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Page 1: Bollywood brasil ed 3 may 13
Page 2: Bollywood brasil ed 3 may 13

pág. 3 - 4 Entrevista com: Avtar Panesar

pág. 4Enquete!

pág. 5 - 7Matéria da Capa: Os 100 anos do cinema indiano

pág. 7 - 8Um dia na fábrica dos sonhos

pág. 9 - 10Entretenimento:

O jeito indiano de ir aos cinemas

pág. 11 - 12A India vai a Cannes

pág. 12 - 13Notícias do Mês

pág. 14 - 15Crítica: Sholay

pág. 16 - 17Agenda de Estreias

100 anos de história. Do cinema mudo, em preto e branco, às superproduções em 3D. O cinema indiano tem muito o que comemorar e a Bollywood Brasil também comemora com uma edição especial.Esta edição traz uma matéria especial com os grandes clássicos do cinema indiano, ex-plicando por que eles marcaram época. Imagine a profissão de um executivo de uma das maiores produtoras de Bollywood, tra-balhando com as superestrelas... Avtar Panesar, da produtora Yash Raj Films, nos conta um pouco dessa rotina.E tem mais: vamos mostrar como a fábrica de sonhos funciona! Visitamos os estúdios de gravação, onde grandes sucessos de Bollywood são filmados. Trazemos a crítica do clássico Sholay, as notícias do mês (filme de Tollywood filmado em Portugal, um super-herói preguiçoso e que gosta de samosa e ainda um pedido de casamento com Flash-mob estilo Bollywood).Mas não paramos por aí. Esta é uma edição especial então trazemos também a cober-tura do festival de Cannes, que este ano homenageia os 100 anos do cinema indiano.Esperamos que gostem desta edição especial e como sempre estamos abertos a sug-estões por e-mail ([email protected]) ou pelo nosso Facebook (Bolly-woodBrasil).

Forte abraço,

Equipe da Bollywood Brasil

Bollywood Brasil

Expediente:Editor-chefe: André Ricardo

Redação: André Ricardo, Claudia Rabelo Lopes, Feliz Luz, Fernanda Beltrand, Juily Manghirmalani, Rosely Toledo e Tiago Ursulino

Edição e revisão: Tiago UrsulinoDiagramação: Aline Moreira, Dayna Disha Malani, Juily Manghirmalani e Welber Conceição

Publicidade: Themis NascimentoDivulgação: Shadia Fernanda

Contato:Redação: [email protected]

Divulgação: [email protected]

Anúncios/patrocínio: [email protected]

Page 3: Bollywood brasil ed 3 may 13

ENTREVISTAcom Avtar Panesar,o superexecutivo da YRF

Vivemos em tempos em que tudo gira em função

da concorrência, em que a disputa por mais “potência”

está presente em tudo, desde eletrodomésticos a car-

ros. Isto também se sente presente no cinema indiano

através de grandes empresas como a Yash Raj Films

(YRF), estabelecida por Yash Chopra, um diretor e produ-

tor de cinema conhecido como o “rei do romance” e que

é considerado um magnata do entretenimento na Índia.

A YRF, além de produzir filmes, lançou o seu

próprio selo musical, chamado YRF Music. Para que es-

tas potências sejam bem administradas é necessário ter

os melhores executivos e este mês a nossa entrevista é

com um deles.

Avtar Panesar está no ramo de entretenimento

há mais de 25 anos, atuando no mercado internacional

para música e filmes indianos. Há 16 anos está com a

YRF, onde criou e desenvolveu o departamento de distribuição internacional a partir do primeiro escritório no exterior da

YRF no Reino Unido em 1997. Atualmente supervisiona todas as negociações realizadas fora da Índia, tendo com foco a

formação de novos mercados para a empresa.

...Como foi que você se envolveu na indústria de

cinema? E com a YRF?

Eu sempre estive neste negócio. Comecei com

a EMI Índia / HMV por volta de 1984 e, posteriormente,

com a YRF partir de 1997, quando eu criei o primeiro

escritório internacional em Londres, com o filme Dil To

Pagal Hai (O Coração é louco) de Yash Chopra, em se-

guida nos EUA e Dubai desenvolvendo o mercado fora

da Índia. Então eu acho que foi um passo natural para

mim.

...O que você mais gosta no seu trabalho?

Quando eu viajo para qualquer lugar do mundo

e conheço pessoas que me dizem que viram um filme

dos nossos estúdios e como isso impactou suas vidas.

É ótimo saber que eu fui parte do processo de real-

ização do filme e ajudei a levar alegria a suas vidas.

Para as pessoas que vivem longe da Índia, Bollywood é

uma maneira de ficar conectado com o seu país, raízes

e valores. Eu nasci na Índia, mas fui criado no Reino

Unido e compartilho este sentimento.

...Você está constantemente lidando com estrelas

de Bollywood. Como é lidar com as celebridades?

É um trabalho para eles e para nós e todos

nós fazemos a nossa parte. No entanto, existem sem-

pre alguns momentos especiais, e os meus dois fa-

voritos “superstars” são Amitabh Bachchan e Shah

Rukh Khan, que sempre são atenciosos para que você

possa se sentir especial.

...Qual é o seu filme favorito, podendo ser da YRF ou

não?

Essa é sempre uma pergunta difícil e nunca

poderia ser só um. Cada filme é especial por causa

dele mesmo ou das memórias ligadas a ele. Se tivesse

que escolher um filme, teria que ser Veer Zaara, por

causa do assunto, performances, música, roteiro e o

filme na sua totalidade, bem como as memórias liga-

das ao mesmo e também ao fato de termos aberto

nosso escritórios no Oriente Médio com este filme e

o mercado ter-se desenvolvido muito. Estou muito or-

gulhoso dos nossos esforços e dos resultados alcança-

dos.

...E o seu ator e atriz favoritos?

Meu ator favorito é Amitabh Bachchan. Se você

perguntar sobre a atual safra de atores, temos vários,

mas Shah Rukh Khan é, talvez, a minha primeira es-

colha.

Quanto as atrizes, mais uma vez, é uma pergunta

difícil, mas Madhuri Dixit é uma das atrizes mais tal-

entosas, e da nova geração seria Anushka Sharma.

...Yash Chopra deu uma nova dimensão ao cinema indiano por ter uma forma singular de contar uma história

romântica para o público. Além disso, ele foi um dos pioneiros em filmes de Bollywood do gênero masala, cri-

ando um novo padrão para o cinema indiano. Podemos dizer que os seus blockbusters ajudaram Bollywood a se

expandir internacionalmente. Como você vê Bollywood evoluindo no futuro?

Sim, Yashji era um veterano e sempre nadou contra a maré, ele travou muitas batalhas nas bilheterias,

ganhou algumas, perdeu outras, mas uma coisa que o seu público esperava dele era o inesperado, e ele nunca os

decepcionou. Foi esta abordagem inusitada que manteve seus filmes em um rumo de constantes mudanças nos

últimos 50 anos.

O futuro é brilhante para Bollywood e nós estamos nos preparando para o mundo; e o mundo já começou a apreci-

ar os filmes indianos, os quais tem uma identidade muito distinta e é isso que os tornam especiais e os destacam.

Estamos contando histórias diferentes e esses filmes estão encontrando público, o que é muito encorajador, por

isso nós seremos uma marca ainda maior no futuro, tanto nacional como internacionalmente.

...Você teve alguma situação engraçada durante o seu

trabalho?

Muitas para listar, mas durante as filmagens de

Mohabbatein, tivemos muitos momentos engraçados e

de várias maneiras, mas o momento mais assustador

de todos foi quando tivemos que construir um cenário

para um Gazebo e um templo no térreo da Longleat

House (a residência do Senhor e Senhora Bath, no

Reino Unido), e 2 dias antes das filmagens o cenário

começou a afundar por causa do excesso de chuva.

Mas felizmente conseguimos corrigir isso, com grande

dificuldade.

...O cinema indiano será homenageado em Cannes

este ano. Quais são os planos para o Festival?

Nós estaremos lá com o maior filme da Índia,

Dhoom 3, que é a mais bem-sucedida franquia de ação

da Índia. É o longa metragem mais caro do país e será

o primeiro filme indiano em IMAX . O filme está pre-

visto para lançamento em dezembro. Nós filmamos

Dhoom 2, em parte, no Rio de Janeiro e isso ajudou o

filme a tornar-se o maior sucesso de público em 2006.

“É ótimo saber que eu fui parte do processo de realização do filme e ajudei a levar alegria a suas vidas.”

“Nós seremos uma marca ainda maior no futuro, tan-

to nacional como interna-cionalmente.”

por Rosely Toledo

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...Você acha que o tema dos filmes estão mudando devido

à integração da Índia aos valores ocidentais?

Isso faz parte do jogo. Estamos em um negócio

onde nós precisamos ter contato com o que o nosso pú-

blico quer. É claro que cinema é um reflexo dos tempos em

que vivemos e temos de entender isso. Então a mudança é

inevitável.

...Quais são as melhores e as piores coisas sobre o seu

trabalho?

Temos que dar esperança a todos que veem os nos-

sos filmes. Se você é pobre nós

somos capaz de mostrar-lhe um mundo do qual você talvez

nunca consiga experimentar. Se você está apaixonado, nós

fazemos épicos que conectam os povos. O que poderia ser

melhor do que fazer sonhos se tornarem realidade?

...Qual é o filme da empresa que teve a maior distri-

buição em números na Índia?

Isso sempre varia a cada ano e depende do

número de filmes lançados pelo estúdio, como é o caso

do ano de 2012 em que tivemos os filmes de 1º (Ek Tha

Tiger) e 2º (Jab Tak Hai Jaan) lugar de bilheteria.

...Hoje em dia, como é a distribuição de filmes de Bol-

lywood em outros países? Que país você acha que é mais

receptivo a filmes indianos?

Estamos sempre à procura de novos mercados

para levar nossos filmes. Eu sempre sinto que

existem três fases para os nossos filmes: 1) Intriga, 2)

Aceitação, 3) Abraço.

A maioria dos países está na fase 1, pois eles agora es-

tão intrigados com Bollywood, por isso precisamos levar

os filmes direito a esses mercados, a fim de que passem

para a fase 2. Claro que há países como a Alemanha que já

abraçaram o nosso cinema.

...Você acha que Bollywood pode ter uma presença no

Brasil, como em outros países, como a Alemanha ou

Peru?

Sim, de fato estou muito confiante de que va-

mos, embora não seja uma tarefa fácil, já que o Brasil

tem um forte cinema local, mas acredito que os filmes

indianos são como a comida indiana: uma vez adquiri-

do o gosto você está viciado e não pode viver sem ela.

...A YRF tem planos para o Brasil? Talvez um novo filme

rodado aqui?

Nós esperamos poder começar a ver sucesso no

escritório brasileiro e adoraríamos filmar mais nesse lindo

país.

“Filmes indianos são como a comi-da indiana uma vez adquirido o

gosto você está viciado e não pode viver sem ela.”

ANUNCIE AQUIcontato: [email protected]

Enquete!

A Bollywood Filmes desta vez perguntou qual seria o ator indiano preferido dos brasileiros.

A competição foi ainda mais acirrada do que a com as atrizes, como vocês verão pela diferença entre

os primeiros colocados. Então vamos aos mais votados:

4º colocado – HRITHIK ROSHAN com 13% dos votos

3º colocado - SALMAN KHAN, com 15% dos votos.

A partir daqui, a disputa foi voto a voto:

2º colocado – O rei do romance SHAH RUKH KHAN, com 29% dos votos

E em primeiríssimo lugar, provavelmente o mais versátil de todos. Ele já foi vilão, mocinho e até idiota!

Famoso por seus filmes de cunho social, além de ator é também produtor, embaixador da UNICEF e

apresentador de TV nas “horas vagas”. Ele é conhecido em Bollywood como o senhor perfeccionista.

Com 31% da preferência do público brasileiro: AAMIR KHAN

Agradecemos a todos que votaram e fiquem ligados que em breve teremos mais enquetes.

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OS 100 ANOS dO cINEmA INdIANOComo parte das comemorações para o centenário do cinema indiano, a Bollywood Brasil relembra alguns clássicos

indianos que marcaram as suas décadas e que, claro, continuaram influenciando o cinema das décadas seguintes.

Na seleção, somente filmes da indústria híndi.

ANOS 50

ANOS 10RAjA HARISHcHANdRA

(O REI HARIScHcHANdRA) – (1913)O filme conta a história sobre Harishchandra, um rei que sacrificou

perante os deuses sua família, o poder e seu reino em nome de seus

princípios e amor pela verdade. E que, após passar por muitas difi-

culdades descobre que tudo não passava de um teste de integridade.

Raja Harishchandra é destaque no Cinema Nacional Indiano, pois

foi o primeiro longa-metragem produzido na Índia (então uma colônia britânica) e por um indiano. Lançado em 3 de

maio de 1913, o longa coroou o cinema em Mumbai. Dirigido e produzido por Dadasaheb Phalke (1870 – 1944), o

filme é silencioso e em preto e branco, e os papéis femininos foram encenados apenas por homens, pois a profissão

de atriz era considerada indecente naquela época. O longa é tão importante para o cinema indiano que o seu dire-

tor, considerado o pai do cinema na Índia, dá nome a um dos prêmios de cinema mais cobiçados do país, entregue

anualmente em reconhecimento a contribuições excepcionais ao cinema.

O filme tinha 4 rolos, dos quais apenas o primeiro e o último sobreviveram nos arquivos da NFAI (National Film

Archive of India), sendo que alguns historiadores acreditam que estes rolos na verdade pertencem a um remake que

o próprio Phalke teria feito do filme em 1917.

Baseado em uma peça teatral, o filme conta a história de um rei

e a rivalidade de suas duas rainhas Navbahar e Dilbahar que dispu-

tam qual de seus filhos será o herdeiro do trono.

A estreia do filme ocorreu no dia 14 de março de 1931. Alam Ara

é o primeiro filme falado da história do cinema indiano. Além disso,

conta com números musicais, detalhe que se tornaria um sucesso

na indústria cinematográfica conhecida como Bollywood. O filme

introduziu a música popular indiana no enredo de filmes e fez tanto

sucesso que era necessário reforço policial para conter as multi-

dões. A partir de Alam Ara, a indústria do cinema indiano percebeu

que os filmes sonoros seriam um sucesso e passaram rapidamente

ao novo gênero. Em 2003, a versão original foi destruída em um

incêndio no NFAI, e o filme não está mais disponível em seu formato original.

Recentemente, o longa foi homenageado na comemoração de seu 80º aniversário pelo site de busca Google Ín-

dia, através de um doodle, na página inicial.

ANOS 40

Trata-se da história de um proprietário de um antigo te-

atro e de sua filha que estão vivendo na pobreza. Até que a

filha encontra um jovem batedor de carteiras que ao tentar

enganá-la acaba se apaixonando pela garota e traz de volta

a chance do pai voltar a ser dono do teatro.

O destaque para este blockbuster indiano é que ele tra-

ta de temas ousados para a época, como a gravidez fora do

casamento e pela primeira vez traz um ator indiano Ashok

Kumar interpretando dois papéis (Shekhar e Madan).

Dirigido e escrito por Gyan Mukherjee e produzido pela

Bombay Talkies, Kismet se tornou sucesso de bilheterias,

fazendo mais de 10 milhões de rúpias – o que representa-

ria, em valores atuais, mais de 639 milhões de rúpias ou

23 milhões de reais.

KISmET - (1943)

mOTHER INdIA (mãE ÍNdIA) - (1957)

Os recém-casados Rhada (Nargis Dutt) e Shyamu vivem em condi-

ções precárias em uma comunidade rural, juntamente com a mãe de

Shyamu, que, para ajudar o casal, faz um empréstimo com Sukhihala,

um homem que controla a vila. Ao emprestar o dinheiro, Sukhihala se

aproveita da ingenuidade da mulher, e faz com que ela assine um docu-

mento que colocará a família em uma situação de extrema exploração.

Para ajudar sua família, na ausência de seu marido, Radha luta para

criar seus filhos e sobreviver. Apesar de seu sofrimento, ela se define

como exemplo moral de uma mulher indiana ideal.

Mother India é considerado a produção mais cara de Bollywood. Levou

três anos para ser confeccionado, desde a organização, planejamento e

criação de roteiro até o término das filmagens.

O filme recebeu muitas indicações e premiações. Em 1957, ganhou dois prêmios no 5º Prêmio Nacional de Cinema:

Certificado de Mérito de Melhor Longa Metragem (entre todas as línguas) e Certificado de Mérito para o Melhor Longa

Metragem (em híndi). Já em 1958, foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas perdeu para Noites de Cabí-

ria, de Federico Fellini, por um único voto. Ganhou o prêmio de melhor filme da Filmfare, e também os de melhor diretor

para Mehboob Khan, melhor atriz principal para Nargis, melhor diretor de fotografia para Faredoon Irani e melhor som

para R. Kaushik. Nargis também tornou-se a primeira indiana a receber o prêmio de Melhor Atriz no Karlovy Vary Inter-

national Film Festival, da hoje chamada República Tcheca.

Mother India se tornou um clássico cult e é considerado um dos melhores filmes indianos. O longa estreou

no Cinema Liberdade em Mumbai, no dia 25 de outubro de 1957, e foi lançado no mesmo dia em Kolkata (Calcutá),

em Délhi uma semana depois, e até o final de novembro já havia sido lançado em todas as regiões.

ANOS 30

AlAm ARA (A luz dO muNdO) - (1931)

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ANOS 80SAlAAm BOmBAY (SAudAçõES A BOmBAIm) - (1989)

O longa narra a história de um menino chamado Krishna, de dez

anos, abandonado por um circo ambulante, conhecido como Circo

Apollo. Sem rumo, ele vai para Bombaim, chegando em meio ao turbi-

lhão da grande metrópole. O garoto sonha em trabalhar e guardar 500

rúpias que o levarão de volta a sua casa e para os braços de sua mãe,

mas a vida nas ruas não é fácil.

O filme é o primeiro longa da diretora indiana Mira Nair, que se tor-

nou conhecida no Brasil pelo filme “Um Casamento à Indiana”. Foi in-

dicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e reflete o problema das

crianças abandonadas em países do terceiro mundo. A maioria dos jo-

vens atores que apareceram em Salaam Bombay eram de fato crianças

de rua. Todos receberam um treinamento em uma oficina em Bombaim

antes de aparecerem no filme.

Em 1989, a diretora Mira Nair criou uma organização chamada Salaam Baalak Trust, para reabilitar as crianças

que apareceram no filme. A maioria deles foi ajudada. A organização ainda existe, e agora presta apoio a crianças

de rua em Mumbai/Bombaim, Délhi e Bhubaneshwar. Shafiq Syed, que desempenhou o papel de Krishna no filme,

agora ganha a vida como motorista de autorickshaw (o riquixá motorizado indiano) em Bangalore e luta para susten-

tar uma família de cinco pessoas no sul da Índia.

ANOS 90dIl SE (dO cORAçãO) - (1998)

Amarkant Varma (Shah Rukh Khan), um jornalista que está a serviço

de uma rádio, vai para o nordeste indiano reportar os eventos relacio-

nados ao 50º aniversário da independência da Índia (livre do comando

britânico desde 1947). Numa de suas jornadas, apaixona-se por uma

bela e misteriosa mulher chamada Meghna (Manisha Koirala), envolvida

em atentados terroristas.

O melodrama político Dil Se é a última parte da trilogia do diretor Mani

Ratnam dedicada ao terrorismo. Os anteriores são Roja (1992) e Bombay

(1995). A atriz Manisha Koirala também coescreveu o roteiro. A história foi

filmada em Himachal, Hashmir, Délhi, Assam e Kerala durante um período

de 55 dias. É considerado um exemplo para o cinema indiano. Apesar do

fracasso de bilheteria internamente, tornou-se um sucesso no exterior ga-

nhando cerca de 980 mil dólares nos Estados Unidos e Reino Unido.

Além de ser premiado no Festival de Berlim de 1999, ganhou sete prêmios Filmfare das dez indicações na ce-

rimônia de 1998 e dois National Film Awards. Dil Se é dito ser uma viagem através dos sete tons de amor que são

definidos na literatura árabe antiga: atração, paixão, amor, reverência, adoração, obsessão e morte. O personagem

interpretado por Shah Rukh Khan passa através de cada uma dessas máscaras no decorrer do filme.

ANOS 70SHOlAY (1975)

Veeru e Jai são uma dupla de bandidos imbatíveis, de segunda

classe, que acabam sendo recrutados pelo próprio policial que os

prendeu para uma missão quase impossível: capturar o terrível

Gabbar Singh, um psicopata que anda aterrorizando o pequeno

vilarejo de Ramgarh.

Sholay é o filme de maior sucesso dos últimos tempos. Arreca-

dou cerca de 88 milhões de dólares. Após o sucesso de Sholay, ne-

nhum filme chegou perto de tal arrecadação. No início, cogitou-se

que o filme seria um fracasso, mas para que não houvesse prejuízo

o filme continuou em cartaz. Dessa forma, possibilitou que muitas

pessoas o assistissem ficando mais de cinco anos em cartaz na

sala Minerva, em Mumbai.

O longa é estreado por Dharmendra, Amitabh Bachchan, Sanje-

ev Kumar, Hema Malini, Jaya Bhaduri Bachchan e Amjad Khan. Em

2005, durante a 50ª premiação anual Filmfare ganhou um prêmio especial chamado de Melhor Filme em 50 anos.

Estudiosos discutiram vários temas que surgiram a partir do filme, como a glorificação da violência, a evolução dia-

lética entre ordem social e usurpadores mobilizados, ligação homossexual entre os dois protagonistas masculinos

e o papel do filme como uma alegoria nacional. Os diálogos e alguns personagens do filme se tornaram extrema-

mente populares. Leia mais sobre o filme na nossa crítica do mês.

ANOS 60mugHAl-E-AzAm (1960)

Ambientado no século XVI, o filme conta a história de amor

entre Salim e Anarkali, um príncipe e uma bailarina que lutam

contra as diferenças sociais em nome de um grande e poderoso

amor. Salim é filho de Akbar, o Grande, o mesmo imperador retrata-

do no mais recente filme Jodhaa-Akbar.

Um dos longas de maior sucesso do cinema indiano, aclamado pela

crítica e que inspira atores e diretores, Mughal-e-Azam, dirigido por

K. Asif, foi uma das maiores superproduções que Bollywood já viu

em sua história e levou nove anos para ser concluído. Foi recorde de

bilheteria até o lançamento de Sholay (1975).

Originalmente filmado em preto e branco, conta com a participa-

ção dos atores Prithviraj Kapoor, Dilip Kumar e Madhubala nos prin-

cipais papéis. A versão colorida, para o delírio dos fãs, foi criada

em 2004 e lançada no mesmo ano, por Rajeev Dwivedi e Sankran-

ti, demonstrando ainda mais o sucesso desse grande e lendário

filme da história de Bollywood.

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ANOS 20003 Idiots (3 IdIOTAS) - (2009)

Dois amigos, Farhan (R.Madhavan) e Raju (Sharman

Joshi), estão à procura do melhor amigo (Aamir Khan),

que desapareceu após decidir mudar sua maneira de

ver o mundo. Assim, eles retornam à escola onde es-

tudaram, onde relembram insólitas experiências com

uma jovem e bonita garota e também com o tirânico

professor. Mas o pior é terem de lidar com uma aposta

indesejada, um casamento e um funeral.

O filme teve sua estreia marcada para o dia 25 de

dezembro de 2009 e no dia 4 de janeiro de 2010, já

havia quebrado todos os recordes do cinema indiano.

Superou os recordes de arrecadação dentro e fora do

país e também o de salas ocupadas.

O principal motivo do sucesso é o seu tema: num

país em que os meninos muitas vezes são obrigados

pelos pais a cursar engenharia e as meninas a se torna-

rem médicas, o filme mostra o drama vivido dentro das

universidades por esses jovens que não necessariamen-

te compartilham os sonhos dos pais.

O longa é escrito e dirigido por Rajkumar Hirani. A produção é da Vinod Chopra Productions e o roteiro de Abhijat

Joshi. Conta com a participação, além dos atores citados, de Kareena Kapoor.

Durante os dez dias de lançamento, o filme alcançou a marca dos 18 milhões de dólares nos Estados Unidos

e tornou-se o filme de maior bilheteria da história de Bollywood também em mercados estrangeiros. Além disso,

levou seis prêmios Filmfare, incluindo melhor filme e melhor diretor, dez prêmios Star Screen e dezesseis IIFA.

um dia na Fábrica de Sonhos

Juily Manghirmalani visitou na Índia um dos maiores estúdios de produção de Filmes de Bollywood

e conta para os leitores da Bollywood Brasil, como a magia e cores de Bollywood são produzidas.7

por Juily Manghirmalani

Page 8: Bollywood brasil ed 3 may 13

Era uma tarde tranquila e quente em Mumbai, quando um dos assistentes do vice-presidente da Yash

Raj Films retornou uma ligação que tinha feito a alguns dias. Ele perguntou se eu estava disponível naquela

segunda feira, dia 28/01, às 16hs para uma visita guiada pelos estúdios de uma das maiores produtoras de filmes

de Bollywood. Minha reação, após alguns gagueijos, foi de profunda alegria. Meu mundo parou naquele telefonema.

Estava ansiosamente tentando marcar uma possível visita a Yash Raj Films, para conhecer melhor

o processo de gravação, pós-produção e respirar o mesmo ar que grandes produtores e estrelas do cinema

indiano que tanto admiro. Falei com o senhor Avtar Panesar, vice-presidente da Yash Raj, que foi muito aten-

cioso e gentil.

No dia da visita, chegamos cedo a sede da Yash Raj, que fica no bairro de Andheri, Mumbai e ficamos

em um grande hall esperando sermos atendidos. Pelas paredes, enormes imagens de filmes indianos e pin-

turas do incrível pintor indiano M. F. Hussain. Após um café, um dos assistentes do senhor Panesar veio ao

nosso encontro. Muito simpático, conversamos sobre a possibilidade de ascensão do mercado cinematografico

indiano no Brasil e sobre interesses da YRF, mas tudo muito rapidamente. Mais tarde, outra pessoa veios nos

receber para nos dar o tour pelos estúdios.

De forma ágil e decidida, nosso guia falava e andava com pressa, mas não deixou de nos responder

nada. A visita durou cerca de uma hora e meia, vimos quase todas as instalações do conjunto de estúdios.

Primeiro, ele nos explicou a divisão dos prédios da YRJ. Em um conjunto de quatro prédios, acontecem: 1.

administração geral, 2. e 3. produção de filmes, 3. pós-produção e distribuição. Logo após essa introdução,

ele nos levou aos soundstages, que são aqueles grandes estúdios compartimentados, onde monta-se cenários

para cenas controladas. A YRJ possuem 3 grandes soundstages, porém o 1 é o maior de todos. Ao entrarmos

lá, no meio de muitas pessoas trabalhando e poeira por todo canto, descobrimos que foi alí, que dias atrás,

ocorreu o Filmfare Award, a maior premiação de filmes indianos.

No segundo andar do mesmo prédio, nosso guia nos apresentou os camarins que os atores mais fa-

mosos possuem já reservados. Entramos no do Shahrukh Khan, que obviamente estava vazio, mas nosso guia

queria nos contar como esse super astro de Bollywood se comporta, e por isso, nos falou que ele possui grande

supertição e afinidade pelo número 05, por exemplo. No terceiro andar, ficam os salões de ensaio, que estão

entre os maiores que existe no mundo. Entramos em um que possuia fotos enormes de atores como o próprio

Shahrukh Khan e Madhuri Dixit. Ficamos sabendo que para filmar um item de dança de um filme de Bollywood,

são necessários entre três a sete diárias de gravação e que enquanto outras cenas são gravadas, os dançarinos

se concentram nessa sala.

Enquanto andávamos até o segundo prédio, nosso guia, curioso, perguntava como funciona a indústria

midiática brasileira, o que foi difícil de explicar, já que é tão diferente da indiana. Chegando lá, visitamos os

setores de gravação de som. Fomos, desde onde as cenas são dubladas pelos atores, onde orquestras tocam

para mixagem das trilhas sonoras até chegar a tocar nos objetos utilizados para foley.Para os que não sabem,

maior parte dos filmes indianos ainda são dublados e o som é quase inteiramente feito em pós-produção.

Essa visita foi inspiradora, cheia de aprendizados e nos deu uma visão muito realista de como é produzido um

filme de Bollywood.

Não conseguimos visitar os outros prédios, pois estavam sendo usados para gravações e também não

tínhamos permissão para tirarmos fotos, porém, Avtar Panesar nos enviou fotos para utilizarmos nessa matéria.

Eles mandaram notícias para os brasileiros, que como eu, já estão ansiosos por mais filmes indianos

no cinema! Depois de Fanaa, eles já estão pensando qual o próximo filme que será lançado aqui e nos deixou

escapar uma pista. Para felicidade dos fãs do super astro Aamir Khan, provavelmente será algum dos novos

filmes dele! Esperaremos ansiosos por mais novidades e filmes de Bollywood na telona!

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O jeito indianopor Claudia Rabelo Lopes

Espontaneidade e interatividade são palavras-chaves

para compreender o comportamento do público de cin-

ema na Índia.

No lado ocidental do planeta, em geral, a boa eti-

queta recomenda silêncio no cinema. Em qualquer sala

de cinema de grandes cidades do Brasil, comentários

em voz alta ou um choro de criança são imediatamente

reprovados com um “shhh”. A presença mesma de cri-

anças na exibição de um filme não rotulado como infan-

til é inesperada, para não dizer indesejada, assim como

qualquer coisa que possa desviar a atenção dos especta-

dores daquilo que acontece na tela. Mas ao entrar numa

sala de cinema na Índia, caro leitor, esqueça tudo isso e

se prepare para uma experiência que pode lembrar mais

a de assistir a um jogo de futebol no estádio ou a um

espetáculo de música pop.

Assobiar, aplaudir, jogar moedas na tela, gritar

conselhos ou avisos para os personagens, fazer comen-

tários em voz alta, levantar-se, sair e voltar, cantar e até

dançar são comportamentos normais para o público de

cinema na Índia. E não se trata de falta de educação.

Esse modo indiano de assistir aos filmes provém do fato

de que ir ao cinema, naquele país, é uma experiência

coletiva e criativa, como explica a pesquisadora Lakshmi

Srinivas no artigo “O público ativo: espectador, relações

sociais e a experiência do cinema na Índia” (The active

audience: spectatorship, social relations and the expe-

rience of cinema in India. Media, Culture and Society,

2002).

Embora os multiplexes tenham chegado às

grandes cidades indianas na última década, oferecen-

do salas menores que possibilitam atender a nichos de

mercado, tradicionalmente os cinemas na Índia têm ca-

pacidade para mil pessoas ou mais, com alguns “meno-

res” chegando a 600 ou 700 cadeiras. O público que

eles recebem é altamente diverso – de diferentes classes

sociais, castas, idades, línguas, gêneros e religiões.

Um aspecto observado por Srinivas, que usou da

própria experiência além de entrevistas com o público

para sua pesquisa, é de que, na Índia, cinemas são locais

para serem usufruídos em grupo. A experiência social de

ir ao cinema é tão ou mais importante do que o filme

em si. Vai-se em família – incluindo as crianças, mesmo

de colo, e os velhos – ou com os amigos ou colegas de

trabalho. Apenas homens, quase sempre trabalhadores

da rua, como os motoristas de “rickshaw”, por exemplo,

vão sozinhos durante algum intervalo do serviço. Estes

são os que tradicionalmente ocupam as poltronas mais

próximas da tela – apelidadas de “Ghandi class”.

As salas de cinema organizam suas poltronas

por seções a preços diferentes. Enquanto o “balcão”, na

parte alta, é normalmente ocupado pela classe média, a

plateia tem preços mais baratos, e as fileiras próximas

à tela saem ainda mais em conta. Quem está no balcão

consegue ver os homens que estão sentados na “Ghan-

di class”, e que se tornam parte do espetáculo por seu

comportamento mais “performático”.

A pesquisadora chama atenção para o fato de

que “em conversas sobre filmes, as pessoas sempre con-

tam histórias de família ou amigos relacionadas à oca-

sião em que ele foi assistido”. Assim, alguém escolhe o

que ver muito mais pela conveniência do grupo do que

por seu interesse pessoal em um filme específico.

Tais características do público afetam a produção

dos filmes. São evitadas cenas que possam causar con-

strangimento entre as famílias e tornar o filme um fra-

casso nas bilheterias. Sexo é apenas sugerido, jamais

mostrado explicitamente. Cenas de beijo só recente-

mente passaram a ser aceitas. A diversidade da audiên-

cia levou os realizadores a fazerem filmes com ingredien-

tes para todos os gostos no mesmo “pacote”. Um filme

indiano popular normalmente mistura romance, drama,

comédia, ação, aventura, musical, de forma que esse

tipo de produção ganhou o apelido de “masala” (mistura

de temperos).

Para englobar tantos gêneros, com as conse-

quentes reviravoltas na trama e as partes musicais, um

filme indiano tradicional costuma durar algo em torno

de três horas. Por isso há um intervalo durante a ses-

são, a “intermission”. São dez ou quinze minutos que os

espectadores aproveitam para ir ao banheiro, fazer um

lanche ou dar uma olhada nas lojas próximas, mas prin-

cipalmente para conversar. O costume do intervalo é tão

arraigado que mesmo filmes de Hollywood estão sujeitos

a ele. Se a parada demora a acontecer, o público fica

inquieto e pode começar a circular pela sala e a bater

de ir ao cinema

9

Page 10: Bollywood brasil ed 3 may 13

papo com quem está ao lado. Mas o burburinho de

conversas e de crianças é normal em qualquer ses-

são. Para compensar os ruídos constantes, o som dos

filmes é colocado em volume máximo.

Para Lakshmi Srinivas, dois comportamentos

do público indiano indicam que o filme em si é ape-

nas parte da experiência construída coletivamente de

“ver o filme”: eles são a “seletividade” e a “repetição”.

A seletividade é o hábito de selecionar as ce-

nas que ser quer ver, e simplesmente dar pouca ou

nenhuma atenção a outras. Há quem deixe de lado as

sequências musicais, e outros que aproveitam diálo-

gos longos para fazer algo fora da sala e voltam cor-

rendo para uma dança, por exemplo. É comum tam-

bém ir ao cinema apenas para ver uma ou algumas

sequências preferidas, e sair depois. Ou mesmo tro-

car de filme no meio da sessão. Em outras palavras,

o público “edita” o filme segundo seus próprios inter-

esses e gostos.

É costume chegar ao cinema com a sessão já

começada e ir embora antes da última cena. Por isso,

as luzes da sala de exibição permanecem acesas du-

rante 10 a 15 minutos após o início do filme, a pri-

meira sequência costuma ter pouca importância para

a trama e não aparecem créditos finais. Pode-se dizer

que o comportamento seletivo do público influencia o

formato das produções.

Já a repetição é o hábito de assistir a um

filme mais de uma vez, o que é rotineiro na Índia.

Com frequência, o que varia é o grupo com o qual

se vai, e assim o mesmo filme se torna sempre uma

nova experiência. Esse hábito contribui para o caráter

participativo do público, pois, pela repetição, as pes-

soas acabam aprendendo as músicas, as danças e os

diálogos. Dessa forma, elas são capazes, por exem-

plo, de improvisar respostas alternativas ao que os

atores estão dizendo e chegam a dar conselhos aos

personagens.

Cenas muito dramáticas costumam ser alvo

de ironias e zombaria. Em meio a sequências de

tensão, podem surgir comentários sobre a roupa da

atriz, a decoração do set, o local da filmagem, re-

lacionando elementos daquela produção com a vida

cotidiana das pessoas. Alguns espectadores forne-

cem “efeitos sonoros”, imitando sons de armas de

fogo, de bichos e outros, provocando risadas na sala.

Ninguém se aborrece por isso. Pelo contrário, espera-

se e deseja-se essa interação que, segundo Srinivas,

torna o filme uma construção coletiva. É um modo

pelo qual a plateia pode subverter completamente o

sentido pretendido pelo diretor.

Os exibidores procuram atender às deman-

das do público e se adaptar a ele. A pesquisadora

relata que, em sessões do filme “Hum” (1991), as

plateias fizeram com que uma cena musical fosse repetida várias vezes, porque queriam continuar cantando

e dançando com ela. Por outro lado, se o público não gosta do que vê, sua resposta pode vir na forma de pol-

tronas rasgadas, principalmente na “Ghandi class”. Uma sala na cidade de Bangalore colocou poltronas de

cimento nas primeiras fileiras para evitar prejuízos.

Lakshmi Srinivas termina suas observações concluindo que “o cinema indiano e sua cultura de recep-

ção por parte do público põem em questão muitas suposições básicas sobre os efeitos dos meios de comuni-

cação de massa”. Percebe-se que o cinema “de massa” na Índia não tem necessariamente um efeito homoge-

neizador ou alienador, como alguns teóricos poderiam pensar. Pelo contrário, ele proporciona uma experiência

criativa e “revela a geração de senso de comunidade e de interações face a face” pelo consumo de um “produto

de massa”.

Teorias à parte, não dá vontade de participar dessa festa?

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Page 11: Bollywood brasil ed 3 may 13

A equipe do filme Monsoon Shootout reunida em Cannes. O ator Nawazuddin Siddiqui (à esquerda) está presente também em The Lunchbox.

Amitabh Bachchan sendo entrevistado pela crítica Anupama Chopra, numa praia em Cannes (Fonte - Twitter de Anupama Chopra) Vidya Balan (facilmente reconhecível) ao lado de seus colegas do júri do festival.

por Tiago Ursulino

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Page 12: Bollywood brasil ed 3 may 13

Flashmobs já não são mais novidade, mas já imaginou um

flashmob de pedido de casamento, estilo Bollywood e em

Nova York? Salman Ali organizou um só para pedir a mão

de sua namorada, Shumaila Rangoonwalla, na Times Square,

bem no centro de Nova York. O evento teve a participação de

dançarinos profissionais e custou 2 mil dólares. O pedido foi

feito ao som de Chammak Challo, do filme Ra One (2011).

Clique aqui para ver o vídeo. Momento em que Ali leva Sumaila para o meio do flashmob para pedir sua mão

um pedido de casamento no coração de Nova York, à la Bollywood

já pensou num super-herói preguiçoso e que adora uma samosa?

O roteirista e diretor Saurabh Varma está plane-

jando lançar um filme de super-herói nada con-

vencional, intitulado O Superrápido Raftaar Singh.

O filme gira em torno de um rapaz do estado de

Punjab com poderes sobrenaturais, mas que é

preguiçoso e tem fetiche por samosas. “Este será

o primeiro filme de super-herói em estilo comé-

dia da Índia. Ele vai destacar um herói azarão de

uma forma que a juventude vai gostar de ver e se

conectar com ele”, declarou Saurabh Varma. O

longa está previsto para ser lançado até o final

deste ano.

Pôster do filme O Superrápido Raftaar Singh

Peru pode sediar cerimônia de premiação de Bollywood

Fontes da Embaixada da Índia na Es-

panha confirmaram que uma delega-

ção indiana foi a Lima para negociar

a possibilidade de que os Internatio-

nal Indian Film Academy Awards (IIFA

Awards), seja realizado no país. Esta

seria a primeira vez em que um país

sul-americano sediaria o evento, que

no ano passado aconteceu em Singa-

pura e foi apresentado pelos atores Fa-

rhan Akhtar e Shahid Kapoor.

NOTÍcIAS dO mÊSAnurag Kashyap,

um cavaleiro francês

por André Ricardo

12

Page 13: Bollywood brasil ed 3 may 13

Filme de Tollywood filmado em Portugal

Na edição de abril, a Bollywood Brasil publicou uma matéria

sobre a investida portuguesa para se tornar um dos cenários

de locações de filmes indianos. E não demorou muito para

os portugueses começarem a colher os frutos. O filme em

telugu Balupu (2013), com Ravi Teja e Shruti Haasan como

protagonistas, terá cenas filmadas em Lisboa e no Algarve.

O teaser do filme pode ser visto clicando aqui. Esse primeiro

investimento indiano em Portugal é de quase 400 mil reais.

Que as belas paisagens lusitanas passem a ser uma con-

stante nos filmes indianos... Pôster do filme Balupu

cinema indiano tentando mudar a sociedade?

O estupro que levou à morte da estudante in-

diana de 23 anos Jyoti Singh Pandey e que

chocou o mundo vai virar um filme. O longa

será chamado Kill the Rapist - Mate o Estuprador

(2013). Apesar do norme forte e da polêmica

que a produção deverá gerar, o produtor Sid-

dhartha Jain garante que o filme será muito

mais sobre o empoderamento feminino do

que sobre a violência ou o ato do estupro.

Segundo Jain, “Queremos deter os violadores

com este filme”.

Pôster do filme Kill the Rapist

Aamir Khan na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo da Time

Aamir Khan foi escolhido para estar em uma

das sete capas especiais da edição da revista

Time com a lista das 100 pessoas mais in-

fluentes do mundo. Aamir foi escolhido por

usar sua influência para aumentar a consciên-

cia social na Índia. Outros indianos também

entraram na lista: a advogada Vrinda Grover

(que ganhou destaque por seus apelos por

mudanças após o caso do estupro em Délhi

– ver edição de março) e P. Chidambaram, Mi-

nistro das Finanças da Índia. Também cons-

tam os brasileiros Joaquim Barbosa (o “juiz

do mensalão”) e o chef Alex Atala.

Capa da Time, destacando Aamir Khan

mais uma beldade latina para Bollywood: A mexicana marimar Vega

A atriz mexicana Marimar Vega irá parti-

cipar de um filme de Bollywood, que está

sendo provisoriamente chamado de The

Twist, dirigido por Himayath Khan. Vega

será uma turista que, de férias na Índia,

se envolverá em situações perigosas e

que colocarão sua vida em risco. Boa sor-

te para a bela mexicana!

A atriz mexicana Marimar Vega

Inaugurado o primeiro parque temático inspirado em Bollywood

A Índia ganhou o seu primeiro parque temático, nas

proximidades de Mumbai. O Adlabs Imagica foi cons-

truído utilizando tecnologia baseada no legado india-

no de contar histórias. O parque, que tem cerca de

110 hectares e conta com 18 atrações, foi inaugurado

em abril. O ingresso custa o equivalente a 45 reais

para adultos e 35 para crianças.

Pôster do parque Adlabs Imagica

um feliz e musical “Bollywood” aniversário

Iniciou-se na Índia a venda de cartões musicais

inspirados em grandes sucessos de Bollywood.

O cartão tem a foto de um ídolo de Bollywood

na capa e quando aberto, toca a música do

respectivo filme. Agora os indianos já podem

desejar um feliz Dhoom aniversário ou de-

clarar seu amor ao som do filme Veer-Zaara.

São 24 cartões diferentes. Você pode acessar

a coleção, clicando aqui. O cartão custa cerca

de 10 reais, mas por enquanto está disponível

somente na Índia.

Capa do cartão musical com o tema do filme Dhoom 2

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Page 14: Bollywood brasil ed 3 may 13

Sholay é o tipo de filme que você quer assistir

e fica deixando para depois, pois você tem ainda

muitos filmes mais atuais para ver. Não se trata de

um filme muito dinâmico, tem mais de 3 horas de

duração com algumas cenas sem utilidade para a

trama e isso o torna cansativo.

Apesar de tudo, ele é um filme muito especial e é

realmente um clássico do cinema mundial e tem que

ser visto por qualquer pessoa que é apaixonada pelo

cinema indiano.

Seguem algumas das principais razões pelas quais

você deve assistir esse filme.

1º. Realmente, o filme não é muito dinâmico, mas

as cenas de ação são impressionantes. O filme é de

1975 e o realismo das cenas deixam vários filmes

atuais no chinelo. O filme segue o estilo de velho

oeste americano e deu muito certo.

2º.

A parceria entre o Dharmendra (Veeru) e Amitabh

Bachchan (Jai) ficou perfeita. Enquanto o Veeru

é brincalhão, infantil e alegre, Jai é mais sério e

ponderado. Porém, ambos possuem uma amizade

verdadeira e eterna. Uma música que eles cantam

no inicio do filme diz: “Nossa amizade nunca vai

acabar. Minha alma pode partir, mas ela sempre

estará a seu lado... Sua tristeza é minha tristeza.

Minha vida é sua vida, assim é nosso amor.” Real-

mente, o trecho da música retrata perfeitamente a

relação dos dois.

3º.O fato de Veeru e Jai comprarem uma briga que

não é deles. O filme gira em torno do personagem

de Sanjeev Kumar (Thakur), um ex-policial que

quando ainda estava na ativa, levava em um trem

os assaltantes Veeru e Jai para uma penitenciária,

quando foram subitamente atacados por uma

gangue de assassinos. Graças à valentia e coragem

de Veeru e Jai, Thakur não foi morto e a partir daí,

ele pegou uma afeição e simpatia pelos dois.

Por causa dessa afeição, tempos depois ele os

procura dando-lhes a missão de capturar o bandido

Gabbar Singh, vivido pelo ator Amjad Khan. Quando

Thakur ainda era policial, ele perseguiu e prendeu

Gabbar Singh. Este, para se vingar, foge da prisão e

mata a sangue frio quase toda a família de Thakur,

incluindo seu neto pequeno. A única que sobrevive

à chacina é Radha (Jaya Bachchan), sua nora. Você

deve se perguntar... Por que o próprio Thakur não

faz isso? Bem, o motivo é mostrado em uma cena

muito chocante e triste.

4º.Os casais vividos por Dharmendra e Hema Malini,

Amitabh Bachchan e Jaya Bhaduri Bachchan.

Na verdade, os personagens de Dharmendra e

Hema Malini tiveram mais destaque no filme como

casal. O casal Radha (Jaya) e Jai (Amitabh) não

te conquista e não convence e você só entenderá

o porquê no final. Você achará muito louvável a

atitude dele em pedi-la em casamento, já que ela é

viúva e na Índia as viúvas não tem um futuro muito

agradável, mas.... Quem disse que tudo são flores?

Vocês precisam assistir o filme para entender...

5º.As músicas do filme são belíssimas. Como exemplo

tem a que fala da amizade entre Veeru e Jai já citada

“Yeh Dosti” e é conhecida na Índia como um hino da

amizade.

6º.A participação de umas das maiores dançarinas de

todos os tempos, Helen na música “Mehbooba Meh-

booba”. Foi uma aparição que por si só valeu ficar em

frente a TV por mais de 3 horas.

Sholay, um clássico do cinema indiano, estrelado por um elenco lendário: Dharmendra, Amitabh Bachchan,

Hema Malini, Jaya Bachchan, Sanjeev Kumar e Amjad Khan.

cRÍTIcA: SHOlAYPor Feliz Luz

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Page 15: Bollywood brasil ed 3 may 13

7º.O ator Amjad Khan (Gabbar Singh), viveu um dos

melhores vilões do cinema indiano. Ele é mau, sem

qualquer piedade. A cena em que ele diz que “as

mães dizem às crianças para elas irem dormir ou

calarem a boca, se não, Gabbar Singh vai chegar.”

Diálogo perfeito!

8º.O cenário do filme é muito diferente do que estamos

acostumados a ver no cinema indiano. Um lugar

longe da civilização, com muitas rochas, poucas

árvores, com pessoas simples e humildes, sem man-

sões, sem joias, sem roupas glamorosas. Um lugar

onde a lei não alcança, onde o bandido pode fazer

tudo, ou quase tudo.

9º.

A cena onde o Gabbar Singh pede para Basanti

dançar para ele, caso contrário ele mataria Veeru.

Debaixo de um sol escaldante do deserto, ela dança

para que o seu amado não perca a vida. Belíssima e

emocionante cena!

O filme teria mais centenas de razões para serem

enumeradas, por ser o que ele é e representa no

cinema indiano, mas vou finalizar aqui senão viraria

um livro.

Algumas curiosidades so-bre o filme:

• Amjad Khan não era a primeira opção para inter-

petrar Gabbar Singh. O ator escolhido era Danny

Denzongpa, mas este teve que recusar porque estava

filmando Dharmatma no Afeganistão. O roteirista

relutou em aceitar Khan, pois achava sua voz fraca

demais para lhe permitir atuar de forma convincente

como vilão. Ainda bem que o roteirista o aceitou.

• Hema Malini tinha acabado de recusar uma pro-

posta de casamento de Sanjeev Kumar e não queria

estar perto dele. Se prestarem a atenção, Hema Ma-

lini não tem cenas com o personagem Thakur Singh

no filme.

• Apesar de ser o maior hit do ano, Sholay perdeu

todos os prêmios Filmfare para Deewar, também estre-

lado por Amitabh Bachchan.

• Balas reais foram supostamente usadas na cena

clímax do filme e uma bala perdida quase acertou

Amitabh.

• Amitabh Bachchan e Jaya Bhaduri, Dharmendra e

Hema Malini são casados até hoje.

• O filme passou por 4 anos ininterruptos em Mum-

bai e continuou por mais 2 anos no show matinê. Em

2004, Sholay foi remasterizado digitalmente e estreou

mais uma vez nos cinemas indianos.

• Sholay inspirou muitos filmes e gerou todo um

subgênero, o “curry western”. É considerado o mais

importante dos primeiros filmes de masala (mistura

de gêneros) e é o criador de tendências de filmes mul-

tiestrelados.

• O filme foi um divisor de águas para roteiristas de

Bollywood, que não eram bem pagos até então.

• Gabbar Singh, o vilão sádico, marcou o início de

uma era em filmes híndi caracterizada por vilões

opressores e aparentemente onipotentes que desem-

penham o papel central na criação do contexto da

história.

• Sholay recebeu muitas honrarias. Foi declarado

como o “Filme do Milênio” pela BBC da Índia, em

1999, e em 2002 liderou uma enquete dos “Top 10 de

filmes indianos” de todos os tempos do British Film

Institute. Em 2004, foi eleito o melhor filme indiano

em uma enquete por um milhão de indianos na Grã-

Bretanha, e em 2006 foi eleito como o melhor filme

pelos iranianos.

• A mídia indiana noticiou que o filme estaria sendo

convertido para 3D para lançamento este ano, em

comemoração do centenário do cinema indiano. Devi-

do a problemas de direitos autorais, não há ainda uma

confirmação de data. Seria uma interessante mistura

de um filme clássico, com uma roupagem mais mod-

erna. Vamos torcer!

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AgENdA dE ESTREIASpor Tiago Ursulino

24 de maio

Ishkq in Paris

Direção: Prem Raj

Direção musical: Sajid-Wajid

Elenco: Preity Zinta, Rhehan Malliek, Isabelle Adjani, Salman Khan (participação especial)

Gênero: Romance

Entrando para a galeria de atores/atrizes donos de suas próprias produtoras, a estrela Preity Zinta,

com sua PZNZ Media, produz seu primeiro filme, uma história de amor ambientada na cidade das

luzes.

31 de maio

Yeh Jawaani Hai Deewani

Direção: Ayan Mukerji

Direção musical: Pritam

Elenco: Ranbir Kapoor, Deepika Padukone, Aditya Roy Kapur, Kunaal Roy Kapur, Kalki Koechlin e Mad-

huri Dixit (em número musical)

Gênero: Romance

Filme que marca a reunião do ex-casal Ranbir Kapoor & Deepika Padukone, o filme conta a história

de 4 amigos vivendo intensamente os últimos anos da sua juventude, conforme as responsabilidades

da vida adulta começam a se impor.

Page 17: Bollywood brasil ed 3 may 13

14 de junho

Fukrey

Direção: Mrigdeep Singh Lamba

Direção musical: Ram Sampat

Elenco: Pulkit Samrat, Manjot Singh, Ali Fazal, Varun Sharma

Gênero: Comédia

Esperada produção de Farhan Akhtar, o filme promete uma divertida história sobre a vida de amigos

que não são nada do que a sociedade espera deles. O filme já inovou no seu primeiro trailer, feito no

formato de desenho animado.

21 de junho

Raanjhanaa

Direção: Aanand L. Rai

Direção musical: A R Rahman

Elenco: Sonam Kapoor, Dhanush, Swara Bhaskar, Abhay Deol

Gênero: Romance

Kundan (Dhanush, ator da indústria tâmil estreando em Bollywood) desde criança ama Zoya (So-

nam Kapoor). Mas seu amor pode estar ameaçado pela chegada de um estranho (Abhay Deol) na

vila onde moram. O filme promete ser uma história de amor épica, de ferir os corações.

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