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SISTEMAS DE PRODUÇÃO ANIMAL E IMPACTOS AMBIENTAIS Arnaldo A. Dias da Silva Prof. Catedrático CECAV – UTAD, Apartado 1013, 5001 – 801, Vila Real, Portugal [email protected]

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SISTEMAS DE PRODUÇÃO ANIMAL E IMPACTOS AMBIENTAIS

Arnaldo A. Dias da SilvaProf. CatedráticoCECAV – UTAD, Apartado 1013, 5001 – 801, Vila Real, Portugal

[email protected]

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SISTEMAS DE PRODUÇÃO ANIMAL E IMPACTOS AMBIENTAIS

���� Hoje como sempre, toda a produção de alimentos gera impactos ambientais

���� Há muitos milhões de pessoas subalimentadas e o crescimento da população

mundial é contínuo

���� As pessoas têm o direito de incluir na sua dieta proteínas de origem animal se

for essa a sua vontade

���� Os recursos para produzir alimentos são finitos

↓↓

���� A melhoria contínua da eficiência dos sistemas de produção e a minimização

dos impactos ambientais é única atitude responsável e lógica

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���� Os consumidores tendem a considerar as práticas tradicionais de produção mais amigas do ambiente e dos animais do que as práticas modernas.

���� O quadro legislativo que regula esta matéria sensível teve um crescimento enorme nos últimos 20 anos na União Europeia.

���� A abordagem destes assuntos ganhou espaço próprio nos programas escolares e nos meios de comunicação.

���� O contraponto entre os modos de produção tradicionais dos “bonsvelhos tempos” e a “indústria de produção animal” dos dias de hoje na imprensa e na televisão.

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“Criação tradicional de frangos numa quinta. Durante o dia vivem em liberdade e sãorecolhidos à noite. Alimentam-se de minhocas, insectos e ainda de grãos de milho ede água fornecida pelo ser humano”. (2001)

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“Criação de frangos em aviário. Vivem fechados em compartimentos e alimentam-se através degoteiras situadas à sua frente. Ao alimento artificial são adicionados hormonase antibióticos”.

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���� Tem suporte científico toda a regulamentação existente nesta matéria?

���� Ou a legislação é feita para ir de encontro à sensibilidade dominante dos

consumidores num dado momento?

���� As políticas de sustentabilidade e de competitividade de produção animal na

EU têm como suporte, de modo inequívoco, conhecimento científico prévio?

���� Ou fixam-se primeiro as políticas em resultado de interesses de grupos de

pressão influentes e procura-se depois a conveniente cobertura científica?

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Um exemplo(7º Programa Quadro da EU)

Tópico de investigação: Sustainable organic and low-input dairy production

Justificação:

“A sustentabilidade destes sistemas está neste momento muito dependente da utilização de raças convencionais de elevada produtividade e de práticas de

maneio típicas dos sistemas “intensivos”. O projecto permitirá o desenvolvimento de estratégias inovadoras para a produção orgânica de leite e de baixos “inputs”

no sentido de optimizar a sua competitividade num quadro de produção

sustentável e rentável…”

Podemos considerar esta justificação cientificamente séria e sem sombra de ambiguidades do ponto de vista conceptual?

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���� A metodologia de análise dos impactos ambientais – LCA (Análise do Ciclo de Vida)

���� Avaliação simultânea das várias categorias de impactos ambientais em todos os processos envolvidos na obtenção de um produto (bem alimentar) incluindo a utilização de recursos (terra, água, combustíveis) para a sua produção.

���� Unidade Funcional (UF) de expressão dos impactos: a unidade de massa do produto à saída da exploração pecuária.

���� Principais categorias de impactos ambientais:- Acidificação- Eutrofização- Aquecimento global- Toxicidade- Utilização de recursos- ………………..

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Exemplo 1 (Williams et al., 2006) – Alguns parâmetros do modelo:

���� Nível de produção das vacas (kg leite/ano)■ em modo orgânico de produção: 4000 (B), 5000(M), 6000(A); (B: M: A –

25:55:20)■ em modo convencional de produção: 5500, 6500, 8000; (B: M: A –

25:55:20)■ em modo convencional + de produção: 5500, 6500, 8000; (B: M: A –

0:40:60)

���� Regime alimentar (% MS)■ em modo orgânico de produção: concentrado (C) 10 – 20, pastagem (P) 40

– 45,silagem de erva (SE) 40 – 45.■ em modo convencional de produção: C 25, P 30, SE 23 – 45, silagem de

milho 0 – 23

���� Excreção de N (kg/vaca)■ em modo orgânico de produção: 64 – 72■ em modo convencional de produção: 76 – 100

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Exemplo 1 (Williams et al., 2006) – Alguns parâmetros do modelo:

���� Excreção de metano (kg/vaca/ano)

■ em modo orgânico de produção: 119 – 143

■ em modo convencional de produção: 101 – 150

���� Potencial de aquecimento global (GWP) dos gases com efeito de estufa (GHG) –

kg equivalentes de CO2:CO2 : 1; CH4 : 21; NO2 : 310

���� Potencial de eutrofização (EP) – expresso em kg equivalentes de PO43-

(78 a 97% resulta da volatilização de NH3; de Boer, 2003)

���� Potencial acidificação (AP) – expresso em kg equivalentes de SO2

(NH3, NO3- e PO4- são os principais compostos responsáveis; de Boer, 2003)

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Impactos e Recursos Sistema convencional Sistema convencional + Produção orgânicaEnergia primária, MJ 2 520 2 420 1 560GWP100, kg equiv. CO2 1 060 1 020 1 230EP, kg equiv. PO4

3- 6,3 6,0 10,3AP, kg equiv. SO2 16,2 15,9 26,4Perdas de N

NO3- - N, kg 7,1 6,5

11,7NH3 – N, kg 4,0 3,9 6,3NO2 – N, kg 0,71 0,66 0,76Área, ha por 1000 kg leite 0,119 0,114 0,198

Quadro 1. Impactos ambientais de sistemas alternativos de produção de leite (valores por 1000 kgde leite; adaptado de Williams et al., 2006)

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Figura 1. Variação das necessidades diárias em Energia Metabolizável de vacas leiteiras (650 kg,

3,69% de gordura) em função da produção de leite (Capper et al., 2009).

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���� Importância relativa do consumo de energia primária

■ Sistema convencional – 2 520 MJ � 700 kWh �175 kg CO2 (gasóleo), 133 kg CO2 (gás natural) ou 119 kg CO2 (electricidade)

Energia primária/GWP100 Mínimo: 1 060/175 = 6,1 Máximo: 1 060/119 = 8,9

■ Produção orgânica – 1 560 MJ �433 kWh �108 kg CO2 (gasóleo), 82,3 kg CO2 (gás

natural) ou 73,6 kg CO2 (electricidade)

Energia primária/GWP100 Mínimo: 1 230/108 = 11,4 Máximo: 1 230/73,6 = 16,7

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Impactos e Recursos Sistema convencional Sistema convencional + Produção orgânicaEnergia primária, MJ 21 176 21 218 7 879GWP100, kg equiv. CO2 8 908 8 947 6 212EP, kg equiv. PO4

3- 52,9 52,6 52,0AP, kg equiv. SO2 136,1 139,5 133,3Perdas de N

NO3- - N, kg 59,7 57,0

59,1NH3 – N, kg 33,6 34,2 31,8NO2 – N, kg 6,0 5,8 3,8kg leite ha-1 8 403 8 772 5 050

Quadro 2. Impactos ambientais de sistemas alternativos de produção de leite (valores por ha; adaptado de Williams et al., 2006).

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kg N ano-1

Produção vaca-1 ano-1 (kg)

7 000 (A) 9 000 (B) 11 000 (C)N ingerido 145 167

187N leite (+vitelo) 41 (28,3%) 51 (30,5%)

61 (32,6%)N fecal 49 55

60N urinário 55 61

66N excretado/t leite 14,9 12,9

11,5Teores em PB das dietas em lactação: 15,0, 15,5 e 16% (MS) para A, B e C, respectivamente; teor em PB da dieta durante o período seco: 13,5% (MS).

Quadro 3 . Efeito do potencial de produção na excreção de N por tonelada de leite.

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� Directiva 91/676/UE (20.12.2002)

■ Quantidade limite de N proveniente das excreções animais aplicável porhectare:

170 kg ano-1

� Recomendações do teor em P na dieta para vacas leiteiras:

■ Até 9 000 kg leite vaca-1 ano-1: 0,30 – 0,38

■ Acima de 9 000 kg leite vaca-1 ano-1: 0,30 – 0,40

(Jesse Goff, 2004)

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Figura 2. Variação do número de vacas nos EUA e da sua produção média anual entre 1944 e

2007 (Capper et al., 2009).

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Figura 3. Variação da produção de leite anual nos EUA entre 1944 e 2007 (Capper et al., 2009).

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Variável 1944 2007Leite total produzido, x 109 kg 53,1 84,2Animais, n Recursos por 106 toneladas de leite produzidoVacas em lactação, x 103 414,8 93,6Vacas secas, x 103 67,4 15,2Novilhas, x 103 429,2 90,3Reprodutores adultos, x 103 19,29 1,31

Reprodutores jovens, x 103 17,17 1,08

População total, x 103 948 202 (21,3%)

Área agrícola, ha x 103 1 705 162 (9,5%)Água, L x 109 10,76 3,79 (35,2%)

Quadro 4. Recursos necessários para a produção de leite nos EUA em 1944 e 2007 (Capper et al

2009).

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Variável 1944 2007Leite total produzido, kg x 109 53,1 84,2

Excreções por 106 toneladas de leite produzido

Azoto, kg x 106 17,47 7,91 (45,3%)

Fósforo, kg x 106 11,21 3,31 (29,5%)

Fezes+Urina, kg x 109 7,86 1,91 (24,3%)

Metano, kg x 106 61,8 26,8 (43,4%)

Óxido nitroso, kg x 103 412 230 (55,8%)

Quadro 5 – Excreções geradas pela produção de 106 toneladas de leite nos EUA em 1944 e em 2007 (Capper et al., 2009)

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Variável 1995 2005 2015

(referência)Leitões desmamados porca-1 ano-1 20,6 26,09 28,7Alimento porca-1 ano-1, kg - 1318 -Peso vivo ao abate, kg 105 105 105Mortalidade na fase de acabamento, % - 4,0 -Mortalidade das porcas, % - 14,1 -Índice de conversão até aos 30 kg PV - 1,81 -Índice de conversão até aos 105 kg PV 3,04 2,67 2,40

Quadro 6 . Produtividade física da produção suína convencional nos 3 cenários considerados porDalgaard et al.,(2007)

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Recursos 1995 2005 2015Cevada, kg 244 233 214Bagaço de soja, kg 54 31 29Aquecimento (óleo), MJ 24 24 22Electricidade, kWh 20 20 18Produtos

Porco, peso vivo, kg 100 100 100Fezes e urina, kg N 5,0 3,4 3,0Emissões

Amónia, kg NH3 1,4 1,0 0,9Óxido nitroso, g N2O 66,5 46,0 40,0Metano, kg CH4 2,5 2,5 2,5

Quadro 7. Recursos, produtos e emissões de gases nos 3 cenários de produção suína por 100 kpeso vivo de porco (Dalgaard et al., 2007)

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Quadro 8. Impacto ambiental resultante da produção de 1 kg de bagaço de soja e de cevada(grão) à entrada de um unidade de produção suína na Dinamarca.

Bagaço de soja CevadaReferência Dalgaard et al., 2007 www.LCAfood.dkPaís de origem Argentina DinamarcaMeio de transporte Navio: 9 980 km; Camião: 850 km Camião: 50 kmGWP100, g equivalentes CO2 934 694

EP, g equivalentes NO3- 0,7

53,4AP, g equivalentes SO2 4,8 5,9

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Tipo de ImpactoCenários

Produção orgânica *

1995 2005 2015GWP100

kg equivalentes CO2 4,3 3,6 3,4 3,8 - 4,4EPg equivalentes NO3

- 380 232 208 357 – 505APg equivalentes SO2 64 45 41 68 – 81

* (Halberg et al., 2007)

Quadro 9. Impactos ambientais da produção de 1 kg de carne de porco (carcaça) em modos deprodução convencional e orgânica (Dalgaard et al., 2007)

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Figura 4. Comparação do potencial de aquecimento global (GWP100), do Potencial deEutrofização (EP) e do Potencial de Acidificação (AP) em 3 cenários de produção.

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Produção de carne de porco – Cenário 2005 (Dalgaard et al., 2007)

Categorias de Impacto

���� Potencial de aquecimento global

Gases com efeito de estufa: N2O (44%), CH4 (32%) e CO2

(20%)

Origem: cevada (56%; N2O), instalações animais (25%; CH4)

���� Potencial de eutrofização

Compostos: NO3 (62%) e NH3 (32%)

Origem: cevada (53%), aplicação das excreções no solo (27%), instalações animais (20%)

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SISTEMAS DE PRODUÇÃO ANIMAL E IMPACTOS AMBIENTAIS

Produção de carne de porco – Cenário 2005 (Dalgaard et al., 2007)

Categorias de Impacto

���� Potencial de acidificação

Composto: NH3 (84%)

Origem: instalações animais (54%), cevada (38%)

[O transporte em navio do bagaço de soja da Argentina para a Dinamarca (9 980 km) teve um

impacto reduzido (4,5%)]

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Impactos e Recursos

Modo de ProduçãoConvencional * Orgânico * 100%

vacas de ventre

(não orgânico)GWP100kg equivalentes CO2 15 800 18 200 25 300EPkg equivalentes PO4

3- 157 326 257APkg equivalentes SO2 469 711 708Energia primária, MJ 27 800 18 100 40 700Superfície necessária(ha) 2,30 4,21 3,85

Quadro 10. Impactos e recursos para a produção de 1 000 kg de carcaça de bovino (Williams et

al., 2006)

* Estrutura mista do efectivo reprodutor (vacas leiteiras + vacas de ventre)

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Impactos e Recursos

Modo de ProduçãoConvencional Ar livre – orgânico Ar livre -

não

orgânico GWP100kg equivalentes CO2 4 570 6 680 5 480EPkg equivalentes PO4

3- 49 86 63APkg equivalentes SO2 173 264 230Energia primária, MJ 12 000 15 800 14 500Superfície necessária(ha) 0,64 1,40 0,73

Quadro 11. Impactos e recursos para a produção de 1 000 kg de carcaça de frango (Williams et

al., 2006)

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Impactos e Recursos

Modo de ProduçãoConvencional Ar livre – orgânico Ar livre –

não(100% em baterias) orgânicoGWP100

kg equivalentes CO2 5 250 7 000 6 180EPkg equivalentes PO4

3- 75 102 80APkg equivalentes SO2 300 344 312Energia primária, MJ 13 600 16 100 15 400Superfície necessária(ha) 0,63 1,48 0,78

Quadro 12. Impactos e recursos para a produção de 20 000 ovos (Williams et al., 2006

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Conclusões

� As formas extensivas de produção animal aumentam os impactosambientais e exigem muito maior superfície agrícola por unidadede produto animal obtido.

� A produção extensiva de herbivoros, em particular de ruminantes, em muitas zonas do mundo é a melhor forma de proteger os solos,a paisagem, a biodiversidade e de valorizar recursos vegetaisfibrosos.

� A gestão dos efluentes pecuários de acordo com as boas práticaszootécnicas e agronómicas é absolutamente indispensável paraevitar fenómenos de eutrofização e de acidificação.

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Conclusões

� A investigação científica orientada para melhorar a eficiência dos processos de produção tem de ser prioritária.

� As orientações a seguir nas políticas de produção de alimentos àescala regional e global devem basear-se em conhecimentocientífico e não em preconceitos ideológicos