xvi simpÓsio de histÓria marÍtima · iniciada pelos reis católicos em 1492. ao navegar pela...
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ACADEMIA DE MARINHA
XVI SIMPÓSIO DE HISTÓRIA MARÍTIMA
– Fernão de Magalhães e o conhecimento dos Oceanos –
19 a 21 de Novembro de 2019
PROGRAMA E RESUMOS
Promenor da nau Vitória no Descriptio Maris Pacifici, publicado em 1589 na obra
Theatrum Orbis Terrarum, de Abraham Ortellius. Na inscrição lê-se: «Eu fui a
primeira a circum-navegar o Globo em velívolas viagens, Ó Magalhães, levo-te por
um novo estreito conduzida, Circum-naveguei, e com razão me chamo VITÓRIA:
eu tenho Velas, asas, valor, glória, combate, mar.» (Tradução do Latim pelo
Professor Arnaldo do Espírito Santo).
FICHA TÉCNICA:
Título: XVI Simpósio de História Marítima – Programa e resumos
Edição: Academia de Marinha, Lisboa
Coordenação: Ana Paula Avelar, Herlander Valente Zambujo e Vitor Luís
Gaspar Rodrigues
Conceção e revisão: Afonso Ferreira Cardoso e José dos Santos Maia
Data: Novembro 2019
ISBN:
COMISSÃO ORGANIZADORA
PRESIDENTE
Francisco Vidal Abreu
SECRETÁRIO
Herlander Valente Zambujo
VOGAIS
Afonso Ferreira Cardoso
Ana Paula Avelar
José dos Santos Maia
Luís Couto Soares
Vítor Gaspar Rodrigues
COMISSÃO CIENTÍFICA
PRESIDÊNCIA
Juan Marchena Fernandez
Vítor Gaspar Rodrigues
SECRETÁRIO
Herlander Valente Zambujo
VOGAIS
Amélia Polónia
Ana María del Carmen Ribeiro Gutiérrez
Ana Paula Avelar
António Costa Canas
Francisco Contente Domingues
João Paulo Oliveira e Costa
Jorge Semedo de Matos
José Manuel Núñez de la Fuente
Juan Manuel Santana Pérez
Judite Medina Nascimento
APRESENTAÇÃO
Foi no ano de 1519 que Fernão de Magalhães deu início à sua viagem em direção às
Molucas, ao serviço da Coroa de Espanha, seguindo a rota para Ocidente em busca de um
outro caminho para as tão desejadas “ilhas do cravo”. Fernão de Magalhães não estava
autorizado a navegar nos espaços do Índico, os quais, pelo Tratado de Tordesilhas, eram da
esfera de influência portuguesa. A nova rota visava prosseguir a expansão anteriormente
iniciada pelos Reis Católicos em 1492. Ao navegar pela zona mais meridional do continente
americano, evitando a barreira terrestre que o mesmo representava no caminho a Oeste,
atravessando em extensão o oceano Pacífico a nova rota ficava inaugurada. Nesta longa e
atribulada viagem exercitou-se a “arte de navegar”, superando as dificuldades náuticas que o
novo espaço oceânico desvendaria. Nele encontraram-se outros povos, narraram-se
percursos, transmitiu-se a novidade... Abriu-se, o que alguns historiadores que se debruçam
sobre a História dos oceanos, nomeadamente do Pacífico, consideram ser uma "civilização
sem centro", um espaço oceânico onde se desenvolveram múltiplos movimentos, desde os
económicos aos sociais e culturais, cujos interstícios importam desvendar.
Em 1522 o regresso a Sevilha da única nau sobrevivente desta expedição, finalmente
comandada por Sebastião de Elcano, reavivou a disputa que vinha sendo travada entre as
coroas ibéricas relativamente à soberania sobre o arquipélago das Molucas. Permaneciam as
questões em torno da delimitação do meridiano completo da linha divisória estabelecida no
tratado de Tordesilhas, cuja demarcação inicial visava o espaço atlântico. Para além dos
problemas técnicos que então se colocavam, como os em torno da medição das longitudes, as
disputas diplomáticas no seio do concerto das nações europeias prosseguiriam.
A questão em torno desta viagem não se confina, porém, a contextos epocais,
distendendo-se num tempo longo, onde os olhares multidisciplinares permitem compreender
o processo de homogeneização do espaço, cuja pedra de fecho foi a viagem magalhânica.
Assim, este XVI Simpósio de História Marítima, onde se evoca a figura de Fernão de
Magalhães, como navegador, e o conhecimento dos oceanos, constitui um momento
particular de reflexão sobre a época e sobre a história sempre apaixonante dos oceanos, que,
a partir de 1519-1522, passaram a ser parte integrante da História Global da Humanidade.
A Academia de Marinha promove, entre 19 e 21 de Novembro de 2019, a realização do
XVI Simpósio de História Marítima, dedicado ao tema “Fernão de Magalhães e o
conhecimento dos oceanos”, e organizado em torno de quatro grandes temas:
1. História dos Oceanos
2. Náutica, cartografia e arte de navegar
3. A viagem: antecedentes e preparativos
4. Decisores e agentes históricos
PROGRAMA
19 DE NOVEMBRO
10:00 Receção aos participantes e entrega de documentação
10:30 Palavras do Presidente da Academia de Marinha, Almirante Francisco Vidal Abreu, e do
Presidente da Estrutura de Missão para as Comemorações do V Centenário da Circum-
Navegação comandada pelo navegador português Fernão de Magalhães (2019-2022), Dr.
José Marques.
10:50 Conferência de Abertura
“A viagem de Fernão de Magalhães e a redondeza da Terra”
Francisco Contente Domingues (FLUL)
11:20 Intervalo
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1.ª SESSÃO
HISTÓRIA DOS OCEANOS
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11:45 1ª Mesa
Presidente: Luiz Roque Martins
“Magallanes en el Río de la Plata”
Ana Ribeiro (UCUDAL)
“Fernão de Magalhães (1480-1521), o primeiro navegador que circumnavegou o
planeta Terra”
Carlota Simões (FCUC-CFisUC)
12:25 Debate
12:45 Almoço
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2.ª SESSÃO
NÁUTICA, CARTOGRAFIA E ARTE DE NAVEGAR
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14:30 2ª Mesa
Presidente: Carlota Simões
“Alguns aspectos náuticos da passagem do estreito, depois chamado Estreito de
Magalhães, segundo os relatos de Antonio Pigafetta e de outros cronistas seus
contemporâneos”
Adelino Rodrigues da Costa (FLUL)
“Os caminhos do mar, das Filipinas ao Arquipélago, no tempo de Magalhães”
Jorge Semedo de Matos (EN-CINAV)
“A longitude das Molucas – Uma longa história”
António Costa Canas (EN-CINAV)
15:30 Debate
16:00 Intervalo
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3.ª SESSÃO
A VIAGEM: ANTECEDENTES E PREPARATIVOS
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16:30 3ª Mesa
Presidente: Jorge Semedo de Matos
“«Ler» o projeto magalhânico à luz das teorias de cooperação: revisões
historiográficas e incidências epistemológicas”
Amélia Polónia (CITCEM-UP)
“Avances del proyecto Travesía Magallánica”
Oscar Rodriguez (PSJ)
“Os pilotos do Estreito. Interesses europeus e navegação no Atlântico Sul
no século XVI”
Amândio Barros (CITCEM-UP)
17:30 Debate
18:00 Final dos trabalhos do 1º dia
20 DE NOVEMBRO
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4.ª SESSÃO
DECISORES E AGENTES HISTÓRICOS
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10:00 4ª Mesa
Presidente: Ana Paula Avelar
“Fernão de Magalhães: o primeiro homem que navegou todos os oceanos”
José Manuel Garcia (GEO-CML)
“Espanha e Portugal: duas conceções geopolíticas da conquista”
Francisco Valiñas (AUHMF)
10:40 Debate
11.00 Intervalo
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5.ª SESSÃO
HISTÓRIA DOS OCEANOS
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11:30 5ª Mesa
Presidente: Juan Marchena
“Costa atlántica patagónica, exploración y desarrollo desde la expedición de
Magallanes en 1520, hasta comienzos del siglo XXI”
Tomás Merino (INB)
“Observações sobre a flora exótica registada no relato de António Pigafetta”
Teresa Nobre de Carvalho (FCSH-UNL)
12:10 Debate
12:30 Almoço
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6.ª SESSÃO
NÁUTICA, CARTOGRAFIA E ARTE DE NAVEGAR
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14:00 6ª Mesa
Presidente: Ana Ribeiro
“Roteiros de Gonzálo Gómes de Espinosa e de J. S. Elcano de Ternate a Timor e
de Timor a Sanlúcar de Barrameda com escala em Cabo Verde”
José Blanco Núñez (IHCN)
“O condicionalismo físico do Pacífico, a viagem de Fernão de Magalhães e o futuro
galeão de Manila”
José Manuel Malhão Pereira (FCUL/AM)
14:40 Debate
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7.ª SESSÃO
A VIAGEM: ANTECEDENTES E PREPARATIVOS
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15:00 7ª Mesa
Presidente: José Manuel Núñez de la Fuente
“Algumas (in)certezas a respeito das informações sobre o sueste asiático nas cartas
perdidas de Francisco Serrão para Fernão de Magalhães”
Manuel Lobato (FLUL)
“O armamento da armada de Fernão de Magalhães na viagem de Circum-
Navegação”
Fernando Gomes Pedrosa (AM)
15:40 Debate
16:00 Intervalo
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8.ª SESSÃO
DECISORES E AGENTES HISTÓRICOS
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16:30 8ª Mesa
Presidente: José Blanco Nuñez
“Primera vuelta al mundo. Narrativas y mensajes en busca de rumbo”
José Manuel Núñez de la Fuente (REM)
“Fernão de Magalhães na historiografia ibérica do século XVI”
Ana Paula Avelar (UAb)
“Castilla y Portugal, más cooperadores que competidores”
José Ramón Vallespín (IHCN)
17:30 Debate
18:00 Final dos trabalhos do 2º dia
21 DE NOVEMBRO
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9.ª SESSÃO
HISTÓRIA DOS OCEANOS
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10:00 9ª Mesa
Presidente: Vítor Rodrigues
“¿Es correcta la asignación del topónimo «Isla Justicia» al sitio que actualmente lo
detenta?”
Pablo Walker (UNPA)
“A viagem de Magalhães no Bahr-I-Mohît, o «Espelho dos Mares», de Sidi-Ali ben
Hussein – um Roteiro do Mar das Índias, de 1554”
João Abel da Fonseca (APH)
10:40 Debate
11.00 Intervalo
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10.ª SESSÃO
NÁUTICA, CARTOGRAFIA E ARTE DE NAVEGAR
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11:30 10ª Mesa
Presidente: Alexandre de Sousa Pinto
“Cartografia europea y mapas manipulados”
Mariano Cuesta Domingo (UCM)
“Os navios do tempo de Fernão de Magalhães”
Filipe Vieira de Castro (TAMU)
12:10 Debate
12:30 Almoço
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11.ª SESSÃO
A VIAGEM: ANTECEDENTES E PREPARATIVOS
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14:00 11ª Mesa
Presidente: Mariano Cuesta Domingo
“Fernão de Magalhães e as ilhas africanas”
Juan Manuel Santana Pérez (ULPGC)
“Inquérito sobre as fontes do projecto de Fernão de Magalhães”
Rui Manuel Loureiro (CHAM-FCSH-UNL)
“A tripulação «italiana» da armada de Fernão de Magalhães (1519-1522)”
Nunziatella Alessandrini (CHAM-FCSH-UNL)
15:00 Debate
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12.ª SESSÃO
DECISORES E AGENTES HISTÓRICOS
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15:30 12ª Mesa
Presidente: Rui Loureiro
“A viagem de Fernão de Magalhães no contexto da rivalidade luso-espanhola”
Alexandre da Costa Luís (UBI)
“O que Magalhães viu - Arte em Lisboa no tempo de D. Manuel I”
Pedro Flor (UAb/IHA-FCSH-UNL)
16:10 Debate
16:30 Intervalo
17:00 SESSÃO DE ENCERRAMENTO
Conferência de Encerramento
“Depois da Grande Jornada. De Fernão de Magalhães a Sarmiento de Gamboa.
As navegações castelhanas pelo Pacífico e a defesa do Estreito Sul. 1522-1586”
Juan Marchena (UPOS)
Palavras do Vice-Presidente da Comissão Científica, Professor Doutor Vítor Gaspar
Rodrigues, e do Presidente da Academia de Marinha, Almirante Francisco Vidal Abreu
17:45 Atuação do Quinteto Clássico da Banda da Armada
18:15 Fecho do Simpósio. Despedida dos Participantes
NOTAS GERAIS
COMUNICAÇÕES
Cada comunicação terá a duração de 20 minutos, com exceção das conferências de abertura e de
encerramento que serão de 30 minutos, e no final de cada mesa haverá um debate com a duração de 10
minutos para cada comunicação.
EXPOSIÇÃO NA GALERIA DA ACADEMIA DE MARINHA
Estará patente na Galeria a exposição das edições publicadas pela Academia de Marinha desde a sua
fundação, onde constam todos os exemplares das Atas de Simpósios anteriores, os quais podem ser
adquiridas no local.
ALMOÇOS
Nos três dias do Simpósio os conferencistas e os participantes inscritos poderão almoçar na Messe da
Marinha, bastando para isso dirigir-se ao Secretariado durante a manhã de cada dia.
ATAS DO SIMPÓSIO
As Atas serão oportunamente editadas pela Academia de Marinha.
Os textos finais das comunicações devem ser enviados à Academia de Marinha, em suporte digital, até
ao final do mês de fevereiro de 2020 e não deverão exceder os 70 mil carateres.
INFORMAÇÕES
Informações disponíveis no portal da Academia de Marinha (academia.marinha.pt), ou através dos
telefones 210 984 707/708/709/710
CONFERENCISTAS
Francisco Contente Domingues
Ana Ribeiro
Carlota Simões
Adelino Rodrigues da Costa
Jorge Semedo de Matos
António Costa Canas
Amélia Polónia
Oscar Rodriguez
Amândio Barros
José Manuel Garcia
Francisco Valiñas
Tomás Merino
Teresa Nobre de Carvalho
José Blanco Núñez
José Manuel Malhão Pereira
Manuel Lobato
Fernando Gomes Pedrosa
José Manuel Núñez de la Fuente
Ana Paula Avelar
José Ramón Vallespín
Pablo Walker
João Abel da Fonseca
Mariano Cuesta Domingo
Filipe Vieira de Castro
Juan Manuel Santana Pérez
Rui Manuel Loureiro
Nunziatella Alessandrini
Alexandre da Costa Luís
Pedro Flor
Juan Marchena
Francisco Contente Domingues
Filiação institucional – Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa.
Áreas de trabalho – História da Expansão
Portuguesa; História Marítima.
Publicações – Dicionário da Expansão
Portuguesa. Lisboa: Círculo de Leitores, 2016,
2 vols. (dir.); Os Navios do Mar Oceano. Lisboa:
CHUL, 2004.
Membro Emérito da Academia de Marinha, da Classe de História Marítima.
“Fernão de Magalhães e a redondeza da Terra”
Da viagem de Magalhães é vulgar dizer-se que foi a primeira a fazer a
circumnavegação do globo, e bem assim que provou a redondez da terra.
Julgamos talvez útil relembrar que estes problemas são, como a historiografia lá
bem no fundo bem sabe, não-problemas.
A tão celebrada circumnavegação foi meramente circunstancial, dado que não só
não estava prevista como estava estritamente proibida nas instruções que Carlos V
deu a Magalhães. Não parece que tenha qualquer utilidade a transformação de uma
situação de decorreu de circunstâncias fortuitas com o resultado do impacto final
da viagem: não foi percepcionado assim na época, o facto não teve nesta relevância
que se note ou qualquer sorte de impacto duradouro. Para a época existia apenas
uma questão central, a que aliás a viagem não deu resposta cabal e universalmente
aceite: onde estavam as Molucas?
O suposto resultado da viagem, a prova da redondeza da terra, não foi facto
significativo: uma elite informada sabia há muito que a Terra era redonda, embora
para a esmagadora maioria dos homens que a habitavam a questão não era sequer
irrelevante; simplesmente não existia.
Para a imagem que à época se fazia do mundo a viagem de Magalhães teve uma
importância enorme e imorredoura. Foi, pela primeira vez, conhecida a enorme
extensão do Pacífico, foi percebido que havia no planeta Terra muito maior
superfície de água que de terra, ao contrário da lição do Génesis e do que muitos
filósofos medievais discutiram durante séculos. A pendência acabou: os astronautas
que foram para o espaço no último meio século viram pela primeira vez o que todos
sabíamos desde o tempo de Magalhães mas não podíamos verificar cá de baixo: o
planeta é azul, não é castanho.
***
Ana Ribeiro
Filiação institucional – Instituto de Historia de la
Universidad Católica del Uruguay.
Áreas de trabalho – Independências da América
Latina; Historia Conceptual.
Publicações – Los muy fieles: leales a la corona
en el proceso revolucionario rioplatense:
Montevideo-Asunción, 1810-1820. Montevideo:
Planeta, 2013, 2 vols.; Historiografía nacional (1880-1940). De la épica al
ensayo sociológico. Montevideo: Ed. de la Plaza, 1994.
“Magallanes en el Río de la Plata”
Magallanes y su expedición pasaron por el Río de la Plata, con temor al río,
generado por el "fantasma" de Juan Díaz de Solís, que había perdido la vida en sus
costas, pero con la ilusión de haber hallado el estrecho que buscaban. Fue el único
punto de la expedición -que avanzó siempre, hasta lograr regresar sin dejar de ir
hacia adelante- en que se dio marcha atrás y se re- direccionó el rumbo. Bautizaron
el cerro que domina la bahía como Monte vidio, nominando indirectamente a
Montevideo, la ciudad que aún no existía. Pero por sobre todas las cosas,
diagnosticaron un paisaje y una naturaleza inmensos, diferentes, desconocidos,
desafiantes, características desde entonces asociadas al territorio rioplatense.
Territorio que sería disputado entre las dos potencias marítimas que dotaban de
motivo y de tripulación a la expedición, España y Portugal: la frontera se constituía
así como parte de la identidad rioplatense.
***
Carlota Simões
Filiação institucional – Departamento de
Matemática da Faculdade de Ciências e
Tecnologia da Universidade de
Coimbra/Centro de Física da Universidade de
Coimbra.
Áreas de trabalho – História das Ciências;
Comunicação de Ciências; Ciência e Artes.
Publicações – História da Ciência na Universidade de Coimbra, 1772-
1933. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013 (ed.);
Portugueses na Austrália, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013.
“Fernão de Magalhães (1480-1521), o primeiro navegador que
circumnavegou o planeta Terra”
Celebra-se em 2019 o quinto centenário da largada da armada de Fernão de
Magalhães que, sublinhe-se, não se destinava a circum-navegar a Terra.
D. Carlos I, Rei de Castela, foi muito claro nas instruções que lhe deu: o hemisfério
português estava interditado a Magalhães pois era fundamental preservar o
ambiente de paz entre Portugal e Castela selado pelo casamento do Rei D. Manuel
I com D. Leonor de Áustria, irmã do rei castelhano. O objectivo da viagem era
atingir as ilhas de Maluco viajando para ocidente e regressando pelo mesmo
hemisfério.
O grande feito de Magalhães foi ter ligado o Atlântico ao Pacífico por uma
passagem até então desconhecida e ter atravessado toda a imensidão do Pacífico,
que já tinha sido avistado por Vasco de Balboa em 1513, mas cuja vastidão era
então desconhecida. Ficaram a faltar os 22 graus de longitude que separam Malaca
(que Magalhães atingiu ao serviço da coroa portuguesa) de Cebu (que ele atingiu
ao serviço da coroa castelhana) para poder dizer-se que Magalhães deu de facto a
volta ao mundo; deixemos esse feito para Sebastião de Elcano e restantes 20 homens
a bordo da nau Victoria.
A utilização do programa Google Earth, com a visualização de zooms que conduzem
da escala planetária à visualização em escala humana dos diversos locais
percorridos por Magalhães e Elcano, vai revelar de modo claro as muitas
dificuldades encontradas durante a viagem, tornando ainda mais heróico o feito
daquela armada.
***
Adelino Rodrigues da Costa
Filiação institucional – Academia de Marinha.
Áreas de trabalho – Goa; Cartografia Náutica.
Publicações – A Marinha de Goa e outros
ensaios náuticos, Lisboa, Edições Culturais da
Marinha, 2009; Early Nautical Cartography of
Goa. In SOUZA, Teotónio R. de et al.
Metahistória: História questionando História.
Lisboa, Nova Vega, 2007; A cartografia náutica de Goa nos séculos XVI a
XVIII. Revista Oriente. Lisboa. Nº 7 (2003).
Membro Emérito da Academia de Marinha, da Classe de História Marítima.
“Alguns aspectos náuticos da passagem do estreito, depois chamado Estreito de
Magalhães, segundo os relatos de Antonio Pigafetta e de outros cronistas seus
contemporâneos” A expedição iniciada por Fernando de Magalhães em 1519 e que foi concluída por
Juan Sebastián de Elcano em 1522, foi uma consequência da partilha do mundo
descoberto e por descobrir consagrada no Tratado de Tordesilhas e resultou das
rivalidades ibéricas daquele tempo. A expedição foi um acontecimento relevante e
tem sido objecto de inúmeros estudos, mas a evocação do seu 5º centenário tem dado
origem a uma abundante produção de evocações, relatos, reportagens e análises
interpretativas nos meios de comunicação social ibéricos e a diversas iniciativas de
índole académica.
No texto que apresentamos não se pretende divulgar qualquer informação ainda
desconhecida nem apresentar quaisquer novas interpretações, mas apenas enfatizar
alguns aspectos náuticos relacionados com a descoberta da passagem do Estreito,
depois chamado Estreito de Magalhães, que faz a ligação entre o oceano Atlântico
e o mar do Sul, que o próprio Magalhães baptizou depois como oceano Pacífico.
A partir de uma breve análise dos resultados das viagens de exploração da margem
ocidental do Atlântico e da interpretação da cartografia já conhecida dos territórios
a que Vespúcio chamou o “Novo Mundo”, foram estudados os documentos coevos
da expedição de Magalhães e avaliadas as dificuldades náuticas que experimentou
na descoberta do estreito a que chamou Estreito de Todos-os-Santos, através de uma
comparação sistemática com a cartografia actual daquela região.
A persistência e a forte convicção pessoal de Magalhães, mas também os
conhecimentos náuticos já acumulados, permitiram vencer aquele grande desafio.
Porém, a expedição de Magalhães iria encontrar muitos outros desafios.
***
Jorge Semedo de Matos
Filiação institucional – Escola Naval/CINAV;
Centro de História da Universidade de Lisboa.
Áreas de trabalho – História Moderna; História dos
Descobrimentos; História Marítima; História da
Náutica.
Publicações – Roteiros e rotas portuguesas do
Oriente, nos séculos XVI e XVII. Lisboa: Centro
Científico e Cultural de Macau, 2018; Portugal, the West seafront of
Europe. In BUCHET, Christian; LE BOUËDEC, Gérard (eds.) - The Sea in
History, The Early Modern World. Suffolk: The Boydell Press, 2017, pp.
429-439.
Membro Emérito da Academia de Marinha, da Classe de História Marítima.
“Os caminhos do mar, das Filipinas ao Arquipélago, no tempo de Magalhães”
No princípio do século XVI, quando os portugueses chegaram a Malaca e quando
Magalhães alcançou a Ilha de Cebu, no arquipélago que hoje tem a designação de
Filipinas, todo o espaço do Oceano Índico Oriental e Pacífico, desde a Coreia e o
Japão, a norte, até ao Arquipélago Indonésio, a sul, eram permanentemente
sulcados por navios regionais transportando mercadorias diversas.
Esse intenso comércio, assentava numa teia densa de rotas marítimas, conhecidas
à séculos, do que beneficiaram portugueses e Castelhanos, quando alcançaram
estes mares. Magalhães, alcançou Cebu, perdendo a vida em Mactam, mas dois dos
navios da sua armada continuaram a sua navegação, procurando pilotos locais e
encontrando os caminhos de Burnei, das Molucas e, de seguida, de Timor. Da
mesma forma, os portugueses navegaram pelos mesmos mares, demandando as
mesmas ilhas em rotas que se cruzaram.
Das rotas marítimas e das suas particularidades, essencialmente entre a região das
Filipinas, Bornéu, Molucas e Timor, darei conta nesta comunicação, salientando os
desenvolvimentos e aproveitamentos que Portugal e Castela vieram a fazer das
mesmas rotas, nas décadas que se seguiram.
***
António Costa Canas
Filiação institucional – Escola Naval/CINAV;
Centro de História da Universidade de Lisboa.
Áreas de trabalho – História da Ciência Náutica;
História da Marinha.
Publicações – Os submarinos em Portugal,
Lisboa, Prefácio, 2009; Naufrágios e Longitude,
Lisboa, Comissão Cultural de Marinha, 2003.
Membro Emérito da Academia de Marinha, da Classe de História Marítima.
“A longitude das Molucas – Uma longa história”
O Tratado de Tordesilhas «dividiu» o mundo em dois hemisférios: Portugal ficava
com direitos para Este da linha divisória e os Reis Católicos para Oeste da mesma
linha. Embora o Tratado apenas mencionasse a linha divisória do Atlântico, os dois
hemisférios tocar-se-iam no «outro lado» do mundo e seria necessário definir aí a
fronteira.
Fernão de Magalhães propôs a Carlos I, de Espanha, demonstrar que as Molucas,
ilhas ricas em especiarias, se encontravam no hemisfério espanhol. Tendo recebido
apoio do monarca, Magalhães iniciou em 1519 a viagem que viria a ficar famosa
pelo facto de ter sido a primeira circum-navegação do globo.
No século XVI não existiam processos para determinar a longitude com rigor.
Magalhães pediu a Rui Faleiro, um cosmógrafo português que fora com ele para
Sevilha, para preparar umas instruções para determinação da longitude. A intenção
era Faleiro integrar a expedição, mas por questões de saúde não embarcou. As
observações de longitude, durante a viagem, foram realizadas por Andrés de San
Martin.
Nesta comunicação serão apresentadas as propostas de Faleiro e os resultados
obtidos por San Martin. A viagem não permitiu esclarecer se as Molucas pertenciam
a Portugal ou a Espanha, pelo que se realizou a chamada Conferência de Badajoz-
Elvas, para procurar esclarecer a questão. Embora a situação das ilhas não tenha
sido completamente esclarecida, Portugal «comprou» o direito à posse das mesmas,
e a cartografia posterior passou a considerar essas ilhas na esfera portuguesa.
Apesar disso, quase um século depois a questão voltou a ser tema de uma acesa
discussão entre dois cosmógrafos, Andrés Garcia de Céspedes, que colocava as
ilhas no hemisfério espanhol e João Baptista Lavanha, que defendia que as mesmas
eram portuguesas.
***
Amélia Polónia
Filiação institucional – Universidade do
Porto/CITCEM.
Áreas de trabalho – Estudo de Redes Sociais e
Económicas; Estudos Portuários; Comunidades
Marítimas; Dinâmicas de Redes Informais e
Auto-Organizadas.
Publicações – Connecting worlds. Production
and circulation of knowledge in the First Global Age. Newcastle:
Cambridge Scholars, 2018 (ed.); Seaports in the First Global Age.
Portuguese agents, networks and interactions, 1500-1800. Porto: UPorto
Edições, 2017.
Membro Efetivo da Academia de Marinha, da Classe de História Marítima.
“«Ler» o projeto magalhânico à luz das teorias de cooperação: revisões
historiográficas e incidências epistemológicas”
O objetivo da comunicação é o de analisar a biografia e a viagem de Fernão de
Magalhães, não em termos de fronteiras e de rivalidades, mas em termos dos
circuitos de transferências trans-imperiais viabilizadas pela circulação de agentes
e de técnicos de navegação, que contribuíram para a construção de um mundo
global a despeito dos jogos de rivalidades políticas que se jogavam entre as duas
potências ibéricas.
***
Oscar Rodriguez
Filiação institucional – Puerto de San Julián,
Argentina.
Áreas de trabalho – Buzo de gran
profundidad; Navegação.
“Avances del proyecto Travesía Magallánica”
En ocasión de la II Reunión de la Red de Universidades Magallánicas (RUMA),
celebrada en la Universidad Pablo de Olavide de Sevilla, en el mes de junio de 2018,
se compartió el proyecto Travesía Magallánica, consistente en acondicionar un
velero de tipo oceánico con una envergadura de 12 mts de eslora por 3 mts de
manga, equiparlo para afrontar la circunnavegación del globo, recreando la
travesía Magallanes-Elcano, definiendo navegar rumbo a Sevilla en noviembre del
2020.
El respaldo recibido, las gestiones incansables, el compromiso de mucha gente que
desinteresada y generosamente colabora, el trabajo denodado permiten mostrar
avances sustantivos. El barco “Don Luis”, comprado y reacondicionado, ya es
realidad, partió desde Buenos Aires e hizo su mágica entrada a la Bahía de San
Julián en abril del corriente año, luego de superar diferentes temporales y
circunstancias marítimas propias de la navegación en los mares del sur.
Actualmente se está trabajando en el entrenamiento y selección de un grupo de
jóvenes, quienes serán parte de la navegación. Respecto al equipamiento de
tecnología y seguridad y el financiamiento para la logística de este importante
desafío, se realizan gestiones ante diferentes referentes políticos partidarios (en
Argentina este año hay elecciones nacionales para todos los niveles de gobierno).
En atención a las proyecciones que se vislumbran se destaca una invitación del club
náutico CEDENA, de puerto Williams, para la regata desafío Cabo de Hornos
2020, en la que participarán barcos mayores a 30 pies. El velero Don Luis estará
presente allí, para continuar en la difusión de su propósito: el de ser un embajador
itinerante de la ciudad de Puerto San Julián, sus valores, su historia y su cultura,
poniendo en valor el patrimonio cultural, el acervo marítimo e histórico,
representando a Puerto San Julián.
***
Amândio Barros
Filiação institucional – Escola Superior de
Educação do Politécnico do Porto; Universidade
do Porto/CITCEM.
Áreas de trabalho – História Marítima; História
Portuária; História Económica e Social.
Publicações – Porto: a construção de um espaço
marítimo nos alvores da Época Moderna. Lisboa:
Academia de Marinha, 2016; Os descobrimentos e as origens da
convergência global. Porto: Associação para a Divulgação da Cultura de
Língua Portuguesa, 2015 (coord. científica); A Morte que Vinha do Mar.
Saúde e sanidade marítima num Porto Atlântico (Séculos XV - XVII).
Lisboa: Fronteira do Caos, 2013.
Membro Efetivo da Academia de Marinha, da Classe de História Marítima.
“Os pilotos do Estreito. Interesses europeus e navegação no Atlântico Sul no
século XVI”
Entre muitas outras coisas que este simpósio discute, a viagem de Fernão de
Magalhães-El Cano, da qual resultou a circum-navegação do mundo, dependeu do
saber náutico dos mareantes que o acompanharam. Esses saberes estavam a ser
desenvolvidos nos portos, desde finais da Idade Média, e a contratação dos
marinheiros que integraram a expedição, em grande medida, teve em conta esse
factor.
Este texto pretende identificar alguns pilotos que ficaram conhecidos pela
'descoberta' ou pela travessia do Estreito chamado de Magalhães, o seu perfil e os
seus desempenhos. Desde Estêvão Gomes a Nuno da Silva, este já algumas décadas
depois da primeira viagem, aquilo que estes homens fizeram a partir dos portos e
das rotas comerciais que frequentavam, tornou-se fundamental para o
conhecimento dos mares. Esse conhecimento foi explorado pelas potências que
faziam depender o seu poder e prosperidade desse mesmo mar.
Sabemos muito pouco sobre estes homens e sobre estes assuntos. Assim, a revelação
de dados inéditos sobre estes homens pode constituir um contributo válido para esta
reunião científica.
***
José Manuel Garcia
Filiação institucional – Gabinete de Estudos
Olisiponenses da Camâra Municipal de Lisboa.
Áreas de trabalho – História da Expansão
Portuguesa.
Publicações – Fernão de Magalhães: Lisboa e o
início da mundialização. Lisboa: Câmara Municipal
de Lisboa, 2018; O livro de Francisco Rodrigues: o
primeiro atlas do mundo moderno. Porto: Editora da Universidade do
Porto, 2008; A viagem de Fernão de Magalhães e os portugueses. Lisboa:
Editorial Presença, 2007.
Membro Emérito da Academia de Marinha, da Classe de História Marítima.
“Fernão de Magalhães: o primeiro homem que navegou todos os oceanos”
O projeto proposto por Magalhães a Carlos I (futuro Carlos V) visava chegar às
ilhas de Maluco por ocidente, que, segundo ele, estariam no hemisfério espanhol
determinado pelo Tratado de Tordesilhas. Tal projeto foi aprovado pelo rei de
Castela que acreditou na convicção de Magalhães de haver no sul da América uma
ligação entre o oceano Atlântico e o “mar do Sul”. Tal passagem foi descoberta no
chamado estreito de Magalhães o que permitiu de seguida ao grande navegador
atravessar com grande ousadia todo o vasto oceano “nunca de antes navegado” a
que chamou Pacífico. Magalhães provou experimentalmente que era possível
percorrer toda a Terra por via marítima, pois ele já atravessara com os portugueses
os oceanos Atlântico e Índico entre 1505 e 1512, tendo entretanto entrado em
contacto com o oceano Pacífico pelo seu lado ocidental. Magalhães percorreu assim
todos os mares que separavam os continentes transformando as naus numas pontes
simbólicas que permitiam aos homens comunicarem com todas as partes da Terra e
perceber que nela a humanidade era una na sua diversidade.
O nosso propósito visa proceder a uma reflexão crítica e abrangente que seja
reveladora da forma como foi possível a um homem com uma tenacidade inabalável
e uma grande sabedoria da Arte de Navegar realizar viagens marítimas que
permitiram alcançar o conhecimento do nosso planeta tal como ele é.
***
Francisco Valiñas
Filiação institucional – Academia Uruguaia de
História Marítima e Fluvial.
Áreas de trabalho – História Marítima; Teoria
da Estratégia; Teoria Política.
Publicações – El Lobo Oriental. Montevideo:
[s.d.], 2019; Imperialismo y navalismo como
orígenes de la Primera Guerra Mundial.
Montevideo: Academia Uruguaya de Historia Marítima y Fluvial, 2014.
“Espanha e Portugal: duas conceções geopolíticas da conquista”
Os processos da conquista espanhola e portuguesa desenvolveram-se distantes e
separados por características geográficas intransponíveis, com exceção da área da
bacia do Rio da Prata. Houve confronto de ambas as forças, criando uma linha de
conflito que não desapareceria até o fim dos impérios que a geraram. A atitude
hispânica era mais contenciosa, enquanto a lusitana de pressão constante. A
princípio, o impulso respondeu a incentivos primários: a ocupação de regiões
favoráveis ao assentamento, captura de índios para usá-los como escravos e o saque
das missões jesuítas. Mais tarde, outras razões irão gradualmente juntar-se ao
desejo português para ocupar o Rio Grande e a Banda Oriental, mas todos são
baseados em duas condições básicas destes territórios: a fecundidade do solo e a
sua posição geoestratégica..
***
Tomás Merino
Filiação institucional – Instituto Nacional Browniano,
Argentina.
Áreas de trabalho – História Militar.
Publicações – Desde el 25 de mayo es Invencible la
causa Americana. Combate Naval de San Nicolás de los
Arroyos, 2 de marzo de 1811. Buenos Aires: Instituto
Nacional Browniano, 2011.
“Costa atlántica patagónica, exploración y desarrollo desde la expedición de
Magallanes en 1520, hasta comienzos del siglo XXI”
Esta propuesta presenta la evolución de la actividad humana en las costas atlánticas
patagónicas. Ubicadas en el Atlántico Sur, integran actualmente la República
Argentina y abarcan desde el Río Colorado (39º40’S) al sur de la provincia de
Buenos Aires hasta el Cabo Vírgenes (52º20’S) en la entrada oriental al “estrecho
de Todos los Santos o de Magallanes”.
La Flota de Magallanes permaneció en esta región desde el 15 de febrero al 1º de
noviembre de 1520. Estos más de ocho meses y medio representaron para
Magallanes y sus hombres un gran desafío: invernaron en un ambiente hostil;
fallecieron varios tripulantes; se incrementaron los problemas de relaciones
humanas, y sufrío la pérdida de la primera de las naves de la flota.
Desde entonces se sucedieron numerosas expediciones y hubo varios intentos para
establecer poblaciones e integrar a la actividad civilizada esta región costera, pero
las duras exigencias para la vida humana hicieron que tuvieran que pasar más de
250 años desde la hazaña de Magallanes para que fuese fundada en 1779 la primera
población que perduraría hasta el presente.
Recién después de mediados del siglo XIX y por interés de las autoridades de Buenos
Aires, avanzó la integración efectiva de esas tierras costeras a continuación de la
“Campaña del Desierto”, y se convirtieron cerca de mediados del siglo XX en las
pronvincias argentinas de Río Negro, Chubut y Santa Cruz.
Desde fines del siglo XIX se fundaron poblaciones, se completó el conocimiento
hidrográfico de la regíon, se establecieron vías de comunicaciones, se desarrolló la
ganadería, la pesca y la explotación petrolera y minera; incrementándose en
general la actividad humana, manteniendo este crecimiento en la actualidad.
***
Teresa Nobre de Carvalho
Filiação institucional – CHAM/UNL-FCSH,
Lisboa.
Áreas de trabalho – História e Filosofia da
Ciência; História da Botânica.
Publicações – Os desafios de Garcia de Orta.
Colóquios dos Simples e Drogas da Índia. Lisboa:
Esfera do Caos, 2015.
Membro Correspondente da Academia de Marinha, da Classe de Artes,
Letras e Ciências.
“Observações sobre a flora exótica registada no relato de António Pigafetta”
No seu relato da viagem de circum-navegação, António Pigafetta registou a
singularidade dos povos e dos espaços que visitou. Para além das descrições das
gentes e das paisagens, o italiano assentou as curiosidades e exotismos do mundo
natural. Observador atento da natureza, aludiu a numerosas espécies vegetais e
animais, algumas novas e outras pouco conhecidas no Ocidente. Na sua relação da
travessia dos oceanos, o viajante para além de árvores, frutas e ervas, descreveu
insectos, aves, peixes e mamíferos.
Nesta intervenção analisarei as referências de António Pigafetta à natureza
avistada no decurso da sua travessia dos oceanos. Darei particular ênfase ao mundo
botânico. As espécies vegetais registadas sugerem que o italiano, para além de um
observador atento, estava bem documentado. Partindo da análise de alguns textos
então em circulação e que Pigafetta poderia ter consultado, procurarei identificar
ecos das novidades coligidas pelo viajante em obras de História Natural
posteriormente publicadas..
***
José Blanco Nuñez
Filiação institucional – Instituto de Historia y
Cultura Naval de la Armada Española.
Áreas de trabalho – Cinrcunavegação Magalhães-
Elcano.
Publicações – MARTÍNEZ RUIZ, Enrique et al. -
Desvelando Horizontes. La circunnavegación de
Magallanes y Elcano. Madrid: Fundación Museo
Naval, 2017-2019, 3 vols.; A Reconquista da Baía - 1625: portugueses e
espanhóis na defesa do Brasil. Lisboa: Tribuna da História, 2006.
Membro Associado da Academia de Marinha, da Classe de História
Marítima.
“Roteiros de Gonzálo Gómes de Espinosa e de J. S. Elcano de Ternate a
Timor e de Timor a Sanlúcar de Barrameda com escala em Cabo Verde” Analizaremos en detalle la derrota que completará la primera circunnavegación del
Globo, con todos sus problemas de ejecución, náuticos, operativos y logísticos, las
decisiones tomadas, las nuevas islas descubiertas, el dificilísimo paso por el cabo
de Buen Esperanza, con el sufrimiento provocado por los famosos remolinos, el
fracaso ante las costas del Senegal y el cambio horario en Cº Verde y la estratagema
utilizada para repostar a la Victoria en la isla de Santiago, así como la enérgica
reacción del Gobernador portugués que le obligó a salir picando los cables y, por
fin, la utilización de la "Volta de Mina" para llegar a San Vicente y enseguida a
Sanlúcar para remontar el Guadalquivir hasta Sevilla, a donde llegaron, en
principio y en ese barco, 18 hombres de los 265 salidos de Sevilla y de los
embarcados en diferentes puertos visitados.
Si navegar la Mar del Sur (el Pacífico) constituyó una hazaña increíble, donde todo
sufrimiento humano tuvo cabida, esta navegación de regreso no estuvo ausente de
parecidos padecimientos, aunque el arroz embarcado en Timor les permitiese llegar
hasta la Isla de Santiago.
En fin resaltaremos la utilización por primera vez en la Historia, que se sepa, de
una derrota que más tarde sería muy utilizada en el tráfico comercial del Indico.
Comentaremos, para finalizar, como la mar siguió llamando a aquellos hombres
pues J.S. Elcano se volverá a embarcar en la expedición Loaysa de 1525 y morirá
en el Pacífico quizás del temido "mal de Luanda" que es como los portugueses
denominaban al terrible escorbuto.
***
José Manuel Malhão Pereira
Filiação institucional – Centro Interuniversitário
de História das Ciências e da Tecnologia, da
FCUL; Academia de Marinha.
Áreas de trabalho – História da Náutica; História
dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa.
Publicações – Roteiros Portugueses, Séculos XV a
XVIII. Sua Génese e Influência no Estudo da Hidrografia, da Meteorologia
e do Magnetismo Terrestre. Lisboa: Faculdade de Ciências, 2017; Estudos
de História da Náutica e das Navegações de Alto-Mar. Lisboa: Edições
Culturais da Marinha, 2013, 2 vols.
Membro Emérito da Academia de Marinha, da Classe de Artes, Letras e
Ciências. “O condicionalismo físico do Pacífico, a viagem de Fernão de Magalhães e o
futuro galeão de Manila”
A viagem de Fernão de Magalhães tinha, como principais objetivos, o
esclarecimento das dúvidas relacionadas com os limites orientais da linha de
Tordesilhas, e a descoberta de uma carreira da Índia por Oeste, complementando
assim o plano de Cristóvão Colombo. A morte de Fernão de Magalhães, originou
até certo ponto um vazio, ou pelo menos, uma acentuada quebra de poder na
Armada, já fatigada com tão longas e penosas tiradas.
Depois de todas as vicissitudes que se seguiram aos contactos com as populaçoes
locais e com as autoridades portuguesas, houve uma tentativa de regresso pelo
Pacífico Norte da nau Trinidad, que não se concretizou, por dificuldades
meteorológicas.
O desconhecimento do condicionalismo físico do Pacífico Norte impossibilitou
assim, o regresso dos navios aos portos da costa occidental da América do Norte já
ocupada pelos Espanhóis.
Estas dificuldades, originaram ainda o regresso a Sevilha, por Oeste, de Sebastian
D’Elcano e da sua reduzida tripulação, obrigando-os a completar uma involuntária
circumnavegação do globo terrestre, navegando ilegalmente em águas portuguesas,
contariando assim as Instruções de Carlos I.
Atendendo ao exposto acima, será apresentado com algum detalhe o condionalismo
físico do Pacífico, de modo a que se interprete com mais rigor todas as dificuldades
de caráter náutico encontrados nesta primeira tentativa de estabelecer, o mais tarde
designado Galeão de Manila.
***
Manuel Lobato
Filiação institucional – Centro de História da
Universidade de Lisboa.
Áreas de trabalho – Império Português na Ásia.
Publicações – Mestiçagens e identidades
intercontinentais nos espaços lusófonos. Braga:
NICPRI, 2013; Fortificações portuguesas e
espanholas na Indonésia Oriental. Lisboa:
Prefácio-ALIAC, 2009.
“Algumas (in)certezas a respeito das informações sobre o sueste asiático nas
cartas perdidas de Francisco Serrão para Fernão de Magalhães”
Apesar de Fernão de Magalhães possuir um conhecimento direto e experiencial do
sueste asiático, decorrente da sua participação na conquista de Malaca, na verdade
as informações políticas e económicas de que dispunha a respeito das fontes das
especiarias indonésias, motivo principal da empresa magalhânica, eram bastante
limitadas. Após o seu regresso a Portugal vindo da sua primeira estadia na Ásia, e
da sua subsequente passagem a Castela, tais conhecimentos foram-se
progressivamente ampliando mediante novos informes enviados pelo seu amigo e
companheiro de armas, Francisco Serrão, nas cartas que este lhe escreveu a partir
dos arquipélagos de Banda e de Maluco. Embora a correspondência trocada entre
estes dois "capitães da Índia" se tenha perdido, facto a que não foi estranha a
apreensão em Ternate dos papéis de Francisco Serrão e sua posterior sonegação
para evitar qualquer aproveitamento pela parte castelhana na disputa jurídica e
diplomática conhecida por Junta de Badajoz-Elvas, não é inteiramente impossível
especular em torno do seu eventual conteúdo. Esse o exercício que se propõe nesta
comunicação.
***
Fernando Gomes Pedrosa
Filiação institucional – Academia de Marinha,
Lisboa.
Áreas de trabalho – História Marítima.
Publicações – O declínio do poder naval
português. A Marinha, o Corso e a Pesca nos
inícios do séc. XVII. Cascais: Câmara Municipal
de Cascais, 2009; Os Homens dos
Descobrimentos e da Expansão Marítima. Pescadores, Marinheiros e
Corsários. Cascais: Câmara Municipal de Cascais, 2000.
Membro Emérito da Academia de Marinha, da Classe de História Marítima.
“O armamento da armada de Fernão de Magalhães na viagem de Circum-
Navegação”
A armada, formada por 5 navios, ia mal artilhada, apenas com peças de ferro
forjado, quando na época os navios de guerra já andavam com peças de bronze,
muito mais evoluídas. Levou 50 berços, 7 falcões, 3 roqueiras, 3 passa-muros, 50
escopetas, 50 quintais de pólvora, para uma viagem prevista de dois anos, e 14
bombardeiros, parece que todos estrangeiros. As viagens de descobrimento
costumavam andar assim, mal artilhadas, como sucedeu na primeira de Vasco da
Gama à Índia (1497-1499) e na primeira de Cristóvão Colombo à América (1492-
1493).
Roqueiras e passa-muros eram as antiquadas bombardas de ferro forjado e
retrocarga, com uma ou mais câmaras, que disparavam balas de pedra (as
roqueiras) ou de ferro (os passa-muros). Em Portugal, constam em vários diplomas
legislativos, desde 1552 até 1621, sobre o modo como os navios mercantes e de
pesca deviam andar armados, e alguns autores, erradamente, consideram tratar-se
armamento dos navios de guerra.
A palavra “passa-muro” foi aplicada também a outra peça muito diferente, de
bronze, monobloco, sem câmara separada, muito pesada e muito comprida,
mencionada pelo espanhol Diego Ufano em 1613, por Marcos Cerveira de Aguilar,
que segue Diego Ufano, c. 1640, e pelo Dicionário da linguagem de marinha antiga
e atual, que cita Marcos Cerveira de Aguilar. Isto tem lançado uma grande confusão
nos autores nacionais. A confusão é extensível à palavra “roqueira”, que mais tarde
passou a designar uma variedade de canhão pedreiro, o bacamarte e uma arma
lançadora de rocas.
***
José Manuel Nuñes de la Fuente
Filiação institucional – Rede Mundial de Cidades
Magalhânicas, Espanha.
Áreas de trabalho – História Moderna;
Antropologia.
Publicações – Diário de Fernão de Magalhães: O
homem que tudo viu e andou. Lisboa: Temas e
Debates, 2019; El testamento de Adan. Sevilla:
Provitel, 2017 (Documentário).
“Primera Vuelta al Mundo. Narrativas y mensajes en busca de rumbo”
El lenguaje, ya sea en su forma coloquial o histórico-científica no suele ser inocente,
de ahí que durante cinco siglos haya existido un intento de apropiacíon simbólica
de los diferentes relatos (histórico, político, científico y cultural) acerca del viaje de
Magallanes, por parte, no sólo de cronistas e historiadores, sino también de países
y gobiernos.
Esta comunicación tratará de desvelar algunas de las claves que han sustentado los
diferentes discursos a lo largo del tiempo mediante el uso de ciertas narrativas de
ocultamiento y/o ensoñación, vertidas por historiografías surgidas desde
planteamientos totalitarios o neoimperialistas, no sólo, pervirtiendo las fuentes
documentales (crónicas, cédulas, relaciones e incluso cartografias), sino también,
convirtiendo a figuras como Magallanes y Elcano en personajes malditos o héroes
vitoriosos, según los casos e intereses. También se intentará poner alguna luz sobre
ciertas dicotomías conceptuales engañosas, tales como, descubridores y
descubiertos, el nosotros y los otros, etc. En suma, una aproximación al análisis de
la etnicidad como banco de pruebas para la inducción de marginalidades culturales
que aún perviven después de 500 años.
***
Ana Paula Avelar
Filiação institucional – Universidade Aberta,
Lisboa.
Áreas de trabalho – História Moderna e da
Expansão; Estudos Coloniais; Estudos de
Cultura.
Publicações – Figurações da Alteridade na
cronística da Expansão. Lisboa: Universidade
Aberta, 2003; Visões do Oriente - formas de sentir do Portugal do século XVI.
Lisboa: Colibri, 2002; Fernão Lopes de Castanheda, cronista do governador Nuno
da Cunha?, Lisboa, Cosmos, 1999.
Membro Efetivo da Academia de Marinha, da Classe de História Marítima.
“Fernão de Magalhães na historiografia ibérica do século XVI”
Ao longo do século XVI as monarquias ibéricas acolhem e protegem discursos
historiográficos que inscrevem os seus discursos imperiais no seio de uma Europa
que redefine as suas fronteiras territoriais e o domínio de novos espaços marítimos.
A expedição de Fernão de Magalhães e a sua narrativa numa historiografia oficial
concorreu para a exposição de um império, entendido como unidade política
extensa, multiétnica ou multinacional, criada através da conquista, que se
organizou tendo um centro dominante e multi-periferias subordinadas. Assim,
expondo exactamente este enquadramento, para além de se analisar os discursos
historigráficos ibéricos e os seus agentes visa-se desocultar como, nos discursos
oficiais reinícolas ibéricos, se inscreveu Fernão de Magalhães na construção
imperial de Carlos I de Espanha e como em Portugal se desenhou a ameaça que
este constituiria ao poder imperial.
***
José Ramón Vallespín
Filiação institucional – Instituto de Historia y
Cultura Naval de la Armada Española.
Áreas de trabalho – Geopolítica; Geoestratégia;
História Marítima.
Publicações – La seguridad en el espacio
geoestratégico de la Península Arábiga. In VEGA
FERNÁNDEZ, Enrique et al. – Yemen. Situación
actual y perspectivas de futuro. Madrid: Instituto Universitario General
Gutiérrez Mellado – UNED, 2010.
“Castilla y Portugal, más cooperadores que competidores”
La celebración del V Centenario de la Primera Vuelta al Mundo es una ocasión muy
apropiada para revisar sucesivamente las relaciones entre Castilla y Portugal en la
época de la gesta, la influencia que tuvieron sobre ella, y las consecuencias que
sobre esas relaciones tuvo la ejecución de la propria expedición.
Por más que la revisión que se pretende hacer es estrictamente historiográfica, la
polémica política surgida en España durante la pasada primavera por la
participación de Portugal en la celebración del V Centenario no hace sino hacerla
más oportuna, y sirve de testigo de proceso secular de distorsión de la historiografía
de esas relaciones entre los dos reinos descubridores, iniciado com la separación
de Portugal de lo que se viene llamando Monarquía Hispánica en 1640, más de una
centuria después de la gesta de Magallanes y Elcano.
Los materiales más importantes de la revisión son el contenido de los sucesivos
tratados entre Castilla y Portugal para repartirse las tierras descubiertas o por
descubrir (principalmente los de Alcáçovas, Tordesillas y Zaragoza), y los registros
de las acciones legales (en particular los apresamientos y detenciones de barcos
personas) en aplicación de esos tratados, y los intercambios de personas notables
en las ciencias y prática náutica de un reino a outro. Por más que, comparado com
el actual, era ciertamente rudimentario, en la revisión se tendrá en cuenta la
aplicación del derecho internacional marítimo vigente en la época. El objetivo es
alcanzar una visión de las relaciones entre ambos reinos libre de las distorsiones
producidas en la historiografía por su devenir político posterior.
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Pablo Walker
Filiação institucional – Universidad Nacional
de la Patagonia Austral, Argentina.
Áreas de trabalho – História Local/Regional;
Escrita e Realização de Documentários
audiovisuais.
Publicações – Malvinas de Vernet al Gaucho
Rivero. Puerto San Julián: Laboratorio de Medios Audiovisuales de la
UASJ, 2015 (Telefilme); 1892-1982; Dos Historias de Malvinas. Puerto
San Julián: Laboratorio de Medios Audiovisuales de la UASJ, 2011
(Telefilme).
“Isla Justicia, la isla equivocada. (Puerto San Julián)”
El puerto de San Julián, en la Patagonia argentina tuvo un protagonismo
extraordinario en la primera circunnavegación del mundo, principalmente como
escenario del novelesco motín y su sangrienta conjuración. La toponimia de la bahía
refleja hoy su riquísima historia.
Luego de la estadía de la Armada magallánica, San Julián se convirtió en puerto de
invernada o en sitio rendezvous de ulteriores expediciones; Drake (1578,
invernada), Narborough (1671, rendezvous e invernada) y Anson (1741,
rendezvous).
El topónimo más relevante es “Isla Justicia”, castellanización de “True Justice
Island”, nombre impuesto en 1578 por Francis Drake (sobrino), evocando el
ajusticiamiento realizado por su tío en esa isla, pero también en memoria de la
ejecución de Quesada y descuartizamiento post mortem de Mendoza ordenados por
Magallanes en 1520. Esta conferencia gira en torno a la tesis que el topónimo “Isla
Justicia” fue asignado erróneamente a una isla distinta a la llamada True Justice
Island, esa anomalía toponímica fue cristalizada por el levantamiento cartográfico
de San Julián, hecho por el buque oceanográfico H.M.S. Beagle, al mando de
Roberto FitzRoy (enero de 1834). El método usado para probar el equívoco
consistió en una revisión de los diarios, testimonios, interrogatorios, crónicas,
mapas y documentos asociados a las cinco expediciones implicadas, pudiendo
determinarse con absoluta certeza cartográfica e histórica la localización de isla
True Justice Island, que hoy lleva el impropio nombre de Islas Cormorán o Banco
Cormorán.
***
João Abel da Fonseca
Filiação institucional –Académico Correspondente
da Academia Portuguesa da História e Sócio
Correspondente da Classe de Letras da Academia
das Ciências de Lisboa.
Áreas de trabalho – História dos Descobrimentos e
da Expansão Portuguesa; História do Brasil.
Publicações – Entradas Mayr, Hans [697-699];
Münzer, Jerónimo [752-754]; Salle, Antoine de la [928-930]; Varthema,
Ludovico de [1024-1026]. In Dicionário da Expansão Portuguesa, Vol. 2,
dir. Francisco Contente Domingues. Lisboa: Círculo de Leitores, 2016.
Membro Emérito da Academia de Marinha, da Classe de História Marítima.
“A viagem de Magalhães no Bahr-I-Mohît, o «Espelho dos Mares», de Sidi-Ali ben Hussein – um Roteiro do Mar das Índias, de 1554”
Sidi-Ali ben Hussein (Galata, 1498 - Constantinopla, 1563), também conhecido por
Sidi-Ali Reis, a partir de finais de 1552, altura em que Solimão I, «o Magnífico», o
nomeou comandante da armada otomana do Oceano Índico, foi, para além de um
importante chefe naval, com relevo na marinha turca da época, um piloto,
navegador e viajante versado em geografia, matemática, astronomia e náutica,
autor de livros de viagens e de roteiros marítimos, bem como de obras de literatura
e de teologia, destacando-se mesmo no campo da poesia, o que lhe valeu a alcunha
de «Katib-al-Rumi». É precisamente no roteiro marítimo conhecido por «Bahr-I-
Mohît», redigido em turco no ano de 1554, de cujo manuscrito chegaram até aos
nossos dias duas cópias, que num dos capítulos, dos dez em que se divide a obra,
que o autor vem a dedicar um artigo intitulado "Notícias sobre a «Terra Nova»
situada ao fundo da Terra", em que refere: "Saiba-se antes de tudo que esta não
pertence às quatro partes da Terra habitada ou aos Sete Climas. Foi há mais de 50
anos descoberta pelo povo de Portugal. [...] Este ponto chama-se Estreito de
«Maghâlânîa», segundo o nome do capitäns (sic) que o descobriu". O artigo em
apreço, se bem que de extensão limitada, encerra considerações que merecem
atenção e estudo, representando uma das mais antigas alusões à viagem de
Magalhães. O texto do «Bahr-I-Mohît», se bem que desconhecido até ao segundo
quartel do século XIX, não logrou grande atenção por parte dos estudiosos na
identificação desta referência, que assim perdurou até 1958, aquando da edição em
português, se bem que, no presente, seja ainda praticamente desconhecida.
Dedicaremos ao assunto um singelo bosquejo.
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Mariano Cuesta Domingo
Filiação institucional – Universidad Complutense de
Madrid.
Áreas de trabalho – História dos Descobrimentos.
Publicações – Pinzón y las raíces hispánicas de
Brasil. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do
Brasil. Rio de Janeiro. Nº 462 (Jan./Mar. 2014), pp.
103-160; Vocación cartográfica de un militar
profesional; Coello de Portugal. Revista de História da Sociedade e da
Cultura. Coimbra. Nº 14 (2014), pp. 297-329; Inéditos de Náutica. Com os
olhos no céu e os pés na Terra. Lisboa: Academia de Marinha, 2010.
“Cartografia europea y mapas manipulados”
La premisa de considerar a los mapas como “ventana de la Historia” abrió una
serie de posibilidades para su estudio, su metodología, intencionalidad, objetivos…
tan variados como la propia factura de las obras. Básicamente se sostiene bajo una
columna salomónica cuyas espirales son empirismo y experimentación; con
frecuencia se simultanean en su realización y defensa, en su uso y exhibición. En los
mapas puede percibirse lo que ofrecen de fidelidad o de manipulación, de
verosimilitud o de certeza, especialmente en las cartas que fueron realizadas en
tiempos de expansión. La época del “descubrimiento del Paso” fue especialmente
significativa tanto en su retórica como en su cartografía.
***
Filipe Vieira de Castro
Filiação institucional – Texas A&M
University, E.U.A.
Áreas de trabalho – Arqueologia Náutica;
Antropologia; História da Construção
Atlântica.
Publicações – The Pepper Wreck. College
Station: Texas A&M University Press, 2005; A
Nau de Portugal. Lisboa: Prefácio, 2003.
Membro Emérito da Academia de Marinha, da Classe de História Marítima.
“Os Navios do Tempo de Fernão de Magalhães”
Apesar da vasta literatura publicada ao longo do último século sobre a viagem de
Fernão de magalhães, pouco se sabe sobre os navios da sua frota e, de forma
generalizada, dos navios da primeira metade do século XVI. Nem a iconografia,
nem a arqueologia e ainda menos os textos técnicos nos ilucidam muito sobre o
desenho, a cosntrução e o desempenho dos vários tipos de navios europeus que
sulcaram os oceanos durante este periodo. A presente comunicação pretende
constituir um sumário dos conhecimentos que possuímos sobre os navios de
magalhães.
***
Juan Manuel Santana Pérez
Filiação institucional – Universidad de Las
Palmas de Gran Canárias.
Áreas de trabalho – Teoria da História; História
Moderna.
Publicações – Paradigmas historiográficos
contemporáneos. Barquisimeto: Fundación
Buría, 2005; La puerta afortunada. Canarias en las
relaciones hispano africanas ss. XVII y XVIII. Madrid: La Catarata, 2002;
“Fernão de Magalhães e as ilhas africanas”
As ilhas tiveram um papel importante nesta primeira circunavegação. Magalhães e
os capitães partiram de Sanlúcar de Barrameda em 20 de setembro para o sul.
Em 26 de setembro chegaram a Tenerife, Pigafetta diz que fizeram uma escala de
três dias em um local que não especifica onde pegaram carne, carbonataram e
fizeram água e depois se mudaram para uma enseada ao lado da Montanha
Vermelha, em Abona, e lá eles passaram mais 2 dias, onde foram alimentados com
peixes que obtiveram da resina dos pinheiros. Aqui eles adicionaram mais 4
tripulantes, incluindo o mestre Pedro Indarchi, que seria o único sobrevivente dos
4.
Nas Ilhas Canárias, ele faz alguns comentários como se não houvesse água, ele fala
sobre a árvore em que a água cai nas nuvens. Ele diz que existem tubarões "que têm
dentes terríveis e, se encontram um homem, o devoram".
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Rui Manuel Loureiro
Filiação institucional – CHAM/UNL-FCSH,
Lisboa.
Áreas de trabalho – História da Expansão
Ibérica.
Publicações – A biblioteca de Fernão de
Magalhães. Lisboa: Biblioteca Nacional, 2019;
Suma Oriental de Tomé Pires. Lisboa: Centro
Científico e Cultural de Macau, 2017.
Membro Efetivo da Academia de Marinha, da Classe de História Marítima.
“Inquérito sobre as fontes do projecto de Fernão de Magalhães”
Passam em 2019 cinco séculos sobre a data da partida de Fernão de Magalhães de
Sevilha, no comando de uma expedição espanhola que pretendia demandar as
fabulosas Ilhas das Especiarias. O trânsfuga português, incompatibilizado com o
monarca lusitano D. Manuel I, que lhe recusara a recompensa solicitada pelos
muitos anos de serviços dedicados à Coroa lusitana, tinha passado a Espanha dois
anos antes, e viera oferecer os seus serviços a Carlos I. Apresentava-lhe a proposta
de alcançar as ilhas orientais da Insulíndia por uma rota ocidental, evitando
navegar nas zonas que o Tratado de Tordesilhas, em 1494, decretara de influência
portuguesa. Tratava-se, nem mais nem menos, de retomar o projeto indiano de
Cristóvão Colombo, mas agora com novas bases, e a partir de um conhecimento
mais desenvolvido da geografia da Ásia mais longínqua. Que tipo de fontes poderá
Fernão de Magalhães ter utilizado para delinear a sua projetada rota ocidental
para o Oriente?
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Nunziatella Alessandrini
Filiação institucional – CHAM/UNL-FCSH,
Lisboa.
Áreas de trabalho – História da Expansão
Portuguesa; Relações luso-italianas.
Publicações – Chiesa di Nostra Signora di Loreto
1518-2018. Una chiesa italiana in terra
portoghese. Lisboa: Fábrica da Igreja Italiana de
Nossa Senhora do Loreto, 2018; Di Buon affetto e commerzio. Relações
luso-italianas na idade moderna. Lisboa: Cham, 2012.
Membro Emérito da Academia de Marinha, da Classe de História Marítima.
“A tripulação «italiana» da armada de Fernão de Magalhães (1519-1522)”
A presença de mareantes e navegadores italianos tornou-se numa constante das
explorações sistemáticas que a coroa portuguesa empreendeu no mar oceano a
partir das primeiras décadas do século XV. Estes estrangeiros desenvolveram um
papel de primeiro plano, quer ao serviço da coroa portuguesa, quer enquanto
agentes de companhias comerciais italianas. Era conhecida a sua técnica na arte
de navegar, o que os levou a participar nas maiores empresas marítimas de
descobertas: no Atlântico, no Índico e, em 1519, no Pacífico. De facto, chefiados
pelo capitão-mor português Fernão de Magalhães mas ao serviço de Carlos I, vinte
e seis “italianos” vieram a fazer parte da tripulação dos cinco navios que,
supostamente, deviam dar a volta ao mundo pelo Oeste: uma armada com uma
história ainda para contar através dos percursos dos que a bordo tornaram possível
uma empresa excepcional.
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Alexandre da Costa Luís
Filiação institucional – Universidade da Beira
Interior, Portugal.
Áreas de trabalho – História da Expansão
Portuguesa; História da Cultura Portuguesa.
Publicações – A Língua Portuguesa no Mundo.
Passado, Presente e Futuro, (org.). Lisboa:
Edições Colibri, 2016; O Portugal Messiânico e Imperial de D. João II na
Oração de Obediência dirigida a Inocêncio VIII em 1485. Covilhã:
LusoSofia:press, 2013.
Membro Correspondente da Academia de Marinha, da Classe de História
Marítima.
“A viagem de Fernão de Magalhães no contexto da rivalidade luso-espanhola”
A partir dos finais do século XV e no decurso de Quinhentos, as relações de
concorrência luso-espanholas ganharam outro fulgor, novos horizontes, inclusive
um alcance planetário, de resto bem ilustrado pela assinatura, em 1494, do Tratado
de Tordesilhas, tudo isto sem negarmos igualmente o surgimento de situações que
propiciaram a colaboração entre estas duas potências.
Com a presente comunicação é, pois, nosso objetivo prioritário situar a viagem de
Fernão de Magalhães no âmbito dessa rivalidade, focalizada, neste caso particular,
em torno da disputa das Ilhas das Especiarias, sublinhando que a empresa
conduzida pelo navegador português, realizada ao serviço de Espanha, não pode,
independentemente dos interesses de ordem pessoal, ser dissociada da trajetória dos
dois impérios ibéricos, dos atritos em eclosão, da lógica de crescimento que
assentava na busca em aceder e dominar espaços que fossem fonte de prestígio, que
fossem atrativos no campo económico, ou então que se destacassem pela sua valia
estratégica e prática na hora de assegurar o necessário funcionamento da entidade
imperial. Refira-se que a própria expedição de Magalhães, ao contribuir, desde
logo, para uma ideia mais exata da superfície oceânica da Terra (mormente do
Pacífico), acabou por influir nas dinâmicas imperiais. É sabido que, por cá, a
intervenção do rei D. João III, cada vez mais calculista, moderna e nacional, levou
os oceanos a alcançarem uma avultada e interessante centralidade no seio da
política imperial portuguesa.
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Pedro Flor
Filiação institucional – Universidade
Aberta/Instituto de História de Arte FCSH-UNL,
Lisboa.
Áreas de trabalho – História da Arte Portuguesa
(época moderna); Estudos Olisiponenses.
Publicações – • "Simón Pereyns pintor da Nova
España em Lisboa (1558)". In LÓPEZ, María del
Pilar e QUILES, Fernando – Visiones renovadas del Barroc
iberoamericano. Sevilla: unbRCC, 2016, pp. 98 - 115; A Arte do Retrato
em Portugal nos séculos XV e XVI. Lisboa: Assírio & Alvim, 2010.
“O que Magalhães viu - Arte em Lisboa no tempo de D. Manuel I”
A cidade que recebe a visita de Fernão Magalhães, vindo do norte, era ainda um
local de feição medieval, onde as muralhas fernandinas marcavam com precisão os
limites da urbe. No entanto, as primeiras reformas urbanísticas levadas a cabo por
D. Manuel I e a construção de alguns dos mais marcantes edifícios do Renascimento
em Lisboa marcavam a paisagem da cidade e todos os que a ela chegavam,
sobretudo por via marítima. A comunicação centrar-se-á nos aspectos culturais e
artísticos de Lisboa no primeiro quartel de Quinhentos e procurará caracterizar a
capital do Império do ponto de vista imagético, numa época em que viu partir
Fernão de Magalhães rumo a Espanha, para depois rumar às Molucas em 1519,
não voltando a ver o circum-navegador.
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Juan Marchena
Filiação institucional – Universidad Pablo de Olavide
Sevilla, Espanha.
Áreas de trabalho – História das Américas.
Publicações – Vientos de Guerra. Apogeo y Crisis de
la Real Armada. 1750-1823. (ed.). Madrid: Ediciones
12 Calles, 2018, 3 Vols.
Membro Associado da Academia de Marinha, da
Classe de História Marítima; Coordenador da Red Mundial de
Universidades Magallánicas para la Investigación, la Ciencia y la Cultura,
RUMA.
“Depois da Grande Jornada. De Fernão de Magalhães a Sarmiento de Gamboa.
As navegações castelhanas pelo Pacífico e a defesa do Estreito Sul. 1522-1586” Concluídas em 1522, a primeira viagem de circunavegação que encerrou a
expedição a especiaria enviada por Carlos V, foi organizada novas empresas com
objetivos econômicos e políticos, no sentido de comercializar especiarias e, ao
mesmo tempo, fortalecer as posições castelhanas nos mares do leste da Ásia,
especialmente nas Molucas e nas Filipinas. Expedições não apenas organizadas
pela Coroa, mas grupos de comerciantes, liderados várias vezes pelo próprio
Cristóbal de Haro, reuniram companhias e formaram empresas para explorar os
resultados da navegação de Magalhães. Da fachada do Pacífico da Nova Espanha,
varias armadas também foram enviadas para o Ocidente, bem como do Istmo do
Panamá. Pode-se dizer que o fracasso acompanhou muitas dessas navegações e
empreendimentos, quando não geraram atritos e confrontos entre as duas coroas,
castelhana e portuguesa, e seus súbditos nessas disputadas regiões. Com o tratado
de Saragoça chegou ao fim desses conflitos. Foi então aberta outra fase nessas
navegações, visando a exploração das Ilhas Filipinas e seu uso como base para o
comércio com o Oriente. Mas ficou claro para os castelhanos que o controle do
recém-descoberto Estreito de Magalhães era agora uma tarefa urgente,
supervisionando a passagem para o, até então, Pacífico Oceano. Houve tentativas
de fundar cidades no sul do Chile a partir dos assentamentos em Valdivia e Chiloe,
sem grandes sucessos, mas a passagem do corsário Francis Drake pelo estreito dos
anos 80, depois devastando as costas sul-americanas, forçou o vice-reinado de Lima
a procurar um solução para o problema, com o envio do um de seus navegadores
mais destacados, Pedro Sarmiento de Gamboa, para relatar as possibilidades de
colonização do Estreito de Magalhães.
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PATROCÍNIO
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