2 - tratamento do acne
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Tratamento do Acne
1 - Objetivos do tratamento
O tratamento da acne procura corrigir os diferentes fatores que integram a sua
patogenia. Quatro objetivos fundamentais são a base das diferentes terapêuticas
utilizadas: corrigir a hiperqueratinização folicular, reduzir a população bacteriana,
diminuir a produção de sebo e eliminar a inflamação. Estas ações permitem, de um
modo geral, controlar todo o tipo de acne e evitar as recaídas.
Do ponto de vista do doente, os objetivos do tratamento da acne passam pela
prevenção e tratamento das lesões, redução do desconforto físico, melhoria da
aparência, prevenção da formação de cicatrizes e minimização do desenvolvimento de
consequências psicológicas.
O processo de tratamento da acne deve ser iniciado numa fase precoce da doença
para se evitar sequelas. Para além disso, este tratamento é prolongado, não se
podendo esperar que antes de 6 a 8 semanas sejam visíveis mais do que os resultados
iniciais.
Finalmente, dada a multiplicidade dos fatores envolvidos, tais como, a idade, sexo,
forma da doença e grau de gravidade, o tratamento da acne deve ser individualizado.
Na realidade, o sucesso de uma terapêutica num doente é, por vezes, o fracasso
noutro, pelo que deve ser feita uma cuidadosa e sábia seleção de tratamentos tópicos,
sistémicos ou de procedimentos vários, e ainda de cuidados complementares que vão
desde a higiene à camuflagem.
O profundo impacto social da acne justifica sempre a adoção de um tratamento
adequado. A sua ausência está associada a um sofrimento prolongado, por vezes de
décadas, e ainda a cicatrizes que podem perdurar toda a vida.
2 - Opções de tratamento tópico e sistémico
O tratamento tópico tem um papel importante em todos os doentes com acne,
estando indicado isoladamente nas formas leves a moderadas de acne ou como
adjuvantes de terapêuticas sistémicas, nas formas mais graves. Nenhuma das
diferentes substâncias ativas anti-acneicas disponíveis em formulações tópicas cobre
eficazmente todos os aspetos da fisiopatologia da acne, pelo que são frequentemente
usadas em combinação. De seguida, abordaremos as classes de medicamentos tópicos
prescritos mais frequentemente e as suas características.
Os retinóides tópicos são usados como primeira linha terapêutica na acne leve a
moderada. Devem ser instituídos precocemente e podem ser combinados com outros
produtos para maximizar a eficácia clínica. O seu mecanismo de ação consiste na
regularização da proliferação e diferenciação dos queratinócitos epidérmicos do
folículo pilossebáceo, impedindo a formação de microcomedões e consequente
evolução para comedões maduros e até lesões inflamatórias. Certos retinóides, em
particular o adapaleno, também possuem propriedades anti-inflamatórias diretas.
Indiretamente, no entanto, e com resultados menos brilhantes, os retinóides atuam
contra o P. acnes, alterando o ambiente folicular de forma a torná-lo menos
hospitaleiro para a bactéria. Outras ações incluem o aumento da penetração de outros
medicamentos e a possibilidade de, em uso continuado, manter a remissão da acne
pela inibição de novas lesões retencionais.
Os retinóides tópicos disponíveis em Portugal são o adapaleno em creme e gel, a
tretinoína em creme e solução e a isotretinoína em gel, para além de combinações
com o peróxido de benzoílo. A isotretinoína e a tretinoína têm atividade comedolítica
semelhante, embora com potenciais efeitos adversos, como irritação, intolerância
solar e secura cutânea. O adapaleno, ainda que potencialmente irritante no início do
tratamento, apresenta melhor perfil de tolerabilidade, com ação comedolítica similar à
da isotretinoína e à da tretinoína.
Apesar de vários estudos indicarem uma baixa ou negligenciável taxa de absorção
transcutânea destes medicamentos, a teratogenicidade dos retinóides, como grupo,
interdita o seu uso na grávida e condiciona-o durante a amamentação.
Os antibióticos atuam em dois dos fatores etiopatogénicos da acne: diminuindo a
colonização pelo Propionibacterium acnes e a inflamação, através de mecanismos
diversos que incluem a redução da quimiotaxia dos neutrófilos, da produção de
citocinas ou de ácidos gordos livres no folículo piloso.
A principal indicação dos antibióticos tópicos é a acne inflamatória ligeira, em que
apesar de um lento início de ação são, em geral, bem tolerados. Uma importante
preocupação relacionada com o uso de antibióticos tópicos, especialmente por
períodos prolongados para a acne, é a emergência de estirpes bacterianas resistentes.
Para minimizar este aspeto, os antibióticos devem ser usados com contenção, ser
interrompidos assim que houver melhoria clínica evidente e suspendidos ou
substituídos, se ineficazes, após 6 a 8 semanas de aplicação regular. Os antibióticos
tópicos disponíveis em Portugal são a clindamicina em gel e solução e a eritromicina
em creme e solução, para além de associações com um retinóide ou com o peróxido
de benzoílo.
Outros antimicrobianos, não antibióticos, podem ser utilizados no tratamento tópico
da acne.
O peróxido de benzoílo é um fármaco com eficácia e segurança extensamente
documentadas, sendo utilizado no tratamento da acne desde há mais de 70 anos. Este
antimicrobiano tem vindo a ser usado com crescente frequência na acne inflamatória
ligeira a moderada, em detrimento dos antibióticos tópicos. Tem ação antimicrobiana,
com eficácia equivalente à dos antibióticos tópicos, possivelmente bactericida, bem
como ação comedolítica ligeira.
Contrariamente aos antibióticos não está associado ao desenvolvimento de
resistências bacterianas pelo que a sua eficácia é mantida ao longo do tempo. Em
Portugal, o peróxido de benzoílo é comercializado isoladamente em gel e líquido
cutâneo e em associação com o adapaleno, o que permite a cobertura de quase todos
os fatores etiopatogénicos, ou com antibióticos pelo efeito sinérgico e pela prevenção
do desenvolvimento de resistências microbianas.
O ácido azeláico tem uma ação moderada na diminuição da população bacteriana e no
processo inflamatório, tendo reduzida atividade comedolítica. Pode ser utilizado na
acne papulopustular e em terapêutica de manutenção, como adjuvante dos anti-
acneicos de primeira linha.
Nas situações mais graves de acne, para além da terapêutica tópica, também é
recomendada a realização de um tratamento sistémico. Os antibióticos orais estão
indicados na acne inflamatória moderada a grave. Têm um início de ação mais rápido
que os antibióticos tópicos e são igualmente bem tolerados. As tetraciclinas
(minociclina e doxiciclina) são os antibióticos de primeira linha, dadas as suas
vantagens em termos de eficácia, segurança e resistências microbianas. Os macrólidos
(eritromicina, azitromicina e, eventualmente, a claritromicina) têm problemas de
tolerabilidade e uma eficácia cada vez mais limitada dada a frequência crescente de
estirpes resistentes de P. acnes, pelo que devem ser reservados para os casos de
intolerância ou contra-indicação para as tetraciclinas. As quinolonas, cotrimoxazol e o
trimetroprim são tratamentos de 3ª linha.
A antibioterapia oral na acne, tal como a tópica, tem suscitado questões importantes
de saúde pública, decorrentes da emergência de resistências bacterianas associadas à
prescrição de antibióticos numa doença tão prevalente. No próximo tópico teremos
oportunidade de abordar esta questão de forma mais aprofundada.
Os retinóides orais cingem-se à isotretinoína que atua em todos os fatores
fisiopatológicos da acne. A sua principal indicação é a acne nódulo-quistica ou a acne
moderada a grave que não responde ou recidiva logo após tratamento tópico e/ou
com antibióticos sistémicos. Está também indicada na acne com tendência a evolução
cicatricial e quando é grande o impacto psicológico. A terapêutica com isotretinoína é
altamente eficaz, embora possa haver uma fase inicial de agravamento das lesões. Os
efeitos secundários são frequentes, mas controláveis. A principal preocupação resulta
do seu elevado potencial teratogénico durante o tratamento e nas 6 semanas após a
sua conclusão, pelo que na mulher este tratamento deve ser associado a uma
contraceção eficaz. Deverá ser evitada a sua associação a tópicos irritantes e a
tetraciclinas orais.
A terapêutica hormonal pode ser usada para reduzir a atividade androgénica a nível da
glândula sebácea e do folículo piloso, responsável pelo aumento das dimensões e
atividade dos sebócitos e, diretamente ou através da modificação dos lípidos do sebo,
pelas alterações da queratinização e descamação a nível do epitélio infundibular. As
principais indicações para um tratamento hormonal na acne são: mulheres com
agravamento pré-menstrual, mulheres com acne na idade adulta, envolvendo
preferencialmente a metade inferior da face e pescoço, mulheres em qualquer idade
com acne associada a seborreia, hirsutismo e irregularidades do ciclo menstrual, com
ou sem hiperandrogenismo e jovens sexualmente ativas com acne inflamatória.
Finalmente, pode ainda recorrer-se ao tratamento cirúrgico para a correção de
cicatrizes e controlo da acne ativa. Existem vários métodos terapêuticos, que devem
ser avaliados numa base caso-a-caso e por médicos especialistas.
3 - Resistência antibiótica
A antibioterapia na acne tem suscitado questões importantes de saúde pública,
decorrentes da emergência de resistências bacterianas associadas à prescrição de
antibióticos numa doença tão prevalente. Entre 1978 e 1996 a taxa de resistência do P.
acnes aumentou de 20% para 62%. Este problema é agravado pela prescrição
prolongada de antibióticos quer tópicos quer sistémicos em doses reduzidas, abaixo
das concentrações inibitórias mínimas. A emergência de estirpes resistentes de P.
acnes, notória após a utilização indiscriminada dos antibióticos tópicos, associa-se a
menor eficácia ou insucesso terapêutico. O gráfico do slide ilustra a redução da
resposta clínica à eritromicina tópica ao longo dos anos. É visível um enorme declínio
da sua eficácia perante as lesões não inflamatórias e inflamatórias.
Para além do insucesso terapêutico, outros problemas como a transferência de
resistências à flora comensal ou mesmo a espécies bacterianas patogénicas, como o
MRSA, não podem ser ignorados.
De forma a limitar o aparecimento das resistências aos antibióticos e tentar controlar
esta problemática de saúde pública, deve ter-se em conta as seguintes
recomendações:
• Os antibióticos não devem nunca ser indicados em monoterapia;
• A prescrição oral deve ser limitada no tempo: não mais de seis meses,
preferencialmente até 3 meses em terapêutica contínua;
• Recomendam-se períodos de 6 a 8 semanas para a antibioterapia tópica, que deve
ser interrompida sempre que não haja progressão na melhoria clínica;
• Nas recidivas deve voltar a utilizar-se o mesmo antibiótico;
• Nunca se deve associar o mesmo produto por via tópica e oral.
A terapêutica combinada, seja com retinóides tópicos ou peróxido de benzoílo, em
função das indicações, deve ser a regra, pois demonstrou-se que previne ou minimiza a
emergência de resistências.
4 - Algoritmo de tratamento da acne vulgar
Neste tópico, apresentaremos o algoritmo de tratamento da acne vulgar revisto em
2009 pela Global Alliance to Improve Outcomes in Acne, um grupo de trabalho
internacional que se tem dedicado à investigação da etiopatogenia e terapêutica da
acne, e adaptado ao nosso país em 2011 pelo Portuguese Acne Advisory Board (PAAB).
Este algoritmo sistematiza o tratamento adequado a cada tipo de acne vulgar
(comedónica, pápulo-pustulosa ou nódulo-quística, com diferentes graus de
gravidade), sendo um instrumento valioso para a seleção da terapêutica da maior
parte dos doentes com acne.
O tratamento tópico é a primeira escolha para as formas não inflamatórias de acne e
para a inflamatória ligeira. Pela sua ação multifatorial, os retinóides tópicos estão
indicados em todas as apresentações clínicas, com a exceção das formas que
justifiquem a prescrição de isotretinoína oral. São também a base do tratamento de
manutenção. Ao peróxido de benzoílo é atribuído um papel predominante na
terapêutica antimicrobiana, na tentativa de minimizar a resistência bacteriana
associada aos antibióticos tópicos.
No caso de uma acne comedónica ligeira ou moderada, é adequado o uso de
retinóides tópicos ou, alternativamente, de peróxido de benzoílo. Se esta for extensa
ou macrocomedónica, para além dos retinóides tópicos, poderá recorrer-se a
procedimentos cirúrgicos ou à isotretinoína oral.
Na acne pápulo-pustulosa, na sua vertente ligeira, é igualmente adequado o uso de
retinóides tópicos, juntamente com ou em alternativa ao peróxido de benzoílo. Em
alguns casos, pode ser útil o recurso a um antibiótico tópico.
Na acne pápulo-pustulosa moderada a grave, para além dos retinóides tópicos e/ou
peróxido de benzoílo, pode ser prescrita antibioterapia oral ou isotretinoína oral. À
semelhança do mencionado para a acne pápulo-pustulosa ligeira, o uso de antibiótico
tópico pode ser considerado, ainda que não seja terapêutica de 1ª linha, dado o seu
lento início de ação e a propensão para originar resistências microbianas.
Finalmente, nos doentes com acne nódulo-quística ligeira a moderada, deverá
associar-se um retinóide tópico com um antibiótico oral. De acordo com o algoritmo
da Global Alliance, a adição do peróxido de benzoílo também é útil. Alternativamente a
esta combinação terapêutica, pode optar-se pela realização de procedimentos
cirúrgicos ou pela prescrição de isotretinoína oral.
Nos casos graves deste tipo de acne deverá escolher-se um tratamento mais agressivo,
também com procedimentos cirúrgicos, quando indicado, e isotretinoína oral.
5 - Tratamento de manutenção
Durante um tratamento anti-acneico eficaz, a formação de microcomedões é reduzida
significativamente. No entanto, estes tendem a reaparecer após interrupção
prolongada da terapêutica. Por esta razão, é recomendada a realização de tratamento
de manutenção para prevenir o surgimento de recidivas. Tal como já tivemos
oportunidade de referir, os retinoides tópicos são os principais agentes indicados para
este tratamento de manutenção, uma vez que inibem novas lesões retencionais. O
algoritmo internacional do grupo Global Alliance prevê que estes possam ser utilizados
isoladamente nos casos ligeiros mas em combinação com o peróxido de benzoílo nos
casos moderados a graves de acne vulgar. Os peelings químicos e os produtos
contendo ácidos azelaico, glicólico ou salicílico podem também ter utilidade na fase de
manutenção.
Educação do Doente e Cuidados Complementares
1 - Adesão à terapêutica e educação do doente
Para que o tratamento da acne seja bem sucedido, é fundamental educar os doentes
sobre esta doença e sobre a terapêutica selecionada e gerir as suas expectativas. Por
exemplo, é importante que o doente esteja ciente do tempo normalmente necessário
para que sejam observados resultados significativos (geralmente algumas semanas de
uso consistente). Adicionalmente, os doentes devem ser informados sobre o risco da
acne se agravar no início do tratamento, para que não considerem a terapêutica
ineficaz e a abandonem.
A importância da adesão à terapêutica e da fase de manutenção deve ser realçada e os
doentes devem ser ensinados a usar adequadamente a medicação que lhes foi
prescrita ou recomendada.
Por outro lado, não podemos esquecer que a acne está associada a perturbações
emocionais, uma vez que geralmente se manifesta primariamente no rosto e na altura
da adolescência, em que os doentes são particularmente sensíveis às críticas dos seus
pares. É, assim, importante para os doentes que se sentem angustiados, deprimidos,
isolados ou ansiosos que os profissionais de saúde os confortem e que reconheçam
que estes sentimentos são comuns. Sempre que possível, deve ser estabelecida uma
relação de confiança entre o doente e o seu médico ou farmacêutico.
Finalmente, os doentes devem ser aconselhados sobre os cuidados complementares
que podem adotar, nomeadamente de limpeza e protecção da pele.
Na sociedade moderna estão amplamente difundidos vários mitos e preconceitos
sobre a acne que devem ser desconstruídos. Desde logo, importa desmistificar junto
dos doentes e dos seus cuidadores que a acne não surge devido a falta de higiene da
pele. Aliás, limpezas muito frequentes ou a utilização de produtos muito agressivos
podem mesmo agredir a pele e conduzir a um aumento do número de lesões. Logo, é
necessário encontrar um equilíbrio: a limpeza do rosto de manhã e/ou à noite com um
cuidado suave e adaptado a peles acneicas é um gesto de higiene suficiente.
Outro dos mitos recorrentes é o de que a acne é uma doença contagiosa, o que não se
verifica. O que também não está comprovado é que haja uma relação direta entre o
consumo de chocolate e o aparecimento de lesões acneicas. No entanto, como
referiremos de seguida, a relação desta doença com a dieta ainda não é totalmente
compreendida, pelo que quando o doente se apercebe que determinado alimento
agrava a sua condição deve evitá-lo.
O benefício da exposição solar, algumas vezes aclamado, é aparente e devido à
camuflagem das lesões pelo bronzeamento. Na verdade, a exposição ao sol poderá
mesmo piorar a doença após alguns dias, devido ao aumento da produção de
oleosidade e da espessura da epiderme o que contribui para a obstrução dos poros.
As alterações hormonais próprias da puberdade estão implicadas na patogénese da
acne, mas não a prática sexual ou estilo de vida dos adolescentes (discotecas, poucas
horas de sono, falta de atividade ao ar livre).
Finalmente, o ato de espremer borbulhas leva ao rompimento das lesões acneicas e
pode aumentar a sua inflamação, pelo que não é aconselhável. Os comedões podem
ser extraídos mas de forma controlada, pelo dermatologista.
Assim como existem teorias falsas sobre a acne, também existem argumentos, pois
foram comprovados cientificamente.
Em relação à alimentação, tem sido observado pelos investigadores que a acne é mais
prevalente nas sociedades ocidentais industrializadas do que nas menos
desenvolvidas. Alimentos refinados e com mais açúcar parecem desencadear esta
doença e, mais recentemente, foi observada uma associação entre a quantidade de
leite e lacticínios ingeridos na adolescência e a prevalência de acne em mulheres
jovens. Pelo contrário, o consumo de peixe parece ter um efeito protetor. A
comunidade dermatológica discute há muito tempo a solidez da relação entre a acne e
a alimentação, que só vai sendo compreendida à medida que estudos robustos sobre
este assunto vão sendo realizados. Na dúvida, o doente deve ser aconselhado a evitar
um alimento quando se apercebe que o mesmo agrava a sua condição.
Relativamente ao stress, uma relação causal entre este e a acne é alegada desde há
longa data. Dois estudos recentes mostraram uma associação positiva entre o
agravamento da acne e o stress dos estudantes em altura de exames, por libertação de
androgénios fracos.
Outro facto observado nas mulheres é uma exacerbação pré-menstrual da doença que
se deve à diminuição da abertura dos folículos pilossebáceos dois dias antes do início
do período menstrual (mais frequente nas mulheres com mais de 33 anos).
Finalmente, outro facto é a possibilidade de alguns medicamentos como os corticóides
ou a isoniazida e de cosméticos oleosos e oclusivos poderem desencadear a acne, tal
como foi referido no tópico da classificação clínica.
2 - Papel dos produtos cosméticos na terapêutica da acne
Os produtos cosméticos devem ser considerados não como agentes terapêuticos mas
como um complemento ao tratamento da acne. A limpeza, a hidratação e a
fotoproteção da pele são cuidados complementares essenciais ao sucesso da
terapêutica da acne, pois, de forma geral, permitem aumentar a eficácia do
tratamento, melhoram os resultados visíveis, reduzem os efeitos indesejáveis e
melhoram a qualidade de vida do doente.
Diversos produtos cosméticos podem ser úteis a um doente com acne. Os produtos de
limpeza ajudam a eliminar as impurezas, a remover o excesso de oleosidade da pele e
melhoram a sua permeabilidade aos tratamentos tópicos. Os doentes com acne devem
optar por agentes de limpeza suaves e sem álcool.
As emulsões ou cremes hidratantes são úteis para prevenir ou compensar o potencial
efeito irritante da terapêutica tópica ou sistémica, sendo, neste caso, particularmente
indicados os produtos sem óleo e não comedogénicos.
Os hidratantes labiais ajudam a compensar a eventual queilite causada por retinóides
sistémicos. Os produtos de maquilhagem, desde que não comedogénicos nem
oclusivos, podem ser usados para camuflagem das imperfeições, o que pode melhorar
de forma significativa a qualidade de vida do doente.
Os protetores solares são aconselhados durante todo o ano e obrigatórios quando
existem tratamentos fotossensibilizantes. Ajudam a prevenir o aparecimento de
cicatrizes e protegem a pele das radiações ultravioleta. Alguns produtos que incluem
na sua formulação o retinol ou o retinaldeído e com ação queratolítica moderada
também podem ser úteis.
3 - A gama Cetaphil
A Galderma conta no seu portefólio com uma linha de cosméticos adequados a peles
sensíveis ou com patologia. A gama Cetaphil conta com mais de 60 anos no mercado
farmacêutico, tem integrado variados estudos científicos e é a marca de loções de
limpeza e hidratantes mais recomendada pelos pediatras e dermatologistas norte-
americanos.
Em Portugal, a gama Cetaphil conta com 3 produtos para um cuidado completo da
pele: a loção de limpeza, o creme hidratante e um protetor solar. Todos os produtos
são não comedogénicos, não irritantes e sem perfume, sendo muito bem tolerados por
peles secas e sensíveis como as sujeitas a tratamento anti-acneico.
A loção de limpeza Cetaphil é livre de sabão, é suave e mantém o pH da pele
equilibrado. O creme hidratante Cetaphil restaura a função de barreira da pele e
proporciona uma hidratação rápida e de longa duração. Finalmente, o Cetaphil
UVA/UVB Defense é resistente à água e confere uma proteção muito elevada contra a
radiação UVA (fator 28) e UVB (SPF de 50+).