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VALORIZAÇÃO HISTÓRICA: SURGIMENTO E AFIRMAÇÃO DO
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DA PARAÍBA (1917 – 2017)
Giselle Ferreira da Silva1 Joseilton Matias da Silva2 Tiago Feitosa Montezuma de Andrade3
RESUMO
O corpo de bombeiros surgiu pelas necessidades das sociedades na luta
contra incêndios ao longo do tempo, os combatentes eram chamados de vigias
e ficavam em prontidão para policiar e conter tais eventos se ocorressem. O
decreto Estadual nº 844 de 09 de Junho de 1917 confirma que essa
necessidade chegou à Paraíba, criando o Corpo de Bombeiros Militar em que
tornou-se uma instituição de grande relevância na sociedade paraibana,
salvaguardando vidas e bens em toda sua história, durante esses 100 anos do
seu aparecimento. O objetivo desse artigo é mostrar a importância da
valorização histórica, do seu registro e memória, visto que o mérito histórico é
crucial para a afirmação da instituição no que diz respeito a positivação do seu
progresso durante todo esse tempo, para que não se perca ou seja esquecida
sua contribuição à sociedade paraibana. Na evolução desse trabalho foi
encontrada diversos percalços pois, existem poucos registros e alguns estão
deteriorados, portanto, foi um grande desafio. Todavia, a diligência para a
confecção do mesmo nos levou a conhecer mais a corporação, sua estrutura
desde o princípio e como ela foi moldando-se à medida que o tempo passasse
para atender as necessidades da coletividade.
Palavras- chave: Valorização. Bombeiros. Surgimento. Afirmação. Memória
¹ Aspirante a Oficial Bombeiro Militar, Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba. Email: [email protected] ² Major Bombeiro Militar, Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba. Email: [email protected] ³ Major Bombeiro Militar, Corpo de Bombeiro Militar da Paraíba. Email: [email protected]
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VALORIZAÇÃO HISTÓRICA: SURGIMENTO E AFIRMAÇÃO DO
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DA PARAÍBA (1917 – 2017)
ABSTRACT
The fire brigade arose out of societal needs in the fight against fires, the fighters
were called watchmen and stood in readiness to police and contain such events
if they occurred. State Decree No. 844 of June 9, 1917 states that it is precise
that it arrived in Paraíba, creating the Military Fire Brigade in which it became
an institution of great relevance in Paraíba society, safeguarding lives and
property throughout its history throughout 100 years of its appearance. The
purpose of the article is to show a value of historical valuation, its record and
filing since historical merit is crucial for an assertion of the institution is not that it
concerns the positivation of its progress during all this time, so that it is not lost
or Forgot his contribution to the society of Paraíba. In the evolution of the work,
several mishaps were found, some records were recorded and deteriorated, so
it was a great challenge. However, a diligence for a job creation was created as
a structure, as its structure from the beginning and how it was designed to meet
the needs of the community.
Keywords: Appreciation. Firefighters. Emergence. Affirmation. Memory
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo intitulado Valorização histórica: surgimento e
afirmação do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba (1917 – 2017), fala de
maneira sucinta sobre o surgimento dessa corporação e a importância da
valorização histórica, do registro e de sua memória. Realizada com base em
pesquisas bibliográficas e arquivo documental entre as instituições Polícia
Militar da Paraíba (PMPB) e Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba (CBMPB),
esse trabalho visa trazer o passado com a finalidade de afirmar ainda mais a
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excelência dos serviços prestados pela instituição, registrar e mostrar seu
progresso e sua contribuição à sociedade paraibana.
Na história da humanidade, desde que o homem conseguiu vislumbrar
o fogo e a observar o que poderia ser feito com ele, dominando-o e utilizando-o
para fins próprios de sobrevivência, fez surgir a inevitável utilização do fogo no
cotidiano até os dias atuais, porém, o que ele não imaginava é que também iria
enfrentá-lo e combate-lo desde então. A partir dessa descoberta, manifestou-se
essa necessidade nas sociedades com o passar do tempo. Os povos antigos
que se sentiam ameaçados pelo fogo formavam grupos de combatentes
chamados vigias, eram sentinelas noturnas em prontidão que salvaguardavam
a cidade para uma possível luta de forma organizada, confrontando os
incêndios que surgissem em algum local e, dessa forma, marcando
historicamente esse grande desafio de combater incêndios, serviço primeiro do
corpo de bombeiros.
Certamente, tudo isso demonstra que a preocupação com incêndios e
a ameaça deles à humanidade é bastante antiga. No Brasil essa exigência não
foi diferente, em 02 de Julho de 1856 foi instituído no Rio de Janeiro o Corpo
Provisório de Bombeiros da Corte, Capital do Império, com a responsabilidade
de pôr em prática ações de extinção de fogo e salvamento. Portanto, é através
da história que podemos perceber o quão é valoroso a sua preservação
memorial, no caso do corpo de bombeiros, desde o surgimento do primeiro
combatente, de sua formação, suas funções e utilidades na prática e na vida
das sociedades, tendo em vista as mudanças sociais, culturais e tecnológicas
com o passar dos anos sendo notória a sua funcionalidade. Foi através dos
registros da história que se buscou fazer pesquisas, alcançar soluções,
métodos e finalidades nos mais variados âmbitos do conhecimento em que
firmou-se a percepção e compreensão da sua relevância na vida do homem.
Nesse sentindo de valorização histórica, existe uma carência do conhecimento
documentado do surgimento do corpo de bombeiros militar da Paraíba
(CBMPB), desde quando pertencia a sua atual coirmã, Polícia Militar da
Paraíba (PMPB) e seu memorial está conjuntamente estabelecido com ela.
Nessa perspectiva, há uma falta de valorização da história no que diz respeito
a valorização histórica e memória do aparecimento do CBMPB e de seus
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comandantes ao longo do tempo, essa positivação histórica é bastante
relevante para a afirmação da corporação, na história do Estado, na vida dos
paraibanos e de todos os envolvidos.
No decorrer deste trabalho, nos deteremos num breve histórico sobre o
surgimento do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba desde 1917 à 2017, cem
anos da sua origem, seu vínculo com a PMPB, quem é seu patrono, quem
foram alguns de seus comandantes, como foi seu desmembramento em 2007 e
principalmente, como sua história foi vivida e registrada nos boletins e
documentos preservados ao longo desse centenário.
2. METODOLOGIA
PROCEDIMENTO
Inicialmente, essa pesquisa foi feita com base nos estudos sobre a
história da corporação realizado através dos trabalhos de um historiador
formado na universidade federal da Paraíba que também é oficial do Corpo de
Bombeiros Militar da Paraíba, ao mesmo tempo houve um contato prévio com o
comandante geral da Polícia Militar e do Bombeiro Militar através da carta de
anuência e assim sendo solicitado as pesquisas nos arquivos e documentos
das mesmas.
A coleta de dados foi concretizada em 3 semanas e foram vistos e
registrados todos os possíveis documentos nesse período de tempo para que
esse trabalho fosse concretizado. Ao longo dessas semanas, a coleta teve
duração aproximada de 7h30 às 13h, ou seja, do início ao término do
expediente do batalhão. A maior parte dos estudos foram feitos no arquivo da
Polícia Militar que fica localizado no primeiro batalhão da polícia militar, no
centro desta capital, sendo auxiliado durante a pesquisa pelo arquivologista
responsável pelo arquivo e seus dois ajudantes, sargentos lotados nessa
unidade militar em que, cuja pesquisa jamais teria sido concretizada sem a
ajuda dos mesmos.
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3. A IMPORTÂNCIA DA VALORIZAÇÃO HISTÓRICA, REGISTRO E
MEMÓRIA INSTITUCIONAL
A história é uma ciência que descreve a partir da interpretação de
documentos históricos os fatos ocorridos na humanidade, dando-lhes vida e
assim ajudando a compreender as mudanças ocorridas ao longo do tempo, é
uma prática social que visa analisar o passado em busca de entendê-las e
trazer respostas para o futuro. A princípio seu surgimento deu-se como simples
relatos da oralidade, hoje sabemos que história é muito mais que algo falado, é
por exemplo, material documentado, fotos, desenhos, objetos e que, valorizá-la
é essencial para compreender o desenrolar dos acontecimentos. Nessa
perspectiva, estudiosos antigos como Heródoto (c. 484 a.C. – 425 a.C), Jean
Froissart (c. 1337-1410) e o Conde de Clarendon (1609-1674), afirmavam que
é preciso registrar a importância da história dos grandes fatos e feitos vividos,
ou seja, que a memória é, sem dúvidas, o reflexo da história.
Sabemos que a vida humana é marcada por registros desde o
surgimento da escrita através de símbolos e desenhos em pedras, rochas,
argila entre outros, e a partir de então surgiu as fontes de informações para
poder compreender as ações humanas. Por conseguinte, a partir dessa
necessidade de registrar seus pensamentos, acontecimentos e ideias surgiu a
conveniência de armazená-las e, assim, dando origem aos arquivos. Segundo
o arquivo nacional (2005), “Arquivo é um conjunto documental gerado por uma
instituição pública ou privada com o intuito de preservar suas funções”. Toda
instituição precisa registrar suas atividades e comprovar sua existência para
que suas informações sejam armazenadas e não se perca com o passar dos
anos. É, sem dúvida, um patrimônio memorial construída pela própria
instituição.
A história está interdisciplinarmente ligada à memória. A memória
representa uma forma seletiva do passado, de como se é contada a história e
em qual contexto social está inserido o indivíduo. Segundo Maurice Halbwachs
(1877-1945), qualquer memória é coletiva, e é nessa perspectiva que pode-se
construir uma percepção de identidade nos indivíduos da corporação, por
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exemplo. Preservar a memória institucional é mantê-la alicerçada e viva para
que até os próprios combatentes se sintam identificados por ela, é uma forma
de ter a instituição em bases fixas, afirmando-a ainda mais como uma
corporação de excelência e credibilidade, independentemente de erros e
acertos do passado, é uma maneira de conhecê-la, estudá-la e de achar
respostas, entendendo o passado, gerindo o presente e planejando o futuro.
Segundo um sociólogo francês, embora as memórias sejam lembradas
individualmente por cada ser humano, são as memórias em grupo, as
construções coletivas que são alicerçadas de maneira memorável para esse
determinado ciclo social. Um noticiário, por exemplo, pode marcar a vida de
alguém para o resto dela, ou seja, a memória é a reconstrução do passado e
por isso, pode-se dizer que ela é uma fonte histórica e um fenômeno histórico e
que sua valorização é crucial para determinar acontecimentos, feitos e grupos
sociais.
Desse modo, a lei 8.159, de 08 de janeiro de 1991, traz no seu artigo 1º
que “É dever do Poder Público a gestão documental e a proteção especial a
documentos de arquivos, como instrumento de apoio a administração, à
cultura, ao desenvolvimento científico e como elementos de prova e
informação”. Assim sendo, é evidente a importância do registro para o
patrimônio documental. Posteriormente, a Constituição Federal expõe no
Art.126 sobre Patrimônio Cultural Brasileiro:
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou
em conjunto, portadores de referência à identidade, à
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas
de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as
criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as
obras, objetos, documentos, edificações e demais
espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V
- os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
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paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico (BRASIL, 1988, p. 123).
Diante o exposto, é nítido a importância latente entre história-registro-
memória. É através da construção desse patrimônio que se firmará ainda mais
a expressão do Corpo de Bombeiros da Paraíba perante a sociedade. Meios
materiais e imateriais constroem a memória não apenas da corporação mas
também na vida de cada pessoa, contribuindo nas relações de trabalho e no
seu aperfeiçoamento a cada ano e também sendo referência no campo das
ciências humanas e sociais do nosso estado.
4. BREVE HISTÓRICO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DA PARAÍBA
O Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba surgiu no governo do Doutor
Francisco Camilo de Holanda, presidente do estado da Paraíba do Norte, seu
mandato foi de 22 de outubro de 1916 à 1920. Fez uma boa administração,
construiu obras, estimulou investimentos e deu origem ao corpo de bombeiros
de acordo com o decreto nº844 de 09 de junho de 1917, formando uma seção
de bombeiros dentro da Força Policial do Estado, com efetivo de 30 homens
retirados da própria polícia, visando o combate à incêndios pois, havia uma
grande necessidade já que eles também aconteciam na província da Paraíba.
Os incêndios mais conhecidos são o da Camisaria Universal e Casa Vergana e
no prédio da delegacia fiscal, ambos no dia de natal, mas houveram vários,
como na Drogaria Universal descrito no boletim de 27 de março de 1915, e o
incêndio no centro comercial ocorrido em 03 de abril do mesmo ano. Tudo isso
mostra que o objetivo de criar a seção de bombeiros era de salvaguardar vidas
e bens das possíveis destruições do fogo.
A seção de bombeiros teve como seu primeiro comandante o 2º
Tenente José Lopes Pessoa de Macêdo a partir de 11 de junho de 1917, dois
dias depois da criação pelo decreto, entretanto, sua nomeação apenas foi feita
conforme o ofício nº 1460 em 16 de junho do mesmo ano. A seção enfrentou
muitos problemas estruturais e materiais, os equipamentos foram sendo
adquiridos aos poucos junto ao governo federal, com a ajuda do presidente
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Epitácio Pessoa conjuntamente com os bombeiros do Rio de Janeiro, cidade
que na época era a capital do Brasil e, assim, a primeira viatura chegou ao
estado da Paraíba do Norte ainda em 1917, um veículo à vapor de fabricação
inglesa para operações de combate à incêndio.
Segundo o boletim do segundo semestre de 1917, o 2º Tenente José
Lopes de Pessoa Macêdo passa o comando da seção de bombeiros ao 2º
Tenente Adolpho Gonçalves da Rocha em 16 de novembro de 1917. Contudo,
com a vinda do novo veículo operacional também chegou um sargento,
chamado Alexandre Loureiro Junior que veio trazer seus conhecimentos aos
novos combatentes paraibanos, não apenas ministrar sobre o funcionamento e
manuseio da viatura à vapor mas também instruções gerais de salvamento. Por
consequência, o sargento Alexandre Loureiro Junior passa a ser comissionado
ao posto de 2º Tenente e ao mesmo tempo assumiu o comando da seção de
bombeiros em 04 de fevereiro de 1918.
Sua conduta foi bastante elogiada, fez um bom trabalho, ajudou a
banda de música com peças de música para que fizesse parte do acervo da
mesma em 1918, em 20 de setembro de 1920 ele ganha elogio pelo ótimo
desempenho no combate à incêndio na casa comercial Chapim da Moda. Por
esse destaque, logo foi nascendo credibilidade e respeito perante o governo e
a sociedade, ainda em 1918 a seção de bombeiros ganhou mais espaço
aquartelando-se em uma casa alugada na esquina da rua Maciel Pinheiro com
a Duarte Lima. Mais tarde, foi para melhores instalações em um prédio público
situado onde atualmente é o edifício João Pessoa, na Praça Aristide Lobo
segundo o boletim de 10 de outubro de 1918.
Em 07 de agosto de 1920 o 2º Tenente Augusto Toscano de Brito
assume o comando da seção de bombeiros pois, o 2º Tenente Loureiro iria
para um serviço na capital federal que, na época, era o Rio de Janeiro a mando
do governo do estado. Contudo, em 09 de setembro do mesmo ano, ele volta e
reassume o posto de comandante da seção. Seus feitos na história da
corporação são de 16 de outubro de 1917 à 14 de dezembro de 1920.
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Contudo, os problemas ainda perduraram e, consequentemente fez
surgir o decreto nº 170 de 27 de agosto de 1931, que desmembra da força
pública a seção de bombeiros passando suas atribuições a seção da guarda
cívica. Em 1935 a seção de bombeiros volta a ser subordinada a força pública
apenas com a denominação de Corpo e no ano posterior recebe três novos
veículos modernos para o serviço de combate à incêndio e novas instalações
no centro de João Pessoa, na rua Diogo Velho. Em 1941 o quartel foi
transferido para o sobrado do Barão de Abihay, situado na Praça Venâncio
Neiva.
Imagem 1- Prontidão do Corpo, 1936. Fonte: Arquivo histórico da PMPB.
Com o passar dos anos, os serviços de busca e salvamento foram
incorporados à instituição, as necessidades foram aumentando e expandindo
pelo estado. O decreto nº 7689 de 08 de agosto de 1978 cria o centro de
atividades técnicas (CAT) e assim, ampliando ainda mais as atividades do
corpo de bombeiros. Não obstante, os problemas estruturais do corpo de
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bombeiros ainda não se deram por vencido mesmo com as mudanças
ocorridas, no governo do Major Geraldo Cabral de Vasconcelos em 1974,
chegaram viaturas novas e juntamente a Auto Escada Hidráulica com
capacidade de 30 metros de altura.
Imagem 2 – Auto escada hidráulica, 30 metros de altura. Fonte: Arquivo histórico da PMPB.
De acordo com Silva (2010), a cada década que passasse o Corpo de
Bombeiros ganhava mais credibilidade e espaço. Ganhou novas instalações no
bairro de Marés em 1975, local esse de bom acesso para entrada e saída de
viaturas e de rápido e fácil deslocamento em que atualmente está instalado o
Quartel do Comando Geral (QCG). Em 1980, firmou-se um contrato com a
Empresa de Estrutura Aeroportuária (INFRAERO) com o objetivo de prontificar
bombeiros em possíveis acidentes com aeronaves. No ano de 1991, o corpo de
bombeiros existia apenas em duas cidades, João Pessoa e Campina Grande,
contudo, nesse mesmo ano duas cidades foram contempladas com seções, a
cidade de Guarabira e de Patos com estruturas para atender ocorrências de
combate à incêndio e salvamento. Daí por diante, o CBMPB começou a ganhar
mudanças administrativas e de reestruturação. Em 1994 foram adquiridas 12
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ambulâncias do tipo Ipanema da empresa Chevrolet, espalhadas por pelas
seções de bombeiros nos referidos municípios, para atender ocorrências,
sobretudo, de acidentes automobilísticos, dando origem a atividade de
atendimento pré-hospitalar.
Imagem 3 – ambulâncias do tipo Ipanema. Fonte: Arquivo histórico da PMPB.
O CBMPB continuou expandindo-se pelo estado, atualmente a região
sertaneja é a mais assistida pela corporação. Cidades como Cajazeiras, Catolé
do Rocha, Pombal e Sousa ganharam espaço, infraestrutura e companhias de
bombeiro militar. Com a emancipação, ou seja, a separação da PMPB pela
Emenda Constitucional nº 25, foi acontecimento crucial para a instituição, pois,
houve uma reestruturação que proporcionou mais qualidade nos atendimentos
prestados e em uma dedicação apenas para o corpo de bombeiros que,
anteriormente, a atenção deveria ser compartilhada com sua coirmã polícia
militar. Isso possibilitou ainda mais a expansão e algumas unidades ganharam
voz, tornando-se batalhões de bombeiros militar.
Por conseguinte, toda essa trajetória de excelência vem afirmando-se a
cada ano de existência dessa gloriosa Corporação. O corpo de bombeiros
militar da Paraíba está a 100 anos vivenciando mudanças, transformações e
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vencendo percalços ao longo do tempo, contudo, seu objetivo não muda, sua
positivação perante a sociedade paraibana confirmar-se a cada passo dado,
prestando seus serviços com excelência e sendo bem aceitos e reconhecidos
pela sociedade paraibana. Entretanto, a busca por essa credibilidade é
incessável, a missão de salvar vidas e riquezas sempre será o maior objetivo
dessa corporação.
5. O PATRONO E O SURGIMENTO DA ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR
ARISTARCHO PESSOA
Aristarcho Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, nasceu em Umbuzeiro –
PB em 4 de agosto de 1879, cresceu e formou-se na antiga Escola Militar e
tornou-se aspirante a oficial no ano de 1907. Sua família é bastante vultuosa
em histórias do Brasil. Era sobrinho de Epitácio Pessoa, presidente da
república no período entre 1919 à 1922, irmão de João Pessoa, governador da
Paraíba nos anos de 1928 à 1930, de Cândido Pessoa, deputado federal pelo
Distrito Federal de 1934 à 1937 e de José Pessoa, de quem nasceu a ideia de
criar a academia das Agulhas Negras em Brasília.
Aristarcho Pessoa era um oficial formado pelo exército brasileiro e por
isso não ficou distante de grandes feitos como seus familiares. Lutou na
campanha do Contestado em 1912 e comandou a revolução de 1930 em Minas
Gerais, que levou Getúlio Vargas ao poder. Logo, quando Vargas assumiu a
presidência o então Coronel Aristarcho foi instituído como um dos assessores
mais próximos e o nomeou a comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar
do Distrito Federal (CBMDF), cargo que exerceu durante toda a Era Vargas.
Sua gestão foi bastante produtiva e inovadora, foi reconhecido com
honras e homenagens como seu nome em hospitais que até hoje estão pondo
em prática sua funcionalidade, como o hospital central Aristarcho Pessoa
situado no Rio de Janeiro. Ganhou medalhas de diversos Corpos de Bombeiros
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espalhados pelo país. Ficou à frente do CBMDF durante 15 anos, até o dia 31
de outubro de 1945, falecendo em 1949.
Em função de toda sua trajetória honrosa, o corpo de bombeiros militar
da Paraíba resolve fundar sua academia para assim formar futuros oficiais
bombeiros capacitados em prol de melhores serviços a população paraibana.
Denominada de Academia de Bombeiro Militar Aristarcho Pessoa (ABMAP), foi
credenciada junto ao Conselho Estadual de Educação, fruto do requerimento
protocolado pela então Tenente Cecília, que solicitava aquele órgão colegiado
tanto o credenciamento da ABMAP como sua autorização de funcionamento do
curso de Engenharia de Segurança contra incêndio e pânico. Atualmente
funcionando no Centro de Educação da Polícia Militar, na capital paraibana.
6. CONCLUSÃO
Construir um memorial demostra a possível contribuição para o avanço
da corporação em relação ao resgate do passado. Nessa perspectiva da
valorização histórica, que é o foco desse trabalho, o resgate da memória do
corpo de bombeiros militar da Paraíba (CBMPB) ajudará a compreender as
relações sociais dentro e fora da corporação e, principalmente, as relações de
trabalho valorizando a instituição, aumentando seu aprimoramento como
instituição e dando uma identidade para cada bombeiro militar nela inserida.
Por conseguinte, esse resgate tornará possível a construção de um
museu histórico que terá como atividade principal a identificação, o
reconhecimento e a conservação de toda essa história, produzida pelos
homens e militares que compõe o corpo de bombeiros, esse acervo pode ser
feito igualmente ao existente na polícia Militar da Paraíba (PMPB) criado desde
27 de agosto de 1997 pelo decreto de nº19.067, cujo órgão é de cunho cultural
da corporação, valorizando toda sua trajetória nesses 185 anos de sua
existência. São materiais tombados e catalogados que compõe um acervo para
exposições em feiras e datas comemorativas, contudo, o cuidado deve ser
constante para que seu estado de conservação permaneça íntegro e que todo
esse conhecimento seja passado para as gerações futuras de combatentes.
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Registrar, arquivar, construir um acervo, tudo tem o objetivo de guardar,
preservar e cuidar dos documentos históricos, objetos, fotografias e desenhos,
por exemplo, porém, existe as técnicas e as pessoas especializadas para tal
serviço. É preciso pessoas qualificadas para que realmente se dê o valor
necessário para esse tipo de atividade, existe todo o cuidado e manuseio com
material envolvido. Esse tipo de serviço dará a memória organizada e
instrumental de forma a auxiliar a corporação nas possíveis condições de
funcionamento até em atividades administrativas.
Portanto, partindo desse princípio o objetivo desse projeto além de
mostrar as conquistas do CBMPB, é também de incentivar a valorização
histórica com a finalidade de afirmar a instituição, mostrar o progresso ao longo
do tempo e sua contribuição à sociedade, registrar para que não se perca ou
seja esquecido e arquivar a história e suas mais diversas fontes, sejam elas
escritas, documentais, livros, fotografias e até mesmo história oral. Conclui-se
que, preservar a história institucional não é apenas recuperar o passado, é
reconhecer as limitações de cada época, é conseguir enxergar e descobrir
valores, buscar renovação e estreitar os vínculos entre os indivíduos da
corporação. Valorizar a história é refletir como ser capaz de alcançar
mudanças, é recordar, preservar, conservar e salvaguardar, praticando tudo
isso num contexto de identidade e autoafirmação para uma instituição de
relevância nesses 100 anos de sua trajetória e nos mais que estarão por vir,
honrando o lema vida por vidas.
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