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III Encontro de Meio Ambiente UVA/UNAVIDA Desertificao: Implicaes socioambientais no Semirido Brasileiro
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UTILIZAO DO REJEITO DA DESSALINIZAO DA GUA NA CRIAO DE
CAMARES E TILPIAS NA REGIO DO SEMIRIDO PARAIBANO
Christiane Jssika Vidal dos Santos Universidade Federal de Campina Grande Adriano Oliveira Universidade Estadual da Paraba
Joo Paulo Vidal dos Santos - Universidade Vale do Acara
RESUMO: A atividade de criao de peixes e outros organismos aquticos, a exemplo do
camaro, vm se expandindo rapidamente nos ltimos anos pelo interior do Nordeste,
transformando-se numa indstria que movimenta a circulao de capital e amplia o mercado
consumidor desses produtos. O semirido por se tratar de uma regio seca e descapitalizada,
porm farta de guas salinas em seu subsolo e necessitando de novas fontes de renda, tornou-
se uma rea favorvel a tcnica de produo de seres aquticos em cativeiro. O
desenvolvimento da atividade aquicultora no semirido paraibano trouxe riqueza para regio
refletindo na melhoria da qualidade de vida da populao. O estudo desse trabalho tem o
propsito de se analisar os impactos causados no meio ambiente, em especial sobre o solo e a
vegetao devido a intensa deposio dos sais decorrente do rejeito produzido pelo processo
de dessalinizao que abastece os viveiros criadouros dos camares e das tilpias. A pesquisa
se desenvolveu no povoado de Poleiros no municpio de Barra de Santa Rosa-PB, onde para
verificar os impactos foi feito anlise do pH do solo e de sua composio qumica, submetidos
a anlise estatstica dos dados. Realizou-se tambm, observaes de mudanas ocorridas na
vegetao local, a partir de uma anlise in loco, ressaltando alguns problemas devido a
procedncia na forma do manejo da atividade. Em contrapartida, so apresentados alguns
comentrios sobre a viabilidade econmica dessa atividade, fornecendo subsdios para sua
continuidade, e para isso, preparou-se uma reviso terica e uma anlise in loco sobre o
assunto, abordando principalmente o cultivo das espcimes em gua salgada na regio
semirida paraibana, e relatando os efeitos socioambientais causados pelo seu cultivo. Este
trabalho faz um levantamento das condies ambientais da rea, como forma de alertar para o
comprometimento de suas potencialidades. Desta forma, o contedo dessa pesquisa poder
servir no s para os interessados no assunto, mas tambm, para aqueles que buscam a
ampliao dessa atividade na regio.
Palavras-Chave: viabilidade, impactos ambientais, semirido.
ABSTRACT: The activity of raising fish and other aquatic organisms, such as shrimp, are
expanding rapidly in recent years by the Northeast, becoming an industry that drives the
movement of capital and expands the consumer market these products. The semiarid because
it is a dry and undercapitalised region, but sick of salinas in his basement and needing new
sources of income waters, has become an area that favors the production technique of aquatic
creatures in captivity. The development of aquicultora activity in semiarid Paraiba brought
wealth to the region reflecting the improved quality of life. The study of this paper aims to
analyze the impacts on the environment, particularly on soil and vegetation due to intense
deposition of salts derived from tailings produced by the desalination process that supplies the
breeding nurseries for shrimp and tilapia . The research was developed in the town of perches
in Barra de Santa Rosa -PB, where to verify the impacts analysis was made of soil pH and
chemical composition, subjected to statistical analysis. Was also carried out , observations of
changes in the local vegetation from a spot analysis, highlighting some problems due to the
merits in the form of management activity. In contrast, we present some comments on the
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economic viability of this activity, supporting its continuity, and for this, he prepared a
theoretical review and an analysis spot on the subject, addressing mainly the cultivation of
specimens in salt water in the region paraibana semiarid, and reporting the environmental
effects caused by cultivation. This work considers the environmental conditions of the area as
a way to draw attention to the commitment of its potential. Thus, the content of this research
may serve not only for those interested in the subject, but also for those who seek an
extension of this activity in the region.
Keywords: feasibility, environmental impacts, semiarid.
INTRODUO
A atividade de aquicultura estuda tcnicas de cultivo no s de peixes, mas tambm de
crustceos (como o camaro ou lagosta), moluscos (como o polvo e a lula), algas e outros
organismos que vivem em ambientes aquticos (EMBRAPA, 2009). O desenvolvimento da
aquicultura trouxe para os agricultores do municpio de Barra de Santa Rosa uma nova fonte
de subsistncia, aumentando a renda da populao e refletindo na melhoria da qualidade de
vida da comunidade (FRANCISCO, 2004). Entretanto, essa atividade vem paulatinamente
causando impactos ao ambiente onde se realiza. Portanto, a pesquisa analisou algumas
mudanas ambientais que o manejo dessa atividade vem causando no solo da regio devido a
utilizao das guas de rejeito para abastecer os viveiros. A alta temperatura acelera o
processo de evaporao, deixando em reas onde so lanados os rejeitos grandes teores de
sais aps a evaporao, deixando das guas (BRANCO, 1997). Os sais ao se infiltrar so
adicionados na zona radicular do solo, aumentando de concentrao medida que, a
vegetao consome por evapotranspirao grande parte da gua armazenada, ficando os sais
em volumes cada vez menores da gua remanescente no solo.
Desta forma, pode reduzir o desenvolvimento vegetal, quando alcanam altas
concentraes, uma vez que vai requerer desta mais energia para absorver a gua do solo. No
entanto, os efeitos como paralisao do crescimento, danos nas folhas e necroses, aparecem
depois que as culturas tm sido expostas s condies de alta salinidade por tempo
prolongado (AYERS, 1991). Na busca do controle da salinidade, foi introduzida na rea
destinada a aquicultura, um arbusto nativo do deserto da Austrlia, a Atriplex. Esse arbusto
resistente a salinidade, possui grande capacidade de regenerao e retira o sal do solo. Alm
desta, outras plantas adaptadas s reas salinas vem se expandindo na regio. A aquicultura
encontra as condies favorveis de adaptabilidade, tanto pelos recursos naturais que esta rea
lhe oferece, quanto pela questo socioeconmica, levando em considerao s necessidades
econmicas da populao, desde que se realize de forma adequada ao ambiente.
A aquicultura no Brasil
A atividade pesqueira uma prtica que vem ocorrendo cada vez com maior
intensidade pelo mundo, nas ltimas dcadas. No entanto, entre as diversas espcies de
animais aquticos utilizados no desenvolvimento da aquicultura, merece destaque as tilpias e
os crustceos muito consumidos pelos povos dos pases desenvolvidos, principalmente do
Oriente, pelo seu grande valor nutritivo, o que tem atrado uma ateno maior no mercado
interno e externo.
A criao da tilpia em viveiros j era uma prtica comum no Brasil, com o prodigioso
avanos comerciais e tcnicos a produo global de tilpia mais do que dobrou na ltima
dcada, passando de 1,5 milhes de toneladas em 2003 para 3,2 milhes de toneladas em
2010, devido principalmente expanso da aquicultura. Nativo da frica, esse peixe
invasor foi trazido para o Brasil na dcada de 70. O animal, de carne suave e firme, se
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adaptou to bem em nossas guas que, atualmente, representa mais de 60% do cultivo de
pescados em viveiro em todo o pas. Sua adaptao conquistou mercados externos tornando-
se um dos produtos cujo consumo mais aumenta no mundo, impulsionado pela popularizao
nos EUA, na Unio Europeia e na China (AZEVEDO; NETO; LIMA:, 2010).
Apesar do sucesso indiscutvel, a produo ainda est longe de ser sustentvel uma
srie de estudos associa a criao de tilpias riscos potenciais ao meio ambiente, que vo
desde a deteriorao da qualidade das guas disseminao de parasitas. Para turbinar a
produtividade, elas recebem uma rao especial base de cereais (como soja e milho) e
hormnios de reverso sexual durante os primeiros 20 dias de vida. Alm de garantir aumento
de peso, essa alimentao transforma a maior parte da populao de peixes em machos - que
crescem quase trs vezes mais do que as fmeas.
A introduo do camaro como atividade paralela na criao das tilpias, ocorreu pela
busca na ampliao do mercado externo, j que sua produo no atingia os patamares de
exportao necessrio para ampliao dos lucros na aquicultura. Tal fato deve-se a resistncia
no consumo da tilpia, em especial na regio do oriente. A atividade de carcinicultura de
criao de camaro se insere no mercado aquicultor brasileiro em meados da dcada de 1980,
com a expanso de exemplares de camares de gua doce da espcie Macrobrachium
rosembergi, que se adaptou s nossas condies climticas.
Na tentativa de atender s necessidades do mercado, desenvolveu-se em escala
industrial, a carcinicultura marinha introduzindo uma extica espcie Penaus japonicus,
porm a mesma no suportou os nves de teor salino nas reas brasileiras onde ocorria o
cultivo. A inaptido desta espcie a salinidade, levou a sua substituio, e desde 1990, as
atividades foram redirecionados para espcies resistentes, principalmente, a Litopenaeus
vannamei (ARAJO, 2003). Um dos pioneiros na criao da L. vannamei, o suo Werner
Jost, encontrou no incio da atividade dificuldades devido distncia da rea onde era
encontrada a espcie costa ocidental do Oceano Pacfico sendo as larvas do L. vannamei, trazidas por via area, o que tornava o Brasil dependente da importao de reprodutores e
larvas (FRANCISCO, 2004).
No Nordeste brasileiro a carcinicultura de gua doce no teve o grande
desenvolvimento esperado, embora apresente excelentes condies ambientais, em virtude das
caractersticas favorveis da regio em que est inserido (altas temperaturas, tempo de
insolao, regime de chuvas irregulares, entre outra) e um manancial de gua superficiais em
represas e audes de pequeno mdio e grande porte, alm de reservatrios subterrneos, o que
propiciou a carcinicultura em guas salobras e salinas.
Apesar do pouco desenvolvimento na carcinicultura nordestina, esta uma regio que
apresenta condies para expanso dessa atividade, j que o seu cultivo uma alternativa de
viabilidade econmica e social para gerao de renda e emprego. O cultivo de camaro no
depende de chuvas, utiliza gua salgada, terras improdutivas e emprega 90% de mo de obra
sem exigncia de qualificao profissional (ROCHA e FRANCISCO, 2004).
O crescimento da carcinicultura deve-se introduo de novas tcnicas de cultivo,
melhorias nos viveiros, seleo de espcies e o manejo na forma de criao. Dentre essas
tcnicas vale salientar a importncia dos fatores fsico-qumicos da gua tais como
temperatura, oxignio dissolvido e pH, sendo os nveis de salinidade um dos principais fatores
que influencia nos resultados de sobrevivncia dos organismos aquticos.
O ingresso do estado da Paraba na carcinicultura ocorreu em meados da dcada de
1990, com a introduo da espcie L. vannamei do Pacfico. A opo por esta atividade
econmica deve-se a sua adaptao s regies semiridas do estado e a gerao dos empregos
permanentes, j que a produo do camaro em viveiros acontece de janeiro a dezembro,
independente de chuvas e perodos de entressafra, tornando-se a segunda mais importante do
setor primrio, perdendo apenas para cana-de-acar (PAPES, 2004).
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Desenvolvimento da aquicultura em Barra de Santa Rosa
O povoado de Poleiros localizado na zona rural do Municpio Barra de Santa Rosa foi
uma das reas da regio do semirido da Paraba que passou a criar camares e tilpias em
cativeiro. O municpio que segundo Lucena (1995) um dos mais pobres do Brasil, encontrou
nesta atividade novas perspectivas para a populao.
O desenvolvimento da atividade em Poleiros ocorreu a partir de 2001 quando a
perfurao de um poo artesiano por parte do governo municipal em busca de gua para a
populao local encontrou alto teor de salinidade da gua, o que tornava a mesma imprestvel
ao consumo humano. Para resolver o problema, a prefeitura municipal com apoio da UFCG
adquiriu um dessalinizador para a retirada do sal da gua, no entanto, a filtragem resultava em
um rejeito de gua com altas concentraes de sais. Alm de intil para o consumo, o rejeito
no poderia ser jogado nos rios ou na vegetao caatinga de maneira descontrolada, uma vez
que pode contaminar e esterilizar o solo.
A Soluo encontrada foi a utilizao do rejeito para abastecimento de oito viveiros numa rea de 4,5 hectares, onde iniciaram a criao de tilpias e algum tempo depois
passaram a criar camares da espcie L. vannmei batizado pela populao de Poleiros de
camaro mandacaru. Aproximadamente 600 filhotes de camaro eram colocados em cada
viveiro, porm cerca de 50% no atingiam a fase de despesca, devido ao dos predadores,
principalmente as larvas da liblula e os sapos. Esses tanques num total de 8 com 400m,
podem produzir no ciclo de trs meses aproximadamente 100 kg de camares com tamanho
entre 14 e 15cm, que garante a sobrevivncia das 12 famlias que montaram uma cooperativa
denominada COAGRIL.
Viabilidade e impactos
A aquicultura tem levado renda e novas alternativas de condies socioeconmicas s
regies atingidas pela seca, fome e misria, propiciando a melhoria da qualidade de vida e
garantindo a fixao da populao no seu local de origem.
Em se tratando da carcinicultura, segundo a ABCC (Associao Brasileira de
Criadores de Camaro), a Paraba um dos estados brasileiros que vem apresentando um
crescimento nas exportaes de camaro, acima da mdia nacional. O camaro que antes era
comercializado apenas no prprio estado (para Campina Grande), agora exportado para
outros pases a exemplo dos Estados Unidos, Frana, Espanha, Itlia, Portugal, Blgica e
Holanda. No entanto, o volume das exportaes superior a produo do prprio estado,
ocorrendo essa diferena devido compra excedente de outros estados, principalmente do Rio
Grande do Norte, com o objetivo de cumprir as necessidades da demanda internacional e os
contratos de comrcio com outros pases (PAPES, 2004).
Embora as benesses da atividade aquicultora sejam evidentes, o destino da gua
utilizada nos viveiros o problema em questo, j que so constantemente lanadas no solo
da regio que por drenagem pode atingir outros lenis freticos e deix-los ainda mais
salinos. As altas temperaturas da regio aceleram o processo de evaporao, deixando em
reas onde so lanados os rejeitos, um grande teor de sal aps a evaporao das guas
(SUASSUNA, 1998).
A espcie de crustceos L. vannamei, criada nos viveiros de Poleiros sendo oriunda do
Pacfico, desconhecida para o povo da regio quanto a sua capacidade de proliferao de
doenas trazidas de seus ambientes exticos para outros seres das reas aquticas de Poleiros,
como a tilpia, criada com as guas dos viveiros de camares. Alm disso, tanto os camares
como o as tilpias, alimentam-se de rao comercial a base de milho e soja, incluindo tambm
farinha de peixe, de carne e de osso, o que causa a poluio hdrica pelo acmulo de matria
orgnica no fundo dos viveiros devido aos restos da alimentao dos animais.
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O aumento do aporte de nitrognio e fsforo na gua, resultante da deposio orgnica
pode desencadear o processo de eutrofizao ambiental, ou seja, a proliferao desse material
na multiplicao de matria vegetal que por decomposio, causa a diminuio do oxignio
necessrio vida animal comprometendo assim a estabilidade do ecossistema aqu tico (MALTCHICK, 1996). Esse processo impede a entrada de luz, facilita a proliferao de algas,
dificulta a sobrevivncia de outros seres vivos no meio e quando causa sedimentao na gua
pode dar ao peixe ou crustceo um gosto ou sabor indesejvel (AZEVEDO; NETO.; LIMA,
2010).
O processo de criao do camaro e da tilpia propicia ainda mais a salinizao, uma
vez que, as guas dos viveiros so reaproveitadas em plantaes nas reas entorno dos
viveiros que passa a receber cada vez mais sal devido o escoamento e infiltrao das guas
dos rejeitos. A atividade desenvolvida na rea contribui para o processo de degradao do
semirido, j que nas reas destinadas a atividade, o desmatamento e as queimadas vm
ocorrendo com frequncia, cedendo espaos para novos viveiros. A retirada da vegetao
nativa causa a impermeabilidade do solo e deixa-se exposto radiao solar, levando-o a uma
contnua evaporao, fazendo com que a gua das camadas mais profundas, suba por
capilaridade deixando eflorescncias de sais na superfcie.
Um dos maiores problemas est na salinidade do solo onde so despejados os rejeitos
provenientes dos viveiros. Para amenizar o problema foi introduzida a Atriplex (nummularia
lindl.), um arbusto nativo do deserto da Austrlia, tambm conhecida como erva-sal. A
Atriplex uma planta resistente salinidade, no exigindo solos de boa fertilidade, nem gua
em abundncia, e funciona como um filtro, que aos poucos retira o sal da terra e reduz a
salinidade do solo, no entanto, a sua proliferao vem substituindo a caatinga, vegetao
nativa e endmica do local. A implantao de plantas aliengenas provocam brutais impactos
sobre o ambiente e so profundamente prejudiciais flora e fauna nativas (ANDRADE,
1994).
MATERIAIS E MTODOS
O municpio de Barra de Santa Rosa se localiza na mesorregio do Agreste paraibano,
includo na microrregio do Curimata Ocidental, com uma populao de 14.160 habitantes
(IBGE, 2010) distribudas numa rea de 798,46 km2, sendo o espao onde se desenvolveu
efetivamente a aquicultura representado pela povoado de Poleiros, que localiza-se na zona
rural ao Norte do municpio distando 16 Km da sede da cidade. caracterizado por uma rea
de habitaes dispersas onde as famlias dedicam-se ao projeto de aquicultura/carcinicultura.
A pesquisa foi realizada numa rea de 4,5ha-1
, destinada a criao em cativeiro de
camares e tilpias de gua salgada. Por se tratar de uma rea com solo classificado como
Luvissolo Crmico rtico (BRASIL, 1999) pouco profundo apresentando pedregosidade e/ou
rochosidade na superfcie, foi coletado amostras de solo nas profundidades de 0-10; 10-20; e
20-30 cm em trs condies: sem a presena do rejeito (testemunha), solo com rejeito e solo
com rejeito na presena da Atriplex. As amostras de terra foram secas ao ar, destorroada e
peneirada, sendo cada amostra de profundidade dividida em frascos com 5g de terra e 20mL
de gua para anlise de pH e anlise qumica do solo da presena da matria orgnica (MO) e
dos elementos, N, P, K, Ca, Cl, Na e Mg. Os resultados das anlises foram realizadas pelo
laboratrio de Fertilidade do Solo e Nutrio de Plantas da UFPB, Campus de Areia que
segue os critrios de anlises estabelecidos pela Embrapa Solos.
Os resultados foram submetidos a anlise de varincia e a comparao das mdias pelo
teste de Tukey considerando os nveis de 5 e 1% de probabilidade para determinao do grau
de significncia.
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RESULTADOS E DISCUSSO
A produo das tilpias e dos camares de gua salgada rende uma despesca
produtiva e de qualidade. A comercializao do produto realizada pela Coagril Cooperativa Agroindustrial Ltda., que cobra R$ 12,00 por quilo do produto. J os
revendedores, entre eles algumas redes de supermercados, cobram em mdia, R$ 26,00 pelo
mesmo camaro, j a tilpia vendida pela cooperativa a R$ 9,00 e encontrada no mercado a
um valor em mdia de R$ 18,00 por quilo.
A viabilidade da atividade notria, j que se observou uma mudana na qualidade
de vida das famlias de poleiros, no entanto sua continuidade sem o manejo adequado ameaa
sua prpria manuteno e das condies ambientais propcias a outras atividades.
Atravs da anlise qumica isolada do solo onde esto os viveiros em comparao a
rea onde no se desenvolve a atividade, verificou-se uma variao dos valores de pH e da
disponibilidade dos nutrientes como fsforo, cloro, clcio e magnsio (Tabela 1) com
tendncia de diminuio ao longo do perfil. Essas caractersticas so comuns em solos salinos
ou sdicos, o que pode indicar uma mudana na fertilidade do solo em virtude dos depsitos
que tem recebido de sais atravs do rejeito da dessalinizao.
Tabela 1: Resultados da anlise qumica do solo em trs condies
Condio
do Solo
Prof.
(cm)
pH
(gua)
MO
(g/kg)
P
K
Na
Cl
Ca
Mg
.................(mg/dm3)............... ..........mmol/L
-1.......
Sem
Rejeito
0-10
10-20
20-30
6,5
6,6
6,5
13,7
6,8
4,2
24,4
11,4
7,0
301,2
297,3
233,2
85,4
74,3
42,8
3,9
3,0
2,2
2,2
2,2
2,6
1,1
0,9
0,9
Com
Rejeito
0-10
10-20
20-30
7,5
7,4
7,5
9,3
5,8
4,0
22,1
9,9
5,8
471,0
399,2
366,8
88,7
79,0
51,1
12,4
11,0
8,7
7,2
7,3
7,0
4,4
4,6
4,4
Rejeito +
Atriplex
0-10
10-20
20-30
7,3
7,3
7,4
10,6
6,1
4,0
22,3
10,1
6,1
412,7
359,0
327,7
85,8
71,7
55,0
5,0
5,6
5,5
6,6
6,3
6,1
4,1
3,9
3,7
O controle adequado da atividade da aquicultura de grande importncia para
manter o equilbrio no meio ambiente, evitando colocar em risco o desenvolvimento de outras
espcies nativas daquele bioma.
Na anlise comparativa das mdias entre os tratamentos houve diferenas
significativas da presena do potssio, clcio e magnsio em relao ao tratamento sem o
rejeito. J o cloreto apresentou diferena significativa na presena do rejeito, no entanto os
tratamentos sem rejeito, ou com rejeito e Atriplex, no houve diferena.
Tabela 2: Mdia por tratamento
Condio
do Solo
pH
(gua)
MO
(g/kg)
P
K
Na
Cl
Ca
Mg
.................(mg/dm3)............... ..........mmol/L
-1.......
Sem Rejeito 6,5a 8,2a 14,2a 277,2b 67,5a 3,0b 2,4b 0,9b
Com Rejeito 7,5a 6,3a 12,6a 412,3a 72,9a 10,7a 7,1a 4,4a
Rejeito +
Atriplex
7,3a 6,9a 12,8a 366,4a 70,8a 5,3b 6,3a 3,9a
Mdias seguida de mesma letra na coluna, no diferem entre si a nvel de 5% de probabilidade no teste de Tukey
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A introduo da Atriplex no ambiente trouxe efeito positivo na retirada do cloreto do
solo, no entanto observou-se que em todos os demais elementos ocorreram reduo dos nveis
na presena da planta australiana (Tabela 2).
No ocorreram mudanas significativas no pH do solo ao longo do perfil, mas ocorreu
uma diferena significativa na quantidade de matria orgnica e do fsforo com maior
concentrao na camada superficial (Tabela 3), tal resultado explica-se pelo material orgnico
da alimentao que se depositam no solo e durante sua decomposio liberam o fsforo.
Quanto ao sdio observou-se uma reduo desse elemento na profundidade do perfil.
Tabela 3: Mdia por profundidade
Prof.
(cm)
pH
(gua)
MO
(g/kg)
P
K
Na
Cl
Ca
Mg
.................(mg/dm3)............... ..........mmol/L
-1.......
0-10
10-20
20-30
7,1a
7,1a
7,1a
11,2a
6,2b
4,0b
22,9a
10,4b
6,3b
394,9a
351,8a
309,2a
86,6a
75,0a
49,6b
7,1a
6,5a
5,4a
5,3a
5,2a
5,2a
3,2a
3,1a
3,0a Mdias seguida de mesma letra na coluna, no diferem entre si a nvel de 5% de probabilidade no teste de Tukey
De modo geral verificou-se muito mais efeito dos tratamentos que da profundidade do
solo ao longo de seu perfil, como se trata de um solos raso e de pouca drenagem os nutrientes
no se perde com facilidade por lixiviao. Alm disso, por receber constante carga de gua
boa parte desses elementos ou ficam em soluo ou so adsorvidos pelos coloides.
CONCLUSES
Ao decorrer da anlise ambiental da aquicultura, observou-se a proliferao da planta
australiana, Atriplex, em detrimento da vegetao local, alem do menor porte da vegetao
em relao s encontradas nas reas adjacentes, algumas com folhas e caules com tonalidades
amarelas, indicando a presena de sais em grandes quantidades e estado de necrose. Porm,
segundo as anlises qumicas o efeito da planta sobre o solo positiva, j que vem retirando
parte dos sais que esto sendo depositados.
O perfil do solo no sofreu grandes alteraes na sua composio qumica, como
tambm, no provocou mudanas nos nveis de acidez ou alcalinidade do Luvissolo em
estudo. Porm, verificou-se alteraes no solo, quanto a sua estrutura fsica, uma vez que
constatou-se ciclos de eroso, transporte e acmulo devido a saturao hdrica do solo pela
constante infiltrao das guas de rejeito, mas apenas uma anlise fsica do solo poder
confirmar esta percepo.
Atualmente a atividade da aquicultura em Poleiros foi desativada em virtude da falta
de novos investimentos que incrementassem sua produo e melhorasse as oportunidades para
concorrncia com outras regies que se despontaram com a atividade no pas, a exemplo de
Pernambuco e Bahia.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
EMBRAPA Pesca e Aquicultura. Boletim Informativo. Palmas-TO: Embrapa, 2013.
FRANCISCO, P. Camaro: O nordeste lder. Informe publicitrio especial carcinicultura. A cultura dos crustceos [s.l.], 2004.
MATCHICK, L. Perturbao hidrolgica e zona hiporrica. Conceitos bsicos para
pesquisas nos rios temporrios do semirido brasileiro. Ver. Nordestina de Biologia, 1996.
PAPES, A. C. Camaro vira atividade do futuro na Paraba. Jornal da Paraba. Campina
Grande, 22 fev. 2004. Caderno Cidades.
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AZEVEDO, S. V. M.; NETO, E. M. C.; LIMA, N. S. 2010. Concepo dos pescadores
artesanais que utilizam o reservatrio de Furnas, Estado de Minas Gerais, acerca dos recursos
pesqueiros: um estudo etnoictiolgico. Revista Biotemas.
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