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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA
OSTEOARTRITE E TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO-REVISAo DA LlTERATURA
Curitiba2006
Michele Harumi Doi
OSTEOARTRITE E TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO-REVISAo DA LlTERATURA
Monografia apresentada ao Curso deFisioterapia da Faculdade de CienciasBiotogicas da Universidade Tuiuti do Parana,como requisito parcial para a obten980 dograu de Fisioterapeuta
Orienta dar: Luis Camara Vicelli
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Curitiba2006
RESUMO
A osteoartrite, doen9a articular degenerativa, artrose ou osteoartrose e adoen9a reumatica prevalente entre individuos com mais de 65 anos. E umaafectyao dolorosa da articula9210 que ocorre par insuficie!ncia da cartilagem.Tern carater cranico, multifatorial e leva a uma incapacidade funcionalprogressiva. 0 seu tratamento devera ser multidisciplinar, e ter com enfoque aqualidade de vida do paciente. Dentre as profissionais essen cia is nestetratamento temas 0 fisioterapeuta, 0 qual desempenha importante papel namanuten9ao da funcionalidade articular, assim como no contrale dos sinais esintomas. A Fisioterapia pode S8 utilizar de varios recurSDS e tecnicas, como asmobiliza90es articulares, a cinesioterapia e a eletrotermoterapia, oferecendodesta forma, alivio do quadro algico, ganho de forc;:a e amplitude de movimento,portanto melhora da funcionalidade e independencia ao paciente. Este estudotern como objetivo principal reunir bibliografias atuais sobre osteoartrite dandoenfoque principal ao tratamento fisioterapeutico. A pesquisa sera realizada emlivros de ortopedia, reumatologia e fisioterapia, alem de artigos cientificos.
Palavras-chave: Osteoartrite, osteoartrose, artrose, fisioterapia, reumatologia.
ABSTRACT
The osteoarthritis, disease to articulate degenerative, artrose or osteoartrose isthe disease rheumatic prevalente among individuals with more than 65 years.This is a painful disease of the articulation that happens for inadequacy of thecartilage. He/she has chronic character, multifactor and it takes to a progressivefunctional incapacity. His/her treatment should be multidisciplinary, and to havewith focus the quality of the patient's life. Among the essential professionals inthis treatment have the physiotherapist, which plays important part in themaintenance of the functionality to articulate, as 'well as in the control of thesigns and symptoms. The Physiotherapy can be used of several resources andtechniques, as the mobilizations you articulate, the cinesiotherapy and theeletrotermtherapy, offering this way, relief of the painful picture, I win of forceand movement width, therefore it gets better from the functionality andindependence to the patient. This study has as main objective to gather currentbibliographies on osteoarthritis and his treatment physiotherapy. The researchwill be accomplished in orthopedics books, rheumatology and physiotherapy,besides scientific goods.
Key- words: Osteoarthritis, osteoartrose, artrose, physiotherapy, rheumatology.
SUMARIO
RESUMO ...
ABSTRACT.
. .. j
. ii
1. INTRODU<;:iio ...
2. REVISiio DE LlTERATURA ..
2.1.0STEOARTRITE ..
2.2. EPIDEMIOLOGIA ..
2.3. ETIOLOGIA ...
2.4. DIAGNGSTICO ..
2.5. ANATOMOPATOLOGIA ...
2.6. FISIOPATOLOGIA.
2.7. MANIFESTACOES CLiNICAS ..
2.8.TRATAMENTO ..
2.8.1 Tratamento farmacoI6gico ...
2.8.2 Tratamento nao farmacoI6gico ..
2.8.3 Tratamento cirurgico ....
2.9. PROGNGSTICO ..
3. MATERIAlS E METODOS .....
4. RESULTADOS ..
5. DISCUssiio ..
6. CONSIDERA<;:OES FINAlS ....
7. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ..
. 1
. 3
. ..3
................ 3
...5
..7
...........................................................8
. 9
. 11
. 14
................................... 14
. 16
. 22
. 24
. ..25
. .26
...28
. 30
. 31
iii
1.INTRODU<;:AO
No Consenso brasileiro, publicado na Revista Brasileira de
Reumatologia de dezembro de 2002, temas a Osteoartrite definida como uma
dOeny8 cronica, multifatorial, que leva a uma incapacidade funcional
progressiva. Ja para LlANZA (2001) a osteoartrose e definida como uma
molestia degenerativa articular e caracteriza-se pela perda progressiva da
cartilagem articular acompanhada de neoforma<;:8o 6ssea periarticular.
Segundo GREVE(1992) a incidencia desta doen9a aumenta muita cam a
avanyo da idade, no sexo feminin~, sendo portanto mais frequente em
mulheres aeirna dos 55 anos. Esta incidEmcia esta relacionada com os fatares
pas-menopausa.
A osteoaririte envolve degenera<;:8o da cartilagem, remodela<;8o do os so
subcondral, crescimento excessivo nas margens articulares, derrame articular e
espessamento da sinovia ou da capsula articular. Tern como sintomas
primarios dor, rigidez matinal, diminuig80 ou perda do movimento, crepitagElo,
edema. fraqueza e espasmas musculares. (MILAGRES, 2006)
o tratamento atual da osteoartrite detem·se basicamente em combater a
sintomatologia, a qual prejudica a boa performance nas atividades da vida
diaria e prafissional. MARQUES (1998) relata a existencia de urn circula
vicioso, no qual a limitac;::c3ofuncional induz a incapacidade e, par sua vez, estas
limitam as AVO's, havendo, entao, deficit da qualidade de vida.
A fisioterapia com recursos e tecnicas proprias, pode determinar a
quebra desse circulo vicioso, contribuindo, assim, para a melhora do quadro
clfnico e funcional do paciente.
Como podemos perceber a AO e uma doenc;a de grande incidElncia,
alem de levar a uma incapacidade funcional progressiva. Esses fatores alem da
pessima qualidade de vida a qual 0 portador de osteoartrite e subjulgado,
justificam estudos cientfficos que busquem alternativas para melhora da
funcionalidade e qualidade de vida desses pacientes.Por isso temos 0 presente
estudo , 0 qual tem como objetivo agrupar e analisar os mais recentes artigos
sobre osteoartrite enfatizando seu tratamento fisioterapeutico.
2. REVISAO OE LlTERATURA
210STEOARTRITE
A Osteoartrite e uma doenva degenerativa, progressiva, e de instala<;ao
lenta, portanto cr6nica. E definida como uma molestia degenerativa articular e
caracteriza-se pela perda progressiva da cartilagem articular acompanhada de
neoformal'ao 6ssea periarticular. (LiANZA, 2001)
Na osteoartrose idiopatica (au primaria), a forma da doenya rnais
comum, nenhum fatar predisponente e evidente. A osteoartrose secunda ria epatologicamente indiferenciiwel da osteoartrose primaria, mas e atribuivel a
uma causa subjacente.(FAUCI et ai, 1998).
Os esludos sabre osteoartrose nao apontam para uma doenya
propriamente dita, mas sim para uma sindrome na qual (atores etiopatogenicos
diversos alteram a estrutura e comprometem 0 desempenho funcional da
cartilagem articular.As demais estruturas articulares e periarticulares sao
secundariamente afetadas no decorrer do processo osteoartr6sico. (LiANZA,
2001)
2.2 EPIDEMIOLOGIA
A osteoartrite (OA) e doenya cr6nica mais prevalente na populayao
idosa. Essa prevah§ncia aumenta com a idade e e maior em mulheres do que
em homens. 0 joelho e a articulayao de descarga de peso mais comumente
acometida, relacionando-se com disfuntyao e sintomas clinicos, principalmente
dor.
(CARMARGOS et ai, 2004).
Cerca de 100.000 pessoas nos EUA sao incapazes de deambular
independentemente da cama ate a banheiro devido a osteoartrose do joelho ou
do quadril. (FAUCI et ai, 1998).
Na faixa eteria abaixo dos 55 anos, a distribuiy030 articular da
osteoartrose em homens e mu!heres e similar; em individuos mais idosos, a
osteoartrose do quadril e mais comum em homens, enquanto que a
osteoartrose das artieulaty6es interfalangieas e da base do polegar e mais
comum nas mulheres. Ana!ogamente, as evidencias radiograticas de
osteoartrose do joe!ho, sobretudo de osteoartrose do joe!ho sintomatiea, sao
mais comuns nas mulheres que nos homens.(FAUCI et ai, 1998).
Numa pesquisa radiogratica em mu!heres com menos de 45 anos de
idade, apenas 2% apresentavam osteoartrose; eontudo, entre as idades de 45
e 64 anos, a preva!encia foi de 30% e, nas mu!heres aeima de 65 anos, foi de
68%. Em homens, as porcentagens foram simi!ares, mas urn pouco menores
nas faixas etarias mais avan,adas. (FAUCI et ai, 1998).
No estudo Framingham Osteoarthritis Study Group, estima-se que a
preva!encia da AO radio!6gica e de urn tertyo dos individuos com idade entre 63
e 93 anos e a AO sintomatica ocorra em 9,5% do total dessa popula,ao
(COIMBRA,2004).
2.3 ETIOLOGIA
Com rela<;ao a etio\ogia, ha evidencias que sugerem urn envolvimento
multifatorial, podendo ocorrer par influencias geneticas(como nodules de
Herberden na AO das maDS) , disturbios metab6licos, hormonais, idade
avan<;ada, raya e pela participayao de citocinas inflamatorias. Pode ser
tambem resultante da combinal'ao destes fatores de risco. (COIMBRA, 2004).
Traumatismos importantes e usc repetido das articulagoes tambem sao
fatores de risco importantes para osteoartrose. Tanto em seres humanos
quanta em modelos animais, a insuficiencia do Ligamenta Cruzado Anterior e a
lesac meniscal (e tambem meniscectomia) levarn a osteoartrose do
joelho.Embora 0 dana a carti\agem possa Qcorrer par ocasiao de Iesao ou
subsequentemente, com 0 usa da articulayao acametida, mesma a cartilagem
normal ira degenerar se a articulayl30 estiver instavel. Uma pessoa com uma
fratura trimaleolar, quase certamente apresentara osteoarirose do tornozelo.
(FAUCI et ai, 1998)
Certas atividades acupacionais podem levar a osteoartrose nas
articulayoes expostas ao uso repetitivo.Homens cujos trabalhos impunham a
necessidade dobrar os joelhos e pelo menos demand as fisicas medias
apresentaram uma porcentagem mais elevada de osteoartrose do joelho e
alterayoes radiograficas mais acentuadas que os homens cujas ocupayoes nao
implicavam nesses esforl'os. (FAUCI et ai, 199B)
A obesidade vem ganhando maior destaque entre os fatores
metab6licos. 0 excesso de peso no desenvolvimento da AO de joelhos ja e
bem conhecido. Tambem foi demonstrada uma associac;ao positiva entre 0
sobrepeso e surgimento de OA de quadri!. Em muitos casos, entretanto a
obesidade poderia ser subsequente a OA, cnde S8 ganha peso par inatividade
em conseqi..iencia da dar. No case da OA de maes, a obesidade e um fator
antecedente a doenya, ja que suas articulac;6es nao suportam peso.
(COIMBRA,2004).
Para FAUCI et ai, a obesidade e urn fator de risco para osteoartrose do
joelho e para a osteoartrose da mao. Para as individuos no quintil mais elevado
para 0 indice de Massa Corporal (IMC) durante 0 exame basal, 0 risco relativo
de ocorrencia de osteoartrose no joelho nos 36 anos seguintes foi de 1,5 para
as homens. e 2,1 para as mulheres.Para a osteoartrose grave do joelho, 0 risco
relativQ de ocorrencia subiu para 1,9 nos homens, e 3,2 para as mulheres,
sugerindo que a obesidade desempenha urn papel ainda maior na etlol09i3 dos
casos mais graves de osteoartrose do joelho. (FAUCI et ai, 1998)
as harmonics sexuais sao considerados como possiveis coadjuvantes
no processo de surgimento de AO, principalmente em mulheres. Ha dados que
sugerem que 0 estrogeno, que atua mediado por citocinas e fatores de
crescimento, desempenharia papel importante na AO. Estas evidencias
incluem maior prevalencia entre mulheres e maior incidencia no periodo
perimenopausa. (COIMBRA, 2004).
MOREIRA e CARVALHO (1996) descrevem que as profiss6es nas quais
e exigida a flexao prolongada e repetitiva dos joelhos constituem um importante
fator de risco para 0 surgimento da gonoartrose.
2.4 DIAGNOSTICO
o diagnostico da osteoartrose se baseia principalmente nos achados
clinicos e radiograticos. Nos primeiros estagios, a radiografia pode ser normal,
mas a estenose do espa<;o articular torna-S8 evidente a medida que ocorre
destruiy.3o da cartilagem articular. Qutros achados radiogrMicos tipicos sao:
esc\erose 6ssea subcondral, cistos subcondrais e osteofitose. Pode-s8
observar uma mudanr;a no contorno da articular;ao, em recorrencia da
remodelagem e da subluxa~ao. Embora a estenose do espa~o da articula~ao
tibiofemoral tenha side considerado como urn substituto radiografico para 0
adelga<;amento da cartilagem articular, em pacientes com osteoartrose
incipiente que nao apresentam evidencias radiograficas de altera<;oes 6sseas
(p.ex. ,esclerose ou cistos subcondrais, oste6fitos), 0 achado isolado de
estenose do espayo articular nao indica com precisao 0 estado da cartilagem
articular. De modo semelhante, apenas 0 achado da osteofitose, na ausencia
de outras caracteristicas radiograficas de osteoartrose, pode ser uma
decorrencia do envelhecimento, e nao da osteoartrose. (FAUCI et ai, 1998).
A radiografia convencional e 0 metodo mais utilizado. Os achados
radiograficos tlpicos incluem tres aspectos: reduyao do espayo articular,
aumento da densidade 6ssea adjacente a articulayao (ou esclerose 6ssea
subcondral) e osteofitos (prolifera~ao ossea justa articular). as dois ultimos
aspectos indicam rernodelayao os sea, que e urn processo osseo mais
caracteristico da osteoartrose, sendo, par isso, urn importante elemento no
diagnostico diferencial com virtualmente todas as outras artropatias
inflamat6rias cronicas, onde ocorre osteopenia e ausencia de neoformayao
6ssea, Cistos e erosoes 6sseas podem estar presentes nos casos mais graves
ou na osteoartrose eros iva das maos. E importante ressaltar que pode haver
quadro radiografico compatlvel com artros8, sem que 0 individuo apresente
qualquer sintoma. (KNOPLlCH, 1981)
Nao existe urn exame laboratorial que seja diagnostico da osteoartrose,
mas alguns exames especificos pod em ajudar na identificacyao de uma das
causas subjacentes de osteoartrose secundaria. Considerando que a
osteoartrose primaria nao e sistemica, a VHS, determinayoes da Bioquimica
serica, hemograma e exame de urina sao norma is. A analise de liquido sinovial
revela leucocitose discreta, com predominio de celulas mononucleares. A
analise do liquido sinovial e importante para exclusao de outros disturbios.
(FAUCI et ai, 1998).
2.5. ANATOMOPATOLOGIA
As altera90es mais notaveis os casos de osteoartrose sao habitualmente
observados em areas de sustentar;ao de carga da cartilagem articular.Nos
estagios iniciais, a cartilagem articular esta mais espessa que 0 normal, mas,
com a progressao da osteoartrose, a face articular sofre aldegayamento, a
cartilagem amolece, rompe-se a integridade da superficie e formam-se fendas
verticais (fibrila,ao). Aparecem ulceras cartilaginosas profundas, estendendo-
se ate 0 osso.Podem existir areas de reparo fibrocartilaginoso, mas ° tecido de
reparo e inferior a cartilagem articular hialina original, em termos de capacidade
de suportar tensoes mecanicas. Toda a cartilagem e metabolicamente ativa e
os condr6citos replicam-se, formando aglomerados.Contudo, a cartilagem mais
tarde passa a ser hipocelular. (FAUCI et ai, 1998)
A remodelagem e a hipertrofia do tecido 6sseo tambem sao
caracteristicas importantes da osteoartrose. Ocorre crescimento 6sseo por
aposiyao na regiao subcondral, levando a "esclerose" 6ssea observada
radiograficamente. Por estar submetido a abrasao, 0 osso situado sob a ulcera
cartilaginosa pode assumir um aspecto de mariim (eburnayao). 0 crescimento
da cartllagem e do osso nas margens da articulayao leva a formayao de
oste6fitos, que alteram 0 contorno da articulagao e podem restringir 0
movimento. Uma sinovite cr6nica maculosa e 0 espessamento da capsula
articular podem restringir ainda mais os movimentos. 0 acometimento da
musculatura periarticular e comum e pode desempenhar um papel importante
nos sintomas e, conforme mencionado, na incapacidade do paciente. (FAUCI
el ai, 1998)
2.6 FISIOPATOLOGIA
A cartilagem articular desempenha duas fun,oes importanles: (1)
permite 0 movimento articular quase sem atrito e (2) atua como amortecedor de
choques e transmite cargas at raves das superficies articulares para 0 tecido
circundante. As propriedades essen cia is de elasticidade e de alta resistencia a
tragao sao proporcionadas pelo proteoglicanos e 0 colageno da matriz extra-
celular, que constituem mais de 90% das macromoleculas da cartilagem.
(GOLDMAN,2001).
A osteoartrose comega com uma fase inicial, na qual a atividade
metab61ica dos condr6citos e regulada de modo ascendente (aumento na
sintese dos proteoglicanos), seguida da perda posterior dos condr6citos
(apoptose). As razoes da falha de reparo nao estao bern esclarecidas, mas
10
podem S8 relacionar a incapacidade de reconstruir a estrutura tridimensional da
cartilagem dos individuos maduros. (GOLDMAN, 2001)
Os processos responsaveis pela degradayao do colageno (que
proporciona forg,a tenil e resistencia ao cisalhamento) e dos proteoglicanos
(responsaveis pela rigidez compressiva e sua capacidade de suportar cargas)
sao impulsionados par enzimas proteoliticas sintetizadas e liberadas pelos
proprios condr6citos. A ativagao subsequente dessas potentes enzimas supera
as defesas naturais da matriz e par fim resulta na degradayao do colageno e
clivagem dos proteoglicanos. A seguir, ocorre Iibera9ao de fragmentos dessas
molt§culas no liquido sinovial, que penetram na circula9<30 onde atuam como"
marcadores" que podem ser utilizados como meio de detectar e avaliar 0
processo de degradac;ao. (GOLDMAN, 2001)
Segundo FAUCI et al em 1998, a maioria dos pesquisadores acredita
que as alterac;6es primarias na osteoartrose comec;am na cartilagem. Os dados
bioquimicos sao compativeis com a presenc;a de um defeito na rede de
colageno na cartilagem, talvez em decorrencia da degradaC;ao da " cola" que
une as fibras adjacentes da matriz. Essa e uma das primeiras alterac;6es
observadas na matriz, sendo aparentemente irreversivel (FAUCI et ai, 1998).
Embora 0 "desgaste" possa ser um atar atuante na perda de cartilagem,
evidencias s61idas ap6iam a conceito de que enzimas lisoss6micas e as
metaloproteinases (MPM) sao responsaveis par grande parte da destruiC;8o da
matriz cartilaginosa na osteoartrose. Existe um desequilibrio estequiometrico
entre os niveis das enzimas ativas e a nivel de lTPM (Inibidar Tecidual das
Metaloproteinases), que pode estar apenas modestamente elevada. (FAUCI et
al,1998).
II
Os condr6citos presentes na cartilagem osteoartritica sofrem divisao
celular ativa e sao muito ativos em termos metab6licos, produzindo grande
quantidade de ADN, ARN, calagena, prateaglicanas e proteinas naa
calagenasas. Antes da destrui,ao da cartilagem e da deplessao dos
proteoglicanos, 85sa notave! atividade de biossfntese pode levar a um aumento
na concentrar;:ao de proteoglicanos, 0 que pode estar associado ao
espessamento da cartilagem e ao estagio de homeostase conhecido como
osteoartrose "compensada". Esses mecanismos podem manter a articulac;ao
num estado razoavelmente funcional durante anos. Com tudo, com freqOencia
o tecido de reparo nao S8 comporta tao bern sob tens6es mecanica em
comparac;:ao com a cartilagem hialina normal e, finalmente, em alguns casas a
taxa de sinlese dos proteoglicanos cai e ocorre a osteoartrose "terminal", em
que h<i perda de toda espessura da cartilagem. (FAUCI et ai, 1998).
2.7 MANIFESTAt;:OES CLiNICAS
Os primeiros sintomas sao dor, rigidez matinal, diminuiyao ou perda dos
movimentos, crepitayao, edema, fraqueza e espasmos musculares. Se existir
movimento na articulayao acometida, 00550 subcondral torna-se escier6tico, e
se nao existe movimento consideravel, 0 ossa e toda a musculatura adjacente
sofre atrofia. ( MILAGRES, 2006).
Os estagios iniciais do processo osteoartritico sao clinicamente
silenciosos, 0 que explica a elevada preval€lncia de sinais radiograficos e
12
histopatologicos em pacientes clinicamente assintomaticos. (GOLDMAN,
2001).
Os sintomas caraclerizam-se predominantemente par dar, limitat;30
funcional e de amplitude de movimento articular, edema e crepitayao articular
de instala9flO insidiosa, com sinais flogisticos habitualmente leves. A dar tern,
inicialmente, carater protocineticQ, evoluindo para dor aos movimentos e ao
repouso. Os doentes podem referir discreta rigidez matinal fugaz, com duraC;;3o
menor que 15 minutos. Limitag30 de movimento pade originar-se de contratura
muscular, distensao da capsula articular, inflamac;;ao, presenga de corpos
estranhos intra-articulares (cristais, menisco, roto), deformidades com
incongruencia na superficie articular e par atividade antalgica. (LiANZA, 2001).
Considerando que a cartilagem articular e aneural, a dar articular nos
casos de osteoartrose deve ter origem em outras estruturas. Em alguns
paeientes, a dor pode oeorrer do alongamento das terminac;oes nervosas no
periosteo, que reveste os osteofitos.Em outros, a dor pode originar-se de micro
fraturas no osso subcondral, ou da hipertensao medular eausada par distorc;ao
do fluxo sanguineo por trabeculas subcondrais espessadas.(FAUCI et ai, 1998)
Em algumas partes com osteoartrose, a dor articular pode advir de
sinovite. Na osteoartrose avanc;ada, as evideneias histologicas de inflamaC;3o
sinovial podem ser tao signifieativas quanto na sinovia de um paeiente com
Artrite Reumatoide. Em outros casas, imunocomplexos eontendo antigenos
derivados da matriz eartilaginosa podem ser sequestrados no tecido
eartilaginoso da articulac;ao, 0 que provoea uma sinovite er6niea leve. Em
contrapartida, nos primeiros estagios da osteoartrose, mesmo no paciente com
13
dares articulares cranicas, a inflamaC;::8o sinovia! pode estar ausente, sugerindo
que a dor articular se deve a um outro falor(FAUCI et ai, 1998).
Segundo ROMANO (2001) a dor na osleoartrite apresenta caracteristica
do acometimento estrutural, pode melhorar aD repouse, piorar com as
atividades, e no fim do dia, au durante a manha. A dar noturna pode ocorrer
nas mudanyas de posir;:ao. A der provavelmente tern origem na combinayao de
diversos fatares de natureza mecanica, localizada, sistemica e de natureza
neurol6gica. Para ela a origem 6ssea da dar e discutfvel. Questiona-se S8 a
esclerose e as microfraturas poderiam ser fatores de dor. (ROMANO, 2001).
o exame ffsico da articulayao osteoartritica pode revelar sensibilidade
localizada e tumefar;:8o 6ssea au dos tecidos moles. A crepitac;::ao 6ssea e
tipica. Em geral, os derrames sinoviais, quando presentes, nao sao muito
volumasos. A palpay80 pode revelar algum calor sabre a articulay8a. A atrafia
da musculatura periarticular pade ser decorrente do desuso au da inibiyao
reflexa da contrayao muscular. Nos estagios avanyados da osteoartrose,
podem ocorrer deformidades vistveis, hipertrofia ossea, subluxayao e perda
significante dos mavimentos articulares. Cantudo, e incorreta a afirmayaa de
que a asteaartrose e inexoravelmente pragressiva. Em muitos pacientes,
ocorre a establlizayaa da doenya; em alguns ocorre regressaa da dor articular
e mesmo das altera~6es radiognificas. (FAUCI et ai, 1998).
Conforme KLIPPEL e DIEPPE (1998) nos pacientes com gonoartrose, 0
compartimento medial da articulayao tibia-femoral apresenta-se comprometido
e 75%das casas, a articulayao patelo-femoral, em 48%, e a compartimento
lateral da articulayaa tibia-femoral, em 26% das casas.
14
2.8 TRATAMENTO
o tratamento atual da OA detem-se basicamente em combater a
sintomatologia ( dor diminui<;ao da for<;a e limita<;ao de movimentos), que
prejudica a boa performance nas atividades da vida diafia e profissional.
Para ROMANO (2001) 0 tratamento da OA visa aliviar os sintomas,
preservar au melhorar a fung2lo articular, reduzir as incapacidades e controlar
as falores que aceleram sua progressao. 0 tratamento baseia-se na educ8<;clo,
no usa de antiinflamatorios,e na reabilita9c30 fisica.
COIMBRA et al (2002) diz que 0 tratamento deve ser multidisciplinar e
buscar uma melhora funcional, mecanica e clinica.
2.8.1 Tratamento Farmacol6gico
Para COIMBRA et ai, 0 tratamento medicamentoso deve ser
multifatorial, pois a prescric;::c3ofarmacol6gica isolada naD e suficiente para 0
contrale ideal da doen98.
Devida, em grande parte, a facilidade de aceitac;::ao e administrac;::ao
pelos pacientes, uma confian<;a injustificada foi depositada na interven<;ao
farmacologica, sobretudo nos antiinflamat6rios nao-ester6ides (AINE), como
terapia inicial a custa das medidas fisicas que apresentam menos morbidades
e podem proporcionar um beneficio mais prolongado.(GOLDMAN, 2001).
o alivio sintomatico da dar nos pacientes com osteoartrite e mais bern
obtido pelo uso de agentes analgesico simples, como 0 acetaminofeno. A
15
efetividade dos AINE deve-se, principalmente aD eu efeita analgesicQ, e nao as
suas propriedades antiinflamatorias. (GOLDMAN, 2001)
A inje<;:c3o intra-articular de varias apresenta<;:6es de ester6ides e
hialuronano tambem pede controlar as sintomas articulares. As inje<;:oes de
ester6ides intra-articulares nao devem ser realizadas par mais de quatro vezes
aD ana em uma determinada articula<;:ao devido a possibilidade de os ester6ide
potencializarem a desintegra<;:c3o da cartilagem. 0 usa sistemico dos ester6ides
nao tern valor no tratamento da osteoartros8. Na gonoartrose foi constatado
que 0 hialuronano intra-articular produz beneficia clinico discrete que pade
persistir par varios meses. (GOLDMAN, 2001).
Alguns dos analgesicos e antiinflamatorios utilizados sao:
Paracetamol: para se obter analgesia em pacientes com OA leve a
moderada.
- Opi6ides naturais ou sinteticos para casos de dor moderada ou intensa.
(COIMBRA et ai, 2002).
Sao utilizadas tambem drogas sintomaticas de a9aO duradoura:
- Sulfato de glucosamina.
- Diacereina.
- extra to de soja e abacale. (COIMBRA et ai, 2002).
A cloroquina e uma droga utilizada de forma consensual, inicialmente
para as osteoartrites erosivas de mao, sendo usada para todos os tipos. Porem
apresenta efeitos colaterais devendo ser manipulada pelos reumatologistas.
(COIMBRA et ai, 2002).
A infiltrac;ao intra-articular com CE (triancinolona hexacetonida) tambem
pode ser indicado cern primeiro tratamento nos cases de processo inflamat6rio
16
evidente. 0 acido hialur6nico e usado de forma intra-articular para tratar as OA
de joelho graus II e III. (COIMBRA, 2002).
2.8.2 TRATAMENTO NAO FARMACOLOGICO
o tratamento nao farmacol6gico tern que ter inicio com urn Programa
Educatlvo no qual 0 paciente deve receber esclarecimento sabre a doenc;:a
(salientar que a doenc;:a nao e sin6nimo de envelhecimento e esta relacionada
com a capacidade funcional, sendo que a intervenC;:<3o terapeutica trara melhora
de qualidade de vida), motivar e envolver 0 paciente em seu tratamenta,
estimular a pratica de atividades esportivas com supervisao de um profissional
qualificado, orientac;:c3o para 0 cuidado no usa de rampas e escadas, orientac;:c3o
quanto a ergonomia do trabalho domestico e/ou profissional. (COIMBRA et ai,
2002).
A fisioterapia e 0 programa de exercfcios fisicos proporcionam notavel
beneficio, devendo ser prescritos como terapia de base para todos as
pacientes com osteoartrose.(GOLDMAN, 2001).
Os objetivos da reabilitagao sao a analgesia, a manutengao au ganho de
trofismo e fon;:a muscular, profilaxia e tratamento de deformidades articulares,
frouxidao ligamentar, limitagao da amplitude articular visando, em ultima
analise,a recuperagao funcional e a independencia para a realiza9ao das
atividades da vida pratica e diaria, levando em conta sempre as restrigoes
quanto a presen,a da patologia articular.(LlANZA, 2001).
A Fisioterapia, com recursos e tecnicas proprias, pode determinar a
quebra desse circulo vicioso, contribuindo, assim, para a melhora do quadro
cHnico e funcicnal do paciente.O usc dos exercicios terapeuticos mantem a
17
forga muscular, a mobilidade articular, a resistencia, a funcionalidade e mais,
aumentam a densidade 6ssea e diminuem a dar, melhorando a biomecElnica.
(BUNNING e MATERSON, 1991).
Seguindo esta linha de pensamento FISHER et al (1994) descreveram
que os exercicios isometricos e isotonicos, progressivamente orientados amusculatura, sao mais eficientes para 0 fortalecimento muscular e melhora da
funcionalidade do que as exercicios globais, que incluem treines funcionais.
BUNNING E MATERSON (1991), em seu trabalho, relatam que a manutenyao
da mobilidade articular e fator relevante para 0 paciente com osteoartrite, pois a
perda de amplitude de movimento causa encurtamento e contraturas em
museu los e estruturas articulares, podendo dificultar a funcionalidade. 0 usa
dos exercicios terapeuticos, alem de trazerem a melhora da funtyao muscular,
tambem proporcionam a melhora da capacidade aer6bica em pacientes com
OA.
Os exercfcios terapeuticos desempenham papel essencial na
reabilita<;8o dos doentes portadores de osteoartrose.Estes visam ao
fortalecimento, permitindo melhores condiyoes de sustentay30 das articulayoes
e de absortyao de choques; 0 aumento da atividade motora; a manutentyao ou a
recupera<;ao da amplitude de movimento articular; 0 fortalecimento das
propriedades estruturais do tecido conectivo; aumento do desempenho
cardiovascular e redu<;ao da fadiga; e principalmente reduzir os efeitos
deleterios do imobilismo nos sistemas musculo~esqueletico e
cardiovascular.(L1ANZA, 2001).
Os exercicios isometricos sao idea is principalmente na fase aguda, uma
vez que a ausencia do movimento articular reduz os riscos de sobrecarga
IS
mecanica na articulay30, evita a dar e permite 0 ganho do trofismo e forc;a
muscular.Ap6s melhora do quadro inflamat6rio e algico, podem ser introduzidos
exercicios isotonicos com cargas progressivas, e isocineticos.(LlANZA, 2001).
Os exercicios de reeducaC;8o muscular, visando predominantemente ao
reequilibrio fisiol6gico das relac;oes museu lares agonistas e antagonistas, sao
importantes para a manuten,ao da biomecimica articular.(LlANZA, 2001).
Individuos com OA de joelhos apresentam maior dificuldade para
realizar atividades funcionais, particularmente aquelas que envolvem
mobilidade articular e transferencias. Ha evidencias que demonstram que
quanta maior 0 deficit proprioceptivD, pior e a performance fundonal dos
individuos com OA, e este pode adolar uma march a alterada na tentativa de
maximizar os imputs proprioceptivos. (CAMARGOS et ai, 2004). Portanto 0
treinamento proprioceptiv~ e indispensavel na reabilita<y8o de um paciente com
OAOs exercicios de contrac;ao excentrica s6 devem ser prescritos na fase
final do programa. (liANZA, 2001).
MARQUES e KONDO (1998), orientam que a diminui,ao da capacidade
aer6bica em pacientes e secunda ria a diminuic;ao da func;ao muscular, e,
portanto, por melhor a func;ao do musculo, acabara por intensificar a
capacidade aer6bica.
E bom lembrar que exercicios excessivos podem causar maiores danos
a articulac;ao; por isso, 0 fisioterapeuta e 0 paciente devem estar atentos a
sinais e sintomas como: aumento do edema, dor apes os exercicios que dure
mais que duas horas e au men to da fadiga. Porem BUNNING e MATERSON
(1991) relatam que nao he suporte preciso para esses dados, ou seja, que a
19
dor ap6s os exercfcios par mais de duas horas seja realmente indicac;:ao de
eXC8SSO de atividade.
o usc dos recursos fisioterapeuticos termoterapia (hipotermoterapia au
hipertermoterapia) e eletroterapia sao muito utilizados, porem existem poueos
estudos clinicos randomizados e controlados a respeito de suas eficacias na
OA.
Dentre as medidas fisicas, podemos utilizar a crioterapia visando a
analgesia e a termoterapia superficial com 0 intuito de relaxar a musculatura
contraturada e aliviar a dor por mecanismos reftexos.(LtANZA, 2001).
A hipotermoterapia e indicada nos casas de dar, inflamac;ao e espasmo
muscular. A hipertermoterapia tambem alivia a dar, aumenta a extensibilidade
do tecido col8geno e diminui a rigidez articular. A sonidoterapia (ultra-som) e
marconioterapia ( ondas curtas e microondas) tambem sao amplamente
utilizadas como forma analgesica e de acelerac;:ao da cicatriza9ao tecidual.
(MICHLOVITZ, 1996).
o uso da eletroestimula,ao de baixa frequencia (alivio da dor),
enfaixamento da patela e a utiliza9ao de um sistema de biofeedback para
treino da marcha sao recursos que 0 fisioterapeuta ainda pode utilizar. A
func;:aopode ser recuperada por meio de treino de marcha, terapia ocupacional
e treino de atividades de vida diaria.O tratamento do comprometimento dos pes
deve sempre envolver a adequa9ao de calc;:ados e a correyElo de desvios
posturais do pe mediante prescri,ao de palmilhas. (LiANZA, 2001).
Temos tambem como recurso fisioterapeutico as mobiliza90es
articulares. MAITLAND (1986) relata que estas tecnicas utilizam um movimento
passiv~ executado dentro da capacidade do paciente impedi-Io, que e
20
constituicta de movimentos passivQs e estiramento capsular mantido, com 0
objetivo de proporcionar urn alivio da dar e aumento dos movimentosfuncionais.
KISNER e COLBY (1998) acrescentam que a mobilizal'ao articular tambem e
usada para tratar as disfun<;:oes articulares, como rigidez e hipomobilidade
reversivel. KAL TEN BORN (2001), conclui que esta mobilizal'ao e utilizada
quando 0 paciente apresenta hipomobilidade ou dor.
LEDERMAN (2001) descreve que muitos aspectos da dar podem ser
atenuados per varias formas de manipulagao. A analgesia induzida
manualmente pade estar relacionada a urn bloqueio sensorial, no qual 0
processamento e a percepr;;:ao podem ser reduzidos par um estimulo
concomitante sabre 0 Dutro.
De acordo com a relata de KISNER e COLBY (1998), a mobilizal'ao
articular estimula a atividade biol6gica movimentando 0 liquido sinovial,
trazendo nutriente para a cartilagem avascular das superficies articulares, com
a retirada dos catab6litos. A mObilizat;ao igualmente mantem a capacidade de
extensao e a fort;a de tensao nos tecidos articulares e periarticulares,
prevenindo contraturas e enfraquecimento ligamentar.
Da mesma forma, a mobilizayao articular transmite impulsos nervosos
aferentes dos receptores articulares para 0 sistema nervoso central, que e
necessario ao equilibrio postural do individuo. Os impulsos sensoria is
relacionados a posit;ao eslatica e ao senso de velocidade do movimento sao
detectados pelos receptores tipo I da capsula articular superficial. Os
relacionados com a mudan9a na velocidade do movimento sao acusados pelos
receptores do tipo II, localizados nas camadas profundas da capsula articular e
coxins articulares adiposos. Por sua vez, os impulsos sensoriais referentes ao
21
sensa de direy30 de movimento sao detectados pelos receptores do tipo I e III,
que estao presentes nos ligamentos articulares. Os impulsos vinculados a
regula,ao do t6nus muscular sao apontados pelos receptores tipo I, 11e 111.Por
fim, os impulsos relacionados com as estfmulos nociceptivos sao acusados
pelos receptores do tipo IV, encontrados na capsula fibrosa, nos ligamentos,
nos coxins articulares adiposos, no peri6stea e nas paredes dos vasas
sanguineos (KISNER e COLBY, 1998).
Conforme ressalta KAL TEN BORN (2001), em resposta a sensa,ao de
dar, surge espasmo muscular, agindo como uma defesa muscular reflexa. Tal
espasmo e tratado pela mobHiza9E1o articular, que estimula efeitos
neurofisiol6gicos par meio de estimulos realizados nos mecanorreceptores, os
quais inibem a transmissao de estimulos nociceptivQs na regiao da medula
espinhal ou do tronco cerebral. Os efeitos mecanicos da tra<;8o promovem a
movimentag8o do liquido sinovial que transporta os nutrientes para para as
por<;oes avasculares de carti\agem articular e tambem reduzem as forgas de
compressao intra-articular. Usada para diminuir a dor, aumentar a amplitude de
movimento articula ou testar movimentos acessorios, esta tra<;.3o e um
movimento translat6rio, realizado mediante utiliza<;ao da folga da articula<;c3o,
perpendicular e em afastamento do plano de tratamenta.
As mobilizagoes articulares diminuem a dor pela modifica<;.3o da dor
reflexa, inibi<;8o do espasmo muscular e diminui<;ao do edema. A estimula9aa
dos receptores articulares reduz a percep930 de dar pelo bloqueio dos
impulsos dolorosos, usanda-se a mecanisme de contrale de entrada,
produzindo, assim, 0 relaxamento muscular reflexo. A dar pode ser atenuada
pela diminui,ao das for,as compressivas na articula,ao. (EDMOND, 2001).
21
Temas tambem a possibilidade do usa de orteses e equipamentas de
auxilio da marcha, para auxiliar ou substituir Lima fun9ao. Alem disso, temos
palmilhas anti-yare associadas com estabilizagao do tornazelo sao eficientes
na melhora da dor e (unyao do joelho no caso das gonoartroses. (COIMBRA et
al,2002).
2.8.3 Tratamento cirurgico
o tratamento cirurgico esta indicado quando 0 tratamento conservador
(como a terapia medicamentosa e a fisioterapia) nao for capaz de reduzir dor e
houver progressiva limita9ao funcional nas atividades da vida diiuia. A
fisioterapia vai atuar no pas-operata rio desses pacientes visando 0 retorno
precoce da fungao que esta associada com a amplitude de movimento da
articulayao (SKINNER, 1994).
Os procedimentos variam de acordo com a articulagao acometida e 0
grau de lesao.As artroplastias totais devem ser reservadas para estagios mais
avangados da doenga, e pacientes mais idosos, tendo em vista a durabilidade
das proteses.(CARVALHO, 2001).
Os pacientes com osteoartrite graus II e III, com comprometimento
progressivo da independencia das atividades de vida diaria e falha no
tratamento conservador devem ser encaminhados para 0 ortopedista, 0 qual
fara indicagao de tratamento cirurgico. As cirurgias indicadas sao:
desbridamento artroscopico, osteotomia e artroplastias. (COIMBRA et ai,
2002).
0'-Y
A alta incidencia de lesao meniscal degenerativa em pacientes a partir
da quarta deeada de vida e falo eonheeido. A OA de joelho, doen9a resullanle
de eventos mecanicos e biol6gicos que alteram os processos de degradac;ao e
sintese da cartilagem articular, matriz extracelular, e do ossa subcondral, e
considerada como importante fator etiol6gico das degenerac;6es meniscais.
(D'ELIA el ai, 2005).Portanlo 0 desbridamenlo e um proeedimenlo indieado
nestes cases de lesao meniscal relacionada a OA 0 desbridamento
artroscopico e indicac;ao precisa para correc;ao de les6es parciais de menisco,
labrum, e relirada de eorpos livres inlra-artieulares (COIMBRA el ai, 2002).
Para COIMBRA el al (2002) as osleolomias sao imporlanles, pois
devem ser feitas precocemente em paciente selecionados. Sao feitos dais tipas
de osteotomias:
- Profilatica indicada em pacientes sintomatiGos sem alterac;oes radiograficas
para a corre<;ao de desvios de eixo articular.
- Terapeutica indicada em casos sintomaticos com altera90es radiograficas. E
feita para alterar 0 eixo de alinhamento do membro afetado e deslocar a carga
para oulra regiao da superfieie artieular.(COIMBRA el ai, 2002).
Outras possibilidades de tratamento sao as artroplastias totais, as quais
promovem acentuada reduyao da dor e melhora funcional na maioria dos
pacientes.Temos ainda as artrodeses indicadas em casos de dor e
incapacidade funcional persistente de OA de tornozelo e que nao tenham
melhorado com 0 Iralamenlo conservador.(COIMBRA et ai, 2002).
24
2.9 PROGNOSTICO
o prognostico da osteoartrose varia enormemente de articulayEio para
articula<;ao, mas convem notar que a evolu<;80 do estado m6rbido e quase
sempre lenta, contada em anos (embora haja formas rapidamente
progressivas), permitindo previsao razoavelmente boa para a maieria dos
casos. As localiza<;6es de joelhos e coxofemoral sao as mais invalidantes, par
influenciarem diretamente na locomoc;:ao do paciente, mas 0 arsenal
terapeutico atual possibilita uma atua<;ao favoravel mesma nestas
circunstancias, tornando 0 prognostico menos sombrio. (CARVALHO, 2001).
2S
3. MATERIAlS E METODOS
Este estudo e do tipo revisao da literatura. Para elabora-Io, fcram
selecionados 14 artigos datados de 1994 a 2006, colhidos nas principais
universidades de Curitiba - Pr, nos idiomas portugues e ingles, al8m de dados
colhidos por intermedio de livros que vao de 1980 a 2005. Foram analisados os
14 artigos, porem apenas 10 foram utHizados para a realizay20 deste estudo,
pais condiziam com a proposta inicial do trabalho. Dentre eles, alguns eram
exclusivamente sabre osteoartrite e outros relacionavam a osteoartrite com
assuntos diversos.
Neste trabalho objetivou-se realizar Lima pesquisa de carater
bibliografico, procurando at raves de diversos trabalhos cientificos saber mais
sabre osteoartrite e seu tratamento fisioterapeutico mais adequado. A
importancia deste estudo deve-se a estimativa de urn tergo dos individuos
adultos com idade entre 25 e 74 ano apresentem evidencias radiogrcHicas de
osleoartrite em pelo menos uma articula9aO, isso segundo LAWRENCE et al
(1989) em Estimativas da prevalencia de artrite e doen,as
musculoesqueleticas nos Estados Unidos , e no estudo Framingham
Osteosrthritis Study Group, a estimativa e de um terryo dos individuos com
idade entre 63 e 93 anas apresentem Osteoartrite radiologica, e em 9,5% dos
casos e sintomatica. Alem disso segundo dados do IBGE, no ano de 2030 0
Brasil tera a sexta populag2o mundial em numero absoluto de idosas, e como
ja foi dito a prevalencia de osteoartrite aumenta com a idade.
26
4. RESULTADOS
Sabe-S8 que a osteoartrite, tarnbam chamada de artrose, e uma doenga
cronica, multifatorial, degenerativa e de progressao lenta. Ha um consenso
entre as autores pesquisado quanta a sua etiol09ia multifatorial, sendo rnais
prevalente em mulheres de idade rnais avanyada. Sua epidemiologia e poueD
divergente quanta a numeros precisos, porem concorda-se que atinge grande
parte da populacyao, estimativa que aumenta com a idade e no sexo feminino.
Alem disso e uma das doengas rnais incapacitantes Tambem e consenso entre
as autores que, a doenga apes ser diagnosticada, deve-s8 estabelecer um
tratamento adequado e multiprofissional para que garanta ao paciente uma
melhor qualidade de vida.
Estudos geneticos em familias com OA mostraram uma influencia
genetica, alem de acreditar-se ser um fator fisiol6gico de desgaste da
articulayao em idosos e em casos de sobrecarga da mecanica articular, sendo
assim, pode-se dizer que esta doenlYa nao sera erradicada Porem pode ser
tratada e controlada atraves de terapias e medicamentos. Entao devem investir
em pesquisas cientificas para melhor tratar seus sintomas e amenizar sua
progressao, possibilitando assim uma melhor qualidade de vida ao doente OA.
Atualmente se dispoe de evidencias do beneficia do tratamento precoce
da doenya e do impacto que este tratamento causa na evolU9aO e progn6stico
destes pacientes.
Programas de exercicios aer6bicos e dinamicos regulares sao indicados
para manutenlYao da mobilidade articular, forya muscular, aptidao flsica e
melhora do bem-estar psicol6gico, sem aumentar fadiga au sintamas
27
articulares, po is devem ser supervision ados por profissionais competentes, no
casa da reabilitagao cabe aD fisioterapeuta prescreve·los e orientar 0 paciente.
Dentre a bibliografia pesquisada, foi observada a importancia de um
tratamento fisioterapeuHco adequado a cada individua, atraves das diversos
recursos e tecnicas fisioten3picas eletroterapia, a termoterapia,
cinesioterapia, e a terapia manual, associ ados aD tratamento medicarnentosQ,
diminuindo aD maximo a progressao da doenc;a e evitando urn passive I
tratamento cirurgico.
28
5. DISCUssAo
Para L1ANZA (2001) a osteoartrose e definida como uma molestia
degenerativa articular e caracteriZ8-se pela perda progressiva da cartilagem
articular acompanhada de neoformayao 6ssea periarticular. A Osteoartrite e
uma doeng8 degenerativa, progressiva, e de instalay<3o lenta, portanto cronica.
E definida como Ulna moiestia degenerativa articular e caracteriza-se pela
perda progressiva da cartilagem articular acompanhada de neoformayao 6ssea
periarticular. (L1ANZA, 2001).
Ha urn consenso epidemiol6gico quando dizem que a osteoartrite
tern uma maior incidencia no sexo feminino e em idades avan9adas, perem a
divergencias entre as autores com relay30 a faixa eta ria analisada, e
estatisticas urn POUCD divergentes. Numa pesquisa radiografica em mulheres
com menes de 45 anos de idade, apenas 2% apresentavam osteoartrose:
contuda, entre as idades de 45 e 64 anas, a prevalencia foi de 30% e, nas
mulheres acima de 65 anos, foi de 68%. Em homens, as porcentagens foram
simi!ares, mas um pouco menores nas faixas etarias mais avan9adas. (FAUCI
et ai, 1998). Entretanto no estudo Framingham Osteoarthritis Study Group,
estima-se que a prevalemcia da AO radiologica e de urn ter90 dos individuos
com idade entre 63 e 93 anos e a AO sintomatica ocorra em 9,5% do total
dessa populal'ao. (COIMBRA, 2004).
Quanto ao tratamento, concorda-se que tern que objetivar 0 alivio dos
sintomas e urn grande aliado e a reabilitayao fisioterapeutica. A Fisioterapia,
com recursos e tecnicas proprias, pode determinar a quebra desse circulo
vicioso, contribuindo, assim, para a melhora do quadro cllnico e funcional do
paciente.O uso dos exercicios terapeuticos mantem a forya muscular, a
29
mobilidade articular, a resistencia, a funcionalidade e mais, aumentam a
densidade 6ssea e diminuem a dar, melhorando a biomecanica. (BUNNING e
MATERSON, 1991). A Fisioterapia e 0 programa de exercicios fisicos
proporcionam notavel beneficia, devendo ser prescritos como terapia de base
para todos os pacientes com osteoartrose.(GOLDMAN, 2001).
Muitos estudos fcram observados quanta as tecnicas e recursos
fisioterapicas que poderao contribuir para urn born tratamento fisioterapeutico,
o que permite conciuir que a diversidade de recursos da fisioterapia estao cada
vez mais melhorando a qualidade de vida desses paciente.
30
6. CONSIDERAi;OES FINAlS
A Osteoartrite e uma doenry8 cranica degenerativa, progressiva, causa
de muitas casas de incapacidade. Para LlANZA (2001) e definida cama uma
molestia degenerativa articular e caracteriza-se pela perda progressiva da
cartilagem articular acompanhada de neoforma9ao 6ssea periarticular.
(LiANZA. 2001).Par esta marbidade e uma daen,a que merece uma aten,aa
especial.
o Tratamento pode ser farmacol6gicQ, nao farmaco16gico e cirurgico.
Sabe que quando 0 tratamento cons8Nador naD responde as expectativas,
apta-s8 par cirurgia. Entao temes urn papel fundamental da fisioterapia em
preservar a qualidade de vida da paciente.
Dentre as recursos fisioterapicos temes as mobiliz8ryoes articulares ,as
quais para MAITLAND, KISNER e COLBY, KAL TEN BORN, e LEDERMAN,
proporcionam alivio au resoluryao do quadro algico, alem da manutenryao e
ganha da amplitude de mavimenta, partanta melhara da funcianalidade da
articulayao acometida. Qutros recursos como a eletrotermoterapia podem ser
utilizados , porem nao existem estudos randomizados e controlados a respeito
de sua eficacia no tratamento do osteoartrite.
A base da fisioterapia consiste nos exercicios terapeuticos visando
manutenc;ao da forc;a e resistencia muscular, prevenc;ao de deformidades
articulares, manutenc;ao da amplitude de movimento. Temos como resultado a
melhora da condic;ao aerobica, diminuic;ao da dor, e melhora da biomecanica,
portanta melhora funcional e qualidade de vida para 0 paciente.
Segunda GOLDMAN (2001) a fisiaterapia e a programa de exercicias
flsicos proporcionam notavel beneficia, devenda ser prescritos como terapia de
base para tad as as pacientes com asteoartrite.
31
7. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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