1º encontro modernidade, racionalização desencantamento e reencantamento do mundo
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Universidade Paulista Programa de Ps-Graduao em Comunicao
Grupo de Pesquisa Mdia e Estudos do Imaginrio
Seminrio de Estudos Avanados
Tecnologia como Religio: Imaginrio Tecnolgico e
Reencantamento do Mundo
Professor Dr. Jorge Miklos Endereo para acessar CV: http://lattes.cnpq.br/5573271976478452
Objetivos
O seminrio pretende promover um espao crtico de reflexo acerca dos elementos que influem na criao de um imaginrio religioso tecnolgico crescente na contemporaneidade.
Tecnorreligiosidade
No imaginrio social midiatizado, a tcnica sacralizada, ou seja, percebida como um ente autnomo.
Com uma fora sobrenatural capaz de interferir no destino humano.
Hiptese
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Tecnologia
Fetiche
Hipostasiamento
poiesis
Sacralizao
Cronograma
Primeiro Encontro (5/5) A Revanche do Sagrado: desencantamento e reencantamento do mundo
Segundo Encontro (12/5)
O Capitalismo como Religio
Terceiro Encontro (19/5) Hipostasia e Fetichizao da tecnologia
Quarto Encontro (26/ 5) Remitifizao e a Sacralizao da Tecnologia
Quinto Encontro (02/06) Uma Religio chamada Apple
A Revanche do Sagrado
desencantamento e reencantamento do mundo
1 Encontro
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Max Weber
Modernidade = Ocidente Contnuo Processo de Racionalizao
Valorizao da Cincia e da Tcnica em detrimento do pensamento mgico.
Otimismo radical no potencial emancipador da razo, da tcnica e do progresso Desencantamento do Mundo.
um processo crescente de intelectualizao com elaborao de
princpios, regras, critrios que pretendem ter validade universal e
coerncia, interna, num projeto
prximo ao do matemtico. A leitura
matemtica da natureza e a cincia
moderna (que se submete a imperativos de coerncia lgica e ao
teste emprico) so especificidades da
cultura ocidental.
A crescente intelectualizao e racionalizao indicam que no h foras
misteriosas incalculveis, mas que
podemos, em princpio, dominar todas as coisas pelo clculo. Isto significa que o
mundo foi desencantado. J no
precisamos recorrer aos meios mgicos
para dominar ou implorar aos espritos. (...)
Os meios tcnicos e os clculos realizam o servio. Isto, acima de tudo, o que
significa a intelectualizao.
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Desmagicizao e perda do sentido;
O mundo despojado de seus
aspectos msticos, sagrados e profticos;
O real torna-se mecnico, repetitivo,
causal;
O mundo assim desencantado deixa
um imenso vazio na alma.
essa racionalizao poderia transformar a sociedade moderna em
priso, uma jaula de ferro.
Aufklrung. Emancipao da humanidade, isto , a libertao das tutelas prprias da infncia.
Libertao da tutela do Mito e o uso extensivo e ilimitado da razo.
Vid
a fic
tc
ia
Pobreza essencial
Infncia do pensamento
Fo
me
nta
do
r do
erro
Falsific
a
o
Iluso
Degradao do Saber Frias da Razo
Pecado contra do esprito lgico
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Os Profetas da Morte de Deus e da Religio
Quando percorremos nossas bibliotecas,
convencidos destes princpios, que destruio temos
de fazer? Se tomarmos em nossas mos qualquer
volume, seja de teologia, seja de metafsica
escolstica, por exemplo, pergun-temo-nos: ser
que ele contm qualquer raciocnio abstrato relativo
quantidade e ao nmero? No. Ser que ele
contm raciocnios experimentais que digam
respeito a matrias de fato e existncia? No
Ento, lanai-o s chamas, pois ele no pode conter coisa alguma a no ser sofismas e iluses. (David Hume).
"O homem s ser livre quando o
ltimo rei for enforcado nas tripas do
ltimo padre Voltaire
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"O sofrimento religioso , ao mesmo
tempo, expresso de um sofrimento
real e protesto contra um sofrimento
real. As Flores Sobre As Correntes. Suspiro da criatura oprimida, corao
de um mundo sem corao, esprito
de uma situao sem esprito: a
religio o pio do povo." (K. Marx)
A religio um sonho de mente humana.... A conscincia de Deus autoconscincia, conhecimento de Deus
autoconhecimento. A religio o solene desvelar dos tesouros ocultos do
homem, a revelao dos seus
pensa-mentos ntimos, a confisso aberta
dos seus segredos de amor.(...) "O segredo da religio o atesmo".
Assim, a religio seria a neurose obsessiva universal
da humanidade. (...) tal como a neurose obsessiva
das crianas, ela surgiu do complexo de dipo, do
relacionamento com o pai. (...) Se, por um lado, a religio traz consigo restries obsessivas,
exatamente como, num indivduo, faz a neurose
obsessiva, por outro, ela abrange um sistema de
iluses plenas (...)Um homem que est livre da
religio tem uma oportunidade melhor de viver uma vida mais normal e completa. Sigmund Freud
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Sculo XX
Teoria Crtica
Convivncia de uma Racionalidade sistmica
com uma irracionalidade destrutiva
A terra totalmente esclarecida resplandece sob o signo
de uma calamidade
triunfal.
Racionalidade e Irracionalidade Antinomias Complementares
Racionalidade Irracionalidade
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A "revanche do sagrado
sobre a cultura profana
Leszek Kolakowski
Secularizao X Religio
Na contramo do discurso que atestava o enfraquecimento e at
mesmo o fim da religio, a religio
ganha fora nas dinmicas
socioculturais.
No houve excluso, houve interao.
Qual a relao disso
tudo com a
Comunicao e com
a Mdia?
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Jess Martin-Barbero
Os meios de comunicao o operam, pois
no so mero fenmeno comercial, mas
um fenmeno antropolgico e cultural, por meio dos quais cada vez mais pessoas
vivem ... a constituio do sentido de sua vida. (....) ... os meios de comunicao tambm so reencantadores do mundo,
que pelos meios de comunicao passam
uma forma de devolver magia experincia cotidiana das pessoas...
Jess Martin-Barbero
Nestes meios h sinais de rito, de
celebrao comunitria, como
novos meios de juntar as pessoas.
A TV e o rdio (como o
demonstra a igreja eletrnica)
tornam-se uma mediao
fundamental da experincia
religiosa, devolvendo magia s
religies que se haviam
intelectualizado (desencantado),
devolvendo magia s
experincias cotidianas (como shows de rock e os Jogos
Olmpicos). Mas como se d esse
efeito reencantador? Pela
supresso do tempo e da
distncia, que consiste na
eliminao da distncia entre
sagrado e profano.
Jess Martin-Barbero
A forma como a magia tecnolgica reencanta o lavar, o
esfregar, o limpar, o passar, tudo
isso s nos mostra a zona mais
opaca, mais humilhante, da vida
cotidiana. E digo ateno porque esse reencantamento cada vez
mais o efeito da magia
tecnolgica da capacidade do dispositivo tecnolgico de
transfigurar, de poetizar, de tornar
transcendente o que aparentemente incuo, tolo,
repetitivo. Pensem na capacidade
da publicidade para fazer mgica
uma garrafa de Coca Cola e fazer
brotar da garrafa energia, beleza,
sabedoria, etc. [...]
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Diante da promessa moderna, ilustrada de desaparecimento da religio, o que encontraramos que a religio se modernizou. A religio apropriou-se da modernidade. Foi capaz de fagocitar a modernidade e de alguma maneira transform-la em alimento e em elemento de seu prprio projeto. Ao que assistiramos ento no um enfrentamento entre religiosidade e modernidade, mas para uma definio moderna das religies, e esse moderno estaria profundamente ligado aos meios de comunicao, s novas tecnologias comunicativas.
A secularizao corroeu o poder da autoridade religiosa e, ao mesmo tempo, abriu
espaos para a elaborao de novas formas religiosas baseadas na experincia pessoal.
Um recuo na participao religiosa no representa um recuo das crenas.
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A religio pode ser encontrada em
espaos e formas que no possuem
uma aparncia religiosa
Michel Maffesoli
um paganismo remanescente, baseado na
fruio de prazeres, no frescor do instante, na
intensidade do transitrio. Esse um
paganismo que se insurge como uma
impiedade contempornea contra a essncia
cristalizada do cristianismo:
O aspecto juvenil de sua efervescncia, o
"frescor" de suas revoltas, a procura exacerbada
do gozo, multiforme, no
presente, tudo isso o conduz a ver o "mundo" antigo como sua ptria de origem. [...] Trata-se do
regresso ao antigo, ao arcaico....
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-NEOPAGANISMO -
As novas formas de agregao, as tribos, compartilham de
sentimentos religiosos. O que lhes funda o lao a religiosidade.
Precisamente em tanto traduz uma espcie de legislao espiritual, uma lei interna de todo pertencimento...a religiosidade,
os sincretismos religiosos ou filosficos....
nas sociedades ps-modernas, essa fora de unio, esse man quotidiano, vivido aqui e agora, e encontra sua expresso em uma transcendncia imanente de colorao
fortemente hedonista. Assim, o que prevalece no mais o indivduo, isolado na fortaleza da sua razo, mas o conjunto tribal, que se comunica ao redor de um conjunto de imagens que
consome com voracidade.
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Os novos meios de
comunicao criam uma
sociabilidade densa,
elaborando um
...ambiente que pode qualificar-se de
espiritual... pela unio que transcende
o tempo e o espao. a Internet como ... uma
boa ilustrao de
um verdadeiro
reencantamento do
mundo. Uma forma contempornea de fundar
o lao entre as pessoas e
que possui um significado
propriamente espiritual.
A questo saber quais so as foras que se opem ao desencantamento;
ou descobrir o que, no desencantamento, abre uma
possibilidade de reencantamento num mundo racionalizado
Fundamentalismos
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Perda da Autoridade Religiosa
Pluralismo Religioso
Mercantilizao do Sagrado
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Mercantilizao do Sagrado
Espetacularizao
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A Promoo do Capital Humano
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Eisenhower entrou numa sala repleta de computadores e props s mquinas a
seguinte questo: Existe um Deus? Todas comeam a funcionar, luzes se acendem,
carretis giram e aps algum tempo um voz
diz: Agora existe. (CAMPBELL, 1990, p. 32)
Referncias
ADORNO,Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialtica do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.
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Rio de Janeiro: Imago, 2007.
HUME, David. Investigao acerca do entendimento humano. So Paulo: Nacional, 1972.
KOLAKOWSKI, Leskek. A revanche do sagrado na cultura profana in Religio e Sociedade 1 (maio 1977) p. 153 -162.
MAFFESOLI, Michel. El reencantamiento del mundo: una tica para nuestro tiempo. Buenos Aires: Dedalus, 2009.
MARX, Karl. Sobre Ia Religion. Salamanca: Ediciones Sgueme, 1975. MIKLOS, Jorge. Ciber-religio: A Construo De Vnculos Religiosos Na Cibercultura. So
Paulo: Idias e Letras, 2012. v. 1.
PIERUCCI, Flvio. Desencantamento do mundo. Todos os passos do conceito de Max Weber. So Paulo: Ed. 34, 2003.
WEBER, Max. A tica Protestante e o Esprito do Capitalismo. So Paulo: Cia das Letras, 2004.