associação nacional de enfermagem do trabalho - desafios e … · 2019-10-21 · organização do...
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Fórum “Capacidade para o Trabalho:
Desafios e possibilidades para a
prática em Saúde do trabalhador”
Gestão da promoção da capacidade
para o trabalho: tópicos relevantes
Maria Carmen Martinez
26/09/2019
Objetivos
Apresentar tópicos relevantes na gestão da promoção da
capacidade para o trabalho;
Ilustrar o tema por meio de uma experiência prática.
Promoção da capacidade para o trabalho
As relações entre envelhecimento cronológico e funcional nem sempre são lineares ou
podem estar ausentes, dado que outros fatores podem interferir estas relações.
Cargas de
trabalho
Recursos
do
trabalhador
Envelhecimento
cronológico
Envelhecimento
funcional no
trabalho
(Bellusci 2003; Ilmarinen 2006; Gould et al. 2008; van den Berg et al. 2009; von
Bonsdorff et al. 2011; Martinez & Fischer 2019)
Intervenção
Modelos para gestão: “Casa” da
Capacidade para o trabalho
(Ilmarinen 2019)
(ENWHP - European Network for Workplace Health Promotion, Morschhäuser & Sochert 2006)
http://www.ageingatwork.eu/resources/health-work-in-an-ageing-europe-enwhp-3.pdf
Cultura corporativa
Organização do tempo de
trabalho
Planejamento dos locais de
trabalho
Organização do trabalho
Educação continuada
Programas de saúde
Reintegração
Novas abordagens de
desenvolvimento de pessoal
Promoção da
saúde e
empregabilidade
Modelos para gestão: promoção da
saúde e empregabilidade
Recursos
de
saúde
pessoais
Ambiente
psicossocial
do
trabalho
Ambiente físico do
trabalho
Envolvimento da
empresa na
comunidade
Mobilizar
Agregar
Fonte: Burton 2010 (World
Health Organization
Avaliar
Priorizar Fazer
Aperfeiçoar
Diagnosticar
Planejar
Engajamento da
liderança
Participação dos
trabalhadores
ÉTICA &
VALORES
OMS - Modelo Local de Trabalho Saudável:
Fatores de influência, processos e princípios
fundamentais
Mobilizar
Agregar
Diagnosticar
Priorizar
Planejar
Fazer
Avaliar
Aperfeiçoar
Alta direção (comprometimento,
investimento, apoio)
Política de saúde, segurança e
bem-estar, inclusão na missão
institucional, alocação orçamentária
Time(s) de referência (representantes de diferentes
níveis e setores)
Normativas e diretrizes,
planejamento e
desenvolvimento de estratégias
Individual (ex.: demografia, estado
de saúde, riscos, uso de
serviços)
Organizacional (ex.: riscos ocupacionais,
cargas de trabalho,
processos)
Comunitário (ex.: transporte,
saneamento, violência)
Analisar (resultados obtidos na
etapa de diagnóstico)
Definir critérios (ex.: prevalência, riscos,
operacionalização, custo, aspectos
“políticos”
Evidências (práticas baseadas
em evidências)
Plano global (responsabilidades, táticas,
objetivos e metas de longo
prazo)
Planos específicos (responsabilidades, estratégias,
normas, rotinas, cronogramas,
metas e objetivos)
Alocação de
recursos
Execução do
planejamento
Educação e treinamento (ex.: envolvimento e
capacitação dos envolvidos)
Método (definir métodos, indicadores e
parâmetros de comparação)
Abordagens (plano global / específicos, curto /
longo prazo, processos /
resultados)
Atuar no processo em função dos
resultados (ações corretivas e/ou
preventivas)
Adaptado de World Health Organization (Burton 2010) e NIOSH / Centers for Disease Control and Prevention (2013)
OMS - Modelo Local de Trabalho Saudável:
Estratégias táticas para o processo de melhoria contínua
Fonte: Adaptado de NIOSH, 2016
Total Worker Health® - NIOSH
Eliminar
Substituir
Redesenhar
Educar
Encorajar
Condições de trabalho que ameaçam
a segurança, saúde e bem estar
Substituir políticas, programas e
práticas de melhoria da saúde
Redesenhar o ambiente de trabalho
para segurança, saúde e bem-estar
Educar para a segurança e saúde
Encorajar mudanças pessoais
1. Avaliação dos riscos
2. Planejamento do plano de
ação
3. Implementação das ações de intervenção
4. Avaliação das ações
5. Aprendizado e redirecionamento
das ações
(Leka, Griffiths e Cox, 2003)
Modelos para gestão: ciclo de
gerenciamento de riscos
1. Políticas de Saúde e Segurança no Trabalho
2. Organização do trabalho
3. Assistência ao trabalhador
4. Pesquisa e produção acadêmica
Áreas de intervenção
Longitudinal associations between stressors and
work ability in hospital workers DOI: 10.3109/07420528.2016.1167713Chronobiology International, 2016;
33(6):754-758
Maria Carmen Martinez, Tiago da Silva Alexandre, Maria do Rosário
Dias de Oliveira Latorre & Frida Marina Fischer
Objetivo: avaliar a capacidade para o trabalho e de seus determinantes
entre trabalhadores hospitalares (seguimento de 04 anos) em São Paulo:
n = 498
Gestão da capacidade para o trabalho:
Um exemplo de utilização
Year Mean (Standad deviation)
2009 42.8 (SD = 4.4)
2010 42.7 (SD = 4.4)
2011 42.5 (SD = 4.7)
2012 41.1 (SD = 5.6)
Work ability index
Capacidade para o trabalho: resultados
favoráveis com indicativos de comprometimento;
Presença de efeito do trabalhador sadio,
rotatividade e população jovem;
Elevadas prevalências de fatores de risco:
gênero, baixa renda familiar,
sobrepeso/obesidade, sedentarismo, início
precoce na vida laboral, elevada jornada total;
Agravos mais prevalentes: distúrbios e lesões
musculoesqueléticas, doença respiratória,
doenças digestivas, HA/DB/obesidade;
Estressor mais prevalente: elevadas demandas
no trabalho;
Fatores de risco para a CT: excesso de
comprometimento; desequilíbrio entre esforços
e recompensas; presença de situações de
trabalho que podem gerar dor ou lesão,
controle sobre o trabalho; suporte social no
trabalho.
β p
Sexo feminino -1.48 <0,001
Sedentarismo -0.72 <0,010
IMC - Kg/m2 -0.11 <0,010
Cargo de Auxiliar de Enfermagem 1.91 <0,050
Cargo de ajudante 1.37 <0,050
Horário administrativo -1.36 <0,010
Turno da manhã -1.04 <0,010
História de doença / acidente de trabalho -1.13 <0,001
Violência no trabalho -0.35 <0,010
Demandas no trabalho -0.08 --
Controle sobre o trabalho 0.14 <0,010
Apoio social no trabalho 0.14 <0,010
Excesso de comprometimento -0.22 <0,001
Desequilíbrio esforço-recompensa -4.00 <0,001
Situações que podem gerar dor/lesão -0.01 <0,001
Demandas no trabalho -0.04 --
Controle sobre o trabalho 0.09 <0,001
Apoio social no trabalho 0.04 <0,001
Excesso de comprometimento -0.10 <0,001
Desequilíbrio esforço-recompensa -1.19 <0,001
Situações que podem gerar dor/lesão -0.01 <0,001
Variáveis / categoriasEfeito
CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS
ESTILO DE VIDA
CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS
ESTRESSORES - intercepto
ESTRESSORES - interação no tempo
Estimativa da capacidade para o
trabalho como uma função de seus
determinantes ao longo de 4 anos de
seguimento, 2009-2012 (N=498) Implicações
práticas
Gestão da capacidade para o trabalho:
Um exemplo de utilização
Nível corporativo
Nível dos postos de
trabalho
Nível Individual
Análises qualitativas e avaliações ergonômicas do trabalho
de áreas prioritárias;
Planejamento de intervenções específicas de acordo com
as necessidade e prioridades.
Ações de incentivo à atividade física;
Serviços especializados para os funcionários com riscos
significativos de doenças crônicas.
Estudo para revisão de benefícios e incentivos;
Revisão do quadro de enfermagem;
Ações de promoção e incentivo à educação continuada.
Esses resultados apontam para a necessidade de ações preventivas e corretivas
visando a promoção da capacidade para o trabalho, ações estas que devem ser
adequadas e diferenciadas para diferentes grupos etários.
Gestão da capacidade para o trabalho:
Um exemplo de utilização
Sociedade
Indivíduo
Instituições
Melhor estado de saúde e da capacidade funcional
Maior empregabilidade e menor risco de desemprego
e de abandono da profissão
Maior bem-estar no trabalho e melhor qualidade de
vida
Maior produtividade e competitividade no mercado
Menor absenteísmo e rotatividade
Melhor imagem institucional
Menores custos com adoecimento e afastamentos
Menor discriminação ao trabalhador em
envelhecimento
Prolongamento da vida profissional saudável
Menores impactos para os sistemas previdenciário e
de saúde
Melhor bem-estar social e melhor economia nacional
Gestão da capacidade para o trabalho:
Resultados esperados
O uso do ICT contribui para auxiliar as boas práticas de trabalho;
O uso do ICT integrado com a avaliação de outros componentes do
trabalho permite identificar e quantificar fatores de risco e efeitos à
saúde, direcionando intervenções;
As ações serão melhor realizadas e efetivas, se incluídas no
planejamento estratégico institucional;
É imprescindível o envolvimento de gestores e de trabalhadores;
É necessário desenvolver cultura prevencionista com ênfase no
ambiente e condições de trabalho;
Avaliações econômicas devem ser incorporadas nos assuntos de
saúde no trabalho/capacidade de trabalho.
O que nós aprendemos
Desafios e perspectivas na gestão da
capacidade para o trabalho Intervenções múltiplas, integradas, contínuas e fundamentadas em boas práticas;
Equipe multidisciplinar e participação dos trabalhadores;
Qualificação dos profissionais de saúde e segurança do trabalho, de gestão de
pessoas e de lideranças;
Incorporação de avaliações econômicas;
Inclusão no planejamento estratégico institucional;
Desenvolvimento de uma cultura preventiva nas organizações;
Considerar: cargas de trabalho, epidemiologia, demografia e características sociais
e políticas;
Incentivos ao desenvolvimento de competências, habilidades e carreira;
Reabilitação e reintegração após doença ou acidente;
Inclusão digital;
Intervenções específicas para trabalhadores em fase de envelhecimento e idosos;
Melhorias no transporte público e acesso a serviços de saúde;
Políticas adequadas de regulação das relações de trabalho e de seguridade social.
Concluindo
O prolongamento da vida ativa pode ser promovido
apenas se condições adequadas de segurança e saúde
do trabalhador, organização do trabalho e aprendizado
nas empresas forem criadas.
(ENWHP - European Network for Workplace Health Promotion - Morschhäuser & Sochert 2006)
Algumas referências bibliográficas Bellusci SM. Envelhecimento funcional e capacidade para o trabalho em servidores forenses. Doctoral thesis, School of Public Health,
USP; 2003.
Burton J. WHO Healthy Workplace Framework and Model: Background and Supporting Literature and Practices. Geneva: WHO – World
Health Organization; 2010.
Gould R, Ilmarinen J, Järvisalo J, Koskinen S. Dimensions of work ability – summary and conclusions. In: Gould R, Ilmarinen J, Järvisalo J,
Koskinen S (editors). Dimensions of work ability: Results of the Health 2000. Helsinki: Finnish Centre of Pensions, Social Insurance
Institution, National Public, Health Institute, Finnish Institute of Occupational Health; 2008. p.165-75.
Ilmarinen J. From work ability research to implementation. Int J Environ Res Public Health 2019; 16:2882; doi:10.3390/ijerph16162882
Ilmarinen J. Maintaining work ability. In: Towards a longer worklife! Ageing and the quality of worklife in the European Union. Helsinki:
Finnish Institute of Occupational Health; 2006. p.132-48.
Leka S, Griffiths A, Cox T. Work Organization and Stress. Geneva: World Health Organization, 2003.
Martinez MC, Fischer FMF. Work Ability as Determinant of Termination of Employment. To Resign or Be Dismissed? J Occup Environ
Med. 2019, 61(6):p e272–e281.
Martinez MC, Alexandr TS, Latorre MRDO, Fischer FM. Longitudinal associations between stressors and work ability in hospital workers.
Crhonob Int. 2016; 33(6:754-758. DOI: 10.3109/07420528.2016.1167713.
Morschhäuser M, Sochert R. Healthy Work in an Ageing Europe: Strategies and Instruments for Prolonging Working Life. European
Network for Workplace Health Promotion; 2008.
NIOSH - National Institute for Occupational Safety and Health. Fundamentals of total worker health approaches: essential elements for
advancing worker safety, health, and well-being. Cincinnati: CDC – Centers for Disease Control and Prevention / NIOSH - National Institute
for Occupational Safety and Health; 2013 [acesso em 13 ago 2018]. Disponível em: https://www.cdc.gov/niosh/docs/2017-
112/pdfs/2017_112.pdf?id=10.26616/NIOSHPUB2017112
NIOSH - National Institute for Occupational Safety and Health. Quality of worklife questionnaire. Atlanta: Department of Health and Human
Services / CDC – Centers for Disease Control and Prevention / NIOSH - National Institute for Occupational Safety and Health; 2016
[acesso em 13 ago 2018]. Disponível em: https://www.cdc.gov/niosh/topics/stress/qwlquest.html
Van den Berg TIJ, Elders LAM, Zwart BCH, Burdorf A. The effects of work-related and individual factors on the Work Ability Index: a
systematic review. Occup Envron Med 2009; 66:211-20.
von Bonsdorff ME, Kokko K, Seitsamo J, von Bonsdorff MB, Nygård C-H, Ilmarinen J, Rantanen T. Work strain in midlife and 28-year work
ability trajectories. Scand J Work Environ Health 2011, 37:455-63.
Grata pela atenção!
Maria Carmen Martinez
E também que todo o homem coma e beba, e goze do bem
de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus
(Eclesiastes 3:13)