visões de cognição e implicações para linguística.novo.25.10.2012

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Cognição: o que é? Cognição: o que é? Algumas visões e implicações Algumas visões e implicações para a linguística para a linguística ANA CRISTINA PELOSI ANA CRISTINA PELOSI (UNIVERSIDADE FEDERAL DO (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ-BRASIL) CEARÁ-BRASIL) (CAPES/CNPq/FUNCAP) (CAPES/CNPq/FUNCAP)

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Cognição: o que é? Cognição: o que é? Algumas visões e implicações Algumas visões e implicações

para a linguísticapara a linguística

ANA CRISTINA PELOSI ANA CRISTINA PELOSI

(UNIVERSIDADE FEDERAL DO (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ-BRASIL)CEARÁ-BRASIL)

(CAPES/CNPq/FUNCAP)(CAPES/CNPq/FUNCAP)

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Cognição: o que é? Cognição: o que é? Algumas visões e implicações para a Algumas visões e implicações para a

linguísticalinguística

A apresentação busca:A apresentação busca:

- expor a evolução do conceito de cognição- expor a evolução do conceito de cognição – origens; modelos; conceito de representação mental;

- apontar para alguns desenvolvimentos na área da neurofisiologia que nos convidam a repensar o conceito de cognição;

- discutir o que o termo cognição corporificada significa, assim como as implicações dessa visão à noção de representação mental;

  - apresentar algumas das implicações que a nova visão traz para linguística.

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Cognição: o que é? Cognição: o que é? Algumas visões e implicações para a Algumas visões e implicações para a

linguísticalinguística

Cognição: A visão tradicionalCognição: A visão tradicional

- O termo tem sido aplicado geralmente para se referir, dentre outras coisas, a formas pelas quais nós, humanos, adquirimos, processamos, armazenamos e resgatamos conhecimento, na medida em que nos relacionamos com o mundo ao nosso redor (visão objetivista; noção de um mundo pré dado).

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-Platão, ao promover a crença de um mundo perfeito, Platão, ao promover a crença de um mundo perfeito, expõe a doutrina de que “o intelecto é capaz de expõe a doutrina de que “o intelecto é capaz de apreender ideias porque é, assim como as ideias, apreender ideias porque é, assim como as ideias, descorporificado (descorporificado (disembodieddisembodied))-(Pensadores, p. 20).(Pensadores, p. 20).

-A separação da mente e do corpo, sendo a mente A separação da mente e do corpo, sendo a mente autônoma e hierarquicamente superior em relação ao autônoma e hierarquicamente superior em relação ao corpo, tem sido posicionamento inquestionável corpo, tem sido posicionamento inquestionável adotado pela filosofia ocidental deste Platão, adotado pela filosofia ocidental deste Platão, Aristóteles e Agostinho a Descartes e Kant.Aristóteles e Agostinho a Descartes e Kant.

Origem do conceito e Origem do conceito e desenvolvimento da visão desenvolvimento da visão

tradicionaltradicional

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- O fenômeno mental, uma das maneiras pelas quais a - O fenômeno mental, uma das maneiras pelas quais a cognição é expressa, não teve, em termos cartesianos, cognição é expressa, não teve, em termos cartesianos, lugar no mundo da física, e deveria ser visto como lugar no mundo da física, e deveria ser visto como tendo um status autônomo: tendo um status autônomo:

“ “ Sou uma substância cuja inteira natureza ou essência Sou uma substância cuja inteira natureza ou essência é pensar e que para sua existência, não precisa de é pensar e que para sua existência, não precisa de lugar nenhum ou de qualquer coisa material” lugar nenhum ou de qualquer coisa material” (DESCARTES, DISCOURSE, PART IV, (DESCARTES, DISCOURSE, PART IV, apudapud GIBBS 2006, GIBBS 2006, p. 4).p. 4).

- uma possessão humana, resultante das chamadas - uma possessão humana, resultante das chamadas faculdades mentais superiores (Vygotsky); capacidade faculdades mentais superiores (Vygotsky); capacidade de transcender as limitações corpóreas (Descartes).de transcender as limitações corpóreas (Descartes).

Origem do conceito e Origem do conceito e desenvolvimento da visão desenvolvimento da visão

tradicionaltradicional

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- - O conceito de representação mental tem sido O conceito de representação mental tem sido fundamental para a visão tradicional da cognição. fundamental para a visão tradicional da cognição. Embora não diretamente promovido por Platão, pode-se Embora não diretamente promovido por Platão, pode-se dizer que ele se origina com suas ideias, e depois é dizer que ele se origina com suas ideias, e depois é instituído por Aristóteles. Tal conceito (ou seja, o da instituído por Aristóteles. Tal conceito (ou seja, o da representação mental) promove a ideia de que a representação mental) promove a ideia de que a cognição permite o engendramento na mente de cognição permite o engendramento na mente de imagens pertencentes a um mundo externo.imagens pertencentes a um mundo externo.

- - Conhecimento - acessível por meio de representações Conhecimento - acessível por meio de representações engendradas pela mente e entendidas como engendradas pela mente e entendidas como (re)apresentações de um mundo externo que é estranho (re)apresentações de um mundo externo que é estranho em relação à mente que o concebe. (isto é, mente como em relação à mente que o concebe. (isto é, mente como algo distinto e separado do mundo).algo distinto e separado do mundo).

Origem do conceito e Origem do conceito e desenvolvimento da visão desenvolvimento da visão

tradicionaltradicional

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- DesdobramentosDesdobramentos deste ponto de vista, motivou deste ponto de vista, motivou a IA tradicional, a considerar a cognição como a IA tradicional, a considerar a cognição como resultado da manipulação de símbolos, por meio resultado da manipulação de símbolos, por meio de regras rígidas, os chamados algoritmos; (Mente de regras rígidas, os chamados algoritmos; (Mente como metáfora do computador, dividida em como metáfora do computador, dividida em módulos com informação a ser processada linear e módulos com informação a ser processada linear e sequencialmente).sequencialmente).

Origem do conceito e Origem do conceito e desenvolvimento da visão desenvolvimento da visão

tradicionaltradicional

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““A teoria da representação clássica falha na A teoria da representação clássica falha na resolução do problema da intencionalidade na resolução do problema da intencionalidade na medida em que o armazenamento de medida em que o armazenamento de informações sob a forma de símbolos e a sua informações sob a forma de símbolos e a sua manipulação não pode conter o que é extra-manipulação não pode conter o que é extra-mental ou o extra-representacional que permite mental ou o extra-representacional que permite a relação entre a representação e seu referente a relação entre a representação e seu referente no mundo ". (TEIXEIRA 2004, p.48).no mundo ". (TEIXEIRA 2004, p.48).

- Embora saibamos que em um computador, o Embora saibamos que em um computador, o nível semântico de computações seja o nível semântico de computações seja o resultado do trabalho de um programador, não resultado do trabalho de um programador, não temos ideia como, ou de onde, as expressões temos ideia como, ou de onde, as expressões simbólicas codificadas no cérebro adquirem seu simbólicas codificadas no cérebro adquirem seu significado -. Cf Varela 1997).significado -. Cf Varela 1997).

Insuficiência da visão Insuficiência da visão tradicional:tradicional:

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- Em um programa computacional, a sintaxe do Em um programa computacional, a sintaxe do código simbólico pode codificar ou código simbólico pode codificar ou corresponder à semântica embutida no corresponder à semântica embutida no programa, mas não é assim que ocorre com as programa, mas não é assim que ocorre com as línguas naturaislínguas naturais; ;

- É impossível espelhar sintaticamente todas as É impossível espelhar sintaticamente todas as distinções semânticas relevantes para a distinções semânticas relevantes para a explicação do comportamento.(Ex.: falha da explicação do comportamento.(Ex.: falha da teoria tradicional chomskiana para explicar o teoria tradicional chomskiana para explicar o comportamento das pessoas no entendimento comportamento das pessoas no entendimento e processamento de sentenças).e processamento de sentenças).

Insuficiência da visão Insuficiência da visão tradicional:tradicional:

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- Outro ponto de vista sobre cognição é Outro ponto de vista sobre cognição é apresentado pela abordagem conexionista apresentado pela abordagem conexionista (processamento distribuído em paralelo)(processamento distribuído em paralelo);;

- O conexionismo rejeita a ideia de uma mente O conexionismo rejeita a ideia de uma mente simbólica regida por regras; A cognição é simbólica regida por regras; A cognição é entendida como a emergência de estados entendida como a emergência de estados globais (padrões de globais (padrões de outputoutput), através da ), através da interação dinâmica de componentes simples interação dinâmica de componentes simples ((nodos, nodos, na máquina ou neurônios, no cérebro)na máquina ou neurônios, no cérebro)..

A visão conexionista de A visão conexionista de cogniçãocognição

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- Processos mentais são resultados de Processos mentais são resultados de configurações “ad hoc” nas redes neuroniais;configurações “ad hoc” nas redes neuroniais;

Unidades de entrada (internas e externas ao Unidades de entrada (internas e externas ao sistema) são dinamicamente processadas em sistema) são dinamicamente processadas em várias direções (não linear ou sequencial);várias direções (não linear ou sequencial);

Significado (incluindo o significado linguístico) Significado (incluindo o significado linguístico) é entendido como resultado de estados globais é entendido como resultado de estados globais do sistema cognitivo; (nenhum mapeamento do sistema cognitivo; (nenhum mapeamento rígido entre o item físico (signo) e uma rígido entre o item físico (signo) e uma referência (representação armazenada na referência (representação armazenada na memória);memória);

A visão conexionista de A visão conexionista de cogniçãocognição

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““[...] Os símbolos e seus significados seriam [...] Os símbolos e seus significados seriam relativos a estados globais da mente. A partir relativos a estados globais da mente. A partir disso, segue-se que os significados dos disso, segue-se que os significados dos símbolos seriam estabilizados na medida em símbolos seriam estabilizados na medida em que eles satisfizessem estados atratores de que eles satisfizessem estados atratores de redes neuroniais, mas, visto que as redes redes neuroniais, mas, visto que as redes neuroniais biológicas sofrem mudanças neuroniais biológicas sofrem mudanças contínuas, não haveriam dois usos de um contínuas, não haveriam dois usos de um símbolo que fossem estritamente idênticos símbolo que fossem estritamente idênticos "(Palmer, 1996, p. 31)."(Palmer, 1996, p. 31).

A visão conexionista de A visão conexionista de cognição:cognição:

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- Embora a visão conexionista não apoie a ideia de - Embora a visão conexionista não apoie a ideia de uma mente simbólica regida por regras rígidas, uma mente simbólica regida por regras rígidas, nem as consequências que esta visão tem trazido nem as consequências que esta visão tem trazido para a Ciência Cognitiva, ela ainda não se libertou para a Ciência Cognitiva, ela ainda não se libertou totalmente da ideia cartesiana que promove um totalmente da ideia cartesiana que promove um distanciamento entre o ser cognoscitivo e o mundo.distanciamento entre o ser cognoscitivo e o mundo.

- Não há aprofundamento sobre o papel que as - Não há aprofundamento sobre o papel que as interações dinâmicas , situadas ecológica e interações dinâmicas , situadas ecológica e socioculturalmente , vivenciadas pelo indivíduo, socioculturalmente , vivenciadas pelo indivíduo, exercem na emergência do conhecimento. (o exercem na emergência do conhecimento. (o homem como um ser dual - corpo e cérebro / homem como um ser dual - corpo e cérebro / mente, mas o foco central é o cérebro).mente, mas o foco central é o cérebro).

Insuficiência da visão Insuficiência da visão tradicional:tradicional:

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'' as chamadas funções motoras'' do sistema '' as chamadas funções motoras'' do sistema nervoso não apenas fornecem os meios para nervoso não apenas fornecem os meios para controlar e executar a ação, mas também controlar e executar a ação, mas também para representá-la'' (GALLESE, 2000, p. 23, para representá-la'' (GALLESE, 2000, p. 23, apud GARBARINI;. ADENZATO, 2004).apud GARBARINI;. ADENZATO, 2004).

Há evidência que a visão Há evidência que a visão clássica deveria ser clássica deveria ser abandonada?abandonada?

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-Rizzollati e colegas (1988 a 1996, apud GARBARINI; -Rizzollati e colegas (1988 a 1996, apud GARBARINI; ADENZATO, 2004) - descrevem duas classes de ADENZATO, 2004) - descrevem duas classes de neurônios (neurônios bimodais ou seja, neurônios neurônios (neurônios bimodais ou seja, neurônios canônicos e neurônios-espelho) encontrados no canônicos e neurônios-espelho) encontrados no córtex pré-motor dos macacos e seres humanos cuja córtex pré-motor dos macacos e seres humanos cuja principal característica é que eles podem disparar principal característica é que eles podem disparar durante tarefas que envolvem a execução de ações, durante tarefas que envolvem a execução de ações, bem como a pura observação na qual o participante bem como a pura observação na qual o participante simula mentalmente a ação que alguém está simula mentalmente a ação que alguém está executando como se ele próprio, fosse realizá-la. (por executando como se ele próprio, fosse realizá-la. (por exemplo, experiência da noz).exemplo, experiência da noz).

Há evidência que a visão Há evidência que a visão clássica deveria ser clássica deveria ser abandonada?abandonada?

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-O fato de que não só as ações motoras, mas -O fato de que não só as ações motoras, mas suas representações abstratas e significados suas representações abstratas e significados estão aparentemente ligados às mesmas estão aparentemente ligados às mesmas classes de neurônios apontam para a não classes de neurônios apontam para a não existência, em termos neuroniais, de um existência, em termos neuroniais, de um dualismo entre a percepção, ação e resposta dualismo entre a percepção, ação e resposta cognitiva. (GARBARINI; ADENZATO, 2004)cognitiva. (GARBARINI; ADENZATO, 2004)

Há evidência que a visão Há evidência que a visão clássica deveria ser clássica deveria ser abandonada?abandonada?

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Existe, portanto, a necessidade de se repensar os Existe, portanto, a necessidade de se repensar os conceitos de cognição e, especificamente, o de conceitos de cognição e, especificamente, o de representação mental: em vez de representações representação mental: em vez de representações formais abstratas expressas em termos formais abstratas expressas em termos proposicionais, as representações parecem estar proposicionais, as representações parecem estar intrinsecamente ligadas à ação. Elas não constituem intrinsecamente ligadas à ação. Elas não constituem uma duplicação da realidade, mas podem ser uma duplicação da realidade, mas podem ser concebidas como ativação virtual de procedimentos concebidas como ativação virtual de procedimentos motores e perceptuais.motores e perceptuais.

Há evidência que a visão Há evidência que a visão clássica deveria ser clássica deveria ser abandonada?abandonada?

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As provas recolhidas pela neurofisiologia, As provas recolhidas pela neurofisiologia, parcial e brevemente descritas aqui, parcial e brevemente descritas aqui, juntamente com a incapacidade da IA juntamente com a incapacidade da IA simbólica de duplicar a inteligência e o simbólica de duplicar a inteligência e o comportamento humano, tem servido para comportamento humano, tem servido para questionar a visão tradicional cartesiana de questionar a visão tradicional cartesiana de cognição em favor de um conceito integrado cognição em favor de um conceito integrado que entende a cognição como ocorrendo que entende a cognição como ocorrendo “quando o corpo se engaja com o mundo “quando o corpo se engaja com o mundo físico, cultural e deve ser estudada em físico, cultural e deve ser estudada em termos das interações dinâmicas entre as termos das interações dinâmicas entre as pessoas e o ambiente” (GIBBS, 2006, p 9.)pessoas e o ambiente” (GIBBS, 2006, p 9.)

Corporificação: um novo Corporificação: um novo conceito de cogniçãoconceito de cognição

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- Varela (1998, p 109) compreende esta visão Varela (1998, p 109) compreende esta visão integrada da cognição como "ação efetiva: a história integrada da cognição como "ação efetiva: a história de acoplamentos estruturais que fazem emergir um de acoplamentos estruturais que fazem emergir um mundo“.mundo“.

- Cognição, portanto, deve ser entendida como - Cognição, portanto, deve ser entendida como intrinsecamente ligada à ação corpórea e, portanto, intrinsecamente ligada à ação corpórea e, portanto, resultado dos tipos de experiências permitidas aos resultado dos tipos de experiências permitidas aos organismos dotados de capacidades sensório-organismos dotados de capacidades sensório-motoras e de interações que ocorrem em contextos motoras e de interações que ocorrem em contextos biológicos, psicológicos e socioculturais.(VARELA; biológicos, psicológicos e socioculturais.(VARELA; THOMPSON; Rosch, 2003)THOMPSON; Rosch, 2003)

- -

Corporificação: um novo Corporificação: um novo conceito de cogniçãoconceito de cognição

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Segundo Varela, Thompson e Rosch, a cognição Segundo Varela, Thompson e Rosch, a cognição deve, deve, portanto, ser definida a partir de duas perspectivas inter-relacionados: “ao usarmos o termo corpóreo, pretendemos destacar dois pontos: primeiro, que a cognição depende dos tipos de experiência decorrentes do fato de termos um corpo com várias capacidades sensório-motoras e, segundo, que essas capacidades sensório-motoras estão embutidas em contextos biológicos, psicológicos e culturais mais abrangentes"(VARELA, THOMPSON; Rosch, 1993, p 26).

Corporificação: um novo Corporificação: um novo conceito de cogniçãoconceito de cognição

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As provas recolhidas pela neurofisiologia apontam, igualmente, para uma visão integrada da dicotomia corpo/mente na constituição da linguagem em contextos situados social e culturalmente.

- Elman et al. (1996), observam que, na anatomia e fisiologia do cérebro humano, não há qualquer evidência da presença de estruturas corticais, especializadas unicamente para a linguagem ou até mesmo única aos seres humanos.

Implicações para LinguísticaImplicações para Linguística

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Argumentam, assim, que a linguagem não é um fenômeno genético, mas, sim, epigenético [1].

 [1] Epigênese deve ser entendida como a proposta de que os comportamentos resultam tanto do desenvolvimento genético dinâmico e complexo, assim como de forças ambientais durante o desenvolvimento pré e pós-natal.

Implicações para LinguísticaImplicações para Linguística

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Conclusões preliminares: Conclusões preliminares: implicações para linguísticaimplicações para linguística

O comportamento cognitivo humano, incluindo as línguas naturais resultam de duas perspectivas integradas:

- Os tipos de corpos com os quais entramos no mundo;

- O mundo ecológico e sociocultural no qual estamos imersos.

Qualquer teoria do desenvolvimento da linguagem e da estrutura linguística, deveria levar esses aspectos em consideração.

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Conclusões preliminares: Conclusões preliminares: implicações para a linguísticaimplicações para a linguística

Portanto, uma abordagem mais plausível para o estudo da linguagem é apresentada pela Linguística Cognitiva, uma vez que é identificada como uma teoria linguística interdisciplinar que "ativamente procura as correspondências entre o pensamento conceitual, a experiência corpórea e a estrutura linguística ... no esforço de descobrir o conteúdo real da cognição humana” (Gibbs, 1996, p.49).

- Teorias apresentadas pela Linguística Cognitiva, como a teoria da metáfora primária (Grady, 1997; JOHNSON, 1999; Narayanan, 1997); Teoria dos MCIs (Lakoff, 1987), Teoria do Blending (Fauconnier; TURNER, 2002), parecem cumprir a meta acima citada.

  

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Referências:Referências:

  GIBBS JR., R.W. (1994) The poetics of mind: figurative thought, language, and understanding. Cambridge: Cambridge University Press.

GARBARINI, F. e ADENZATO, M. (2004). At the root of embodied cognition: Cognitive science meets neurophysiology, Brain and cognition. Vol. 56, 100-106.

MACEDO (PELOSI), A. C.; FELTES, H. P. DE M.; FARIAS, E. M. P. Cognição e linguística: explorando territórios, mapeamentos e percursos. Caxias, Porto Alegre: EDIPUCS/PUCRS, 2008. (http://books.google.com.br/books/about/COGNI%C3%87AO_E_ LINGUISTICA.html?id=HQwpJqjoZKcC&redir_esc=y)

PALMER, G. (1996). Toward a theory of cultural linguistics. Austin: U. T. Press.

VARELA, F. J. (1997). Conocer. Barcelona: Gedisa.

VARELA, F. J. & THOMPSON, E. & ROSCH, E. (1993). The embodied mind. Cognitive science and human experience. The MIT Press.