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Curso Técnico de Guia de Turismo
Módulo IV – História do Brasil e América Latina
Prof. Ricardo Mingorance
Alunos: Denis Fernandes e Rosana Amaral
Elaboração de Roteiro Histórico – Cidade de Santos – SP
1. Patrimônio - Museu do Café (antigo prédio da Bolsa de Valores do Café)
1.1.Definição
Antigo prédio da Bolsa de Valores do Café, atual Museu do Café, foi
construído na época áurea da comercialização do café pelo Brasil, sendo
este o maior produtor mundial no final do século XIX e início do XX; e
representa a importância econômica, social e histórica para o período no
país.
1.2.História do Patrimônio
A história do patrimônio se mescla com a história do café no Brasil, de
maneira que a início pelos primórdios, com a chegada do café em meados do
século XVIII através de Francisco Melo Palheta, oficial português, que trouxe
a planta da Guiana Francesa; as mudas se espalharam pelo país, tendo
maior adaptação na região sudeste, mais especificamente entre São Paulo e
Minas Gerais, devido tipo de solo e clima. No início do século XIX com o
crescimento da safra do café, o porto de Santos realiza toda exportação das
sacas do produto no país. O mercado do café se profissionaliza, são criados
armazéns, indústrias de torrefação e embalagem, e escritórios para
comercialização. A cidade se desenvolve rapidamente.
O mercado mundial explode em consumo; sendo este um produto sazonal,
havia necessidade de criar condições para oferecer o produto mesmo fora do
período de safra, gerando estoques e vendas para o futuro. O Poder
Legislativo estuda maneiras de organizar a vendas e cria a Bolsa de Valores
do Café em 14/julho/1914, sendo que todo café comercializado é
regulamentado em classificação de qualidade e preço a partir de 1917. Havia
ainda a necessidade de um local adequado para os tramites, sendo o local
escolhido e dado inicio as obras de fundação em 1920, o prédio foi
construído pela Companhia Construtora de Santos, sob supervisão do
Engenheiro Roberto Simonsen, utilizou-se muitos materiais importados da
Europa. Foi inaugurado em 7/setembro/1922, com a presença do governador
Washington Luís.
A Bolsa viveu muitos anos de influência na atividade comercial e econômica
do município, tendo seu auge entre 1917 e 1929, quando acontece a quebra
da bolsa em Nova York e o mundo entrou em período de depressão. Para a
“República do Café” havia dois principais agravantes, a superprodução e a
queda do valor no mercado internacional. Além disto, nossos estoques
estavam elevadíssimos.
A solução encontrada pelo governo federal foi acabar com o café, através da
queima, para forçar a alta dos preços. Foram queimadas 71 milhões de
sacas, o que daria para atender a demanda mundial por três anos.
A partir da crise, as atividades da Bolsa do Café foram decrescendo. Em
1937 a Bolsa foi fechada por tempo indeterminado, reabrindo em 1942, mas
sem haver a recuperação do café no mercado.
Em 1980 o pregão foi transferido para a Bolsa de Mercadorias e Futuros de
São Paulo.
Em 1996 o Governador Mário Covas instituiu uma Comissão Especial para
estudar a instalação de um museu e se iniciaram obras de restauração,
concluídas em 1998.
Em 1999 o Museu do Café é aberto ao público, com uma cafeteria local,
passa a atender aos munícipes e aos turistas que visitam o local, além de
oferecer uma exposição permanente da história do café no Brasil e na região.
No dia 12 de março de 2009, o edifício da antiga Bolsa foi tombado pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), mas o palácio
já era tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos
(CONDEPASA) e o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT), em esfera estadual
conforme resolução 36 de 22/09/1981.
O prédio de arquitetura eclética, com predomínio dos estilos neoclássico e
barroco, possui quase 6 mil², 3 andares, e mais de 200 janelas e portas.
1.3.Curiosidade do Patrimônio
O prédio fica localizado a rua XV de Novembro, a rua de maior concentração
dos negócios cafeeiros do país, que apresentava presença constante da
aristocracia brasileira e dos Barões do Café no final do século XIX e início do
XX.
O prédio possui uma imponente torre de 40 metros de altura, no topo um
belvedere com quatro gênios que simbolizam a indústria, o comércio, a
lavoura e a navegação. Em cada uma das faces um relógio suíço “Magneta”
que mostrava a hora para toda a cidade.
A torre mais baixa, na entrada, tem a cúpula coberta por folhas de cobre e é
encimada por um mastro no qual se hasteava a bandeira nacional.
O edifício tem três pavimentos, o térreo encontrava-se o saguão, a sala dos
pregões, a secretaria e a sala da presidência; no segundo andar, a galeria
com vista para o salão dos pregões, sala das classificações e outras
dependências; no terceiro andar, um luxuoso restaurante onde se davam as
grandes negociações.
Todo interior do prédio é decorado com mármores italianos variados, bronzes
franceses, vitrais luxuosos e lustres de cristal belga.
Na sala de pregões, o espaldar das cadeiras era feito de madeira de
jacarandá, e há uma parede com três painéis de Benedicto Calixto, o painel
central retratando de forma onírica a fundação da cidade em 1545, e os
laterais retratam o Porto de Santos em 1822 e 1922, em cada quadro
encontramos brasões referentes ao Brasil Colônia, Império e República; além
de retratar a fauna brasileira.
No teto da sala de pregões encontramos um grande vitral, cujo desenho
também é de Benedicto Calixto e representa a visão de Anhanguera, que viu
emergir das águas a mão de ouro distribuindo paletas de ouro à mãe d’água,
como se fossem centelhas de luzes espargindo-se sobre a cabeça da
população e dos lados o Brasil Colônia com a riqueza de sua fauna e animais
selvagens, o Brasil Império com sua incipiente lavoura e os animais
domésticos e o Brasil República, próspero com suas indústrias e seu
comércio organizado.
O edifício custou 6.373:315$390 (6 mil, 373 contos de réis), a título de
comparação em 1927 uma saca de café teria preço médio de 170$401.
Atualmente o Museu do Café conta com uma cafeteria no local, onde se
pode tomar um café preparado tipo expresso ou comprar o café em grãos ou
moído para levar, em ambos os casos há diversos tipos para degustação ou
compra. O café mais caro encontrado no local é o café jacu ao preço de R$
182,00/250 gramos do produto torrado, moído e embalado.
1.4.Fotografias e Gráficos
visão prédio Bolsa Café - 1974 – fotos obtidas site CONDEPHAAT
Fotos de atuais – arquivo pessoal Rosana Bianquini do Amaral
Prédio Museu do Café - agosto/2015
As imagens a seguir referem-se a planta do “Palácio da Bolsa de Café em Santos” e foram obtidas pelo site: http://www.fundasantos.org.br/galeria/main.php?g2_itemId=947
2. Patrimônio – Ferrovia Santos - Jundiaí
2.1.Definição
Foi á primeira ferrovia construída em solo paulista, ligava a cidade de
Santos ao interior paulista, teve papel fundamental no desenvolvimento
econômico do Estado de São Paulo, pois além de transportar café e outras
mercadorias, também transportava passageiros.
2.2.História do Patrimônio
A São Paulo Railway (SPR) foi construída entre 1862 e 1867, ligava a
cidade de Santos a cidade de Jundiaí, foi financiada por investidores
ingleses e brasileiros, tendo como maior deles o Barão de Mauá. O principal
fator que bloqueava do desenvolvimento da cidade de São Paulo era a
dificuldade de acesso ao porto, devido a forte inclinação da Serra do Mar. Os
caminhos que ligavam as cidades eram percorridos por tropas de muares ou
mesmo a pé. Muitos caminhos foram abertos com o intuito de ligar as
cidades e vencer o grande declive, um dos mais famosos é calçada de
Lorena. No ano de 1835 foi dado o primeiro passo para a implantação de
estradas de ferro no Brasil: foi aprovada pela Assembleia Nacional a Lei nº
101, de 31 de outubro. Conhecida como Lei Feijó, autorizava o Governo
Imperial a conceder favores às companhias que se organizassem para a
construção e operação de estradas de ferro da Capital (Rio de Janeiro) até
Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul, numa evidente intenção de
integrar o território nacional, recentemente atingido por revoltas no Rio
Grande do Sul.
A Província de São Paulo, logo no ano seguinte, já era autorizada a
conceder privilégio exclusivo para a exploração de uma ferrovia por 40 anos,
à Aguiar, Viuva, Filhos & Companhia, uma empresa de exportação
localizada em Santos, e à Platt & Reid, empresa inglesa. Caberia aos
empreendedores a construção e operação de uma ferrovia que, partindo de
Santos e passando por São Paulo, atingisse as vilas de São Carlos
(Campinas), Constituição (Piracicaba), Itu ou Porto Feliz (São Paulo
[Província]. Lei número 51, de 18 de março de 1836), num evidente
interesse de atingir o cinturão de cultivo da cana de açúcar no interior
paulista. Mas foi somente após 1852 que o desejo de expansão ferroviária
se tornou possível no Brasil: a aprovação da Lei Cochrane (Brasil. Lei
número 641, de 26 de junho 1852) criou condições efetivas para a
implantação do sistema ferroviário no Brasil, por meio de mecanismo de
concessões de favores às empresas ferroviárias, entre eles: privilégio de
exploração de área de influência por 100 anos, garantia de juros sobre o
capital empregado na construção, isenção de direitos de importação, direito
de desapropriação de terrenos de domínio particular.
No ano seguinte se iniciaram os estudos para a implantação da primeira
ferrovia paulista. Cidadãos muito respeitáveis projectão, e para isto tem já
mandado proceder aos necessários trabalhos preparatórios, huma outra
empresa de hum caminho de ferro da Província de S. Paulo, desde o porto
de Santos até a Villa de Constituição (Relatório apresentado á
Assembleia /.../, 1853: 51). No ano de 1856, o Decreto Imperial número
1.7510 autorizou a incorporação de uma companhia fora do país para a
construção e custeamento de uma estrada de ferro que, “partindo das
vizinhanças da Cidade de Santos, onde for mais conveniente, se aproxime
da de S. Paulo, e se dirija á villa de Jundiahy” (Brasil. Decreto número
1.7510, de 26 de abril de 1856, artigo 1º), podendo se estender até Rio
Claro. Este Decreto estabeleceu as regras básicas para a construção,
operação e futura desapropriação da estrada, tornando-se modelo para as
demais concessões realizadas no país.
2.3.Curiosidade do Patrimônio
O relatório referente aos trabalhos na estrada do mês de maio informa
sobre as condições das estações e demais edifícios da estrada: em Cubatão,
a estação foi originalmente construída em pau-a-pique e encontrava-se em
péssimo estado; na Raiz e no Alto da Serra, recomendava a apresentação de
projetos para a construção de estações nestes dois lugares; em Rio Grande,
exigia a ampliação do armazém de carga, ainda não concluído, “por notar que
vae havendo ali bastante afluência de cargas”; em S. Bernardo, “foi edificado
do mesmo modo e está quase do mesmo mao estado da estação de Cubatão.
Em consequência exigi que fosse também feita de novo com tijolo”, e “para
esta estação, assim como para de Bethlem, exigi igualmente a construção de
armazéns de mercadorias” (EFSJ. Repartição Fiscal nº 117. 1867).
A linha em geral não foi bem construída, havendo deficiência de obras
acessórias. No trecho dos planos inclinados, essa deficiência foi mais que
sensível, o que é atestado pelos numerosos acidentes produzindo estragos
na linha com interrupção de trafego. Os relatórios oficiais dizem que, durante
muitos anos, a companhia não se desvelou em bem servir o publico, apesar
dos grandes saldos que desde começo apurou (Pereira e Silva, 11004, p.
522).
A construção de novas estações e paradas, à exceção das estações do
alto da serra e raiz da serra, que fizeram parte do acordo de 1874 e eram
estratégicas na operação do sistema funicular, só ocorreu a partir da década
de 1880, por solicitação de comunidades agrícolas das vizinhanças da
estrada de ferro, que atingiam uma produção que justificava o recebimento
das mercadorias e a necessidade de uma parada do trem em local não
previsto no projeto original, dentro da perspectiva de aumento de carga para o
transporte ferroviário.
A Estrada de Ferro de São Paulo constituía um funil receptor de toda a
produção do interior paulista e uma porta única de entrada das mercadorias
importadas da Europa, num momento em que a cidade se transformava e
máquinas, materiais de construção e novos hábitos da vida urbana eram
trazidos diretamente da Europa para as casas das famílias mais abastadas. A
ferrovia singela entre Santos e Jundiaí não atendia à demanda crescente de
transporte de mercadoria.
Tornou-se patente a falta de capacidade da linha inglesa – Santos a
Jundiahy, sobretudo no trecho da serra em que se acham estabelecidos os
planos inclinados.
2.4.Fotografias e Gráficos
Mapa da ferrovia Santos-Jundiaí
A estação de Santos em 1957. Foto cedida por Carlos Alberto Rollo
acervo do jornal Cidade de Santos, feita na mesma data, mas não publicada com a matéria
Imagem: pesquisa de Waldir Rueda nos arquivos do jornal, mantidos no acervo da Unisantos
Ministro dos Transportes, Mário Andreazza
2.5. Importância do Patrimônio
A ferrovia Santos – Jundiaí teve pape fundamental no desenvolvimento
econômico do estado de São Paulo, construída com financiamento inglês e tendo
como principal investidor o Barão de Mauá, teve papel determinante no
escoamento da produção de café e outras mercadorias, sendo a primeira ferrovia
construída em solo paulista. Sua construção teve que vencer grandes desafios
de tecnológicos para concluir sua construção. O ciclo do café foi um dos motores
que impulsionaram a economia paulista, onde o transporte para o porto de
Santos, aumentou o volume exportado, garantindo o escoamento da produção.
3. Roteiro Histórico para a Cidade de Santos – duração 4 horas.
10h – chegada prevista na cidade de Santos, com breve passeio no centro
histórico, apresentação da Rua XV de Novembro e parada para desembarque no
Museu do Café. – previsão de término da visita 12h30.
13h – almoço
14h30 – Passeio de bonde pelo centro histórico com desembarque na Estação
de Santos.
16h – Passeio pelo sistema funicular do Monte Serrat
17h30 – Saída de Santos com destino a Jundiaí.
4. Bibliografia (utilizado como base para pesquisa)
Sites: http://www.museudocafe.org.br/; http://www.markcafe.com.br/;
http://www.revistacafeicultura.com.br/;
http://www.fundasantos.org.br/galeria/main.php?g2_itemId=947;
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-
75901980000100005&script=sci_arttext; http://www.turismosantos.com.br ;
http://historiaehistoria.com.br; http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0102n7.htm