aspectos principais do texto de rezek: “dimensão pessoal do estado”

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Page 1: Aspectos principais do texto de Rezek: “Dimensão pessoal do Estado”

Aspectos principais do texto de Rezek: “Dimensão pessoal

do Estado”

Page 2: Aspectos principais do texto de Rezek: “Dimensão pessoal do Estado”

101. População e comunidade nacional• População: “conjunto de pessoas instaladas em

caráter permanente sobre seu território” (Rezek)• Comunidade nacional: “conjunto de nacionais,

incluindo aqueles que se tenha estabelecido no exterior.” (Rezek)

• Para Rezek, é a comunidade nacional que se revela como elemento constitutivo do Estado.

• Jurisdição territorial: é a exercida pelo Estado sobre os estrangeiros residentes em seu território.

• Jurisdição pessoal: é a exercida pelo Estado sobre os seus nacionais residentes em seu território ou no estrangeiro.

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102. Conceito de nacionalidade• “Nacionalidade é um vínculo político entre o Estado soberano e o

indivíduo, que faz deste um membro da comunidade constitutiva da dimensão pessoal do Estado”.

• Esse vínculo é estabelecido pelo direito interno, respeitadas as regras de DI.

• Observações preliminares:1) Só o ser humano é titular de nacionalidade. Pessoas jurídicas, como

empresas, ou coisas, como aeronaves, a possuem, por extensão. No primeiro caso, o vínculo de nacionalidade baseia-se na consideração do lugar sede da empresa ou de sua fundação.No segundo, a nacionalidade é de caráter metafórico, ficando ao sabor da compra e venda.

2) Só o Estado soberano outorga nacionalidade. As províncias autônomas da Suíça outorgam nacionalidade, mas é o Estado soberano suíço que a faz valer em DI.

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A nacionalidade em Direito Internacional

103. Princípios gerais e normas costumeiras Princípios gerais:• O Estado deve estabelecer distinção entre seus

nacionais e os estrangeiros (Kelsen e Pontes de Miranda)

• O Estado não pode privar arbitrariamente o indivíduo de sua nacionalidade (Art. 15 da Declaração Universal dos Direitos Humanos:

1.Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade. 2.Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do

direito de mudar de nacionalidade)

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• Princípio da efetividade: vínculo patrial deve fundar-se em laços sociais consistentes entre indivíduo e Estado.

• Esses laços verificam-se na nacionalidade originária e, em regra, na nacionalidade derivada.

• Nacionalidade originária: é aquela atribuída quando do nascimento da pessoa. Nessa atribuição, é considerado, em grau variado, o jus soli e jus sanguinis.

• Nacionalidade derivada: é aquela atribuída, por meio de naturalização, após manifestação de vontade da pessoa e reconhecimento estatal dos laços sociais adquiridos entre Estado e indivíduo.

• O Estado pode conceder nacionalidade por naturalização, mesmo sem que existem esses laços sociais, mas, internacionalmente, ela pode não ser reconhecida. (Caso Nottebohn)

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• O jus sanguinis consiste, portanto, em que é nacional de um Estado o filho(a) de um nacional daquele Estado. A maioria dos países que adota o jus sanguinis como regra de atribuição de nacionalidade. Essa atribuição poderá ser ambilinear, patrilinear ou matrilinear.• O jus soli consiste, por sua vez, em que é nacional de um Estado aquele que nele nasceu.• Países de tradição emigratória, em regra, adotam o jus sanguinis; já os de tradição imigratória costumam adotar o jus soli. Não raro, os países, embora possuam uma regra principal de atribuição de nacionalidade, admitem exceções à regra, incorporando elementos ora do jus sanguinis, ora do jus soli.

Page 7: Aspectos principais do texto de Rezek: “Dimensão pessoal do Estado”

Normas costumeiras:• Não se atribui nacionalidade jus

soli aos filhos de agentes de Estados estrangeiros. Aplica-se a nacionalidade jus sanguinis. • O Estado não deve banir ou

expulsar nacional seu e deve acolhê-lo quando expulso de outro Estado.

Page 8: Aspectos principais do texto de Rezek: “Dimensão pessoal do Estado”

104. Tratados multilaterais• O DI tem condenado Estados excessivamente

absorventes e os muito refratários à outorga de nacionalidade.

• A Convenção de Haia de 1930 proclama a liberdade estatal de outorga da nacionalidade, mas a considera oponível a outros Estados, se respeitado o princípio da efetividade.

• A Convenção de Haia de 1930 também consagra o repúdio a Estados que, de pleno direito, subtraem a nacionalidade de mulheres cujos maridos tenham mudado de nacionalidade, conduzindo-a a uma situação de apatria.

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• Apatria ocorre também na concorrência negativa dos critérios de jus sanguinis e jus soli. Por exemplo: o filho de nacionais, cujo Estado só admite o jus soli, que venha nascer em território estrangeiro, de Estado que só admite o jus sanguinis, não teria nem a nacionalidade dos pais nem do Estado em que nasceu. Seria, neste caso hipotético, apátrida.

• A Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954 estipula que os Estados-membros devem conferir aos apátridas os mesmos direitos outorgados aos estrangeiros.

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• Polipatria: verifica-se quando há concorrência positiva dos critérios de ius sanguinis e ius soli, quando, então, indivíduos possuem mais de uma nacionalidade. Por exemplo: o indivíduo que venha nascer em território que só admite o jus soli , de pai e mãe de nacionalidade distintas, cujos Estados só admitem o jus sanguinis, teria a nacionalidade do Estado em que nasceu e a do pai e da mãe.

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Subseção 2 – A nacionalidade brasileira105. Matéria constitucional:CAPÍTULO III

DA NACIONALIDADE Art. 12. São brasileiros: I - natos:a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais

estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço (não necessariamente diplomático ou consular [Rezek]) de seu país; (“O constituinte se esquivou de qualquer pronunciamento, ainda que implícito, acerca dos espaços híbridos, aéreos, ou mesmo terrestres, imunes a toda incidência de soberania ( o alto mar, o espaço aéreo, o continente antártico). Transferido o problema à doutrina , Pontes de Miranda aventou solução (...):

Entendem-se nascidos no Brasil os nascidos a bordo de navios ou aeronaves de bandeira brasileira quando trafeguem em por espaços neutros” [Rezek]).

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b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007)

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II - naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,

exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.

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• “Em relação a estrangeiros em geral, “o requisito cronológico é atenuado em certas hipóteses, como a de casamento com pessoa local ou prestação de bons serviços ao país.” (Rezek)• A naturalização não é obrigatória, dependendo da vontade do estrangeiro e do Estado, que, mesmo sendo preenchidos os requisitos da lei, poderá negá-la. • “O brasileiro naturalizado tem todos os direitos do brasileiro nato, salvo o acesso a certas funções públicas eminentes que a Constituição arrola de modo limitativo” (Rezek)

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§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas. VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído

pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

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108. Perda da nacionalidade brasileira• Os brasileiros natos e naturalizados

podem perder a sua nacionalidade, se, voluntariamente, outra a adquirirem e não puderem manter a originária. Neste ato, rompe-se o vínculo patrial, que é tornado público pelo Presidente da República.• A manifestação de vontade requer

conduta ativa e específica, não sendo presumida, nem tácita.

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§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;

II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

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Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro•Estrangeiro é “todo aquele que não tem nacionalidade do

Estado em cujo território se encontra” (Mirtô Fraga).•“todo homem tem o direito de deixar qualquer país, inclusive

o próprio, e a este regressar”(Declaração Universal dos Direitos do Homem, art. XIII-2) • O "Estatuto do Estrangeiro“ (Lei 6.815/80) confere ao

estrangeiro a liberdade de entrar, permanecer ou sair do Brasil, em tempo de paz, e respeitados os interesses da Nação. •Todo Estado tem direito (não dever) de admitir o ingresso,

para permanência definitiva ou temporária de estrangeiro. •A denegação do ingresso não configura lesão a direito

individual (ilegalidade ou abuso de poder), excluindo-se, assim, apreciação do Poder Judiciário. Medidas político-diplomáticas podem, porém, serem tomadas.

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Seção IV Condição Jurídica do EstrangeiroSubseção 2 - Exclusão do estrangeiro por iniciativa local• O Estatuto do Estrangeiro prevê três distintos institutos, de diferentes características, razões e modalidades, para regular a retirada compulsória do estrangeiro do País: deportação, expulsão e extradição.

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Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro•Deportação - “A deportação é uma forma de exclusão, do território nacional, daquele estrangeiro que aqui se encontre após uma entrada irregular – geralmente clandestina -, ou cuja estada tenha-se tornado irregular – quase sempre por excesso de prazo, ou por exercício de trabalho remunerado, no caso do turista” (Rezek)•Deportação não se confunde “com impedimento à entrada de estrangeiro, que ocorre falta justo título para ingressar no Brasil ( um passaporte visado, lá fora, por nosso cônsul, ou, dependendo do país patrial, um simples passaporte válido)”.(Rezek)

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Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro• Repatriação: “Ocorre quando o clandestino é

impedido de ingressar em território nacional pela fiscalização fronteiriça e aeroportuária brasileira.

• A repatriação ocorre a expensas da transportadora ou da pessoa responsável pelo transporte do estrangeiro para o Brasil.

• É repatriado o estrangeiro indocumentado ou que não possui visto para ingressar no País ou aquele que apresenta visto divergente da finalidade para a qual veio ao Brasil”.(MJ)

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Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro• “Deportação é de providência imediata do

Departamento de Polícia Federal e consiste na retirada do estrangeiro que desatender à notificação prévia de deixar o País”.(MJ)

• O art. 57, “caput”, do Estatuto do Estrangeiro (Lei nº. 6.815/1980), prevê que “nos casos de entrada ou estada irregular de estrangeiro, se este não se retirar voluntariamente do território nacional no prazo fixado em Regulamento, será promovida sua deportação”. Esse prazo é de três a oito dias.

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Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro

“A deportação não impede o retorno do estrangeiro no território nacional, desde que o Tesouro Nacional seja ressarcido das despesas efetuadas com a medida, satisfeita, ainda, o recolhimento de eventual multa imposta”.(MJ)

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Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro•“Expulsão é a retirada compulsória de um estrangeiro do território nacional motivada pela prática de um crime que tenha cometido no Brasil ou por conduta incompatível com os interesses nacionais. Uma vez expulso, o estrangeiro está impedido de retornar ao nosso país, exceto se revogado o Decreto que determinou a medida.•A expulsão, via de regra, ocorre quando um estrangeiro comete um crime no Brasil e é condenado por sentença transitada em julgado.•O Processo administrativo para fins de expulsão está regularizado pela Lei n.º 6.815, de 1980”.(MJ)

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Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro•Diz o Estatuto do Estrangeiro, Lei n.º 6.815/80, com redação dada pela Lei n.º 6.964/81, em seus artigos 65 e 71: “Art. 65 – É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranqüilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais.

Page 26: Aspectos principais do texto de Rezek: “Dimensão pessoal do Estado”

Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro“Art. 71 – Nos casos de infração contra a segurança nacional, a ordem política ou social e a economia popular, assim como nos casos de comércio, posse ou facilitação do uso indevido de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, ou de desrespeito à proibição especialmente prevista em lei para estrangeiro, o inquérito será sumário e não excederá o prazo de quinze dias, dentro do qual fica assegurado ao expulsando o direito de defesa." •No Brasil, o expulsando passa a ser considerado “persona non grata”.• “Ao presidente da República incumbe decidir, afinal, sobre a expulsão e materializá-la, por meio de decreto. Só a edição de um decreto futuro, revogando o primeiro, faculta ao expulso o retorno ao Brasil”. (Rezek)

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Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro

“O art. 66 do Estatuto do Estrangeiro prevê que caberá exclusivamente ao Presidente da República resolver sobre a conveniência e a oportunidade da expulsão ou de sua revogação. Essa competência é indelegável”. (Mazzuoli)

Page 28: Aspectos principais do texto de Rezek: “Dimensão pessoal do Estado”

Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro“O art. 22 da Convenção Americana de Direitos Humanos (...), em seu §8º prevê que “em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entregue a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de violação em virtude de sua raça, nacionalidade, religião, condição social ou de suas opiniões políticas”. Essa regra não consta da CF/88 e nem de leis nacionais. O §9º proíbe a expulsão coletiva de estrangeiros”. (Mazzuoli)

Page 29: Aspectos principais do texto de Rezek: “Dimensão pessoal do Estado”

Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro“O art. 75, II, do Estatuto do Estrangeiro prevê outros casos de proibição de expulsão:- se configurar extradição dissimulada ou de fato;- quando o estrangeiro tiver cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de cinco (cinco) anos; ou filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente”.(Mazzuoli)

Page 30: Aspectos principais do texto de Rezek: “Dimensão pessoal do Estado”

Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro•“O § 1º prevê que “não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o reconhecimento de filho brasileiro supervenientes ao fato que o motivar”, e o § 2º prevê que, “verificados o abandono do filho, o divórcio ou a separação, de fato ou de direito, a expulsão poderá efetivar-se a qualquer tempo”.•Embora expulsão hoje seja o termo mais usado, porém, tecnicamente, “não é banimento e não é desterro. Banimento também é retirada compulsória do território nacional, só que se refere a nacionais. Art. 5º, XLVII, “d”, CF. É uma expulsão de nacionais. Desterro é o isolamento do nacional dentro do território nacional”. (Mazzuoli)

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Seção IV Condição Jurídica do EstrangeiroSubseção 3 – A Extradição “É o ato pelo qual um Estado entrega à Justiça Penal de outro um indivíduo lá processado ou condenado e aqui encontrado. O fundamento da extradição é a cooperação dos Estados na repressão de crimes (cooperação internacional para prevenção e repressão de crimes). A sua materialização decorre:- da existência de um Tratado;- com base no Princípio da Reciprocidade.O tratado de extradição não cria o direito, mas enumera os crimes que dão ensejo a ele. Para que haja extradição é preciso que o crime cometido seja tipificado aqui também, ainda que com outro nome”. (Mazzuoli)

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Seção IV Condição Jurídica do EstrangeiroSubseção 3 – A Extradição “A extradição pressupõe sempre:- a existência de dois Estados soberanos;- a similitude do tipo penal;- a existência de processo penal, em andamento ou findo, no país de origem;- a existência de crime comum (crimes de opinião ou políticos não ensejam a extradição)”. (Mazzuoli)

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Seção IV Condição Jurídica do EstrangeiroClassificação da Extradição:•“1. Extradição Ativa e Passiva – A extradição ativa ocorre “quando o Governo brasileiro requer a extradição de um foragido da justiça brasileira a outro país, e a extradição passiva, quando um determinado país solicita a extradição de um indivíduo foragido que se encontra em território brasileiro”.(MJ)(deve ser requerida pelo Governo estrangeiro, não podendo ser concedida de ofício)” (Mazzuoli).•O art. 5º, LI da CF/88: “nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei”.2. Extradição Instrutória e Executória – se o processo penal no estrangeiro está em andamento, a extradição é instrutória. Se já foi concluído, é executória (para cumprimento de pena)” (Mazzuoli).

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Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro• O Brasil permite a extradição para países com os quais não mantém relações diplomáticas(...), desde que este país respeite os requisitos do art. 91, I a V do Estatuto do Estrangeiro” (Mazzuoli) Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado requerente assuma o compromisso: (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) I - de não ser o extraditando preso nem processado por fatos anteriores ao pedido;II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi imposta por força da extradição;III - de comutar em pena privativa de liberdade a pena corporal ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos em que a lei brasileira permitir a sua aplicação;IV - de não ser o extraditando entregue, sem consentimento do Brasil, a outro Estado que o reclame; eV - de não considerar qualquer motivo político, para agravar a pena.

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Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro“Processo de ExtradiçãoComporta três fases:1ª) Executiva – tem início com um pedido do Governo Estrangeiro ao Governo Brasileiro, por meio de uma nota diplomática, que chega ao Ministério das Relações Exteriores. O Ministro das Relações Exteriores e o Ministro da Justiça analisarão o pedido de extradição. O Estado estrangeiro deve enviar a documentação necessária (cópia do processo, identificação do acusado, sua possível localização, comprovação de que o crime lá praticado também é tipificado aqui, ou cópia da sentença condenatória)” (Mazzuoli);

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Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro“2ª) Judiciária – no STF, a primeira providência do relator é a decretação da prisão do extraditando no Departamento da Polícia Federal, em Brasília”. (Mazzuoli)3ª) Discricionária - Se o STF negar a extradição, o Poder Executivo não poderá extraditar o extraditando. Se o STF autorizar a extradição, o Presidente da República decidirá, discricionariamente, pela extradição ou não do extraditando. Sendo decidida a extradição, então o governo solicitante terá 60 dias, a partir da comunicação, para buscar o extraditado, às suas expensas. Se esse prazo não for respeitado, o extraditando será posto em liberdade.

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Seção IV Condição Jurídica do EstrangeiroSubseção 5 – Asilo Político• O asilo é um instituto bastante longevo, tendo tido acentuado caráter religioso nas civilizações antigas e medievais. O respeito e temor aos templos e divindades faziam dos locais sagrados lugares de proteção contra violências e perseguições.•Hodiernamente, o asilo político consiste em proteção concedida ao estrangeiro perseguido em território estrangeiro por delitos políticos, convicção religiosa, situação racial, excluídos aqueles previstos na legislação penal comum.

Page 39: Aspectos principais do texto de Rezek: “Dimensão pessoal do Estado”

Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro• “O asilo político pode ser de duas espécies, a saber:(a) diplomático, quando concedido aos estrangeiros perseguidos no seu próprio território e a concessão é feita pela própria representação diplomática brasileira no exterior, onde se circunscreve a presença do estrangeiro;(b) territorial, quando o Estado admite a presença do estrangeiro no território nacional; tal asilo é concedido pelo Ministro da Justiça, por prazo limitado, no máximo por dois anos, renovável enquanto subsistem as condições adversas”.(MJ)

Page 40: Aspectos principais do texto de Rezek: “Dimensão pessoal do Estado”

Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro•“o principal efeito jurídico dos dois tipos de asilo, é a impossibilidade de sua concessão ser considerada, (...) como um ato inamistoso do Estado asilante, em relação ao Estado da nacionalidade ou domicílio dos asilados (...), e portanto, no Direito Internacional da atualidade, (com mais forte razão, na América Latina, onde o instituto é regulado por convenções multilaterais específicas), a concessão de asilo não pode ser um pretexto para justificar ações de retaliação e muito menos de simples rompimento de relações diplomáticas”. (Guido Soares)

Page 41: Aspectos principais do texto de Rezek: “Dimensão pessoal do Estado”

Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro•“A principal diferença entre os institutos jurídicos do asilo e do refúgio reside no fato de que o primeiro constitui exercício de um ato soberano do Estado, sendo decisão política cujo cumprimento não se sujeita a nenhum organismo internacional. •Já o segundo, sendo uma instituição convencional de caráter universal, aplica-se de maneira apolítica, visando a proteção de pessoas com fundado temor de perseguição.•Uma diferença prática que se pode perceber é que o asilo normalmente é empregado em casos de perseguição política individualizada. Já o refúgio vem sendo aplicado a casos em que a necessidade de proteção atinge a um número elevado de pessoas, onde a perseguição tem aspecto mais generalizado.•De fato, o asilo normalmente decorre de casos particulares, onde o indivíduo é vítima de perseguição pessoal por motivos de opinião ou de atividades políticas. Quando a dissidência política acarreta perseguição, procura um país onde estará protegido. É comum sua concessão à personalidades notórias”. (Barreto)

Page 42: Aspectos principais do texto de Rezek: “Dimensão pessoal do Estado”

Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro•“Já nos casos de refúgio, normalmente o indivíduo está fugindo de agressões generalizadas, dando origem na maioria das vezes a fluxo massivo de população que atravessa a fronteira em busca de proteção. Ocorre também em casos de ocupação ou dominação estrangeira, violação dos direitos humanos ou acontecimentos que alterem gravemente a ordem pública interna no país de origem. • (...) Parece ser esta a diferença fundamental: O asilo configura uma relação do indivíduo perseguido com o Estado que o acolhe. Já o refúgio decorre do abalo da estrutura de determinado país ou região, gerando potenciais vítimas de perseguições que têm seus direitos humanos ameaçados, sendo objeto de preocupação da comunidade internacional”. (Barreto)

Page 43: Aspectos principais do texto de Rezek: “Dimensão pessoal do Estado”

Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro•“Na prática surgem outras diferenças:•O asilo é uma instituição que visa à proteção frente a perseguição atual e efetiva. Já nos casos de refúgio é suficiente o fundado temor de perseguição.•Como vimos, o asilo pode ser solicitado no próprio país de origem do indivíduo perseguido. O refúgio, por sua vez, somente é admitido quando o indivíduo está fora de seu país.•Ao decidir se concede ou não o asilo, não fica adstrito o país ao fato de ter ou não o indivíduo perseguido atuado contra as finalidades e princípios das Nações Unidas, não sendo essa atuação causa de exclusão do benefício, como ocorre no refúgio.•A concessão de asilo possui caráter constitutivo, já o reconhecimento da condição de refugiado é ato declaratório”. (Barreto)

Page 44: Aspectos principais do texto de Rezek: “Dimensão pessoal do Estado”

Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro•“Para solicitar asilo, o estrangeiro deve procurar a Polícia Federal no local onde se encontra e prestar declarações, onde serão justificados os motivos da perseguição que sofre. O processo, então, é submetido ao Ministério das Relações Exteriores para pronunciamento. A decisão final é proferida pelo Ministro da Justiça. Posteriormente, o asilado é registrado junto à Polícia Federal, onde presta compromisso de cumprir as leis do Brasil e as normas de Direito Internacional.•A solicitação de refúgio, de forma diversa, tem início na Polícia Federal, onde são tomadas por termo declarações que o solicitante presta à autoridade imigratória. Por ocasião da formalização de declarações, o solicitante é informado de que deverá comparecer à sede da Cáritas Arquidiocesana, no Rio de Janeiro e em São Paulo, para preencher um questionário onde estarão contidos os dados relativos à identificação completa, qualificação profissional, grau de escolaridade, bem como relato das circunstâncias e fatos que fundamentam o pedido de refúgio, inclusive, se possível, com a indicação de elementos de prova pertinentes”. (Barreto)

Page 45: Aspectos principais do texto de Rezek: “Dimensão pessoal do Estado”

Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro•“Manifestada a vontade de solicitar refúgio, o estrangeiro será entrevistado por um funcionário da Coordenação-Geral do Comitê Nacional para os Refugiados – CONARE. Informado o processo, o caso é submetido à apreciação do Comitê, órgão colegiado vinculado ao Ministério da Justiça, que decidirá quanto ao reconhecimento ou não da condição de refugiado.•Tanto nos casos de asilo, quanto nos de refúgio, ao estrangeiro é fornecido documento de identidade e carteira de trabalho, ficando assegurado o exercício de todos os direitos civis de um estrangeiro residente no País.•Quando necessário, ao asilado e ao refugiado, pode ser concedido passaporte brasileiro e autorização para viagem ao exterior”. (Barreto)

Page 46: Aspectos principais do texto de Rezek: “Dimensão pessoal do Estado”

Seção IV Condição Jurídica do Estrangeiro•“Existem algumas semelhanças entre os institutos do asilo e do refúgio, que convém destacar:1.Trata-se de instituições relacionadas com a proteção da pessoa humana vitimada por perseguições.2.Não há obrigatoriedade do Estado em conceder asilo ou refúgio, posto que não constituem direito subjetivo do estrangeiro. São concessões do Estado no exercício do seu poder discricionário e não direitos dos indivíduos.3.Tanto o asilo como o refúgio não estão sujeitos à reciprocidade e protegem indivíduos independentemente de sua nacionalidade.4.Ambos os institutos excluem a possibilidade de extradição.5.Pode-se afirmar, enfim, que o asilo, a nível universal, pode ser considerado como um instituto dentro do qual aparecem outros: o asilo como tradição latino-americana e o refúgio de caráter universal”. (Barreto)