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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE LETRAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS
O USO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DE
HABILIDADES ORAIS EM INGLÊS: UM ESTUDO DE CASO NO CONTEXTO
ACADÊMICO
BELO HORIZONTE
2019
LIVIA DE FARIA TERRA
LIVIA DE FARIA TERRA
O USO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DE
HABILIDADES ORAIS EM INGLÊS: UM ESTUDO DE CASO NO CONTEXTO
ACADÊMICO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Estudos Linguísticos da
Faculdade de Letras da Universidade Federal
de Minas Gerais como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Linguística
Aplicada.
Área de Concentração: Linguística Aplicada
Linha de pesquisa: Linguagem e Tecnologia
Orientadora: Profᵃ. Drᵃ. Vera Lúcia Menezes
de Oliveira e Paiva
Belo Horizonte
Faculdade de Letras da UFMG
2019
Ficha catalográfica elaborada pelos Bibliotecários da Biblioteca FALE/UFMG
Terra, Livia de Faria . T323u O uso de tecnologias digitais para o desenvolvimento de
habilidades orais em inglês [manuscrito] : um estudo de caso acadêmico / Livia de Faria Terra. – 2019.
113 f., enc. : il., graf, (color), tabs, (p&b)
Orientadora: Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva.
Área de concentração: Linguística Aplicada.
Linha de Pesquisa: Linguagem e Tecnologia.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Minas
Gerais, Faculdade de Letras.
Bibliografia: f. 93-102.
Apêndices: f. 103-110.
Anexos: f. 111-113.
1. Língua inglesa – Estudo e ensino – Inovações tecnológicas – Teses. 2. Ensino auxiliado por computador – Teses. 3. Tecnologia educacional – Teses. 4. Aquisição de segunda linguagem – Teses. 5. Língua inglesa – Métodos de ensino – Falantes estrangeiros – Teses. I. Paiva, Vera Lúcia Menezes de Oliveira. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Letras. III. Título. CDD: 420.7
Para Klinger e João Lucas
“home is wherever I’m with you”
AGRADECIMENTOS
A escrita de uma dissertação e todo o caminho que é percorrido até que esse trabalho
se concretize não é um empreendimento solitário. A energia necessária para esta jornada é
resultado de um esforço coletivo, não só de quem tem seu nome diretamente envolvido, seja
como autor, orientador ou participante, mas também daqueles que estão ali ao lado, apoiando e
torcendo, mesmo com tantas horas de convívio roubadas em prol da realização de um sonho
que é, esse sim, quase sempre individual. A todos aqueles que generosamente embarcaram
nesse sonho, dedico meu mais sincero agradecimento.
Aos meus alunos do Inglês para Fins Acadêmicos, participantes da pesquisa, sem
os quais este trabalho não seria possível, pela cooperação e paciência.
À minha orientadora, Prof. Dra. Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva, por ter
me acolhido e acreditado no meu trabalho, pela orientação criteriosa e pela autonomia
concedida.
Ao CNPQ, pelo auxílio financeiro que possibilitou a realização deste estudo.
Aos professores do POSLIN, pela inestimável contribuição para minha formação
acadêmica.
À minha supervisora no IFA, Prof. Dra. Bárbara Malveira Orfanó, por ter acreditado
no meu trabalho, por ter me dado autonomia para ensinar, por ser um doce de pessoa com quem
tive o prazer de conviver. Agradeço também pelos apontamentos durante a defesa que tanto
contribuíram para este trabalho.
À minha orientadora de TCC durante a graduação e membro da banca, Prof. Dra.
Patricia Vasconcelos Almeida, pela orientação, pelas contribuições, e por me encorajar a trilhar
este caminho.
Aos funcionários da UFMG, em especial do DRI, pela competência e excelente
atendimento, sempre que dele precisei.
Aos colegas dessa jornada, sejam mestrandos ou doutorandos, pelo apoio, pelas
contribuições, pela parceria e pela presença solidária nos momentos complicados.
Aos amigos, velhos e novos, de longe e de perto, que me apoiaram, torceram, se
orgulharam e nunca me deixaram esmorecer. Ao Ahmed, que sempre acreditou que em mim
quando eu mesma tive dúvidas, e que pacientemente me guiou pelos caminhos obscuros da
matemática e estatística. À Michelle, que vibrou a cada passo e esteve sempre comigo, rindo e
às vezes xingando junto, e que gentilmente contribuiu com a revisão do trabalho. À Flávia, que
me deixou sentar com ela no recreio e foi parceira nas alegrias e dificuldades da vida acadêmica.
Às meninas do grupo MCCD, com quem aprendo todos os dias. Vocês, meus amigos, são
poucos, mas são gigantes na minha vida.
Ao meu filho João Lucas, meus pais e irmãos, pelo apoio e pela torcida.
Por fim, ao Klinger, para quem todas as palavras de agradecimento seriam
insuficientes, pelo amor, respeito e companheirismo, por se orgulhar a cada conquista, e por
não me deixar desistir. Por TUDO, que coloco em maiúsculas porque não saberia colocar em
palavras.
RESUMO
Este estudo de caso tem como objetivo geral investigar a percepção dos estudantes sobre o
desenvolvimento de habilidades orais em uma disciplina de inglês para fins acadêmicos,
buscando identificar como as atividades tecnologicamente mediadas contribuem para o
desenvolvimento dessas habilidades. Os onze informantes, alunos da disciplina, participaram
de duas atividades voltadas para o desenvolvimento das habilidades orais, uma apresentação
oral tradicional, e uma atividade mediada por computador, a produção de um video-pitch, com
o propósito de comparar as experiências e de identificar estratégias de aprendizagem utilizadas,
ganhos obtidos, percepções sobre o feedback dos colegas e sentimentos relacionados à prática
de comunicação oral. Os dados foram gerados a partir de três instrumentos: questionários,
entrevistas semiestruturadas e relatórios reflexivos produzidos pelos participantes.
Fundamentada na teoria sociocultural de Vygotsky, na classificação de estratégias de
aprendizagem e nos estudos sobre influência de emoções na aprendizagem de segunda língua,
a análise dos dados mostrou que a atividade mediada por computador propiciou o uso de
estratégias de aprendizagem mais diversas, com ganhos semelhantes à atividade presencial
tradicional, porém com menor nível de ansiedade. Esses resultados sugerem que as ferramentas
tecnológicas apresentam benefícios complementares às práticas tradicionais voltadas para
desenvolvimento de habilidades orais, propiciando uma experiência mais positiva em que a
aprendizagem, e não o gerenciamento de emoções negativas, é o foco do aluno.
Palavras-chave: CALL; video-pitch; Inglês para Fins Acadêmicos; comunicação oral;
tecnologias digitais.
ABSTRACT
This case study aims to investigate students' perceptions of the development of oral skills in an
English for Academic Purposes course. The study intends to identify how technologically
mediated activities contribute to the development of these skills. Eleven students participated
in two activities aiming to develop oral skills, a traditional oral presentation, and a computer-
mediated activity, a video-pitch production, in order to compare these experiences and identify
the learning strategies applied, the obtained gains, the perceptions about the feedback of
colleagues and feelings related to the practice of oral communication. The data were generated
through three instruments: questionnaires, semi-structured interviews and reflective reports
produced by the participants. Based on Vygotsky's sociocultural theory, second language
learning strategies and studies about the emotions’ influence on second language learning, the
data analysis showed that the computer-mediated activity afforded the use of more diverse
learning strategies, with similar gains obtained in traditional face-to-face activity, with a lower
level of anxiety. These results suggest that the technological tools present complementary
benefits to traditional practices in developing oral skills, providing a more positive experience
in which coping with negative feelings do not overshadow the focus on learning.
Keywords: CALL; video-pitch; English for Academic Purposes; oral communication; digital
technologies.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Atividade presencial. ........................................................................................... 47
FIGURA 2 - Vídeo 1. ............................................................................................................... 50
FIGURA 3 - Vídeo 2. ............................................................................................................... 50
FIGURA 4 - Vídeo 3. ............................................................................................................... 51
FIGURA 5 - Interface do Moodle. ........................................................................................... 52
FIGURA 6 - O fórum de discussão. ......................................................................................... 53
FIGURA 7 - Adjetivos relacionados às atividades ................................................................... 81
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Estratégias de aprendizagem adotadas.............................................................. 60
GRÁFICO 2 - Avanços na aquisição de habilidades. .............................................................. 67
GRÁFICO 3 - Influência do feedback. ..................................................................................... 72
GRÁFICO 4 - Percepção sobre ansiedade e emoções. ............................................................. 76
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – Classificação das estratégias de aprendizagem ........................................... 36-37
QUADRO 2 – Cronograma do trabalho ................................................................................... 46
QUADRO 3 – Classificação das estratégias de aprendizagem adotadas ........................... 64-65
LISTA DE ABREVIATURAS
CALL – Computer-Assisted Language Learning
CEFR – Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas
CMC – Comunicação mediada por computador
DRI – Diretoria de Relações Internacionais
IFA – Inglês para Fins Acadêmicos (conjunto de disciplinas oferecidas pela UFMG)
TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
ZDP – Zona de Desenvolvimento Proximal
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16
1.1 Contextualizando a pesquisa .......................................................................... 16
1.2 Motivação e justificativa .................................................................................. 22
1.3 Pergunta e objetivos da pesquisa ................................................................... 24
1.4 Organização do trabalho ................................................................................. 25
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 27
2.1 A perspectiva sociocultural sobre a aprendizagem de segunda língua ........... 27
2.1.1 Mediação ................................................................................................. 28
2.1.2 Fala interior (inner speech) ...................................................................... 29
2.1.3 Zona de Desenvolvimento Proximal ........................................................ 32
2.2 Perspectivas da teoria sociocultural em CALL ................................................ 34
2.3 Estratégias de aprendizagem .......................................................................... 35
2.4 Ansiedade e outras emoções no desenvolvimento de habilidades orais ........ 37
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................... 42
3.1 O estudo de caso na pesquisa qualitativa ....................................................... 42
3.2 Contexto e participantes ................................................................................. 44
3.3 Descrição das atividades e duração da pesquisa ........................................... 46
3.3.1 A atividade presencial .............................................................................. 47
3.3.2 A atividade online ..................................................................................... 48
3.4 O Moodle como ferramenta tecnológica de mediação .................................... 51
3.5 Instrumentos e processo de geração de dados .............................................. 53
3.6 Análise de dados ............................................................................................. 57
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................... 59
4.1 Pergunta de pesquisa nº 1: Quais são as estratégias de aprendizagem utilizadas pelos estudantes no desenvolvimento de atividades de produção oral? ........................................................................................... 59
4.2 Pergunta de pesquisa nº 2: Quais são os avanços na aquisição de habilidades percebidos pelos alunos propiciados pela realização das atividades? .......................................................................................... 66
4.3 Pergunta de pesquisa nº 3: Como o feedback dos colegas ajuda neste processo de aquisição? ............................................................................. 72
4.4 Pergunta de pesquisa nº 4: O uso de ferramentas digitais tem alguma influência na ansiedade dos estudantes em relação às suas habilidades orais? ...................................................................................... 75
4.5 Pergunta de pesquisa nº 5: Qual a percepção dos estudantes ao comparar atividades presenciais e não-presenciais na aquisição de habilidades orais? ...................................................................................... 79
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 84
5.1 Retomada dos objetivos e das perguntas da pesquisa ................................... 84
5.2 Contribuições e limitações do trabalho ........................................................... 88
5.3 Sugestões para futuras pesquisas .................................................................. 90
5.4 Palavras finais ................................................................................................. 91
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 93
APÊNDICE 1A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ....................................................................................... 103
APÊNDICE 1B – TERMO DE CESSÃO DE DIREITO DE USO DE IMAGEM E VOZ ....................................................................................... 104
APÊNDICE 2A – Questionário referente à atividade presencial ......................... 105
APÊNDICE 2B – Questionário referente à atividade online ................................ 107
APÊNDICE 2C – Roteiro para entrevista semiestruturada ................................. 110
ANEXO A – Estratégias de aprendizado de língua (PAIVA, 1998) ..................... 111
16
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualizando a pesquisa
Os avanços tecnológicos das últimas décadas, capitaneados principalmente pela
chamada Web 2.01, trouxeram uma série de aplicativos e ferramentas que oferecem novas e
diferentes formas de comunicação. A área de estudos conhecida por CALL 2 , Computer-
Assisted Language Learning, tem se ocupado em analisar as novas oportunidades e experiências
quanto à aprendizagem e uso da língua por meio dessas tecnologias. Nesse contexto, o
desenvolvimento das habilidades orais é uma área particularmente influenciada pelo avanço
tecnológico.
Mota, Bergsleithner e Weissheimer (2011) argumentam que a dificuldade de
desenvolver métodos de geração e análise de dados orais é um dos desafios enfrentados por
pesquisadores com foco na comunicação oral. Porém, quando a comunicação passa a ser
mediada por tecnologias, a geração e o armazenamento de dados tornam-se menos complicados,
além de possibilitar experiências distintas da interação face a face, como a comunicação
assíncrona, ou seja, a interação pode se estender no tempo tendo em vista que as pessoas não
precisam responder imediatamente ao interlocutor. Dessa forma, a mediação tecnológica não
só cria novas oportunidades para a prática, mas também torna possível a pesquisa e a análise
das interações comunicativas realizadas por meio de ferramentas tecnológicas.
Ainda que o número de estudos sobre o desenvolvimento de habilidades orais
mediado por tecnologia tenha aumentado, a pesquisa relacionada às habilidades orais aparece
em menor número quando comparada às habilidades de leitura e escrita. Paiva (2013) descreveu
estudos realizados sobre o uso de tecnologias no ensino de línguas mediado por computador de
2009 a 2012, pontuando que não foram encontrados, publicados no Brasil, trabalhos específicos
sobre ferramentas tecnológicas usadas para desenvolvimento da oralidade. Segundo a autora,
no exterior também não existiam muitos trabalhos sobre o tema, destacando os estudos de
Abdous, Camarena e Facer (2009) sobre o uso de podcasts em sala de aula; o uso da ferramenta
1 O termo refere-se ao conjunto de aplicativos inovadores da internet, coletivamente chamados de Web 2.0,
que possibilitou aos usuários a mudança de consumidores passivos para produtores de conteúdo e
informação no ambiente online (O’REILLY, 2018). 2 Adoto aqui a visão de Levy e Hubbard (2005) sobre CALL, que defendem que o termo é utilizado de forma
mais ampla para designar o uso de diferentes aplicações tecnológicas no ensino de línguas. Nessa
perspectiva, CALL não se limita ao uso do computador ou notebook em si, mas inclui também outros
aparelhos eletrônicos dotados de um chip computacional, incluindo tablets e os modernos aparelhos
celulares ou smartphones, entre outros.
17
Wimba Voice Direct, analisado por Kenning (2010); o trabalho de Yanguas (2010) comparando
a negociação de sentido nas interações face a face e mediadas por tecnologia; um experimento
sobre interação oral síncrona trazido por Alastuey (2011); a análise da interação de alunos
através da plataforma virtual Second Life de Petrakou (2010); o estudo de Jaureg et al. (2011)
sobre interação por vídeo; a pesquisa sobre prática oral em blogs de voz de Sun (2012) e a
investigação da aquisição de habilidades orais através de interação síncrona mediada por
computador de Ko (2012).
A partir de 2013, vários estudos são realizados para investigar o desenvolvimento
de habilidades orais via CALL, dentre os quais destaco o trabalho de Sun e Yang (2013),
tomado como referência para este estudo. Com base na abordagem Service Learning3, os
autores avaliam o uso de ferramentas da Web 2.0, particularmente as redes sociais Facebook e
Youtube, como plataformas para o desenvolvimento de habilidades orais, sugerindo que o uso
dessas ferramentas ajuda na autoconfiança e autonomia dos estudantes para desenvolver suas
próprias estratégias.
Em 2014, Lin (2014) faz uma meta-análise de 25 artigos publicados entre 2000 e
2012, buscando identificar os efeitos diretos e indiretos da comunicação mediada por
computador (CMC) na aquisição de habilidades orais. Os resultados sugerem que CMC tem um
efeito positivo nas competências orais, comparado à interação face a face, com efeitos similares
quanto aos ganhos em pronúncia. A autora pontua que fatores metodológicos, como tipo de
tarefa avaliada e aferição de resultados, influenciam esses efeitos.
Na sequência dessa meta-análise, vários estudos analisam a percepção dos
estudantes em relação ao uso de tecnologias no desenvolvimento de habilidades orais. McNeil
(2014) investiga a ansiedade de aprendizes em ambientes assíncronos de desenvolvimento de
habilidades orais, reportando que esses ambientes oferecem diferentes propiciamentos
(affordances), e portanto, formas distintas de vivenciar a ansiedade. Lee (2014) explora o uso
da ferramenta VoiceThread para o relato e a divulgação de notícias, identificando o
desenvolvimento de um senso de comunidade entre os estudantes e o ganho de fluência oral. A
dissertação de Miranda (2015) investiga o desenvolvimento da autonomia do aprendiz em
habilidades orais à luz da teoria da complexidade, coletando narrativas de estudantes do Ensino
Fundamental, e aponta a contribuição de ferramentas digitais para o desenvolvimento dessa
autonomia. Díaz e Miy (2017) estudam o desenvolvimento de habilidades orais em um curso
3 Service Learning é uma abordagem de ensino-aprendizagem em que, por meio de experiências baseadas na
solução de problemas no contexto real, estudantes de cursos acadêmicos fornecem um serviço necessário
para a comunidade (GOLDBERG et al., 2006; apud SUN; YANG, 2013)
18
de inglês online básico, com base no modelo de Community of Inquiry, ressaltando a
importância da presença do professor já que limitações comunicativas dos alunos somadas à
abordagem, que não é direcionada para a comunicação, não favorecem a formação de um senso
de comunidade. Já Aragão, Paiva e Gomes Jr. (2017) analisam como tecnologias digitais
contribuem para diminuir emoções negativas no desenvolvimento de habilidades orais em um
grupo de estudantes de uma disciplina online. Os autores reportam as reações positivas dos
participantes, como sentimentos de segurança, confiança e conforto associados à comunicação
em inglês mediada por tecnologia.
Alguns pesquisadores buscaram aferir o desenvolvimento das habilidades orais dos
participantes por meio de ferramentas de avaliação diversas. Lys (2013) analisou o uso de iPads
em aulas de conversação em alemão, usados pelos estudantes para fazer gravações e para
conversas em tempo real com os colegas, sugerindo que a ferramenta é benéfica para a prática
de compreensão e de produção oral, pois a autora aponta que houve aumento da proficiência
dos alunos; Sousa e Weissheimer (2014) pesquisaram o uso da ferramenta VoiceThread na
produção oral, reportando um impacto positivo da ferramenta em termos de fluência, acurácia
e complexidade dos participantes. Essas mesmas habilidades foram investigadas por Hsu
(2015), por meio da prática de voice blogging, relatando aumento da complexidade, porém sem
encontrar alteração significativa em termos de fluência e acurácia. Sales (2016) aborda o
desenvolvimento de habilidades orais por professores de inglês em formação nas modalidades
a distância e presencial, destacando que não há diferença significativa no desenvolvimento de
habilidades orais entre os dois grupos.
Outros estudos fizeram comparações entre interações mediadas por computador e
face a face. Yanguas e Flores (2014) investigaram a predisposição para comunicação e a
performance de aprendizes de espanhol como língua adicional em uma atividade presencial, ou
face a face, e uma mediada pela ferramenta Skype, encontrando maior número de troca de
turnos na atividade mediada por computador, sugerindo que os participantes se sentem mais
seguros na atividade mediada por computador do que na face a face. Kim (2014) faz o mesmo
tipo de comparação ao tentar identificar como a mediação tecnológica influencia a interação
colaborativa do aprendiz e as estratégias usadas para lidar com dificuldades na comunicação.
A análise do autor mostra que a mediação tecnológica promove estratégias comunicativas
diferentes da interação face a face, e que a colaboração tende a ser mais expressiva na interação
face a face.
19
Ainda que as pesquisas sobre habilidades orais tenham ganhado terreno a partir dos
estudos em CALL, ressalto que apesar de alguns estudos terem sido realizados com estudantes
universitários, como Aragão, Paiva e Gomes Junior (2017), Hsu (2015), Kim (2014), Lee
(2014), Lys (2013), McNeil (2014), Yanguas e Flores (2014), Sales (2016), Sousa e
Weissheimer (2014), a perspectiva desses estudos é a do ensino de língua adicional, e não a do
ensino de línguas com fim específico, como é o caso do foco deste estudo, o inglês para fins
acadêmicos.
Assim como no contexto geral de aprendizagem de língua estrangeira, no contexto
acadêmico as habilidades orais não recebem a mesma atenção que a leitura e a escrita, como
constatam Barret e Liu (2016), Yang (2014), Alwi e Sidhu (2013), Carter-Thomas e Rowley-
Jolivet (2003) e Ferris (1998). O levantamento bibliográfico realizado para este estudo
identificou uma grande diversidade de pesquisas sobre inglês para fins acadêmicos com foco
nas habilidades de leitura e escrita. Dentre esses estudos, as pesquisas desenvolvidas por Swales
(2011; 2000; 1996; 1990; 1971), Swales e Feak (2004) e Feak e Swales (2009) destacam-se
como referências no estudo do gênero escrito acadêmico. Não obstante, a constatação apontada
inicialmente por Ferris (1998), e posteriormente confirmada por outros autores, de que as
habilidades orais são deixadas em segundo plano, ainda se mantém duas décadas depois da
publicação de seu estudo.
Apesar de ser um objeto de estudo com pouca representatividade na literatura
científica, as habilidades orais no contexto acadêmico não são menos relevantes que a leitura e
a escrita. Além de contarmos com a comunicação oral para grande parte das interações
rotineiras nesse meio, como comunicação entre alunos e professores, temos ainda os gêneros
orais próprios, como palestras, debates, seminários e apresentações orais em geral. Segundo
Alwi e Sidhu (2013), apresentações orais oferecem uma rica oportunidade de crescimento
acadêmico e pessoal. Considerando o contraste entre a importância da comunicação oral no
contexto acadêmico e a sua baixa representatividade na literatura científica, Mota, Bergsleithner
e Weissheimer (2011) sugerem que faltam recursos apropriados para o estudo da comunicação
oral. Esse argumento é corroborado por Kaur e Ali (2017), que apontam a dificuldade em
coletar, transcrever e analisar grandes quantidades de dados gravados. No entanto, a
importância de desenvolver competências em comunicação oral no contexto acadêmico vem se
tornando cada vez mais evidente devido às ações de incentivo à internacionalização das
universidades.
20
Na última década, políticas de incentivo ao intercâmbio de estudantes, como o
programa Ciências sem Fronteiras4, evidenciaram a necessidade de ensino de habilidades orais
no meio acadêmico, já que estudantes brasileiros estavam enfrentando dificuldades para serem
aprovados em programas que exigiam domínio da língua inglesa (PAIVA, 2013). Apesar de
algumas dessas políticas terem sido descontinuadas, o processo de internacionalização em casa5
é uma tendência que tem crescido entre as universidades, na busca de maior participação no
cenário de pesquisa mundial, como alegam Stallivieri (2002), Morosini (2006), Marrara (2007),
e Santos e Almeida Filho (2012). Amorim e Finardi (2017) apontam que o papel das línguas
estrangeiras, particularmente o inglês, é fundamental para o pleno desenvolvimento desse
processo de internacionalização.
Em um cenário onde universidades buscam não só promover os trabalhos realizados
pelos seus membros, mas também receber colaboradores internacionais, revela-se a importância
do desenvolvimento de competências comunicativas em inglês, já que é por meio dos gêneros
orais que grande parte do trabalho desenvolvido por pesquisadores é divulgado. Nesse contexto,
é importante desenvolver o domínio das habilidades orais da língua inglesa no âmbito
universitário, não só por ser um gênero acadêmico importante, mas também por ser a língua de
escolha das comunicações rotineiras em um ambiente onde convivem e interagem falantes de
diversas línguas.
Ao contrário das atividades voltadas para leitura e escrita, em geral fortemente
ancoradas no gênero textual, os gêneros orais acadêmicos não parecem ser tão amplamente
explorados. De acordo com Kim (2006), o trabalho com as habilidades orais no inglês para fins
acadêmicos baseia-se principalmente em interações face a face, como discussões em grupo e
levantamento de questões durante a aula. Considerando que a apresentação oral naturalmente
provoca ansiedade ou estresse nos alunos (VITASARI et al., 2010; SABRI; QIN, 2014),
trabalhar com maior diversidade de gêneros orais no contexto acadêmico poderia beneficiar os
estudantes, pois a competência linguística não é imune à ansiedade ou ao estresse, e discussões
em pequenos grupos não provocam as mesmas reações nos alunos que um debate provocaria.
Não é sem razão que 84% dos estudantes entrevistados no estudo de Kim (2006) identificam a
4 O Ciência sem Fronteiras foi um programa de pesquisa criado em 2011 pelo governo Dilma Rousseff para
incentivar a formação acadêmica no exterior, oferecendo bolsas para alunos de graduação e pós-graduação
e incentivando projetos científicos em universidades de excelência em outros países. Fonte:
http://www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf/o-programa. Acesso em out. 2018.
5 O termo refere-se a atividades acadêmicas internacionais que não envolvem a mobilidade de estudantes ou
docentes para o exterior (CROWTHER et al., 2000).
21
capacidade de fazer apresentações orais como extremamente importante ou muito importante,
mas ao mesmo tempo não identificam muitas tarefas que buscam desenvolver essa habilidade.
A literatura sobre habilidades orais no contexto acadêmico oferece algumas
alternativas, ainda que poucas, para ajudar a compreender o assunto. Dentro do escopo mais
amplo do inglês como segunda língua, o estudo conduzido na Arábia Saudita por Soomro e
Farooq (2018) investiga fatores que influenciam a atitude de estudantes universitários quanto à
aprendizagem de habilidades orais, identificando tanto fatores externos quanto internos. Alwi
e Sidhu (2013) compararam as percepções de alunos de uma universidade na Malásia sobre
suas competências comunicativas em apresentações orais com o nível observado por avaliações
aplicadas por instrutores, demonstrando a discrepância entre o que os estudantes pensam de seu
desempenho e o que é demonstrado por meio de avaliações. Yang (2010) pesquisou a
negociação entre estudantes chineses durante a elaboração de uma apresentação em grupo a ser
feita em uma universidade canadense, evidenciando que as dificuldades dos participantes não
se limitam à língua, pois diferenças culturais quanto à abertura para discussões em classe e a
pouca familiaridade com trabalho em grupo influenciam a forma como os alunos organizaram
a apresentação.
Estreitando o campo de pesquisa para a literatura voltada aos estudos do inglês para
fins acadêmicos, Yang (2014) faz uma análise do discurso acadêmico baseada em corpus,
comparando o uso de posicionamento e engajamento em interações acadêmicas de disciplinas
de diferentes áreas, sugerindo que o discurso apresenta regularidades de acordo com cada
disciplina, que podem ser exploradas no planejamento de cursos de inglês para fins acadêmicos.
Cao (2011) parte de uma perspectiva ecológica para analisar a disposição para a comunicação
oral de alunos de um curso avançado de inglês para fins acadêmicos, recomendando que
professores considerem a interação e interdependência entre fatores individuais, contextuais e
linguísticos que afetam a disposição do aluno. Bankowski (2010) relata o desenvolvimento e
aplicação de um programa para treinar estudantes de inglês para fins acadêmicos em
apresentações, resultando tanto na aquisição de habilidades acadêmicas, como pensamento
analítico, quanto na melhoria de competências comunicativas. O já citado estudo de Kim
(2006), desenvolvido a partir de entrevistas com estudantes asiáticos em cursos de pós-
graduação de universidades norte-americanas, analisa a visão dos acadêmicos quanto às suas
próprias habilidades de compreensão oral e fala, e o que consideram necessário para o bom
desempenho em seus cursos. Já Ferris (1998) investiga a percepção de estudantes universitários
sobre as exigências de seus instrutores quanto às habilidades de compreensão oral e fala, suas
22
dificuldades para atender esses requisitos e a importância de algumas habilidades acadêmicas
relacionadas à comunicação oral.
Ao buscar por estudos que relacionem especificamente o desenvolvimento de
habilidades orais no inglês para fins acadêmicos e CALL, encontramos a pesquisa desenvolvida
por Bueno-Alastuey e López Pérez (2013), que investiga a percepção de estudantes sobre a
utilidade de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) em um curso de inglês baseado
em blended-learning, apontando que os alunos acreditam que TICs são muito úteis para a
aprendizagem das quatro habilidades. No entanto, ressalto que o foco do referido estudo não
são as habilidades orais, sugerindo que a literatura carece de publicações com foco no
desenvolvimento mediado por computador dessas habilidades, dentro do escopo do inglês para
fins acadêmicos.
Partindo da identificação da necessidade de estudos que se concentrem na
intersecção entre os temas CALL, habilidades orais e inglês para fins acadêmicos, este trabalho
toma como base a perspectiva sociocultural de Vygotsky quanto à aprendizagem de segunda
língua (LANTOLF, 2000) para desenvolver um estudo de caso que investiga as percepções de
onze estudantes matriculados em uma disciplina de Inglês para Fins Acadêmicos (IFA) na
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os dados foram obtidos por meio de
questionários, relatórios reflexivos produzidos pelos alunos e entrevistas, e analisados a partir
de uma abordagem qualitativa, para possibilitar uma visão compreensiva e abrangente das
experiências dos estudantes.
1.2 Motivação e justificativa
Foram dois os principais fatores que motivaram esta pesquisa: inicialmente,
minha experiência como aluna de um curso de licenciatura em língua inglesa a distância, onde
pude perceber o potencial uso de tecnologias para aquisição de habilidades orais. Já com esse
tema em perspectiva, conheci o projeto de pesquisa “Tecnologias digitais para o
desenvolvimento de habilidades orais em inglês”, desenvolvido pela minha orientadora, Profa.
Dra. Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva, com o objetivo de “investigar tecnologias de voz
para a criação e implementação de atividades on-line para o desenvolvimento de compreensão
e de produção orais, em inglês, mediadas por computador e avaliar as experiências de
aprendizagem dessas habilidades no contexto on-line”. Identificando nesse projeto a
possibilidade de conduzir minha pesquisa, e já começando a atuar como professora da disciplina
23
de Inglês para Fins Acadêmicos I na UFMG, decidi direcionar o estudo para o contexto
acadêmico.
Na prática como professora nessa disciplina, uma questão era recorrente: a
ansiedade dos alunos em relação às atividades de prática de habilidades orais em contexto
presencial. A partir de questionamentos sobre o uso ferramentas digitais, tanto na perspectiva
de aluna como de professora, busquei estudos que pudessem embasar minha investigação. Na
literatura sobre o tema, encontrei um estudo realizado em Taiwan por Sun e Yang (2003), que
foi adaptado e contextualizado para este estudo, que tem como cenário o contexto acadêmico
brasileiro. O planejamento e desenvolvimento desta pesquisa foi feito sem deixar de atender as
necessidades dos alunos da disciplina.
A revisão de literatura apresentada com base nas três áreas de destaque nesta
pesquisa, comunicação oral, CALL e inglês para fins acadêmicos, demonstrou que o
considerável número de estudos sobre CALL e habilidades orais na área ampla de inglês como
língua adicional não encontra paralelo no escopo do inglês para fins acadêmicos. Uma questão,
no entanto, emerge dessa constatação: o desenvolvimento de habilidades orais mediado por
computador no contexto do inglês para fins acadêmicos é um tópico relevante para a pesquisa
em linguística aplicada?
Para responder à pergunta, devemos mudar o foco da discussão para a importância
das tecnologias digitais no ambiente acadêmico. Weller (2011) argumenta que as tecnologias
digitais levaram as práticas acadêmicas a uma situação contrastante: uma mudança profunda, e
ao mesmo tempo, a continuação de práticas tradicionais. Nesse sentido, a comunicação oral
acadêmica segue como prática tradicional, pouco influenciada pelas tecnologias digitais.
Segundo Kim (2006), a interação tradicional presencial ainda é a principal forma de
desenvolver habilidades orais no contexto acadêmico. Procter et al. (2010) alegam que o uso de
ferramentas da Web 2.0 não é visto por pesquisadores como substituto de outras formas de
comunicação, mas sim como possibilidades adicionais, com um papel distinto. Assim, o uso de
tecnologia digital no ambiente acadêmico, como defendido por Jarvis (2004) e Roche (2017),
é um reflexo do crescente uso de tais ferramentas na vida diária dos estudantes e pesquisadores.
Parmaxi e Zaphiris (2017) evidenciam as diversas funcionalidades da Web 2.0, capaz de
promover a aprendizagem colaborativa através da interação, destacando o potencial de
desenvolver maior variedade de design instrucional. Na mesma linha, Procter et al. (2010)
reverberam a ideia de que ferramentas digitais podem ajudar a aprimorar práticas acadêmicas,
24
possibilitando a comunicação mais efetiva sobre o desenvolvimento de pesquisas e seus
resultados.
Assim, retornando à questão levantada sobre a pertinência do tema deste trabalho,
defendo que é necessário investigar diferentes opções para desenvolver habilidades orais no
ambiente acadêmico, para que professores possam desenvolver atividades que ajudem a mitigar
o estresse dos estudantes em relação às comunicações orais. Faço coro com Procter et al. (2010)
ao argumentarem que a possibilidade de comunicação mediada por computador não deve
substituir as práticas acadêmicas tradicionais, mas sim somar-se às práticas consolidadas,
oferecendo maior gama de possibilidades e potencializando o desenvolvimento de atividades
contextualizadas que reflitam a realidade do ambiente acadêmico. Dado o contexto, a proposta
deste trabalho é consistente com o ponto de vista de García (2018, p. 125) que, ao destacar os
benefícios colaterais do uso de tecnologias no ambiente acadêmico, afirma que
desde processos de comunicação mais ágeis à colaboração interdisciplinar, à
renovação do currículo, às aulas presenciais melhoradas pela tecnologia, à
conscientização sobre deficiência, começar a trilhar o caminho do ensino-
aprendizagem online só pode nos tornar melhores educadores.6
Como uma tentativa de dar um passo em direção ao aperfeiçoamento vislumbrado
pela autora, e também para ajudar a preencher a lacuna sobre CALL aplicado às habilidades
orais na literatura de pesquisa em inglês para fins acadêmicos, este estudo chama a atenção para
a necessidade de se pensar em atividades que não só contemplem as demandas pedagógicas dos
alunos, mas que também reflitam a diversidade e complexidade das práticas acadêmicas na
atualidade. Dessa forma, este trabalho busca compreender como as tecnologias digitais podem
ajudar a promover o desenvolvimento das habilidades orais nesse contexto, a partir da própria
experiência dos alunos.
1.3 Pergunta e objetivos da pesquisa
Este estudo partiu de uma indagação inicial sobre o impacto das ferramentas
digitais, ou da mediação por computador, no desenvolvimento das habilidades orais de alunos
da disciplina Inglês para Fins Acadêmicos I (IFA I), expressa na pergunta: como as ferramentas
digitais podem ajudar os alunos a desenvolver as habilidades orais no contexto do inglês para
6 Tradução do original “From more streamlined communication processes, to interdisciplinary collaboration,
to curriculum renewal, to technology-enhanced face-to-face classes, to disability awareness, starting on
the path of online learning design can only make us better educators”. Esta e todas as traduções neste
trabalho são de minha responsabilidade.
25
fins acadêmicos? Seguindo esse questionamento amplo, cinco perguntas de pesquisa são
elaboradas para guiar o presente estudo: (1) Quais são as estratégias de aprendizagem utilizadas
pelos estudantes no desenvolvimento de atividades de produção oral? (2) Quais são os avanços
na aquisição de habilidades orais percebidos pelos alunos, proporcionados pela realização das
atividades? (3) Como o feedback dos colegas ajuda nesse processo de aquisição? (4) O uso de
ferramentas digitais tem alguma influência na ansiedade dos estudantes em relação às suas
habilidades orais? e (5) Qual a percepção dos estudantes ao comparar atividades presenciais e
não-presenciais na aquisição de habilidades orais?
Sendo a disseminação da internet um fato estabelecido no meio acadêmico, essas
perguntas mostram-se relevantes ao considerarmos a importância da incorporação de novas
ferramentas e gêneros digitais ao processo de aprendizagem de segunda língua, que possam
tornar a aprendizagem do inglês para fins acadêmicos mais próxima das práticas desse contexto.
A partir dessas questões, o objetivo deste estudo é investigar a percepção dos
estudantes sobre o desenvolvimento de habilidades orais em uma disciplina de inglês para fins
acadêmicos. Esta investigação é conduzida a partir da comparação de duas atividades
avaliativas aplicadas na referida disciplina: uma apresentação oral tradicional, e uma atividade
mediada por computador, a produção de um video-pitch. Para atingir esse propósito, foram
traçados três objetivos específicos, listados a seguir:
• Identificar as percepções dos alunos em relação à aprendizagem de habilidades orais a
partir de duas atividades voltadas para a aquisição oral, uma presencial e outra mediada
por ferramentas digitais;
• Comparar as percepções dos alunos em relação à aprendizagem nas atividades
mencionadas;
• Analisar as percepções sobre a experiência de aprendizagem dos alunos a partir do uso
dessas tecnologias.
1.4 Organização do trabalho
Este estudo está dividido em cinco seções. Nesta primeira parte, busquei
contextualizar a pesquisa, apresentando um panorama dos estudos mais recentes realizados
sobre o tema. Em seguida, apresentei a motivação e a justificativa para realização deste
trabalho, seguidas pelas perguntas que nortearam a investigação, o objetivo geral e os
específicos.
26
O capítulo teórico aborda o referencial que fundamenta a pesquisa. Inicialmente,
apresento os principais conceitos da teoria sociocultural relacionados à aprendizagem de
segunda língua. Na sequência, trago a classificação de estratégias de aprendizagem de segunda
língua e os estudos sobre ansiedade e emoções na aprendizagem de segunda língua.
No capítulo 3, apresento a metodologia empregada neste estudo, abordando a
natureza da pesquisa, o contexto e os participantes, as atividades e ferramentas empregadas, e
os procedimentos adotados para geração e análise dos dados.
O quarto capítulo constitui-se da análise e discussão dos resultados, onde retomo as
perguntas da pesquisa para discutir os achados com base no referencial teórico.
Por fim, retomo os objetivos e as perguntas da pesquisa para apresentar um breve
sumário dos achados. Em seguida, apresento as contribuições e limitações do estudo, as
sugestões para futuras pesquisas e encerro tecendo as considerações finais.
27
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo, apresento a fundamentação teórica que serve de base para a pesquisa
realizada ao longo do trabalho. Partindo dos princípios básicos da teoria sociocultural de
Vygotsky aplicados à aprendizagem de segunda língua, este estudo amplia a abordagem teórica
para acomodar outros construtos que dialogam com a perspectiva de Vygotsky, como a
abordagem de estratégias de aprendizagem de Oxford (1989) e o conceito de ansiedade da
língua7 adotado por MacIntyre e Gardner (1994).
O primeiro tópico apresenta um breve histórico da teoria sociocultural e sua
aplicação no campo de aprendizagem de segunda língua, explicando os conceitos de mediação,
fala interior e Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). Em seguida, são apresentadas
perspectivas socioculturais na pesquisa sobre CALL e, por fim, discuto os conceitos
relacionados às estratégias de aprendizagem, ansiedade e emoções na aprendizagem de segunda
língua.
2.1 A perspectiva sociocultural sobre a aprendizagem de segunda língua
A teoria sociocultural tem sua origem no trabalho do psicólogo russo Lev Vygotsky
sobre o desenvolvimento e funcionamento da mente humana, com foco no desenvolvimento
infantil. Um dos pilares dessa teoria é o conceito de mediação, ou seja, a noção de que a
consciência humana é mediada por ferramentas e signos (LANTOLF, 2000). O processo de
desenvolvimento das funções mentais superiores ocorre por meio da internalização do que é
aprendido na atividade social, mediado por ferramentas simbólicas, como a linguagem (AIMIN,
2013). Nesse processo, a linguagem é desenvolvida a partir da fala social para o discurso
privado e, finalmente, para fala interior ou pensamento verbal, e este desenvolvimento é
identificado por Vygotsky em dois níveis, o atual e o potencial, chamado de ZDP.
Concebida a partir da tentativa de unificar diversas áreas de estudo em um construto
teórico único sobre o desenvolvimento das funções mentais superiores (LANTOLF; APPEL,
1994), a aplicação dos conceitos da teoria sociocultural na aprendizagem de segunda língua foi
inicialmente explorada por Frawley e Lantolf (1985), em um estudo que mostra como adultos
aprendizes de uma segunda língua utilizam a fala interior (private speech) no discurso.
Aljaafreh e Lantolf (1994), ao investigar feedbacks negativos, identificaram a importância da
7 Opto por usar o termo ansiedade da língua como tradução do original language anxiety.
28
ZDP na aprendizagem de segunda língua, demonstrando que a aprendizagem não depende
apenas de regulação interna, mas também de interação com influências externas. Lantolf e
Appel (1994) reuniram estudos sobre a aquisição de segunda língua por meio da abordagem
vygotskyana, discutindo os conceitos de mediação e ZDP. Desde então, vários trabalhos foram
desenvolvidos sobre o tema, incluindo a publicação de Lantolf (2000) que se destaca como
referência na linguística aplicada sobre a aprendizagem de segunda língua (PAIVA, 2014).
Mais recentemente, Lantolf, Poehner e Swain (2018) publicam outra obra de referência sobre
o tema, abordando aspectos teóricos e práticos da aquisição de segunda língua sob a luz da
teoria sociocultural. No Brasil, o estudo de Ferreira (2010) investiga como os conceitos-chave
da teoria sociocultural são abordados na pesquisa sobre aprendizagem de língua estrangeira,
identificando uma tendência na utilização desse construto teórico como suporte para pesquisas
sobre interação, mediação e formação de professores, porém sem tangenciar o desenvolvimento
humano, que é o objeto de Vygotsky.
Na perspectiva da aprendizagem de segunda língua, é importante mencionar que os
principais construtos da teoria sociocultural são a mediação, a internalização e fala interior, a
Zona de Desenvolvimento Proximal e a teoria da Atividade. Porém, a seguir, discuto de forma
mais detalhada apenas os aspectos de maior relevância para este trabalho: a mediação, a fala
interior e a ZDP, abrangendo também o conceito de andaime (scaffolding). Na sequência,
apresento as perspectivas da teoria sociocultural aplicadas aos estudos em CALL, uma vez que
esta pesquisa se insere nesse campo de estudos que tem a mediação tecnológica como parte
integrante do processo de aprendizagem de segunda língua.
2.1.1 Mediação
A mediação, um dos principais conceitos da teoria sociocultural, é definida como
“a criação e o uso de meios auxiliares artificiais para agir – física, social e mentalmente”
(LANTOLF, 2011, apud PAIVA, 2014). Lantolf (2000) argumenta que os humanos atuam no
mundo por meio do uso de artefatos simbólicos ou signos, criados pelos humanos a partir de
um contexto histórico-cultural, e que, por isso, trazem consigo as características desse contexto.
Tais artefatos, na medida em que são utilizados, exercem influência no indivíduo, de modo que
dão origem a atividades anteriormente desconhecidas. Assim, estão sujeitos a modificações ao
passo que são levados de uma geração para a seguinte, sendo adaptados para atender
necessidades e aspirações de indivíduos em novos contextos. Nessa perspectiva, pode-se
entender que a ação ou influência do homem no ambiente que o cerca é sempre intermediada e,
29
da mesma forma, a influência desse ambiente no homem também é mediada por ferramentas e
artefatos.
Aimin (2013) afirma que as ferramentas que agem na mediação da atividade
humana, seja cognitiva ou material, podem ser simbólicas ou materiais. As ferramentas
simbólicas, ou signos, são orientadas internamente, ou dirigidas à atividade cognitiva, enquanto
as ferramentas materiais são externamente direcionadas, com a intenção de produzir mudança
nos objetos (VYGOTSKY, 1978). Dentre as ferramentas simbólicas subjacentes à teoria
sociocultural, a linguagem é o instrumento mais emblemático a mediar a relação do sujeito com
o mundo, com o outro e com si mesmo (LANTOLF; THORNE, 2014). A linguagem é o elo
que conecta o pensamento à atividade social e comunicativa, funcionando externamente, como
meio de interação social, e internamente, como veículo do pensamento. Esse uso interno e
autodirigido da linguagem para regular a atividade mental complexa é chamado de discurso
privado (LANTOLF, 2000). Neste sentido, Vygotsky estabelece que a cognição é constituída e
mediada pelo social (LANTOLF; THORNE, 2014), o que implica dizer que as funções mentais
superiores são produto de um sistema maior que o indivíduo.
Na perspectiva da aprendizagem de segunda língua, Aimin (2013) classifica a
mediação em três tipos: mediação do outro, automediação e mediação por artefatos culturais.
Como processo de mediação social, a língua é um artefato cultural usado para interação com o
outro, e também para a internalização, ou seja, o desenvolvimento cognitivo que resulta da
mediação externa entre o indivíduo e o ambiente ou o outro. Nesse sentido, a língua é uma
ferramenta simbólica que cria e transforma o pensamento, e uma fonte de aprendizagem em si
mesma (ORTEGA, 2009, apud PAIVA, 2014).
É a partir dessa perspectiva sobre a mediação – entendida não só como a relação
entre o indivíduo e o artefato, mas também na interação com o outro e consigo mesmo –, que
são fundamentadas as análises apresentadas no Capítulo 4. Entendo que esses diferentes
aspectos da mediação devem ser considerados ao abordar o processo de aprendizagem em
segunda língua pois, como aponta Aimin (2013), estão imbricados nesse processo e influenciam
a forma como o indivíduo age. Como um dos objetivos deste estudo é comparar duas atividades,
que são mediadas por diferentes artefatos, é preciso entender como o papel da mediação
influencia o processo de aprendizagem em cada uma dessas atividades.
2.1.2 Fala interior (inner speech)
30
O desenvolvimento da linguagem na perspectiva da teoria sociocultural é um
processo que tem origem no contato social. Em outras palavras, Vygotsky percebe o
desenvolvimento da linguagem como um processo que tem origem na socialização ou interação
com o outro, e que é internalizado gradualmente. Segundo Lantolf e Thorne (2014), “funções
cognitivas de ordem superior, que incluem planejamento, categorização e estratégias
interpretativas, são inicialmente sociais e subsequentemente internalizadas e disponibilizadas
como recursos cognitivos” 8 . Nesse processo, Vygotsky identificou três estágios de
desenvolvimento: fala social ou externa, fala privada ou egocêntrica, e fala interior, que
inicialmente é desenvolvida externamente, na dimensão social, em direção ao pessoal ou
interior (AIMIN, 2013).
A fala social ou interna refere-se à fase em que a criança usa a fala para influenciar
o comportamento do outro ou para expressar emoções simples (FAHIM; HAGHANI, 2012).
Nessa etapa, a linguagem tem propósito exclusivamente comunicativo entre a criança e o adulto.
Na medida em que se apropria da linguagem dos adultos, a criança é capaz de utilizá-la para
mediar seu próprio processo mental, passando ao segundo estágio, a fala egocêntrica, em que a
criança fala consigo mesma para guiar seus atos. Quando essa fala, de origem social, começa a
mediar o processo cognitivo individual, passa a conduzir o processo mental (LANTOLF;
APPEL, 1994), e progride tornando-se uma estrutura menos parecida com a fala egocêntrica,
perdendo propriedades formais da linguagem para transformar-se em algo de puro significado
(LANTOLF, 2000). Vygotsky (1962, p. 149) pontua que
a fala interior não é o aspecto interior da fala externa - é uma função em si mesma.
Ainda permanece a fala, isto é, o pensamento conectado com palavras. Mas enquanto
na fala externa o pensamento é incorporado em palavras, na fala interior as palavras
morrem. O discurso interior é, em grande medida, pensar em significados puros. É
uma coisa dinâmica, inconstante, instável, flutuando entre palavra e pensamento, os
dois componentes mais ou menos estáveis, mais ou menos delineados do pensamento
verbal.9
Assim, o conceito de fala interior revela a concepção sobre desenvolvimento da
linguagem na teoria sociocultural como um processo que tem início na socialização, quando a
8 Tradução do original "higher order cognitive functions, which include planning, categorization, and
interpretive strategies, are initially social and subsequently are internalized and made available as
cognitive resources".
9 Tradução do original "Inner speech is not the interior aspect of external speech--it is a function in itself. It
still remains speech, i.e., thought connected with words. But while in external speech thought is embodied
in words, in inner speech words die as they bring forth thought. Inner speech is to a large extent thinking
in pure meanings. It is a dynamic, shifting, unstable thing, fluttering between word and thought, the two
more or less stable, more or less firmly delineated components of verbal thought".
31
linguagem utilizada para comunicação é gradualmente assimilada até ser internalizada como
pensamento. Segundo Johnson (2004, apud PAIVA, 2014), Vygotsky estabelece que são os
fatores sociais, mais que os biológicos, que influenciam o desenvolvimento dos processos
mentais superiores.
Os conceitos de fala egocêntrica e fala interior da teoria sociocultural são
fundamentalmente baseados no desenvolvimento da fala da criança, trazidos, por Frawley e
Lantolf (1985), para a perspectiva da aprendizagem de segunda língua em adultos. O estudo
empreendido pelos autores mostra que o aumento na proficiência na língua alvo era
acompanhado por uma diminuição no uso da fala egocêntrica. Mostra também que aprendizes
adultos recorrem a essa estratégia como forma de ganhar controle sobre a tarefa, sobre si
mesmos e sobre a situação apresentada em tarefas comunicativas na língua alvo, sugerindo que
os aprendizes usam as estratégias originárias do desenvolvimento de autorregulação na infância,
mecanismos esses que permanecem disponíveis no processo evolutivo do indivíduo
(MCCAFFERTY, 1994).
Posteriormente, McCafferty (1994) desenvolve um estudo relacionando
proficiência e fala egocêntrica, confirmando os achados de Frawley e Lantolf (1985) quanto à
função mediadora da fala egocêntrica na autorregulação em aprendizes de língua estrangeira.
Ushakova (1994) argumenta que há, no entanto, diferenças entre o processo de evolução da fala
interior na aquisição de língua durante a infância e na aquisição de segunda língua. Para a autora,
a segunda língua se incorpora ao sistema já estabelecido, a língua materna, o que significa que
o indivíduo desenvolve uma única fala interior, adquirida na infância. Lantolf e Thorne (2006)
apontam que mesmo estudos com falantes avançados de segunda língua têm dificuldade de
manter a atividade mental na língua alvo, corroborando os achados de Ushakova. Nesse sentido,
Lantolf (2014) pontua que a aprendizagem de uma segunda língua para fins comunicativos não
significa que essa língua será usada para mediação psicológica da mesma forma que a língua
materna.
No âmbito da investigação realizada neste estudo, a fala interior e a fala privada são
conceitos usados para analisar os processos cognitivos associados aos ganhos em língua inglesa
descritos pelos participantes. Assim como descrito por Aimin (2013), essas falas identificam
diferentes estágios de desenvolvimento linguístico, sendo a fala interior relacionada à
metacognição e internalização. Por isso, estes conceitos embasam a análise dos dados,
exemplificando como os processos identificados pelos alunos revelam avanços na aquisição de
segunda língua à luz da teoria sociocultural.
32
2.1.3 Zona de Desenvolvimento Proximal
A definição proposta por Vygotsky identifica a ZDP como a diferença entre o que
uma pessoa consegue fazer sozinha e o que pode fazer com a ajuda de alguém ou de algum
artefato cultural (LANTOLF, 2000). Nesse sentido, a ZDP pode ser entendida como um lugar
em que a aprendizagem potencial pode ser alcançada por meio da assistência, ou, na definição
de Vygotsky, como
a distância entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela solução
independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado pela
solução de problemas sob a orientação de um adulto ou a colaboração com pares mais
capazes (VYGOTSKY, 1978, p. 85).10
Segundo Vygotsky, a avaliação da aprendizagem com foco apenas nas habilidades
adquiridas não é um indicativo preciso do desenvolvimento do indivíduo. Assim, o autor propõe
dois níveis de desenvolvimento, o atual, que compreende o que já foi adquirido e que revela o
desenvolvimento em retrospecto, e a aprendizagem que potencialmente pode adquirir, ou seja,
o desenvolvimento em seu estado dinâmico.
Retomando o conceito de mediação, principalmente o que Aimin (2013) chama de
mediação do outro, a ZDP pressupõe a ação mediada com intuito de auxiliar o aprendiz. Para
Lantolf (2000), esse auxílio seria mais adequadamente chamado de construção colaborativa,
pois parte do princípio de que o conhecimento pode ser co-construído a partir da interação entre
pessoas. Nesse sentido, a mediação pode ocorrer tanto na interação do especialista ou professor
com o aprendiz, quanto na colaboração entre pares.
O termo ZDP é comumente associado ao conceito de andaime (scaffolding),
cunhado por Wood, Bruner e Ross (1976). Em um estudo em que investigam o processo de
tutoria, os autores definem andaime como os recursos e atividades oferecidos pelo educador
para que o aluno consiga executar uma tarefa que não conseguiria sem ajuda. Os autores
descrevem o processo de andaime a partir da atuação do professor, identificando seis tipos de
funções: recrutamento, simplificação da tarefa, manutenção do foco do aprendiz, demonstração
de aspectos relevantes, controle de frustração e demonstração. Assim, na atuação do professor,
busca-se despertar o interesse do aluno, tornar a tarefa menos complexa nos aspectos em que
ele ainda não consegue compreender, direcionar o foco para o que é mais importante na
10 Tradução do original “the distance between the actual developmental level as determined by independent
problem solving and the level of potential development as determined through problem-solving under
adult guidance, or in collaboration with more capable peers".
33
execução, buscar a redução da frustração e do medo de errar e oferecer modelos de solução para
que o aprendiz possa identificar o caminho a tomar.
Ampliando o conceito de andaime, Donato (1994) propõe, ao desenvolver um
estudo sobre a colaboração entre alunos de um curso de francês, que a mediação por pares
também deve ser incluída nesse escopo. Identificando essa forma de auxílio como andaime
coletivo, o autor argumenta que os aprendizes são capazes de dar suporte ao aprendizado uns
dos outros, apontando que “os falantes são, ao mesmo tempo, aprendizes individuais e
especialistas coletivamente, fonte de novos recursos uns para os outros, e guias no processo de
resolução de problemas linguísticos complexos” (1994, p. 46)11. Nessa perspectiva, Donato
conclui que o andaime por pares funciona de forma semelhante ao andaime por especialistas,
possibilitando o desenvolvimento individual a partir de atividades colaborativas.
Apesar da associação amplamente utilizada dos termos ZDP e andaime, Lantolf e
Thorne (2014) advertem que há um equívoco quanto à equivalência dos termos. Os autores
apontam que o termo andaime refere-se a qualquer tipo de atuação assistida por um especialista
em relação ao aprendiz, e é concebido em termos de quantidade de assistência prestada,
enquanto ZDP é entendida em termos de qualidade e mudanças na qualidade da mediação que
é negociada entre perito e novato.
Uma noção mais ampla de ZDP, a partir da definição de mediação proposta por
Vygotsky, implica que esta não está limitada à interação entre seres humanos. Os artefatos
culturais são também uma forma de auxílio no desenvolvimento linguístico do indivíduo. Paiva
(2014) menciona o cinema e a música como os mais recorrentes, porém materiais didáticos são
também lembrados em sua pesquisa.
No contexto desta investigação, o conceito de ZDP é necessário para fundamentar
a análise sobre o desenvolvimento das habilidades orais dos participantes, à medida que ajuda
a compreender o processo de aprendizagem em evolução, e como os agentes e fatores
relacionados a esse processo o afetam. Dessa forma, o foco na ZDP permite uma análise voltada
para o processo em evolução, sem se deter nos resultados alcançados. Considerando que a
investigação se concentra na percepção dos participantes, e não em resultados obtidos por meio
de avaliações diagnósticas, o foco na ZDP se justifica por ser o conceito que melhor descreve
o estado dinâmico de desenvolvimento dos participantes.
11 Tradução do original “[...] the speakers are at the same time individually novices and collectively experts,
sources of new orientations for each other, and guides through this complex linguistic problem solving" .
34
2.2 Perspectivas da teoria sociocultural em CALL
As pesquisas sobre a aprendizagem de línguas mediada por computador na
linguística aplicada revelam que o uso de tecnologia influencia muitos aspectos desse processo
(O’DONELL, 2013). Entretanto, Hubbard e Levy (2016) apontam que não há uma teoria
estabelecida nessa área, e Levy e Stockwell (2006) argumentam que a pesquisa na área filia-se
a teorias de outras áreas de pesquisa. Efetivamente, Hubbard e Levy (2016) encontraram quatro
diferentes fontes teóricas na revisão de literatura sobre CALL, variando entre teorias centradas
na aquisição de segunda língua, na tecnologia aplicada à aquisição de segunda língua, teorias
linguísticas e teorias de aprendizagem segundo a psicologia. Assim, a teoria sociocultural
insere-se nos estudos sobre CALL a partir de três aspectos principais, segundo Warschauer
(2005): mediação, aprendizagem social e análise genética. Já para Hubbard e Levy (2016), a
mediação e a aprendizagem colaborativa são os fatores mais relevantes no estudo de CALL.
Levy e Stockwell (2006) referem-se aos termos ZDP e andaime para ressaltar a importância do
papel do professor, e à microgênese, ou o histórico da formação de cada fenômeno psicológico
em relação às experiências vividas pelo indivíduo, para explicar como o processo de
aprendizagem é contextualizado e desenvolvido continuamente ao longo da vida no contexto
social.
A mediação, segundo Warschauer (2005), ajuda a entender como novas tecnologias
influenciam a atividade humana, corroborando a ideia de Haas (1996, p. 17) de que “o conceito
de mediação de Vygotsky nos ajuda a entender ferramentas, signos e tecnologias como sistemas
que funcionam para ampliar o processo psicológico humano”12. Com base nesse conceito,
Hubbard e Levy (2016) defendem que, ao mediar a comunicação, esta é moldada pela
tecnologia que, portanto, molda indiretamente a cognição. Nesse sentido, a interação com o
outro por meio da mediação tecnológica não pode ignorar o papel da mediação na forma como
a interação ocorre.
A noção da origem social das funções mentais permite compreender como as
tecnologias possibilitam novas formas de interação social, e como essas diferentes formas de
interação permitem a incorporação de unidades linguísticas e a refinação destas na comunicação
com uma audiência autêntica (WARSCHAUER, 2005). Assim, a relevância da participação
ativa do aluno em comunidades, seja em sala de aula ou em comunidades online, torna-se
12 Tradução do original “Vygotsky’s theory of mediation helps us see tools, signs, and technologies as sys tems
that function to augment human psychological processing” .
35
evidente no emprego de termos como "aprendizagem situada" e "comunidades de prática" na
literatura (HUBBARD; LEVY, 2016), e mostra-se como um importante aspecto dos estudos
em CALL com base na teoria sociocultural.
Prosseguindo para o conceito de análise genética, Warschauer (2005) argumenta
que é possível entender aspectos do funcionamento mental apenas se entendermos seu processo
de desenvolvimento. Esse conceito, aplicado aos estudos em CALL, coloca-os em uma
perspectiva sócio-histórico-cultural, uma vez que as atitudes dos aprendizes em relação à
tecnologia só podem ser compreendidas com base na sua relevância contextual. Como aponta
McDonell (1992), a teoria sociocultural mostra “como estamos interconectados uns aos outros
e ao mundo social”13.
Em síntese, a abordagem sociocultural na pesquisa sobre CALL permite uma visão
ampla de diferentes aspectos da área. Essa abordagem evidencia que a tecnologia é uma
ferramenta que, como tal, se torna um meio de transformar a atividade humana
(WARSCHAUER, 2005) e não deve ter sua influência minimizada. Da mesma forma, o papel
do professor ou dos pares no ambiente tecnológico não é menor que no ambiente em sala de
aula. Nesse sentido, qualquer possível alegação de que a tecnologia possa substituir a interação
social no desenvolvimento cognitivo não encontra respaldo na teoria sociocultural. A
aprendizagem colaborativa e o engajamento em comunidades não são substituídos pela
tecnologia, mas antes potencializados pelas diferentes formas de interação e compartilhamento
que se tornam possíveis, e é o papel do pesquisador tentar entender como essas novas formas
de socialização combinam-se com as tradicionais para gerar novas tendências na aprendizagem
a partir do contexto sócio-histórico-cultural.
2.3 Estratégias de aprendizagem
O conceito de estratégias de aprendizagem de segunda língua é definido
inicialmente como um conjunto de ações ou comportamento aplicados no intuito de obter
avanços na aprendizagem (O’MALLEY; CHAMOT, 1990; OXFORD, 1989). MacIntyre (1994)
sugere que a estratégia é um plano utilizado propositalmente por um aprendiz que identifica a
necessidade do emprego de tal abordagem em determinada situação. Assim, o aluno escolhe
conscientemente o que considera ser a melhor opção em um conjunto de estratégias disponíveis.
Griffiths (2008, p. 87) compreende estratégias de aprendizagem de segunda língua como
13 Tradução do original “[...] how we are embedded with one another in a social world”.
36
"atividades conscientemente escolhidas pelos alunos com o propósito de regular sua própria
aprendizagem de línguas”14. Oxford (2018, p. 82) posteriormente elabora uma definição mais
abrangente, estabelecendo que estratégias de aprendizagem de língua são
ações mentais intencionais, conscientes (ou pelo menos parcialmente conscientes),
que o aluno usa para cumprir um ou mais objetivos escolhidos por ele, como (a)
superar uma barreira de aprendizagem, (b) realizar uma tarefa na língua alvo, (c)
melhorar a proficiência a longo prazo e (d) desenvolver uma maior autorregulação
(capacidade de orientar a própria aprendizagem). Como a maioria dos aspectos da
aprendizagem de segunda língua, ocorre em contextos reais (configurações
específicas), é complexo (com múltiplos fatores interagindo) e é dinâmico (flexível,
utilizável de maneiras diferentes e adaptável de acordo com as necessidades dos
aprendizes).15
Oxford (1989) identificou as características específicas de estratégias relacionadas
à aprendizagem de língua, como a orientação à competência comunicativa, maior autonomia
do aprendiz, e visão do papel do professor como facilitador da aprendizagem. A autora, então,
classificou sessenta e duas estratégias de aprendizagem, dividindo-as em dois grupos:
estratégias diretas e indiretas. No primeiro grupo, são elencadas ações diretamente relacionadas
ao processamento mental necessário para lidar com a língua alvo, como memorização, cognição
e compensação. No segundo grupo, são incluídas estratégias de gerenciamento e controle da
aprendizagem de forma geral, com base na metacognição, afetividade e socialização. O
ANEXO A apresenta cada uma das classificações do sistema de Oxford (1989), sintetizadas no
QUADRO 1:
QUADRO 1 - Classificação das estratégias de aprendizagem
ESTRATÉGIAS DIRETAS
de memória auxilia na armazenagem e recuperação de informações novas
cognitivas compreensão e produção de novos enunciados através da manipulação e da transformação da língua alvo pelo aprendiz
de compensação auxílio na compreensão e produção da nova língua, apesar das limitações no conhecimento
14 Tradução do original: “activities consciously chosen by learners for the purpose of regulating their own
language learning”.
15 Tradução do original: “purposeful, conscious (or at least partially conscious), mental actions that the
learner uses to meet one or more self-chosen goals, such as (a) overcoming a learning barrier, (b)
accomplishing an L2 task, (c) enhancing long-term L2 proficiency, and (d) developing greater self-
regulation (ability to guide one's own learning). Like most aspects of L2 learning, LLS occurs in real
contexts (specific settings), are complex (with multiple, interacting factors), and a re dynamic (flexible,
usable in different ways, and changeable long with learners' changing needs)”.
37
ESTRATÉGIAS INDIRETAS
metacognitivas planejamento, controle e avaliação da aprendizagem
afetivas regulagem de emoção, atitude, valores e motivação
sociais interação e cooperação com os outros
Fonte: elaborado pela autora com base em Paiva (1998)
Oxford (1989) afirma que esse sistema de classificação se baseia na inter-relação
entre as diferentes estratégias, tanto diretas quanto indiretas, oferecendo suporte umas às outras.
Esse sistema, ainda que passível de questionamentos e controvérsias, como a dificuldade em
identificar a classificação de determinada estratégia (MACINTYRE, 1994), é considerado por
Ellis (1994) como o modelo mais abrangente de classificação de estratégias.
Na análise apresentada neste estudo, o sistema de classificação de Oxford (1989)
permite uma melhor compreensão das estratégias utilizadas pelo aluno em seu processo de
aprendizagem. Esse sistema, que considera tanto estratégias puramente individuais, como
também aspectos afetivos e sociais que influenciam a aprendizagem, permite uma visão mais
abrangente sobre as ações tomadas pelos alunos considerando o contexto de interação e
compartilhamento de ideias e informações, característico da comunicação oral.
2.4 Ansiedade e outras emoções no desenvolvimento de habilidades orais
O termo ansiedade é definido de forma geral como um estado de apreensão
provocado pela antecipação de uma situação ou evento ameaçador (HILGARD; ATKINSON;
ATKINSON, 1971), associado a componentes cognitivos e afetivos que causam reações
fisiológicas e comportamentais (ZEIDNER, 2014). Tal conceito, abordado de forma ampla no
escopo dos estudos em psicologia, é classificado em uma grande variedade tipológica, porém,
dentro das limitações desta pesquisa serão abordados apenas os conceitos de ansiedade-traço,
ansiedade-estado e ansiedade situacional.
Spielberger (1966, p. 16) define ansiedade-traço como o "sentimento subjetivo de
apreensão e tensão, acompanhado ou associado à estimulação do sistema nervoso autônomo".
A ansiedade-estado é definida como um estímulo emocional desagradável diante de situação
ameaçadora em um determinado momento (SPIELBERGER, 1983). Já a ansiedade situacional
refere-se ao nível de apreensão experimentado pelo indivíduo ao enfrentar uma situação
ameaçadora em determinado tempo e local (MCCROSKEY, 1984, apud SZYSZKA, 2017), ou
seja, é um tipo de ansiedade que não é compreendida como patológica, e está relacionada a
38
determinadas situações que são repetidamente encaradas como ameaçadoras pelo indivíduo.
Dentre as diversas situações que são comumente causadoras de ansiedade situacional, fazer
testes avaliativos e falar em público são exemplos comuns.
Ao relacionar o conceito de ansiedade situacional à aprendizagem de língua
estrangeira, Horwitz, Horwitz e Cope (1986, p. 128) definiram-no como "um estado complexo
de percepções, crenças, sentimentos e comportamentos relacionados à aprendizagem de
segunda língua em sala de aula que surge a partir da peculiaridade do processo de aprendizagem
de línguas"16. Nesse estudo, os autores identificam três diferentes situações específicas desse
contexto relacionadas ao sentimento de ansiedade: a apreensão de comunicação, a ansiedade de
testes e o medo da avaliação negativa. MacIntyre e Gardner (1994) identificam esse tipo de
ansiedade como um sentimento de tensão e apreensão relacionado especificamente ao contexto
de aprendizagem de uma segunda língua, que inclui a fala, a escuta e a aprendizagem.
A influência da ansiedade na aprendizagem de segunda língua é um tema que
desperta o interesse de pesquisadores desde longa data. Horwitz (2010) identifica os principais
estudos na área a partir de 1972, apontando que somente a partir do estudo de Scovel (1978,
apud HORWITZ, 2010) o tema começou a ser abordado de forma mais sistematizada. Em um
trabalho de revisão de literatura, Scovel apontou a necessidade de definir de forma mais precisa
o termo ansiedade nos estudos linguísticos. Seguindo essa sugestão, o trabalho de Horwitz,
Horwitz e Cope em 1986 não só definiu o conceito, como também estabeleceu uma escala de
identificação da ansiedade da língua, utilizada em grande parte dos estudos posteriores sobre o
tema.
Na sequência desses trabalhos iniciais, a interferência da ansiedade na
aprendizagem de segunda língua foi objeto de estudos de um número significativo de
pesquisadores ao longo das últimas décadas, identificando o efeito negativo da ansiedade da
língua na performance dos aprendizes (AIDA, 1994; DEWALE; PETRIDES; FURNHAM,
2008; GREGERSEN; MACINTYRE; MEZA, 2014; LIU; JACKSON, 2008; MACINTYRE,
2007; SAITO; SAMIMY, 1996). Ao considerar especificamente as habilidades orais, outros
estudos revelam que o efeito negativo da ansiedade da língua pode ser ainda mais significativo
(CHENG; HORWITZ; SCHALLERT, 1999; LUCAS, 1984; PHILIPS, 1992; WOODROW,
2006; YOUNG, 1986).
16 Tradução do original “a distinct complex of self-perceptions, beliefs, feelings, and behaviors related to
classroom language learning arising from the uniqueness of the language learning process”.
39
Ainda que a ansiedade seja o fator emocional mais associado à aprendizagem de
uma segunda língua, em especial na comunicação oral, outros sentimentos devem ter seu papel
considerado nesse processo, como sugere Aragão (2011), defendendo que a aprendizagem de
segunda língua está inter-relacionada às crenças e emoções do aprendiz. Baker et al. (2010)
demonstram como a emoção leva a ações que afetam a aprendizagem ao analisar o estado
cognitivo-emocional de estudantes em ambientes virtuais de aprendizagem, encontrando uma
forte relação entre tédio e más práticas de aprendizagem, como tentar adivinhar respostas ou
pedir dicas repetidamente até obter a resposta (BAKER et al., 2004, apud BAKER et al., 2010).
Reeve (2009) define emoções como padrões neurológicos sincronizados que
coordenam sentimentos, processos biológicos e expressões faciais com o objetivo de preparar
o indivíduo para se adaptar a alguma circunstância da vida. Segundo Aragão (2011, p. 302),
emoções “representam as várias formas de se estar em relação à dinâmica do ambiente ao
redor”. 17 Maturana (1998, p. 18) afirma que, no campo da biologia, as emoções são
“disposições corporais dinâmicas que definem os diferentes domínios de ação em que nos
movemos”. Assim, é a inter-relação entre o racional e o emocional que define o ser humano,
ainda que, em geral, a dimensão racional seja a única associada à condição humana. Essa
perspectiva da emoção como disposição para a ação, identificada por Maturana, pressupõe a
indissociabilidade do indivíduo e do ambiente. Nesse sentido, difere da concepção tradicional
de que as emoções estão relacionadas ao estado psicológico, ou seja, reconhece a inter-relação
entre o ambiente e o indivíduo, e suas emoções como agentes e reagentes que modulam a ação
do indivíduo no ambiente. Aragão, Paiva e Gomes Junior (2017, p. 560) reiteram que “emoção
e ação se relacionam de uma maneira recíproca e mutuamente constituída”.
Considerando a perspectiva de interação e reciprocidade entre ação e emoção na
aprendizagem de línguas, a cognição não deve ser tomada como evento imune da influência da
emoção. Krashen (1982) argumenta que aspectos emocionais como motivação, autoconfiança
e ansiedade têm grande influência nesse processo. No entanto, são aspectos geralmente
ignorados ou menosprezados em favor de um enfoque na cognição, como apontado por Aragão
(2011).
Como visto anteriormente, vários estudos se voltam para a relação entre ansiedade
e aprendizagem de segunda língua, demonstrando que tanto emoções negativas – como tédio,
vergonha, frustração –, ou positivas – como confiança, segurança e sensação de pertencimento
17 Tradução do original “Emotions represent various ways of being in relation to the dynamics of the
immediate environment”.
40
–, podem ter um impacto na disposição do aprendiz. Aragão, Paiva e Gomes Junior (2017)
descrevem alguns estudos que se referem ao efeito da emoção na aprendizagem, como
MacIntyre (2002), Larsen-Freeman (2001) e Arnold e Brown (1999). Em seus estudos, esses
autores sugerem que as emoções podem tanto motivar quanto desmotivar o aluno. Aragão
(2011) destaca que sentimentos negativos, como medo de errar e de ser julgado, estão
relacionados a crenças e preconcepções sobre um modelo idealizado de falante de segunda
língua, que intimida o aprendiz e limita sua disposição para se comunicar.
A partir da popularização das tecnologias digitais, pesquisadores voltam-se para as
novas possibilidades trazidas por essas ferramentas, investigando o efeito da comunicação
mediada por computador na ansiedade e emoções dos aprendizes de uma segunda língua.
Enquanto alguns estudos sugerem que a mediação tecnológica afeta positivamente a
performance do aluno, diminuindo sua ansiedade (ABRAMS 2003; BEAVOIS, 1994; PAYNE;
WHITNEY, 2002; POZA, 2011; SATAR; ÖZDENER, 2008), outros autores alegam que não
encontraram diferenças significativas entre o nível de ansiedade na comunicação mediada por
computador e na comunicação face a face (ARNOLD, 2007; BARALT; GURZYNSKI-WEISS,
2011; MCNEIL, 2014).
Na perspectiva da interação entre indivíduo e ambiente, alguns estudos investigam
a forma como a mediação tecnológica influencia as emoções dos aprendizes de segunda língua.
Pop, Tomuletiu e David (2011), em estudo sobre comunicação oral usando ferramentas de voz
assíncronas, identificaram maior motivação, confiança e atitudes positivas nos participantes.
Outros estudos, como Warschauer (1996) e Yanguas e Flores (2014) comparam discussões
mediadas por computador e face a face. Warschauer identificou oportunidades de participação
mais igualitárias no meio eletrônico, principalmente daqueles participantes que reportaram
sentir desconforto na comunicação face a face; enquanto Yanguas e Flores sugerem que o
aumento da troca de turnos na discussão mediada pode indicar maior motivação ou menor
ansiedade dos participantes nesse ambiente.
Os pressupostos teóricos apresentados nesta seção são os fundamentos para a
análise de resultados apresentada no capítulo 4, tendo a visão sociocultural de Vygotsky como
base teórica para as discussões sobre a aprendizagem de uma segunda língua, tal como proposto
por Frawley e Lantolf (1985). Esta base teórica é amparada pelo modelo de estratégias de
aprendizagem sistematizado por Oxford (1989) e pelos estudos sobre ansiedade e emoções
desenvolvidos por diversos autores citados nesta seção. Esses constructos teóricos permitem
que as percepções dos participantes sobre o processo de aprendizagem sejam analisadas no
41
intuito de identificar como esses processos ocorrem em dois tipos diferentes de interação, e
como a mediação tecnológica influencia o desenvolvimento de habilidades orais. A seguir,
apresentarei os procedimentos metodológicos adotados para geração dos dados.
42
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste capítulo, apresento a metodologia aplicada no desenvolvimento deste
trabalho, partindo da justificativa do emprego do estudo de caso e da abordagem qualitativa da
pesquisa, seguindo para a descrição do contexto e dos participantes do estudo. Apresento
também a descrição das atividades que são analisadas nesta pesquisa, junto ao delineamento da
ferramenta digital utilizada para mediar uma dessas atividades. A geração de dados é discutida
e os métodos, assim como os instrumentos de geração de dados, justificados com base na
importância da validade e da confiabilidade dos dados. Por fim, são delineados os
procedimentos para análise dos dados.
3.1 O estudo de caso na pesquisa qualitativa
A perspectiva qualitativa da pesquisa busca descrever ou compreender eventos e
processos a partir da exploração de fenômenos em seu ambiente natural. Na impossibilidade de
isolar e controlar esses fenômenos, esta abordagem parte de recortes ou focos para interpretar
seus dados, fundamentando-se em uma base teórica que permite a análise do objeto de estudo
a partir de determinadas correntes de pensamento. Segundo Duff:
A pesquisa qualitativa geralmente também enfatiza a importância de analisar e
interpretar fenômenos observáveis em seu contexto. Estes contextos tendem a ser de
ocorrência natural, que em linguística aplicada podem incluir sessões de testes de
línguas, salas de aula, audiências ou entrevistas de emprego. (2008, p. 30)18
Zacharias (2012) ressalta as características da pesquisa qualitativa em oposição ao
paradigma quantitativo a partir de determinados aspectos: quanto ao objetivo, busca entender
um fenômeno ou indivíduos; a questão de pesquisa é dinâmica e pode mudar no decorrer da
investigação de acordo com seu desenvolvimento; o número de participantes é menor, podendo
ser até mesmo um único indivíduo; quanto à duração, é mais longa pois exige maior imersão e
envolvimento do pesquisador; os dados são extraídos de narrativas dos participantes, obtidas
por entrevistas ou questionários, levando à análise interpretativa e à possibilidade de temas
emergentes. Seliger e Shohamy (1989) apontam algumas razões que justificam a escolha da
abordagem qualitativa nas pesquisas relacionadas à aquisição de segunda língua: a dinâmica da
18 Tradução do original: “Qualitative research also generally emphasizes the importance o f examining and
interpreting observable phenomena in context. These contexts tend to be naturally occurring ones, which in
applied linguistics might include language testing sessions, classrooms, courtrooms, or job interviews” .
43
sala de aula, que dificulta o isolamento e controle de fatores para estudos experimentais; o
aumento do rigor em termos de métodos e técnicas de geração de dados, que possibilitam
resultados com maior riqueza e complexidade; e a preocupação com a artificialidade de
resultados produzidos em ambientes controlados.
O estudo de caso, segundo Leffa (2006, p. 14), é definido como “a investigação
profunda e exaustiva de um participante ou pequeno grupo”. Nessa abordagem, o objetivo
maior não é generalizar as descobertas, mas sim analisar o fenômeno de todos os ângulos
possíveis, de forma que seja observado em seu contexto, sem isolá-lo ou restringi-lo a uma
única variável. Merriam (1988, p. 16) destaca seu caráter indutivo, definindo o estudo de caso
qualitativo como
uma descrição e análise intensiva e holística de uma única entidade, fenômeno ou
unidade social. Os estudos de caso são particularistas, descritivos e heurísticos e
dependem fortemente de raciocínio indutivo no manejo de múltiplas fontes de dados.19
Gillham (2000) aponta que o estudo de caso não parte de noções teóricas definidas
a priori, pois antes de analisar os dados e o contexto, o pesquisador não sabe que teorias serão
capazes de explicar o fenômeno. Assim, o autor destaca o caráter imprevisível do método que,
diferentemente da observação de um experimento controlado, na observação do fenômeno em
seu contexto o pesquisador não tem como prever de que forma os dados vão se apresentar.
O caráter qualitativo do estudo deste caso que aqui apresento é busca compreender
a percepção dos participantes quanto ao desenvolvimento de habilidades orais sem isolá-los do
contexto. O estudo de caso é o método escolhido para esta análise, pois mantém o foco no
indivíduo, permitindo identificar essa percepção em maior diversidade e complexidade.
A eventual quantificação de dados neste estudo serve como suporte à análise e
triangulação, mas o levantamento estatístico não é seu objetivo principal. Tomando a teoria
sociocultural como base, busco a compreensão de determinado fenômeno, o desenvolvimento
de habilidades orais, em uma população específica, alunos do primeiro nível do IFA, sem
pretensão de encontrar resultados universalmente aplicáveis.
Ainda que seja um método criticado por seu caráter subjetivo (LEFFA, 2006), como
já mencionado anteriormente, o estudo de caso foi escolhido, neste trabalho, por permitir a
investigação aprofundada de um aspecto que apresenta variáveis indefinidas e
19 Tradução do original: “an intensive, holistic description and analysis of a single entity, phenomenon, or
social unit. Case studies are particularistic, descriptive, and heuristic and rely heavily on inductive reasoning
in handling multiple data sources”.
44
imprevisibilidade de resultados. Adicionalmente, a inviabilidade de separar o fenômeno de seu
contexto impele o investigador a adotar metodologias que possibilitem uma visão holística do
objeto e dos sujeitos, fazendo do estudo de caso uma opção mais coerente para esta pesquisa.
Como medida preventiva de possíveis erros interpretativos, foi adotada a triangulação de dados,
operacionalizada através de três diferentes formas de geração, em busca de maior rigor no
processo de investigação.
3.2 Contexto e participantes
O IFA é um conjunto de disciplinas de inglês para fins acadêmicos oferecidas como
disciplinas de formação livre aos estudantes da graduação e pós-graduação da UFMG pela
Diretoria de Relações Internacionais (DRI) em parceria com a Faculdade de Letras. A criação
das disciplinas foi proposta para atender à demanda de proficiência em língua inglesa voltada
para o contexto acadêmico, evidenciada a partir da crescente ação de internacionalização da
universidade20. O curso é dividido em cinco módulos semestrais de 60 horas e o ingresso se dá
por meio de teste de nivelamento ou certificação de nível de proficiência, sendo exigido que o
aluno esteja no nível B1 do Quadro Comum Europeu de Referência21 para se matricular no
primeiro módulo.
O IFA I foi o módulo escolhido para aplicação da pesquisa por ser o contato inicial
dos alunos com a produção oral de gêneros acadêmicos em inglês, e também pela familiaridade
da pesquisadora com os alunos e o ambiente da sala de aula, por sua atuação como professora
nesse módulo. No contexto de um estudo de caso, Duff (2008) recomenda que a proximidade
do pesquisador com os participantes deve ser reportada, para que o leitor consiga contextualizar
a pesquisa e entender o papel do pesquisador.
Neste estudo, a escolha dos participantes recaiu sobre uma das turmas do módulo I
do IFA, composta por onze participantes, alunos da pesquisadora. O envolvimento desta
limitou-se à interação regular entre professor e aluno nos momentos de realização das atividades,
ou seja, esclarecimento de dúvidas e orientações sobre sua dinâmica, buscando interferir
20 O projeto de criação das disciplinas foi idealizado pela Profa. Dra. Deise Prina Dutra, então coordenadora
do Program Inglês Sem Fronteiras e do Setor de Proficiência Linguística da UFMG, para entrar em vigor
a partir do primeiro semestre de 2013.
21 O Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (CEFR, sigla para Common European Framework of
Reference for Languages) é um referencial utilizado para classificar o nível de conhecimento de estudantes de
línguas estrangeiras, dividindo-o em três categorias: A (básico), B (intermediário ou independente) e C (avançado).
Fonte: http://www.cambridgeenglish.org/br/exams-and-tests/cefr/. Acesso em 08 mar. 2018.
45
minimamente em seu desenvolvimento natural. A geração de dados por meio de questionários
e entrevistas, momento em que essa interação aluno-professor se confunde com a relação
participante-pesquisador, foi realizada posteriormente, fora do ambiente da sala de aula. Ainda
assim, a pesquisadora caracteriza-se como observadora participante, que é definido por Marconi
e Lakatos (2007) como alguém que se aproxima do grupo quase a ponto de se tornar um membro,
participando de suas atividades regulares.
Além da familiaridade da pesquisadora com o contexto, outro fator que influenciou
a escolha dos participantes foi o fato de o módulo I ser o contato inicial dos alunos com a
produção oral de gêneros acadêmicos em inglês. Adicionalmente, o número relativamente
reduzido de alunos na classe permitiu uma investigação mais aprofundada de cada participante,
tal como preconizado na abordagem do estudo de caso.
Os onze participantes são alunos da UFMG matriculados no IFA I, sendo oito
mulheres e três homens, com nível intermediário de proficiência em inglês, de acordo com o
CEFR. Com exceção de um falante nativo de espanhol, todos os outros membros do grupo têm
o português como língua materna. A faixa etária varia entre 19 e 34 anos, e os participantes são
alunos de diversos níveis, da graduação (8 no total), da pós-graduação lato-sensu (1 aluno) e do
doutorado (2 alunos). As áreas em que estão se formando são variadas: há alunos dos cursos de
Arquitetura, Ciências Atuariais, Comunicação Social, Engenharia Metalúrgica, Farmácia,
Fisioterapia, Letras, Microbiologia, Museologia, Relações Internacionais e Saneamento. Desses
onze, somente nove alunos participaram de todas as etapas do estudo.
Considerando o caráter voluntário da participação neste estudo, os alunos foram
informados do objetivo da pesquisa, de seus direitos enquanto participantes e das questões
éticas relacionadas à pesquisa, por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(APÊNDICE 1A). Para garantir o anonimato dos participantes sem que os sujeitos fossem
descaracterizados por formas de identificação como “Aluno A” ou “Participante 1”, foram
usados pseudônimos, escolhidos pelos próprios participantes no momento da entrevista. Não houve
pré-condições ou julgamentos quanto a essa escolha, resultando em alguns nomes pouco usuais,
que revelam a identificação ou admiração dos participantes por personagens fictícios da cultura
literária ou cinematográfica. Assim, os participantes deste estudo são identificados como Betina,
Cecília, Duda, Helena, João, Khaleesi, Lucas, Maximus, Teddy e Úrsula22.
22 Dos onze participantes iniciais, um deixou de comparecer às aulas após ter respondido ao primeiro
questionário. Dos dez restantes, apenas nove fizeram parte da entrevista e puderam escolher um
pseudônimo. Assim, um desses dez nomes foi escolhido pela pesquisadora, para manter o anonimato do/da
participante.
46
3.3 Descrição das atividades e duração da pesquisa
Este estudo investiga a percepção dos alunos quanto ao desenvolvimento das
habilidades orais em um curso de inglês para fins acadêmicos, tendo como base a realização de
duas atividades avaliativas: uma apresentação oral (atividade presencial) em sala de aula e a
produção de um vídeo (atividade online), mediada por ferramentas digitais. O objetivo dessas
atividades foi trabalhar a habilidade dos alunos a partir da compreensão e produção de gêneros
orais, como forma de articular a aprendizagem à prática social, tornando-a significativa para os
alunos no contexto de uma disciplina de inglês acadêmico.
O trabalho de preparação das atividades ocorreu entre os meses de julho e agosto,
antes do início do curso, e incluiu a elaboração de orientações para os alunos e criação de um
fórum e de uma ferramenta de envio de tarefas na plataforma Moodle, que será detalhada no
próximo capítulo.
No primeiro dia de aula, os alunos foram orientados sobre o objetivo e conteúdo
programático da disciplina, cujo propósito geral é desenvolver as quatro habilidades do inglês
com foco no contexto acadêmico. Assim, a disciplina apresenta atividades orientadas para o
desenvolvimento de todas as competências, porém o foco deste estudo são as duas atividades
de produção oral, uma presencial e uma online, que fazem parte da avaliação da disciplina,
valendo respectivamente 20 e 15 pontos de um total de 100.
Ambas as atividades foram aplicadas durante o segundo semestre de 2017,
conforme o cronograma a seguir:
QUADRO 2 – Cronograma do trabalho
Período Atividades
Agosto/2017 • Preparação das atividades
Outubro e
Novembro/2017
• Desenvolvimento da atividade presencial
• Aplicação do primeiro questionário
• Desenvolvimento da atividade online
• Produção do relatório reflexivo
• Aplicação do segundo questionário
• Início das entrevistas
Dezembro/2017 • Fim das entrevistas
Fonte: elaborado pela autora
Em outubro os alunos começaram a desenvolver a atividade presencial, finalizada
somente em novembro. Após o fim dessa atividade, o primeiro questionário foi aplicado.
47
Paralelamente, iniciou-se o desenvolvimento da atividade online, seguida da produção de um
relatório reflexivo pelos alunos. Na sequência, o segundo questionário foi aplicado e após essa
etapa fiz as entrevistas individuais, encerradas em dezembro.
3.3.1 A atividade presencial
A atividade de produção oral presencial consiste na apresentação oral, em grupos
de três alunos, de um artigo acadêmico escolhido por eles. Para desenvolver a atividade, são
exigidas diversas competências do aluno, a começar pela pesquisa e identificação de artigos
científicos, leitura, sumarização e domínio do gênero apresentação acadêmica.
As orientações sobre o desenvolvimento da atividade foram dadas nas aulas dos
dias 19 e 21 de setembro. Os alunos foram informados sobre as ferramentas que poderiam
utilizar, como o datashow, e da possibilidade de usar anotações como apoio. Entretanto, foram
orientados que não seria desejável fazer a leitura de textos escritos previamente. A partir de
então, os alunos se organizaram para produzir sua atividade. A FIGURA 1 mostra o momento
de uma das apresentações, com a utilização de datashow.
FIGURA 1 – Atividade presencial
Fonte: Dados da autora
As datas de apresentação foram marcadas entre os dias 10 de outubro e 7 de
novembro. Para não alterar o andamento do curso, foi designada apenas uma apresentação por
dia, que acontecia no final da aula. Os alunos tinham vinte minutos para fazer a apresentação,
48
seguida por uma breve discussão e pelo feedback dos colegas, que era parte dos requisitos para
cumprimento total da atividade.
As apresentações dos alunos foram gravadas para que eles pudessem, no momento
da entrevista, observar seu desempenho e relembrar os sentimentos e percepções que afloraram
durante a atividade. Essas gravações em vídeo não foram objeto de análise por parte da
pesquisadora, já que o foco do estudo é a percepção dos participantes sobre sua experiência.
Assim, a gravação serviu apenas para que pudessem observar sua prática na atividade presencial
e comparar com o vídeo gravado na atividade online.
3.3.2 A atividade online
A atividade online divide-se em três etapas: a primeira, a produção de um vídeo-
pitch23 com duração máxima de três minutos, no qual o aluno descreve a pesquisa que está
desenvolvendo ou uma disciplina de seu curso de graduação, e subsequente compartilhamento
em fórum do Moodle criado para essa atividade. Na segunda etapa, cada aluno deveria assistir
ao menos três vídeos dos colegas e fazer comentários sobre cada um. A última fase consiste na
leitura do feedback dos colegas e na escrita de um relatório reflexivo sobre a atividade. Dessa
forma, o desenvolvimento da atividade exige que o aluno crie o próprio texto a ser apresentado,
elaborando-o previamente ou de improviso, e que tenha domínio do gênero video-pitch, com
suas características e objetivos.
Essa atividade foi criada a partir da identificação da crescente utilização do video-
pitch no contexto acadêmico, como parte dos critérios de seleção em programas de mobilidade
acadêmica, e também como parte dos requisitos para prestação de contas em agências de
fomento à pesquisa. No contexto do IFA I, a relevância do video-pitch está relacionada ao
programa Minas Mundi da UFMG, considerado um dos maiores programas de mobilidade
internacional do Brasil, oferecendo vagas de intercâmbio para mais de cem universidades, em
mais de vinte países24. Um dos critérios de seleção utilizado nesse programa é a produção de
um video-pitch, que visa demonstrar tanto a proficiência linguística do candidato quanto seus
conhecimentos relacionados ao curso e à universidade de destino, bem como a capacidade do
23 O pitch é um gênero oral que consiste em uma sucinta apresentação sobre uma ideia, produto, serviço ou
proposta de trabalho. Deve ser curto, direto e interessante o suficiente para prender a atenção do
interlocutor por alguns minutos (TERRA; MATTOS, 2018). Pode ser apresentado pessoalmente pelo
autor, ou gravado em vídeo, o chamado video-pitch.
24 Fonte: MINAS Mundi. Disponível em: <https://www.ufmg.br/dri/programas/aluno-da-ufmg/editais-
anteriores/minas-mundi/>. Acesso em: 15 jan. 2019.
49
candidato de divulgar a universidade de origem no contexto acadêmico internacional. Outro
fator de relevância do video-pitch para os alunos do IFA I é a utilização deste gênero nas práticas
acadêmicas, principalmente entre estudantes de pós-graduação, já que a breve apresentação de
seu tema de pesquisa é algo que os pós-graduandos costumam fazer de forma rotineira, em
eventos acadêmicos e até mesmo em encontros informais nesse ambiente.
As orientações para a atividade online foram dadas em 7 de novembro e os prazos
para o cumprimento das três etapas foram 16, 21 e 28 de novembro. Assim como na atividade
presencial, os participantes foram informados sobre ferramentas que poderiam ser usadas e dos
requisitos que seriam avaliados. As orientações sobre a atividade incluíram dicas para produzir
um bom vídeo, como posição da câmera, cenário de fundo e preocupação com a qualidade do
áudio, bem como informações sobre as características do gênero, formato e tamanho aceitáveis
para não dificultar o upload do arquivo para o ambiente de aprendizagem.
Os vídeos produzidos nessa atividade não foram objeto de análise nesta
investigação, mas foram apresentados aos participantes no momento da entrevista, para que
pudessem compará-los com as gravações da atividade presencial e acessar memórias e
sentimentos relacionados ao desenvolvimento da tarefa. Além disso, a exibição dos vídeos de
ambas as atividades buscou propiciar a oportunidade de o aluno analisar seu desempenho de
forma relativa, já que este trabalho investiga as percepções dos participantes sobre as atividades
em comparação. A título de ilustração, a FIGURA 2 mostra um dos vídeos produzidos, onde o
participante é filmado em primeiro plano, o tipo de vídeo mais comum entre os participantes.
Já a FIGURA 3 e a FIGURA 4 apresentam vídeos editados pelos participantes para incluir
recursos além da filmagem do aluno.
50
FIGURA 2 – Vídeo 1
Fonte: Dados da autora
FIGURA 3 – Vídeo 2
Fonte: Dados da autora
51
FIGURA 4 – Vídeo 3
Fonte: Dados da autora
3.4 O Moodle como ferramenta tecnológica de mediação
Para o desenvolvimento da atividade presencial, os alunos puderam escolher as
ferramentas de suporte de acordo com sua preferência, pois, por se tratar de atividade presencial,
a mediação tecnológica não era necessária. Já a atividade online, por sua própria natureza, é
duplamente mediada por tecnologias digitais: primeiro, era necessário um equipamento para
capturar as imagens em formato digital passível de compartilhamento online; segundo, era
necessária uma plataforma digital onde esses vídeos pudessem ser compartilhados, e que
oferecessem a possibilidade de interação assíncrona para que os alunos pudessem se manifestar
sobre os trabalhos dos colegas.
A primeira fase dessa mediação, ou seja, a forma como os alunos gravaram as
imagens, não foi estabelecida previamente. Dessa forma, os estudantes estavam livres para usar
qualquer tipo de equipamento e/ou software. Para a segunda etapa da atividade online,
compartilhamento dos vídeos e interação assíncrona, a plataforma usada foi o Moodle
(acrônimo para Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment).
52
O Moodle é uma plataforma de aprendizagem baseada em software livre, cuja
arquitetura possibilita a aprendizagem colaborativa, oferecendo ferramentas para interação
tanto síncrona quanto assíncrona, com vários espaços para apresentação de conteúdos
diversificados, como vídeos, animações, textos e imagens. Segundo informações disponíveis
no site da plataforma, o desenvolvimento do software é guiado por uma visão sócio-
construtivista da aprendizagem, na qual o conhecimento é construído colaborativamente a partir
da interação entre os participantes de uma comunidade, sendo o papel do professor o de mediar
esse processo25. O Moodle possui, ainda, ferramentas de gestão de ensino-aprendizagem de
simples operação, que facilitam o acompanhamento das atividades realizadas pelos alunos,
permitindo o feedback relacionado às tarefas e a constante comunicação entre usuários.
Além de funcionalidades pedagógicas, outro fator que orientou a escolha do
Moodle como plataforma para a atividade online é o fato de ser um ambiente de aprendizagem
familiar aos alunos, por ser utilizado na UFMG tanto como ambiente para disciplinas online
quanto como ferramenta de apoio ao ensino presencial. A página da disciplina IFA na
ferramenta Moodle é mostrada na FIGURA 5.
FIGURA 5 – Interface do Moodle
Fonte: UFMG Virtual (https://virtual.ufmg.br/)
25 Disponível em http://docs.moodle.org/en/About_Moodle. Acesso em 30 maio 2018.
53
Para a atividade online, foi criado um fórum de discussão, mostrado na FIGURA 6,
onde os alunos poderiam compartilhar os vídeos e postar comentários sobre os vídeos dos
colegas, tarefas que correspondem às duas primeiras etapas da atividade. Para a última fase, a
função Tarefa, que permite o envio de arquivos em diversos formatos, foi utilizada para que os
alunos enviassem seus relatórios reflexivos, já que estes seriam endereçados diretamente ao
professor.
FIGURA 6 – O fórum de discussão
Fonte: UFMG Virtual (https://virtual.ufmg.br/)
3.5 Instrumentos e processo de geração de dados
A geração de dados na pesquisa qualitativa, segundo Dörnyei (2007), tende a ser
extensa e heterogênea, com fontes de informação variadas que podem resultar em um conjunto
caótico. Tal diversidade, no entanto, reflete a complexidade das situações no contexto real, que
é o objeto do estudo de caso.
A imprevisibilidade característica dos fenômenos observados em seu contexto real
permite que o investigador utilize procedimentos variados para gerar dados que reflitam sua
riqueza. A natureza emergente da pesquisa qualitativa pressupõe que esse fenômeno seja
observado sem referências prévias, para evitar o enviesamento do estudo (DÖRNYEI, 2007).
Porém, uma estruturação prévia da forma como essa observação será levada a cabo é
54
recomendada por Seliger e Shohamy (1989), com base no grau de explicitação de cada
procedimento.
Anteriormente à geração de dados desta pesquisa, foi realizado um estudo piloto
com uma outra turma de alunos do IFA I no primeiro semestre de 2017. Esse piloto foi
conduzido para verificar a adequabilidade da atividade online, que não tinha sido aplicada
anteriormente no IFA, e também para levantar problemas e dificuldades que poderiam ocorrer
no desenvolvimento do estudo.
A geração de dados propriamente dita aconteceu entre os meses de novembro e
dezembro de 2017, sendo que a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
documento que formaliza a participação no estudo, ocorreu entre setembro e outubro do mesmo
ano. Foram utilizados como principais instrumentos questionários, entrevistas, análise
documental de relatórios reflexivos e observação participante.
É importante esclarecer que do total de onze participantes, somente nove fizeram
parte de todas as etapas do estudo. O primeiro questionário aplicado, referente à atividade
presencial, foi respondido por todos os onze alunos, enquanto o segundo, sobre a atividade
online, foi respondido por nove. Em relação às outras etapas de geração de dados, nove
participantes fizeram parte da entrevista, e dez enviaram os relatórios reflexivos que fazem
parte da análise documental.
Prosseguindo com a apresentação e justificativa da utilização dos instrumentos de
geração de dados adotados neste estudo, inicio com os questionários, que são definidos por
Seliger e Shohamy (1989) como formulários impressos com perguntas que devem ser
respondidas anonimamente e diferem da entrevista em relação ao modo de registro das
respostas: escrito, no questionário, e oral na entrevista; e podem ser aplicados de forma
combinada. Assim como a entrevista, o questionário pode ser mais ou menos estruturado, e essa
característica influencia o grau de clareza e precisão dos dados. Neste estudo, foram aplicados
dois questionários estruturados com perguntas fechadas, buscando gerar dados quantificáveis
para efeito de triangulação, ao serem comparados com os dados obtidos pelos outros
instrumentos de geração.
O primeiro questionário (APÊNDICE 2A) investigou a percepção dos alunos
quanto à atividade presencial, enquanto o segundo (APÊNDICE 2B) coletou informações sobre
55
a atividade online. Ambos foram elaborados com base na escala de Likert26. Esses questionários
foram respondidos anonimamente através de formulário eletrônico que os participantes
acessaram por um link compartilhado via e-mail. Uma das desvantagens do instrumento, de
acordo com Marconi e Lakatos (2007), é a baixa taxa de respostas, que não se verificou neste
estudo, pois contou com uma taxa de 100% de respostas no primeiro questionário e de 80% no
segundo.
A entrevista busca obter informações do indivíduo por meio de uma conversa com
um propósito bem definido (MARCONI; LAKATOS, 2007; SELIGER; SHOHAMY, 1989;
ZACHARIAS, 2012). A entrevista semiestruturada caracteriza-se pela elaboração de um roteiro
de perguntas abertas a serem abordadas pelo entrevistador. As questões abertas buscam elucidar
as visões e opiniões do entrevistado (CRESWELL, 2003), e apesar de terem sido elaboradas
previamente, contam com certa liberdade de alteração de acordo com o desenrolar da interação
(SELIGER; SHOHAMY, 1989).
Neste estudo, a entrevista semiestruturada (APÊNDICE 2C) foi utilizada para que
os alunos pudessem falar sobre suas percepções em relação às atividades de produção oral. Para
que relembrassem dessas percepções, antes da entrevista, os participantes assistiram ao seu
próprio vídeo produzido para a atividade online, e também à gravação da apresentação oral
presencial. Devido ao caráter subjetivo desse instrumento, cujos resultados podem sofrer
influência da relação entrevistado- participante, Marconi e Lakatos (2007) recomendam que os
dados gerados na entrevista sejam comparados com os de outras fontes, a fim de manter a
validade das informações. Por esse motivo, optei por utilizar outras fontes de dados, como o
questionário e a análise documental.
Outro instrumento utilizado nesta pesquisa é a análise documental de relatórios
reflexivos produzidos pelos alunos após a conclusão das duas atividades. Para este fim, foi
utilizada a análise de conteúdo, que é definida por Moraes (1999, p. 9) como “uma metodologia
de pesquisa usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e
textos”. Segundo o autor, a análise de conteúdo permite que os dados sejam descritos
sistematicamente, de forma qualitativa e quantitativa, a fim de que possam ser compreendidos
de modo mais profundo do que seria possível em uma leitura comum. Nessa perspectiva, os
26 Escala de resposta psicométrica criada por Rensis Likert onde os entrevistados expressam sua opinião
identificando o nível de concordância com a ideia expressa em uma afirmação. Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_Likert
56
documentos em seu estado bruto são analisados e interpretados pelo pesquisador, que busca
obter uma visão geral do conjunto e identificar categorias emergentes.
Bardin (2011) descreve três procedimentos para operacionalização da análise de
conteúdo: pré-análise, que consiste em estabelecer a forma de organização do trabalho, definir
procedimentos e ter o primeiro contato com os documentos; exploração, a escolha de unidades
de análise para codificação, classificação e categorização; e tratamento, quando o pesquisador
faz inferências dos dados obtidos. Cabe ressaltar que essa análise não pode ser classificada
como a única possível. Moraes (1999, p. 15) lembra que “a análise de conteúdo é uma
interpretação pessoal por parte do pesquisador com relação à percepção que tem dos dados”, e
como toda interpretação, traz consigo a posição do autor, seus valores e interesses, elementos
que têm influência sobre o seu julgamento.
No conjunto de instrumentos de geração de dados desta pesquisa inclui-se também
a observação participante, que é definida pela participação direta do pesquisador com o grupo
de participantes. Como esse grupo é composto por alunos de uma disciplina ministrada por mim,
meu envolvimento e constante interação com os participantes permite classificar-me como um
membro participante do grupo. Assim, finalizo a apresentação dos instrumentos e processos de
coleta, passando a seguir às considerações sobre os critérios utilizados para atestar a
confiabilidade na pesquisa qualitativa, como parte da justificativa da escolha dos métodos de
geração de dados.
As pesquisas quantitativas são avaliadas a partir de critérios de validade e
confiabilidade. A validade interna determina se o objeto de investigação atende aos objetivos
propostos e a externa identifica se os resultados são generalizáveis; enquanto a confiabilidade
interna analisa se os mesmos resultados seriam obtidos se investigados por outro pesquisador,
a confiabilidade externa avalia se a replicação da pesquisa obteria o mesmo resultado. No
entanto, a aplicação desse modelo na pesquisa qualitativa é questionável, dada a sua natureza
subjetiva e resultados que dependem da interpretação e de inferências feitas pelo pesquisador.
Lincoln e Guba (1985) sugerem que a pesquisa qualitativa seja avaliada com base
em diferentes critérios que avaliam se o fenômeno ou ponto de vista do participante é
reproduzido na pesquisa (credibilidade); se há possibilidade de aplicar os resultados obtidos em
um diferente contexto (transferibilidade); se o estudo chegaria aos mesmos resultados se
aplicado por outro pesquisador em outro contexto (dependabilidade); e se o pesquisador analisa
os fatos objetivamente, de forma que possam ser confirmados por outros pesquisadores
57
(confirmabilidade). No intuito de atingir esses critérios, este estudo buscou diferentes
instrumentos de geração para permitir a triangulação dos dados.
Denzin (1984) distingue quatro tipos de triangulação: de dados, do investigador,
teórica e metodológica. A triangulação de dados, que é a combinação ou cruzamento de
diferentes fontes de dados, permite que as descobertas sejam corroboradas e, se houver
fragilidade em algum dado, pode ser compensada pelos pontos fortes de outros dados,
aumentando assim a validade e a confiabilidade dos resultados. Para além da possibilidade de
garantir a confiabilidade da pesquisa, a triangulação provê um conjunto de informações mais
rico, permitindo maior alcance da análise a partir da perspectiva mais completa de um fenômeno,
possibilitando novos insights sobre o objeto de estudo.
3.6 Análise de dados
A análise de dados é a fase em que o pesquisador examina o conjunto de dados no
intuito de organizar e sintetizar as informações para extrair resultados e conclusões. Ao
contrário da pesquisa quantitativa, que se apoia em dados numéricos e estatísticos, a pesquisa
qualitativa lida geralmente com dados expressos em linguagem escrita ou oral, que exige do
pesquisador boa percepção e intuição, além do conhecimento, para que consiga interpretar e
dar sentido ao conjunto de informações geradas na pesquisa.
Seliger e Shohamy (1989) identificam dois tipos de técnica de análise: o processo
indutivo, em que as categorias de análise emergem durante o processo para então ordenar os
dados; e o dedutivo, em que o pesquisador analisa as informações já tendo um sistema de
categorias previamente definido. Dörnyei (2007) apresenta quatro princípios gerais da análise
qualitativa: análise baseada em linguagem; processo iterativo, ou não-linear; abordagem
analítico-formal ou subjetiva e intuitiva; e uso de metodologia genérica ou específica.
Nesta pesquisa, a interpretação dos dados baseou-se na análise da combinação de
informações obtidas através de questionários, entrevistas semiestruturadas e relatórios
reflexivos produzidos pelos alunos. Foram analisados 20 questionários, sendo 11 referentes à
atividade presencial e 9 referentes à atividade online; 9 entrevistas e 10 relatórios reflexivos.
A primeira etapa da análise foi o tratamento estatístico das respostas dos
questionários; em seguida, as entrevistas foram transcritas e analisadas para identificar
categorias emergentes; e por fim, os relatórios dos alunos foram analisados qualitativamente,
em busca de dados representativos. Como a maior parte dos dados foi tratada de forma
qualitativa, foram feitas múltiplas análises que, partindo de uma perspectiva indutiva, teve
58
como fio condutor os objetivos gerais e específicos deste estudo, permitindo a identificação de
estratégias de aprendizagem, ganhos obtidos, percepções sobre feedback e emoções
relacionadas à prática.
59
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo são analisados os conjuntos de dados gerados a partir dos
questionários, das entrevistas e dos relatórios reflexivos produzidos pelos alunos, tendo as
perguntas da pesquisa como referência para a análise. Os dados quantitativos dos questionários
são examinados conjuntamente com as informações colhidas na entrevista e nos relatórios
reflexivos produzidos pelos alunos, buscando identificar estratégias de aprendizagem, ganhos
obtidos, percepções sobre feedback e emoções relacionadas à prática. Os resultados são
apresentados de forma a contrapor as informações sobre a atividade presencial e a atividade
online, e são discutidos com base no referencial teórico que fundamenta este trabalho.
Os questionários, elaborados com base na escala de Likert, são analisados
estatisticamente a partir da média ponderada das respostas. O cálculo do desvio padrão (DP),
apresentado em conjunto com a média, permite identificar a distribuição das respostas,
considerando o número de participantes, 11 e 9, que responderam o questionário da atividade
presencial e da atividade online, respectivamente. As entrevistas e relatórios reflexivos são
examinados a partir da análise de conteúdo de Bardin (2011).
Ressalto que a análise apresentada é uma dentre as várias possíveis interpretações,
visto que se trata de atividade de caráter subjetivo. A natureza dos dados, o tema e o contexto
de investigação da pesquisa permitem diferentes interpretações, portanto, pontuo que os
resultados apresentados não são generalizáveis e que diferentes olhares e perspectivas sobre os
dados são possíveis. Passamos então para as análises referentes à primeira pergunta.
4.1 Pergunta de pesquisa nº 1: Quais são as estratégias de aprendizagem utilizadas pelos
estudantes no desenvolvimento de atividades de produção oral?
Esta pergunta foi abordada quantitativamente na geração de dados por meio dos
questionários, e confrontada com os dados qualitativos extraídos das entrevistas e relatórios
reflexivos. Nos questionários que foram aplicados após cada uma das atividades, quatro
afirmativas foram apresentadas para que os participantes pudessem expressar o nível de
concordância em relação a diferentes estratégias possíveis, e duas afirmativas extras foram
acrescentadas no questionário referente à atividade online, pois eram aplicáveis somente a essa
atividade. As respostas foram mensuradas por meio de média ponderada e apresentadas em
colunas no GRÁFICO 1, juntamente com o desvio padrão (DP), representado por linhas. Na
entrevista, um conjunto de quatro perguntas, duas sobre a atividade presencial e duas sobre a
60
atividade online, buscavam identificar como os alunos prepararam-se para as atividades e suas
maiores dificuldades no processo. Em ambos os instrumentos, essas questões foram agrupadas
na Categoria 1, que chamei de Estratégias de Aprendizagem.
GRÁFICO 1 - Estratégias de aprendizagem adotadas
Fonte: elaborado pela autora
O GRÁFICO 1 mostra que a maior parte das estratégias mencionadas é adotada
com mais frequência na atividade online, com exceção da primeira, escrever roteiro para
organizar a apresentação. Das demais estratégias aplicáveis às duas atividades (ensaiar, anotar
palavras-chave, assistir vídeos para se preparar), uma única afirmativa (assistir vídeos para se
preparar) mostra diferença estatisticamente significativa entre as duas.
Dentre as duas últimas estratégias mostradas no gráfico (gravar vários vídeos e usar
softwares para editá-los), relacionadas apenas à atividade online, percebe-se uma grande
preferência pela opção de gravar vários vídeos. Com a média de 4,78 (de um máximo de 5,00),
é possível afirmar que foi uma estratégia utilizada por todos os participantes que responderam
o questionário referente à atividade online.
Os dados da entrevista mostram que a estratégia utilizada pelos participantes está
intimamente relacionada ao formato da atividade. Na atividade presencial, a maior parte dos
relatos concentra-se na preparação prévia, já que é uma atividade que não pode ser repetida;
61
enquanto na atividade online destaca-se uma menor preocupação com estratégias como
elaboração de roteiros, resumos e anotação de palavras-chave, recursos mencionados poucas
vezes pelos participantes, dando lugar a estratégias de autoavaliação e aprimoramento através
do ato de refazer a tarefa.
Na atividade presencial, a maioria dos alunos descreve um conjunto de estratégias
em comum: a elaboração de resumos ou roteiros, seguida pela leitura e releitura do texto a ser
apresentado e pelo ensaio. Apesar de não citarem as notas para consulta em seu relato, quatro
participantes utilizaram esse tipo de suporte durante a apresentação. Um dos participantes
informou não ter se preparado, e que teria apenas lido o artigo a ser apresentado. Apesar de ser
uma atividade em grupo, nenhum participante relata ter buscado ajuda de colegas no processo.
Na descrição da atividade, os alunos foram orientados a buscar artigos em inglês para apresentar
em sala, para que a leitura pudesse ser o input que ajudaria no processo de elaboração do resumo
ou roteiro já na língua alvo, entretanto um participante relatou ter tido dificuldade no processo,
preferindo fazer o roteiro em sua língua nativa para depois traduzi-lo para o inglês.
A análise dos dados do questionário e dos relatos da entrevista mostra que a maioria
dos alunos utilizou estratégias cognitivas em sua aprendizagem. Esse tipo de estratégia, a mais
popular entre aprendizes de segunda língua, caracteriza-se pela manipulação ou transformação
da língua alvo pelo aprendiz e abrange grande variedade de práticas (OXFORD, 1989),
incluindo ações como ler e assistir materiais relacionados, treinar a fala, fazer anotações, fazer
tradução e elaborar roteiros.
A estratégia mais comumente relatada na atividade online foi refazer o vídeo até
que obtivessem um resultado satisfatório. Esse foi o expediente mencionado pela maioria dos
alunos entrevistados, sendo que muitos reportaram gravar uma grande quantidade de vídeos,
em diferentes momentos, como afirma Lucas em seu relatório reflexivo: “eu gravei vários
vídeos, em vários dias, mas eu não senti que aquele era o vídeo que eu queria”27. Nesses casos,
é possível perceber que os alunos buscaram uma estratégia metacognitiva como apoio para a
aprendizagem.
As estratégias metacognitivas, segundo Oxford (1989), são aquelas que permitem
ao aluno planejar e gerenciar seu processo de aprendizagem. Essa prática sugere que os
participantes, ao assistirem o que foi produzido, avaliaram não só o resultado em termos
linguísticos, identificando erros e acertos e refazendo a atividade até que erros fossem
27 Este e todos os outros relatos foram ligeiramente editados por questões de clareza e coesão, sem alteração
do conteúdo.
62
eliminados ou diminuídos, mas também analisaram a situação comunicativa como um todo,
incluindo questões como iluminação, volume do som, cenário do vídeo, entre outros. Essa
estratégia é evidenciada na reflexão de Lucas, em seu relatório: “durante a gravação do vídeo
eu percebi o quanto minha pronúncia melhorou desde que comecei a ter aulas de inglês, até
mesmo meu vocabulário e escrita. Eu aprendi muito como compor frases e estruturar o texto
em inglês”.28 Betina também faz reflexões sobre seu processo de aprendizagem a partir da
atividade online, afirmando que: “esta experiência foi fantástica, porque mostrou que eu
consigo me comunicar oralmente e mostrou também onde eu preciso melhorar”.29 O resumo ou
roteirização do conteúdo também é mencionado, mas com menor frequência. A pesquisa sobre
o tema ou sobre palavras-chave é outra estratégia pouco lembrada, bem como o ensaio. Assim,
os dados mostram que a estratégia metacognitiva é a mais utilizada na atividade online, seguida
por estratégias cognitivas comuns à atividade presencial.
Somente dois alunos informam ter buscado ajuda de terceiros, ou usado estratégias
sociais, que envolvem o outro no processo de aprendizagem: Lucas, que contou com uma amiga
para filmá-lo, e Maximus, cujo roteiro foi lido e revisado por uma colega que é professora de
inglês. Os demais alunos relatam outros tipos de estratégia cognitiva, como a tradução, citada
por uma única participante que afirma ter elaborado o roteiro em outra língua, e posteriormente
traduzido para a língua alvo; e o ato de consultar notas durante a gravação. É interessante
observar que somente um participante menciona ter utilizado esse tipo de estratégia cognitiva,
mas é perceptível em pelo menos seis vídeos que o olhar dos alunos se dirige com frequência
para um ponto próximo à câmera, sugerindo que a improvisação de um prompter foi uma
estratégia adotada pela maioria. Como os alunos foram explicitamente orientados a falar
espontaneamente durante a gravação, o receio de perder a face diante da entrevistadora pode
ser considerado um fator a influenciar a resposta nessa categoria, ainda que as entrevistas
tenham sido realizadas após o fechamento da disciplina.
Ainda na perspectiva da atividade online, vale a pena destacar que somente uma
participante demonstra preocupação com questões linguísticas, para além do conteúdo.
Khaleesi afirma ter pesquisado vocabulário, ou “as melhores palavras para poder articular as
frases e para ficar claro para todos entenderem”. Já Cecília é explícita em suas escolhas: “foi
28 Tradução do original “During the recording video I realized how my pronunciation had improved since I
start in English class even my vocabulary and writing. I have learning a lot how to compose phrases and
structure text in English”.
29 Tradução do original: “This experience was fantastic, because it showed me that I can communicate orally
and also showed me where I need to improve”.
63
uma apresentação mais focada no conteúdo mesmo, do que seria falado, mais do que como
falar”.
Na entrevista, os participantes foram questionados também sobre as maiores
dificuldades percebidas no desenvolvimento das atividades. Os desafios relacionados à
preparação foram mais frequentes nos relatos da atividade online, sendo identificados como
dificuldade de sintetizar informações, desconhecimento de vocabulário técnico e pronúncia
correta. Na atividade presencial, só uma aluna reportou dificuldade no momento da elaboração,
relacionada ao gerenciamento do tempo para se preparar.
As dificuldades reportadas pelos participantes na execução das tarefas são bem
diversificadas, relacionando-se não só com a competência linguística, mas também com
questões próprias do gênero acadêmico, como o gerenciamento do tempo da fala para não
exceder o limite comumente determinado nesse tipo de comunicação. Na atividade presencial,
os maiores desafios estão relacionados ao medo de falar em público e à dificuldade em ser
objetivo e manter o foco no conteúdo a ser transmitido na fala. Estes achados sugerem que os
alunos poderiam se beneficiar de estratégias indiretas afetivas, como forma de reduzir a
ansiedade, e metacognitivas, para ajudar a manter o foco na aprendizagem.
Na atividade online, as maiores dificuldades referem-se ao esquecimento de termos
específicos, à dificuldade em ser espontâneo e em identificar, dentre os vídeos produzidos,
aquele que reunia as melhores características para ser compartilhado. Nesse caso, estratégias
diretas de memorização poderiam somar-se às estratégias cognitivas para minimizar o
esquecimento, e estratégias indiretas sociais e afetivas seriam úteis para ajudá-los a lidar com a
autocrítica. Quanto às dificuldades relacionadas às habilidades linguísticas, os participantes
reportaram a complexidade da transposição do texto escrito para a fala, de forma que o discurso
não perdesse espontaneidade nem se tornasse superficial na atividade presencial, outro aspecto
que poderia ser trabalhado a partir de estratégias indiretas sociais, enquanto na atividade online
os participantes mencionaram dificuldades com o sotaque e vocabulário técnico, que poderiam
ser minimizadas a partir de estratégias indiretas afetivas e diretas de memorização,
respectivamente.
Nos relatórios reflexivos, poucos participantes falaram sobre as estratégias
utilizadas. Cecília e Lucas, os únicos que fizeram referência ao tema, falaram sobre a gravação
de mais de um vídeo na atividade online. Nas palavras de Cecília, “Também foi importante ter
feito mais de uma (gravação); sem dúvida de agora em diante tudo que eu for apresentar será
64
ensaiado antes. Especialmente se for em outra língua”30. Lucas detalhou um pouco mais sua
estratégia, afirmando que gravou, por dia, ao menos um vídeo considerado aceitável, até que
obtivesse um que fosse aprovado por ele mesmo e pela amiga que o auxiliou na tarefa.
Para análise dos resultados, todas as estratégias mencionadas foram agrupadas e
classificadas de acordo com Oxford (1989). O QUADRO 3 descreve como cada atividade foi
classificada, trazendo a definição da autora para o tipo de atividade que se enquadra nas
diferentes classificações, de acordo com o quadro completo apresentado no ANEXO A.
QUADRO 3 - Classificação das estratégias de aprendizagem adotadas
Classificação das Estratégias segundo
Oxford (1989)
Definição
Estratégias utilizadas
pelos participantes
Estratégias diretas, cognitivas
A.Praticar 5. Prática natural Praticar a língua de forma natural
Ensaio
B. Mandar e receber mensagens
1.Apreender rapidamente a ideia
Usar técnicas como skimming ou scanning para encontrar informação
Leitura
2. Usar recursos para entender e mandar mensagens
Usar recursos impressos ou não para entender ou produzir mensagens
Notas para consulta
C. Analisar e raciocinar
1.Raciocínio dedutivo
Usar regras gerais e aplicar à situação comunicativa
Assistir vídeos relacionados ao tema
4. Tradução Usar uma linguagem como base para entender ou produzir outra
Tradução
D. Criar estruturas de input e output
2. Resumir Fazer resumo de textos longos
Elaboração de roteiro
Estratégias diretas, de compensação
A. Suposição inteligente
2. Uso de pistas linguísticas
Usar pistas baseadas na língua para compensar desconhecimento de termos
Edição
30 Tradução do original: “It was also important to have done more than once; no doubt, from now on,
everything I present, I will rehearse before. Especially in another language” .
65
Estratégias indiretas, metacognitivas
C. Avaliação da aprendizagem
1.Automonitoração Identificar erros na produção de língua alvo e tentar eliminá-los
Refazer vídeo
Estratégias indiretas, sociais
A. Fazer perguntas
1. Solicitar correção
Pedir a alguém para corrigir o que foi produzido.
Pedir ajuda de alguém na correção do que foi produzido para a tarefa
Fonte: elaborado pela autora com base em Oxford (1989)
Observando o quadro podemos dizer que os resultados analisados sugerem que as
estratégias adotadas na preparação para ambas as atividades são similares e predominantemente
diretas cognitivas, sendo as mais comuns a elaboração de roteiro ou resumo, o ensaio prévio e
a anotação de palavras-chave ou vocabulário útil, aplicáveis a ambas as atividades; e a
regravação do vídeo, uma estratégia indireta metacognitiva, aplicada apenas à atividade online.
Entre todos os meios apontados, a possibilidade de regravação foi a única estratégia adotada
pela totalidade dos alunos (média 4,78; DP 3,03), como mostra o GRÁFICO 1.
Ao comparar as estratégias escolhidas pelos participantes com as dificuldades
apontadas no processo, a predominância de estratégias cognitivas revela-se insuficiente para
minimizar os desafios enfrentados pelos alunos. Considerando que esses desafios estão
relacionados não só ao aspecto linguístico, mas também social, afetivo e psicológico, uma maior
variedade de estratégias, principalmente indiretas, poderia ajudar o aluno a enfrentar melhor
esses desafios.
Em uma perspectiva sociocultural, a mediação tecnológica parece ter propiciado
aos aprendizes uma diferente estratégia de aprendizagem, baseada na possibilidade de olhar
para si mesmo na perspectiva do outro. Diferentemente da espontaneidade comumente
associada à comunicação oral, a mediação tecnológica permite a reflexão cuidadosa sobre o
discurso e sua reelaboração. Em outras palavras, essa mediação permite que a comunicação oral
seja assíncrona, dando oportunidade para o aluno avaliar e refletir sobre sua aprendizagem antes
do evento comunicativo, ou seja, a mediação tecnológica permitiu que o discurso fosse
aperfeiçoado e reavaliado pelo aluno de acordo com seus objetivos, em um processo de
retroalimentação em que o aprendiz é, ao mesmo tempo, emissor e receptor, capaz de analisar
seus resultados e corrigir eventuais erros, até que esteja pronto para compartilhar o produto
final. Nesse sentido, a mediação tecnológica, como sugerido por Levy e Hubbard (2005), molda
tanto a comunicação quanto a cognição, pois o percurso de construir, avaliar e reconstruir o
66
discurso é, em si mesmo, um processo de aprendizagem, que resulta em um evento
comunicativo diferente do que seria sem a mediação.
Ainda considerando os pressupostos teóricos de Vygotsky, a análise dos relatos
sugere que, por meio da mediação tecnológica, a assistência necessária para o desenvolvimento
do indivíduo na ZDP pode vir não apenas dos pares, mas também de si mesmo. Os relatos
mostram que a prática dos alunos na atividade online envolve não só o treinamento do discurso,
mas também o próprio fazer, que é analisado e julgado pelo próprio aprendiz. Nessa prática, o
aluno analisa os seus avanços, consegue identificar erros ou atitudes que acredita poder
melhorar, e então refaz o seu discurso com esses objetivos em mente. Em outras palavras, o
aprendiz presta assistência a si mesmo para alcançar a aprendizagem potencial. Como vemos,
tais achados corroboram as considerações de Paiva (2010) sobre o papel dos artefatos culturais
na aprendizagem de segunda língua, alegando que esses artefatos são mediadores eficazes na
aprendizagem autônoma, tanto quanto os pares, e que a participação do outro não é a única
forma de assistência na ZDP.
4.2 Pergunta de pesquisa nº 2: Quais são os avanços na aquisição de habilidades
percebidos pelos alunos propiciados pela realização das atividades?
Para responder essa pergunta, as questões do questionário e da entrevista foram
agrupadas na Categoria 2, chamada de Ganhos Percebidos, relacionada às aquisições percebidas
pelos participantes. No questionário, foram apresentadas oito afirmativas relacionadas à
melhoria em pronúncia, fluência, vocabulário, compreensão oral, leitura, escrita, gramática e
organização, para que os participantes avaliassem o seu nível de concordância por meio da
escala de Likert. A média ponderada das respostas é mostrada em conjunto com o desvio padrão
no GRÁFICO 2. Na entrevista, quatro perguntas (duas para cada atividade, presencial e online)
investigaram o tema. A primeira pergunta questiona que ganhos os alunos perceberam e como
a atividade foi útil para obtê-los, enquanto a segunda questão aborda a percepção do próprio
desempenho nessas atividades. Além das entrevistas e questionários, os relatórios reflexivos
são analisados para identificar relatos sobre ganhos percebidos. Na sequência, a análise visa
responder a primeira pergunta desta categoria, relacionada aos ganhos, e posteriormente retomo
a segunda pergunta, sobre o desempenho percebido.
As respostas da entrevista revelam que o aspecto mais favorecido em ambas as
atividades é a aquisição de vocabulário. Os participantes relatam ganhos de vocabulário geral e
vocabulário técnico tanto na atividade presencial quanto na online. Tal resultado é confirmado
67
pelos dados obtidos por meio do questionário, como mostra o GRÁFICO 2, no qual a grande
maioria dos participantes concorda que houve ganho em vocabulário, em ambas as atividades.
Outros ganhos relacionados à aquisição de línguas são esparsamente lembrados na entrevista,
como fala, fluência e pronúncia, sem diferença significativa entre uma e outra atividade. Nesse
aspecto, o resultado obtido pelos questionários é uma fonte mais expressiva da percepção dos
alunos quanto às aquisições de habilidades na língua, pois ofereceu maior variedade de
habilidades a serem analisadas, que não foram lembradas durante a entrevista.
GRÁFICO 2 - Avanços na aquisição de habilidades
Fonte: elaborado pela autora
O GRÁFICO 2 mostra que a atividade online possibilitou ganhos em pronúncia,
fluência e vocabulário para a maioria dos participantes (média superior a 4,0), superando ou
igualando-se à atividade presencial nesses aspectos. Já nas habilidades de recepção,
compreensão oral e leitura, a atividade presencial proporcionou mais ganhos para os alunos,
com diferença pouco significativa na compreensão oral (apenas 0,07), e mais acentuada na
leitura (de 0,89), que pode ser explicada pelo fato de que a atividade presencial era a
apresentação de um artigo acadêmico, uma atividade que exige leitura cuidadosa. Menos
significativos para os alunos, os ganhos em escrita e gramática foram percebidos pela média
dos participantes (média entre 3,0 e 4,0), com diferença pouco significativa entre as duas
atividades.
Prosseguindo para a análise das entrevistas, é nos relatos sobre ganhos de
habilidades não relacionadas à aquisição da língua alvo que as diferenças entre as duas
68
atividades se acentuam, principalmente em relação aos aspectos emocionais que influenciam o
seu desempenho. Nas entrevistas, os participantes mencionam a influência de emoções como
nervosismo e insegurança durante a atividade presencial. Nos relatórios reflexivos, nervosismo,
timidez e receio quanto à exposição são aspectos relacionados a ambas atividades, como mostra
o relato de Duda: “Eu acho que as duas tarefas são um desafio para mim, porque sou muito
tímida para falar em público. Não sou fluente em inglês e falar em inglês para meus colegas me
fez ficar muito nervosa”31.
O nervosismo como fator de influência nos ganhos adquiridos foi lembrado por
quatro participantes na entrevista sobre a atividade presencial, mas não é citado nas respostas
sobre a atividade online. João explica essa diferença ao falar sobre os ganhos obtidos na
atividade online, afirmando que “são muito semelhantes aos da outra atividade, mas talvez mais
pelo fato de a preparação ter sido um pouco diferente, e por estar mais calmo, sozinho, na minha
casa, e talvez poder fazer isso de forma mais racional”. A ideia de que a atividade online diminui
o nervosismo é compartilhada por Khaleesi, que explica em seu relatório reflexivo que “esta
atividade foi mais fácil que a outra porque eu me senti mais confortável falando em frente à
câmera do que em frente à classe”32. Na resposta de Úrsula à pergunta sobre ganhos no processo
é possível perceber como as emoções estão imbricadas no processo da atividade online,
influenciando não só os ganhos em termos de aquisição de língua, mas também outros ganhos,
como confiança e experiência:
Vocabulário, gramática, expressões da área que nós trabalhamos na apresentação, mas
também perder um pouco o medo, a enfrentar falar uma língua diferente em público,
em frente a outras pessoas, eu acho que primeiro, para quebrar o medo que geralmente
dá. Já na língua normal que você fala já tens medo, aí falar com outra língua é mais
terrível, fica mais nervoso. Porque quando você tem que preparar, tem que enfrentar
a questão. Quando você faz, você consegue ganhar essa experiência.
Esses ganhos em outras habilidades não relacionadas à aquisição de língua foram
muito lembrados pelos alunos, como confiança, na atividade online, e experiência, na atividade
presencial. Os apontamentos de Helena no relatório reflexivo são exemplos de como cada
atividade se relaciona com esses ganhos: sobre a atividade online, ela afirma que “este método
nos fez sentir mais confortáveis porque você sabe que se fizer algo errado pode tentar de novo
31 Tradução do original: “I think the two tasks are a challenge to me, because I am very shy about talking in
public. I’m not fluent in English, and speak to my classmates in English make me feel very nervous”.
32 Tradução do original: “This activity was easier than the other one because I felt more comfortable to speak
in front of the camera than in front of the class”.
69
e consertar” 33 , mostrando que a atividade online proporciona maior segurança ao aluno,
enquanto a atividade presencial é relacionada ao ganho de experiência, com o conhecimento
obtido na prática, ao afirmar na entrevista que “você aprende a falar em público mais com a
prática do que com qualquer outra coisa, então só o fato de estar ali falando já é uma coisa que
ajuda bastante”.
No GRÁFICO 2, a única habilidade não relacionada à aquisição de língua
mencionada é organização das ideias, apontada como um ganho pela maioria dos alunos, com
ligeira vantagem na atividade online (diferença de 0,34). Apesar de ser pouco lembrada nas
entrevistas e relatórios reflexivos, a organização das ideias é a habilidade de maior destaque no
GRÁFICO 2, superando todas as outras, seja na atividade presencial, seja na online. Essa
habilidade é bem ilustrada no relato de Lucas sobre o seu processo de organização para a
atividade online:
Eu tive dois processos de organização: primeiro, organizar as ideias para colocar num
vídeo de um minuto, e outra coisa, além de organizar as ideias na cabeça, eu tinha que
também organizar as palavras que eu ia usar. Muitas palavras que comecei a usar nos
vídeos eram muito imprecisas, ou seja, eu deixei de tangenciar o assunto para ir direto
ao assunto, então precisei pesquisar palavras para chegar ali onde eu queria chegar.
Além da organização, os participantes também identificaram ganhos em
conhecimento sobre o tema das atividades e em técnicas de apresentação em público. É
interessante lembrar que a maior parte dos alunos estava cursando os primeiros anos da
graduação no momento da pesquisa, portanto pode-se inferir que estavam ainda se
familiarizando com as comunicações orais próprias do meio acadêmico. Teddy expressa esse
desafio comentando na entrevista que “falar inglês e apresentar uma ideia falando em inglês é
muito difícil. É difícil em português, imagina em outra língua!”. A pouca vivência no meio
acadêmico deve ser ponderada ao considerarmos o nervosismo dos participantes na atividade
presencial, pois não é um fator relacionado somente à comunicação na língua alvo, mas também
a uma atividade que é, por si mesma, capaz de gerar ansiedade.
Enquanto as entrevistas adicionaram aspectos que não foram muito elaborados no
questionário, como uma maior variedade de habilidades não relacionadas à aquisição de
línguas, alguns relatórios reflexivos expandiram o tema na medida em que os participantes não
só comentaram seus ganhos, como também apontaram os aspectos que precisam ser mais
trabalhados em seu processo de aprendizagem. Cecília comentou: “foi muito importante
33 Tradução do original: “This method that we used made us more comfortable because you know that if you
do something wrong you can always try again and fix it”.
70
perceber o quanto minha pronúncia precisa ser trabalhada: no vídeo eu pude ver como é de fato.
Eu até sou compreendida, mas ainda tenho muito que melhorar”34. Outros participantes fazem
menção a processos cognitivos, como Khaleesi, afirmando que, na atividade presencial: “a parte
mais difícil foi falar em público e tentar explicar as ideias na minha cabeça”.35 Teddy percebe
ganhos nessa área na atividade online, identificando melhorias na “coordenação e associação
de ideias quando estava planejando o que iria dizer no vídeo”. 36 Para Betina, ambas as
atividades proporcionaram ganhos, pois “foram importantes para treinar o pensar e me
expressar na língua inglesa”.37
Esses relatos sugerem que os participantes tentaram descrever processos cognitivos
mediados pela fala interior, exteriorizados como fala privada, ou seja, uma fala auto regulatória
empregada por aprendizes em processos cognitivos. Como observado por Lantolf e Thorne
(2006), aprendizes utilizam a segunda língua para automediação em atividades desafiadoras, e
os relatos dos participantes sugerem que as atividades comunicativas influenciaram a produção
de fala privada.
A confrontação dos aspectos emocionais mencionados na entrevista e nos relatórios
com os dados mostrados nos gráficos sugere que a mediação tecnológica tem um impacto
positivo na aprendizagem, pois os alunos associam a mediação a emoções positivas. Ao analisar
a diferença entre os ganhos na atividade presencial e na atividade online no GRÁFICO 2,
percebe-se que os ganhos na atividade presencial superam a atividade online de forma
significativa em apenas uma categoria: a leitura. Isso pode ser atribuído ao formato da atividade
presencial, que requer a leitura e apresentação de um artigo. Os ganhos nas duas atividades são
muito próximos nos aspectos compreensão oral e escrita (diferença de apenas 0,07 e 0,08,
respectivamente). Em outras cinco categorias, sendo duas relacionadas à comunicação oral
(pronúncia e fluência), a atividade online sobrepõe-se em termos de aquisições, tanto
linguísticas como não linguísticas. Esses achados confirmam estudos anteriores que apontam
que a mediação tecnológica ajuda os aprendizes a se sentirem mais confiantes e confortáveis
para se expressarem (ARAGÃO; PAIVA; GOMES JUNIOR, 2017; YANGUAS; FLORES,
34 Tradução do original: “It was very important to realize how much my pronunciation needs to be worked
out: in the video, I could actually see what it looks like. I can even be understood, but I need to improve
a lot still”.
35 Tradução do original: “The hardest part was speak in public and try to explain the ideas in my head”.
36 Tradução do original: “coordination and association of ideas when I was planning what I was going to say
in the video”.
37 Tradução do original: “(the activities) were important to train thinking and expressing in the English
language”.
71
2014), e apresenta efeitos positivos em termos de desenvolvimento de fluência e acurácia (HSU,
2015; SOUSA; WEISSHEIMER, 2014), bem como de complexidade discursiva (SOUSA;
WEISSHEIMER, 2014).
Até aqui, analisamos as percepções sobre os ganhos obtidos nas atividades.
Passamos agora para a segunda pergunta desta categoria, que investiga a percepção dos
participantes sobre o seu desempenho em cada atividade. Nesse aspecto, há uma diferença
considerável entre as duas atividades. Os termos utilizados pelos alunos foram classificados em
três grupos: desempenho positivo (respostas como bom, gostei); desempenho negativo (ruim,
muito ruim, na base do erro) e desempenho mediano (médio, ok, mais ou menos, a melhorar,
conceito B). O desempenho na atividade presencial foi classificado como mediano por quatro
alunos, como negativo por quatro e como positivo por apenas um. Já o desempenho na atividade
online foi avaliado como positivo por três participantes e como mediano por cinco, sem
nenhuma avaliação negativa. Seis alunos avaliaram o seu desempenho na atividade online
comparando-o ao desempenho na atividade presencial, e todos os seis relatam um desempenho
melhor na atividade online. Os achados mostram, como já observado, que a mediação
tecnológica afeta positivamente a percepção dos alunos quanto ao seu desempenho, seja por
propiciar estratégias de aprendizagem diferentes, como reportado na seção anterior, seja por
proporcionar maior controle do aluno sobre um evento tradicionalmente visto como estressante,
a comunicação oral acadêmica, permitindo maior conforto e segurança no processo.
Em síntese, os dados apontam avanços relacionados com habilidades linguísticas e
não linguísticas percebidos pelos participantes. Os avanços em habilidades linguísticas estão
relativamente equilibrados ao serem comparadas ambas as atividades, sendo o vocabulário e as
habilidades orais (como fluência e pronúncia) os mais citados. A equivalência entre os ganhos
percebidos nas duas atividades sugere que a atuação do aprendiz como andaime de seu processo
de aprendizagem, estratégia adotada pelos participantes na atividade online, é tão eficaz quanto
o andaime por pares, e permite um caminho mais autônomo nesse processo.
Quando analisadas as habilidades não linguísticas, principalmente os sentimentos
dos alunos em relação à comunicação oral em inglês, percebe-se que a atividade online
propiciou mais ganhos na opinião dos participantes, principalmente relacionados à confiança e
segurança. Esses achados vão ao encontro dos preceitos de Paiva (2010), que identifica a
interação com o outro na aprendizagem de segunda língua como um palco onde diferentes tipos
de relações são construídas, desde cooperação até conflitos e frustrações, com diferentes
72
resultados. Nesse sentido, a análise dos relatos sugere que a ausência do outro na atividade
online proporcionou um ambiente mais confortável para os participantes.
4.3 Pergunta de pesquisa nº 3: Como o feedback dos colegas ajuda neste processo de
aquisição?
As questões agrupadas na Categoria 3 – chamada de Influência do Feedback –
investigam a percepção dos alunos quanto ao processo de dar e receber feedback nas atividades.
Na entrevista, uma questão interpela os participantes quanto ao ato de dar feedback e outra
quanto ao ato de receber, sendo separadas por cada uma das atividades. Nos questionários
posteriores à aplicação das atividades, três afirmações avaliaram a percepção dos alunos quanto
ao tema, sendo uma relacionada à produção de feedback e duas relacionadas à recepção,
conforme mostrado no GRÁFICO 3.
Os dados observados no GRÁFICO 3 demonstram a grande aceitação do feedback
pelos alunos, já que a maior parte dos participantes concorda que dar e receber feedback é útil
e que se sentiram motivados com a prática (média acima de 4,0).
GRÁFICO 3 - Influência do feedback
Fonte: elaborado pela autora
Na entrevista, as respostas sobre o feedback recebido repetem a positividade
revelada no questionário, pois somente um aluno relata ter recebido um feedback que não
considerou útil na atividade online. Os participantes apontam que o feedback recebido na
atividade online não se concentrou só em questões linguísticas, mas também no conteúdo e na
73
forma de apresentação, fato que foi destacado pelos participantes como útil. Úrsula comentou
que “tem gente que escreveu também do tema, acho que é um tema que eles nem conhecem,
mas escreveram ‘ah, legal, seu tema’, então acho que também é uma troca não só da língua no
inglês, mas também do conhecimento”.
Alguns participantes colocaram em xeque a generosidade dos colegas nos
comentários, questionando o fato de terem lido somente críticas positivas, como apontou
Cecília: “todo mundo só falou coisas positivas e eu acho que uma crítica, no geral, ela é positiva
quando você aponta coisas pra pessoa melhorar”.
Quanto à atividade presencial, a percepção geral reflete a mesma positividade. No
relato de Maximus é possível notar a percepção do aluno quanto à função do feedback, ecoando
o questionamento de Cecília sobre a importância das críticas para o avanço do aluno: “Me senti
muito bem em saber que eles estavam sendo bem sinceros, apesar de serem meus colegas eles
estavam falando que eu precisava melhorar e, a partir disso, eu tentei melhorar um pouco”.
Alguns alunos demonstraram surpresa com os comentários dos colegas, por acharem que não
mereceram a avaliação positiva recebida, como é o caso de Cecília, Lucas e Úrsula. Cecília
descreveu: “Eu me senti um pouco envergonhada porque achei que elas foram generosas
demais”. Assim como na atividade online, os feedbacks da atividade presencial não foram
limitados a questões linguísticas, tendo abordado aspectos como o conteúdo e a forma de
apresentação do tema.
Em relação ao papel de dar feedback para os colegas, o GRÁFICO 3 não mostra
diferença significativa quanto a percepção dos alunos nas duas atividades, permanecendo a alta
porcentagem de alunos que classificam a experiência como positiva (média de 4,55 na atividade
presencial e 4,56 na atividade online). Nos dados gerados na entrevista sobre a atividade
presencial, somente um participante demonstra neutralidade, mencionando que sentiu “que
estava passando o que achava que precisava”, enquanto os outras discorrem sobre o efeito
positivo de dar feedback.
Outros relatos mostram diferentes percepções sobre dar feedback aos colegas.
Cecília questionou se sua própria atitude de fazer perguntas após a apresentação dos colegas foi
correta, enquanto Lucas e Úrsula comentaram o efeito do feedback em si mesmos, pois
argumentaram que a crítica ao trabalho dos colegas serviu para refletirem sobre o próprio
desempenho. Úrsula descreveu que “o que você está avaliando neles é o que você espera
encontrar em você, ou é um referencial do que para você é bom. Então achei que dar feedback
para os colegas foi um pouco pensar no que você também fez”. Duda mencionou a utilidade da
74
experiência, tendo em vista ter tido que se esforçar para prestar atenção na apresentação, para
entender o assunto apresentado e então poder dar retorno aos colegas, enquanto Helena apontou
a importância de ter sido exortada a falar, pois apesar de acreditar que sempre há algo a se dizer,
em geral não toma a iniciativa de falar sem que essa participação seja obrigatória.
Em relação à atividade online, dois alunos admitiram não ter dado feedback. Entre
os demais, a opinião de somente uma participante foi negativa, classificando como uma
experiência difícil, pois não conhecia o tema abordado pelos colegas em alguns vídeos que
assistiu. Duda revelou que procurou emitir opiniões críticas, para ajudar o colega, mas não
conseguia encontrar algo a ser criticado, justificando que “feedback se for só bom não faz muito
sentido”. Maximus demonstrou a interação e o compartilhamento como fatores importantes no
processo de feedback, destacando a percepção sobre o outro na atividade: “gostei de saber que
estava estudando com pessoas tão competentes, tão bem firmadas nos seus campos de atuação”.
Nos relatórios reflexivos, os participantes destacaram a importância do feedback à
medida que mostrou a compreensão dos colegas sobre o que foi apresentado e por apontar
aspectos que poderiam ser melhorados, uma percepção que foi expressada no relato de Úrsula:
“o feedback dos meus colegas foi relevante, me ajudou a refletir sobre minhas apresentações e
minha performance, onde há sempre oportunidade de melhorar e nesse sentido penso que as
contribuições são úteis”.38
No relato de João, nota-se como os alunos beneficiam-se do feedback em aspectos
não diretamente relacionados à língua inglesa: “os comentários foram muito importantes,
principalmente no aspecto de como a pessoa vê meu projeto quando eu explico”39. Nessa
afirmação, o participante mostra como a atividade aproxima os alunos, ampliando seu
conhecimento acadêmico ao conhecer as áreas de atuação dos colegas, complementando o
comentário de Maximus sobre seu olhar quanto às competências dos colegas.
Os dados analisados nesta categoria reafirmam a importância da interação e do
compartilhamento entre pares para a aprendizagem do aluno, pois reforça o caráter
comunicativo da língua alvo, bem como o fator social da aprendizagem. Os diferentes tipos de
feedback, expressos oralmente e de imediato na atividade presencial, e assíncronos e por escrito
38 Tradução do original: “The feedback from my classmates was relevant, they helped me to reflect on my
presentations and the performance on them there will always be opportunities for improvement and in
that sense, I think that the contributions are useful”.
39 Tradução do original: “The comments were very important, mainly the aspect that how a person see my
project when I explain”.
75
na atividade online, são avaliados de forma bastante similar pelos participantes, sugerindo que
o formato não interfere de forma significativa no efeito.
Em termos de desenvolvimento de habilidades, os dados mostram que a
necessidade de avaliar o desempenho do colega impeliu os alunos a prestar mais atenção nas
apresentações e a elaborar uma análise que fosse útil para o desenvolvimento do colega. Nesse
sentido, o feedback como parte constituinte das atividades propiciou uma ZDP à medida que
motivou os participantes a uma prática mais avançada de compreensão oral e fala. É interessante
observar comentários que mostram que auxiliar o desenvolvimento dos colegas era a
preocupação dos alunos ao dar feedback, pois se preocuparam em ser úteis, em falar algo que
pudesse ajudar os colegas a melhorar seu desempenho, atuando como andaimes segundo o
conceito de Donato (1994).
Alguns participantes mencionam como o feedback suscitou reflexões sobre o
próprio trabalho, como visto nos relatos de Lucas e Úrsula. Nesse sentido, o feedback insere-se
no conceito de ZDP reafirmando a ideia de construção colaborativa a partir da interação
(LANTOLF, 2000), já que é a partir do olhar do outro que o aluno reavalia seu
desenvolvimento. Este outro, apesar de não corresponder ao conceito clássico de Vygotsky de
“par mais competente”, é visto pelos participantes como uma opinião válida, como demonstram
alguns relatos nos relatórios reflexivos, que reconhecem e aceitam as sugestões feitas pelos
colegas.
Assim, o feedback mostra-se uma ferramenta importante no desenvolvimento dos
alunos, pois reforça o caráter social e comunicativo da língua, principalmente em se tratando
da atividade online, onde a mediação tecnológica separa os interlocutores no tempo e no espaço.
Ainda que a análise aponte que os participantes perceberam vantagens na mediação tecnológica,
que promoveu a aprendizagem de forma mais autônoma, ou sem a presença do outro, os relatos
sobre a importância do feedback mostram que essa presença é valorizada. Nessa perspectiva, o
feedback impede que a comunicação oral acadêmica seja vista como mera produção de
discurso, mas sim como uma atividade dialógica, em que o discurso se constrói na inter-relação
entre os participantes.
4.4 Pergunta de pesquisa nº 4: O uso de ferramentas digitais tem alguma influência na
ansiedade dos estudantes em relação às suas habilidades orais?
A ansiedade e as emoções vivenciadas pelos participantes durante as atividades
presencial e online foram investigadas a partir de duas perguntas na entrevista, relacionadas a
76
cada uma das atividades; de nove afirmativas nos questionários; e dos relatos nos relatórios
reflexivos. Essas perguntas foram classificadas como Categoria 4, chamada de Percepção sobre
Ansiedade e Emoções.
O GRÁFICO 4 mostra as afirmativas e o nível de concordância dos alunos em
relação aos possíveis sentimentos observados durante a execução das atividades. Seis
afirmativas, identificadas pelos números 4.1, 4.3, 4.4, 4.5, 4.6 e 4.8, refletem a emergência de
sentimentos negativos, como insegurança, inferioridade, constrangimento, nervosismo e
ansiedade. Nessa perspectiva, quanto menor o nível de concordância, mais positiva a
experiência dos alunos. As outras três afirmativas, de número 4.2, 4.7 e 4.9, tratam de
sentimentos positivos, como autoconfiança, sentir-se despreocupado e não pressionado, e neste
caso, quanto maior o nível de concordância, mais positiva a experiência.
GRÁFICO 4 - Percepção sobre ansiedade e emoções
Fonte: elaborado pela autora
Observa-se no GRÁFICO 4 que, nas afirmativas relacionadas a sentimentos
negativos, a atividade presencial supera a atividade online, exceto nas afirmativas relacionadas
ao constrangimento (4.4 e 4.6), onde a diferença é pouco significativa, ou seja, os participantes
identificaram mais sentimentos negativos durante a atividade presencial, exceto quando esse
sentimento é o constrangimento, que é identificado em ambas as atividades de forma muito
próxima (diferença menor que 0,20). Ao analisar os sentimentos positivos, percebemos que a
atividade online supera a atividade presencial em todas as três afirmativas (nº 4.2, 4.7, 4.9);
nesse caso, a atividade online propicia mais sentimentos positivos que a atividade presencial. É
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interessante observar que a diferença da média entre as duas atividades nas afirmativas de nº
4.7 e 4.9 é bastante acentuada, acima de 1,40.
Na entrevista, a tendência dos participantes de classificar a atividade presencial
como fonte de maior ansiedade é confirmada. À pergunta “Você se sentiu ansioso em relação à
apresentação oral em sala?”, as respostas variaram entre muito ansioso (3 participantes), ansioso
(4) e neutro (2). A mesma pergunta referente à atividade online obteve apenas as respostas
ansioso (3) e neutro (6). Quanto à atividade presencial, Úrsula mostrou como diversos aspectos,
nem sempre diretamente relacionados à atividade em questão, influenciaram as emoções dos
alunos:
Foi horrível. De fato, eu falo isso no relatório porque eu acho que quando você
aprende uma língua, especificamente o inglês, que você precisa dela, é como uma
pressão, porque no contexto acadêmico a única língua com que você pode se
comunicar no mundo científico é o inglês. Então você já tem essa pressão, você já fica
com o sentimento de responsabilidade que você tem que aprender. Depois você vai
falar diante de umas pessoas, você fica assim... Eu fiquei nervosa, ansiosa, com medo,
com vergonha, e isso afeta muito. [...] Sempre uma confusão de sentimentos, aí você
não sabe se está ali entendendo o tema, ou você preocupa mais pelo tema ou com o
certo, ou você preocupa mais pela língua. Então eu achei assim, muito difícil, isso foi
uma sensação bem difícil.
Em seu relato, a aluna mostra como seu estado emocional é influenciado não só por
fatores imediatos, como o medo de errar e o nervosismo de se expor em uma apresentação, mas
também por aspectos como a pressão sentida pela aluna para aprender uma língua que considera
fundamental para a carreira acadêmica.
Outros sentimentos relatados pelos alunos, além da ansiedade, foram nervosismo,
o medo de esquecer o que falar, a pressão, o cansaço, a vergonha e o desejo de que não tivessem
que fazer a apresentação. Cecília expressou de maneira vívida esse último sentimento: “fiquei
desejando que ninguém aparecesse para assistir, que o mundo acabasse, que os ETs descessem
antes, enfim, que tudo acontecesse para que não chegasse o momento”. Quanto aos alunos que
não reportaram sentimentos negativos em relação à atividade presencial, João atribui ao fato de
ter muita experiência em apresentações acadêmicas, enquanto Lucas afirma que não teve tempo
de se sentir ansioso, pois aparentemente não se preparou para a apresentação.
Em contraponto à atividade presencial, a atividade online foi recebida mais
positivamente, como revela o relato de Helena:
Eu acho que como você está em casa, está tudo mais controlado, as emoções e tudo,
então foi uma atividade mais tranquila. Eu acho que quando você sabe, a partir do
momento que você erra você pode refazer e consertar, te traz um conforto. Eu acho
que você fica mais tranquilo pra falar, pra expor mesmo o que tem que ser exposto.
78
A fala da aluna reflete a percepção da maioria dos participantes, que apontaram o
controle sobre o processo e o discurso final como um fator inibidor da ansiedade, além do fato
de estarem em um ambiente onde se sentem confortáveis, de não terem uma plateia assistindo
e de terem maior domínio do tema. Os alunos que perceberam sentimentos negativos na
atividade online relacionam essa percepção ao fato de não se sentirem à vontade em frente à
câmera e em razão de a atividade possibilitar grande espaço para a autocrítica.
Nos relatórios, os participantes que abordaram o impacto das emoções na execução
das duas atividades revelaram ter se sentido mais confortáveis e menos nervosos durante a
atividade online. As razões apontadas pelos participantes são o fato de terem liberdade para
refazer e corrigir erros e também de sentirem-se mais confortáveis diante da câmera do que
diante de uma plateia. Betina complementou que o tema proposto para a atividade online é mais
pessoal, o que a fez se sentir mais relaxada e mais livre para se expressar.
Os dados revelam que a mediação tecnológica teve um grande impacto nas emoções
dos participantes, em comparação com a atividade presencial, reafirmando achados anteriores
sobre o potencial efeito da CMC de reduzir a inibição dos participantes, que resulta em maior
disposição para se comunicar (ARAGÃO, 2011; ARAGÃO; PAIVA; GOMES JUNIOR, 2017;
LIN, 2014; MCNEIL, 2014; POP; TOMULETIU; DAVID, 2011; YANGUAS; FLORES,
2014). A maioria dos entrevistados demonstrou menos ansiedade e nervosismo durante a
atividade online, relacionado principalmente ao caráter assíncrono da atividade — que permitia
que o aluno desenvolvesse a atividade no seu tempo e espaço — e à possibilidade de regravação.
Por outro lado, a atividade online foi mais associada ao sentimento de constrangimento do que
a atividade presencial, sugerindo que o fato de o vídeo permanecer exposto em um ambiente
compartilhado pode ter tido uma influência negativa sobre os participantes. Esses achados
sugerem que o uso de CMC, como demonstrado por Aragão, Paiva e Gomes Junior (2017) e
Pop, Tomuletiu e David (2011), é capaz de promover a confiança dos alunos e diminuir a
ansiedade associada à comunicação oral.
Ao comparar esses achados com os resultados sobre o papel do feedback descritos
na pergunta de pesquisa nº 3, a análise aponta para uma aparente incongruência. Os
participantes demonstraram valorizar a contribuição do outro no processo de aprendizagem,
mas ao mesmo tempo, como mostra a análise sobre ansiedade e emoções, associam sentimentos
negativos à atividade presencial, que pressupõe a presença do outro em uma interação face a
face. Tal resultado parece indicar uma discrepância, ou seja, a interação é percebida como algo
positivo pelos participantes, pois promove a aprendizagem colaborativa, mas também como
79
algo negativo, pois aumenta a ansiedade. Uma interpretação possível para essa discordância é
identificar a forma como a interação acontece, síncrona ou assíncrona. Considerando esse
aspecto, a atividade mediada tecnologicamente é percebida como mais confortável, pois
permite que a interação aconteça em um momento posterior à produção do discurso, enquanto
a atividade presencial pressupõe um discurso imediato, espontâneo, sem tempo de ser
aperfeiçoado, que é percebido como um aspecto gerador de ansiedade pelos participantes.
Em uma perspectiva sociocultural, os relatos mostram mais uma vez que a presença
do outro na ZDP não deve ser idealizada, como se a cooperação entre os pares fosse um
resultado automático desta interação. Como aponta Paiva (2010), o contexto social pode
propiciar diferentes inter-relações, que podem tanto auxiliar quanto prejudicar o processo de
aprendizagem. Nesse sentido, o maior número de relatos associados à ansiedade na atividade
presencial sugere que a presença dos pares, em um contexto face a face, inibiu os participantes,
que se sentiram mais confortáveis na atividade online, em que estavam longe do olhar do outro
enquanto tentavam produzir e aperfeiçoar o discurso.
4.5 Pergunta de pesquisa nº 5: Qual a percepção dos estudantes ao comparar atividades
presenciais e não-presenciais na aquisição de habilidades orais?
A última pergunta da pesquisa foi abordada somente na entrevista e no relatório,
pois pede que os participantes comparem as duas experiências. Como os questionários foram
elaborados para investigar especificamente cada uma das atividades logo após sua aplicação,
esse tópico, que chamei de Categoria 5 – Percepção Geral –, não fez parte das perguntas deste
instrumento. Na entrevista, três perguntas investigam a percepção geral dos alunos sobre as
atividades, questionando a percepção sobre cada uma das atividades individualmente, e sobre
as duas em comparação.
Segundo os dados gerados na entrevista, os adjetivos considerados mais negativos
associados à atividade presencial foram: difícil, desafiadora, desconfortável e indutora de
ansiedade. Os sentimentos considerados positivos incluem interessante, enriquecedora,
necessária, produtiva e satisfatória. A atividade presencial é referenciada com sentimentos
negativos e positivos, de forma equilibrada, por cinco participantes, como mostra a resposta de
Cecília: “não foi confortável passar por essa situação, a de apresentar, mas foi super necessária.
Sem dúvida eu fiquei mais tranquila para a próxima. Então foi um teste de fogo, mas eu achei
que foi super necessário”. Nesse caso, a participante parece ter se sentido satisfeita por ter sido
desafiada e conseguido executar a tarefa. Já Duda aponta o fato de ter sido impelida a executar
80
tarefas que normalmente não faria, como buscar artigos para leitura em inglês, e de ter sido
preparada para a atividade durante as aulas como pontos positivos, que, porém, não mitigaram
sua ansiedade no momento da apresentação.
Outros quatro alunos descrevem a experiência em termos positivos apenas, como
comenta Teddy:
eu achei uma atividade muito interessante, sabe? Porque apresentar já é bom, porque
você precisa desenvolver habilidades que geralmente a gente não desenvolve,
atividades práticas. E em inglês foi ainda mais importante, porque eu tive que
desenvolver todo esse lado linguístico para poder apresentar, junto com meu lado
teórico.
Para Teddy e outros participantes, a tarefa realizada de forma satisfatória parece ter
sido suficiente para classificar toda a experiência como positiva. João pontua o feedback como
um dos fatores positivos, enquanto Maximus identifica como um benefício o fato de ser
impelido a sair da comodidade e preparar-se. Já Úrsula enfatizou o caráter preparatório da
atividade, de simular uma situação que ela terá que enfrentar no futuro em sua carreira
acadêmica.
A atividade online, por outro lado, foi mais lembrada em termos positivos, já que
somente Lucas menciona um aspecto negativo da experiência, o fato de ser uma atividade
trabalhosa. Os demais participantes relataram que gostaram da atividade e se sentiram bem ao
executá-la, uma experiência que classificam em termos como: legal, tranquila, motivadora,
importante e engrandecedora. Aspectos apontados pelos participantes como positivos incluem
o tema da atividade, mais pessoal e direcionado para suas experiências acadêmicas; a
necessidade de pesquisar informações, vocabulário e termos técnicos relacionados ao tema; a
inexistência de plateia no momento da execução e a possibilidade de refazer e analisar a própria
performance no vídeo antes de compartilhá-lo com os colegas. Úrsula comentou que a atividade
online
aporta muito para o processo, porque é centrada em um tema que você gosta, que você
tem interesse, então partindo daí você já tem motivação para fazer o vídeo, já não fica
um trabalho monótono, aborrecido, que você não quer fazer. Eu achei uma atividade
interessante, senti a necessidade de buscar coisas, o que vou apresentar, o que quero
que vejam, como vou fazer… Mais como motivação, acho que é a palavra que
descreve a atividade online. A atividade como está permite que você fale, e depois
olhe o vídeo e veja como você falou, o que pode melhorar, o que você já vê que
melhorou. Mas é assim, a motivação de fazer o vídeo no contexto do inglês é também
diferente, porque geralmente você escreve no inglês parte do seu tema, mas não é
assim tão gostoso, porque o design, que seja em um vídeo e não uma escrita, é mais
legal quando você apresenta, porque eu gosto mais de falar, de comunicar, então achei
legal esse formato.
81
No relato da participante, percebe-se a importância da relação entre o tema e o formato
da tarefa, que a aluna aponta como um fator de motivação para a aprendizagem, e o fato de ter
sido impelida a buscar formas de expressar seu conhecimento sobre o tema. A FIGURA 7
apresenta um diagrama relacionando os adjetivos empregados pelos participantes na descrição
das atividades.
FIGURA 7 – Adjetivos relacionados às atividades
Fonte: elaborada pela autora
Quando questionados sobre a comparação entre as duas atividades, os participantes
fornecem um relato interessante sobre as diferentes estratégias que usaram e de que forma foram
úteis em cada atividade. Em geral, a atividade presencial é vista como mais difícil, porém os
participantes reconhecem que, como foi a primeira atividade executada, serviu como prática
para a segunda, deixando-os menos desconfortáveis com o ato de falar em público. Ao apontar
as dificuldades, os participantes identificam que o ganho é proporcional ao desafio,
reconhecendo a necessidade de praticar a comunicação oral em inglês como uma etapa
necessária para o avanço na área acadêmica. Assim, as características que apontam como
desafiadoras, como lidar com o nervosismo, o imediatismo das reações e a impossibilidade de
refazer a tarefa, são os mesmos componentes que enfrentam em um contexto real, e os
participantes classificam que a tarefa os ajuda a lidar com essas questões.
A atividade online, por outro lado, é reconhecida por proporcionar maior
tranquilidade aos alunos, por ser a segunda atividade e se beneficiar da experiência adquirida
82
na primeira, por estarem mais familiarizados com o tema e possibilitar mais tempo para
pesquisar, além de dar chance aos alunos de avaliar e reavaliar sua performance antes de
submeter o vídeo à avaliação dos colegas. João e Helena viram pontos positivos em ambas as
atividades, sendo que João destaca a atividade presencial e Helena, a atividade online:
A atividade em sala eu achei que me expôs mais a uma situação que eu precisava
passar de qualquer forma. Me colocou mais exposto à pressão, tempo, à fisionomia
das pessoas, como estão recebendo o que estou falando. Já a outra foi interessante
porque eu estava calmo, num ambiente calmo, com tempo pra fazer, podia repetir se
não ficasse bom, tinha tempo de pesquisar palavras, então achei que foi interessante
também. Mas a outra, acho que te deixa numa situação mais real. (João)
Eu me senti mais confortável, mais segura, e vejo que tive um desempenho melhor na
segunda atividade, porque você está no conforto da sua casa, você sabe que se errar,
pode refazer. Acho que pelo fato também de você receber feedbacks não tão cara a
cara, também é uma coisa que pode ser apontada. Não que foi ruim da outra forma,
mas eu acho essa forma mais confortável, então achei essa [atividade] mais produtiva,
digamos assim. Mas da outra eu gostei porque foi mais desafiadora, porque eu acho
que é importante a gente, como profissional, saber apresentar em público, olhar cara
a cara, trabalhar com artigos, então por mais que tenha sido muito mais difícil, eu acho
que foi muito enriquecedora também, e apesar de ter sentido mais desconforto,
ansiedade e tudo, eu vejo vários pontos positivos. (Helena)
Para João, o fato de a atividade proporcionar as mesmas possibilidades e emoções de
uma comunicação oral acadêmica foi uma das vantagens da atividade presencial. Já para
Helena, que reconheceu esse mesmo componente como positivo, o fato de não lidar com a
reação do público de imediato e a possibilidade de refazer a atividade online são fatores que,
por proporcionar mais conforto e segurança, tornam a atividade mais produtiva.
Nos relatórios reflexivos, somente três alunos apresentaram uma comparação entre
as duas atividades e todos afirmam que a atividade online foi mais fácil. As razões apontadas
pelos participantes foram o fato de sentirem-se mais confortáveis em frente à câmera, maior
familiaridade com o tema e de sentirem-se mais calmos ante à possibilidade de avaliarem o
próprio desempenho antes de que fossem submetidos à avaliação dos colegas.
Em síntese, os participantes reconhecem a importância das atividades, apontando
pontos positivos e negativos em ambas. A atividade presencial é percebida como mais próxima
da realidade acadêmica dos alunos, que avaliam a experiência como uma forma de adquirir
mais habilidades comunicativas identificadas como necessárias em seu percurso acadêmico.
Nesse sentido, podemos dizer que há uma construção colaborativa do conhecimento à medida
em que os alunos desenvolvem a habilidade comunicativa a partir da interação e
compartilhamento de experiências. Ao fazerem as apresentações em sala e ao observar as
83
apresentações dos colegas, os participantes são capazes de identificar as características
desejáveis na comunicação acadêmica, um conhecimento que é visto como útil por todos.
A atividade online, por outro lado, é considerada mais fácil, por ter um tema mais
pessoal, relacionado à experiência de cada um. Assim, ao transpor esse tema para a
comunicação oral em outra língua, os alunos tiveram que pesquisar vocabulário específico,
relacionado à sua área de atuação, o que identificaram como um ponto positivo da atividade.
Outro aspecto positivo é a possibilidade de refazer o vídeo e de analisar a própria performance
antes de submetê-lo à análise dos colegas. Nessa perspectiva, a mediação cria uma ZDP em que
o auxílio para o desenvolvimento do aluno não vem dos pares ou do professor, mas do próprio
aluno e da mediação tecnológica, que dá a possibilidade do aluno se auto avaliar e aprimorar
sua comunicação antes do evento comunicativo em si.
Os dados analisados mostram uma tendência dos participantes em relacionar à
atividade online sentimentos mais positivos, por terem se sentido mais confortáveis na
realização dessa atividade; enquanto à atividade presencial são associados sentimentos
negativos, como ansiedade e nervosismo, mas também a ideia de superação de desafio e a
satisfação de ter o dever cumprido. Esses achados reiteram os dados analisados na pergunta de
pesquisa nº 4, sobre o efeito da mediação tecnológica nas emoções dos participantes.
84
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta seção retoma inicialmente o objetivo e as perguntas de pesquisa que nortearam
este estudo, apresentando um breve sumário dos principais achados da pesquisa, seguidos por
considerações sobre possíveis contribuições e limitações, bem como sugestões para pesquisas
futuras. Ao final, apresento minhas palavras finais.
5.1 Retomada dos objetivos e das perguntas da pesquisa
O objetivo principal desta pesquisa foi investigar a percepção dos alunos sobre o
desenvolvimento das habilidades orais no curso de inglês para fins acadêmicos, comparando
duas atividades avaliativas, uma apresentação oral e uma atividade mediada por computador –
a produção de um video-pitch. Para isso, participaram do estudo onze alunos do módulo I da
disciplina IFA na UFMG.
Com base nesse objetivo, cinco perguntas guiaram o desenvolvimento deste estudo:
(1) Quais são as estratégias de aprendizagem utilizadas pelos estudantes no desenvolvimento
de atividades de produção oral? (2) Quais são os avanços na aquisição de habilidades orais
percebidos pelos alunos, proporcionados pela realização das atividades? (3) Como o feedback
dos colegas ajuda neste processo de aquisição? (4) O uso de ferramentas digitais tem alguma
influência na ansiedade dos estudantes no desenvolvimento de suas habilidades orais? e (5)
Qual a percepção dos estudantes ao comparar atividades presenciais e não-presenciais na
aquisição de habilidades orais?
A partir dessas perguntas, foram estabelecidos os objetivos específicos do estudo,
(a) identificar as percepções dos alunos em relação à aprendizagem a partir de duas atividades
voltadas para a aquisição oral, uma presencial e uma mediada por ferramentas digitais, (b)
comparar as percepções dos alunos em relação à aprendizagem nas atividades mencionadas; e
(c) analisar as percepções sobre a experiência de aprendizagem dos alunos a partir do uso dessas
tecnologias.
Este estudo foi fundamentado nos preceitos teóricos de Vygotsky, aplicados à
aprendizagem de segunda língua, como proposto por Frawley e Lantolf (1985), e,
posteriormente, explorado por vários autores, tais como Aimin (2013), Aljaafreh e Lantolf
(1994), Donato (1994), Fahim E Haghani (2012), Lantolf (2000), Lantolf e Appel (1994),
Lantolf, Poehner e Swain, (2018), Lantolf e Thorne (2006, 2014), e Warschauer (2005). As
discussões sobre estratégias de aprendizagem foram embasadas na classificação desenvolvida
85
por Oxford (1989), e as análises de emoções e sentimentos de aprendizes de segunda língua
tomaram como base estudos desenvolvidos por Aragão (2011), Aragão, Paiva e Gomes Junior
(2017), Horwitz, Horwitz e Cope (1986), Krashen (1982), MacIntyre e Gardner (1994) e
Maturana (1998).
A primeira pergunta buscava identificar que tipos de estratégias os participantes
utilizaram para desenvolver habilidades orais. Para responder essa pergunta, analisei o conteúdo
das respostas dadas na entrevista e dos relatórios reflexivos, comparando com os dados
extraídos dos questionários.
Os resultados da análise revelaram o predomínio de estratégias diretas cognitivas
na atividade presencial, e de estratégias diretas cognitivas e indiretas metacognitivas na
atividade online. Nessa perspectiva, a mediação tecnológica, que permitiu a assincronicidade
da comunicação, favoreceu o uso da estratégia indireta metacognitiva, pois deu aos
participantes um meio acessível de visualizar seu desempenho. Com isso, os alunos tiveram a
oportunidade de reavaliar seu percurso de aprendizagem e de reajustar sua prática
comunicativa, tendo em vista que a mediação permite que o sujeito seja, ao mesmo tempo,
produtor e receptor do discurso, capaz de analisar os objetivos comunicativos e corrigir o que
não corresponde aos seus próprios critérios de avaliação.
Em uma perspectiva sociocultural, a mediação proporcionada por ferramentas
digitais permite que o próprio aluno atue em sua ZDP, já que ele identifica o que pode ser
melhorado em sua prática, o objetivo que pode ser atingido, e refaz sua prática até que atinja
esses objetivos.
Os relatos sobre as dificuldades enfrentadas na preparação e execução das
atividades mostraram desafios relacionados não só à competência linguística, mas também à
organização e ao enfrentamento de aspectos emocionais. Na preparação para as atividades, a
atividade online mostrou-se mais desafiadora para os participantes, pois tiveram dificuldades
com vocabulário, pronúncia e síntese de conteúdo. Já na execução, a atividade presencial
apresentou maiores desafios, principalmente relacionados ao medo de falar em público. Nesse
sentido, a análise revelou que estratégias ignoradas pelos participantes seriam úteis para lidar
com os desafios encontrados, como estratégias afetivas de automotivação e de diminuição da
ansiedade em ambas as atividades, e estratégias metacognitivas de avaliação da aprendizagem,
ignoradas na atividade presencial.
A segunda pergunta investigou os avanços na aquisição de habilidades percebidos
pelos participantes em cada atividade. As informações obtidas nos questionários, mensuradas
86
através de média ponderada, contrapostas aos dados das entrevistas e relatórios, identificados
através da análise de conteúdo, mostraram que os ganhos mais significativos foram em
habilidades não relacionadas à aquisição da língua, como organização, confiança e segurança.
Nesse aspecto, os ganhos observados na atividade online foram mais significativos que na
atividade presencial. Os ganhos linguísticos também foram superiores na atividade online
(pronúncia, fluência, vocabulário e gramática), exceto compreensão oral, leitura e escrita. Com
exceção da leitura, todas as outras habilidades mostram pouca margem de diferença entre as
duas atividades, sugerindo que proporcionaram aquisições de forma semelhante, seja com ou
sem mediação por computador. Entretanto, ao analisar os relatos sobre a influência do aspecto
emocional no processo de aprendizagem, tornou-se evidente o impacto positivo da mediação
tecnológica, pois foi menos frequentemente associada a sentimentos como nervosismo e
ansiedade do que a atividade presencial.
Ao avaliar seu próprio desempenho nas atividades, os participantes demonstraram
maior satisfação com a atividade online. A performance na atividade presencial foi considerada
mediana ou negativa pela maior parte dos participantes, enquanto na atividade online foi
percebida como positiva ou mediana pela maioria. Esses achados evidenciaram como a
mediação tecnológica contribuiu para a aprendizagem dos alunos, seja por proporcionar
diferentes estratégias de aprendizagem, seja por permitir maior controle do resultado, o que
gerou conforto e confiança nos alunos, afetando positivamente seu desempenho. A
relativamente baixa diferença entre os ganhos adquiridos nas duas atividades sugere que a
forma de mediação propiciada pela atividade online, onde o aprendiz atua como seu próprio
andaime, é capaz de promover uma experiência de aprendizagem semelhante à atividade
presencial.
Na terceira pergunta, os participantes foram interpelados sobre o impacto do
feedback dos colegas no processo de aprendizagem. Os dados dos questionários, entrevistas e
relatórios mostraram que a grande maioria percebeu a utilidade do processo de dar e receber
feedback, sem diferença significativa entre as duas atividades. O caráter colaborativo da
aprendizagem foi evidenciado nos relatos de participantes que se esforçaram para compreender
o discurso dos colegas, de forma que pudessem dar um feedback útil.
Os achados reforçaram a importância da interação e do compartilhamento com o
outro no processo de aprendizagem, pois os comentários sobre pontos positivos e negativos na
performance dos colegas ajudou a compor um conhecimento compartilhado por todos sobre o
que constitui uma boa comunicação oral acadêmica. Essa interação destacou o caráter
87
comunicativo da língua, e permitiu que os alunos avaliassem seu desenvolvimento a partir do
olhar do outro, evidenciando a importância da mediação social no processo de aprendizagem.
Nesse sentido, ainda que a mediação tecnológica tenha possibilitado a atuação do aprendiz
como seu próprio andaime na ZDP, a valorização do feedback pelos participantes demonstrada
neste estudo corrobora os preceitos de Vygotsky à medida que situa esse processo em uma
perspectiva social, onde a colaboração dos pares propicia uma experiência de construção de
conhecimento que não seria possível sem a interação entre os participantes.
A quarta pergunta explorou a influência da mediação digital na ansiedade dos
participantes em relação às habilidades orais. Os dados obtidos por meio dos questionários,
entrevistas e relatórios reflexivos revelaram uma diferença significativa entre as duas
atividades, destacando a atividade presencial como fonte de maior ansiedade e nervosismo. Em
contraste, a atividade online foi percebida com maior neutralidade, e com sentimentos de
segurança e conforto, proporcionados pela sensação de controle sobre o resultado.
A análise dos dados referentes a essa pergunta corroborou os resultados de estudos
anteriores que mostraram a influência positiva da mediação tecnológica na aprendizagem de
segunda língua ao promover a confiança dos alunos e reduzir a ansiedade relacionada à
comunicação oral (ARAGÃO, 2011; ARAGÃO; PAIVA; GOMES JUNIOR, 2017; LIN, 2014;
MCNEIL, 2014; POP; TOMULETIU; DAVID, 2011; YANGUAS; FLORES, 2014). Nesse
sentido, os dados mostraram que a presença do outro no processo de aquisição de habilidades
orais pode ser, contrariamente aos preceitos da teoria sociocultural, um fator que dificulta esse
processo. O aumento da ansiedade na atividade presencial indica que a presença do outro na
interação face a face afetou negativamente os participantes e sugere que a forma como os pares
interagem, seja síncrona ou assíncrona, é um aspecto determinante nas emoções dos aprendizes.
Na última pergunta, procurei identificar a percepção dos participantes sobre as
aquisições de habilidades orais ao comparar as duas atividades, por meio das entrevistas e dos
relatórios reflexivos. As respostas foram agrupadas em categorias como sentimentos negativos,
positivos, diferenças e semelhanças.
Os relatos associados a essa pergunta demonstraram maior associação de
sentimentos negativos à atividade presencial, em comparação à atividade online, que foi
lembrada de forma negativa apenas por um participante. Quanto aos sentimentos positivos, a
atividade presencial foi classificada como interessante, enriquecedora, necessária, produtiva e
satisfatória, enquanto a atividade online foi lembrada como uma experiência legal, tranquila,
motivadora, importante e engrandecedora. Em termos de semelhanças, ambas foram
88
consideradas produtivas e enriquecedoras. Os relatos mostraram que os participantes
perceberam a atividade presencial como mais desafiadora, porém a consideraram mais próxima
de sua experiência acadêmica, reconhecendo sua importância e a necessidade da prática para a
aprendizagem. A atividade online, por outro lado, foi classificada como mais fácil, por ter
apresentado um tema mais pessoal e por ter propiciado maior controle dos participantes quanto
ao resultado final. Esses achados reforçam os resultados da análise da pergunta de pesquisa nº
4, apontando a emergência de sentimentos mais positivos na atividade mediada por tecnologia.
Em síntese, partindo do questionamento sobre como as ferramentas digitais podem
auxiliar no desenvolvimento das habilidades orais, tendo o contexto do inglês para fins
acadêmicos como foco, os resultados deste trabalho mostraram que essas ferramentas propiciam
uma mediação, no sentido proposto pela teoria sociocultural, que permite um diferente tipo de
relação do aprendiz com o processo de aprendizagem. Nesse sentido, a mediação tecnológica
não revelou diferença significativa nos ganhos percebidos pelos alunos, mas propiciou
diferentes estratégias que enriqueceram sua experiência, ao oferecer um meio que permite
controle e avaliação da prática pelo próprio aprendiz, que passa a atuar em sua própria ZDP
para promover o avanço na aprendizagem. A presença do outro nesse processo, como apontado
por Paiva e Gomes (2009), nem sempre atua como facilitador da aprendizagem, pois os relatos
colhidos indicaram que a atividade que envolve essa presença sem a mediação tecnológica, na
interação face a face, gera mais emoções negativas nos participantes. Entretanto, o outro
continua sendo um aspecto importante no desenvolvimento das habilidades dos aprendizes,
como apontaram os dados sobre a percepção dos participantes acerca do feedback no processo,
o que sugere que é a forma como a interação acontece o fator mais importante nessa relação.
5.2 Contribuições e limitações do trabalho
Os resultados do presente estudo confirmaram que a natureza assíncrona da
atividade online, mediada por ferramentas tecnológicas, é percebida de forma positiva pelos
participantes, gerando menos ansiedade e sentimentos negativos relacionados à comunicação
oral. Esses achados, ainda durante a fase de análise dos dados, levaram a uma mudança na
forma de aplicação das atividades de produção oral no IFA I, o que considero como uma das
contribuições deste trabalho.
Ao observar os relatos sobre a ansiedade relacionada à atividade presencial, em
contraste com a atitude mais calma e segura demonstrada pelos participantes ao falar da
atividade online, percebi que a ordem em que as atividades eram aplicadas – primeiro a
89
atividade presencial, seguida da atividade online –, poderia ser invertida para benefício dos
alunos. Considerando os relatos de sentimentos de segurança e confiança sobre a atividade
online, a aplicação dessa atividade poderia servir de andaime para a atividade presencial, pois
o fato de já terem passado por uma experiência assíncrona, mais controlada, com ampla
oportunidade de refazer e aprimorar o discurso oral, ajudaria a mitigar a insegurança e
ansiedade relacionadas à atividade presencial. Além disso, percebi que a mediação tecnológica
propiciou mais oportunidades de uso de estratégias metacognitivas, o que favoreceria a
autorregulação da aprendizagem e maior autonomia dos alunos, preparando-os para o que os
participantes deste estudo consideraram um desafio maior, a comunicação oral presencial.
Assim, por identificar que a atividade online foi percebida como mais fácil e
confortável, e por gerar menos sentimentos negativos, entendi que poderia ser aplicada como
uma forma de preparar os alunos para a atividade presencial. Com base nessa análise prévia, no
primeiro semestre de 2018, em reunião com a supervisora do IFA I, Profa. Dra. Barbara
Malveira Orfanó, decidimos fazer a mudança na ordem das atividades. Ainda que não tenha
dados gerados sobre as percepções dos alunos após a mudança, pude perceber, como professora
e observadora, que os alunos demonstravam maior confiança e menos nervosismo na atividade
presencial, de modo que a nova ordem foi mantida nos semestres subsequentes, em todas as
turmas do IFA I.
Outra contribuição deste trabalho está relacionada aos resultados que comparam
os ganhos obtidos nas atividades. A mediação tecnológica permite que os participantes
desenvolvam diferentes estratégias de aprendizagem, proporcionando ganhos semelhantes aos
obtidos na atividade presencial. Esses achados sugerem que atividades mediadas por
computador oferecem oportunidades para o desenvolvimento de habilidades orais semelhantes
às atividades face a face, podendo ser adotadas tanto em contexto presencial de ensino quanto
à distância.
Ao analisar as dificuldades enfrentadas pelos participantes na preparação e
execução das atividades, foi possível identificar, com base no referencial teórico e na análise
das estratégias adotadas, quais desafios poderiam ser melhor enfrentados a partir das estratégias
descritas. Dessa forma, este trabalho possibilita que professores antecipem as possíveis
dificuldades enfrentadas por seus alunos em atividades de produção oral similares, e se
antecipem ao adotar ou sugerir a adoção dessas estratégias pelos alunos.
Considerando os resultados sobre a importância do feedback em ambas as
atividades, professores devem tomar cuidado ao criar atividades online para desenvolvimento
90
de habilidades orais. Os relatos mostram que a interação e o compartilhamento entre os
participantes têm um papel fundamental no processo de aprendizagem e na construção do
conhecimento, por isso atividades mediadas por ferramentas tecnológicas devem ser planejadas
de forma a permitir essa interação. Em outras palavras, o computador não deve ser visto apenas
como meio de transmissão, que os alunos utilizam para o simples envio ou depósito de tarefas,
mas sim como um espaço de interação e compartilhamento de experiências, onde é possível a
comunicação entre os participantes, seja síncrona ou assíncrona, no sentido de promover a
socialização do saber.
Não sugiro, apesar dos resultados apresentados, que a atividade presencial deva ser
substituída por atividades mediadas por computador. Uma das limitações deste trabalho é a
análise restrita à percepção dos alunos, portanto não há dados obtidos por avaliações
diagnósticas para comparação entre ganhos reais e ganhos percebidos. Dessa forma, apesar dos
resultados apontarem para a vantagem da atividade tecnologicamente mediada, outros estudos
seriam necessários para analisar de forma mais objetiva os ganhos em cada uma das atividades.
Entretanto, ressalto que o impacto das emoções na aprendizagem não pode ser ignorado, e nesse
sentido, os resultados mostram que há efeitos positivos na mediação tecnológica.
Outra limitação a ser apontada é o número de participantes. A escolha de trabalhar
com apenas uma turma reduzida de alunos permitiu uma investigação mais aprofundada, pois
foi possível entrevistar individualmente todos os participantes, bem como analisar todos os
relatórios reflexivos produzidos. No entanto, essa escolha limita os achados a esse grupo de
participantes e não permite a generalização dos resultados.
Assim, contrapondo as limitações e contribuições, espera-se que esta pesquisa
contribua com estudos na Linguística Aplicada voltados para desenvolvimento de habilidades
orais e CALL. É importante lembrar que as limitações deste trabalho não invalidam suas
contribuições, mas devem ser apontadas como aporte para possíveis pesquisas no futuro. Dessa
forma, destaco a seguir algumas sugestões para novos estudos.
5.3 Sugestões para futuras pesquisas
Este trabalho tenta contribuir com os estudos em CALL e desenvolvimento de
habilidades orais, buscando entender, a partir da percepção dos alunos, como a mediação
tecnológica ajuda no desenvolvimento de habilidades orais. Dadas as limitações apontadas
anteriormente, pesquisas futuras precisariam ser desenvolvidas para aprofundar esses estudos
91
sobre a influência da mediação tecnológica no processo de aprendizagem de habilidades orais.
Algumas sugestões são:
• Estudos com dados quantitativos que comparem os ganhos reais e os ganhos
percebidos pelos participantes em atividades mediadas por computador, a fim
de obter dados mais objetivos sobre a aprendizagem nesse contexto;
• Estudos que comparem o desenvolvimento de habilidades orais de participantes
com o uso de ferramentas tecnológicas síncronas e assíncronas;
• Estudos que investiguem a participação de alunos em atividades de produção
oral mediadas por ferramentas digitais em relação a características de sua
personalidade, como extroversão e timidez.
5.4 Palavras finais
Ao longo dos dois últimos anos, como professora de inglês para fins acadêmicos,
tenho visto o empenho de alunos no intuito de buscar a fluência oral nessa língua, que
consideram crucial para a evolução e bom desempenho em sua carreira acadêmica. Por outro
lado, a perspectiva de efetivamente se comunicar através dos gêneros orais acadêmicos
representa um grande desafio, um obstáculo quase intransponível para alguns, pois as
comunicações orais acadêmicas geram ansiedade mesmo quando se trata da língua nativa.
Nesse contexto, o que busquei com esta pesquisa foi investigar como atividades
tecnologicamente mediadas poderiam contribuir para mitigar a ansiedade relacionada à
comunicação oral e propiciar sentimentos de confiança, conforto e segurança para que os alunos
pudessem desenvolver essas habilidades.
Os resultados sugerem que é possível, a partir de propostas que contemplem os
objetivos e práticas acadêmicas dos participantes, trabalhar com atividades que ajudam a
desenvolver a competência comunicativa em inglês, ao mesmo tempo em que promovem
diferentes estratégias para lidar com o processo de aprendizagem, causando menos ansiedade
do que atividades tradicionais. Nesse sentido, acredito que este estudo contribuiu para lançar
luz à questão, mostrando que as ferramentas tecnológicas trazem benefícios complementares a
práticas já consolidadas.
Embora não tenha a pretensão de acreditar que estudos como este apontem soluções
definitivas para questões educacionais, creio que esta pesquisa possa promover a reflexão
acerca das experiências desses participantes em particular e apontar caminhos possíveis para
compreender suas necessidades de aprendizagem em língua inglesa no contexto acadêmico.
92
Dessa forma, aprendizes podem se engajar em atividades significativas, que contribuam para o
desenvolvimento acadêmico como um todo, sem a necessidade de colocar o gerenciamento de
emoções negativas relacionadas à comunicação oral como foco em seu processo de
aprendizagem.
93
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103
APÊNDICE 1A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado (a) a participar da pesquisa “Tecnologias digitais para o
desenvolvimento de habilidades orais em inglês”, sob a responsabilidade da pesquisadora Lívia de
Faria Terra e orientação da professora Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva.
A pesquisa tem por objetivo investigar tecnologias de voz para a criação e implementação
de atividades on-line para o desenvolvimento de compreensão e de produção orais, em inglês,
mediadas por computador e avaliar as experiências de aprendizagem dessas habilidades no
contexto online.
Para que o projeto seja desenvolvido, você será convidado a participar de tarefas de
desenvolvimento de habilidades orais mediadas por ferramentas digitais e a responder a um questionário
e permitir a observação de seu desempenho e de gravações de dados produzidos em ambiente virtual.
Esclareço que todos os dados a serem coletados são confidenciais e que aqueles que participarem
espontaneamente da pesquisa terão suas identidades resguardadas, permanecendo no anonimato mesmo
após a realização do relatório final deste estudo.
O resultado da pesquisa será divulgado em eventos e artigos. Será resguardada a identificação
de todos os participantes da pesquisa, com utilização de pseudônimos nos escritos e em apresentações
orais.
Sua contribuição para essa pesquisa é voluntária e, caso você queira retirar este consentimento,
tem absoluta liberdade de fazê-lo a qualquer tempo.
A pesquisa não oferece nenhum risco aos seus participantes, os quais poderão se desligar das
entrevistas quando desejarem. A pesquisa pode contribuir para seu desenvolvimento de habilidades orais
em inglês.
Sua participação é de suma importância tanto para a qualidade dessa investigação quanto para a
sociedade de modo geral.
Quaisquer dúvidas, queixas ou sugestões devem ser encaminhadas à pesquisadora, Lívia de
Faria Terra, por meio do telefone (31) 99426-8430 ou do email liviaterra@gmail.com, ou para o COEP
– Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – Unidade Administrativa II – 2° andar – sala 2005 – Cep 31270-901
– BH – MG – Telefax (3) 3409-4592 – e-mail: coep@prpq.ufmg.br.
Eu, __________________________________________, RG nº __________________, declaro ter sido
informado(a) e concordo em participar, como voluntário(a), do projeto de pesquisa acima descrito.
Belo Horizonte, _____ de ____________ de _______
______________________________________________
Nome e assinatura do entrevistado
______________________________________________
Nome e assinatura do responsável por obter o consentimento
104
APÊNDICE 1B – TERMO DE CESSÃO DE DIREITO DE USO DE IMAGEM E VOZ
Por intermédio do presente instrumento, de um lado,
___________________________________________, CPF ___________________, doravante
denominado CEDENTE; e de outro lado, LÍVIA DE FARIA TERRA, aluna do programa de pós-
graduação em Estudos Linguísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Minas Gerais, nível
mestrado, matrícula 2017665554, CPF 035.464.456-43, doravante denominado CESSIONÁRIO:
1 – o CEDENTE cede gratuitamente ao CESSIONÁRIO, por prazo indeterminado, o direito de uso de
sua voz e imagem captadas durante as atividades realizadas no curso Inglês para Fins Acadêmicos I para
a pesquisa intitulada Uso de Tecnologias Digitais para o Desenvolvimento de Habilidades Orais em
Inglês, sob orientação da Professora Vera Lucia Menezes de Oliveira e Paiva, da Universidade Federal
de Minas Gerais.
2 – o CEDENTE autoriza também o direito de uso de sua voz e imagem para fins acadêmicos e
educacionais em quaisquer materiais de divulgação científica como revistas, periódicos eletrônicos,
mídia virtual (como VHS, DVD, dados digitais e similares), livros, seminários, congressos, etc.
3 – o CEDENTE autoriza a utilização pelo CESSIONÁRIO de trabalhos autorais desenvolvidos no
âmbito da disciplina Inglês para Fins Acadêmicos I, vinculados em qualquer material, tais como: fotos,
vídeos, arquivos digitalizados, manuscritos, mensagens veiculadas em ambientes virtuais de
aprendizagem, entre outros, podendo ou não ser veiculados junto à imagem do CEDENTE a critério do
CESSIONÁRIO;
4 – o CESSIONÁRIO compromete-se a utilizar a voz e imagem do CEDENTE sem efetuar nenhuma
modificação em sua fisionomia, estrutura sonora ou contextual, bem como não fazer uso de forma
depreciativa, ou que possa representar, sob qualquer forma, algum tipo de violação à moral ou à honra.
Ficando igualmente proibida a comercialização do material coletado na referida pesquisa, com exceção
daquilo que constar na produção acadêmica de autoria do CESSIONÁRIO;
5 – o CEDENTE faz a cessão a título gratuito e sem qualquer ônus de todos os direitos relacionados à
sua imagem e voz, bem como aos direitos autorais dos trabalhos desenvolvidos pelo CESSIONÁRIO;
Para que produza todos os efeitos de direito, as partes assinam o presente instrumento em duas vias, na
presença de duas testemunhas.
Belo Horizonte, _____ de ____________ de _______.
_______________________________________
CEDENTE
_______________________________________
CESSIONÁRIO
_______________________________________
TESTEMUNHA
RG: ___________________
_______________________________________
TESTEMUNHA
RG: ___________________
105
APÊNDICE 2A – QUESTIONÁRIO REFERENTE À ATIVIDADE PRESENCIAL
Caro aluno,
Suas respostas neste questionário ajudarão a gerar dados para minha pesquisa de mestrado, que
investiga o uso de ferramentas digitais no desenvolvimento de habilidades orais. Sua participação é muito
importante para o desenvolvimento deste trabalho.
Antes de começar, devo informá-lo que este questionário NÃO É objeto de avaliação de desempenho
no curso de Inglês para Fins Acadêmicos, portanto sua participação nesta pesquisa não terá nenhum impacto
em sua avaliação enquanto aluno.
Lembre-se que não há respostas certas ou erradas neste questionário, portanto você pode ser sincero
e responder de acordo com sua percepção, sem se importar com qualquer suposta expectativa. Sua
honestidade é crucial para o sucesso da pesquisa.
Não é necessário escrever seu nome neste questionário, suas respostas serão mantidas em anonimato.
Muito obrigada pela colaboração!
QUESTIONÁRIO 1 – Atividade de produção oral em sala
Para responder as questões a seguir, considere sua experiência em relação à atividade de produção
oral apresentada em sala de aula, entre os dias 03 e 31 de outubro.
Leia o enunciado e classifique sua resposta de acordo com a escala que varia entre 1 (concordo
totalmente) e 5 (discordo totalmente).
Categoria 1 1. Concordo totalmente
2. Concordo parcialmente
3. Não tenho opinião
4. Discordo parcialmente
5. Discordo totalmente
1.1 Escrevi um roteiro para organizar minha apresentação.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
1.2 Ensaiei várias vezes antes da apresentação.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
1.3 Anotei palavras-chave e vocabulário que poderiam ser úteis durante a apresentação.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
1.4 Busquei assistir vídeos de apresentações com tema relacionado ao meu para me preparar.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Categoria 2 1. Concordo totalmente
2. Concordo parcialmente
3. Não tenho opinião
4. Discordo parcialmente
5. Discordo totalmente
2.1 A atividade ajudou a melhorar minha pronúncia.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2.2 A atividade ajudou a melhorar minha fluência.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2.3 A atividade ajudou a melhorar meu vocabulário.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2.4 A atividade ajudou a melhorar a capacidade de entender o que ouço (listening).
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
106
2.5 A atividade ajudou a melhorar a leitura.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2.6 A atividade ajudou a melhorar minha escrita.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2.7 A atividade ajudou a melhorar a gramática.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2.8 A atividade ajudou a melhorar a capacidade de organizar as ideias.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Categoria 3 1. Concordo totalmente
2. Concordo parcialmente
3. Não tenho opinião
4. Discordo parcialmente
5. Discordo totalmente
3.1 O feedback recebido após a atividade foi útil para mim.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
3.2 Dar feedback aos colegas foi útil para mim.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
3.3 Eu me senti motivado ao tomar conhecimento do feedback dos colegas.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Categoria 4 1. Concordo totalmente
2. Concordo parcialmente
3. Não tenho opinião
4. Discordo parcialmente
5. Discordo totalmente
4.1 Eu não me senti muito seguro sobre mim mesmo durante a apresentação.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4.2 Eu me senti confiante ao falar inglês em sala de aula.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4.3 Sempre acho que meus colegas de sala fizeram uma apresentação em inglês melhor do que eu.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4.4 Foi constrangedor falar inglês em frente aos colegas.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4.5 Fiquei nervoso e confuso ao fazer a apresentação em inglês em frente dos colegas
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4.6 Temi que meus colegas rissem de minhas habilidades em inglês durante a apresentação.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4.7 Não me preocupei se iria cometer erros ao falar inglês na apresentação.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4.8 Mesmo que eu tenha me preparado antes para a apresentação, me senti ansioso.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4.9 Não me senti pressionado a fazer qualquer tipo de preparação para a apresentação.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Obrigada pela participação!
107
APÊNDICE 2B – QUESTIONÁRIO REFERENTE À ATIVIDADE ONLINE
Caro aluno,
Suas respostas neste questionário ajudarão a gerar dados para minha pesquisa de mestrado, que
investiga o uso de ferramentas digitais no desenvolvimento de habilidades orais. Sua participação é muito
importante para o desenvolvimento deste trabalho.
Antes de começar, devo informá-lo que este questionário NÃO É objeto de avaliação de desempenho
no curso de Inglês para Fins Acadêmicos, portanto sua participação nesta pesquisa não terá nenhum impacto
em sua avaliação enquanto aluno.
Lembre-se que não há respostas certas ou erradas neste questionário, portanto você pode ser honesto
e responder de acordo com sua percepção, sem se importar com qualquer suposta expectativa. Sua
sinceridade é crucial para o sucesso da pesquisa.
Não é necessário escrever seu nome neste questionário, suas respostas serão mantidas em anonimato.
Muito obrigada pela colaboração!
QUESTIONÁRIO 2
Para responder as questões a seguir, considere sua experiência em relação à atividade de produção
oral realizada no Moodle, entre os dias 14 e 28 de novembro.
Leia o enunciado e classifique sua resposta de acordo com a escala que varia entre 1 (concordo
totalmente) e 5 (discordo totalmente).
Categoria 1 1. Concordo totalmente
2. Concordo parcialmente
3. Não tenho opinião
4. Discordo parcialmente
5. Discordo totalmente
1.1 Escrevi um roteiro para organizar minha apresentação em vídeo.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
1.2 Ensaiei várias vezes antes da gravação.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
1.3 Anotei palavras-chave e vocabulário que poderiam ser úteis durante a gravação da apresentação.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
1.4 Busquei assistir vídeos de apresentações com tema relacionado ao meu para me preparar.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
1.5 Gravei vários vídeos até obter um que considerei satisfatório.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
1.6 Usei softwares de edição para melhorar minha apresentação em vídeo.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Categoria 2 1. Concordo totalmente
2. Concordo parcialmente
3. Não tenho opinião
4. Discordo parcialmente
5. Discordo totalmente
2.1 A atividade ajudou a melhorar minha pronúncia.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
108
2.2 A atividade ajudou a melhorar minha fluência.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2.3 A atividade ajudou a melhorar meu vocabulário.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2.4 A atividade ajudou a melhorar a capacidade de entender o que ouço (listening).
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2.5 A atividade ajudou a melhorar a leitura.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2.6 A atividade ajudou a melhorar minha escrita.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2.7 A atividade ajudou a melhorar a gramática.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2.8 A atividade ajudou a melhorar a capacidade de organizar as ideias.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Categoria 4 1. Concordo totalmente
2. Concordo parcialmente
3. Não tenho opinião
4. Discordo parcialmente
5. Discordo totalmente
4.1 Eu não me senti muito seguro sobre mim mesmo durante a gravação.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4.2 Eu me senti confiante ao falar inglês para uma gravação em vídeo.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4.3 Sempre acho que meus colegas de sala fizeram um vídeo melhor do que eu.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4.4 Foi constrangedor compartilhar o vídeo de minha apresentação.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4.5 Fiquei nervoso e confuso ao gravar a apresentação em inglês e compartilhá-la com os colegas.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4.6 Temi que meus colegas rissem de minhas habilidades em inglês demonstradas no vídeo.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4.7 Não me preocupei se iria cometer erros ao falar inglês na gravação.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Categoria 3 1. Concordo totalmente
2. Concordo parcialmente
3. Não tenho opinião
4. Discordo parcialmente
5. Discordo totalmente
3.1 O feedback recebido após a atividade foi útil para mim.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
3.2 Dar feedback aos colegas foi útil para mim.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
3.3 Eu me senti motivado ao tomar conhecimento do feedback dos colegas.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
109
4.8 Mesmo que eu tenha me preparado antes para a gravação, me senti ansioso ao fazê-la.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4.9 Não me senti pressionado a fazer algum tipo de preparação para gravar o vídeo.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Obrigada pela participação!
110
APÊNDICE 2C – ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA
Informações pessoais
Nome:
Pseudônimo:
Gênero:
Escolaridade:
Formação acadêmica (curso):
Categoria 1: Estratégias de aprendizagem
1.1 Como você se preparou para a apresentação oral em sala?
1.2 Como você se preparou para a atividade online?
1.3 Qual foi a maior dificuldade encontrada durante o processo de preparação e execução da
atividade presencial?
1.4 Qual foi a maior dificuldade encontrada durante o processo de preparação e execução da
atividade online?
Categoria 2: Ganhos percebidos
2.1 Sobre a apresentação oral: Quais são os ganhos que você percebeu após a realização desta
atividade?
2.2 Como a apresentação oral te ajudou a obter estes ganhos?
2.3 Sobre a atividade online: Quais são os ganhos que você percebeu após sua realização?
2.4 Como a atividade online te ajudou a obtê-los?
2.5 Como você considera seu desempenho na atividade de produção oral em sala de aula?
2.6 Como você considera seu desempenho na atividade de produção oral online?
Categoria 3: Influência do Feedback
3.1 Como você se sentiu em relação ao feedback recebido após a apresentação oral?
3.2 Como você se sentiu em relação ao feedback recebido após o compartilhamento do vídeo?
3.3 Como você se sentiu ao dar feedback após a apresentação oral?
3.4 Como você se sentiu ao dar feedback aos vídeos dos colegas?
Categoria 4: Percepção sobre ansiedade e emoções
4.1 Você se sentiu ansioso em relação à apresentação oral em sala? Tente descrever o mais
detalhadamente possível suas sensações e como te afetaram ou influenciaram.
4.2 Você se sentiu ansioso em relação ao compartilhamento do vídeo gravado? Tente descrever o
mais detalhadamente possível suas sensações e como te afetaram ou influenciaram.
Categoria 5: Percepção geral
5.1 De forma geral, quais são suas percepções e como você se sentiu em relação à atividade
presencial?
5.2 De forma geral, quais são suas percepções e como você se sentiu em relação à atividade online?
5.3 Você pode comparar suas percepções e sentimentos em relação a cada uma destas atividades?
111
ANEXO A – ESTRATÉGIAS DE APRENDIZADO DE LÍNGUA (PAIVA, 1998)
I. ESTRATÉGIAS DIRETAS
1. Estratégias de memória
A. Criação de elos mentais
1. agrupar: sinônimos, antônimos, ou campo semântico.
2. associar/elaborar: relacionar informação nova com outras já existentes na memória.
3. colocar palavras novas em contexto: ex. fazer frases.
B. Utilização de imagens e sons
1. imagens: gravuras, desenhos
2. mapa semântico: arranjar palavras em um desenho que tenha no centro ou no topo um
conceito chave ao qual outros são ligados através de linhas ou setas.
3. palavras-chaves: elos auditivos, isto é, associar palavras da L2 a palavras da L1 que
têm sons semelhantes.
4. representação de sons na memória: ex. usar rimas para lembrar
C. Revisão efetiva (a revisão auxilia na memorização)
1. revisão estruturada (revisão em intervalos regulares que podem ir se espaçando a
medida que a informação torna-se natural e automática)
D. Emprego de ação
1. uso de sensações ou respostas físicas
2. uso de técnicas mecânicas: ex. cartão relâmpago
2. Estratégias cognitivas
A. Praticar
1. repetir
2. praticar formalmente sons e ortografia
3. reconhecer e usar fórmulas, paradigmas e expressões formulaicas: ex. Hello, how are
you? / It's time to...
4. recombinar: ex. unir orações
5. praticar de forma natural: ex. conversar, ler
B. Receber e enviar mensagens
1. apreender a idéia com rapidez: achar ideia principal (skimming) e achar detalhes
(scanning)
2. usar recursos para captar e enviar mensagens através de:
a. meio impresso: dicionário, glossário, gramática, etc
b. meio não-impresso: vídeo, rádio, cinema, etc
C. Analisar e raciocinar
1. raciocinar dedutivamente (aplicar regras)
112
2. analisar expressões (dividir em partes)
3. analisar contrastivamente (comparar sons, vocabulário, estruturas)
4. traduzir
5. verter
D. Criar estrutura para "input" e "output"
1. tomar notas
2. fazer resumos
3. focar a atenção: sublinhar, marcar, colocar asteriscos
3. Estratégias de Compensação
A. Adivinhar de forma inteligente
1. usar pistas linguísticas: cognatos, prefixos
2. usar outras pistas: estrutura do texto, conhecimento do mundo, conhecimento dos
participantes.
B. Superar limitações da fala e da escrita
1. recorrer à língua materna
2. pedir ajuda
3. usar mímica e gestos
4. evitar comunicação de forma parcial ou total
5. selecionar o tópico
6. ajustar ou aproximar a mensagem: alterar a mensagem, omitindo itens, simplificando
as ideias. ex. usar pencil no lugar de pen.
7. criar palavras: ex. paperholder em vez de notebook
8. usar circunlocução ou sinônimo, ex. dishrag: what you use to wash dishes with
II. ESTRATÉGIAS INDIRETAS
1. Estratégias metacognitivas
A. Centrar a aprendizagem
1. apreender e relacionar com material já conhecido
2. prestar atenção
3. retardar a produção oral para focar na audição (período silencioso)
B. Planejar a aprendizagem
1. fazer descobertas sobre a aprendizagem de língua
2. organizar: espaço físico, luz, horário
3. estabelecer metas e objetivos: ex. meta: corresponder no final do ano com alguém no
exterior. Ex. objetivo: ler um livro
4. identificar o propósito de uma atividade ouvir, falar, ler, escrever com um propósito
definido
5. planejar para uma tarefa
113
6. procurar oportunidades para praticar
C. Avaliar a aprendizagem
1. auto-monitoração (identificar os erros)
2. autoavaliação (avaliar o próprio progresso)
2. Estratégias afetivas
A. Diminuir a ansiedade
1. relaxar progressivamente, respirar fundo, meditar (através de imagem mental ou som)
2. usar música
3. rir: assistir uma comédia, ouvir/ler piadas
B. Encorajar-se
1. fazer afirmações positivas (que tal no diário?) ex. I'm reading faster; ou Everybody
makes mistakes. I can learn from mine.
2. correr riscos de forma inteligente
3. gratificar-se
C. Medir a temperatura emocional
1. ouvir seu corpo (estou feliz, tensa?)
2. usar "check lists" (autoavaliação)
3. escrever um diário (data/lição do livro/ atividades principais/ como foi meu
desempenho/quais foram minhas dificuldades)
4. discutir seus sentimentos com alguém (Que dificuldades ainda tenho?)
3. Estratégias sociais
A. Fazer perguntas (pedir para repetir, dar exemplo, parafrasear, explicar, falar mais
devagar)
1. pedir esclarecimentos
2. pedir correções
B. Cooperar com os outros
1. cooperação entre pares
2. cooperação com falantes proficientes
C. Solidarizar-se com os outros
1. desenvolver compreensão cultural (tentar entender a cultura do outro)
2. conscientizar-se a respeito dos sentimentos e dos pensamentos dos outros.
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