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Junho2 UniversoUPF

espaço do leitorPrezado leitor,

Estamos lhe apresentando a primei-ra edição da Revista Universo UPF, publicação jornalística da

UPF que passa a circular com o objetivo de apresentar ações, projetos e pesquisas da instituição referência em ensino na re-gião norte do Rio Grande do Sul.

Com perfil informativo e periodicidade bimensal, a revista vai destacar a produ-ção científica, acadêmica, institucional, cultural e a inserção comunitária da UPF. Para isso, busca elementos do jornalismo científico, do noticiarismo, da prestação de serviços e da opinião, em um formato que interliga a profundidade do conteúdo e a facilidade de leitura, por meio de as-

pectos visuais atrativos e textos objetivos.

A Revista Universo UPF pretende constituir-se em um canal de comunica-ção da instituição com a comunidade, e para que obtenhamos êxito, queremos a sua opinião a cada edição. O canal está aberto! Para participar do Espaço do Lei-tor, envie seus comentários, sugestões, impressões sobre esta publicação para o e-mail [email protected]. Nossos telefones de contato são (54) 3316-8142 e 3316-8138

Boa leitura a todos!Equipe de produção da Revista Universo UPF

nesta ediçãoPg 08-09n Ambiente favorável à inovação Confira as ações da UPF na geração e transferência de novos conhecimentos e tecnologias

Pg 14-15n Linhas e formas de Passo Fundo resistem ao tempoConheça a história arquitetônica e paisagística da cidade e

descubra quais são os bens a serem preservados

Pg 12-13n Do consumo ao consumismoEducação financeira para auxiliar população de superendividados de Passo Fundo

Pg 19n Toma um comprimido que passa!Estudante de Farmácia pesquisa o uso inadequado do paracetamol e os problemas que a má administração pode causar

Produção de textos e edição: Carla Patrícia Vailatti (MTb/RS 14403); Caroline Simor da Silva (MTb/RS 15861); Cristiane Sossella (MTb/RS 9594); Leonardo Rodrigues Andreoli (MTb/RS 14508); Maria Joana Chaise (MTb/RS 11315) e estagiários Emílio Arruda e Fiorelo Rigon Neto.Revisão de textos:Projeto gráfico: Fábio Luis Rockenbach e Luis Antonio HoffmanDiagramação e capa: Núcleos de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda da Agência de Comuni-cação e Marketing UPF

A Revista Universo UPF é uma publicação da Univer-sidade de Passo Fundo e tem distribuição gratuita

Revista Universo UPF - nº 01 Junho/2012

Universidade de Passo Fundo - BR 285, Bairro São José - Passo Fundo/RS - CEP: 99052-900Fones (54) 3316 8100www.upf.br

Reitor: n José Carlos Carles de SouzaVice-reitora de Graduação: n Neusa Maria Henriques RochaVice-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: n Leonardo José Gil BarcellosVice-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários: n Bernadete Maria DalmolinVice-Reitor Administrativo: n Agenor Dias Meira Júnior

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Junho 3UniversoUPF

Milhares de brasileiros realizam o sonho da formação superior gratuita em Passo Fundo por meio do Prouni. A UPF é a instituição gaúcha que mais ofereceu vagas no último processo seletivo do programa

Cursar o ensino superior ainda é uma realidade distante para a maioria dos jovens brasileiros.

Mas esse déficit vem diminuindo ano a ano desde a criação do Programa Universidade Para Todos (Prouni) do governo federal. A UPF foi uma das instituições que aderiu ao programa desde o primeiro processo seletivo, ainda em 2005. De lá pra cá, a oferta de vagas aumentou mais de 1.300% na instituição.

No último processo seletivo, a UPF foi a instituição gaúcha com o maior número de vagas oferecidas, totalizan-do 14,35% do total de bolsas disponibi-lizadas em todo o Rio Grande do Sul, a nona colocada no Brasil. Entre bolsas integrais e parciais de 50%, foram ofer-tadas no total 1.738, das 12.108 vagas disponíveis no estado. Para aproveitar a chance de se graduar, vale tudo. Até fazer as malas e viajar centenas ou mi-lhares de quilômetros.

Longe de casaA UPF foi o destino de Felipe Appel.

O jovem de 18 anos, que morava em Rondonópolis, no Mato Grosso, viajou 1,8 mil quilômetros para poder estudar na Faculdade de Medicina. “Quando saiu a aprovação, a sensação foi du-

pla. Por um lado estava totalmente empolgado pelo fato de começar me-dicina numa das melhores instituições particulares do país. Era um sonho se tornando real de uma maneira bem acima do esperado”, conta. Por outro lado, se afastar do conforto de casa é um desafio com o qual ele ainda lida. “O clima é bem diferente. Sinto falta do calor da minha cidade. O inverno aqui é bem rigoroso, nunca havia en-frentado temperaturas abaixo dos 15 graus”, justifica. Sobre a escolha pro-fissional, a possibilidade de auxiliar as pessoas é um dos motivos. “Troco minha noite de sono com maior prazer para que isso aconteça”, garante.

Milhares de beneficiadosOs alunos beneficiados com o Prou-

ni na UPF são ao todo 4.757. Destes, 2.976 possuem bolsa parcial, e 1.781 integral. Apenas no último processo seletivo, a UPF registrou um total de 6,5 mil inscritos ao Prouni, oriundos de praticamente todos os estados bra-sileiros. A maioria é gaúcha, 6.340 candidatos, seguida por Santa Catari-na, Paraná, São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais.

Quando Guilherme Ferreira, 20 anos, decidiu que faria medicina, já estava preparado para a possibilidade de estudar em uma instituição de ensi-no distante de casa. E foi o que acon-teceu. Ele morava com os pais há mais de 15 anos em Osasco, na região me-tropolitana de São Paulo. Quando fez

a inscrição, optou pelas melhores ins-tituições possíveis, entre elas a UPF, para a qual foi selecionado. “Com o tempo me adaptei bem. Os gaúchos são muito receptivos. A maioria dos meus colegas não morava em Passo Fundo, são de cidades próximas da-qui. No final, a maioria se mudou pra poder estudar”, conta sobre a vinda a Passo Fundo.

Instituição de qualidadeA qualidade da instituição fez a di-

ferença na hora da inscrição. “Fiz uma pesquisa e descobri que o curso de Me-dicina da UPF não era recém-formado, o que pra mim é importante; tem boa nota no Enade, e boas referências en-tre as outras escolas médicas”, observa Ferreira. As expectativas foram alcan-çadas quando ele chegou. “A UPF tem uma estrutura muito boa que facilita ao aluno o processo de aprendizagem, como as bibliotecas, o acervo de livros e os recursos disponibilizados. É uma instituição que busca melhorar sem-pre. Isso faz muita diferença”, finaliza.

Já graduadosDesde que a UPF passou a oferecer

bolsas do Prouni em 2005, mais de 1.600 pessoas já se formaram nas mais diversas áreas do conhecimento. Para divulgar o programa, no último ano a UPF realizou uma série de palestras em escolas da região. Mais de 3 mil es-tudantes participaram dos encontros em 14 cidades.

Natural do Mato Grosso, Felipe Appel está a quase 2 mil quilômetros distante de casa para realizar o so-nho de se formar

Ao se inscrever para o Prouni,

Guilherme Ferreira optou pelas me-

lhores instituições de ensino dispo-

níveis

Longe de

casamas perto de um

sonho

Foto: Carla Vailatti

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universidade

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Junho4 UniversoUPF

O Brasil apresenta-se, atualmente, como uma das economias emergentes mais confiáveis, com condições e potencial para ajudar a alavancar o desenvolvi-

mento sustentável do planeta. Destacamos, nesse contexto, a decisiva contribuição das universida-des, o que coloca a Universidade de Passo Fundo, no ano de 2012, frente a muitas expectativas e novos desafios. Uma instituição do porte e da tradição da UPF precisa estar em constante mutação e aperfei-çoamento, acolhendo e protagonizando esse novo momento.

Por isso, a Universidade, além do lançamento da revista Universo UPF, – que se destina a ampliar e a qualificar a comunicação direta entre a Instituição e seu público interno e externo, difundindo as ati-vidades da graduação, pesquisa e extensão – con-tinuará investindo nas ações de geração e trans-ferência de novos conhecimentos, com especial atenção à inovação tecnológica. Acreditamos que a implantação do Parque Científico e Tecnológico UPF Planalto Médio é uma alternativa importante para o desenvolvimento regional, que coloca a UPF no patamar de outras grandes instituições que já possuem iniciativas da mesma espécie. Dessa for-ma, estamos convictos de que poderemos atrair recursos, prospectar inovação tecnológica e prestar ainda mais serviços à comunidade.

Aliado a esse fato, pretendemos dar continuida-de à política implementada desde o início da ges-tão, de incentivo ao desenvolvimento sustentável, tanto pelo viés acadêmico quanto pelo econômico--financeiro, revelando o papel estratégico da UPF de oferecer soluções às demandas da sociedade. Nessa linha também merece realce o incentivo à internacionalização da instituição. Por meio de ino-vações no ensino e na pesquisa, estamos cada vez mais atraindo parcerias para compartilhamento de conhecimentos e fomento ao desenvolvimento.

A caminhada de 44 anos de crescimento da Universidade de Passo Fundo está marcada pela atenção e pela sintonia da Instituição com a comu-nidade, sempre alicerçada no trabalho coletivo de gestores, professores e colaboradores. Assim, pros-seguiremos construindo a nossa história de suces-so, contando sempre com o empenho de todos

* Reitor da UPF

Palavra do

ReitorJosé Carlos Carles de Souza*

Entende-se por bullying todas as for-mas de atitudes agressivas, inten-cionais e repetidas, que ocorrem sem

motivação evidente, adotadas por um ou mais indivíduos contra outro(s), causando dor e angústia. Isso inclui diversas ativida-des, como lutar, emitir palavras impróprias, fazer brincadeiras de cunho agressivo, ex-torquir e roubar. Os atos repetidos entre iguais e o desequilíbrio de poder são as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima.

Hoje é reconhecido que o bullying, como fenômeno social, pode surgir em diversos contextos, como parte de problemas de relações pessoais, em diferentes locais. Há também o cyberbullying que utiliza os meios de comunicação para espalhar comportamentos hostis por parte de um in-divíduo ou grupo com o objetivo de machucar os outros.

Diversos pesquisadores em todo o mundo têm direcionado seus es-tudos para esse fenômeno que toma aspectos preocupantes, tanto pelo seu crescimento, quanto por atingir faixas etárias cada vez mais baixas. Dados recentes apontam no sentido da sua disseminação por todas as classes sociais. Embora tenha sido pouco considerado no passado e visto até como uma experiência normal do desenvolvimento, atualmente ele é visto como causa importante de estresse e de problemas físicos e emo-cionais.

Os alvos são pessoas ou grupos que sofrem as consequências dos com-portamentos de outros e que não dispõem de recursos, status ou habi-lidade para reagir ou fazer cessar os atos danosos contra si. São, geral-mente, pouco sociáveis. Muitos passam a ter baixo desempenho escolar e podem abandonar os estudos. Esses indivíduos apresentam uma maior incidência de sintomas psicossomáticos, como cefaleia, dor de barriga, desânimo, dificuldades de sono, fadiga e dor nas costas.

A vítima é escolhida por características físicas ou psicológicas que a tornam diferente dos outros: obesidade, uso de óculos, presença de sar-das, baixa estatura, deficiência física, dificuldade de aprendizagem, so-taque de outra região e outros aspectos culturais, étnicos ou religiosos. O fato de sofrer bullying não é culpa da vítima: a diferença é apenas um pretexto para que o agressor satisfaça uma necessidade que é dele mes-mo: a de agredir.

O bullying também traz consequências indesejáveis para seus pratican-tes, como a persistência do comportamento antissocial na idade adul-ta. Estatisticamente há um contingente maior de vítimas em relação aos agressores. Adolescentes envolvidos no bullying têm risco aumentado de desenvolver depressão, suicídio e distúrbios do sono, por isso, a neces-sidade de intervenção psiquiátrica tanto para agressor quanto agredido.

Não existem soluções simples para se combater o bullying. Trata-se de um problema complexo e de causas múltiplas. Intervir imediatamente, tão logo seja identificada a existência de bullying na escola, por exemplo, e manter atenção permanente sobre isso é a estratégia ideal. As etapas para a resolução do bullying propostas são: pesquisar a realidade, abolir o comportamento agressivo, buscar parcerias, formar um grupo de traba-lho, ouvir opiniões, definir os compromissos, divulgar o tema e informar os pais, os professores e a comunidade.

* Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e professor da Faculdade de Medici-na e do curso de Psicologia da UPF

Opinião

Bullying: o impacto sobre a sociedadeCláudio Joaquim Paiva Wagner*

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Junho 5UniversoUPF

Desde que foi implementado, o projeto cresceu tanto em número de alunos apoiadores, quanto de apoiados. Em seu primeiro ano de funcionamento, 2011, além das aulas de estática e química, houve também grupos de apoio de informática básica, produção de texto, inglês, bioquímica, estatística, física, fundamentos da matemática I, matemá-tica básica, mecânica dos fluídos, sistemas estruturais mecânicos e anatomia dental.

O horário das atividades é adaptado de acordo com o grupo de estudos. A psicopedagoga do SAEs Guerti Kist explica que todas as ações são gratuitas e organizadas em módulos para atender aos interesses específicos de cada grupo. Ela lembra ainda que existe um setor que contribui tecnicamente junto com os professores preocupados com o ensino e a aprendizagem dos universitários e que por esta razão foi criado o Programa de Apoio à Aprendizagem, do qual o Aluno Apoiador faz parte.

Uma rede de apoio à

aprendizagemProjeto Aluno Apoiador possibilita que pos-síveis dificuldades em determinadas áreas ou disciplinas sejam vencidas com o suporte de colegas

Aprender na universidade é superar obstáculos que advêm do próprio proces-so de ensino-aprendiza-

gem. Assim, o universitário enfrenta no seu cotidiano situações e desafios. As disciplinas das áreas de física, química e cálculo, por exemplo, são consideradas por muitos estudantes o “bicho-papão” dos bancos univer-sitários, o que pode se aplicar tam-bém à área de produção textual ou até mesmo às línguas estrangeiras e à matemática, já que a facilidade ou não de aprendizagem depende de cada pessoa e do contexto de es-tudo. Pensando em auxiliar acadê-micos que porventura estejam com alguma necessidade em termos de aprendizagem, o Setor de Atenção ao Estudante da UPF (SAEs), vinculado à Vice-Reitoria de Graduação, criou o projeto Aluno Apoiador.

As sementes do projeto, lançadas há pouco mais de um ano, já estão dando bons frutos e contribuindo na motivação, permanência em sala de aula e maior interesse nos estudos. Os encaminhamentos para ser aluno apoiador - aquele com maior facili-dade em determinadas áreas, e cuja

motivação e interesse em aprender contamina os demais - vão desde a indicação dos colegas, professores e coordenadores do curso até a ini-ciativa do próprio aluno que deseja apoiar.

A coordenadora do SAEs, professo-ra Teresinha Bastos Scorsato, explica que o projeto surgiu de uma ideia de ampliar os espaços de entreajuda constituindo uma rede de apoio en-tre os alunos. Também integrante do SAEs, o professor Tadeu Fagundes de Souza observa que, a partir das demandas e relatos dos estudantes, são organizados os grupos de apoio, beneficiando a todos. “O aluno apoiador aprofunda e troca os seus conhecimentos, além de receber um atestado pela participação e ampliar seus vínculos de amizade. Tanto o apoiador quanto o apoiado trocam, compartilham o aprendizado permi-tindo que o saber circule e desobs-trua as dificuldades do aprender”, enfatiza.

No ritmo do mundo acadêmicoFabiano Favareto, do curso de

Engenharia Mecânica, apostou no projeto. “Desde o primeiro semestre descobrimos a possibilidade de ter essa aula para complementar a ma-téria. É mais uma forma de estudar, de tirar dúvidas entre colegas. Não reprovei em nenhuma matéria das que tive aula de apoio”, comemora.

Para que o projeto tenha sucesso é preciso que os alunos apoiado-res participem. O universitário do sexto nível da Engenharia Mecâni-ca, Andrei Bavaresco Rezende, foi o primeiro a integrar o projeto na condição de voluntário. “Nos nos-sos encontros trabalhamos desde os conteúdos básicos em que há mais dúvidas até a resolução de exercí-cios”, explica. Segundo Rezende, os pontos positivos em integrar a ação vão desde o maior aprofundamento nas matérias, até a convivência e a possibilidade de socializar o conhe-cimento.

Iniciativa deseja auxiliar acadêmicos que porventura estejam com alguma necessidade de aprendizagem

Crescimen-to e conso-

lidaçãou

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Junho6 UniversoUPF

entrevista

Sentimentos profundos que se confundem e palavras que não servem para expressá-los. Há raiva, carinho, tédio e uma imen-

sa falta de habilidade em comunicar. Re-sultado: uma imersão cada vez maior na realidade interna e um descolamento do que acontece em volta. De forma simpli-ficada, é esse o círculo que envolve pes-soas que nascem com autismo.

O autismo é um distúrbio que se apre-senta no início da infância, e compro-mete a comunicação, a cognição e em especial a interação social. Parte dessa dificuldade de interação está centrada nos déficits de comunicação.

Na ânsia de oferecer uma alternati-va que pudesse beneficiar a comunica-ção de crianças com essa dificuldade, o professor Roberto dos Santos Rabello desenvolveu sua tese de doutoramento nessa área. O trabalho “Interação e au-tismo: uso de agentes inteligentes para detectar déficits de comunicação em ambientes síncronos”, desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada à Educação da UFRGS, busca aliar a tecnologia à pro-blemática da comunicação e letramento em sujeitos com a síndrome.

Tecnologia para superar barreirasn Software desenvolvido por pesquisador da UPF atua como instrumento de comunicação alternativa para letramento de pessoas com autismo

Roberto dos Santos Rabello

Comecei a me co-municar com eles

usando o MSN. A mi-nha função não era

só conversar, mas procurar compensar

alguns déficits de conversação.

Foto: Fabiana Beltrami

Professor Roberto Rabello desenvolveu o estudo durante seu doutoramento em informática Aplicada à Educação

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Junho 7UniversoUPF

De que forma foi organizada, na práti-ca, a pesquisa?

A pesquisa iniciou com um número pe-queno de sujeitos, pois eu precisava tra-balhar sujeitos com alto desempenho, alfabetizados e que tivessem um conheci-mento básico de computação. Foram se-lecionados inicialmente quatro jovens, de 17 a 33 anos, um de Frederico Westphalen, dois de Passo Fundo e um de Porto Ale-gre. Comecei a me comunicar com eles usando o MSN. Foram quase 200 diálogos armazenados. Nesse trabalho, se identifi-cou que eles davam respostas muito boas via MSN. A minha função era não só con-versar, mas procurar compensar alguns déficits de conversação, de comunicação conversacional.

Como eram esses diálogos?Os assuntos variavam entre futebol,

filmes, questões do cotidiano. Um dos participantes sabia tudo sobre filmes. Eu precisava conversar com ele com um site de buscas aberto para poder dar as respostas que ele queria. Tive até que me passar por colorado – sou gremista – para falar com um rapaz fanático pelo Internacional e que não falava com gre-mistas. Mudei até essa informação no meu Facebook para ganhar confiança. Conheci pessoalmente um dos sujeitos e fomos ao cinema. Nossos diálogos evolu-íram muito.

E quais as principais deficiências identificadas nesse primeiro contato?

O autista tem alguns déficits, como a ecolalia, por exemplo, que é a repeti-ção do último turno conversacional. Por exemplo, eu digo: “eu gosto de futebol”, aí o sujeito repete: “futebol”. Ou ele tem a inversão pronominal, por exemplo, em vez de dizer: “eu”, ele diz o seu nome. Du-rante os diálogos procurei corrigir isso. Com o tempo, não que tenha corrigido completamente, mas percebi que eles iam mudando a postura. Outra coisa que acontece muito é a falta de interação. Eu começava a conversar e ficava em stand by. O sujeito parava, ia fazer outra coisa, não dava sequência ao diálogo. Então eu buscava trazê-los novamente para a con-versa. Todos tiveram um resultado bem interessante no sentido da interação.

E qual foi o ponto de partida para a criação do software?

A partir da identificação das deficiên-cias e proposição da compensação, criei o software e armazenei todos os dados de diálogos, mantendo o anonimato dos sujeitos. Em seguida dei acesso para es-pecialistas em autismo, psicólogos, espe-cialistas na área conversacional. Esses profissionais detectaram quais eram os déficits de atenção que aconteciam. Em uma janela do programa aparecia o tur-

no conversacional e ao lado uma classifi-cação do déficit. A partir daí, propus que isso fosse feito de forma automática, que o sujeito com autismo pudesse acessar um chat que ao invés de conversar com determinada pessoa, o próprio chat de-tectasse o déficit conversacional e atra-vés do uso de agentes inteligentes pro-pusesse uma compensação. Ao invés de ser uma intervenção intrusiva, aparece uma linha de conversação normal, como se tivesse uma outra pessoa mandando mensagem para ele.

Como ocorre essa intervenção do sis-tema?

Estou conversando com um sujeito, mas ele diz: “fulano gosta de futebol”, em vez de dizer: “eu gosto de futebol”. O pró-prio chat identifica isso e diz: “ao invés de utilizar “fulano”, utilize o pronome pes-soal “eu””. Normalmente ele (o autista) aguardava um tempo e respondia no for-mato indicado, ou seja, ele estava absor-vendo essa sugestão de alteração. Essa era a proposta que queríamos atingir. O interessante desse resultado, porém, é o fato de se ter uma interação muito mais fluente usando a tecnologia, o que não acontece normalmente no face a face.

Por isso a tecnologia facilita essa inte-ração?

Sim, pois o autista tem um problema relacionado à teoria da mente, ele não consegue imaginar o que a outra pessoa está pensando. Em função disso, muitas vezes essa pessoa não consegue ter uma interação legal. O fato de não estar face a face facilita, e isso a gente pode ob-servar até mesmo com as pessoas ditas normais, elas se sentem mais a vontade falando em chats ou redes sociais do que falando pessoalmente. Isso acabou fazen-do com que esses sujeitos melhorassem a interação social no face a face também. O resultado foi além daquilo que esperá-vamos, inclusive na questão de demons-tração da afetividade, que normalmente o autista não tem muito.

Esse software será disponibilizado para o público?

Temos a pretensão de estender isso a pessoas com outras síndromes que tenham problemas de interação social. Num primeiro momento, as formas de compensação são restritas aos autistas, mas esse projeto integra uma iniciativa maior e vai ser inserido em outro softwa-re que vai além da questão de conversa-ção, para atendimento de sujeitos com outras síndromes ou deficiências, como TDAH, dislexia, afásicos, entre outros. Já estamos adaptando o chat para esse software. A pesquisa agora faz parte do projeto Escala, desenvolvido em parce-ria entre UPF e UFRGS.

u A ONU estima que existam no mundo mais de 70 milhões de pessoas com autismo. No Bra-sil a estimativa é de 2 milhões de pessoas com a síndrome.

u O Transtorno do Espectro Autista, nome oficial do grupo de diferentes desordens do desen-volvimento que engloba o autis-mo, é mais comum em crianças do que AIDS, câncer e diabetes juntos.

u Sinais de autismo normal-mente aparecem no primeiro ano de vida e geralmente antes dos três. A desordem é quatro vezes mais comum em meninos do que em meninas.

u A tese desenvolvida pelo professor Roberto Rabello obte-ve premiação máxima no con-curso de teses de doutorado no Simpósio Brasileiro de Informá-tica Aplicada à Educação 2010.

O resultado foi além da-quilo que esperávamos, inclusive na questão de

demonstração da afetivi-dade, que normalmente o autista não tem muito.

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Junho8 UniversoUPF

Reconhecidamente a inovação tecnológica é hoje um dos fatores decisivos para o de-senvolvimento sustentável e

competitivo de um país. Embora ainda esteja galgando degraus neste sentido, o Brasil tem alcançado resultados posi-tivos, a começar pelo recorde de marcas e patentes solicitadas junto ao Inpi em 2011 e o ganho de posições no ranking mundial que mede a inovação tecnoló-gica, passando do 68º para o 47º lugar. Ciente de suas possibilidades em pro-mover ações de geração e transferência de novos conhecimentos, a UPF está in-vestindo fortemente na área. São várias iniciativas em andamento, fruto de um contato mais próximo com a comunida-de para conhecer suas demandas e da competência técnica para o encaminha-mento de projetos.

Nessa nova configuração de investi-mentos e prioridades, ganham destaque

o Parque Científico e Tecnológico UPF Planalto Médio, o Centro Tecnológico de Pedras, Gemas e Joias (CTPedras), além do trabalho da UPFTec de promover a inovação tecnológica através da intera-ção universidade-empresa, e as parce-rias, como no projeto de Extensão Pro-dutiva e Inovação, que está atendendo gratuitamente indústrias de pequeno e médio porte da região. Os polos de ino-vação tecnológica que têm a UPF como gestora estimulam a integração da insti-tuição ao setor produtivo nas diferentes regiões do RS.

O grande impulsoAinda neste primeiro semestre devem

começar as obras da primeira área física do Parque Científico e Tecnológico UPF Planalto Médio, que ficará localizado em uma área de 10 hectares, localizada nas proximidades da Faculdade de Di-reito da UPF. Os recursos para a cons-

trução do prédio somam R$ 1.240.638,50 e provêm do Programa Gaúcho de Par-ques Científicos e Tecnológicos (PGtec). Para equipar o local já foram liberados R$ 3,7 milhões pelo Ministério da Ciên-cia, Tecnologia e Inovação. Assim que a estrutura física estiver concluída, serão instalados os espaços para incubação, o Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia, a primeira empresa âncora na área de tecnologia da Informação e a área administrativa. O parque é fruto de parceria entre a UPF e a Prefeitura de Passo fundo e tem como coordenador o professor Alexandre Lazaretti Zanatta. Além do parque, outras ações já em de-senvolvimento ganham destaque.

Inovação em pedras, gemas e joiasCriar soluções para o desenvolvimen-

to respeitando o que se produz regional-mente é uma das funções da inovação. Em Soledade-RS, como atividades tí-

inovação Ambiente favorável à

UPF investe em pesquisa, formação de profissionais capacitados e transferência de tecnologia. Parque Científico e Tecnológico deve alavancar investimentos na área

especial

Parque é iniciativa da UPF em parceria com a Prefeitura de Passo Fundo, que tem como objetivo desenvolver um ambiente que possibilite aumento da competi-tividade das empresas, promovendo a inovação e o desenvolvimento tecnológico

Fotos: Divulgação UPF

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Junho 9UniversoUPF

picas da região, a mineração, o benefi-ciamento e a comercialização de pedras preciosas ganham novas perspecti-vas com a consolidação do CT-Pedras. Além da qualificação profissional, o CT--Pedras investe no desenvolvimento de pesquisa e transferência de tecnologia.

Um grupo de pesquisa, com a partici-pação de professores e alunos bolsistas de diversos cursos da UPF e professores da UFRGS, desenvolveu a Tecnologia 3D Gemas, um conjunto de técnicas, proce-dimentos e softwares com o objetivo de auxiliar o processo de lapidação faceta-da de gemas coradas, visando encontrar para cada gema o projeto de lapidação que resulte em maior valor agregado. Os

dados e as análises indicam que, com a utilização dessa tecnologia, é possível obter um incremento do aproveitamen-to volumétrico da gema de 25% para em média 35% se comparado ao aproveita-mento volumétrico via processo manual de lapidação.

Outro projeto de pesquisa, com paten-te de invenção já depositada, objetiva a criação de matéria-prima para utilização em sistema de prototipagem rápida via impressão tridimensional (3DP). Atual-mente, para esse sistema de impressão de protótipos, é utilizado um material importado, adicionado em sucessivas camadas, até formar-se o objeto que se deseja. Pelo novo sistema, a impressão

de protótipos utilizará rejeitos gemo-lógicos do processo de corte da ágata, pedra preciosa típica da região de Sole-dade, que adicionados a outros compo-nentes químicos poderão dar origem aos protótipos.

Em outro contexto, pensando na ino-vação de procedimentos que objetivem a comercialização de novos produtos, O CT-Pedras está utilizando o processo de corte da pedra por jato d’água no contexto das gemas e joias. O método é consolidado em áreas como a metal--mecânica, mas em pedras é uma inicia-tiva pioneira no país. O corte por meio do jato d´água tem alta precisão e quali-dade e possibilita obter formas comple-xas e diferenciadas em materiais como a ágata, conforme explica o coordenador do CT-Pedras Juliano Tonezer. “Resulta, igualmente, num grande potencial de desenvolvimento de novos produtos, a criação de artefatos decorativos únicos, com excelente qualidade de acabamen-to”, revela.

Fertilizante só de acordo com a ne-cessidade

A agricultura é um dos principais motores da economia gaúcha. Como qualquer outro setor, tem como desafio aumentar a produção de forma susten-tável. Nesse contexto estão a agricultura de precisão e suas tecnologias. Na re-gião do Planalto, a Uniplastic, Indústria de Peças Plásticas, está preocupada com o desperdício de fertilizante na lavoura.

especial

Tecnologia 3D Gemas engloba desde a digitalização tridimensional da gema real, até a indicação do melhor aproveitamento volumétrico

Inovação deverá ser acoplada a equipamentos agrícolas para realização da adubação do solo, podendo ser usada em diferentes culturas e marcas de semeadoras

Foto: Cristiane Sossela

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Junho10 UniversoUPF

De acordo com o professor Dr. Adria-no Luís Toazza, o protótipo eletrônico permitirá monitorar a área adubada e controlar a quantidade de fertilizantes, de modo independente à variação de velocidade do equipamento agrícola imposta pelas inclinações do terreno. Também integram o trabalho, que já tem patente encaminhada, os professo-res Edson Acco e Paulo Sérgio Molina e o funcionário Rodrigo Busato, além de três estagiários do curso de Engenharia Elétrica.

É preciso proteger a tecnologia ge-rada

Com tanta tecnologia sendo gerada, acompanhar, registrar e licenciá-las,

além de ser estratégico, ainda pode ge-rar dividendos à instituição e empresas parceiras. Nos últimos dois anos, após investir em capacitação na área, a Uni-versidade conseguiu dar os primeiros passos, e já comemora alguns registros de softwares e patentes, disseminando, por meio da UPFTec, a cultura da gestão adequada da inovação e da proprieda-de intelectual. Já estão registrados pela instituição quatro softwares e quatro pa-tentes de inovação, com destaque para a área da saúde. Ainda, ressalta-se que existem três patentes em fase de reda-ção, originárias da Engenharia de Ali-mentos, bem como outros dois softwares prontos para registro e duas tecnologias em análise de patenteabilidade, todas provenientes da Engenharia Elétrica.

Para isso, buscou a parceria da UPF, que, no Núcleo de Eletrônica da Facul-dade de Engenharia e Arquitetura, está desenvolvendo um moderno mecanis-mo para corrigir variações de vazão de dosadores de fertilizantes em máquinas agrícolas.

De acordo com o empresário Alexan-dre Antônio Felizari, em aclives ou de-clives, o efeito desnível nos dosadores de adubos faz com que a dosagem de fertilizantes sofra alterações significati-vas na quantidade injetada na terra. “O mecanismo que criamos e está em fase de projeto do protótipo eletrônico visa à economia de fertilizantes, garantindo maior produtividade por meio da aplica-ção uniforme do produto”, explica.

Para o reitor José Carlos Carles de Souza, na UPF as perspectivas da área da inovação são otimis-tas. “A instituição recebeu em 2011 uma quantia expressiva de recur-sos para fomentar vários projetos de interesse da comunidade, dire-tamente relacionados com a ino-vação tecnológica. Esses recursos induzirão o nosso marco no desen-volvimento regional”, garante.

O vice-reitor de Pesquisa e Pós--Graduação Leonardo José Gil Bar-cellos afirma que a inovação na

UPF, e a consequente transferência de tecnologia desta para o setor empresarial, é vista como um dos grandes diferenciais a ser alcan-çado. “Esta área não é estanque e crescerá associada ao crescimento da pesquisa e do stricto sensu, bem como à criação de uma cultura vol-tada à inovação”, destaca.

Estudante do curso de Ciência da Computação, Jonas Fernando Ceccon Fitz afirma ser uma satis-fação poder estar envolvido com o desenvolvimento de tecnologias

capazes de aprimorar métodos e de contribuir em âmbito cultural e econômico com o desenvolvimento social. A acadêmica de arquite-tura e urbanismo Jéssica Cardoso Bisinella também está integrada a projetos de inovação. “A qualifi-cação de um profissional depende de sua capacidade, currículo, co-nhecimento e experiência, quesitos facilmente adquiridos nos projetos que estamos envolvidos e que farão a diferença no mercado de traba-lho”, considera.

Um futuro promissor

Esta área não é estanque e cres-cerá associada ao crescimento

da pesquisa e do stricto sensu [...]

“Leonardo José

Gil Barcellos - vice-reitor de

Pesquisa e Pós--Graduação

Projetos de Inovação estimulam o crescimento regional

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Junho 11UniversoUPF

Oiapoque ao ChuíViver, estudar e ensinar do

De 2005 até o momento, mais de 300 acadêmicos da UPF encararam o desafio de levar conhecimento a lugares distantes

comunidade

Adiversidade é uma das prin-cipais marcas do Brasil. Das feições da população às deze-nas de sotaques encontrados

pelo território nacional, tudo parece ser plural. Encontrar um brasileiro de uma região distante da nossa é como se de-parar com um morador de outro país. A cultura, o modo de ver a realidade e mesmo de viver, muitas vezes não con-diz com aquilo que estamos acostuma-dos. Em 2005, a UPF voltou a integrar as operações do Projeto Rondon e alunos de cursos de diversas áreas já tiveram a oportunidade de conhecer e de ensinar.

Dos 27 estados brasileiros, a UPF já enviou grupos para trabalhar nas ope-rações realizadas pelo Rondon em pelo menos 12 deles. O estado pode até se re-petir em uma operação para outra, mas o aprendizado que os alunos e profes-sores levam e trazem é sempre singular. O estudante do curso de Agronomia Aislam Celso Pazinato é um dos cerca de 300 estudantes que já participaram. Ele viajou em 2011 na Operação Tuiuiú para Porto Estrela, no Mato Grosso. Na bagagem de volta, não trouxe apenas o entendimento sobre o que é o Projeto Rondon. “A história mais marcante foi quando ficamos sem água para tomar banho no alojamento e a solução foi re-correr à população da cidade de Porto Estrela”, conta.

ConstruçãoAs impressões de uma mesma via-

gem são diferentes para cada pessoa. O acadêmico de engenharia ambiental Vinícius Honse Didó, também parti-cipou da Operação Tuiuiú. Dentre as muitas histórias vividas durante a via-gem, uma em especial ele sente prazer em contar: a construção de um sistema de tratamento de efluente doméstico alternativo de baixo custo, que foi re-alizada na residência de um morador. “Com certeza a simplicidade e gratidão deste senhor nos pagaram da melhor forma com que era possível”, orgulha--se.

Horta realmente comunitáriaA última operação da qual a UPF par-

ticipou foi a Pai Francisco, em Bacuri, Maranhão, no início deste ano. Entre as vivências que marcaram a viagem está a construção de uma horta em uma es-cola. A acadêmica Ana Alice Pasin, do curso de Ciências Biológicas, foi a res-ponsável pela execução do projeto na comunidade de Vila Nova. O projeto inicial era para a construção de duas hortas grandes, mas a realidade local mudou os planos. Com pouco espaço foi preciso readequar. O trabalho começou de manhã e por volta do meio-dia pou-co mais de 10% haviam sido concluídos. “Pensei que não daria tempo porque tí-

nhamos que arrumar a terra e plantar. O povo se uniu e quando eram 16h estava pronto. Tudo perfeito. Começamos com umas 10 ou 15 pessoas e no final umas 50 pessoas estavam ajudando”, lembra.

Choque de culturaTanto para os rondonistas quanto

para quem os recebe, cada operação causa um choque cultural. A professora Ana Migott coordena o Núcleo de Pro-jetos Especiais da Divisão de Extensão, vinculado à Vice-Reitoria de Exten-são e Assuntos Comunitários da UPF. Ela é responsável pela organização do Projeto Rondon na instituição e acom-panhou diversas missões. Para Migott, o importante da missão é mostrar que algumas coisas podem ser feitas de ma-neira diferente da qual as pessoas estão acostumadas, e algumas vezes até ser insistente. “Insistir é um bom movimen-to porque ao insistir eu me deparo, me questiono, penso em possibilidades”, justifica. A professora destaca a necessi-dade de os rondonistas e as comunida-des lidarem com as diferenças existen-tes. “O Rondon é uma grande lição de cidadania porque vai mexer com essas questões de conhecimento, princípio, ética, costumes, enfim, ele vai propor-cionar esse leque de abertura que deve ser o cidadão para além dos seus direi-tos e deveres”, considera.

Tem mais

Nos meses de maio e setembro,

o Núcleo de Projetos Espe-

ciais da Divisão de Extensão

inscreve novos projetos para as operações aber-

tas ao Projeto Rondon. A cada

projeto aprovado pela instituição, mais um grupo de acadêmicos é selecionado

para participar. Para não perder nenhum prazo

ou detalhe, fique atento aos editais

divulgados no site www.upf.br.

Grupo que participou da operação em Mato Grosso (ao lado). Acima, horta comunitária cons-truída na comunidade de Vila Nova, em Bacuri, Maranhão

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Junho12 UniversoUPF

A demissão não estava nos planos de A.B.O., comer-ciária. Aos 45 anos, ela se viu desempregada e cheia

de dívidas. Para manter as contas em dia, precisou fazer empréstimos, utili-zou os limites dos cartões de crédito e com isso acabou contraindo dívidas. Para mudar a situação difícil e diante da dificuldade de se reinserir no mer-cado de trabalho, teve a ideia de mon-tar um negócio próprio, que demorou cerca de dois anos para começar a dar retorno. Foram tempos difíceis.

A “bola de neve” sempre se amplia-va, de acordo com A.B.O., nas rene-gociações das taxas de juro. “Utilizei muito o cheque especial e os cartões de crédito. Mesmo com a economia mais equilibrada e uma inflação que parece ser pequena, é complicado

não se endividar. Hoje já estou con-seguindo dar a volta por cima, mas foram tempos difíceis”, lembra.

Após superar a dificuldade, o aprendizado ainda não foi pleno. A atual empresária continua sem o cos-tume de fazer orçamento. “Existem despesas que são altas e que no dia a dia você não percebe. O mercado, o lanche do filho, as despesas com ima-gem pessoal, tudo isso pesa, mas aca-bo não planejando. Seria mais fácil se eu fizesse um orçamento, mas na cor-reria fica difícil”, observa.

A comerciária faz parte dos 13% de passo-fundenses que têm entre 70% e 90% do seu orçamento comprometi-do com as dívidas, segundo pesquisa encomendada pelo Balcão do Consu-midor da Faculdade de Direito, em convênio com o Ministério Público Estadual e Prefeitura de Passo Fundo. Realizada por um grupo de estudan-tes da Faculdade de Ciências Econô-micas, Administrativas e Contábeis (FEAC), com consultoria da equipe técnica da Empresa de Consultoria Júnior, a pesquisa trouxe dados preo-cupantes para o município, que conta com uma população de aproximada-

Confira alguns dados apontados pela pesquisa:

- a faixa etária predominantemen-te endividada em Passo Fundo está entre os 16 e 54 anos de idade, sendo a maioria do sexo feminino (57,1%), casados (47,5%), com renda bruta mensal familiar entre R$ 1.091,00 e R$ 4.360,00

- 13,2% dos consumidores entrevis-tados relataram possuir dívidas supe-riores a 70% do rendimento mensal

- 71,4% da população estão pagando algum tipo de dívida, principalmente em lojas, cartão de crédito e financia-mento de veículos. Destes, 33% não sabem quanto devem ou têm conhe-cimento apenas das parcelas men-sais a serem pagas

- 47,3% da população não sabe qual taxa de juros está sendo cobrada nas suas dívidas e 7,1% não consegue hon-rar com seus pagamentos em dia

sustentabilidadeDo consumo ao

Ofertas e oportunidades de crédito tornam o acesso a bens de consumo facilitado e o resultado é que muitos consumidores estão se endividando. A alternativa: educação financeira

consumismo

Balcão do Consumidor funciona desde 2006 atendendo a população do Campus II da UPF

Foto: Divulgação UPF

Foto: Caroline Simor

Educação financeira é alternativa ao endividamento da população

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Junho 13UniversoUPF

Educação financeira nas ondas do rádio

“Meu bolso furou, e agora?”. O nome é sugestivo e indica, de cara, o objetivo do programa no ar desde junho de 2011 pela rádio 99UPF. Pensando na gama de consumidores perdidos na organização financeira, estagiários do Núcleo Experimental de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação, em parceria com professores da área de Ciências Sociais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e da FEAC, produzem o programa com dicas de educação financeira.

O conteúdo é sugerido e revisado por acadêmicos da FEAC. Os alunos do jornalismo são responsáveis pela elaboração, gravação e edição dos programas. Com dramatizações e depoimentos, a educação financeira é discutida e contextualizada. O resultado pode ser con-ferido diariamente às 10h30min, 15h30min e 21h30min na programação da 99UPF.

O projeto é coordenado pelo professor Ginez Leo-poldo Rodrigues de Campos, com a colaboração da professora Bibiana de Paula Friedrich. “A ideia é cons-cientizar e capacitar adolescentes, jovens e adultos a efetuarem, de forma organizada e disciplinada, o pla-nejamento financeiro do orçamento doméstico, visando à utilização do dinheiro de forma racional, organizada e equilibrada, a fim de evitar situações de endivida-mento pessoal”, explica Campos, acrescentando que o projeto de radiodifusão socioeducativa reforça o com-promisso comunitário da própria Universidade, que se preocupa com a qualidade de vida da comunidade em que está inserida.

Com ideias e histórias trazidas dos próprios alunos e até mesmo da comunidade, Campos destaca que os programetes procuram elucidar questões e transmitir conhecimentos de maneira simples. Segundo ele, é mui-to difícil as pessoas pensarem em consumo sustentável diante de uma mudança de cenário tão grande. Como em pouco tempo quem não podia comprar passou a ter condições para fazer grandes aquisições, a maioria das pessoas não soube se organizar. “As novas políti-cas públicas, sociais e assistenciais não só permitiram que um segmento da população tivesse acesso à renda, mas também possibilitaram que grande parte da popu-lação se inserisse na realidade do consumo”, analisa o economista.

Sobre o uso de

cartões de crédito

- dos entrevistados, 33,2% pagam

somente o valor mínimo da fatura do

cartão de crédito

- 76,4% da população pesquisada

desconhece quanto paga de juros nas

compras realizadas com cartão de

crédito

Serviço:O Balcão do Consumidor atende

no campus III da UPF, de segunda a sexta-feira, das 12h às 17h30. Há tam-bém unidades em Lagoa Vermelha e Carazinho. Mais informações tam-bém podem ser obtidas pelo e-mail

[email protected]

são, em sua grande maioria, relacio-nadas ao superendividamento, que se manifesta de várias maneiras: dívida com cartões de crédito, empréstimos consignados, compras com carnês, financiamento de carros, casas, etc. Isso se deve muito ao descontrole que as pessoas têm sobre o seu orçamento familiar”, ressalta Rogério da Silva, um dos coordenadores do projeto, do qual participa também seu colega Li-ton Lanes Pilau Sobrinho.

Educar para o consumo é um dos objetivos do serviço, que também pre-tende difundir os direitos e deveres garantidos pelo Código de Defesa do Consumidor. Na defesa dos direitos transindividuais, o Balcão do Consu-midor ainda encaminha as demandas ao Ministério Público Estadual, que promove uma análise para proposi-ções de ações coletivas. Desde sua fundação, o Balcão do Consumidor já beneficiou mais de 20 mil pessoas. Em parceria, os dois órgãos têm obti-do 97% de êxito nos processos enca-minhados.

O pensamento dos coordenadores é que, mesmo que seja um trabalho ex-tenso, longo e demorado, a conscien-tização sobre educação financeira e sobre consumo sustentável precisa fazer parte do dia a dia das pessoas. “Toda publicidade é direcionada ao consumo e há uma superoferta de crédito no mercado. As pessoas com-pram em 30, 60 ou até 70 meses, mas esquecem de que ao longo desse tem-po precisam pagar aluguel, condomí-nio, podem ficar doentes ou podem perder o emprego. Elas não poupam mais para ter. Compram e pagam e o preço disso, que são os juros”, obser-va Silva.

mente 200 mil habitantes: 71,4% dos entrevistados possuem atualmente algum tipo de dívida. O levantamen-to, feito a partir de coleta de dados com cerca de 400 pessoas entre ou-tubro e novembro de 2011, aponta que a maioria das dívidas é relativa a compras em lojas, cartão de crédito e financiamento de veículos.

De acordo com o professor Julce-mar Zilli, que coordenou o estudo, os dados mostram uma realidade preocupante, mas também apontam caminhos para que setores e institui-ções como a própria Universidade au-xiliem na mudança da situação. “Os resultados nos alertam de que preci-samos realizar ações de forma rápi-da, para evitarmos problemas mais graves para o consumidor no futuro”, lembra.

Solucionando problemasOs números apontados pelo estudo

sobre o endividamento da popula-ção passo-fundense repercutem di-retamente no serviço prestado pelo Balcão do Consumidor. O projeto é desenvolvido desde 2006 e alia a for-mação profissional de acadêmicos da área jurídica à prestação de serviços comunitários. Para além do atendi-mento dos consumidores, o grupo do Balcão mantém contato com fornece-dores e busca o entendimento entre as partes envolvidas. Não havendo um acordo, é marcada uma audiência extrajudicial.

A dificuldade dos consumidores em pagar os débitos em dia é hoje um dos principais motivos que os leva ao Balcão. “Atualmente as demandas

Educação financeira é

apresentada e contextu-alizada nas

ondas da 99UPF

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Junho14 UniversoUPF

Linhas e formasresistem ao tempo

Pesquisa da UPF redescobre a história arquitetônica e paisagísti-ca de Passo Fundo e aponta quais são os bens a serem preservados na cidade

A falta de conhecimento so-bre o patrimônio histórico de uma cidade facilita a sua degradação. Ao longo de

muitas décadas, parte desse patrimô-nio arquitetônico de Passo Fundo foi destruída para dar lugar a edificações mais modernas. Mesmo assim, as ruas do centro ainda guardam um pouco da história da cidade. As fachadas decoradas e as linhas que marcaram uma época foram redescobertas por um trabalho de seis anos realizado pelo Núcleo de Arquitetura e Desen-volvimento Urbano e Comunitário (Naduc) da UPF. O estudo possibilitou a criação do Inventário do Patrimônio Histórico do município.

O trabalho de campo não foi a única forma de pesquisa. Os jornais locais que circularam entre 1925 e 1970 foram

pesquisados pelo grupo coordenado pela professora Ana Paula Wickert. “Descobrimos que as práticas de de-molição das edificações pré-existentes (antigas) em Passo Fundo ocorrem desde os anos de 1920. Esse não é um fenômeno atual como se pensava”, explica. Isso possibilitou identificar uma cultura de que é preciso demolir e substituir para modernizar. “Saben-do disso fica mais fácil compreender a situação atual e propor soluções que aliem a ideia de desenvolvimento e modernização à ideia de preservação, como acontece em diversas cidades pelo mundo”, acrescenta.

Bens históricosPelas ruas de Passo Fundo foram in-

ventariados mais de 60 prédios, além de quatro eixos paisagísticos. Um dos bens mais importantes na configura-ção da cidade identificado pelo traba-lho é bem conhecido da população: os canteiros da avenida Brasil. “Esses canteiros, resultantes da produção urbana do ciclo das tropas, caracteri-zam a paisagem da cidade de forma expressiva e devem ser preservados em sua escala e dimensionamento”, reforça a pesquisadora. Outra desco-

“Descobrimos que as práticas de de-

molição das edifica-ções pré-existentes (antigas) em Passo

Fundo ocorrem des-de os anos de 1920. Esse não é um fenô-meno atual como se

pensava.”

Ana Paula WickertProfessora do Curso de Arquite-

tura da UPF

Linha do tempo: prédio onde funciona o Banco Itaú, ontem e hoje (Fotos: Acervo MHR - Prefeitura Municipal de Passo Fundo / Fundação UPF e Leonardo Andreoli)

Page 15: Universo UPF número 1_web

Junho 15UniversoUPF

tempo

berta importante foram os eixos de valor histórico e cultural da cidade: as avenidas Brasil, Sete de Setembro e General Neto e a rua Bento Gonçalves. “Nestes eixos indica-se a preservação do gabarito (alturas e recuos), visu-ais e edificações de estilo historicista, protorracionalista e moderno, criando um contexto histórico”, justifica.

O trabalho

u O projeto de pesquisa do curso de Arquitetura e Urba-

nismo da UPF foi desenvolvido com o apoio da Prefeitura de

Passo Fundo, por meio da secretaria de Planejamento. A

metodologia utilizada envolveu duas etapas: pesquisa histórica e levantamento de campo. Após

este trabalho foram seleciona-dos os bens de maior interesse que se apresentam elencados

na versão final do inventário. O trabalho foi coordenado pela professora Ana Paula Wicket,

que é arquiteta e urbanista e mestre em Conservação e Res-

tauro de Patrimônio Histórico e Arquitetônico, com a cola-

boração do professor Marcos Antonio Leite Frandoloso e

da arquiteta do Naduc, Greice Barufaldi Rampanelli. Mais de 30 acadêmicos do curso de Ar-

quitetura e Urbanismo atuaram como voluntários ou bolsistas

da pesquisa.

O que é um inventário?

O Inventário de Patrimônio Histórico

e Arquitetônico é uma ferramenta de conheci-

mento, como uma lista de bens de interesse para a

preservação e história de um lugar. Conforme Ana Paula, ele serve de base

para o desenvolvimento de políticas públicas e

análises históricas, arqui-tetônicas e da evolução

urbana. Esse documento deve ser utilizado como

base para as ações de educação patrimonial,

incentivo fiscal e inclusive no desenvolvimento da

cidade a partir da preser-vação do patrimônio.

Para saber maisEm parceria com a UPFTV foi cria-

do o projeto NossArquitetura. Os ví-deos produzidos estão disponíveis no

endereço http://www.youtube.com/user/mimagem. Além disso, diversas publicações foram apresentadas em

eventos no Brasil e Europa, e capítulos de livros foram desenvolvidos a partir

da pesquisa do inventário.

Preservados: Canteiros da Avenida Brasil, em fotos de 1940 e atual, estão entre os bens mais importantes na configuração da cidade identifi-cados pela pesquisa (Foto: Acervo MHR - Prefeitura Municipal de Passo Fundo / Fundação UPF)

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Junho16 UniversoUPF

Qualidade de vidaconquistada passo a passo

Projeto de Equoterapia ajuda crianças e adultos a desenvolverem habilidades por meio de novas aprendizagens

comunidade

Andar a cavalo é uma ativi-dade agradável para muitas pessoas, mas, para um grupo em especial, essa prática pro-

picia avanços importantes na qualidade de vida. O Projeto de Equoterapia da UPF demonstra essa realidade e come-mora cada pequeno progresso há nove anos. Por meio da iniciativa, crianças e adultos com necessidades especiais, como autismo, paralisia cerebral, sín-dromes neuromotoras, deficiência visu-al e portadores de doenças mentais, de Passo Fundo e de mais uma dezena de municípios da região, participam de ati-vidades educativas nas quais o cavalo é o principal atrativo.

O projeto é desenvolvido de forma interdisciplinar e envolve alunos e professores dos cursos de Fisiotera-pia, Educação Física, Fonoaudiologia e Medicina Veterinária da UPF, que propõem atividades aos participantes. Tudo parece brincadeira, mas cada ges-to tem por objetivo a criação de condi-ções para desenvolver habilidades e novas aprendizagens. Sobre o cavalo, cada participante percorre um trajeto de cerca de 30 minutos. Os estagiários e professores aproveitam esse passeio para conversar e propor desafios, como jogar bolas ou argolas em um alvo, por exemplo, porém num contexto lúdico, repleto de cores, formas e movimentos. O objetivo é levar os alunos a superarem seus próprios limites e interagirem com os demais, estimulando áreas cerebrais comprometidas.

Uma terapia para o corpo e para a mente

Equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo em uma abordagem interdisciplinar. A prá-tica, que exige a participação do corpo inteiro, é benéfica para o tônus muscu-lar, flexibilidade, relaxamento, cons-cientização do próprio corpo e aperfei-çoamento da coordenação e equilíbrio, reconhecimento de espaço e tempo, cuidados com a postura e facilidade na realização dos movimentos. A interação com o cavalo desenvolve novas formas de socialização, autoconfiança e auto-

estima. Conforme o coordenador geral do projeto, professor Péricles Saremba Vieira, tudo isso vem sendo observa-do e registrado. “São apontados ainda melhoras no sono, disposição geral, interesse em ampliar o repertório de co-nhecimentos, maiores sociabilização e autonomia”, comemora.

O projeto da UPF é desenvolvido na sede campestre do grupo Cavaleiros do Planalto Médio (ao ar livre) e em pavi-lhão coberto cedido pelo Sindicato Ru-ral de Passo Fundo, ambos no Parque Wolmar Salton.

Superando preconceitosO Projeto de Equoterapia conta com

uma contribuição especial: sob orienta-ção especializada, adolescentes internos do Centro de Atendimento Socioeduca-tivo - Regional de Passo Fundo (Case) auxiliam na preparação dos cavalos e os conduzem no picadeiro com os alu-nos participantes do projeto. Conforme Vieira, a parceria vem sendo exitosa, e os adolescentes têm demonstrado gran-de envolvimento.

O menor D.N.C, de 17 anos, participa da iniciativa desde 2011 e relata o por-

quê do seu engajamento: “Gosto de ca-valos, de crianças e de poder ajudar as pessoas”. O rapaz, que leva na memó-ria gestos de carinho de sujeitos que ra-ramente manifestam esse tipo de emo-ção, como os autistas, diz que pretende continuar, mesmo depois de cumprir sua medida socioeducativa no Case.

Contrariando alguns preconceitos, esses jovens são caracterizados pela coordenação do projeto como coope-rativos, com profundo respeito pelas crianças atendidas e importante parti-cipação na reunião final das sessões, expondo suas opiniões e observações. “Em situações específicas, demonstram iniciativa e atenção, criando condições apropriadas de prevenção a qualquer possibilidade de acidente ou situação complexa”, observa Vieira.

Formação profissional comple-mentada

Os acadêmicos dos cursos de gradu-ação que participam como estagiários demonstram ganhos em conhecimen-to. Maria Cristina da Silva Souza cur-sa o 7º semestre de Educação Física e atua na iniciativa há um ano. “Essa ex-periência demonstra o quanto o campo de trabalho da profissão que escolhi é amplo”, destaca. Para ela, o projeto só traz realizações. “Compartilhamos conhecimento com colegas de outros cursos. Além disso, tem a questão da satisfação pessoal por auxiliar no pro-gresso dos participantes”, avalia.

ReconhecimentoJustina Santin é mãe de dois parti-

cipantes do Projeto de Equoterapia e vem percebendo evoluções constantes nos filhos. “Acompanho o projeto há mais de um ano e sei da sua importân-cia. Por isso, todos com condições de ajudar são bem-vindos, para que essa iniciativa possa beneficiar ainda mais pessoas”, salientou.

A iniciativa da UPF é viabilizada por meio de parceiras, entre as quais se destacam o grupo de Cavaleiros do Planalto Médio, Brigada Militar, Sindi-cato Rural e a Prefeitura Municipal de Passo Fundo.

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Interação com o cavalo desenvolve no-vas formas de socialização, autoconfian-ça e autoestima nos sujeitos atendidos

São apon-tadas melho-res no sono, disposição,

maior so-cialização e autonomia.

“Péricles Vieira,

coordenador do projeto

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Junho 17UniversoUPF

NEGÓCIOUM BOMRealizado em parceria entre UPF e Sebrae, o projeto Negócio a Negócio garante há mais de dois anos consultoria gratuita a milhares de empresários da região

Capacidade empreendedora, logística ou habilidades geren-ciais? O que faz o sucesso de uma empresa? Além de empre-

endedorismo, abrir e gerir uma organi-zação exige um conjunto de habilida-des e conhecimentos para garantir vida longa e sustentabilidade no mercado, cada vez mais concorrido. De acordo com dados do Sebrae deste ano, 26,9% das microempresas criadas fecham as portas nos primeiros dois anos de fun-cionamento. Na região Norte gaúcha, porém, os microempresários e micro-empreendedores individuais não estão sozinhos. Eles contam com o auxílio do Projeto Negócio a Negócio do Sebrae, desenvolvido em parceria com a UPF, o qual oferece atendimento presencial, continuado e gratuito.

O projeto iniciou em 2010 e atendeu no ano passado 4,8 mil organizações de 72 municípios. Neste ano, a previsão é prestar consultoria a 3,4 mil empresas, metade delas recebendo o projeto pela primeira vez. As demais (1,7 mil) já ti-veram acompanhamento em 2011 e, agora, recebem nova oportunidade de aperfeiçoar a gestão.

Como funciona?Todas as ações são desenvolvidas

por acadêmicos dos cursos de Ciências Econômicas, Administração e Ciências Contábeis, com a supervisão de profes-sores. Normalmente, acontecem três vi-

Quer receber o projeto?

Se você ainda não recebeu o projeto, pode fazer contato com a Central de Relaciona-

mento Sebrae/RS

(0800 570 0800)

solicitando uma visita.

sitas às empresas, realizadas pelo aluno - agente de orientação empresarial, que faz o diagnóstico da situação atual de gestão, sugestão de soluções e verifica-ção de resultados ou possíveis dúvidas. São atendidos pelo projeto os microem-presários com faturamento bruto de até R$ 240.000,00/ano, e os microempreen-dedores individuais.

De acordo com o coordenador na re-gião Planalto, professor da UPF Julce-mar Bruno Zilli, a iniciativa é positiva sob dois aspectos. “Queremos auxiliar os empresários a qualificar seus empre-endimentos, aumentando a vida útil das empresas, ao mesmo tempo em que es-tamos propiciando aos alunos o apren-dizado na prática a partir da orientação de gestão prestada às empresas”, enfa-tiza. Além de Zilli, os professores Rejane Duarte, Nádia Bogoni e Rosalvaro Rag-nini supervisionam o projeto.

Faturamento aumentou 99%Um dos casos que mostrou resulta-

dos surpreendentes depois da partici-pação no projeto foi o dos empresários Orlei da Silva Lessa e Suélen Lisowski Lamb. Em 2011, eles abriram uma loja de artesanato, em Passo Fundo. Após alguns meses com o negócio “no verme-lho”, receberam a agente de orientação empresarial, Patrícia Rockenbach, que, seguindo o protocolo do projeto, rea-lizou as orientações. Conforme Lessa, depois da implementação das suges-tões, o faturamento alcançou 99% de aumento. “Adotamos medidas simples e que trouxeram resultados” diz, lem-brando da identidade visual, da dispo-sição interna dos produtos e da ideia de participar em feiras. Agora, os empresá-rios já estão divulgando o negócio nas mídias sociais e oferecendo serviços aos clientes, como oficinas de capacitação. “O projeto nos motivou a realizar as mu-danças. Foi a partir das visitas que per-cebemos a necessidade da composição dos preços aos produtos e das metas”, garante Suélen.

A estudante Patrícia vê no projeto uma forma de aliar a teoria às vivências práticas. “Cada organização apresen-ta uma realidade diferente e o projeto possibilita esse conhecimento prévio do que vamos encontrar no mercado de trabalho”, afirma.

Com relação a outras empresas visi-tadas, os acadêmicos relatam dificulda-des comuns. Gustavo Guazzelli observa que a não separação do dinheiro pesso-al do dinheiro que entra na empresa é um dos entraves. A falta de tempo para a gestão, segundo ele, é outra reclama-ção do empresariado. A opinião é com-partilhada com o colega Paulo Miranda. “Muitos percebem a necessidade de fazer alguma mudança depois da nossa visita e é gratificante ver o que imple-mentaram com base nas ferramentas que apresentamos”, complementa.

Cada organização apresen-ta uma realidade diferente e o projeto possibilita esse

conhecimento prévio do que vamos encontrar no mercado

de trabalho.

“Patrícia Rockenbach, estudante, Agente de

Orientação Empresarial

comunidade

Atendimento a empresários é gratuito

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Page 18: Universo UPF número 1_web

Junho18 UniversoUPF

Pesquisas garantem

ciência e inovação

tratamentos odontológicosmais eficientesAlunos do PPGOdonto aperfeiçoam e desenvolvem estudos em busca de

melhores resultados à saúde bucal da população

Um dos principais desafios que os odontólogos enfrentam em tratamentos endodônticos é a eliminação do maior nú-

mero possível de bactérias nos canais radiculares, as raízes dos dentes. Tor-nar mais eficaz esse procedimento, po-pularmente conhecido como tratamento de canal, foi justamente o objetivo do aluno do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Tiago Lange dos San-tos, que encontrou no laser de diodo de alta potência um auxiliar na desinfecção das raízes dos dentes. A pesquisa cons-titui a dissertação de Santos, egresso da primeira turma do mestrado em Odon-tologia, cuja formação foi concluída em março deste ano.

Atualmente, o tratamento endodônti-co é realizado com técnicas manuais e/ou mecanizadas com substâncias quí-micas associadas. Hipoclorito de sódio e Clorexidina são as mais utilizadas. Mesmo com a evolução das práticas odontológicas, esse procedimento ain-da é limitado, tanto pela dificuldade de ação destas substâncias quanto pela fa-cilidade de penetração e resistência de bactérias como a Enterococcus faecalis (responsável pela maioria dos insuces-sos), utilizada na experiência.

Santos realizou experimentos utili-zando o laser de diodo de alta potência como auxiliar na desinfecção e obteve resultados promissores. Foram utiliza-dos 120 dentes humanos doados para a finalidade da pesquisa, divididos em cinco grupos. No interior de cada raiz foi cultivada a bactéria E. faecalis. O pri-meiro grupo foi tratado com hipoclorito de sódio, o segundo com laser de diodo, o terceiro recebeu hipoclorito e laser, o quarto foi tratado com clorexidina gel e o quinto com clorexidina e laser.

O pesquisador observou que a aplica-ção do laser após o uso do hipoclorito ou clorexidina apresentou os melho-res resultados, reduzindo em 99,42% e 99,30%, respectivamente, o número de UFC/ml (unidades formadoras de co-lônias por ml). O grupo 3, que recebeu hipoclorito e laser, esterilizou 17 de 20

amostras e o grupo 5, que recebeu clore-xidina e laser, esterilizou 8 de 20 amos-tras.

Em sua dissertação, Santos com-provou que o laser pode melhorar os resultados. “Sua utilização pode redu-zir a quantidade de bactérias e demais microrganismos, chegando próximo a esterilização e em alguns casos até à es-terilização”, explica.

Periodontite e periimplantite: pri-meiro passo para novos tratamentos

Letícia Stefenon foi colega de San-tos e desenvolveu uma metodologia simples e pouco onerosa para testes de materiais, tratamentos e medicamentos, entre outras possibilidades, para pato-logias como a periodontite (inflamação em tecidos ao redor do dente) e periim-plantite (inflamação em tecidos ao redor de implante dentário).

Após estudos em parceria com pesqui-sadores da UFPel, Letícia disponibilizou modificações à metodologia utilizada no Laboratório de Microbiologia da-quela instituição para reproduzir o que acontece na doença periodontal e pe-riimplantar. Os dados obtidos mostram que o modelo é válido para estudos de biofilmes (colônias de bactérias) de até 48 horas de desenvolvimento.

Letícia acredita que a grande contri-buição do estudo é facilitar a aplicação de testes, o que significa um obstáculo a menos no desenvolvimento de novos tratamentos. “Essa metodologia é relati-vamente simples, mais acessível, e sem a utilização de muitos equipamentos para o desenvolvimento de pesquisas de grande interesse para a área da odonto-logia”, afirma.

Biomateriais: presente e futuro da pesquisa

Tanto o laser de diodo de alta potência quanto os implantes dentários são clas-sificados como biomateriais, pois estão entre os elementos utilizados em con-tato com tecidos vivos e que interagem com eles. Pesquisas nessa área cons-tituem uma das linhas em desenvolvi-mento no Programa de Pós-Graduação em Odontologia, e vem despertando o interesse de muitos pesquisadores. “Esse tipo de estudo está em ascensão tanto na odontologia quanto em outras áreas e vem resultando em contribui-ções à sociedade em diversos aspectos, em especial relacionados à qualidade de vida, praticidade e economia”, explica o coordenador do programa, professor Álvaro Della Bona.

Estudos com biomateriais constituem uma das linhas de pesquisa do Mestrado em Odontologia

Foto: Carla Vailatti

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Junho 19UniversoUPF

mais eficientes

Algumas gotinhas para bai-xar a febre nas crianças, um comprimido para diminuir a dor de cabeça, ou para

aliviar ambos os sintomas quando se está gripado. O paracetamol é item bá-sico para quem tem uma “farmacinha” doméstica. O medicamento é vendido em qualquer farmácia, sem muitas restrições. No entanto, poucas pesso-as sabem dos perigos representados pelo inofensivo comprimido, como de-monstrou uma pesquisa desenvolvida na UPF. Além de poder causar sérios problemas ao fígado, em doses eleva-das ele também pode mascarar sinto-mas de problemas mais graves quando utilizado inadequadamente.

O estudo foi desenvolvido na área de abrangência do posto de Estratégia de Saúde da Família (ESF) Adolfo Groth, que reúne os bairros Professor Schis-ler, Xangrilá, Ipiranga e Morada do Sol, em Passo Fundo. A estudante do curso de Farmácia Kamila Trentin, orientada pela professora Mariza Cervi, observou nas entrevistas realizadas com a comu-nidade a popularidade do paracetamol. Mais de 65% das 29 pessoas entrevis-tadas possuía o medicamento em casa como uso contínuo ou em estoque. “O fato mais marcante foi que a população de abrangência desconhecia que o uso abusivo de paracetamol pode ser tóxi-co ao fígado”, relata Kamila.

toma um comprimido

que passaUso ina-

dequado do parace-

tamol pode causar

problemas graves

no fígado e ainda

mascarar sintomas de outras doenças

Tome com cuidado

Não existe uma dose específica considerada tóxica a quem usa o pa-racetamol – que muitas vezes está in-serido em fórmulas de medicamentos antigripais. De acordo com a autora do artigo os vários pesquisadores que estudam o tema não têm um consen-so sobre isso. Sabe-se que ela varia de paciente para paciente. “Vários fatores podem favorecer uma intoxi-cação por paracetamol independente da dose administrada pelo usuário por meio da automedicação”, acres-centa. De acordo com um dos autores pesquisados por Kamila, doses de 150 e 200 miligramas por quilo, respecti-vamente, em adultos e crianças, são passíveis de causar danos, mesmo as-sim, não se descarta a possibilidade de dano com doses menores. A pos-sibilidade aumenta quando o medi-camento é usado concomitantemente ao consumo de álcool.

Por diminuir a dor e também nor-malizar a temperatura do corpo em casos de febre, o paracetamol pode mascarar sintomas comuns a proble-mas de saúde mais graves. Em casos de infecção, por exemplo, ele pode di-minuir a febre e existe a possibilidade de a infecção se manifestar mais tar-de de forma mais agressiva, conforme explica a pesquisadora.

Dados do Centro de Informação Toxi-cológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS) mostram que entre os anos 2005 e 2008 foram atendidos mais de 24 mil casos de intoxicação humana por medicamentos, entre eles 1.661 com paracetamol, repre-sentando em média 7% do total.

Confira alguns dos sintomas em ca-sos de intoxicação:

Nas primeiras horas os sintomas são: leve mal-estar, náuseas, vômitos, palidez e dor de estômago.

Após um ou dois dias esses sintomas aumentam e começa uma dor na parte direita do fígado.

Entre dois e cinco dias ocorre o efeito máximo da falência das células hepáti-cas.

Fique longe da intoxicação

Tome cuidado

n Evite álcool durante o tratamento, pois o uso concomitante é tóxico para o fígado.n Caso surja qualquer reação inespe-

rada durante o uso, o tratamento deve ser interrompido e o médico deve ser informado.n Siga rigorosamente a dose recomen-

dada.n No caso de ingestão acidental de

dose excessiva, procure imediatamente um serviço médico de urgência.

A pesquisa foi aplicada pelos estagiá-rios envolvidos no Programa pela Edu-cação para Saúde (PET-Saúde). As entre-vistas foram realizadas no período de maio a junho de 2011, com um integrante de cada família visitada. A pesquisa con-quistou o Prêmio Impacto Social na XXI Mostra de Iniciação Científica da UPF.

Estudo

Por diminuir a dor e também normalizar a temperatura do

corpo em casos de febre, o paracetamol pode mascarar

sintomas comuns a problemas de saúde mais graves

Kamila Trentin, orientada pela professora Mari-za Cervi, avaliou como o paracetamol é usado pelas pessoas

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Junho20 UniversoUPF

Tôchegando

Tôsaindo

Os desafios de quem está entrando em uma universidade

Do sonho de infância à formação acadêmica

Escolher a carreira profissional é uma etapa difícil e emocionante na vida das pessoas. Depois do ensino mé-dio é chegada a hora de se perguntar: o que eu quero para mim? O que espero do meu futuro? Onde estudar?

Nicole Fernandes de Lima, 17 anos, é passo-fundense e precisou enfrentar esse dilema. Em dúvida entre os cursos de Biomedicina e Farmácia, no Interação UPF a jovem teve a oportunidade de ver de perto os laboratórios e projetos, conversar com os professores e tomar a decisão. Nicole optou pelo curso de Farmácia e ingressou no primeiro se-mestre de 2011 na graduação. “Optei pela UPF por toda a tradição e estrutura de décadas formando excelentes profissionais, e é assim que pretendo seguir minha vida acadêmica, aproveitando ao máximo todas essas experi-ências e oportunidades que professores e colegas dividem nas salas de aula”, afirma Nicole.

Estar motivado a sempre fazer mais é uma ferramenta essencial no cotidiano de um acadêmico. Nicole sabe dis-so e já ocupa os intervalos entre as aulas com o estágio na Farmácia Central do Hospital da Cidade em Passo Fundo. A área hospitalar é a que mais desperta o interesse da acadêmica para a continuidade da carreira profissional, quando concluir o curso em 2015.

Raquel Aparecida Cesar da Silva, 33 anos, é uma apaixo-nada pelos livros desde pequena. Nascida na Capital Na-cional da Literatura, resolveu conciliar o que mais gostava com o mundo de possibilidades da UPF. Em 2007 ingressou no curso de Letras do Instituto de Filosofias e Ciências Hu-manas.

De lá pra cá foram vários desafios, aprendizados, proje-tos e amigos conquistados. “Posso dizer que aprendi mui-to, multipliquei conhecimentos, mas o que mais me mar-cou e tem marcado até aqui, primeiro como graduanda e agora como mestranda, são as pessoas que encontrei na UPF. Professores e colegas que imprimiram de tal forma suas marcas em mim que já não me reconheceria sem as experiências que vivi ao lado deles”, esclarece.

Além dos estudos, Raquel conciliava a vida acadêmica com os estágios no Mundo da Leitura e como professo-ra na Escola Estadual Salomão Iochpe. Vendo os sonhos e desejos se tornarem realidade, Raquel concluiu o curso de Letras no final de 2010.

Hoje, é revisora e tradutora de inglês, solução que en-controu para estar mais perto do mundo das letras. O de-sejo de seguir nos estudos a levou ao Programa de Pós--Graduação em Letras da UPF. “A universidade me abriu os olhos para a necessidade de conjugar a vivência uni-versitária com aplicação social, o que me levou a decidir de vez pelos estudos de literatura africana”, observa. Ra-quel estuda o autor moçambicano Mia Couto na disser-tação de mestrado que defenderá em 2013, já com olhos voltados ao doutorado.

Graduada em Letras, Raquel agora conclui mais

uma etapa de seus estudos, o mestrado

Nicole está no terceiro semestre do curso de

Farmácia

Fotos: Emilio Arruda

Page 21: Universo UPF número 1_web

Junho 21UniversoUPF

Dor, desespero, coragem,

mudança!Projur Mulher atende e acompanha mulheres vítimas de

violência abrigadas na Casa da Mulher

As agressões sofridas por Maria (nome fictício), 35 anos, durante longos anos geraram dor, desgaste e de-

sespero. Além de ela sofrer, percebia o sofrimento nos olhos dos cinco filhos. A mudança começou no dia em que ela decidiu refazer sua vida. Deixou seu lar e foi encaminhada à Casa de Apoio do município de Passo Fundo, junto com seus filhos.

Ela sempre soube que não seria fácil, porém, era necessário. “Aqui me sinto segura. O atendimento é muito bom. Pretendo ficar uns dias até resolver a minha situação e alugar uma casa para seguir a vida com meus filhos”, revelou. Maria sabe que há muitas outras mulheres que também sofrem violência de seus companheiros e por isso espera que seu exemplo inspire outras a buscar a mudança. “Aconse-lho que elas criem coragem e façam o que eu fiz. Não adianta estar aguentan-do, achando que vai melhorar, porque nunca melhora”, recomenda.

Essa é apenas uma das tantas histó-rias que surgem todos os dias na De-legacia da Mulher em Passo Fundo. São dezenas de mulheres que prestam queixas e são encaminhadas para o acompanhamento do Projur Mulher - projeto de Prestação Jurídica e Aten-dimento Multidisciplinar às Mulheres Vítimas de Violência e Familiares. A iniciativa atende mulheres em situa-ção de vulnerabilidade desde 2004, em parceria com a prefeitura de Passo

Fundo, por meio da Secretaria de As-sistência Social.

Em novembro de 2010 a professora Joseane Petry Faria passou a coorde-nar o projeto. Segundo ela, o Projur busca contato direto com a sociedade esclarecendo e sensibilizando as pes-soas em relação ao grave problema social da violência doméstica. Uma vez por semana a equipe vai até a Casa que recebe os familiares violen-tados e presta atendimento, sempre trabalhando em parceria com a Coor-denadoria da Mulher e a Delegacia da Mulher. “Prestamos toda assistência jurídica na Casa da Mulher. Desde o momento em que elas chegam ao lo-cal, nós orientamos sobre o proces-so e a acompanhamos até a data da audiência”, afirma, lembrando que atualmente cerca de 50 mulheres são acompanhadas.

Mais de 30 registros de violência por dia

Dados levantados pela equipe de trabalho apontam que são feitos apro-ximadamente 30 registros de violência contra mulheres por dia em Passo Fun-do. O número impacta, porém, sabe-se que ainda está distante da realidade, já que a maioria ainda prefere não fa-zer ocorrência e só busca ajuda quan-do está em uma situação de violência extrema.

De acordo com Joseane, parte da re-sistência em realizar a ocorrência vem da falta de conhecimento e até mes-

mo do preconceito da sociedade. “É preciso conscientizar a comunidade que a violência de gênero não aconte-ce somente entre o casal. Temos visto cada vez mais filhos agredindo mães, pais agredindo filhas e sogros agredin-do noras. Precisamos de uma atenção maior até que haja uma mudança de comportamento”, observa a coordena-dora.

Arte, terapia e conhecimentoA prática dos profissionais relacio-

nados ao Projur Mulher ensina que as vítimas atendidas não necessitam ape-nas de acompanhamento jurídico. Por isso, uma equipe do curso de Psicolo-gia da UPF, coordenada pela professo-ra Viviane Candeia Paz, presta atendi-mento orientando para a resolução do conflito, seja pela separação ou pela continuação do relacionamento.

Outra iniciativa é relacionada ao curso de Artes Plásticas da UPF. Coor-denado pela professora Mariane Loch Sbeghen, é desenvolvido um projeto de arteterapia, que proporciona lazer e conhecimento às atendidas. “Traba-lhamos a questão da escolha, o fato de elas estarem escolhendo algo melhor pra as suas vidas. Buscamos mostrar que é possível pensar em coisas boas para si e para a família e por isso tra-balhamos muito a questão da autoesti-ma”, ressalta Mariane.

O principal material utilizado nesse trabalho é o papel reciclado, que tem uma importância especial pelo seu sig-nificado. “Mesmo mudado ou prejudi-cado, o papel pode se tornar melhor. Os papeis, assim como a vida da gen-te, nunca têm apenas uma linguagem, eles podem ser modificados e transfor-mados em algo bom”, avalia Mariane.

Cerca de 30 mu-lheres registram ocorrência de agressão diaria-mente em Passo Fundo. Algumas são encami-nhadas à Casa de Apoio para receberem acom-panhamento

O atendimen-to do Projur

Mulher ocorre nas segundas,

terças, quartas e sextas-feiras, das

13h30 às 17h30 e nas quintas--feiras, das 8h

às 12h, junto ao Campus III da

UPF.

Informações: (54) 3316-8576 ou [email protected].

comunidadeFoto: Carla Vailatti

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Junho22 UniversoUPF

polêmica

Desenvolvimento econômico e sustentável

Esta seção da Revista Universo UPF pretende apresentar a opinião de pesquisadores da instituição e representantes da comunidade sobre assuntos relevantes da realidade atual. Você

é nosso convidado para debater, nesta edição, quais os desafios para o desenvolvimento da região norte do estado, levando-se em conta a sustentabilidade econômica e ambiental, em

especial, em ano de eleições municipais.

“Equacionar os desafios que se apresentam para o desenvolvimento sustentável de nos-sa região implica considerar a sua dimensão ampla, em outros termos, o crescimento eco-

nômico imbricado à melhoria dos indicadores sociais, que qualificam as condições de vida da população e, ao mesmo tempo, ao equilíbrio do ecossistema. Observamos que os con-flitos surgem não apenas no âmbito da dimensão econômica/produtiva e ambiental, mas também no da dimensão social e ambiental, fato que evidencia o dilema que se coloca aos ges-tores públicos em termos de qual modelo de desenvolvimen-to seguir. No cenário das últimas duas décadas, novas regu-lamentações apontam para o fortalecimento do poder local, tendo como aliadas a ampliação da carga tributária e da ca-pacidade de financiamento. Como contrapartida, vemos um maior número de atribuições aos municípios. A proximidade com a população, por sua vez, traz consigo fortes pressões para o atendimento das demandas reprimidas. De outra par-te, não (re)conhecemos um projeto nacional que consolide um maior poder de articulação entre as ações locais, sejam elas regionais ou municipais, e as políticas públicas do país, nas suas diferentes dimensões. Aos gestores públicos locais recai, portanto, a responsabilidade de conduzir o processo, por meio de políticas que dinamizem a estrutura produtiva local, e, por consequência, repercutam na qualidade de vida da população e garantam a sua sustentabilidade ambiental. O desafio é focalizar na potencialidade socioeconômica do território e na minimização dos problemas ambientais. Como ponto de partida, provocamos com a questão de que, para além da atração de empresas de grande porte, prioritaria-mente do setor industrial, é necessária a adoção de meca-nismos de fortalecimento do tecido produtivo local, caracte-rizado por micro e pequenas empresas, em sua maior parte intensivas em trabalho. Há espaço para ações que mobilizem o mercado interno e criem fluxo de renda e de emprego a par-tir da valorização dos insumos locais de produção”.

Glademir Bernardellivice-presidente da Associação das Micros e Pequenas Indús-trias de Passo Fundo

“Acredito que sem dúvida chegou o momento de o poder público de nossa cidade voltar os olhos às micros e pequenas indústrias, que têm um potencial grande de geração de emprego e renda, mas que sem dúvida necessitam um olhar diferente. Por que não criar

um condomínio industrial para que estas micros e pequenas indústrias possam se instalar com um custo mais baixo? Por que não criar uma lei de isenção de IPTU a essas empresas? Por que não capacitá-las por meio de convênios, ou priorizá-las nas licitações do município? E por que não orientá-las sobre as questões do meio ambiente? Ou ainda criar em Passo Fundo uma associação de garantia de crédito, facilitando que a empresa associada busque com mais facilidade e com mais garantias dinheiro para gerir seus negócios? Poderíamos enumerar muitas outras ações que o poder público tem condições de fazer junto a esses empreendedores, que geram em-prego e renda no município e, a partir dessas e outras ações, poderiam, com toda a certeza, ampliar seus negócios. Com certeza, essa ações também repercutiriam na qua-lidade de vida da população. Acredito que esse é um grande desafio para este governo que está chegando ao fim, e para o próximo que vai entrar”.

Ivan ManfroiVice-presidente de Comércio da Acisa

“Considerando, como administrador e empresário, que sustentabilidade significa, sobretudo, sobrevivência, seja dos recursos naturais, dos empreendimentos e da própria sociedade, podemos verificar que, muito além

das questões econômicas e naturais, encontra-se a questão da condi-ção de existir, a qual está intrínseca na cultura predominante em cada região. Qualquer que seja a dimensão a ser analisada, por políticas pú-blicas ou privadas, o enfoque deverá considerar que as pessoas estarão sempre potencializando os resultados, sejam eles positivos ou negativos. Aos futuros governantes, o prin-cipal desafio será o de estabelecer medidas eficazes na mudança das questões culturais, planejando, organiza-do e coordenando projetos sustentáveis, que através de programas específicos condicionem a população a agir de forma sustentável. E se sustentabilidade tem relação direta com existência, podemos dizer que o segredo do sucesso será garantir às atuais e futuras gera-ções condições básicas de poder desfrutar de um ambiente digno e próspero, sem que ocorra uma sobreposição de papéis, e sim uma agregação de funções em torno do desenvolvimento e da qua-lidade de vida”.

Professora Cleide Moretto, Doutora em Economia

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Junho 23UniversoUPF

profissões n FONOAUDIOLOGIAQuem não precisa se comunicar melhor?

Trabalho dos fonoaudiólo-gos vai muito além de tratar gagueira ou a “síndrome do

Cebolinha”

Fonoaudiologia é a ciência que estuda, trata e aperfeiçoa a comunica-ção humana. O trabalho dos fonoau-diólogos busca melhorar aspectos da fala, escrita, audição, leitura e motri-cidade orofacial, tanto de quem pos-sui alguma alteração quanto de quem deseja aprimorá-los. A UPF oferece o curso desde 2004 e é responsável pela formação de grande parte dos fonoau-diólogos atuantes em nossa região.

O que faz o fonoaudiólogo?Para Marilea Fontana, coordenadora da

graduação na UPF, muitas pessoas asso-ciam a fonoaudiologia a problemas como gagueira e dificuldades de pronúncia. Essa ligação não está incorreta, porém as situa-ções em que um fonoaudiólogo pode con-tribuir vão muito além. “Nossa atuação ocorre nas mais diferentes etapas do de-senvolvimento, ou seja, vai desde um bebê até as pessoas de mais idade. Aperfeiçoa-mos a comunicação das pessoas, melho-ramos sua qualidade de vida”, explica. O campo de atuação é vasto. Cabe a esses profissionais tratar das questões de desen-volvimento da linguagem, amamentação, alterações de fala, disfagia (dificuldade de diglutição), entre tantas outras.

Palavra de profissionalAndréia Estér Puhl é egressa da primeira

turma de Fonoaudiologia da UPF em 2007. Após a graduação, fez especializações, mes-

trado, e hoje trabalha em uma clínica, focando sua atu-ação nas áreas de disfagia, câncer de cabeça e pescoço e Parkinson, entre outras doenças neurológicas. “A pro-fissão é melhor do que imaginava”, afirma, recomen-dando a graduação que cursou. “O curso na UPF é óti-mo, com uma clínica ampla e equipada e possibilidade de estágios em diferentes áreas, inclusive hospitais. Os professores são excelentes e estão em constante apri-moramento”, avalia.

Histórico de lutasMarilea relata que a fonoaudiologia pos-

sui um histórico de muitas lutas. “No Brasil, o surgimento de práticas que originaram a profissão se deu em meados do século XX. Somente em 1981, em 09 de dezembro, a fonoaudiologia foi reconhecida como profissão”, sintetiza. As batalhas não cessaram: hoje o esforço é para esclarecer à população sobre a profissão, a fim de que mais pessoas possam ter mais qualidade de vida.

Com o desenvolvimento da profissão e visto que cada vez mais pessoas se conscientizam da sua im-portância, o mercado de trabalho está em expansão. “O mercado é promissor, mas é preciso dedicação e amor ao que se faz, pois a profissão requer muito es-tudo”, aconselha Marilaa. Entre os campos em cresci-mento estão a fonoaudiologia hospitalar, a área ocu-pacional e a atuação em ambiente escolar. “Há muitos problemas de aprendizado que poderíamos, de forma eficaz, auxiliar o professor. Não atendendo clinica-mente, mas por meio de programas e orientação de equipes”, aposta a coordenadora.

Duração: 9 semestres

Ingresso: Vestibular de Verão

Aulas: à noite e sábados pela manhã

Onde é oferecido: campus I, em Pas-so Fundo

Titulação: Fonoaudiólogo

Infraestrutura: equipamentos e laboratórios de última geração que permitem a prática da profissão

Disciplinas: currículo elaborado para uma formação generalista, em que as disciplinas abordam diver-sas áreas da saúde, como anatomia, genética, neurologia e psicologia, aspectos da aprendizagem, como linguística, e disciplinas específicas, como audiologia, fala, voz e física acústica

Fonoaudiologia na UPF

MAIS

Atividades lúdicas favorecem a interação e motivação das crianças em tratamento

Fotos: Carla Vailatti

Page 24: Universo UPF número 1_web

Junho24 UniversoUPF

As liçõesde um homem da educação

Aos 81 anos Elydo Alcides Guareschi fez do estudo e do envolvimento com a educação suas vocações: o sacerdócio e a docência

Natural de Colorado-RS, nascido em 21 de fevereiro de 1931, Elydo Alcides Gua-reschi vem de uma família

de descendentes de italianos, nume-rosa como eram as famílias daquela época. Com dez irmãos e pais agricul-tores, teve uma infância humilde. Es-tudou com os irmãos em uma escola rural com uma professora unidocen-te, o que, na sua opinião, não preju-dicou em nada seu aprendizado. “Era uma excelente alfabetizadora. Penso que ainda hoje uma boa alfabetiza-ção é fundamental para a formação das pessoas”.

Segundo Guareschi, o chamado à vocação sacerdotal também teve a participação dessa mesma professo-ra. Mulher de profunda vida religio-sa, ela tinha três irmãos sacerdotes. “Em um determinado momento, ela percebeu que eu gostava muito de es-tudar. Um dia, chamou-me e pergun-tou se eu queria ir para o seminário. Com a minha resposta, foi falar com meus pais. Aos 11 anos embarquei no trem para Santa Maria”, relembra com emoção.

Em contato com um estudo exigen-te e uma disciplina rígida, aprendeu francês, latim e aprimorou a língua portuguesa. Foi assim que entrou em contato mais profundo com a educa-ção de uma maneira geral. Além des-sa primeira formação, estudou filoso-fia por três anos e teologia por quatro anos no Seminário Central em São Leopoldo, hoje Unisinos. Em dezem-bro de 1956 foi ordenado sacerdote.

O envolvimento com a UPF e

com a educaçãoO contato mais próximo com a

prática educacional começou cedo. Em 1957, o então bispo da Diocese

de Passo Fundo, Dom Cláudio Colling, designou Guareschi para ser professor da Facul-dade de Filosofia, que faria parte, mais tarde, em 1967, da Universidade de Passo Fundo. “Aos poucos fui me apegando aos professores e alu-nos e assim desco-bri minha segunda vocação: ser professor”.

Em 1961 foi escolhido diretor da Faculdade, o que, na sua opinião, fez com que se envolvesse cada vez mais na gestão da Universidade, che-gando à Reitoria da instituição nos anos de 1982 a 1998. “Fiz parte de uma geração que teve um sonho im-portante: a construção da UPF. Aju-dei a Universidade a crescer. Hoje a UPF tem uma presença marcante na cidade e na região”, observa.

De 2004 a 2008 foi secretário de Educação de Passo Fundo, momen-to em que pôde conhecer de perto a realidade da educação no municí-pio e, juntamente com sua equipe, desenvolver projetos e ações para qualificá-la.

Homenagem merecidaEm julho de 2010, Guareschi rece-

beu da UPF o título de Doutor Hono-ris Causa. A homenagem o incluiu no grupo de autoridades reconhecidas pela instituição - entre eles, Ariano Suassuna e José Mindlin. “Jamais po-deria imaginar que aquele menino, aluno de uma escola rural comunitá-ria, chegaria um dia ao título maior de uma universidade. No meu dis-curso declarei que desejava repartir o

título com os professores da UPF que ajudaram a construir o sonho”.

Olhos voltados para os desafios

da educaçãoAfastado da UPF desde 2000, quan-

do foi jubilado, Guareschi afirma que nunca quis cruzar os braços. Além de trabalhos comunitários e de ati-vidades ligadas ao sacerdócio, atua na diretoria do Hospital de Olhos Diógenes Martins Pinto e não perde o foco da educação. “Passo Fundo vem cuidando bem da educação. Mas os desafios continuam, e o principal, no meu entender, está na educação básica. Ainda há muito o que investir em prédios, equipamentos e na for-mação dos professores”, argumenta.

reconhecimento

Fiz parte de uma geração que teve

um sonho importante:

a constru-ção da UPF.

Page 25: Universo UPF número 1_web

Junho 25UniversoUPF

é fácil ganhar uns tapas na

ESPANHA

Sobre a maravilha arquitetôni-ca que é a Catedral da Sagrada Família projetada por Gaudi em Barcelona ou mesmo sobre

os caminhos de Santiago de Compos-tela, quem se interessa pela Espanha provavelmente já leu inúmeras vezes. O país, no entanto, reserva uma série de atrativos que só quem pôde convi-ver de perto com a população nativa pode contar. Ganhar uns tapas senta-do à mesa de algum bar, por exemplo, não é incomum. Essa é uma das de-monstrações de hospitalidade da ca-pital espanhola, acostumada a receber visitantes estrangeiros – muitos deles intercambistas – todos os anos.

Não se assunte. Os tapas espanhois não são violência, mas pequenos ape-ritivos que eles servem acompanhando a cerveja ou outra bebida. Essa é uma das curiosidades que o acadêmico do curso de Jornalismo da UPF, Flaubi Fa-rias, descobriu durante os meses que passou na Europa numa temporada de estudos. “Essa cultura de tapas é tão ativa que, em Valência, em setembro, teve uma ‘Feria de la Tapa’, que foi um evento onde diversos bares montaram estandes e, ali, vendiam suas especia-lidades gastronômicas”, explica, lem-brando que Valência não oferece tapas gratuitos como Madrid.

Para comer bem e baratoPara comer bem e barato no centro

de Madrid, a sugestão é o Museo del Jamón. De acordo com Farias, com poucos euros é possível comer e beber

com um atendimento rápido. “É um local que está sempre lotado, tanto por turistas como por espanhois”, com-pleta. Em Valência a paella é o prato típico e a sugestão gastronômica. A receita tem como ingredientes básicos arroz, açafrão, frango, entre outros, preparados em uma chapa metálica. “O segredo de onde comer em Va-lencia é ir a um restaurante longe da praia, caso não queira pagar o dobro do preço, pois na rua da praia a infla-ção faz a festa”, alerta.

Conheça ToledoUma das dicas de visita do intercam-

bista passo-fundense é a pequena ci-dade de Toledo. “Quando se caminha pelas ruas estreitas de Toledo, a pri-meira impressão que vem à cabeça é a de estar em uma cidade cenográfica de um filme histórico de algum dos sécu-los passados”, descreve. Segundo ele, o meio mais barato para se visitar a pe-quena cidade partindo de Madrid é de ônibus, com um trajeto de 45 minutos. “Podemos ver referências às três cul-turas dominantes da região durante os anos, judaica, árabe e cristã. É a his-tória diante de nossos olhos”, acres-centa. Além disso, a cidade é rica em exposições históricas e museus, quase todos pagos.

Para os nativosFernando Acedo Triviño é um inter-

cambista espanhol que está em Passo Fundo para um semestre de estudos. Ele mora em Almendralejo, Província

de Badajoz. Na sua opinião, um dos lu-gares que os turistas não podem deixar de conhecer na Espanha é a região da Andaluzia. Além da beleza do lugar, o estudante de 24 anos destaca o povo da região. “Não é porque eu sou do sul (a minha cidade é perto de Sevilla), mas acho que as pessoas do sul são mais engraçadas, simpáticas. O pesso-al do centro e do norte normalmente é mais fechado”, compara.

Da gastronomia local, a paella é um prato que não pode faltar no roteiro de quem gosta de frutos do mar. O prato pode ser preparado de diversas ma-neiras dependendo da região. “Tenho muita saudades da paella, porque a minha mãe fazia isso todos os domin-gos ou quase todos”, justifica. Ainda sobre a culinária local, as tapas são indispensáveis. E é fácil conseguir. Conforme Triviño, a maioria dos bares oferece tapas aos seus clientes como cortesia. Os aperitivos podem ser de vários ingredientes. “A minha tapa preferida é a tortilla de batatas. É uma coisa típica de Espanha, e, para mim, essencial no verão”, completa.

Quer saber mais?Acesse o blog escrito pelo intercambista Flaubi Farias:

On the road - Intercâmbio pela Europawww.onacional.com.br/colunistas/on-the-road-in-

tercambio-pela-europa. No endereço há uma série de posts criativos e úteis

para quem pretende viajar ou saber mais sobre a Espa-nha e outras partes da Europa.

Na descrição de Flaubi Farias

(foto maior), Toledo é ‘a

história diante dos olhos’.Já o intercambista

espanhol Fernando (foto

menor, em Sevilha) está no Brasil para uma

temporada de estudos

Apresentar diferentes cidades, países, sua cultura e seus espaços. Esse é o objetivo da editoria INTERCAMBIANDO. Para isso, a cada edição estaremos entre-vistando pessoas que, de alguma forma, conheceram a realidade de perto. Você é nosso convidado para essa viagem que começa pela Espanha.

Esperamos suas sugestões para as próximas edições.

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Junho26 UniversoUPF

qualidade acadêmica

COMPROVADAÍndices alcançados por diversos cursos em avaliações do MEC re-

afirmam o compromisso da UPF com a formação de profissionais qualificados

A missão de formar profissi-nais cidadãos, que possam produzir e difundir conhe-cimentos que promovam a

melhoria da qualidade de vida, com postura crítica, ética e humanista, preparados para atuar como agentes transformadores, sempre norteou o trabalho da UPF. Aliados a isso, bons referenciais de qualidade devem em-basar as ações, que no Brasil seguem o que estabelece o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sina-es). São os resultados das avaliações que possibilitam traçar um panorama da qualidade de cursos e instituições de educação superior no país. Nesse contexto, a UPF tem feito o “dever de casa”. Os investimentos em qualidade educativa garantem à única universi-dade de Passo Fundo destaque em ava-liações feitas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao MEC.

No último ano, graduação e pós-gra-duação conquistaram evidência nos principais indicadores de qualidade do ensino superior. Ainda em julho, a instituição foi oficialmente recreden-ciada pelo MEC como universidade com conceito quatro, numa escala de um a cinco. O conceito foi obtido após a Universidade passar pela Avaliação Institucional Externa, com a visita in loco, realizada por uma comissão do

Inep. De acordo com a coordenadora da

Divisão de Avaliação Institucional e membro da Comissão Própria de Ava-liação, Magda Moreira, além da Ava-liação Institucional Externa, outro instrumento complementar do Sinaes é a Auto-avaliação, momento em que a comunidade acadêmica se manifesta quanto às potencialidades, às fragili-dades e tem a oportunidade de apre-sentar sugestões ou críticas sobre as ações e políticas institucionais, com o intuito de melhorar a qualidade e apri-morar o que já está sendo realizado.

Além desses instrumentos de avalia-ção, anualmente os alunos dos cursos de graduação participam do Exame Nacional de Desempenho dos Estudan-tes (Enade). De acordo com o que esta-belece a legislação, além da avaliação da aprendizagem dos universitários em relação ao conteúdo previsto nas matrizes curriculares dos cursos de graduação, suas habilidades e compe-tências, o Enade também contempla a avaliação dos cursos e instituições. Com base no Enade são calculados o Conceito Preliminar de Curso (CPC), que também considera em sua compo-sição a situação do corpo docente e de infraestrutura, entre outros insumos, e o Índice Geral de Curos (IGC), que sin-tetiza em um único indicador o desem-penho de todos os cursos de graduação e pós-graduação de uma instituição.

Bom perfil de qualidadeDepois de implantados os cursos de

graduação, eles precisam ser reconhe-cidos a cada ciclo avaliativo do Sina-es, de três em três anos, ou renovar o seu reconhecimento. Em função disso, quando já estão em funcionamento, uma comissão do MEC os visita para aferir as seguintes dimensões: organi-zação didático-pedagógica, corpo do-cente e instalações físicas. Neste ano, quatro cursos tiveram portaria oficial de reconhecimento, todos bem concei-tuados: o curso superior de tecnologia (CST) em Design de Moda obteve con-ceito quatro, o CST em Recursos Huma-nos conceito três, o CST em Sistemas para Internet conceito máximo cinco e o curso de Artes Visuais conceito qua-tro. De acordo com a avaliação do MEC, as graduações apresentam um bom perfil de qualidade.

No final de 2011, o Inep divulgou os indicadores de qualidade de cursos e instituições de educação superior, referentes ao Enade 2010. O curso de Medicina da UPF foi destaque na avaliação com conceito 5 e é o primeiro colocado entre as escolas médicas gaúchas. Já os cursos de Agronomia, Odontologia e Serviço Social obtiveram conceito 4, tanto no Enade quanto no CPC. O curso de Agronomia aparece como primeiro colocado no índice CPC entre os particulares do Rio Grande do Sul e o curso de Odontolo-gia ocupa a segunda colocação no mesmo critério. O curso de Medicina Veterinária integra a lista como primeiro colocado entre as instituições particulares no CPC.

Os demais cursos avaliados em 2010, com conceitos divulgados em 2011, Educação Física (Bacharelado), Enfermagem, Farmácia, Fisiotera-pia, Medicina Veterinária e Nutrição – obtiveram conceito 3 no Enade e no CPC. Pela avaliação do MEC, cursos com conceito 3 atendem plenamente aos critérios de qualidade.

Destaques no Enade

No curso de Medicina, conceito 5 no Ena-de, a prática acadêmica tem lugar desde os primeiros semestres

CST em Sistemas para Internet obteve conceito cinco

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Junho 27UniversoUPF

Uma das maiores mudanças observadas no século XX foi o aumento da longevidade do ser humano. Hoje a expectativa de vida equivale a quase o dobro da idade alcança-da no início do século, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2000). O processo de envelhecimento, pela sua natureza multidisciplinar, é extremamente complexo e multifatorial e o estudo desse fe-nômeno tem gerado um grande número de teorias e uma vasta literatura.

É partindo deste contexto que a UPF vai realizar, nos dias 29, 30 e 31 de agosto, o Con-gresso Internacional de Estudos do Envelhe-cimento Humano 2012, enfatizando o tema “Os desafios do saber envelhecer”. O objeti-vo é promover discussões sobre os aspectos biológicos, psicológicos, sociais e políticos do envelhecimento humano, pressupon-do os desafios que este processo coloca na agenda das políticas públicas brasileiras e

em debateOs desafios do saber envelhecer

Jornadas de Fonoaudiologia

Avaliação psico-lógica: expressão singular em di-versos contextos

Organizadora: Silvana Alba Scor-

tegagna

Estudo da lín-gua brasileira

de sinaisAutoras: Andréia

Mendiola Mar-con, Ângela Mara Berlando Soares, Cristine Fátima

Pereira Luna, Monique Giusti

Reveilleau e Tatiane de Souza

da Anhaia

Policultivo de jundiás, tilápias

e carpas: Uma alternativa de

produção para a piscicultura rio-

-grandenseAutores: Leonardo José Gil Barcellos, Michele Fagundes

(org)

Física do solo

Autor: Vil-son Antonio

Klein

Fisiologia das plantas cultiva-das: o estudo do que está por trás

do que se vêAutor: Elmar Luiz

Floss

Negros, Charqueadas

& OlariasAutora: Ester J.

B. Gutierrez

Lançamentos da UPF Editora

Hoje a expectativa de vida da população equivale a quase o dobro da idade alcançada no início do século XX

A programa-ção completa e todas as infor-mações sobre o evento estão disponíveis no

site www.upf.br/cieeh

Com a intenção de pro-mover o intercâmbio e a atualização de conheci-mentos entre profissionais e acadêmicos de Fonoau-diologia, a UPF realiza, de 20 a 22 de agosto, a III Jor-nada de Fonoaudiologia do Planalto Médio e I Jornada Latino-Americana de Fono-audiologia. Palestras, me-sas-redondas e apresenta-ção de trabalhos científicos em forma de temas livres integram a programação, que terá a participação de renomados especialistas na área. O evento acontece no auditório da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contá-beis, Campus I.

Mais informações no site: www.upf.br/jornadafono/

ainda uma posição permanente e autocrítica sobre a inserção multidisciplinar.

4º Seminário Nacional de Língua e Literatura

A UPF será espaço para a produção científica resultante de pesquisas que se orientam pela interface entre os estudos linguísticos e os estudos literários nos dias 02 e 03 de agosto. O 4º Se-minário Nacional de Língua e Literatura, organizado pelo curso de Letras, juntamente com o Programa de Pós-Graduação em Letras da instituição, vai debater o tema “Teoria e ensino: diálo-gos em discurso”. O evento tem como local o auditório da Faculdade de Odontologia, Campus I.

Informações pelo telefone (54) 3316-8341 ou pelo site www.ppgl.upf.br, no link do seminário.

Curso de atualização em equoterapia

A atualização e capaci-tação de profissionais para atuarem com projetos de equoterapia estão entre os objetivos do curso que será promovido pela UPF nos dias 13, 14, 20 e 21 de julho. O curso de Atualização em Teoria e Prática da Equote-rapia abordará o planeja-mento, execução e avalia-ção de atividades, além de construir alternativas para atendimento de pessoas deficientes ou em situação de vulnerabilidade. As aulas acontecerão no Centro de Equoterapia, localizado na sede do Sindicato Rural às margens da BR-285, próxi-mo ao Aeroporto de Passo Fundo. Outras informações podem ser obtidas pelo site www.upf.br/equoterapia, ou ainda pelo telefone 54 3316-8380 na Faculdade de Edu-cação Física e Fisioterapia da UPF

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