já comeu sua vacina hoje? esta questão será comum num futuro muito próximo. alimentos...

Post on 17-Apr-2015

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Já comeu sua vacina hoje?

Esta questão será comum num futuro muito próximo. Alimentos geneticamente

modificados irão dar conta da vacinação que, hoje, ainda é

dolorida.

Um dos principais avanços da medicina no último século foi a introdução das vacinas, que fizeram milagres reais contra

as doenças infecciosas. Mortes por sarampo, poliomielite ou tétano

passaram a ser objeto de estudo de historiadores.

Entretanto, mesmo após décadas e milhares de

campanhas de vacinação, mais de 30% das crianças de

todo o mundo não têm acesso às vacinas mais

importantes: contra difteria, tuberculose, tétano e pólio.

No início da década de 1990, Charles Arntzen, achou que a

solução talvez fosse a de preparar alimentos

geneticamente modificados, capazes de produzir vacinas. Bananas, batatas ou tomates que, ao serem consumidos,

estariam provindo o organismo com as inoculações necessárias.

As vantagens seriam enormes: as plantas poderiam crescer no local onde fossem necessárias,

sem muitos custos. Os problemas logísticos,

econômicos e políticos, comumente relacionados à

distribuição normal de vacinas, também seriam minimizados.

E, ainda, estas vacinas não requereriam seringas que,

além de serem caras e causarem medo, podem ser

contaminadas.

Cientistas já fazem plantas com vacinas

Após 10 anos de estudos e testes (inclusive em humanos), os resultados são promissores: as vacinas comestíveis podem

funcionar.

Entretanto, há ainda um pouco de receio dentre a

comunidade científica: existe a especulação de que estas vacinas poderiam suprimir a autoimunidade - fazendo com

que as defesas do corpo ataquem, por engano, células

sadias.

Ao detectar a presença de um organismo estrangeiro em

uma vacina, o sistema imunológico se comporta

como se o organismo estivesse sob ataque de um potente antagonista. Várias forças são mobilizadas para

encontrar e destruir o invasor.

Novas proteínas são codificadas - os antígenos - em função do tipo do

invasor. Mesmo após finda a "batalha", certas células de

"memória" permanecem na corrente sanguínea, alertas, capazes de

identificar novamente este invasor e codificar o antígeno correto.

A sociedade e boa parte da comunidade científica temia

que, no caso das vacinas clássicas, os

microorganismos desativados, de alguma forma, ressuscitassem e

provocassem as doenças que deveriam evitar.

Por isso, os fabricantes passaram a produzir as

chamadas "sub-unidades", que são apenas as proteínas antígenas, divorciadas dos

genes patológicos.

Entretanto, estas novas vacinas são bastante caras, pois sua

produção é bastante requintada: envolve a cultura de bactérias ou

células animais, devem ser purificadas e sempre necessitam de ser refrigeradas. Estas vacinas

devem sempre ser injetadas na corrente sanguínea, pois são

denaturadas pelo suco gástrico.

Esta mesma técnica está sendo aplicada

nas vacinas comestíveis. A

grande vantagem é que não necessitam

ser refrigeradas, pois o alimento protege as

proteínas da degradação.

Desde o início das pesquisas com vacinas em alimentos, os

pesquisadores desconfiavam que estas vacinas também teriam ação

sobre a imunidade mucosal.

Vacina contra diarréia

Muitos agentes patológicos entram no corpo via nariz, boca ou órgãos genitais; a

primeira defesa do organismo é uma série de membranas

mucosas, localizadas nestas regiões.

As vacinas injetáveis, em geral, não estimulam a defesa

mucosal; as vacinas comestíveis, teoricamente, deveriam ser mais ativas

nesta imunidade, pois entra em contato íntimo com a

mucosa do intestino.

Em 1995, Arntzen conseguiu obter plantas de tabaco que

produziam uma proteína antígena para o vírus da

hepatitis B; testou em ratos e estes se tornaram imune à

doença.

William H. R. Langridge obteve tomates e batatas com

vacinas para as três principais causas da diarréia

Arntzen foi o primeiro cientista a testar vacinas comestíveis em

pessoas. Em 1997, vinte voluntários comeram batatas não cozidas, contendo a sub-unidade B da toxina da E. coli. Todos apresentaram estímulos

das imunidades sistêmica e mucosal.

O mesmo grupo comeu outras batatas, contendo vacina contra

o Norwalk vírus; 19 dos vinte tiveram resultados positivos.

Humanos já testaram as vacinas comestíveis

Estes resultados parecem deixar claro que as vacinas comestíveis

são, de fato, eficazes. A comunidade científica vê com bons olhos e vários órgãos de saúde pública, como a NIH e a Unicef, já investem bastante

dinheiro nesta área.

Dentre os obstáculos, está a escolha das plantas corretas - e

cada planta apresenta seu próprio desafio. As batatas são

ideais: se propagam rapidamente e podem ser

estocadas por longos períodos. A desvantagem é que devem ser ingeridas sem cozimento, o que

não é uma prática comum.

As bananas não precisam ser cozidas, mas suas árvores levam anos para dar frutos, e estes são

sazonais. Além disso, após colhidas as bananas apodrecem rapidamente.

Por isso, mais plantas tem sido testadas, como alface, cenouras, amendoins, trigo,

milho arroz e soja.

Outra questão: o consumo cotidiano de vacinas poderia

causar um fenômeno conhecido como tolerância oral - o

organismo pode simplesmente passar a desligar suas defesas

contra estas proteínas, se tornando susceptível ao ataque

do agente patológico real.

Além disso, alguns cientistas advertem para o fato de que a

mãe que come o alimento com vacina estaria

indiretamente vacinando o seu filho, quer seja o feto, através da placenta, ou o bebê, pela amamentação.

Existem ainda problemas não científicos: várias empresas

farmacêuticas estão tentando por descrédito na estratégia das vacinas comestíveis, por razões óbvias: o mercado das vacinas injetáveis representa

bilhões de dólares.

No Brasil, ainda há outro problema: parece um absurdo

dizer que teremos como solução vacinas comestíveis, se em várias áreas de nosso país crianças ainda morrem

de fome. Se não chegam alimentos, muito menos

vacinas comestíveis.

A vacinação é uma etapa posterior a do fim da fome. Os programas sociais do

governo na área da saúde têm se mostrado ineficazes:

milhares de crianças morrem anualmente de desnutrição.

O preparo de uma planta-vacina segue alguns passos comuns. O primeiro deles, consiste na exposição das

células da planta às bactérias causadoras da doença. Esta

bactéria contém um gene que a torna imune a ação do

antibiótico.

Após um certo tempo de cultura, um forte antibiótico é adicionado ao meio - todas as

células da planta que não tiverem sofrido transferência genética irão morrer. É uma forma de separar o "joio do

trigo".

A próxima etapa consiste na brotação e enraizamento do callus. Depois, é só plantar e

gerar uma muda.

Fonte: QMCWEB

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