atuação da equipe de saúde no atendimento de urgência e...
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ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL
ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIA
INDIRA NEVES OLIVEIRA BITENCOURT
ATUAÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CRISES HIPERTENSIVAS
Salvador-BA
2012
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INDIRA NEVES OLIVEIRA BITENCOURT
ATUAÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CRISES HIPERTENSIVAS
Artigo apresentado á Atualiza Associação Cultural como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Enfermagem em Emergência, sob orientação do professor Fernando Reis do Espírito Santo.
Salvador-BA
2012
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ATUAÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CRISES HIPERTENSIVAS
Indira Neves Oliveira Bitencourt1
Fernando Reis do Espírito Santo (Orientador)2
RESUMO
Esta pesquisa trata sobre hipertensão arterial, que é uma doença multicausal e multifatorial e a cada dia vem acometendo maior número de pessoas. O acompanhamento sistematizado da hipertensão é de suma importância para a prevenção e promoção da saúde, evitando assim situações mais graves a exemplo da crise hipertensiva. Para reduzir a incidência deste agravo, torna-se necessária á atuação de uma equipe coesa e multiprofissional, que atue com objetivos e limites bem definidos. Tem como objetivo avaliar a atuação da equipe de saúde diante de situações extremas que envolvam este agravo. O estudo foi feito através de uma pesquisa bibliográfica de bases de dados com temas afins. Seu caráter é qualitativo e natureza básica, sendo delimitado por ser um problema de saúde pública. Conclui-se, portanto, que a hipertensão arterial, apesar de ser uma doença banalizada, ainda se constitui em um importante problema de saúde pública e que é de suma importância à atuação da equipe de saúde no apoio ao paciente hipertenso e na tentativa de superação de suas dificuldades. Palavras-chave: Hipertensão Arterial, Crise Hipertensiva e Equipe de Saúde.
ABSTRACT
Hypertension is multicausal and multifactorial and every day is affecting more people. The systematic monitoring of hypertension is of paramount importance for prevention and health promotion, preventing more serious conditions such as the hypertensive crisis. To reduce the incidence of this disease, it becomes necessary action will be a cohesive team and multidisciplinary, acting with objective and well-defined limits. The objective of this research is to evaluate the performance of the healthcare team in situations involving this extreme condition. The study was done with bibliographic databases with related topics. His character is qualitative and basic nature, being confined by being a public health problem. It follows therefore that hypertension, although it is a commonplace disease, it still constitutes an important public health problem and that is critical to the performance of the health team to support the hypertensive patient and in an attempt to overcome their difficulties. Keywords: Hypertension, Hypertensive Crisis and Health team.
_______________________________________________________________ 1Graduada em enfermagem pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL).
2Doutor em educação pela PUC/SP e Professor da UFBA.
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1 INTRODUÇÃO 1.1 Apresentação do objeto de estudo
O modelo de saúde atualmente em vigor no Brasil aborda de forma exemplar uma
assistência pública, integral e que procura atender às necessidades de cada
indivíduo de forma holística. Neste sentido, uma série de normatizações foi criada
com o propósito de assegurar aos indivíduos uma atenção à saúde resolutiva, com
vistas nos princípios da promoção, proteção e reabilitação. No entanto, existe uma
enorme distância entre o que é preconizado na teoria e o que acontece na prática.
No que se refere aos atendimentos de urgência e emergência, a rapidez e qualidade
no atendimento determinam o prognóstico do paciente. Este serviço não funciona de
maneira isolada, dependendo da assistência oferecida em outros níveis de atenção
à saúde. No que diz respeito a este tipo de assistência, a qualidade do serviço e a
resolutividade do problema ainda deixam muito a desejar.
Outro fato de suma importância no que se refere ao atendimento de saúde e
ocorrência de resultados favoráveis ou não para o paciente refere-se à atuação de
equipes multiprofissionais coesas, capacitadas e humanizadas.
Dentre vários problemas que podem levar o paciente ao atendimento de urgência e
emergência, estão as crises hipertensivas. Estas decorrem, sobretudo do
acompanhamento e seguimento das orientações de forma inadequada, resultando
parte da culpa para os profissionais e políticas de saúde e a outra parte ao próprio
paciente.
A temática relacionada à hipertensão arterial e crise hipertensiva em geral e o
oferecimento de serviços de saúde com equipes de profissionais que correspondem
às exigências determinadas por este agravo tem sido amplamente discutida entre a
população, instituições curativas, profissionais de saúde e o meio científico em geral.
As repercussões deste contexto fomentam novas perspectivas de avaliação e
transformação das políticas de saúde vigentes contrastando com a realidade
encontrada, bem como o melhor entendimento da população acerca do contexto que
envolve as crises hipertensivas e a atuação dos profissionais diante deste agravo.
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A partir das considerações referentes à atual atuação das equipes de saúde frente
às urgências e emergências hipertensivas e às dificuldades encontradas para uma
assistência de impacto na redução dos índices de ocorrências destes agravos,
passa a ser importante o estudo da atuação de tais profissionais diante das referidas
ocorrências.
Vale ressaltar que, apesar de toda a estruturação legal que rege o sistema de
saúde, questionamentos sobre a forma de atuação de determinados profissionais no
âmbito da saúde devem ser discutidos, uma vez que envolvem fatores pessoais,
profissionais e organizacionais.
1.2 Justificativa
A presente investigação vincula-se ao programa de Pós-Graduação da Atualiza e a
escolha do tema partiu da premissa de ser um problema de saúde pública,
despertando interesse e preocupação com a forma que pessoas em crise
hipertensiva têm suas necessidades de saúde resolvidas nos serviços de
urgência/emergência do Brasil pela equipe de saúde. A crescente proporção de
hipertensos e sua maior freqüência nos serviços de urgência e emergência fazem
repensar as práticas das rotinas de execução da assistência que resultam no
prognóstico do paciente.
A reflexão sobre a elevada ocorrência de atendimentos de hipertensos em unidades
de urgência/emergência, sua magnitude e a importância do reconhecimento das
repercussões do tipo de atendimento oferecido para este tipo de paciente, também
favorecem o despertar para tal tema. Associa-se ainda a estas inquietações o pouco
interesse de adequação de alguns profissionais às reais necessidades de tais
indivíduos e os fatores que promovem a atuação deficiente da equipe frente ao
atendimento. Diante desta realidade, os manejos utilizados no tratamento da crise
hipertensiva favorecem a ocorrência de quadros irreversíveis na saúde do doente.
1.3 Problema
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Como se dá a atuação das equipes de saúde no atendimento de urgência e
emergência em crises hipertensivas?
1.4 Objetivo
Avaliar a atuação da equipe de saúde no atendimento de urgência e emergência em
crises hipertensivas.
1.5 Metodologia
Por se tratar de uma revisão de literatura, foi realizada uma pesquisa bibliográfica de
forma online no Scielo, base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe –
LILACS e Base de Dados de Enfermagem – BDENF, no ano de 2011. A opção pela
pesquisa bibliográfica baseou-se na busca de considerações anteriores diversas
sobre a temática, com o objetivo de estimular novos interesses pelo tema bem como
favorecer o surgimento de conceitos e estratégias que fomentem mudanças nas
atuais estruturas vigentes, no que se refere à ocorrência de atendimentos a casos
de crises hipertensivas na população brasileira e sua assistência pela equipe de
saúde. Aborda ainda os motivos que levam os hipertensos ao atendimento em
serviços de urgência e emergência. Foram utilizadas publicações de apoio como
revistas, informativos, periódicos, monografias, pesquisas e teses.
Toda a busca bibliográfica foi realizada no ano 2011, através de sistemas
informatizados de busca em base de dados como BDENF, LILACS e MEDLINE. Ao
todo foram selecionados oito artigos do BDENF (Base de dados de Enfermagem),
noventa artigos do LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da
Saúde) e cinqüenta e dois do MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da
Saúde). Somente trinta e cinco textos foram escolhidos, relacionados ao tema
central, sendo que alguns não foram citados nas referências sendo utilizadas para
as reflexões e considerações sobre o tema central. O critério para seleção do
material a ser analisado partiu da premissa em encontrar os unitermos hipertensão,
urgência/emergência, crises hipertensivas e equipe de saúde. Vários trabalhos
foram encontrados, porém somente aqueles cujo conteúdo coincidia com o tema
central deste estudo foram pré-selecionados. Foram escolhidas publicações cujo
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texto apresentava-se completo, de acesso gratuito e em português. Além disso, foi
usado como critério o ano das publicações, sendo priorizadas aquelas a partir do
ano de 1991.
Todo o material foi agrupado de acordo com as subdivisões desta pesquisa, após
diversas leituras e interpretações por parte da autora. Um esquema de catalogação
dos textos foi montado, com vistas a associar idéias comuns e responder aos
objetivos propostos pelo estudo em questão. Além disso, foi levada em consideração
a necessidade de se criar formas de levantamento de novos debates e criação de
estratégias referentes ao problema central desta pesquisa.
Apresenta uma abordagem qualitativa, uma vez que seu foco é aberto, possui
interpretação subjetiva e o elemento essencial para análise é a palavra. Trata-se de
uma pesquisa exploratória uma vez que realiza um estudo preliminar do tema
escolhido, o qual possui uma variedade de estudos correlacionados ao mesmo.
Além disso, possui cunho descritivo, uma vez que procura solucionar ou dar
respostas ao problema levantado através da observação e análise do tema
levantado.
A elaboração desta pesquisa favorece refletir acerca do tema em foco e apresentar
contribuições de caráter pessoal, acadêmico e social. No âmbito pessoal, por
enfatizar um cuidar mais consciente, pautado na normatização do atendimento a
pacientes em crise hipertensiva, (além de favorecer a resposta aos questionamentos
que intrigam a autora relacionada ao grande número de pacientes hipertensos nas
unidades de urgência e emergência); no acadêmico, colabora para o
desenvolvimento de novas pesquisas com este cunho e outras de caráter inovador
voltado a uma assistência mais específica ao portador de hipertensão, associando
teoria e prática; no aspecto social, procura estimular uma reavaliação dos protocolos
assistenciais, fluxogramas e práticas de saúde baseada na qualidade e na
humanização da assistência, disposta de menos erros na execução do cuidar e
modificando as rotinas enfrentadas cotidianamente nos serviços específicos de
atendimento a situações mais graves.
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Existe ainda aqui uma intenção evidente em favorecer a criticidade sobre a atual
prática destes profissionais, no sentido de fomentar mudanças na maneira de agir
dos mesmos através da detecção precoce dos fatores que favorecem práticas e
redução de sequelas no atendimento às necessidades do hipertenso, especialmente
nos momentos de urgências e emergências relacionadas à doença em foco.
Neste sentido, a intenção é promover um ganho mútuo, com trabalhadores em
condições favoráveis de trabalho e pacientes melhor assistidos em suas
necessidades de saúde.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A crise hipertensiva e seus reflexos
A hipertensão arterial constitui-se num importante problema de saúde pública no
Brasil. Também conhecida como pressão alta ou assassina silenciosa, causa
redução da expectativa de vida aumentando a mortalidade entre homens e
mulheres.
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma entidade clínica multifatorial, conceituada como síndrome, pela presença de níveis tensionais elevados associados a alterações metabólicas, hormonais e fenômenos trópicos (hipertrofia cardíaca e vascular) (KIELLER; CUNHA, 2004, p.20).
O diagnóstico da hipertensão arterial através da mensuração dos níveis tensionais
tem favorecido o aumento dos índices referentes ao quantitativo de indivíduos
acometidos deste mal.
Segundo Martin, Higashiama et al (2004, p.125), “(...) a hipertensão arterial
sistêmica, cuja prevalência é estimada em 20 a 30% da população adulta >18 anos
de idade”. Vale salientar que com a perspectiva de aumento da longevidade da
população brasileira, o índice de ocorrência deste agravo também possui tendências
a aumentar, embora a mesma seja encontrada em todas as faixas etárias.
Apesar do pouco valor atribuído à cronicidade desta doença e de seu não
reconhecimento como um dos desencadeadores de outros agravos, os índices
denunciam outra realidade. De acordo com Sanchez et al (2004, p. 91) a
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hipertensão arterial “relaciona-se a 40% dos óbitos por doenças coronarianas e a
uma maior chance de desenvolver complicações como acidente vascular cerebral,
infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca”.
Ainda com relação à magnitude da hipertensão arterial, “na faixa etária de 30 a 60
anos as doenças cardiovasculares são responsáveis por 14% da totalidade de
internações, sendo 17,2% por acidente vascular cerebral (AVC) ou infarto agudo do
miocárdio (IAM), resultando ambos em gastos da ordem de 25,7% do total dos
custos com internações” (NADER et al, 2000, p.50).
O conceito de hipertensão relaciona-se ao aumento dos níveis da pressão
sanguínea. De modo geral, a hipertensão arterial é um problema de fácil diagnóstico
e que não depende de tecnologia sofisticada. Além disso, seu tratamento envolve
ações fáceis de serem aplicadas, baseadas, sobretudo em uma dieta balanceada,
prática de exercícios físicos e, sobretudo adesão ao tratamento medicamentoso. Os
medicamentos são geralmente de baixo custo, com poucos efeitos colaterais,
comprovadamente eficazes e de fácil aplicabilidade.
A hipertensão arterial sistêmica só fica caracterizada em um dado indivíduo, a
depender da mensuração de seus níveis pressóricos. Para Oliveira et al (2007, p.
258), sua definição é baseada na persistência dos valores da pressão sanguínea
acima de 135 mmHg para a sistólica e 85 mmHg para a diastólica. No entanto, tais
valores de referência podem variar de acordo com outros estudiosos.
“O critério clínico para definir HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica – em indivíduos
de 18 anos corresponde a níveis tensionais iguais ou maiores que 140mmHg x
90mmHg” (TRAD et al, 2010, p.797).
E ainda:
É diagnosticada quando é registrado nível superior a 120 x 80 mm/hg, pois, acima desse nível é maior o risco de agressão a órgãos nobres, além de acelerar o processo de endurecimento das artérias e facilitar e depósito de gordura nos vasos (KIELLER; CUNHA, 2004, p.21).
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Apesar de ser uma doença de diagnóstico simples, vários fatores devem ser
observados na determinação de um estado de hipertensão arterial em um paciente.
Assim, não só os valores de referência determinam a hipertensão, mas outros
elementos que são individuais e variáveis.
Os limites de pressão arterial considerados normais são arbitrários e, na avaliação dos pacientes deve-se considerar também a presença de fatores de risco, lesões de órgãos-alvo e doenças associadas. A acurácia do diagnóstico de hipertensão arterial depende fundamentalmente dos cuidados dispendidos nas medidas da pressão arterial. Minimizam-se, assim, os riscos de falsos diagnósticos, tanto da hipertensão arterial quanto da normotensão, e suas repercussões na saúde dos indivíduos e no custo social envolvido (MION et al, 2006, p.10).
De modo geral, a hipertensão é considerada uma doença assintomática e por não
causar reações significativas nos indivíduos, a não ser quando afeta órgãos vitais,
os cuidados freqüentes com a mesma são pouco significativos e é elevado o número
de conseqüências do seu controle inadequado.
É considerada uma doença assintomática, de evolução clínica lenta, que sem tratamento adequado, pode ter conseqüências graves, comprometendo a qualidade de vida do portador (TRAD et al, 2010, p.797).
O diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial devem ser os mais precoces
possíveis, com vistas à redução dos riscos de morbimortalidade decorrentes de sua
elevação crônica.
Assim, devido à conseqüências que deixam sequelas e a óbitos ocasionados pela hipertensão arterial é necessário um tratamento para que seja reduzida a morbidade e, principalmente a mortalidade, podendo o tratamento ser medicamentoso ou somente, por meio da mudança do estilo de vida do cliente (NETO et al, 2008).
Existem vários fatores de risco para a hipertensão arterial. A ocorrência de
agravamento da pressão arterial associada a fatores de risco determina a gravidade
da doença. Conforme Nader et al (2010, p.57), os fatores maiores de risco são:
“tabagismo, dislipidemia, diabete mellitus, idade maior que 60 anos, sexo: homem ou
mulher pós-menopausa, história familiar de doença cardiovascular (homem antes
dos 55 anos e mulher antes dos 65 anos)”.
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Além destes fatores, Souza e França (2008) ainda cita “o estilo de vida e a classe
socioeconômica do indivíduo, também, tem relação com a hipertensão. E a redução
ou ausência do tônus muscular esquelético, tal como acontece com as pessoas com
uma deficiência física”.
A depender dos valores que tais níveis alcançam, fica caracterizada a crise
hipertensiva, que se constitui numa das formas de apresentação ou complicação da
hipertensão arterial.
Crise Hipertensiva (CH) é uma das formas de apresentação ou de complicação da Hipertensão Arterial, que compreende uma grande variedade de situações clínicas que têm em comum elevação rápida, inapropriada, intensa e sintomática da pressão arterial, que pode cursar com risco de deterioração rápida dos órgãos-alvo (coração, cérebro, rins e artérias) e conseqüente risco imediato ou potencial de vida (MARTIN; LOUREIRO et al, 2004, p.253).
Corroborando com Neto et al (2008) sobre os valores característicos da crise
hipertensiva, “os níveis tensionais estão elevados, levando-se em consideração a
pressão arterial diastólica, geralmente > 120 mmHg”.
Conforme afirma Martin, Loureiro et al (2004, p.253) “os Consensos Brasileiros e o
Americano dividem a CH –Crise Hipertensiva - em emergência e urgência
hipertensiva”. Tais definições baseiam-se principalmente no tempo em que o
atendimento pode ocorrer a depender da gravidade da situação. Rodrigues (2002,
p.353) diferencia urgência e emergência hipertensiva:
Nas emergências hipertensivas preconiza-se a rápida diminuição da pressão arterial (PA) no prazo de minutos a, no máximo, algumas horas, evitando-se o agravamento funcional dos órgãos-alvo e o conseqüente risco de morte. Nas urgências, o tempo deve ser medido em horas, não ultrapassando 24 horas, de modo progressivo e cuidadoso.
Mesmo com esta divisão teórica entre emergência e urgência hipertensiva, não
existe um consenso na literatura para divisão das situações em uma das duas
classificações. A maioria dos sinais e sintomas se repete em ambas as situações e
pouco serve para caracterização do tipo de atendimento a ser administrado.
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“De fato, esses sinais e sintomas são inespecíficos, pois a maior parte dos pacientes
em que se detectam aqueles níveis de pressão está assintomática” (FUCHS et al,
1991, p. 243).
De modo geral, o tratamento para as crises hipertensivas envolve o uso de
fármacos, que muitas vezes reduzem a pressão arterial de forma abrupta,
procedimento não recomendado.
A grande maioria dos doentes que recorre ou é referenciado ao Serviço de Urgência (SU) por elevação da pressão arterial recebe o diagnóstico inapropriado de “crise hipertensiva” e, consequentemente, recebe medicação excessiva ou desnecessária (SANTOS; RODRIGUES, 2008, p. 411).
É de suma importância para a equipe de saúde assim como para o paciente saber
diagnosticar uma verdadeira crise hipertensiva e intervir no momento mais
adequado, diante do quadro clínico. Existem fenômenos reconhecidos como
pseudocrise hipertensiva ou elevações transitórias da pressão arterial, que exigem
avaliações mais criteriosas, a fim de não passar por uma assistência inadequada.
Os pacientes em pseudo-crises hipertensivas compõem um grupo heterogêneo de hipertensos, que apresentam elevação transitória da pressão arterial diante de algum evento emocional, doloroso, ou desconfortável, como enxaqueca, tontura rotatória, cefaléias vasculares ou de origem musculoesquelética, pós-operatório imediato, manifestações da síndrome do pânico, etc. (MALTA; MERHY, 2010, p.6).
Diante da dificuldade em se estabelecer verdadeiramente um diagnóstico limite entre
estas ocorrências, os valores fidedignos da crise hipertensiva ficam comprometidos
e aquém do esperado.
A incidência/prevalência de crise hipertensiva na população é abordada muito precariamente na literatura médica e as referências são, geralmente, de estudos antigos ou realizados em populações pouco expressivas. Estima-se que cerca de 1% dos hipertensos pode apresentar crise hipertensiva, na forma de hipertensão maligna (MARTIN, 2004, p.126).
A existência de diagnósticos errados deriva não somente da interpretação errônea
dos exames, como também da escassez de recursos diagnósticos para definição do
caso. Os reflexos da crise hipertensiva sem diagnóstico precoce ou com atuação
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deficiente da equipe da saúde estão na redução da qualidade de vida do hipertenso
e no aumento da ocorrência do índice de morbimortalidade relacionados à doença.
2.2 A equipe de saúde atuando na crise hipertensiva
As atuais políticas de saúde vigentes têm como base a promoção, proteção e
reabilitação da saúde em todos os níveis de atenção. O Sistema Único de Saúde
estabelece como uma das suas prioridades, o controle da hipertensão arterial
através do diagnóstico de casos, cadastramento de portadores, tratamento, busca
ativa e realização de ações educativas. Estas ações devem ser implementadas na
atenção à saúde em todos os seus níveis.
O acesso aos serviços de saúde inclui a capacidade da pessoa em buscar e obter atenção à saúde e, para isso, verifica-se um empenho dos gestores através da elaboração de propostas de novas diretrizes para as políticas de saúde, reafirmando a municipalização das ações em saúde e organização do sistema por meio da atenção básica (FAQINELLO et al, 2010, p. 738).
O seguimento destas determinações visa, sobretudo, a qualidade de vida dos
indivíduos hipertensos através da redução da ocorrência de agravos de maior
impacto como a crise hipertensiva. Vale aqui ressaltar que tanto o fenômeno da
urgência quanto da emergência hipertensiva pode ocorrer em todos os segmentos
de atenção à saúde, devendo ser este tema debatido entre os profissionais de saúde
dos diversos setores, como uma preocupação real.
De início, pode-se considerar que a atenção básica à saúde vem deixando falhas em
sua atuação. As equipes de saúde se vêem obrigadas a trabalhar com recursos
escassos ou insuficientes, pouco incentivo à prática assistencial, falta de
profissionais e as dificuldades em sensibilizar a população quanto às mudanças dos
hábitos de vida e adesão ao tratamento. Somando-se a estes aspectos existe o
descompromisso de alguns profissionais e o sentimento de impotência diante de
tantas dificuldades. Em conseqüência deste processo, aumenta a demanda às
unidades de urgência e emergência para atendimento às possivelmente preveníveis
crises hipertensivas.
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A incapacidade das UBS – Unidade Básica de Saúde – absorverem e digerirem suas demandas com relação aos primeiros atendimentos aos cuidados de saúde, a carência de infraestrutura, falta de oferta de serviços, a falta de motivação por falta dos funcionários e com relação aos programas governamentais e a total deficiência da rede de atenção básica de saúde acaba de fazer com que as pessoas procuram os hospitais de maior complexidade (níveis secundários e terciários) na “expectativa” de conseguir um atendimento, sobretudo de qualidade (OLIVEIRA; TRINDADE, 2010, p.164).
Outro fator que colabora com o aumento da demanda espontânea e reprimida nas
unidades de urgência e emergência deriva da pouca acessibilidade da maioria da
população aos serviços básicos, decorrentes, sobretudo da dificuldade que muitos
possuem para deslocar-se até os serviços de menor complexidade, visando o
controle de sua pressão arterial e conseqüente prevenção de agravos.
A análise da acessibilidade geográfica, apesar de já ter sido apontada em outros estudos como fator de impedimento à utilização dos serviços de saúde, ainda permanece sendo relatada como agente limitante ao acompanhamento à saúde dos hipertensos, o que revela a inexistência de ações específicas voltadas para a resolução desse problema (FAQUINELLO et al, 2010, p.739).
A hipertensão arterial é considerada uma doença multicausal e multifatorial, além de
exibir pouco ou nenhum sintoma que favoreça seu diagnóstico. Diante deste quadro
característico da doença em foco, há a necessidade evidente de se abordar o
paciente de forma multidisciplinar e multiprofissional.
A hipertensão arterial é um excelente modelo para o trabalho de uma equipe multiprofissional. Por ser uma doença multifatorial, que envolve orientações voltadas para vários objetivos, terá seu tratamento mais efetivo com o apoio de vários profissionais de saúde (MION et al, 2006, p.17).
A necessidade de uma atuação multiprofissional na abordagem ao paciente em crise
hipertensiva é uma tendência generalizada e baseada numa gama maior de
variáveis que envolvem vários campos de atuação profissional, com o objetivo de
responder às necessidades do paciente. Vem sendo aos poucos reconhecida e
incorporada de forma progressiva na prática diária dos serviços de saúde.
“Assim, a atuação de uma equipe de atenção à saúde é importante a fim de orientar,
assistir, diagnosticar e tratar o hipertenso, assegurando-lhe controle adequado da
pressão arterial“ (KIELLER; CUNHA, 2004, p. 20).
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Esta abordagem prevê principalmente o aconselhamento, acompanhamento e
tratamento dos indivíduos portadores de hipertensão arterial, com vistas à
prevenção de agravos de maior destaque no âmbito da morbimortalidade, como a
crise hipertensiva.
Percebe-se que, apesar da orientação da vigilância à saúde das famílias e dos seus entornos, predomina, em grande parte do país, a falta de vínculo com os portadores da hipertensão arterial e as unidades de saúde (NETO et al, 2008).
As estratégias de prevenção da hipertensão arterial e suas conseqüências exigem
uma assistência bem organizada, com atuação de equipe multiprofissional integrada
e com competências bem definidas, estabelecendo assim um elo entre o paciente e
o cuidador. Cabe aos serviços de saúde atrair a população em estágio de risco, para
um acompanhamento mais fidedigno de seus parâmetros vitais, objetivando também
a promoção da qualidade de vida destes indivíduos. Neste sentido, surge a
humanização como forma de atuação da equipe multidisciplinar em favor das
necessidades mais imediatas do indivíduo hipertenso.
O acolhimento da população que procura um determinado serviço de saúde, com avaliação de risco e vulnerabilidade, seria, portanto o primeiro elo de uma cadeia de humanização, uma vez que a intervenção oportuna em pessoas gravemente doentes é fundamental para evitar a progressão para uma parada cardíaca e salvar vidas (CARNEIRO, 2009, p. 22).
No entanto, ainda é fato comum encontrar instituições com serviços de urgência e
emergência atuando em regime de escassez de profissionais, deixando muitas
vezes a assistência prejudicada. A abordagem múltipla de profissionais preconizada
é precária, o que pode colaborar para o agravamento do quadro do paciente.
Somando-se a estes fatores, existe a pouca ou nenhuma programação das ações,
avaliação dos resultados obtidos e redirecionamento das estratégias.
As equipes não estão preparadas para atuar programaticamente, sobressai o atendimento à demanda espontânea em contraposição à alternativa do trabalho programático e da oferta organizada, expressando ausência de planejamento para uma base populacional e despreparo no monitoramento e na avaliação da efetividade das ações desenvolvidas (NETO et al, 2008).
Além disso, os membros da equipe de saúde devem ajustar suas ações de acordo
com os limites e especificidades de cada serviço, adequando-se à realidade vigente.
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Somando-se a isto existe a necessidade de estabelecer limites de atuação de cada
área profissional na abordagem ao paciente, com vistas a proporcionar uma atenção
integral a cada indivíduo, respeitando suas particularidades e acima de tudo
tratando-o de forma holística.
Outro aspecto que define o aumento das filas em busca de atendimento nas
urgências e emergências, no caso de crise hipertensiva está na falta de preparo,
conhecimento por parte dos profissionais de saúde e de uma normatização com
vistas a um paciente em processo evolutivo de uma hipertensão arterial para uma
crise hipertensiva nos serviços de atenção básica.
O acolhimento com avaliação de risco e vulnerabilidade é a busca de oferecer um bom cuidado, ofertando ao paciente a resolubilidade, ao incorporar critérios de avaliação de riscos, que levam em conta toda a complexidade dos fenômenos saúde/doença, o grau de sofrimento dos usuários, e a priorização da atenção no tempo, diminuindo o número de mortes evitáveis, sequelas e internações (CARNEIRO, 2009, p.25).
Como foi possível perceber, somente os valores dos níveis pressóricos de um dado
paciente, não define a existência de uma crise hipertensiva. Neste caso, torna-se de
suma importância definir outros elementos que caracterizem a existência do agravo,
colhidos principalmente através de uma anamnese bem feita deste indivíduo. Papel
este incumbido à equipe de saúde.
O diagnóstico diferencial entre emergência, urgência hipertensiva e HTA – Hipertensão Arterial- não controlada é crucial e para tal é necessária a realização de uma história clínica cuidadosa que privilegie a história da doença hipertensiva e das suas conseqüências, nomeadamente a presença de lesão de órgãos-alvo prévia (SANTOS; RODRIGUES, 2008, p.412).
Para que haja um diagnóstico preciso da doença e a terapêutica efetiva a ser
implantada, é necessário valorizar a escuta ao paciente, a percepção sobre seu
estado clínico, o compromisso com sua situação de saúde, considerando a
singularidade de cada caso, bem como sua vulnerabilidade.
Muitos pacientes ainda aglomeram-se nos serviços de urgência e emergência, por
possuírem diagnósticos pouco precisos ou errados, tratando simples alterações dos
níveis tensionais como crises hipertensivas.
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O atendimento a pacientes em crise hipertensiva nas unidades de urgência e
emergência deve ser sistematizado, com objetivos claros e amplo enfoque. É
importante coletar dados significativos que possam colaborar para a utilização de
intervenções corretas. Na maioria dos atendimentos de cunho emergencial, tais
elementos não são levados em consideração, sendo as ações voltadas para a
sintomatologia do paciente.
(...) a abordagem da crise hipertensiva apresenta controvérsias relacionadas principalmente ao diagnóstico correto, à diferenciação entre emergência e urgência, às dificuldades de avaliação e à escolha da terapêutica adequada. Este fato assume maior importância quando se considera que o diagnóstico e o tratamento adequados previnem graves lesões decorrentes desta situação médica (MARTIN et al, 2004, p.126).
A descontinuidade do tratamento é algo comum entre a maioria dos portadores de
doenças crônicas. A pouca aceitação em considerar a hipertensão arterial uma
doença crônica colabora para a pouca adesão aos cuidados prescritos. Muitos
fatores colaboram para a desistência do tratamento longo, assim como afirma Pierin
et al (2001, p.12):
Vários estudos têm examinado os elementos intervenientes na adesão ao tratamento. Muitas destas pesquisas têm enfocado as características pessoais e demográficas dos hipertensos; seus conhecimentos, seus valores, crenças; experiências de vida e expectativas; influências sociais, como suporte familiar; barreiras encontradas, como a falta de recursos; e dificuldades para conseguir o tratamento.
Tais eventos também podem colaborar para aumento do número de indivíduos em
possível situação de urgência ou emergência hipertensiva erroneamente
diagnosticada. O aumento da pressão arterial nestes casos possui outras causas,
mais fáceis de serem resolvidas e sem risco de maiores sequelas ao paciente.
Perante estes casos, a atitude do médico deverá ser intensificar a terapêutica prévia, sensibilizar o doente para o cumprimento da mesma e marcar consulta de seguimento, nomeadamente nas situações em que suspeitar de HTA secundária (SANTOS; RODRIGUES, 2008, p.413).
Diante de todas estas dificuldades, é também papel da equipe de saúde acolher tais
indivíduos, utilizando técnicas de envolvimento do mesmo como corresponsável pelo
controle de sua doença. O bom relacionamento do paciente com a equipe de saúde,
em todas as instâncias de atendimento favorece sua adesão ao tratamento, bem
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como favorece o prognóstico, já que as responsabilidades são divididas. O paciente
vê no profissional não apenas um técnico, mas alguém em quem se pode confiar.
Neste sentido Ceará (2003) apud Carneiro (2009, p.22), cita:
A integração, a comunicação, o vínculo e o reconhecimento mútuo entre profissionais e usuário, entre equipes de profissionais e gestores das diversas instâncias do sistema de saúde, são fatores de fortalecimento e facilitação da eficácia no atendimento à população (...).
O estabelecimento de uma interação social entre paciente e equipe de saúde
favorece a proteção à vida nos aspectos físico, mental e psicoafetivo. Este apoio,
que muitas vezes se torna ausente na convivência familiar ou entre os amigos, deve
ser enfatizado na abordagem dos profissionais de saúde. O paciente ao procurar um
dado serviço de saúde vai em busca de mais que medicamentos e exames
diagnósticos. A atuação impessoal, distante e formal da equipe de saúde deve dar
lugar a uma assistência mais interativa, sensível e humanizada.
É provável que, pelo menos em parte, seja em decorrência da falta de acolhimento por parte dos profissionais da UBS – Unidade Básica de Saúde – que os hipertensos em estudo precisaram procurar as unidades de emergência para atendimento da descompensação dos níveis pressóricos. A ausência de vínculo com os profissionais de saúde constitui um indicativo de que a UBS não tem se apresentado como uma rede de apoio a estes indivíduos, os quais não percebem nela uma referência para a solução de seus problemas de saúde (FAQUINELLO et al, 2010, p.742).
O que acontece na maioria dos serviços de urgência e emergência é a simples
prestação da assistência para atendimento aos aspectos mais necessários ao
indivíduo.
As equipes não estão preparadas para atuar programaticamente, sobressai o atendimento à demanda espontânea em contraposição à alternativa do trabalho programático e da oferta organizada, expressando ausência de planejamento para uma base populacional e despreparo no monitoramento e na avaliação da efetividade das ações desenvolvidas (NETO et al, 2008).
Além da capacitação técnico-científica, essencial para atendimento ao paciente em
crise hipertensiva, cada profissional deve ser dotado de dinamicidade e
sensibilidade, com vistas ao exercício de um trabalho seguro e de qualidade.
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3 CONCLUSÃO
Ao final da pesquisa, pode-se afirmar que muitas pessoas, apesar de conhecerem
sua doença hipertensiva ou mesmo terem passado por episódios de crise
hipertensiva, apresentam resistência ao tratamento. Convencer um indivíduo sem
sintomatologia acerca da gravidade de sua doença e das possíveis sequelas que a
mesma pode gerar, principalmente quando isto envolve mudanças de hábitos de
vida não é nada fácil. Os profissionais de saúde devem evitar subestimar as
dificuldades relacionadas às restrições que este indivíduo é obrigado a adotar.
Este estudo mostra a importância da atuação da equipe de saúde no apoio ao
paciente hipertenso e na tentativa de superação de suas dificuldades. Um dos
preceitos a ser adotado é saber valorizar as queixas dos pacientes, estabelecendo
um relacionamento interpessoal satisfatório. Além disso, a orientação deve ser
personalizada com vistas a adequar a realidade de cada paciente às novas
limitações estabelecidas pela doença. O colocar-se no lugar do outro através da
empatia também se constitui num elemento primordial na assistência fornecida pela
equipe de saúde.
De acordo com o artigo apresentado, o profissional de saúde deve adotar a
acolhimento como forma de sistematizar a assistência, através da inclusão do
paciente com base em uma escala de riscos. Neste sentido, valoriza-se a triagem
como elemento primordial para seleção dos casos de acordo com seu nível de
complexidade, colaborando para adequação da demanda ao serviço e redução das
filas nas portas das unidades de urgência e emergência.
A partir desta pesquisa, pode-se afirmar que a humanização da assistência deve ser
algo viabilizado por toda a equipe de saúde, para que o paciente saiba que pode
encontrar um apoio diante das dificuldades que a doença hipertensiva lhe traz.
Os autores aqui apresentados e discutidos concordam em sua maioria, que todo
paciente deve ser assistido por uma equipe multiprofissional qualificada,
humanizada e personalizada. Lembrando ainda que tal equipe não deve ser
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privilégio somente da atenção básica ou das unidades de urgência e emergência,
uma vez que uma situação de crise hipertensiva pode ser atendida em qualquer um
destes serviços.
Pode-se concluir com o artigo que as formas de atuação das equipes de saúde no
atendimento a urgências e emergências em crises hipertensivas devem ser melhor
debatidas, visando, sobretudo a adesão dos profissionais da área e das instituições
de saúde às práticas mais humanizadas durante a prestação do cuidado. Além
disso, faz-se necessária a realização de estudos mais aprofundados que detectam
as causas mais comuns e as consequências de variados tipos de assistência para
os profissionais, a clientela e as instituições de saúde em geral. É preciso
considerar que cada local de trabalho possui características diferentes e que cada
grupo de trabalhadores de saúde e cliente hipertenso possui singularidades,
interpretando a realidade ao seu redor e reagindo de forma única.
Diante do que foi abordado na pesquisa, percebeu-se a importância de desenvolver
ações enfatizando um cuidado completo ao paciente, sem causar ônus à sua vida ou
ao do profissional que presta assistência à sua saúde. Deve-se ainda utilizar os
princípios éticos e legais de cada profissão como norteadores diante das tomadas
de decisões, executando o cuidado de forma sistematizada, humana e completa,
independente do público-alvo ao qual ele se destina.
Baseado no estudo, destaca-se a necessidade de promover atitudes de
autovalorização profissional, incluindo exigências acerca das condições de trabalho
e promovendo momentos de reflexão sobre a atuação de toda a equipe na
assistência à crise hipertensiva. Ressalta-se a importância das considerações
serem abordadas, porém enfatizando a singularidade de cada paciente, afinal as
vivências e experiências são diferenciadas, mas deve ser comum a meta de
proteção à saúde durante o cuidado com o outro.
Sendo assim, a maioria dos atendimentos de urgência e emergência em crise
hipertensiva poderia ser evitada se este problema fosse encarado como de
importância epidemiológica e mais esforços e recursos fossem destinados a
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programas de atenção básica de controle da hipertensão arterial, como medida de
promoção e prevenção da saúde.
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