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    R

    Tendo em vista que as greves constitu-

    ram importante via de luta por aquiloque os trabalhadores consideravam seus

    direitos, o objetivo do artigo justa-

    mente analisar as paralisaes realizadas

    pelos cocheiros e carroceiros no Rio de

    Janeiro, entre 1870 e 1906. Nesse pe-

    rodo, os trabalhadores do transporte

    formaram a categoria que mais em-

    preendeu greves na capital do pas, esuas paredes surgem como importantes

    esferas para entendermos que direitos

    estavam sendo pleiteados e as vias utili-

    zadas para alcan-los.

    Palavras-chave: greves; direitos; Rio de

    Janeiro; transporte.

    A

    Considering that the strikes constituted

    important means of struggle for whatworkers considered as their rights, the

    purpose of this paper is to analyze the

    stoppages made by coachmen and cart-

    ers in Rio de Janeiro, between 1870 and

    1906. During this period, transport

    workers formed the category that made

    more strikes in the Brazils capital, and

    its stoppages appear as importantspheres to understand what rights were

    being required, and the ways used to

    achieve them.

    Keywords: strikes; rights; Rio de Janei-

    ro; transport.

    A garantia de direitos por parte do Estado brasileiro foi bem precria,tanto no Imprio quanto na Primeira Repblica. Os direitos polticos, tidoscomo o direito de eleger e ser eleito para cargos polticos, eram restritos a umapequena parcela da populao. Medidas como a excluso dos analfabetos dodireito de votar, instituda em 1881 e mantida na primeira Constituio repu-blicana, diminuram ainda mais a participao popular nas eleies.2

    Revista Brasileira de Histria. So Paulo, v. 34, n 68, p. 237-251 - 2014

    * Ps-doutorando, Programa de Ps-Graduao em Histria, Universidade Federal Fluminense (UFF)[email protected]

    Greve como luta por direitos:

    as paralisaes dos cocheiros e

    carroceiros no Rio de Janeiro (1870-1906)1

    Strikes and struggles for rights: the coachmen

    and carters stoppages in Rio de Janeiro (1870-1906)

    Paulo Cruz Terra*

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    No que diz respeito aos direitos civis, uma mudana substancial foi aabolio da escravido, em 1888. Entretanto, medidas como a excluso do votoaos analfabetos e a perseguio vadiagem, prevista no Cdigo Penal de 1890,estavam associadas principalmente ao controle dos egressos do cativeiro.

    As garantias de direitos sociais por parte do governo eram praticamentenulas, tendo ocorrido um retrocesso na primeira Constituio republicana aose retirar do Estado a obrigao de fornecer educao primria. Contudo, ogoverno federal chegou a aprovar alguns direitos para os trabalhadores, prin-cipalmente a partir do final da dcada de 1910. O contato entre Estado e tra-balhadores ocorria tambm na violenta represso policial aos movimentosdestes e ociosidade, j que o trabalho se tornou, no discurso poltico gover-namental, uma atividade saneadora e mobilizadora necessria manutenoda ordem social (Gomes, 2005, p.300).

    Diante de um cenrio de tanta precariedade e restries aos direitos, etendo em vista que muitos estavam praticamente excludos da poltica oficial no eram nem eleitores nem eleitos , quais as formas utilizadas pela popu-lao para se fazer ouvir? No que diz respeito aos trabalhadores, especifica-mente, as greves constituram importante via de luta pelo que eles considera-vam seus direitos.3O objetivo do presente artigo justamente analisar asparalisaes realizadas pelos cocheiros no Rio de Janeiro, entre 1870 e 1906.Nesse perodo, os trabalhadores do transporte formaram a categoria que maisempreendeu greves na capital do pas, e suas paredes surgem como importan-tes esferas para entendermos que direitos estavam sendo pleiteados e as viasutilizadas para alcan-los.

    Entre 1873, data da primeira greve dos cocheiros e carroceiros, e 1906,4os trabalhadores do transporte realizaram 22 paralisaes. Em relao ao n-mero de greves, em segundo lugar vieram os teceles com 16, seguidos pelossapateiros, com 11. Embora tenham empreendido o maior nmero de paredesno Rio de Janeiro, as suas mobilizaes foram apenas citadas pelos estudos quetrataram das greves nessa cidade.5

    As paralisaes dos cocheiros e carroceiros estavam relacionadas a im-portantes transformaes no setor de transporte, ocorridas a partir da segundametade do sculo XIX. Esse foi um perodo em que as mais variadas mercado-rias desde o caf, principal produto de exportao do Brasil, at o lixo dasresidncias deixaram de ser transportadas pelos carregadores negros, em suamaioria escravos, e passaram a ficar a cargo das carroas. Foi ainda nesse pe-rodo que surgiram os primeiros bondes, que logo se tornaram o principalmeio de locomoo da populao do Rio de Janeiro.

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    No que diz respeito s motivaes das greves, um importante elementoque levou cocheiros e carroceiros a paralisarem o trabalho foram as constantesleis e regulamentos a que eram submetidos. De um total de 22 paralisaes dacategoria, cinco (22,7%) tiveram como principal motivo as leis, em mbitofederal e municipal, e regulamentos policiais. Das trs principais paredes (em1890, 1900 e 1906), por congregarem o maior nmero de trabalhadores, duas(66,66%) estavam atreladas s leis e regulamentos.

    Se o Estado, antes da legislao trabalhista, no regulava o trabalho dentrodo espao privado das fbricas, o mesmo no se pode dizer daqueles que exer-ciam seus ofcios na esfera pblica. Pelas condies inerentes profisso, co-cheiros e carroceiros viviam longe dos olhos de um patro, at porque muitasvezes trabalhavam por conta prpria (Azevedo, 2009, p.79). Alm do esquemade fiscalizao das prprias empresas do transporte, que foi se aperfeioandoao longo do tempo, os trabalhadores do setor foram objeto e estiveram emcontato com um amplo universo de leis e regulamentos, que procuravamcontrol-los.

    Em dezembro de 1872, a Cmara Municipal do Rio de Janeiro assinou umcontrato com a empresa Nunes de Souza & Cia. para que esta fizesse a remoode lixo das residncias, substituindo assim cerca de 120 carroceiros que traba-lhavam por conta prpria nesse servio. No decorrer de 1873, houve umaenorme polmica sobre esse contrato, tendo como principal opositor LuizFortunato Filho, advogado dos carroceiros que realizavam o servio anterior-mente. Ele alegou, em diversas cartas publicadas nos peridicos e em requeri-mentos enviados s autoridades competentes, que tal empresa representaria omonoplio do servio, contrariando assim a liberdade de indstria e a liber-dade de os prprios moradores escolherem pessoas de sua confiana para rea-lizar a tarefa.6

    A Cmara Municipal, como forma de instituir o monoplio, deixou deconceder as licenas para que os carroceiros de lixo exercessem seu ofcio eapreendeu os veculos daqueles que continuaram a trabalhar. Diante do lixoque se acumulava nas ruas em parte porque a empresa no deu conta dademanda; em parte porque alguns moradores se recusaram a contratar o seuservio , a Cmara decidiu conceder as licenas novamente aos carroceiros.Estes, por sua vez, se recusaram a voltar ao trabalho alegando que a licena eracondicional e poderia ser removida a qualquer momento. Estava declaradauma greve objetivando que a instituio camarria lhes garantisse o direito detrabalhar.7O Ministrio dos Negcios do Imprio expediu uma portaria indi-cando que, enquanto a empresa no tivesse o material necessrio para a

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    execuo do contrato, a licena para os carroceiros deveria ser mantida inde-pendente da designao das casas a que cada carroa pode servir.8Os carro-ceiros decidiram, ento, voltar a trabalhar.

    A empresa acabou no cumprindo o contrato e os carroceiros continua-ram a exercer o seu ofcio. Em 1875, a Cmara aprovou uma srie de regraspara as carroas que removiam lixo, das ruas e das casas da cidade. Essa insti-tuio tentava cercear e controlar ainda mais aqueles trabalhadores que haviamlhe afrontado. Estavam previstos os locais em que os condutores dos veculospoderiam descarregar o lixo, o modelo da carroa e tambm que o servio deremoo deveria ser feito somente at s 9 horas da manh, nos meses deOutubro a Maro, e at s 10, nos de Abril a Setembro. A punio para a in-

    frao de qualquer uma das disposies seria a multa de 30$ e a priso de oitodias, dobradas em caso de reincidncia (Cdigo de Posturas..., 1894,p.231-232).

    Em fevereiro de 1876, a Cmara expediu uma portaria exigindo a rigorosaexecuo da postura que estipulava o horrio mximo da retirada do lixo. Asconsequncias da referida postura, como as multas, foram consideradas injus-tas pelos trabalhadores, que tiveram ainda as carroas levadas para o depsito,fato apontado como sem lei que o autorizasse. Esses elementos, aliados limi-

    tao do servio at as horas da manh, levaram os carroceiros a realizaremnova parede. O que estava em jogo, nas palavras do advogado Luiz FortunatoFilho, era o direito ao trabalho.

    Os carroceiros que atuavam no recolhimento do lixo eram, em sua maio-ria, trabalhadores autnomos, e essa caracterstica foi muito frisada na impren-sa a favor deles. Na Gazeta de Notcias, do dia 15 de fevereiro de 1876, foiexposto:

    Tem a Cmara algum contrato com os carroceiros que removem o lixo das casasparticulares? Concede-lhes alguma garantia? No, obriga deles que paguem uma

    licena ... com impostos, multas, prises, depsitos. Como pretende agora impor

    leis a homens livres, que ho de trabalhar se quiserem? Como impor um dever

    queles [a] que no concedem direitos?9

    Nessa argumentao est a ideia de que os carroceiros s possuam deve-res, como licenas e impostos, e em contrapartida a Cmara no lhes assegu-rava nenhum direito. Seguindo esse raciocnio, a Gazetaafirmou que a Cmarano previu a hiptese de que os carroceiros no se sujeitariam s imposies

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    dessa instituio, porque ela no tinha o direito de faz-las, e teriam dito ostrabalhadores:

    o servio feito desse modo no nos pode deixar vantagem, e ns no estamos

    encarregados de velar pela higiene da cidade; trabalhamos para ganhar o po que

    comemos; se quiserem que continuemos a trabalhar como trabalhamos, continu-

    aremos; seno, no.10

    A greve ganhou bastante repercusso nos peridicos porque o lixo quedeixou de ser recolhido das casas foi associado ao aumento do nmero, j as-sustador, de mortes por febre amarela. O ostensivo apoio da imprensa, o lixoacumulado pelas ruas e o aumento dos casos de febre amarela fizeram que os

    carroceiros sassem mais uma vez vitoriosos. Segundo a Revista Illustrada, em19 de fevereiro de 1876, afinal a Cmara Municipal, a polcia e o Ministriodo Imprio tiveram de dar mos palmatria da nobre classe carroceiral, e apostura acabou sendo revogada.11Ironicamente, logo aps o fim da greve, aCmara, que saiu derrotada, voltou a discutir a possibilidade de uma empresamonopolizar o servio de retirada do lixo das casas particulares. Naquele mo-mento era mais importante do que nunca que o servio no continuasse nasmos daqueles carroceiros que tinham sido sucessivamente vitoriosos, e que

    conseguiram frear as tentativas da Cmara de controlar e at mesmo suprimiro seu trabalho.

    A primeira greve organizada pelos trabalhadores do transporte urbanono perodo republicano estava relacionada ao Cdigo Penal, promulgado em11 de outubro de 1890. O fato de este Cdigo ter entrado em vigncia antesmesmo da primeira Consituio Federal Republicana, que vigorou a partir de24 de fevereiro de 1891, bastante significativo e aponta uma preocupao dosdirigentes republicanos com a ordem e o controle sobre a populao.

    Grande parte dos jornais cariocas afirmou que os cocheiros e carroceirosno reclamavam aspectos presentes no Cdigo. As alegaes desses trabalha-dores foram consideradas peloJornal do Commercio, por exemplo, como fan-tasiosas, e deveriam, portanto, ter sido malevolamente inventadas por espe-culadores miserveis, que vivem da simplicidade dos trabalhadores e teriacausado sria impresso no esprito dcil dos pobres cocheiros.12Essa ima-gem de que os trabalhadores seriam apenas uma pea usada por uma tramabem maior apareceu em outras folhas dirias.

    A voz dissonante nesse contexto foi a edio do dia 2 de dezembro de 1890da Gazeta da Tarde. Esse peridicoindicou que uma comisso de carroceiros

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    se dirigiu ao escritrio do jornal e mostrou que no estava armada de to poucarazo, como geralmente se supe, pois se no existe a tal postura de que tantose falou ontem, existem na reforma judiciria do Sr. Campos Salles as seguintesdraconianas disposies, contra as quais se rebelaram os carroceiros.13A co-misso teria citado dois artigos do Cdigo referentes punio dosacidentes.

    A passagem da Gazeta da Tarde, citada anteriormente, permite visualizaros carroceiros no apenas como manipulveis e ludibriados por foras que osusavam para alcanar motivos maiores. Pelo contrrio, a comisso que foi aojornal indica que eles eram sujeitos ativos e conscientes de suas demandas, eque sabiam, sim, contra o que lutavam, e por que o faziam. Ao apontaremexatamente os artigos a que iam contra, os trabalhadores desmentiam a afir-mao publicada no jornal Dirio de Notciasde que no era o Cdigo Penalo que os cabeas da greve argumentavam, principalmente porque o cdigoainda pouco conhecido, mesmo por parte da gente letrada do pas.14

    Embora vrios textos nos jornais tentassem apontar que o artigo do novoCdigo Penal no dizia respeito unicamente aos cocheiros e carroceiros, estesconsideraram que lhes atingia. Os acidentes envolvendo veculos eram cons-tantes e representavam um dos maiores pontos de conflito entre os trabalha-dores e os usurios, sendo os primeiros acusados e altamente detratados pelaimprensa. Em 1890, particularmente, havia ocorrido um atropelamento deuma criana, que causou grande comoo e protesto da populao.15Era, por-tanto, uma preocupao real para os que conduziam os carros qualquer lei queincidisse sobre esse aspecto.

    Outro argumento utilizado para desqualificar a greve era de que o artigono representava uma novidade em relao legislao do perodo imperial.A proclamao da Repblica teve impacto no movimento operrio carioca erepresentou o despertar de anseios e expectativas de participao poltica. Pormais que no fosse novo, naquele momento especfico o Cdigo Penal signi-ficou uma oportunidade de os cocheiros e carroceiros manifestaram-se nanova ordem, por meio da greve. importante frisar que essa foi a primeiraparalisao que reuniu praticamente toda a categoria, incluindo os cocheirose carroceiros que trabalhavam nas empresas e tambm por conta prpria.

    Alm de afirmarem que os trabalhadores estavam sendo manipulados nareferida greve, alguns rgos da imprensa questionaram ainda a motivao daparede em si. Segundo o Dirio de Notcias: Em toda a parte do mundo hpenas no cdigo criminal para os delitos de toda a natureza e nunca houvegreves contra a lei que mantida pelos governos.16Ao opinar sobre a mesma

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    paralisao, oJornal do Commercioexps que: Uma parede de operrios tempor fim conseguir a reparao de um agravo ou um aumento de salrio. Nesteconluio, porm, os carroceiros e cocheiros no tinham fito algum determina-do.17As citaes parecem exprimir a ideia de que, de forma geral, a oposioa um regulamento ou lei no eram razes habituais e justas para uma parede.Considerava-se, assim, que as paralisaes fossem feitas com o intuito de obterum aumento salarial ou receber pagamentos atrasados.

    Alguns jornais, porm, podiam apresentar uma imagem diversa. Esse foio caso da Gazeta da Tarde, que reproduziu um trecho de uma notcia do pe-ridico Nova Ptriasem nenhum comentrio, o que mostra que endossava asafirmaes feitas por esse jornal sobre as causas da parede dos cocheiros:

    Desde que a fora do direito foi substituda pelo direito da fora; desde que a cada

    momento se cala aos ps a lei e as normas comezinhas da administrao; desde

    que o povo se acha representado por um congresso de designados, sem autorida-

    de para fazer justia ou exigir reparao; desde que o povo se convenceu de que

    as leis que lhe so impostas no emanam da vontade popular, mas de uma cama-

    rilha que se conserva no poder pelo nico prestgio da fora, e de que esses decre-

    tos vm em socorro de interesses nem sempre confessveis desapareceu este

    freio que, de par com a religio, peia as comoes populares e que se chama o

    respeito consciente lei.18

    Essa passagem uma interpretao interessante sobre as greves relacio-nadas s leis. Aponta as diferentes razes que levaram os trabalhadores a dei-xarem de ver as leis e as normas com respeito servil, como a de que elas ema-navam da vontade de um grupo restrito e de que serviam a interesses nemsempre confessveis. Ao desmitificarem as leis e normas, os trabalhadorespodiam e deviam v-las como arenas em que deveriam lutar.

    A parede iniciada em 15 de janeiro de 1900, por sua vez, teve como es-topim o regulamento da Polcia sobre o setor de transporte de veculos e seustrabalhadores, expedido em dezembro de 1899. A prpria data em que estou-rou a greve estava relacionada com esse regulamento, j que o dia 15 era oltimo prazo para que os trabalhadores cumprissem as determinaes.

    O jornal Gazeta de Notciasapontou que a parede foi consequncia dafalta de esclarecimentos prvios, por parte da Polcia, de detalhes do novo re-gulamento. Segundo o peridico, no era possvel compreender por que aquelainstituio no se pronunciava a respeito do boato que corria de que os cochei-ros seriam fotografados por essa instituio.19

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    Apesar de o governo ter tratado a obrigao da fotografia como boato, oJornal do Brasilexps que para os trabalhadores essa era uma exigncia real.Embora no estivesse presente no regulamento, os cocheiros alegaram quealgumas empresas, como a So Christovo, afixaram boletins impondo a foto-grafia para identidade do trabalhador, e que a inspetoria de veculo tambm aexigia.20

    A obrigatoriedade da fotografia foi uma questo de fato no perodo dagreve, o que levou, por exemplo, o Chefe de Polcia a lanar, logo no primeirodia da greve, um boletim deixando claro que o novo regulamento de inspeode veculos no determina que os cocheiros sejam fotografados.21Um estdiofotogrfico da cidade aproveitou a situao e propagou que a soluo do go-verno ante a greve, na parte que obrigava os cocheiros a tirarem retratos naPolcia, era dar-lhes plena a liberdade de escolha de seus fotgrafos.22

    Mas por que deixar-se fotografar na Polcia era considerado pelos traba-lhadores como algo ruim? Todos os jornais indicaram que esse era um proce-dimento dispensado, at ento, aos gatunos. OJornal do Brasilexps que umfuncionrio do servio de antropometria da Polcia escreveu que a foto serviajustamente para identificao, para que o sujeito no aparecesse com qualquernome que lhe ocorresse.23Dessa forma, ao serem obrigados a tirar retratos, oscocheiros se viam comparados aos larpios.

    A demanda dos cocheiros pelo fim da exigncia da fotografia estava liga-da, portanto, ao aspecto simblico que essa representava. Se para as autorida-des ela era apenas uma proposta infundada j que a fotografia no constavano texto do regulamento , os trabalhadores alegaram que ela era sim exigidapelas companhias, e at mesmo pela inspetoria de veculos.

    Aps o trmino da paralisao, no dia 17 de janeiro, a Sociedade UnioBeneficente e Protetora dos Cocheiros entregou ao Ministro da Justia umdocumento contendo demandas da categoria. O prprio texto da petio apre-sentou que essa defesa de interesses ia alm dos limitados fins definidos emseus estatutos. Essa associao foi criada em 17 de abril de 1881, e constavano seu estatuto a funo de socorrer os associados e suas famlias.24

    A petio entregue pelos trabalhadores comentava diversos aspectos doregulamento policial, como o artigo 36, que determinava a remisso do veculopara o Depsito Pblico. Alegou-se no ser justo os cocheiros e carroceirosserem duplamente punidos, pois alm de terem suas carteiras apreendidas, aremoo do veculo acarretaria despesas para a sua retirada. No que diz res-peito obrigao de os trabalhadores darem aviso prvio de oito dias quandopretendessem retirar-se do servio, o requerimento alegou que essa era uma

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    determinao que j existia, e que o novo regulamento institua a mesma me-dida em relao aos patres. A deliberao, entretanto, no poderia permane-cer, pois os trabalhadores estavam habituados ao imprio da liberdade e aprova era que, embora em vigor, nunca foi executada.25

    A petio trazia ainda a denncia de extorses por parte da Inspetoria deVeculos na cobrana dos emolumentos previstos. Segundo o documento, erafeita uma cobrana de 20$ a mais do que aquilo a que eram obrigados, j queo artigo 13 previa o pagamento de 5$ de matrcula para os condutores de carrosde quatro rodas e 3$ para qualquer outro. Contra essa exigncia ilegal, algunsinteressados reclamaram o cumprimento da lei junto ao 1 Delegado Auxiliar.Este, por sua vez, teria reduzido a taxa a 12$500, o que ainda excedia aoestabelecido.

    Aps a denncia, feita pelo documento da associao dos cocheiros, decobranas indevidas por parte da inspetoria de veculos, os peridicos noticia-ram amplamente o escndalo. No dia 19 de janeiro, o Jornal do Commerciopublicou na ntegra o requerimento dos cocheiros. Na edio do dia 23 dejaneiro, a Gazeta de Notcias, sob o ttulo sindicato das carteiras, apontouque alguns dos funcionrios da inspetoria perseguiam aqueles que esto sobsua alada, extorquindo-lhes dinheiro e cometendo toda a sorte de desatinos,tais como venda de exames de habilitao, cobrana de corretagens sobre asnovas carteiras, etc..26

    As denncias tiveram efeito, pois no prprio dia 19 de janeiro, o Chefe dePolcia enviou um ofcio ao 1 Delegado Auxiliar determinando que respon-desse com toda brevidade possvel, as referncias que lhe so feitas na repre-sentao pblica hoje peloJornal do Commercio.27Um inqurito foi abertopara apurar as reclamaes. Ao que tudo indica, esse escndalo, assim comoas crticas que sofreu pela postura da Polcia de no ter evitado a greve, fez queJoo Brasil Silvado, chefe da instituio, pedisse sua demisso no dia 25 dejaneiro.

    Alm de terem sido ouvidos sobre os abusos que vinham sendo cometidospela inspetoria de veculos, os cocheiros e carroceiros tiveram outra vitria.No dia 20 de janeiro, o ministro da Justia, Epitcio Pessoa, fez um despachoem que acatava todos os pedidos de mudana indicados na representao en-viada pela Sociedade Unio Beneficente e Protetora dos Cocheiros.

    No incio de janeiro de 1904, estourou uma greve de cocheiros e carrocei-ros e o jornal O Paizinformou que os fundamentos da paralisao eram des-conhecidos. Havia, segundo o peridico, verses desencontradas, alguns atri-buindo a fixao de um limite de peso mximo para as cargas das carroas, e

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    outros, ao aumento do imposto sobre veculos, s mais tarde se soube que elaera originada pelo imposto votado pela municipalidade de 3$ por cabea decada animal.28Esse imposto foi promulgado pela Cmara Municipal em 1902,

    mas a cobrana s foi levada a cabo na administrao do prefeito PereiraPassos.O prefeito foi pessoalmente informar ao presidente da Repblica que a

    greve havia sido motivada pelo imposto de 3$ por animal, mas que ele deveriaser pago pelos proprietrios das carroas, e no pelos carroceiros, cuja petioatendera. O peridico O Paiz indicou que os donos das carroas exigiam deseus empregados o desconto de 5$ a 10$ nos honorrios mensais e como ospobres dos cocheiros no se podem conformar com to grande desconto em

    seus ordenados, os patres aconselham a greve como meio de fazer a prefeiturarecuar do seu propsito.29Os patres, portanto, foram tidos como os reaispromotores da parede, tendo em vista que, ao taxarem indevidamente os em-pregados, teriam induzido o levante com o propsito de que o imposto dei-xasse de ser cobrado.

    Os cocheiros e carroceiros reclamavam contra um imposto que no erade sua obrigao pagar, mas que de fato recaa sobre seus ombros, descontadode seus honorrios. Ao que tudo indica, os patres utilizaram os empregados

    para conseguir extinguir o imposto. Contudo, o tiro saiu pela culatra, poisao final da paralisao a taxa no foi revogada e os patres tiveram de garantirque os trabalhadores no seriam onerados. Manipulados ou no, os cocheirose carroceiros conseguiram atingir os seus objetivos com a greve, evitando opagamento de taxas que no lhes eram devidas.

    H evidncias de que, no caso de algumas paralisaes, mesmo quando oprincipal motivo das mobilizaes eram as questes salariais ou a diminuioda jornada de trabalho, os trabalhadores acreditavam estar lutando por direi-

    tos. A paralisao de dezembro de 1906, por exemplo, foi organizada pelaSociedade de Resistncia dos Cocheiros, Carroceiros e Classes Anexas, umaassociao criada no mesmo ano e que tinha como fim assegurar os direitosdos associados e obter melhores condies de trabalho por meios legais. Aorganizao propunha uma tabela de reivindicaes aos proprietrios de ve-culos, como aumento da remunerao e reduo das horas de trabalho.

    Evaristo de Moraes era o advogado da Associao no perodo e tambmassumiu nesse conflito o papel de liderana na greve. Diante da polcia, o ad-vogado se responsabilizou pela atitude dos grevistas. Ao reforar a naturezalegtima do movimento, ele garantiu que, contrariamente s denncias que

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    corriam, os grevistas eram homens morigerados e trabalhadores, que procu-ravam pugnar pelos seus direitos.30

    necessrio levar em conta que Moraes tentava ir ao encontro das expec-tativas da fora policial ao colocar os grevistas como trabalhadores, que nopretendiam perturbar a ordem e sim lutar por direitos. Esses eram tambm osanseios do prprio tribuno, que tinha uma viso legalista. Como exps JoseliMendona, ele fez questo de frisar que a referida parede ocorreria pacifica-mente e dentro das leis da Repblica (Mendona, 2007, p.108). Apesar dessasconsideraes, e tendo em vista que o legalismo dos advogados encontrouressonncia entre os cocheiros e carroceiros, tambm podemos pensar quequando lutavam por melhores salrios e por menos horas de trabalho, os pr-prios trabalhadores acreditavam estar pugnando por direitos.

    Em artigo intitulado O dever supremo, publicado na edio de 1 deabril de 1904 do jornal Brazil Operrio, foram analisadas as causas dos insu-cessos das greves ultimamente realizadas pelos operrios desta Capital, entreas quais possivelmente se incluam algumas paralisaes organizadas peloscocheiros e carroceiros naquele ano. Segundo o peridico, as sociedades bene-ficentes deveriam contribuir com contingente para a formao de um centrode resistncia, nico meio de se poder conseguir alguma coisa a bem da gran-de e sagrada causa. Esse centro deveria ser responsvel por realizar uma grevegeral para salvaguardar e garantir os direitos que porventura nos pretendes-sem sonegar.31

    Seguindo esse raciocnio, o jornal considerou que representava insensateze irreflexo pretender conquistar direitos e nivelar interesses sem a formaode um Centro, s por meio de greves parciais, realizadas sem os recursos in-dispensveis para a sua sustentao at a produo dos esperados efeitos. 32Sendo assim, por mais que se faa a crtica, a passagem permite verificar queos prprios trabalhadores entendiam que as paralisaes tinham o intuito deconquistar direitos. A avaliao do Brazil Operrioreferia-se ao modo peloqual as paredes deveriam ser conduzidas. Ao considerarmos essas greves comolutas unicamente econmicas, perdemos outras dimenses que poderiam terpara os sujeitos da poca.

    As diversas paralisaes mencionadas ao longo do presente artigo permi-tem verificar alguns dos direitos requeridos pelos trabalhadores. possvelidentificar que os cocheiros e carroceiros se viam como portadores de direitosquando, por exemplo, reclamavam a cobrana indevida de impostos, como namobilizao de janeiro de 1904, clamavam o direito de trabalhar diante dasposturas municipais que objetivavam regular o servio, caso da parede de

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    fevereiro de 1876, ou ainda quando requisitavam melhores salrios e jornadasde trabalho, o que ocorreu na mobilizao de dezembro de 1906.

    A parede, contudo, foi apenas uma das formas de expresso e estratgias

    de luta daquilo que os trabalhadores entendiam como seus direitos, os quais

    incluam ainda os requerimentos enviados s autoridades competentes, por

    exemplo. Mas greves e requerimentos utilizavam linguagens bem diferentes.

    Nos requerimentos que incluam no s os trabalhadores, mas a populao

    em geral, que tambm estava submetida legislao sobre o transporte a

    maneira encontrada para se fazerem ouvir foi, em sua maioria, a reelaborao

    do prprio discurso da instncia a que se dirigiam. Dessa forma, como meio de

    conseguirem o que pleiteavam era importante, primeiramente, reconhecer a

    autoridade daqueles a quem enviavam seus pedidos.33Alm disso, era necess-

    rio se mostrarem merecedores de receber o que pediam, e, portanto, deveriam

    corresponder s expectativas que as classes dominantes tinham sobre eles, de-

    clarando-se, por exemplo, respeitadores da ordem ou pagadores de impostos.34

    Alm disso, o fato de afirmar ser cumpridora das obrigaes imputadas fazia

    que a populao se julgasse mais merecedora ainda de obter o que pedia.

    A manifestao do que os trabalhadores acreditavam serem seus direitos,no caso dos requerimentos, expressava-se muitas vezes em tom de pedido; nasgreves, no entanto, ganhava uma forma bem mais impositiva. As paralisaeseram uma via de presso mais direta e representavam uma demonstrao defora no espao pblico por parte dos trabalhadores. Nas greves dos cocheirose carroceiros relacionadas a leis e regulamentos, em alguns casos os trabalha-dores tentaram negociar com os rgos competentes, porm, somente a para-lisao de servios essenciais para a cidade como a recolha de lixo ou otransporte de mercadorias e pessoas levou as autoridades a dialogarem comeles e atenderem suas demandas em quatro das cinco greves relativas legis-lao e aos regulamentos.

    Mesmo diante de um cenrio de tanta precariedade e restries aos di-

    reitos da populao, como comentado no incio do artigo, os cocheiros e

    carroceiros encontraram maneiras de lutar pelo que consideravam serem

    seus direitos e tentaram alarg-los. As greves indicam justamente que os

    trabalhadores envolvidos no foram meros expectadores e atuaram ativa-

    mente em relao a algumas decises polticas que incidiam sobre seu ofcio.

    Como firmou Marcelo Badar Mattos, para alm de seu potencial nas rei-

    vindicaes diretas aos patres, as greves foram a principal forma de inter-

    veno da classe trabalhadora na cena poltica brasileira, ao longo do sculo

    XX (Mattos, 2007, p.422).

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    REFERNCIAS

    ARANTES, Erika Bastos. O Porto Negro: cultura e associativismo dos trabalhadoresporturios no Rio de Janeiro na virada do XIX para o XX. Tese (Doutorado)

    ICHF, UFF. Niteri, 2010.AZEVEDO, Elciene. A metrpole s avessas: cocheiros e carroceiros no processo de

    inveno da raa paulista. In: _______. et al. (Org.) Trabalhadores na cidade: coti-diano e cultura no Rio de Janeiro e em So Paulo, sculos XIX e XX. Campinas, SP:Ed. Unicamp, 2009.

    CARVALHO, Jos Murilo de Carvalho. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio deJaneiro: Civilizao Brasileira, 2000.

    CDIGO DE POSTURAS, leis, editais e resolues da Intendncia Municipal do Dis-

    trito Federal. Rio de Janeiro: Papelaria e Typographia Mont. Alverne, 1894.FORTES, Alexandre. Os direitos, a lei e a ordem. Greves e mobilizaes gerais na Porto

    Alegre da Primeira Repblica. In: LARA, Silvia H.; MENDONA, Joseli MariaNunes (Org.) Direitos e justias no Brasil: ensaios de Histria Social. Campinas, SP:Ed. Unicamp, 2006.

    GOMES, ngela de Castro.A inveno do trabalhismo. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2005.LINHARES, Hermnio. Contribuio histria das lutas operrias. So Paulo: Alfa-

    -mega, 1977.

    LOBO, Eullia L. M.; STOTZ, Eduardo Navarro. Flutuaes cclicas da economia, con-dies de vida e movimento operrio 1880 a 1930. Revista do Rio de Janeiro, n.1,1985.

    MATTOS, Marcelo Badar (Org.) Trabalhadores em greve, polcia em guarda: grevese represso policial na formao da classe trabalhadora carioca. Rio de Janeiro: BomTexto; Faperj, 2004.

    MATTOS, Marcelo Badar. As greves na trajetria da classe trabalhadora brasileira.In: JORNADA DO GT MUNDOS DO TRABALHO, 4. Anais...Porto Alegre:Anpuh/RS, 2007.

    MENDONA, Joseli Maria Nunes. Evaristo de Moraes, tribuno da Repblica. Campi-nas, SP: Ed. Unicamp, 2007.

    RODRIGUES, Edgar. Trabalho e conflito: pesquisa histrica 1900-1935. Rio de Ja-neiro: Arte Moderna, 1975.

    NOTAS

    1

    Este texto apresenta alguns aspectos desenvolvidos na tese de Doutorado defendida, em2012, na Universidade Federal Fluminense (UFF), que contou com o financiamento doCNPq.

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    2O impacto das alteraes institudas em 1881 pode ser medido pelas estatsticas eleitorais:em 1872, os eleitores correspondiam a 13% da populao livre; em 1886, apenas 0,8% dapopulao votou nas eleies parlamentares, significando um corte de aproximadamente90% do eleitorado (CARVALHO, 2000, p.39).

    3Alguns autores j exploraram a ideia de que a greve foi uma importante via de luta pordireitos. Esse foi o caso de Alexandre Fortes, que analisou as greves gerais realizadas emPorto Alegre na Primeira Repblica (FORTES, 2006).

    41906 foi escolhido como recorte por ter sido o ano em que ocorreu a primeira greve orga-nizada pela Sociedade de Resistncia dos Cocheiros, Carroceiros e Classes Anexas, comotambm pela relevncia no movimento operrio, especialmente da cidade do Rio de Janei-ro. Ocorreram diversos eventos como o relanamento da Gazeta Operria importanteporta-voz do movimento sindical, ligado aos cocheiros e carroceiros e a fundao doPartido Operrio Brasileiro o primeiro formado com base nos sindicatos , alm da rea-lizao do Congresso Operrio (MENDONA, 2007,p.106).

    5Entre os textos que trataram das greves ocorridas no Rio de Janeiro, entre o final do scu-lo XIX e incio do XX, possvel citar: RODRIGUES, 1975; LINHARES, 1977; LOBO;STOTZ, 1985; MATTOS, 2004.

    6Ver, por exemplo:Jornal do Commercio, 22 fez. 1873, p.2.

    7Jornal do Commercio, 27 nov. 1873, p.4.

    8Jornal do Commercio, 29 nov. 1873, p.4. A grafia desta e de todas as citaes da presente

    tese foi atualizada, embora se mantenha a pontuao e as palavras escritas com letra mais-cula no original.

    9Gazeta de notcias, 15 fev. 1876, p.3.

    10Ibidem.

    11Revista Illustrada, 19 fev. 1876.

    12Jornal do Commercio, 2 dez. 1890, p.1.

    13Gazeta da Tarde,2 dez. 1890, p.2.

    14

    Dirio de Notcias, 3 dez. 1890, p.1.15O Dirio de Notcias comentou um fato que havia sido estampado na primeira pginados principais jornais cariocas em julho de 1890: a morte de uma criana, vitimada publi-camente Rua Gonalves Dias, por uma dessas terrveis mquinas de destruio que sechamam bondes. Dirio de Notcias, 14 jul. 1890, p.1.

    16Dirio de Notcias, 2 dez. 1890, p.1.

    17Jornal do Commercio, 4 dez. 1890, p.1.

    18Matria reproduzida na Gazeta da Tarde, 10 dez. 1890, p.1.

    19Gazeta de Notcias, 16 jan. 1900, p.1.20Jornal do Brasil, 16 jan. 1900, p.1

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    21Gazeta de Notcias, 16 jan. 1900, p.1. O ministro da Justia, Epitcio Pessoa, consideroua greve injusta, entre outros motivos, porque o regulamento no mencionava a fotografia.

    Jornal do Brasil, 16 jan. 1900, p.1.

    22Gazeta de Notcias, 16 jan. 1900, p.3.

    23Jornal do Brasil, 16 jan. 1900, p.1. Erika Arantes apontou como o trabalhador do portoAntonio Mina se apresentava de diferentes formas nos depoimentos policiais, mostrandoque essa podia sim ser uma estratgia da classe trabalhadora diante da constante investidapolicial (ARANTES, 2010).

    24Estatuto da Sociedade Unio Beneficente e Protetora dos Cocheiros. Dirio Oficial,nov. 1906.

    25Jornal do Commercio, 19 jan. 1900, p.1.

    26Gazeta de Notcias, 23 jan. 1900, p.1.

    27Arquivo Nacional (AN), GIFI-6C46. 19 jan. 1900 Gabinete do Chefe de Polcia.

    28O Paiz, 10 jan. 1904, p.1.

    29Ibidem.

    30Correio da Manh, 19 dez. 1906.

    31Brazil Operrio, 1 abr. 1904, p.1.

    32Ibidem.

    33

    Em 22 de julho de 1855, moradores e negociantes estabelecidos na Rua da Valla envia-ram um abaixo-assinado instituio camarria contra a proibio da circulao de vecu-los na rua. Eles afirmavam que vinham com todo o respeito confiados na sabedoria, justi-a e solicitude com que esta Ilustrssima Cmara, se h esforado em prol dosmelhoramentos e bem estar dos seus municpes. AGCRJ, Cdice 57.4.15, folha 239.

    34Na petio entregue pela Sociedade Unio Beneficente e Protetora dos Cocheiros aoministro da Justia aps a greve de 1900, essa associao afirmou que tinha em seu seio umgrande nmero de cocheiros e carroceiros e sabia bem os intuitos ordeiros de que sempreesteve animada a classe.Jornal do Commercio, 19 jan. 1900, p.1.

    Artigo recebido em 15 de agosto de 2012. Aprovado em 22 de outubro de 2014.