2 tendências pedagógicas na prática escolar

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7/26/2019 2 Tendências Pedagógicas Na Prática Escolar http://slidepdf.com/reader/full/2-tendencias-pedagogicas-na-pratica-escolar 1/20         P         á       g         i       n       a         1 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA ESCOLAR  José Carlos Libâneo 1  A prática escolar consiste na concretização das condições que asseguram a realização do trabalo docente! "ais condições não se reduzem ao estritamente #pedag$gico#% &á que a escola cumpre 'unções que le são dadas pela sociedade concreta que% por sua (ez% apresenta)se como constitu*da por classes sociais com interesses antag+nicos! A prática escolar assim% tem atrás de si condicionantes sociopol*ticos que con,guram di'erentes concepções de omem e de sociedade e% consequentemente% di'erentes pressupostos sobre o papel da escola% aprendizagem% relações pro'essor)aluno% técnicas pedag$gicas etc! -ica claro que o modo como os pro'essores realizam sou trabalo% selecionam e organizam o conte.do das matérias% ou escolem técnicas de ensino e a(aliação tem a (er com pressupostos te$rico)metodol$gicos% e/pl*cita ou implicitamente! 0ma boa parte dos pro'essores% pro(a(elmente a maioria% baseia sua prática em prescrições pedag$gicas que (iraram senso comum% incorporadas quando de sua passagem pela escola ou transmitidas pelos colegas mais (elos entretanto% essa prática contém pressupostos te$ricos impl*citos! Por outro lado% á pro'essores interessados num trabalo docente mais consequente% pro'essores capazes de perceber o sentido mais amplo de sua prática e de e/plicitar suas con(icções! 2nclusi(e á aqueles que se apegam 3 .ltima tend4ncia da moda% sem maiores cuidados em re5etir se essa escola trará% de 'ato% as respostas que procuram! 6e(e)se salientar% ainda% que os conte.dos dos cursos de licenciatura% ou não incluem o estudo das correntes pedag$gicas% ou giram em torno de teorias de aprendizagem e ensino que quase nunca t4m correspond4ncia com as situações concretas de sala de aula% não a&udando os pro'essores a 'ormar um quadro de re'er4ncia para orientar sua prática! 7m artigo publicado em 1891% :A;2A<2 descre(eu com muita propriedade certas con'usões que se emaranam na cabeça de pro'essores! Ap$s caracterizar a pedagogia tradicional e a pedagogia no(a% indica o aparecimento% mais recente% da tend4ncia tecnicista e das teorias critico) reproduti(istas% todas incidindo sobre o pro'essor! 7le escre(e= #>s pro'essores t4m na cabeça o mo(imento e os princ*pios da escola no(a! A realidade% porém% não o'erece aos pro'essores condições para instaurar a escola no(a% porque a realidade em que atuam é tradicional! ?!!!@ as o drama do pro'essor não termina% a*! A essa contradição se acrescenta uma outra= além de constatar que as condições concretas não correspondem 3 sua crença% o pro'essor se (4 pressionado pela pedagogia o,cial que prega a racionalidade e produti(idade do sistema e do seu trabalo% isto é% 4n'ase% nos meios ?tecnicismo@!?!!!@ Ai o quadro contradit$rio em que se 1  Publicado anteriormente na Revista da ANDE, n° 6, 1982. Republicado aui com al!umas altera"#es.

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        P        á      g        i      n      a        1

TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICAESCOLAR

 José Carlos Libâneo1 

A prática escolar consiste na concretização das condições que asseguram arealização do trabalo docente! "ais condições não se reduzem aoestritamente #pedag$gico#% &á que a escola cumpre 'unções que le sãodadas pela sociedade concreta que% por sua (ez% apresenta)se comoconstitu*da por classes sociais com interesses antag+nicos! A práticaescolar assim% tem atrás de si condicionantes sociopol*ticos que con,guramdi'erentes concepções de omem e de sociedade e% consequentemente%di'erentes pressupostos sobre o papel da escola% aprendizagem% relaçõespro'essor)aluno% técnicas pedag$gicas etc! -ica claro que o modo como ospro'essores realizam sou trabalo% selecionam e organizam o conte.do dasmatérias% ou escolem técnicas de ensino e a(aliação tem a (er compressupostos te$rico)metodol$gicos% e/pl*cita ou implicitamente!

0ma boa parte dos pro'essores% pro(a(elmente a maioria% baseia suaprática em prescrições pedag$gicas que (iraram senso comum%incorporadas quando de sua passagem pela escola ou transmitidas peloscolegas mais (elos entretanto% essa prática contém pressupostos te$ricosimpl*citos! Por outro lado% á pro'essores interessados num trabalodocente mais consequente% pro'essores capazes de perceber o sentido mais

amplo de sua prática e de e/plicitar suas con(icções! 2nclusi(e á aquelesque se apegam 3 .ltima tend4ncia da moda% sem maiores cuidados emre5etir se essa escola trará% de 'ato% as respostas que procuram! 6e(e)sesalientar% ainda% que os conte.dos dos cursos de licenciatura% ou nãoincluem o estudo das correntes pedag$gicas% ou giram em torno de teoriasde aprendizagem e ensino que quase nunca t4m correspond4ncia com assituações concretas de sala de aula% não a&udando os pro'essores a 'ormarum quadro de re'er4ncia para orientar sua prática!

7m artigo publicado em 1891% :A;2A<2 descre(eu com muita propriedadecertas con'usões que se emaranam na cabeça de pro'essores! Ap$s

caracterizar a pedagogia tradicional e a pedagogia no(a% indica oaparecimento% mais recente% da tend4ncia tecnicista e das teorias critico)reproduti(istas% todas incidindo sobre o pro'essor! 7le escre(e= #>spro'essores t4m na cabeça o mo(imento e os princ*pios da escola no(a! Arealidade% porém% não o'erece aos pro'essores condições para instaurar aescola no(a% porque a realidade em que atuam é tradicional! ?!!!@ as odrama do pro'essor não termina% a*! A essa contradição se acrescenta umaoutra= além de constatar que as condições concretas não correspondem 3sua crença% o pro'essor se (4 pressionado pela pedagogia o,cial que pregaa racionalidade e produti(idade do sistema e do seu trabalo% isto é%4n'ase% nos meios ?tecnicismo@!?!!!@ Ai o quadro contradit$rio em que se

1 Publicado anteriormente na Revista da ANDE, n° 6, 1982. Republicado aui com al!umas altera"#es.

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encontra o pro'essor= sua cabeça é escolano(ista a realidade étradicional#?!!!@ re&eita o tecnicismo porque sente)se (iolentado pelaideologia o,cial não aceita a lina cr*tica porque não quer receber adenominação de agente repressorB!

-ace a essas constatações% pretende)se% neste te/to% 'azer umle(antamento% ainda que precário% das tend4ncias pedag$gicas que t4m)se,rmado nas escolar pela prática dos pro'essores% 'ornecendo uma bre(ee/planação dos pressupostos te$ricos e metodol$gicos de cada uma!

D necessário esclarecer que as tend4ncias não aparecem em sua 'ormapura% nem sempre% são mutuamente e/clusi(as% nem conseguem captartoda a riqueza da prática escolar! :ão% aliás% as limitações de qualquertentati(a de classi,cação! 6e qualquer modo% a classi,cação e descriçãodas tend4ncias poderão 'uncionar como instrumento de analise para opro'essor a(aliar sua prática de sala de aula!

0tilizando como critério a posição que adotam em relação aoscondicionantes sociopol*ticos da escola% as tend4ncias pedag$gicas 'oramclassi,cadas em liberais e progressistas% a saber=

A ) Pedagogia liberal1) "radicional) Eeno(ada progressi(istaF) Eeno(ada não)direti(aG) "ecnicista

H ) Pedagogia progressista1) Libertadora) LibertáriaF) Cr*tico)social dos conte.dos

A! P76AI>I2A L2H7EAL

> termo liberal não tem o sentido de #a(ançado#% democrático#% #aberto#%como costuma ser usado! A doutrina liberal apareceu como &usti,cati(a do

sistema capitalista que% ao de'ender a predominância da liberdade e dosinteresses indi(iduais na sociedade% estabeleceu uma 'orma de organizaçãosocial baseada na propriedade pri(ada dos meios de produção% tambémdenominada saciedade de classes! A pedagogia liberal% portanto% é umamani'estação pr$pria desse tipo de sociedade!

A educação brasileira% pelo menos nos .ltimos cinquenta anos% tem sido )marcada pelas tend4ncias liberais% nas suas 'ormas ora conser(adora% orareno(ada! 7(identemente tais tend4ncias se mani'estam% concretamente%nas práticas escolares e no ideário pedag$gico de muitos pro'essores% aindaque estes não se deem conta dessa in5u4ncia!

 Dermeval $A%&AN&, '(end)ncias peda!*!icas contempor+neas, p.6-

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A pedagogia liberal sustenta a ideia de que a escola tem por 'unçãopreparar os indi(*duos para o desempeno de papéis sociais% de acordocom as aptidões indi(iduais! Para isso% os indi(*duos precisam aprender aadaptar)se aos (alores e 3s normas (igentes na sociedade de classes%atra(és do desen(ol(imento da cultura indi(idual! A 4n'ase no aspecto

cultural esconde a realidade das di'erenças de classes% pois% emboradi'unda a ideia de igualdade de oportunidades% não le(a em conta adesigualdade de condições! Kistoricamente% a educação liberal iniciou)secom a pedagogia tradicional e% por razões de recomposição da egemoniada burguesia% e(oluiu para a pedagogia reno(ada ?também denominadaescola no(a ou ati(a@% o que não signi,cou a substituição de uma pelaoutra% pois ambas con(i(eram e con(i(em na prática escolar!

<a tend4ncia tradicional% a pedagogia se caracteriza por acentuar o ensinouman*stico% de cultura geral% no qual aluno é educado para atingir% pelopr$prio es'orço% sua plena realização como pessoa! >s conte.dos% os

procedimentos didáticos% a relação pro'essor)aluno não t4m nenumarelação com o cotidiano do aluno e muito menos com as realidades sociais!D a predominância da pala(ra do pro'essor% das regras impostas% do culti(oe/clusi(amente intelectual!

A tend4ncia liberal renovada acentua% igualmente% o sentido da culturacomo desen(ol(imento das aptidões indi(iduais! as a educação é umprocesso interno% não e/terno ela parte das necessidades e interessesindi(iduais necessários para a adaptação ao meio! A educação é a (idapresente é parte da pr$pria e/peri4ncia umana! A escola reno(ada propõe

um ensino que (aloriza a auto)educação ?o aluno como su&eito doconecimento@% a e/peri4ncia direta sobre o meio pela ati(idade um ensinocentrado no aluno e no grupo! A tend4ncia liberal reno(ada apresenta)se%entre n$s% em duas (ersões distintas= a renovada progressivistaF% ou%pragatista% principalmente na 'orma di'undida pelos pioneiros daeducação no(a% entre os quais se destaca An*sio "ei/eira ?de(e)se destacar%também% a in5u4ncia de ontessori% 6ecrol e% de certa 'orma% Piaget@ arenovada n!o"diretiva% orientada para os ob&eti(os de auto)realização?desen(ol(imento pessoal@ e para as relações inter)pessoais% na 'ormulaçãodo psic$logo norte)americano Carl Eogers!

A tend4ncia liberal te#ni#ista subordina a educação 3 sociedade% tendocomo 'unção a preparação de #recursos umanos# ?mão)de)obra paraind.stria@! A sociedade industrial e tecnol$gica estabelece ?cienti,camente@as metas econ+micas% sociais e pol*ticas% a educação treina ?tambémcienti,camente@ nos alunos os comportamentos de a&ustamento a essasmetas! <o tecnicismo acredita)se que a realidade contém em si suaspr$prias leis% bastando aos omens descobri)las e aplicá)las! 6essa 'orma% oessencial não é o #onte$do  da realidade% mas as técnicas ?%ora@ dedescoberta e aplicação! A tecnologia ?apro(eitamento ordenado derecursos% com base no conecimento cient*,co@ é o meio e,caz de obter a

F  A desi!na"o /pro!ressivista/ vem de /educa"o pro!ressiva/, termo usado por An0sio (eieira para indicar a un"o da

educa"o numa civili3a"o era mudan"a, decorrente do desenvolvimento cient0ico 4id5ia euivalente a /evolu"o/ em biolo!ia.Esta tend)ncia inspira7se no il*soo e educador norte7americano on De:e;. <. An0sio (eieira, Educa"o Pro!ressiva.

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ma/imização da produção e garantir um $timo 'uncionamento dasociedade a educação é um recurso tecnol$gico por e/cel4ncia! 7la #éencarada como um instrumento capaz de promo(er% sem contradição% odesen(ol(imento econ+mico pela quali,cação da mão)de)obra% pelaredistribuição da renda% pelo ma/imização da produção e% ao mesmo

tempo% pelo desen(ol(imento da consci4ncia pol*tica indispensá(el 3manutenção do 7stado autoritário#G  ! 0tiliza)se basicamente do en'oquesist4mico% da tecnologia educacional e da análise e/perimental docomportamento!

1! "end4ncia liberal tradicional

Papel da es#ola ) A atuação da escola consiste na preparação intelectuale moral dos alunos para assumir sua posição na sociedade! > compromissoda escola é com a cultura% os problemas sociais pertencem 3 sociedade! >camino cultural em direção ao saber é o mesmo para todos os alunos%

desde que se es'orcem! Assim% os menos capazes de(em lutar para superarsuas di,culdades e conquistar seu lugar &unto aos mais capazes! Caso nãoconsigam% de(em procurar o ensino mais pro,ssionalizante!

Conte$dos de ensino  ) :ão os conecimentos e (alores sociaisacumulados pelas gerações adultas e repassados ao aluno como (erdades!As matérias de estudo (isam preparar o aluno para a (ida% sãodeterminadas pela sociedade e ordenadas na legislação! >s conte.dos sãoseparados da e/peri4ncia do aluno e das realidades sociais% (alendo pelo(alor intelectual% razão pela qual a pedagogia tradicional é criticada comointelectualista e% 3s (ezes% como enciclopédica!

&'todos ) Haseiam)se na e/posição (erbal da matéria eMou demonstração! "anto a e/posição quanto a análise são 'eitas pelo pro'essor% obser(ados osseguintes passos= a@ preparação do aluno ?de,nição do trabalo%recordação da matéria anterior% despertar interesse@ b@ apresentação?realce de pontos)ca(e% demonstração@ c@ associação ?combinação doconecimento no(o com o &á conecido por comparação e abstração@ d@generalização ?dos aspectos particulares cega)se ao conceito geral% é ae/posição sistematizada@ e@ aplicação ?e/plicação de 'atos adicionais eMouresoluções de e/erc*cios@! A 4n'ase nos e/erc*cios% na repetição de

conceitos ou '$rmulas na memorização (isa disciplinar a mente e 'ormarábitos!

Rela#ionaento pro%essor"al(no ) Predomina a autoridade do pro'essorque e/ige atitude recepti(a dos alunos e #impede qualquer comunicaçãoentre eles no decorrer da aula! > pro'essor transmite o conte.do na 'ormade (erdade a ser absor(ida em consequ4ncia% a disciplina imposta é omeio mais e,caz para assegurar a atenção e o sil4ncio!

G  Ac=cia A. >?EN@ER e uc0lia R. $. BA<CAD, /Peda!o!ia (ecnicista/, in uiomar N. de BE 4or!., Escola nova,tecnicismo e educa"o compensat*ria, p. FG.

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Press(postos de aprendi)age ) A ideia de que o ensino consiste emrepassar os conecimentos para o esp*rito da criança é acompanada deuma outra= a de que a capacidade de assimilação da criança é id4ntica 3 doadulto% apenas menos desen(ol(ida! >s programas% então% de(em serdados numa progressão l$gica% estabelecida pelo adulto% sem le(ar em

conta as caracter*sticas pr$prias de cada idade! A aprendizagem% assim érecepti(a e mecânica% para que se recorre 'requentemente 3 coação! Aretenção do material ensinado é garantida pela repetição de e/erc*ciossistemáticos e recapitulação da matéria! N trans'er4ncia da aprendizagemdepende do treino é indispensá(el a retenção% a ,m de que o aluno possaresponder 3s situações no(as de 'orma semelante 3s respostas dadas emsituações anteriores! A a(aliação se dá por (eri,cações de curto prazo?interrogat$rios% orais% e/erc*cios de casa@ e de prazo mais longo ?pro(asescritas% trabalos de casa@! > re'orço é% em geral% negati(o ?punição% notasbai/as% apelos aos pais@ 3s (ezes% é positi(o ?emulação% classi,cações@!

&ani%esta*+es na pr,ti#a es#olar ) A pedagogia liberal tradicional é (i(ae atuante em nossas escolas! <a descrição apresentada aqui incluem)se asescolas religiosas ou leigas que adotam uma orientação clássico)umanistaou uma orientação umano)cient*,ca% sendo que esta se apro/ima mais domodelo de escola predominante em nossa ist$ria educacional!

! Tend-n#ia liberal renovada progressivista

Papel da es#ola  ) A ,nalidade da escola é adequar as necessidadesindi(iduais ao meio social e% para isso% ela de(e se organizar de 'orma aretratar% o quanto poss*(el% a (ida! "odo ser dispõe dentro de si mesmo demecanismos de adaptação progressi(a ao meio e de uma consequenteintegração dessas 'ormas de adaptação no comportamento! "al integraçãose dá por meio de e/peri4ncias que de(em satis'azer% ao mesmo tempo% osinteresses do aluno e as e/ig4ncias sociais! N escola cabe suprir ase/peri4ncias que permitam ao aluno educar)se% num processo ati(o deconstrução e reconstrução do ob&eto% numa interação entre estruturascogniti(as do indi(*duo e estruturas do ambiente!

Conte$dos de ensino ) Como o conecimento resulta da ação a partir dosinteresses e necessidades% os conte.dos de ensino são estabelecidos em

'unção de e/peri4ncias que o su&eito (i(4ncia 'rente a desa,os cogniti(os esituações problemáticas! 6á)se% portanto% muito mais (alor aos processosmentais e abilidades cogniti(as do que a conte.dos organizadosracionalmente! "rata)se de #aprender a aprender#% ou se&a% é maisimportante o processo de aquisição do saber do que o saber propriamentedito!

&'todo de ensino ) A ideia de #aprender 'azendo# está sempre presente!;alorizam)se as tentati(as e/perimentais% a pesquisa% a descoberta% oestudo do meio natural e social% o método de solução de problemas!7mbora os métodos (ariem% as escolas ati(as ou no(as ?6eOe% ontessori%

6ecrol% Cousinet e outros@ partem sempre de ati(idades adequadas 3natureza do aluno e 3s etapas do seu desen(ol(imento! <a maioria delas%

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acentua)se a importância do trabalo em grupo não apenas como técnica%mas como condição básica do desen(ol(imento mental! >s passos básicosdo método ati(o são= a@ colocar o aluno numa situação de e/peri4ncia quetena um interesse por si mesma b@ o problema de(e ser desa,ante% comoest*mulo 3 re5e/ão c@ o aluno de(e dispor de in'ormações e instruções que

le permitam pesquisar a descoberta de soluções d@ soluções pro(is$riasde(em ser incenti(ada e ordenadas% com a a&uda discreta do pro'essor e@de(e)se garantir a oportunidade de colocar as soluções 3 pro(a% a ,m dedeterminar sua utilidade para a (ida!

Rela#ionaento pro%essor"al(no  ) <ão á lugar pri(ilegiado para opro'essor antes% seu papel é au/iliar o desen(ol(imento li(re e espontâneoda criança se inter(ém% é para dar 'orma ao racioc*nio dela! A disciplinasurge de uma tomada de consci4ncia dos limites da (ida grupal assim%aluno disciplinado é aquele que é solidário% participante% respeitador dasregras do grupo! Para se garantir um clima armonioso dentro da sala de

aula é indispensá(el um relacionamento positi(o entre pro'essores ealunos% uma 'orma de instaurar a #(i(4ncia democrática# tal qual de(e ser a(ida em sociedade!

Press(postos de aprendi)age  ) A moti(ação depende da 'orça deestimulação do problema e das disposições internas e interesses do aluno!Assim% aprender se torna uma ati(idade de descoberta% é uma auto)aprendizagem% sendo o ambiente apenas o meio estimulador! D retido o quese incorpora 3 ati(idade do aluno pela descoberta pessoal o que éincorporado passa a compor a estrutura cogniti(a para ser empregado em

no(as situações! A a(aliação é 5uida e tenta ser e,caz 3 medida que oses'orços e os 4/itos são pronta e e/plicitamente reconecidos pelopro'essor!

&ani%esta*+es na pr,ti#a es#olar  ) >s princ*pios da pedagogiaprogressi(ista (4m sendo di'undidos% em larga escala% nos cursos delicenciatura% e muitos pro'essores so'rem sua in5u4ncia! 7ntretanto% suaaplicação é reduzid*ssima% não somente por 'altar de condições ob&eti(ascomo também porque se coca com uma prática pedag$gica basicamentetradicional! Alguns métodos são adotados em escolas particulares% como ométodo ontessori% o método dos centros de interesse de 6ecrol% o

método de pro&etos de 6eOe! > ensino baseado na psicologia genética dePiaget tem larga aceitação na educação pré)escolar! Pertencem% também% 3tend4ncia progressi(ista muitas das escolas denominadas #e/perimentais#%as #escolas comunitáriasB e mais remotamente ?década de Q@ a #escolasecundária moderna#% na (ersão di'undida por Lauro de >li(eira Lima!

F! Tend-n#ia liberal renovada n!o"diretiva

Papel da es#ola  ) Acentua)se nesta tend4ncia o papel da escola na'ormação de atitudes% razão pela qual de(e estar mais preocupada comproblemas psicol$gicos do que com os pedag$gicos ou sociais! "odo es'orço

está em estabelecer um clima 'a(orá(el a uma mudança dentro doindi(*duo% isto é% a uma adequação pessoal 3s solicitações do ambiente!

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EogersR  considera que o ensino é uma ati(idade e/cessi(amente(alorizada para ele os procedimentos didáticos% a compet4ncia na matéria%as aulas% li(ros% tudo tem muito pouca importância% 'ace ao prop$sito de'a(orecer 3 pessoa um clima de auto)desen(ol(imento e realização pessoal%o que implica estar bem consigo pr$prio e com seus semelantes! >

resultado de uma boa educação é muito semelante ao de uma boaterapia!

Conte$dos de ensino ) A 4n'ase que esta tend4ncia põe nos processos dedesen(ol(imento das relações e da comunicação torna secundária atransmissão de conte.dos! >s processos de ensino (isam mais 'acilitar aosestudantes os meios para buscarem por si mesmos os conecimentos que%no entanto% são dispensá(eis!

&'todos de ensino ) >s métodos usuais são dispensados% pre(alecendoquase que e/clusi(amente o es'orço do pro'essor em desen(ol(er um estilo

pr$prio para 'acilitar a aprendizagem dos alunos Eogers e/plicita algumasdas caracter*sticas do pro'essor S'acilitador#= aceitação da pessoa do aluno%capacidade de ser con,á(el% recepti(o e ter plena con(icção na capacidadede autodesen(ol(imento do estudante! :ua 'unção restringe)se a a&udar oaluno a se organizar% utilizando técnicas de sensibilização onde ossentimentos de cada um possam ser e/postos% sem ameaças! Assim% oob&eti(o do trabalo escolar se esgota nos processos de melorrelacionamento interpessoal% como condição para o crescimento pessoal!

Rela#ionaento pro%essor"al(no ) A pedagogia não)direti(a propõe umaeducação centrada no aluno% (isando 'ormar sua personalidade atra(és da(i(4ncia de e/peri4ncias signi,cati(as que le permitam desen(ol(ercaracter*sticas inerentes a sua natureza! > pro'essor é um especialista emrelações umanas% ao garantir o clima de relacionamento pessoal aut4ntico!SAusentar)seB é a melor 'orma de respeito e aceitação plena do aluno!

 "oda inter(enção é ameaçadora e inibidora da aprendizagem!

Press(postos de aprendi)age  ) A moti(ação resulta do dese&o deadequação pessoal na busca da auto)realização é portanto um ato interno!A moti(ação aumenta% quando o su&eito desen(ol(e o sentimento de que écapaz de agir em termos de atingir suas metas pessoais% isto é% desen(ol(e

a (alorização do #eu#! Aprender% portanto% é modi,car suas pr$priaspercepções da* que apenas se aprende o que esti(er signi,cati(amenterelacionado com essas percepções! Eesulta que a retenção se dá pelarele(ância do aprendido em relação ao #eu#% ou se&a% o que não estáen(ol(ido com o #eu# não é retido e nem trans'erido! Portanto% a a(aliaçãoescolar perde inteiramente o sentido% pri(ilegiando)se a auto)a(aliação!

&ani%esta*+es na pr,ti#a es#olar ) 7ntre n$s% o inspirador da pedagogianão)direti(a é C! Eogers% na (erdade mais um psic$logo cl*nico que umeducador! :uas ideias in5uenciam um n.mero e/pressi(o de educadores epro'essores% principalmente orientadores educacionais e psic$logos

escolares que se dedicam ao aconselamento! enos recentemente%R <. <arl RER$, iberdade para aprender.

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podem)se citar também tend4ncias inspiradas na escola de :ummerill doeducador ingl4s A! <eill!

G! Tend-n#ia liberal te#ni#ista

Papel da es#ola ) <um sistema social arm+nico% orgânico e 'uncional% aescola 'unciona como modeladora do comportamento umano% atra(és detécnicas espec*,cas! N educação escolar compete organizar o processo deaquisição de abilidades% atitudes e conecimentos espec*,cos% .teis enecessários para que os indi(*duos se integrem na maquina do sistemasocial global! "al sistema social é regido por leis naturais ?á na sociedade amesma regularidade e as mesmas relações 'uncionais obser(áreis entre os'en+menos da natureza@% cienti,camente descobertas! Hasta aplicá)las! Aati(idade da #descoberta# é 'unção da educação% mas de(e ser restrita aosespecialistas a Saplicação# é compet4ncia do processo educacionalcomum! A escola atua% assim% no aper'eiçoamento da ordem social (igente

?o sistema capitalista@% articulando)se diretamente com o sistemaproduti(o para tanto% emprega a ci4ncia da mudança de comportamento%ou se&a% a tecnologia comportamental! :eu interesse imediato é o deproduzir indi(*duos #competentesB para o mercado de trabalo%transmitindo% e,cientemente% in'ormações precisas% ob&eti(as e rápidas! Apesquisa cient*,ca% á tecnologia educacional% a análise e/perimental docomportamento garantem a ob&eti(idade da prática escolar% uma (ez queos ob&eti(os instrucionais ?conte.dos@ resultam da aplicação de leis naturaisque independem dos que a conecem ou e/ecutam!

Conte$dos de ensino ) :ão as in'ormações% princ*pios cient*,cos% leis etc!%estabelecidos e ordenados numa sequencia l$gica e psicol$gica porespecialistas! D matéria de ensino apenas o que é redut*(el aoconecimento obser(á(el e mensurá(el os conte.dos decorrem% assim% daci4ncia ob&eti(a% eliminando)se qualquer sinal de sub&eti(idade! > materialinstrucional encontra)se sistematizado nos manuais% nos li(ros didáticos%nos m$dulos de ensino% nos dispositi(os audio(isuais etc!

&'todos de ensino ) Consistem nos procedimentos e técnicas necessáriasao arran&o e controle das condições ambientais que assegurem atransmissãoMrecepção de in'ormações! :e a primeira tare'a do pro'essor é

modelar respostas apropriadas aos ob&eti(os instrucionais% a principal éconseguir o comportamento adequado pelo controle do ensino da* aimportância da tecnologia educacional! A tecnologia educacional é a#aplicação sistemática de princ*pios cient*,cos comportamentais etecnol$gicos% a problemas educacionais% em 'unção de resultados e'eti(os%utilizando uma metodologia e abordagem sist4mica abrangenteB! Tualquersistema instrucional ?á uma grande (ariedade deles@ possui tr4scomponentes básicos= ob&eti(os instrucionais operacionalizados emcomportamentos obser(á(eis e mensurá(eis% procedimentos instrucionais ea(aliação! As etapas% básica de processo ensino aprendizagem são= a@estabelecimento de comportamentos terminais% atra(és de ob&eti(os

 0!ia . A?R&<<C&. Banual de tecnolo!ia educacional, p.2-.

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instrucionais b@ análise da tare'a de aprendizagem% a ,m de ordenarsequencialmente os passos da instrução c@ e/ecutar o programa%re'orçando gradualmente as respostas corretas correspondentes aosob&eti(os! > essencial da tecnologia educacional é a programação porpassos sequenciais empregada na instrução programada% nas técnicas de

microensino% multimeios% m$dulos etc! > emprego da tecnologiainstrucional na escola p.blica aparece nas 'ormas de= plane&amento emmoldes sist4micos% concepção de aprendizagem como mudança decomportamento% operacionalização de ob&eti(os% uso procedimentoscient*,cos ?instrução programada% audio(isuais a(aliação etc! inclusi(e aprogramação de li(ros didático@U!

Rela#ionaento pro%essor"al(no  ) :ão relações estruturadas eob&eti(as% com papeis tem de,nidos= o pro'essor administra as condições detransmissão da matéria% con'orme um sistema instrucional e,ciente e

e'eti(o em termos de resultados da aprendizagem o aluno recebe% aprendee ,/a as in'ormações! > pro'essor é apenas um elo de ligação entre a(erdade cient*,ca e o aluno% cabendo)le empregar o sistema instrucionalpre(isto! > aluno é um indi(*duo responsi(o% não participa da elaboração doprograma educacional! Ambos são espectadores 'rente 3 (erdade ob&eti(a!A comunicação pro'essor)aluno tem um sentido e/clusi(amente técnico%que garantir a e,cácia da transmissão do conecimento! 6ebates%discussões% questionamentos são desnecessários% assim como poucoimportam as relações a'eti(as e pessoais dos su&eitos en(ol(idos noprocesso ensino aprendizagem!

Press(postos de aprendi)age  V as teorias de aprendizagem que'undamentam a pedagogia tecnicista dizem que aprender é uma questãode modi,cação do desempeno= o bom ensino depende de organizare,cientemente as condições estimuladoras% de modo a que o aluno saia dasituação de aprendizagem di'erente de como entrou! >u se&a% o ensino éum processo de condicionamento atra(és do uso de re'orçamento dasrespostas que se quer obter! Assim% os sistemas instrucionais (isam ocontrole do comportamento indi(idual 'ace a ob&eti(os preestabelecidos!

 "rata)se de um en'oque direti(o do ensino% centrado no controle das

condições que cercam o organismo que se comporta! > ob&eti(o da ci4nciapedag$gica% a partir da psicologia% é o estudo cient*,co do comportamento=descobrir as leis presidem as reações '*sicas do organismo que aprende% a,m de aumentar o controle das (ariá(eis que o a'etam! >s componentes daaprendizagem V moti(ação% retenção% trans'er4ncia ) decorrem da aplicaçãodo comportamento operante! :egundo :Winner% o comportamentoaprendido é uma resposta a est*mulos e/ternos% controlados por meio dere'orços que ocorrem% cem a resposta ou ap$s a mesma= S:e a ocorr4nciade um ?comportamento@ operante é seguida pela apresentação de umest*mulo ?re'orçador@% a probabilidade de re'orçamento é aumentada#! 7ntre

U < Ac=cia A. C?EN@ER e uc0lia R.$. BA<CAD, cp.cit.

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os autores que contribuem para os estudos de aprendizagem destacam)se=:Winner% Iagné% Hloom e ager!9

&ani%esta*+es na pr,ti#a es#olar ) A in5u4ncia da pedagogia tecnicistaremonta 3 X metade dos anos RQ ?PAHA77 ) Programa Hrasileiro)Americano

de Au/*lio ao 7nsino 7lementar@! 7ntretanto 'oi introduzida maise'eti(amente no ,nal dos anos Q com o ob&eti(o de adequar o temaeducacional 3 orientação pol*tico econ+mica do regime militar= inserir aescola nos modelos de racionalização do sistema de produção capitalista! Dquando a orientação escolano(ista cede lugar 3 tend4ncia tecnicista% pelomenos no n*(el de pol*tica o,cial os marcos de implantação do modelotecnicista são as leis R!RGQM9 e R!8MU1% que reorganizam o ensinosuperior e ensino de 1Y e Y graus! A despeito da maquina o,cial%entretanto% não á ind*cios seguros de que o pro'essor da escola p.blicatenam assimilado a pedagogia tecnicista ?plane&amento% li(ros didáticosprogramados% procedimentos de a(aliação e etc@ não con,gura uma

postura tecnicista do pro'essor antes% o e/erc*cio pro,ssional continua maispara uma postura eclética em torno de princ*pios pedag$gicos assentadosnas pedagogias tradicional e reno(ada!8

H! P76AI>I2A PE>IE7::2:"A

> termo #progressista#% emprestado de :nders1Q% é usado aqui paradesignar as tend4ncias que% partindo de uma análise cr*tica das realidadessociais% sustentam implicitamente as ,nalidades sociopol*ticas daeducação! 7(identemente a pedagogia progressista% não tem comoinstitucionalizar)se numa sociedade capitalista da* ser ela um instrumentode luta dos pro'essores ao lado de outras práticas sociais!

A pedagogia progressista tem)se mani'estado em tr4s tend4ncias= alibertadora% mais conecida como pedagogia de Paulo -reire% a libert,ria%que re.ne os de'ensores da autogestão pedag$gica a #r.ti#o"so#ial dos#onte$dos  que% di'erentemente das anteriores% acentua a primazia dosconte.dos no seu con'ronto cor as realidades sociais!

As (ersões libertadora e libertária t4m em comum o anti)autoritarismo% a(alorização da e/peri4ncia (i(ida como base da relação educati(a e a ideiade autogestão pedag$gica! 7m 'unção disso% dão mais (alor ao processo deaprendizagem grupal ?participação em discussões% assembleias% (otações@do que aos conte.dos de ensino! Como decorr4ncia% a prática educati(asomente 'az sentido numa prática social &unto ao po(o% razão pela qualpre'erem as modalidades de educação popular Sn!o"%oralB!

8  Para maiores esclarecimentos, c 0!ia de A?R&<C&, Banual de (ecnolo!ia EducacionalH ..A. &%E&RA, (ecnolo!ia

Educacional teorias da instru"o.9  $obre a introdu"o da peda!o!ia tecnicista no Irasil, c. Iarbara JRE&(A, Escola, Estado e $ociedadeH a;mert . $.

AR<&A, Desre!ula!em K Educa"o, PlaneLamento e (ecnolo!ia como erramenta $ocial no Irasil, entre outros. 9 <. eor!e$NMDER$, Peda!o!ia Pro!ressista.1Q <. eor!e $NMDER$, Peda!o!ia Pro!ressista.

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A tend4ncia da pedagogia critico)social de conte.dos propõe uma s*ntesesuperadora das pedagogia tradicional e reno(ada% (alorizando a açãopedag$gica enquanto inserida na prática social concreta! 7ntende a escolacomo mediação entre o indi(idual e o social% e/ercendo a* a articulaçãoentre a transmissão dos conte.dos e a assimilação ati(a por parte de um

aluno concreto ?inserido num conte/to de relações sociais@ dessaarticulação resulta o saber criticamente reelaborado!

1! Tend-n#ia progressista libertadora

Papel da es#ola ) <ão é pr$prio da pedagogia libertadora 'alar em ensinoescolar% &á que sua marca é a atuação #não)'ormal#! 7ntretanto% pro'essorese educadores enga&ados no ensino escolar (4m adotando pressupostosdessa pedagogia! Assim% quando se 'ala na educação em geral% diz)se queela é uma ati(idade onde pro'essores e alunos% mediatizados pela realidadeque apreendem e da qual e/traem o conte.do de aprendizagem% atingem

um n*(el de consci4ncia dessa mesma realidade% a ,m de nela atuarem%num sentido de trans'ormação social! "anto a educação tradicional%denominada #bancária# ) que (isa apenas depositar in'ormações sobre oaluno )% quanto a educação reno(ada ) que pretenderia uma libertaçãopsicol$gica indi(idual ) são domesticadoras% pois em nada contribuem parades(elar a realidade social de opressão! A educação libertadora% aocontrário% questiona concretamente a realidade das relações do omemcom a natureza e com os outros omens% (isando a uma trans'ormação )da* ser uma educação cr*tica!11

Conte$dos de ensino ) 6enominados #temas geradores#% são e/tra*dos daproblematização da prática de (ida dos educandos! >s conte.dostradicionais são recusados porque cada pessoa% cada grupo en(ol(idos naação pedag$gica dispõem em si pr$prios% ainda que de 'orma rudimentar%dos conte.dos necessários dos quais se parte! > importante não é atransmissão de conte.dos espec*,cos% mas despertar uma no(a 'orma darelação com a e/peri4ncia (i(ida! A transmissão de conte.dos estruturadosa partir de 'ora é considerada como #in(asão cultural# ou #dep$sito dein'ormação#% porque não emerge do saber popular! :e 'orem necessárioste/tos de leitura estes de(erão ser redigidos pelos pr$prios educandos coma orientação do educador!

7m nenum momento o inspirador e mentor da pedagogia libertadora%Paulo -reire% dei/a de mencionar o caráter essencialmente pol*tico de suapedagogia% o que% segundo suas pr$prias pala(ras% impede que ela se&aposta em prática% em termos sistemáticos% nas instituições o,ciais% antes datrans'ormação da sociedade! 6a* porque sua atuação se d4 mais a n*(el daeducação e/tra)escolar! > que não tem impedido% por outro lado% que seuspressupostos se&am adotados e aplicados por numerosos pro'essores!

&'todos de ensino ) #Para ser um ato de conecimento o processo deal'abetização de adultos demanda% entre educadores e educandos% uma

relação de aut4ntico diálogo aquela em que os su&eitos do ato de conecer11 <. Paulo JRE&RE A"o <ultural para a iberdadeH Peda!o!ia do primido e Etenso ou <omunica"oO

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se encontram mediatizados pelo ob&eto a ser conecidoB ?!!!@! S> dialogoenga&a ati(amente a ambos os su&eitos do ato de conecer= educador)educando e educando)educador!#

Assim sendo% a 'orma de trabalo educati(o é o #grupo de discussãoB% a

quem cabe autogerir a aprendizagem% de,nindo o conte.do e a dinâmicadas ati(idades! > pro'essor é um animador que% por princ*pio% de(e#descer# ao n*(el dos alunos% adaptando)se 3s suas caracter*sticas e aodesen(ol(imento pr$prio de cada grupo! 6e(e caminar #&unto#% inter(ir om*nimo indispensá(el% embora não se 'urte% quando necessário% a 'orneceruma in'ormação mais sistematizada!

Os passos da aprendi)age  ) codi,cação)decodi,cação% eproblematização da situação ) permitirão aos educandos um es'orço decompreensão do #(i(ido#% até cegar a um n*(el mais cr*tico deconecimento da sua realidade% sempre atra(és da troca de e/peri4ncia em

torno da prática social! :e nisso consiste o conte.do do trabalo educati(o%dispensam)se um programa pre(iamente estruturado% trabalos escritos%aulas e/positi(as% assim como qualquer tipo de (eri,cação direta daaprendizagem% 'ormas essas pr$prias da Seducação bancária#% portanto%domesticadoras! 7ntretanto admite)se a a(aliação da prática (i(enciadaentre educador)educandos no processo de grupo e% 3s (ezes% aautoa(aliação 'eita em termos dos compromissos assumidos com a práticasocial!

Rela#ionaento pro%essor"al(no  ) <o diálogo% como método básico% arelação é orizontal onde educador e educandos se posicionam comosu&eitos do ato de conecimento! > critério de bom relacionamento é a totalidenti,cação com o po(o% sem o que a relação pedag$gica perdeconsist4ncia! 7limina)se% por pressuposto% toda relação de autoridade% sobpena de esta in(iabilizar o trabalo de conscientização% de #apro/imação deconsci4ncias#! "rata)se de uma #não)direti(idade#% mas não no sentido dopro'essor que se ausenta ?como em Eogers@% mas que permanece (igilantepara assegurar ao grupo um espaço umano para #dizer sua pala(ra#% parase e/primir sem se neutralizar!

Press(postos de aprendi)age  ) A pr$pria designação de #educação

problematizadora# como correlata de educação libertadora re(ela a 'orçamoti(adora da aprendizagem! A moti(ação se dá a partir da codi,cação deuma situação)problema% da qual se torna distância para analisá)lacriticamente! #7sta análise en(ol(e o e/erc*cio da abstração% atra(és daqual procuramos alcançar% por meio de representações da realidadeconcreta% a razão de ser dos 'atos!#

Aprender é um ato de conecimento da realidade concreta% isto é dasituação real (i(ida pelo educando% e s$ tem sentido se resulta de umaapro/imação cr*tica dessa realidade! > que é aprendido não decorre de umaimposição ou memorização% mas do n*(el cr*tico de conecimento% ao qual

se cega pelo processo de compreensão% re5e/ão e cr*tica! > que oeducando trans'ere% em termos de conecimento% é o que 'oi incorporado

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como resposta 3s situações de opressão ) ou se&a% seu enga&amento namilitância pol*tica!

&ani%esta*+es na pr,ti#a es#olar ) A pedagogia libertadora tem comoinspirador e di(ulgador Paulo -reire% que tem aplicado suas ideias

pessoalmente em di(ersos pa*ses% primeiro no Cile% depois na Z'rica! 7ntren$s% tem e/ercido uma in5u4ncia e/pressi(a nos mo(imentos populares esindicatos e% praticamente% se con'unde com a maior parte dase/peri4ncias do que se denomina #educação popular#! Ká di(ersos gruposdesta natureza que (4m atuando não somente no n*(el da prática popular%mas também por meio de publicações% com relati(a independ4ncia emrelação 3s ideias originais da pedagogia libertadora! 7mbora as 'ormulaçõeste$ricas de Paulo -reire se restrin&am 3 educação de adultos ou 3 educaçãopopular% em geral% muitos pro'essores (4m tentando colocá)las em práticaem todos os graus de ensino 'ormal!

! Tend-n#ia progressista libert,ria

Papel da es#ola ) A pedagogia libertária espera que a escola e/erça umatrans'ormação na personalidade dos alunos num sentido libertário eautogestionário! A ideia básica é introduzir modi,cações institucionais% apartir dos n*(eis subalternos que% em seguida% (ão #contaminando# todo osistema! A escola instituirá% com base na participação grupal% mecanismosinstitucionais de mudança ?assembléias% conselos% eleições% reuniões%associações etc!@% de tal 'orma que o aluno% uma (ez atuando nasinstituições #e/ternas#% le(e para lá tudo o que aprendeu! >utra 'orma deatuação da pedagogia libertária% correlata 3 primeira% é V apro(eitando amargem de liberdade do sistema ) criar grupos de pessoas com princ*pioseducati(os autogestionários ?associações% grupos in'ormais% escolasautogestionárias@! Ká% portanto% um sentido e/pressamente pol*tico% 3medida que se a,rma o indi(*duo como produto do social e que odesen(ol(imento indi(idual somente se realiza no coleti(o! A autogestão é%assim% o conte.do e o método resume tanto o ob&eti(o pedag$gico quantoo pol*tico! A pedagogia libertária% na sua modalidade mais conecidaentren$s% a #pedagogia institucional#% pretende ser uma 'orma deresist4ncia contra a burocracia como instrumento da ação dominadora do7stado% que tudo controla ?pro'essores% programas% pro(as etc!@% retirando a

autonomia!1

Conte$dos de ensino ) As matérias são colocadas 3 disposição do aluno%mas não são e/igidas! :ão um instrumento a mais% porque importante é oconecimento que resulta das e/peri4ncias (i(idas pelo grupo%especialmente a (i(4ncia de mecanismos de participação cr*tica!#Conecimento# aqui não é a in(estigação cogniti(a do real% para e/trairdele um sistema de representações mentais% mas a descoberta derespostas 3s necessidades e 3s e/ig4ncias da (ida social! Assim% osconte.dos propriamente ditos são os que resultam de necessidades e

12 < Bicel IR(. Peda!o!ia instotucional, la escuela acia la auto!esti*n.

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interesses mani'estos pelo grupo e que não são% necessária nemindispensa(elmente% as matérias de estudo!

&'todo de ensino ) D na (i(4ncia grupal% na 'orma de autogestão% que osalunos buscarão encontrar as bases mais satis'at$rias de sua pr$pria

SinstituiçãoB% graças 3 sua pr$pria iniciati(a e sem qualquer 'orma de poder! "rata)se de #colocar nas mãos dos alunos tudo o que 'or poss*(el= ocon&unto da (ida% as ati(idades e a organização% do trabalo no interior daescola ?menos a elaboração dos programas e a decisão dos e/ames quenão dependem nem dos docentes% nem dos alunos@#! >s alunos t4mliberdade de trabalar ou não% ,cando o interesse pedag$gico nadepend4ncia de suas necessidades ou das do grupo!

> progresso da autonomia% e/clu*da qualquer direção de 'ora do grupo% sedá num #crescendo#= primeiramente a oportunidade de contatos aberturas%relações in'ormais entre os alunos! 7m seguida% o grupo começa a se

organizar% de modo a que todos possam participar de discussões%cooperati(as% assembléias% isto é% di(ersas 'ormas de participação ee/pressão pela pala(ra quem quiser 'azer outra coisa% ou entra em acordocom o grupo% ou se retira! <o terceiro momento% o grupo se organiza de'orma mais e'eti(a e% ,nalmente% no quarto momento% parte para ae/ecução do trabalo!

Rela*!o pro%essor"al(no  ) A pedagogia institucional (isa #em primeirolugar% trans'ormar a relação pro'essor)aluno no sentido da não)direti(idade%isto é% considerar desde o in*cio a ine,cácia e a noci(idade de todos osmétodos 3 base de obrigações e ameaças#! 7mbora pro'essor e alunose&am desiguais e di'erentes% nada impede que o pro'essor se pona aser(iço do aluno% sem impor suas concepções e ideias% sem trans'ormar oaluno em #ob&eto#! > pro'essor é um orientador e um catalisador% ele semistura ao grupo para uma re5e/ão em comum!

:e os alunos são li(res 'rente ao pro'essor% também este o é em relação aosalunos ?ele pode% por e/emplo% recusar)se a responder uma pergunta%permanecendo em sil4ncio@! 7ntretanto% essa liberdade de decisão tem umsentido bastante claro= se um aluno resol(e não participar% o 'az porque nãose sente integrado% mas o grupo tem responsabilidade sobre este 'ato e (ai

se colocar a questão quando o pro'essor se cala diante de uma pergunta%seu sil4ncio tem um signi,cado educati(o que pode% por e/emplo% ser umaa&uda para que o grupo assuma a resposta ou a situação criada! <o mais%ao pro'essor cabe a 'unção de #conseleiro# e outras (ezes% de instrutor)monitor 3 disposição do grupo! 7m nenum momento esses papéis dopro'essor se con'undem com o de #modelo#% pois a pedagogia libertáriarecusa qualquer 'orma de poder ou autoridade!

Press(postos de aprendi)age ) As 'ormas burocráticas das instituiçõese/istentes% por seu traço de impessoalidade% comprometem o crescimentopessoal! A 4n'ase na aprendizagem in'ormal% (ia grupo% e a negação de

toda 'orma de repressão (isam 'a(orecer o desen(ol(imento de pessoasmais li(res! A moti(ação está% portanto% no interesse em crescer dentro da

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(i(4ncia grupal% pois supõe)se que o grupo de(ol(a a cada um de seusmembros a satis'ação de suas aspirações e necessidades!

:omente o (i(ido% o e/perimentado é incorporado e utilizá(el em situaçõesno(as! Assim% o critério de rele(ância do saber sistematizado é seu poss*(el

uso prático! Por isso mesmo% não 'az sentido qualquer tentati(a dea(aliação da aprendizagem% ao menos em termos de conte.do!

O(tras tend-n#ias pedag/gi#as #orrelatas  ) A pedagogia libertáriaabrange quase todas as tend4ncias anti)autoritárias em educação% entreelas% a anarquista% a psicanalista% a dos soci$logos% e também a dospro'essores progressistas! 7mbora <eill e Eogers não possam serconsiderados progressistas ?con'orme entendemos aqui@% não dei/am dein5uenciar alguns libertários% como Lobrot! 7ntre os estrangeiros de(emoscitar ;asquez e >ur entre os mais recentes% -errer Iuardia entre os maisantigos! Particularmente signi,cati(o é o trabalo de C! -reinet% que tem

sido muito estudado entre n$s% e/istindo inclusi(e algumas escolasaplicando seu método!1F

7ntre os estudiosos e di(ulgadores da tend4ncia libertária pode)se citarauricio "ragtemberg% apesar da t+nica de seus trabalos não serpropriamente pedag$gica% mas de cr*tica das instituições em 'a(or de umpro&eto autogestionário! 7m termos propriamente pedag$gicos% inclusi(ecom propostas e'eti(as de ação escolar% citamos iguel Ionzales Arroo!

F! Tend-n#ia progressista 0#r.ti#o"so#ial dos #onte$dos0

Papel da es#ola  ) A di'usão de conte.dos é a tare'a primordial! <ãoconte.dos abstratos% mas (i(os% concretos e% portanto% indissociá(eis dasrealidades sociais! A (alorização da escola como instrumento deapropriação do saber é o melor ser(iço que se presta aos interessespopulares% &á que a pr$pria escola pode contribuir para eliminar aseleti(idade social e torná)la democrática! :e a escola é parte integrante dotodo social% agir dentro dela é também agir no rumo da trans'ormação dasociedade! :e o que de,ne uma pedagogia cr*tica é a consci4ncia de seuscondicionantes ist$rico)sociais% a 'unção da pedagogia #dos conte.dos# édar um passo 3 'rente no papel trans'ormador da escola% mas a partir das

condições e/istentes! Assim% a condição para que a escola sir(a aosinteresses populares é garantir a todos um bom ensino% isto é% aapropriação dos conte.dos escolares básicos que tenam ressonância na(ida# dos átimos! 7ntendida nesse sentido% a educação é #uma ati(idademediadora no seio da prática social global#% ou se&a% uma das mediaçõespela qual o aluno% pela inter(enção do pro'essor e por sua pr$priaparticipação ati(a% passa de uma e/peri4ncia inicialmente con'usa e'ragmentada ?sincrética@% a uma (isão sintética% mais organizada euni,cada!1G

13

 <., a esse respeito, $NMDER$, para onde vo as peda!o!ias no7diretivasO14 < Dermeval $A%&AN&, Educa"o do senso comum consci)ncia ilos*ica, p.12QH uiomar N de BE, Ba!ist5rio de 1°

!rau..., p.2G, <arlos R. . <?RM, Educa"o e contradi"o elementos..., p.-.

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7m s*ntese% a atuação da escola consiste na preparação do aluno para omundo adulto e suas contradições% 'ornecendo le um instrumental% pormeio da aquisição de conte.dos e da socialização% para uma participaçãoorganizada e ati(a na democratização da sociedade!

Conte$dos de ensino  ) :ão os conte.dos culturais uni(ersais que seconstitu*ram em dom*nios de conecimento relati(amente aut+nomos%incorporados pela umanidade% mas permanentemente rea(aliados 'ace 3srealidades sociais! 7mbora se aceite que os conte.dos são realidadese/teriores ao aluno% que de(em ser assimilados e não simplesmenterein(entados% eles não são 'ecados e re'ratários 3s realidades sociais! <ãobasta que os conte.dos se&am apenas ensinados% ainda que bemensinados é preciso que se liguem% de 'orma indissociá(el% 3 suasigni,cação umana e social!

7ssa maneira de conceber os conte.dos do saber não estabelece oposição

entre cultura erudita e cultura popular% ou espontânea% mas uma relação decontinuidade em que% progressi(amente% se passa da e/peri4ncia imediatae desorganizada ao conecimento sistematizado! <ão que a primeiraapreensão da realidade se&a errada% mas é necessária 3 ascensão a uma'orma de elaboração superior% conseguida pelo pr$prio aluno% com ainter(enção do pro'essor!

A post(ra da pedagogia 0dos #onte$dos0  ) Ao admitir umconecimento relati(amente aut+nomo ) assume o saber como tendo umconte.do relati(amente ob&eti(o% mas% ao mesmo tempo% introduz apossibilidade de uma rea(aliação cr*tica 'rente a esse conte.do! Como%sintetiza :nders% ao mencionar o papel do pro'essor% trata)se% de um lado%de obter o acesso do aluno aos conte.dos% ligando)os com a e/peri4nciaconcreta dele ) a #ontin(idade mas% de outro% de proporcionar elementosde análise cr*tica que a&udem o aluno a ultrapassar a e/peri4ncia% osestere$tipos% as pressões di'usas da ideologia dominante ) é a r(pt(ra!

6essas considerações resulta claro que se pode ir do saber ao enga&amentopol*tico% mas não o in(erso% sob o risco de se a'etar a pr$pria especi,cidadedo saber e até cair)se numa 'orma de pedagogia ideol$gica% que é o que secritica na pedagogia tradicional e na pedagogia no(a!

&'todos de ensino  ) A questão dos métodos se subordina 3 dosconte.dos= se o ob&eti(o é pri(ilegiar a aquisição do saber% e de um saber(inculado 3s realidades sociais% é preciso que os métodos 'a(oreçam acorrespond4ncia dos conte.dos com os interesses dos alunos% e que estespossam reconecer nos conte.dos o au/*lio ao seu es'orço de compreensãoda realidade ?prática social@! Assim% nem se trata dos métodos dogmáticosde transmissão do saber da pedagogia tradicional% nem da sua substituiçãopela descoberta% in(estigação ou li(re e/pressão das opiniões% como se osaber pudesse ser in(entado pela criança% na concepção da pedagogiareno(ada!

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>s métodos de uma pedagogia cr*tico)social dos conte.dos não partem%então% de um saber arti,cial% depositado a partir de 'ora% nem do saberespontâneo% mas de uma relação direta com a e/peri4ncia do aluno%con'rontada com o saber e relaciona a prática (i(ida pelos alunos com osconte.dos propostos pelo pro'essor% momento em que se dará a #ruptura#

em relação 3 e/peri4ncia pouco elaborada! "al ruptura apenas é poss*(elcom a introdução e/pl*cita% pelo pro'essor dos elementos no(os de análise aserem aplicados criticamente 3 prática do aluno! 7m outras pala(ras% umaaula começa pela constatação da prática real% a(endo% em seguida% aconsci4ncia dessa prática no sentido de re'eri)la aos termos do conte.doproposto% na 'orma de um con'ronto entre a e/peri4ncia e a e/plicação dopro'essor! ;ale dizer= (ai)se da ação 3 compreensão e da compreensão 3ação% até a s*ntese% o que não é outra coisa senão a unidade entre a teoriae a prática!

Rela*!o pro%essor"al(no  V :e% como mostramos anteriormente% o

conecimento resulta de trocas que se estabelecem na interação entre omeio ?natural% social% cultural@ e o su&eito% sendo o pro'essor o mediador%então a relação pelica consiste no pro(imento das condições em quepro'essores e alunos possam colaborar para 'azer progredir essas trocas! >papel do adulto é insubstitu*(el% mas acentua)se também a participação doaluno no processo! >u se&a% o aluno% com sua e/peri4ncia imediata numconte/to cultural% participa na busca da (erdade% ao con'rontá)la com osconte.dos e modelos e/pressos pelo pro'essor! as esse es'orço dopro'essor em orientar% em abrir perspecti(as a partir dos conte.dos% implicaum en(ol(imento com o estilo de (ida dos alunos% tendo consci4ncia

inclusi(e dos contrastes entre sua pr$pria cultura e a do aluno! <ão secontentará% entretanto% em satis'azer apenas as necessidades e car4nciasbuscará despertar outras necessidades% acelerar e disciplinar os métodosde estudo% e/igir o es'orço do aluno% propor conte.dos e modeloscompat*(eis com suas e/peri4ncias (i(idas% para que o aluno se mobilizepara uma participação ati(a!

7(identemente o papel de mediação e/ercido em torno da análise dosconte.dos e/clui a não)direti(idade como 'orma de orientação do trabaloescolar% porque o diálogo adulto)aluno é desigual! > adulto tem maise/peri4ncia acerca das realidades sociais% dispõe de uma 'ormação ?ao

menos de(e dispor@ para ensinar% possui conecimentos e a ele cabe 'azera análise dos conte.dos em con'ronto com as realidades sociais! A não)direti(idade abandona os alunos a seus pr$prios dese&os% como se elesti(essem uma tend4ncia espontânea a alcançar os ob&eti(os da esperadosda educação! :abemos que as tend4ncias espontâneas e naturais não são otributárias das condições de (ida e do meio! <ão são su,cientes o amor% aaceitação% para que os ,los dos trabaladores adquiram o dese&o deestudar mais% de progredir é necessária a inter(enção do pro'essor parale(ar o aluna a acreditar nas suas possibilidades% a ir mais longe% aprolongar a e/peri4ncia (i(ida!

Press(postos de aprendi)age  ) Por um es'orço pr$prio% o aluno sereconece nos conte.dos e modelos sociais apresentados pelo pro'essor

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assim% pode ampliar sua pr$pria e/peri4ncia! > conecimento no(o seap$ia numa estrutura cogniti(a &á e/istente% ou o pro'essor pro(4 aestrutura de que o aluno ainda não dispõe! > grau de en(ol(imento naaprendizagem depende tanto da prontidão e disposição do aluno% quanto dopro'essor e do conte/to da sala de aula!

Aprender% dentro da (isão da pedagogia dos conte.dos% é desen(ol(er acapacidade de processar in'ormações e lidar com os est*mulos% doambiente% organizando os dados dispon*(eis da e/peri4ncia! 7mconsequ4ncia% admite)se o princ*pio da aprendizagem signi,cati(a quesupõe% como passo inicial% (eri,car aquilo que o aluno &á sabe! > pro'essorprecisa saber ?compreender@ o que os alunos dizem ou 'azem% o alunoprecisa compreender o que o pro'essor procura dizer)les! A trans'er4nciada aprendizagem se má a partir do momento da s*ntese% isto é% quando oaluno supera sua (isão parcial e con'usa e adquire uma (isão mais clara euni,cadora!

Eesulta com clareza que o trabalo escolar precisa ser a(aliado% não como &ulgamento de,niti(o e dogmático do pro'essor% mas como umacompro(ação para o aluno do seu progresso em direção a noções maissistematizadas!

&ani%esta*+es na pr,ti#a es#olar  ) > es'orço de elaboração de umapedagogia #dos conte.dos# está em propor modelos de ensino (oltadospara a interação conte.dos)realidades sociais portanto% (isando a(ançarem termos de uma articulação do pol*tico e do pedag$gico% aquele comoe/tensão deste ou se&a% a educação #a ser(iço da trans'ormação dasrelações de produção#! Ainda que a curto prazo se espere do pro'essormaior conecimento dos conte.dos de sua matéria e o dom*nio de 'ormasde transmissão% a ,m de garantir maior compet4ncia técnica% suacontribuição #será tanto mais se&a e,caz quanto mais se&a capaz decompreender os (*nculos de sua prática com a prática social global#% tendoem (ista ?!!!@ #a democratização da sociedade brasileira% o atendimento aosinteresses das camadas populares% a trans'ormação estrutural da sociedadebrasileira#!1R

6entro das linas gerais e/postas aqui% podemos citar a e/peri4ncia

pioneira% mas mais remota% do educador e escritor russo% aWarenWo! 7ntreos autores atuais citamos H! Carlot% :ucodolsWi% anacorda e% de maneiraespecial% I! :nders% além dos autores brasileiros que (4m desen(ol(endoin(estigações rele(antes% destacando)se 6erme(al :a(iani! Eepresentamtambém as propostas aqui apresentadas os in.meros pro'essores da redeescolar p.blica que se ocupam% competentemente% de uma pedagogia deconte.dos articulada com a adoção de métodos que garantam aparticipação do aluno que% muitas (ezes sem saber% a(ançam nademocratização e'eti(a do ensino para as camadas populares!

G! E %avor da pedagogia #r.ti#o"so#ial dos #onte$dos

15 Dermeval $aviani, Escola e democracia, p.8F

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Ka(erá sempre ob&eções de que estas considerações le(am a posturasantidemocráticas% ao autoritarismo% 3 centralização no papel do pro'essor e3 submissão do aluno!

as o que será mais democrático= e/cluir toda 'orma de direção% dei/ar

tudo 3 li(re e/pressão% criar um clima amigá(el para alimentar boasrelações% ou garantir aos alunos a aquisição de conte.dos% a análise demodelos sociais que (ão les 'ornecer instrumentos para lutar por seusdireitos[ <ão serão as relações democráticas no estilo não)direti(o uma'orma sutil de adestramento% que le(aria a rei(indicações sem conte.do[Eepresentam as relações não)direti(as as reais condições do mundo socialadulto[ :eriam capazes de promo(er a e'eti(a libertação do omem da suacondição de dominado[

0m ponto de (ista realista da relação pedag$gica não recusa a autoridadepedag$gica e/pressa na sua 'unção de ensinar! as não se de(e con'undir

autoridade com autoritarismo! 7ste se mani'esta no receio do pro'essor em(er sua autoridade ameaçada na 'alta de consideração para com o alunoou na imposição do medo como 'orma de tomar mais c+modo e menosesta'ante o ato de ensinar!

Além do mais% são incongruentes as dicotomias% tão di'undidas por muitoseducadores% entre #pro'essor)policial# e #pro'essor)po(o#% entre métodosdireti(os e não)direti(os% entre ensino centrado no pro'essor e ensinocentrado no estudante! Ao adotar tais dicotomias% amortece)se a presençado pro'essor como mediador pelos conte.dos que e/plicita% como se eles'ossem sempre imposições dogmáticas e que nada trou/essem de no(o!

7(identemente que% ao se ad(ogar a inter(enção do pro'essor% não se estáconcluindo pela negação da relação pro'essor)aluno! A relação pedag$gicaé uma relação com um grupo e o clima do grupo é essencial na pedagogia!<esse sentido% são bem)(indas as considerações 'ormuladas pela #dinâmicade grupo#% que ensinam o pro'essor a relacionar)se com a classe aperceber os con5itos a saber que está lidando com uma coleti(idade e nãocom indi(*duos isolados% a adquirir)se a con,ança dos alunos! 7ntretanto%mais do que restringir)se ao mal'adado #trabalo em grupo#% ou cair nailusão da igualdade pro'essor)aluno% trata)se de encarar o grupo)classe

como uma coleti(idade onde são trabalados modelos de interação como aa&uda m.tua% o respeito aos outros% os es'orços coleti(os% a autonomia nasdecisões% a riqueza da (ida em comum% e ir ampliando progressi(amenteessa noção ?de coleti(idade@ para 3 escola% a cidade% sociedade toda!

Por ,m% situar o ensino centrado no pro'essor e o ensino centrado no alunoem e/tremos opostos é quase negar a relação pedag$gica porque não áum aluno% ou grupo de alunos% aprendendo sozino% nem um pro'essorensinando para ás paredes! Ká um con'ronto do aluno entre sua cultura e aerança cultural da umanidade% entre seu modo de (i(er e os modelossociais dese&á(eis para um pro&eto no(o de sociedade! 7 á um pro'essor

que inter(ém% não para se opor aos dese&os e necessidades ou 3 liberdadee autonomia do aluno% mas para a&udá)lo a ultrapassar suas necessidades e

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criar outras% para ganar autonomia% para a&udá)lo no seu es'orço dedistinguir a (erdade do erro% para a&udado a compreender as realidadessociais e sua pr$pria e/peri4ncia!

L2H\<7>% José Carlos! "end4ncias pedag$gicas na prática escolar! 2n= ]]]]]]]] ! 6emocratização da 7scola P.blica V a pedagogia cr*tico)social dosconte.dos! :ão Paulo= Loola% 188! cap 1! Disponível em:

<http://www.ebah.com.br/content/AAAAehi!A"/libaneo#. Acesso em 15abr2$13.