Ciclo Ovariano 62

ANEXO 4 Cartilha de Orientação 63

ANEXO 5 Questionário do Estresse Percebido de

Levenstein-Forma Geral

64

ANEXO 6 Instrumento para Avaliação do Estado de Humor

– POMS

65

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RESUMO

COMPORTAMENTO DE PARÂMETOS FISIOLÓGICOS DE HOMENS E

MULHERES EM CONDIÇÕES DE ESTRESSE LABORAL SUBMETIDOS À

TÉCNICA WATSU

Autora: Larissa Bastos Tavares

Orientadora: Maria Teresa da Silva Mota

Co-orientadora: Vera Maria da Rocha

As variações de parâmetros fisiológicos em situação de estresse laboral podem

funcionar como indicadores no surgimento de desordens. Essas condições têm levado

pesquisadores a investigar alternativas que possam favorecer a qualidade de vida em

pessoas sob estresse laboral. O presente estudo teve como objetivo Investigar o

comportamento de parâmetros fisiológicos (pressão arterial, freqüência cardíaca e

freqüência respiratória) de homens e mulheres em condição de estresse laboral

submetidos à técnica Watsu. Utilizou-se uma metodologia experimental com

população formada por homens e mulheres em idade reprodutiva que exercem a

função de operadores de caixa, numa rede de supermercados em Natal/RN. Os sete

indivíduos selecionados foram submetido às três etapas do estudo (grupos

dependentes), que consisti na fase 1 de obtenção da medida basal (controle 1), na fase

2 de imersão na água (controle 2), e fase 3 da aplicação da técnica Watsu (fase

experimental). Foi verificado que durante a fase basal (condição 1) os parâmetros

fisiológicos (PAS, PAD, FC e FR) de ambos os sexos avaliados mostrou os valores

médios da mulheres (média ± desvio-padrão: PAS = 104.1 ± 7.92; PAD = 70.83 ±

7.92; FC = 77.58 ± 3,87; FR = 19.83 ± 2.58) semelhantes àqueles apresentados pelos

homens (PAS = 118.75 ± 7.55; PAD = 75.00 ± 9.91; FC= 71.75 ± 14.95; FR=16.62 ±

3.99) . A avaliação desses parâmetros antes e aos a imersão dos voluntários na água

(Condição 2) mostrou uma redução significativa (W=30:p≤ 0,05) apenas para os

valores de PAS apresentado pelo sexo feminino após a imersão. Entre os homens,

todos os parâmetros fisiológicos analisados não variaram significativamente. Com

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relação ao perfil dessas variáveis antes e após aplicação do Watsu (condição 3), foi

verificado um aumento significativo (W=0,0: p≤ 0.05) para a PAS e PAD nas

mulheres. Já os homens, não mostraram variação significativa para todos os

parâmetros fisiológicos. Diante dos resultados apresentados, pode-se concluir que as

pressões arteriais: sistólica e diastólica foram os parâmetros fisiológicos que sofreram

influência da Técnica Watsu, apenas para o gênero feminino.

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ABSTRACT

PHYSIOLOGICAL BEHAVIOR OF PARAMETERS OF MEN AND WOMEN IN

CONDITIONS OF LABORAL STRESS SUBMITTED TO THE TECHNIQUE

WATSU

Author: Larissa Bastos Tavares

Adviser: Maria Teresa da silva Mota

Co-adviser: Vera Maria da Rocha

The physiological variations of parameters in situations of laboral stress can function

like indicator in the sprouting of disorder. Those conditions have led researchers to

investigate alternatives that can favor the quality of life in persons under stress laboral.

The present research had as objectives investigate the physiological behavior of

parameters (blood pressure, heart hat and respiratory hat) of men and women in

condition of stress laboral submitted to the technique Watsu. It was used a

experimental methodology with a group formed by men and women in reproductive

age, that work as salesclerk in a supermarket net in Natal/RN. The seven individuals

selected were submitted to the three phases of the study (dependent groups), that

consisted of the phase 1 of obtaining from the measure basal (control 1), in the phase 2

of immersion in the water (control 2), and phase 3 from the application the technique

Watsu (experimental phase). It was verified that during the phase basal (condition 1)

the physiological parameters (BPS, BPD, HH and RH) of both sexes evaluated showed

the medium values of the women (average± detour-standard: BSP = 104.1± 7.92; BPD

= 70.83 ± 7.92; HH = 77.58 ± 3.87; RH = 19.83 ± 2.58) similar those presented by the

men (BPS = 118.75 ± 7.55; BPD = 75.00 ± 9.91; HH = 71.75 ± 14.95; RH = 16.62 ±

3.99). The evaluation of those parameters before and after immersion of the volunteers

in the water (condition 2) showed a significant reduction (W = 3.0: p≤ 0.05) barely for

the values of BPS presented by the sex females after immersion. In the men group, all

of the physiological parameters analyzed did not vary significantly. Regarding the

profile of those variables before and after application of the watsu (condition 3), was

verified a significant increase (W= 0,0: p≤ 0.05) for the BPS one and SABP in the

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women. The Men did not show significant variation for all of the physiological

parameters. Faced with the results presented, we are able to conclude that the systolic

and diastolic blood pressures were the physiological parameters that are on influence

from the Technique Watsu, only for the kind females.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELA ix

QUADRO x

LISTA DE FIGURAS xi

LISTA DE ANEXOS xii

RESUMO xiii

ABSTRACT xiv

1. INTRODUÇÃO 1

1.1. ESTRESSE 2

1.2. MECANISMOS FISIOLÓGICOS DO

ESTRESSE

4

1.2.1. EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-

ADRENAL

4

1.2.2. RESPOSTA AUTONÔMICA DO

ESTRESSE

5

1.3. PERCEPÇÃO DO ESTRESSOR:

POSSÍVEIS INFLUÊNCIAS

6

1.3.1. GÊNERO 8

1.3.2. ESTADO DE HUMOR: O TRAÇO DE

ANSIEDADE E O ESTADO DE

ANSIEDADE

9

1.4. AMBIENTE DE TRABALHO: POSSÍVEL

MECANISMO ESTRESSOR?

11

1.5. RELAXAMENTO COMO AGENTE

REDUTOR DOS EFEITOS DELETÉRIOS

DO ESTRESSE

13

2. OBJETIVO 15

2.1. Objetivo Geral 15

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2.2. Objetivos Específicos 15

3. MATERIAL E MÉTODO 18

3.1. Caracterização da Pesquisa 18

3.2. Sujeitos 18

3.3. Monitoramento do Ciclo Ovariano 19

3.4.

3.5.

3.5.1.

3.5.2.

3.5.3.

3.5.4.

3.6.

4.

5.

5.1.

5.1.1.

5.1.2.

5.2.

5.3.

5.3.1.

5.3.2.

Caracterização do Grupo Controle e do

Grupo Experimental

Experimento

Local

Parâmetros Fisiológicos Basais

Parâmetros Fisiológicos Após Período de

Imersão em Água Quente

Parâmetros Fisiológicos Associados à

Aplicação da Técnica Watsu

Avaliação da Percepção do Estresse, do

Humor e da Ansiedade

ANÁLISE ESTATÍSTICA

RESULTADOS

Parâmetros Fisiológicos e o Gênero

Comparação dos Parâmetros Dentro de

Cada Gênero

Comparação dos Parâmetros Entre os

Gêneros

Perfil dos Parâmetros Fisiológicos nas Fases

do Ciclo Ovariano

Percepção do Estresse, Estado de Humor,

Traço-Estado de Ansiedade

Percepção do Estresse de Homens e

Mulheres pelo PEQL Geral

Estado de Humor para Homens e Mulheres

através do POMS

20

20

20

21

21

22

25

26

27

27

27

28

30

32

32

33

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5.3.3.

6.

6.1.

6.1.1.

6.1.2.

6.1.3.

6.2.

Avaliação Individual da Ansiedade Traço-

Estado pelo IDATE

DISCUSSÃO

Parâmetros Fisiológicos e Gênero

Condição 1: Basal

Condição 2: Imersão em Água

Condição 3: Aplicação do Watsu

Parâmetros Fisiológicos versus Fases do

Ciclo Ovariano

33

37

37

37

38

41

43

6.2.1. Condição 1: Basal 43

6.2.2. Condição 2: Imersão em Água 44

6.2.3. Condição 3: Aplicação do Watsu 45

6.3. Associação entre os Parâmetros Fisiológicos

e a Percepção do Estresse, o Estado de

Humor e o Traço-Estado de Ansiedade

45

7. CONCLUSÕES 48

REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

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1

1. INTRODUÇÃO

Durante o processo de formação em Fisioterapia, bem como na prática

profissional, é comum a queixa de pacientes com dores de caráter crônico que estão

muitas vezes relacionadas à atividade laboral. Atividades exercidas por bancários,

motoristas de ônibus, plantonistas, dentistas, entre outros, normalmente são definidas

como estressoras, podendo levar a alteração de mecanismos fisiológicos e

comportamentais do organismo. Essas alterações parecem estar relacionadas com o

surgimento de algias crônicas e alterações cardiovasculares, como a hipertensão, que

apresentam uma alta incidência de morbidade e mortalidade em nosso país (Silvestre,

Kalache e Ramos, 1996; Lotufo, 1996).

Essas queixas fazem com que os fisioterapeutas utilizem-se dos mais variados

procedimentos, como técnicas eletrotermoterápicas, cinesioterapia, acupuntura, como

também técnicas de relaxamento como o Watsu a fim de minimizar, ou de preferência

debelar, esse quadro que tanto interfere no bem-estar do indivíduo, já que os

organismos buscam o equilíbrio entre seu meio interno e o ambiente que os rodeia, de

forma a melhor se adaptarem as demandas associadas à sobrevivência e reprodução

(Clayton, 1998, Kisner & colby, 1992, Georgeakopoulos, 1996).

Dentre os procedimentos citados, o Watsu tem sido uma alternativa, pois

considera o indivíduo não só como corpo, mas como um conjunto formado também

pela psique, pela alma e pelo espírito (Georgeakopoulos, 1996). É nesse tipo de

abordagem que se busca a Medicina psicossomática quando os aspectos físico e

psicológico do indivíduo tornam-se fundamental no processo saúde x doença

(Oliveira, 1998; Bio, 1999). Nesse sentido, um tema particularmente interessante tem

sido a influência do estresse sobre o desenvolvimento de doenças (Levenstein et al,

1993), que são freqüentemente classificadas como perturbações ou distúrbios

psicossomáticos que se referem às condições patológicas físicas causadas ou agravadas

por fatores psicológicos (Kaplan e Sadock, 1992).

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2

1. 1. ESTRESSE

O termo estresse é derivado da engenharia e foi adotado pelos biólogos para

definir um evento ou situação que cria um estado de desequilíbrio de natureza física ou

psicológica, ou a resposta elaborada por nosso corpo a essa perturbação (Sapolvsky,

2000). O estresse é definido ainda como a maneira que o indivíduo reage, a nível

físico ou psicológico, diante de um desafio (MacFadden, 1999). Esse termo pode

incluir três componentes: o agente estressor, a resposta ao estresse e os mecanismos

fisiológicos entre esse agente e sua resposta (Nelson, 2000). Ou seja, definições de

estresse envolvem tanto as características do estímulo estressor como as da resposta,

sendo, entretanto a soma de todos os efeitos não-específicos dos fatores que podem

atuar sobre o corpo para aumentar o gasto energético (Nelson, 2000; Siegel e Cheu,

2001). Assim, o conceito de estresse é ainda abstrato para a biologia e a medicina,

mostrando não haver consenso quanto ao termo.

A resposta fisiológica ao elemento estressor é dividida em três componentes:

comportamental, autonômico e endócrino, que tem como finalidade a manutenção da

homeostase, sendo, portanto, adaptativa para o organismo (Mc Ewen, 2000; Sapolsky,

2000; Lovallo e Thomas, 2000). No entanto, quando os organismos são submetidos a

agentes estressores por um longo período de tempo, essa resposta pode se tornar

deletéria culminando no aparecimento de alguns distúrbios que incluem danos ao

tecido muscular (atrofia muscular), amenorréia, infertilidade e impotência sexual,

diminuição no crescimento e no reparo tecidual, inibição da resposta inflamatória,

diminuição da sensibilidade à insulina, que aumentam os riscos de diabetes,

hipertensão, hiperlipidemia e hipercolesterolemia, que associados ao aumento da

pressão arterial, favorecem o surgimento de desordens cardiovasculares (Meaney et

al, 1993; Carlson, 1994; Nelson, 2000; Lovallo e Thomas, 2000; Sapolsky, 2000;

McEwen, 2000).

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3

De acordo com Selye (1993), considerado o pioneiro na pesquisa moderna

sobre o estresse, a exposição prolongada do indivíduo a estressores resulta em

adaptação, sendo essa resposta classificada como Síndrome Geral de Adaptação

(GAS: General Adaptation Syndrome). A GAS é dividida em três estágios: a) reação

de alarme, que consiste na detecção do agente estressor, b) resistência, associada à

reação ao agente estressor, e c) exaustão, caracterizada pelo início do estresse

patológico, que em casos extremos pode levar a morte.

Durante a Reação de Alarme é ativado o Sistema Nervoso Autônomo e o eixo

Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA) que desencadeiam respostas rápidas e

prolongadas que permite a adaptação do organismo à condição estressante. Se os

agentes estressantes desaparecem, tais reações tendem a regredir, no entanto, se o

estímulo continua presente, inicia-se a fase de Resistência, caracterizada basicamente

pela reação de hiperatividade do eixo HHA. Nessa fase, as reações adaptativas que

surgem durante a fase de Alarme, desaparecem dando lugar a uma sensação de

desgaste e cansaço (Mello Filho, 1992; Lipp, 2003). Se os estressores continuarem a

agir tornando-se crônicos, o organismo exaure sua reserva de energia e a fase de

Exaustão manifesta-se, surgindo desordens fisiológicas as quais originam as doenças

(Mello Filho, 1992; Lipp, 2003). Nessa condição, haverá um aumento na capacidade

de secreção de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e glicocorticóides (cortisol)

pelas glândulas adrenais (Sapolsky, 2002). Em situações semelhantes, a resposta

hormonal diminui ao longo do tempo, em vista da adaptação do indivíduo ao estressor

e não ao esgotamento na produção desses hormônios.

Uma quarta fase da resposta ao estresse foi sugerida recentemente por Lipp

(2003), na padronização do Inventário de Sintomas de Estresse para adultos,

denominada de Quase-Exaustão, por encontrar-se entre as fases de Resistência e

Exaustão. Essa fase caracteriza-se pelo “enfraquecimento” do indivíduo que não mais

consegue adaptar-se ou resistir ao estressor, iniciando quadros patológicos não tão

severos como aqueles observados durante a fase de Exaustão. Segundo a autora, nessa

fase apesar da ocorrência de fadiga, diminuição do vigor, tensão, dentre outras

características, o indivíduo ainda consegue trabalhar e atuar na sociedade.

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4

Considerando a abrangência do tema e sua importância para o desenvolvimento

deste estudo, é essencial a caracterização dos mecanismos endócrino e autonômico da

resposta ao estresse.

1. 2. MECANISMOS FISIOLÓGICOS DO ESTRESSE

A resposta fisiológica ao estresse inclui a ativação das porções cortical e

medular das glândulas adrenais localizadas nos pólos superiores dos rins. A resposta

mediada pela porção cortical é caracterizada pela ativação do eixo Hipotálamo-

Hipófise-Adrenal (HHA), que é o principal responsável pelo controle da resposta aos

estressores físicos e psicológicos (Lovallo e Thomas, 2000; Domes et al, 2001). Diante

de um evento ameaçador, o hipotálamo, formado por um conjunto de células e fibras

nervosas, localizado na base do cérebro, é ativado e libera o fator de liberação de

corticotropina (CRF), que é liberado no Sistema Porta-Hipotalâmico-Hipofisário, ativa

as células corticotróficas da hipófise anterior, promovendo a liberação do hormônio

adrenocorticotrófico (ACTH). Este atua na camada intermediária do córtex adrenal, a

zona fasciculada, promovendo a secreção de glicocorticóides (Selye, 1993; Guyton e

Hall, 1996; Sapolsky, 2000). Por outro lado, a porção medular das adrenais faz parte

da divisão simpática do Sistema Nervoso Autônomo, e libera adrenalina e

noradrenalina na corrente sangüínea as quais são responsáveis pela rápida resposta

neurovegetativa ao estressor.

1. 2. 1. EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-ADRENAL

A ativação do eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenocortical (HHA) culmina com a

liberação do cortisol, também conhecido como hidrocortisona, responsável por 90% de

toda a atividade dos glicocorticóides em humanos. Esse hormônio é classificado como

esteróide (Guyton e Hall, 1996) e tem como efeito metabólico mais bem conhecido sua

capacidade de estimular a gliconeogênese pelo fígado, além de promover a diminuição

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5

da taxa de utilização da glicose pela maioria dos tecidos. Ademais, o cortisol reduz as

reservas de proteínas em todos os tecidos, exceto no fígado, além de favorecer o

metabolismo de gorduras (Guyton e Hall, 1996; Smyth et al, 1997). Outros efeitos do

cortisol estão associados com a adrenalina, noradrenalina, serotonina, endorfinas,

esteróides gonadais entre outros, e consistem no aumento da entrada de oxigênio nos

tecidos, diminuição do fluxo sangüíneo nos sistemas gastrointestinal e reprodutivo,

diminuição da digestão, do crescimento, da resposta imune, da função reprodutiva e da

percepção dolorosa, além de influenciar o mecanismo de consolidação da memória

(Nelson, 2000). Essas respostas são dependentes da concentração do hormônio, como

também da presença de receptores específicos para o cortisol (Gratsias et al, 2000).

Ademais, Bassett, Marshall e Spillane, (1987) e Jones, Rollman e Brooke (1997),

apontam os fatores ambientais, emocionais, cognitivos, sociais, biológicos e

individuais como influentes na resposta fisiológica a um mecanismo estressor.

Juntamente com a ativação do eixo HHA, a ativação da resposta autonômica

consiste outro importante mecanismo que medeia à resposta ao estresse (Selye, 1993).

1. 2. 2. RESPOSTA AUTONÔMICA DO ESTRESSE

O Sistema Nervoso Autônomo (SNA) é ativado por centros localizados na

medula espinhal, no tronco cerebral e no hipotálamo. Os sinais eferentes autonômicos

são transmitidos por meio de duas principais divisões anatômicas chamadas de

Simpática e Parassimpática. De acordo com Guyton e Hall (1997), a resposta

simpática é do tipo descarga em massa e generalizada, diferente daquela do

parassimpática, que é mais específica e localizada. A presença de um agente estressor

(medo ou dor intensa) leva a ativação do hipotálamo e a liberação de adrenalina e

noradrenalina que aumentam a freqüência cardíaca, elevam a pressão arterial e

aumentam a velocidade de circulação sanguínea para os músculos, como também

ativam o Sistema Nervoso Central (SNC) (Selye, 1993; Mendelson e McEwen, 1993 e

Guyton e Hall, 1997). De acordo com Carlson (1994) e Guyton e Hall (1997), a

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ativação em longo prazo da resposta autonômica contribui para o surgimento de várias

desordens fisiológicas.

No que diz respeito a resposta hemodinâmica, Tan, Gan e Knuepfer (2003)

sugerem que o perfil hemodinâmico de humanos diante de um estressor agudo é

bastante variado, com alguns indivíduos respondendo com um aumento na resistência

vascular sistêmica, e outros apresentando um aumento no rendimento cardíaco.

Segundo Guyton e Hall (1997), essa resposta está associada às concentrações de

epinefrina e norepinefrina liberadas, já que enquanto a norepinefrina causa

vasoconstricção em essencialmente todos os vasos do corpo, favorecendo o aumento

da resistência vascular periférica e aumento da pressão arterial, a epinefrina atuando

nos receptores beta do coração, tem um efeito mais significativo no débito cardíaco.

Adicionalmente, Everson et al (1996) e Markovitz et al (1998) observaram que

os indivíduos com maiores escores na pressão arterial, quando submetidos a

estressores psicosociais, tinham maior susceptibilidade para hipertensão arterial.

Fredirikson & Malthews (1990) sugerem que indivíduos com níveis de pressão arterial

limítrofes e submetidos a condições estressantes, apresentam uma maior predisposição

ao aumento de pressão. Ademais, Miller (1992) verificou que descendentes de

hipertensos são mais reativos a estressores, tornando-se mais susceptíveis a

desenvolverem desordens cardiovasculares e outras alterações de caráter

psicossomático como patologias dolorosas crônicas, que podem vir a comprometer a

qualidade de vida desses indivíduos. Assim, a resposta fisiológica de um indivíduo a

estressores físicos e psicológicos influencia o funcionamento do sistema

cardiovascular.

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1. 3. PERCEPÇÃO DO ESTRESSOR: POSSÍVEIS INFLUÊNCIAS

De acordo com Guerra et al (2001), as características pessoais do indivíduo

como gênero, idade, traços de personalidade, situação social, bem como

características, genéticas, parentais e sócio-familiares, são possíveis moduladores da

resposta fisiológica a estressores (físico e psicológico). Nesse sentido, Carlson (1994)

e MaCafadden (1999) sugerem que as diferenças de temperamento ou a experiência

com uma situação particular influenciam também o grau de reatividade do indivíduo

ao estressor, se severo ou não; sendo nesse caso, a percepção individual um fator

predominante.

Além dos fatores citados, uma variável importante que determinará se um

estímulo aversivo causará uma reação de estresse de diferente magnitude é o grau de

controle que o indivíduo tem sobre a situação. Carlson (1994) sugere que situações que

permitam um menor nível de controle são menos prováveis de produzirem sinais de

estresse que aquelas cujo controle é nulo ou inexistente. Ademais, Sapolsky (1994)

aponta a previsibilidade como um fator modulador dessa resposta, ou seja, a

possibilidade de prever um possível estressor pode favorecer o controle do indivíduo

sobre a situação estressora, influenciando, portanto, a resposta do estresse, cujos

efeitos deletérios podem ser minimizados.

De acordo com Heim, Ehler e Hellhammer (2000), o gênero é um fator a ser

considerado quando da avaliação de reatividade. O sexo masculino apresenta uma

melhor habilidade na resolução de uma situação ameaçadora imediata, enquanto que as

mulheres elaboram por mais tempo essa resposta. Esse fato parece ser apoiado pelos

achados de Powell et al (2002) que verificaram um maior índice de queixas

relacionadas à condição estressante como dores musculoesqueléticas crônicas,

exaustão, tensão e depressão entre as mulheres. Barros e Nahas (2001) avaliando a

prevalência de comportamentos de risco (uso de fumo e álcool, inatividade física e

baixo consumo de frutas e verduras), percepção de estresse e auto-avaliação do nível

de saúde, também apontaram as mulheres como o gênero com maior percepção de

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estresse, através da escala de 4 pontos de Likert (1: raramente estressado, 2: às vezes

estressado, 3: quase sempre estressado e 4: excessivamente estressado). Os autores

acreditam que a dupla jornada de trabalho (trabalho e obrigações domésticas)

verificada entre as mulheres atualmente pode estar associada a essas queixas. Entre os

homens, o estudo mostrou que o grau de percepção de estresse foi inversamente

proporcional à prática de atividade física. Todavia, a percepção de níveis elevados de

estresse foi diretamente proporcional à percepção negativa da condição de saúde, o

que foi semelhante entre os gêneros.

1. 3. 1. GÊNERO

Segundo Kudielka, Hellhammer e Kirschbaum (2000), homens e mulheres

apresentam diferentes estratégias de enfrentamento associadas ao estresse. Homens

utilizam instrumentos ou estratégias orientadas ao problema enquanto as mulheres

fazem uso de soluções com maior foco emocional. No que diz respeito ao caráter

hemodinâmico da resposta ao estresse, os autores citam a meta-análise realizada por

Stoney et al (1987) e o estudo de Allen et al (1993), que mostraram maiores níveis de

freqüência cardíaca entre as mulheres na condição de repouso. Em situações de

desafio, os homens apresentaram maiores variações de pressão sistólica, enquanto que

as mulheres responderam com mudanças mais acentuadas nos valores de freqüência

cardíaca.

Estudo longitudinal de Kapuku et al (1999) usando uma população de

indivíduos jovens (entre 10 e 19 anos) submetidos a avaliações antropométrica e

hemodinâmica (em repouso, sob estresse agudo e após cessação do estímulo) através

de um dispositivo fixado ao braço dominante avaliando fatores de risco a doenças

cardiovasculares na juventude, não verificaram diferença entre gêneros quanto à

pressão arterial sistólica. Grossman et al (2001) compararam um grupo de indivíduos

com desordem de ansiedade social com indivíduos sem traços de ansiedade, com perfil

de idade, gênero, índice de massa corpórea (IMC), presença de hipertensão e uso de

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drogas cardioativas semelhante e, que foram solicitados a falar em público (estímulo

estressor). Foi verificado que as mulheres com desordem de ansiedade apresentaram

maiores índices de pressão arterial e freqüência cardíaca em resposta ao mecanismo

estressor que os homens, na mesma condição e que os indivíduos sem traço de

ansiedade.

Vale ressaltar que entre as mulheres, uma variável a ser considerada é a fase do

ciclo reprodutivo, já que as flutuações hormonais características das fases: folicular e

luteal estão associadas à variação na percepção de mecanismos estressores. Acredita-

se que os esteróides sexuais, particularmente o estradiol, tem efeito sobre a atividade

cardíaca, visto que mulheres menopausadas apresentam um aumento na

responsividade cardiovascular e um maior risco de morbidade e mortalidade por

doença arterial coronariana (Kirschbaum et al, 1999; Kudielka, Hellhammer e

Kirschbaum, 2000). Nesse sentido, Deane et al (2002) dosaram os níveis urinários de

hormônios do estresse em enfermeiros de ambos os sexos em diferentes idades e

verificaram um aumento nos níveis de cortisol, adrenalina e noradrenalina, com as

mulheres menopausadas apresentando níveis mais baixos desses hormônios que

homens na mesma faixa etária. Mulheres na pós-menopausa, sob tratamento de

reposição hormonal, apresentaram níveis mais baixos dos hormônios investigados.

Alguns estudos mostram que os estrógenos parecem representar um fator de proteção

contra desordens relacionadas ao estresse, já que reduzem a atividade da porção

simpática do Sistema Nervoso Autônomo e a secreção de cortisol pelas glândulas

adrenais (Kirschbaum et al, 1999; Seeman et al, 2001; Deane et al. 2002; Tsigos e

Chrousos, 2002).

Nesse aspecto, além dos fatores citados, o traço e o estado de ansiedade de um

indivíduo, como também sua condição de humor, podem influenciar os mecanismos de

percepção e resposta frente a um mecanismo estressor (MacFadden, 1999; Lipp, 2001;

Carrilo et al, 2001).

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1. 3. 2. ESTADO DE HUMOR: O TRAÇO DE ANSIEDADE E O ESTADO DE

ANSIEDADE

Lipp (2001) cita Lazarus (1966) ao dizer que a fonte de tensão do organismo

pode ser de origem externa, como a exigência de algo ou de alguém, ou origem

interna, como a autodemanda ou autocobrança. Com relação aos fatores internos,

MacFadden (1999) e Lipp (2001) sugerem alguns estados emocionais como geradores

de estados tensionais, tais como um transtorno de ansiedade, já que o indivíduo tende a

ver o mundo de modo ameaçador. Assim, o que para alguns é apenas um desafio, para

um indivíduo ansioso parece uma grande batalha sendo, portanto, mais susceptível às

respostas deletérias do estresse.

Com relação a esse aspecto, Carrilo et al (2001) utilizando um estressor

psicológico como falar em público avaliou a resposta hemodinâmica de homens e

mulheres, bem como a influência dos estados de ansiedade e humor (hostilidade,

agressividade, tensão, depressão, vigor, fadiga) nessas respostas. As condições de

ansiedade e humor foram positivamente correlacionadas com o aumento dos

batimentos cardíacos em todas as fases do estudo (pré-teste, teste e pós-teste) apenas

no sexo feminino, ou seja, mulheres ansiosas e em estado de humor negativo,

apresentaram maiores valores de batimentos cardíacos antes, durante a aplicação do

estressor, como também após cessação do estímulo.

Semelhantemente, Grossman et al (2001) estudando a disfunção autonômica em

pacientes ansiosos, verificou uma diferença na regulação autonômica da resposta

cardíaca em indivíduos ansiosos quando comparados com sujeitos saudáveis. Foi visto

ainda que 50% dos indivíduos com características ansiosas exibiram valores

compatíveis com indicativo para o aumento do risco de mortalidade por alterações

cardiovasculares.

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Lipp (2001) aponta fatores externos, a exigência de algo ou de alguém, como

provável fonte de tensão do organismo. Dentro dessa abordagem, algumas profissões

como bancários, motoristas de ônibus, plantonistas, dentistas, operadores de táxi aéreo,

entre outros, submetem os indivíduos a altas demandas de trabalho, baixas

remunerações e pouca influência sobre as decisões dos postos de trabalho. Esses

fatores podem estar associados com estados de insatisfação podendo facilitar o

surgimento de desordens psicofísicas fazendo, portanto do ambiente de trabalho um

possível mecanismo estressor (Lipp, 1984; Lundberg et al, 1999; Van der Ploeg,

Dorresteijn e Kleber, 2003).

1. 4. AMBIENTE DE TRABALHO: POSSÍVEL MECANISMO ESTRESSOR?

No que diz respeito à relação entre o ambiente de trabalho e a resposta ao

estresse, sugere-se que as exigências diárias enfrentadas pelos indivíduos que

desempenham as mais diversas funções, tais como problemas de trabalho, perda de

posição na empresa, não concessão de um objetivo de trabalho, perda de dinheiro ou

dificuldades econômicas, risco de desemprego, dentre outras, podem ser classificados

como mecanismos estressores externos (Lipp, 1984). Segundo Kyriacow e Sutcliffe

(1981), o estresse ocupacional pode ser definido como um estado emocional

desagradável associado à tensão, frustração, ansiedade, exaustão emocional decorrente

de alguns aspectos do ambiente de trabalho que são caracterizados pelos sujeitos como

ameaçadores.

Estudo de Rodrigues e Gasparini (1992) mostrou que preocupações acerca da

saúde do trabalhador remontam à época da revolução industrial. Todavia, desde essa

época até os dias atuais, existe uma preocupação quanto à regulamentação da higiene

das condições de trabalho, como se apenas os agentes físicos fossem os responsáveis

pelos distúrbios de saúde dos indivíduos, excluindo o trabalho, enquanto forma de

organização, como um possível potencializador dessas desordens (Pitta apud

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Rodrigues e Gasparini, 1992). Nesse contexto, o modelo teórico de Karasek, que

enfoca o par demanda-latitude de decisão, ou seja, situação de trabalho com alta

demanda e baixa latitude de decisão, levam ao esgotamento dos trabalhadores. Por

outro lado, o contrário leva a menor taxas de esgotamento (Jones e Fletcher apud

Palácios, Duarte e Câmara, 2002). A relação carga de trabalho e influência sobre as

decisões do cargo (condições físicas e psicossocial do trabalho) foi investigada por

Lundberg et al (1999), e Van der Ploeg, Dorresteijn e Kleber (2003), que verificaram

um efeito negativo de estressores crônicos (intensas jornadas de trabalho e baixa

influência quanto decisões do cargo), sobre a saúde física e mental dos trabalhadores

pelo relato de queixas associadas à fadiga, absenteísmo e exaustão.

Para Lundberg et al (1999), trabalhadores de linhas de montagem, caixas de

supermercados, entre outras, são populações susceptíveis a desordens corporais de

natureza musculoesqueléticas, devido a grande pressão imposta pelo trabalho, a

limitada influência sobre as tarefas a serem executadas e a participação em tarefas

repetitivas de curta duração, que são determinantes para o surgimento dessas

desordens e considerados estressores físicos e psicossociais.

Bishop et al (2003) em estudo com oficiais de polícia de Singapura

investigaram a relação entre a percepção do ambiente de trabalho como potencial

estressor com traços de personalidade e a variação na resposta cardiovascular (pressão

arterial e batimentos cardíacos). Foi observada uma relação entre a percepção da alta

demanda de trabalho, a baixa influência dos funcionários sobre as atividades

desenvolvidas e a freqüência de batimentos cardíacos, ou seja, a maior percepção e a

menor influência nas atividades levaram a um aumento na freqüência cardíaca.

Todavia, não foi observada relação entre a pressão arterial sistólica e pressão arterial

média e as condições mencionadas. Sugere-se que a relação evidenciada pode servir

como um fator identificador de futuros acometimentos à saúde.

Estudo realizado com caixa de supermercado do sexo feminino (Lundberg et al,

1999), investigou a influência do estresse psicológico e físico, em mulheres com

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sintomas musculoesqueléticos através da dosagem de cortisol, adrenalina e

noradrenalina, e pela avaliação da tensão muscular. Foi visto um aumento na pressão

arterial sistólica e diastólica, batimentos cardíacos, níveis de adrenalina e

noradrenalina em coletas realizadas duas horas antes do encerramento do dia de

trabalho, sugerindo que os indivíduos estão sujeitos a estresse físico e mental. As

voluntárias relataram maior sensação de estresse, tensão muscular e exaustão após a

rotina de trabalho. Os níveis de cortisol salivar não apresentaram variação significativa

durante as duas coletas realizadas ao longo do dia de trabalho (duas horas após o início

e duas horas antes do fim da jornada de trabalho), sugerindo uma adaptação aos

estressores presentes na rotina diária de trabalho, o que justificaria a não variação nos

níveis de cortisol.

Ademais, Rocha et al. (2002) avaliaram tipos de estresse ocupacional que

ocasionam variação de pressão arterial e freqüência cardíaca em trabalhadores do sexo

masculino de uma indústria processadora de madeira. Indivíduos do setor de produção

submetidos a ruídos de 81 a 93 dB, variação de temperatura ambiental (de 24 a 48ºC) e

esforço físico moderado apresentaram maior variação na pressão arterial e freqüência

cardíaca que trabalhadores do setor administrativo (ruídos em torno de 60 dB,

temperatura ambiente entre 22 e 24ºC e esforço físico leve), sugerindo que o ambiente

de trabalho deve ser levado em consideração na avaliação da pressão arterial dos

indivíduos e, que o estresse ambiental crônico pode ser mais um fator na gênese da

hipertensão arterial.

Ao considerarmos o estresse como preditor na ocorrência de patologias surge o

interesse na busca de alternativas que venham minimizar ou de preferência debelar

essa propensão e, dessa forma melhorar a qualidade de vida de indivíduos que

corriqueiramente são submetidos a mecanismos estressores.

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1. 5. RELAXAMENTO COMO AGENTE REDUTOR DOS EFEITOS

DELETÉRIOS DO ESTRESSE

Para Stoyva e Carlson (1993), as técnicas de relaxamento consistem nas

melhores formas não farmacológica no tratamento de desordens relacionadas ao

estresse. Segundo os autores, o relaxamento atuaria como um redutor da resposta ao

estresse, por modular a intensidade dessa resposta, ou ainda por auxiliar no retorno ao

estado fisiológico basal após a cessação do estímulo estressor. Assim, várias técnicas

vêm sendo sugeridas, de acordo com as diferentes tradições culturais e intelectuais,

como o objetivo de diminuir os sintomas relacionados ao estresse como a insônia, as

dores de cabeça, a hipertensão e a ansiedade crônica. Dentre essas técnicas algumas

apresentam destaque como o relaxamento progressivo de Jacobson, o treino

autogênico, o feedback EMG, a meditação transcendental modificada de Benson e o

Watsu.

O Watsu foi criado por Harold Dull em 1980, sendo uma técnica que se

encontra em ascensão no Brasil. A técnica tem como objetivo promover o relaxamento

e o bem-estar a indivíduos que necessariamente não apresentam distúrbios físicos e

psicológicos. Os movimentos utilizados pela técnica são baseados nos procedimentos

do Shiatsu Zen, e consistem de alongamentos passivos, da mobilização de articulações,

bem como da utilização de pressão em acupontos (pontos de pressão e equilíbrio

energético), que tem como finalidade o equilíbrio energético do indivíduo (Dull,

2001). A técnica Watsu é realizada em piscina coberta e aquecida (34ºC), na qual o

receptor, em flutuação, é submetido a movimentos executados pelo terapeuta.

Utilizando-se de movimentos respiratórios, articulares, massagens e alongamentos, a

técnica se propõe a diminuir a tensão muscular, aumentar a amplitude do movimento,

diminuir a dor, aumentar a circulação periférica, melhorar a respiração e a postura

corporal, normalizar o tônus muscular, reduzir o estresse e a ansiedade, facilitar a

conscientização corporal, melhorar a qualidade do sono, além de melhorar o estado

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motivacional do indivíduo, diminuindo a sensação de fadiga corporal

(Georgeakopoulos, 1996). Apesar de ter sido criado como uma técnica de massagem

para a promoção do bem-estar, o Watsu vem sendo difundido e utilizado por vários

terapeutas com o objetivo de proporcionar a melhora de quadros clínicos de pacientes

com distúrbios musculoesqueléticos e neuromusculares. Apesar da expansão quanto ao

seu uso, o Watsu não apresenta bibliografia de acesso e seus resultados, mesmo

favoráveis, são empíricos (Dull, 2001).

Dull (2001) refere à técnica Watsu como a primeira objetivando facilitar o

equilíbrio do indivíduo de maneira global, diferenciando-se das demais abordagens,

que muitas vezes isolam e tratam os segmentos corporais e não o indivíduo como um

todo. Esse fato influenciou o interesse de utilizar o Watsu como um regulador da

resposta fisiológica ao estresse, particularmente ao estresse laboral. Essa influência foi

avaliada através de mecanismos autonômicos pela investigação de variáveis

hemodinâmicas (freqüência cardíaca, freqüência respiratória e pressão arterial) e

avaliação do traço e estado de ansiedade de homens e mulheres operadores de caixa

em uma rede de supermercados da cidade de Natal, RN.

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2. OBJETIVO

2. 1. Objetivo Geral

Investigar o perfil de parâmetros fisiológicos (pressão arterial, freqüência

cardíaca e freqüência respiratória) de homens e mulheres em condição de estresse

laboral submetidos à técnica Watsu.

2. 2. Objetivos Específicos

Comparar a resposta das variáveis fisiológicas (pressão arterial, freqüência

cardíaca e freqüência respiratória) de homens e mulheres operadores de caixa de

supermercado submetidas à técnica Watsu.

Investigar a relação entre os valores das variáveis fisiológicas investigadas e as

fases do ciclo ovariano (folicular e luteal) das mulheres operadoras de caixa e

submetidas à técnica Watsu.

Analisar a relação entre os níveis das variáveis fisiológicas (pressão arterial,

freqüência cardíaca e freqüência respiratória) com a percepção do estresse, o estado de

humor e o traço e o estado de ansiedade apresentados pelos voluntários.

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HIPÓTESE 1

Os parâmetros fisiológicos (pressão arterial, freqüência cardíaca e freqüência

respiratória) de homens e mulheres serão influenciados pela técnica Watsu.

PREDIÇÃO 1

Os valores de pressão arterial, freqüência cardíaca e freqüência respiratória de

homens e mulheres se apresentarão menores após a aplicação da técnica Watsu, tendo

em vista que a técnica promove relaxamento.

HIPÓTESE 2

As fases do ciclo ovariano influenciarão os parâmetros fisiológicos e a

responsividade à técnica Watsu em mulheres sob condição de estresse laboral.

PREDIÇÃO 2

A fase lútea do ciclo ovulatório, caracterizada por menores concentrações de

estrógeno, levará a diminuição nos níveis de pressão arterial, freqüência cardíaca e

freqüência respiratória em resposta à técnica.

HIPÓTESE 3

A responsividade dos voluntários à técnica Watsu, avaliadas pelos parâmetros

fisiológicos é influenciada pelos estados de ansiedade e humor.

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PREDIÇÃO 3

Indivíduos com maiores escores na percepção do estresse e cujos traços de

ansiedade e humor são negativos, apresentarão uma diminuição nos parâmetros

fisiológicos (pressão arterial, freqüência cardíaca, freqüência respiratória) após

aplicação da técnica.

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3. MATERIAL E MÉTODO

3. 1. Caracterização da Pesquisa

A pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética para Pesquisa em Seres Humanos da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, apresenta um caráter experimental e

teve como população homens e mulheres em idade reprodutiva que exercem a função

de operadores de caixa, no período matutino, das 06:00 às 14:00 hs, numa rede de

supermercados no município de Natal, Rio Grande do Norte.

3. 2. Sujeitos

Foram avaliados 7 sujeitos, 3 mulheres e 4 homens, com idade entre 20 a 35

anos. A participação no projeto de pesquisa foi de caráter voluntário, e para tal, os

indivíduos assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido concordando com

sua inclusão (ANEXO1). Após a aceitação, cada voluntário preencheu um Inventário

de Identificação que constou de informações gerais (ANEXO 2). Os dados obtidos

nesses protocolos formaram um banco de dados que serviu para a seleção dos

voluntários mediante os seguintes critérios: não fazer uso de contraceptivo e de

medicamentos ansiolíticos, apresentar ciclo menstrual regular, não se encontrarem em

período gravídico e não apresentarem história de doenças crônico-degenerativa. Os

indivíduos que se enquadraram nesses critérios, passaram para a etapa seguinte do

experimento, sendo as mulheres submetidas ao monitoramento do ciclo ovariano.

3. 3. Monitoramento do Ciclo Ovariano

O ciclo ovariano das voluntárias foi monitorizado ao longo de três meses

consecutivos, o que possibilitou a definição da duração média do ciclo. Esse

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monitoramento foi realizado pelo preenchimento diário de uma ficha de controle do

ciclo ovulatório, através da avaliação do muco vaginal (cheiro, cor e viscosidade) pelo

Método de Billings e da temperatura oral através da Regra da Variação Térmica

(ANEXO 3). Esses métodos estão enquadrados nos Métodos Contraceptivos,

caracterizados como de abstinência sexual periódica, onde estão também inclusos o

Método Rítmico e o Método Sintotérmico. O método de Billings baseia-se na

ocorrência de modificações cíclicas no muco cervical, através dos quais as mulheres

podem observar se estão no período fértil. Quando na fase ovulatória do ciclo

reprodutivo, ocorre um aumento da quantidade no muco cervical, o qual fica filante e

transparente, assemelhando-se à clara de ovo, como resultado da influência do

estrógeno, que se encontra em maiores concentrações nessa fase do ciclo, nas

características do muco; as quais favorecem o acesso do espermatozóide ao óvulo,

facilitando a fertilização. A Regra da Variação Térmica é caracterizada por um

aumento da temperatura basal (0.3 – 0.8ºC), após a fase ovulatória do ciclo

reprodutivo, devido à ação da progesterona no centro regulador do hipotálamo, que

encontra-se em concentrações mais elevadas durante a fase mais elevada durante a

fase lútea do ciclo reprodutivo. Após os 3 meses de monitoramento, as mulheres com

ciclos ovulatórios regulares, ou seja, com duração entre 28 e 31 dias foram

selecionadas para participar do experimento.

As fases do ciclo ovulatório foram caracterizadas como se segue: a) caso o ciclo

ovariano da voluntária fosse de 28 dias, o dia 14 (representado no esquema abaixo pela

cor azul) equivale ao dia da ovulação, podendo-se considerar ainda os dias 13 e 15

nessa fase. Os dias 26, 27 e 28 do ciclo correspondem à fase pré-menstrual

(representados no esquema pela cor lilás), já os dias 1, 2, 3, 4 e 5 equivalem ao período

menstrual (representados pela cor vermelha), os dias 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12, equivalem

a fase folicular (representados pela cor verde), enquanto os dias 16, 17, 18 ,19, 20, 21,

22, 23, 24 e 25 correspondem a fase luteal do ciclo ovulatório (representados pela cor

preta).

1 2 3 4 5 - 6 7 8 9 10 11 12 - 13 14 15 - 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 - 26 27 28

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Essa classificação foi baseada no método da tabela de Ogino_Knauss

(tabelinha), também enquadrada como método de Abstinência Sexual Periódica (ABC

da Saúde, 2001).

3. 2. 1 . Caracterização do Grupo Controle e do Grupo Experimental

Os sete indivíduos selecionados foram submetidos às três etapas do estudo

(grupos dependentes), que consistiu na: Fase 1 de obtenção da medida basal (controle

1), na Fase 2 de imersão na água (controle 2), e Fase 3 da aplicação da técnica Watsu

(fase experimental). Antes da realização da coleta de dados, os indivíduos receberam

uma cartilha com orientações sobre os procedimentos a serem tomados nos dias

anteriores à coleta, como também do dia de coleta de dados, ou seja, na fase

experimental (ANEXO 4).

3. 3. Experimento

3. 3. 1. Local

O procedimento experimental foi realizado em uma clínica na cidade de Natal,

em piscina coberta e aquecida. A piscina utilizada tinha 8m de comprimento, 4m de

largura, 1 m e 40 cm de profundidade, bordas regulares e escada de alumínio, estando

localizada em ambiente totalmente fechado. A cobertura era de telhas de zinco e o

aquecimento foi realizado através de sistema de aquecimento a gás, com a temperatura

mantida entre 34 e 35ºC. O ambiente era pouco iluminado durante as sessões, que

foram acompanhadas de música suave. As coletas de dados foram realizadas no

período vespertino.

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22

3. 3. 2. Parâmetros Fisiológicos Basais

Ao chegarem à clínica, os voluntários ficaram em repouso por 15 minutos em

sala reservada, sendo em seguida feita a avaliação da freqüência cardíaca (FC), pela

pulsação da artéria radial do membro superior esquerdo, e das pressões arteriais

sistólica e diastólica (PAS e PAD, respectivamente) através de um tensiômetro e

esfignomanômetro, fixado no braço direito dos sujeitos, além da verificação da

freqüência respiratória. Os indivíduos foram avaliados na posição supina, em uma

maca localizada em ambiente fechado, com temperatura ambiente e bem iluminada.

Todos os parâmetros foram coletados por uma aluna colaboradora do estudo. Entre as

mulheres, a coleta de dados foi realizada em 2 ciclos ovarianos, sendo avaliadas as

fases folicular e luteal de cada ciclo, ou seja, 2 fases foliculares e 2 fases luteais para

cada voluntária. Para os homens, foram realizadas duas coletas em cada fase do

experimento. O dia da coleta foi definido previamente, tendo como base às

informações obtidas através do protocolo de monitoramento do ciclo menstrual, bem

como sua disponibilidade. Para os homens, cada fase do experimento constou de duas

coletas.

3. 3. 3. Parâmetros Fisiológicos Após Período de Imersão em Água Quente

Para assegurar a qualidade dos dados coletados, os voluntários foram

solicitados a comparecer a clínica e permanecerem imersos por 50 minutos na piscina

aquecida com o experimentador (duração média da sessão de Watsu), mas sem a

aplicação da técnica Watsu. Antes da imersão, foram avaliadas a pressão arterial, a

freqüência cardíaca e a freqüência respiratória, que foram reavaliadas após a saída dos

voluntários da piscina.

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3. 3. 4. Parâmetros Fisiológicos Associados à Aplicação da Técnica Watsu

Os voluntários retornaram posteriormente à clínica para realização da Fase 3 do

experimento, com à aplicação da técnica Watsu. Nessa fase, os indivíduos foram

submetidos à coleta dos parâmetros fisiológicos (pressão arterial, freqüência cardíaca,

freqüência respiratória) antes e após a aplicação da técnica realizada por um

fisioterapeuta treinado, em piscina com temperatura aquecida (34ºC). Os voluntários

foram testados individualmente. Cada sessão durou em média 50 minutos, sendo os 15

minutos iniciais utilizados para a realização de movimentos básicos, seguidos de 30

minutos de movimentos complexos: 15 minutos para o lado direito, 15 minutos para o

lado esquerdo e 5 minutos final para a conclusão da sessão. Cada movimento foi

repetido em média duas vezes.

Os movimentos básicos consistem de:

� Começando na parede: É a posição inicial da sessão de Watsu, onde se

orienta o paciente para encontrar a posição mais confortável apoiando

suas costas contra a parede, pernas com base alargada e concentração na

retificação de sua coluna. Deve-se sentir o suporte proporcionado pela

parede. O local de início da sessão deve ser o mesmo do término, quando

o paciente sente o suporte da parede em suas costas novamente

(FIGURA 1).

� Entregando-se à água: O terapeuta fica de pé na frente do paciente sem

tocá-lo, ambos com as pernas semiflexionadas e o tronco imerso até

aproximadamente o ombro. Nessa fase, o paciente é instruído a regular a

inspiração e a expiração com a flutuação corporal, onde, quando inspira

deixa o corpo subir na água e quando expira, deixa o corpo afundar na

água até o queixo.

� Dança da respiração na água: Após entregar-se a água, o terapeuta pega

o paciente, colocando-o deitado em seus braços na posição supina, de

forma que o braço direito do terapeuta fique embaixo do sacro do

paciente e o braço esquerdo sustentando o pescoço; ambos os braços do

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terapeuta ficam em posição de pronação. O paciente é instruído a fechar

os olhos, de preferência. Em seguida, o terapeuta submerso na água até

aproximadamente o ombro, regula sua respiração com a do paciente, de

forma que durante a inspiração, tanto o terapeuta como o paciente suba

na água e na expiração afundem (FIGURA 2).

� Sanfona: Continuando com a mesma posição do exercício anterior, o

terapeuta realiza a flexão dos joelhos e dos quadris do paciente durante a

inspiração e a extensão de quadris e joelhos durante a expiração

(FIGURA 3).

� Sanfona rotatória: Continuando com o movimento descrito

anteriormente, o terapeuta nesse momento realiza, no momento da

inspiração, a flexão de joelhos e quadris, juntamente com rotação interna

da perna direita e externa da perna esquerda do paciente, fazendo com

que os membros inferiores sigam em direção á esquerda e o tronco

realize uma leve rotação para a esquerda, de forma que o paciente se

afaste do terapeuta. Durante a expiração, o movimento que ocorre é o

contrário, com extensão de quadris e joelhos, rotação externa do quadril

direito e interna do quadril esquerdo e rotação do tronco para o lado

direito, de forma que o paciente aproxime-se do terapeuta (FIGURA 4).

� Rotação com a perna próxima ao corpo: Durante a sanfona rotatória, na

fase de ida, ou seja, da inspiração, o terapeuta libera o membro inferior

esquerdo do paciente, fazendo o movimento de volta apenas com o

membro inferior direito. Em seguida, o terapeuta realiza os mesmos

movimentos descritos na sanfona rotatória, sendo dessa vez realizado

apenas com o membro inferior direito, ficando o esquerdo livre

(FIGURA 5A E 5B).

Os movimentos complexos consistem de:

� Captura: Dando seqüência ao movimento anteriormente descrito, durante

a fase de ida do membro inferior direito, o terapeuta busca o membro

superior esquerdo do paciente, deixando que a cabeça do paciente antes

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apoiada na dobra do cotovelo seja sustentada pela mão esquerda do

terapeuta (berço). Nesse momento, o terapeuta com o fluxo da água faz

com que o membro superior direito do paciente antes localizado atrás do

terapeuta passe para frente do seu tronco (FIGURA 6).

� Balanço de braço e perna: O mesmo movimento da rotação com a perna

próxima ao corpo é realizado, no entanto, dessa vez, a cabeça do

paciente encontra-se no berço (FIGURA 7A). A seqüência do

movimento consiste na colocação, pelo terapeuta, da cabeça do paciente

sobre o ombro esquerdo do terapeuta, de forma que o joelho esquerdo do

paciente seja sustentado pela mão esquerda do terapeuta e o ombro

direito do paciente seja sustentado pelo braço direito do terapeuta. Na

seqüência, são realizados os movimentos de flexão e rotação externa do

quadril esquerdo e flexão do joelho esquerdo, objetivando o alongamento

da musculatura posterior da coxa, bem como o da musculatura adutora.

No mesmo momento, realiza-se o alongamento da musculatura peitoral

do hemicorpo esquerdo, estando o ombro esquerdo do paciente em

abdução horizontal (FIGURA 7B).

� Torção: Na posição do exercício anterior, o terapeuta nesse momento

solta o ombro direito do paciente e com a sua mão esquerda sustenta o

joelho direito do paciente, logo, o terapeuta solta a mão direita do joelho

do paciente de forma que essa mão agora seja colocada sobre o ombro

direito do paciente. Nessa posição, o terapeuta alonga o músculo peitoral

do hemicorpo direito e com o braço esquerdo realiza a flexão de quadril

e joelho direito do paciente, juntamente com a rotação externa do

quadril, de forma que realize alongamento na musculatura póstero-lateral

de coxa, glúteo e tronco (hemicorpo direito) (FIGURA 8A E 8B).

� Joelho e cabeça: Na posição anterior, o terapeuta libera o ombro direito

do paciente, fazendo com que a cabeça do paciente deslize para a sua

dobra do cotovelo direito (FIGURA 9). Após essa posição, todos os

movimentos realizados, são repetidos do outro lado.

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� Movimento livre: Depois de realizado todos os movimentos do outro

lado, o terapeuta deixa o paciente na posição joelho e cabeça e com a

ajuda do fluxo da água, desliza seu braço direito para o sacro do

paciente, retornando a posição inicial.

� Volta à parede: Dando continuidade na posição anterior, lentamente o

terapeuta coloca o paciente de volta a parede, no local onde iniciou a

sessão.

3. 4. Avaliação da Percepção do Estresse, do Humor e da Ansiedade

Para a avaliação da percepção do estresse foi realizada no local de trabalho pela

utilização do Percived Stress Questionnaire (PSQ) (ANEXO 5), questionário

traduzido e validado por Costa e Costa (2004) como Questionário do Estresse

Percebido de Levenstein (QEPL), sendo aplicado na sua forma geral. O presente

instrumento é composto por 30 questões objetivas, que enfatizam particularmente as

percepções de caráter cognitivo que os estados emocionais ou eventos de vida

específicos (Levenstein et al, 1993).

Para a mensuração do estado de humor foi aplicado o instrumento POMS

(ANEXO 6), que foi aplicado em todos os dias de coleta de dados antes dos

voluntários serem submetidos às avaliações dos parâmetros fisiológicos. O

instrumento consta de 65 questões objetivas, nas quais os indivíduos sinalizam valores

em uma escala de 0 a 4, sendo o valor zero correspondente a ausência de sensação

dolorosa e 4, quando essa sensação foi extremamente desagradável. Os resultados

obtidos equivalem aos estados: vigor, fadiga, tensão, confusão, raiva e depressão

apresentados pelos voluntários.

A avaliação da Ansiedade Traço e Estado foi realizada pelo Inventário IDATE

aplicado por uma psicóloga no próprio local de trabalho dos sujeitos. O IDATE, ou

Inventário de Ansiedade Traço-Estado é um instrumento de pesquisa psicológica, de

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autoria de Spielberg, Gorsuch e Lushene (1967), que tem se mostrado útil na

investigação de dois conceitos distintos de ansiedade: a) estado de ansiedade (A-

estado) e o b) traço de ansiedade (A-traço). Esse instrumento avaliou a variabilidade

dos escores das escalas de Ansiedade Traço-Estado pela administração dos 2

inventários constituídos de 20 afirmações cada, que requerem dos sujeitos uma

indicação de como se sentem ao longo da sua vida, e como encontram-se no momento

em que é aplicado o teste.

4. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para análise dos parâmetros fisiológicos de homens e mulheres, utilizou-se a

análise descritiva através da média, do desvio padrão e dos valores mínimos e

máximos.

A análise estatística foi realizada através de testes não paraméticos utilizando-

se os Programas Statistica e SPSS. O teste Mann-Whitney (U) foi utilizado na

comparação das variáveis fisiológicas entre os homens e mulheres. O teste de

Wilcoxon (W) comparou cada grupo de sujeitos individualmente, com relação as

diferentes fases do experimento. O nível de significância utilizado foi igual ou menor

que 5% (p ≤ 0.05). Esses procedimentos foram utilizados para análise dos parâmetros

fisiológicos PAS, PAD, FC e FR, além da análise do estado de humor dos indivíduos

pela aplicação do POMS.

A análise dos escores do PEQL foi realizada através de estatística descritiva,

sendo mensurada a média, o desvio padrão e os valores mínimos e máximos.

A avaliação do Inventário de Ansiedade Traço e Estado (IDATE) foi realizada

pela psicóloga, através de análise percentílica sendo traçado o diagnóstico específico

para cada sujeito, de acordo com o percentual calculado para cada indivíduo. Os dados

foram apresentados de forma descritiva.

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5. RESULTADOS

5. 1. Parâmetros Fisiológicos e o Gênero

5. 1. 1. Comparação dos Parâmetros Dentro de cada Gênero

Os parâmetros fisiológicos (PAS, PAD, FC e FR) de ambos os sexos avaliados

durante a Fase 1 do experimento (condição basal) mostrou que os valores médios de

PAD e FR das mulheres foram semelhantes aqueles apresentados pelos homens, como

mostrado na Tabela 1.

Tabela 1. Estatísticas Descritivas para os Parâmetros Fisiológicos de Homens e Mulheres na Condição Basal

Parâmetros

Fisiológicos

Feminino Masculino U p

PAS 104.1± 7.92 118.75 ± 7.55 12,50 0,004

PAD 70.83 ± 7.92 75.00 ± 9.91 33,50 0,228

FC 77.58 ± 3.87 71.75 ± 14.95 14,00 0,009

FR 19.83 ± 2.58 16.62 ± 3.99 24,00 0,062

A avaliação desses parâmetros antes e após a imersão dos voluntários na água

(Fase 2) mostrou uma redução significativa apenas para os valores de PAS (W = 0.0,03 p

≤ 0.05) apresentado pelo sexo feminino após a imersão. Entre os homens, todos os

parâmetros fisiológicos analisados não variaram significativamente entre as duas

situações. A Figura 10 mostra os valores médios das variáveis de ambos os sexos.

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Com relação ao perfil dessas variáveis antes e após a aplicação do Watsu (Fase 3),

foi verificado um aumento significativo (W = 0.1, p ≤ 0.05) para a PAS e PAD nas

mulheres. Já os homens, não mostraram variação significativa para todos os parâmetros

fisiológicos como mostrado na Figura. 10.

Figura 10. Valores médios dos parâmetros fisiológicas de homens e mulheres antes e após a imersão em água aquecida e a aplicação da técnica Watsu. * p ≤ 0.05 para variação da PAS antes e após imersão em água no gênero feminino. * p ≤ 0.05 para variação da PAS e PAD antes e após aplicação da Técnica Watsu no grupo das mulheres.

5. 1. 2. Comparação dos Parâmetros Fisiológicos Entre os Gêneros

Foi verificado durante a fase basal (Fase 1) uma diferença significativa entre

homens e mulheres nos escores da pressão arterial sistólica (PAS) (U = 12.5, p ≤ 0.05) e

de freqüência cardíaca (FC) (U = 14.00, p ≤ 0,05). Os homens apresentaram valores mais

elevados de PAS e as mulheres maiores valores de FC como mostrado na Figura 11.

*

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Figura 11. Comparação dos parâmetros fisiológicos entre homens e mulheres na condição basal. * p ≤ 0.05 na comparação da PAS e FC entre homens e mulheres.

A análise realizada com os valores obtidos durante a condição de imersão na

água (Fase 2) não apontou diferença entre os sexos antes da imersão, no entanto após

a imersão, foi evidenciada uma variação significativa entre os gêneros para a PAS (U

= 24.00, ≤ p 0.05) e FC (U = 21,00, p ≤ 0.05). Nessa condição, a PAS dos homens não

apresentou variação, mas entre as mulheres foi verificada uma diminuição nesses

valores (Figura 12). Quanto a FC, foi evidenciada uma diminuição dos escores entre

os dois gêneros após a imersão com os homens apresentando os escores mais baixos.

A comparação dos parâmetros fisiológicos (PAS, PAD, FC e FR) entre os

gêneros antes e após aplicação da Técnica Watsu (Fase 3) mostrou que antes da

aplicação da técnica as PAS e PAD foram significativamente distintos entre homens e

mulheres, com os homens mostrando os valores mais elevados (U = 8.0, p ≤ 0. 05 e U

= 18.5, p ≤ 0.05, respectivamente). Na mensuração realizada após aplicação da técnica,

os escores PAS e PAD tenderam a aumentar no grupo das mulheres, já para o grupo

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dos homens não foi vista alteração desses parâmetros após a técnica. Quanto a FC, não

foi verificada diferença entre os sexos antes da aplicação da técnica. No entanto, após

a sessão de Watsu, os valores da FC variaram significativamente (U = 22.0, p ≤ 0.05)

entre os gêneros. O parâmetro FC apresentou-se com valores reduzidos após aplicação

da técnica para os dois gêneros, com os homens apresentando maior redução nesses

escores. Na Figura 12 observa-se a variação desses parâmetros.

Fig. 12: Variação dos parâmetros fisiológicos antes e após imersão em água e aplicação da técnica Watsu entre homens e mulheres. * p ≤ 0.05 entre homens e mulheres para PAS e FC após imersão em água.

5. 2. Perfil dos Parâmetros Fisiológicos nas Fases do Ciclo Ovariano

A comparação dos valores de PAS, PAD, FC e FR entre as fases folicular e

luteal durante a fase basal (Fase 1) não mostrou diferenças significativa entre as fases

(Figura 13).

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Figura 13. Valores Médios dos Parâmetros Fisiológicos nas fases: Folicular e Luteal do Ciclo Ovulatório das mulheres na Condição Basal.

Com relação à Fase 2, antes e após imersão em água, observou-se uma

diminuição significativa para a PAS e a FC na fase luteal (W = 5.0, p ≤ 0.05; W = 0.0,

p ≤ 0.05, respectivamente), como mostrado na Figura 14.

A análise das variáveis (PAS, PAD, FC e FR) em resposta à aplicação da

técnica Watsu (Fase 3) nas fases folicular e luteal mostrou um aumento significativo

(W = 0.0: p ≤ 0.05) para PAD e uma diminuição para FR (W = 0.0, p ≤ 0.05) na fase

luteal do experimento. Não foi verificada diferença nos valores de PAS e FC entre as

fases. Na Figura 14 pode-se evidenciar esses resultados.

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Fig. 14. Variação dos Parâmetros Fisiológicos Antes e Após Imersão em Água e Aplicação da Técnica Watsu Entre as Fases: Folicular e Luteal do Ciclo Ovulatório. * p ≤ 0.05 na variação da PAS e FC antes e após imersão em água com relação às fases do ciclo ovulatório. * p ≤ 0.05 na variação da PAD e FR antes e após aplicação da Técnica Watsu com relação às fases do ciclo ovulatório.

5. 3. Percepção do Estresse, Estado de Humor, Traço-Estado de Ansiedade

5. 3 .1. Percepção do Estresse de Homens e Mulheres pelo PEQL Geral

Os resultados apontaram as mulheres com valor médio mais elevado (ME ± DP:

0.65 ± 0.182) que os homens (ME ± DP: 0.54 ± 0.106), mostrando que o sexo

feminino está próximo do valor 1 que representa o maior índice de percepção do

estresse, enquanto que os homens apresentam escores intermediários entre zero (0) de

menor valor para a percepção de estresse e o escore “1”. A Tabela 2 mostra os valores

obtidos.

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Tabela 2. Estatística Descritiva para os Escores do PEQL Geral de Homens e Mulheres Gênero Média N Desvio Padrão Mínimo Máximo

Feminino 0,65 3 0,182 0,44 0,77

Masculino 0,54 4 0,106 0,44 0,69

5. 3. 2. Estado de Humor para Homens e Mulheres através do POMS

A comparação dos escores do Questionário de Humor (POMS) aplicados

durante todas as etapas da coleta entre homens e mulheres pela avaliação do estado de

vigor, fadiga, tensão, confusão, raiva e depressão, mostrou uma diferença significativa

entre os sexos para as condições de vigor (U = 173.0, p ≤ 0.05), com os homens

apresentando os maiores escores. As mulheres mostram os maiores escores de tensão

(U = 263.0, p ≤ 0.05), confusão (U = 206.0, p ≤ 0.05) e depressão (U = 215.5, p ≤

0.05) (Figura 15). Esses resultados sugerem que as mulheres apresentam

características mais negativas do humor quando comparadas ao grupo dos homens.

A avaliação dos estados de vigor, fadiga, tensão, confusão, raiva e depressão

entre as fases folicular e luteal do ciclo ovariano durante todas as etapas da coleta de

dados não mostrou diferença significativa, como pode ser evidenciado na Figura. 16.

5. 3. 3. Avaliação Individual da Ansiedade Traço-Estado pelo IDATE

De modo geral, foi verificado que homens e mulheres mostraram valores com

médios entre alto e moderado de ansiedade-traço. Entre os homens, observou-se uma

variação de ansiedade-traço com escore percentílico (P = 3) abaixo da média

normatílica brasileira (X = 40. 69). No que diz respeito ao sexo feminino, todos os

níveis para escala A-traço apresentam-se elevados, com níveis percentílicos variando

entre 73-81. Comparando-se as médias de A-traço com os resultados de escores em

A-estado entre homens e mulheres, encontraram-se diferenças significativas. Entre os

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homens, foi verificada uma tendência de aumento nos escores da escala A-estado em

relação à escala A-traço. Por outro lado, as mulheres apresentaram uma constância no

que se refere aos escores de A-estado relacionados à escala A-traço, como mostra o

Quadro1.

Figura 15. Avaliação do estado de humor entre homens e mulheres através do POMS. * p ≤ 0.05 na comparação do vigor, tensão, confusão e depressão entre homens e mulheres.

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Figura 16. Avaliação do Estado De Humor Entre as Fases Folicular e Luteal do Ciclo Ovulatório Através do POMS.

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Quadro 1. Escala Individual da Ansiedade de Traço-Estado para Homens e Mulheres.

Rede supermercado

Localização geográfica

Dados sócios demográficos dos

participantes

Resultado em Percentil A-Estado

Resultado em Percentil A-Traço

Nível de

A-Estado

Nível de

A-Traço

ALECRIM

Sujeito 1(masc). 22a Solteiro 2º G

P =56 P =97 Escore

A-estado pouco acima

da média

alto escore de A-traço

Sujeito 2 (masc). 26a Casado 2º G

P = 97 P = 93 alto escore de

A-estado

alto escore de A-traço

Sujeito 3 (masc). 37a Solteiro 2º G

P = 3 P = 3

escore de A-estado

muito abaixo da média

escore de A-traço muito

abaixo da média

IGAPÓ

Sujeito 4 (femin). 20a Solteira 2º G

P = 64 P = 73 alto escore de

A-estado

alto escore de A-traço

Sujeito 5 (femin). 22a Solteira 2º G

P = 61 P = 91

alto escore de

A-estado

alto escore de

A-traço

PETRÓPOLIS

Sujeito 6 (masc). 24ª

Solteiro 2º G

P = 56 P = 40

escore de A-estado

pouco acima da média

escore de A-traço em

torno da média

Sujeito 7 (femin). 27a Solteira 2º G

P = 20 P = 81

escore de A-estado

Abaixo da média

alto escore de A-traço

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6. DISCUSSÃO

6. 1. Parâmetros Fisiológicos e Gênero

6. 1. 1. Fase 1: Basal

A comparação da PAS e FC entre homens e mulheres mostrou que os primeiros

apresentaram maiores escores de PAS, enquanto as mulheres tiveram os valores mais

elevados de FC. Os resultados do presente estudo no que diz respeito à PAS são

semelhantes àqueles obtidos por Litschauer et al (1998) avaliando a resposta

cardiovascular e endócrina de 2 grupos de 15 mulheres na fase folicular e luteal do

ciclo ovariano e um grupo de 15 homens com relação a dois estressores. Os autores

encontraram os maiores escores de PAS nos homens comparado aos apresentados

pelas mulheres em ambas as fases do ciclo ovariano, na condição basal do

experimento. Semelhantemente Lawler, Wilcox e Anderson (1995) verificaram uma

diferença na PAS entre homens e mulheres (ciclos não monitorizados) em situação

basal, antes e após a aplicação de 3 estímulos estressores distintos. Os homens

apresentaram maior pressão arterial sistólica na situação basal, além de maior

reatividade aos estressores mensurados pelo aumento no rendimento cardíaco e na

pressão arterial sistólica, sugerindo uma maior reatividade miocárdica entre os

homens, tanto em condições basais quanto em resposta a estímulos estressores.

Já Kapuku et al (1999) em estudo longitudinal usando homens e mulheres

jovens de diferentes etnias na condição de repouso, sob estresse agudo e durante 24

horas após o teste, também verificaram diferenças na PAS entre homens e mulheres,

no entanto, essa diferença foi significativa apenas nos indivíduos de etnia negra, com

os homens negros apresentado maiores escores na PAS durante todas as fases do

experimento.

Apesar dos distintos métodos para avaliação dos parâmetros fisiológicos

utilizados nos estudos, os achados do presente estudo consolidam os resultados de

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Litschauer et al (1998) e Lawler, Wilcox e Anderson (1995) e em parte o trabalho de

Kapuku et al (1999), que apesar de encontrarem uma variação da PAS entre os

gêneros, apontou uma variação significativa apenas para os indivíduos de etnia negra,

sugerindo, portanto, uma influência da raça nesse parâmetro entre os gêneros, variável

que não foi investigada em nosso experimento.

Ademais, Reckelhoff (2001) sugere alguns fatores que parecem estar associados

aos maiores escores de PAS pelo sexo masculino quando comparados ao feminino na

mesma faixa etária (pré-menopausa). De acordo com o estudo, não existe diferença

entre os sexos na PAS na idade infantil, mas, na adolescência, os homens tendem a

apresentar maiores escores dessa variável. Possivelmente o hormônio testosterona tem

papel na regulação da pressão arterial, já que em mulheres com ovário policístico,

cujos níveis de testosterona são mais elevados, apresentam também elevação nos

níveis de PAS. Alguns autores apontam os estrógenos como fator de proteção contra

elevações da PAS e a predisposição a desordens cardiovasculares. Reckelhoff (2001)

avaliando estudos realizados com mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa sob

terapia de reposição hormonal, não encontrou diferença na PAS entre os dois grupos.

Foi sugerido que em mulheres na menopausa, os ovários tendem a aumentar a

liberação de andrógenos, apoiando a hipótese de que a testosterona parece exercer uma

forte influência no aumento nos valores de pressão arterial.

Essas considerações consolidam os achados do presente estudo que ao comparar

os parâmetros fisiológicos na condição basal de homens e mulheres identificou

diferença significativa entre os gêneros nos escores da PAS, sugerindo uma possível

influência dos andrógenos na atividade cardiovascular.

6.1.2. Fase 2: Imersão em Água

Durante a imersão, os corpos são influenciados pelos princípios físicos da água

tais como pressão hidrostática, empuxo e temperatura, que afetam os mecanismos

homeostáticos corporais que são dependentes ainda, do nível de imersão corporal, da

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atividade desempenhada na água e da postura adotada durante a imersão (Becker,

2000).

A resposta das variáveis fisiológicas em cada grupo estudado (homens e

mulheres) durante a imersão em água aquecida mostrou uma diminuição na PAS nas

mulheres após a imersão, o que não foi evidenciado para os homens. Os outros

parâmetros fisiológicos não sofreram modificação no presente estudo. Nesse sentido,

Yun, Choi e Park (2004) estudram mergulhadoras profissionais, não mergulhadoras na

mesma faixa etária (média de 55 anos) e não mergulhadoras em faixa etária mais

jovem (média de 22 anos), quanto ao efeito da imersão (cabeça fora da água) na

resposta cardiovascular quanto ao condicionamento físico e faixa etária. Os sujeitos

foram colocados em uma piscina aquecida a 34.5oC, em repouso sobre bicicleta

ergométrica por 20 minutos e, nos 20 minutos seguintes em atividade com os membros

inferiores na bicicleta. Não foi evidenciada variação na pressão arterial (verificada por

um aparelho oscilométrico automático colocado no braço esquerdo no nível do

coração) e na freqüência cardíaca (verificada por onda eletrocardiográficas captadas

por eletrodos colocados no pescoço e tórax ao nível da linha axilar) entre os 3 grupos

quando estavam imersas em condição de repouso; apesar do aumento no rendimento

cardíaco e no volume de ejeção do coração. Esses dados se assemelham aos achados

do presente estudo tendo em vista a não variação significativa da FC e PAD no grupo

das mulheres, no entanto, a PAS diminuiu significativamente em imersão nesse

experimento. A diferença no tempo de imersão entre o estudo de Yun, Choi e Park

(2004), imersão sem atividade por 20 minutos, e o presente estudo, que teve tempo de

imersão 50 minutos pode ter contribuído para a diferença na resposta sugerindo que o

tempo de imersão pode ser determinante da variação das respostas cardiovasculares,

tendo em vista o tempo de ativação dos mecanismos responsáveis pelo controle dessas

respostas.

Por outro lado, Yun, Choi e Park (2004) ressaltam que os valores da resposta

cardiovascular obtidos em condição de imersão são bastante contraditórios, já que

alguns mostram um aumento na PA (Koubenec et al 1978), outros uma diminuição

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(Parati et al 1987), enquanto outros, não verificam variação significativa (Gabrielsen

et al 1993). Com relação ao sexo masculino, o presente estudo não mostrou variação

significativa para as variáveis fisiológicas (PAS, PAD, FC e FR) após imersão,

semelhante aos achados de Miwa et al (1996) e Sramek et al (2000). No primeiro

estudo, foi avaliada a atividade simpática nervosa muscular pela da técnica de

microneurografia do nervo tibial (fossa poplítea), a freqüência cardíaca por

eletrocardiograma bipolar e a pressão arterial por autoesfingnomanômetro em homens

em diferentes faixas etária antes da imersão, em imersão ao nível da cicatriz umbilical

e ao nível do acrômio, com os indivíduos permanecendo 5 minutos em cada condição.

Foi verificada uma diminuição na FC e um aumento na PA após imersão ao nível do

acrômio. O segundo estudo avaliou mudanças cardiovasculares e hormonais em

homens após 1 hora de imersão em diferentes temperaturas (14, 20 e 32ºC). A FC e a

PA apresentaram uma diminuição quando os indivíduos ficaram imersos em água a

32ºC. Miwa et al (1996) sugerem que um dos fatores que parece ter contribuído para o

aumento da PA durante imersão foi o tempo de permanência em imersão (5 minutos),

que pode não ser suficiente para ativar o mecanismo diurético, para compensação da

pressão arterial como sugerido por Bookspan (2000). Nessa condição, o aumento da

pressão arterial durante a imersão ativa o mecanismo de diminuição da PA pela

ativação de baroceptores, que favorece a liberação do fator natriurético atrial que

influencia a diurese, a vasodilatação e a sede, além de reduzir o volume plasmático por

meio de desvio extracelular, favorecendo a diminuição da PA.

Ademais, Cureton (2000) menciona que durante a imersão a pressão

hidrostática promove uma pressão negativa sobre a caixa torácica, um movimento do

músculo diafragma para cima e um desvio de sangue para dentro do tórax a partir dos

membros e do abdômen, reduzindo, portanto os volumes pulmonares, a capacidade

vital e a capacidade pulmonar total. O volume pulmonar reduzido promove um

aumento na resistência ao fluxo de ar. No entanto, apesar dessas alterações, a

ventilação durante o repouso, o volume corrente e a freqüência respiratória

permanecem inalterados apoiando nossos achados, cuja FC não apresentou variação

quando os gêneros foram analisados separadamente.

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42

6. 1. 3. Fase 3: Aplicação do Watsu

Foi verificada uma maior responsividade nas mulheres à técnica no que se

refere aos parâmetros de PAS e PAD que se mostram aumentados após a técnica. A

comparação entre os sexos mostrou que os escores de FC não variaram

significativamente antes da aplicação da técnica, mas apresentaram variação

significativa após o Watsu tendo em vista que homens e mulheres diminuíram seus

valores. Todavia, essa diminuição foi mais significativa para o sexo masculino, o que

promoveu a diferença entre os gêneros. De acordo com Stoyva e Carlson (1993),

várias técnicas de relaxamento vêm sendo desenvolvidas ao longo dos tempos, e que o

relaxamento pode ser utilizado como ferramenta para a diminuição dos sintomas

relacionados ao estresse como a insônia, cefaléias, hipertensão arterial e ansiedade

crônica. E ainda, que a combinação de diferentes técnicas de relaxamento no

tratamento das desordens relacionadas ao estresse é importante, já que cada técnica

ressalta diferentes aspectos do relaxamento (controle da respiração, mentalização,

percepção da tensão muscular, dentre outros).

Todavia, estudos que investigam a resposta hemodinâmica após a aplicação de

técnicas de relaxamento são escassos. Blanchard et al (1986) estudando pacientes

hipertensos quanto a relação entre o relaxamento e a diminuição no uso de drogas anti-

hipertensivas, verificou que aqueles submetidos ao relaxamento durante 8 semanas

apresentaram melhora no quadro hipertensivo, com a diminuição do uso das drogas

administradas antes da terapia. Esses evidências apóiam os achados de Stoyva e

Carlson (1993) de normalização da PA em 6 indivíduos hipertensos, não medicados

após 5 ou mais sessões de relaxamento. Os resultados mostrados contradizem os

achados desse estudo quanto à elevação dos escores da PAS e PAD após a aplicação

do Watsu, no entanto os estudos mencionados avaliaram a variação da PA em

indivíduos hipertensos, que não constaram da população investigada nesse trabalho.

Sugere-se que as técnicas de relaxamento podem modificar os valores hemodinâmicos

de indivíduos hipertensos, sendo questionada, portanto a efetividade dessas terapias

nos padrões de sujeitos normotensos.

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Considerando o fato da técnica de relaxamento Watsu ser desenvolvida em

condição de imersão, deve-se, contudo, considerar a influência de princípios físicos da

água como mencionado anteriormente. Apesar das contradições apontadas por Yun,

Choi e Park (2004), quanto ao aumento e diminuição da PA em imersão, Cureton

(2000) diz que o deslocamento sanguíneo dos membros inferiores para o tórax

aumenta a pressão venosa central, o volume diastólico final ventricular esquerdo, o

volume ejetado, o débito cardíaco e as pressões arteriais sistólica e diastólica, além de

diminuir a resistência vascular sistêmica em repouso e durante exercício submáximo, o

que condiz com as variações de pressões obtidas nesse estudo após aplicação da

técnica. No entanto, vale salientar as diferentes respostas quanto à variação das

pressões arteriais para as mulheres nas condições de imersão e aplicação da técnica

Watsu, com uma diminuição da PA na primeira condição e com uma elevação na PAS

e PAD após a técnica. Esse fato pode ser justificado pelas diferentes posições adotadas

nas duas condições, com a manutenção da postura vertical durante a imersão enquanto

que durante a técnica Watsu, houve variação entre as posições vertical e supina, além

da utilização de movimentos rotacionais, que podem influenciar o funcionamento do

labirinto, e levar a ativação de mecanismos de controle desses parâmetros que

influenciam a resposta hemodinâmica (Schmitz, 1993; O´Sullivan, 1993). Ademais, as

diferenças hormonais entre os dois gêneros no que diz respeito às fases do ciclo

ovariano, podem também ser apontadas como fator modulador do mecanismo de

controle, já que o presente estudo mostrou uma variação na pressão apenas para o sexo

feminino, validando em parte a Hipótese 1 do experimento, já que nem todos os

parâmetros propostos na Hipótese diminuíram.

6. 2. Parâmetros Fisiológicos versus Fases do Ciclo Ovariano

6. 2. 1. Fase 1: Basal

Não foi verificada diferença nos parâmetros avaliados (PAS, PAD, FC e FR)

entre as fases folicular e luteal. Moran, Leathard e Coley (2000) avaliaram o

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funcionamento cardiovascular de 23 mulheres durante 5 semanas (ciclo menstrual)

com ciclo ovariano regular através da PAS e PAD, pelo monitoramento manual, e FC

pela palpação da artéria radial por 30 segundos, durante o período matutino. Não foi

evidenciada variação da pressão arterial sistólica e diastólica associada às fases

folicular e luteal, semelhante aos dados no presente estudo e àqueles de Minson et al.

(2000) e Hirshoren et al (2002). No entanto quanto aos resultados referentes à

freqüência cardíaca, Moran, Leathard e Coley (2000) verificaram um aumento na FC

na fase luteal quando comparada a folicular, diferentemente dos achados do presente

estudo que não aponta variação significativa na FC. Sugere-se que as diferentes

metodologias, quanto ao número de sujeitos avaliados, o qual foi limitado no presente

estudo, além da diferença nos horários das coletas, cujo horário do presente

experimento ter sido no período vespertino, podem ter contribuído para essa variação

nas respostas da FC entre os estudos.

Já Hirshoren et al (2002) ao comparar a FC, a PA e os níveis de catecolaminas

e hormônios gonadais em mulheres que usavam contraceptivo oral e outras com ciclo

ovuriano regular, observaram que apesar das mudanças no padrão hormonal ao longo

do ciclo ovariano influenciaram os mecanismos homeostáticos neurohumorais que

regulam o sistema cardiovascular (concentrações de epinefrina e norepinefrina), não

foi verificada variação na PA e na FC quanto as fases do ciclo. Padrão similar foi

obtido no presente estudo, sugerindo que as mudanças hormonais ao longo do ciclo

ovariano podem ativar mecanismos homeostáticos de forma que os níveis de pressão

arterial e freqüência cardíaca não sofram variações ao longo do ciclo, como mostrado

no estudo de Minson et al (2000) ao estudar 8 mulheres em idade reprodutiva e ciclo

ovariano regular. Os autores investigaram se as variações hormonais observadas ao

longo do ciclo influenciam a sensibilidade baroreflexa cardiovagal e a sensibilidade

baroreflexa simpática do controle da pressão arterial e freqüência cardíaca. A atividade

simpática baroreflexa foi avaliada pela variação da PA após a administração de drogas

vasodilatadoras, pelo registro microneurográfico da atividade nervosa simpática

muscular do nervo peroneal, quanto que a sensibilidade baroreflexa cardiovagal que

foi avaliada pelos intervalos de ondas eletrocardiográficas durante as mudanças na PA

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após administração de drogas vasodilatadoras. Foi visto uma variação na sensibilidade

baroreflexa simpática no registro microneurográfico ao longo do ciclo ovariano, sendo

essa aumentada na fase luteal. Contudo, não foi evidenciada variação para da PA com

relação às fases do ciclo. Os autores sugerem que as modificações nas concentrações

de estrógenos entre as fases do ciclo promovem a liberação de óxido nítrico, que tendo

ação vasodilatadora poderia aumentar a sensibilidade simpática baroreflexa atuando

como um mecanismo compensador para a manutenção da PA. Já a atividade

baroreflexa cardiovagal não foi influenciada pelas mudanças hormonais do ciclo

ovariano; no entanto, a FC também não mostrou variação quanto às fases. As

variações hormonais parecem influenciar apenas o controle do mecanismo simpático

periférico, e não o mecanismo simpático central (coração) tornando não conclusiva a

regulação da freqüência cardíaca ao longo do ciclo ovariano.

Esses achados condizem, em parte, com o presente experimento cujos

parâmetros de PAS, PAD, FC e FR não variaram entre as fases: folicular e luteal do

ciclo ovariano, sugerindo que a variação hormonal característica do ciclo ovulatório

parece não influenciar os parâmetros fisiológicos entre as fases do ciclo na situação

testada.

6. 2. 2. Fase 2: Imersão em Água

Estudos que investigam parâmetros fisiológicos na condição de imersão não

avaliaram a relação entre o padrão de resposta apresentado e as fases do ciclo ovariano

(Miwa et al, 1996; Becker, 2000; Cureton, 2000; Bookspan, 2000; Srámek et al,

2000Yun; Choi e Park, 2004). Logo, os dados obtidos nesse estudo mostram uma maior

responsividade das mulheres quanto a PAS e FC na fase luteal do ciclo, com diminuição

dos escores após imersão. Sugere-se que a influência do perfil hormonal no controle do

mecanismo simpático periférico citado por Minson et al (2000), é um possível elemento

desse mecanismo de regulação. Adicionalmente, durante a imersão em água esse

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mecanismo pode ser também influenciado pela pressão hidrostática e pela temperatura da

água, que ativariam mecanismos compensatórios adicionais pelo organismo para

diminuição dos valores de PAS e FC, visando à manutenção da homeostasia.

6. 2. 3. Fase 3: Aplicação do Watsu

Quanto à resposta ao Watsu nas fases do ciclo ovariano, observou-se que as

mulheres foram mais responsivas à técnica na fase luteal, tendo em vista a elevação da

PAD e diminuição da FR. Como verificado nos estudos em imersão, a relação entre a

resposta fisiológica em resposta às técnicas de relaxamento entre as fases do ciclo não

é diferenciada. Contudo, o aumento na sensibilidade baroreflexa simpática durante a

fase luteal evidenciada por Minson et al (2000), pode ser um dos mecanismos

responsáveis por tornar as mulheres, nessa fase do ciclo, mais susceptíveis a variações

na pressão arterial quando submetidas a condições de relaxamento, validando em parte

a Hipótese 2 do presente estudo, já que foi observado um aumento da PAD e uma

diminuição da FR.

6. 3. Associação entre os Parâmetros Fisiológicos e a Percepção do Estresse, o

Estado de Humor e Traço-Estado de Ansiedade

Foi evidenciado que as mulheres apresentaram os maiores escores no QEPL.

Com a relação ao POMS, as mulheres apresentam os níveis mais elevados de tensão,

confusão e depressão quando comparadas aos homens. Contudo, apesar dos escores da

avaliação da ansiedade pelo Inventário IDATE terem mostrado níveis moderados e

altos em ambos os gêneros, as mulheres apresentaram um alto grau de ansiedade traço,

sendo geralmente mais propensas a experimentar estados de ansiedade do que os

homens, que mostraram um grau menor de A-traço. No entanto, apesar das mulheres

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apresentarem maiores escores de A-traço que os homens, o grupo das mulheres

apresentou menor variabilidade e valores mais baixos de A-estado, sugerindo que as

voluntárias estavam calmas no momento da aplicação da do teste.

Barros & Nahas (2001) avaliando a prevalência de comportamentos de risco,

percepção de estresse e auto-avaliação do nível de saúde entre os sexos, também

mostraram as mulheres como o sexo com maior percepção de estresse, através da

escala de Likert. Semelhantemente, Lipp e Tanganelli (2002) avaliando a incidência e

a sintomatologia do estresse e qualidade de vida de homens e mulheres exercendo o

cargo de juiz pelo Inventário de Sintomas de Estresse validado por Lipp e Guevara,

mostraram as mulheres como apresentando os maiores indicadores de estresse,

evidência que corrobora com os resultados deste estudo. O fato das mulheres

apresentarem maiores escores no questionário de estresse percebido não indica,

contudo, que as mulheres são submetidas mais freqüentemente a situações

estressantes. Elas parecem ser mais responsivas aos estímulos estressores. Essa

afirmação apóia os achados de Heim, Ehler e Hellhammer (2000) e Powell et al (2000)

de uma melhor habilidade na resolução de uma situação ameaçadora imediata entre os

homens. Portanto, parece existir uma diferença nos padrões de percepção de estresse

entre homens e mulheres, que parece apoiar os relatos de dores musculoesqueléticas

crônicas, exaustão, tensão e depressão relacionadas ao estresse em mulheres (Powell et

al, 2002). Esses achados são semelhantes àqueles do presente estudo, com as mulheres

apresentando maiores escores nos quesitos tensão, confusão e depressão do

questionário de humor, quando comparadas aos homens.

Ademais, Carrilo et al (2001) utilizando um estressor psicológico, falar em

público, relacionou a resposta hemodinâmica dos voluntários, bem como o papel dos

estados de ansiedade e humor (hostilidade, agressividade, tensão, depressão, vigor,

fadiga) nessas respostas. Apenas no sexo feminino, as condições de ansiedade e humor

foram positivamente correlacionadas com o aumento nos batimentos cardíacos em

todas as fases do estudo (pré-teste, teste e pós-teste), ou seja, o traço de ansiedade e o

estado de humor negativo influenciaram a resposta cardiovascular. Da mesma forma,

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Grossman et al (2001) estudando a disfunção autonômica em pacientes ansiosos de

ambos os sexos, verificaram uma diferença na regulação autonômica cardíaca em

indivíduos com ansiedade quando comparados com sujeitos saudáveis. Ademais, 50%

dos indivíduos ansiosos apresentaram uma maior susceptibilidade para morte por

alteração cardiovascular. Logo, os resultados alcançados no estudo sugerem que a

maior variação nos parâmetros fisiológicos em mulheres (PAS, PAD E FC) nas

condições de imersão e aplicação da Técnica Watsu parece estar associada a maior

percepção do estresse, indicados pelos maiores índices de ansiedade, e pelos estados

negativos de humor, ou seja, essas condições pode tornar o indivíduo mais susceptível

à variações dos parâmetros fisiológicos quando submetidos à técnica.

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7. CONCLUSÕES

• Os níveis dos parâmetros fisiológicos (PAD, PAS, FC e FR) de homens e mulheres

foram influenciados pela técnica Watsu, tendo as mulheres apresentado maiores

valores de pressão arterial sistólica e diastólica, não validando a predição sugerida

no experimento. Sugere-se que a elevação nos parâmetros investigados esteja

associada aos princípios físicos da água, bem como à variação de movimentos e

posturas característicos do Watsu. Concluímos, portanto, que o gênero influenciou

o tipo de resposta fisiológica verificada após aplicação da técnica, com as mulheres

apresentando variação mais acentuada na PAS e PAD, enquanto os homens

apresentaram maiores variações na FC.

• A comparação das variáveis investigadas entre as fases do ciclo ovariano associada

à aplicação da técnica Watsu, mostrou que as mulheres apresentaram aumento nos

valores da pressão arterial diastólica e diminuição nos escores da freqüência

respiratória na fase luteal. Esses resultados validam em parte a predição sugerida

neste estudo. Parece que além da influência da variação hormonal sob as variáveis

investigadas, os movimentos e posturas adotados durante a execução da técnica

podem ter influenciado na variação desses parâmetros. Dessa forma, as variações

hormonais ocorridas durante as fases do ciclo reprodutivo influenciaram a resposta

fisiológica investigada após aplicação da técnica Watsu.

• As mulheres apresentaram maiores escores na percepção do estresse, mostraram-se

mais ansiosas e com características mais negativas de humor (tensão, confusão e

depressão). Esse perfil está associado a variações mais acentuadas na resposta à

aplicação da técnica, quanto aos valores de PAS e PAD. Os homens apresentaram

uma maior variação na FC após a técnica. O padrão de ansiedade, o estado de

humor e o nível de estresse percebido parecem influenciar na resposta à técnica,

não validando a predição proposta, já que o gênero masculino apresentou variação

significativa nos escores da FC. Assim, os padrões de ansiedade e humor

influenciaram as respostas fisiológicas investigadas, e o gênero parece também

estar associado ao perfil observado.

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