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Manual de Procedimentos para Elaboração de Projectosde Cooperação
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2009
Manual de Procedimentos para Elaboração de Projectos de Cooperação
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Índice
Prefácio ........................................................................................................................................ 5Acrónimos .................................................................................................................................... 7Alguns Conceitos ........................................................................................................................ 9Preâmbulo ................................................................................................................................. 12Primeira Parte - Informação Geral sobre Concursos ............................................................... 131. Introdução ............................................................................................................................. 152. Considerações preliminares para candidaturas de sucesso ............................................... 162.1. Ciclo de aprovação do projecto ......................................................................................... 16
2.2. Preparação para a proposta de projecto ...................................................................... 172.3. Aspectos a considerar na elaboração de propostas ..................................................... 182.4. Aspectos a considerar para o sucesso das propostas ................................................... 26
Segunda Parte - Estratégias de cooperação dos principais doadores .................................... 293. Sintese dos programas e inicativas ..................................................................................... 304. Fund o Global para o Ambiente (GEF) ................................................................................. 30
4.1. Prioridades e linhas de intervenção .............................................................................. 334.2. Ciclo de Proposta GEF .................................................................................................... 344.3. Considerações para a elaboração de propostas GEF .................................................... 364.4. Requisitos específicos por tipo de projecto .................................................................. 384.5. Fundos específicos relativos a alterações climáticas .................................................... 40
5. Acordos Multilaterais de Ambiente ..................................................................................... 435.1. Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (CQNUAC) ..... 445.2. Convenção sobre Diversidade Biológica e Protocolo de Cartagena ........................... 505.3. Convenção sobre o Combate à Desertificação nos Países Afectados por Seca Grave e/ou Desertificação, em Particular África ............................................................................... 535.4. Convenção de Viena para a Protecção da Camada de Ozono e Protocolo de Montreal sobre as Substâncias que Empobrecem a Camada de Ozono ............................ 565.5. Convenção sobre o Movimento Transfronteiriço de Resíduos Perigosos e sua Eliminação (Convenção de Basileia) ..................................................................................... 575.6. Convenção sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (Convenção de Estocolmo) ....... 585.7. Convenção sobre o Direito do Mar (Convenção de Montevideu) ............................... 59
6. PNUD e PNUA ........................................................................................................................ 616.1. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) ................................. 62
6.1.1 Estratégias e quadros de intervenção para o desenvolvimento sustentável ........ 646.1.2 Governação do sector da água ................................................................................ 67
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
6.1.3. Conservação e uso sustentável da biodiversidade ................................................ 696.1.4. Gestão sustentável dos solos para combater a sua degradação e a desertificação ....716.1.5. Acesso a serviços energéticos sustentáveis ............................................................ 726.1.6. Políticas e planeamento nacional / sectorial para o controle das emissões de substâncias que reduzem a camada de ozono e poluentes orgânicos persistentes ..... 75
6.2. Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) .............................................. 756.2.1. Objectivos, prioridades e linhas de intervenção.................................................... 756.2.2. Outros Mecanismos de Apoio................................................................................. 77
7. União Europeia e Comissão Europeia ................................................................................. 797.1 Objectivos, prioridades e linhas de intervenção ........................................................... 797.2. Instrumentos de Financiamento .................................................................................... 80
7.2.1.Programa Temático para o Ambiente e a Gestão Sustentável dos Recursos Naturais incluindo a Energia ............................................................................................ 807.2.2. Iniciativa da União Europeia para a Água ............................................................. 837.2.3. Iniciativa da União Europeia para a Energia ......................................................... 867.2.4. Investigação e Desenvolvimento – 7º Programa Quadro de Apoio ..................... 88
8. Banco Mundial ...................................................................................................................... 928.1 Objectivos, prioridades e linhas de intervenção ........................................................... 928.2. Programas Promovidos pelo Banco Mundial ................................................................ 94
8.2.1. Fundo do Protocolo de Montreal ........................................................................... 948.2.2.Fundo para gestão de Poluentes Orgânicos Persistentes (POP) ............................ 968.2.3. Financiamento de Carbono (Carbon Finance - CFU) ............................................. 97
8.3. Outras Parcerias e Iniciativas do Banco Mundial .......................................................... 989. Banco Africano de Desenvolvimento ................................................................................ 100
9.1 Objectivos, prioridades e linhas de intervenção ......................................................... 1009.2 Mecanismos de Financiamento Específicos ................................................................. 103
9.2.1 Facilidade Africana para a Água (African Water Facility - AWF) ........................ 1039.2.2. Fundo para a floresta da Bacia do Congo (Congo Basin Forest Fund - CBFF) ... 105
10. Banco Asiático ................................................................................................................... 10610.1 Objectivos, prioridades e linhas de intervenção ....................................................... 10610.2. Mecanismos de Financiamento Especificos .............................................................. 106
10.2.1.Programa Pobreza e Ambiente ........................................................................... 10710.2.2. Programa de Financiamento da Água (Water Financing Program) ................. 10810.2.3. Parceria para o financiamento de energia limpa (Clean Energy Financing Partnership Facility) ......................................................................................................... 10910.2.4.Energias Renováveis, Eficiência Energética e Alterações Climáticas (Renewable Energy, Energy Efficiency, and Climate Change - REACH) ............................................ 11010.2.5. Iniciativa Mercado de Carbono (Carbon Market Initiative) .............................. 111
Anexo - Quadro Resumo dos programas e iniciativas focadas .......................................... 113Anexo à secção GEF ............................................................................................................... 117Anexo à secção AMA ............................................................................................................. 135Anexo à secção União Europeia e Comissão Europeia ......................................................... 141
Prefácio
A crescente globalização dos problemas ambientais e a cada vez maior
interdependência entre os diferentes actores da comunidade internacional, tem
contribuído para que a cooperação para o desenvolvimento se transforme numa
ferramenta fundamental para a resolução desses mesmos problemas. A procura e
a mobilização de recursos para apoiarem a cooperação são temas recorrentes nas
negociações internacionais sobre desenvolvimento.
Um maior conhecimento das oportunidades de financiamento existentes e da melhor
forma de lhes aceder potenciarão, estamos certos, um assegurado êxito na obtenção
dos apoios necessários a uma mais eficiente gestão dos actuais desafios globais em
matéria de ambiente e ordenamento do território.
Assim, por ocasião do 3.º Encontro Lusófono Ambiente e Território, que junta em
Lisboa, responsáveis das áreas do Ambiente, Ordenamento do Território e Cartografia
e Cadastro, o Gabinete de Relações Internacionais (GRI) do Ministério do Ambiente,
do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, publica este Manual
de Procedimentos para a Elaboração de Projectos de Cooperação, que pretende ser
um instrumento de trabalho útil e eficaz para os países de língua oficial Portuguesa.
Alexandra Ferreira de Carvalho
Directora do GRI
do Departamento de Prospectiva e Planeamento
e Relações Internacionais
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Acrónimos
AAE Avaliação Ambiental Estratégica
ACoop Agências de Cooperação
ACTF Áreas de Conservação Transfronteiriça
AMA Acordos Multilaterais de Ambiente
AND Autoridade Nacional Designada
BAD Banco Asiático de Desenvolvimento
BAfD Banco Africano de Desenvolvimento
BM Banco Mundial
BPG Bens Públicos Globais
CDB Convenção sobre Diversidade Biológica
CE Comissão Europeia
CITES Convenção Internacional de Comércio de Espécies Ameaçadas
CMS Convenção sobre Espécies Migratórias
CNUCD Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação
CPLP Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa
CQNUAC Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas
DCP Documento de concepção do projecto
DFID Agência de Cooperação do Reino Unido
ECOFACEcossistemas Florestais da África Central (Ecosystèmes forestiers d’Afrique centrale)
EIA Estudo de Impacte Ambiental
EOD Entidade Operacional Designada
EPANBEstratégia e Plano de Acção Nacionais para a Biodiversidade (National Biodiversity Strategy and Action Plan – no âmbito da CDB)
ETA Estação de Tratamento de Águas
ETAR Estação de Tratamento de Águas Residuais
FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
FED Fundo Europeu de Desenvolvimento
FIDA Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola
FLEGTPlano de Acção da União Europeia para a aplicação da legislação, a governação e o comércio no sector florestal
FNUAP Fundo das Nações Unidas de Apoio à População
GEE Gases com Efeito de Estufa
GEF Fundo Ambiental Global (Global Environment Facility)
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Alguns Conceitos
Problemas ambientais à escala global – este tipo de problemas pode subdividir-se em três
categorias:
1. Problemática dos componentes dos sistemas da Terra, cuja resolução requer acções
coordenadas de todos os países e que inclui:
• Alterações climáticas1;
• Redução da camada de ozono;
• Perda de certos elementos da biodiversidade como recursos genéticos de importância
mundial ou espécies migratórias;
• Acumulação de poluentes orgânicos persistentes (POP).
2. Degradação dos recursos naturais, que embora sejam de natureza regional ou nacional,
requerem acções coordenadas a nível internacional:
• Degradação de águas internacionais e ecossistemas marinhos;
• Poluição atmosférica de longo alcance (transfronteiriça);
• Degradação de terras e desertificação;
• Degradação e perda de recursos florestais.
3. Regulação de comércio internacional/movimentos transfronteiriços, a qual tem sido
reforçada por Acordos Multilaterais de Ambiente (AMA) dos quais se destacam:
• Movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos e sua eliminação – Convenção de
Basileia;
• Comércio internacional de produtos químicos e pesticidas perigosos – Convenção
Procedimento de Prévia Informação e Consentimento (PIC);
• Comercialização de espécies ameaçadas de extinção e de outras que possam vir a
ser ameaçadas de extinção como consequência dessa comercialização – Convenção
CITES;
• Biossegurança (protecção no domínio da transferência, manipulação e utilização
seguras de organismos vivos modificados resultantes da biotecnologia moderna
que possam ter efeitos adversos para a conservação e a utilização sustentável da
diversidade biológica, tendo igualmente em conta os riscos para a saúde humana) –
Protocolo de Cartagena;
Neste âmbito é ainda de destacar o grave problema da Biopirataria (contrabando de espécies
de flora e fauna, apropriação e monopolização de recursos genéticos desrespeitando as
culturas e conhecimentos tradicionais ou sem proceder à partilha de benefícios) que ainda
não tem um acordo multilateral específico.
Serviços fornecidos pelos ecossistemas – os serviç os fornecidos pelos ecossistemas e dos quais
depende o desenvolvimento incluem a purificação da água e do ar, a conservação do solo,
o controlo de doenças e pragas, a redução da vulnerabilidade aos desastres naturais como
1 Cerca de 75% dos gases com efeito de estufa têm sido emitidos pelos países industrializados e ainda hoje as emissões per capita são 5 vezes mais baixas nos países em desenvolvimento que nos países industrializados (fonte: Banco Mundial).
GEPE Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística
GRIGabinete de Relações Internacionais do Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional de Portugal
HIV/SIDAVírus da Imunodeficiência Humana / Sindroma da Imunodeficiência Adquirida
IPAD Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento
MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
NCSAAuto-avaliação de Capacidades Institucionais (National Capacity Self-Assessment)
NEPAD Nova Parceria para o Desenvolvimento de África
NORADAgência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (Norwegian Agency for Development Cooperation)
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
ODM Objectivos de Desenvolvimento do Milénio
ODS Substâncias que Deterioram a Camada de Ozono
OMS Organização Mundial de Saúde
ONG Organização Não Governamental
OSC Organização da Sociedade Civil
PALOP Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa
PALOP+TL Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa+Timor Leste
PANAPlano de Acção Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas, no âmbito do Protocolo de Quioto
PD Países em Desenvolvimento
PEI Iniciativa Pobreza Ambiente (Poverty Environment Initiative)
PIB Produto Interno Bruto
PIC Procedimento de Prévia Informação e Consentimento
PNUA Programa das Nações Unidas para o Ambiente
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
POP Poluente Orgânico Persistente
RCE Reduções Certificadas de Emissões
RVE Reduções Verificadas de Emissões
SADC Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral
SAICM Abordagem Estratégica à Gestão Internacional de Químicos
SARDCCentro de Investigação e Documentação da África Austral (Southern African Research and Documentation Centre)
UE União Europeia
UICN União Internacional para a Conservação da Natureza
WWF Fundo Mundial para a Natureza (World Wildlife Fund for Nature)
ZEE Zona Económica Exclusiva
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Gases com efeito de estufa (GEE) e alterações climáticas – Os GEE são substâncias gasosas
que absorvem parte da radiação infra-vermelha, emitida principalmente pela superfície
terrestre, e dificultam a sua libertação para o espaço. Isto impede que ocorra libertação
de calor para o espaço e a Terra mantém-se a uma temperatura mais elevada, como
numa estufa. O efeito de estufa é um fenómeno natural e indispensável para a vida no
planeta, tal como a conhecemos hoje. Se não existisse efeito de estufa a temperatura
média da Terra seria 33ºC mais baixa. No entanto, se o efeito de estufa aumenta, aumenta
também a temperatura média na superfície do planeta e o nível do mar, o que pode
levar ao desequilíbrio do clima (de forma diferente em diferentes pontos da Terra), torna
mais fortes e frequentes as condições extremas – secas e cheias, pode originar a fusão de
glaciares3,–, ou seja, produzem-se as alterações climáticas. Os principais gases responsáveis
pelo efeito de estufa são: o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O),
perfluorcarbonetos (PFC), os hidrofluorcarbonetos (HFC), SF6 (hexafluoreto de enxofre) e o
ozono (troposférico). Uma vez que nem todos estes gases contribuem da mesma forma para
o efeito de estufa, estabeleceu-se uma medida padrão para avaliar as emissões de cada um e
do conjunto destes gases, o CO2 equivalente. O CO2 equivalente é calculado multiplicando-se
a quantidade de emissões de um determinado gás pelo seu efeito no clima – por exemplo:
o metano contribui 21 vezes mais do que o CO2 para o efeito estufa, pelo que 1 tonelada de
metano corresponde a 21 toneladas de CO2 equivalente.
Adaptação às alterações climáticas – inclui todas as acções que contribuem para que a
população e os ecossistemas reduzam a sua vulnerabilidade aos impactes das alterações
climáticas. Não existe um modo único e universal de adaptação, as medidas têm que ser
ajustadas ao contexto específico.
Mitigação das alterações climáticas – visa reduzir os gases de efeito de estufa ou aumentar
a capacidade da natureza para as absorver, por exemplo através do aumento da superfície
florestal, ou da implementação de medidas para evitar emissões de gases, como metano e
outros.
Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (ENDS) – uma ENDS é um sistema
nacional, elaborado no e para o país, que contém um conjunto de processos participativos
(envolvendo toda a sociedade) sectoriais ou regionais, em melhoria continua, com o objectivo
de responder aos desafios do desenvolvimento sustentável. Esta estratégia permite definir
metas, articular compromissos globais com acções locais e contribuir para a coerência,
equilíbrio e sustentabilidade da agenda política de desenvolvimento.
3 Nos últimos 50 anos o nível médio do mar subiu 10 a 20 cm, desde o fim dos anos 60 a cobertura de neve mundial regrediu 10% e a espessura do Ártico cerca de 40%.
cheias, secas e desabamento de terras. Ilustrando com dois exemplos: i) uma floresta numa
encosta purifica o ar, conserva o solo e reduz a vulnerabilidade a desabamentos de terras
(que tem maior probabilidade de acontecer se a encosta não tiver vegetação) e contribui
também para a regulação do clima; ii) um rio tem a capacidade de se auto-regenerar, desde
que o grau de contaminação não seja demasiado forte. Assim, os serviços fornecidos pelos
ecossistemas são de grande utilidade para uma parte substancial da população da CPLP,
que depende da biodiversidade para obter alimentos, combustível, abrigo, medicamentos e
rendimentos.
Valor dos bens ambientais – a crescente tomada de consciência da inter-dependência entre
o desenvolvimento económico, social e ambiental bem como dos problemas ambientais à
escala global tem conduzido a reformas na atribuição de valores aos bens ambientais. As
estimativas incidem sobre a quantificação do valor económico total dos recursos naturais,
chegando mesmo os países industrializados a quantificar uma componente de valor de
não uso2. Existem diferentes métodos para a avaliação económica de danos ambientais,
nomeadamente:
• estimativa da diferença entre os valores económicos avaliados num contexto inicial
(uma floresta, por exemplo, permite extrair determinado valor de madeira ou de mel,
ao mesmo tempo que permite à população não ter que comprar certos medicamentos
ou carvão) e os valores económicos no contexto final (a desflorestação, que irá
impedir o uso da floresta);
• no caso de recursos transaccionados no mercado, o valor económico do dano é
estimado directamente pela alteração dos preços de mercado (se a erosão dos solos
provocar diminuição da produção de determinado produto o seu preço aumentará
caso se mantenha o nível de procura);
• no caso de recursos não transaccionados no mercado pode medir-se o custo da
necessidade de ter que recorrer a alternativas, bem como o custo das mudanças de
hábitos da população (a poluição de um rio pode implicar problemas no solo e nas
águas subterrâneas e dificultar ou impedir o seu uso – cultivo, irrigação, pesca; a
destruição de um mangal pode originar a intrusão salina danificando rios e solos e
obrigar à deslocalização da população).
Alguns exemplos de possíveis quantificações: i) quantificação da degradação de terras e
desertificação – o valor mínimo pode obter-se pelo rácio do PIB gerado pela agricultura
sobre a quantidade de terra utilizável (PIBagricultura/Superfície Agrícola Útil) a multiplicar por
quantidade de terra destruída; ii) a sobre-pesca pode ser estimada pelo rácio do PIB gerado
pela pesca sobre a biomassa (PIBpesca/Biomassa) a multiplicar por redução do stock; iii) no que
diz respeito à desflorestação, para além do valor acima referido, pode-se calcular o potencial
de sumidouro de carbono por m2, isto é o valor de kton E-CO2 (quilotonelada Equivalente de
CO2) que deixa de poder ser transaccionável no mercado internacional – o valor de E-CO2 é
definido internacionalmente.
2 Muitas empresas de produção de bens de base (produção de electricidade, abastecimento de água potável, etc) cobram pela disponibilidade para produzir.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Primeira Parte
Informação Geral sobre Concursos
Preâmbulo
O Gabinete de Relações Internacionais (GRI) do Ministério do Ambiente, do Ordenamento do
Território e do Desenvolvimento Regional (MAOTDR), tem a responsabilidade de fomentar e
coordenar as acções de cooperação de Portugal nos domínios das atribuições e competências
do MAOTDR, em articulação com o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
De modo a reforçar a cooperação em matéria de ambiente de Portugal com os Países
Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste (TL), o GRI iniciou um processo
de identificação das prioridades ambientais e dos instrumentos de intervenção disponíveis
que permitirão o planeamento e a implementação de acções de cooperação.
Portugal, à semelhança de outros países industrializados, contribui para os instrumentos
de cooperação multilateral. Os principais são o GEF (Global Environmental Facility), que é
implementado pelo PNUD, o PNUA e o Banco Mundial –, os programas e fundos das Nações
Unidas e os mecanismos de apoio dos acordos multilaterais de ambiente. Para além disso,
Portugal contribui e é membro de bancos de desenvolvimento regional como o Banco
Africano de Desenvolvimento. Todas estas entidades disponibilizam fundos e outros apoios
no âmbito de diversas iniciativas, programas e projectos.
Dadas as relações históricas e culturais com os PALOP e TL, Portugal procura tirar o máximo
partido das contribuições acima referidas e potenciar tanto quanto possível o eixo bi-multi
em benefício destes países. Para tal é necessário que os países conheçam as oportunidades e
as aproveitem, articulando esforços com Portugal.
Por outro lado, enquanto membro da União Europeia (UE), Portugal tem influência na
definição da política de cooperação da Comissão Europeia (CE). De modo a estar numa
posição negocial mais forte e com maior influência na tomada de decisão que possa
beneficiar este grupo de países, é importante que os PALOP e TL se envolvam mais nos
projectos e coordenem esforços.
O presente Manual procura dar resposta à necessidade expressa por quadros ligados ao
ambiente dos PALOP e TL de maior conhecimento das oportunidades de financiamento
existentes e de apoio ao acesso a essas mesmas oportunidades. Para além disso, o Manual
indica algumas práticas para maximizar os resultados das propostas apresentadas.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
1. Introdução
É crescente a tomada de consciência relativamente aos problemas ambientais à escala global
e de que a sua resolução e a sustentabilidade ambiental à escala local contribuem para o bem-
estar de toda a humanidade. O interesse que desperta o fenómeno das alterações climáticas
é exemplo disso – no caso dos projectos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)
os países industrializados beneficiam mais directamente através de licenças de emissão. É
também cada vez mais evidente que a pobreza e a degradação das condições ambientais são
fenómenos intimamente ligados e que cada um deles pode ser a causa ou a consequência
do outro. As tendências da cooperação internacional vão pois no sentido da resolução à
escala local de problemas globais, o que passa pela inclusão de preocupações ambientais
nas estratégias nacionais de redução da pobreza, pela implementação de estratégias de
desenvolvimento sustentável (que articulam aspectos ambientais, sociais e económicos)
e pela persecução dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). A Cooperação
Portuguesa em matéria de ambiente está em linha com estes princípios.
Em virtude do exposto acima, a maioria dos programas e iniciativas existentes dizem respeito
às três convenções do Rio – alterações climáticas (CQNUAC), diversidade biológica (CDB),
combate à desertificação (CNUCD) –, bem como à gestão de águas internacionais (rios e mar)
e gestão de substâncias químicas com efeitos nefastos no ambiente. A temática das florestas
está também na ordem do dia, dado estar na fronteira entre os temas tratados pela CDB e
pela CNUCD e ter forte implicação nos temas da CQNUAC.
O presente Manual descreve as modalidades de financiamento do GEF, os mecanismos de
apoio dos AMA, os programas e iniciativas do PNUD e PNUA, os programas e iniciativas da
União Europeia (UE), os programas do Banco Mundial, do Banco Africano de Desenvolvimento
(BAfD) e do Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD). É ainda apresentada uma breve
descrição do MDL.
O Manual apresenta de forma genérica os procedimentos para a elaboração de propostas
de projectos, bem como o ciclo de aprovação. É de notar que cada concurso tem as suas
especificidades a nível de preparação da proposta, de preenchimento de formulários e do
processo de aprovação. Em certos casos, como nos projectos GEF, os doadores disponibilizam
financiamentos para estudos preliminares necessários à preparação da proposta. Estes casos
serão abordados nas secções do Manual correspondentes a cada um dos financiadores.
Os concursos, iniciativas e oportunidades estão em constante mudança, pelo que o Manual
terá uma versão na internet que irá ser regularmente actualizada. A versão electrónica permite
também estabelecer ligações para concursos abertos. Para além disso, poderão ser elaborados
módulos adicionais relativos a temas específicos, com a explicação de determinados formulários
considerados mais relevantes, ou outros que venham a ser solicitados ou considerados
relevantes no decorrer da utilização do Manual pelos seus destinatários.
É conveniente que as autoridades nacionais de ambiente envidem esforços para integrar
o ambiente nos documentos de estratégia de cooperação. Isto porque cada vez mais os
financiadores seguem conceitos de Desenvolvimento Sustentável e exigem avaliações
ambientais estratégicas a programas e projectos. Cabe às autoridades de ambiente o trabalho
junto aos ministérios da economia, finanças e/ou do planeamento que são em geral quem
negoceia as estratégias com os doadores. O facto do ambiente vir focado nestes documentos
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
plurianuais de cooperação como prioridade ou com ênfase especial, faz com que o país
possa mais facilmente tornar-se palco de projectos piloto e receba mais fundos destinados
ao ambiente (o que os doadores chamam earmarked).
2. Considerações preliminares para candidaturas de sucesso
Cada vez mais a filosofia dos financiadores multilaterais é a de cooperação efectiva. Isto é,
espera-se que os países beneficiários contribuam para o objectivo geral do programa global.
Dito por outras palavras, os países devem aportar os seus conhecimentos e experiência
relativos ao contexto da sua realidade e demonstrar o esforço que já empreenderam e
que estão dispostos a empreender para a obtenção de resultados. No caso de projectos de
ambiente espera-se que o país beneficiário demonstre ter a percepção de que os resultados
alcançados com os projectos propostos beneficiam não só a população do país, mas toda a
humanidade.
É assim muito importante que nas propostas fiquem referidos de forma clara os objectivos
de desenvolvimento nacionais, as estratégias nas quais o programa ou projecto para o qual
se solicita financiamento se enquadram e as capacidades que o país já tem ou que necessita
desenvolver para atingir os objectivos.
É também muito importante conhecer as politicas de cooperação dos programas ou
financiamentos a que se concorre. Isto não só para escolher o financiamento mais adequado
como para poder explicitar na proposta de que forma o projecto proposto, para além de
alcançar os seus próprios objectivos, é adequado ao contexto do Programa/financiamento
a que se concorre e contribui para a concretização dos objectivos deste. Convém ter
presente que a forma como os planos e projectos são planeados e executados segue uma
ordem designada por ciclo do projecto: programação →identificação → formulação → decisão
de financiamento → execução → avaliação. Isto significa que, quando a proposta chega ao
financiador, existe já uma estratégia na qual a proposta tem que se enquadrar de modo a
ser considerada. Assim, antes de começar a elaborar uma proposta, é necessário consultar os
documentos mais recentes relativos às políticas e objectivos dos financiamentos/financiadores
a quem se está a dirigir.
2.1. Ciclo de aprovação do projecto
Para muitos dos doadores descritos no presente Manual, o ciclo de aprovação do projecto leva
tempo e envolve diferentes gabinetes a nível nacional, regional e por vezes mundial. Numa
primeira fase, faz-se uma comunicação ao doador mediante a agência de implementação no
país e através de um documento de concepção do projecto (DCP)4. Os DCP são revistos por
um painel técnico que emite um parecer ao secretariado ou painel regional de coordenação
da iniciativa ou do fundo. Os DCP são analisados para avaliar o seu enquadramento em
políticas e estratégias regionais do programa do financiador. Caso sejam aprovados nesta
4 No caso do GEF chama-se Project Identification Form (PIF), no caso de outros doadores pode chamar-se concept note, ou concept proposal.
etapa, os documentos são então enviados para o nível de decisão mundial, que tem de
reunir e aceitar o projecto proposto. Chegados a esta fase o fundo ou iniciativa solicita
o documento de proposta completo. No caso de projectos de maior dimensão, como por
exemplo alguns dos submetidos ao GEF, o próprio fundo co-financia os estudos necessários
à elaboração da proposta. Uma vez aprovada a proposta inicia-se a fase de assinatura de
contratos e a organização da gestão do projecto. Este processo, do DCP à aprovação, pode
levar mais de um ano.
No caso de concursos, o processo é mais directo. A proposta pode ser enviada directamente,
sem passar por processos preliminares (como são os casos de concursos da UE como o
programa de Ambiente e Recursos Naturais incluindo Energia). Convém por isso que as
autoridades estejam atentas à abertura dos concursos. Referem-se no Manual as páginas de
internet nas quais os concursos são anunciados.
2.2. Preparação para a proposta de projecto
Para projectos de pequena ou média dimensão os processos acima descritos podem ser
simplificados e alguns dos passos suprimidos. Muitos doadores, embora possam receber
documentos de concepção do projecto em qualquer altura, realizam as avaliações apenas
algumas vezes por ano (em geral uma a três vezes por ano).
Quer para os fundos do GEF, quer para os mecanismos de apoio dos secretariados das
convenções, os interessados devem trabalhar juntamente com as representações nacionais
do PNUD ou PNUA e, em alguns casos, do Banco Mundial. Ainda que alguns fundos permitam
que qualquer entidade proponha o documento de concepção do projecto, este deve vir
acompanhado de nota de interesse por parte das autoridades nacionais e por parte do
ponto focal do fundo. As representações dos organismos das Nações Unidas são quem, em
geral, coordena o esforço de obtenção dos documentos para cumprimento dos requisitos
administrativos.
Por vezes poderá ser vantajoso estabelecer parcerias para aumentar a capacidade de
implementação dos projectos propostos. Pode começar-se por desenvolver a ideia do
projecto e seguidamente procurar instituições/redes /grupos elegíveis que possam estar
interessados na colaboração. Muitas vezes acontece existir já uma relação sólida com outras
entidades e desenvolve-se a ideia e o conceito do projecto em conjunto. De qualquer forma,
é importante que o grupo – chamado consorcio - reúna todas as competências necessárias
para a implementação do projecto e que cada um dos parceiros tenha uma percepção
profunda do mesmo e esteja altamente motivado e empenhado na realização do projecto.
Em geral não existe um limite máximo para o número de parceiros. No entanto é importante
considerar que a complexidade da gestão do projecto aumenta com o número de parceiros
e que é importante haver uma distribuição de tarefas e responsabilidades clara. É imperioso
que haja confiança e um espírito cooperativo no seio do grupo, o que também é mais
fácil em grupos mais pequenos, Para a selecção do líder da parceria, os elementos mais
importantes são a experiência e a capacidade de gestão de projectos. Como se verá adiante,
a governação do projecto é um factor importante na avaliação de propostas.
18 19
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
2.3. Aspectos a considerar na elaboração de propostas
De modo geral, o primeiro aspecto a ter em conta é que os avaliadores são o público alvo da
proposta. Os avaliadores podem não ser especialistas no domínio da proposta que analisam,
pelo que apenas terão acesso às informações fornecidas na proposta. Por outro lado, os
avaliadores têm em geral que analisar um grande número de propostas, com grandes
limitações de tempo. Assim não terão tempo para ler cada proposta mais do que uma vez,
pelo que uma leitura única terá que ser suficiente para compreender correctamente o que
está escrito e têm que ficar convencidos de que o que é proposto é o melhor a fazer. O
dossier de candidatura deve por isso ser bem estruturado, claro, conciso e completo.
É também importante ter em conta que os fundos disponíveis são limitados. Por isso, só
as melhores propostas são escolhidas. O facto de não ser seleccionada não quer dizer que
a proposta seja fraca, apenas que não é tão forte. Por isso, não se pode permitir que a
proposta tenha qualquer ponto fraco, todas as partes da proposta devem ser de excelente
qualidade.
Os aspectos preliminares aqui referidos são igualmente válidos para os DCP. Como se viu
acima, a primeira meta a alcançar para o sucesso da proposta é o interesse que o documento
de concepção desperta. Em apenas 4 ou 6 páginas é necessário convencer os avaliadores
a ter vontade de ler a proposta com detalhe. Um titulo de projecto que seja conciso e
suficientemente explícito quanto à acção proposta também ajuda.
Uma proposta de projecto deve conter pelo menos os seguintes elementos:
• Definição do objectivo geral e dos objectivos específicos;
• O cenário de partida – estado da situação, enquadramento jurídico e institucional, etc;
• Resultados esperados;
• Plano de Implementação – actividades e calendário;
• Definição dos recursos a accionar
— Recursos humanos
— Recursos financeiros – os custos elegíveis;
•Monitorização dos avanços e avaliação dos resultados – indicadores.
Uma abordagem que auxilia a elaboração de uma proposta é a Abordagem do Quadro
Lógico, que é um processo analítico que envolve a análise dos intervenientes e do problema,
a definição dos objectivos, a selecção das actividades, ajuda a identificar possíveis riscos na
execução do projecto e conduz à elaboração da matriz do quadro lógico que é exigida por
vários financiadores, A abordagem contém as seguintes etapas: i) Análise da situação; ii)
Análise dos intervenientes; iii) Análise dos problemas; iv) Análise dos objectivos; v) Análise
de alternativas; vi) Planificação das actividades; vii) Planificação dos recursos.
A análise da situação e análise dos intervenientes é a primeira etapa da elaboração de
qualquer proposta. É necessário balizar a proposta, isto é, ter uma noção clara de quais
são os domínios ou temas gerais de preocupação em que o projecto se irá concentrar. É
conveniente conhecer o contexto histórico dessas questões e, caso já tenham existido
projectos comparáveis ao proposto, conhecer que lições podem ser deles retiradas com
utilidade para o projecto proposto. É importante saber se existem entidades no país que
trabalhem já nas questões do projecto, o que fazem e de que forma o projecto proposto se
enquadra ou é complementar a essas actividades. Por outro lado há que definir de modo
global qual é a finalidade do projecto e em que tema específico do problema, ou em que
área geográfica, se vai centrar. Há que definir também a duração prevista do Projecto, o
nível de financiamento necessário e a equipa necessária à implementação do projecto.
A análise dos intervenientes (ou stakeholders) por seu lado consiste na análise pormenorizada
das pessoas, dos grupos ou das organizações que podem influenciar ou ser influenciados
pelo problema abordado, pelo projecto proposto ou pela eventual solução do problema.
Interessa nesta etapa ficar com a noção clara do interesse e das expectativas destes grupos
e organizações e debater com eles o seu papel, interesses, capacidade de participação
e expectativas em relação ao projecto e como se relacionam entre si. Ao analisar os
intervenientes, é útil distinguir entre os “grupos-alvo” e os “beneficiários finais”: Os “grupos-
alvo” são os grupos ou as entidades que serão afectados directa e positivamente pelo
projecto – podem também ser designados por “beneficiários directos”; Os “beneficiários
finais” são aqueles que beneficiarão do projecto a longo prazo e ao nível da sociedade, ou
seja que beneficiarão da eventual solução ou da contribuição para a solução do problema.
Objectivos
Os objectivos gerais devem ser claros. Os objectivos específicos devem ser claros e mensuráveis,
por exemplo o aumento em x% do acesso da população à água. É fundamental mencionar
o número de população beneficiária do projecto.
O cenário de partida (background ou baseline)
O cenário de partida deve descrever o problema a abordar, as suas causas, e a sua evolução. O
cenário de partida é a referência em relação à qual os impactes do programa serão medidos.
As análise de situação e análise de beneficiários fornecerão os elementos para a descrição
do cenário de partida.
É importante referir a importância que o governo atribui ao problema que se pretende
ultrapassar com o projecto, bem como as políticas públicas em curso e a legislação aplicável.
O enquadramento do projecto inclui a descrição da sua relação com os Planos de Redução da
Pobreza, os Planos de Acção para atingir os ODM, as Estratégias e Planos sectoriais existentes,
etc. Como referido acima, é importante fornecer um sumário dos esforços realizados na área
temática que o projecto aborda.
É também crucial demonstrar conhecimentos de como as actividades propostas vão resolver
o problema e os factores de inovação ou de complementaridade que as acções têm com os
esforços em curso.
Uma ferramenta que facilita a análise de problemas e a definição de objectivos e conduz a
uma apresentação sucinta e clara de ideias, é a construção de árvore de problemas e árvore
de objectivos. A “árvore de problemas” é um diagrama que contém a identificação dos
principais problemas duma determinada área e a definição das relações de causa-efeito. O
exercício deve ser realizado numa reunião de discussão, em que se dispõe (utilizando cartões)
numa parede ou num quadro os problemas segundo uma hierarquia de “causa–efeito”,
podendo ser acrescentados novos problemas à medida que a árvore se vai desenvolvendo.
O problema principal que se tenta abordar com o projecto deve ficar no tronco principal da
20 21
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
árvore. Os problemas que originam este problema principal devem ser as raízes, enquanto
os problemas que o problema principal origina devem ser os ramos da árvore. A forma
mais fácil de desenvolver a árvore de problemas é começar com um problema “inicial” e ir
acrescentando progressivamente os outros problemas. O problema escolhido como inicial
até pode vir a mudar mais tarde, pelo que o problema “inicial” deve ser um problema
a que os participantes atribuam grande importância. A árvore de problemas é construída
relacionando sucessivamente os restantes problemas com o problema inicial, utilizando a
ligação causa-efeito: se o problema é causa do problema “inicial”, o cartão é colocado por
baixo; se o problema é efeito do problema “inicial”, o cartão é colocado por cima; se não é
causa nem efeito, o cartão é colocado ao mesmo nível.
Exemplo muito simplificado de Árvore de Problemas. De notar que na base poderiam ser colocados os problemas que causam a escassez de legislação.
Ao transformar-se os problemas inscritos na árvore de problemas em condições positivas,
obtém-se a árvore de objectivos. A árvore de objectivos também pode ser vista como um
diagrama de “fins” e de “meios”. O topo da árvore indica o que se pretende alcançar com
o projecto – a finalidade do projecto - e os níveis mais baixos da árvore contêm informação
relativa aos meios para atingir os fins. A vantagem deste processo é que os potenciais
objectivos do projecto ficam relacionados com a resolução de um conjunto de problemas
prioritários bem definido.
Árvore de objectivos relativa à árvore de problemas acima.
Produtos e Resultados (outputs e outcomes)
Os produtos e os resultados esperados com a realização do projecto são dos aspectos de
maior peso na análise de propostas e decisões de financiamento. Os produtos dizem respeito
às realizações físicas, por exemplo, a instalação de 50 painéis solares nas escolas da região.
Os resultados exprimem o que é conseguido com as realizações, por exemplo, pelo facto
de se terem instalado 10km de canalização (produto), o índice da população com acesso a
saneamento de qualidade aumentou 60% (resultado).
A relação entre produtos e resultados tem que ser explicada o mais claramente possível.
Isto nem sempre é fácil, pois pode não existir um nexo de causalidade claro, ou podem
existir outros factores que influenciem o resultado atingido no final do projecto. É por isso
muito importante, como acima se referiu, evidenciar a articulação e a complementaridade
do projecto proposto relativamente a outras actividades em curso.
Outro aspecto importante a clarificar é a evolução das capacidades locais ou nacionais
que permanecem quando o projecto termina. Por exemplo, no final do projecto as cinco
comunidades que dele beneficiaram irão estar em condições de praticar técnicas de agro-
silvicultura sustentável e de rentabilizar a conservação da floresta.
Plano de implementação
O plano de implementação tem que conter as principais actividades e a sua relação com os
resultados esperados. No corpo da proposta as actividades devem ser descritas de forma
genérica e agrupadas em categorias. É importante ter em conta que o orçamento irá atribuir
valores aos grupos de actividades e que poderá haver necessidade de descrever as actividades
com maior detalhe nas notas justificativas dos orçamentos. Esta informação varia consoante
as especificações dos formulários.
A População é consultada para a tomada de decisão
ambiental
Análise de impacte ambiental e Fundo do
Ambiente regulamentados
Código do Ambiente revisto e aprovado
Existência de legislação avulsa em sectores
específicos
Sector do ambiente bem regulamentado e bom
nível de implementação da legislação
As cidades estão limpas e os resíduos das fábricas são encaminhados para
destinos adequados
A População não participa na tomada
de decisão
Falta regulamentação relativa a impactes ambientais. Falta
estabelecer o fundo do ambiente
Falta rever e aprovar o
Código do ambiente
Inexistencia de legislação avulsa em sectores
específicos
A Regulamentação do sector do ambiente é incompleta e
não é aplicada
Verifica-se elevado grau de poluição na cidade e
junto às fábricas
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Um aspecto muito valorizado na análise das propostas é o grau de envolvimento dos parceiros
de desenvolvimento nacionais ou locais que aportarão os seus conhecimentos e experiência
ao projecto. Sempre que possível (e pertinente) é importante envolver as comunidades
locais nos projectos e organizá-los de forma participativa. Isto aumenta as possibilidades do
projecto ser sustentável – isto é, que certas actividades prossigam após o fecho do projecto/
programa – e que os seus impactes positivos perdurem.
Um aspecto que poderá determinar a exclusão da proposta é o formato da equipa e o
modelo de coordenação e de governação do projecto/programa – ou seja como se articulam
e relacionam entre si os diferentes colaboradores e intervenientes. O modelo a apresentar
deve ser bem estruturado e robusto (é importante ter argumentos sólidos que fundamentem
a capacidade da equipa e do modelo de governação escolhidos em detrimento de outros).
Convém descrever a forma como o programa se articulará com outros parceiros de
desenvolvimento locais e outras iniciativas de doadores internacionais.
Caso existam, é muito importante evidenciar oportunidades de co-financiamento. Pode
ser relevante verificar se o projecto se adequa a parcerias público–privado e incluir essa
possibilidade na proposta. Este tipo de parcerias tem dado muito bons resultados e é
valorizado pelos analistas das propostas.
Um aspecto obrigatório é a descrição dos potenciais riscos e obstáculos que poderão
impedir o cumprimento dos objectivos propostos. Como foi referido acima será muito
importante realçar as medidas que serão implementadas para assegurar a sustentabilidade
dos resultados.
Monitorização e Avaliação
A monitorização e a avaliação são considerados elementos fundamentais para o sucesso de
uma intervenção. É necessário definir indicadores quantitativos e qualitativos para todos os
resultados e para os possíveis impactes dos projectos ou programas. É recomendável que os
indicadores incluam metas de desenvolvimento de capacidades institucionais dos diversos
intervenientes.
A escolha de indicadores deve ter em conta diversos factores, desde logo que a obtenção
de informação envolve custos e que um indicador bem escolhido pode valer mais do que
vários indicadores menos precisos. Há que procurar que os indicadores sejam mensuráveis
(podem ser quantitativos ou qualitativos), sejam específicos, pertinentes e exactos (isto é,
permitam medir com objectividade e inequivocamente se o projecto está a ser bem sucedido
e possam ir sendo comparados ao longo do tempo), sejam realizáveis financeiramente e
relativamente aos meios e tempo disponíveis, sejam sensíveis de modo a captar alterações
e sejam circunscritos e definidos no tempo - os indicadores devem poder dar informações
rapidamente e ser definidos cada trimestre, semestre ou ano (indicadores de progresso) e
devem existir também indicadores definidos para o final do período de implementação.
A proposta deve incluir também uma metodologia para medir os indicadores. Nomeadamente,
a forma como as informações devem ser recolhidas (por exemplo, realização de inquéritos;
análise de registos administrativos, estatísticas nacionais, estudos e publicações nacionais),
onde podem ser recolhidas as informações, com que frequência e por quem devem ser
recolhidas as informações. Será importante referir também o formato em que a informação
deve ser disponibilizada. É importante planificar correctamente as fontes e meios de
verificação e ter noção dos custos e esforços que o seu acesso envolve, bem como dos
factores temporais. Por exemplo, as estatísticas oficiais são em geral facilmente acessíveis
e gratuitas, mas normalmente reportam-se a períodos passados de um ano ou mais em
relação à situação real. Por outro lado, um inquérito orientado fornece informações precisas
e actualizadas, mas a sua realização pode ser muito dispendiosa. Sempre que possível e
adequado, é preferível utilizar sistemas e fontes existentes do que criar novos. Caso se
pretenda que um determinado projecto tenha um programa de monitorização e avaliação
com fichas de indicadores, metodologias de seguimento e equipas próprias, este programa
deve constituir uma componente do projecto.
Quadro Lógico
Como se referiu acima o Quadro Lógico de Intervenção é a compilação dos dados obtidos com
a Abordagem do Quadro Lógico. Desta forma o quadro lógico articula e sistematiza numa
matriz os pontos acima referidos. O quadro lógico define os objectivos, os resultados com os
quais se alcançam os objectivos, as actividades necessárias para atingir os resultados, os riscos
e oportunidades inerentes a cada actividade, bem como as formas de acompanhamento
sistemático e de posterior avaliação do projecto, através dos indicadores. A Comissão
Europeia adoptou esta ferramenta como imprescindível na elaboração de propostas de
Cooperação para o Desenvolvimento e de Educação para o Desenvolvimento.
O quadro lógico assenta em dois princípios básicos:
1) as relações de causa-efeito entre as diferentes partes de um problema (lógica vertical) –
as actividades, os resultados, os propósitos (objectivos específicos) e o fim último (objectivo
geral) podem ser vistos como um conjunto de objectivos hierarquizados do projecto no
sentido em que o sucesso de cada nível (linha da matriz) contribui para alcançar o estipulado
na linha superior.
2) o princípio da correspondência (lógica horizontal) – vincula cada nível de objectivos à
medição do resultado atingido (indicadores e meios de verificação) e às condições que
podem afectar a sua execução e posterior desempenho (hipóteses).
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Lógica daintervenção
indicadores objectivamente
verificáveis
fontes e meiosde verificação
Hipóteses
objectivosgLobais
Qual é o objectivo global (geral) para o qual o projecto contribuirá?
Quais os indicadores-chave associados ao objectivo geral?
Quais são as fontes deinformação para esses indicadores?
objectivos específicos
Quais os objectivos específicosque o projecto previsto deve concretizar?
Que indicadores qualitativos e quantitativos demonstram que, e em que medida, foram concretizados os objectivos específicos do projecto?
Que fontes de informação existem e podem ser agrupadas?
Quais os métodos aplicados para obter essas informações?
Que factores e condições fora do controlo directo do projecto serão necessários para atingir estes objectivos?Quais são os riscos a considerar?
resuLtadosesperados
Quais são os resultados concretos específicos previstos pelos objectivos específicos?Quais são os efeitos e os benefícios previstos do projecto?Quais serão as melhorias e as mudanças resultantes do projecto?
Que indicadores permitem determinar que o projecto atingiu, e em que medida, os resultados e os efeitos previstos?
Quais são as fontes de informação para estes indicadores?
Que factores e condições deverão estar reunidos para atingir os resultados esperados dentro dos prazos previstos?
actividades a executar
Quais são as actividades-chave a realizar, e em que ordem, para obter os resultados previstos?
Meios:Quais os meios necessários para executar estas actividades, por exemplo, pessoal, material, formação, estudos, fornecimentos, instalações de funcionamento, etc?
Quais são as fontes de informação sobre o desenrolar do projecto?
Que condições prévias são necessárias para iniciar o projecto? Que condições fora do controlo directo do projecto devem estar reunidas para a execução das actividades previstas?
Em geral o quadro lógico ajuda os avaliadores das propostas a entender melhor a natureza
dos problemas que o projecto procura resolver, a relacionar todas as vertentes do projecto
e entender as formas preconizadas para a monitorização sistemática do projecto - com vista
à melhoria contínua de desempenho e medição dos resultados parciais - e como pode o
projecto ser avaliado posteriormente de forma objectiva e transparente.
O ou os objectivos gerais situam o projecto no contexto em que se insere, esclarecem sobre a
mudança na realidade para a qual o projecto procurará contribuir e têm em conta a existência
de outros actores, alguns dos quais a trabalhar para objectivos semelhantes. Os ODM podem
servir de orientação para definir os objectivos gerais de projectos de cooperação para o
desenvolvimento e as metas estabelecidas nos ODM podem servir de guia em termos de
indicadores.
Os objectivos específicos correspondem ao compromisso do projecto, isto é, correspondem
à mudança efectiva que o projecto pretende produzir na realidade. Assim os objectivos
específicos devem realçar os impactes nos beneficiários que o projecto se propõe alcançar.
Para além do que foi acima referido quanto a produtos e resultados, em projectos
maiores pode ser mais fácil considerar os resultados do projecto como componentes (ou
subprojectos) que concorrem para alcançar um objectivo específico. Neste caso deve ser
muito clara a demonstração da interacção entre as diversas componentes do projecto. As
actividades podem ser agrupadas nas componentes. Cada componente pode ser executada
de forma autónoma para produzir um determinado resultado. A definição das actividades
é um processo complexo que procura o equilíbrio entre: os recursos disponíveis e possíveis
de angariar e os resultados e objectivos a alcançar. Há que ter em consideração aspectos de
eficiência e eficácia no sentido da rentabilização dos custos.
Orçamento
Existem diferentes formatos de apresentação de orçamentos. A regra geral é que devem ser
claros e apresentar custos razoáveis e respeitar as despesas elegíveis. Ocorre frequentemente
o montante da subvenção solicitada nas propostas ser muito próximo dos montantes
máximos que o financiamento pode conceder. Isto pode criar aos avaliadores a impressão
que este valor foi tomado como ponto de partida e que a proposta foi sendo preenchida
com actividades só para justificar esse montante.
Na construção do orçamento ajuda partir das actividades necessárias para realizar com êxito cada
acção e depois traduzi-las em custos. Agrupar despesas por classes pode facilitar a apresentação.
Por exemplo, despesas de pessoal (honorários, ajudas de custo, impostos, segurança social),
despesas necessárias ao funcionamento logístico (por exemplo, viagens, despesas com meios
de locomoção, funcionamento de escritório e armazém e telecomunicações), despesas
inerentes à implementação das actividades, contratação de serviços externos, entre outros.
Ocorre frequentemente a inclusão nas propostas de fundos para compra de equipamentos
como computadores, aparelhos de ar condicionado, ou veículos. Estes são custos que os
avaliadores encaram com atenção redobrada, pelo que se deve incluir na proposta apenas se
for estritamente necessário e apenas o que for estritamente necessário.
É muito importante mostrar quais são as origens do financiamento e é sobretudo muito
importante maximizar a parte da contribuição própria e/ou do co-financiamento. Muitos
financiadores disponibilizam apenas uma determinada percentagem do montante global do
projecto, o restante deve ser assegurado pelo requerente ou este deve mostrar que tem outra
entidade parceira que financiará uma parte. Desta forma há um incentivo para a aprovação
por parte do avaliador, que verifica que houve um esforço do requerente para levar adiante
o projecto. As contribuições próprias podem ser tão diversas como parte ou a totalidade dos
salários das pessoas afectas ao projecto, a disponibilização de terrenos ou de materiais, etc
que muitas vezes não são contabilizados pelos requerentes. O co-financiamento pode advir de
um parceiro do projecto, de outra instituição, de cooperação bilateral, etc. Em alguns casos –
mas não em todos, haverá que verificar caso a caso – poderão existir o que se chama receitas
directas da acção. Estas consistem no rendimento gerado pelo projecto, por exemplo: vendas
de livros ou publicações, preço de entrada numa conferência realizada pelo projecto, e podem
servir para que o financiamento requerido para determinada actividade diminua.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
2.4. Aspectos a considerar para o sucesso das propostas
Um dos problemas principais das propostas que não obtêm sucesso está relacionado com
aspectos administrativos – a não entrega de alguns documentos, o não cumprimento dos
prazos, as propostas redigidas à mão ou ininteligíveis, etc.
A maioria das vezes as propostas são analisadas quanto à Relevância, Sustentabilidade,
Metodologia e Análise económica e financeira. Apresentam-se de seguida listas com aspectos
a ter em atenção relativamente a cada um dos referidos elementos de análise para facilitar
o sucesso das propostas. De notar que as listas não são exaustivas.
Lista de aspectos reLacionados com a reLevância
Os objectivos são claros e os objectivos específicos são mensuráveis?
A proposta demonstra o impacte do projecto sobre os ODM?
A proposta demonstra que o projecto está orientado para a redução da pobreza?
A proposta demonstra uma análise adequada dos problemas/necessidades, que os objectivos do projecto tentam resolver/colmatar?
As actividades propostas são claras e exequíveis (tendo em vista o contexto, os recursos e a duração do projecto)?
Qual o peso do financiamento para actividades de manutenção e funcionamento de sistemas ou estruturas já em utilização?5
O número de beneficiários está bem identificado?
A proposta demonstra que os beneficiários do projecto pretendem que o projecto se realize, pretendem participar na sua implementação e estão dispostos a contribuir (com financiamento, trabalho ou géneros)?
Os aspectos de formação e capacitação foram considerados e estão descritos na proposta?
5
Não é demais referir que algumas propostas não têm sucesso por falta de actividades de
formação e capacitação ou que promovam a participação. Os analistas interpretam muitas
vezes estes casos como resultantes de problemas no levantamento das necessidades.
No que diz respeito à metodologia, muitas vezes o insucesso advém de problemas no quadro-
lógico.
Lista de aspectos reLacionados com a metodoLogia
O plano de acção é coerente, ou seja, as actividades são eficazes para atingir os resultados e os resultados são suficientes para atingir os objectivos?
Os indicadores são apropriados e objectivamente verificáveis?
Foi elaborada uma análise de risco? Os potenciais riscos e obstáculos estão bem identificados?
A proposta descreve acções planeadas para mitigar os riscos?
5 As propostas de financiamento servem para complementar actividades, ou para realizar actividades que não poderiam implementar-se sem o financiamento externo. Por isso os doadores não apreciam propostas que se destinem a custear pura e simplesmente salários e ajudas de custo, ou arrendamento de escritórios, ou manutenção de viaturas para o funcionamento das estruturas do Estado, ou das ONG.
Se não for possível responder positivamente a todas as perguntas dos quadros abaixo,
nomeadamente a nível de capacidade e experiência financeira, pode ser conveniente
encontrar parceiros internacionais – por exemplo entidades internacionais sem fins lucrativos
– com a capacidade requerida.
Lista de aspectos reLacionados com a capacidade
A proposta demonstra experiência adequada na região?
A equipa proposta para implementar o projecto tem experiência na gestão de projectos semelhantes ou da mesma dimensão?
A entidade proposta para implementar o projecto tem capacidade financeira para gerir um projecto com o orçamento apresentado? Tem experiência na implementação administrativo-financeira de projectos da mesma dimensão?O modelo de coordenação e governação proposto demonstra que todos os parceiros têm capacidade (técnica, administrativa, financeira) adequada para as actividades que se propõem desempenhar?
Lista de aspectos reLacionados com a anáLise económica e financeira
A justificação da necessidade de financiamento está claramente expressa?
A contribuição dos beneficiários está incluída na proposta?
Existe retorno financeiro dos investimentos do projecto, ou seja os investimentos irão gerar rendimentos mais tarde? Em caso afirmativo, está explicitado na proposta?
Está claramente explicitado na proposta o custo para os beneficiários e a viabilidade dos pagamentos por serviços prestados pelos bens ambientais?
É de notar que muitas vezes os problemas da análise económica e financeira resultam de
uma fraca participação das partes interessadas (stakeholders) no planeamento do projecto.
Um aspecto também muito relevante é assegurar que o número de beneficiários proposto é
o mesmo em todos os documentos do projecto.
A sustentabilidade das actividades iniciadas com um projecto ou o efeito duradouro dos benefícios
de um projecto são dos factores mais preponderantes para a aceitação de uma proposta.
Lista de aspectos reLacionados com a sustentabiLidade
A proposta descreve claramente as capacidades que as estruturas existentes (físicas, de governação, etc) terão que ter no final do projecto para continuar a produzir resultados depois de o projecto terminar? Estão previstas no projecto actividades de reforço dessas capacidades?
São identificados de forma clara os impactes – benefícios duradouros, mudanças profundas – que o projecto trará, nomeadamente aos grupos mais vulneráveis?
A proposta indica a sustentabilidade ambiental?
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
segunda Parte
Estratégias de cooperação dos principais doadores
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
3. Síntese dos programas e iniciativas
Na primeira parte do Manual foram referidos aspectos gerais e boas praticas relativas ao
preenchimento de propostas. Nesta segunda parte serão referidos os principais mecanismos
de financiamento, enquadrados na filosofia de cada financiador para facilitar a escolha do
mecanismo financeiro e para reforçar a proposta através da sua adequação à política do
financiador.
O Anexo do Manual apresenta um quadro resumo dos programas e iniciativas referidos para os
diferentes doadores, divididos pelas grandes áreas temáticas: estratégia de desenvolvimento
sustentável e iniciativas para o cumprimento de ODM; alterações climáticas; biodiversidade;
combate à desertificação e químicos. Para uma noção rápida dos financiamentos disponíves
aconselha-se a consulta ao referido quadro, depois no corpo do manual pode encontrar-se
mais detalhe sobre como aceder ao financiamento.
Inciciativas relativas a alterações climáticas têm tido interesse acrescido nos últimos anos,
com a maior parte dos doadores multi-laterais a iniciarem programas visando facilitar o
acesso por parte dos países em desenvolvimento aos mecanismos de desenvolvimento limpo.
Os projectos de água (conservação, gestão e distribuição a população pobre) são também
muito frequentes. A maior parte dos doadores atribui prioridade também aos temas da
biodiversidade e à gestão de produtos químicos (incluindo a conservação da qualidade do ar).
É de notar que cada vez mais os doadores privilegiam o apoio às iniciativas e propostas que
partam das autoridades nacionais (em vez de solicitar autorização para a implementação de
projectos pré-definidos como era antes usual) e requerem o co-financiamento efectivo do
governo, em especial em países com recursos financeiros.
4. Fundo Global para o Ambiente (GEF)
O Fundo Global para o Ambiente é um mecanismo financeiro de apoio à implementação de
diversos AMA e um instrumento que visa a integração de preocupações ambientais globais
nos processos de desenvolvimento. O GEF financia projectos nas seguintes áreas temáticas:
biodiversidade, alterações climáticas, combate à desertificação, protecção da camada de
ozono, poluentes orgânicos persistentes e águas internacionais (este último que se aplica
a bacias hidrográficas e ao mar, pode ter actividades nacionais mas incluídas em projectos
internacionais). Os fundos do GEF são utilizados, tanto quanto possível, na área da boa
governação ambiental internacional.
Os países doadores financiam o GEF, cada quatro anos, através de um processo denominado
“GEF Replenishment.” Em Agosto de 2006, 32 países comprometeram-se a disponibilizar mais
de 3 mil milhões USD, para o financiamento das actividades do GEF de 2006 a 2010. Além
disso, vinte países (entre os quais Portugal) comprometeram-se a contribuir voluntariamente
com um suplemento adicional.
O GEF leva a cabo as suas actividades através de Agências de Implementação:• PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento• PNUA – Programa das Nações Unidas para o Ambiente• Banco Mundial
Para além disso, existem sete agências executoras que contribuem para a gestão e
implementação dos projectos GEF:• Banco Africano de Desenvolvimento• Banco Asiático de Desenvolvimento• Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento• Banco Inter-Americano para o Desenvolvimento• FIDA – Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola• FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura• ONUDI – Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial
Verifica-se igualmente o envolvimento de diversas Organizações Não-Governamentais
(ONG) em projectos GEF, sendo um dos objectivos o maior envolvimento do sector privado,
nomeadamente através de parcerias e co-financiamentos.
São várias as entidades envolvidas na conceptualização e implementação dos projectos
financiados pelo GEF. O Anexo 1 descreve sucintamente as entidades envolvidas no ciclo de
projecto GEF.
O GEF presta apoio financeiro de diferentes ordens de grandeza e com propósitos
específicos. Os formulários a utilizar para concorrer aos diversos financiamentos podem
ser encontrados em http://www.thegef.org/interior_right.aspx?id=166746.
Os apoios incluem:
• Apoio à preparação de projectos (Project Preparation Grant, PPG) – o apoio à
elaboração de propostas e a estudos preliminares necessários à elaboração de projectos
e programas, que são de três tipos:
a) Apoio financeiro a ser utilizado nas fases iniciais de identificação do projecto ou
programa cobrindo as despesas no país;
(b) Apoio financeiro no âmbito de projectos ou programas que já estão claramente
identificados para apoiar a conclusão da preparação do programa ou projecto para
submissão ao Conselho e posterior avaliação;
(c) Apoio financeiro limitado a propostas de projectos que tenham sido aprovados
pelo Conselho, mas requerem trabalho técnico de concepção e engenharia mais
aprofundado para aumentar a viabilidade.
• Actividades facilitadoras (Enabling Activities) – apoio à preparação de planos,
estratégias ou programas destinados a cumprir compromissos assumidos no âmbito
dos AMA, por exemplo: apoios até 200 mil USD para Auto-avaliação de Capacidades
Institucionais (NCSA) apoios até 350 mil USD para preparação e planos de acção
nacionais e primeiras comunicações de alterações climáticas ou biodiversidade; apoio
até 500 mil USD no âmbito dos POP; apoios até 1 milhão de USD para biosegurança
ou para adaptação especial às alterações climáticas.
• Apoio a iniciativas de âmbito mais localizado (Small Grants) – (região de um país,
província, distrito) mas com relevância para a biodiversidade mundial – Este tipo
de projectos destina-se a apoiar pequenas iniciativas de âmbito comunitário que
contribuam para conservar a biodiversidade a nível global, atenuar os efeitos das
6 Ou entrando no site www.thegef.org e clicando sobre Projects e depois Project Types, Templates and Guidelines.
32 33
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
alterações climáticas, proteger as águas internacionais, reduzir o impacte dos POP e
prevenir a degradação dos solos, ao mesmo tempo que procuram melhorar a qualidade
de vida das populações. Trata-se essencialmente de projectos complementares aos
de média e grande dimensão, que se destinam a possibilitar a participação de ONG,
comunidades locais e outras organizações da sociedade civil. O montante máximo
para cada projecto é 150 mil USD (aprovado pelo PNUD), mas em média o programa
tem desembolsado 20 mil USD por projecto. Os fundos vão directamente para ONG ou
outras Organizações Comunitárias de Base;
• Projectos de Média Escala (Medium Size Projects) – Financia projectos até 1 milhão
USD no âmbito de uma prioridade estratégica, programa operacional ou resposta de
curto prazo;
• Projectos de Larga Escala (Full Size Projects) – Financia projectos acima de 1 milhão
USD que, para além dos requisitos dos medium size projects, obedeçam a requisitos
de elegibilidade dos AMA.
4.1. Prioridades e linhas de intervenção
As prioridades de intervenção do GEF são:7
área focaL7 prioridades
Biodiversidade
· Apoio a actividades de preservação e gestão integrada dos diversos ecossistemas: áridos e semi-áridos; marinhos, costeiros e de água doce; florestais; de montanha.
· Sustentabilidade dos Sistemas de Áreas Protegidas ao nível nacional.· Sensibilização para a importância da biodiversidade e da sua integração na tomada de
decisão.· Conservação e uso sustentável da diversidade biológica com importância para a
agricultura.· Capacitação para a implementação do Protocolo de Cartagena sobre Segurança
Biológica.
Alterações Climáticas
· Adaptação.· Redução dos custos a longo prazo das tecnologias energéticas de baixa emissão de
gases com efeito de estufa.· Promoção da utilização de energias renováveis e remoção de barreiras através da
redução dos custos de implementação. · Remoção de barreiras à eficiência energética e conservação de energia.· Promoção da mobilidade sustentável (transportes ambientalmente sustentáveis).· Facilitação de actividades, comunicações nacionais e outras obrigações no âmbito da
CQNUAC.
Desertificação e Degradação dos Solos
· Gestão sustentável de terras que visa o combate à desertificação e à degradação de terras, através das seguintes áreas temáticas:
· Agricultura· Pastorícia· Florestas· Gestão integrada e múltipla da água e terras.
Águas Internacionais
· Acções de recuperação e tratamento de cursos de água seriamente ameaçados, nomeadamente com impacte transnacional.
· Sistemas transnacionais que:· Ainda não estejam muito degradados;· Sejam vocacionados para preocupações ambientais relacionadas com outras áreas
focais do GEF;· Necessitem de medidas preventivas para avançarem para um processo de
desenvolvimento sustentável.· Projectos-piloto ou de demonstração baseados na aprendizagem Sul-Sul que podem
envolver os seguintes tópicos:· Actividades em terra que degradam as águas marinhas;· Poluentes globais;· Poluentes relacionados com navios;· Apoio técnico e capacitação regional / global.
Camada de Ozono · Apoio aos objectivos do Protocolo de Montreal sobre as substâncias que empobrecem a
Camada de Ozono à Convenção de Viena para a Protecção da Camada de Ozono.
Poluentes Orgânicos Persistentes (POP)
· Apoio aos objectivos da Convenção sobre Poluentes Orgânicos Persistentes: - Reforço de capacidades; - Intervenções de terreno; e - Investigação por objectivos.
7 Os nomes das áreas correspondem a uma tradução directa dos nomes utilizados pelo GEF. Depreende-se dos programas que estes se destinam a preservar a biodiversidade e a qualidade das águas internacionais e a combater a degradação de terras, a redução da camada de ozono ou a existência de POP.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Desde Março de 2003, os financiamentos do GEF inserem-se em programas operacionais.
Existem 15 programas operacionais, dos quais 11 reflectem as áreas prioritárias de
intervenção. O Anexo 2 contém a lista dos Programas Operacionais em vigor.
4.2. Ciclo de Proposta GEF
Como foi referido acima, a informação detalhada sobre os tipos de documentos a utilizar e
os prazos apropriados para submeter propostas pode ser encontrada no seguinte endereço:
http://thegef.org/interior_right.aspx?id=16674
A preparação da proposta deve ser feita em articulação com os pontos focais de cada Programa
Operacional no país – estes serão uma das agências de implementação do GEF (em geral PNUD,
PNUA ou Banco Mundial), que se encarregarão de enviar a documentação ao GEF.
Como referido acima existem diferentes tipos de apoio. No entanto, o primeiro documento a
apresentar é sempre um formulário de identificação de projecto (PIF – Project Identification
Form). O documento com a proposta só pode ser enviado após o PIF ter sido aprovado.
No caso das actividades facilitadoras (enabling activities) existem documentos de proposta
específicos de acordo com o âmbito de cada actividade:
âmbito formuLário de proposta específico
BiodiversidadeProjecto de biodiversidadeProjecto de biosegurança
Alterações ClimáticasRedacção da comunicação inicial sobre alterações climáticasPreparação do Plano de Acção Nacional de Adaptação (PANA)
Poluentes Orgânicos Persistentes Elaboração do Programa de Implementação Nacional (PIN)
MultissectorialPreparação do NCSA – Auto-avaliação de Capacidades Institucionais8
Pedido de apoio à preparação de projectos
8
Para Projectos de Larga Escala (Full Size Projects) o ciclo de proposta é complexo e tem uma
duração de 22 meses em média. Para Projectos de Média Escala (Medium Size Projects) o
prazo é um pouco menor dado que o secretariado tem poder de decisão. As propostas de
projectos de média dimensão podem ser submetidos em qualquer altura. As figuras abaixo
representam o ciclo de projecto.
Inicialmente o PIF é submetido ao Secretariado do GEF e, caso tenha condições, segue para
comentários do Painel de Aconselhamento Técnico e Científico. É possível submeter ao
Secretariado o pedido de apoio à preparação de projectos (PPG) ao mesmo tempo que se
submete o PIF. Isto irá poupar tempo, uma vez que o Secretariado (liderado pelo Director
Executivo – DE) tem poder para aprovar o PPG. Caso o PIF tenha que ser rectificado, existe
um formulário próprio para o efeito.
8 Os resultados do NCSA são utilizados como importantes pontos de partida em futuras actividades de desenvolvimento de capacidades.
Se o Secretariado der o seu aval, o PIF e o PPG (caso haja) são integrados no programa
de trabalhos do Conselho. O Conselho reúne duas vezes por ano e em certos anos poderá
reunir-se outras vezes, para decidir sobre projectos. Entretanto, caso o PPG tenha sido aceite,
iniciam-se os estudos para a elaboração da proposta. Estes estudos envolvem muitas vezes
a contratação de consultores nacionais e internacionais, visitas ao terreno, workshops, etc.
Ciclo de projecto de larga escala. Fonte: http://www.gefcountrysupport.org/docs/505.ppt
A avaliação por parte do Conselho é estratégica, ou seja os critérios são a equidade geográfica
e temática da intervenção, a coerência com outros projectos GEF na região e a contribuição
do projecto proposto para os objectivos do GEF para a região. As informações relativas a este
aspecto, que determinam as probabilidades da proposta final ser aceite, devem ser recolhidas
pelos interessados junto às agências de implementação ou agências executoras no país.
É com base nas informações do Conselho que o DE irá determinar os montantes de
financiamento. As agências de implementação ou as agências executoras, enviam então ao
DE toda a documentação da proposta – a mesma que terão submetido às representações
regionais ou à sede da sua própria organização9 – solicitando a aprovação da proposta. O
Secretariado tem então 10 dias para rever os documentos da proposta e o DE determina
se a proposta cumpre as condições para ser aprovada. Se a proposta preenche todos os
requisitos, o Secretariado envia a proposta para o Conselho. Este tem quatro semanas para
se pronunciar relativamente a qualquer aspecto - de procedimento, de política ou alguma
9 Em geral, as agências de implementação ou as agências executoras procedem a uma revisão interna da proposta e enviam-na às suas delegações regionais ou à sede, pois são co-responsaveis pela proposta e são elas que irão gerir os financiamentos.
Desenvolvimento do PIF Opção de submeter PPG
Avaliação Final
Implementação monitorização e avaliação
do projecto
Endosso pelo DE
DE considera PIF
Inclusão do PIF no programa de trabalhos do Conselho
Preparação da proposta de projecto
4 semanas de revisão do documento do projecto
pelo Conselho
DE aprova PIF (ePPG)
Os impactes do projecto continuam
para além do financiamento
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
incoerência da proposta. A aprovação final compete ao DE, que terá em linha de conta
as recomendações do Conselho e envidará esforços para corrigir os elementos necessários.
Dificilmente uma proposta reprovará quando já chegou até aqui.
O portal da internet do GEF10 vai mostrando os PIF submetidos, os pareceres do Painel de
Aconselhamento Técnico e Científico, as preocupações do Conselho, o estado da proposta
– por exemplo, que aguarda rectificação para ser finalmente aprovada, e finalmente os
documentos finais da proposta.
No caso de projectos de média dimensão o processo é abreviado pois o DE pode aprovar o PIF
que tenha sido submetido ao Secretariado. Uma vez aprovado, pode iniciar-se a preparação
de toda a documentação da proposta. O DE pode também aprovar um PPG. Uma vez enviada
a proposta ao Secretariado e o DE ter dado o seu aval, a proposta é colocada no portal do
GEF11 por um período de duas semanas e o Conselho é notificado para fazer comentários.
Após este período e se não houver objecções o DE envia uma comunicação à agencia de
implementação ou de execução com essa informação, com o montante de financiamento
aprovado e a comissão da agência. No caso de haver comentários do Conselho, a agência
deve enviar uma versão revista ou indicar que aquelas preocupações já estão expressas na
proposta e o DE tem o poder de aprovar a versão final da proposta.
No caso de actividades facilitadoras, caso estas sejam classificadas como de procedimento
expedito (isto é, montantes até um máximo 500 mil USD dependendo da área temática), não
existe necessidade de submeter um PIF e o DE pode aprovar directamente a proposta. No caso
de não estarem no regime de procedimento expedito, então desenrola-se um processo igual
ao dos projectos de larga escala. O Secretariado solicita às agências que revejam as propostas
e as reenviem. Cada período de revisão é de 10 dias. O DE pode igualmente considerar que
não é necessário prosseguir com a elaboração da proposta e retirá-la do ciclo do GEF.
4.3. Considerações para a elaboração de propostas GEF
Como se viu na secção anterior, são as agências de implementação ou as agências executoras
as interlocutoras do Secretariado do GEF. No entanto, qualquer indivíduo ou grupo pode
propor um projecto às agências. O primeiro escrutínio é pois das agências. Os projectos
devem satisfazer dois critérios:
1. Reflectir as prioridades nacionais ou regionais e ter o apoio do país ou países envolvidos;
2. Ter impactes positivos sobre o ambiente global ou iniciar processos de redução de
riscos sobre o ambiente.
As ideias de projectos podem também ser apresentadas às agências executoras mencionadas
acima. Neste caso o processo terá também que entrar em linha de conta com a política e
estratégia de intervenção da agência no país.
Os países em desenvolvimento que sejam Partes contratantes dos respectivos AMA são
elegíveis para propor projectos de biodiversidade e alterações climáticas. Para facilitar a
obtenção de financiamentos, os países são aconselhados a identificar as prioridades nacionais
10 http://www.thegef.org/interior.aspx?id=1678811 http://www.thegef.org/interior.aspx?id=24070
para apoio do GEF, desenvolver uma estratégia de abordagem ao GEF com o apoio das
várias partes interessadas, integrar as prioridades do GEF nas suas estratégias nacionais de
desenvolvimento sustentável e ambiente.
Requisitos para os projectos
Todos os projectos apresentados devem ser liderados pelo país proponente e devem ter a
aprovação do ponto focal nacional.
Espera-se ainda que as ideias de projecto apresentadas nasçam da articulação entre as
agências de implementação e os países receptores. No entanto, na fase inicial não existe
necessidade expressa de uma aprovação formal, a não ser quando tal é exigido no âmbito
dos apoios à preparação de projectos.
Requisitos para o PIF
O PIF contém uma descrição breve mas tão clara quanto possível da proposta que se
pretende elaborar e com detalhe suficiente para permitir a sua avaliação pelo Secretariado.
As agências de implementação, ou as agências executoras, podem apoiar na elaboração e
fazem uma primeira revisão dos PIF. Os critérios de avaliação do Secretariado incluem:
1. Apropriação (ownership) do país beneficiário (inclui elegibilidade, liderança e
aprovação sempre que necessário);
2. Conformidade com programas e políticas (inclui a arquitectura conceptual do
projecto, a natureza multiplicadora das actividades e identificação de participantes e
partes interessadas [stakeholders]);
3. Adequação dos fundos requeridos com os recursos disponíveis na área focal e no
quadro de disponibilização de recursos;
4. Eficácia na utilização dos fundos do GEF (com base no orçamento apresentado,
discriminado por componentes, na estratégia de gestão do projecto proposta, na
equipa técnica escolhida e no co-financiamento);
5. Coordenação e apoio institucional (incluindo compromissos e objectivos centrais das
agências de implementação, sinergias, coordenação e áreas de colaboração).
Elaboração da proposta
Na elaboração de propostas devem ter-se em conta as seguintes questões, que serão alvo da
avaliação do GEF:
• O país receptor ratificou/aderiu ao AMA correspondente ao âmbito do projecto?
• O projecto enquadra-se num dos Programas Operacionais?12
• O projecto enquadra-se numa das áreas focais de intervenção do GEF e nos seus
programas estratégicos?
• Qual a relevância/impacte global do projecto?
• O projecto enquadra-se nas prioridades nacionais?
• O co-financiamento da acção está garantido?
• Qual a complementaridade deste projecto com outros projectos, programas e acções?
• É respeitada a Política de Monitorização e Avaliação do GEF?
12 Existem 15 programas operacionais - ver anexo 3 dos anexos à secção xpto - GEF.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
4.4. Requisitos específicos por tipo de projecto
Projectos de Larga Escala (Full Size Projects)
Projectos que recebem mais de 1 milhão USD de financiamento do GEF, devem obedecer a:
• Requisitos de elegibilidade dos AMA;
• Prioridade estratégica;
• Programa operacional ou resposta de curto prazo.
Os proponentes deste tipo de projecto devem contactar os pontos focais nacionais e os
coordenadores regionais e sectoriais responsáveis das agências de implementação, para
terem percepção dos objectivos do GEF para a região. Dado o longo processo de avaliação,
e o facto de terem que ser integrados no programa de trabalhos do Conselho que reúne
apenas duas vezes por ano, os PIF devem ser enviados tendo em conta que antes de serem
integrados na agenda da reunião têm que ser analisados e aprovados pelo Secretariado.
Projectos de Média Escala (Medium Size Projects)
Projectos com financiamento até 1 milhão USD devem obedecer a:
• Prioridade estratégica;
• Programa operacional ou resposta de curto prazo.
As propostas podem ser enviadas em qualquer momento, uma vez que não necessitam de
ser revistas pelo Conselho nem pelo Painel de Aconselhamento.
Apoio a iniciativas de âmbito mais localizado (Small Grants Programme)
Este programa é gerido pelas delegações do PNUD em mais de 101 países e podem participar
nele os países que tenham ratificado ou aderido à CQNUAC e à CBD. Existem actualmente
escritórios em 80 países. Relativamente aos PALOP e Timor Leste, apenas existem escritórios
em Moçambique. O Brasil também já beneficiou deste projecto. Cada país desenvolve uma
estratégia nacional para a implementação do quadro estratégico global do programa.
As autoridades de ambiente interessadas devem contactar as delegações nacionais do PNUD
que se encarregará das comunicações necessárias, para que caso seja possível se iniciem os
procedimentos para o estabelecimento do programa. Se for aprovado, o país designa um
comité de acompanhamento (steering committee) e é contratado um coordenador de projecto.
Actividades facilitadoras (Enabling Activities)
Financia a preparação de planos, estratégias ou programas destinados a cumprir compromissos
assumidos em AMA relevantes bem como comunicações ou relatórios nacionais. Como se
descreveu acima, existem procedimentos expeditos para este financiamento até determinados
montantes.
Os tipos de actividades que podem ser financiadas, incluem:
área focaL actividades
Biodiversidade
Apoio aos países na preparação de documentos estruturantes para atingir os objectivos da Convenção sobre a Diversidade Biológica. As actividades de facilitação promovem o desenvolvimento de estratégias, planos e programas nacionais bem como a identificação de processos e actividades com efeitos potencialmente negativos sobre a conservação e uso sustentável da biodiversidade.
Alterações climáticas
Apoio aos países receptores no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, nomeadamente no desenvolvimento de estratégias, programas e planos nacionais bem como na implementação de actividades que reduzam os gases causadores de efeito estufa.
Poluentes Orgânicos Persistentes (POP)
As actividades facilitadoras relacionadas com POP têm duas grandes componentes: a preparação dos Planos Nacionais de Implementação e o Apoio à Capacitação no âmbito de processos participativos que levem à preparação dos Planos Nacionais de Implementação.
Preparação de Programas Nacionais de Acção para a Adaptação em Países Menos Desenvolvidos
Este mecanismo é recente e está pensado especificamente para os países menos desenvolvidos. O objectivo é criar capacidades para responder às necessidades de adaptação urgentes e imediatas bem como para a preparação das comunicações nacionais no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.
Auto-avaliações Nacionais de Necessidades de Capacitação(National Capacity Self Assessment)
O objectivo desta componente de intervenção é identificar as prioridades e necessidades de capacitação nacionais para fazer face às questões ambientais, nomeadamente: diversidade biológica, alterações climáticas e degradação dos solos.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Apoio à Preparação de Projectos (Project Preparation Grant)
Existem três tipos de apoio na preparação e desenvolvimento de propostas:
âmbito actividades apoiadas
PPG – a
Antes da ideia de projecto ser submetida, o GEF pode apoiar na preparação e desenvolvimento desta mesma proposta, financiando até 25 mil USD para trabalhos de concepção a nível nacional. Este tipo de apoio deve ser solicitado ao ponto focal de cada país.
Consultas nacionais, audiências, workshops; custos de viagens a países vizinhos para preparar projectos transnacionais; consultoria para desenvolver opções de projectos e preparar documentos estratégicos; revisão técnica, científica e ambiental dos projectos propostos; peritos externos, sempre que se justifique.
PPG – b
Depois de o projecto ter sido aprovado para financiamento pode ser solicitado este apoio para preparação do projecto. O pedido deve ser feito através do ponto focal operacional do país e pode ir até aos 350 mil USD para projectos num só país e até 700 mil USD para projectos transnacionais.A proposta pode ser submetida ao secretariado do GEF numa base permanente, com cópias para as agências de implementação, agências de execução relevantes e secretariados das convenções relevantes.
Estudos de viabilidade, custos, parâmetros técnicos e científicos; actividades de envolvimento de todos os agentes interessados no desenvolvimento do projecto; assistência na elaboração de planos sectoriais, análise de políticas nacionais; pequenas iniciativas comunitárias para a preparação da implementação do projecto.
PPG – c
Pode ainda ser solicitado um apoio complementar que pode ir até 1 milhão USD, mas apenas para projectos que:· Tenham sido aprovados mas que necessitem de mais
trabalho técnico;· Sejam de larga escala, normalmente de infra-
estruturas;· Tenham cumprido com todos os requisitos e
procedimentos de preparação do projecto.
Estudos mais aprofundados de engenharia, desenho técnico, etc.
4.5. Fundos específicos relativos a alterações climáticas
Os projectos que se enquadrem na Adaptação na área temática de alterações climáticas
podem candidatar-se a fundos existentes nos seguintes fundos especiais mencionados nesta
secção. O ciclo de projecto é semelhante ao dos projectos de larga e média escala. Existem
formulários PIF e PPG próprios no portal de internet: http://www.gefweb.org/interior_right.
aspx?id=16674).Fundo Especial para as Alterações Climáticas (The Special Climate Change Fund)
Estabelecido em 2001, este Fundo visa financiar projectos relacionados com a adaptação;
transferência de tecnologia e capacitação; energia, transporte, indústria, agricultura, florestas
e gestão de resíduos; e diversificação económica, funcionando como um complemento aos
outros mecanismos da CQNUAC.
O objectivo deste Fundo é implementar medidas de adaptação de longo prazo que aumentem
a capacidade dos sectores nacionais em lidar com os impactes das alterações climáticas.
O GEF centra o seu apoio em projectos destinados a regiões e sectores vulneráveis,
identificados com base em:
• Comunicações Nacionais à CQNUAC;
• Programas de Acção Nacionais para a Adaptação (PANA)
• Avaliações de Necessidades Tecnológicas;
• Outros Estudos Nacionais ou Regionais que analisem os impactes das alterações
climáticas.
Este Fundo oferece uma oportunidade de ligar a adaptação às alterações climáticas em
sectores sócio-económicos como:
• Gestão de Recursos Hídricos;
• Gestão dos Solos;
• Agricultura;
• Saúde;
• Desenvolvimento de Infra-estruturas.
São ainda encorajadas as ligações com ecossistemas frágeis, gestão integrada de zonas
costeiras e preparação para desastres naturais.
Os projectos apoiados têm obrigatoriamente de incluir dois dos seguintes elementos:
• Integração da redução do risco resultante das alterações climáticas, nas políticas e
estratégias dos vários sectores;
• Implementação de medidas de adaptação;
• Capacitação institucional e sensibilização.
As actividades devem estar enquadradas nos sectores referidos acima podendo, por exemplo,
abranger:
• Melhoria dos meios de monitorização de doenças;
• Sistemas de aviso prévio e planeamento de respostas a desastres naturais;
• Preparação para cheias e períodos de seca em zonas expostas a eventos climáticos
extremos.
Um projecto considerado de sucesso deve contribuir para:
• Reduzir a vulnerabilidade de longo prazo perante as alterações climáticas;
• Reforçar a capacidade dos diferentes sectores de desenvolvimento no que respeita à
sua capacidade de resposta ao fenómeno das alterações climáticas;
• Implementar estratégias, políticas e medidas para a adaptação em sectores-chave
para o desenvolvimento;
• Criar ou reforçar a capacidade de adaptação das comunidades.
Os projectos devem produzir resultados que possam ser replicados num contexto mais
alargado, podendo ser utilizado para o desenvolvimento de boas práticas de integração das
preocupações com a adaptação no planeamento do desenvolvimento e na implementação
de projectos.
O financiamento dos projectos pode seguir duas vias, sendo a mais simples uma escala
definida pelo GEF para os financiamentos, nos seguintes moldes:
• Até 1 milhão USD – Financiamento até 50%;
• Até 5 milhões USD – Financiamento até 33%;
• Acima de 5 milhões USD – Financiamento até 25%.
A alternativa é o cálculo dos cenários de base e de adaptação, financiando o GEF a diferença,
ou seja, o esforço de adaptação.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Fundo para os Países Menos Desenvolvidos (The Least Developed Countries Fund)
Este mecanismo difere do Fundo Especial para as Alterações Climáticas, uma vez que apenas
os países menos desenvolvidos são elegíveis, para o apoio a projectos relacionados com
necessidades de curto prazo, bem como para a implementação de projectos inscritos nos
Programas de Acção Nacionais de Adaptação.
Os objectivos deste mecanismo de financiamento são:
• Apoiar a preparação dos PANA para a identificação das necessidades urgentes e
imediatas de adaptação em países em desenvolvimento;
• Facilitar a implementação dos PANA.
Algumas das áreas consideradas prioritárias são:
• Recursos Hídricos – Alargamento da utilização da captação e armazenamento de
águas pluviais para o abastecimento doméstico e para irrigação; protecção de fontes
de abastecimento de água; reforço do planeamento e gestão de recursos hídricos;
• Segurança Alimentar e Agricultura – Utilização de técnicas agrícolas adequadas;
• Saúde – Reforço da monitorização da incidência de doenças;
• Gestão do Risco e Preparação para Desastres Naturais;
• Regulação da Construção de Infra-estruturas;
• Gestão Sustentável de Recursos Naturais;
• Adaptação das Comunidades às Alterações Climáticas.
Este mecanismo apoia projectos de adaptação que implicam a definição de custos adicionais.
Estes resultam da diferença entre financiamento de base e custo total.
O financiamento de base corresponde ao custo das actividades que seriam implementadas
na ausência de alterações climáticas – cenário de base.
Os custos totais do projecto correspondem ao custo final que inclui a implementação do
plano de acção para criar capacidade de adaptação e aumentar a capacidade de lidar com o
fenómeno das alterações climáticas – cenário de adaptação.
A diferença entre estes dois cenários, ou seja, o esforço adicional para lidar com a adaptação
às alterações climáticas, será suportada por este Fundo. As restantes actividades serão
financiadas pelos mecanismos normais de financiamento do desenvolvimento, como por
exemplo o orçamento de Estado, ajuda bilateral, investimentos privados, recursos de ONG,
empréstimos de instituições financeiras internacionais. Este Fundo deve pois ser usado como
complemento a outros fundos já assegurados.
A apresentação de um projecto considerado prioritário no PANA deve ser acompanhada de
uma justificação baseada na diferença entre os custos dos dois cenários referidos acima: o
cenário de base e o cenário de adaptação.
Na prática, podem existir dificuldades nos cálculos a efectuar, pelo que foi criada uma escala
que é aceite como uma aproximação válida para os projectos candidatos a financiamento.
Trata-se de uma escala opcional que pretende ser um instrumento simplificador na preparação
de projectos identificados pelos PANA.
O financiamento de projectos ao abrigo deste mecanismo segue, assim, o seguinte esquema:
• Projectos até 300 mil USD – Financiamento até 100%;
• Projectos entre os 300 mil USD e os 500 mil USD – Financiamento até 75%;
• Projectos entre os 500 mil USD e os 6 milhões de USD – Financiamento até 50%;
• Projectos entre os 6 milhões USD e 18 milhões USD – Financiamento até 33%;
• Projectos acima dos 18 milhões USD – Financiamento até 25%.
Existe ainda uma disposição que permite que, para cada grupo de financiamento, o projecto
possa obter uma comparticipação do GEF até ao valor máximo do nível de financiamento
anterior. Um exemplo seria um projecto de 350 mil USD que em vez de receber um co-
financiamento de 262.5 mil USD poderia ter um co-financiamento até 300 mil USD. Para além
disso, dependendo do tipo de apoio e qualidade do PANA, podem ser solicitados apoios PPG
para preparar os documentos dos projectos.
Fundo de Adaptação (Adaptation Fund)
Este fundo é destinado a financiar acções em países em desenvolvimento que sejam Partes
do Protocolo de Quioto. Os recursos deste Fundo advêm de 2% das RCE originadas por
projectos MDL, bem como de outras fontes.
A entidade operativa do Fundo de Adaptação é o Conselho do Fundo de Adaptação, sendo
que o GEF assegura as questões de Secretariado do Fundo e o Banco Mundial é o fiel
depositário do Fundo numa fase interina, até 2011. O Conselho do Fundo de Adaptação é
composto por 16 membros e 16 suplentes que se reúnem pelo menos duas vezes por ano na
sede do secretariado da CQNUAC em Bona.
Os fundos são geridos pelo Banco Mundial e são descritos na correspondente secção do Manual.
5. Acordos Multilaterais de Ambiente
Com o intuito de apoiar a implementação dos acordos internacionais assumidos pelos países
em desenvolvimento, os Secretariados dos AMA têm desenvolvido mecanismos específicos
de apoio técnico e financeiro. Para além dos mecanismos de apoio dos AMA abrangidos
pelo GEF descritos na secção anterior, existem outros de que se destacam: a Convenção
RAMSAR sobre Zonas Húmidas, a Convenção de Basileia sobre o Movimento Transfronteiriço
de Resíduos Perigosos e sua Eliminação, a Convenção de Roterdão relativa ao Procedimento
de Prévia Informação e Consentimento e a Convenção de Montevideu sobre Direito do Mar.
Para beneficiar destes mecanismos os países deverão tornar-se Partes contratantes dos
respectivos AMA completando o processo de ratificação ou adesão aos mesmos, o que
implica a tradução do AMA para português13, um processo interno de aprovação dos AMA
nas respectivas assembleias nacionais, publicação no diário oficial do país e depósito do
respectivo instrumento de ratificação ou adesão junto dos Secretariados de cada AMA14.
Os fundos para os mecanismos de apoio advêm das contribuições obrigatórias dos países
industrializados de cada AMA. Em alguns casos, são criados Trust Funds (ou fundos específicos),
que advêm das contribuições voluntárias dos países industrializados para financiamento de
programas de trabalho plurianuais.
13 A versão portuguesa de muitos AMA (as versões rectificadas por Portugal) pode ser encontrada em http://siddamb.apambiente.pt14 A Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados define «Estados contratantes» no seu Art. 2º como: Estado que consentiu em ficar vinculado pelo tratado, independentemente de este ter entrado ou não em vigor. O consentimento em ficar vinculado manifesta-se por via de ratificação ou de adesão – o acto de ratificação ocorre após a assinatura de um tratado internacional enquanto que a adesão se verifica para Estados que não são signatários do tratado em causa.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Os países interessados em aceder a estes mecanismos podem, através dos seus pontos focais,
iniciar contactos com a respectiva delegação nacional do PNUD, PNUA ou outra agência das
Nações Unidas (por exemplo FAO) ou directamente com o respectivo Secretariado de acordo
com o AMA em questão.
5.1. Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (CQNUAC)
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
Porventura o mais conhecido mecanismo de apoio no âmbito da CQNUAC15 é o Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL). O MDL é um dos instrumentos de flexibilização estabelecidos
pelo Protocolo de Quioto com o objectivo de facilitar o cumprimento das metas de redução
de emissão de gases de efeito estufa (GEE) definidas para os países industrializados que são
Partes do Protocolo, enquanto promovem o desenvolvimento sustentável nos outros países.
Em síntese, a proposta do MDL (descrita no Artigo 12 do Protocolo) consiste em que cada
tonelada de CO2 equivalente (tCO2e) que deixar de ser emitida ou for retirada da atmosfera
por um país em desenvolvimento poderá ser negociada no mercado mundial, criando uma
forma atractiva para a redução das emissões globais.
O Protocolo determina que os países que constam do Anexo B (países industrializados com
compromissos quantificados de limitação ou redução de emissões) devem fixar as suas metas
para a redução de GEE junto dos principais emissores dentro dos seus territórios, de acordo
com a meta que lhes foi atribuída pelo Protocolo. Para isso os governos distribuem pelas
empresas as quantidades que podem emitir de acordo com um plano nacional de atribuição
de emissões. Com a introdução do MDL, as empresas que não conseguirem (ou não desejarem)
diminuir as suas emissões poderão comprar Reduções Certificadas de Emissões (RCE) e usar
esses certificados para cumprir as suas obrigações16. As RCE são originadas por projectos de
redução de emissão de GEE implementados em países em desenvolvimento, sendo assim
dada a oportunidade a estes países de financiar o seu desenvolvimento sustentável.
As motivações subjacentes à participação no MDL são distintas em função dos objectivos
como se sumariza no quadro abaixo17:
agente motivação
Países em desenvolvimento Promover o desenvolvimento sustentável e contribuir para o controle das alterações climáticas.
Partes do Anexo B Cumprimento das metas de forma mais eficiente em relação aos custos envolvidos.
ONG Promover o desenvolvimento sustentável e contribuir para o combate às alterações climáticas.
EmpresasRedução de emissões, oportunidades de investimento, ganhos de competitividade, marketing institucional, responsabilidade social, difusão de tecnologia.
15 http://unfccc.int/2860.php16 Apenas parte dos compromissos de redução de emissões de empresas e países podem ser cumpridos pela compra de RCE, as entidades têm que demonstrar igualmente esforços na redução efectiva de emissões.17 Fonte:(2002) “O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo: Guia de Orientação”, 2002, Fundação Getulio Vargas.
Os gases e sectores/ actividades relacionadas com os MDL podem ser resumidos no seguinte
quadro18:
redução de emissões de gases de efeito estufa
sectores energiaprocessos industriais
agricuLtura resíduos
Gases CO2 – CH4 – N2OCO2-N20-HFCs-PFCs-SF6
CH4-N2O CH4
ActividadesCaptura de emissões e Combustão controlada
Produtos mineraisIndústria químicaProdução de metaisProdução e consumo de halocarbono e hexafluoreto de enxofreUso de solventesOutros
Fermentação entéricaTratamento de dejectosCultivo de arrozSolos agrícolasQueimadas de resíduos agrícolas
Disposição de resíduos sólidosTratamento de esgotosTratamento de efluentes líquidosIncineração de resíduos
Sector energéticoIndústria de transformaçãoIndústria de construçãoTransporteOutros sectores
Captura de emissões
Combustíveis sólidosPetróleo e gás natural
remoção de co2
afLorestação / refLorestação
A alteração de combustíveis pode estar relacionada com qualquer projecto em que o sistema
existente seja substituído por um combustível com menor componente de carbono.
A abordagem do MDL é baseada na adopção de metodologias que procuram normalizar o
método de cálculo aplicando um método comum para certos tipos de projectos semelhantes. Para
assegurar a qualidade, estas metodologias são aprovadas pelo Conselho Executivo da CQNUAC.
Assim, apenas podem ser registados projectos de MDL que:
• Utilizem uma metodologia previamente aprovada pelo Conselho Executivo; ou
• Proponham uma nova metodologia ao Conselho para avaliação – a aprovação de
uma nova metodologia é um processo de complexa e demorada execução.
As entidades envolvidas no MDL são:
— Conselho Executivo – Tem a seu cargo a supervisão do funcionamento do MDL a nível
mundial. Entre as suas responsabilidades destacam-se
(i) O registo de actividades de projecto do MDL;
(ii) Emissão de RCE;
(iii) Acreditação de Entidades Operacionais Designadas;
(iv) Estabelecimento e aperfeiçoamento de metodologias para definição da linha de
base, e de monitorização e fugas.
18 Com base em “O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo: Guia de Orientação”, 2002, Fundação Getulio Vargas.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
— Autoridade Nacional Designada (AND) – Os governos dos países (tanto países industrializados
como países em desenvolvimento) interessados em participar em actividades no âmbito do
MDL devem designar junto do Secretariado da CQNUAC uma autoridade nacional para o
MDL: a Autoridade Nacional Designada (AND). As AND certificam que a participação dos
países é voluntária e cabe-lhes aprovar as actividades do projecto. Em particular, à AND do
país onde o projecto é implementado cabe decidir, de forma soberana, se o projecto MDL
contribui para o desenvolvimento sustentável do país.
— Entidade Operacional Designada (EOD) – São entidades nacionais ou internacionais
credenciadas pelo Conselho Executivo e designadas pela Conferência das Partes (CoP) da
Convenção na sua qualidade de Reunião (MoP) das Partes do Protocolo – a CoP/MoP ratifica
ou não a acreditação feita pelo Conselho Executivo.
A EOD tem três funções principais:
• Validar e solicitar o registo de propostas para actividades de projectos no âmbito do
MDL;
• Verificar a redução de emissões das actividades de projectos do MDL;
• Verificar e certificar reduções de emissões de GEE e solicitar a emissão de RCE ao
Conselho Executivo;
Para além do mercado das RCE, existe também o mercado das Reduções Voluntárias de
Emissão (RVE) que tem tido um crescimento rápido. As RVE têm um procedimento mais
simplificado (não carecem de certificação pela CQNUAC), os seus standards são menos
exigentes e têm um valor monetário menor que as RCE. No entanto, as RVE passam por um
processo de auditorias e certificação por entidades independentes acreditadas, num processo
semelhante ao das certificações ambientais. Existem actualmente várias certificações de RVE.
O mercado global do carbono e os interesses a ele associados fazem com que a maior parte
do investimento tenda a ser direccionado para os chamados países emergentes (isto é
países em desenvolvimento com mais recursos financeiros e humanos), que possuem infra-
estruturas e instituições preparadas para lidar com grandes projectos e onde já existem
interesses financeiros e comerciais por parte dos promotores e investidores.
Os países mais pobres têm maior dificuldade em atrair investimentos para projectos MDL, pelo
que importa tomar medidas para contrariar esta situação, de que se destacam as seguintes:
• Atrair investidores institucionais como os Fundos de Carbono do Banco Mundial,
Fundos de Carbono de países com os quais existam boas relações de cooperação
bilateral (por exemplo o Fundo Português de Carbono) e fundos de outras grandes
instituições financeiras que têm interesse em promover projectos em países em
desenvolvimento, especialmente projectos que são menos atraentes para o sector
privado (projectos que geram RCE);
• Atrair fundos internacionais de apoio ao desenvolvimento para ajudar os países em
desenvolvimento mais pobres a desenvolver a capacidade nacional necessária para
implementar projectos de MDL (estes projectos não geram RCE, mas são contabilizáveis
na ajuda publica ao desenvolvimento).
De modo a atrair fundos e investidores é importante que o país tenha uma atitude pró-
activa e demonstre capacidade para maximizar a concretização das oportunidades do
MDL no seu desenvolvimento sustentável. Algumas das acções de preparação que são
valorizadas incluem19:
• Estabelecimento de políticas, planos e sistemas de monitorização para o
desenvolvimento sustentável;
• Desenvolvimento e integração de políticas nacionais e regionais;
• Identificação de prioridades e oportunidades para os projectos, por exemplo no PANA;
• Estímulo a investimentos em projectos de MDL de gestão de uso da terra (florestação/
aflorestação, mudança de tipo de culturas, etc.);
• Criação de capacidades e infra-estruturas para a implementação dos projectos;
• Integração de projectos susceptíveis de serem considerados MDL nos planos de
desenvolvimento;
• Definição dos aspectos legais relacionados com a titularidade dos créditos de carbono.
Procedimentos relativos a projectos
São elegíveis para o MDL as actividades de projecto de redução de emissões que cumpram
os seguintes requisitos:
• A participação dos países é voluntária;
• O projecto tenha sido aprovado pelo país em que as actividades são implementadas;
• Esteja claramente justificado que o projecto contribui para atingir os objectivos de
desenvolvimento sustentável definidos pelo país onde o projecto é implementado;
• Esteja claramente justificado que actividades do projecto MDL irão provocar a
redução das emissões de GEE de forma adicional ao que ocorreria na ausência da
actividade de projecto;
• Seja contabilizado o aumento de emissões de GEE que ocorrem fora dos limites das
actividades de projecto e que sejam mensuráveis e atribuíveis a essas actividades;
• Existam provas das consultas realizadas a todos os actores que sofrerão os impactes
das actividades de projecto, a respeito desses impactes e do projecto;
• Existam provas de que o projecto MDL não irá causar impactes colaterais negativos
ao meio ambiente local (estudo de impacte ambiental ou estudo de incidências
ambientais);
• Exista justificação de que o projecto irá proporcionar benefícios mensuráveis, reais e
de longo prazo relacionados com a mitigação das alterações climáticas;
• As actividades devem estar relacionadas com gases e sectores definidos no Anexo A
do Protocolo de Quioto ou ser referentes às actividades de projectos de aflorestação
e reflorestação.
Acrescente-se que o financiamento público para actividades de projectos do MDL das
Partes do Anexo B do Protocolo não deve provocar um desvio das verbas para ajuda
oficial ao desenvolvimento. Os montantes destinados a projectos MDL devem ser
diferenciados (não são considerados ajuda pública ao desenvolvimento) e não podem
ser contabilizados como parcela das obrigações financeiras assumidas junto à Convenção
pelas partes do seu Anexo I.
19 IEED, 2002, “Criando as Bases para o Desenvolvimento Limpo: Preparação do Sector de Gestão de Uso da Terra Um Guia Rápido para o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)”. Ver www.cmdcapacity.org
48 49
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
O Ciclo do Projecto engloba os seguintes passos:
fase descriçãoentidade
responsáveL
1. eLaboração do documento
de concepção do projecto – dcp
A elaboração do DCP é a primeira etapa do ciclo do projecto. Todas as informações necessárias para validação/registo, monitorização, verificação e certificação devem estar contempladas. Este documento deverá incluir, nomeadamente, a descrição das actividades do projecto e dos participantes nas actividades de projecto; a metodologia da linha de base; as metodologias para cálculo da redução de emissões de GEE e para o estabelecimento dos limites da actividade de projecto e das fugas; e o plano de monitorização. Deve conter, ainda, a definição do período de obtenção de créditos de emissão, a justificação do valor adicional que resulta do projecto, o relatório de impactes ambientais, os comentários dos actores e informações quanto à utilização de fontes adicionais de financiamento.
Participantes do projecto
2. vaLidação / aprovação e
registo
A validação é um processo de avaliação independente de uma actividade de projecto por uma Entidade Operacional Designada (EOD), no que respeita aos requisitos do MDL, com base no DCP.A aprovação é o processo pelo qual as AND das Partes envolvidas confirmam a participação voluntária e a AND do país onde são implementadas as actividades de projecto do MDL atesta que as actividades contribuem para o desenvolvimento sustentável do país.O registo é a aceitação formal, pelo Conselho Executivo, de um projecto validado como actividade de projecto do MDL. O registo é o pré-requisito para a verificação, certificação e emissão das RCE relativas à actividade de projecto do MDL.
Entidade Operacional Designada (EOD); Autoridades Nacionais Designadas (AND); Conselho Executivo do MDL
3. monitorização
Processo de monitorização das actividades do projecto, incluindo a recolha e armazenamento de todos os dados necessários para calcular a redução das emissões de GEE, de acordo com a metodologia de linha de base estabelecida no DCP, que tenham ocorrido dentro dos limites da actividade do projecto, ou fora desses limites desde que sejam atribuíveis à actividade do projecto, e dentro do período de obtenção de créditos.
Participantes do projecto
4. verificação / certificação
A verificação é o processo de auditoria periódico e independente para rever os cálculos acerca da redução de emissões de GEE ou da remoção de CO2 resultantes de actividades do projecto do MDL que foram enviados ao Conselho Executivo por meio do DCP.Esse processo é feito com o intuito de verificar, ex-post, a redução de emissões que efectivamente ocorreu. Apenas as actividades de projectos MDL registadas serão verificadas e certificadas.A certificação é a garantia fornecida por escrito de que uma determinada actividade de projecto atingiu um determinado nível de redução de emissões de GEE durante um determinado período de tempo específico.
EOD
5. emissão e aprovação de rce
Etapa final, quando o Conselho Executivo tem a certeza de que, cumpridas todas as outras etapas, as reduções de emissões de GEE decorrentes das actividades de projectos são reais, mensuráveis e de longo prazo e, portanto, podem dar origem a RCE. As RCE são emitidas pelo Conselho Executivo e creditadas aos participantes de uma actividade de projecto na proporção por eles definida e, dependendo do caso, podendo ser utilizadas como forma de cumprimento parcial das metas de redução da emissão de GEE.
Conselho Executivo
Um factor limitador são os custos envolvidos na elaboração e preparação de um projecto MDL.
Mesmo os projectos de pequena escala (que têm procedimentos mais rápidos e agilizados)
comportam custos para a sua preparação e processo de aprovação. Apesar de existirem, os
apoios para a fase de preparação dos projectos MDL são limitados e nem sempre é possível
aceder-lhes.
Metodologias de linha de base e monitorização
A definição da linha de base é um dos pontos mais importantes na contabilização das
“reduções de emissões”. A linha de base corresponde à situação que se pretende alterar,
isto é, ao ponto de partida, às emissões que se pretende reduzir. A metodologia contém
a identificação do cenário de base, bem como uma fórmula matemática de cálculo das
emissões da linha de base.
As metodologias de monitorização descrevem a forma de monitorização de parâmetros
utilizados na fórmula de cálculo de redução de emissões, tendo em conta a metodologia da
linha de base e as emissões de base. É necessário ter uma descrição de como se garante uma
monitorização de qualidade.
Assim, é desejável que as metodologias sejam formuladas numa lógica genérica e integrada.
Devem ter em conta a identificação do cenário de base, o cálculo da redução de emissões e a
monitorização dos parâmetros. A metodologia pode depois ser aplicada não só ao projecto
relevante, mas também a outros projectos semelhantes.
Metodologias de Pequena Escala
Reconhecendo os benefícios para o desenvolvimento sustentável que podem resultar dos
projectos de pequena escala, os Acordos de Marraquexe20 estabeleceram a possibilidade
de introduzir procedimentos rápidos e mais agilizados para este tipo de projectos com o
objectivo de reduzir os custos de transacção associados com a preparação de projectos MDL.
A diminuição de custos teve também em conta a menor capacidade competitiva dos projectos
de pequena escala, já que deles resultam menos RCE que dos projectos de larga escala.
As condições para que um projecto seja considerado de pequena escala são:
tipo de projecto descrição
Actividades de projecto de energia renovável com capacidade máxima de produção equivalente até 15 MW (ou uma equivalência adequada).
Projectos que utilizem recursos renováveis como fonte primária de energia. Entre estes recursos incluem-se sol, vento, água, certas formas de biomassa, energia geotérmica, energia das ondas e das marés.
Actividades de projecto de melhoria da eficiência energética, que reduzam o consumo de energia pelo lado da oferta e da procura até 15 GWh/ano.
Projectos que utilizem tecnologias para melhorar o consumo de energia, podendo os projectos de eficiência energética ser divididos em duas categorias:- Projectos que actuam do lado da procura, resultando no mesmo serviço com menor consumo de energia.- Projectos que actuam do lado da oferta resultando na produção da mesma electricidade com recurso a menos combustíveis.
Actividades de projecto que emitam directamente menos do que 15 quilotoneladas equivalentes de dióxido de carbono (E-CO2) por ano.
Projectos não relacionados com electricidade como a captura e combustão controlada de emissões de gás em aterros, produção de gás natural, condutas de gás natural e minas de carvão activas ou abandonadas.
20 http://unfccc.int/cop7/documents/accords_draft.pdf.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Os procedimentos simplificados que podem ser utilizados nos processos de pequena escala
são:
• Formulário de candidatura simplificado;
• Metodologias simplificadas;
• Regulamentos específicos para a determinação da elegibilidade da fragmentação de
projectos de maior dimensão;
• Avaliações de impacte ambiental simplificadas;
• Período mais curto para o registo de projectos;
• A mesma entidade DOE pode validar, verificar e certificar a redução de emissões para
um projecto específico.
O anexo desta secção fornece exemplos de metodologias aprovadas.
Metodologias de Larga Escala
Os projectos de larga escala envolvem níveis mais elevados de redução de emissões e
requerem maior preparação envolvendo também maiores custos. Tal como nas metodologias
de pequena escala, existem metodologias para projectos de reflorestação/aflorestação e
também de tipologia diversificada.
Metodologias de Larga Escala Consolidadas
As metodologias consolidadas representam a integração das metodologias existentes
relacionadas com certo tipo de projectos. Podem ser aplicadas de forma abrangente
comparativamente às outras metodologias existentes. A consolidação representa a
esquematização e tipificação das diferentes metodologias.
5.2. Convenção sobre Diversidade Biológica e Protocolo de Cartagena
Mecanismo de Apoio Financeiro
Oportunidades de financiamento no âmbito da CBD21 e Protocolo de Biosegurança22 vêm
descritas de forma detalhada em: http://www.cbd.int/financial/international.shtml. Este
portal de internet fornece uma lista de organizações, fundações, entre outras entidades,
que poderão financiar actividades em matéria de biodiversidade. Neste manual destacam-
se alguns desses mecanismos. É de realçar que a FAO disponibiliza informação sobre
financiamentos para a área das florestas no seguinte portal http://www.fao.org/forestry/
cpf-sourcebook/en/.
Os principais mecanismos de apoio financeiro previstos no âmbito da CBD advêm do GEF e
são aplicados pelo PNUA. Estes mecanismos foram já referidos na secção GEF. Estes fundos
têm como objectivo apoiar as seguintes actividades:
• Elaboração de planos e estratégias nacionais e planos nacionais de conservação e
gestão da biodiversidade;
• Preparação dos Relatórios de Estado da Diversidade Biológica;
21 http://www.cbd.int/22 http://www.cbd.int/biosafety/
• Criação e Manutenção de Áreas Protegidas;
• Divulgação e Implementação de boas práticas de gestão da biodiversidade.
O Secretariado da CBD aconselha os países a contactarem com os pontos focais nacionais do
GEF, e/ou as delegações nacionais do PNUD com vista à candidatura aos mecanismos de apoio.
Mecanismo de Apoio à Implementação do Protocolo de Cartagena
Plano de Acção para a Capacitação
Este plano de acção fornece o enquadramento das actividades de apoio previstas. O objectivo
é a criação de capacidades para a efectiva implementação do Protocolo de Cartagena sobre
Segurança Biológica, o que é realizado através de apoio técnico, tecnológico e financeiro.
Este plano de acção tem três componentes: i) Preparação e reforço dos quadros nacionais
de biosegurança; ii) Promoção da colaboração regional e sub-regional sobre a temática da
biosegurança (o que inclui o estabelecimento de redes regionais de reforço de capacidades e
de monitorização); iii) Estabelecimento de um programa global de apoio à biosegurança – o
que inclui um site de internet e uma mailing list, bem como a publicação de artigos e outra
documentação.
Para concorrer aos mecanismos de financiamento deste programa, podem utilizar-se os
formulários descritos na secção do GEF, nomeadamente as actividades facilitadoras para
iniciar o processo. A candidatura deve ser feita com o apoio da delegação do PNUAD ou
do PNUA no pais (ou outra agência implementação/executora do GEF). Informação mais
detalhada ou novidades relativas a este programa podem encontrar-se em http://www.
unep.org/biosafety/Projects.aspx.
Desenvolvimento do Quadro Institucional sobre Biosegurança
O PNUA/GEF procura apoiar os países na criação de quadros estratégicos para a biosegurança.
Com uma abordagem conduzida pelos beneficiários, pretende-se criar um enquadramento
de gestão para os organismos geneticamente modificados a nível nacional, permitindo
cumprir os requisitos do Protocolo de Cartagena. Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau, e
São Tomé e Príncipe que são Partes no Protocolo, terminaram a elaboração dos respectivos
quadros nacionais de biosegurança.
O desenvolvimento destes quadros deve incluir:
• Recolha de informação;
• Análises, consultas e formação;
• Preparação de um documento de concepção do plano nacional para a biodiversidade
(ante-projecto de instrumentos legais, sistemas administrativos, avaliação de risco,
sistemas para a informação e participação públicas).
Na implementação do projecto são realizados workshops regionais para melhorar a
compreensão sobre o Protocolo de Cartagena e avaliar as melhores formas de trabalhar
em rede com os países da região. Para alem disso são realizados workshops sub-regionais
para identificar necessidades de capacitação; oportunidades de colaboração; mecanismos
de partilha na avaliação do risco e experiências de gestão; fortalecer redes para partilha de
experiências. No caso dos 4 PALOP que participaram até hoje, foram realizados workshops
52 53
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
entre os vários países em língua portuguesa.
Para ser elegível para este tipo de apoio, os países necessitam de cumprir os seguintes requisitos:
• Aderir ou ratificar o Protocolo de Cartagena sobre Biosegurança;
• Ser elegíveis para financiamento do GEF;
• Não ter recebido assistência no âmbito do projecto-piloto PNUA/GEF sobre
Biosegurança.
O ponto focal nacional da CBD e do Protocolo deve ser formalmente informado do interesse
do país em participar no projecto.
Projectos de implementação de quadros nacionais para a biosegurança
Este tipo de apoio direcciona-se para a implementação dos quadros nacionais de biosegurança,
na sequência do projecto anterior. O apoio tem uma duração média de três anos e um
orçamento entre os 500 mil USD e 1 milhão USD. Espera-se que os países articulem este
projecto com outros projectos de reforço de capacidades em curso, de forma a que no final
dos três anos as componentes principais do quadro de biosegurança estejam operacionais.
No final do projecto os países deverão ter:
1. Um quadro jurídico transparente e funcional, com leis, regulamentos e linhas de orientação
de implementação consistentes com o Protocolo de Cartagena e outras obrigações
internacionais relevantes.
2. Capacidade de implementar sistemas para:
• Tratar das notificações e solicitações de aprovação (incluindo sistemas de
processamento administrativo, avaliação de riscos e tomada de decisões);
• Implementação e monitorização;
• Informação e participação pública.
Todos os PALOP e Timor Leste podem beneficiar deste projecto. Os PALOP, excepto Angola,
estão em condições de concorrer.
Capacitação para a participação efectiva no mecanismo de troca de informação (Biosafety
Clearing House – BCH) do Protocolo de Cartagena
Este projecto tem três objectivos principais:
• Fortalecer a capacidade dos países elegíveis através da capacitação de funcionários
da administração. A formação incluirá a introdução e gestão de dados, identificação
e acesso a informação necessária para a tomada de decisões no âmbito do Protocolo
e o acesso e registo de informação no BCH;
• Criar um ambiente favorável às Partes para que estas cumpram as suas obrigações
na implementação do Protocolo através do fornecimento aos países participantes de
material informático para o armazenamento e troca de dados na Internet;
• Apoiar a capacitação através do desenvolvimento e disseminação de um pacote de
formação interactivo, planeado a nível global e que permita assegurar a consistência
entre a participação nacional dos diferentes países e o portal BCH central.
Todos os países da CPLP são elegíveis para este apoio. Todos os PALOP à excepção de Angola
estão a beneficiar deste projecto. Existe oportunidade de aprofundar a comunicação entre
os países para facilitar a implementação.
5.3. Convenção sobre o Combate à Desertificação nos Países Afectados por Seca
Grave e/ou Desertificação, em Particular África
Mecanismo Global para o Combate à Desertificação
No âmbito da CNUCD23 este mecanismo pode ser definido como uma entidade organizacional
mandatada para aumentar a eficácia e a eficiência dos mecanismos financeiros existentes
e promover acções que conduzam à mobilização e canalização de recursos financeiros
substanciais para os países em desenvolvimento afectados pelo fenómeno da desertificação.
Este Mecanismo Global tem-se vindo a especializar no fornecimento de serviços de
aconselhamento financeiro aos países que são Parte da Convenção, em colaboração com
Instituições Financeiras Internacionais como o Banco Mundial, o Fundo Internacional para o
Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Bancos Regionais de Desenvolvimento e tendo parcerias
com a União Europeia e doadores bilaterais.
A abordagem deste mecanismo é integrada, articulando a redução da pobreza e o
desenvolvimento sustentável com a utilização sustentável de recursos naturais. Esta
abordagem permite colocar a CNUCD num contexto mais alargado da programação do
desenvolvimento que inclui comércio e acesso a mercados, educação, processos de decisão
política com influência na gestão sustentável dos solos e capacitação institucional.
Assim, este Fundo procura criar condições favoráveis à implementação de políticas nos
países que são Partes da Convenção e apoiar na capacitação para que as comunidades rurais,
especialmente aquelas envolvidas na agricultura de subsistência em zonas de seca, vejam os
seus problemas reconhecidos no planeamento dos processos de desenvolvimento.
O Mecanismo Global criou uma base de dados de financiamentos em matéria de combate à
desertificação e degradação de terras, que tem informação relativa a projectos financiados
e a financiadores em: http://www.gmfield.info/English/StaticSearch/Subject_000000042.htm.
Os projectos financiados, que ocorreram já em 29 países em 12 sub-regiões, centram-se nos
seguintes temas: gestão de risco, planeamento e mitigação, monitorização e investigação
e resposta de emergência. Os dois primeiros representam 99% dos empréstimos e 70% de
subsídios e tratam-se de apoios à produção e à conservação dos recursos, desenvolvimento
da comunidade - serviços e infra-estrutura – e planeamento e gestão de recursos. A
monitorização, actividades tecnológicas e de investigação e ciência receberam 28% dos
subsídios.
23 http://www.unccd.int/
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
O Mecanismo global opera de acordo com os seguintes programas estratégicos:
programa funcionamento
1. Alterações Climáticas e Compensação por serviços dos ecossistemas
Este programa procura facilitar a integração de mecanismos de compensação por serviços dos ecossistemas a nível institucional e programático, funcionando como um dos elementos de mobilização de recursos para a implementação dos Planos de Acção Nacionais (PAN).A gestão sustentável de recursos naturais deve ter em conta os serviços fornecidos pelos ecossistemas e o seu valor.Este programa não deve ser seguido de forma isolada devendo ser parte de estratégias de desenvolvimento sustentável integradas.Entre os mecanismos de compensação, podem ser considerados o sequestro de carbono, conservação da biodiversidade, protecção de bacias hidrográficas, conservação da beleza paisagística.
2. Instrumentos económicos e financeiros. Promoção de estratégias de financiamento nacionais para a gestão sustentável da utilização dos Solos
A atribuição de recursos relaciona-se com a identificação de prioridades nacionais. O financiamento da CNUCD está dependente não só da vontade política em identificar a gestão sustentável dos solos como prioridade nacional mas também da alocação de recursos nos orçamentos nacionais para este fim.Este programa procura apoiar a implementação de Estratégias Nacionais de Financiamento para actividades relacionadas com a CNUCD de forma previsível e sustentada.Estas estratégias devem estar relacionadas com os PAN e enquadradas na estrutura institucional nacional.Estas estratégias permitem alavancar recursos, públicos e privados, nacionais e estrangeiros e permitem uma orientação quanto à sua aplicação, nomeadamente através de incentivos ou desincentivos fiscais.
3. Programa comercial e de acesso ao mercado
O Programa está estruturado em três níveis.A nível comunitário, está articulado em processos de apoio baseados no conhecimento comunitário tradicional, para a investigação do melhor tipo de mecanismo de comércio que aumente o investimento comunitário na gestão sustentável dos solos.A nível nacional, utiliza-se o conhecimento gerado a nível comunitário para reforçar a informação destinada aos processos políticos e de tomada de decisões, procurando um ambiente favorável ao funcionamento eficiente dos mecanismos de incentivo.A nível internacional, centra-se na construção de redes e parcerias com instituições comerciais e ambientais, criando sinergias e reforçando os recursos disponíveis.Os resultados esperados são:• Mais diálogo, maior conhecimento e entendimento – o programa ajudará a definir ligações
entre comércio, gestão sustentável dos solos e a CNUCD;• Novas parcerias e mais recursos;• Políticas mais informadas e maior investimento;• Aumento do conhecimento e das capacidades.
4. Género
Este programa é uma componente da Iniciativa de cooperação Sul-Sul do Mecansimo Global. O programa visa o aumento da visibilidade das inter-ligações entre sustentabilidade ambiental e equidade de género. O programa tem em conta as prioridades das mulheres, o seu papel especial na gestão sustentável de terras e facilita o aumento da participação das mulheres na tomada de decisão politica e estratégica de desenvolvimento. O programa apoia a inclusão de temas de género nas estratégias de investimento nacionais, bem como no planeamento, formulação e implementação das políticas e orçamentos do CNUCD.
5. Envolvimento do sector privado na implementação da CNUCD
O programa procurará envolver o sector privado em actividades que contribuam para a implementação da CNUCD, através de:• Canalização de investimentos para a implementação dos PAN e outras actividades com impacte
positivo sobre a gestão sustentável dos solos;• Aumento da responsabilidade social e ambiental das empresas;• Aumento da sensibilização para os temas da desertificação e gestão sustentável dos solos.As actividades previstas são:• Investigação e análise relativa à integração do sector privado na implementação da CNUCD;• Avaliação das modalidades de participação do sector privado em programas como os PAN;• Exploração de novos mercados de capital relacionados com os AMA, através da promoção de
iniciativas inovadoras;• Colaboração próxima com instituições bilaterais e multilaterais, institutos de investigação,
universidades e ONG, de forma a identificar formas de envolvimento do sector privado na gestão sustentável dos solos;
• Promoção de parcerias público-privadas, capacitação, desenvolvimento de mercados e oportunidades comerciais e identificação de oportunidades de financiamento relacionado com energias renováveis e carbono.
• Exploração do potencial do ecoturismo para a gestão sustentável dos solos.
6. Programa para a sociedade civil
Procura-se um forte envolvimento do programa com a sociedade civil, através do apoio a actividades no terreno mas também através da facilitação da sua contribuição para a generalização dos princípios da CNUCD no diálogo político, quadros de desenvolvimento e actividades de empresas privadas.As parcerias entre o programa e a sociedade civil têm como objectivo:- Integrar as preocupações da CNUCD e a gestão sustentável dos solos no planeamento dos planos de desenvolvimento nacionais;- Explorar mecanismos inovadores para a mobilização de recursos para a gestão sustentável dos solos;- Aprofundar o conhecimento das condições e mecanismos favoráveis para o investimento local, nacional e internacional na gestão sustentável dos solos.A nível nacional, o programa apoia organizações da sociedade civil para uma efectiva contribuição nos processos de planeamento do desenvolvimento e para contribuir para um aumento dos recursos destinados à gestão sustentável dos solos.A nível local, o programa apoia organizações da sociedade civil, através do Programa Comunitário de Intercâmbio e Formação, uma iniciativa de capacitação e gestão do conhecimento, que identifica boas práticas na mobilização de recursos a nível local para a gestão sustentável dos solos, desenvolve capacidades através de intercâmbios e formação e informa os processos políticos dos resultados obtidos.A nível global, a ênfase é o aumento da sensibilização e compreensão para a mobilização de recursos para a gestão sustentável dos solos. Para isso, desenvolvem-se parcerias com:- Organizações de conservação da natureza preocupadas com os serviços dos ecossistemas;- ONGD envolvidas em programas de redução da pobreza rural;- Organizações ligadas a questões comerciais.
8. Análise política – identificação de oportunidades para a gestão sustentável dos solos
Os objectivos são:• Aumentar o conhecimento de temas e opções políticas, através da disseminação da informação
disponível;• Promover a coerência de políticas e a melhoria dos efeitos dos processos de desenvolvimento;• Criar capacidades para aceder aos instrumentos de financiamento;• Generalizar a gestão sustentável dos solos nas estratégias de desenvolvimento nacionais.Os temas a ser tratados são:• Benefícios de abordar o tema da degradação dos solos e custos da inacção;• Políticas de Ajuda Pública ao Desenvolvimento, sectores prioritários para a ajuda, modalidades e
mecanismos de financiamento;Estrutura da despesa nacional e atribuição orçamental em países afectados:
— Mecanismos Financeiros Inovadores, como compensação por serviços dos ecossistemas, comércio de emissões;
— Parcerias público-privadas, mercados e comércio em resposta a políticas e princípios de responsabilidade ambiental e social;
— Impactes transversais das florestas, energia, água, agricultura e outras políticas sectoriais.• Barreiras e oportunidades resultantes da legislação nacional e acordos internacionais.
programa funcionamento
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Para além do programa global existem cinco programas regionais: Programa para o Leste
e Sul de África (ECA); Programa para a África Ocidental e Central (WCA); Programa para o
Norte de África (NA); Programa para a Ásia-Pacífico (AP); Programa para a América Latina e
Caraíbas (LAC).
Nos programas regionais, o apoio tem a forma de serviços de aconselhamento e acções de
capacitação, geralmente por períodos de três a quatro anos, orientados para a facilitação
da mobilização de recursos nacionais para implementação de actividades de combate à
desertificação e gestão sustentável de terras.
Para além dos programas Globais e Regionais, o Mecanismo Global tem diferentes iniciativas
globais e regionais. Mais informação sobre estas iniciativas pode ser encontrada em http://
www.global-mechanism.org/products-services.
5.4. Convenção de Viena para a Protecção da Camada de Ozono e Protocolo de
Montreal sobre as Substâncias que Empobrecem a Camada de Ozono
O Fundo Multilateral para a Implementação do Protocolo sobre as Substâncias que
Empobrecem a Camada de Ozono (Protocolo de Montreal) apoia os países em desenvolvimento
no cumprimento dos seus compromissos de redução da utilização das substâncias que
empobrecem a camada de ozono (ODS), num calendário pré-definido. Os países elegíveis
para apoio do Fundo são os que apresentam um consumo anual per capita inferior a 0,3kg
como definido no Artigo 5 do Protocolo.
Este Fundo foi o primeiro mecanismo financeiro resultante de um tratado internacional e
reflecte o princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada, dos países na protecção
e gestão dos bens ambientais globais. Foi acordado na Conferência das Nações Unidas para
o Ambiente em 1992.
Este Fundo Multilateral financia o custo adicional, ou seja, os custos associados à conversão
a novas tecnologias de modo a contribuir para a eliminação do uso de substâncias que
deterioram a camada de ozono (ODS). O Fundo financia actividades que incluem o
encerramento e a conversão industrial de fábricas produtoras de ODS, assistência técnica,
disseminação de informação, formação e capacitação dirigida à eliminação da utilização de
ODS em vários sectores.
O Fundo é gerido por um Comité Executivo constituído por sete representantes de países
industrializados e sete representantes de países em desenvolvimento (países do Artigo 5 do
Protocolo), eleitos anualmente na CoP/MoP.
A assistência técnica e financeira é fornecida na forma de subsídios e empréstimos
concessionais e estes processos são geridos por quatro agências de implementação:
• Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA);
• Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento;
• Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO);
• Banco Mundial.
Os países interessados devem contactar, através dos seus pontos focais nacionais, as agências
internacionais no país no sentido de beneficiarem deste mecanismo.
Dado que as Partes que contribuem para o Fundo (países industrializados que ratificaram o
Protocolo) têm a possibilidade de explicitar em que projectos e actividades elegíveis aplicar
até 20% do montante. Cabe, portanto, aos países interessados verificarem junto das agências
de cooperação bilateral, que possibilidades existem de financiar actividades específicas que
pretendam realizar.
5.5. Convenção sobre o Movimento Transfronteiriço de Resíduos Perigosos e sua
Eliminação (Convenção de Basileia)
A Convenção de Basileia tem dois mecanismos de financiamento associados, o Trust Fund
da Convenção e o Trust Fund de Cooperação Técnica, destinando-se o primeiro a assegurar
o funcionamento do Secretariado e o segundo a apoiar os países em desenvolvimento na
implementação da Convenção.
Fundo de Cooperação Técnica
Este Fundo tem como objectivo apoiar os países em desenvolvimento ou outros países com
necessidades de assistência técnica na implementação da Convenção de Basileia, e é um
fundo totalmente voluntário24, facto que o torna altamente imprevisível no que respeita a
recursos disponíveis.
O apoio financeiro é atribuído nas seguintes áreas:
• Assistência técnica, formação e capacitação;
• Participação adequada de representantes de Países em Desenvolvimento e Economias
em Transição;
• Casos de emergência e compensação por danos resultantes de incidentes relacionados
com movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos;
• Centros de coordenação regionais da Convenção de Basileia.
Este fundo pode ser atribuído em resposta a uma solicitação específica ou após uma revisão
por parte do Secretariado. A revisão geral pode ser iniciada por uma decisão da Conferência
das Partes, a qual decide apoiar uma ou um grupo de partes numa problemática específica.
As solicitações específicas podem ser feitas nos seguintes casos:
• Por uma Parte da convenção quando tenha dificuldades quanto ao cumprimento dos
compromissos assumidos com a Convenção (auto-solicitações, “self-submissions”) –
ocorre quando uma parte conclui que, apesar dos seus esforços, é ou será incapaz de
executar integralmente o cumprimento das suas obrigações ao abrigo da Convenção;
• Por uma Parte devido ao não cumprimento das obrigações de outra Parte
(solicitações Parte-a-Parte, “Party-to-Party submissions”) – ocorre quando uma Parte
tiver preocupações ou for afectada pela falta de cumprimento e/ou aplicação das
obrigações da Convenção pela outra parte com quem está directamente envolvida
ao abrigo da Convenção. Os países em desenvolvimento com menos recursos podem
solicitar este apoio para fazer valer os seus direitos, perante países economicamente
mais fortes.
• O Secretariado relativamente às obrigações de reporte por uma Parte da Convenção
(solicitações do Secretariado, “Secretariat submissions”) – ocorre quando o
24 As partes não estão obrigadas a contribuições regulares como acontece em outros AMA.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Secretariado, agindo nos termos das suas funções ao abrigo dos artigos 13 e 16 da
Convenção, tiver conhecimento de eventuais dificuldades das Partes no cumprimento
das suas obrigações ao abrigo do artigo 13, parágrafo 3 da Convenção.
Conteúdo e forma de apresentação
As candidaturas devem ser feitas por escrito, em qualquer das línguas oficiais de trabalho da
Convenção, isto é: francês, inglês, espanhol, russo, árabe e chinês.
A candidatura deve detalhar o motivo de preocupação e os artigos em causa da Convenção.
Pode também incluir-se na proposta informações fornecidas pela sociedade civil quanto a
dificuldades de cumprimento. Caso sejam fornecidas informações confidenciais ao Comité,
tal deve ser claramente indicado na proposta. No caso de solicitação Parte-a-Parte, a proposta
deve conter informação justificando o motivo da solicitação.
As candidaturas devem ser enviadas para o Secretariado25 que se encarrega de as transmitir
ao Comité. O Comité pode decidir não dar seguimento a uma solicitação, caso considere que
a mesma é infundada ou é de menor importância.
É de realçar que, no caso de solicitações Parte-a-Parte ou solicitações do Secretariado, existem
actividades prévias a empreender, sem as quais o comité pode não aceitar os pedidos de
apoio financeiro. No caso de solicitações Parte-a-Parte, a Parte que pretenda realizar uma
solicitação deve informar a Parte cujo cumprimento está em causa e ambas deverão primeiro
tentar resolver o assunto através de consultas e negociação directa. Apenas se não existirem
resultados satisfatórios nesta fase, se poderá proceder à solicitação, a qual deve ter em anexo
documentação que comprove que estas negociações directas foram realizadas, bem como
os resultados das mesmas. No caso de solicitações do Secretariado, este deve primeiro tentar
resolver o assunto através de consultas com a Parte em causa, e permitir-lhe responder no
prazo de três (3) meses, antes de prosseguir com o processo.
Prazo Recomendado para apresentação
Para os casos de auto-candidatura, as propostas devem ser enviadas seis semanas antes do
início da reunião do Comité, dando duas semanas para que o Secretariado possa tratar e
transmitir a proposta ao Comité e três a quatro semanas para que este reveja a documentação.
Para solicitações Parte-a-Parte, as propostas devem ser enviadas quatro meses antes da
reunião do Comité. O Secretariado processa a solicitação e envia ao Comité e à parte cujo
cumprimento está em questão. Este tem três meses para estudar e elaborar uma resposta.
5.6. Convenção sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (Convenção de Estocolmo)
A Convenção de Estocolmo26 apela às Partes para que cooperem na promoção da assistência
técnica e especificamente para que as Partes com programas para a regulação de químicos
mais avançados prestem assistência técnica, incluindo formação, a outras Partes, no
desenvolvimento das suas infra-estruturas e capacidades para gerir produtos químicos.
25 A morada para envio é a seguinte : The Executive Secretary, Secretariat of the Basel Convention, International Environment House, 11-13 Chemin des Anémones, 1219 Geneva - Switzerland26 http://chm.pops.int/
A Convenção apela ainda aos países exportadores Parte da Convenção, para que apoiem os
restantes países na tomada de decisões relativas à importação de substâncias e produtos que
contenham poluentes orgânicos persistentes (POP) no âmbito da Convenção bem como no
reforço das suas capacidades para a gestão segura dos POP ao longo do seu ciclo de vida.
Ainda no âmbito da Convenção de Estocolmo, um país Parte pode solicitar assistência técnica
para avaliar a importação de certos produtos químicos.
A principal função do Secretariado é facilitar assistência técnica às Partes, especialmente aos
países em desenvolvimento e economias em transição, na implementação da Convenção.
As possibilidades de financiamento para países em desenvolvimento e economias em
transição são:
• O fundos do GEF referidos na secção GEF acima;
• Propor projectos no âmbito da Abordagem Estratégica ao (International Chemicals
Management Quick Start Programme27), direccionado para a construção de
capacidades para a gestão adequada dos químicos;
• Pode solicitar-se apoio ao Secretariado28 para a identificação de doadores que
forneçam assistência técnica na integração de objectivos para a gestão dos químicos
nas prioridades de desenvolvimento nacionais.
5.7. Convenção sobre o Direito do Mar (Convenção de Montevideu)
Fundo de Assistência
Este Fundo criado no âmbito da Convenção de Montevideu29 tem como objectivo fornecer
assistência financeira aos países em desenvolvimento, Partes da Convenção, na sua
implementação. O Fundo pode:
• Facilitar a participação de representantes de países em desenvolvimento, em especial
os países menos desenvolvidos e pequenos países insulares em desenvolvimento, que
sejam Partes da Convenção, em reuniões e actividades desenvolvidas por organizações
e entidades regionais e sub-regionais nas áreas abrangidas pela Convenção;
• Apoiar custos com viagens (e eventualmente com ajudas de custo), associados à
participação de países em desenvolvimento, em especial os menos desenvolvidos e
pequenos países insulares em desenvolvimento, em reuniões relativas à pesca em
alto mar de organizações relevantes como o PNUD, a FAO, o GEF, a Comissão para o
Desenvolvimento Sustentável e outras agências e organizações relevantes;
• Apoiar negociações para o estabelecimento de novos acordos e organizações
regionais e sub-regionais na área das pescas, sempre que os mesmos não existam,
renegociações de acordos anteriores e fortalecimento das organizações e acordos
27 O International Chemicals Management Quick Start Programme (programa internacional para início rápido da gestão de químicos), iniciativa conjunta PNUA-PNUD, é um fundo que se destina a reforçar a capacidade dos países para gerir os produtos químicos. Ver Secção do capítulo relativo ao PNUA (Fundo do PNUA para arranque rápido) e http://www.saicm.org/index.php?menuid=22&pageid=25228 Secretariat of the Stockholm Convention, United Nations Environment Programme, International Environment House I, 11-13 Che-min des Anemones,1219 Chatelaine, Geneva, Switzerland. Telefone: +41 22 917 87 29, Fax: +41 22 917 80 98, E-mail: [email protected], www.pops.int29 http://www.unclos.com/
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
existentes;
• Criar capacidades para actividades em áreas-chave como responsabilidades das
autoridades marítimas, monitorização, controle e vigilância, bem como recolha
de informação e investigação científica relacionada com o alcance e migrações de
espécies a nível nacional e regional;
• Facilitar o intercâmbio de informação e experiências na implementação da Convenção;
• Apoiar países em desenvolvimento, Partes da Convenção, em especial os menos
desenvolvidos e os pequenos países insulares em desenvolvimento, através da
formação e assistência técnica relativa à conservação e gestão das deslocações e
migrações de pescado, desenvolvimento de pesca para esses stock de acordo com os
deveres de conservação dos recursos haliêuticos;
• Apoio relativo a custos envolvidos com os procedimentos associados às disputas
entre Estados partes da Convenção, no que respeita à interpretação ou aplicação de
acordos sub-regionais, regionais ou globais relativos aos movimentos e migrações de
stocks de pescado, incluindo temas relacionados com a sua gestão.
Qualquer país em desenvolvimento que seja Parte da Convenção pode submeter uma
proposta. As propostas devem ser submetidas por comunicação oficial da autoridade nacional
relevante, por exemplo a sua Missão permanente nas Nações Unidas ou pelo Ministro dos
Negócios Estrangeiros. Também é possível às organizações regionais ou sub-regionais
submeterem propostas em nome dos países. Neste caso será necessário uma comunicação
oficial das autoridades do país com a confirmação de que a proposta é submetida em seu
nome.
As propostas, apresentadas com o formulário apropriado30, devem ser submetidas31 pelo
menos um mês antes do evento para o qual solicitam apoio.
Train Sea Coast
A Divisão de Assuntos Oceânicos e da Lei do Mar (DOALOS) estabeleceu em 1993 o Programa
Train-Sea-Coast, baseando-se nas metas da Agenda 21 (Capítulo XVII) determinadas na
Conferência Mundial do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente (1992). O Programa TRAIN-
SEA-COAST é uma rede mundial para a capacitação dos recursos humanos que actuam nas
regiões costeiras e oceânicas, em matéria de gestão sustentável da orla costeira.
O objectivo global deste programa é a capacitação ao nível local, dando especial atenção a:
• Criação de capacidades nacionais;
• Sustentabilidade dos esforços;
• Eficiência de custos:
• Reposta às necessidades específicas dos países envolvidos;
• Impacte de longo prazo.
Esta rede é formada por unidades encarregadas de desenvolver e ministrar cursos de capacitação
30 O formularioas está disponível em http://www.un.org/Depts/los/convention_agreements/fishstocktrustfund/fishstocktrustfund.htm#applicproc31 As propostas devem ser remetidas para The Director, Division for Ocean Affairs and the Law of the Sea, Office of Legal Affairs, United Nations, Room DC2-0450, New York, N.Y. 10017, EUA ou por fax para o número: +1 212 963 5847
que abordem tópicos específicos relacionados com gestão costeira e oceânica, onde forem
identificados problemas que possam ser solucionados mediante qualificação de pessoal.
O programa é financiado pelo GEF e co-financiado pelo DOALOS e pelas instituições nacionais
nas quais se realizam os cursos. Os cursos são constituídos por doze módulos adaptados
à realidade dos países beneficiários e respondendo às necessidades de formação a nível
regional e local. Os cursos são realizados por solicitação e os tópicos são definidos através
de discussão entre a unidade central do Train Sea Coast, os projectos GEF que solicitam a
formação e a instituição que acolhe a formação.
O Train Sea Coast tem vários centros que desenvolvem cursos, um dos quais está baseado
no Brasil. Desta forma as autoridades dos PALOP e TL que estejam interessadas poderão
encontrar mais informação em http://www.tsc.furg.br/ofertas.htm.
6. PNUD e PNUA
As políticas do PNUD e do PNUA baseiam-se no entendimento, reconhecido na Cimeira de
Joanesburgo de que a gestão adequada dos recursos naturais e dos serviços fornecidos pelos
ecossistemas é fundamental para a redução da pobreza e para alcançar os ODM.
De modo geral, o PNUD e o PNUA apoiam a elaboração de estratégias de desenvolvimento
sustentável de longo prazo, exequíveis e eficazes, e a criação de sistemas de monitorização
e ajuste de prioridades na implementação desses compromissos. São igualmente apoiadas a
elaboração de documentação e a disseminação das experiências de sucesso de modo a facilitar
os processos noutros países. O apoio ao cumprimento das obrigações internacionais assumidas
no âmbito dos AMA é igualmente uma prioridade destes programas das Nações Unidas.
Dado que o acesso aos recursos naturais está intimamente ligado às condições de subsistência,
saúde, segurança e inclusão da população mais pobre e/ou vulnerável, nomeadamente
mulheres e crianças, o PNUD e o PNUA estabeleceram a Parceria Global Pobreza e Ambiente
que visa aumentar o investimento e o desenvolvimento das capacidades para a integração
do ambiente no planeamento e implementação de acções nacionais que visem atingir os
ODM, nomeadamente nas estratégias de redução da pobreza.
No que diz respeito às alterações climáticas, o PNUD e o PNUA lançaram na 24ª sessão do
Conselho de Governadores em Nairobi (2007) uma iniciativa para fixar grande parte do
mercado de carbono nos países mais pobres do mundo. Esta iniciativa visa dar resposta
ao pedido de apoio dos líderes daqueles países, em especial da África Subsaariana, para
lidar com as alterações climáticas que estão a afectar o seu desenvolvimento e terão cada
vez maior impacte nos anos vindouros. As actividades no âmbito desta iniciativa visam
reduzir a vulnerabilidade dos países e das comunidades às alterações climáticas e prestar
assistência técnica na participação nos mercados emergentes do carbono, como seja os MDL
do Protocolo de Quioto. Esta iniciativa visa igualmente fornecer uma resposta rápida às
solicitações dos decisores que tentam aferir o impacte das alterações climáticas nas suas
decisões de planeamento e investimento.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
6.1. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
O PNUD não é por si próprio um doador. Os fundos do PNUD advêm das contribuições dos
países, dos Trust Funds – constituídos pelas contribuições adicionais dos países doadores
para financiar projectos pluri-anuais temáticos – bem como de programas e iniciativas
efectuados com agências de cooperação bilaterais. Para além disso, o PNUD é uma agência
de implementação do GEF, pelo que vários dos seus programas são concebidos para este fim.
O PNUD tem ainda um papel importante de facilitador e angariador de fundos para
iniciativas específicas, no reforço de capacidades através da disponibilização de informação,
manuais, melhores práticas e casos de estudo, e promove a troca de experiências.
As delegações nacionais do PNUD são as facilitadoras do acesso a todas as iniciativas e
projectos. As delegações estão muitas vezes envolvidas em redes regionais o que permite o
acesso a informação e actividades regionais e à elaboração de projectos transfronteiriços.
Prioridades de intervençãoA intervenção do PNUD nas áreas do Ambiente e Energia está focada em seis áreas prioritárias
áreas prioritárias descrição mecanismos de apoio
Estratégias e quadros de intervenção para o desenvolvimento sustentável
Desenvolvimento de capacidades internas dos países para a gestão do ambiente e recursos naturais; integração das dimensões ambientais e energéticas nas estratégias de redução da pobreza e quadros de desenvolvimento nacionais; e reforço do papel das comunidades, em especial das mulheres, na promoção do desenvolvimento sustentável.
- Iniciativa Pobreza e Ambiente (Poverty Environment Initiative)- Iniciativa de Apoio aos ODM (MDG Support)- Rede do Grupo de Trabalho de Avaliação Ambiental Estratégica (Strategic Environmental Assessment Task Team Network)- Capacidade 2015 (Capacity 2015)- Fundo para o Cumprimento dos Objectivos do Milénio PNUD-Espanha- Programa de Desenvolvimento de Capacidades e Adaptação
Governação do sector da águaAs actividades nestas áreas complementam e apoiam a integração dos programas do GEF no campo da gestão transfronteiriça de recursos hídricos
Apoio à utilização sustentável dos recursos marinhos, costeiros e de água doce e melhoria do acesso a serviços de água e saneamento. É dada especial atenção ao reforço da boa governação a nível nacional e local (reforço dos sistemas políticos, sociais, económicos e administrativos) adequada para o sector, bem como à aplicação de abordagens de gestão integrada de recursos hídricos, questões de género e ligação com as alterações climáticas.
- Iniciativa Comunitária da Água (Community Water Initiative)- Ecosan - apoio à introdução de esquemas de saneamento ecológico- Facilidade para a Governação da Água (Water Governance Facility)
Conservação e uso sustentável da biodiversidadeAs actividades nestas áreas complementam e apoiam a integração dos programas do GEF no campo da diversidade biológica
O PNUD apoia (actividades de reforço de capacidades, de gestão do conhecimento, de aconselhamento político e de consciencialização) mais de 140 países na manutenção da biodiversidade e ecossistemas para que beneficiem dos serviços que estes proporcionam e que são a base do bem-estar humano e desenvolvimento económico.O PNUD apoia também a gestão sustentável da agricultura, pescas, florestas e energia, bem como uma abordagem em prol dos pobres (pro-poor), de conservação e áreas protegidas, biotecnologia e desenvolvimento de novos mercados viáveis para os serviços fornecidos pelos ecossistemas.
- Programa Global para a Biodiversidade (Biodiversity Global Programme)- Partilha de Benefícios e Conhecimentos Tradicionais (Access and Benefit Sharing and Traditional Knowledge)- Iniciativa do Equador (Equator Initiative)
Gestão sustentável dos solos para combater a desertificação e a degradação dos solos
O PNUD trabalha para interromper o ciclo da degradação dos solos que é simultaneamente causa e efeito da pobreza rural. Para isso promove a gestão sustentável dos solos e a manutenção da integridade dos ecossistemas terrestres, particularmente em terras áridas onde vivem os mais pobres, vulneráveis e marginalizados.Os temas focais são: a governação dos solos; preparação para secas; reformas relativas à propriedade das terras; e promoção de práticas e modos de vida inovadores, alternativos e sustentáveis. Dá uma ênfase especial à situação das mulheres em meio rural. Promove o diálogo entre todos os actores e partes interessadas a nível nacional e local.
- Programa de Desenvolvimento Integrado das Zonas Áridas (Integrated Drylands Development Programme)- Com o apoio do Centro de Desenvolvimento das Zonas Áridas, no Quénia, o PNUD promove acções de segurança alimentar em áreas sujeitas a secas, acções de melhoria de acesso a mercados e promove o pagamento por serviços ambientais
Acesso a serviços energéticos sustentáveisAs actividades nestas áreas complementam e apoiam a integração dos programas do GEF no campo das alterações climáticas
Apoio às iniciativas de energia que tenham como objectivo a redução da pobreza e o desenvolvimento sustentável a nível local, nacional e global.Nomeadamente, são apoiados os seguintes temas: fortalecimento de enquadramentos políticos nacionais para a promoção da energia como instrumento de redução da pobreza: reforço dos serviços energéticos como suporte para o crescimento e equidade com um ênfase especial na situação das mulheres; promoção de tecnologias energéticas limpas para a mitigação das alterações climáticas; aumento do acesso a financiamentos de investimentos em energias sustentáveis, incluindo o MDL.
- Fundo Energia para o Desenvolvimento Sustentável (Trust Fund Energy for Sustainable Development)- Adaptação Baseada na Comunidade (Community-Based Adaptation)- Mecanismo de Aprendizagem de Adaptação (Adaptation Learning Mechanism)- Facilidade do Carbono para os ODM (MDG Carbon Facility)
Políticas e planeamento nacional/sectorial para o controle das emissões de substâncias que reduzem a camada de ozono e poluentes orgânicos persistentes
O Protocolo de Montreal sobre as substâncias que empobrecem a camada de ozono e os programas GEF implementados pelo PNUD apoiam o desenvolvimento e o fortalecimento de estratégias nacionais e sectoriais para a diminuição sustentada do consumo e a eliminação de substâncias que reduzem a camada de ozono e de poluentes orgânicos persistentes, bem como a vulgarização da gestão adequada de produtos químicos e a redução e/ou a prevenção da poluição química de águas internacionais.É facilitado o acesso das empresas às melhores tecnologias alternativas disponíveis e ao desenvolvimento de capacidades para que estas mantenham a sua competitividade económica.
- Implementação de Fundos GEF para a redução e eliminação de descargas de Poluentes Orgânicos Persistentes- Implementação de fundos GEF para redução e prevenção de poluição química em cursos de água internacionais- Fundo Multilateral para a Implementação do Protocolo de Montreal sobre as Substâncias que Empobrecem a Camada de Ozono (Multilateral Fund for the Implementation of the Montreal Protocol)
Linhas de Orientação e Instrumentos de Financiamento
As Linhas de Orientação, isto é, os rumos prioritários de actuação em cada uma das áreas
descritas acima, são concretizadas pelo PNUD em projectos e iniciativas, de que se apresenta
abaixo um resumo dos principais:
áreas prioritárias descrição mecanismos de apoio
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
6.1.1 Estratégias e quadros de intervenção para o desenvolvimento sustentável
MECANISMOS DE APOIO
Iniciativa Ambiente e Pobreza (Poverty Environment Initiative – PEI)
Como referido acima, a iniciativa ambiente e pobreza é um programa conjunto PNUD –
PNUA de apoio ao desenvolvimento de capacidades das autoridades e da sociedade civil
para generalizar as interligações entre pobreza e ambiente nos processos de planeamento
do desenvolvimento nacional. Actualmente, este programa regional está presente em sete
países de África (incluindo Moçambique32) e dois da Ásia. O programa resulta da junção de
programas nacionais já existentes do PNUD (financiados pela UE e pela cooperação do Reino
Unido-DFID) e do PNUA (financiados pela Bélgica e Noruega) e desde 2005 tem sido gerido
conjuntamente pelas duas instituições.
O objectivo da primeira fase é a inclusão do ambiente nas estratégias de redução de pobreza
ou nas estratégias de cumprimento dos ODM, através da criação de grupos de reflexão
(que devem incluir diferentes sectores da sociedade) a nível nacional e local, da definição
participativa de objectivos e de indicadores, da capacitação de diferentes sectores da
sociedade (por exemplo, em Moçambique os professores primários foram capacitados na
interligação pobreza-ambiente), e do aumento da coordenação entre diferentes instituições.
Na segunda fase o objectivo é a implementação eficaz e eficiente da estratégia definida.
Assim, o ênfase é colocado na capacitação de quadros da administração pública, tanto a
nível nacional como provincial, e da sociedade civil na facilitação de programas sectoriais e a
mobilização de recursos nacionais, o apoio a acções locais previstas na estratégia elaborada
na primeira fase e o fornecimento de assistência técnica a ministérios do planeamento, das
finanças e a órgãos sectoriais chave.
Relativamente aos países da CPLP, este programa actua apenas em Moçambique. De modo a
estender o programa a mais oito a dez países em África até 2012, o PEI criou uma equipa de
facilitação, a Poverty-Environment Facility. Esta equipa presta apoio técnico às delegações
nacionais do PNUD, bem como aos escritórios regionais nomeadamente na preparação dos
programas nacionais de intervenção e desenvolve mecanismos para que se possa responder
às necessidades dos países.
A selecção dos países beneficiários resulta da identificação das principais ligações ambiente-
pobreza no país, bem como dos aspectos institucionais e de governação que influenciam
o processo de tomada de decisões políticas e de planeamento – incluindo a participação
da tutela do ambiente na decisão – e do entendimento da articulação entre o governo, a
sociedade civil e os doadores.
Para aceder a esta iniciativa, a tutela do ambiente terá que manifestar à agência do PNUD
ou PNUA o seu interesse na implementação do PEI. Cabo Verde, por ser país piloto “One
UN”33, é forte candidato à selecção enquanto país beneficiário. Mas outros países, devido à
32 Moçambique recebeu um apoio de 566 mil USD entre 2005 e 2008 ao abrigo deste programa e estão previstos mais 2,5 milhões USD para 2008-2010.33 As agências das Nações Unidas estão a testar em oito países, incluindo Cabo Verde e Moçambique, a possibilidade de coordenar os seus esforços de modo a assegurar a obtenção de resultados de forma mais rápida e eficaz, e, desta forma, atingir os Objectivos do Milénio nos prazos previstos.
sua situação de insularidade ou de menor desenvolvimento, também têm boas perspectivas.
Os países interessados devem informar-se junto das respectivas delegações do PNUD.
Até 2012 estão previstos para cada país 80 mil USD para a fase de identificação, 750 mil USD
para a primeira fase e 500 mil USD para a segunda fase.
Iniciativa de Apoio aos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio
Esta iniciativa, estabelecida em 2006, foi desenhada de modo a mobilizar rapidamente
assistência técnica por parte das diferentes unidades PNUD e de outras agências das Nações
Unidas no sentido de apoiar os países receptores no cumprimento dos ODM.
O conjunto de serviços prestados por esta iniciativa, que podem ser adaptados ao contexto
de desenvolvimento e necessidades de cada país tanto a nível nacional como local, incide em
três áreas: (1) diagnóstico de base sobre ODM, levantamento de necessidades e planeamento
(2) alargamento das opções políticas; (3) reforço das capacidades nacionais
As actividades incluem:
• Estratégias Nacionais de Base para os ODM – Apoio na preparação e implementação
de estratégias nacionais para alcançar os ODM. Nesta matéria o PNUD tem uma
parceria com a Agência de Cooperação Holandesa (SNV) que financia e presta
assistência técnica a actores locais no sentido de definir, localmente, objectivos e
articulá-los com as políticas nacionais.
• Instrumentos para os ODM e Investigação – Desenvolvimento de instrumentos
e metodologias para adaptar os ODM ao contexto específico do país, apoiar
levantamentos de necessidades conduzidos a nível nacional, fortalecer políticas de
apoio aos objectivos e fortalecer a capacidade de implementação.
• Coordenação no seio das Nações Unidas – Mobilização de capacidade técnica no
seio do sistema das Nações Unidas para alargar o âmbito do apoio aos países na
elaboração de estratégias nacionais de desenvolvimento com base nos ODM.
• Recursos e dados sobre ODM – Consolidação e partilha de recursos sobre ODM e
destaque para as iniciativas bem sucedidas.
Existe uma forte coordenação entre esta iniciativa e a PEI. Para a utilização desta iniciativa
deve ser contactada a delegação do PNUD no país.
Fundo para Apoiar o Cumprimento dos Objectivos do Milénio PNUD-Espanha
Ainda no âmbito dos ODM é de salientar o pacote superior a 520 milhões USD disponibilizado
por Espanha para ser utilizado no período 2007-2010 por países em desenvolvimento em
seis áreas temáticas, incluindo o ambiente e as alterações climáticas. Todos os países em
desenvolvimento da CPLP são elegíveis para este Fundo.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
áreas prioritárias
actividades financiadas
Integrar o ambiente nos quadros político, de planeamento e financeiro à escala nacional e sub-nacional
Aumentar o peso do ambiente na agenda política nacional e no processo de desenvolvimento;Integrar o ambiente nas estratégias de desenvolvimento à escala nacional e sub-nacional e em planos sectoriais;Criar incentivos fiscais e aumentar os fundos públicos para a adequada e equilibrada gestão ambiental;Utilizar estratégias participativas;Reforçar as capacidades de formulação e implementar a legislação para limitar as actividades causadoras de degradação ambiental e/ou desflorestação (uso insustentável de recursos marinhos e de água doce, gado, indústria madeireira, actividades mineiras etc.); Remover barreiras que limitam o acesso aos benefícios económicos dos serviços fornecidos pelos ecossistemas e acesso à água e à terra, em particular pela população mais pobre e pelas mulheres.
Melhoria da gestão local do ambiente e da prestação de serviços
Identificar necessidades, capacidades e mecanismos de resposta locais relativamente a recursos e serviços para o cumprimento descentralizado dos ODM;Integrar o ambiente nos processos participativos de desenvolvimento local de modo a gerar recursos para a redução da pobreza e a valorização dos serviços ambientais;Melhorar o acesso à água e ao saneamento. Promover a utilização sustentável da biodiversidade dos serviços fornecidos pelos ecossistemas e melhorar o fornecimento de energia limpa através de tecnologias de energia renovável e eficiência energética;Melhorar os mecanismos de prestação de serviços ambientais para facilitar o cumprimento dos ODM localmente;Rentabilizar a força das pequenas e médias empresas (PME) para a sustentabilidade ambiental e a prestação de serviços de abastecimento de água e de saneamento;Assegurar que as abordagens de adaptação às alterações climáticas baseadas na comunidade estão integradas nos ODM.
Aumentar o acesso ao financiamento ambiental
Integrar o valor do ecossistema (valor dos bens ambientais) nos processos de tomada de decisão;Avaliar os negócios para participação nos mercados de carbono ou noutros modelos de pagamento de serviços de ecossistema;Aumentar as capacidades para participar e beneficiar do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL);Testar novas abordagens para pagamento de serviços de ecossistemas;Promover as parcerias público-privado para o desenvolvimento sustentável, incluindo incentivos fiscais, desenvolvimento de novos mercados e incentivos ao desenvolvimento de novas empresas para benefício da população mais vulnerável.
Reforçar os mecanismos de adaptação às alterações climáticas
Integrar a redução de riscos climáticos nas decisões nacionais de desenvolvimento e de investimento, através da implementação de reformas políticas;Integrar a redução dos riscos climáticos nos quadros de apoio das Nações Unidas;Apoiar projectos-piloto ou a vulgarização de acções de adaptação às alterações climáticas.
As aberturas de concursos para cada área temática irá ocorrer durante a vigência do
fundo, e serão afixadas no portal http://www.undp.org/mdgf/themes.shtml . O processo de
candidatura tem que ser desencadeado por via electrónica34 e por um funcionário das Nações
Unidas35, e podem ser editadas por duas outras pessoas externas. A duração dos projectos
terá de ser de um a três anos e cada país apenas pode submeter uma proposta por cada área
temática. A proposta poderá incidir em mais do que uma área temática.
Capacidade 2015 (Capacity 2015)
O objectivo deste programa é desenvolver as capacidades necessárias dos países em
desenvolvimento e em transição para que estes atinjam os seus objectivos de desenvolvimento
sustentável no âmbito da Agenda 21 e dos ODM ao nível local.
34 http://www.PNUD.org/ODMf/submit.shtml .35 Uma pessoa que tenha endereço de email [email protected] .
O Capacidade 2015 orienta e apoia um número de iniciativas-chave de capacitação, o
desenvolvimento de capacidades de actores locais para implementação dos AMA e para a
elaboração a nível local (provincial, distrital) de estratégias de desenvolvimento sustentável.
O programa dá mais relevo à redução de vulnerabilidade de pequenos estados insulares
(como São Tomé e Príncipe e Cabo Verde) bem como a actividades transfronteiriças.
O programa encontra-se actualmente na segunda fase que decorre até 2010 – trata-se da
fase de implementação. A 3a fase, de 2011 a 2015, será de implementação da estratégia de
saída.
O programa é implementado através da captação de fundos, de parcerias público-privado
e da Rede de Informação para Aprendizagem (Capacity 2015 ILN). Existe uma série de
iniciativas público-privado, tais como a Parceria Público-Privado para o Ambiente Urbano e
a incitativa SEED, que atribui prémios a parcerias inovadoras.
Os países interessados, ou as autoridades locais interessadas devem informar-se junto
da delegação do PNUD sobre as possibilidades de integrar o projecto. O programa é
implementado em Moçambique e em São Tomé e Príncipe. O requisito para participar é que
exista descentralização efectiva no país, bem como privados interessados em prestar serviços
ambientais.
Rede do grupo de trabalho para a avaliação estratégica ambiental (Strategic Environmental
Assessment Task Team Network – SEA Task Team)
O PNUD apoia e é parte da rede SEA Task Team liderada pela OCDE. Trata-se de uma equipa
de trabalho cujo objectivo é promover o diálogo, partilha de experiências e produção e
partilha de material didáctico bem como de apoio à avaliação ambiental estratégica (AAE).
A AAE constitui um conjunto de abordagens analíticas e participativas que se destinam a
integrar considerações ambientais nas políticas, planos e programas e avaliar as interligações
com as considerações económicas e sociais.
A rede divulga publicações de relevo como a Série de Guias de Referência da OCDE,
nomeadamente a publicação “Apply Strategic Environmental Assessment: Good Practice
Guidance for Development Cooperation”, contém uma biblioteca com documentos de AAE
e casos de estudo, bem como ligações a outros portais relevantes.
Este recurso pode ser encontrado em: http://www.seataskteam.net
6.1.2 Governação do sector da água
Os Programas do PNUD apoiam os países em quatro áreas temáticas:
• Abastecimento de água;
• Saneamento;
• Gestão Transfronteiriça da Água (o principal financiador é o GEF);
• Gestão de Recursos Hídricos.
Para além disso o PNUD desenvolve acções de formação e a partilha de informação para
a governação da água através da iniciativa Cap-Net, membro da Parceria Global para a
Água (Global Water Partnership), a generalização das questões de género, a problemática
da água num ambiente em mudança devido às alterações climáticas e ao cumprimento da
68 69
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
meta 10 do Milénio.
No âmbito de grandes programas transfronteiriços, Angola participa no EPSMO (Protecção
ambiental e gestão sustentável da bacia do Okavango36), juntamente com a Namíbia e o
Botswana, e no programa Grande Ecossistema Marinho da Corrente de Benguela com a
Namíbia e a África do Sul. Por seu turno, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe participam, com
outros estados insulares do Índico, no programa de gestão integrada de recursos hídricos e
águas residuais dos pequenos estados insulares do Atlântico e do Índico,.
MECANISMOS DE APOIO
Iniciativa para a Água Comunitária (Community Water Initiative)
Esta iniciativa funciona como um fundo descentralizado para o desenvolvimento e
implementação de pequenos projectos de construção e gestão comunitária sustentável de
sistemas de abastecimento de água e saneamento. O fundo opera através do programa
Small Grants (pequenos fundos) do GEF. Começou em cinco países em 2003 e esperava-se
que em 2007 a sua operação se estendesse a nove países.
Esta iniciativa tem apoiado:
1. Infra-estruturas de abastecimento de água e saneamento;
2. Desenvolvimento de capacidades;
3. Documentação e disseminação de boas práticas entre comunidades;
4. Desenvolvimento de políticas em prol dos pobres (pro-poor) nas áreas de gestão de
recursos hídricos, abastecimento de água e saneamento.
Os apoios, que podem ir até 20 ou 30 mil USD, são atribuídos com os seguintes critérios:
• Abordagens inovadoras;
• Forte envolvimento da comunidade;
• Fornecimento de sistemas de gestão fiáveis e sustentáveis e serviços acessíveis
financeiramente;
• Demonstração do impacte na melhoria da qualidade de vida;
• Baixo custo, tecnologias apropriadas;
• Demonstração da integração da abordagem de género;
• Sustentabilidade de longo-prazo.
A experiência deste mecanismo permite que as comunidades definam as suas prioridades
e desenvolvam os seus projectos. Devido à grande aceitação desta iniciativa, estão a ser
desenvolvidos esforços para a prolongar e aumentar.
Os países interessados em implementar este projecto devem contactar a delegação nacional
do PNUD e aplicar o que foi descrito na secção GEF deste Manual.
Ecosan – apoio à introdução de esquemas de saneamento ecológico
Trata-se de um projecto apoiado pela Cooperação Sueca que se destina a apoiar o
36 Rio Kubango em Angola.
desenvolvimento e disseminação de produtos Ecosan. Estes produtos ou sistemas permitem
destruir ou isolar agentes patogénicos fecais e restituir nutrientes ao solo. Além de os
sistemas serem consistentes com a cultura local e os valores sociais e de fácil construção
e suficientemente robustos para poder ser mantidos localmente, são de custo acessível. O
objectivo é valorizar os excrementos humanos, no ambiente ou para processos produtivos,
prevenindo a poluição do solo e das águas.
O projecto é implementado através de entidades (ONG, pequena indústria, centros de
investigação e desenvolvimento I&D) na Índia, México e Zimbabué e do Instituto Ambiental
de Estocolmo.
As entidades interessadas podem solicitar junto à agência de cooperação Sueca no país ou
ao PNUD mais informação sobre possibilidade de implementar projectos piloto no país.
Facilidade para a Governação da Água (Water Governance Facility)
Esta iniciativa conjunta do PNUD e da Cooperação Sueca destina-se a apoiar os países no
desenvolvimento de esforços para a governação no sector da água. O objectivo é apoiar a
gestão integrada de recursos hídricos e desenvolver soluções para a redução da pobreza, pela
promoção da colaboração Sul-Sul e a troca de experiências e boas práticas nesta matéria.
Este instrumento apoia a elaboração de políticas e presta assessoria técnica em áreas como
a gestão integrada de recursos hídricos, bacias hidrográficas partilhadas, abastecimento de
água, saneamento e alterações climáticas, género e capacitação.
Os serviços disponibilizados serão:
• Apoio na elaboração de políticas e aconselhamento para a governação do sector da
água em países em desenvolvimento;
• Aplicação e disseminação de boas práticas, do nível local até ao nível nacional e de
bacias hidrográficas partilhadas;
• Apoio nas reformas do país de forma a tornar a governação eficaz dos recursos hídricos
um requisito para alcançar os ODM e os Objectivos da Conferência Internacional para
o Desenvolvimento Sustentável;
• Participação no trabalho do Programa de Avaliação Mundial dos Recursos Hídricos
das Nações Unidas e contribuir para os temas relacionados com a governação no
sector da água no Relatório de Desenvolvimento Mundial do Sector das Águas.
Estes serviços são disponibilizados em resposta aos países que os solicitarem e são
implementados pelo PNUD. Deste modo é o PNUD que coordenará o processo, mas é
necessário que as autoridades nacionais lhes solicitem este apoio.
6.1.3. Conservação e uso sustentável da biodiversidade
As áreas prioritárias do PNUD em relação à biodiversidade são: Protecção dos conhecimentos
tradicionais e distribuição equitativa dos seus benefícios; Conservação e utilização sustentável
da biodiversidade; Agricultura ecológica; Áreas protegidas.
Como se viu acima, o PNUD desenvolve parcerias com diferentes entidades para desenrolar
as suas iniciativas e implementar os mecanismos descritos abaixo. É importante conhecer
70 71
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
os objectivos das diferentes iniciativas. Para participar delas, deve-se manifestar interesse à
delegação do PNUD no país. Dado que alguns dos fundos provêm do GEF, é também possível
incluir actividades destes mecanismos nos projectos de média e de grande escala.
MECANISMOS DE APOIO37
Programa Global para a Biodiversidade
Este programa apoia a capacitação de comunidades locais na protecção do seu conhecimento
tradicional e na garantia do acesso equitativo e da partilha de benefícios da biodiversidade.
Por outro lado, contribui para integrar a biodiversidade, ecossistemas, áreas protegidas e
outros compromissos no âmbito da CBD nas políticas e programas nacionais, incluindo em
sectores como agricultura, florestas, pescas e energia.
Este programa é implementado através de parcerias com o PNUA, a Organização Mundial
de Saúde (OMS) e universidades no que diz respeito à importância da biodiversidade
para a Saúde. O Centro de Desenvolvimento de Terras Áridas do PNUD apoia o reforço da
biodiversidade nas Terras Áridas, nomeadamente através de apoio ao desenvolvimento de
políticas, de aplicação de melhores práticas e de sensibilização.
Partilha de Benefícios e Conhecimentos Tradicionais
O PNUD promove a protecção de conhecimentos tradicionais e a partilha de benefícios
resultantes desses conhecimentos e dos recursos genéticos, como forma de promover a
conservação e o uso sustentável dos recursos naturais e o modo de vida sustentável das
populações que dependem desses recursos. Uma das prioridades é o envolvimento de
populações indígenas ou autóctones e a promoção dos seus conhecimentos e práticas.
Neste âmbito o PNUD tem uma série de iniciativas como:
• Aplicação das actividades facilitadoras do GEF para proceder ao levantamento de
capacidades para aceder e beneficiar dos conhecimentos tradicionais;
• Elaboração de relatórios de perfil de país nesta matéria;
• Financiamento de projectos específicos nesta área.
Iniciativa do Equador
A iniciativa do Equador é uma parceria que procura promover o reconhecimento do papel
central das comunidades locais na redução da pobreza e na conservação da biodiversidade.
As actividades-chave desta iniciativa incluem o prémio bienal Equador, o patrocínio a iniciativas
inovadoras em comunidades tropicais através de redes de investigação e intercâmbios de
experiências entre comunidades; apoio a comunidades e agricultores ecológicos na procura
de formas de equilibrar os seus modos de vida com a preservação da biodiversidade, e o
aumento da sensibilização global para a sustentabilidade das comunidades tropicais.
37 Além dos mecanismos de apoio aqui descritos, o PNUD participa e facilita o contacto ou a participação dos países nas seguintes iniciativas: Conservation Finance Alliance – www.conservationfinance.org; Consultative Group on International Agricultural Research (CGIAR) – www.cgiar.org; Ecoagriculture Partners – www.ecoagriculturepartners.org; Global Biodiversity Forum – www.cbf.bh; Megadiverse Group – www.megadiverse.com; Millennium Ecosystem Assessment – www.millenniumassessment.org; Poverty and Environment Initiative ; UN Millennium Project – www.unmillenniumproject.org.
6.1.4. Gestão sustentável dos solos para combater a sua degradação e a desertificação
Neste âmbito as áreas prioritárias para intervenção do PNUD são:
o Introdução das preocupações ambientais e da desertificação nas estratégias
de desenvolvimento nacionais;
o Acesso a terras e problemática da posse de terras;
o Melhoria do acesso aos mercados;
o Preparação para secas e segurança alimentar;
o Governação de recursos naturais;
o Pagamento por serviços ambientais.
MECANISMOS DE APOIO
Programa integrado de desenvolvimento das zonas áridas (Integrated Drylands Development
Programme – IDDP)
Este programa tem uma abordagem integrada que abrange o apoio à elaboração de
legislação, capacitação, gestão de recursos hídricos, questões de género, serviços de saúde,
educação e muitos outros no desenvolvimento rural e a redução da pobreza em terras
desertificadas.
O programa está presente em 19 países, incluindo Cabo Verde e Moçambique. O PNUD está
a empreender esforços para que mais países possam ser abrangidos pelo programa.
De acordo com a experiência obtida até agora, o PNUD define esta iniciativa em três fases:
• A primeira fase, com o custo de 50 mil USD, pode apoiar o país a elaborar o seu programa
integrado. Isto permite a realização de estudos detalhados e o processo participativo e
de consulta para a definição do plano.
• A segunda fase corresponde ao início da implementação. Em geral são necessários
4 milhões USD. Estes fundos advêm do PNUD – do programa do país – e de fundos
bilaterais. Dependendo das possibilidades económicas do país o governo poderá ter
de co-financiar. Uma vez o programa em marcha pode incluir-se o financiamento de
acções descentralizadas de pequenos montantes de 20 a 200 mil USD. Uma vez atingida
a maturidade, o programa fará a identificação de investimentos maiores, com recurso ao
sector privado e a empréstimos.
• A terceira fase é a definição do programa nacional, com um custo aproximado de 100
milhões USD para sete anos. De acordo com a experiência do PNUD cerca de 10% do
montante resulta, em geral, de fundos públicos nacionais (em países com mais recursos
esta percentagem pode ser maior), 30% advém de empréstimos, 20% de investimentos
privados e 50% são canalizados através de cooperação internacional (incluindo 20% do
PNUD e 30% de cooperação bilateral).
O PNUD está de momento a procurar reunir cerca de 3 milhões USD por cada país e a tentar
obter parcerias para fundos adicionais e pequenos fundos para acções descentralizadas.
Actualmente existem outros dezoito países de África e quatro do Sul da Ásia interessados
no programa.
72 73
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
6.1.5. Acesso a serviços energéticos sustentáveis
Tal como nas outras áreas, as possibilidades de participação nestas iniciativas deverão ser
discutidas com a Delegação nacional do PNUD.
MECANISMOS DE APOIO
Fundo energia para o desenvolvimento sustentável (Trust Fund Energy for Sustainable
Development).
Este fundo incide em quatro áreas:
• Fortalecimento do enquadramento político nacional – o objectivo é o enquadramento
e a integração de energias sustentáveis nas reformas macro-económicas, reformas no
sector energético e planeamento para o desenvolvimento sustentável;
• Promoção de serviços energéticos rurais – o objectivo é encontrar opções
energeticamente eficientes para as necessidades de aquecimento, electricidade,
confecção de alimentos e no apoio a actividades produtivas.
• Promoção de energias limpas – o objectivo desta acção é facilitar a introdução e a
adaptação de tecnologias com baixas emissões que possam conduzir ao crescimento
económico, desenvolvimento social e sustentabilidade ambiental.
• Aumento do acesso para o financiamento da energia – a maioria dos investimentos em
energia são originados por outras fontes que não a ajuda pública ao desenvolvimento,
pelo que o PNUD procurará reforçar as capacidades dos países em desenvolvimento
para atrair financiamentos para projectos de energias sustentáveis.
Desde o seu início em 2001, o Fundo obteve cerca de 15 milhões USD e provou ser um veículo
para implementar rápida e eficazmente actividades à escala nacional e regional. O Fundo
financiou mais de quarenta projectos nas áreas descritas acima.
São ainda de salientar algumas parcerias deste fundo como o LP Gás, que se destina a promover
o uso do gás como forma de energia. Angola irá começar a produzir abundantemente LPG,
pelo que terá facilidade de implementar um projecto deste tipo.
Adaptação baseada na comunidade (Community-Based Adaptation)
O projecto de adaptação baseada na comunidade é um projecto piloto de implementação
dos fundos Small Grant do GEF na Prioridade Estratégica de Adaptação.
O projecto piloto é implementado em dez países, que representam uma diversidade de
ecossistemas. Em cada país é financiado um conjunto de oito a vinte projectos no montante
máximo de 50 mil USD. Os projectos são comunitários e em linha com a resposta às prioridades
de adaptação. Os projectos representarão melhores práticas para comunidades dependentes
dos recursos naturais e vulneráveis às alterações climáticas.
A implementação teve início em Março de 2008. Os países interessados poderão acompanhar
o andamento deste projecto e indagar junto da delegação nacional do PNUD sobre a
possibilidade de expansão do projecto, ou o estabelecimento de sinergias.
Mecanismo de Aprendizagem da Adaptação (Adaptation Learning Mechanism – ALM)
Em Março de 2008, o PNUD lançou o mecanismo de aprendizagem sobre adaptação. Trata-se
de um projecto financiado pelo GEF que facilita a partilha de informação e conhecimentos
baseados em experiências práticas e disponibiliza os perfis de adaptação – os PANA – de mais
de 140 países.
O projecto disponibilizará ferramentas e guias práticos essenciais a quem trabalha nesta
matéria, focando nomeadamente nas seguintes temáticas:
• Praticas de adaptação – o que pode ser feito para nos adaptarmos às alterações
climáticas no terreno?
• Integração dos riscos e adaptação às alterações climáticas nas políticas, planos e
acções de desenvolvimento – como podem as políticas e planos apoiar a adaptação
ao longo do tempo?
• Reforço de capacidades – como se pode melhorar o apoio às pessoas para se equiparem
para a adaptação às alterações climáticas?
É um projecto de três anos, de 1 milhão USD, co-financiado pelo GEF, pela cooperação
Suíça e pelo Instituto de Energia e Ambiente da Francofonia. O projecto é implementado
conjuntamente pelo PNUD, PNUA e Banco Mundial. Pode ser visitado em http://www.
adaptationlearning.net/.
Facilidade do Carbono ODM (MDG Carbon Facility)
Este instrumento de financiamento procura apoiar a mobilização de fundos para o mercado
de carbono, potenciando os seus benefícios para o cumprimento dos ODM.
Os objectivos centrais são:
• Alargar o acesso ao mercado do carbono, permitindo a participação de um maior
número de países;
• Promover projectos de redução de emissões que contribuam para os ODM, produzindo
benefícios adicionais de desenvolvimento sustentável e redução da pobreza.
Este instrumento resulta da colaboração entre o PNUD e o Banco Fortis, sendo o PNUD
responsável pelo apoio na área dos projectos de desenvolvimento e o Banco Fortis pela
compra e marketing dos certificados de emissões. Estas instituições irão em conjunto definir
um pipeline de projectos para o período 2008-2012.
As entidades que podem propor projectos são governos centrais e locais, organizações não-
governamentais e empresários de diferentes sectores. O primeiro passo é enviar uma Ideia
de Projecto (Project Idea Note - PIN). O formulário pode ser baixado da internet em http://
www.mdgcarbonfacility.org/participate/docs.html. Estes documentos devem ser enviados
por correio electrónico para [email protected] no caso de proponentes dos PALOP
e para [email protected] no caso de proponentes de Timor Leste. O portal de
internet disponibiliza ainda informação sobre a facilidade que se resume abaixo, bem como
informação sobre outros recursos e sobre os mercados de carbono que poderá ser útil aos
proponentes.
Para determinar a elegibilidade dos projectos, o PNUD efectua a análise de conformidade,
determinando a viabilidade comercial, técnica e regulamentar do projecto proposto. Este
processo avalia os projectos em cinco áreas-chave:
74 75
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
• Potencial de sequestro de carbono;
• Viabilidade técnica;
• Viabilidade financeira e jurídica;
• ODM e ambiente;
• Riscos internos do país.
A aprovação dos projectos tem ainda em conta factores como a localização geográfica,
a tecnologia ou a sua dimensão, procurando-se apoiar projectos em países com reduzida
participação no mercado de carbono, como são os PALOP e Timor Leste. Outro factor
preponderante para a aprovação de um projecto é a sua capacidade de contribuir para os
ODM ao mesmo tempo que produzam RCE.
Uma vez aprovado o projecto, o mecanismo financeiro presta assistência técnica nos
seguintes domínios:
• Apoio no desenvolvimento de um estudo de base;
• Apoio na implementação de consultas às diferentes Partes interessadas;
• Apoio na preparação do formulário de apresentação do projecto;
• Envolvimento de uma terceira parte responsável pela validação do projecto;
• Fornecimento de aconselhamento estratégico no sentido de obter aprovação das
autoridades nacionais em relação ao projecto;
• Apoio no registo do projecto;
• Apoio no desenvolvimento e implementação de um plano de monitorização e
acompanhamento do projecto ao longo do seu primeiro ano de execução;
• Apoio na pré-verificação do projecto e envolvimento de uma terceira parte responsável
pela elaboração do relatório inicial de verificação.
Os projectos apoiados por este mecanismo de financiamento abrangem várias áreas do
desenvolvimento, podendo ser baseados em tecnologias de mitigação, incluindo energias
renováveis, eficiência energética, substituição de combustíveis, gestão de resíduos agrícolas,
biocombustiveis e captura de emissões de aterros. O quadro seguinte demonstra o tipo de
projectos com possibilidade de ser apoiados no âmbito deste mecanismo:
mitigação do metano
energias renováveis
eficiência energética
sequestro bioLógico
transportesenergias
Limpas
Biometanização de resíduos
Electricidade em rede
Eficiência energética em edifícios
Florestação / Reflorestação
Substituição de combustíveis
Biocombustiveis
Oxidação biológica de metano – aterros
Electricidade fora da rede (solar, mini-hídricas, etc.)
Eficiência energética industrial, incluindo co-geração
Substituição de combustíveis
Captura de gás em aterros
Energia solar e térmica
Melhorias de eficiência energética do lado da oferta
Captura e queima de gás de aterro
Energia da biomassa
Eficiência na refrigeração envolvendo tecnologias de substituição de CFC
Adaptado de: http://www.mdgcarbonfacility.org/facility/projects.html
Existem alguns tipos de projectos que não são considerados elegíveis, por terem uma
contribuição limitada para os ODM ou por outros motivos que os tornam incompatíveis com
este mecanismo de financiamento. Entre estes, podem citar-se projectos de energia nuclear,
energia hidroeléctrica de larga escala, sequestro de CO2 para reservatórios geológicos e a
captura e destruição de gases industriais.
Para que seja possível recolher informação para a avaliação da conformidade dos projectos
apresentados, o PNUD criou ferramentas de apoio aos proponentes. Os documentos são
apresentados em http://www.mdgcarbonfacility.org.
6.1.6. Políticas e planeamento nacional / sectorial para o controle das emissões de
substâncias que reduzem a camada de ozono e poluentes orgânicos persistentes
As áreas prioritárias para o PNUD relativamente a esta matéria são:
• Protecção da camada de ozono;
• Eliminação e redução de POP;
• Integração da gestão adequada de químicos nos planos nacionais relativos aos ODM;
• Prevenção e redução da poluição química em águas internacionais.
Os mecanismos de apoio existentes, relativos à camada de Ozono e aos POP, foram referidos
acima e na secção anterior relativa aos AMA.
6.2. Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA)
O PNUA é a voz para o ambiente no sistema das Nações Unidas, representando o papel
de activista, facilitador e promotor da utilização sustentável dos recursos naturais e do
desenvolvimento sustentável. Tal como o PNUD não é uma agência doadora. Entre as tarefas
do PNUA, destacam-se:
• Avaliação das condições e tendências ambientais a nível nacional, regional e global;
• Desenvolvimento de acordos e instrumentos jurídicos a nível nacional e internacional;
• Fortalecimento de instituições para a gestão sustentável do ambiente;
• Integração do desenvolvimento económico e da protecção ambiental;
• Facilitação da transferência de tecnologias apropriadas ao desenvolvimento
sustentável;
• Estímulo e promoção de novas parcerias e abordagens envolvendo a sociedade civil
e o sector privado.
Os Secretariados de diversos AMA funcionam no PNUA e, por outro lado, o PNUA é agência de
implementação do GEF. Muitas das suas actividades de apoio são desenvolvidas neste contexto.
6.2.1. Objectivos, prioridades e linhas de intervenção
As grandes áreas de intervenção do PNUA são a capacitação institucional, a assistência técnica
e a facilitação do acesso à informação. O PNUA presta apoio na implementação de políticas
ambientais com o objectivo de promover o desenvolvimento sustentável a nível nacional,
regional e global. O apoio é consubstanciado na disponibilização de dados e informação
76 77
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
ambiental relevante (estudos, publicações e portais de internet - websites), na assistência técnica
aos países em desenvolvimento com vista à criação e reforço de políticas, legislação e planos
de acção nacional de ambiente (technical legal assistance), no desenvolvimento de acções de
formação e de capacitação, incluindo do poder judiciário (por exemplo, o judges programme).
Actualmente o PNUA tem seis áreas prioritárias, a saber, alterações climáticas, conflitos e
desastres, gestão de ecossistemas, governação ambiental, substâncias perigosas e eficiência
de recursos. Para além destas áreas prioritárias o PNUD foca ainda noutros vinte e um temas
(ver http://www.unep.org/themes/thematic_areas.asp).
Para aceder às iniciativas e apoios do PNUA, deve ser contactada a delegação regional do
PNUA, directamente ou por intermédio da delegação nacional do PNUD. Os formulários,
que podem ser encontrados em http://www.unep.org/pcmu/project_manual/Forms/index.
asp, são em geral preenchidos pelas delegações do PNUA (ou do PNUD) com apoio dos
proponentes e seguem um circuito interno.
Os programas do PNUA relacionados com a implementação de políticas ambientais são:
programa área de intervenção
Capacitação
Objectivo: Reforço das capacidades institucionais para fazer face aos desafios ambientais, bem como para o aumento da sensibilização da população de modo a assegurar impactes ambientais positivos.O programa promove acções de:• Educação ambiental e formação técnica para instituições, governos e sociedade civil;• Capacitação e desenvolvimento de instrumentos de gestão, participação e disseminação da
informação ambiental;• Apoio a Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento.• O apoio do PNUA centra-se na gestão dos recursos hídricos, gestão de resíduos e no
desenvolvimento de índices de vulnerabilidade.
Água O PNUA apoia a gestão equitativa e sustentável dos recursos hídricos, nomeadamente através de avaliações e diagnósticos no sector, desenvolvimento de planos integrados de gestão de recursos hídricos, sensibilização para a utilização de tecnologias inovadoras e apoio ao desenvolvimento e implementação de políticas e legislação relacionada com a gestão dos recursos hídricos.
Programa global de acção para a protecção do ambiente marinho e actividades costeiras
Objectivo: combater a deterioração dos ambientes marinho e costeiro causada pelas actividades em terra. O programa apoia os países na implementação de medidas ambientais no âmbito das políticas nacionais e na implementação de Planos Nacionais de Acção para a prevenção, redução e controle da degradação do ambiente marinho. No que respeita às alterações físicas e alteração de habitats, existe um sub-programa (PADH) com os seguintes objectivos:• Criar capacidades nas autoridades nacionais para a protecção das zonas costeiras, através do
fortalecimento de legislação e capacidade reguladora, e facilitando parcerias entre os vários agentes envolvidos;
• Proteger o funcionamento dos ecossistemas e manter a integridade da biodiversidade, através da gestão sustentável das zonas costeiras;
• Promover acções específicas para reduzir a degradação dos ambientes marinhos e costeiros resultado da poluição a alteração física dos habitats.
Programa mares regionais
Este programa procura actuar perante a degradação dos oceanos e áreas costeiras, através da gestão sustentável do ambiente marinho e costeiro por parte de países vizinhos em acções transfronteiriças de preservação dos seus ambientes marinhos conjuntos.
Implementação de legislação ambiental
O apoio do PNUA incide sobre a implementação e aplicação de AMA, bem como sobre a parceria para o desenvolvimento de legislação e instituições ambientais em África (PADELIA)
programa área de intervenção
Apoio pós-conflito e gestão de desastres naturais
Este programa apoia os países nas seguintes áreas:• Avaliações ambientais com o objectivo de identificar os impactes dos conflitos e desastres naturais
sobre o ambiente e sobre a saúde humana;• Mitigação dos riscos ambientais;• Reforço das instituições para a governação ambiental;• Integração de considerações ambientais nos esforços de reconstrução;• Fortalecimento da cooperação ambiental a nível regional e internacional.
6.2.2. Outros Mecanismos de Apoio
Desenvolvimento de capacidades para a implementação dos MDL
Este projecto, financiado pelo governo holandês, visa estabelecer projectos de redução
de emissão de GEE que estejam em conformidade com os objectivos de desenvolvimento
sustentável do país, nomeadamente no sector da energia. O Centro UNEP Risø Centre (URC)
é a organização contratada pelo PNUA para implementar este projecto.
O objectivo principal é capacitar as autoridades designadas dos países para que possam
analisar os méritos técnicos e financeiros dos projectos e negociar possíveis acordos
financeiros com investidores ou países do Anexo 1 do Protocolo de Quioto.
Em resultado do projecto espera-se que os países beneficiários: 1) compreendam
profundamente as oportunidades que os MDL trazem; e 2) desenvolvam as capacidades
institucionais e financeiras que lhes permitam formular e implementar projectos MDL.
Moçambique foi um dos países que participou na primeira fase do projecto. Na segunda
fase, que decorre de 2006 a 2009, não está previsto o envolvimento de outros países da CPLP.
Na 24ª Sessão do Conselho de Governadores38 esta iniciativa ganhou novo fôlego quando o
PNUD e o PNUA uniram esforços para fixar uma grande parte do mercado de carbono nos
países mais pobres do mundo. Para além da prestação de assistência técnica na participação
nos mercados emergentes do carbono, como seja os MDL do Protocolo de Quioto, esta
iniciativa visa igualmente poder fornecer uma resposta rápida às solicitações dos decisores
que tentam aferir o impacte das alterações climáticas a ter em conta nas suas decisões de
planeamento e investimento.
Fundo do PNUA para arranque rápido (Quick-Start Trust Fund – UNEP)
No âmbito da parceria PNUA-PNUD, este fundo pretende apoiar a capacidade interna dos
países relativamente à sua capacidade para gerir os produtos químicos, nomeadamente no
que respeita a:
1. Definição das ligações entre os principais problemas na gestão de produtos químicos
e saúde humana e qualidade ambiental;
2. Identificação de áreas em que os governos nacionais necessitem de capacitação
urgente no que respeita à gestão de produtos químicos;
3. Desenvolvimento de um plano de implementação nacional realista;
4. Apoio na quantificação dos custos da inacção/ benefícios da acção ao nível financeiro,
38 Na 24ª sessão do Conselho de Governadores do PNUA, em Nairobi, 2007.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
económico e de planeamento na gestão de produtos químicos;
5. Propostas de seguimento para a generalização das questões prioritárias relativas à
gestão de produtos químicos nos processos e planos de desenvolvimento nacionais.
Podem apresentar propostas os países que reconheceram formalmente a SAICM (Strategic
Approach to International Chemicals Management)39, ou que pelo menos designaram um
ponto focal. Em casos excepcionais organizações da sociedade civil poderão apresentar
propostas desde que o façam com o acordo do ponto focal.
As propostas devem ter em conta os seguintes aspectos:
• Devem ser submetidas por governos de Países em Desenvolvimento ou Economias em
Transição, devendo as mesmas ser entregues aos pontos focais nacionais;
• O Fundo dá prioridade às necessidades especiais dos Países Menos Desenvolvidos e
nos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (nos quais os PALOP e Timor
Leste se enquadram);
• Os projectos devem corresponder a actividades facilitadoras da SAICM, em particular:
a) Implementação ou actualização de perfis químicos nacionais e identificação de
necessidades de capacitação para a gestão dos químicos;
b) Desenvolvimento e fortalecimento das instituições nacionais responsáveis pela
gestão, planos, programas e actividades de químicos para a Implementação da
SAICM, partindo do trabalho conduzido pelas iniciativas e AMA relacionados;
c) Desenvolvimento de análises, coordenação entre os vários agentes envolvidos
e actividades de participação pública que facilitem a implementação da SAICM
pela integração da gestão de químicos nas estratégias nacionais, e informando
assim das necessidades de cooperação para o desenvolvimento;
• Os projectos multissectoriais são incentivados, devendo apresentar-se evidência do
apoio dos vários agentes envolvidos;
• Os projectos podem apresentar um valor entre 50 mil Euros e 250 mil Euros;
• O Quick Start Fund pode ser utilizado como co-financiamento de projectos de maior
escala;
• Países com um projecto QSF em execução, devem completar esse projecto antes de
solicitar novo pedido nacional, embora possam ser enquadrados num pedido regional
ou promovido por uma ONG.
As candidaturas podem ser enviadas duas vezes por ano. É aconselhado o envio de uma
ficha-resumo do projecto ao Secretariado do SAICM para facilitar o processo e garantir o
apoio na apresentação da proposta. As candidaturas são compostas por um formulário de
candidatura, tabelas de orçamento e um formulário de descrição de projecto. Os formulários
de candidatura estão disponíveis em inglês, francês, espanhol e árabe, mas apenas são
aceites propostas em inglês. As orientações para candidatura estão disponíveis em: http://
www.chem.unep.ch/saicm/qsptf.htm.
39 A SAICM – abordagem estratégica à gestão dos químicos – foi adoptada na Conferência Internacional de Gestão de Químicos (ICCM) em 6 de Fevereiro de 2006, no Dubai. Trata-se um quadro político internacional para promover a gestão dos químicos.
7. União Europeia e Comissão Europeia
A União Europeia é responsável por mais de 60% da Ajuda Pública ao Desenvolvimento,
tendo em 2007 dispendido 62 mil milhões USD, correspondentes a mais de 0,44% do seu
PIB. Os Estados-membros da União Europeia têm autonomia na definição das suas políticas
e estratégias de cooperação. Paralelamente, estes países definem em conjunto a estratégia
da Comissão Europeia (CE) bem como Planos de Acção específicos (implementados em
conjunto pelos Estados-membros e pela CE).
Os PALOP e Timor Leste estão incluídos no grupo ACP – África, Caraíbas e Pacífico. Os
financiamentos da UE para este grupo de países são organizados por períodos de 6-7
anos e resultam de programas indicativos e estratégias de intervenção negociadas com
os países beneficiários sendo financiados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED).
No actual período de apoio 2007-2013 (10.º FED), um dos sectores de concentração na
Guiné-Bissau será Água e Energia, com um montante programado de 77 milhões Euros40.
Em Cabo Verde o 9.º FED concentrou a ajuda comunitária no sector de água e saneamento
com um montante de 25 milhões Euros41. No âmbito do FED inscrevem-se igualmente
programas regionais e extra-programas nacionais indicativos. Os países podem também
aceder a empréstimos do Banco Europeu de Investimento (BEI).
A CE dispõe ainda de recursos financeiros próprios para apoiar acções específicas nos
países em desenvolvimento. Trata-se de fundos de linhas orçamentais. Cada uma dessas
linhas beneficia um domínio (e eventualmente uma região) específico de intervenção,
existindo assim linhas orçamentais para temas relacionados com o ambiente e a energia.
É sobre alguns destes instrumentos que incide esta secção do Manual, nomeadamente o
novo programa Ambiente e Gestão Sustentável de Recursos Naturais incluindo a Energia, a
Iniciativa da Água, a Iniciativa da Energia, bem como o 7º Programa Quadro de Investigação
e Desenvolvimento. Este último contempla áreas do ambiente e do desenvolvimento e dá
oportunidade para o reforço da integração de cientistas, PME e outras entidades.
7.1 Objectivos, prioridades e linhas de intervenção
A integração do ambiente na política de cooperação da CE visa a melhoria do estado do
ambiente nos países em desenvolvimento e assegurar que as actividades de desenvolvimento
são ambientalmente sustentáveis, constituindo uma contribuição crucial para o objectivo
geral de redução da pobreza. A cooperação da CE incide muitas vezes sobre o apaziguamento
das tensões entre o risco de utilização excessiva do recurso natural e a necessidade da
utilização do mesmo para a redução da pobreza. As intervenções de nível regional são uma
prioridade no sector do ambiente e recursos naturais e visam harmonizar as estratégias e
capacidades de intervenção dos países e a promoção de actividades conjuntas.
O 6.º Programa de Acção Ambiental da UE identifica as seguintes quatro prioridades para a
agenda do ambiente a nível internacional:
• Enfrentar o problema das alterações climáticas;
40 Fonte: Delegação da Comissão Europeia na Guiné-Bissau.41 Fonte: Delegação da Comissão Europeia em Cabo Verde.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
• Proteger a natureza e a biodiversidade;
• Contribuir para a saúde e a qualidade de vida;
• Promover a utilização sustentável de recursos naturais e a gestão de resíduos.
As principais áreas de intervenção da CE nesta matéria são: gestão sustentável das terras,
biodiversidade, florestas (nomeadamente através do Programa de Acção UE para a
implementação da legislação, a boa governação e o comércio florestal - FLEGT), alterações
climáticas, redução da vulnerabilidade a catástrofes, gestão adequada de substâncias
químicas perigosas e pescas42. A CE financia também projectos nas áreas do ordenamento
do território, desenvolvimento rural, segurança alimentar e agricultura.
É ainda de salientar que, com o propósito de atingir os ODM, a União Europeia lançou na
cimeira de Joanesburgo a Iniciativa da Água43 que visa aumentar o acesso a água potável
e ao saneamento e promover a gestão integrada, justa e sustentável dos recursos hídricos.
Também na mesma cimeira foi lançada a Iniciativa da Energia44 para Erradicação da Pobreza
e o Desenvolvimento Sustentável, como um compromisso conjunto da CE e dos Estados-
membros da UE para dar prioridade à facilitação do acesso a serviços energéticos modernos
e economicamente acessíveis para a redução da pobreza.
Estas iniciativas pretendem aumentar a consciencialização dos decisores políticos, atrair novos
recursos (financeiros, tecnológicos e humanos) do sector privado, instituições financeiras e
promover a participação da sociedade civil e utilizadores.
A maioria dos instrumentos de cooperação da CE em matéria de ambiente funciona através
da abertura de concursos temáticos. A CE é muito exigente quanto às candidaturas. Por
um lado, o cumprimento de todas as regras administrativas e processuais do concurso é
fundamental para a viabilidade da proposta, sendo muitas vezes a falta de cumprimento
dessas regras que determina o seu insucesso. No final deste capítulo apresenta-se uma
análise detalhada dos problemas mais comuns detectados na avaliação dos projectos.
7.2. Instrumentos de Financiamento
7.2.1. Programa Temático para o Ambiente e a Gestão Sustentável dos Recursos Naturais
incluindo a Energia
A UE definiu um novo Programa Temático, que substituirá alguns dos instrumentos até
agora existentes. Este será o grande instrumento da União Europeia para a cooperação em
matéria de ambiente nos próximos anos. Este programa de duas fases teve início em 2007 e
decorrerá até 2013.
Os objectivos do programa são:
• Apoiar os países em desenvolvimento a atingir os ODM nomeadamente o ODM7
relativo à sustentabilidade ambiental, através da promoção de abordagens inovadoras
e pelo fornecimento de ferramentas e exemplos de boas práticas;
42 Sustentabilidade das pescas, adequado controlo, fiscalização e monitorização do recurso, combate à pesca ilegal, não reportada e não regulamentada.43 http://www.euwi.net/44 http://ec.europa.eu/development/policies/9interventionareas/waterenergy/energy/initiative/index_en.htm
• A promoção da governação internacional do ambiente e das políticas da UE em
matéria de ambiente e energia;
• O apoio aos países em desenvolvimento na escolha de soluções energéticas sustentáveis;
• Outros objectivos internos relativos à integração do ambiente em todas as actividades
de cooperação, a coerência das políticas da UE que afectam o ambiente global e o
apoio aos Estados-membros para cumprir as obrigações impostas pelos AMA sobretudo
no que diz respeito ao apoio aos países em desenvolvimento.
As prioridades de financiamento deste programa são:
prioridade tipo de acção
Contribuir para o cumprimento do ODM7 – garantir a sustentabilidade ambiental
Capacitação para que se incluam as preocupações ambientais nas definições de políticas e estratégias de desenvolvimento;Reforço da legislação para que o rápido crescimento económico não conduza a impactes na segurança ambiental e energética;Apoio a actores da sociedade civil e plataformas representativas;Monitorização e assessoria ambiental incluindo cooperação em matéria de sistemas tecnológicos, monitorização espacial, modelação económico-ambiental;Desenvolvimento de abordagens inovadoras, tais como reformas fiscais ambientais, pagamento por serviços ambientais, parcerias público-privadas e outros instrumentos de mercado, promoção de tecnologias apropriadas e de mecanismos de transferência de tecnologias;Disseminação da experiência da União Europeia.
Promover a implementação das iniciativas da UE e dos compromissos assumidos internacionalmente
Implementação dos planos de acção da UE nos seguintes domínios: alterações climáticas; biodiversidade; gestão sustentável dos solos; governação das florestas; pesca e recursos marinhos; gestão de químicos e resíduos;Alinhamento com as exigências ambientais para produtos e processos de produção nomeadamente através do apoio à conformidade dos produtores de países em desenvolvimento;Reforço das capacidades de negociação dos países em desenvolvimento em fora internacionais e regionais.
Melhor integração por parte da UE
Integração da pobreza e ambiente sob novas formas de ajuda ao desenvolvimento;Reforço da integração e da descentralização;Reforço das capacidades e competências da União Europeia a nível da ligação entre pobreza e ambiente e promoção da coerência dos programas;Melhoria da coordenação entre doadores, com bases de dados partilhadas sobre projectos financiados e orientações ambientais.
Fortalecimento da governação ambiental e da liderança da União Europeia
As actividades nesta componente não serão actividades de implementação nos países em desenvolvimento mas será necessária uma forte coordenação entre esta componente e a componente 2 para garantir que as prioridades políticas correspondam às prioridades de implementação.
Apoio a escolhas energéticas sustentáveis nos países e regiões parceiras.
Desenvolvimento de apoio institucional e assistência técnica e reforço da participação em parcerias globais, reforçando a capacidade para o desenvolvimento de políticas, regulamentos e planeamento energético;Criação de um contexto politico e jurídico favorável a novos negócios e investimentos em energias renováveis;Reforço do papel da energia como fonte de rendimento para os mais pobres e como gerador de empregos nomeadamente através de constituição de capital humano com conhecimentos actuais e a prestação de serviços energéticos;Promoção de abordagens financeiras inovadoras, nomeadamente através do Fundo para a Eficiência Energética Global e Energias Renováveis, cooperação alargada entre entidades públicas, privadas e organizações da sociedade civil;Encorajamento da cooperação regional e coordenação com outros doadores.
Especificamente no que diz respeito à implementação dos planos de Acção da UE, as
actividades de apoio previstas são:
• Implementação do Plano de Acção da UE para as Alterações Climáticas no contexto da
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
cooperação para o desenvolvimento – nomeadamente através do reforço de capacidades,
pela análise e sensibilização pública relativa às possibilidades e necessidades de mitigação
e adaptação em sectores económicos, incentivos ao investimento em tecnologias limpas e
preparação de planos de adaptação;
• Implementação do Plano de Acção para a Biodiversidade no contexto da cooperação
económica para o desenvolvimento – nomeadamente através do reforço das capacidades
institucionais para o uso sustentável da biodiversidade, diversificação agrícola e biosegurança;
• Disponibilização de ferramentas para vulgarizar a CNUCD nas estratégias de
desenvolvimento;
• A nível das florestas a CE pretende combater as ameaças, reconciliar as diferentes e
muitas vezes antagónicas necessidades dos diversos grupos de interesse (por exemplo,
grandes empresas, ecologistas e comunidades locais) e promover a gestão sustentável e
equitativa como um meio para reduzir a pobreza. Tal é promovido, nomeadamente, através
de reformas da política florestal e elaboração de planos de acção de combate ao corte ilegal
e de programas nacionais da floresta. Estes são exercícios de planeamento participativo
que juntam o governo, doadores, o sector privado, as organizações da sociedade civil e a
população) para debater temas prioritários e definir estratégias. No âmbito do FLEGT são
ainda reforçados o enquadramento jurídico e os mecanismos de cumprimento, é prestado
apoio à gestão comunitária de recursos florestais e áreas protegidas e são promovidas
abordagens inovadoras que relacionem florestas e alterações climáticas.
• O reforço da governação e gestão das pescas e ambiente marinho visa a utilização
sustentável dos recursos marinhos e pesqueiros e dá especial relevância a assuntos
transfronteiriços e à protecção dos recifes de coral e à gestão da orla costeira;
• Apoio à gestão de resíduos e de químicos e substâncias perigosas, o que inclui o Plano
Estratégico para a Convenção de Basileia em matéria de resíduos perigosos, as Convenções
de Roterdão e Estocolmo relativas aos Químicos e a Abordagem Estratégica à Gestão
Internacional de Químicos;
• Assistência técnica para o reforço dos conhecimentos relativos à poluição do ar e ao
regulamento sobre poluição transfronteiriça do ar.
A tabela indicativa dos montantes disponíveis neste programa até 2010, bem como a matriz
de intervenção do programa, são apresentadas em anexo.
A base de funcionamento deste programa será a abertura de concursos temáticos. O
primeiro concurso fechou em Fevereiro de 2008 nos temas conservação de florestas, FLEGT,
biodiversidade, desertificação, energia sustentável e alterações climáticas em treze países de
África (incluindo Angola e Moçambique), quatro do Médio oriente e cinco da Ásia Central.
O total de financiamento para este concurso foi de 30 milhões Euros.
Podem concorrer serviços públicos, ONG, autoridades locais, associações representantes da
população ou de comunidades (autóctones ou dependentes da floresta), e organizações
intergovernamentais.
Os anúncios de concurso são publicitados em http://ted.europa.eu/ com cópia em português
ou directamente em http://ec.europa.eu/europeaid/cgi/frame12.pl. Os formulários são os
comuns de concursos da CE que podem ser encontrados em http://ec.europa.eu/europeaid/
work/procedures/implementation/grants/annexes_standard_documents/index_pt.htm
7.2.2. Iniciativa da União Europeia para a Água
As principais linhas de intervenção desta iniciativa da União Europeia são:
• Promover a melhoria da governação no sector da água, capacitação e sensibilização;
• Melhorar a eficiência e eficácia na gestão dos recursos hídricos através do reforço do
diálogo e da coordenação;
• Reforçar a vontade e o compromisso político para intervir;
• Identificar recursos financeiros e mecanismos adicionais que garantam financiamento
sustentável.
Esta iniciativa é financiada pela Facilidade da EU para a Água (EU Water Facility).
O objectivo global da Water Facility é contribuir para atingir os ODM nos países ACP,
nomeadamente a meta 10 do ODM7 relativa a água e ao saneamento e mais concretamente:
• Reduzir até 2015, a proporção de pessoas sem acesso sustentável a água potável;
• Reduzir até 2015, a proporção de pessoas sem acesso sustentável a serviços de
saneamento básico.
Os objectivos específicos são:
• Melhorar a governação nos sectores da água e saneamento e na gestão dos recursos
hídricos a nível regional, nacional e local;
• Aumentar o acesso dos mais pobres a serviços de água e saneamento de forma segura,
acessível e sustentável.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Os projectos apoiados podem ser subdivididos nas seguintes componentes:
componente prioridades e tipo de acção
Melhoria da governação e gestão no sector da água
• As propostas nesta componente devem ter uma intervenção em infra-estruturas muito limitada.• As prioridades de intervenção nos dois primeiros concursos foram:• Apoio aos países ACP para que o sector da água seja prioritário nos seus Planos Nacionais de
Redução da Pobreza e nos seus Planos Nacionais de Desenvolvimento Sustentável. • Apoio na preparação de programas de investimento sectoriais, dando ênfase às metas dos ODM
e da Conferência Mundial para o Desenvolvimento Sustentável para a água e o saneamento. • Implementar estratégias sectoriais alargadas, por exemplo partindo do diálogo nacional sobre os
temas de água e saneamento e gestão de recursos globais, tal como é promovido pela Iniciativa da Água da União Europeia.
• Facilitar processos descentralizados de tomada de decisões em questões de gestão do sector da água, a nível local e regional.
• Reforçar o enquadramento jurídico (incluindo revisão da legislação), institucional e da capacidade de implementação para o funcionamento e manutenção das estruturas institucionais e potenciais reformas; descentralização e desenvolvimento da responsabilidade e capacidades de gestão locais.
• Apoio ao diálogo a nível local, nacional e regional com o objectivo de promover a participação activa de todos os agentes envolvidos no processo de reforma; apoio a estruturas organizativas que encorajem as comunidades a participar e a colaborar activamente com o governo local e com os prestadores de serviços, intercâmbios de experiências a nível regional.
• Implementar programas educativos que permitam às populações assimilar a importância da higiene e saneamento, reforçando a procura destes serviços; protecção de pontos de água potável, conservação dos ecossistemas e biodiversidade.
• Reforço da capacidade dos diferentes actores envolvidos na preparação dos projectos, incluindo apoio ao estabelecimento de mecanismos como a preparação de guias e documentação de referência para os contratos.
• Apoiar com formação e acções de capacitação a nível local, nacional e regional. Facilitar a criação de redes de partilha de experiências entre os agentes dos países ACP bem como entre eles e os parceiros europeus.
• Apoiar acordos a nível Sul-Norte e Sul-Sul entre companhias a actuar no sector da água e autoridades nacionais, regionais ou locais responsáveis pela gestão do sector, como forma de fortalecer a capacidade de gestão e promover abordagens inovadoras.
• Apoiar os parceiros ACP na sua participação em iniciativas promovidas pelos países membros da UE e organismos e fundos internacionais criados por eles.
• Apoiar o desenvolvimento e implementação da gestão integrada de recursos hídricos e planos de eficiência com ênfase nos rios e lagos nacionais em países ACP. As actividades nesta componente podem incluir melhoria da recolha e disseminação de dados, pressões ambientais, qualidade da água e da monitorização, apoio a organizações de base regional, capacitação, etc.
• Melhoria da gestão de bacias transfronteiriças, partindo das actividades levadas a cabo pelo Conselho Africano de Ministros para a Água, apoiado pela Iniciativa da Água da União Europeia.
• Apoio a países ACP para a melhoria da sua capacidade de monitorização nos sectores da água e saneamento, nomeadamente no quadro de iniciativas existentes como o World Water Assessment Program ou o Joint Monitoring Programme.
Aumento do acesso a serviços de água e saneamento básico – co-financiamento de infra-estruturas
• Investimentos em infra-estruturas e componentes bem definidas de programas sectoriais de água e saneamento já existentes que tenham uma forte orientação para a redução da pobreza e estejam direccionados para alcançar os ODM no que respeita ao acesso a água potável e saneamento básico. Podem ser considerados projectos de reabilitação de infra-estruturas ou serviços existentes desde que seja comprovado o benefício para os mais pobres.
• Propostas com carácter inovador, nomeadamente no que respeita ao financiamento.• Propostas que respondam às prioridades regionais da União Africana e do NEPAD.• As propostas devem demonstrar como se enquadram nos Planos de Desenvolvimento Nacional
os sectores da água e saneamento e devem quantificar claramente os impactes, sustentabilidade operacional, benefícios ambientais bem como a sustentabilidade económica, social e ambiental.
Apoio a iniciativas da sociedade civil ou órgãos descentralizados. Aumento do acesso a serviços de água e saneamento
• Promoções de iniciativas inovadoras para o fornecimento de serviços aos mais pobres que não têm acesso a água potável ou saneamento.
• Apoio a projectos comunitários que sustentem o modo de vida da população através do acesso a água potável, saneamento e protecção dos ecossistemas.
• Provisão de serviços de água e saneamento em contexto de reabilitação pós-conflito.
Apresenta-se de seguida um quadro-resumo, com os requisitos para a elegibilidade de custos
totais, comparticipação da UE e duração do projecto.
componente de intervenção
comparticipação ue custo totaL duração máximamin € max % min € max €
A. Melhoria da governação e gestão no sector da água
100.000 € 75% 200.000 € 5.000.000 € 3 anos
B. Aumento do acesso a serviços de água e saneamento básico – co-financiamento de infra-estruturas
1.000.000 € 50% 5.000.000 € 5 anos
C. Apoio a iniciativas da sociedade civil
100.000 € 75% 200.000 € 5.000.000 € 5 anos
Assim, numa candidatura para a componente B – aumento do acesso a serviços de água e
saneamento, para um custo total de projecto de 5 milhões Euros, a Water Facility só poderia
contribuir com 2.5 milhões Euros, ficando o candidato com a responsabilidade de financiar o
restante através de fundos próprios, dos seus parceiros, outros doadores ou apoios privados.
As candidaturas devem ter em conta as parcerias necessárias à sua elegibilidade para
concurso. No caso dos países CPLP:
candidatoparceria
parceirosobrigatório possíveL
ACP
Estado ou entidade pública sem personalidade diferente do Estado
X Qualquer parceiro elegível
Entidade pública com personalidade jurídica diferente do Estado
X Qualquer parceiro elegível
Privados X
Entidade pública com personalidade jurídica diferente do Estado/ ONG dos países ACP/ Actores da Sociedade Civil/ Cooperação descentralizada
ONG/ Sociedade Civil/ Cooperação descentralizada
X Qualquer parceiro elegível
Parceiros elegíveis podem ser:
• Organismos públicos nacionais, locais ou regionais e autoridades descentralizadas
com personalidade jurídica do Estado ACP concorrente;
• Organismos públicos nacionais, locais ou regionais da União Europeia (com ou sem
personalidade jurídica diferente dos Estados-membros, signatários do 9º FED);
• Actores não estatais, incluindo entidades legais privadas com funções públicas de
gestão da água aos níveis Municipal e Regional;
• Organizações Internacionais.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Em relação às entidades públicas dos países ACP, o critério de elegibilidade é o seguinte:
Para as componentes A e B as propostas podem ser apresentadas, sendo a entidade que
apresenta a candidatura uma agência ou departamento do Estado com responsabilidades
relacionadas com as actividades do concurso. No caso de órgãos do poder descentralizado
que não tenham personalidade jurídica diferente do Estado, as propostas podem ser
apresentadas pelos órgãos de Estado acima referidos.
Os organismos de Estado dos países ACP não podem apresentar candidaturas à componente
C deste programa, nem podem ser parceiros nesta linha de financiamento.
Para consultar os concursos, guias de candidatura e formulários deve ser visitado o site:
http://ec.europa.eu/europeaid/where/acp/regional-cooperation/water/index_en.htm
Estão a ser preparados novos financiamentos nesta área pelo que se aconselha a visita
regular ao portal acima indicado e também a www.euwi.net
7.2.3. Iniciativa da União Europeia para a Energia
O objectivo desta incitativa é contribuir para o aumento do acesso dos mais pobres a serviços
energéticos adequados, acessíveis financeiramente e sustentáveis nas zonas económica e
socialmente desfavorecidas.
Especificamente, pretende-se:
• Sensibilizar os decisores políticos para o facto de a energia ter um impacte
importante na redução da pobreza;
• Clarificar a importância dos serviços energéticos para a redução da pobreza e o
desenvolvimento sustentável;
• Tornar clara a necessidade de incorporar os serviços energéticos nas estratégias de
desenvolvimento nacionais e regionais;
• Encorajar a coerência e as sinergias entre actividades relacionadas com a energia;
• Atrair novos recursos (capital, tecnologia e recursos humanos) do sector privado,
instituições financeiras, sociedade civil e utilizadores finais.
Esta iniciativa é implementada através da Facilidade para a Energia (Energy Facility) destinada
a financiar:
• Investimentos e assistência técnica para aumentar o acesso dos mais pobres a serviços
energéticos;
• Acções de reforço da capacidade e apoio à formulação de políticas energéticas.
Os objectivos da Iniciativa para a Energia (Energy Initiative) são:
• Melhoria do acesso das pessoas pobres das zonas rurais a serviços energéticos
modernos, com especial ênfase nas comunidades dispersas, aldeias, cidades rurais,
áreas peri-urbanas e ilhas remotas, utilizando os fundos existentes como alavanca
para investimentos adicionais que contribuam para o sucesso dos programas;
• Melhoria da governação e gestão do sector energético, reforçando a orientação das
políticas energéticas para a redução da pobreza e articulando estas políticas com as
políticas de outros sectores;
• Facilitar futuros investimentos em larga escala em programas transfronteiriços,
distribuição rural e extensões de rede.
A linha de financiamento abrange três componentes:
componente prioridades e tipo de acção
1. Aumento do acesso a serviços energéticos em zonas rurais
1.1 Projectos de infra-estruturas
Esta componente tem dois tipos de actividades.
Esta componente destina-se a apoiar países ACP que:• Estejam a implementar ou a preparar políticas energéticas bem orientadas, baseadas
em princípios de boa governação, ou que tenham em alternativa um quadro nacional favorável que permita o sucesso da intervenção;
• Tenham dado prioridade à energia e redução de pobreza, nas suas estratégias de redução de pobreza ou nas suas estratégias de saúde e educação.
Podem concorrer governos centrais, organizações internacionais, governos locais e regionais, municípios, autoridades energéticas, empresas do sector privado e intermediários financeiros.
1.2 Iniciativas de pequena escalaApoio a pequenas iniciativas energéticas integradas em zonas rurais. Devem ter um grande enfoque na redução da pobreza e melhoria das condições de vida da população.Componente especialmente vocacionada para a sociedade civil, governos locais e regionais, municípios, empresários, pequenas e médias empresas e organizações financeiras.
2. Melhoria da governação e gestão no sector energético
Esta componente apoia os países beneficiários na criação de políticas nacionais de energia e na integração das questões energéticas nas políticas e estratégias de outros sectores como o desenvolvimento rural, transportes, saúde e educação.Os resultados esperados com esta componente são:• Integração da energia nas políticas e estratégias de redução de pobreza;• Melhoria do contexto institucional, jurídico e regulamentar;• Reforço das capacidades dos actores do sector, em particular na preparação e
implementação e gestão sustentáveis de programas energéticos orientados para os mais pobres;
• Reforço da construção de redes entre os diferentes actores do sector energético tendo em vista a melhoria da coordenação e participação locais;
• Aumento da cooperação transfronteiriça no sector energético.As actividades financiadas podem ser investimentos ou actividades preparatórias necessárias para a implementação de infra-estruturas regionais.
3. Melhoria da cooperação transfronteiriça no sector energético
Apoio a investimentos ou actividades preparatórias necessárias para facilitar investimentos futuros, essenciais em infra-estruturas energéticas regionais.
Quadro resumo das condições de acesso a financiamento
tipo de projectocusto totaL comparticipação ue duração
min. € max % max €
1. Aumento do acesso a serviços energéticos em áreas rurais
Iniciativas pequena escala 200.000 € 75% 2.500.000 € < 5 anos
Projectos de infra-estruturas
2.500.000 € 50% 10.000.00 € < 5 anos
2. Governação e gestão do sector energético
200.000 € 75% 1.500.00 € < 3 anos
3. Melhoria da cooperação transfronteiriça no sector energético
200.000 € 75% 1.500.00 € < 5 anos
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Cabo Verde, Guiné Bissau e Moçambique têm projectos nesta iniciativa. Para o
acompanhamento desta linha de financiamento deve-se consultar:
http://ec.europa.eu/europeaid/where/acp/regional-cooperation/energy/index_en.htm
7.2.4. Investigação e Desenvolvimento – 7º Programa Quadro de Apoio
A União Europeia reconhece que para ser mais competitiva e desempenhar um papel de
liderança a nível global, necessita de uma política de ciência e tecnologia com três objectivos:
• Apoio à competitividade da UE através de parcerias com países em desenvolvimento
em áreas científicas seleccionadas e envolver os melhores cientistas para que estes
trabalhem com e na União Europeia;
• Valorizar a produção de conhecimento e a ciência de excelência, facilitando os
contactos de universidades, instituições de investigação e empresas com os seus
parceiros de outros países;
• Abordar os problemas específicos destes países, nomeadamente os que tenham
impacte global, numa perspectiva de mútuo interesse e benefício (contribuir para os
ODM, alterações climáticas, biodiversidade, água e energia).
Na componente ambiental, o 7º Programa Quadro de Apoio à Investigação e Desenvolvimento
(7ºPQI&D) disponibiliza fundos com os seguintes objectivos:
• Promover a gestão sustentável do ambiente e dos recursos naturais através de um
aumento do conhecimento da interacção entre clima, biosfera e ecossistemas;
• Desenvolvimento de novas tecnologias e ferramentas que tenham em conta
preocupações ambientais, nomeadamente ferramentas de previsão e tecnologias de
monitorização, prevenção, mitigação e adaptação às pressões e riscos ambientais.
O programa é dividido em diversas áreas temáticas, como por exemplo ambiente (incluindo
alterações climáticas), ou alimentação, agricultura, pescas e biotecnologia. Os países em
desenvolvimento podem participar nas SICA (Acções Específicas de Cooperação Internacional)
especialmente vocacionadas para a investigação de problemas de interesse e benefícios
mútuos entre a União Europeia e os seus parceiros elegíveis para este tipo de projecto45.
Para além disso, a integração de parceiros de países em desenvolvimento é privilegiada em
determinados projectos dos programas temáticos.
Os concursos são anuais e cada ano são definidos SICA, bem como os tópicos de projectos
apoiados, em que se privilegia a participação dos países em desenvolvimento. As aberturas
de concursos são publicitadas regularmente no site http://cordis.europa.eu/fp7/dc/index.
cfm?fuseaction=UserSite.FP7CallsPage.
As áreas de intervenção da componente ambiente do programa cooperação – 7º Programa
Quadro de Apoio à Investigação são:
Alterações climáticas, poluição e riscos
• Pressões sobre o clima e o ambiente (o sistema terrestre e o clima, emissões e pressões,
ciclo global do carbono, clima no futuro, impactes naturais e sócio-económicos das
45 O site http://cordis.europa.eu/fp7/cooperation/home_en.html disponibiliza informação relevante.
alterações climáticas, estratégias de resposta);
• Ambiente e saúde (efeitos para a saúde da exposição a problemas ambientais,
abordagens integradas para a avaliação do risco em matérias de saúde e ambiente,
fornecimento de métodos e ferramentas de apoio à decisão para a análise de risco e
desenvolvimento de políticas);
• Riscos Ambientais (avaliação do risco, factores de desencadeamento e previsão,
avaliação e gestão do risco, avaliação multi-risco e estratégias de mitigação).
Gestão sustentável dos recursos
• Conservação e gestão sustentável dos recursos naturais e da biodiversidade (gestão
integrada de recursos, recursos hídricos, investigação dos solos e desertificação,
biodiversidade, desenvolvimento urbano, investigação integrada sobre florestas);
• Gestão de ambientes marinhos (recursos marinhos).
Tecnologias ambientais
• Tecnologias ambientais para observação, simulação, prevenção, mitigação, adaptação,
conservação e reabilitação do ambiente (água, solos, resíduos, tecnologias limpas,
ambiente construído);
• Protecção, conservação e valorização da herança cultural (avaliação e conservação da
herança cultural, criação de redes de transferência de conhecimentos e optimização
de resultados, tecnologias ambientais para as paisagens naturais, aprofundamento da
herança cultural em zonas rurais e urbanas);
• Avaliação tecnológica, verificação e testes (análise de risco de químicos e estratégias
alternativas para testes, avaliação tecnológica, verificação e teste de tecnologias
ambientais).
Observação da terra e instrumentos de avaliação
• Sistemas de observação da terra e dos oceanos e métodos de monitorização para
o ambiente e desenvolvimento sustentável (integração das actividades europeias de
observação da terra no GEO, actividades horizontais de investigação relevantes para
o GEO, actividades de observação da terra em áreas emergentes, desenvolvimento de
capacidades relacionadas com a observação do planeta em países em desenvolvimento);
• Métodos de previsão e ferramentas de avaliação para o desenvolvimento sustentável,
tendo em conta diferentes escalas de observação (ferramentas para avaliação de
impacte, indicadores de desenvolvimento sustentável, ligações entre sistemas sociais,
económicos e ecológicos).
As candidaturas para estas matérias são publicadas regularmente no site http://cordis.
europa.eu/fp7/environment/int-cooperation_en.html
Em 2007 houve mais de dez SICA na área do ambiente, o numero reduziu-se em 2008 e no
programa de 2009 constam 12 SICAS, sendo 4 especialmente adaptados aos PALOP e TL.
Estas dizem respeito ao desenvolvimento de metodologias de quantificação dos impactes
de alterações climáticas e levantamento de medidas de adaptação adequadas, quantificação
90 91
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
de impactes de alterações climáticas e do tempo na saúde, e reforço de capacidades de
observação da Terra.
Para além das SICA, a União Europeia encoraja ainda os países a participarem em algumas
actividades dos tópicos de acção genéricos para a investigação em ambiente e outros
sectores relacionados. Em 2009 os tópicos são: adaptação dos serviços de água e saneamento
às alterações climáticas, tecnologia de protecção costeira inovadora, vulnerabilidade de
edifícios a tremores de terra e sistemas de observação e modelação ambiental e da saúde.
Para facilitar a criação de parcerias internacionais existe um serviço especializado, que facilita
a comunicação com possíveis interessados. O site é http://cordis.europa.eu/fp7/partners_
en.html. É aqui que os interessados deverão colocar as suas áreas de interesse. Também
é possível fazer uma pesquisa activa de parceiros. Caso os interessados tenham ligações a
universidades europeias, podem procurar fazer projectos em conjunto. As candidaturas são
sempre preenchidas pelos parceiros e são coordenadas por um parceiro europeu.
De forma a simplificar e reduzir o peso associado à avaliação das candidaturas, o 7ºPQI&D
introduziu na grande maioria dos concursos duas fases de apresentação e avaliação de
candidaturas, em que só aquelas que passarem à segunda fase seguirão para uma fase mais
detalhada de avaliação.
Os concursos podem ser consultados em http://cordis.europa.eu/fp7/dc
Para os diferentes tipos de projectos, os requisitos para candidatura são os seguintes:
Projectos em colaboração
Quatro entidades legalmente independentes, duas delas de diferentes Estados-membros
e as restantes duas de dois países diferentes da lista de países elegíveis para acções de
cooperação internacional.
Exemplos de entidades elegíveis são os institutos de investigação, universidades, indústria e
até representantes dos consumidores finais.
Para projectos de pequena e média escala a contribuição da UE não pode ultrapassar os 3,5
milhões de Euros enquanto que, para projectos de larga escala, a contribuição varia entre
os 4 e os 7 milhões de Euros.
Projectos de coordenação e suporte
Estes projectos devem ter uma comparticipação limitada da UE quer a nível financeiro quer
a nível do âmbito de intervenção.
• Projectos de coordenação – três entidades de diferentes Estados-membros ou países
associados;
• Projectos de suporte – uma entidade legalmente independente.
Projectos de acção genéricos
Para estes programas o esquema de financiamento corresponde às acções de coordenação e
suporte com o objectivo de coordenar acções de investigação.
Requisitos: três entidades de diferentes Estados-membros ou países associados e três
entidades de diferentes países elegíveis para cooperação internacional.
Projectos de colaboração de pequena ou média escala têm uma comparticipação máxima de
3 milhões de Euros por parte da CE. Os projectos de colaboração de larga escala deverão ter
uma participação de 3 a 6 milhões de Euros.
Podem existir condições particulares para cada tópico e para as acções de cooperação
internacional, pelo que se deve consultar sempre o regulamento para verificar as condições
de admissibilidade.
As candidaturas, bem como os tópicos de projectos apoiados, são publicadas regularmente
no site http://cordis.europa.eu/fp7/kbbe.
Na componente energia, também existem possibilidades de apoio por parte do 7º programa
quadro de apoio.
Além do programa cooperação, o programa capacidades também se ocupa da cooperação
internacional, estando desenhado para apoiar e estimular a participação de países terceiros
no 7º programa quadro de apoio.
Entre as actividades desenvolvidas estão:
• Identificação de prioridades em Ciência e Tecnologia para serem utilizadas nas
componentes temáticas do programa cooperação;
• Apoio e reforço da participação de países terceiros no 7ºPQI&D;
• Reforço da cooperação bilateral em Ciência e Tecnologia com países alvo;
• Coordenação dos programas nacionais de Ciência e Tecnologia dos países-membros
com países terceiros.
92 93
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
8. Banco Mundial
8.1 Objectivos, prioridades e linhas de intervenção
O Banco Mundial (BM) apoia os países em desenvolvimento na protecção do ambiente
essencialmente através de aconselhamento, assistência técnica e formação. A estratégia do
BM relativa ao ambiente consiste na integração de três objectivos: (i) melhoria da qualidade
de vida da população; (ii) aumento das perspectivas e da qualidade do crescimento; (iii)
protecção da qualidade dos componentes dos sistemas da Terra à escala global e regional.
Com efeito, o BM estima que doenças relacionadas com a água, poluição do ar doméstico,
poluição do ar urbano e exposição a produtos químicos tóxicos são responsáveis pela morte
de 6 milhões de pessoas anualmente. Considera ainda que, em muitos países, os custos da
degradação ambiental - solos esgotados, água insuficiente, desflorestação rápida, colapso
das pescas - constituem 4% a 8% do PIB anual, para além de serem responsáveis pelo
aumento da vulnerabilidade a desastres naturais.
A estratégia do BM direcciona-se para as ligações entre ambiente, pobreza e desenvolvimento.
As prioridades desta estratégia estão alinhadas com os compromissos assumidos pela
comunidade global na Cimeira do Milénio em 2000, Cimeira de Joanesburgo sobre
desenvolvimento sustentável em 2002 e Avaliação de Ecossistemas do Milénio em 2005.
objectivos acções
A nível da melhoria da qualidade de vida, o BM propõe-se actuar no sentido do reforço dos meios de subsistência, da prevenção e redução dos riscos ambientais para a saúde e da redução da vulnerabilidade a catástrofes naturais
• Constituir a base analítica e reforçar a capacidade institucional para melhorar a gestão dos recursos naturais;
• Apoiar o esclarecimento e o estabelecimento de direitos de propriedade;• Reforçar ou reformar os sistemas de incentivos que influenciam a forma como os recursos
naturais são utilizados; • Apoiar as comunidades na gestão sustentável dos recursos naturais tais como a terra, a
água, e as florestas; • Reduzir a exposição da população à poluição atmosférica doméstica (através da
facilitação do acesso a combustíveis ou energias mais limpos) e urbana (eliminação de gasolina com chumbo e introdução de combustíveis mais limpos);
• Aumentar a cobertura dos serviços de água potável e saneamento; • Com o intuito de reduzir a vulnerabilidade aos desastres naturais:
— Apoiar a gestão de recursos naturais nas zonas altas; — Estabilizar as encostas e as zonas costeiras;— Implementar mecanismos de cobrança por serviços ambientais; — Proceder a previsões ou análises dos impactes dos desastres naturais e divulgar às
populações os riscos que enfrentam; — Melhorar os serviços de previsão do tempo e divulgação de informação meteorológica.
Aumento das perspectivas e qualidade do crescimento, para a gestão sustentável do ambiente e Desenvolvimento do sector privado de modo a que se torne motor do desenvolvimento sustentável
• Reforço dos quadros político, jurídico e institucional; • Promoção da transparência, coordenação e cooperação inter-institucional;• Promoção da discussão entre o sector público, o sector privado e a sociedade civil sobre
temas ambientais sensíveis e metas para a gestão ambiental adequada;• Apoio às instituições ambientais locais; • Facilitação do acesso do público à informação e participação na tomada de decisão em
matéria de ambiente; • Reforço dos sistemas e procedimentos de avaliações ambientais; • Optimização dos benefícios ambientais das reformas sectoriais e macroeconómicas;• Apoiar a introdução de regulamentos ambientais que permitam aos mecanismos
flexíveis de mercado atingir objectivos ambientais; • Apoiar a criação de mercados para bens e serviços ambientais; • Promover parcerias público-privado.
Protecção da qualidade dos componentes dos sistemas da Terra à escala global e regional, dado existir o potencial para conflitos relativos a recursos escassos como água e terra fértil e os piores impactes das alterações climáticas ocorrerem nos países em desenvolvimento46
• Maximizar as interacções positivas entre a redução da pobreza e a protecção ambiental, focando de início nos benefícios ambientais locais e aproveitá-los no que coincide com os benefícios regionais e globais;
• Facilitar a transferência de fundos para que os países em desenvolvimento possam gerar benefícios ambientais globais que não sejam coincidentes com benefícios nacionais;
• Abordar a vulnerabilidade e as necessidades de adaptação dos países; • Estimular os mercados de bens ambientais públicos globais.
46
As prioridades e linhas de intervenção do BM na área do ambiente são:
prioridades LinHas de intervenção
Biodiversidade
• Ligação entre biodiversidade e pobreza • Serviços ambientais• Conservação participativa• Ecossistemas de montanha• Biosegurança
Alterações climáticas
• Apoio aos países em desenvolvimento para que estes reduzam as emissões de carbono, explorando as energias renováveis, apoiando a conservação de energia e aumentando a eficiência
• Promoção de novas tecnologias• Prevenção da desflorestação• Adaptação aos riscos climáticos
Gestão marinha e costeira
• Gestão costeira integrada• Pescas e aquacultura• Áreas protegidas marinhas• Biodiversidade• Recifes de coral• Gestão de recursos hídricos
Florestas
• Ao nível da gestão florestal, as principais linhas de intervenção são:— Potenciar o papel das florestas como meio para a redução da pobreza;— Integração das florestas nos processos de desenvolvimento sustentável;— Protecção das florestas como bens públicos globais;— Implementação de legislação florestal e sistemas de boa governação;— Políticas de salvaguarda.
Gestão sustentável dos solos
A elevada dependência da população dos países em desenvolvimento relativamente aos rendimentos que obtêm da utilização dos solos, faz com que a degradação dos mesmos tenha um impacte crítico no fenómeno da pobreza
• Desenvolvimento de gestão sustentável dos solos através da melhoria dos sistemas de propriedade e da gestão comunitária de recursos naturais;
• Melhoria do conhecimento dos impactes de risco e vulnerabilidade das alterações climáticas sobre os recursos naturais comunitários e promoção dos mecanismos apropriados de adaptação;
• Promoção das abordagens integradas da gestão de recursos hídricos e solos para a redução da pobreza e segurança alimentar;
• Criação e promoção de ambiente favorável ao reforço das capacidades nacionais, regionais e globais para a implementação da CNUCD.
46 Isto apesar de 75% do gás de efeito de estufa ter sido emitido pelos países industrializados e de ainda hoje as emissões per capita serem cinco vezes mais baixas nos países em desenvolvimento do que nos países industrializados.
objectivos acções
94 95
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
O BM apoia ainda a realização de Análises Ambientais Nacionais e Avaliações Estratégicas
Ambientais, com o objectivo de auxiliar os países a avaliar sistematicamente as suas prioridades
ambientais, as implicações para o ambiente das suas políticas e as suas capacidades para
direccionar a sua acção para as prioridades de desenvolvimento e as preocupações ambientais
relacionadas.
Para além disso, o BM tem vindo a integrar as actividades de gestão ambiental e recursos
naturais nos projectos sectoriais de agricultura, água e saneamento, urbanismo, entre outros.
Os recursos financeiros do Banco Mundial tomam a forma de empréstimos ou de créditos,
isto para além de serviços de aconselhamento, assistência técnica e reforço de capacidades.
Os empréstimos são negociados entre o Banco e o tomador do empréstimo com base
no objectivo de desenvolvimento, componentes, resultados esperados, desempenho e
plano de implementação do programa. Os empréstimos enquadram-se num conjunto de
procedimentos acordados pelo Conselho de Direcção do Banco que é constituído por países
doadores e tomadores de empréstimo.
A IDA, Associação de Desenvolvimento Internacional, é o órgão do Banco Mundial focado nos
78 países mais pobres, onde se situam todos os PALOP e Timor Leste. O IDA visa promover a
redução da pobreza concedendo empréstimos sem juros - os créditos -, para programas que
promovem o crescimento económico, reduzem as desigualdades e melhoram as condições
de vida das populações. O Banco Mundial desenvolve estratégias de país, através das quais
define – em negociação com as autoridades do país – as áreas prioritárias para intervir. Terá
pois que haver uma articulação das autoridades de ambiente, com os restantes ministérios
(economia, finanças, planeamento) que negoceiam com o Banco Mundial.
Para além disso, o Banco Mundial promove os programas descritos abaixo. A estes pode
aceder-se mais directamente e deve-se, para isso, contactar a delegação do Banco Mundial
no país.
8.2. Programas Promovidos pelo Banco Mundial
8.2.1. Fundo do Protocolo de Montreal
O objectivo do BM é apoiar os países na protecção da camada de ozono, através do
planeamento estratégico, formulação de políticas e apoio técnico na identificação,
preparação e implementação de projectos.
O BM desenvolveu várias estratégias de apoio aos países para que estes cumpram as suas
obrigações ao abrigo do Protocolo de Montreal, de que se destacam:
• Planos Nacionais de Eliminação de CFC (clorofluorcarbonetos);
• Instrumentos de Mercado – incentivos à inovação;
• Substituição de CFC por outros gases de refrigeração;
• Esquemas de financiamento mistos para a eliminação de CFC;
• Abordagem Sectorial.
O BM desenvolveu com alguns países um «acordo-chapéu» para subvenções (Umbrella Grant
Agreements) como forma de tornar mais céleres as formalidades técnicas e administrativas
de processamento de projectos. Estes «acordos-chapéu» são realizados entre intermediários
financeiros locais (ou a Unidade de Ozono dos países beneficiários) e o BM e têm a duração
mínima de 2 a 3 anos. Os acordos podem ser prolongados e podem cobrir todo o período
em que os países estão em processo de deixar de utilizar CFC (phase-out) desde que as
modalidades de implementação não sejam significativamente alteradas.
As ideias de projecto podem ser geradas por governos, agências de implementação do Fundo
Multilateral para a Implementação do Protocolo de Montreal, ONG, ou pelo sector privado.
O governo do território no qual o projecto será implementado terá que dar expressamente
o seu aval às actividades antes de o Banco as apresentar para aprovação do Comité Executivo
do Fundo Multilateral.
Existe a possibilidade dos países receberem um avanço monetário para a preparação da
proposta (Project Preparation Advance). São os quadros do Banco que determinam a
pertinência da necessidade e a elegibilidade do país para receber o avanço. Este montante
é retirado do fundo especial do ozono (Ozone Trust Fund - OTF).
O documento de projecto é preparado segundo os requisitos do Comité Executivo do
Fundo Multilateral e está disponível em:
http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/TOPICS/ENVIRONMENT/EXTTMP/0,,contentM
DK:20504428~pagePK:148956~piPK:216618~theSitePK:408230,00.html
As modalidades de apoio financeiro são:
1. Toda a assistência técnica e actividades de pré-investimento são fornecidas sob a forma
de subvenções ou, em determinadas circunstâncias, apoio em espécie;
2. A pedido dos países do Artigo 5 º, n º 1 (países em desenvolvimento, nos quais
o consumo não seja elevado) pode ser prestado apoio em espécie, através da
disponibilização de peritos, tecnologia, documentação técnica e formação;
3. Assistência a projectos de investimento que é em geral fornecida sob a forma de
subvenções. No entanto, quando o projecto de investimento tem um retorno de curto prazo
(isto é, 1-2 anos), o financiamento pode assumir a forma de empréstimos com condições
muito especiais (highly concessional loan). Se uma agência de implementação acredita que
um empréstimo é adequado para um determinado projecto, deve recomendar esta acção
na próxima reunião do Comité Executivo. O Comité Executivo tomará a decisão final sobre
a forma do apoio.
As condições de elegibilidade são:
1. A assistência técnica e financeira é apenas concedida a Partes do Artigo 5 º, n º 1 do
Protocolo e que cumpram os requisitos do Protocolo. Este apoio destina-se apenas a facilitar
o cumprimento das medidas de controlo estabelecidos nos Artigos 2A e 2B do Protocolo
(Decisão II/8, n º 1) e a financiar os custos suplementares decorrentes do cumprimento destes
requisitos;
2. Todos os projectos têm que ser aprovados pelo governo do país requerente;
3. O apoio financeiro a projectos de investimento é disponibilizado para as categorias de
custos incrementais acordados, identificados na Decisão II/8 e Apêndice I do Anexo 4 do
96 97
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Relatório da CoP/MoP 2. O apoio para as outras categorias de custos incrementais, associados
com projectos de investimento, requer a aprovação do Comité Executivo;
4. Outros projectos, que não sejam projectos de investimento, podem receber apoios (por
exemplo, assistência técnica e funções de clearing house – divulgação de informação através
de portais da internet);
5. De modo geral o apoio técnico e financeiro está disponível para projectos de excelente
relação custo-benefício, baseados em tecnologias alternativas ambientalmente adequadas
ou substitutos para as substâncias controladas pelo Protocolo, tendo em conta a estratégia
industrial nacional da Parte beneficiária (parágrafo 1 (a) da lista indicativa de categorias de
custos incrementais).
As propostas – documentos de projecto – devem ter em conta que o BM dá prioridade a
projectos:
1. Que tenham potencial para a melhor relação custo-eficácia e eficiência na redução das
emissões de substâncias controladas,
2. Que envolvam amplo equilíbrio geográfico;
3. Que sejam facilmente replicáveis e susceptíveis de envolver transferência de tecnologia
para outras Partes que operam nos termos do Artigo 5 º, n º 1 do Protocolo de Montreal;
4. Que tenham potencial de redução de substâncias controladas no mais curto espaço de
tempo, à escala global.
8.2.2.Fundo para gestão de Poluentes Orgânicos Persistentes (POP)
O BM promove conhecimentos sobre a temática dos POP, procurando integrar estas
preocupações nos seus programas regionais, abrangendo temas como a agricultura, saúde,
água e saneamento, transportes, indústria, energia, indústria mineira e resíduos.
A resposta do BM centra-se, entre outras, nas seguintes soluções:
• Substituição de Pesticidas POP por produtos não químicos e métodos menos tóxicos
na agricultura;
• Acabar com os stocks armazenados de pesticidas POP e pôr fim à utilização rotineira
destas substâncias;
• Substituir o DDT por medidas mais eficientes e menos prejudiciais no combate à
malária e outras doenças;
• Identificar alternativas para o armazenamento de lixos;
• Apoiar iniciativas relevantes nos sectores industriais;
• Sensibilizar a opinião pública sobre o impacte dos POP na saúde e nos ecossistemas;
• Contribuir para o aumento do conhecimento sobre POP através de casos de estudo que
revejam os aspectos sociais e ambientais de sectores que produzam estas substâncias.
Uma das principais iniciativas do BM no que diz respeito aos POP é o Programa Africano
relativo a Material Armazenado.
Virtualmente todos os países de África têm pesticidas obsoletos e resíduos associados
acumulados ao longo de décadas. Muitos destes produtos químicos e os seus recipientes
estão em mau estado, ameaçando o ambiente local e regional e a saúde humana através da
contaminação do solo, água, ar, e de alimentos.
O programa visa coordenar esforços para que, numa abordagem transnacional, sejam
limpos e depostos de forma segura 50 mil toneladas de resíduos de pesticidas obsoletos
armazenados em toda a África. Após o planeamento de cinco anos, o Programa foi aprovado
pelo BM, juntamente com o GEF e a FAO com os seguintes objectivos:
• Limpar pesticidas e resíduos contaminados armazenados em África de uma forma
ambientalmente adequada;
• Impulsionar o desenvolvimento de medidas para prevenir futuras ameaças tóxicas;
• Proporcionar a capacitação e o fortalecimento institucional sobre questões
relacionadas com as substâncias químicas.
O período de duração do projecto é de 10 a 15 anos, com um orçamento total previsto de
250 milhões de USD. A Fase 1 do Programa teve um financiamento de 25 milhões USD, e
foi obtido co-financiamento de outros doadores bilaterais, do sector privado e de outros
doadores, num montante de mais cerca de 50 milhões de USD. O requisito para concorrer é a
de que os países tenham ratificado (ou estejam prestes a ratificar) a Convenção de Estocolmo
(POP). A fase 1 decorreu na Etiópia, Mali, Marrocos, Nigéria, África do Sul, Tanzânia e Tunísia.
Está em curso a preparação do projecto em mais oito países.
Os países interessados devem solicitar informações junto da delegação nacional do BM.
8.2.3. Financiamento de Carbono (Carbon Finance - CFU)
O BM utiliza as contribuições em dinheiro dos governos e empresas dos países da OCDE para
comprar RCE e RVE, ligadas a projectos MDL ou de Implementação Conjunta, em países em
desenvolvimento ou economias em transição. Esta unidade do Banco Mundial conta com
mais de mil milhões de USD para a compra de RCE e RVE.
Os Fundos de Carbono ligados à unidade Financiamento de Carbono do BM são: Prototype
Carbon Fund; The Netherlands CDM Facility; Community Development Carbon Fund;
BioCarbon Fund; Italian Carbon Fund; The Netherlands European Carbon Facility; Danish
Carbon Fund; Spanish Carbon Fund; Umbrella Carbon Facility; Forest Carbon Partnership
Facility; Carbon Partnership Facility, Carbon Fund for Europe. Cada um destes fundos tem
objectivos específicos. Podem, nomeadamente, prestar apoio a certos tipos de projectos,
dedicados à biodiversidade, florestas, entre outros. Para mais informações consultar a
página: http://carbonfinance.org/Router.cfm?Page=Funds&ItemID=24670
A unidade Carbon Finance do BM pode prestar apoio à elaboração de projectos e pode mesmo
co-financiar a sua preparação. Os países podem optar pela venda de RVE (processo mais rápido,
mas de valor inferior) ou aguardar e vender RCE, uma vez aprovados pela CQNUAC.
As ideias de projecto devem ser submetidas à CFU num formulário próprio – Project Idea Note
(PIN)47 – sendo esta a forma para o primeiro contacto entre a unidade e os proponentes. O
formulário não deve ter mais de seis páginas e conter a informação de base sobre o projecto.
De modo a comprovar a viabilidade financeira do projecto, aquando do envio do PIN deve ser
igualmente enviada uma análise financeira. O proponente pode utilizar –não é obrigatório,
47 Os formulários podem ser encontrados em http://carbonfinance.org/Router.cfm?Page=SubmitProj&ItemID=24683.
98 99
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
mas recomenda-se fortemente a sua utilização – o formulário fornecido pela unidade48.
No caso de o proponente estar a candidatar-se ao Fundo de Carbono de Desenvolvimento
Comunitário – um fundo especial de parceria público-privado para financiar projectos
nas zonas mais pobres do mundo –, deve também preencher o questionário de benefícios
comunitários (Community Benefits Questionnaire)49.
Os formulários devem ser enviados para [email protected]. Estes documentos são
enviados como uma primeira apresentação e troca de ideias e nesta altura não existem
quaisquer vínculos entre o proponente e a unidade. O restante processo é longo e passa
por cartas de aceitação, estabelecimento de memorandos de entendimento com o governo
anfitrião do projecto e estudos e documentos de projecto mais aprofundados.
8.3. Outras Parcerias e Iniciativas do Banco Mundial
Existem diversas iniciativas e parcerias estabelecidas entre o BM e diversas entidades. Para
participar nestas incitativas, os países devem consultar a delegação nacional do Banco Mundial.
Referem-se em seguida as principais iniciativas divididas por áreas de acção do Banco.
Biodiversidade e Florestas
O Programa sobre Florestas (PROFOR)50 é uma parceria de vários doadores para a gestão
sustentável das florestas que apoia os processos participativos para a gestão florestal
conduzidos a nível nacional, como os programas florestais nacionais, através da transmissão
de conhecimentos em áreas temáticas estratégicas e capacitação para aplicar esses
conhecimentos. O PROFOR é um programa independente, gerido por um corpo directivo
constituído por doadores internacionais, agências das Nações Unidas, organizações parceiras
e representantes de Estados.
Na Aliança Banco Mundial/ WWF para a Conservação e Uso Sustentável das Florestas, o
Banco Mundial e a WWF trabalham com governos, sector privado e sociedade civil para
reduzir a perda e a degradação das áreas florestais a nível global. Esta aliança promove a
conservação das florestas e a adopção de boas práticas na gestão florestal.
O Fundo da Parceria Conservation International/ Banco Mundial para os Ecossistemas Críticos
(CEPF) tem como investidores a Conservation International, o GEF, a MacArthur Foundation e
o BM. O CEPF pretende contribuir para a conservação da natureza global, para que a riqueza
da biodiversidade, as comunidades que nela habitam e os serviços que ela fornece possam
ser sustentáveis. O objectivo deste Fundo é servir como catalisador para a criação de alianças
estratégicas entre diferentes grupos, combinando as capacidades de cada um e eliminando
a duplicação de esforços para uma abordagem compreensiva e coordenada aos desafios da
conservação. Os investimentos do CEPF apoiam projectos como a gestão de áreas protegidas
e protecção de corredores de biodiversidade, formação, planeamento transfronteiriço,
encorajamento do diálogo com indústrias extractivas, resolução de conflitos, definição de
prioridades e criação de consensos, fortalecimento de organizações locais e promoção de
48 http://carbonfinance.org/Router.cfm?Page=DocLib&CatalogID=7026.49 http://carbonfinance.org/Router.cfm?Page=SubmitProj&ItemID=24683. 50 http://www.profor.info/.
parcerias com o sector privado para as áreas protegidas.
Sector Água
Parceria Global da Água (Global Water Partnership – GWP)
A Parceria Global da Água é, como o nome indica, uma parceria entre entidades envolvidas
na gestão da água, como sejam agências governamentais, instituições públicas, companhias
privadas, organizações profissionais e agências multilaterais.
Actualmente, esta parceria identifica necessidades a nível global, regional e nacional,
apoia a formulação de programas que satisfaçam essas necessidades e funciona como
um mecanismo para a construção de alianças e intercâmbio de informações sobre gestão
integrada de recursos hídricos.
Comissão Mundial sobre Barragens
O mandato desta comissão consiste em:
• Rever a eficiência das grandes barragens para o desenvolvimento e avaliar alternativas;
• Desenvolver um contexto que possibilite a análise comparativa de opções relativas
à gestão de recursos hídricos, serviços energéticos e processos de desenvolvimento;
• Desenvolver critérios e orientações aceites internacionalmente para o planeamento,
construção, funcionamento e monitorização de barragens.
A Iniciativa Internacional para os Recifes de Coral (International Coral Reef Initiative)
representa uma parceria entre nações e organizações que procuram implementar o Artigo
17.º da Agenda 21: Protecção dos oceanos, de todos os tipos de mares - inclusive mares
fechados - e das zonas costeiras e protecção, utilização racional e desenvolvimento dos seus
recursos vivos. O Secretariado da parceria é actualmente assegurado pelos governos do
México e dos EUA. Esta iniciativa não disponibiliza fundos, mas pode apoiar os países com
recifes de coral a fortalecer a sua protecção.
Outras Parcerias Globais para o Ambiente a que o BM está associado, incluem:
• World Bank Partnership on Combating Desertification – esta parceria apoia o
Secretariado da CNUCD, o Global Mechanism, e outras agências envolvidas no
combate à desertificação nos países em que operam.
• Clean Air Initiative – trata-se de uma parceria formada para desenvolver estratégias
inovadoras para melhorar o ar nas cidades. O objectivo é a partilha de conhecimentos
e experiências e a facilitação de assistência técnica para o planeamento de acções de
melhoria da qualidade do ar.
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9. Banco Africano de Desenvolvimento
9.1 Objectivos, prioridades e linhas de intervenção
O Banco Africano de Desenvolvimento (BAfD) financia projectos através de empréstimos, com condições especiais. No caso de países com maiores carências financeiras, como alguns dos PALOP, o banco pode disponibilizar financiamento como donativo. A cada 3 anos o BAfD é financiado pelos países industrializados membros. A partir daqui, inicia-se a fase de identificação do projecto. Nesta fase o BAfD trabalha com cada país para definir estratégia de desenvolvimento a médio-longo prazo e um programa operacional, no documento de estratégia de país (CSP). O CSP está alinhado com o próprio plano de desenvolvimento e metas de redução da pobreza do país. Nesta fase é muito importante que as autoridades de ambiente procurem junto dos ministérios directamente envolvidos na negociação com o BAfD que o ambiente seja considerado no CSP. Quando o BAfD tem interesse em financiar um programa ou projecto específico inicia-se a preparação do projecto. Para além de uma recolha de informação no banco e em fontes externas, uma equipa multi-disciplinar do BAfD visita o país. Os peritos do BAfD analisam o projecto e a sua adequação ao CSP, obtêm a documentação existente, tal como estudos de viabilidade do projecto, e procedem à verificação cruzada de informações com as autoridades do país.Segue-se a fase de avaliação em que o BAfD examina a viabilidade do projecto. A missão de avaliação - em consulta com o governo e outras partes interessadas - analisa o projecto do ponto de vista técnico, financeiro, económico, institucional, ambiental, de marketing e de aspectos de gestão, bem como o seu potencial impacto social. Uma vez preparado o documento de projecto, a proposta é submetida ao Conselho de Administração do BAfD.
Os objectivos gerais da política ambiental do BAfD são:• Melhoria da qualidade de vida da população de África, através da promoção e
apoio ao desenvolvimento sustentável;• Preservação e reforço do capital ecológico e sistemas de suporte à vida em todo o
continente africano.
Os objectivos específicos são:• Reforço das capacidades de suporte à vida dos países membros pela introdução de
novas tecnologias, técnicas adequadas de gestão dos recursos naturais e redução das ameaças aos ecossistemas;
• Melhoria substancial do acesso da população pobre aos recursos ambientais; • Reformas institucionais nos países membros que permitam enveredar pelo
desenvolvimento sustentável; e • Reforço das parcerias com agências internacionais e do trabalho conjunto (em rede)
com organizações internacionais, regionais, e sub-regionais de modo a promover a troca de informação, a partilha de boas práticas e intervenções coordenadas no domínio do desenvolvimento sustentável.
Para além disso, o BAfD preconiza actividades de formação em matéria de gestão ambiental em todos os projectos que financia, nomeadamente nos que possam ter efeitos nefastos no ambiente.A política do BAfD em relação ao ambiente rege-se pelos seguintes princípios:
• Uma economia forte e diversificada deve ser encarada como um meio para reforçar a capacidade de protecção ambiental; no entanto, todos os processos de decisão relativos ao desenvolvimento devem integrar considerações económicas, sociais e ambientais;
• A falta de recursos financeiros não deve constituir um impedimento para a gestão e protecção comunitária de recursos naturais;
• Instrumentos de gestão ambiental devem ser utilizados sistematicamente, de modo a garantir que as actividades económicas são ambientalmente sustentáveis;
• Devem ser envolvidas as comunidades locais, especialmente as mulheres, nas decisões sobre recursos naturais que afectam os mais desfavorecidos. Os valores tradicionais devem ser reconhecidos e preservados;
• Deve ser encorajada a transparência, o rigor das estruturas e instituições que estão relacionadas com as necessidades das comunidades em geral, e das camadas mais desfavorecidas e mulheres em particular;
• Deve existir uma coordenação alargada entre as várias intervenções ambientais das
diferentes organizações e doadores.
Deste modo, as principais áreas de intervenção são:
área de intervenção tipo de acções
Degradação dos solos e desertificação
Desenvolvimento integrado de ecossistemas; gestão de recursos hídricos; conservação dos solos; reversão do processo de degradação dos solos; envolvimento das comunidades na elaboração de políticas, programas e estratégias nacionais; apoio a novas práticas de utilização e gestão de terras; agro-florestação e reflorestação com base comunitária; desenvolvimento de novas fontes energéticas que reduzem a dependência do uso da lenha e carvão.
Protecção de zonas costeiras
Apoio ao cumprimento dos compromissos e legislação regional e internacional relacionados com o mar;
Reforço de mecanismos de implementação da legislação e de prevenção da pesca ilegal, da sobre-pesca e da prática de pesca destrutiva como a utilização de dinamite;
Apoio ao desenvolvimento e implementação de estratégias para a capacitação institucional e sensibilização, educação e formação contínua, utilizando a experiência local e conhecimentos indígenas.
Protecção dos bens públicos globais
Protecção e gestão de parques e reservas naturais, mangais, recifes e lagoas e a sua valorização; programas orientados para o bem-estar das pessoas através do desenvolvimento de sistemas de gestão e pacotes tecnológicos e incentivos para a expansão da cobertura florestal e sua integração nos sistemas de produção agrícola;
Promoção do papel do sector privado no financiamento de iniciativas de combate às alterações climáticas e, em particular, a comercialização de créditos de carbono.
Melhoria da saúde pública
Gestão de resíduos, controlo do acesso a aterros, protecção das fontes de água potável; controlo dos riscos causados pelos químicos agrícolas e agentes químicos resultantes da indústria e resíduos;
Apoio à implementação de medidas de mitigação para reduzir impactes sociais das alterações demográficas e conversões de terra, tais como desenvolvimentos na agricultura, estradas e transportes e desenvolvimento industrial.
Reforço das capacidades para a gestão de desastres naturais
Estabelecimento de sistemas de alerta prévio, bem como de planos de contingência e mecanismos de preparação e resposta de modo a reduzir a vulnerabilidade dos povos e das economias da região às catástrofes naturais e eventos climáticos severos. Desenvolvimento e implementação de planos para a restauração de recursos ecológicos.
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área de intervenção tipo de acções
Promoção da sustentabilidade de indústria, minas e recursos energéticos
Apoio a medidas de controlo ambiental e boas práticas ambientais que reduzam o risco de efeitos adversos da indústria, minas e utilização de recursos energéticos.
Promoção da utilização de tecnologias energeticamente eficientes e de baixa emissão de resíduos;
Apoio a projectos de reabilitação de instalações industriais envelhecidas, bem como a projectos relacionados com a deposição segura de resíduos industriais perigosos;
Apoio na implementação da Convenção de Bamako relativa à Interdição da Importação de Resíduos Perigosos e ao Controlo da Movimentação Transfronteiriça desses resíduos em África;
Promoção do uso de fontes renováveis como a energia eólica, solar, ou geotérmica e processos de co-geração51.
Melhoria da gestão ambiental urbana
Apoio a medidas que evitem o reassentamento involuntário da população;
Redução das emissões atmosféricas geradas pelas actividades industriais;
Desenvolvimento de sistemas sustentáveis de transporte (mobilidade sustentável);
Integração da reciclagem nas actividades de gestão de resíduos sólidos;
Melhorar o acesso à água potável e ao saneamento;
Promoção do envolvimento do sector privado sempre que possível e apropriado.
Governação ambiental
Promoção da transparência, responsabilização e adopção de uma abordagem participativa à resolução dos problemas;
Promoção da consciencialização dos decisores e do público em geral relativamente ao conteúdo, evolução e implicações dos AMA, bem como a sua participação no estabelecimento de mecanismos intra-regionais para a implementação de programas relacionados com os AMA;
Participação na iniciativa de múltiplos doadores de desenvolvimento de capacidades e contactos a nível regional para o estudo de impacte ambiental em África, que visa que todos os países africanos tenham um sistema funcional de EIA em 2010.
CapacitaçãoFormação formal em gestão ambiental em todos os projectos com potenciais efeitos negativos sobre o ambiente.
Aumento da sensibilização
Incentivo aos Estados a melhorar o acesso generalizado do público à informação ambiental;
Integração de temas ambientais nos curricula escolares de todos os graus de ensino;
Incentivo ao sector privado, tanto grandes como pequenas e médias empresas, a implementar programas de consciencialização ambiental para os seus funcionários e a capacitar-se para o uso de tecnologia limpa e para a maximização da eficiência de energia;
Promoção do turismo ambientalmente responsável;
Criação de redes regionais e sub-regionais de profissionais e especialistas para a sensibilização.
Participação de todas as partes interessadas
Apoio ao envolvimento de todas as partes interessadas nas negociações relativas ao desenvolvimento, que afectam o acesso aos recursos e as condições de vida;
Incentivo à participação da população pobre, dos grupos vulneráveis e das mulheres52 na preparação e implementação de políticas, estratégias e planos nacionais e locais;
Apoio ao estabelecimento de um contexto que permita às organizações da sociedade civil (OSC) funcionar de modo autónomo, eficaz e responsável, no sentido de aumentar a consciencialização ambiental da população e reforçar a participação pública relativamente à concepção e impactes dos projectos financiados pelo BAfD.
51 Por exemplo a produção de água potável pela dessalinização em instalações a gás que produzem também electricidade52 Tem em conta o papel especial das mulheres na conservação da diversidade biológica e no uso sustentável de recursos biológicos
O BAfD procura integrar as preocupações ambientais em todos os seus programas e, para tal, instituiu dois documentos estratégicos:
• SIA – Avaliação estratégica de impacto, que consiste num processo sistemático de avaliação das consequências ambientais de qualquer política, plano ou estratégia do BAfD.
• IESA – Avaliação integrada de impacto ambiental e social, que pretende assegurar que as questões ambientais e sociais são incluídas nos projectos do BAfD ao longo do ciclo do projecto.
9.2 Mecanismos de Financiamento Específicos
9.2.1 Facilidade Africana para a Água (African Water Facility - AWF)
O objectivo deste instrumento de apoio financeiro é atrair e fazer um uso eficiente de
investimentos adicionais necessários para se atingirem as metas regionais e nacionais no
sector da água. Estão definidas duas grandes áreas de apoio:
• Criar um ambiente facilitador da atracção de novos investimentos;
• Investimentos directos de capital com o objectivo de alavancar novos investimentos
para o desenvolvimento sustentável com ênfase na Gestão Integrada de Recursos
Naturais a nível nacional e regional.
A AWF apoia processos de reforço de capacidades nomeadamente nas seguintes áreas:
• Gestão integrada de recursos hídricos;
• Capacitação;
• Reforma política, legal e institucional;
• Criação e disseminação de conhecimento e informação;
• Desenvolvimento e implementação de quadros regulamentares;
• Gestão eficiente de recursos hídricos partilhados;
• Monitorização e avaliação;
• Gestão ambiental;
• Implementação de programas e projectos estratégicos de investimento.
A nível da informação e conhecimento, a AWF procura dar apoio ao estabelecimento e
reforço das capacidades de gestão e informação ao nível nacional e regional em coordenação
com todos os intervenientes. Como resultado, ficam disponíveis informações e conhecimento
credíveis para o planeamento e gestão dos recursos hídricos o que levará ao aumento da
qualidade e sustentabilidade dos investimentos. Entre as actividades apoiadas nesta área de
intervenção incluem-se as seguintes:
• Avaliação da situação do país;
• Estabelecimento de mecanismos para gestão da informação no sector da água;
• Recolha e análise de dados de recursos hídricos e informação relacionada;
• Promoção de boas práticas e tecnologias inovadoras;
• Promoção de parcerias com instituições de educação e investigação e implementação
de programas de educação e sensibilização;
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
• Programas de investigação.
No domínio da Monitorização e Avaliação, a AWF apoia o estabelecimento de sistemas e
capacidades de gestão para a monitorização e avaliação. As actividades incluem:
• Apoiar a proposta de um mecanismo regional para África de monitorização e
avaliação no sector da água e saneamento;
• Desenvolvimento e implementação de indicadores de monitorização;
• Promoção de consensos entre as partes interessadas sobre os indicadores que devem
ser utilizados na monitorização;
• Estabelecimento ou fortalecimento de instituições e sistemas de monitorização;
• Projectos ou programas de avaliação de impacte.
A AWF considera também para financiamento:
• Projectos resultantes de missões de identificação;
• Propostas resultantes da actividade normal do BAfD;
• Concurso aberto – de modo a garantir a transparência e equidade na atribuição de
fundos.
Procedimentos de candidatura
Os projectos devem ter orçamentos entre os 50 mil e os 5 milhões Euros e deve existir
co-financiamento do beneficiário, que pode variar dependendo do contexto existente.
Devem envolver-se todas as partes interessadas, com apoio financeiro ou outras formas de
financiamento como trabalho, entre outros. Quando não existem este tipo de mecanismos,
considera-se necessária uma contribuição mínima de 10% do total do projecto.
A candidatura pode ser apresentada por:
• Governos africanos ao nível central ou local;
• Municípios africanos;
• ONG e Organizações da Sociedade Civil;
• Organizações regionais, sub-regionais ou sectoriais.
Na avaliação das candidaturas são considerados os seguintes aspectos:
• Compromisso político do país no que respeita à prioridade do sector da água,
nomeadamente a sua inclusão como prioridade na estratégia nacional de redução da
pobreza ou qualquer outro documento de desenvolvimento nacional que demonstre
a importância dada a este sector;
• Medidas nacionais relevantes implementadas pelo país receptor;
• O beneficiário deve demonstrar o sentido de posse e compromisso através da
participação activa nas actividades propostas para financiamento;
• O beneficiário deve ser credível e deve assegurar a eficiência e sustentabilidade das
instituições e investimentos através de processos de funcionamento e manutenção
adequados;
• Os impactos sociais e ambientais que asseguram a sustentabilidade devem ser
identificados;
• Indicadores claros com metas objectivas são obrigatórios para todos os projectos e
programas;
• O princípio da contribuição do beneficiário aplica-se a todos os investimentos.
As candidaturas podem ser enviadas directamente por governos, entidades descentralizadas,
organizações regionais e sub-regionais, por e-mail para [email protected]
9.2.2. Fundo para a floresta da Bacia do Congo (Congo Basin Forest Fund - CBFF)
A floresta húmida do Congo é a segunda maior do mundo, com 200 milhões de hectares,
abrange 10 países, entre os quais São Tomé e Príncipe. Contém biodiversidade de importância
mundial e representa um sumidouro de carbono crucial para o planeta. Segundo a FAO a
desflorestação anual é da ordem dos 934 000 hectares ou seja 0,6% por ano. Angola que faz
parte da Bacia do Congo, e estando a província de Cabinda ocupada pela floresta húmida,
poderá igualmente aceder à Comissão para as Florestas da África Central (COMIFAC) e
poderá aceder a este fundo, para além de outras iniciativas daquela Comissão.
O BAfD acaba de aprovar, em Março de 2009, uma subvenção de 47 milhões de USD para
este fundo. O objectivo do Fundo é contribuir para o desenvolvimento e a gestão integrada
dos recursos florestais e áreas protegidas, que representam a diversidade biológica dos
ecossistemas da sub-região Central Africana, para o bem-estar da população e o equilíbrio
ecológico do planeta. O programa responde às preocupações expressas por vários países,
relativamente a questões de preservação, nas suas políticas sectoriais e traduzidas em
programas florestais e ambientais. O fundo responde a quatro das dez áreas de foco do
Plano de Convergência da COMIFAC, a saber, a gestão dos ecossistemas, a conservação da
biodiversidade, o desenvolvimento de actividades geradoras de rendimentos e promoção de
boas práticas na exploração dos recursos naturais, capacitação, participação e informação.
Os beneficiários directos, estimados em cerca de 5,8 milhões de habitantes, são as populações
rurais que vivem na Bacia e que exploram os recursos naturais para a sua subsistência
(agricultores, caçadores, pescadores, artesãos, os povos indígenas, as mulheres e os jovens).
As acções serão concentradas em áreas de paisagem seleccionadas.
Prevê-se que este fundo exista até 2018 e os governos do Reino Unido e da Noruega
comprometeram-se a desembolsar 200 milhões de USD para o fundo. Nesta primeira fase, os
50 milhões são financiados a 85% pelo BAfD.
Sugere-se que São Tomé e Príncipe e Angola contactem com as delegações do BAfD para
obter mais informação e formas de aceder a este fundo.
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10. Banco Asiático
10.1 Objectivos, prioridades e linhas de intervenção
A estratégia de redução da pobreza do Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD) reconhece
que a sustentabilidade ambiental é um pré-requisito para um crescimento direccionado para
os mais pobres e para a redução da pobreza. Dos países membros da CPLP apenas Timor-
Leste é elegível para financiamentos do BAD.
A política de ambiente do BAD aprofunda esta convicção e procura ultrapassar os
seguintes desafios através da definição de áreas de intervenção:
desafios áreas de intervenção
Necessidade de intervenções ambientais para a redução da pobreza
Protecção, conservação e utilização sustentável de recursos naturais;Redução da poluição do ar, águas e solos que têm um impacto directo sobre a saúde e produtividade dos mais pobres;Redução da vulnerabilidade aos riscos naturais e prevenção de desastres.
Necessidade de generalizar as preocupações ambientais no processo de crescimento económico
Integração de questões ambientais nas políticas de desenvolvimento;Planeamento integrado do desenvolvimento económico e ambiental;Reforço dos sistemas regulamentares e de governação para o sector ambiental;Instrumentos de política baseados no mercado;Sensibilização da opinião pública.
Necessidade de manter sistemas de suporte à vida a nível regional e global
Responder aos compromissos assumidos nos Acordos Multilaterais de Ambiente;Apoio à cooperação regional e sub-regional em matéria de ambiente.
Necessidade de trabalhar em parceria com outras entidades e organizações
Alianças estratégicas com agências e programas das Nações Unidas, Banco Mundial, União Europeia, doadores bilaterais, ONG.
Necessidade de aprofundar a integração das questões ambientais nas operações do BAD
Análises ambientais por país no âmbito dos programas estratégicos nacionais;Operações de empréstimos;Consultas públicas e disseminação da informação;Implementação, monitorização e avaliação;Política de aquisições ambientalmente responsável;Atribuição de Fundo Asiático para o Desenvolvimento baseada em critérios de desempenho.
Tal como com outros bancos de desenvolvimento, os apoios do BAD advêm de um ciclo de
projecto. Primeiro elabora-se o documento estratégico de intervenção do BAD no país. De
seguida é preparado o portfolio de projectos por parte do governo do país beneficiário, o que
inclui estudos sociais, económicos e ambientais. Muitas vezes o banco contrata consultores
externos para esta tarefa. Segue-se uma fase de aprovação e um processo de decisão relativo
a empréstimos e subvenções. Para além disso, o BAD tem alguns programas específicos que
são descritos em seguida.
10.2. Mecanismos de Financiamento Especificos
Sempre que é definida a estratégia do país deverão incluir-se os temas dos mecanismos
descritos abaixo, de modo a facilitar a inclusão do país no programa. O acesso a estes
mecanismos é feito através do seu responsável no BAD. Os contactos do responsável estão
disponíveis nas páginas de internet dos respectivos programas.
10.2.1. Programa Pobreza e Ambiente
Este programa de assistência técnica regional tem como objectivo aprofundar a aprendizagem
sobre as ligações entre ambiente e pobreza, bem como sobre abordagens efectivas para a
redução da pobreza.
As áreas principais de intervenção são:
• Protecção, conservação e utilização sustentável de recursos naturais e ecossistemas;
• Redução da poluição do ar e das águas;
• Prevenção de desastres e redução da vulnerabilidade a riscos naturais.
Os tipos de projecto são os seguintes:
tipos de projectos actividades
A. Intervenções piloto – actividades que demonstrem disposições institucionais inovadoras, abordagens participativas, soluções técnicas ou modos de vida sustentáveis com potencialidades de serem replicados, generalizados ou melhorados
Criação de estruturas institucionais que reconheçam a sensibilidade às questões de género na gestão de recursos naturais e agricultura;Gestão comunitária de recursos;Conservação da biodiversidade e oportunidades de criação de rendimento;Gestão e monitorização de emissões e técnicas de produção mais limpas no âmbito de PME locais;Intervenções sobre qualidade do ar, saúde pública e saneamento;Escolhas tecnológicas que melhorem os resultados na agricultura, florestas, pescas e indústria.
B. Estudos analíticos direccionados Estudos centralizados, investigação e actividades direccionadas com o objectivo de remover barreiras específicas ao nível político, institucional, organizacional, técnico e financeiro com vista a melhorar a gestão ambiental ao nível local.
C. Disseminação da informação – actividades centradas na partilha de experiências passadas e melhores práticas para abordar a dimensão ambiental da pobreza
Acções de sensibilização e capacitação, workshops, conferências, publicação de resultados de experiências.
A solicitação de Assistência Técnica pode ser efectuada por qualquer país em desenvolvimento,
que seja membro do BAD. Os projectos devem centrar-se numa ou mais áreas consideradas
prioritárias pela política ambiental do BAD e devem ser complementares a acções em curso
ou em preparação.
Os pedidos de financiamento não devem ultrapassar os 250 mil USD e devem ter objectivos
claros, indicadores de desempenho, mecanismos de monitorização, orçamento realista e
sistemas de controlo de custos para as despesas de gestão.
Recomendações de candidatura
Componente A – Intervenções piloto
As propostas devem conter planos de financiamento consistentes, incluindo a contribuição
de parceiros (pelo menos 25% de cada actividade prevista, podendo a contribuição ser em
géneros) para a continuação de actividades e devem conter actividades cujos benefícios
sejam sustentáveis após o final do apoio do programa de assistência técnica.
Nas propostas deve ter-se o cuidado de mostrar que:
• Os projectos são consistentes com a política do BAD sobre género e desenvolvimento e
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
políticas de salvaguarda social e devem ter como grupo-alvo as mulheres, populações
autóctones ou outros grupos vulneráveis;
• Os projectos são consistentes com as estratégias nacionais de redução da pobreza,
bem como com os programas e estratégias nacionais do BAD para a cooperação
regional;
• Os projectos serão implementados utilizando uma abordagem participativa;
• Os projectos contêm abordagens e mecanismos inovadores;
• Os projectos têm potencial de replicação e multiplicação de efeitos;
• Os projectos devem ter o apoio expresso dos governos no caso de serem implementados
por ONG.
Componente B – Estudos analíticos direccionados
• Devem ter como objectivo realçar a base analítica para o diálogo político através do
aumento da sensibilização e capacitação para as ligações entre ambiente e pobreza;
• Devem direccionar-se para a remoção de barreiras políticas, institucionais,
organizacionais, técnicas e financeiras de modo a melhorar a gestão ambiental a
nível local;
• Devem ter relevância operacional;
• Será dada prioridade a estudos que reconheçam o papel das mulheres na gestão dos
recursos naturais e à preparação relativa a desastres naturais.
Componente C – Actividades de disseminação da informação
• Devem centrar-se nas áreas focais do programa;
• Devem ter relevância operacional;
• Devem ser baseadas em exemplos de melhores práticas;
• Será dada prioridade a actividades que reconheçam o papel das mulheres na gestão
dos recursos naturais, agricultura e preparação relativa a desastres naturais.
Para aceder a este fundo, contactar com os responsáveis indicados em: http://www.adb.org/projects/pep/.
10.2.2. Programa de Financiamento da Água (Water Financing Program)
Tendo como base o Programa Water for All do BAD, este instrumento de apoio financeiro
tem como objectivo aumentar significativamente o número de pessoas com acesso a serviços
de água e saneamento na região da Ásia-Pacífico.
Este programa procura alcançar os seguintes resultados principais até 2010:
• 200 milhões de pessoas com acesso sustentável a água potável e saneamento básico;
• 100 milhões de pessoas com riscos reduzidos de sofrer efeitos de cheias;
• 40 milhões de pessoas com acesso a serviços de irrigação e drenagem mais eficientes;
• 25 bacias fluviais com gestão integrada de recursos hídricos;
• Melhoria da governação da água, através de reformas nacionais no sector das águas
e desenvolvimento de capacidades.
Embora esteja aberto a todos os países membros do BAD, o programa tem maior
incidência sobre a China, Índia, Indonésia, Paquistão, Filipinas e Vietname.
Os tipos de projecto são os seguintes:
áreas de intervenção objectivos
Serviços Rurais de ÁguaMelhorar a saúde e o estilo de vida das comunidades rurais incluindo investimentos no abastecimento de água, saneamento, irrigação e drenagem.
Serviços Urbanos de ÁguaSustentar o crescimento económico nas cidades, incluindo investimentos no abastecimento de água, saneamento, resíduos e gestão ambiental.
Gestão de Cursos de ÁguaPromover a gestão integrada de recursos, incluindo investimentos em infra-estruturas e gestão de instalações hidroeléctricas e de gestão multifuncional de águas, gestão de ecossistemas.
Esta estratégia será implementada através da Parceria para o Financiamento da Água (Water
Financing Partnership Facility). Neste momento estão disponíveis cerca de 60 milhões USD,
através de contribuições dos governos da Austrália, Áustria, Holanda e Noruega. Para aceder
a este fundo consultar http://www.adb.org/Water/WFP/default.asp.
10.2.3. Parceria para o financiamento de energia limpa (Clean Energy Financing Partnership Facility)
Este mecanismo está em fase de arranque tendo por objectivo: (i) melhorar a segurança
energética dos países em desenvolvimento, membros do BAD; (ii) reduzir os impactos das
alterações climáticas através do reforço da utilização de energias limpas.
Este instrumento do BAD representa o conjunto de iniciativas da instituição relacionadas
com as energias limpas e foi constituído para financiar:
• Investimentos de pequena escala relacionados com a eficiência energética;
• Custos de transferência para tecnologias limpas para um pequeno número de
intervenções que tenham grande impacto e dinamizem a adopção de tecnologias
ambientalmente eficientes;
• Assistência técnica em domínios como o conhecimento de base e mecanismos de
incentivo, capacitação institucional, preparação de projectos e estabelecimento e
monitorização de mecanismos de avaliação.
Para aceder a este fundo, ver: http://www.adb.org/Clean-Energy/default.asp
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
10.2.4.Energias Renováveis, Eficiência Energética e Alterações Climáticas (Renewable Energy, Energy Efficiency, and Climate Change - REACH)
A intervenção do BAD inclui capacitação em temas relacionados com alterações climáticas
e com o MDL, reforçando a importância das energias limpas, eficiência energética, captura
de carbono e adaptação.
Em 2001 o BAD em conjunto com várias iniciativas e fundos dos Governos do Canadá,
Dinamarca, Finlândia e Holanda, lançou o programa REACH, como parte integrante da
política energética do BAD, que recomenda a reorientação das actividades sectoriais
energéticas para que estas tenham em conta os impactos ambientais.
Entre os fundos do REACH estão:
fundo descrição
Fundo canadiano de cooperação para as alterações climáticas
Apoio aos países em desenvolvimento, membros do BAD, na gestão dos impactos das alterações climáticas através da redução das emissões de GEE. O apoio consiste em:• Financiamento na preparação de projectos e capacitação para a promoção de energias
renováveis e da eficiência energética ;• Apoio a projectos com potencial de acesso aos mecanismos das convenções, nomeadamente
o GEF e o MDL ;• Apoio a actividades consistentes com a utilização da Ajuda Pública ao Desenvolvimento no
MDL;• Apoio a projectos de sequestro de carbono e adaptação às alterações climáticas;• Financiamento de Assistência Técnica a projectos de aconselhamento político, preparação de
projectos, apoio institucional.As prioridades do programa vão para a redução de emissões na China, a captura de carbono na Indonésia e a adaptação na região do Pacífico.
Fundo da cooperação dinamarquesa para a eficiência energética e energias renováveis em zonas rurais
Este fundo apoia as actividades do BAD no combate à pobreza e melhoria das condições de vida das comunidades sem acesso a redes de energia modernas, e promove a redução das emissões de GEE.Entre as actividades apoiadas estão• Desenvolvimento institucional e capacitação em tecnologias para energias renováveis,
eficiência energética e redução de emissões em zonas rurais;• Desenvolvimento de serviços de apoio como normas e standards, competências
certificadas, informação e manutenção;• Projectos-piloto para a disseminação das energias renováveis;• Sensibilização, desenvolvimento de capacidades e actividades-piloto para minimizar os
efeitos adversos dos fornos, nomeadamente os de carvão e madeira;• Disseminação de boas práticas e novas abordagens;• Capacitação para avaliações e estratégias nacionais regionais relativas à redução de GEE.
Fundo da cooperação holandesa para a promoção das energias renováveis e eficiência energética
Entre as actividades financiadas estão:• Desenvolvimento das capacidades nacionais de políticos, peritos técnicos, quadros de
instituições financeiras para a promoção de energias renováveis, eficiência energética e redução dos GEE;
• Apoio à regulamentação, reformas institucionais, incluindo a remoção das distorções de preços;
• Facilitar o acesso ao financiamento privado.O programa, nas duas fases, já abrangeu 18 países.
Fundo de assistência técnica da cooperação finlandesa
Este fundo foi criado para apoiar os membros do BAD em actividades relacionadas com a protecção ambiental e o desenvolvimento de fontes de energias renováveis.O fundo fornece assistência técnica na preparação de projectos, serviços de aconselhamento e outras actividades consideradas relevantes pelo BAD e pelo governo da Finlândia.
10.2.5. Iniciativa Mercado de Carbono (Carbon Market Initiative)
O principal objectivo desta iniciativa é apoiar os países em desenvolvimento através de
instrumentos de mercado para que estes atinjam os seus objectivos de desenvolvimento
sustentável. A maioria dos fundos de carbono existentes apenas financiam o projecto depois
de o mesmo estar pronto e de os créditos de emissões serem entregues. Este facto dificulta em
larga escala a implementação dos projectos, pelo que a iniciativa do BAD pretende quebrar
esta barreira. Para ultrapassar este obstáculo, a iniciativa divide-se em três componentes:
componentes descrição
Financiamento prévio dos projectos através do Fundo de Carbono Ásia-Pacífico
Este fundo permite assegurar aos países em desenvolvimento co-financiamento prévio para projectos MDL elegíveis, em troca de uma parte das Reduções Certificadas de Emissões (RCE) expectáveis.O Fundo pode financiar o valor equivalente a 25 a 50% das RCE expectáveis.
Apoio técnico no MDL através da Technical Support Facility (TSF)
Esta componente inclui apoio técnico para o desenvolvimento de projectos elegíveis para o MDL, contribuindo para a constituição de uma pipeline de projectos de energias limpas viáveis e com possibilidade de receber fundos através do Fundo de Carbono Ásia-Pacífico.
Apoio de marketing para os créditos de carbono através da Credit Marketing Facility (CMF)
O CMF fornece serviços de apoio na área do marketing para os projectos, no sentido de se conseguirem preços e termos de venda favoráveis dos RCE (os 50 a 75% não comprados pelo Fundo Carbono Ásia-Pacifico) no mercado aberto.
As áreas de projectos consideradas prioritárias são:
• Energias Renováveis;
• Eficiência Energética;
• Sequestro e Utilização de Metano.
Os países membros interessados devem contactar através da página de internet: http://www.
adb.org/clean-energy/cmi.asp.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
anexo
Quadro Resumo dos programas
e iniciativas focadas
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
115
Quadro resumo dos programas e iniciativas mencionadas no Manual
financiador/áreas
prioritárias
mecanismos de apoio
estratégias e poLíticas desenvoLvimento sustentáveL e odm
aLterações cLimáticas biodiversidade combate à desertificação águas internacionais químicos
Fundo Global para o Ambiente (GEF)
Fundo Especial para as Alterações Climáticas (The Special Climate Change Fund)Fundos de Adaptação do GEF (implementado pelo PNUD)Energias renováveisEficiência energéticaTransportes sustentáveisAdaptação a Novas Tecnologias com baixas emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE)
Fundos de apoio à implementação da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) Potenciação da sustentabilidade dos Sistemas de Áreas Protegidas ao nível nacional.Sensibilização da importância da biodiversidade e da sua integração na tomada de decisãoCapacitação para a implementação do Protocolo de Cartagena sobre Segurança BiológicaBoas práticas
Apoio a pequenos, médios ou grandes programas de AgriculturaPastoreioFlorestas
Acções de recuperação e tratamento de cursos de água seriamente ameaçados, nomeadamente com preocupações transnacionaisProjectos de demonstração baseados na aprendizagem Sul-Sul: Actividades em terra que degradam as águas marinhas; poluentes globais; poluentes relacionados com naviosApoio técnico e capacitação regional/global.
Apoio aos objectivos da Convenção Poluentes Orgânicos Persistentes (POP), nomeadamente preparação dos Planos Nacionais de Implementação, o que inclui capacitação e processos participativos
Acordos Multilaterais de Ambiente (AMA)
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)Fundo para os Países Menos Desenvolvidos (The Least Developed Countries Fund)
Mecanismo de apoio da CDBPrograma de Biosegurança do Protocolo de Cartagena
Mecanismo global de combate à desertificação
Convenção sobre o Direito do Mar (Convenção de Montevideu)
Train Sea Coast
Fundo do Protocolo de Montreal sobre as Substâncias que Empobrecem a Camada de OzonoMecanismo de apoio da Convenção sobre o Movimento Transfronteiriço de Resíduos Perigosos e sua Eliminação (Convenção de Basileia)Mecanismo de apoio da Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento(PNUD)
Iniciativa Pobreza e Ambiente (Poverty Environment Initiative)Iniciativa de Apoio aos ODM (MDG Support)Rede do grupo de trabalho de avaliação ambiental estratégica (Strategic Environmental Assessment Task Team Network)Capacidade 2015 (Capacity 2015)Fundo para o cumprimento dos Objectivos do Milénio PNUD-Espanha Auto-avaliações Nacionais de Necessidades de Capacitação
Fundo energia para o desenvolvimento sustentável (Trust Fund Energy for Sustainable Development)Adaptação baseada na comunidade (Community-Based Adaptation)Mecanismo de aprendizagem de adaptação (Adaptation Learning Mechanism)Facilidade do Carbono para os ODM (MDG Carbon Facility)
Programa Global para a Biodiversidade (Biodiversity Global Programme)Partilha de Benefícios e Conhecimentos Tradicionais (Access and Benefit Sharing and Traditional Knowledge)Iniciativa do Equador (Equator Initiative)
Programa de desenvolvimento integrado das zonas áridas (Integrated Drylands Development Programme)Com o Centro de Desenvolvimento das Zonas Áridas (Quénia), acções de segurança alimentar, de melhoria de acesso a mercados e promoção do pagamento por serviços ambientais em zonas sujeitas a seca
Iniciativa água comunitária (Community Water Initiative)Ecosan – apoio à introdução de esquemas de saneamento ecológicoFacilidade para a governação da água (Water Governance Facility)
Implementação de Fundos GEF para a redução e eliminação de descargas de Poluentes Orgânicos PersistentesImplementação de fundos GEF para redução e prevenção de poluição química em rios internacionaisFundo Multilateral para a Implementação do Protocolo de Montreal sobre as substâncias que empobrecem a camada de ozono (Multilateral Fund for the Implementation of the Montreal Protocol)
Programa das Nações Unidas para o Ambiente(PNUA)
Capacitação e acesso à informação em vários domínios do ambiente Desenvolvimento de capacidades para a implementação dos MDLApoio à implementação de legislação ambiental (PADELIA)Parceria Global Pobreza e Ambiente com o PNUD
Iniciativa conjunta com o PNUD para fixar fundos de carbono em países de África
Programa de BiosegurançaImplementação da CBD
Divulgação de informação – guias de implementação, estudos de caso e melhores práticas
Programa Global de Acção para a Protecção do Ambiente Marinho e Actividades Costeiras
Implementação de AMA como Ozono, POP, PIC Fundo do PNUA para arranque rápido (UNEP – Quick-Start Trust Fund)
União Europeia(UE)
Programa Temático para o Ambiente e a Gestão Sustentável dos Recursos Naturais incluindo a Energia (ENRTP)
ENRTPIniciativa Energia (Energy Initiative)7 Programa Quadro I&D
ENRTP7 Programa Quadro I&D
ENRTP7 Programa Quadro I&D
Iniciativa Água (Water Initiative)ENRTP7 Programa Quadro I&D
Banco Mundial(BM)
Financiamento de Carbono (Carbon Finance)
Biodiversidade e Florestas Aliança Banco Mundial / WWF para a Conservação e Uso Sustentável das Florestas Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (Banco Mundial-Conservation International-Fundo Global do Meio Ambiente)
Parceria do Banco Mundial de combate à desertificação (World Bank Partnership on Combating Desertification)
Parceria Global da Água (Global Water Partnership)
Fundo do Protocolo de MontrealFundo para a gestão de Poluentes Orgânicos Persistentes (POP)Fundo Parceria para os Ecossistemas Críticos (CEPF)
Banco Africano de Desenvolvi-mento (BAfD)
Acções de:Governação ambientalCapacitaçãoSensibilizaçãoParticipação pública
Prioridade à:Protecção dos bens públicos globais - promoção do papel do sector privado no financiamento de iniciativas de combate às alterações climáticasReforço das capacidades para a gestão de desastres naturais
Prioridade à:Protecção dos bens públicos globais - gestão de parques e reservas naturais, mangais, recifes e lagoas e a sua valorização
Prioridade à degradação de solos e desertificação
Prioridade à protecção de zonas costeiras
Facilidade africana da água (African Water Facility)
Prioridade à:Melhoria da saúde pública e Promoção da sustentabilidade na indústria
Banco Asiático de Desenvolvi-mento (BAD)
Programa Pobreza e Ambiente
Parceria para o financiamento de energia limpa (Clean Energy Financing Partnership Facility)Energias Renováveis, Eficiência Energética e Alterações Climáticas (Renewable Energy, Energy Efficiency, and Climate Change – REACH)Iniciativa Mercado de Carbono (Carbon Market Initiative)
Programa de Financiamento da Água (Water Financing Program)
117
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
anexo à secção GEF
118 119
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
1. Papel dos diferentes agentes envolvidos nos projectos GEF
Países receptores
Definem os seus pontos focais operacionais e identificam ideias de projectos que se
enquadrem nas prioridades nacionais; aprovam pedidos para projectos e para subsídios
relativos à preparação de propostas; organizam o processo de diálogo nacional.
Conselho
Aprova as políticas e procedimentos do GEF e os planos de trabalho.
Director Executivo
Aprova os apoios Project Development Facility B (PDF-B) e Project Development Facility C
(PDF-C), projectos de média escala e actividades facilitadoras (enabling activities) dentro de
processos rápidos; determina o conteúdo dos programas de trabalho enviados para aprovação
do Conselho; avaliza o envio de projectos para aprovação final; lidera o Secretariado para
que este cumpra o seu papel e as suas funções.
Secretariado
Organiza as reuniões do Conselho, administra e gere as revisões dos processos até aprovação
do Director Executivo, incluindo revisões bilaterais com Agências de Implementação e
Execução; presta aconselhamento em decisões relativas à política de propostas do GEF na
altura da entrada no pipeline, inclusão nos programas de trabalho ou aprovação do Director
Executivo; chefia o Comité de Operações do GEF; mantém um sistema de acompanhamento
de projectos; organiza a Revisão Anual dos Programas; desenvolve o diálogo com países
receptores e facilita parcerias entre agências.
Agências de Implementação
Apoiam os países na identificação de necessidades e ideias para projectos, procuram
activamente expandir as oportunidades das Agências Executoras no âmbito do trabalho do
GEF; gerem a preparação dos projectos; aprovam documentos dos projectos de acordo com
os seus procedimentos internos; reportam a evolução dos processos quadrimestralmente e
supervisionam e reportam a implementação do projecto. As agências de implementação são
o PNUD, o PNUA e o Grupo Banco Mundial;
Agências Executoras
Apoiam os países na identificação de ideias e conceitos para projectos e partilham
responsabilidades com as Agências de Implementação para projectos previamente definidos.
Painel de Aconselhamento Técnico e Científico
Mantém um conjunto de peritos que pode fornecer avaliações especializadas dos aspectos
técnicos e científicos das propostas de projectos; análises selectivas de projectos do ponto de
vista técnico e científico e participação na avaliação dos projectos (através do seu Presidente).
2 – Programas operacionais
O financiamento do GEF, desde Março de 2003, insere-se em programas operacionais (PO).
Existem quinze programas operacionais dos quais onze reflectem as áreas prioritárias de
intervenção. Os projectos de combate à destruição da camada de ozono não estão abrangidos
pelos PO.
O PO 12, Gestão Integrada de Ecossistemas, abrange projectos inter-sectoriais que abordam
a gestão de ecossistemas de modo a optimizar os bens e serviços dos ecossistemas em pelo
menos duas áreas prioritárias de intervenção no contexto do desenvolvimento sustentável.
Biodiversidade
PO 1. Ecossistemas de zonas áridas e semi-áridas;
PO 2. Ecossistemas marinhos, costeiros e de água doce
PO 3. Ecossistemas florestais
PO 4. Ecossistemas de montanha
PO 13. Conservação e utilização sustentável de diversidade biológica com importância para
a agricultura
Alterações Climáticas
PO 5. Remoção de barreiras à eficiência energética e conservação de energia
PO 6. Promoção da adopção de energias renováveis através da remoção de barreiras e
redução dos custos de implementação
PO 7. Redução dos custos a longo prazo de tecnologias de baixa emissão de gases com efeito
de estufa
PO 11. Promoção de transporte ambientalmente sustentável
Águas Internacionais
PO 8. Programa Operacional de Bacias Hidrográficas
PO 9. Programa operacional multi-focal de Terra e Água
PO 10. Programa Operacional relativo a poluentes
Área Multifocal
PO 12. Gestão Integrada de Ecossistemas
Poluentes Orgânicos Persistentes
PO 14. Programa Operacional relativo Poluentes Orgânicos Persistentes
Degradação de Terras
PO 15. Programa Operacional de Gestão Sustentável de Terras
120 121
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
3. Lista de Projectos GEF por país da CPLP
Angola
projectos nacionais aprovados (montantes em miLHões usd)
país nome do projecto área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
Angola
Estratégia e Plano de Acção Nacional de Biodiversidade e Preparação do Primeiro Relatório Nacional para a Conferência das Partes
Biodiversidade PNUDActividades facilitadoras
0.339 0.059Projecto concluído
AngolaFacilitação de actividades para a Preparação da Acção para a Adaptação Nacional
Alterações Climáticas
UNEPActividades facilitadoras
0.200 0.000Em implementação
Angola
Facilitação de actividades para a acção precoce na implementação em Angola da Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (POP)
POP ONUDIActividades facilitadoras
0.472 0.136Aprovado pelo Director-Executivo (DE)
subtotais 1.011 0.195 3 projectos
projectos regionais e gLobais aprovados (montantes em miLHões usd)
país nome do projecto área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
RegionalPrograma de apoio à biodiversidade da África Austral
Biodiversidade PNUDProjectos larga escala
4.504 4.840Em implementação
Regional
Inventariação, avaliação e monitorização da diversidade botânica da África Austral: Uma rede regional de criação de capacidades e instituições
Biodiversidade PNUDProjectos larga escala
4.725 4.686Projecto concluído
RegionalProtecção ambiental e gestão sustentável da bacia do rio Okavango (Cubango)
Águas internacionais
PNUDProjectos larga escala
5.765 2.425Em implementação
Regional
Implementação do Programa de Acção Estratégica (SAP) para o cumprimento de uma gestão integrada do actual Grande Ecossistema Marinho (LME) de Benguela
Águas internacionais
PNUDProjectos larga escala
15.458 23.450Em implementação
Regional
Instrumento de ensino à distância e partilha de informação para as áreas costeiras de Benguela (DLIST-Benguela)
Águas internacionais
PNUDProjectos média escala
0.773 0.798Projecto concluído
Regional
Implementação do actual programa de acção do LME de Benguela para o restabelecimento das pescas e para a redução da degradação dos recursos costeiros
Águas internacionais
PNUDProjectos larga escala
5.449 62.029Aprovado pelo Conselho
Global
Assistência técnica aos países francófonos menos desenvolvidos para implementação da decisão UNFCCC8/CP8
Alterações climáticas
PNUDProjectos média escala
0.211 0.038Aprovado pelo DE
Global
Criação de parcerias para a assistência dos países em desenvolvimento na redução da transmissão de organismos aquáticos nocivos presentes nas águas de lastro dos navios (GloBallast Partnerships)
Águas internacionais
PNUDProjectos larga escala
6.388 17.702Endossado pelo DE
subtotais 64.722 149.839 9 projectos
122 123
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Cabo Verde
projectos nacionais aprovados (montantes em miLHões usd)
país nome do projecto área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
Cabo Verde
SPWA-BD Consolidação da biodiversidade das áreas protegidas de Cabo Verde
Biodiversidade PNUDProjecto de larga escala
3.387 14.245Aprovado pelo Conselho
Cabo Verde
Estratégia Nacional de Biodiversidade, Plano de Acção e Relatório do País para a Conferência das Partes (COP)
Biodiversidade PNUDActividades facilitadoras
0.208 0.000 Projecto concluído
Cabo Verde
Facilitação de actividades para o mecanismo “clearing house”
Biodiversidade PNUDActividades facilitadoras
0.014 0.000 Projecto concluído
Cabo Verde
Elaboração da segunda comunicação nacional sobre biodiversidade para a Conferência das Partes em 2001
Biodiversidade PNUDActividades facilitadoras
0.020 0.000Em implementação
Cabo Verde
Gestão integrada participativa para a gestão de ecossistemas em áreas protegidas e em à sua volta, Fase I
Biodiversidade PNUDProjectos larga escala
3.932 5.707Em implementação
Cabo Verde
Facilitação da preparação da primeira comunicação nacional de Cabo Verde em resposta à sua vinculação à Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC)
Alterações climáticas
PNUDActividades facilitadoras
0.319 0.000 Projecto concluído
Cabo Verde
Reforma e desenvolvimento do sector da Energia e Água
Alterações climáticas
BIRDProjectos larga escala
4.930 60.070 Projecto encerrado
Cabo Verde
Facilitação de actividades para as alterações climáticas (financiamento adicional para a construção de capacidades nas áreas prioritárias)
Alterações climáticas
PNUDActividades facilitadoras
0.100 0.000 Projecto concluído
Cabo Verde
Preparação de um programa de acção para a adaptação nacional
Alterações climáticas
PNUDActividades facilitadoras
0.200 0.020 Projecto concluído
Cabo Verde
Construção de capacidades de adaptação e resiliência às alterações climáticas no sector da água em Cabo Verde
Alterações climáticas
PNUDProjectos larga escala
3.100 13.680Aprovado pelo Conselho
Cabo Verde
Capacidade nacional para uma auto-avaliação (NCSA) para a gestão global do ambiente
Áreas multi-focais
PNUDActividades facilitadoras
0.225 0.010Em implementação
Cabo Verde
Desenvolvimento de um Plano de Implementação Nacional para Cabo Verde
Poluentes Orgânicos Persistentes (POP)
PNUAActividades facilitadoras
0.303 0.019Em implementação
subtotais 16.378 93.751 12 projectos
projectos regionais e gLobais aprovados (montantes em miLHões usd)
país nome do projecto área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
Regional
Apoio à criação de capacidades para a elaboração de relatórios e perfis nacionais pelas partes africanas do UNCCD
Degradação dos solos
BIRDProjectos média escala
0.900 0.900 Projecto concluído
Regional
Protecção do actual Grande Ecossistema Marinho (LME) da Canária
Águas internacionais
FAOProjectos larga escala
8.790 17.716Aprovado pelo Conselho
Regional
Adaptação às Alterações Climáticas - Responder às alterações costeiras e às suas dimensões humanas na África Ocidental através de uma gestão integrada da área costeira
Alterações climáticas
PNUDProjectos larga escala
4.000 4.000Endossado pelo DE
Global
Assistência técnica aos países francófonos menos desenvolvidos para a implementação da decisão UNFCCC8/CP8
Alterações climáticas
PNUDProjectos média escala
0.211 0.038 Aprovado pelo DE
subtotais 23.551 38.752 5 projectos
Regional
Projectos para o desenvolvimento sustentável das pescas em 9 países da África Ocidental - sob a Parceria Estratégica para um Fundo de Investimento para a Pesca Sustentável nos Grandes Ecossistemas Marinhos da África Subsaariana
Águas internacionais
BIRDProjectos larga escala
0.000 0.000
Aprovado o pedido de apoio à preparação de projectos (PPG)
subtotais 0 0 1 projecto
projectos em preparação (montantes em miLHões usd)
país nome do projecto área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
124 125
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Guiné-Bissau
projectos nacionais aprovados (montantes em miLHões usd)
país nome do projecto área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
Guiné-Bissau
Estratégia Nacional de Biodiversidade, Plano de Acção e Relatório do País para a Conferência das Partes (COP)
Biodiversidade PNUDActividades facilitadoras
0.195 0.000Projecto
concluído
Guiné-Bissau
Estabelecimento do mecanismo “clearing house”
Biodiversidade PNUDActividades facilitadoras
0.014 0.000Projecto
concluído
Guiné-Bissau
Avaliação de necessidades para a capacitação na implementação da Estratégia Nacional da Guiné-Bissau para a Biodiversidade e o Reforço do Mecanismo “Clearing House” (Add on)
Biodiversidade PNUDActividades facilitadoras
0.241 0.000Projecto
concluído
Guiné-Bissau
Projecto para a gestão costeira e a biodiversidade
Biodiversidade BIRDProjectos
larga escala5.150 4.400
Em implemen-
tação
Guiné-Bissau
Facilitação da preparação da comunicação inicial da Guiné-Bissau à Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC)
Alterações climáticas
PNUDActividades facilitadoras
0.346 0.000Projecto
concluído
Guiné-Bissau
Elaboração do Plano de Acção para a Adaptação Nacional
Alterações climáticas
PNUDActividades facilitadoras
0.200 0.010Em
implemen-tação
Guiné-Bissau
Capacidade nacional de auto-avaliação (NCSA) para a gestão global do ambiente
Áreas multi-focais PNUDActividades facilitadoras
0.225 0.050Aprovado pelo DE
Guiné-Bissau
Facilitação de actividades para a acção precoce na implementação na Guiné-Bissau da Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (POP)
Poluentes Orgânicos
Persistentes (POP)PNUA
Actividades facilitadoras
0.451 0.012Projecto
concluído
subtotais 6.821 4.472 8 projectos
Regional
Apoio à criação de capacidades para a elaboração de relatórios e perfis nacionais pelas partes africanas do UNCCD
Degradação dos solos
BIRDProjectos
média escala0.900 0.900
Projecto concluído
Regional
Combate à delapidação dos recursos e à degradação da área costeira no actual Grande Ecossistema Marinho (LME) da Guiné, através de acções regionais centradas nos ecossistemas
Águas internacionais
PNUDProjectos
larga escala21.449 33.871
Em implemen-tação
Regional
Demonstração de uma abordagem regional para uma gestão ambientalmente significativa de resíduos líquidos de PCB e de transformadores e condensadores contendo PCB
Poluentes Orgânicos
Persistentes (POP)PNUA
Projectos larga escala
5.589 9.637Aprovado pelo
Conselho
Regional
Protecção do actual Grande Ecossistema Marinho (LME) da Canária
Águas internacionais
FAOProjectos
larga escala8.790 17.716
Aprovado pelo Conselho
Regional
Projecto de gestão integrada de recursos naturais das montanhas Fouta Djallon (FDH-INRM) (Tranches 1 e 2)
Degradação dos solos
PNUAProjectos
larga escala11.554 33.000
Endossado pelo DE
Regional
Adaptação às Alterações Climáticas - Responder às alterações costeiras e às suas dimensões humanas na África Ocidental através de uma gestão integrada da área costeira
Alterações climáticas
PNUDProjectos
larga escala4.000 4.000
Endossado pelo DE
Global
Assistência técni-ca aos países francófonos menos desenvolvidos (LDC) para a imple-mentação da deci-são UNFCCC8/CP8
Alterações climáticas
PNUDProjectos
média escala0.211 0.038
Aprovado pelo DE
subtotais 52.494 99.162 7 projectos
projectos regionais e gLobais aprovados (montantes em miLHões usd)
país nome do projecto área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
126 127
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Guiné-Bissau
Apoio para a consolidação de um sistema de Área Protegida (PA) na Guiné-Bissau
Biodiversidade PNUDProjectos
média escala1.000 3.500
Aprovado o pedido de apoio à preparação de projectos (PPG)
Guinea-Bissau
SPWA Fundo de Conservação da Biodiversidade
IBRDProjectos
média escala0.950 2.900 PIF aprovado
Regional
Projectos para o desenvolvimento sustentável das pescas em 9 países da África Ocidental - sob a Parceria Estratégica para um Fundo de Investimento para a Pesca Sustentável nos Grandes Ecossistemas Marinhos da África Subsaariana
Águas internacionais
BIRDProjectos
larga escala0.000 0.000
Aprovado o pedido de apoio à preparação de projectos (PPG)
subtotais 1.950 6.400 3 projectos
projectos em preparação (montantes em miLHões usd)
país nome do projecto área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
Moçambique
projectos nacionais aprovados (montantes em miLHões usd)
paísnome do projecto
área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
Moçambique
Financiamento sustentável das áreas protegidas de Moçambique
Biodiversidade PNUDProjectos
larga escala4.900 14.900
Aprovado pelo Conselho
Moçambique
Áreas-piloto de conservação transfronteiriça e reforço institucional
Biodiversidade BIRDProjectos
larga escala5.427 3.100
Projecto concluído
Moçambique
Estratégia Nacional e Plano de Acção para a Biodiversidade, e primeiro relatório nacional para a Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD)
Biodiversidade PNUAActividades facilitadoras
0.216 0.000Projecto
concluído
Moçambique
Facilitação de actividades para o mecanismo “clearing house”
Biodiversidade PNUAActividades facilitadoras
0.013 0.000Projecto
concluído
MoçambiqueProjecto para a gestão costeira e a biodiversidade
Biodiversidade BIRDProjectos
larga escala4.080 5.130
Em implementação
Moçambique
Áreas de conservação transfronteiriça e projecto de desenvolvimento de turismo sustentável
Biodiversidade BIRDProjectos
larga escala10.350 23.999
Endossado pelo DE
Moçambique
Facilitação da preparação da primeira comunicação nacional de Moçambique em resposta à sua vinculação à Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC)
Alterações climáticas
PNUDActividades facilitadoras
0.216 0.000Projecto
concluído
MoçambiqueProjecto de reforma e acesso à energia
Alterações climáticas
BIRDProjectos
larga escala3.175 7.000
Em implementação
128 129
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Moçambique
Programa de Acção para a Adaptação Nacional (NAPA)
Alterações climáticas
PNUDActividades facilitadoras
0.200 0.000Em
implementação
MoçambiqueCombater a seca e as alterações climáticas
Alterações climáticas
PNUDProjectos
média escala
0.960 0.930Aprovado pelo
DE
MoçambiqueCapacidade nacional de auto-avaliação (NCSA)
Áreas multi-focais
PNUAActividades facilitadoras
0.211 0.025Em
implementação
Moçambique
Desenvolvimento de pequenos proprietários com orientação para o mercado no vale do Zambeze
Áreas multi-focais
BIRDProjectos
larga escala6.550 21.000
Endossado pelo DE
Moçambique
Facilitação de actividades no âmbito da Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (POP): Plano de Implementação Nacional para Moçambique
Poluentes Orgânicos
Persistentes (POP)
PNUAActividades facilitadoras
0.482 0.060Projecto
concluído
subtotais 36.780 76.144 13 projectos
Regional
Programa de Apoio à Biodiversidade da África Austral
Biodiversidade PNUDProjectos
larga escala4.504 4.840
Em implementação
Regional
Inventariação, avaliação e monitorização da diversidade botânica na África Austral: Rede regional de capacitação e criação de instituições
Biodiversidade PNUDProjectos
larga escala4.725 4.686
Projecto concluído
Regional
Programa de Investimento Estratégico (SIP PROGRAM) para a Gestão Sustentável da Terra na África Subsaariana (SLM)
Degradação dos solos
BIRDProjectos
larga escala123.698 978.426
Aprovado pelo Conselho
Regional
Programa comunitário para África para a conservação e o uso sustentável dos recursos biológicos
Biodiversidade BIRDProjectos
média escala
0.750 0.193Projecto
concluído
RegionalGestão dos lençóis freáticos e da seca na SADC
Águas internacionais
BIRDProjectos
larga escala7.350 6.900
Em implementação
Regional
Por uma indústria do chá amiga do ambiente na África de Leste
Alterações climáticas
PNUAProjectos
larga escala3.423 25.614
Em implementação
Regional
Resposta a acti-vidades centradas na terra no Oceano Índico Ocidental (WIO-LaB)
Águas internacionais
PNUAProjectos
larga escala4.511 6.902
Em implementação
Regional
Programa para os actuais Grandes Ecossistemas Marinhos das Agulhas e Somali (ASCLME)
Águas internacionais
PNUDProjectos
larga escala12.923 18.263
Endossado pelo DE
Regional
Projecto de desen-volvimento da via marítima no Oceano Índico Ocidental e de prevenção da contaminação marítima e costeira
Águas internacionais
BIRDProjectos
larga escala11.700 14.500
Projecto concluído
Regional
Projecto pescas no sudoeste do oceano Índico (SWIOFP)
Áreas multi-focais
BIRDProjectos
larga escala12.725 22.950
Endossado pelo DE
Regional
Desenvolvimento e protecção do ambiente costeiro e marinho na África Subsaariana
Águas internacionais
PNUAProjectos
média escala
0.750 0.975Projecto
encerrado
projectos regionais e gLobais aprovados (montantes em miLHões usd)
país nome do projecto área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
projectos nacionais aprovados (montantes em miLHões usd)
país nome do projecto área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
projectos regionais e gLobais aprovados (montantes em miLHões usd)
país nome do projecto área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
130 131
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Regional
Integração da vulnerabilidade e adaptação às alterações climáticas no planeamento e implementação da política de desenvolvimento sustentável na África austral e de leste
Alterações climáticas
PNUAProjectos
média escala
1.000 1.265Em
implementação
Regional
Gestão sustentável das zonas húmidas interiores da África Austral: Uma abordagem aos meios de subsistência e ao ecossistema
Degradação dos solos
PNUAProjectos
média escala
0.999 1.211Em
implementação
Regional
Demonstrar e apreender boas práticas e tecnologias para a redução dos impactos humanos resultantes do turismo costeiro
Águas internacionais
PNUAProjectos
larga escala6.015 23.357
Em implementação
Regional
Planeamento do uso sustentável da terra para uma gestão integrada da terra e da água para a preparação contra desastres e a redução de vulnerabilidade na bacia do Baixo Limpopo
Degradação dos solos
PNUAProjectos
média escala
0.995 1.828Em
implementação
Global
Estudos por país sobre a biodiversidade - Fase I
Biodiversidade PNUAActividades facilitadoras
5.000 0.801Projecto
encerrado
subtotais 201.068 1,112.710 16 projectos
projectos regionais e gLobais aprovados (montantes em miLHões usd)
paísnome do projecto
área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
Moçambique
Financiamento sustentável do Sistema de Área Protegida em Moçambique
Biodiversidade PNUDProjectos
larga escala4.900 14.900
Formulário de Identificação do Projecto (PIF) para
despacho pelo DE
Global
Projecto para o apoio do PNUA às partes da CBD para preparação do 4.º relatório nacional para a COP da CBD
Biodiversidade PNUAProjectos
média escala
0.500 0.000 Removido
subtotais 5.400 14.900 2 projectos
Regional
Gestão integrada da biodiversidade das terras áridas através da reabilitação dos solos nas regiões áridas e semi-áridas de Moçambique, Zâmbia e Zimbabwe
Biodiversidade PNUAProjectos
larga escala7.828 5.594 Cancelado
subtotais 7.828 5.594 1 projecto
projectos em preparação (montantes em miLHões usd)
paísnome do projecto
área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
projectos canceLados (montantes em miLHões usd)
paísnome do projecto
área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
132 133
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
São Tomé e Príncipe
projectos nacionais aprovados (montantes em miLHões usd)
país nome do projecto área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
São Tomé e Príncipe
Estratégia, plano de acção e primeiro relatório nacional sobre biodiversidade, e mecanismo “clearing house”
Biodiversidade BIRDActividades facilitadoras
0.163 0.000Projecto concluído
São Tomé e Príncipe
Preparação da comunicação inicial da Guiné-Bissau para a implementação da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC)
Alterações climáticas
PNUDActividades facilitadoras
0.350 0.000Projecto concluído
São Tomé e Príncipe
Preparação de um Plano de Acção para a Adaptação Nacional
Alterações climáticas
BIRDActividades facilitadoras
0.200 0.020Projecto concluído
São Tomé e Príncipe
Capacidade nacional de auto-avaliação (NCSA) para a gestão global do ambiente
Áreas multi-focais
PNUDActividades facilitadoras
0.225 0.010Em implementação
São Tomé e Príncipe
Facilitação de actividades para a acção precoce na implementação na Guiné-Bissau da Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (POP)
Poluentes Orgânicos Persistentes (POP)
ONUDIActividades facilitadoras
0.373 0.000Aprovado pelo DE
subtotais 1.311 0.030 5 projectos
Regional
Implementação de gestão integrada de recursos hídricos e águas residuais em Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento do Atlântico e do Pacifico
Águas internacionais
PNUAProjectos larga escala
9.650 16.100Aprovado pelo Conselho
Regional
Combate à delapidação dos recursos e à degradação da área costeira no actual Grande Ecossistema Marinho (LME) da Guiné, através de acções regionais centradas nos ecossistemas
Águas internacionais
PNUDProjectos larga escala
21.449 33.871Em implementação
Global
Assistência técnica aos países francófonos menos desenvolvidos (LDC) para a implementação da decisão UNFCCC8/CP8
Alterações climáticas
PNUDProjectos média escala
0.211 0.038Aprovado pelo DE
subtotais 31.310 50.009 3 projectos
Timor Leste
projectos nacionais aprovados (montantes em miLHões usd)
país nome do projecto área focaLagência
geftipo de
projectodonativo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
Timor Leste
Formulação do projecto para o Programa de Acção para a Adaptação Nacional às Alterações Climáticas (NAPA)
Alterações climáticas
PNUDActividades facilitadoras
0.200 0.020Em implementação
Timor Leste
Capacidade nacional de auto-avaliação (NCSA) para a gestão global do ambiente
Áreas multi-focais
PNUDActividades facilitadoras
0.225 0.230Em implementação
subtotais 0.425 0.250 2 projectos
Regional
Implementação de uma Estratégia para o Desenvolvimento Sustentável dos Mares da Ásia Oriental (SDS-SEA)
Águas internacionais
PNUDProjectos larga escala
11.576 33.374Em implementação
Regional
Programa de Acção para os Ecossistemas dos Mares de Arafura e Timor (ATSEA) - sob a Iniciativa para o Triângulo Coral (CTI)
Águas internacionais
PNUDProjectos larga escala
2.650 5.450Aprovado pelo Conselho
Regional
Gestão de recursos costeiros e marítimos no Triângulo Coral do Pacífico - sob o programa Aliança do Pacífico para a Sustentabilidade (PAS)
Áreas multi-focais
BAfDProjectos larga escala
8.636 16.350
Aprovado o pedido de apoio à preparação de projectos (PPG)
subtotais 22.863 55.174 3 projectos
projectos regionais e gLobais aprovados (montantes em miLHões usd)
país nome do projecto área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
projectos regionais e gLobais aprovados (montantes em miLHões usd)
país nome do projecto área focaLagência
geftipo de
projectofundo
geftotaL co-
financiamentoestado do projecto
135
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Anexo à secção AMA
136 137
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Exemplos de Metodologias de Pequena Escala
área de intervenção
tipo de projecto
energias renováveis
AMS – I.A Geração de Electricidade pelo Utilizador – capacidade máxima de 15 MW.
AMS – I.B Energia Mecânica para o Utilizador com ou sem electricidade – capacidade máxima de 12 MW.
AMS – I.C Energia Térmica para o Utilizador com ou sem electricidade – capacidade máxima 45 MW.
AMS – I.D Geração de electricidade renovável num sistema em rede – capacidade máxima 15 MW.
AMS – I.E Mudança de Biomassa não-renovável para outras formas pelo utilizador.
melhoria da eficiência energética – reduções até 60 gWh
AMS – II.A Melhorias do lado da oferta – transmissão e distribuição.
AMS – II.B Melhorias do lado da oferta – geração de energia.
AMS – II.C Programas de eficiência energética do lado da procura (tecnologias específicas).
AMS – II.D Medidas de eficiência energética e alteração de combustíveis em infra-estruturas industriais.
AMS – II.E Medidas de eficiência energética e alteração de combustíveis em edifícios.
AMS – II.F Medidas de eficiência energética e alteração de combustíveis em actividades e infra-estruturas agrícolas.
AMS - II.G. Medidas de eficiência energética em aplicações térmicas de biomassa não renovável.
AMS - II.H. Medidas de eficiência energética através da centralização de fornecimento de serviços a uma instalação industrial.
AMS - II.I. Utilização eficiente de energia residual em instalações industriais.
AMS - II.J. Actividades do lado da procura para tecnologias de iluminação eficiente.
outros projectos – no caso do metano as reduções de pequena escala são menores que 60kt equivalentes de c02
AMS - III.A Agricultura – ainda não existem metodologias definidas, embora se considere uma área prioritária.
AMS - III. BSubstituição de combustíveis fósseis em aplicações industriais, residenciais, comerciais, institucionais ou de geração de electricidade existentes.
AMS - III.CRedução de emissões através de veículos com baixas emissões de gases de efeito de estufa, como por exemplo os veículos híbridos.
AMS - III.D Recuperação de metano em actividades agrícolas e agro-industriais.
AMS - III. E Evitar a produção de metano pela decomposição da biomassa através da combustão controlada.
AMS - III. F Evitar a produção de metano pela decomposição da biomassa através da compostagem.
AMS - III. G Recuperação de metano em aterros.
AMS - III. H Recuperação de metano em tratamentos de águas residuais.
AMS - III. IEvitar a produção de metano em tratamentos de águas residuais através da substituição de lagoas anaeróbicas por sistemas aeróbios.
AMS - III.J.Evitar a combustão de combustíveis fósseis para a produção de dióxido de carbono a ser utilizado como matéria-prima em processos industriais.
AMS -III.K. Evitar a emissão de metano oriunda da produção de carvão, através da substituição de métodos.
AMS - III.L. Prevenção da produção de metano por decaimento da biomassa através de pirólise controlada.
AMS - III.M. Redução do consumo de electricidade pela recuperação da soda no processo de fabrico de papel.
AMS - III.N. Prevenção das emissões de HFC no fabrico de espuma de poliuretano rígida.
AMS - III.O. Produção de hidrogénio a partir de metano extraído do biogás.
AMS - III.P Recuperação e utilização de gás residual em refinarias.
AMS - III.Q Sistemas energéticos baseados em gás residual.
AMS - III.R Recuperação de metano em actividades agrícolas a nível doméstico ou de pequenas explorações.
AMS - III.S. Introdução de veículos com baixas emissões de carbono em frotas comerciais.
AMS - III.T. Produção e utilização de óleo de plantas para aplicações no transporte.
Metodologias de Projectos de Florestação / Reflorestação de Pequena Escala
referência referência
AR-AM001Metodologias simplificadas de linha de base e monitorização para actividades seleccionadas de projectos de aflorestação e reflorestação de pequena escala no âmbito do MDL. Os projectos devem ser implementados em terras cultivadas ou pastagens.
AR-AMS0002Metodologias simplificadas de linha de base e monitorização para actividades de reflorestação e aflorestação de pequena escala no âmbito do MDL implementado em aglomerados populacionais.
AR-AMS0003Metodologias simplificadas de linha de base e monitorização para actividades de reflorestação e aflorestação de pequena escala no âmbito do MDL implementados zonas húmidas.
AR-AMS0004Metodologia simplificada de linha de base e de monitorização para agro-silvicultura de pequena escala – actividades de aflorestação e reforestação no âmbito do mecanismo de desenvolvimento limpo
AR-AMS0005Metodologia simplificada de linha de base e de monitorização para actividades de aflorestação e reflorestação no âmbito do mecanismo de desenvolvimento limpo implementadas em terras com pouco potencial de suportar biomassa viva
Metodologias de Larga Escala
referência referência
AM0001 Incineração de resíduos HFC 23.
AM0002Reduções de emissões de gases de efeito de estufa através da captação e queima de gás de aterro, em que a linha de base é estabelecida mediante um contrato de concessão pública.
AM0003 Análise financeira simplificada para projectos de recuperação de gás de aterro.
AM0007Análise de opções de combustíveis com custos reduzidos para unidades de co-geração de biomassa que operam sazonalmente
AM0009 Recuperação e utilização de gás de poços de petróleo que de outra forma seriam queimados.
AM0010Projectos de captação de gás de aterro e geração de electricidade em que a captação de gás de aterro não é obrigatória por lei.
AM0011Recuperação de gás de aterro com geração de electricidade, sem captação ou destruição de metano no cenário de linha de base.
AM0013 Emissões evitadas de metano no tratamento de águas residuais orgânicas.
AM0014 Co-geração à base de gás natural.
AM0017Melhorias na eficiência no sistema de vapor por meio da substituição dos purgadores de vapor e de retorno do condensado.
AM0018 Sistemas de optimização do vapor.
AM0019Projectos de energia renovável que substituem parte da geração de electricidade de uma unidade movida a combustível fóssil que seja única ou abasteça uma rede, exceptuando-se projectos de biomassa.
AM0020 Metodologia de linha de base para a melhoria da eficiência na bombagem de água.
AM0021Metodologia de linha de base para a decomposição de N2O (óxidos nitrosos) proveniente de fábricas de ácido adípico existentes.
AM0022 Emissões evitadas de águas residuais e do uso local de energia no sector industrial.
AM0023 Redução das fugas nas estações compressoras nos gasodutos de gás natural.
AM0024Metodologia de linha de base para reduzir as emissões de GEE por meio da recuperação e do uso de calor residual na geração de energia em cimenteiras.
AM0025 Emissões de resíduos orgânicos evitadas por meio de processos alternativos de tratamento de resíduos.
AM0026Metodologia para a geração de electricidade ligada à rede, com emissões nulas, a partir de fontes renováveis no Chile ou em países com redes de envio por mérito.
AM0027Substituição de CO2 de origem fóssil ou mineral por CO2 de fontes renováveis na produção de compostos inorgânicos.
AM0028 Destruição catalítica de N2O no gás residual das fábricas de ácido nítrico ou caprolactam.
AM0029 Metodologia para a geração de electricidade ligada à rede com o uso de gás natural.
AM0030Redução das emissões de PFC provenientes da mitigação do efeito anódico em fábricas de fundição de alumínio primário.
AM0031 Metodologia para Projectos de Trânsito Rápido de Autocarros.
AM0033 Uso de fontes de cálcio não carbonatado na mistura crua para o processamento de cimento.
138 139
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
AM0034 Redução catalítica de N2O dentro do queimador de amoníaco das fábricas de ácido nítrico.
AM0035 Redução das emissões de SF6 em redes eléctricas.
AM0036 Substituição de combustíveis fósseis por resíduos de biomassa em caldeiras para a geração de calor.
AM0037 Redução da queima e uso do gás em unidades de processamento de petróleo e gás.
AM0038Metodologia para a melhoria da eficiência energética de uma fornalha de arco eléctrico submersa usada na produção de SiMn.
AM0039Redução das emissões de metano provenientes de águas residuais orgânicas e resíduos sólidos biorgânicos com o uso de compostagem.
AM0040Metodologia de linha de base e monitorização para actividades de projectos que empreguem matérias-primas alternativas contendo carbonatos no fabrico de clinker em fornos de cimento.
AM0041Mitigação das emissões de metano na actividade de carbonização de madeira para a produção de carvão vegetal.
AM0042Geração de electricidade ligada à rede com o uso de biomassa proveniente de plantações recentemente desenvolvidas para esse fim.
AM0043Redução de fugas em redes de distribuição de gás natural por meio da substituição de canos velhos de ferro por canos de polietileno.
AM0044Projectos de melhoria da eficiência energética: reforma ou substituição de caldeiras nos sectores industrial e de aquecimento urbano.
AM0045 Ligação à rede de sistemas eléctricos isolados.
AM0046 Distribuição de lâmpadas eficientes aos domicílios.
AM0047 Produção de biodiesel à base de resíduos de óleos de cozinha para uso como combustível.
AM0048Novas unidades de co-geração que forneçam electricidade e/ou vapor a vários consumidores e substituam a geração de vapor e electricidade da rede / fora da rede à base de combustíveis mais intensivos em carbono.
AM0049 Metodologia para a geração de energia à base de gás numa indústria.
AM0050 Chave de alimentação numa indústria de produção integrada de amoníaco e ureia.
AM0051 Destruição catalítica secundária de N2O nas fábricas de ácido nítrico.
AM0052Aumento da geração de electricidade nas hidro-eléctricas existentes por meio da optimização do Sistema de Apoio à Decisão.
AM0053 Injecção de metano biogénico numa rede de distribuição de gás natural.
AM0054Melhoria da eficiência energética de uma caldeira por meio da introdução de tecnologia de emulsão de água / óleo.
AM0055 Metodologia de linha de base e monitorização para a recuperação e uso de gás residual nas refinarias.
AM0056Melhoria da eficiência por meio da substituição ou recuperação da caldeira e troca opcional de combustíveis em sistema de caldeira a vapor movida a combustíveis fósseis.
AM0057Emissões evitadas dos resíduos de biomassa por meio de uso como na matéria-prima na produção de papel e celulose.
AM0058 Introdução de um sistema de aquecimento primário para um bairro.
AM0059 Redução da emissão de GEE de extractores de alumínio.
AM0060 Poupança de energia através da substituição de equipamento de frio energeticamente eficiente.
AM0061 Metodologia para a reabilitação e/ou melhoria da eficiência energética em centrais eléctricas existentes.
AM0062 Melhoria na eficiência energética de centrais eléctricas através de retroalimentação das turbinas.
AM0063Recuperação de CO2 de gases de escape em instalações industriais para substituir o uso de combustíveis fósseis para produção de CO2.
AM0064Metodologia para a captura de metano de actividades mineiras e utilização ou destruição em minas subterrâneas de rochas ou metais de base ou preciosos.
AM0065 Substituição de SF6 por gases alternativos na indústria de magnésio.
AM0066Reduções de emissões de GEE através do aquecimento de resíduos para pré-aquecimento de matérias-primas no processo de fabrico de ferro em barra.
AM0067Metodologia para a instalação de transformadores energeticamente eficientes numa rede de distribuição eléctrica.
AM0068 Metodologia para a melhoria de eficiência energética numa instalação de produção de liga de ferro.
AM0069 Utilização biogenética de metano como rações e como combustível para produção urbana de gás.
AM 0070 Fabrico de frigoríficos domésticos energeticamente eficientes
Metodologias de Projectos de Aflorestação / Reflorestação de Larga Escalareferência tecnoLogia
AR-AM001 Reflorestação de terras degradadas.
AR-AM002 Recuperação de terras degradadas por meio de aflorestação / reflorestação.
AR-AM003Aflorestação e reflorestação de terras degradadas por meio da plantação de árvores, regeneração natural assistida e controle da criação de animais.
AR-AM005 Actividades de aflorestação ou reflorestação implementadas para fins comerciais.
AR-AM006 Aflorestação / Reflorestação com árvores intercaladas com arbustos em terras degradadas.
AR-AM007 Aflorestação e reflorestação de terras actualmente sob uso agrícola ou pecuário.
AR-ACM008 Aflorestação ou reflorestação em terras degradadas para a produção sustentável de madeiras.
AR-ACM009 Aflorestação ou reflorestação em terras degradadas permitindo actividades silvo-pastoris.
AR-ACM0010 Actividades de aflorestação ou reflorestação em prados desocupados em áreas protegidas.
Metodologias consolidadas
referência tecnoLogia
ACM001 Metodologia consolidada para actividades de projectos com gás de aterro.
ACM002 Metodologia consolidada para a geração de electricidade ligada à rede a partir de energias renováveis.
ACM003Redução das emissões por meio da substituição parcial de combustíveis fósseis por combustíveis alternativos no fabrico de cimento.
ACM005 Metodologia consolidada para aumentar a mistura na produção de cimento.
ACM006 Metodologia consolidada para a geração de electricidade conectada à rede a partir de resíduos de biomassa.
ACM007 Metodologia para converter a geração eléctrica em ciclo simples para ciclo combinado.
ACM008Metodologia consolidada para a captação e uso de metano de leito de carvão e metano de mina de carvão para a geração de energia (eléctrica ou motriz) e calor / ou destruição por queima.
ACM009Metodologia consolidada para a substituição de carvão mineral ou combustíveis derivados do petróleo por gás natural na indústria.
ACM0010 Metodologia consolidada para a redução de emissões de GEE provenientes dos sistemas de manejo de estrume.
ACM0011Metodologia consolidada de linha de base para a substituição de carvão mineral e/ou combustíveis do petróleo por gás natural nas unidades de geração de electricidade existentes.
ACM0012Metodologia consolidada de linha de base para reduzir as emissões de GEE em sistemas de energia à base de gás residual, calor residual ou pressão residual.
ACM0013Metodologia consolidada de linha de base e de monitorização para centrais produtoras de energia eléctrica para a rede a partir de combustíveis fósseis que utilizem uma tecnologia de menor emissão de GEE.
ACM0014 Mitigação das emissões de gases de efeito de estufa provocadas pelo tratamento de águas residuais industriais.
ACM0015Metodologia consolidada de linha de base e de monitorização para actividades de projecto que utilizem matérias-primas alternativas que não contenham carbonetos para a produção de escória em fornos para cimento.
141
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
anexo à secção União Europeia e Comissão Europeia
142 143
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Índice
1. Tabela indicativa dos montantes disponíveis no Programa Temático para o Ambiente e a
Gestão Sustentável dos Recursos Naturais incluindo a Energia (ENRTP)
2. Matriz de Intervenção do ENRTP
3. Análise detalhada da avaliação de candidaturas
4. Lista de Projectos CPLP – Facilidade para Água
5. Lista de Projectos CPLP – Facilidade para a Energia
1. Tabela indicativa dos montantes disponíveis no Programa Temático para o Ambiente e a
Gestão Sustentável dos Recursos Naturais incluindo a Energia (ENRTP)
aLocações financiamento indicativo enrtp (revisto 07/202/2007)VALORES EM MILHõES DE EUROS
2007 2008 2009 2010 totaL
2007-10 totaL
2011-13totaL
2007-13
1. Trabalhar em prol do ODM7: promoção da sustentabilidade ambiental
2,7 2,8 4,5 4,2 14,2 24,8 39
Criação de capacidades para a integração ambiental nos países em desenvolvimento; apoio à sociedade civil; avaliação e monitorização ambiental; abordagens inovadoras
2. Promover a implementação das iniciativas da UE compromissos acordados internacionalmente
41,5 59,8 83,9 88,6 273,8 240 513,8
Custos centrais da Iniciativa Água da UE (EUWI), a Inicitiava Energia da UE para a erradicação da pobreza e o desenvolvimento sustentável (EUEI), criação de capacidades e monitorização para a implementação de compromissos acordados internacionalmente, apoio às alterações climáticas, incluindo a Aliança Global contra as Alterações Climáticas, biodiversidade, gestão sustentável das terras, florestas, Plano de Acção da UE para a aplicação da legislação, a governação e o comércio no sector florestal (FLEGT), pescas e recursos costeiros/marinhos, gestão de químicos e de resíduos, produção e consumo sustentável
Acções de apoio à Aliança Global contra as Alterações Climáticas, para reforço da cooperação entre a UE e os países em desenvolvimento contra as alterações climáticas
(10) (20) (20) (50) (50)
3. Melhoria do conhecimento para a integração e a coerência
1,7 1,9 2,4 2,2 8,2 9,1 17,3
Abordagens práticas para a ligação entre a pobreza e o ambiente em novas formas de ajuda; apoio para a integração e a descentralização
4. Reforço da governação ambiental e a liderança da UE 5,5 7,4 11,1 14,5 38,5 86,4 124,9
Reforço da governação e da defesa ambiental internacional, apoio a Acordos Ambientais Multilaterais (MEA) e outros processos internacionais, criação de consenso para a facilitação das negociações e o reforço da monitorização e da avaliação ambiental global e regional
5. Apoio a opções energéticas sustentáveis em países e regiões parceiros e Fundo Global para a Eficiência Energética e a Energia Renovável (GEEREF)
22,9 29,1 31,3 32,1 115,4 43,5 158,9
Integração da energia sustentável: apoio institucional, criação de um quadro legislativo/político favorável, energia para os pobres, financiamento inovador, cooperação regional
40,4 43,5 83,9
Fundo Global para a Eficiência Energética e a Energia Renovável (GEEREF)
(15) (20) (20) (20) 75 75
Fundos totais programados (excluindo BA) 74,3 101 133,2 141,6 450,1 403,8 853,9
Despesa na gestão administrativa (ex-linha “BA”) (21 01 04 01)
4,7 4,9 4,9 5,1 19,6 16 35,6
Programa total incluindo a linha BA 79 105,9 138,1 146,7 469,7 419,8 889,5
144 145
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
2. Matriz de Intervenção do ENRTP
http://ec.europa.eu/europeaid/where/worldwide/environment/documents/multi_annual_
programme_enrtp_en.pdf
prioridade actividadesindicadores de
desempenHo propostos*
totaL indicativo 2007-2010
miLHões de euros
prioridade 1: trabalhar para o odm7 para a promoção da sustentabilidade ambiental 14,2
Criação de capacidades para a integração ambiental nos países em desenvolvimento; apoio à sociedade civil; avaliação e monitorização ambiental; abordagens inovadoras
Pode incluir trabalho em parceria com organizações centrais na interligação pobreza-ambiente, assim como abertura de concurso para a sociedade civil, incluindo geminação. De forma semelhante, trabalhar com organizações especializadas para melhorar a disponibilidade, qualidade e quantidade de informação e indicadores e, também, de forma limitada, concursos direccionados para áreas específicas como o ambiente no apoio orçamental, reforma fiscal ambiental e instrumentos políticos inovadores orientados para o mercado.
Aumento no número e qualidade dos programas nacionais e regionais para 2010-13 que dizem respeito a questões do ODM 7. Nota: requer análise de base dos programas 2007-2010.
14,2
prioridade 2: promover a implementação das iniciativas da ue e compromissos acordados internacionalmente
273,8
Custos nucleares da Iniciativa Água da UE** + Iniciativa Energia da EU
Fornecer a criação básica de capacidades, trabalho analítico, coordenação, gestão, monitorização e avaliação das duas iniciativas e apoio ao envolvimento de stakeholders. O trabalho inclui estudos de análise, cooperação com organizações internacionais, seminários, workshops, actividades de informação, publicações, informação na internet e outras actividades, na Europa e em países/regiões parceiros.
Estudos analíticos concluídos e disseminados. Seminários concluídos com participação relevante e outputs. Reuniões para o diálogo político na Europa e países/regiões parceiros, resultando no crescente envolvimento dos parceiros e partes interessadas. Publicação, informação na internet e outras actividades de informação, distribuídas e concluídas.
9,2
Implementação da lei, governação e comércio do sector florestal
Apoio à implementação de acordos de parceria voluntários, financiamento de actividades que suportem o desenvolvimento de VPA, como os processos regionais FLEG, diálogo com países em desenvolvimento, aprendizagem de boas práticas entre países e regiões, análise de políticas, apoio a iniciativas de ON e do sector privado que permitam a criação de capacidades para que actores não-estatais implementem e monitorizem os VPA. Apoio a reformas da governação do sector florestal sempre que os VPA sejam um instrumento inadequado, mas onde exista um forte compromisso político para a reforma da governação, como os compromissos feitos nas FLEG regionais, assim como acções direccionadas para os desafios pós-conflito da governação do sector florestal.
Crescente cobertura da imprensa dos VPA. Percentagem de federações de comércio europeias (e a quantidade do seu comércio com os países em desenvolvimento) comprometidos com FLEGT/ CSR sobre abate ilegal. Número de processos nacionais de apoio a um mais amplo envolvimento de Partes interessadas. Proporção das parcerias planeadas que são assinadas e total financiamento angariado para apoiá-las. Número de diálogos realizados. Processos estabelecidos para apoiar a reforma da governação do sector florestal (FLEG) em países sem um significativo comércio com a UE. Número de actividades apoiadas para melhorar a governação do sector florestal em situações de pós-conflito. Aumento do número e qualidade dos programas nacionais e regionais para 2010-13 direccionados para questões florestais.
34,8
Implementação do Plano de Acção da UE sobre Alterações Climáticas no Desenvolvimento
Acções de melhoria do perfil político para as alterações climáticas, desenvolver capacidades e apoiar a implementação de parcerias contra as alterações climáticas. Acções-piloto de apoio à adaptação, mitigação e processos de desenvolvimento com de baixo teor de gases de efeito de estufa (GHG) e o efectivo desenvolvimento e aplicação de tecnologias ambientais. As acções serão implementadas através de parcerias com organizações chave e, sempre que adequado, de contribuições directas para fundos de múltiplos doadores para a implementação de acções no âmbito do Plano de Acção. Serão concursos restritos, direccionados a áreas específicas do Plano de Acção, incluindo o envolvimento da sociedade civil.
Implementação efectiva das prioridades estratégicas e acções específicas do Plano de Acção e implementação de acções com os países em desenvolvimento e economias emergentes especificadas na Comunicação sobre o Combate às Alterações Climáticas Globais. Aumento do número e qualidade dos programas nacionais e regionais em 2010-13 direccionados para questões relacionadas com as alterações climáticas.
23,3
Apoio à Aliança Global para o Clima,
Acções para promover a cooperação entre a UE e os países em desenvolvimento em matéria de alterações climáticas.
Implementação efectiva da Aliança Global para o Clima.
50
Biodiversidade e biosegurança, Plano de Acção da EU para a Biodiversidade na Cooperação Económica e para o Desenvolvimento e a componente externa do Plano de Acção da EU para a Biodiversidade para 2010 e Mais Além
Serão implementadas acções através de concursos direccionados, acordos directos, contribuições directas para fundos multi-doadores, assim como ofertas de serviços. As acções podem incluir criação de capacidades, monitorização e avaliação de tendências, consciencialização, apoio estratégico para a integração da biodiversidade e implementação de planos de acção nacionais para a biodiversidade regional/sub-regional, análise e monitorização de informação, e a criação de um programa de pequenos fundos em apoio de iniciativas da comunidade, sociedade civil e povos autóctones em países em desenvolvimento. Estudo sobre a exequibilidade da implementação do apelo do Tribunal de Auditores para um financiamento a longo-prazo dos projectos sobre biodiversidade.
Incremento do número e qualidade dos programas nacionais e regionais para 2010-13, direccionados para questões sobre biodiversidade.
30,6
Acções prioritárias identificadas na Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD)
O programa irá focar, inter alia, acções relacionadas com: Governação de recursos naturais, nomeadamente política / reforma sobre a posse da terra e conflitos relacionados com terras, integração de questões relacionadas com terras áridas, sobretudo a questão da gestão sustentável dos solos, nos planeamentos nacionais de desenvolvimento; Promoção de práticas e meios de subsistência inovadores e alternativos do ponto de vista da sustentabilidade das terras; Promoção da gestão sustentável de terras pastorícias em países em desenvolvimento; Se for alcançado o acordo no processo de reforma da UNCCD, poderá ser dado apoio à sua implementação; Iniciativas para melhorar a avaliação da degradação dos solos, em apoio a operações da UNCCD e seus fundamentos científicos. O ênfase destas acções irá localizar-se nas iniciativas de nível local, incluindo a criação de capacidades das várias partes interessadas. Serão implementadas acções através de concursos, abordagens direccionadas, contribuições directas para fundos e ofertas de serviços.
Em países seleccionados: Tendências em percentagem de terras agrícolas produtivas; Rácio perda de nutrientes/ aplicação de nutrientes (equilíbrio de nutrientes no solo) perda percentual de matéria orgânica; Agricultores que usam conservação do solo / práticas de gestão das terras; Prioridades de Gestão Sustentável das Terras (SLM) nos planeamentos nacionais de desenvolvimento, etc.; Percentagem do orçamento nacional para SLM; Número de PRSP/pós-2010 CSP para países relevantes que incluam o apoio à população em zonas áridas como um assunto específico.
17,7
prioridade actividadesindicadores de
desempenHo propostos*
totaL indicativo 2007-2010
miLHões de euros
146 147
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Florestas
O programa irá apoiar actividades que influenciem o desenvolvimento de políticas nacionais, regionais ou internacionais que afectem florestas e promovam a aprendizagem de experiências entre decisores. As prioridades temáticas específicas serão estabelecidas anualmente e irão realçar sinergias através dos países e regiões. As actividades poderão incluir: acções relacionadas com a gestão sustentável das florestas para a conservação da biodiversidade das florestas e o combate à desflorestação; direitos locais e dos povos autóctones; que encorajem o investimento do sector privado no SFM; desenvolvam estratégias financeiras e políticas fiscais inovadoras; criação de capacidades, monitorização de recursos e tendências.
Diálogos políticos sobre florestas que se influenciaram e novas políticas adoptadas. Estratégias e processos de planeamento nacional que incorporam objectivos de gestão e conservação de florestas e novas políticas fiscais. Número de workshops e seminários para a partilha de resultados através de regiões. Resultados de investigação usados para diálogos políticos e implementação de práticas.
71,8
Cumprimento de standards ambientais (para produtos e processos de produção)
Mobilização de ajuda a produtores em países/ regiões em desenvolvimento no cumprimento de requisitos ambientais, através de abordagens direccionadas.
Número de standards tornados mais operacionais, e número de países em que isso se aplica.
2,6
Pescas e recursos marinhos/ costeiros
As actividades poderão incluir análises de sector e desenvolvimento de estratégias para a governação das pescas e a sua gestão sustentável a uma escala regional, incluindo iniciações de abordagens centradas nos ecossistemas, criação de capacidades, consciencialização e promoção da colaboração internacional através de contribuições para organizações globais e regionais.
Número de actividades para a criação de capacidades e consciencialização. Número de abordagens centradas nos ecossistemas direccionadas para a gestão das pescas.
6,4
Químicos, resíduos e consumo sustentável
As actividades irão centrar-se na implementação de planos de acção internacionais destinados a fazer a ligação entre químicos, a gestão de resíduos e a erradicação da pobreza e ajuda aos países em desenvolvimento e economias emergentes na implementação de padrões sustentáveis de produção e consumo (SCP). As actividades irão ser levadas a cabo através de call for proposals e através de acordos directos com os respectivos secretariados e processos internacionais reconhecidos.
Número de eventos SCP. Progressos feitos para uma forte gestão de químicos até à próxima Conferência Internacional sobre Gestão de Químicos. Aumento do número e qualidade de CSP e RSP para 2010-13 que se direccionem para questões relacionadas com químicos, resíduos e a produção e o consumo sustentáveis.
15,1
Alterações Climáticas e Biodiversidade em regiões de Política Europeia de Vizinhança (ENPI)
As actividades irão apoiar os Planos de Acção conjuntos, sempre que seja relevante. Apoio à promoção da convergência de políticas sobre o clima com as da UE, incluindo a transposição e a implementação de compromissos e acquis relacionados com o clima. Será dada uma atenção particular a acções relacionadas com a mitigação e a adaptação às alterações climáticas, que tenham ligações com a qualidade e o abastecimento de água na região. Apoio a actividades e projectos-piloto regionais para a implementação dos programas CBD acordados para os principais ecossistemas, nomeadamente marinhos.
Grau de implementação dos compromissos sobre alterações climáticas. Grau de implementação dos programas CBD para os principais ecossistemas.
12,3 dos fundos reservados do ENPI
prioridade 3: melhoria do conhecimento para a integração e a coerência 8,2
Abordagens práticas à pobreza e ao ambiente em novas formas de ajuda (apoio ao orçamento). Integração/ descentralização e coordenação com outras políticas, incluindo investigação
Acções incluirão o fornecimento de um gabinete de apoio para o ambiente, estudos, etc., e apoio para a melhoria da coordenação entre os doadores e as políticas da UE.
gabinete de apoio ambiental em funcionamento, número de estudos levados a cabo, número de novas abordagens aplicadas na prática.
prioridade 4: reforço da governação ambiental e a liderança da ue 38,5
O apoio irá ser providenciado, de modo geral, através de doações directas ou gestão conjunta. Acordos de parceria poderão ser estabelecidos com organizações internacionais e os secretariados das três convenções do Rio. Concurso restritos serão adequados quando existirem vários tipos de especialidade, no caso por exemplo, de apoio à sociedade civil e think tanks (centros de investigação e sensibilização). O apoio à criação de consenso com parceiros-chave de negociação e maior envolvimento de países em desenvolvimento através de acordos directos ou contratos de serviço.
Estabelecimento de parcerias estratégicas, com objectivos definidos, com organizações internacionais. Proporção de decisões em processos multilaterais que estão em sintonia com os objectivos da UE.
prioridade 5: apoio a opções energéticas sustentáveis em países e regiões parceiros e fundo global para a eficiência energética e a energia renovável (geeref)
115,4
As acções poderão incluir: (i) apelos a ofertas ou acordos directos com organizações internacionais, e (ii) concursos que se direccionem, por um lado, para o apoio às políticas, legislação e condições de mercado da energia para o alívio da pobreza em países em desenvolvimento, e, por outro, a política energética sustentável e a convergência regulatória em países vizinhos e parceiros, para o reforço da sua capacidade administrativa na concepção de estratégias e políticas sobre energia sustentável.
Maior número de parceiros GGFR; aumento do uso local de gás. Representação em comités EITI; divulgação transparente de pagamentos e receitas; participação em parcerias e organizações internacionais; número de estudos, redes, medidas. Aumento da procura e usos de energia sustentável; número e resultados de actividades de formação e capacitação; número de pessoas formadas; número de iniciativas de planeamento e regulação da energia; número de planos energéticos desenvolvidos; número de estudos; número e tipo de novos investimentos.
27,2 (DCI). 13,2 (ENPI)
(GEEREF)
Angariação de fundos públicos e privados através de parcerias público-privadas inovadoras; oferta de uma nova partilha do risco e opções de co-financiamento para vários investidores; envolvimento activo na criação e financiamento de sub-fundos regionais; criação de capital de risco a baixo-custo; apoio a projectos e PME de energia renovável e eficiência energética.
Montante de capital privado mobilizado, número de investimentos em energias renováveis financiados; energia fornecida; pessoas abrangidas.
75.0
actual alocação enrtp para 2007-2010, excluindo despesas com gestão administrativa 450,1
prioridade actividadesindicadores de
desempenHo propostos*
totaL indicativo 2007-2010
miLHões de euros
prioridade actividadesindicadores de
desempenHo propostos*
totaL indicativo 2007-2010
miLHões de euros
* Para alguns casos, estes são apenas um esboço de indicadores. Surgirá um conjunto mais refinado de indicadores, como parte da programação de cada Plano de Acção Anual.**As suas quatro componentes são: Europa de Leste, Cáucaso e Ásia Central; Mediterrâneo; América Latina e África.
148 149
Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
3. Análise detalhada da avaliação de candidaturas
3.1 Aspectos que contribuem para o insucesso das propostasAlém dos problemas administrativos, muitas propostas falham na demonstração de relevância
da proposta para os objectivos do programa bem como na demonstração de capacidade por
parte do candidato
Este é um exemplo retirado da análise às candidaturas dos primeiros concursos da Facilidade
para a Água (Water Facility):
NA COMPONENTE A, os principais problemas foram os seguintes:
Ao nível da relevância, não ter demonstrado suficiente apropriação (ownership) por parte
dos actores locais envolvidos na acção. Isto é os actores locais não foram suficientemente
envolvidos na conceptualização e elaboração da proposta.
Muitas candidaturas apresentaram ainda objectivos pouco claros, o que demonstra uma
falta de preparação da matriz lógica de intervenção.
Além destes factos, muitas candidaturas enviaram propostas que apenas se destinavam a
financiar actividades de manutenção e funcionamento de sistemas já em utilização, saindo
do âmbito desta componente.
Ao nível de capacidade, muitas candidaturas demonstraram falta de experiência adequada
na região proposta, ou a nível financeiro ou de actividades, e falta de capacidade dos
parceiros.
NA COMPONENTE B, os principais problemas foram os seguintes:
Ao nível da relevância:
Falta de demonstração do impacte do projecto sobre os ODM relativos ao tema da água.
Falta de identificação clara do número de beneficiários.
Falta de demonstração clara da orientação do projecto para a redução da pobreza.
Fraca exequibilidade.
Falta de qualidade da análise de problemas/ necessidades.
Falta de demonstração de apropriação local.
Ao nível de capacidade:
Muitos candidatos e seus parceiros não demonstraram experiência passada no tipo de
projectos propostos.
NA COMPONENTE C, os principais problemas foram os seguintes:
Relevância:
Falta de ligação com o saneamento básico.
Algumas propostas eram muito técnicas e ao mesmo tempo tinham falta de actividades
de formação, capacitação e participação, o que demonstra problemas no levantamento de
necessidades.
Capacidade:
Falta de experiência na gestão de projectos semelhantes ou da mesma dimensão.
Falta de capacidade financeira para gerir um projecto com o orçamento apresentado.
3.2 Critérios de avaliação das propostasNa apresentação de propostas detalhadas, a avaliação foi feita com os seguintes critérios:
Sustentabilidade, Metodologia e Análise Económica e Financeira
COMPONENTE A
Sustentabilidade
Ao nível da sustentabilidade, vários aspectos são analisados, e devem ser bem considerados
na elaboração da proposta. Alguns desses aspectos são:
• Impacte de longo prazo;
• Ambiente;
• Gestão integrada de recursos hídricos;
• Grupos vulneráveis;
• Capacidade financeira e económica;
• Viabilidade técnica e institucional;
• Efeitos multiplicadores.
Os maiores problemas na avaliação desta componente acabaram por ser a capacidade financeira
e económica, com pouca clareza no modo como as estruturas existentes iriam ter capacidade
para continuar a produzir resultados depois de o projecto terminar, o impacte sobre os grupos
mais vulneráveis e os benefícios futuros do projecto para eles e a sustentabilidade ambiental.
No entanto, todos os outros pontos, tiveram propostas com vários problemas, pelo que se
deve ter em consideração uma análise cuidada de cada um deles.
Metodologia
A análise da metodologia nas candidaturas apresentadas incidiu sobre:
• Actividades apropriadas;
• Coerência do plano de acção;
• Participação de partes interessadas;
• Quadro Lógico e indicadores objectivamente verificáveis;
• Atribuição de responsabilidades;
• Análise de risco.
As propostas não recomendadas para financiamento apresentavam essencialmente
problemas de falta de coerência do plano de acção bem como actividades pouco apropriadas
aos objectivos definidos. Isto resulta de uma fraca elaboração do quadro-lógico onde os
objectivos, resultados e actividades estão mal planeados, os indicadores objectivamente
verificáveis não são apropriados e a análise de risco é limitada, não prevendo acções para
mitigar os riscos.
Análise Económica e Financeira
Aqui, os principais problemas foram a falta de detalhe económico e financeiro que muitas
vezes resulta de uma fraca participação das partes interessadas no planeamento do projecto.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
COMPONENTE B
Sustentabilidade
A totalidade das candidaturas na segunda fase do concurso teve avaliação positiva nos
critérios: impacte a longo prazo, ambiente e avaliação de opções.
A grande fraqueza foi a falta de atenção dada ao saneamento, não aparecendo nas propostas
ou sendo erradamente substituído por gestão de resíduos sólidos
Metodologia
Nesta componente apenas a distribuição de responsabilidades teve nota positiva. Todas
as outras componentes de avaliação tiveram, genericamente, maus resultados, fruto da
fraca estruturação dos projectos que resultaram em maus quadros-lógicos e indicadores
desadequados. A grande maioria dos projectos apresentava falhas na análise de partes
interessadas e muito fraca participação dos beneficiários bem como uma má análise de risco.
Análise Económica e Financeira
Um grande número de propostas falhou nesta componente de análise.
O retorno financeiro dos investimentos raramente foi considerado; muitas vezes não foi
explicitada a capacidade de alavancagem do financiamento; a justificação da necessidade
de financiamento muitas vezes não era clara e a contribuição dos beneficiários raramente
foi considerada.
COMPONENTE C
Sustentabilidade
Os grandes problemas nesta componente foram:
Capacidade de funcionamento e manutenção apresentadas de forma pouco clara;
Componente ambiental pouco aprofundada;
Ligação com actividades de saneamento pouco claras ou inexistentes;
Promoção da higiene muitas vezes não incluída;
Pouca preocupação com a gestão das estruturas, já que muitas vezes, por se tratar de
projectos de pequena dimensão, os promotores não se sentiram na obrigação de considerar
este aspecto.
Metodologia
Embora exista nesta componente uma boa presença e análise dos beneficiários e partes
interessadas, a maioria das propostas apresentaram fragilidades na lógica de intervenção
apresentada, reflectindo-se num quadro-lógico mal estruturado, com uma fraca relação entre
objectivos, resultados e actividades, indicadores desadequados e análise de risco pouco profunda.
Análise Económica e Financeira
• Desajustamento entre número de beneficiários ao longo dos vários documentos do
processo;
• Custo para os beneficiários e viabilidade destes pagamentos muitas vezes não
considerado;
• Análise de eficácia e eficiência da proposta muitas vezes não incluídas;
• Fraco poder de alavancagem em propostas com apenas um parceiro ou co-financiador.
4. Lista de Projectos CPLP – Water Facility
A lista dos projectos aprovados nos dois concursos abertos até agora, nos países da CPLP foi
a seguinte:
país de intervenção
nome do candidato
títuLo do projecto
co-financiador
componentecusto totaL
eLegíveL
contribuição ue
Angola UNICEF
Redução da mortalidade infantil e aumento da frequência escolar pela melhoria do acesso a água e saneamento em comunidades rurais de Angola
UNICEF C 4.991.796 € 3.743.847 €
AngolaGoverno da Província do Kwanza Sul
Abastecimento de água e saneamento para as comunidades rurais – província do Kwanza Sul
IPAD B 5.616.045 € 1.700.082 €
AngolaComité d’aide medicale
Projecto de instalação ou renovação do sistema de abastecimento de água e promoção da higiene e saneamento de base em 10 aldeias da província do Uige
Agência Francesa de Desenvolvimento AQUASSISTANCE
C 851.433 € 516.965 €
Cabo VerdeInstituto Marquês Valle Flor
Projecto de abastecimento de água e eco-saneamento para a Ilha do Maio
C 812.468 € 609.351 €
Guiné-BissauCruz Vermelha Espanhola
Melhoria das infra-estruturas de água potável e saneamento nas regiões rurais de Oio, Caheu e Bafatá
C 543.000 € 407.250 €
Guiné-BissauMédicos do Mundo
Projecto integrado de água, saneamento e higiene em escolas da região do Biombo
C 1.798.028 € 1.347.021 €
MoçambiqueFundação Aga Khan
Projecto de abastecimento de água e saneamento
CIDA – Canada C 2.200.000 € 1.600.000 €
Moçambique UNICEF
Melhoria das condições de vida nas zonas rurais pelo acesso sustentável a água potável e a infra-estruturas de higiene e saneamento
B 5.994.194 € 2.997.082 €
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Moçambique FAO
Planeamento estratégico para a gestão da água na agricultura em Moçambique
A 333.904 € 250.404 €
Moçambique
Fundo de Investimento e Património do Investimento de Água
Projecto de abastecimento de água para Maputo
BEIAFDFMO
B 76.000.000 € 25.000.000 €
Moçambique Wateraid
Aumento do acesso a água potável, saneamento e promoção da higiene para os pobres urbanos residentes no distrito 4 da cidade de Maputo
C 1.720.542 € 1.290.407 €
Moçambique
Directorado Nacional das Águas de Moçambique
Programa de implementação e gestão sustentável de 5 pequenos sistemas de abastecimento na província de Inhambane
Ministério do Ambiente e do Território – Itália?
B 5.300.000 € 2.650.000 €
MoçambiqueCruz Vermelha Internacional
Projecto de abastecimento de água, saneamento e promoção da higiene em Nampula
Cruz Vermelha Norueguesa e Cruz Vermelha Finlandesa
C 2.098.493 € 1.548.688 €
Moçambique Interaide
Acesso sustentável a água potável, saneamento básico e reforço das práticas de higiene em 3 distritos rurais da Província de Nampula
Agência Francesa de Desenvolvimento
C 2.595.366 € 1.893.437 €
São Tomé e Príncipe
Ministério dos Recursos Naturais e Meio Ambiente
Estratégia, coordenação e programação no sector da água e saneamento em São Tomé e Príncipe
A 1.377.559 € 1.033.169 €
Foram recebidas 796 propostas, das quais 296 de órgãos do Estado. Total dos projectos:
5,012 mil milhões Euros; total das solicitações: 2,763 mil milhões Euros.
As propostas cobriam três áreas
A. Melhoria da gestão e governação da água – correspondeu a 25% das propostas; 11% dos
fundos totais dos projectos, 13% do total dos pedidos de financiamento.
B. Infra-estrutura de água e saneamento – correspondeu a 35% das propostas; 78 % dos
fundos totais dos projectos, 73% do total dos pedidos de financiamento.
C. Iniciativas da Sociedade Civil – correspondeu a 38% das propostas; 11% dos fundos totais
dos projectos, 14% do total dos pedidos de financiamento.
5. Lista de Projectos CPLP – Facilidade para a Energia
A lista de Projectos aprovados na CPLP no primeiro concurso é a seguinte:
país nome do candidato títuLo do projecto
Cabo Verde Agua de Ponte Preta, LdaServiço Energético Sustentável para populações rurais isoladas mediante micro-redes com energias renováveis na Ilha de Santo Antão
Guiné-Bissau Direcção Geral de Energia Projecto multissectorial de reabilitação de infra-estruturas
Guiné-Bissau Acção para o Desenvolvimento Promoção do acesso a fontes de energia modernas na Guiné-Bissau
Moçambique Fundo de Energia Electrificação da comunidade de Majana
Moçambique Fundo de EnergiaMelhoria do acesso a serviços energéticos em áreas rurais através da aplicação de sistemas fotovoltaicos
MoçambiqueDirecção de Engenharia de Predes – EDM
Electrificação das capitais distritais de Tete
Moçambique Electricidade de Moçambique Electrificação rural na província de Cabo Delgado
Moçambique Electricidade de Moçambique Electrificação rural dos distritos de Chibabava e Buzi na província de Sofala
Moçambique Ministério da Energia Capacitação em planeamento e gestão energética
MoçambiqueConsejo Interhospitalario de Cooperacion
Rede de centros de serviços energéticos básicos alimentados com sistemas fotovoltaicos baseados na melhoria dos serviços sociais básicos e no desenvolvimento de capacidades locais e auto-gestão energética para comunidades rurais isoladas de Moçambique
Dados estatísticos do primeiro concurso:
• 307 candidaturas, das quais 23 entregues fora do prazo e 54 com falhas administrativas;
• 230 projectos foram avaliados;
• 169 aceites para avaliação detalhada;
• 91 passaram esta avaliação;
• 80 passaram a análise de elegibilidade;
• 75 projectos aprovados para co-financiamento.
Ainda não existe uma análise detalhada dos principais problemas das candidaturas deste
concurso.
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Manual de ProcediMentos Para elaboração de Projectos de cooPeração
Ficha Técnica
TítuloManual de Procedimentos para a Elaboração de Projectos de Cooperação
EdiçãoDepartamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional
Data de EdiçãoAbril de 2009
DesignIdeasign
ImpressãoDigital XXI
Tiragem250 exemplares