48 retratos

Post on 09-Mar-2016

244 Views

Category:

Documents

0 Downloads

Preview:

Click to see full reader

DESCRIPTION

48 Retratos

TRANSCRIPT

48 Retratos

A exposição "48 Retratos" pretende dialogar directamente com a célebre série de pinturas com o

mesmo nome, do artista Gerhard Richter. Os 48 retratos de Richter foram realizados em

1971/72 e apresentados pela primeira vez em 1972 no pavilhão da Alemanha, na Bienal de

Veneza. Trata-se de 48 pinturas de média dimensão (70x55cm) a preto e branco, retiradas de

imagens de enciclopédia. Representam 48 intelectuais europeus e americanos: filósofos,

escritores, músicos, cientistas.

Richter faz um processo de levantamento histórico. Mas esta espécie de índex enciclopédico em

pintura é também um olhar muito pessoal e subjectivo sobre o que o autor considerou serem as

figuras influentes, na sua maioria personagens do séc. XIX e todos eles homens e brancos. Há

segundo Benjamin, H. D. Buchloh e Robert Storr*, como que uma procura por parte do pintor de

uma espécie de autoridade paternal histórica.

A exposição que se apresenta na Arte Contempo é composta por 48 pinturas de pequena

dimensão (16x24cm). São representações de pessoas incógnitas retiradas de fragmentos de

imagens encontradas na internet. Estes diferentes “retratos” têm em comum a percepção de uma

dada actividade, uma forma involuntária de “índex” de diferentes personagens sociais. Todas

elas estão camufladas por aparatos, máscaras ou objectos que dificultam a sua identificação

individual. A conversão em pintura destes personagens indiferenciados tem a vantagem de

convocar, por um lado, a frágil concepção de “actor social” na sociedade contemporânea e, por

outro, apontar a natureza superficial de todas as categorizações sociais, em processo aberto de

discussão. Assim, à convocação de um processo aleatório na selecção das figuras pintadas, por

antinomia às escolhas de Richter, procura-se evidenciar a relatividade do legado das grandes

figuras históricas, por contraponto a uma sociedade em mudança e sobre a qual pouco sabemos.

A segunda parte da exposição é composta pela vídeo-animação 48 Retratos de Gerhard Richter.

Trata-se de uma projecção vídeo de um fragmento retirado de uma fotografia do próprio

Gerhard Richter nos anos 70. Nele, Richter interpela-nos com uma mão pronta a disparar uma

máquina fotográfica. A repetição 48 vezes (2 segundos de vídeo) desta mesma imagem pintada,

procura explorar e realçar o efeito surgido das inevitáveis pequenas diferenças que existem entre

“fotogramas”.

Esta proposta pretende estabelecer ligações com a obra de Richter, bem como com as ideias que

lhe são (foram) associadas, de poder, de fama, de autoridade. O diálogo sugerido com esta obra

em particular é também um diálogo com uma tradição maior: o retrato enquanto categoria, com

história e genealogia próprias. Constante é a vontade de colocar em perspectiva o retrato

enquanto representação dos traços específicos que formam a individualidade de uma pessoa.

Propõe-se aqui o movimento contrário: representar a perda da individualidade num momento

muito particular da nossa história.

* Benjamin, H. D. Buchloh em 1996 no texto: Divided Memory and Post-Traditiona l Identity: Gerhard Richter's Work of Mourning,

e mais tarde em 2 002 Robert Storr no Segundo capitulo do texto: Gerhard Richter : Forty Years of Paint ing, apontam para esta leitura.

48 Retratos, óleo s/mdf, 48 peças, 16x24cm cada

#1

#2

#3

#4

#5

#6

#7

#8

#9

#10

#11

#12

#13

#14

#15

#16

#17

#18

#19

#20

#21

#22

#23

#24

#25

#26

#27

#28

#29

#30

#31

#32

#33

#34

#35

#36

#37

#38

#39

#40

#41

#42

#43

#44

#45

#46

#47

#48

Gerhard Richter #48, óleo s/papel 16x24cm

48 Retratos de Gerhard Richter, vídeo-animação 2 segundos, loop

top related