auditoria estratégica.final

61
SEMINÁRIO “Experiências Transformadoras da Inspeção do Trabalho” Auditoria estratégica e ausência de projetos de prevenção como determinantes do embargo de obras: um novo paradigma para a indústria da construção Carlos Alberto Castor de Pontes Soraia di Cavalcanti Pinheiro SRTE/PB

Upload: carlosdepontes

Post on 08-Jul-2015

273 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Auditoria estratégica.final

SEMINÁRIO “Experiências Transformadoras da Inspeção

do Trabalho”

Auditoria estratégica e ausência de projetos de prevenção como

determinantes do embargo de obras: um novo paradigma para a

indústria da construção

Carlos Alberto Castor de PontesSoraia di Cavalcanti Pinheiro

SRTE/PB

Page 2: Auditoria estratégica.final

Indústria da Construção

• Dados gerais

Lugar de destaque no cenário sócio-econômico do país

120 mil empresas

Mais de 3 milhões de trabalhadores formais

2

Page 3: Auditoria estratégica.final

Indústria em Crescimento

3

Page 4: Auditoria estratégica.final

Dados acidentários da IC

• Mundo

17% de todos os acidentes fatais ocorridos no local de trabalho

60 mil mortes/ano (1 morte a cada 10 min)

Trabalhadores têm risco 3 x maior de morrer por ATdo que aqueles em atividade no universo dos demais setores econômicos

4

Page 5: Auditoria estratégica.final

Dados acidentários da IC

• Brasil

3º lugar em número de AT

1º lugar em número de óbitos

30% dos AT fatais analisados pelo MTE

5

Page 6: Auditoria estratégica.final

Auditoria estratégica

Conceitos:

• Causas dos AT

• Modo de combate aos AT

6

Page 7: Auditoria estratégica.final

Causas dos Acidentes

Quedas

Choque Elétrico

Soterramento

Sintomas

IMPROVISAÇÃO

7

Page 8: Auditoria estratégica.final

Como combater os AT na IC?

Segurança do Trabalho como Engenharia

Planejamento

Projeto

Especificação

Procedimento

8

Page 9: Auditoria estratégica.final

PROJETOS

Projetos do empreendimento

Arquitetônico

Estrutural

Sistemas prediais

Outros

Projetos de segurança do trabalho

Proteções Coletivas

Instalações Elétricas

Andaimes

9

Page 10: Auditoria estratégica.final

Diagnóstico/Contexto

• Execução de obras improviso

• Planejamento/projetos ausentes/genéricos

• Construção projetos únicos

• Genérico negação do específico

• Prevenção genérica ausência de prevenção 10

Page 11: Auditoria estratégica.final

Diagnóstico/Contexto

AFT: importante na indução/manutenção do quadro de insegurança

Razões:

• Pacto não escrito – prazos e/ou procedimentos protelatórios

• Não identificação do improviso como causa dos AT/caracterizador de situação de GIR

11

Page 12: Auditoria estratégica.final

A inexistência dos projetos de segurança do trabalho e/ou de sua implementação

configuram

SITUAÇÕES DE GRAVE E IMINENTE RISCO

EMBARGO

12

Page 13: Auditoria estratégica.final

QUEM PERDE COM A INSEGURANÇA

• TRABALHADORES

Exercem suas atividades desguarnecidos dasindispensáveis medidas protetivas

Têm seu desempenho comprometido

Têm seu direito à segurança, a sua dignidade ea sua cidadania afrontados

13

Page 14: Auditoria estratégica.final

QUEM PERDE COM A INSEGURANÇA

• EMPREGADORES

Os fatores que causam acidentes são osmesmos que acarretam

Desperdícios

Retrabalhos

Quebra de cronograma

Baixa produtividade

Comprometimento da qualidade14

Page 15: Auditoria estratégica.final

QUEM PERDE COM A INSEGURANÇA

• EMPREGADORES

Os fatores que causam acidentes são os mesmos que podem

Potencializar os riscos de demandas nas esferas trabalhista, previdenciária, cível e penal

Afetar a imagem e o crescimento corporativo, colocando em risco a própria sobrevivência do negócio

15

Page 16: Auditoria estratégica.final

QUEM PERDE COM A INSEGURANÇA

• SOCIEDADE

o que fazer para mudar?

16

Page 17: Auditoria estratégica.final

AUDITORIA ESTRATÉGICA uma definição

Auditoria: exame cuidadoso e sistemático das atividades desenvolvidas em determinada empresa ou setor, cujo objetivo é averiguar se:estão de acordo com as disposições planejadas

e/ou estabelecidas previamente

foram implementadas com eficácia

estão adequadas (em conformidade) à consecução dos objetivos

17

Page 18: Auditoria estratégica.final

AUDITORIA ESTRATÉGICAuma definição

Auditar pressupõe a existência de planejamento do objeto (empresa/organização) a ser auditado

Planejar constitui atributo cuja demanda é desencadeada pelo nível estratégico da empresa

18

Page 19: Auditoria estratégica.final

Organização do trabalho em três níveis hierárquicos de responsabilidade

19

Estratégico - estabelece metas e objetivos (condicionante do desenvolvimento do processo)

Intermediário – responde pela articulação interna das decisões com a produção

Operacional – desenvolve a produção (executa atividades e tarefas)

Page 20: Auditoria estratégica.final

AUDITORIA ESTRATÉGICAuma definição

Auditar estrategicamente, pois, implica em apontar todos os esforços e mecanismos inspecionais na direção do topo da hierarquia da organização, induzindo-o, no campo da prevenção ocupacional, a planejar a sua atividade da mesma forma que o faz relativamente aos demais aspectos do seu negócio.

20

Page 21: Auditoria estratégica.final

AUDITORIA ESTRATÉGICA

Objetivo

• melhoria contínua/sustentável das condições de trabalho

redução de acidentes do trabalho e doenças profissionais

21

Page 22: Auditoria estratégica.final

Prevenção: etimologia

Prevenir PRAEVENIRE

PRAE (antes, à frente)

+VENIRE (vir)

22

Page 23: Auditoria estratégica.final

ASPECTOS RELACIONADOS À DEFINIÇÃO DO EMPREENDIMENTO

Tipo de obra

Alternativas arquitetônicas

Opções estruturais

Processos e métodos construtivos

Materiais e equipamentos

Cronograma

Modo de captação, seleção, contratação e remuneração

Forma de gestão

Gênese dos Riscos

23

QUEM PODE FAZER PREVENÇÃO?

Page 24: Auditoria estratégica.final

CONSIDERAÇÕES

• AFT não faz prevenção (afastado da geração dos riscos)

Prevenção – só implementada por quem gera o risco

( trabalhador – objeto da prevenção)

• AFT : não assumir responsabilidade pelo fiscalizado

• AFT: induzir ao planejamento/projeto no combate ao improviso

Prevenção efetiva: inserida na dinâmica produtiva

24

Page 25: Auditoria estratégica.final

RESULTADOS

Imediatos: adoção do planejamento/projeto

em conformidade com a obra a que se refere

(requisito para levantamento do embargo

efetivado)

Mediatos: ações estruturantes

25

Page 26: Auditoria estratégica.final

Ações estruturantes

derivadas de uma abordagem estratégica

26

Page 27: Auditoria estratégica.final

AÇÃO 1

PROGRAMA DE REDUÇÃO DE ACIDENTES ELÉTRICOS - PRAE

27

Page 28: Auditoria estratégica.final

AÇÃO 2

ADOÇÃO DO PCMAT COMO PROGRAMA PADRÃO DO EMPREENDIMENTO DE

CONSTRUÇÃO

28

Page 29: Auditoria estratégica.final

PCMAT COMO PROGRAMA PADRÃO DO EMPREENDIMENTO

• Histórico

• Justificativa

Obras < de 20 PPRA

GIR não contemplados paralisações

Perdas geradas

investimento vazio + maiores desperdícios + custos diretos e de imagem

gastavam mais para prevenir/proteger menos

Para contornar paralisações gestão de risco (reconhecer riscos, definir medidas correspondentes,implementar proteções e procedimentos = PCMAT)

Page 30: Auditoria estratégica.final

PCMAT COMO PROGRAMA PADRÃO DO EMPREENDIMENTO

• Adoção do PCMAT

Instrumento adequado e efetivo (Segurança do Trabalho no contexto do processo produtivo)

Redução das paralisações e dos custos (ritmo, produção,cronograma,...)

Uso pedagógico da CC

Page 31: Auditoria estratégica.final

PCMAT COMO PROGRAMA PADRÃO DO EMPREENDIMENTO

• Resultado

Inserção de cláusula na Convenção Coletiva(proposta empresarial)

Obrigatoriedade da elaboração e implementação do PCMAT independente do número de

empregados da obra

Page 32: Auditoria estratégica.final

Instrumento de formalização da ação

32

Page 33: Auditoria estratégica.final

PCMAT COMO PROGRAMA PADRÃO DO EMPREENDIMENTO

PARCERIAS SINDUSCON

SINTRICOM

INDICADORES DO IMPACTO DA AÇÃO

Obrigatoriedade de implantação do PCMAT em 100% dos empreendimentos de construção na grande João Pessoa (antes só exigível para estabelecimentos a partir de 20 trabalhadores)

33

Page 34: Auditoria estratégica.final

AÇÃO 3

APROVAÇÃO DE LEGISLAÇÃO MUNICIPAL VINCULANDO A EMISSÃO DO ALVARÁ

DE CONSTRUÇÃO A PROJETOS DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE

TRABALHO

34

Page 35: Auditoria estratégica.final

EMISSÃO DE ALVARÁ VINCULADO A PROJETOS DE PREVENÇÃO

• Premissas

Riscos só estabelecidos com a instalação do canteiro

Instalação do canteiro precedida de ALVARÁ

Prefeitura detém um instrumento de grande potencial transformador

35

Page 36: Auditoria estratégica.final

EMISSÃO DE ALVARÁ VINCULADO A PROJETOS DE PREVENÇÃO

Premissas

Questão :

Como utilizar esse potencial?

OBJETO DA LEGISLAÇÃO

36

Page 37: Auditoria estratégica.final

ALVARÁ VINCULADO A PROJETOS DE PREVENÇÃO

CASO 1 – PATOS/PB (3º POLO DO ESTADO)

• HISTÓRICO

Início: novembro/2009 (MTE/MPT)

26 obras

34 empresas

30 embargos

18 visitas

Conclusão: junho/2011

Page 38: Auditoria estratégica.final

ALVARÁ VINCULADO A PROJETOS DE PREVENÇÃO

CASO 1 – PATOS/PB

• INSTRUMENTOS DE FORMALIZAÇÃO DA AÇÃO

TERMO DE COMPROMISSO DE COOPERAÇÃO (06/04/2011)

DECRETO Nº 046/2011(16/06/2011)

• OBJETO

Estabelecer ações de prevenção de acidentes do trabalho na indústria da construção no âmbito municipal.

Page 39: Auditoria estratégica.final

TERMO DE COMPROMISSO DE COOPERAÇÃO (06/04/2011)

39

Page 40: Auditoria estratégica.final

DECRETO Nº 046/2011(16/06/2011)

40

Page 41: Auditoria estratégica.final

DECRETO 046/2011

DESTAQUES

Art. 4º - A Secretaria de Infraestruturado município, além dos documentosordinariamente solicitados, condicionará aconcessão do alvará de construção àapresentação, por parte do requerente, dosseguintes documentos:

41

Page 42: Auditoria estratégica.final

DECRETO 046/2011

Art. 4º - ...

II – Projeto(s) das proteções coletivasnecessárias à prevenção dos riscos deacidentes do trabalho e aodesenvolvimento seguro doempreendimento de construção,acompanhados da Anotação deResponsabilidade Técnica-ART respectiva ;

42

Page 43: Auditoria estratégica.final

DECRETO 046/2011

Art. 4º - ...III – Projeto das instalações elétricas que

serão utilizadas no desenvolvimento dasatividades de construção, acompanhados daAnotação de Responsabilidade Técnica-ART respectiva .

43

Page 44: Auditoria estratégica.final

DECRETO 046/2011(16/06/2011)

Art. 4º - ...§ 1º - Os documentos referidos neste artigo

serão exigíveis para obras públicasmunicipais de qualquer porte ou natureza epara empreendimentos privados com maisde quatro pavimentos ou área deconstrução superior a 500 m² (quinhentosmetros quadrados).

44

Page 45: Auditoria estratégica.final

DECRETO 046/2011(16/06/2011)

Art. 4º - ...

§ 2º - A Comissão Permanente de licitaçãodeve fazer constar nas planilhas de custosdos processos licitatórios de obras eserviços de engenharia itens relativos àsegurança e saúde no trabalho e consignarnos editais e contratos administrativos aimposição de penalidades em caso dedescumprimento.

45

Page 46: Auditoria estratégica.final

ALVARÁ VINCULADO A PROJETOS DE PREVENÇÃO

• Parceria

Prefeitura Municipal de Patos/PB

46

Page 47: Auditoria estratégica.final

Indicadores do impacto da ação

• Implementação dos referidos projetos em 100% das obras fiscalizadas

• Obrigatoriedade da elaboração dos projetos de prevenção em 100% das obras – com as características definidas no Decreto - objeto de emissão de alvarás de construção

47

Page 48: Auditoria estratégica.final

ALVARÁ VINCULADO A PROJETOS DE PREVENÇÃO

Caso 2 JOÃO PESSOA

• HISTÓRICO

Reuniões

Audiência Pública 28/05/2012 (PLO Nº 1503/2012)

Aprovação pela Câmara 28/06/2012

Transformação na Lei Nº 1.798, de 07/01/2013

48

Page 49: Auditoria estratégica.final

ALVARÁ VINCULADO A PROJETOS DE PREVENÇÃO

INSTRUMENTO DE FORMALIZAÇÃO DA AÇÃO:

• PLO Nº 1.503/2012.

• Lei Nº 1.798, de 07/01/2013

PARCEIROS

• Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de João Pessoa-SINTRICOM e Vereadora Sandra Marrocos

49

Page 50: Auditoria estratégica.final

LEI Nº 1.798/2013

50

Page 51: Auditoria estratégica.final

ALVARÁ VINCULADO A PROJETOS DE PREVENÇÃO

INDICADORES DO IMPACTO DA INTERVENÇÃO:

• Obrigatoriedade da elaboração dos referidos projetos de prevenção como requisito para emissão de alvará de construção em 100% das obras de João Pessoa com as características definidas no Projeto de Lei, elevando um índice que, antes, era de 0%;

51

Page 52: Auditoria estratégica.final

CONSIDERAÇÕES

• Não traz dispositivo novo a cujo cumprimentoo empreendedor já não esteja legalmenteobrigado (NRs, Convenção Coletiva).

• Atende a boa técnica da estratégiaprevencionista que é combater o risco na suaorigem (início da obra).

• Só se justifica num contexto de uso doembargo pela AFT em situações deinexistência de projetos.

52

Page 53: Auditoria estratégica.final

AUDITORIA - ENFOQUESTradicional:

• pontual

• desconectado da gestão

• resolutividade no nível operacional

• fundamento: improviso

Estratégico

• abrangente

• indutor de uma gestão eficaz da prevenção

condiciona o desenvolvimento da atividade ao projeto

demanda a atuação dos profissionais de SST

• resolutividade no nível estratégico

• fundamento: planejamento53

Page 54: Auditoria estratégica.final

AUDITORIA ESTRATÉGICA

• Avaliação do emprego da metodologia

Conceito de fácil assimilação pela gestão da empresa

Obstáculo: prevalência da abordagem fiscal tradicional (dados do SFIT)

54

Page 55: Auditoria estratégica.final

EMBARGOS BRASIL 2011

RF 5 BR PB A B C D E F G

PCMAT18.3.1

41 35 3 - 1 - 1 - 1

Memorial 18.3.4 “a”

44 33 9 - 2 - - - -

Projetos PC18.3.4 “b”

55 33 9 8 3 1 - 1 -

Pj. Elétrico 10.3.8

35 29 6 - - - - - -

55

Dados: SFIT

Page 56: Auditoria estratégica.final

EMBARGOS BRASIL 2011

0

10

20

30

40

50

60

PCMAT MEMORIAL PJ PROT.

COLETIVAS

PJ ELÉTRICO

BR

PB

OUTROS

56

Page 57: Auditoria estratégica.final

EMBARGOS BRASIL 2012

0

10

20

30

40

50

60

PCMAT MEMORIAL PJ PROT.

COLETIVAS

PJ ELÉTRICO

BR

PB

OUTROS

57

Page 58: Auditoria estratégica.final

AUDITORIA ESTRATÉGICA

• Considerações Finais: Apresenta grande potencial de redução de AT

Parâmetro: OIT = redução de 20% dos AT em 10anos (Ag. Hemisférica-XVI ReuniãoAmericana, Brasília-2006);

Fomenta uma mudança cultural: improvisoprojeto;

Estimula a adoção de um SGSST como instrumento de prevenção;

Remete à tendência mundial de enfoque da matéria, consoante já consolidado no direito comunitário europeu;

58

Page 59: Auditoria estratégica.final

AUDITORIA ESTRATÉGICA

• Considerações Finais: Eleva o nível de interlocução da auditoria fiscal do

trabalho na hierarquia corporativa, qualificando, valorizando e agregando respeito à figura do AFT;

Realça o papel do profissional de assessoria empresarialna área de SST, já que a gestão da prevenção exigehabilidades e competências específicas;

Eleva o status da prevenção porquanto a transfere daperiferia para o centro do negócio;

Apresenta potencial de redução das demandas judiciais;59

Page 60: Auditoria estratégica.final

AUDITORIA ESTRATÉGICA

• Considerações Finais:

• Enfatiza a responsabilidade empresarial sobre a prevenção aoinduzir à necessidade do planejamento dessa matéria

Sinaliza para a necessidade de organização e planejamento daprevenção para todas as interfaces do processo produtivo elemento intrínseco à estratégia corporativa

Induz a adoção pela Industria da Construção do que sepoderia conceituar como PREVENÇÃO EFETIVA ESUSTENTÁVEL

60

Page 61: Auditoria estratégica.final

Carlos Alberto Castor de Pontes

[email protected]

Soraia di Cavalcanti Pinheiro

[email protected]

61

OBRIGADO!!!!