projeto polÍtico-pedagÓgico · 2018-04-13 · iv - princÍpios norteadores do projeto pedagÓgico...
Post on 02-Dec-2018
213 Views
Preview:
TRANSCRIPT
CONSELHO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
Curso de Graduação: Licenciatura e Bacharelado em Educação Física
Readequação Curricular: Bacharelado em Educação Física
2015
SUMÁRIO
I - INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1
1.1 - A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO CAMPO ACADÊMICO E PROFISSIONAL .................................................... 1
1.2 - A TRADIÇÃO DE INTERVENÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ....................................................................... 5
II - CONCEITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................... 6
2.1 - MOTRICIDADE HUMANA .................................................................................................................. 7
2.2 - QUALIDADE E VALOR ...................................................................................................................... 9
III - AS DIRETRIZES CURRICULARES PARA OS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ................. 11
3.1 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS........................................................................ 15
3.2 – REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO............................................................................................... 17
IV - PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PROJETO PEDAGÓGICO DOS CURSOS DE EDUCAÇÃO
FÍSICA ................................................................................................................................................... 18
V - OBJETIVO GERAL DAS MODALIDADES DA GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA .......... 20
VI – PERÍODOS DE OFERECIMENTOS E TOTAL DE VAGAS POR MODALIDADE ..................... 20
VII – CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA (APROFUNDAMENTO EM APTIDÃO
FÍSICA E SAÚDE) ................................................................................................................................. 21
7.1 - CONCEITOS BÁSICOS: ATIVIDADE FÍSICA, EXERCÍCIO E APTIDÃO FÍSICA .......................................... 21
7.2 - ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE COLETIVA ........................................................................................... 22
7.3 - O PANORAMA ATUAL .................................................................................................................... 24
7.4 - A TRAJETÓRIA DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NO BRASIL ......... 25
7.5 – PARÂMETROS PARA A DEFINIÇÃO DA FORMAÇÃO DO BACHAREL EM EDUCAÇÃO FÍSICA COM
APROFUNDAMENTO EM APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE .................................................................................. 30
7.6 – OBJETIVO.................................................................................................................................... 33
7.7 – EIXOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR ................................................................. 33
7.7.1 - Desenvolvimento de competências .................................................................................... 33
7.7.2 - Concepção de Conteúdo .................................................................................................... 34
7.7.3 - Concepção de Aprendizagem ............................................................................................ 35
7.7.4 - Simetria Invertida ................................................................................................................ 36
7.7.5 - A Prática como Eixo Central ............................................................................................... 37
7.7.6 - Pesquisa e Atitude Investigativa ......................................................................................... 37
7.7.7 - Concepção de Avaliação .................................................................................................... 38
7.8 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS ....................................................................... 40
7.8.1 - Competências referentes ao comprometimento com os valores inspiradores da
sociedade democrática .................................................................................................................. 40
7.8.2 - Competências referentes ao domínio dos conteúdos básicos e específicos do
bacharelado em Educação Física como área de conhecimento: .................................................. 40
7.8.3 - Competências referentes ao domínio do conhecimento didático-pedagógico no campo
da aptidão física e saúde ............................................................................................................... 41
7.8.4 - Competências referentes ao conhecimento de processos de investigação ...................... 41
7.8.5 - Competências referentes ao gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional .. 42
7.9 – ORGANIZAÇÃO CURRICULAR ....................................................................................................... 42
7.9.1 - Dimensões do conhecimento ............................................................................................. 42
8.9.2 - Organização Temática ........................................................................................................ 44
7.9.3 - Outras atividades de formação ........................................................................................... 53
7.9.3.1 - Atividades Optativas .................................................................................................... 53
7.9.3.2 - Atividade Obrigatória .................................................................................................... 56
7.9.4 - A Dimensão da Prática ....................................................................................................... 56
7.9.5 – MATRIZ CURRICULAR ............................................................................................................ 60
VIII – CARGA HORÁRIA DOCENTE E DEMANDA DE CONTRATAÇÃO ........................................... 75
IX – DEMANDA DE INFRAESTRUTURA ............................................................................................. 79
X – REINGRESSO ................................................................................................................................ 81
1
I - INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, houve mudanças importantes na área acadêmico-
profissional da Educação Física: desenvolvimento do conhecimento teórico-científico
e prático, reconhecimento social do valor das atividades físicas como meio de
educação, saúde e lazer, a ampliação do mercado de trabalho, e, por fim, o
reconhecimento legal da profissão. Identifica-se uma demanda profissional mais
especializada: além da atuação na educação básica, típica do Licenciado, há espaço
para profissionais com atuação mais específica na área de Saúde e Aptidão Física,
Esporte e Lazer e Rendimento Esportivo. As resoluções e pareceres do Conselho
Nacional de Educação que estabeleceram parâmetros para as Licenciaturas, bem
como as diretrizes curriculares para os cursos de graduação em Educação Física
fixam perfis profissionais diferenciados para o Licenciado e o Bacharel em Educação
Física. Por fim, resoluções do Conselho Federal de Educação Física, passaram a
exigir formação especializada do graduado (Licenciatura ou Bacharelado) para o
exercício profissional, na área escolar ou não escolar.
1.1 - A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO CAMPO ACADÊMICO E PROFISSIONAL
As bases filosóficas do moderno conceito de Educação Física foram
lançadas, no mundo ocidental, entre os séculos XVII e XIX, por pensadores como F.
Bacon, J. Locke e J.J. Rousseau, os quais abordaram a importância dos cuidados
com o corpo e dos exercícios físicos na formação dos indivíduos, no contexto do
surgimento e consolidação da sociedade burguesa.
No século XIX, filósofos ocupados com questões da educação das crianças e
jovens, e sob influência das idéias racionalistas e liberalistas do Iluminismo, do
conceito pedagógico de natureza de Rousseau e dos avanços da Medicina, referem-
se à necessidade da “educação física”, que deveria se justapor e relacionar à
educação moral, à educação intelectual etc.; sob essas idéias, escolas pioneiras
introduzem a ginástica em seu currículos.
No século XIX, obras que propõem a sistematização científica (com base na
medicina e na biologia) e pedagógica da ginástica utilizam explicitamente a
expressão “educação física”. O termo “Educação Física” pode, então, ser referido à
sistematização científica ocorrida em torno dos exercícios físicos, jogos e esporte, e
o termo “ginástica” na obras do século XIX pode ser considerado sinônimo de
2
Educação Física. Essa “teorização” da Educação Física foi realizada a partir de um
olhar pedagógico (seja médico-pedagógico ou moral pedagógico), quer dizer, as
práticas corporais (em especial a ginástica), eram construídas e vistas como
instrumentos para a educação para a saúde e para a educação moral.
No século XX, o período compreendido entre as décadas de 1960 e 1980
assinala uma ruptura nessa tradição pedagógica, com a ascensão do discurso
científico como referencial privilegiado para a Educação Física. Na Europa e na
América do Norte, colocou-se a questão do estatuto científico da Educação Física,
se ela seria ou não uma disciplina acadêmica ou científica, qual seria seu objeto de
estudo etc., gerando as oposições e tensões que, daí em diante, iriam percorrer o
entendimento que a área busca construir de si própria.
Nos EUA, F. Henry1 propõe a Educação Física como “disciplina acadêmica”,
entendida como um corpo organizado de conhecimentos incluído num curso formal
de aprendizagem, diferenciada das disciplinas que tradicionalmente lhe dão suporte
(fisiologia, psicologia, antropologia, sociologia etc.), e em oposição ao caráter de
aplicação profissional (em especial no campo educacional) que lhe era tradicional.
Tal conhecimento seria organizado em torno da compreensão da função do corpo
humano praticando exercício.
Na Alemanha, ao final dos anos 1960, sob influência da importância social e
política do esporte, o conceito de pedagogia esportiva (Sportpädagogik) opõe-se e
põe fim ao conceito de teoria da Educação Física (Leibeserziehung) orientada nas
teorias da educação, iniciando o processo de “cientifização” da Educação Física.
Sob influência de precursores franceses, como J. Le Boulch e P. Parlebas,
Sérgio2 buscou fundamentar epistemologicamente uma “Ciência da Motricidade
Humana” ou “Cineantropologia”, entendida como uma ciência da compreensão e da
explicação das condutas motoras, que estuda as constantes tendências da
motricidade humana, tendo em vista o desenvolvimento global do indivíduo e da
sociedade, e como fundamento simultâneo o físico, o biológico e o
antropossociológico. O termo “educação motora” aparece como substituto de
“Educação Física”, e é proposto como ramo pedagógico daquela Ciência da
1 HENRY, F. M. Physical education: an academic discipline. Journal of Health, Physical Education and
Recreation, v. 35, p. 32-38, 1964.
2 SÉRGIO, M. Uma nova ciência do homem - a quinantropologia. Desportos, n. 7 (separata). Direção
Geral dos Desportos, Lisboa, 1983; SÉRGIO, M. Para uma epistemologia da motricidade humana:
prolegômenos a uma ciência do homem. Lisboa: Compendium, 1987.
3
Motricidade Humana, que busca o desenvolvimento das faculdades motoras
imanentes no indivíduo.
São comuns a essas proposições a ideia da interdisciplinaridade, que supõe a
superação de um modelo muldisciplinar das ciências em direção à interação ou
sínteses entre diversas ciências, tendo em vista o interesse por um objeto,
diferentemente definido em cada uma daquelas proposições.
Tal tendência repercute intensamente no Brasil desde meados da década de
1980. Na esteira do “movimento disciplinar” norte-americano, Tani3, por exemplo,
propõe a “Cinesiologia”, como uma área do conhecimento que objetiva investigar de
forma abrangente e profunda o fenômeno movimento humano, mais especificamente
o estudo de movimentos genéricos (postura, locomoção, manipulação) e específicos
do esporte, exercício, ginástica, jogo e dança, contemplando as sub-áreas
biodinâmica do movimento humano, comportamento motor e estudos socioculturais
do movimento humano. A Educação Física é definida como área de pesquisa(s)
eminentemente aplicada(s), que, fundamentada nos conhecimentos “básicos”
oriundos da Cinesiologia, possui preocupação pedagógica e profissionalizante,
produzindo conhecimentos que serviriam de base para a elaboração e
desenvolvimento de programas de Educação Física em nível formal (escolar) e não
formal. Nessa proposição, como em outras, a Educação Física aparece em posição
adjacente ou dependente, como ramo pedagógico ou aplicado da uma ciência
“básica”.
Já outros restringem a Educação Física ao ambiente escolar. Bracht4, por
exemplo, distingue a Educação Física em sentido restrito, que abrange as atividades
pedagógicas, tendo como tema o movimento corporal e que toma lugar na instituição
educacional; e em sentido amplo, que designaria todas as manifestações ligadas a
ludomotricidade humana, mas que seriam melhor abarcadas por termos como
cultura corporal ou cultura de movimento. Em Soares et alii5, a Educação Física é
definida como uma disciplina escolar que trata pedagogicamente do conhecimento
de uma área denominada “cultura corporal”, configurada com temas e formas de
atividades (jogo, esporte, ginástica, danças, lutas etc.) que constituem seu conteúdo.
3 TANI, G. Perspectivas da educação física como disciplina acadêmica. In: SIMPÓSIO PAULISTA DE
EDUCAÇÃO FÍSICA, 2, Rio Claro. Anais... Rio Claro: Universidade Estadual Paulista, 1989. p. 2-12; TANI, G.
Cinesiologia, educação física e esporte; ordem emanente do caos na estrutura acadêmica. Motus Corporis, v.3,
n.2, p. 9-50, 1996. 4 BRACHT, V. Educação física & ciência: cenas de um casamento (in)feliz. Ijuí: Editora Unijuí, 1999.
5 SOARES, C. L. et al. Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez, 1994.
4
Em uma tentativa de superar os dualismos, a “Teoria da Educação Física” é
concebida por Betti6 como um campo dinâmico de pesquisa e reflexão, que
sistematiza e critica conhecimentos científicos e filosóficos, recebe e envia
demandas à prática pedagógica e às ciências/filosofias, a partir de problemáticas
que emergem da prática, e que questionam as ciências e a filosofia. O princípio
integrador nesse processo não seria um “objeto científico” (movimento humano,
motricidade humana etc.), porque cada ciência recorta seu objeto sob diferentes
óticas, mas seriam as problemáticas que se articulam desde a prática social
envolvida no jogo, esporte, dança, ginásticas etc., e que são axiologicamente
condicionadas, quer dizer, são os valores eleitos pelo pesquisador que o fazem (ou
não), delimitar uma problemática que possa ser abordada pelas teorias/métodos de
uma dada ciência ou pela filosofia.
A “prática” passa então a configurar-se como possibilidade de mediação entre
a “matriz científica” e a “matriz pedagógica” que se apresentam no debate sobre a
identidade epistemológica da Educação Física, entre a “teoria” e a “prática”, entre o
“fazer corporal” e o “saber sobre esse fazer”.
Bracht7 realizou significativo avanço nesse debate, ao perceber a Educação
Física como campo acadêmico que teoriza a prática pedagógica e que tematiza as
manifestações da cultura corporal de movimento. O objeto da Educação Física é o
saber específico de que trata essa prática, e a definição desse objeto/saber
específico define o tipo de conhecimento buscado para sua fundamentação, e este
por sua vez determina a função atribuída à Educação Física. Haveria três
entendimentos desse saber próprio da Educação Física:
(i) atividades físicas ou atividades físico-esportivas e recreativas – a função da
Educação Física é o desenvolvimento da aptidão física, e as referências teórico-
conceituais provém das ciências biológicas;
(ii) movimento humano, movimento corporal, motricidade humana ou
movimento humano consciente – o objetivo da Educação Física é o desenvolvimento
integral do educando; o referencial provém da aprendizagem motora e
desenvolvimento motor, e, em certo sentido, da antropologia filosófica;
(iii) cultura corporal, cultura de movimento ou cultura corporal de movimento –
movimentar-se é forma de comunicação com o mundo, constituinte e construtora de
6 BETTI, M. Por uma teoria da prática. Motus Corporis, v.3, n.2, p. 73-127, 1996.
7 BRACHT, op. cit.
5
cultura, mas também possibilitada por ela; é linguagem, que enquanto cultura habita
o mundo do simbólico.
1.2 - A TRADIÇÃO DE INTERVENÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA
É Lovisolo8 quem propõe o resgate da importância da tradição, que para a
Educação Física lhe parece ser a formulação de propostas ou programas de
intervenção no plano das atividades corporais que possibilitam a realização de
valores sociais. A Educação Física não é uma disciplina ou ciência como a
matemática ou a química, embora estas e outras disciplinas contribuam no processo
de formação dos profissionais da Educação Física. Isso não diminuiria sua
importância e significado, pois a sociedade moderna, complexa e plural, não poderia
funcionar sem os especialistas da intervenção. Em sua prática, os educadores
físicos deveriam produzir um "arranjo” das disciplinas num programa de atividade
corporal, combinando conhecimentos, técnicas e saberes para alcançar objetivos
sociais que se expressam em programas ligados ao treinamento, lazer, educação,
etc.
Segundo Lovisolo, a intervenção pode basear-se nos conhecimentos
científicos das disciplinas que a auxiliam, mas nem a definição dos valores
orientadores da intervenção nem a seleção das disciplinas ou conhecimentos
auxiliadores seriam decisões científicas. Como a Educação Física busca realizar
objetivos sociais, e não produzir conhecimentos, a principal discussão na Educação
Física diz respeito aos objetivos sociais que ela deve promover, e "não podemos
cientificamente decidir se a educação física deve perseguir o objetivo da
emancipação política ou o da saúde ou o da estética do corpo" 9.
A racionalidade e a cientificidade foram os critérios que legitimaram
socialmente áreas profissionais como a medicina, a engenharia e a economia. Tal
pretensão colocou-se também à Educação Física. Contudo, os seus limites situar-
se-iam na relação não racional e nem calculável entre meios e objetivos, e não na a-
cientificidade ou a-racionalidade dos objetivos. Embora os objetivos, no
entendimento de Lovisolo sejam valores socialmente compartilhados, os valores
também permeiam os meios na ação educacional, e relação meios-objetivos
apresenta-se como racional, quando, na realidade, é uma relação segundo valores.
8 LOVISOLO, H. Educação física: a arte da mediação. Rio de Janeiro: Sprint, 1995.
9 LOVISOLO, op.cit., p. 25.
6
Por isso, para ele, as discussões sobre o objeto de estudo da Educação
Física têm-se destinado apenas à obtenção da legitimidade acadêmica, enquanto as
discussões sobre os valores e objetivos "destinam-se à obtenção da legitimidade
social, da possibilidade de intervenção e de suas modalidades"10.
Enfim, Lovisolo propõe uma “arte da mediação” à Educação Física; mediação
entre diferentes demandas, entre objetivos e meios, entre intenções e efeitos, entre
conhecimentos, técnicas e saberes. Portanto, nessa perspectiva, a Educação Física
é uma área de intervenção, que se propõe a realizar valores nos campos da
educação, esporte, saúde e lazer, e o debate central na área deveria ocorrer em
torno da articulação entre objetivos, meios e valores.
II - CONCEITOS FUNDAMENTAIS
A Educação Física, então, pode ser entendida simultaneamente como área de
conhecimento, profissão e disciplina escolar na educação básica. Como área de
conhecimento, produz conhecimentos de natureza científica e filosófica em torno de
seu objeto de estudo, diferentemente definido por diversos teóricos: movimento
humano, motricidade humana, exercício, cultura corporal ou de movimento etc. Na
qualidade de profissão, possui o caráter de intervenção, elaborando, executando e
avaliando programas de atividades físicas e esportivas para diversos grupos,
atendendo demandas sociais que se avolumaram no Brasil desde a década de
1980, diversificando o campo de intervenção profissional da Educação Física nas
dimensões da educação, saúde e lazer e rendimento esportivo. Por fim, em sua
vinculação fortemente estabelecida com a instituição escolar desde as primeiras
décadas do século XX no Brasil, a Educação Física é um componente curricular
formalmente integrado ao ensino fundamental e médio, alcançando também a
educação infantil; enquanto tal, busca contribuir, por seus meios e conteúdos
específicos, com a formação e o desenvolvimento dos alunos.
O desafio maior que se coloca hoje é como articular esses diferentes
entendimentos, superando dualismos e divisões que opõem a teoria à prática, os
valores educacionais àqueles ligados a saúde/aptidão física, que distanciam a teoria
10
Ibid., p. 143
7
da prática, a educação básica da universidade, a formação profissional do mercado
de trabalho e os profissionais dos pesquisadores.
Propomos articular a formação profissional a partir dos conceitos de cultura
corporal de movimento e motricidade humana, entendendo a Educação Física como
área de conhecimento e intervenção profissional-pedagógica, que lida com a cultura
corporal de movimento, objetivando a melhoria qualitativa das diferentes
manifestações daquela cultura, mediante referenciais científicos, filosóficos e
estéticos11. Tal entendimento busca a ampliação da concepção de Educação Física
como prática pedagógica, não a percebendo como restrita à Escola. O conceito de
qualidade aqui referido é compreendido como valorativo, quer dizer, exige a opção
por valores, entendidos estes como possibilidades de escolha.
Por cultura corporal de movimento entende-se aquela parcela da cultura geral
que abrange as formas culturais que se vêm historicamente construindo, nos planos
material e simbólico, mediante a exercitação (em geral, intencionada e sistemática)
da motricidade humana: jogo, esporte, ginásticas, práticas de aptidão física,
atividades rítmicas/expressivas, dança e lutas/artes marciais12. A motricidade
humana é entendida, a partir de Sérgio13, como capacidade de movimento do ser
humano para a transcendência14, e como agente e criadora de cultura.
Para melhor compreensão deste “ponto de partida”, faz-se necessário
aprofundar os conceitos de motricidade humana, qualidade e valor.
2.1 - MOTRICIDADE HUMANA
A motricidade humana, para Sérgio15 supõe que: (i) o ser humano é um ser
não-especializado e carente, aberto ao mundo, aos outros e à transcendência; (ii) o
ser humano é um ser práxico, que procura encontrar (e produzir) o que lhe permite a
unidade e a realização; (iii) como ser práxico, é agente e criador de cultura, “projeto
originário de todo sentido”16. Por isso a motricidade humana constitui processo
adaptativo de um ser não-especializado, cujo ritmo evolutivo é lento; constitui
processo evolutivo de um ser com predisposição à interioridade e à cultura, que
11
BETTI, M.. Educação física escolar: do idealismo à pesquisa-ação. 2002. 336 f. Tese (Livre-Docência
em Métodos e Técnicas de Pesquisa em Educação Física e Motricidade Humana) - Faculdade de Ciências,
Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2003 12
Idem. 13
SÉRGIO, M. Para uma epistemologia da motricidade humana: prolegômenos a uma ciência do
homem. Lisboa: Compendium, 1987. 14
“Transcendência” é aqui entendida como “ir além de”, como “ultrapassar”, “superar”. 15
SÉRGIO, M. idem 16
Ibid., p. 109.
8
integra, progressivamente, padrões de comportamento necessários à criação e
manutenção de um meio artificial necessário à sua sobrevivência e
desenvolvimento; e constitui processo criativo de um ser, “em que as práxis lúdicas,
agonísticas, simbólicas e produtivas traduzem a vontade e as condições de o
Homem se realizar como sujeito, ou seja, como autor responsável dos seus actos”17.
A necessidade de encontrar soluções sempre novas, diante das infindas
contradições da vida, torna a motricidade de uma riqueza imprevisível e opulenta. Ao
passo que o animal, envolvido com necessidades predominantemente fisiológicas,
realiza-se plenamente com sua satisfação, o ser humano, ser práxico, ruma sempre
em direção à transcendência, infinitos possíveis apresentam-se a ele, mesmo que
estejam satisfeitas suas necessidades. Transcendência é “ascenção do Homem ao
mais humano”, e a motricidade “garante o dinamismo revelador e comunicativo da
procura e conquista de mais ser; o Homem é “um apelo à transcendência,
transcendência que nunca tem e sempre almeja; daí o seu sentimento de carência,
daí o radical fundante da motricidade”18.
A carência de especialização motora do ser humano exige a cultura como
exercício criador e de aprendizagem porque, “sem órgãos superespecializados, o
homem precisa, inelutavelmente, da chamada educação física e dá à sua
motricidade, mais do que um meio de luta pela vida, mais do que um esforço de
adaptação da Natureza às suas necessidades imediatas, a expressão dos anseios
do homem ao mais ser”19. Como ser de cultura, a motricidade do homem -
movimento jamais acabado e sempre a recomeçar, porque nela há mais do que
movimento - visa o desenvolvimento não só do indivíduo, mas da espécie humana,
já que a motricidade acentua a vida de relação.
Por isso, então, a motricidade é definida como “processo adaptativo, evolutivo
e criativo de um ser práxico, carente dos outros, do mundo e da transcendência”20.
Daí o homem ser predisposto a uma abundância incalculável de condutas
motoras e conduta motora é “o comportamento motor enquanto portador de
significação, de intencionalidade, de consciência clara e expressa e onde há vida,
vivência e convivência”21. Uma conduta motora é uma significação vivida e, portanto,
única, irrepetível, intransferível, que se expressa pela linguagem corporal ou motora,
17
Ibid., p. 110. 18
SÉRGIO, op. cit., p. 155. 19
Ibid., p. 143. 20
Ibid., p.156 21
Ibid, p.154.
9
que é a “matéria prima” da motricidade. Toda linguagem é expressão e
comunicação, porém a linguagem corporal “remonta às verdades primigênias e
fundamentais do ser humano” – é neste sentido uma experiência original (no sentido
de “origem”), em dois sentidos: “como experiência radical das origens do ser e
experiência que inaugura realmente uma realidade nova”, porque “nenhum saber lhe
pré-existe”22. A linguagem corporal “é uma surpresa do ser, porque apresenta uma
densidade própria e se inicia por um ato de vontade criadora”23.
Já a cultura motora é entendida por Sérgio como “nível de humanização,
alcançado pela assimilação das condutas motoras, sistemáticas e livremente
adquiridas, através da instrução e da educação, e também pode entender-se como o
conjunto de comportamentos representativos de uma determinada sociedade ou
grupo natural”24.
Portanto, motricidade humana e cultura se imbricam; o ser humano, como ser
carente que é, exercita sua motricidade em busca da transcendência (por isso é um
ser práxico, que busca sempre superar sua condição, tornar-se mais ser, mais
humano), e nessa dinâmica torna-se agente e criador de cultura. A motricidade
manifesta-se em condutas motoras (que expressam significações e, portanto, são
linguagens: a linguagem corporal), que podem ser assimiladas pela cultura, em um
dado contexto sócio-histórico. A partir daí, pode-se falar na cultura corporal ou
cultura corporal de movimento de uma determinada sociedade ou grupo, em
determinado contexto histórico. Então, o esporte, as ginásticas, a dança etc.
constituem algumas das formas culturais assumidas pela motricidade no âmbito da
nossa cultura – manifestações estas que guardam uma relação histórica com a
cultura profissional e a tradição da Educação Física.
2.2 - QUALIDADE E VALOR
Muitas vezes, no âmbito da Educação Física, o termo “qualidade” tem sido
usado de modo restrito ao seu sentido comum de aspecto positivo de alguma coisa,
que a torna superior à média, enquanto que no seu sentido filosófico é um caráter
geral do objeto, nada nos diz a princípio sobre ele, sobre suas propriedades; ou,
então indica apenas as possibilidades do objeto. Portanto, "qualidade" pode
significar qualquer coisa, inclusive má qualidade, dependendo do ponto de vista. O
22
Ibid., p. 144. 23
Ibid., p. 144. 24
Ibid., p. 155.
10
correto seria, então, falar em propriedades da Educação Física, propriedades do
esporte etc.
Para Abbagnano25 uma das determinações e distinções sobre a qualidade
refere-se ao aspecto disposicional, ou seja, compreende disposições, hábitos,
costumes, capacidades, faculdades, virtudes, tendências, ou qualquer outro nome
que se queira dar às determinações constituídas por possibilidades do objeto.
Essa determinação permite articular o conceito de “qualidade” com o de
“valor” – articulação fundamentada pelo fato de que as determinações disposicionais
são constituídas por possibilidades do objeto.
Também segundo Abbagnano, valor, em geral, designa o que deve ser,
objeto de preferência ou de escolha. O conceito filosófico contemporâneo de valor
indica que o valor pode ser definido como possibilidade de escolha, isto é, “como
uma disciplina inteligente das escolhas, que pode conduzir a eliminar algumas delas
ou a declará-las irracionais ou nocivas, e pode conduzir (e conduz) a privilegiar
outras”26. Daí decorre que existe uma multiplicidade de valores que continuamente
exigem escolhas por parte do homem, e historicamente haveria uma luta constante
entre diferentes valores oferecidos ao homem. Ou seja, quando se elegem as
propriedades ou determinações disposicionais (possibilidades do objeto) do que
estamos chamando “melhoria qualitativa” do esporte, das ginásticas etc., se está
fazendo uma opção por valores. E como há uma multiplicidade de valores no objeto
“esporte”, por exemplo, pode-se fazer escolhas diferentes - o que em última
instância implica em optar por entendimentos de homem, sociedade, educação.
Contudo, isso coloca um problema para a Educação Física, pois o que é
“melhorar qualitativamente” uma determinada prática profissional-pedagógica pode
ser diferentemente entendido por diferentes profissionais. Tal nos leva a considerar
a exigência de haver valores minimamente consensuais, compartilhados por todos
os profissionais. Se tal possibilidade é duvidosa, é imperativo que a Educação
Física, como profissão que realiza intervenções profissionais de natureza
pedagógica, demonstre a racionalidade das suas escolhas, explicite por que uma
escolha (ou seja, um valor) é melhor do que outra. Mesmo porque, conforme ensina
Abbagnano27, valor não é um mero ideal, mas é guia ou norma das escolhas e, em
todo caso, seu critério de juízo. Portanto coloca-se ainda a necessidade de
25
ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1982. 26
ABBAGNANO, op. cit., p. 993. 27
Idem.
11
articulação entre meios e fins – se elejo um valor, devo propor os meios coerentes
para realizá-lo. Se digo que “esporte é saúde”, devo ser capaz de demonstrar
racionalmente que tal possibilidade existe (quer dizer, é uma determinação
disposicional do objeto “esporte”), e articular uma prática que concretize a realização
daquele valor28.
Quando consagrados inter-subjetivamente, em diferentes teorizações e
práticas pedagógicas, tais valores e correspondentes articulações entre meios e fins
concretizam-se em princípios (por exemplo, o princípio da inclusão, amplamente
aceito hoje na Educação Física Escolar; ou ainda o princípio da individualidade, na
prática do exercício físico, quando se fala em adequação da sobrecarga e da
intensidade).
Todo esse processo reflexivo deve se dar com o auxilio explícito de
referenciais científicos, filosóficos e estéticos. As ciências contribuem com a
dimensão factual (o que é), a filosofia com a dimensão normativa-axiológica (o que
deve ou pode ser), e a dimensão estética, conforme busca evitar o excessivo
comprometimento com uma postura racionalista, no sentido cognitivista, “que não
abre espaço para a ampliação do conceito de verdade”.29
III - AS DIRETRIZES CURRICULARES PARA OS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
As novas referências legais emanadas do Conselho Nacional de Educação,
ao estabelecer Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em
Educação Física, espelham, ao menos em parte, o rico debate acadêmico que se
tem desenrolado na área. O Parecer CNE/CES Nº 58/2004 caracteriza a Educação
Física a partir de três dimensões interdependentes: (i) a dimensão da prática de
atividades físicas, recreativas e esportivas; (ii) a dimensão do estudo e da formação
acadêmico-profissional e (iii) a dimensão da intervenção acadêmico-profissional.
A dimensão da prática de atividades físicas, recreativas e esportivas refere-se
ao direito dos indivíduos conhecerem e terem acesso às manifestações e
expressões culturais que constituem a tradição da Educação Física, tematizadas nas
diferentes formas e modalidades de exercícios físicos, da ginástica, do jogo, do
28
Conforme demonstram inúmeros estudos: não há relação entre esporte de alto rendimento/espetáculo e
“boa saúde”. 29
BRACHT, op. cit., p. 53
12
esporte, da luta/arte marcial, da dança. Na perspectiva da Educação Física, a prática
das manifestações e expressões culturais do movimento humano são orientadas
para a promoção, a prevenção, a proteção e a recuperação da saúde, para a
formação cultural, para a educação e reeducação motora, para o rendimento físico-
esportivo e para o lazer.
A dimensão do estudo e da formação acadêmico-profissional refere-se às
diferentes possibilidades de formação, em consonância com a legislação vigente,
que objetivem qualificar e habilitar os indivíduos interessados em intervir acadêmica
e profissionalmente na realidade social, por meio das manifestações e expressões
culturais do movimento humano, visando a formação, a ampliação e o
enriquecimento cultural das pessoas.
A dimensão da intervenção acadêmico-profissional refere-se ao exercício
político-social, ético-moral, técnico-profissional e científico da graduação em
Educação Física no sentido de diagnosticar os interesses e necessidades das
pessoas, de modo a planejar, prescrever, ensinar, orientar, assessorar,
supervisionar, controlar e avaliar a eficiência, a eficiência, a eficácia e os efeitos de
programas de exercícios e de atividades físicas, recreativas e esportivas, assim
como participar, assessorar, coordenar, liderar e gerenciar equipes multiprofissionais
de discussão, de definição e de operacionalização de políticas públicas de
institucionais nos campos da saúde, do lazer, do esporte, da educação, da
segurança, do urbanismo, do ambiente, da cultura, do trabalho, entre os afetos
direta e indiretamente à prática de exercícios e atividades físicas, recreativas e
esportivas.
Como desdobramento desse entendimento, a Resolução CNE/CES Nº 7/2004
concebe a Educação Física como “uma área de conhecimento e intervenção
acadêmico-profissional que tem como objeto de estudo o movimento humano, com
foco nas diferentes formas e modalidades do exercício físico, da ginástica, do jogo,
do esporte, das luta/arte marcial, da dança, nas perspectivas da prevenção de
problemas de agravo da saúde, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da
formação cultural, da educação e da reeducação motora, do rendimento físico-
esportivo, do lazer, da gestão de empreendimentos relacionados às atividades
físicas, recreativas e esportivas, além de outros campos que oportunizem ou
venham a oportunizar a práticas de atividades físicas, recreativas e esportivas”. O
Parecer CNE/CES 58/2004 esclarece que a finalidade é possibilitar a todo(a)
13
cidadão(ã) o direito inalienável de acesso a esse acervo cultural, importante
patrimônio histórico da humanidade e do processo de construção da individualidade
humana.
Também o Parecer CNE/CES 58/2004 reconhece que diferentes termos e
expressões vêm sendo defendidos e utilizados pela comunidade da Educação Física
com o propósito de definir seu objeto de estudo e de intervenção acadêmico-
profissional: exercício físico, atividade física, movimento humano, atividade físico-
esportiva, atividade corporal, cultura corporal, cultura corporal de movimento,
corporeidade, motricidade etc. Alerta o referido Parecer que estes termos e
expressões, bem como seus respectivos significados, foram propostos a partir de
diferentes, e, às vezes concorrentes, constructos de pretensão epistemológica e/ou
de motivação ideológica e, portanto, a sua utilização nos documentos legais, que
instituem as Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação em Educação Física,
não deve ser vista como referência impositiva, cabendo a cada Instituição de Ensino
Superior eleger aqueles julgados mais adequados e identificadores da matriz
epistemológica e/ou ideológica definida em seus respectivos projetos pedagógicos.
Tal entendimento encontra respaldo no princípio da “autonomia institucional”,
definido pela legislação superior.
A Resolução CNE/CES 7/2004 estabelece que “A graduação em Educação
Física deverá estar qualificado para analisar criticamente a realidade social, para
nela intervir acadêmica e profissionalmente por meios das diferentes manifestações
e expressões do movimento humano, visando a formação, a ampliação e o
enriquecimento cultural das pessoas, para aumentar as possibilidades de adoção de
um estilo de vida fisicamente ativo e saudável”. Para tal, o curso de graduação em
Educação Física “deverá assegurar uma formação generalista, humanista e crítica,
qualificadora da intervenção acadêmico-profissional, fundamentada no rigor
científico, na reflexão filosófica e na conduta ética”. O projeto pedagógico dos cursos
de graduação em Educação Física deverá estar pautado nos seguintes princípios:
autonomia institucional; articulação entre ensino, pesquisa e extensão; graduação
como formação inicial; formação continuada; ética pessoal e profissional; ação
crítica, investigativa e reconstrutiva do conhecimento; construção e gestão coletiva
do projeto pedagógico; abordagem interdisciplinar do conhecimento;
indissociabilidade teoria-prática; e articulação entre conhecimentos da formação
ampliada e específica. As competências de natureza político-social, ético-moral,
14
técnico-profissional e científica deverão constituir a concepção nuclear do projeto
pedagógico de formação da graduação em Educação Física.
A estrutura e organização curricular dos cursos de graduação em Educação
Física deverão articular duas unidades de conhecimento: formação específica e
formação ampliada. A formação específica abrange os conhecimentos
identificadores da Educação Física, que deve compreender e integrar as dimensões
culturais, didático-pedagógicas e técnico instrumentais das manifestações e
expressões do movimento humano, com o propósito de qualificar e habilitar a
intervenção acadêmico–profissional em face das competências e das habilidades
específicas da graduação em Educação Física. A formação ampliada deve
compreender o estudo da relação do ser humano, em todos os ciclos vitais, com a
sociedade, a natureza, a cultura e o trabalho. Deverá possibilitar uma formação
cultural abrangente para a competência acadêmico-profissional de um trabalho com
seres humanos em contextos histórico-sociais específicos, promovendo um contínuo
diálogo entre as áreas de conhecimento científico afins e a especificidade da
Educação Física. Em resumo, a formação ampliada deve abranger as seguintes
dimensões do conhecimento: relação ser humano-sociedade, biológica do corpo
humano e produção do conhecimento científico e tecnológico; e a formação
específica as dimensões culturais do movimento humano, técnico-instrumental e
didático-pedagógico.
O trato das unidades de conhecimento deverá ser guiado pelo critério da
orientação e da formação crítica, investigativa e reconstrutiva, pelo princípio da
indissociabilidade entre teoria e prática, bem como orientado por valores sociais,
morais, éticos e estéticos próprios de uma sociedade plural e democrática.
As questões pertinentes às peculiaridades regionais, às identidades culturais,
à educação ambiental, ao trabalho, às necessidades das pessoas portadoras de
deficiência e de grupos e comunidades especiais deverão ser abordados no trato
dos conhecimentos da formação da Educação Física.
Refere-se ainda a Resolução 7/2004 especificamente ao “Professor de
Educação Básica, Licenciatura plena em Educação Física”, que deverá estar
qualificado para a docência deste componente curricular na educação básica, tendo
como referência a legislação própria do Conselho Nacional de Educação, bem como
as orientações específicas para esta formação tratadas naquela própria Resolução.
Estabelece também a referida Resolução que a definição das competências e
15
habilidades gerais e específicas que devem caracterizar o perfil acadêmico-
profissional do professor da educação básica, Licenciatura plena em Educação
Física, deverá pautar-se na legislação própria do CNE30.
3.1 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS
Conforme o Parecer CNE/CES 58/2004, a identidade acadêmico-profissional
em Educação Física deve partir da compreensão de competências que abranjam as
dimensões político-social, ético-moral, técnico-profissional e científica, considerando
que a intervenção do profissional pressupõe a mediação com seres humanos
historicamente situados. A configuração de tais competências deve ser a concepção
nuclear na orientação dos projetos pedagógicos de formação inicial em Educação
Física. Reconhecer as competências como núcleo do projeto pedagógico significa
dizer que é imperioso que o graduado saiba mobilizar os conhecimentos que
fundamentam e orientam sua intervenção acadêmico-profissional transformando-as
em ação.
O graduado deve compreender as questões e as situações-problema
envolvidas no seu trabalho, identificando-as e resolvendo-as. Precisa demonstrar
autonomia para tomar decisões, bem como se responsabilizar pelas opções feitas e
pelos efeitos da sua intervenção acadêmico-profissional. Precisa também avaliar
criticamente sua própria atuação e o contexto em que atua, bem como interagir
cooperativamente tanto com a comunidade acadêmico-profissional, quanto com a
sociedade em geral.
A aquisição das competências requeridas na formação do graduado em
Educação Física deverá ocorrer a partir de experiências de interação teoria-prática,
em que toda a sistematização teórica deve ser articulada com as situações de
intervenção acadêmico-profissional e que estas sejam balizadas por
posicionamentos reflexivos que tenham consistência e coerência conceitual. As
competências não podem ser adquiridas apenas no plano teórico, nem no
estritamente instrumental. É imprescindível, portanto, que haja coerência entre a
formação oferecida, as exigências práticas esperadas do futuro profissional e as
necessidades de formação, de ampliação e de enriquecimento cultural das pessoas.
Portanto, nos termos do Parecer 58/2204 e respectiva Resolução 7/2004, a
formação do graduado em Educação Física deverá ser concebida, planejada, 30
É importante observar que o Parecer CNE 58/2004 e respectiva Resolução 7/2004, não diferenciam
“Bacharelado” e “Licenciatura”.
16
operacionalizada e avaliada visando a aquisição e o desenvolvimento das seguintes
competências específicas:
- Dominar os conhecimentos conceituais, procedimentais e atitudinais específicos da
Educação Física e aqueles advindos das ciências afins, orientados por valores
sociais, morais, éticos e estéticos próprios de uma sociedade plural e democrática.
- Pesquisar, conhecer, compreender, analisar e avaliar a realidade social para nela
intervir acadêmica e profissionalmente, por meio das manifestações e expressões do
movimento humano, com foco nas diferentes formas e modalidades do exercício
físico, da ginástica, do jogo, do esporte, da luta/arte marcial, da dança, visando a
formação, ampliação e o enriquecimento cultural da sociedade, para aumentar as
possibilidades de adoção de um estilo de vida fisicamente ativo e saudável.
- Intervir acadêmica e profissionalmente de forma deliberada, adequada e
eticamente balizada nos campos da prevenção de problemas de agravo da saúde,
promoção, proteção e reabilitação da saúde; da formação cultural, da educação e da
reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer, da gestão de
empreendimentos relacionados às atividades físicas, recreativas e esportivas, além
de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a prática de atividades
físicas, recreativas e esportivas.
- Participar, assessorar, coordenar, liderar e gerenciar equipes multiprofissionais de
discussão, de definição e de operacionalização de políticas públicas e institucionais
nos campos da saúde, do lazer, do esporte, da educação, da segurança, do
urbanismo, do ambiente, da cultura, do trabalho, dentre outros.
- Diagnosticar os interesses, as expectativas e as necessidades das pessoas
(crianças, jovens, adultos, idosos, pessoas portadoras de deficiências, de grupos e
comunidades especiais) de modo a planejar, prescrever, ensinar, orientar,
assessorar, supervisionar, controlar e avaliar projetos e programas de atividades
físicas, recreativas e esportivas nas perspectivas da prevenção, da promoção, da
proteção e da reabilitação da saúde, da formação cultural, da educação e da
reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer e de outros campos que
oportunizem ou venham a oportunizar a prática de atividades físicas, recreativas e
esportivas.
- Conhecer, dominar, produzir, selecionar, e avaliar os efeitos da aplicação de
diferentes técnicas, instrumentos, equipamentos, procedimentos e metodologias
para a produção e a intervenção acadêmico-profissional em Educação Física nos
17
campos da prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação
cultural, da educação e reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer,
da gestão de empreendimentos relacionados às atividades físicas, recreativas e
esportivas, além de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a
prática de atividades físicas, recreativas e esportivas.
- Acompanhar as transformações acadêmico-científicas da Educação Física e de
áreas afins, mediante a análise crítica da literatura especializada, com o propósito de
contínua atualização e produção acadêmico-profissional.
- Utilizar recursos da tecnologia da informação e da comunicação, de forma a
ampliar e diversificar as formas de interagir com as fontes de produção e de difusão
de conhecimentos específicos da Educação Física e de áreas afins, com o propósito
de contínua atualização e produção acadêmico-profissional.
3.2 – REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO
No uso de suas atribuições estatutárias, o Conselho Federal de Educação
Física (CONFEF), aprovou pela Resolução nº 182/2009 as Diretrizes Curriculares
Nacionais diferenciadas para os Cursos Superiores de Licenciatura e de Graduação
(bacharelado) nas áreas acadêmica e profissional de Educação Física. A inscrição
junto ao Sistema CONFEF/CREFs (Conselhos Regionais de Educação Física) será
feita mediante requerimento, em formulário próprio, devidamente preenchido e
acompanhado de Documento da Instituição de Ensino Superior indicando a data de
autorização e reconhecimento do curso, a data de ingresso e conclusão do referido
curso, bem como a base legal do respectivo curso de Educação Física, qual seja: a)
Licenciatura - se instituído pela Resolução CNE/CP nº 1/2002, Resolução CFE nº
03/1987 ou anteriores; b) Bacharelado - se instituído pela Resolução CFE nº
03/1987; c) Graduação (Bacharelado) – se instituído pela Resolução CNE/CES nº
7/2004. Desta forma, estabelece cinco Identidades Profissionais de atuação no
campo da Educação Física: (a) Categoria Licenciatura, atuação: Educação Básica
(amparada pela Resolução 01/2002 CFE e campo de atuação restrito à escola); (b)
Categoria Bacharel, atuação: Bacharelado (amparado pela Resolução 07/2004 CFE,
e campo de atuação abrangendo todo o mercado de trabalho exceto a escola); (c)
Categoria Licenciado/Bacharel, atuação: Plena (graduado que obtiver as formações
amparadas pelas Resoluções 01/2002 e 07/2004 CFE); (d) Categoria Licenciado,
atuação Plena (amparado pelas Resoluções 03/1987 e 69/1969 do CFE e campo de
18
atuação irrestrito na Educação Física); e (e) Categoria Bacharel, atuação Militar
(amparado pela formação em cursos Militares).
IV - PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PROJETO PEDAGÓGICO DOS
CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
A Educação Física - entendida não como uma “ciência” no sentido tradicional
da palavra, mas, mas como área de conhecimento e intervenção - contando com o
auxílio das diversas ciências e da filosofia, busca examinar a cultura corporal de
movimento com o olhar interessado de projetos que expressam valores (ligados à
educação, esporte, saúde e lazer). “Projeto” é uma idéia, um desejo, a intenção de
fazer ou realizar algo no futuro; provém etimologicamente do latim projectus “ação
de lançar para a frente”31. Portanto, refere-se a algo que ainda não se tem, que
ainda não existe, mas que é desejada, planejada, intencionada por alguém. Um
projeto é um conjunto de ideologias, teorias (científicas ou não),
informações/conhecimentos, valores, expectativas, que refletem o interesse de
grupos sobre uma dada prática social.
Então, um projeto de Educação Física dirige o olhar que irá “recortar” a
cultura corporal de movimento segundo seus valores (e também, eventualmente,
segundo sua tradição) e, retroativamente, os dados científicos e filosóficos que irão
fundamentar tal projeto.
Isso conduz, então, a outro problema: como conceber um curso de formação
profissional no campo da Educação Física que não se feche em um único projeto,
quer dizer, um modo único de “olhar” a cultura corporal de movimento e optar
apenas por certos valores – ou ligados à educação, ou a saúde, ou ao esporte e
etc.? Por outro lado, “abrir o leque” para muitos projetos pode levar a uma formação
excessivamente genérica, aos moldes da conhecida licenciatura “ampliada”,
situação que ainda existe em muitas instituições.
Para fugir a esta armadilha, dois pontos são vitais:
(i) A delimitação do objetivo da formação tendo em vista a(s) especificidade(s)
de atuação do graduado (educação formal, saúde, lazer, esporte de alto rendimento
31
HOUAISS, A. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Objetiva, 2001. 1 CD-
ROM
19
etc.), sem, todavia, limitar a formação geral do profissional (científica, filosófica. ética
e estética) e a apropriação da cultura corporal de movimento. Tal formação geral
deve incluir igualmente o estudo da motricidade humana como linguagem corporal
(experiência original do ser humano) e as linguagens da cultura corporal de
movimento (jogo, ginásticas, esporte etc.). As diversas ciências e a filosofia
contribuem para esta “formação ampliada” por intermédio dos seus próprios olhares
dirigidos à cultura corporal de movimento.
(ii) A prática profissional/pedagógica em Educação Física (quer dizer, os
contextos de intervenção) deve constituir-se em eixo central do currículo, garantindo
a especificidade da formação. Tal prática profissional/pedagógica deve manter
diálogo privilegiado com as ciências e a filosofia, no sentido de que seus respectivos
instrumentais teóricos-metodológicos auxiliem a prescrutar os valores (ou
possibilidades, se preferirmos) presentes na cultura corporal de movimento,
apontando sua adequação a determinados projetos (quer dizer, articulando meios e
fins).
Um currículo assim concebido deverá conter duas características principais:
(i) Organizar-se a partir de temas, oriundos do projeto de Educação Física
adotado, da tradição acadêmico-profissional da Educação Física, das novas
tendências presentes na cultura corporal de movimento, que resultam da dinâmica
social mais ampla, assim como das direções apontadas pela pesquisa científica e
pela reflexão filosófica na área, e das competências gerais que se deseja
desenvolver.
(ii) Tomar como eixo central a dimensão da prática profissional-pedagógica,
buscando o desenvolvimento das competências específicas à habilitação pretendida
(Bacharelado ou Licenciatura). Esta dimensão da prática deveria ser a referência em
todas as disciplinas, no sentido de que devem buscar um permanente diálogo com a
Educação Física como área de intervenção acadêmico- profissional.
Assim, além de eixos norteadores comuns, teremos, em decorrência da
necessidade de uma formação geral, um núcleo comum aos Cursos de Bacharelado
e Licenciatura, (que inclui temas, desenvolvimento de competências e disciplinas
comuns) e desenvolvimento de competências, temas, disciplinas e vivências
profissionais-pedagógicas diferenciadas, tendo em vista a especificidade da
habilitação pretendida.
20
V - OBJETIVO GERAL DAS MODALIDADES DA GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
As modalidades Licenciatura e Bacharelado em Educação Física da
Faculdade de Ciências buscam a formação de licenciados e profissionais capazes
de, por meio das diferentes formas e modalidades do exercício físico, da ginástica,
do jogo, do esporte, das lutas e das atividades rítmicas e dança, efetivar
intervenções fundamentadas científica, filosófica, ética e esteticamente, de modo a
realizar objetivos definidos nos diversos contextos de atuação.
No curso de Licenciatura em Educação Física buscar-se-á na cultura corporal
de movimento os valores que permitam ao licenciado a intervenção pedagógica no
âmbito da Educação básica, de modo a realizar os objetivos da disciplina “Educação
Física” nos diversos níveis escolares.
No curso de Bacharelado, com núcleo temático de aprofundamento em
Aptidão Física e Saúde, trata-se de prescrutar a cultura corporal de movimento em
busca dos valores que permitam ao graduado a intervenção profissional no campo
da saúde e da aptidão física para o desempenho ótimo (esportivo ou não), com
vistas aos aspectos de promoção de hábitos saudáveis de vida, bem como da
prevenção e reabilitação de distúrbios funcionais e metabólicos em indivíduos
manifestos, com necessidades especiais de saúde, naqueles aparentemente
saudáveis e, ainda, em portadores de deficiências.
A seguir são apresentados, respectivamente, os projetos específicos dos
cursos de Licenciatura em Educação Física e Bacharelado em Educação Física com
núcleo temático de aprofundamento em Exercício Físico e Saúde.
VI – PERÍODOS DE OFERECIMENTOS E TOTAL DE VAGAS POR MODALIDADE
As modalidades Bacharelado e Licenciatura em educação Física serão
oferecidas em dois períodos: integral e noturno. Serão oferecidas quarenta (40)
vagas em cada período, totalizando oitenta (80) vagas. Destas 40 vagas de cada
período, 20 vagas serão para o Bacharelado e 20 serão para a Licenciatura, onde a
escolha da habilitação a ser cursada deverá ser feita pelo aluno no momento da
inscrição no vestibular.
21
VII – CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA (Aprofundamento em Aptidão Física e Saúde)
7.1 - CONCEITOS BÁSICOS: ATIVIDADE FÍSICA, EXERCÍCIO E APTIDÃO FÍSICA
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define “Atividade Física” como
qualquer movimento produzido pela musculatura esquelética que resulte em energia
expendida32. Esta unidade de medida permite a criação de categorias de Atividade
Física normalmente identificadas por segmentos da vida diária, nos quais são
realizados determinados movimentos. Pode-se dividir, por exemplo, a quantidade de
energia gasta durante o sono, no trabalho, nas horas de estudo, na prática desportiva,
nas atividades de lazer, entre outras. Obviamente, cada uma dessas fases pode ser
estratificada em outras, como a realização de trabalho corporal manual e sedentário. A
estas categorias somam-se outras variáveis que devem ser consideradas, como o
sexo, os hábitos alimentares, as diferenças étnicas, as características regionais, o tipo
de ocupação, o nível sócio econômico, as condições de saúde, entre tantas outras33
Para efeito do campo de intervenção da Educação Física, o “Exercício Físico” é
classificado como uma subcategoria de Atividade Física; em outras palavras, é definido
como um componente da Atividade Física, e caracteriza-se por ser previamente
planejado, estruturado, repetitivo e proposto para aumentar ou manter um ou mais
componentes da Aptidão Física. De igual modo, o Exercício Físico também pode ser
subdividido em outras categorias, dependendo dos objetivos com que se desenvolve
uma atividade, seja para fins pedagógicos, de condicionamento físico, ou tratamento e
reabilitação de condições mórbidas específicas.
Desta forma, assume papel de maior interesse, quando é considerado em sua
relação com a saúde, atuando neste caso, em dois momentos fundamentais: o primeiro
refere-se ao aspecto relacionado à aptidão física, cuja finalidade é melhorar a eficiência
das atividades e de prevenir o organismo de enfermidades provocadas pela vida
sedentária; o segundo relaciona-se com a reabilitação terapêutica destas moléstias, ou
seja, a partir de sua manifestação utiliza-se do exercício como forma de controle ou de
reabilitação do indivíduo34.
32
WHO – World Health Oganization. Habitual physical activity, Copenhagen, 1978 33
MONTEIRO, HL; GONÇALVES, A. Salud Colectiva y actividad física: evolucion de lãs principales
concepciones y practicas. Revista Ciências de la Actividad Física. v. 2, n.3, p.33-45, 1994. 34
RYAN, A. Exercise and health: lesson from the past. In: ECKERT, HM; MONTOYE, HJ. Exercise and
Health. Minnesota: Human Kinectics Publishers, 1984
22
É importante destacar que a utilização do Exercício Físico com tais finalidades
não é recente, e há registros de tais usos desde a Antiguidade. Contemporaneamente,
registra-se aumento exponencial do interesse pelo exercício físico, ainda que de modo
controvertido, há profissionais da área de Saúde Coletiva que têm se interessado por
exercícios, utilizando-o como forma de prevenção de enfermidades, redução da
obesidade, promoção da longevidade, entre outros objetivos35.
No âmbito da saúde, a utilização do exercício tem por objetivo o
desenvolvimento da Aptidão Física. Este termo tornou-se popular durante a segunda
Guerra Mundial, quando as Forças Armadas Americanas desenvolveram testes para
avaliar a capacidade física de seus soldados, considerando o trabalho vigoroso com a
finalidade de resistir às difíceis condições dos campos de batalha. Com o passar do
tempo, sua utilização deixou de ser restrita ao ambiente de caserna, e foram surgindo
programas com a finalidade de aumentar nos participantes a força muscular,
resistência e eficiência cardiovascular, bem como diminuir a quantidade de tecido
adiposo36.
Nesse contexto, atualmente, os componentes da aptidão física dividem-se em
dois grupos: um relacionado à saúde, e, outro, com a destreza ou habilidade esportiva.
Trata-se de modelo didático para entender de forma mais detalhada a perspectiva e o
direcionamento da aplicação do exercício para finalidades específicas.
7.2 - ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE COLETIVA
Como já se mencionou anteriormente, com o advento da Revolução Industrial,
as cidades cresceram e as condições de vida se agravaram. A população vivia em
ambientes pútridos e insalubres. O Estado se tornava mais forte e aumentava sua
influencia sobre o povo; os movimentos sociais e revolucionários buscavam soluções
para as crises37.
No campo da saúde predominava a “Teoria dos Miasmas”, pela qual acreditava-
se que as doenças resultavam de emanações resultantes de acumulo de dejetos,
35
MOTA, C. História moderna e contemporânea. Atual, 1988.
CAMPOS, R. História antiga e medieval. São Paulo, Atual, 1988.
CAMPOS, R. História moderna e contemporânea. São Paulo: Atual, 1988a.
SHARKEY, B.J. Condicionamento físico e saúde. Porto Alegre, Atmed/ Human Kinectics, 1998;
DÂMASO, AR. Obesidade. São Paulo: Medsi, 2003;
PIERIN, AMG. Hipertensão Arteiral: uma proposta para o cuidar. São Paulo: Manole, 2004 36
KIRKENDALL, D; GRUBER, J; JOHNSON, R. Measurement and evaluation for physical educator.
Illnois: Human kinectics Publishers. 1987 37
BARRETO, M. Epidemiologia, sua história e crises. In: COSTA, DC. Epidemiologia: teoria e objeto. São
Paulo, Hucitec, 1990
23
sendo a presença ou ausência de atividades físicas considerada responsável pelo
desequilíbrio na liberação de fluidos extracorpóreos, identificado por sensações
desagradáveis, como dor, paralisia, inflamação e cansaço38.
Caracterizado como um período subsequente de transição, surge a
“Epidemiologia dos Modos de Transmissão”, como forma de ruptura da “Epidemiologia
da Constituição Pestilencial” (“Teoria dos Miasmas”). Tem como precursor John Snow,
considerado o Pai da Epidemiologia, por seus estudos sobre o cólera na cidade de
Londres, sendo, na época, um dos primeiros a considerar a possibilidade de existirem
agentes microscópicos na gênese desta enfermidade39 .
Com a intenção de encontrar um único agente causador da doença, esta fase
também é conhecida como a “Teoria da Unicausalidade”, em que agentes patológicos
da tuberculose, do sarampo, da febre amarela, da esquistossomose, entre outras, que
são estudados em contexto coletivo. Nessa fase, sem ignorar a sobrevivência das
tendências anteriormente mencionadas, observam-se iniciativas pontuais dos
profissionais de saúde, os quais, na tentativa de responder às diferentes formas de
manifestações mórbidas, recomendavam exercícios de aptidão como forma de
melhorar a saúde, bem como a prevenção e o tratamento de manifestações agudas e
enfermidades crônicas.
O século XX foi marcado por grandes guerras mundiais e significativos avanços
tecnológicos que provocaram substanciais mudanças nos hábitos de vida,
principalmente das populações dos centros urbanos. No entanto, ao mesmo tempo em
que estas alterações trouxeram comodidade e bem estar, também colocaram o
homem em uma situação de exposição a novos problemas de saúde, dentre os quais
estão aqueles provenientes da vida sedentária.
O processo saúde-doença passa então, a ser abordado, a partir da “História
Natural das Doenças”, isto é, da interação entre agente, hospedeiro e meio ambiente,
formando um triangulo ecológico. Assim, a saúde-doença passa a ser representada em
pólos opostos e vai alternando-se de forma dinâmica, sendo o resultado desta teoria
identificado como o “Modelo Preventivista”. Nesse período, a epidemiologia incorporou
e consolidou o paradigma da “História Natural das Doenças”, e coube a ela a tarefa de
gerar conhecimentos sobre as fases pré-clinicas dos estados mórbidos, aspecto este
que deveria aumentar as possibilidades de prevenção pela identificação de fatores de
38
GONÇALVES A; GONÇALVES, N. Saúde e Doença: conceitos básicos. Revista Brasileira Ciência e
Movimento. v. 2, n. 2, p. 48-56, 1988 39
SNOW, J. Sobre a maneira de transmissão do cólera. São Paulo, Hucitec, 1990.
24
risco e desenvolvimento de técnicas de detecção precoce da doença (Leavell e Clark,
1976). Desse modo, possibilitaram-se inúmeras ações de controle das enfermidades,
antes de conhecer toda sua estrutura de causalidade, resultando, na época, num
significativo avanço para a prevenção (Silva, 1990).
Também conhecida como “epidemiologia dos fatores de risco”, essa área do
conhecimento e intervenção humana passou a ganhar status acadêmico com a criação
da carreira homônima na Escola de Saúde Pública da Universidade de John Hopkins,
nos Estados Unidos, em 1921. Trata-se de um período identificado por profundos
avanços, produto de grande desenvolvimento da bioestatística e de modelos
matemáticos complexos, em que as atividades de aptidão física assumem papel
importante na prevenção e reabilitação, inclusive, como relevante estratégia
governamental conduzida pelos “Centers for Disease Control” (CDC), com a intuição de
evitar e controlar as enfermidades provocadas pelo estilo de vida sedentário.
O “Modelo Preventivista”, por sua vez, não obteve o êxito esperado no interior
das escolas médicas. Sobre o período pré-patogênico, sugere o modelo que todos
estariam sujeitos a determinadas enfermidades e, portanto, somente aqueles que
aderissem a medidas específicas de prevenção primária estariam a salvo. De modo
geral, a grande limitação esta no fato de ignorar o papel que a vida social desempenha
na perpetuação das doenças, transferindo ao homem a culpa pelo adoecer40.
Sobre este modelo, os profissionais de Educação Física, bem como outros da
área de saúde continuam direcionando suas investigações. Por exemplo, nos estudos
sobre lesões desportivas, o agente está relacionado com a duração, frequência e tipo
de movimento; o hospedeiro se caracteriza por variáveis correspondentes à idade,
fatores genéticos, sexo, graus de lesões, níveis de aptidão física entre outros fatores de
risco; e o ambiente diz respeito às condições climáticas, o tipo de superfície, o local de
atividade e o equipamento utilizado, entre outros aspectos.
7.3 - O PANORAMA ATUAL
As últimas décadas foram marcadas por profundas mudanças nos hábitos e
costumes da população, que cada vez mais parece se preocupar com a manutenção
da saúde e qualidade de vida.
Assistimos a um forte crescimento daqueles que buscam a prática de atividades
físicas, de tal magnitude que o poder público, preocupado em ampliar as áreas de lazer
40
AROUCA, S. O dilema preventivista. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas, Universidade
de Campinas, 1975.
25
e também as destinadas à pratica de esportes, tem promovido políticas setoriais nesse
sentido’; estas, porém, têm se mostrado sempre insuficientes. Muitas estruturas para a
prática de atividades físicas e esportivas surgiram e, com frequência ascendente,
milhares e milhares de pessoas passaram a caminhar ou mesmo a correr com certa
regularidade.
O resultado dessa busca pelo exercício tem feito surgir, quase que diariamente,
um grande número de centros voltados à prática de exercícios físicos, destinadas a
proporcionar não só beleza estética, mas também, preparação física às exigências da
população. Entretanto, na ânsia pela beleza estética de um lado, e a gana por
obtenção de lucro fácil e rápido, tais “escolas”, mais popularmente conhecidas como
"Academias", dispõem de inúmeros equipamentos mecânicos que são disponibilizados
para os seus clientes, sem contudo pautar-se por uma preocupação efetiva com as
consequências que podem advir da má utilização destes recursos, ou sem mesmo
possuírem conhecimentos adequados sobre as condições físicas e de saúde dos seus
usuários.
Atualmente, é possível encontrar um grande número de pessoas não habilitadas
para a prescrição de esforços físicos no comando destes negócios. Além disso, a
formação de profissionais de Educação Física no Brasil, apresenta enorme defasagem
e insatisfatória qualidade, o que têm contribuído para a deterioração dos serviços
prestados por esses profissionais. No entanto, os efeitos dessa tendência não são
mensuráveis em curto prazo, e, muitas vezes demoram anos para se manifestarem,
mas, quando surgem, manifesta-se na forma de problemas com a saúde dos
praticantes, com a instalação de incapacidades temporárias ou permanentes. Milhares
de jovens e adultos entraram na "onda" da saúde, ou beleza, a qualquer preço.
7.4 - A TRAJETÓRIA DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NO
BRASIL
Nas décadas de 60 e 70, na área, eram poucos os cursos instalados no Brasil, a
produção intelectual era incipiente e, sobretudo, desprovida de crítica. A experiência
“prática” era de fundamental importância, os poucos textos técnicos não passavam de
apostilas formuladas pelos próprios docentes, os livros que circulavam em nosso meio,
com algum conteúdo científico, eram o resultado de traduções de livros americanos
que geralmente referia-se estritamente a informações técnicas.
26
Destarte, tendo sido a década de setenta no Brasil demarcada pela ditadura
militar, e esta, por ter se dado ao papel de censurar as formas de manifestações
contrarias a sua ideologia, utilizou-se fortemente da Educação Física41, incentivando o
Desporto Universitário com a construção de Centros Esportivos bem equipados,
financiados pelos recursos financeiros advindos das Loterias. Também a pesquisa
científica na área foi incentivada, aparelhando-se várias Universidades Públicas do país
com laboratórios de avaliação da performance humana.
Nos anos oitenta, com o fim do cerceamento público da sociedade e a volta da
liberdade de expressão, profissionais mais afeitos às Ciências Humanas trazem para
as discussões acadêmicas questões tais como a crise de identidade conceitual da
Educação Física. Muitos dos pensadores de expressão da referida década
empreenderam esforços na direção de fixar as diretrizes de uma nova pedagogia
hegemônica, que pecou por resvalar no extremo oposto, ao rechaçar o biológico e, em
consequência a saúde, dado que a expressão mais popular repousa em tal
determinação.
Enquanto tais acontecimentos demarcavam o processo brasileiro, em países
desenvolvidos como Inglaterra, Canadá, Estados Unidos e Austrália, registravam-se
avanços no desvelamento da relação da atividade física e saúde. A título de exemplo,
segundo Powell e Paffenbarger42,os “Centers for Disease Control” elegeram a aptidão
física como um dos quinze campos de atuação mais importantes para melhorar as
condições de vida da população americana, criando a Seção de Epidemiologia
Comportamental vinculada ao Departamento de Educação e Promoção da Saúde.
Ainda que este enfoque seja controverso, houve, em decorrência e/ou associadamente,
crescente interesse por estudos a respeito.
Em síntese, pode-se admitir que o movimento intelectual brasileiro da área, ao
procurar evitar os desacertos anteriores, incidiu no viés da inadequação de ignorar as
eventuais contribuições à questão das conquistas que foram sendo amealhadas no
âmbito internacional no período (v.g. Montoye’s Recomendations43).
Na década de 1990, os acadêmicos da área de Educação Física, de maneira
gradual, começaram perceber os desacertos dos caminhos por onde trilharam, e, por
este motivo, observaram-se, novamente, esforços na direção de promover o
41
GONÇALVES, A. A saúde e a população para entendimento desse binômio em nosso meio. Ciência e
cultura. v. 31, n. 11, 1425-37, 1981. 42
POWELL, K.; PAFFENBARGER, R. Workshop on epidemiologic and public health aspects of physical
activity and exercise: a summary. Public Health Reports. v. 100, n. 2, 118-25, 1985. 43
MONTOYE’S RECOMENDATIONS. Brasília, CNPq, 1982.
27
intercâmbio entre as áreas de conhecimento de naturezas biológicas, humanas e
exatas, no qual a atividade física e o exercício passaram a ser elos de ligação.
Desse modo, os acadêmicos da área de atividade física e saúde somente agora
têm voltado suas preocupações para a formação acadêmica de profissionais para atuar
neste campo, embora o mercado de trabalho já viesse, há algum tempo dando sinais
desta necessidade. De certo modo, tal fenômeno é compreensível, pois as atividades
econômicas normalmente são mais ágeis e respondem, quase que imediatamente, às
necessidades geradas pelo próprio homem.
De fato, no sentido de voltar-se à profissão para um enfoque clínico de
abordagem do aluno, no qual a avaliação física e a prescrição de exercícios tornam-se
condição para a realização de um trabalho que logre êxito em seus objetivos, uma
visita aos conhecimentos produzidos neste campo de atuação da profissão indica que
os parâmetros para a elaboração de programas de treinamento físico individualizado
foram veiculados em publicações estrangeiras do final dos anos oitenta e inicio dos
anos noventa. Contudo, a publicação de tais textos no Brasil só se deu 6 a 7 anos
depois.
O conteúdo destas obras só começou a ser objeto de aplicação nos cursos de
Bacharelado em Educação Física em meados da virada do milênio, e, no caso de
algumas obras, sua utilização ainda permanece restrita.
Uma das possíveis explicações para o lapso de tempo entre a publicação de um
livro texto e sua aplicação no ensino de graduação em Educação Física no Brasil pode
ser atribuída à prática de preços proibitivos para o acadêmico da área. Nesse contexto,
vários autores nacionais, atentos para as tendências de mercado voltadas à prescrição
de treinamento físico individualizado, publicaram, recentemente, obras em formato de
“manual”, com volume de informações inferior, e que se constituem em compilações
dos conteúdos de livros textos estrangeiros considerados “clássicos”44. O preço destas
obras é bastante inferior, e em que possa pesar o fato de não acrescentarem avanços
científicos expressivos à formação dos profissionais da área, vale dizer que cumpriram
44
MOLINARI, B. Avaliação Médica e Física : Para Atletas e Praticantes de Atividades Físicas. São Paulo:
ROCA, 2000
FERNANDES FILHO, J. A prática da Avaliação Física. Rio de Janeiro: SHAPE, 1999
PERUCA, A. Metodologia do Desenvolvimento do Personal Training. Londrina: Midiograf, 1999
MARINS JCB, GIANNICHI RS. Avaliação e prescrição de atividade física. Rio de Janeiro: Shape, 1998.
MONTEIRO, W. Personal Training Manual para avaliação e prescrição de condicionamento físico: Rio de
Janeiro: Sprint, 1998.
28
papel importante na difusão de conhecimentos científicos que, em nosso meio, têm
acontecido com um atraso de 15 ou 20 anos aproximadamente.
Sob outro ponto de vista, Tani45, argumenta que, na produção do conhecimento
e formação do profissional de Educação Física, houve uma sobrevalorização das
pesquisas básicas em detrimento da aplicação dos conhecimentos gerados para a
prática dos profissionais que atuam no mercado de trabalho.
Nessa perspectiva, parece ser ilustrativo apresentar o resultado de levantamento
dos trabalhos apresentados no XXV Congresso da Sociedade de Cardiologia do
Estado de São Paulo, realizado em 200446. No evento em tela ocorre o V Simpósio de
Educação Física e Esporte e, a análise dos temas livres demonstrou que foram
apresentados 26 trabalhos sobre hipertensão arterial, dos quais: 13 (50%) são
resultados de pesquisas com modelo animal; nove (35%) são estudos com humanos,
porém, do tipo transversal; entre as investigações em que o paciente foi seguido por
determinado período, dois (8%) são de natureza observacional e, apenas três (12%)
constituem estudos de intervenção.
Tais dados não chegam a ser surpreendentes. Entre os pesquisadores da área
biológica, é praticamente consensual a opinião de que é muito mais simples fazer
pesquisa básica utilizando cobaias, àquelas do tipo experimental, envolvendo
humanos. Não há dificuldades de aprovação dos projetos junto aos Comitês de Ética
das Universidades, é possível exercer controle sobre grande número de variáveis que
podem induzir a resposta e, praticamente, não há exposição do pesquisador ao risco
contrair moléstia ou ocorrer o óbito de seres humanos.
No entanto, cresce a procura dos serviços de saúde por profissionais de
Educação Física para atuar com pacientes portadores de Síndromes Metabólicas junto
às Unidades Básicas de Saúde, havendo, inclusive, projetos em andamento no Estado
de São Paulo, que acenam com duas possibilidades: i) realizar concursos públicos para
o provimento de novos cargos para Educadores Físicos nos serviços de saúde
municipal e estadual; ii) recrutar junto a Secretaria de Educação do Estado de São
Paulo, profissionais de Educação Física interessados em trabalhar com esta população
no âmbito ambulatorial.
Ainda de acordo com Tani47, outro problema a ser destacado nas disciplinas de
“orientação acadêmica”, é que elas se pautam por um método científico aplicado em
45
Tani, 1996) 46
Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, 25, Anais. Campos do Jordão, 2004 47
Tani,1996
29
pesquisas que buscam gerar conhecimentos. Assim, juntamente com as disciplinas de
“orientação pedagógica” e as de “orientação às atividades” a grade curricular está
baseada em pressupostos éticos de formação do profissional de Educação Física.
Porém, quando o aluno vai a campo para realizar um estágio curricular/
profissionalizante, geralmente sofre um profundo impacto, porque observa que as
realidades de mercado são baseadas em parâmetros estéticos de beleza corporal. Esta
é uma equação difícil de ser resolvida.
Para sustentar o raciocínio que se pretende desenvolver aqui, é preciso resgatar
conceitos formulados por Soren Aabye Kierkegaard, filosofo existencialista, nascido na
Dinamarca em 1813, se destacou por construir severas criticas aos românticos, bem
como aos costumes religiosos da época. Afirmava ele que o ser humano pode ser
classificado dentro de três estágios, a saber: estético – o esteta se interessa apenas
pelo que é divertido ou entediante, vive no mundo dos sentidos; ético – baseia-se em
decisões consistentes tomadas segundo padrão moral; religioso – prefere a fé ao
prazer estético ou aos mandamentos da razão48.
Para o filósofo, o indivíduo pode passar a vida toda como um esteta, e o conflito,
consigo mesmo, é que o leva a assumir uma postura ética ou ainda avançar para o
estágio religioso. Por vezes, em épocas como a atual, a sociedade, enquanto cultura
de massa assume, com maior predominância, forte vínculo com um destes estágios
como é o caso, no momento, de valorização da estética em detrimento dos outros
estágios. Desse modo, as linhas de pensamento de massa exercem influencia a
postura individual de cada um.
Por esse motivo, não é raro que profissionais da área afirmarem que a formação
universitária mostra-se alheia às leis de mercado, no qual a regra de é: “o cliente
sempre tem razão”. Como a sociedade vive pressionada por forte apelo estético, a
modelagem corporal e a busca insana do homem por um padrão que reforce a sua
masculinidade, e da mulher pela imagem de “sílfide”, impõem ao profissional da área
servir-se de métodos e procedimentos que nem sempre se pautam por valores éticos,
principalmente quando coloca em risco a própria saúde. Nesse caso, é preciso, por
principio, entender que não é possível atribuir culpa ao Educador Físico, pois o
resultado de sua formação decorre principalmente daquilo que ensinamos e permitimos
a eles vivenciarem.
48
VERGEZ, André. História dos filósofos ilustrada pelos textos. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1976.
GAARDER, J. O mundo de Sofia. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
30
Desse modo, parece plausível considerar que é necessário criar novas
oportunidades de vivências práticas, nas quais, por exemplo, os valores éticos
presentes na investigação científica sejam contemplados e destacados, de tal forma a
que se torne o fundamento balizador de sua prática profissional. É preciso, de maneira
urgente, nas disciplinas de orientação acadêmica, pedagógica e para as atividades,
sinalizar que há outras perspectivas de atuação do profissional de Educação Física
neste campo de trabalho – que é possível exercer esta profissão de forma plena, como
formadores de opinião, sem que ninguém tenha de se sentir refém das “leis de
mercado”.
Face ao contexto que vem se delineando, parece ser urgente empreender
esforços na formação de um Profissional de Educação Física voltado à área de
exercício físico e saúde. De fato, devido ao aumento da expectativa de vida da
população, tem avançado a manifestação de doenças crônicas, tanto as de natureza
metabólica, quanto as relacionadas aos planos osteoarticular e músculo ligamentar.
Esses agravos são resultantes de processos cumulativos e encontram forte associação
com o estilo de vida, de tal modo que, tanto as pessoas que têm hábitos sedentários,
quanto aquelas que habitualmente se submetem a intensas rotinas de atividades
físicas, seja ocupacional ou de tempo livre, acumulam sequelas que ao longo dos anos
evoluem para condições mórbidas que se manifestam e se tornam mais agudas com o
avanço da idade.
Desse modo, o especialista em exercício físico deverá atuar na construção de
um diagnóstico que permita identificar possíveis fatores de risco ou condições
mórbidas, manifestas ou eminentes, que podem ser prevenidas ou tratadas com a
adequada intervenção por meio da prescrição de exercícios físicos específicos às
necessidades de cada aluno.
7.5 – PARÂMETROS PARA A DEFINIÇÃO DA FORMAÇÃO DO BACHAREL EM EDUCAÇÃO FÍSICA
COM APROFUNDAMENTO EM APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE
A formação do Bacharel em Educação Física, nesta proposta pedagógica, tem
por perspectiva a saúde global do ser humano, em diferentes fases da vida e em
diferentes processos da educação não formal associada à atividade física. Desta
forma, atuando com a iniciação esportiva, os programas de condicionamento físico e
reabilitação em clubes, academias, clínicas e hospitais, com vistas à aptidão física para
o desempenho ótimo e à prevenção e tratamento de doenças pelo exercício.
31
Quanto ao aspecto de prevenção, o modelo preventivista, apesar das críticas a
ele dirigidas, tem sido fortemente utilizado como parâmetro norteador para organização
das ações em saúde no Brasil, com relativo sucesso. O Quadro 1 apresenta
organograma que permite observar os períodos de intervenção e as ações preventivas
serem realizadas em cada um.
Quadro 1: Modelo Preventivista de Leavell e Clark49
PERÍODO
PRÉ PATOGÊNICO PATOGÊNICO
PREVENÇÃO PRIMÁRIA PREVENÇÃO
SECUNDÁRIA
PREVENÇÃO
TERCIÁRIA
Prevenção de
doenças
Promoção da
saúde/Aptidão
Física
Diagnóstico precoce
Tratamento adequado
Reabilitação:
Física
Mental
Social
Na Educação Física brasileira difundiu-se e consolidou-se a ideia de que a ação
profissional na área volta-se exclusivamente ao trato com a saúde (ou, em outras
palavras, apenas das pessoas saudáveis), enquanto outros profissionais do setor
cuidariam apenas da doença. Por este motivo, há forte tendência dos profissionais de
Educação Física em afirmar que, no modelo preventivista, cabe a intervenção no
âmbito da promoção da saúde e, portanto, nosso foco de intervenção estaria, à priori,
na prevenção primária, bem como no desenvolvimento da aptidão física para o
desempenho ótimo em práticas regulares de atividade física, seja na academia, clubes,
ou em clínicas especializadas em exercício físico.
Cabe ressaltar, porém, que nos últimos anos, há uma mudança de foco em
curso, resultante de uma crescente demanda de mercado, gerada por pessoas que
buscam os serviços dos profissionais de Educação Física para tratar de condições
patológicas manifestas.
Desse modo, por exemplo, a avaliação da composição corporal quando indica
propensão à obesidade, ou na aferição de flexibilidade muito abaixo do esperado,
como preditor de futuras limitações nos planos osteomioarticular, caracterizam-se como
situações nas quais o profissional de Educação Física estaria realizando um
diagnóstico precoce. De forma semelhante, sua intervenção no tratamento da
49
LEAVELL, H.; CLARK, F. Medicina preventiva. São Paulo, McGraw-Hill, 1976.
32
hipertensão arterial, juntamente com a atuação de equipe multiprofissional, pode
contribuir sobremaneira para o controle da doença e prevenção de agravos
secundários.
No campo da Reabilitação, a recuperação física é imprescindível e, ao mesmo
tempo, a mais barata; nesse caso, há inúmeras frentes de atuação para o profissional
de Educação Física, entre elas, o condicionamento físico na fase pós-hospitalar, para
indivíduos que, por exemplo, sofreram infarto agudo do miocárdio ou que passaram por
cirurgia de revascularização cardíaca, ou ainda em pessoas acometidas por lesões no
sistema musculoesquelético fruto da prática de atividade física. A esse respeito, porém,
a reabilitação social é considerada a mais importante, bem como também a mais cara
e, nesta fase, atividades como jogos e esporte podem exercer papel de fundamental
importância.
Em face de tais considerações, qual deve ser o corpo de conhecimentos
necessários à atuação do Graduado em Educação Física com aprofundamento em
Aptidão Física e Saúde?
Nos currículos dos cursos de Licenciatura, a questão dos conteúdos voltados
para o conhecimento das manifestações da cultura corporal de movimento, se explica
pelo fato do Licenciado atuar, predominantemente, no ensino formal. Desse modo, as
disciplinas voltadas às manifestações da cultura corporal, por exemplo os esportes,
concentram-se no desenvolvimento de recursos pedagógicos para que o futuro
professor seja capaz de ensinar tais conteúdos nas dimensões conceituais (história dos
esportes, as relações do esporte com a atualidade etc), atitudinais (valores morais e
elementos éticos) e procedimentais (a vivência motora da modalidade, formas de
organização esportiva, dentre outros).
Já o profissional de Educação Física, com a formação voltada para a aptidão
física e saúde, deve dirigir seu foco de atenção para a prática de atividades físicas, sob
a perspectiva do rendimento ótimo, mediante demandas do condicionamento físico,
bem como no processo de reabilitação das doenças crônico-degenerativas, causadas
não somente pelo estilo de vida sedentário, mas também por decorrentes desgastes
físicos causados tanto pela exposição ocupacional quanto às de tempo livre, nas quais
estão presentes, também, as práticas esportivas. Nesse contexto, ainda que seja
importante o ensino de habilidades motoras para assimilação de novas técnicas de
trabalho corporal, o foco principal agora se concentra sobre o desenvolvimento de
33
capacidades físicas específicas nos diferentes locais de intervenção do profissional em
Educação Física junto à sociedade.
Desse modo, por exemplo, as dores e os sofrimentos causados pelos distúrbios
posturais têm, na aplicação de técnicas de alongamento específicas, uma das
principais formas de tratamento e prevenção de condições mórbidas mais graves. De
modo semelhante, doenças causadas pela pressão arterial elevada ou pela obesidade
são controladas ou tratadas com a prática de atividades aeróbias realizadas de
maneira contínua. Ressalta-se ainda, que detectar ou prognosticar tais aspectos
antecipadamente, em populações de crianças e jovens, e iniciar precocemente os
trabalhos é fundamental para o sucesso da intervenção.
Adicionalmente, vale destacar que o diagnóstico da condição física de uma
pessoa obesa, embora tenha como prescrição específica a prática de exercícios
aeróbios, pode indicar também comprometimento do grau de amplitude articular em tal
nível que, antes de iniciar, por exemplo, atividade de caminhada, deva tal pessoa ser
submetida a um tratamento específico com exercícios de flexibilidade, para prevenir
eventuais danos à realização da própria caminhada. Em outras palavras, recomenda-
se como adequado o oferecimento de disciplinas específicas para tratar das
capacidades físicas relacionadas à saúde, que envolvem os aspectos:
cardiorrespiratório, flexibilidade, resistência muscular localizada, força muscular e
composição corporal, com exercícios isolados e específicos, ou contextualizados na
prática de esportes individuais e coletivos.
7.6 – OBJETIVO
Formação inicial de profissionais em Educação Física aptos a avaliar, prescrever
e orientar programas de exercícios físicos, visando a aptidão física para o rendimento
físico ótimo, e a prevenção de distúrbios metabólicos, funcionais e motores em pessoas
saudáveis nas diferentes fases do seu desenvolvimento, bem como a reabilitação da
saúde em pessoas com diferentes níveis de condição patológica associada a estes
distúrbios.
7.7 – EIXOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
7.7.1 - Desenvolvimento de competências
A concepção de "competência" é entendida como a capacidade de mobilizar
conhecimento de diferentes naturezas, transformando-os em ação que permite superar
34
a dicotomia entre teoria e prática na formação de profissionais, particularmente
destacada na Educação Física, pela tradicional distinção entre aulas "práticas"
(esporte, ginástica, exercícios físicos específicos, etc.) e aulas "teóricas" na sala de
aula (fisiologia, fisiopatologia, anatomia, etc). Ademais, reconhece-se que os
conhecimentos que o profissional mobiliza para responder às diferentes demandas das
situações de trabalho incluem não só aqueles cientificamente elaborados, mas também
os construídos na vida profissional e pessoal. Particularmente na Educação Física o
denominado "conhecimento de trabalho", nem sempre passível de verbalização ou
teorização, parece desempenhar importante papel na história de professores bem-
sucedidos no ensino de habilidades motoras e esportivas, dando respaldo à afirmação
de que "profissionais sabem mais do que conseguem verbalizar". Se nem todas as
competências podem ser "ensinadas" nas situações formais de sala de aula, por outro
lado, elas podem ser "aprendidas", desde que a organização curricular propicie
situações adequadas para tal aos graduandos - é o que se deve pretender com as
"vivências didáticas" planejadas nas disciplinas diretamente ligadas à “Dimensão da
Prática” e nos Estágios Supervisionados.
Portanto, a perspectiva do desenvolvimento de competências profissionais deve
ser central na organização curricular do curso de Bacharelado em Educação Física,
refletindo-se nos objetivos, conteúdos e metodologias das diversas disciplinas, bem
como na definição dos tempos e espaços da dimensão prática, que adquire assim o
sentido de prática profissional.
Assim, espera-se, ao longo do curso, o desenvolvimento de competências gerais
que abranjam todas as dimensões da atuação profissional referentes: (i) ao
comprometimento com valores estéticos, políticos e éticos inspiradores da sociedade
democrática; (ii) à compreensão do papel social no campo da saúde (iii) ao domínio
dos conteúdos, de seus significados em diferentes contextos e de sua articulação; (iv)
ao domínio do conhecimento pedagógico; (v) ao conhecimento de processos de
investigação; e (vi) ao gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional.
7.7.2 - Concepção de Conteúdo
Os conteúdos que compõem o currículo do bacharelado são mais amplos do que
os conteúdos do programa de intervenção desenvolvido pelo profissional que atua no
âmbito do exercício físico e saúde. Nesse caso, há dois aspectos a serem
considerados: (i) a fundamentação filosófica e científica (sendo que esta última inclui as
35
abordagens biológica, psicológica e sociocultural), não é integralmente objeto de
intervenção do campo do exercício físico e saúde, mas nem por isso menos importante
para que o profissional compreenda seu próprio trabalho; (ii) a Educação Física
trabalha com conteúdos “clássicos”, instaurados pela tradição (é o caso das diversas
modalidades esportivas e de algumas práticas de aptidão física), mas não se pode
descuidar das práticas “emergentes” na cultura corporal de movimento, como é o caso
de novas modalidades ginásticas e novas técnicas de tratamento pelo exercício no
campo da saúde.
Portanto, a matriz curricular do Curso de Bacharelado em Educação Física deve
conter forte fundamentação – científica e filosófica –, com enfoque biológico,
psicológico e sociocultural. Parte importante dos conteúdos curriculares provém das
diversas práticas da cultura corporal, incluindo conhecimentos, vivências e didáticas
específicas em jogos, atividades aquáticas, ginásticas, atividades rítmicas, esportes e
lutas, considerando as características individuais e grupos específicos.
7.7.3 - Concepção de Aprendizagem
É necessário inicialmente distinguir “informação” de “conhecimento”. Informação
refere-se à ação de manter alguém informado (sobre acontecimentos, por exemplo),
refere-se aos dados sobre alguém ou alguma coisa. Mas a informação também instrui,
orienta, dirige, por que “informar”, quer dizer dar forma, formalizar, construir uma
realidade a partir de alguns códigos. É um modo de ordenar o caos, organizar ou
estruturar elementos dispersos procedente do meio ambiente.
“Conhecimento” é o ato ou efeito de compreender, de conhecer as propriedades,
as características, os traços específicos de alguma coisa; são as operações pelas
quais a mente procede à análise de um objeto, de uma realidade, de modo a definir sua
natureza. Segundo Abbagnano50, do ponto de vista filosófico, conhecimento é a técnica
para verificação de um objeto, é o procedimento que possibilite a descrição, o cálculo
ou a previsão controlável de um objeto (entidade, fato, coisa, realidade ou
propriedade).
Portanto, quando falamos em formação profissional, informação e conhecimento
estão envolvidos, porque a informação é uma forma de estruturação e organização de
elementos do meio ambiente que pré-orienta um sentido, embora não esgote todos os
sentidos possíveis. Já o conhecimento é um procedimento construído pelo sujeito, para
o qual a informação é necessária, mas não suficiente.
50
ABAGNANNO, op. cit.
36
Os indivíduos constroem seus conhecimentos em interação com a cultura na
qual vivem, com os demais indivíduos e colocando em uso suas capacidades pessoais.
O que se pode aprender em dado momento depende das formas de pensamento, dos
conhecimentos construídos e das situações de aprendizagem vivenciadas. Por isso,
fala-se em constituição de competências, na medida em que o indivíduo se apropria de
elementos com significação na cultura. É importante observar que não há oposição
entre conhecimentos e competências, pois não há real construção de conhecimentos
sem que resulte, do mesmo movimento, a construção de competências.
Situações particulares de ensino e aprendizagem são situações comunicativas,
nas quais profissionais são coparticipes, concorrendo igualmente para o êxito do
trabalho. Embora o profissional, os colegas e os recursos disponíveis contribuam para
que a aprendizagem seja efetivada, nada substitui a atuação do próprio aluno na tarefa
de construir significados sobre os conteúdos da aprendizagem. É ele que modifica,
enriquece e, portanto, constroem novos e mais potentes instrumentos de ação e
interpretação. Nesse processo, é importante levar em conta as características
individuais e as experiências de vida dos futuros graduados, inclusive experiências
profissionais.
Tal implica que, do ponto de vista metodológico, é necessário propiciar situações
de aprendizagem focadas em situações-problema ou no desenvolvimento de projetos
que possibilitem a interação dos diferentes conhecimentos, organizados estes em
áreas ou disciplinas. É preciso que os futuros profissionais sejam desafiados por
situações-problemas que os confrontem com obstáculos que exijam superação, e que
vivenciem situações didáticas nas quais possam refletir, experimentar e agir, a partir
dos conhecimentos que possuem.
7.7.4 - Simetria Invertida
A aceitação da “simetria invertida” como um fato evidencia a necessidade de que
o futuro profissional vivencie, como aluno, durante o processo de formação, as atitudes,
modelos de intervenção, capacidades e modos de organização que possam ser
concretizados em sua atuação profissional; ou seja, a formação inicial deve ser uma
experiência análoga – mas não cópia mecânica – à experiência de aprendizagem que
ele deve facilitar a seus futuros alunos.
37
7.7.5 - A Prática como Eixo Central
A articulação entre teoria e prática não pode ficar sob a responsabilidade restrita
de uma ou outra disciplina isolada (sob a forma de Estágio Supervisionado),
desarticulada do restante do Curso, sob pena de continuar reproduzindo a dicotomia
entre teoria e prática, questão historicamente problemática na Educação Física. A
prática transcende o estágio, e o curso deve contemplar uma diversidade de situações
didáticas em que os futuros profissionais não só mobilizem os conhecimentos que
aprenderam, transformando-os em ação, mas também possam mobilizar outros, de
diferentes naturezas e, principalmente, tenham a oportunidade de refletir sobre a
prática profissional, sua e de outrem, no sentido de avaliá-la, criticá-la, adquirindo a
competência de permanentemente construí-la e reconstruí-la. Assim, o exercício da
prática profissional e da reflexão sistemática sobre elas deve ocupar lugar central na
matriz curricular, não se confundindo com uma disciplina que transmite conteúdos
“sobre” a prática.
Nessa perspectiva, a dimensão da prática, na organização curricular do Curso
de Bacharelado em Educação Física deverá estar presentes nas disciplinas das
dimensões do conhecimento da formação ampliada (o corpo humano, o ser humano e
a sociedade, a produção do conhecimento), que deverão problematizar a prática a
partir de diferentes “olhares”, e nas disciplinas das dimensões do conhecimento da
formação específica (manifestações da cultura corporal de movimento e técnico-
instrumental), que deverão explicitar os conteúdos e estratégias que garantam, sob
diferentes enfoques e vivências, o diálogo com a prática profissional em Educação
Física. Como eixo central da dimensão da prática, as disciplinas ligadas à intervenção
didático-pedagógica no campo do exercício físico e da saúde estabelecerão interação
com o “Estágio Supervisionado” a ser concretizado em clínicas, centros de saúde,
hospitais, academias, dentre outros, quando o futuro profissional toma conhecimento
do real em situação de trabalho.
7.7.6 - Pesquisa e Atitude Investigativa
A pesquisa ou investigação que se desenvolve no âmbito do trabalho do
professor diz respeito, principalmente, a uma atitude cotidiana de busca de
compreensão dos processos de aprendizagem e desenvolvimento de seus alunos e à
autonomia na interpretação da realidade e dos conhecimentos que constituem seus
objetos de ensino.
38
Para forjar a autonomia dos profissionais, é indispensável que eles saibam como
são produzidos os conhecimentos que ensinam, quer dizer, conheçam minimamente os
contextos e métodos de investigação usados pelas diferentes ciências, para que não se
tornem meros repassadores de informações. Para isso é necessário conhecer e saber
usar procedimentos de pesquisa: levantamento de hipóteses, delimitação de
problemas, registro e análise de dados, etc., além de familiarizar-se com os diferentes
delineamentos de pesquisa: experimental, estudos de campo, pesquisas qualitativas
etc. Também é importante considerar que o acesso aos conhecimentos e métodos da
investigação acadêmica, nas diferentes áreas que compõem seu conhecimento
profissional, alimenta o seu desenvolvimento e possibilita ao profissional manter-se
atualizado. O desenvolvimento de tais competências deve ser preocupação constante
das disciplinas da unidade de formação ampliada, fortemente ligadas às ciências-mães
(biologia, psicologia, sociologia etc.)
As disciplinas que lidam especificamente com o conhecimento didático-
pedagógico deverão referenciar-se às pesquisas que tratam do trabalho de intervenção
do profissional, no sentido de evidenciar como ele, em seu cotidiano, também produz
conhecimentos e saberes quando investiga, reflete, seleciona, planeja, organiza,
integra, avalia, cria e recria formas de intervenção didática junto aos seus alunos.
Por fim, a etapa que finaliza a integração do trabalho científico e pedagógico é o
trabalho de conclusão do curso, com caráter de monografia específica para o bacharel,
abrangendo temas em todas suas vertentes de atuação profissional.
7.7.7 - Concepção de Avaliação
A avaliação é um processo útil para problematizar a atuação profissional,
reorientar o processo de ensino e facilitar a autoavaliação do profissional, assim como
atribuir conceitos aos alunos, de modo a situá-los com relação aos seus progressos e
às exigências institucionais e culturais. A avaliação há de ser entendida como parte do
processo de formação, e destina-se à análise da aprendizagem dos futuros
profissionais, visando favorecer seu percurso e regular as ações de sua formação,
além de destinar-se a certificar sua própria formação profissional. Portanto, o
conhecimento dos critérios utilizados e a análise dos resultados e dos instrumentos de
avaliação e autoavaliação são imprescindíveis, ao favorecerem a consciência do
profissional em formação sobre o seu processo de aprendizagem. Deve-se avaliar não
só conhecimento adquirido, mas a capacidade de acioná-lo e de buscar outros para
39
realizar o que é proposto, ou seja, a avaliação só cumpre plenamente o seu papel se
diagnosticar o uso funcional e contextualizado dos conhecimentos.
No caso específico da Educação Física, há a questão sempre problemática da
avaliação do desempenho físico-motor, e é aspecto crítico no fenômeno da “simetria
invertida”. Uma nova concepção de Educação Física, baseada no conceito de "cultura
corporal de movimento", exige uma melhoria de qualidade nos procedimentos de
avaliação. Isso inclui a avaliação da dimensão cognitiva mesmo nas disciplinas que têm
nas vivências corporais (atividades rítmicas, jogos etc.) parte importante dos seus
conteúdos/estratégias, assim como uma explicitação e diferenciação entre os aspectos
a serem considerados para a atribuição de conceitos aos alunos, e os que serão úteis
para a autoavaliação do professor e do próprio ensino.
Assim, na atribuição de conceitos aos graduandos, recomenda-se:
A avaliação deve ser contínua, compreendendo as fases que se convencionou
denominar: diagnóstica ou inicial, formativa e somativa;
A avaliação deve englobar os domínios cognitivo, afetivo ou emocional, social e
motor;
A avaliação deve referir-se aos conhecimentos científicos relacionados à prática das
atividades corporais de movimento;
A avaliação deve levar em conta os objetivos específicos propostos pelo cronograma
de estudo;
A avaliação deve operacionalizar-se na aferição da capacidade do aluno expressar-
se, pela linguagem escrita e falada, sobre a sistematização dos conhecimentos
relativos à cultura corporal de movimento, e, quando for o caso, da sua capacidade
de movimentar-se nas formas elaboradas por esta cultura.
Os processos avaliativos incluem aspectos informais e formais, concretizados
em observação sistemática/assistemática e anotações sobre o interesse, participação e
capacidade de cooperação do aluno, autoavaliação, trabalhos e provas escritas, testes
para avaliação qualitativa e quantitativa de habilidades e capacidades físicas, resolução
de situações problemáticas em diferentes intervenções, propostas pelo professor.
Evidentemente, os instrumentos e exigências da avaliação deverão estar em sintonia
com o nível de desenvolvimento da turma e o conteúdo efetivamente ministrado. É
necessário que a avaliação inclua, ao longo do ano, várias destas estratégias. É
importante informar ao aluno quais são os momentos de avaliação formal, e quais
aspectos serão avaliados e transformados em conceito.
40
7.8 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS
7.8.1 - Competências referentes ao comprometimento com os valores
inspiradores da sociedade democrática
Pautar-se por princípios da ética democrática: dignidade humana, justiça, respeito
mútuo, participação, responsabilidade, diálogo e solidariedade, para atuação como
profissional e cidadão;
Orientar escolhas e decisões metodológicas e didáticas por valores democráticos e
por pressupostos epistemológicos coerentes;
Reconhecer e respeitar a diversidade manifestada pelos graduandos, em seus
aspectos sociais, culturais e físicos, detectando e combatendo todas as formas de
discriminação.
7.8.2 - Competências referentes ao domínio dos conteúdos básicos e
específicos do bacharelado em Educação Física como área de
conhecimento:
Conhecer e dominar os conteúdos básicos relacionados às áreas de conhecimento
que serão objeto da atividade profissional (o corpo humano, o ser humano e a
sociedade, produção do conhecimento, manifestações da cultura corporal de
movimento, técnico-instrumental, intervenção didático-pedagógica no campo do
exercício físico e saúde) de modo a: (a) reconhecer nos conteúdos suas dimensões
conceituais, procedimentais e atitudinais; (b) adequá-los às atuações profissionais
próprias das diferentes etapas da vida;
Relacionar os conteúdos básicos referentes às áreas de conhecimento com: (a) os
fatos, tendências, fenômenos ou movimentos da atualidade; (b) fatos significativos
da vida pessoal, social e profissional dos alunos;
Ser proficiente no uso de diferentes linguagens (verbal e corporal) nas tarefas,
atividades e situações relevantes no âmbito do exercício profissional;
Fazer uso de recursos da tecnologia da informação e da comunicação, e de
produções das diferentes mídias, de forma a aumentar as possibilidades de
aprendizagem dos alunos;
41
7.8.3 - Competências referentes ao domínio do conhecimento didático-
pedagógico no campo da aptidão física e saúde
Criar, planejar, realizar, gerir e avaliar situações de intervenções eficazes para a
aprendizagem e para o desenvolvimento dos alunos, utilizando o conhecimento das
áreas ou disciplinas a serem ensinadas, das temáticas propostas, dos contextos
sociais considerados relevantes para uma atuação eficaz do profissional na área de
saúde, aptidão física e esporte.
Utilizar modos diferentes e flexíveis de organização do tempo, do espaço e de
agrupamento dos alunos, para favorecer e enriquecer seu processo de
desenvolvimento e aprendizagem;
Manejar diferentes estratégias de comunicação dos conteúdos, sabendo eleger as
mais adequadas, consideradas a diversidade da clientela, os objetivos das
intervenções propostas e as características dos próprios conteúdos;
Identificar, analisar e produzir materiais e recursos para uma atuação profissional
eficiente, diversificando e adaptando as possíveis atividades e potencializando seu
uso em diferentes situações;
Estabelecer uma relação de autoridade e confiança com a clientela;
Intervir nas situações educativas com sensibilidade, acolhimento e afirmação
responsável de sua autoridade;
Utilizar estratégias diversificadas de avaliação da aprendizagem e, a partir de seus
resultados, formular propostas de intervenção pedagógica, considerando o
desenvolvimento de diferentes capacidades dos alunos;
7.8.4 - Competências referentes ao conhecimento de processos de investigação
Analisar situações e relações interpessoais que ocorrem na intervenção
profissional;
Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática profissional, investigando o
contexto profissional e analisando a própria prática;
Utilizar-se dos conhecimentos para manter-se atualizado em relação aos
conteúdos da área de atuação e ao conhecimento necessários para a atuação;
Utilizar resultados de pesquisa para o aprimoramento de sua prática profissional.
42
7.8.5 - Competências referentes ao gerenciamento do próprio desenvolvimento
profissional
Utilizar as diferentes fontes e veículos de informação, adotando uma atitude de
disponibilidade e flexibilidade para mudanças, gosto pela leitura e empenho no uso
da escrita como instrumento de desenvolvimento profissional;
Elaborar e desenvolver projetos pessoais de estudo e trabalho, empenhando-se em
compartilhar a prática e produzir coletivamente;
Utilizar o conhecimento sobre a organização, gestão e financiamento dos sistemas,
legislação e as políticas na área de saúde e Educação Física, para uma inserção
profissional crítica.
7.9 – ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
7.9.1 - Dimensões do conhecimento
Formação Ampliada
A formação ampliada compreende o estudo da relação do ser humano, em todos
os ciclos vitais, com a sociedade, a natureza, a cultura e o trabalho. Deverá possibilitar
uma formação cultural abrangente para a competência acadêmico-profissional de um
trabalho com seres humanos em contextos histórico-sociais específicos, promovendo
um contínuo diálogo entre as áreas de conhecimento científico afins e a especificidade
da Educação Física. É constituída por três dimensões do conhecimento:
A) O corpo humano
Enfoca o corpo humano como fenômeno biológico e social. As representações do
corpo na anatomia, na fisiologia e na biomecânica. O corpo e o discurso filosófico. O
corpo como produtor de linguagem. A saúde como fenômeno biológico. O corpo e o
processo de crescimento e desenvolvimento humano.
B) O ser humano e a sociedade
Enfoca os possíveis diálogos entre as Ciências Humanas/Sociais e a especificidade da
Educação Física em suas dimensões socioculturais e educacionais, sob as
perspectivas da psicologia, história, antropologia, sociologia e filosofia da educação.
Estuda a saúde como fenômeno social e histórico.
C) Produção do conhecimento
43
Estuda as formas e processos de produção e comunicação do conhecimento. Discute
os fundamentos epistemológicos da Educação Física como área de conhecimento e as
relações entre o conhecimento e a intervenção profissional em Educação Física. A
pesquisa científica em Educação Física.
Formação Específica
A formação específica abrange os conhecimentos identificadores da Educação
Física, que deve compreender e integrar as dimensões culturais, didático-pedagógicas
e técnico-instrumentais das manifestações e expressões do movimento humano, com o
propósito de qualificar e habilitar a intervenção acadêmico–profissional em face das
competências e das habilidades específicas do bacharel em Educação Física. É
constituída por três dimensões do conhecimento:
A) Manifestações da cultura corporal de movimento
Aborda as manifestações da cultura corporal de movimento, possibilitando sua
transmissão por meio de vivências e aprendizagem de habilidades motoras específicas,
buscando a construção e transformação dos conhecimentos com ênfase na dimensão
procedimental dos conteúdos, por meio do estudo dos contextos, valores, princípios e
métodos de ensino envolvidos.
B) Técnico-instrumental
Estuda os mecanismos de adaptação, ajustes e alteração do comportamento
biológico, motor e da aprendizagem, frente ao esforço físico e ao treinamento, de
técnicas, de atividades motoras sistematizadas ou não, buscando também a
compreensão e desenvolvimento de meios de avaliação
C) Intervenção didático-pedagógica no campo do exercício físico e saúde
Busca conhecer as diferentes formas de manifestações patológicas de ordem
estrutural e metabólica, seus princípios etiológios, bem como suas consequências, as
quais subsidiem os profissionais na avaliação e intervenção pelo exercício físico.
Estuda, avalia e analisa criticamente os programas de treinamento físico, bem como as
informações nutricionais voltados à prevenção, tratamento e reabilitação das diferentes
patologias específicas. Busca inter-relacionar os conhecimentos obtidos durante a
graduação com situações reais, discutindo problemas, situações e processos
relacionados à atuação profissional.
44
8.9.2 - Organização Temática
A. Dimensão do conhecimento: O corpo humano
Competências específicas desejadas:
- Abordar e dominar os conteúdos básicos referentes ao corpo humano,
compreendendo sua estrutura e funcionamento como fenômeno biológico;
- Utilizar os conhecimentos aprendidos para compreender o processo de crescimento
e desenvolvimento humano no âmbito motor, cognitivo, afetivo e social;
- Fazer uso da tecnologia e informação para aumentar as possibilidades de
aprendizagem e ensino dos fenômenos relacionados ao corpo humano, suas
capacidades e limites;
- Abordar os conteúdos básicos referentes às diferentes formas de linguagem
corporal, facilitando a compreensão das manifestações da cultura corporal do
movimento;
- Analisar e utilizar estratégias diversificadas para conhecer os limites do corpo
humano, articulando exercícios específicos que visem a manutenção da saúde e
prevenção de doenças;
- Analisar e discutir criticamente as relações entre o corpo humano e a sociedade.
Temas:
O corpo anátomo-fisiológico
Estuda aspectos anatômicos e funcionais do ser humano e sua relação com a
prática da atividade física, procurando estabelecer conexão destes conhecimentos com
o desenvolvimento e desempenho motor.
O corpo mecânico
Estuda a relação das estruturas de sustentação do corpo humano e sua
interação com o exercício. O papel da mecânica como ferramenta de estudo na
atividade física e a relação da Física com as manifestações da cultura corporal do
movimento.
O corpo como conceito filosófico
Estuda o conceito de corpo nos vários sistemas ou escolas filosóficas. O corpo
como presença humana no mundo e sinal de pertencimento social.
O corpo como linguagem
45
Aborda o corpo como meio primário de comunicação e como produtor de
linguagem e significados. Estuda a linguagem corporal como matéria prima da
motricidade e base das manifestações da cultura corporal de movimento.
Corpo e autoconhecimento
Estuda princípios e elementos comuns das diferentes práticas corporais, nas
dimensões: da cultura; da sensibilidade; dos sentimentos; dos sentidos; da percepção;
do conhecimento; dos significados; da apropriação e transformação de si, do outro e do
mundo vivido e almejado.
O crescimento e o desenvolvimento humano
Estuda os conceitos básicos envolvidos no processo de crescimento e
desenvolvimento humano nas esferas motora, cognitiva, afetivo-social e suas inter-
relações. Enfoca as alterações que ocorrem ao longo do ciclo vital e suas implicações
para a Educação Física.
B. Dimensão do conhecimento: O ser humano e a sociedade
Competências específicas desejadas:
- Dominar, contextualizar e relacionar os conteúdos básicos referentes às dimensões
históricas, socioculturais, antropológicas, filosóficas, educacionais e psicológicas na
área de saúde;
- Articular os conteúdos básicos referentes ao Ser Humano e à Sociedade com: (a) os
fatos, tendências, fenômenos ou movimentos da atualidade; (b) fatos significativos
da vida pessoal, social e profissional dos alunos;
- Analisar situações e relações interpessoais que ocorrem no contexto profissional,
com o distanciamento profissional necessário à sua compreensão;
- Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática profissional, investigando o
contexto profissional e analisando a própria prática;
- Utilizar-se dos conhecimentos relativos ao ser humano e a sociedade para manter-
se atualizado em relação aos processos de intervenção profissional;
- Utilizar resultados de pesquisas sobre o ser humano e a sociedade para o
aprimoramento de sua prática profissional.
- Utilizar os conhecimentos apreendidos referentes ao Ser Humano e à Sociedade
para uma inserção profissional crítica na área de saúde.
46
Temas:
As dimensões históricas e socioculturais da Educação Física
Aborda conteúdos históricos e socioculturais referentes às manifestações da
cultura corporal do movimento no processo da civilização humana.
A dimensão psicológica da Educação Física
Estuda as principais abordagens psicológicas e suas implicações para a
Educação Física. Enfoca a relação Indivíduo/Sociedade e Educação.
A saúde como fenômeno social e histórico
Estuda as abordagens teóricas referentes ao conceito de saúde, numa
perspectiva social e histórica. Discute as inter-relações entre saúde, sociedade,
educação e o papel do profissional da Educação Física.
C. Dimensão do conhecimento: Produção do conhecimento
Competências específicas desejadas:
- Ser proficiente no uso da língua materna nas tarefas, atividades e situações
relevantes no âmbito do exercício profissional;
- Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática profissional, investigando o
contexto de intervenção e analisando a própria prática profissional;
- Utilizar-se dos conhecimentos do âmbito do exercício físico e da saúde para manter-
se atualizado em relação aos processos de intervenção profissional;
- Utilizar resultados de pesquisa para o aprimoramento de sua prática profissional.
- Utilizar as diferentes fontes e veículos de adotando uma atitude de disponibilidade e
flexibilidade para mudanças, gosto pela leitura, investigação e empenho no uso da
escrita como instrumento de desenvolvimento profissional;
- Elaborar e desenvolver projetos pessoais de estudo e trabalho, empenhando-se em
compartilhar a prática e produzir coletivamente conhecimentos relacionados ao
exercício físico e saúde;
- Utilizar os conhecimentos apreendidos para uma inserção profissional crítica no
contexto dos serviços de saúde.
Temas:
A teoria do conhecimento e a epistemologia
47
Analisa os fundamentos/pressupostos que permitem ao homem acessar e
“conhecer” os fenômenos. As diferenças epistemológicas entre Ciências Naturais e
Ciências Humanas/Sociais.
A teoria da Educação Física
Estuda o universo de discurso e práticas da Educação Física como área do
conhecimento e profissão, analisando os principais conceitos envolvidos. Analisa
criticamente as relações da Educação Física com as demandas sociais e o contexto
histórico.
Os processos de produção do conhecimento científico e a Educação Física
Apresenta a ciência como um projeto humano e histórico, e o conhecimento
científico como uma das formas possíveis de produção do conhecimento. Estuda as
etapas do trabalho científico, os tipos e delineamentos de pesquisa relevantes para a
pesquisa em Educação Física e as formas de comunicação do conhecimento.
D. Dimensão do conhecimento: Manifestações da cultura corporal de movimento
Competências específicas desejadas:
- Utilizar jogos, brinquedos, brincadeiras, esportes, danças, atividades rítmicas e
expressivas, ginásticas e lutas para a aprendizagem e desenvolvimento dos alunos,
- Planejar, implementar, gerir e avaliar atividades que envolvam as diversas
manifestações da cultura corporal de movimento,
- Manejar diferentes estratégias na utilização das várias manifestações da cultura
corporal de movimento considerando a diversidade dos alunos e o contexto,
- Articular as manifestações da cultura corporal de movimento com as dimensões
históricas, sociais, antropológicas, psicológicas, políticas, filosóficas e econômicas
que envolvem a vida humana, buscando compreender suas construções e as
relações com a atualidade,
- Identificar e analisar as distintas manifestações da cultura corporal de movimento,
reconhecendo e criando possibilidades para as manifestações de outras formas de
movimentação e sentidos corporais, bem como oferecer aos alunos tais
possibilidades de criação.
Temas:
O fenômeno lúdico
48
Estuda o fenômeno lúdico como manifestação humana. Discute as inter-relações
entre Educação e o Lúdico. Aborda os jogos, brinquedos e as brincadeiras na
Educação Física articulados com a finalidade e o contexto da intervenção em exercício
físico e saúde.
O fenômeno esportivo
Estuda a história, especificidades, técnicas, táticas, regras, organização,
princípios pedagógicos e métodos de ensino dos esportes e das lutas, assim como as
transformações didático-pedagógicas articuladas com a finalidade e o contexto da
intervenção em exercício físico e saúde.
As atividades rítmicas/expressivas
Estuda a história e os processos pedagógicos da dança e os seus estilos/ritmos,
articuladas com a finalidade e o contexto da intervenção em exercício físico e saúde.
A ginástica
Estuda a história e os processos pedagógicos da Ginástica Geral, apresenta as
principais variações atuais das ginásticas especializadas, em termos de princípios e
técnicas, articuladas com a finalidade e o contexto da intervenção em exercício físico e
saúde.
E. Dimensão do conhecimento: Técnico-instrumental
Competências específicas desejadas:
- Abordar, contextualizar e discutir problemas, situações, e processos relacionados a
comportamento motor e treinamento físico, sob o ponto de vista da variáveis
fisiológicas e da aprendizagem;
- Compreender, discutir e relacionar os princípios das repostas fisiológicas do
organismo, frente aos programas de atividade física em diferentes etapas da vida do
ser humano;
- Compreender os princípios para formulação de programas de atividades físicas
voltadas para diferentes etapas da vida do ser humano.
- Conhecer e dominar os princípios, métodos e técnicas, históricos e contemporâneos
do treinamento físico;
- Conhecer e dominar os princípios fundamentais, os métodos e as técnicas de
avaliação das capacidades físico motoras aplicadas às diferentes etapas da vida do
ser humano;
49
- Elaborar, discutir, executar e avaliar programas de treinamentos físicos voltados a
necessidades específicas nas diferentes etapas da vida do ser humano;
- Planejar, organizar, e manejar e administrar o uso da instrumentalização técnica
adequada no emprego da avaliação e treinamento físico e comportamento motor;
- Planejar e organizar o espaço físico e as instalações do ambiente para à prática
exercício físico.
Temas:
Comportamento motor
Estuda os princípios e bases teóricas que regem os processos de controle e
aprendizagem da ação motora. Aborda aspectos didático-metodológicos importantes
no processo ensino-aprendizagem do movimento na Educação Física.
A fisiologia do exercício
Estuda as adaptações dos diferentes sistemas orgânicos frente às diferentes
formas do exercício físico.
Os princípios básicos do condicionamento físico
Estuda os fundamentos do condicionamento físico, abordando as noções gerais
dos princípios de treinamento, adaptações e periodização nas diversas formas de
atividades físicas, bem como a análise de variáveis que influenciam o desempenho
físico.
Os princípios e as técnicas da avaliação físico-motora
Estuda a história da medição na Educação Física. Trata dos testes e
instrumentos para avaliação das capacidades físicas, habilidades esportivas e aptidão
física, da medição aplicada e prescrição de atividade física, das técnicas e
instrumentação associadas a medição do homem em movimento, bem como da inter-
relação da avaliação com a estatística.
F - Dimensão do conhecimento: Intervenção didático-pedagógica no campo da
aptidão física e saúde
Competências específicas desejadas:
- Compreender, discutir e relacionar os conceitos e teorias do desenvolvimento e
adaptações diferentes sistemas fisiológicos (neuromuscular; cardiorrespiratório,
50
digestório, endócrino e bioquímica humana) frente ao esforço físico e suas relações
com a manutenção de boas condições de saúde humana;
- Compreender os princípios e desenvolver programas de atividades físicas e
treinamento físico voltados ao desenvolvimento adequado dos diferentes sistemas
fisiológicos;
- Conhecer os diferentes constituintes da Morfologia Humana e suas formas de
análise e mensuração;
- Conhecer os diferentes formas de manifestações patológicas de ordem estrutural e
metabólica, seus princípios etiológicos, consequências, tratamentos e meios de
prevenção;
- Elaborar, discutir, executar e avaliar programas de treinamento físico voltados às
necessidades patológicas específicas de ordem estrutural e metabólica;
- Compreender, analisar, estudar e adequar o uso e a instrumentalização de técnicas
e planos nutricionais frente a programas de atividade física voltados à prevenção,
tratamento e reabilitação de distúrbios de ordem metabólica e nutricional;
- Abordar, contextualizar e discutir problemas, situações, e processos relacionados a
gerenciamento e divulgação de suas atividades;
Temas:
Propriedades neuromusculares e cardiorrespiratória
Estuda os mecanismos de avaliação, desenvolvimento e adaptação das
capacidades físicas relacionadas à saúde.
Distúrbios estruturais e metabólicos: prevenção, tratamento e reabilitação pelo
exercício
Estuda a gênese dos diferentes distúrbios, tanto estruturais como metabólicos,
compreendendo assim as formas de prevenção. Estuda as várias possibilidades de
tratamentos e reabilitação existentes, utilizando, entre outros meios, o exercício físico.
Aspectos bioquímicos e nutricionais do exercício
Estuda a utilização dos metabolismos de carboidratos, lipídios e protídios como
fonte energética durante o repouso e exercício. Aprofundamento em reações
enzimáticas e processos bioquímicos que ocorrem durante o exercício. Analisa
criticamente como os processos bioquímicos e nutricionais podem auxiliar juntamente
51
com a execução correta dos exercícios físicos, os processos de prevenção, tratamento
e reabilitação de doenças crônico-degenerativas que acometem a sociedade moderna.
As dimensões do conhecimento não podem ser vistas isoladamente, mas em
interação. Os temas sugeridos em cada dimensão do conhecimento não se confundem
com as disciplinas que irão compor a matriz curricular, e devem ser entendidos como
os núcleos em torno das quais deverão reunir-se as vivências didáticas planejadas ao
longo do curso, sejam as obrigatórias, sejam as eleitas pelo próprio aluno, na forma de
disciplinas optativas ou de outras atividades de formação.
O Quadro 2 busca sintetizar a organização curricular das dimensões do
conhecimento e dos temas em cada uma delas.
52
QUADRO 2. DIMENSÕES DO CONHECIMENTO / TEMAS
. A teoria do conhecimento e a epistemologia
. A teoria da Educação Física
. Os processos de produção do conhecimento científico e a Educação Física
. O corpo anátomo-fisiológico
. O corpo mecânico
. O corpo como conceito filosófico
. Corpo e auto-conhecimento
. As dimensões históricas e socioculturais da Educação Física
. A dimensão psicológica da Educação Física
. A saúde como fenômeno social e histórico
FORMAÇÃO AMPLIADA
FORMAÇAO ESPECÍFICA
O CORPO HUMANO O SER HUMANO E A SOCIEDADE A PRODUÇAO DO CONHECIMENTO
INTERVENÇÃO PROFISSIONAL NO CAMPO DA APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE
MANIFESTAÇÕES DA CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO
. o fenômeno lúdico
. o fenômeno esportivo e as lutas
. as atividades rítmicas
. a ginástica
TÉCNICO-INSTRUMENTAL
. comportamento motor
. a fisiologia do exercício
. os princípios e as técnicas do condicionamento físico
. os princípios e as técnicas da avaliação físico- motora
A DIMENSÃO DA PRÁTICA
. Propriedades neuromusculares e cardiorrespiratória
. Distúrbios estruturais e metabólicos: prevenção, tratamento e reabilitação pelo exercício
. Aspectos bioquímicos e nutricionais do exercício
7.9.3 - Outras atividades de formação
Constituída por atividades de natureza acadêmica-científica-cultural diversas,
totalizando 210 horas e articuladas à formação específica e ampliada. Permitem a
diversificação e ampliação das situações de ensino e aprendizagem vivenciadas pelo
graduando, bem como atualização em assuntos de interesse educacional geral e
especialização em temáticas de interesse específico. Inclui o Trabalho de Conclusão
de Curso.
7.9.3.1 - Atividades Optativas
Serão programadas para um total de 120 horas e indicadas pelo Conselho de
Curso, ou selecionadas pelo próprio aluno, a partir do segundo termo (semestre) do
Curso, dentre pelo menos dois tipos dos seguintes grupos de atividades:
A) A) Participação em evento acadêmico-científico
O graduando poderá participar de eventos de natureza acadêmico-científica,
pré-selecionados anualmente pela Coordenação de Curso. Podem ser citados como
exemplo o Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (promovido pelo Colégio
Brasileiro de Ciências do Esporte), Simpósio Paulista de Educação Física (promovido
pelo UNESP/Rio Claro), Congresso Científico Latino-Americano da Fiep/Unimep
(promovido pela UNIMEP), Simpósio de Educação Física e Esporte em Cardiologia,
(promovido pelo Departamento de Educação Física e Esporte da Sociedade de
Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP) e a “Reunião Científica da Educação
Física”, promovida pelo Centro Acadêmico de Educação Física/Coordenação do Curso
de Educação Física da Faculdade de Ciências. A participação em evento acadêmico-
científico contabilizará um determinado número de horas, a ser estabelecido pelo
Conselho de Curso, e deverá ser comprovada mediante comprovante emitido pela
instituição promotora. A apresentação de trabalho nestes eventos contabilizará bônus
em horas, a ser quantificado pelo Conselho de Curso.
B) Participação em eventos técnicos (clínicas, workshops, mini-cursos e Cursos
de Extensão)
A área de Educação Física conta com grande oferta de eventos e cursos nas
mais variadas temáticas, promovido por diversas entidades (instituições de ensino
54
superior, entidades representativas de classe, associações profissionais etc.), os quais
costumam contar com maciça participação de graduandos em Educação Física. São
eventos e cursos que em geral abordam aspectos fisiológicos, didático-metodológicos
ou socioculturais da Educação Física e da saúde. Além de aprofundar, ampliar e
atualizar o leque de conteúdos na formação, inclusive abordando temáticas
emergentes, tais eventos e cursos podem atender aos interesses específicos dos
graduandos. Propõe-se, então, mediante critérios estabelecidos pelo Conselho de
Curso, o aproveitamento da carga horária dispendido pelo aluno em tais atividades de
formação, exigindo-se certificado emitido pela entidade promotora. Tais eventos e
cursos poderão ser ofertados pela própria Faculdade de Ciências, voltando-se a uma
dupla finalidade: formação inicial e formação continuada, o que traria a vantajosa
situação, do ponto de vista pedagógico, de interação entre profissionais e graduandos.
C) Assistência a palestras
Promovidas pela própria instituição, e proferidas por especialistas em temas
ligados à Educação e Educação Física. Os palestrantes convidados podem ser
estranhos ao corpo docente do Curso ao a ele pertencentes (neste caso, devendo
tratar de tema diferenciado ou complementar às disciplinas que ministra no Curso), a
fim de propiciar novos pontos de vista sobre temas da área, enriquecendo assim a
formação do futuro profissional. A Coordenação de Curso, em articulação com os
diversos Departamentos envolvidos no Curso, programará pelo menos uma palestra
por semestre, no período regular de aulas.
D) Participação em Grupo de Estudos ou Laboratório de Pesquisa/Bolsa de
iniciação científica/Monitoria de Ensino ou Participação em Projetos de Extensão
Estas atividades objetivam uma abordagem mais aprofundada e sistemática de
uma temática da área, a partir de uma perspectiva científica e/ou didático-pedagógica,
quer na forma de grupo de estudo orientado por docente do curso, Bolsa de Monitoria,
estágio em Laboratório de Pesquisa, participação em projeto de pesquisa mediante
Bolsa de Iniciação Científica de órgãos de fomento e participação em Projetos de
extensão sob coordenação de docente do Curso. O Departamento de Educação Física
e os demais envolvidos no Curso mantém grupos de estudos e Laboratórios, com
temáticas definidas em função de linhas de pesquisa departamentais ou em
decorrência de interesses específicos, aos quais podem se agregar os graduandos, a
55
partir de suas preferências. Atualmente, existem os seguintes grupos de
estudo/Laboratórios no Departamento de Educação Física.: Laboratório de Pesquisas
em Educação Física, Laboratório de Estudos Socioculturais e Históricos da Educação
Física, Laboratório de Informação Visual e Ação. O Departamento de Educação Física
mantém também projetos de extensão que oferecerem programas de atividades físicas
orientadas para a comunidade (atividade física para portadores de Hipertensão e
Diabetes e atividade física para prevenção e tratamento de fatores de risco de doenças
cardiovasculares), nos quais os graduandos assumem a regência de turmas numa
situação mais controlada, com grau de dificuldade menor em relação às situações
“reais” (por exemplo, com relação a espaço físico, material, número de alunos, pressão
institucional e financeira etc.) sob a supervisão do docente responsável, em geral
especializado na área. Tal ação propicia o contexto adequado à experiência inicial de
“ser profissional”. O Conselho de Curso estabelecerá quais atividades deverão ser
minimamente cumpridas em cada tipo de atividade, para possibilitar a contabilização de
um determinado número de horas, bem como, regulamentará as horas dispendidas
pelos alunos. Em qualquer caso, o aluno deverá apresentar relatório em que conste as
atividades desenvolvidas, com parecer favorável do docente responsável pelo estágio,
projeto, bolsa etc.
A previsão destas atividades expressa o entendimento de que a formação do
graduando não se esgota na situação formal de ensino e aprendizagem na sala de
aula, com a presença do docente, mas devem incluir experiências profissionais
diversificadas, com maior ou menor graus de formalidade e obrigatoriedade.
Assim, um determinado tema poderá incluir uma ou mais das seguintes
vivências: disciplina(s) obrigatória(s), disciplina(s) optativa(s), participação em evento
acadêmico, minicursos, workshops, palestras, grupos de estudo, participação em
projetos de pesquisa e de extensão etc. Tal estratégia facilita também a integração
ensino-pesquisa-extensão.
Por outro lado, para que essas atividades complementares não se tornem mera
formalidade burocrática ou laissez-faire, é necessário que a Coordenação/Conselho de
Curso exerça algum tipo de direcionamento que as compatibilizem com o projeto
pedagógico. Desse modo, todas elas deverão, direta ou indiretamente, referir-se aos
temas propostos neste projeto.
Tal organização facilita ainda a flexibilidade necessária à formação de um
profissional para atuar em uma sociedade em constante mutação, e caracterizada pela
56
crescente importância do conhecimento. Novos temas podem ser facilmente agregados
ao projeto, por intermédio de disciplinas optativas, palestras , mini-cursos etc.
7.9.3.2 - Atividade Obrigatória
A) Trabalho de Conclusão de Curso
A ser orientado por docente do Curso, terá caráter monográfico e um total de 90
horas, entendendo-se por “monografia” um trabalho de cunho acadêmico que trata de
modo estruturado de um determinado tema, devidamente especificado, delimitado e
aprofundado51. O Trabalho de Conclusão de Curso deverá necessariamente
contemplar tema ligado ao campo de exercício físico e saúde. A carga horária de 90
horas será distribuída ao longo dos últimos três termos (semestres) do Curso, visando
garantir suficiente tempo de interação entre orientador e aluno. No termo anterior ao
início do Trabalho de Conclusão de Curso, a disciplina “Processos de Produção do
Conhecimento Científico em Educação Física–II” tratará da elaboração do projeto do
Trabalho, e nos três últimos semestres do Curso haverá o desenvolvimento do
Trabalho propriamente dito, sob orientação de um docente previamente aprovado pelo
Conselho de Curso. A disciplina “Processos de Produção do Conhecimento Científico
em Educação Física I e II” deverá subsidiar, com conhecimentos básicos, a elaboração
do Trabalho de Conclusão de Curso. Deverá ser garantido pelo Departamento, ao qual
se vincula o orientador, encontros periódicos entre orientadores e orientados.
7.9.4 - A Dimensão da Prática
Na organização curricular do Curso de Bacharelado em Educação Física, com
aprofundamento em aptidão física e saúde, da Faculdade de Ciências, a dimensão da
prática deverá estar presente:
a) Em todas as disciplinas, no sentido de que deverão sempre buscar um diálogo com
a Educação Física como área de intervenção acadêmico-profissional.
b) No interior das disciplinas que tratam das diferentes manifestações da cultura
corporal de movimento e exercícios físicos voltados à prevenção e tratamento de
condições patológicas específicas. Particularmente, nas disciplinas relacionadas à
51
Cf. SEVERINO, A.J. Metodologia do trabalho científico. 20ª ed. São Paulo: Cortez, 1996.
57
cultura corporal do movimento é que se manifesta em especial o fenômeno da “simetria
invertida”, em que a apresentação dos conteúdos procedimentais (quer dizer, os
“movimentos” em si) implica em didáticas específicas; muitas vezes, em tais disciplinas
o graduando encontra-se em situação similar aos alunos ao quais futuramente ensinará
– ou seja, é um iniciante naquela modalidade e, portanto, é simultaneamente “sujeito” e
“objeto” da prática. Portanto, é preciso alertar o futuro profissional sobre as distinções e
similaridades de tais processos, assim como é necessário a integração entre a
disciplinas da dimensão “Técnico Instrumental” e da dimensão “Intervenção didático-
pedagógica no campo do Exercício Físico e saúde”a fim de que não haja contradições
entre a teorização e a prática efetiva das atividades. Essas disciplinas, para além do
mero ensino dos gestos motores (dimensão procedimental), envolvem as dimensões
conceituais e atitudinais dos conteúdos, possibilitando reflexões sobre os princípios
pedagógicos e as transformações didático-pedagógicas possíveis em cada um das
manifestações específicas. A dimensão da prática deverá enfatizar procedimentos de
observação e reflexão para compreender e atuar em situações contextualizadas,
envolvendo observação e registro de aulas, resolução de situações-problemas no
ensino das manifestações corporais específicas, entrevistas com profissionais,
situações simuladas, estudos de caso, participação na organização de eventos, etc.
c) De modo mais sistematizado e contabilizado em carga horária, a dimensão do
estágio estará sob a denominação de “práticas formativas” associadas às disciplinas
específicas, como por exemplo: Fisiopatologia e Tratamento pelo exercício: da
Hipertensão, da Obesidade, do Diabetes, de Doenças Cardiovasculares, de Pessoas
com Deficiências e portadoras de Distúrbios Locomotores, na medida em que são
disciplinas de síntese, integração e aplicação em relação aos conteúdos que serão
objeto da atividade profissional, adequando-os às atividades próprias da Educação
Física. Nos conteúdos desenvolvidos em tais disciplinas, além dos conteúdos
específicos, próprios a cada uma delas, algumas das práticas docentes vivenciadas
pelos alunos nas atividades no Estágio Supervisionado poderão ser discutidas em sala
de aula, por intermédio de filmagem em vídeo, depoimentos, situações simuladas,
discussão de problemas encontrados etc., propiciando uma reflexão crítica sobre a
prática, balizada pelas orientações didático-pedagógicas oferecidas pelas disciplinas
envolvidas. O conjunto das disciplinas que compõem a totalidade do estágio
supervisionado do Curso de Bacharelado em Educação Física, com aprofundamento
58
em Exercício Físico e Saúde, da Faculdade de Ciências, são apresentadas abaixo,
como segue:
A) Conjunto de Disciplinas da Dimensão Geral da Prática
A distribuição da prática enquanto componente curricular está apresentado na
Tabela 1, totalizando 375 horas.
Tabela 1: Disciplinas com prática como componente curricular no curso de Bacharelado em Educação Física.
PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR
NC Carga Horária
Práticas Formativas em Atletismo 1 15
Práticas Formativas em Futebol 1 15
Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 1 15
Práticas Formativas em Primeiros Socorros 1 15
Práticas Formativas em Handebol 1 15
Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 1 15
Práticas Formativas em Biomecânica do Sistema Locomotor 1 15
Práticas Formativas em Crescimento e Desenvolvimento Humano 1 15
Práticas Formativas em Jogos Atividades Lúdicas e de Lazer 2 30
Práticas Formativas em Voleibol 1 15
Práticas Formativas em Capoeira 1 15
Práticas Formativas em Aprendizagem Motora 1 15
Práticas Formativas em Medidas e Avaliação em Educação Física 1 15 Práticas Formativas em Bases Teórico-Prática do Treinamento Físico
1 15
Práticas Formativas em Karatê 1 15
Práticas Formativas em Dança 1 15
Práticas Formativas em Basquetebol 1 15
Práticas Formativas em Educação em Saúde 1 15
Práticas Formativas em Ginástica 2 30 Práticas Formativas em Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento Cardiorrespiratório
1 15
Práticas Formativas em Princípios e Técnicas da Flexibilidade 1 15 Práticas Formativas em Princípios e Técnicas de Prescrição para o Exercício de Força 1 15 Práticas Formativas em Princípios e Técnicas para a Intervenção em Composição Corporal 1 15
59
B) Conjunto de Disciplinas do Estágio de Intervenção profissional no campo da
Aptidão Física e Saúde
As disciplinas que incorporarão o estágio profissional supervisionado no curso
de Bacharelado em Educação Física estão apresentadas na Tabela 2, totalizando 360
horas.
Tabela 2: Disciplinas com estágio profissional supervisionado no curso de Bacharelado.
ESTÁGIO SUPERVISIONADO
NC Carga
horária
Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – I 2 30
Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – II 3 45 Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Doenças Cardiovasculares – I 2 30 Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Doenças Cardiovasculares – II 3 45 Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – I 2 30 Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – II 2 30 Atividade Física para Pessoas com Deficiências Sensoriais e Múltiplas 2 30 Atividade Física para Pessoas com Deficiências Intelectuais e Distúrbios do Comportamento 2 30 Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento Cardiorrespiratório 2 30
Princípios e Técnicas de Prescrição para o Exercício de Força 2 30 Princípios e Técnicas de Prescrição para a Intervenção na Composição Corporal 2 30
Nos estágios supervisionados a serem concretizados em serviços de
atenção primária, secundária e terciária à saúde52, quando o futuro profissional
toma conhecimento do real em situação de trabalho, e testa suas competências por um
determinado tempo, mediante projeto planejado e avaliado conjuntamente pelo
Conselho de Curso/Departamento de Educação e os serviços especializados, o que
52
Serviços de Saúde compreendem instalações ambulatoriais de Unidades Básicas de Saúde, clínicas
particulares, hospitais, academias de ginástica, entidades representativas de classe, entre outras, que ofereçam
atividades físicas voltadas à prevenção primária, secundária e terciária. Por se tratar de campo de intervenção
recente e em expansão, o Departamento de Educação Física implantou dois serviços, um de atendimento a pacientes
em tratamento ambulatorial, portadores de hipertensão, diabetes e obesidade; e outro, com servidores da saúde, com
os agravos mencionados anteriormente, ou com fatores de risco para doenças cardiovasculares e
osteomioarticulares, devendo se consolidar como campo de estágio dos alunos do curso. Também implantará outros
serviços de atenção à clientela aparentemente saudável.
60
pressupõe uma relação pedagógica entre um profissional experiente no campo de
exercício físico e saúde e um aluno estagiário. O estágio é o momento de efetivar, sob
a supervisão daquele profissional experiente, o processo de ensino e aprendizagem
que, tornar-se-á futuramente autônomo. O estagiário, além de assumir efetivamente o
papel de profissional, deve envolver-se também com a prescrição dos exercícios e
planejamento das atividades, bem como as avaliações. O estágio supervisionado terá
duração mínima de 360 horas, concentradas nos dois últimos anos do Curso (integral e
Noturno), e deverá dividir-se entre as disciplinas específicas do núcleo de
aprofundamento. Assim, os Estágios Supervisionados deverão estar articulados, em
cada termo, com as seguintes disciplinas diretamente vinculadas, no terceiro e quarto
anos às disciplinas de aplicação específica ao campo da aptidão física e saúde. Tal
articulação far-se-á no sentido de recuperar as práticas vivenciadas pelos alunos nas
atividades de Estágio Supervisionado, por intermédio de depoimentos, situações
simuladas etc., propiciando uma reflexão sobre a prática, balizada pelas orientações
didático-pedagógicas oferecidas a partir da perspectiva de cada uma das disciplinas.
7.9.5 – MATRIZ CURRICULAR
7.9.5.1 - Disciplinas pertencentes ao eixo básico da formação profissional
A. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: O CORPO HUMANO
Disciplinas Obrigatórias:
Anatomia Humana Geral
Anatomia do Sistema Locomotor
Bases Biológicas da Educação Física
Fisiologia Humana Geral
Biomecânica do Sistema Locomotor
Crescimento e Desenvolvimento Humano
Fisiologia do Exercício I e II
Bioquímica Aplicada ao Exercício Físico
Princípios de Nutrição
Disciplinas Optativas: a serem definidas
61
B. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: O SER HUMANO E A SOCIEDADE
Disciplinas Obrigatórias:
História da Educação Física
Filosofia e Educação Física
Antropologia Cultural e Educação Física
Psicologia e Educação Física
Sociologia e Educação Física
Disciplinas Optativas: a serem definidas
C. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
Disciplinas Obrigatórias:
Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa
Teoria da Educação Física
Noções Básicas de Estatística
Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física I
Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física II
Disciplinas Optativas: a serem definidas
D. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: MANIFESTAÇÕES DA CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO
Disciplinas Obrigatórias:
Atletismo
Futebol
Atividades Rítmicas
Handebol
Atividades Aquáticas
Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer
Karatê
Voleibol
Capoeira
62
Dança
Basquetebol
Ginástica
Disciplinas Optativas: a serem definidas
E. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: TÉCNICO-INSTRUMENTAL
Disciplinas:
Primeiros Socorros
Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais
Aprendizagem motora
Medidas e Avaliação em Educação Física
Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico
Educação em Saúde
Farmacologia
Neurociência e Comportamento Motor
Controle Motor
Disciplinas Optativas: a serem definidas
7.9.5.2 - Disciplinas pertencentes ao eixo específico da formação profissional
A. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: INTERVENÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NO CAMPO DA
APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE
Disciplinas Obrigatórias:
Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular I e II
Atividade Física para Pessoas com Deficiências Sensoriais e Múltiplas
Estrutura e Funcionamento dos Serviços de Saúde
Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes I e II
Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor I e II
Atividade Física para Pessoas com Deficiências Intelectuais e Distúrbios do
Comportamento
63
Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento Cardiorrespiratório
Princípios e Técnicas de Prescrição para a Flexibilidade
Princípios e Técnicas de Prescrição para o Exercício de Força
Princípios e Técnicas de Prescrição para a Intervenção sobre a Composição Corporal
Disciplinas Optativas: a serem definidas
A grade e fluxo curricular da Licenciatura para os períodos Integral e Noturno
são apresentados nas Tabelas 3 e 4.
Tabela 3: Disciplinas e fluxo curricular para o curso de Bacharelado em Educação Física, período Integral.
Bacharelado em Educação Física
Período Integral – (para ingressantes a partir do ano de 2015)
Estrutura Curricular: Resolução Unesp Nº 58, de 13/7/2017
Reconhecido pela Portaria CEE/GP N° 508, de 29/9/2017, Publicada no D.O.E. de 30/9/2017
Cód. Depto. Disciplina NC Pré-
Requisito Curso
1º Termo
BIO Anatomia Humana Geral 04 TC
DEF Bases Biológicas Da Educação Física 02 TC
DEF História da Educação Física 04 TC
DEF Atletismo 03 TC
DEF Práticas Formativas em Atletismo 01 TC
DEF Futebol 03 TC
DEF Práticas Formativas em Futebol 01 TC
CHU Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa 02 TC
DEF Atividades Rítmicas 03 TC
DEF Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 01 TC
Créditos 24
2º Termo
BIO Anatomia do Sistema Locomotor 04 TC
DEF Fisiologia Humana Geral 04 TC
DEF Primeiros Socorros 03 TC
DEF Práticas Formativas em Primeiros Socorros 01 TC
DEF Teoria da Educação Física 02 TC
CHU Filosofia e Educação Física 02 TC
DEF Handebol 03 TC
DEF Práticas Formativas em Handebol 01 TC
DEF Atividades Aquáticas 03 TC
DEF Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 01 TC
Créditos 24
3º Termo
64
DEF Biomecânica do Sistema Locomotor 03 TC
DEF Práticas Formativas em Biomecânica do Aparelho Locomotor
01 TC
DEF Crescimento e Desenvolvimento Humano 03 TC
DEF Práticas Formativas em Crescimento e Desenvolvimento Humano
01 TC
DEF Fisiologia do Exercício I 02 TC
DEF Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer 04 TC
DEF Prática Formativa em Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer
02 TC
DEF Voleibol 03 TC
DEF Práticas Formativas em Voleibol 01 TC
EP Noções Básicas de Estatística 02 TC
CHU Antropologia Cultural e Educação Física 02 TC
EDU Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais
04 TC
Créditos 28
4º Termo
DEF Capoeira 03 TC
DEF Práticas Formativas em Capoeira 01 TC
DEF Aprendizagem Motora 03 TC
DEF Práticas Formativas em Aprendizagem Motora 01 TC
DEF Medidas e Avaliação em Educação Física 03 TC
DEF Práticas Formativas em Medidas e Avaliação em Educação Física
01 TC
DEF Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico 03 TC
DEF Práticas Formativas em Bases Teórico-Prática do Treinamento Físico
01 TC
DEF Processos de Produção e do Conhecimento Científico em Educação Física I
02 TC
DEF Karatê 03 TC
DEF Práticas Formativas em Karatê 01 TC
DEF Dança 03 TC
DEF Práticas Formativas em Dança 01 TC
Créditos 26
5º Termo
DEF Basquetebol 03 TC
DEF Práticas Formativas em Basquetebol 01 TC
PSI Psicologia em Educação Física 02 TC
CHU Sociologia em Educação Física 02 TC
DEF Educação em Saúde 03 TC
DEF Práticas Formativas em Educação em Saúde 01 TC
DEF Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física II
02 PPCCEF -I TC
DEF Ginástica 04 TC
DEF Práticas Formativas em Ginástica 02 TC
Créditos 20
6º Termo
DEF Bioquímica aplicada ao Exercício Físico 02 B
DEF Farmacologia 02 B
DEF Fisiologia do Exercício II 02 FE - I B
DEF Controle Motor 04 B
65
DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular – I
02 B
DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular – I
02 B
DEF Atividade Física para Pessoas com Deficiências Sensoriais e Múltiplas
02 B
DEF Estágio Supervisionado para Pessoas com Deficiências Sensoriais e Múltiplas
02 B
DEF Neurociência e Comportamento Motor 04 B
DEF Estrutura e Funcionamento dos Serviços de Saúde
02 B
DEF Trabalho de Conclusão de Curso I 02 B
Créditos 26
7º Termo
DEF Princípios de Nutrição 02 B
DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – I
02 B
DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – I
02 B
DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – I
02 B
DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – I
02 B
DEF Atividade Física para Pessoas com Deficiências Intelectuais e Distúrbios do Comportamento
02 B
DEF Estágio Supervisionado em Atividade Física para Pessoas com Deficiências Intelectuais e Distúrbios do Comportamento
02 B
DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular – II
02 B
DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular – II
03 B
DEF Princípios e Técnicas da Prescrição para o Desenvolvimento da Aptidão Cardiorrespiratória
03 B
DEF Práticas Formativas em Princípios e Técnicas da Prescrição para o Desenvolvimento da Aptidão Cardiorrespiratória
01 B
Def Estágio Supervisionado em Princípios e Técnicas da Prescrição para o Desenvolvimento da Aptidão Cardiorrespiratória
02 B
DEF Optativa I 04 B
DEF Trabalho de Conclusão de Curso II 02 B
Créditos 31
8º Termo
DEF Princípios e Técnicas da Flexibilidade 03 B
DEF Práticas Formativas em Princípios e Técnicas da Flexibilidade
01 B
66
DEF Princípios e Técnicas da Prescrição para o Exercício de Força
03 B
DEF Práticas Formativas em Princípios e Técnicas da Prescrição para o Exercício de Força
01 B
DEF Estágio Supervisionado em Princípios e Técnicas da Prescrição para o Exercício de Força
02 B
DEF Princípios e Técnicas da Prescrição para a Intervenção em Composição Corporal
03 B
DEF Práticas Formativas em Princípios e Técnicas para a Intervenção em Composição Corporal
01 B
DEF Estágio Supervisionado em Princípios e Técnicas para a Intervenção em Composição Corporal
02 B
DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – II
02 B
DEF Estagio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – II
03 B
DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – II
02 B
DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – II
02 B
DEF Optativa II 04 B
DEF Trabalho de Conclusão de Curso II 02 B
Créditos 31
CHU: Departamento de Ciências Humanas; DEF: Departamento de Educação Física; EDU: Departamento de Educação; EP: Departamento de Engenharia de Produção; PSI: Departamento de Psicologia; TC: disciplinas do Tronco Comum aos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física; B: disciplinas específicas do Curso de Bacharelado em Educação Física.
Bacharelado em Educação Física: Integral – Duração do Curso: 4 Anos (Mínimo) / 7 Anos (Máximo)
- Créditos em Disciplinas do Currículo de Bacharelado 147 Créditos – 2205 H/A - Créditos em Disciplinas Optativas 08 Créditos – 120 H/A - Créditos em Estágio Supervisionado em Bacharelado 24 Créditos – 360 H/A - Créditos em Práticas de Ensino em Bacharelado 25 Créditos – 375 H/A - Atividades Acadêmico-Científico-Culturais 14 Créditos – 210 H/A
Total de Créditos Exigidos no Bacharelado 218 Créditos – 3270 H/A
Tabela 4: Disciplinas e fluxo curricular para o curso de Bacharelado em Educação Física, período Noturno.
Bacharelado em Educação Física
Período Noturno – (para ingressantes a partir do ano de 2015)
Estrutura Curricular: Resolução Unesp Nº 58, de 13/7/2017
67
Reconhecido pela Portaria CEE/GP N° 508, de 29/9/2017, Publicada no D.O.E. de 30/9/2017
Cód. Depto. Disciplina NC Pré-
Requisito Curso
1º Termo
BIO Anatomia Humana Geral 04 TC
DEF Bases Biológicas da Educação Física 02 TC
DEF História da Educação Física 04 TC
DEF Atletismo 03 TC
DEF Práticas Formativas em Atletismo 01 TC
DEF Futebol 03 TC
DEF Práticas Formativas em Futebol 01 TC
CHU Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa
02 TC
Créditos 20
2º Termo
BIO Anatomia do Sistema Locomotor 04 TC
DEF Fisiologia Humana Geral 04 TC
DEF Primeiros Socorros 03 TC
DEF Práticas Formativas em Primeiros Socorros 01 TC
DEF Teoria da Educação Física 02 TC
DEF Atividades Aquáticas 03 TC
DEF Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 01 TC
EP Noções Básicas de Estatística 02 TC
Créditos 20
3º Termo
DEF Crescimento e Desenvolvimento Humano 03 TC
DEF Práticas Formativas em Crescimento e
Desenvolvimento Humano 01 TC
DEF Atividades Rítmicas 03 TC
DEF Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 01 TC
DEF Fisiologia do Exercício I 02 TC
DEF Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer 04 TC
DEF Práticas Formativas em Jogos, Atividades
Lúdicas e Lazer 02 TC
DEF Biomecânica do Sistema Locomotor 03 TC
DEF Práticas Formativas em Biomecânica do Sistema
Locomotor 01 TC
Créditos 20
4º Termo
DEF Aprendizagem Motora 03 TC
DEF Práticas Formativas em Aprendizagem Motora 01 TC
EDU Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais
04 TC
DEF Karatê 03 TC
DEF Práticas Formativas em Karatê 01 TC
DEF Handebol 03 TC
DEF Práticas Formativas em Handebol 01 TC
DEF Capoeira 03 TC
DEF Práticas Formativas em Capoeira 01 TC
Créditos 20
5º Termo
DEF Ginástica 04 TC
DEF Práticas Formativas em Ginástica 02 TC
68
CHU Antropologia Cultural e Educação Física 02 TC
DEF Voleibol 03 TC
DEF Práticas Formativas em Voleibol 01 TC
DEF Educação em Saúde 03 TC
DEF Práticas Formativas em Educação em Saúde 01 TC
CHU Sociologia e Educação Física 02 TC
PSI Psicologia e Educação Física 02 TC
DEF Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física I
02 TC
Créditos 22
6º Termo
DEF Medidas e Avaliação em Educação Física 03 TC
DEF Práticas Formativas em Medidas e Avaliação em Educação Física
01 TC
DEF Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico 03 TC
DEF Práticas Formativas em Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico
01 TC
DEF Processos de Produção e do Conhecimento Científico em Educação Física II
02 PPCCEF - I TC
DEF Dança 03 TC
DEF Práticas Formativas em Dança 01 TC
DEF Basquetebol 03 TC
DEF Práticas Formativas em Basquetebol 01 TC
CHU Filosofia e Educação Física 02 TC
Créditos 20
7º Termo
DEF Princípios de Nutrição 02 B
DEF Princípios e Técnicas de Prescrição para a Intervenção em Composição Corporal
03 B
DEF Práticas Formativas em Princípios e Técnicas de Prescrição para a Intervenção em Composição Corporal
01 B
DEF Estágio Supervisionado Princípios e Técnicas de Prescrição para a Intervenção em Composição Corporal
02 B
DEF Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento da Capacidade Cardiorrespiratória
03 B
DEF Práticas Formativas em Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento da Capacidade Cardiorrespiratória
01 B
DEF Estágio Supervisionado Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento da Capacidade Cardiorrespiratória
02 B
DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – I
02 B
DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – I
02 B
DEF Princípios e Técnicas da Prescrição para a Flexibilidade
03 B
69
DEF Práticas Formativas em Princípios e Técnicas da Prescrição para a Flexibilidade
01 B
Créditos 22
8º Termo
DEF Bioquímica aplicada ao Exercício Físico 02
DEF Fisiologia do Exercício II 02 FE - I
DEF Controle Motor 04
DEF Neurociência e Comportamento Motor 04
DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular – I
02
DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular – I
02
DEF Estrutura e Funcionamento dos Serviços de Saúde
02
DEF Trabalho de Conclusão de Curso I 02 B
Créditos 20
9º Termo
DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – I
02 B
DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – I
02 B
DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular – II
02
DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular – II
03
DEF Atividade Física para Pessoas com Deficiências Intelectuais e Distúrbios do Comportamento
02 B
DEF Estágio Supervisionado em Atividade Física para Pessoas com Deficiências Intelectuais e Distúrbios do Comportamento
02 B
DEF Fisiopatologia e Exercício: Obesidade e Diabetes – II
02 B
DEF Estágio Supervisionado em Exercício para Obesidade e Diabetes – II
03 B
DEF Optativa I 04 B
DEF Trabalho de Conclusão de Curso II 02 B
Créditos 24
10º Termo
DEF Farmacologia 02 B
DEF Atividade Física para Pessoas com Deficiências Sensoriais e Múltiplas
02 B
DEF Estágio Supervisionado em Atividade Física para Pessoas com Deficiências Sensoriais e Múltiplas
02 B
DEF Princípios e Técnicas de Prescrição para o Exercício de Força
03 B
DEF Práticas Formativas em Princípios e Técnicas de Prescrição para o Exercício de Força
01 B
70
DEF Estágio Supervisionado em Princípios e Técnicas de Prescrição para o Exercício de Força
02 B
DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – II
02 B
DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – II
02 B
DEF Optativa II 04 B
DEF Trabalho De Conclusão de Curso II 02 B
Créditos 22
CHU: Departamento de Ciências Humanas; DEF: Departamento de Educação Física; EDU: Departamento de Educação; EP: Departamento de Engenharia de Produção; PSI: Departamento de Psicologia; TC: disciplinas do Tronco Comum aos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física; B: disciplinas específicas do Curso de Bacharelado em Educação Física.
Bacharelado em Educação Física: Noturno - duração do Curso: 5 Anos (Mínimo) / 9 Anos (Máximo)
- Créditos em Disciplinas do Currículo 147 Créditos – 2205 H/A - Créditos em Disciplinas Optativas 08 Créditos – 120 H/A - Créditos em Estágio Supervisionado em Bacharelado 24 Créditos – 360 H/A - Créditos em Práticas de Ensino em Bacharelado 25 Créditos – 375 H/A - Atividades Acadêmico-Científico-Culturais 14 Créditos – 210 H/A
Total de Créditos Exigidos 218 Créditos – 3270 H/A
Na Tabela 5, estão distribuídas as disciplinas do Curso de Bacharelado em
Educação Física e a carga horária por docente responsável.
71
Tabela 5: Disciplinas por docente no Curso (Integral e Noturno) de Bacharelado em
Educação Física.
NOME
TITULAÇÃO ACADÊMICA
REGIME DE TRABALHO
DISCIPLINA(S)
HORAS
SEMANAIS
Alessandro Moura Zagatto
Doutor RDIDP
Princípios e Técnicas da Prescrição para o Desenvolvimento da Aptidão Cardiorrespiratória Estágio Supervisionado em Princípios e Técnicas da Prescrição para o Desenvolvimento da Aptidão Cardiorrespiratória Princípios e Técnicas da Prescrição para Intervenção em Composição Corporal Estágio Supervisionado em Princípios e Técnicas da Prescrição para Intervenção em Composição Corporal
08
04
08
04
Anderson Saranz Zago
Doutor RDIDP
Medidas e Avaliação em Educação Física Educação em Saúde
08
08
Andresa Ugaya Doutor RDIDP Atividades Rítmicas Dança
08
08
Carlos Eduardo Lopes Verardi
Doutor RDIDP Ginástica 12
Cassiano Merussi Neiva
Livre-docente RTP
Fisiologia do Exercício I Fisiologia do Exercício II Bioquímica Aplicada ao Exercício Físico Princípios de Nutrição
04
04
04
04
Dagmar Aparecida Cyntia França Hunger
Livre-docente RDIDP Basquetebol História da Educação Física
08
08
Dalton Muller Pessoa Filho
Livre-docente RDIDP Biomecânica do Sistema Locomotor
08
72
Princípios e Técnicas da Prescrição para o Exercício de força Estágio em Princípios e Técnicas da Prescrição para o Exercício de força
08
04
Denise Aparecida Corrêa
Doutora RDIDP Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer
12
Emmanuel Gomes Ciolac
Livre-docente RDIDP
Primeiros Socorros Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico
08
04
Fábio Augusto Barbieri
Doutor RDIDP
Processo de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física I e II Controle Motor
08
08
Henrique Luiz Monteiro
Doutor RDIDP
Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico Estrutura e Funcionamento dos Serviços de Saúde Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: distúrbios do aparelho locomotor – II Estágio Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: distúrbios do aparelho locomotor – II
04
04
04
04
José Roberto Bosqueiro
Doutor RDIDP
Bases Biológicas da Educação Física Fisiologia Humana Geral Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: obesidade e diabetes – I Estágio em Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: obesidade e diabetes – I
04
08
04
04
Júlio Wilson dos Santos
Doutor RDIDP
Futebol Princípios e Técnicas de Flexibilidade
08
04
73
Lílian Aparecida Ferreira
Doutora RDIDP Handebol 08
Márcio Pereira da Silva
Doutor RDIDP
Atletismo Princípios e Técnicas da Prescrição para a Flexibilidade Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: obesidade e diabetes – II Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: obesidade e diabetes – II
08
04
04
06
Marli Nabeiro Doutor RDIDP
Atividade Física para Pessoas com Deficiências Sensoriais e Múltiplas Estágio em Atividade Física para Pessoas com Deficiências Sensoriais e Múltiplas
04
04
Milton Vieira do Prado Junior
Doutor RDIDP Atividades Aquáticas Voleibol
08
08
Paula Favaro Polastri Zago
Doutora RDIDP
Crescimento e Desenvolvimento Humano Neurociência e Comportamento Motor
08
08
Rubens Venditti Junior
Doutora RDIDP
Atividade Física para Pessoas com Deficiências Intelectuais e Distúrbios do Comportamento Estágio em Atividade Física para Pessoas com Deficiências Intelectuais e Distúrbios do Comportamento Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – I Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – I
04
04
04
04
74
Sandra Lia do Amaral Cardoso
Doutora RDIDP
Farmacologia Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: hipertensão e doenças cardiovasculares – I e II Estágio em Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: hipertensão e doenças cardiovasculares – I e II
04
08
10
Sérgio Tosi Rodrigues
Livre-docente RDIDP Aprendizagem Motora Karatê
08
08
Willer Soares Maffei
Doutor RDIDP Teoria da Educação Física 04
Departamento de Educação Física
Capoeira Optativas I e II Trabalho de Conclusão de Curso I e II
08
16
12
Departamento de Ciência Biológicas
Anatomia Humana Geral Anatomia do Sistema Locomotor
08
08
Departamento de Ciências Humanas
Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa
Filosofia e Educação Física Antropologia Cultural e Educação Física Sociologia e Educação Física
04
04
04
04
Departamento de Educação
Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais
08
Departamento de Engenharia de Produção
Noções Básicas de Estatística
04
Departamento de Psicologia
Psicologia e Educação Física 04
Obs.: Está computado a soma da carga para os períodos Integral e Noturno.
75
VIII – CARGA HORÁRIA DOCENTE E DEMANDA DE CONTRATAÇÃO
Na Tabela 6 está apresentada a carga horária anual de disciplinas dos docentes
do Departamento de Educação Física nos cursos de Bacharelado e Licenciatura em
Educação Física, nos cursos de pós-graduação, bem como a demanda de carga
horária sobre o Departamento de Educação Física sem docente responsável,
demonstrando uma carga horária média de 19,1 horas anuais de aulas na graduação,
visto que tem havido um rodízio entre os docentes para se ministrar as disciplinas
Optativas I e II dos cursos de licenciatura e bacharelado. Levando em consideração as
disciplinas ministradas na pós-graduação, esta carga horária média sobe para 23,7
horas anuais.
Tabela 6: Carga horária anual dos docentes do Departamento de Educação Física.
Docente Carga Horária Anual
TC Lic. Bac. Estágio* Total
Graduação Pós Total
Alessandro M. Zagatto - - 16 04 20 06 26
Anderson S. Zago 16 - - - 16 06 22
Andresa Ugaya 16 - - - 16 - 16
Carlos E. L. Verardi 12 - - - 12 06 18
Cassiano M. Neiva 04 - 12 - 16 06 22
Dagmar A. C. F. Hunger 16 - - - 16 12 28
Dalton M. Pêssoa Filho 08 - 08 02 18 04 22
Denise A. Corrêa 12 12 - - 24 - 24
Emmanuel G. Ciolac 12 - - - 12 06 18
Fábio A. Barbieri 08 - 08 - 16 06 22
Henrique L. Monteiro 04 - 08 02 14 06 20
José R. Bosqueiro 12 - 04 02 18 04 22
Júlio W. Santos 08 - 04 - 12 06 18
Lilian A. Ferreira 08 12 - - 20 08 28
Márcio P. Silva 08 - 08 03 19 - 19
Marli Nabeiro - 08 04 02 14 - 14
Mauro Betti - 20 - - 20 04 24
Milton V. Prado Júnior 16 - - - 16 - 16
Paula F. P. Zago 08 - 08 - 16 04 20
76
Rubens Venditti Júnior - - 08 04 12 09 21
Sandra L. A. Cardoso - - 12 05 17 06 23
Sérgio T. Rodrigues 16 - - - 16 06 22
Willer S. Maffei 04 - 12 - 16 - 16
Departamento de EDUCAÇÃO FÍSICA
08 28 28 - 64 - 64
Carga horária anual média por docente
19.1 23,7
*Os Estágios Supervisionados foram computados na fração de 50% na carga horária do docente.
Devido às adequações no currículo do curso de Licenciatura, ocorridas em
atendimento às alterações de legislação recentes (Deliberação CEE n. 111/2012,
Deliberação CEE n. 126/2014 e Deliberação CEE n. 132/2015), houve a criação de
disciplinas ("Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais" e "Tecnologias da
Informação e Comunicação, Mídias e Educação Física"), bem como o aumento de
carga horária de algumas disciplinas já existentes ("Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer",
"Educação Física Escolar I", "Educação Física Escolar II" e "Educação Física Escolar
III"). Com isso, os docentes atuantes (ou com perfil de atuação) no Curso de
Licenciatura apresentam uma carga horária média de 21,1 horas anuais de aulas na
graduação, a qual sobe 24,8 horas anuais quando levado em consideração as
disciplinas ministradas pós-graduação (Tabela 7). Com isso, evidencia-se a
necessidade de se contratar ao menos 2 (dois) docentes em regime de RDIDP para
atender às demandas do Curso de Licenciatura, em virtude das adequações ocorridas
em atendimento às alterações de legislação acima mencionadas.
77
Tabela 7: Carga horária anual dos docentes do Departamento de Educação Física
atuantes ou com perfil de atuação no Curso de Licenciatura.
Docente Carga Horária Anual
TC Lic. Bac. Estágio* Total
Graduação Pós Total
Andresa Ugaya 16 - - - 16 - 16
Dagmar A. C. F. Hunger 16 - - - 16 12 28
Denise A. Corrêa 12 12 - - 24 - 24
Lilian A. Ferreira 08 12 - - 20 08 28
Marli Nabeiro - 08 04 02 14 - 14
Mauro Betti - 20 - - 20 04 24
Milton V. Prado Júnior 16 - - - 16 - 16
Rubens Venditti Júnior - - 08 04 12 09 21
Willer S. Maffei 04 - 12 - 16 - 16
Departamento de EDUCAÇÃO FÍSICA
08 28 - 36 - 36
Carga horária anual média por docente
21,1 24,8
*Os Estágios Supervisionados foram computados na fração de 50% na carga horária do docente.
Há ainda 2 (dois) docentes atuantes no Curso de Licenciatura irão se aposentar
nos próximos 12 meses, sendo um (Mauro Betti) em dezembro de 2016 e outro (Marli
Nabeiro) em julho de 2017. Dada a impossibilidade de outros docentes ministrarem as
disciplinas sob a responsabilidades dos docentes que se aposentarão, seja pela
sobrecarga de carga horária, bem como devido a especificidade dos conteúdos das
disciplinas em questão, a necessidade de contratação de docentes em RDIP fica maior
e ainda mais evidente. Ressalta-se ainda que uma das disciplinas sob responsabilidade
do docente Mauro Betti foi criada para atender às recentes alterações de legislação
(Tecnologias da Informação e Comunicação, Mídias e Educação Física), enquanto que
uma das disciplinas sob responsabilidade da docente Marli Nabeiro (Educação Física
para Pessoas com Deficiência), embora já presente na grade curricular anterior,
também atende às recentes alterações de legislação. Com isso, fica evidente a
necessidade de se contratar 4 (quatro) docentes em regime de RDIDP para atender às
alterações curriculares do Curso de Licenciatura presentes neste projeto político-
pedagógico, levando-se em consideração as 2 (duas) aposentadorias citadas.
78
Os docentes de outros Departamentos de Ensino que atenderão à nova
proposta de Projeto Político Pedagógico da Educação Física, estão apresentados na
Tabela 8.
Tabela 8: Docentes de outros Departamentos de Ensino que atuam nos cursos de
Licenciatura e Bacharelado em educação Física.
NOME (DEPARTAMENTO)
TITULAÇÃO REGIME DE TRABALHO
DISCIPLINA(S)* CARGA
HORÁRIA
Carlos Alberto Vicentini (BIO) Sergio Pereira (BIO)
Livre-docente
Doutor
RDIDP
RDIDP
Anatomia Humana Geral (TC) Anatomia do Sistema Locomotor (TC)
08
08
Departamento de Ciências Humanas Caroline Kraus Luvizotto (CHU) Larissa Maués Pelúcio Silva (CHU) Departamento de Ciências Humanas
Doutora
Doutora
RDIDP
RDIDP
RDIDP
RDIDP
Filosofia e Educação Física (TC) Sociologia e Educação Física (TC) Antropologia Cultural e Educação Física (TC) Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa (TC)
04
04
04
04
Departamento de Educação Departamento de Educação Departamento de Educação Departamento de Educação Departamento de Educação Departamento de Educação Departamento de Educação Luciene Ferreira da Silva (EDU)
Doutora
RDIDP
Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais Psicologia da Educação (L) História da Educação (L) Sociologia da Educação (L) Filosofia da Educação (L) Didática e Educação Física (L) Estrutura e Política da Educação Básica (L) Lazer e Educação (L)
08
04
04
04
04
08
04
08
79
Fernanda Rossi (EDU) Luciene Ferreira da Silva (EDU) Fernanda Rossi (EDU)
Doutora
Doutora
Doutora
RDIDP
RDIDP
RDIDP
Estágio Supervisionado em Educação Física Infantil e no 1o ao 5o anos do Ensino Fundamental (L) Estágio Supervisionado em Educação Física do 6o ao 9o anos do Ensino Fundamental (L) Estágio Supervisionado em Educação Física no Ensino Médio (L)
18
18
18
Departamento de Engenharia de Produção
Doutor RDIDP Noções Básicas de Estatística (TC)
04
Departamento de Psicologia
Doutor RDIDP Psicologia e Educação Física (TC)
04
BIO: Departamento de Ciências Biológicas; EDU: Departamento de Educação; TC: disciplinas do tronco comum às modalidades; L: disciplinas específica da Licenciatura; B: disciplinas específicas do Bacharelado.
IX – DEMANDA DE INFRAESTRUTURA
O processo de aprovação dos novos cursos (integral e noturno) de Bacharelado
em Educação Física em adição aos de Licenciatura já existentes (chamados de BAC-
LIC) da Faculdade de Ciências, que tramitou nos colegiados no ano de 2010, foi
aprovado no Conselho Universitário em 28/04/2011, tendo seu início em março de
2012 (currículos 2608 e 2609). No Projeto Político Pedagógico do curso em questão foi
aprovada a necessidade de infraestrutura no valor total de R$ 900.000,00 (novecentos
mil reais - valores não corrigidos) para a construção de quatro salas de aula,
construção da sala de artes marciais, ampliação da sala de musculação e reforma da
pista de atletismo. No ano de 2013, o ofício circular 06/2013 da PROGRAD, assinado
pelo Prof. Dr. Laurence Duarte Colvara - Pró-Reitor de Graduação, indicava a liberação
da verbas para as obras do BAC-LIC.
Os primeiros passos do processo chegaram a ser realizados, havendo a
realização de sondagem do terreno da Praça de Esportes (conforme fotos presentes no
documento do ANEXO 2) para tal finalidade. No entanto, surpreendentemente, as
80
obras não ocorreram e as informações e explicicações ao Departamento de Educação
Física sobre a interrupção desse processo nunca foram claras e suficientes.
Uma lista de anexos (vide ANEXO 2) qualifica e detalha o histórico de
comunicação sobre as referidas necessidades de infraestrutura, conforme segue:
- Ata da 205a Sessão Ordinária do Conselho Universitário da Universidade
Estadual Paulista, realizada no dia 28/04/2011 (página 6, linhas 9-19;
Aprovação da Reestruturação do Curso de Licenciatura em Educação
Física, com a Criação da Modalidade Bacharelado);
- Documentos analisados e aprovados na 205a Sessão Ordinária do
Conselho Universitário da Universidade Estadual Paulista, realizada no
dia 28/04/2011: Informação no 11/2011-PROGRAD; Parecer no 41/2011-
CCG/SG; Despacho no 25/2011-CCG/SG; Despacho no 35/2011
CEPE/SG; Ofício no 24/2011-APE; Parecer no 110/2011-CCD;
- Ofício no 080/2011-D.FC sobre a Necessidade de infraestrutura com
criação do curso de Bacharelado em Educação Física, encaminhado
pelo Diretor da FC Prof. Dr. Olavo Speranza de Arruda ao MD. Vice-
Reitor da UNESP no exercício da Reitoria Prof. Dr. Julio Cezar Durigan,
datado de 01/07/2011, contendo ofício no 042/2011-D.EF do Chefe do
DEpartamento de Educação Física Prof. Dr. Milton Vieira do Prado
Júnior, datado de 16/06/2011;
- Ofício Circular no 152/2011-D.FC sobre reiteração de solicitação
encaminhada através do Ofício 080/2011-D.FC, encaminhado pelo
Diretor da FC Prof. Dr. Olavo Speranza de Arruda ao Assessor Chefe da
APLO-UNESP/Reitoria Prof. Dr. Roberval Daiton Vieira, datado de
15/12/2013;
- Ofício no 06/2013-PROGRAD sobre liberação de verbas, encaminhada
pelo Prof. Dr. Laurence Duarte Colvara- Pró-Reitor de Graduação,
datado de 22/02/2013;
- Ofício no 023/2013-D.FC sobre Atendimento ao Ofício Circular 06/2013-
PROGRAD, encaminhado pelo Diretor da FC Prof. Dr. Olavo Speranza
de Arruda ao MD. Pró-Reitor de Graduação da UNESP Prof. Dr.
Laurence Duarte Colvara, datado de 20/03/2013, contendo Ofício no
031/2013-D.EF do Chefe do Departamento de Educação Física Prof. Dr.
Milton Vieira do Prado Júnior, datado de 20/03/2013, no qual há
81
descrição das obras aprovadas a serem realizadas, no valor total de R$
900.000,00 (novecentos mil reais);
- Ofício no 013/2014-D.FC sobre Construção do Prédio para Salas de Aula
do Departamento de Educação Física, encaminhado pela Diretora da FC
Profa. Dra. Dagmar Aparecida Cynthia França Hunger a MD. Vice-
Reitora da UNESP Profa. Dra. Marilza Vieira Cunha Rudge, datado de
05/02/2014, contendo ofício no 009/2014-D.EF do Chefe do
Departamento de Educação Física Prof. Dr. Julio Wilson dos Santos,
datado de 04/02/2014.
Em suma, a documentação resgata acima, e apresentada de maneira detalhada
no ANEXO 2, mostra com clareza que a construção de prédio com quatro salas de aula
(a primeira prioridade entre as obras planejadas), bem como da construção da sala de
artes marciais, ampliação da sala de musculação e reforma da pista de atletismo, foi
prevista como necessária à implantação do Bacharelado em Educação Física em
adição aos de Licenciatura já existentes (BAC-LIC currículos 2608 e 2609), teve seu
mérito avaliado pela PROGRAD, foi aprovada pelo Conselho Universitário, teve
recursos previstos em orçamento da Universidade e, de modo inexplicável, não
ocorreu. Uma
vez que, após esses cinco anos de espera, a necessidade pelas referidas construções
aumentaram ainda mais devido ao aumento no número de turmas (cursos em
andamento desde 2012), ao impacto negativo da infraestrutura atual na formação do
aluno de graduação, conforme observado pelos relatórios das Comissões Externas de
Avaliação (vide ANEXO 2), bem como à falta de segurança para os alunos dos Cursos
de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física (vide ANEXO 2). Sendo assim,
reiteramos a necessidade da referida infraestrutura para implantação do presente
Projeto Político Pedagógico.
X – REINGRESSO
Conforme a Resolução UNESP nº 27 de 04 de maio de 1995, fica estabelecido o
reingresso para que os alunos integralizem ambas as modalidades (Licenciatura e
Bacharelado), a partir de seu ingresso inicial via vestibular. Para tanto, os alunos de
deverão observar as seguintes disposições:
82
a) os alunos serão selecionados e cursarão a outra modalidade,
conforme as normas fixadas pelo Conselho de Curso, aprovadas pela
Congregação da Faculdade de Ciências e homologadas pelo CEPE;
b) os alunos deverão obter o grau oferecido pela outra modalidade,
observando o prazo máximo para a integralização prevista no
currículo inicial de sua entrada;
c) serão disponibilizadas até vinte (20) vagas em cada modalidade para
o reingresso do aluno que já tenha concluído uma das modalidades,
tendo como limite o número de 40 vagas em cada modalidade, após o
núcleo comum do curso, sem a necessidade de duplicação de
salas/turmas por modalidade, em cada período de oferecimento.
top related