avaliação sociologia e educação

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1) Explique como Durkheim define sociologicamente o conceito de Educação. (1,0) 2) Que relações é possível estabelecer entre Sociedade e Educação, segundo as análises de Émile Durkheim? (1,0) 3) Explique, de acordo com Durkheim, qual é o caráter da educação e a importância de sua ação na sociedade? (1,0) Na introdução do livro feita por Fauconnet, e baseando-se nos escritos de Durkheim, o conceito de educação pode ser entendido como “algo essencialmente social”. Seu método, iniciando-se pela observação, vai mostrar como esse fenômeno é um fato social. Apesar de haver variações na educação de cada sociedade, todas segundo o autor, suportariam um “certo ideal humano”, sendo este mesmo “o polo da educação” que é infundido no espírito das crianças, determinando “as condições essenciais de sua própria existência”, e definindo sua “organização moral, política e religiosa”. Conclui-se disso que, “a educação é uma socialização da geração jovem” (pg. 10). Assim, a composição do “ser social”, envolveria o indivíduo que representa estados mentais próprios, e o coletivo que seria a personalidade dos diferentes grupos dos quais fazemos parte. “Constituir este ser em cada um de nós é o objetivo da educação” (pg. 11). Nesse processo a criança entraria como “uma tabula quase rasa” na qual a sociedade se inscreve substituindo “o ser egoísta e associal”, por outro que possa ter uma vida social e moral. Como mecanismos extracorpóreos, as habilidades sociais (diferentes das biológicas), por sua complexidade em “materializar-se sob a forma de predisposições orgânicas”, são transmitidas pela via social, ou seja, pela educação. O autor parte agora para uma análise em como os estudiosos consideraram a educação como algo eminentemente individual. A definição desses autores, por seu caráter abstrato, teria distorcido a realidade: “individualista em excesso, desatada demais da história, ela frequentemente legifera para um homem de convenção, independente de

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1. Explique como Durkheim define sociologicamente o conceito de Educao. (1,0)1. Que relaes possvel estabelecer entre Sociedade e Educao, segundo as anlises de mile Durkheim? (1,0)1. Explique, de acordo com Durkheim, qual o carter da educao e a importncia de sua ao na sociedade? (1,0)Na introduo do livro feita por Fauconnet, e baseando-se nos escritos de Durkheim, o conceito de educao pode ser entendido como algo essencialmente social. Seu mtodo, iniciando-se pela observao, vai mostrar como esse fenmeno um fato social. Apesar de haver variaes na educao de cada sociedade, todas segundo o autor, suportariam um certo ideal humano, sendo este mesmo o polo da educao que infundido no esprito das crianas, determinando as condies essenciais de sua prpria existncia, e definindo sua organizao moral, poltica e religiosa. Conclui-se disso que, a educao uma socializao da gerao jovem (pg. 10). Assim, a composio do ser social, envolveria o indivduo que representa estados mentais prprios, e o coletivo que seria a personalidade dos diferentes grupos dos quais fazemos parte. Constituir este ser em cada um de ns o objetivo da educao (pg. 11). Nesse processo a criana entraria como uma tabula quase rasa na qual a sociedade se inscreve substituindo o ser egosta e associal, por outro que possa ter uma vida social e moral. Como mecanismos extracorpreos, as habilidades sociais (diferentes das biolgicas), por sua complexidade em materializar-se sob a forma de predisposies orgnicas, so transmitidas pela via social, ou seja, pela educao. O autor parte agora para uma anlise em como os estudiosos consideraram a educao como algo eminentemente individual. A definio desses autores, por seu carter abstrato, teria distorcido a realidade: individualista em excesso, desatada demais da histria, ela frequentemente legifera para um homem de conveno, independente de qualquer meio social definido (pg. 13). Essas filosofias no levando em considerao o mbito histrico incorriam em universalismos que se provaram inconsistentes com a experincia de diferentes sociedades. A passagem do sc. XVIII para o XIX marcaria essa nova percepo, o entendimento desse fenmeno pela chamada Filosofia da Educao. A educao coisa social: isto quer dizer que ela coloca a criana em contato com uma determinada sociedade, e no com a sociedade in genere (ibid.). Na parte escrita propriamente por Durkheim, inicia-se um exame crtico das definies de educao. Porm o autor no esta interessado nas aes de homens da mesma faixa etrio uns sobre os outros, mas de adultos sobre os jovens. No intento de buscar responder o que seria essa ao sui generis, ele cita alguns exemplos onde, seja em Kant e o conceito de educao tendo como funo o desenvolvimento harmnico de todas as faculdades humanas, seja em James Mill, como transformar o individuo em um instrumento de felicidade para si e para os outros, todas estas definies condizem com uma educao perfeita, ideal universal, que segundo o autor, no pode ser encontrada quando se leva em considerao uma anlise histrica particular. Por exemplo: na Idade Mdia, a educao era acima de tudo crist; no Renascimento, ela adquire um carter mais laico e literrio; hoje, a cincia tende a tomar o lugar que a arte ocupava antigamente (pg. 46). Dessa forma, com a mudana constante a noo de ideal no coerente com as realidades sociais especificas, mas fruto do esprito de uma poca, ou seja, so frutos do pensamento coletivo sobre os indivduos. Feito essas colocaes, quando se busca definir a educao deve-se levar em considerao os sistemas educativos que existem ou que j existiram, compar-los e identificar os aspectos em comum (pg. 49). E o foco seria na definio da natureza da ao de adultos sobre os jovens.Durkheim se referindo ao sistema de educao aponta que ele se apresentaria um duplo carter, sendo ao mesmo tempo singular e mltiplo. Os tipos de sociedades determinaro os tipos de educao, sendo por isso vrios tipos existentes, variando, por exemplo, pelo status social em uma poca, de um lugar (cidade e campo), e ao longo do tempo. Tambm deve se levar em considerao que a criana ser preparada para uma gama de opes especficas, e para funes especficas, e com isso, a educao, a partir de determinada idade, no pode mais continuar a mesma para todos os sujeitos aos quais ela se aplica (pg. 51). E pela diviso social do trabalho estar em constante complexificao nas sociedades modernas, a tendncia a maior necessidade de diversificao e especializao. Mas esse processo representaria um momento lgico na histria da humanidade, e o autor est interessado em uma anlise mais ampla, tendo como base comum apenas que em todas as sociedades existem um certo nmero de ideias, sentimentos e prticas que so infundidas em todas as crianas de alguma forma. toda educao, tanto a do rico quanto a do pobre, tanto a que conduz profisses liberais quanto a que prepara para as funes industriais, tem como objetivo fix-las nas conscincias (pg. 52). Partindo-se de um ideal de homem (fsico, intelectual, moral), constri-se um cidado, mas que se diferenciar de acordo com os meios de determinadas sociedades atravs da diviso social nesse meio. Nesse sentido uma sociedade existe perpetuando certa homogeneidade em seus membros, contudo a diversificao importante para que exista a cooperao. Feitas essas constataes conclui-se que a educao consiste em uma socializao metdica das novas geraes. Durkheim coloca que o ser social composto por dois seres, um composto de todos os estados mentais que dizem respeito apenas a ns mesmos e aos acontecimentos da nossa vida pessoal [...] [...] o outro um sistema de ideias, sentimentos e hbitos que exprimem em ns no a nossa personalidade, mas sim o grupo ou os grupos diferentes dos quais fazemos parte [...] (pg. 54). Seja no nvel individual ou coletivo, papel da educao constituir o ser social em cada um. Isso no se relaciona a predisposies biolgicas, sendo exterior aos indivduos o social se imprime nele e o molda; assim mesmo sua percepo formada socialmente, em suma poderia se dizer mesmo que o indivduo vem ao mundo como uma tabula rasa, onde a sociedade se construir. Dessa forma, a educao agindo nos indivduos no se limita a reforar as tendncias naturalmente marcantes do organismo individual, ou seja, desenvolver potencialidades ocultas que s esto esperando para serem reveladas. Ela cria um novo ser no homem (pg. 55). O autor fazendo uma comparao diferencia a nossa educao do treinamento que os animais recebem, onde nada de novo criado a ponto de ser passado e materializar-se como predisposies orgnicas, sendo somente a educao que garante essa passagem no caso humano. No entanto, certos ambitos da cultura intelectual foram vistos com desconfiana e conflitava (o livre pensamento sempre ameaa as tradies), geralmente com a esfera religiosa, se reduzindo a necessidades mais simples do homem, a educao cientfica foi se estabelecendo aos poucos at ser uma necessidade para se viver de forma satisfatria nas sociedades atuais. Cada sociedade vai selecionar certos padres culturais para moldar os indivduos e esses mesmos iro buscar se aperfeioar de acordo com esses padres sem que isso lhes parea como algo imposto de modo tirnico, pois o novo ser que a ao coletiva edifica em cada um de ns atravs da educao representa o que h de melhor em ns, ou seja, o que h de propriamente humano em ns (pg. 58). O papel da sociedade foi nos condicionar a viver de certa forma reprimindo nossas vontades individuais, sendo que nos tornamos humanos, somente no meio social. As representaes sociais constituem nosso modo de pensar, sentir e agir, seja a religio no passado, ou a cincia mais recentemente, como mais marcantes; tudo se d pela linguagem, sendo acumulado e passado atravs das sociedades. Na questo do papel do Estado na educao, este se d no tocante a criao de um cidado, adaptado a vida social especifica de uma sociedade, o que ele no alcanaria estando limitado ao crculo familiar, por isso o Estado se torna, de certo modo, tutor da criana quando esta est apta para adentrar o mbito escolar, no podendo ser impedida de cumprir essa etapa pelos seus pais. Para que seja impressa no indivduo a conscincia coletiva, em contraposio s vontades individuais arbitrrias, preciso que a educao estabelea uma comunho de ideias e sentimentos suficiente entre os cidados, comunho sem a qual qualquer sociedade impossvel (pg. 63). Mesmo quando se fala em educao informal, esta no poderia estar desvinculada da interveno do Estado de alguma forma, pois a educao sendo social deve estar submetida ao do Estado. Nesse caso, o Estado deve identificar princpios essenciais (comuns a todos), e garantir que sejam ensinados, mesmo quando os pais se opuserem, mantendo o repeito da razo, da cincia e das ideias e sentimentos que sustentam a moral democrtica (pg. 64).A dificuldade que a educao encontra segundo Durkheim, se refere a predisposies biolgicas individuais. Os meios de ao devem buscar o controle e a domesticao dos indivduos que possuem essas predisposies inatas mais gerais e vagas. Quando se tenta explicar essas predisposies geralmente se evoca os instintos, mas estes mesmos no so invariveis. So foras que incitam em determinada direo, mas os meios pelos quais estas foras se concretizam mudam de um indivduo para o outro e de uma ocasio para outra (pg. 66). Como existe essa plasticidade, a educao surge como fator de grande influencia e determinante para o ser social. A discusso sobre predestinao biolgica e herana (aptides para certas profisses ou tendncias) assim descartada. A mudana constante a regra geral, e a cristalizao de formas definitivas uma impossibilidade para o ser social; o percurso do organismo biolgico ate o ser social estabelecido com um papel social til de acordo com a sociedade em que este se encontra longo, e a educao a ferramenta usada nesse processo. Numa comparao com a hipnose, o autor mostra o quo poderosa essa ferramenta se usada pelo educador de forma correta, e sempre se levando em considerao que mesmo os acontecimentos mais insignificantes deixam uma marca na criana, pais e professores devem tomar mais cuidado com a educao que esta sendo dada. Como no exemplo da hipnose, um tipo de autoridade que essencial ao processo de educao, fazendo com que a criana exera uma forte represso sobre si mesma, a gerao de um sentimento de dever. Isto significa que a autoridade moral a principal qualidade do educador, pois atravs desta autoridade contida nele que o dever dever (pg. 71). Seu tom imperativo seria sui generis e somente dessa forma se consegue resultados, sendo fundamental que emane da prpria pessoa do professor. O professor seria o interprete das grandes ideias morais de uma poca e nao, e sua autoridade deve inspirar o respeito nas crianas e conduzi-las ao seu papel social atravs da educao.

IIICarater da educao e a importncia de sua ao na sociedadeApesar do carter mltiplo das formas de educao,