botanica

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CURSO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: SERGIO DE MELLO QUEIROZ baseado no trabalho da Msc. SONIA - UNIANDRADE ASPECTOS ECOLÓGICOS DE ECOSSISTEMAS FLORESTAIS E AQUÁTICOS DE ÁGUA DOCE

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CURSO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA:

SERGIO DE MELLO QUEIROZ

baseado no trabalho da Msc. SONIA -

UNIANDRADE

ASPECTOS ECOLÓGICOS DE ECOSSISTEMAS

FLORESTAIS E AQUÁTICOS DE ÁGUA DOCE

ECOLOGIA: deriva diretamente de geobotânica (alemão)

ECOSSISTEMA = biótopo + biocenose

BIOCENOSE: Comunidade biótica formada por animais e

plantas que se condicionam mutuamente e que se mantém

através dos tempos em território definido.

BIÓTOPO: uma extensão bem delimitada contendo

recursos suficientes para poder assegurar a conservação da

vida.

CONCEITOS DE ECOSSISTEMA:

Unidade funcional de base em ecologia (inclui os seres

vivos e o meio onde vivem, com todas as interações

recíprocas entre o meio e os organismos).

Um ecossistema apresenta certa homogeneidade do

ponto de vista topográfico, climático, botânico, zoológico,

pedológico, hidrológico e geoquímico

as trocas de matéria e energia fazem-se com intensidade

característica.

Os constituintes que entram são: energia solar,

elementos minerais (atmosfera, água, serrapilheira).

Os elementos que saem são: calor, oxigênio, gás

carbônico e diversos outros gases, os compostos húmicos e

as substâncias biogênicas carregadas pela água.

A maioria dos ecossistemas formou-se ao longo da

evolução como conseqüência de longos processos de

adaptação entre as espécies e o meio ambiente.

Os ecossistemas são dotados de auto-regulação e

capazes de resistir, pelo menos dentro de certos limites, ás

modificações do meio ambiente e as bruscas variações de

densidade das populações.

Um ecossistema completo compreende as substâncias

abióticas orgânicas e inorgânicas do meio, organismos

produtores, consumidores e decompositores.

Microecossistemas (tronco de árvore morta);

Mesoecossistemas (floresta, lago);

Macroecossistema (Oceano).

CLASSIFICAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS

Terrestres: florestas, campos...

Água doce: rios, lagos, açudes...

Marinhos: mar

ECOLOGIA DE COMUNIDADES VEGETAIS TERRESTRES

Comunidade:

Conjunto de populações co-ocorrentes (espécies vivendo

numa mesma área), diferindo por critérios funcionais,

taxonômicos ou estruturais e que usualmente interagem de

forma organizada.

Para análise da vegetação, levantam-se os dados:

1. composição florística

2. características fisionômicas

3. características estruturais

4. características funcionais

Para caracterização de uma comunidade vegetal

consideram-se os caracteres:

sintéticos

vosquantitati

osqualitativ

analíticosCaracteres

Caracteres analíticos qualitativos

Composição florística ou diversidade específica:

elaboração de uma lista de espécies vegetais ocorrentes na

área de estudo.

Formas de vida: chamam-se tipos biológicos as

disposições morfológicas pelas quais os vegetais

manifestam suas adaptações ao meio onde vivem.

árvores emergentes

árvores do estrato superior

árvores do estrato médio

árvores do estrato inferior

arvoretas

arbustos

subarbustos

palmeiras

lianas

cipós e trepadeiras

epífitas

estrato herbáceo

tapete de musgos, liquens, hepáticas

samambaias arborescentes

Estrutura ou estratificação: Arranjo vertical de

organismos ou de suas partes em níveis mais ou menos

definidos, tanto na parte aérea quanto subterrânea.

altura total das árvores (estimativa visual comparativa)

limite inferior e superior da copa (esboço da delimitação

da copa)

diâmetro relativo do tronco das árvores

representação da distribuição de epífitas e lianas

tapete herbáceo

Periodicidade: registro de aspectos essenciais do ciclo de

vida das plantas (fenologia):

- germinação das sementes; estabelecimento das plântulas

-brotamento; floração; frutificação (intensidade e época)

-dispersão de frutos/sementes (modalidade e principais

dispersores)

- abscisão de folhas, flores, frutos (intensidade e época)

- maturação de frutos

- deiscência de frutos

- polinização (modalidade e principais polinizadores)

Vitalidade: refere-se à condição ou grau de vigor alcançado

pelas plantas em diversos estágios de desenvolvimento.

Sociabilidade: Refere-se à relação espacial das diversas

espécies de plantas (grau de proximidade em que vivem os

indivíduos).

- crescimento isolado; - em “touceiras”;

- agregados; - comunidade pura;

Sociabilidade entre espécies depende:

-fatores do ambiente físico;

- competição entre as espécies associadas (propagam por

sementes).

Fidelidade: grau de restrição de uma espécie a um dado

tipo de comunidade.

Cobertura: representação gráfica da área ocupada por

folhas, caules e inflorescências (plantas herbáceas).

Caracteres analíticos quantitativos

Densidade = abundância (número de indivíduos de cada

espécie por determinada área ou volume);

Freqüência = estima a probabilidade de encontrar uma

dada espécie numa unidade de amostragem - dá idéia da

uniformidade da dispersão das espécies na comunidade.

Dominância = dá idéia da taxa de ocupação do ambiente

por uma dada espécie ou pela comunidade; Ex. caso das

florestas, são exercidos pelas árvores de grande porte.

A dominância de uma espécie pode ser expressa:

- número de indivíduos;

- cobertura de área foliar, sombreamento;

- área basal (ocupada pelo tronco das árvores);

- biomassa;

- produtividade.

Estudo das comunidades florestais

São utilizados basicamente dois métodos:

1 - Método de Parcelas

2 - Método de Quadrantes

d3 d4

d2 d1

ECOSSISTEMA LACUSTRE: ZONAÇÃO HORIZONTAL

Zona litoral

- ecótono;

recebe serapilheira da vegetação terrestre;

- instala a comunidade de macrófitas aquáticas;

- divide-se em:

eulitoral: flutuação do nível do lago (chuvas, da

afluência dos rios e da evapotranspiração); plantas suportam

o dessecamento.

infralitoral: coberta pelas águas, plantas aquáticas

típicas.

Zona pelágica

- interior do lago;

-não ocupada por macrófitas com raízes;

-divide-se em :

zona limnética: parte superior da zona pelágica

até a camada de compensação de luz (zona fótica); é

dominada pelo plâncton e pelo nécton:

zona batilimnética: (profunda), abaixo da camada

de compensação de luz (zona disfótica), onde há

ausência de fotoautotróficos e predomínio de

invertebrados aquáticos bentônicos, tais como:

oligoquetas (tubificídeos), crustáceos, ostrácodes,

moluscos (gastrópodes e bivalvos), larvas de insetos

(quironomídeos, efemerópteros, odonatas).

ECOLOGIA DE COMUNIDADES VEGETAIS AQUÁTICAS

CONTINENTAIS

Distinguem-se as seguintes comunidades:

Fitoplâncton; perifiton; bentos; macrófitas aquáticas;

PLÂNCTON

Comunidade de plantas ou animais microscópicos, autótrofos

e heterótrofos que vivem em suspensão, flutuando livremente

ou com movimentos fracos, sendo arrastados passivamente

pelas correntezas ou vento.

1) Quanto à natureza:

Bacterioplâncton - bactérias

Fitoplâncton - vegetais

Zooplâncton - animais

Ictioplâncton - larvas de peixes, minúsculos peixes

2) Quanto ao habitat

- Limnoplâncton (lagos, lagoas, represas)

- Potamoplâncton (rios); há gradiente horizontal e longitudinal

- Heleoplâncton (poças d‟água, brejos, lagoas temporárias)

3) Quanto ao tempo de permanência

- Holoplâncton (plâncton permanente)

- Meroplâncton (plâncton temporário)

- Pseudoplâncton (materiais diversos e organismos mortos)

Organismos planctônicos

Adaptações para flutuação:

produção de gases em vacúolos,

formação de bainha muscilaginosa,

formação de gotículas de óleo para redução de densidade,

aumento da relação superfície/volume, pela formação de prolongamentos.

fatores que influenciam a variação do fitoplâncton:

luz, temperatura, teor de nutrientes, chuva, vento (produz

turbulência e ressuspensão de materiais do fundo).

PERIFITON

Comunidade

microscópica

complexa de

plantas,

animais e

detritos

associados,

aderidos e/ou

formando uma

superfície de

cobertura sobre

plantas, pedras

e outros objetos

submersos.

De acordo com o substrato classifica-se em:

- epifiton = aderido a macrófitas aquáticas

- epiliton = aderido a rochas ou pedras (“limo” das pedras -

bactérias, fungos microalgas)

- epipelon = aderido a superfície do sedimento

- epipsamom = aderido a grãos de areia

- epizoon = aderido a organismos animais (ex.

microcrustáceos)

- epixilon = aderido a pedaços de madeira

BENTOS

Comunidade de organismos que vivem livremente na

camada superior do sedimento (Sladeckova, 1962)

Conjunto de organismos associados com o fundo de um

corpo d‟água, ou seja, com a interfase sólido-liquida dos

sistemas aquáticos (ACIESP, 1997).

MACRÓFITAS AQUÁTICAS

Abrange todas as formas macroscópicas de plantas

aquáticas, desde macroalgas (Chara, Cladophora), poucas

espécies de pteridófitas (Azolla) e angiospermas que

habitam brejos, até ambientes verdadeiramente aquáticos

(hidrófitas).

Em função da transição dos biótopos, distinguem-se:

Macrófitas aquáticas emersas, que são plantas

enraizadas no sedimento e com caule e folhas fora d‟água;

Ex.: Typha (taboa), Pontederia, Echinodorus, Eleocharis,

Polygonum, gramíneas, ciperáceas

Macrófitas aquáticas com folhas flutuantes, porém

enraizadas no sedimento;

Ex.: Nymphaea, Nymphoides, Victoria amazonica (vitória-

régia);

Macrófitas aquáticas submersas enraizadas no

sedimento e que crescem totalmente submersas na água (só

a reprodução é na superfície);

Ex.: Anacharis (elódea - fam. Hydrocharitacea), Cabomba

(fam. Nympheaceae), Mayaca (fam. Nympheaceae);

Macrófitas aquáticas submersas livres; plantas com

rizóides pouco desenvolvidos, que permanecem flutuando

submergidas na água em locais de pouca turbulência

(presas às outras macrófitas);

Ex.: Utricularia (carnívora), Ceratophyllum;

Macrófitas aquáticas flutuantes: plantas que flutuam na

superfície d‟água (desenvolvem-se melhor em locais

protegidos do vento);

Ex.: Eichornea crassipes (aguapé), Salvinia (fam.

Salviniaceae - pteridófita aquática), Pistia stratiotes (alface

d‟água), Lemna, Azolla (fam. Salviniaceae - pteridófita

aquática).

Adaptações morfofisiológicas ao ambiente aquático:

- caule fistuloso com tubulações internas para circulação de

ar;

- redução de tecido de sustentação (menor quantidade de

xilema lignificado);

- presença de aerênquima em forma de tecido esponjoso

(cerca de 70% do volume);

- sustentação dos órgãos mantidos pelo turgor celular;

- concentração de clorofila na face superior das folhas

flutuantes;

- cutícula com única camada de células para facilitar

absorção;

- folha com três camadas de células para facilitar a captação

luminosa;

armazenamento de ar no aerênquima para flutuação e

respiração celular;

- ampliação de espaços intercelulares, às vezes contínuos

para circulação de ar (ex. elódea).

IMPORTÂNCIA DAS COMUNIDADES AQUÁTICAS

AUTOTRÓFICAS

Produtores primários de matéria orgânica:

Strickland (1965): Fitoplâncton: 95% da produção primária

na maioria dos ecossistemas.

Brown & Austin (1971): Perifiton: principais produtores

primários em rios, pequenos corpos d‟água e na região

marginal de lagos rasos.

Margalef (1983): Em lagos e alagados de pouca

profundidade - produção primária das algas perifíticas e

bentônicas é geralmente duas a três vezes maior do que a

do fitoplâncton, sendo que a das macrófitas excede a soma

destas duas comunidades.

Indicadores biológicos da qualidade da água:

Algas: + utilizados como indicadores biológicos dos níveis de poluição.

Devido: sua sensibilidade às variações das condições do meio.

Perifiton: melhor indicador biológico que o fitoplâncton, tanto em ambiente lênticos, quanto lóticos.

Devido: menos sujeito à ação das correntes e dos movimentos da água.

Refúgio e fonte de alimentos:

Principalmente as macrófitas propiciam ampla

variedade de nichos para a comunidade faunística e

alimento para os consumidores primários (herbívoros).

Estocagem e ciclagem de nutrientes minerais:

Macrófitas

concentram nutrientes minerais na biomassa ao tempo

da decomposição os nutrientes são liberados no meio

servindo para nova absorção.

A decomposição é a principal forma de retorno de

nutrientes em ecossistemas aquáticos tropicais.

Fixação de nitrogênio:

Macrófitas aquáticas se associam com bactérias e

algas fixadoras de nitrogênio.

Ex.: Azolla (pteridófita aquática), associada com

Anabaena azollae (cianofícea).

Entre as algas fixadoras de nitrogênio citam-se

Anabaena, Cylindrospermum, Nostoc, Oscillatoria e

Phormidium.

As cianofíceas possuem células diferenciadas para

fixação de nitrogênio - os heterocistos, não clorofilados.

a energia necessária provém de outras células

clorofiladas do filamento onde se realiza a fotossíntese.

O processo de fixação requer condições anaeróbicas

para atuação da nitrogenase.

Produção de toxinas:

Algas produzem toxinas com efeito deletério sobre

organismos animais;

populações de algas podem ter grande crescimento

(“florescimento” ou “bloom”) entram em senescência e

morte depois sedimentam-se.

As toxinas provocam grande mortalidade de peixes e de

outros animais aquáticos.

Ex.: neurotoxinas produzidas por Anabaena flos-aquae

Ex.: hepatotoxinas produzidas por Microcystis aeroginosa

Filtragem da água:

As macrófitas:

podem funcionar como filtro de metais pesados;

contribuem para eliminação de bactérias patogênicas;

exercem destacada influência na dinâmica dos

ecossistemas aquáticos:

* contribuindo para alta produtividade da região

litorânea;

*grande diversificação de nichos ecológicos;

*e fator determinante sobre o metabolismo dos

ecossistemas, sob vários aspectos:

-

* redução da turbulência das águas e efeito de „filtro”

para sedimentação do material alóctone;

* efeito de “bombeamento” de nutrientes efetuado

pelas macrófitas enraizadas, posterior excreção para a

coluna d‟água e liberação após decomposição de biomassa;

* produção primária de matéria orgânica para todo o

ecossistema;

* base da cadeia de herbivoria e detritivoria exercida

pelos animais;

* substrato para desova e para refúgio de vários

invertebrados;

* armazenamento de nitrogênio obtido em associação

com bactérias e algas perifíticas fixadoras biológicas de

nitrogênio.

O excessivo crescimento da comunidade de macrófitas

aquáticas pode ter como causa:

a falta de consumidores aliado ao;

aumento do nível de eutrofização (maior oferta de

nutrientes) originando problemas tais como:

- impedimento de navegação;

- obstrução ou redução do fluxo d‟água em turbinas

de usinas hidrelétricas;

- entupimento de sistemas de tratamento d‟água;

- criação de condições para proliferação de mosquitos

e caramujos transmissores de doenças como malária e

esquistossomose;

- redução de oxigênio disponível (anaerobiose).

Exemplo de plantas passíveis de grande crescimento:

Eichornia crassipes (aguapé)

Salvinia molesta

Anacharis canadensis (elódea)

Pistia stratiotes (alface d‟água)

Ceratophyllum demersum.

Os métodos de controle do crescimento são de ordem

mecânica: corte, retirada;

Química: aplicação de herbicidas;

Biológica: uso de predadores.

DECOMPOSIÇÃO E CICLAGEM DE NUTRIENTES MINERAIS EM FLORESTAS

Os nutrientes (elementos) minerais:

circulam continuamente na Natureza: tanto dentro dos organismos como entre os organismos e o ambiente.

Num certo momento são constituintes da matéria viva e em outro integram a matéria inorgânica.

Alguns são rapidamente incorporados e liberados da matéria viva (microrganismos de vida breve) e outros são absorvidos por organismos e mantidos em sua estrutura por décadas ou séculos (árvores centenárias das florestas).

podem ser retidos por milhões de anos, em organismos fossilizados.

mantém sua estrutura atômica básica, porém combinam-se e recombinam-se formando substâncias ora orgânica, ora inorgânica.

Há contínuas transformações: pai da química moderna, o francês Antoine de Lavoisier (1743-1794): "Na Natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma."

A ciclagem mineral na natureza se dá entre os organismos vivos, a crosta terrestre, o ar e a água.

Cada elemento mineral tem o seu ciclo básico na natureza: rápidos e restritos, ou lentos e amplos - a circulação se faz com gasto de energia (energia luminosa).

Floresta Tropical Pluvial:

-Ciclagem de nutrientes minerais, organizado de maneira tal maneira que:

* uma vegetação luxuriante pode existir em solos pobres em nutrientes;

* uma vez destruída a floresta, a agricultura permanente é difícil ou impossível ser mantida.

* A manutenção da floresta é possível por ser o estoque de minerais do sistema ciclado tão eficientemente que:

- despeito da elevada precipitação durante todo o ano, somente pequenas quantidades dos nutrientes são carregados pelas águas de drenagem.

- os nutrientes ficam preferencialmente estocados na biomassa viva e após a senescência ou morte, são depositados e decompostos sobre o solo florestal, tornando-se disponíveis para nova absorção.

* O ponto chave da ciclagem dos nutrientes na floresta: processo de decomposição da serapilheira.

- libera nutrientes minerais e substâncias orgânicas para o solo - influência no crescimento das plantas - contribuir para o funcionamento do metabolismo da comunidade edáfica.

* A água de precipitação pluvial exerce destacado papel no

processo de ciclagem mineral em ecossistemas florestais:

- atuando como transportador de nutrientes da

atmosfera;

-principal veículo de transferência nutrientes do

dossel para o solo, onde são retidos temporariamente;

- uma pequena quantidade é repassada para o

lençol freático e bacia de drenagem.

•O processo de decomposição para determinação do

tempo de permanência dos nutrientes no piso florestal,

varia de acordo com a latitude, altitude e tipo de floresta.

• Florestas temperadas o tempo se mede em vários anos

ao passo que, em florestas tropicais úmidas, se mede em

frações de anos.

•No Brasil: Meguro e col. (1980); tempo médio necessário

para o desaparecimento de 50% do folhedo, em mata

mesófila secundária da Cidade Universitária de São Paulo,

de 9 a 10 meses.

Bormann & Likens (1970) consideram que os nutrientes de

um ecossistema florestal encontram-se distribuídos em

quatro compartimentos básicos:

-Composto de nutrientes da solução do solo ou adsorvidos

às superfícies do complexo argila-húmus;

- Orgânico: organismos vivos (biomassa) e seus restos;

- Solo e rochas: contendo nutrientes em forma

temporariamente não disponível;

- Atmosférico: composto por gases, vapores e partículas

em suspensão.

A ciclagem de nutrientes em um dado ecossistema consiste:

- movimentação de nutrientes entre os compartimentos e;

- transferência para outros ecossistemas.

Em uma floresta, dois caminhos que nutrientes podem ser

evidenciados:

ciclo biológico ou fechado,

ciclo geoquímico ou aberto.

O ciclo biológico: circulação de nutrientes entre o solo da floresta

e as comunidades vegetal, animal e microbiana;

- inicia-se com a absorção de minerais (raízes);

-retenção na biomassa e restituição ao solo (ciclo

biogeoquímico).

O retorno de nutrientes ao solo se faz por cinco

modalidades:

1) deposição de serapilheira (litterfall);

2) lavagem foliar ou das copas (throughfall);

3) lavagem do tronco por escoamento (stemflow);

4) excreção de exsudados pelas raízes e

5) morte das raízes.

FORMAÇÕES VEGETAIS BRASILEIRAS

FERRI (1980), os tipos de formações vegetais brasileiras

ocupam as seguintes áreas relativas:

Floresta Amazônica 40%

Cerrado 23%

Campos do Sul + Matas subtropicais + Matas mistas de

Araucária 14%

Caatingas do NE 11%

Mata Atlântica 6%

Pantanal, Manguezal, Dunas, Restinga, Campo rupestre,

Vegetação aquática, Vegetação de brejo

6%

ECOLOGIA DAS FORMAÇÕES FLORESTAIS

FLORESTA AMAZÔNICA (AC/AM/PA/RO/AP/RR/TO/MT)

maior floresta pluvial do mundo (30%);

sistema fluvial mais extenso e de maior massa líquida da

terra (1/5 de toda água doce fluvial do planeta);

denominada floresta ombrófila densa (IBGE, 1992);

clima equatorial sempre quente e úmido, favorecendo o

crescimento contínuo das plantas;

temperatura média fica em torno de 26ºC;

precipitações anuais variam desde 2000 mm até 3600 ou

4000mm;

cerca de 50% das precipitações provém da própria

evapotranspiração local;

solos são predominantemente arenosos, pobres em

nutrientes e com elevada acidez;

extrema exuberância fisionômica, alta diversidade

específica (100 a 300 espécies de árvores por hectare =

quadra urbana);

presença acentuada de epífitas e de lianas longas e finas

(busca da luz);

solo encharcado e o clima equatorial levou a adaptações

como base do tronco expandido em forma tabular

(sapopembas), lançamento de raízes escora (Cecropia),

caules fendidos, sulcados, enrugados, estrangulantes ou em

escada, além de mirmecofilia (Cecropia, Triplaris) e

caulifloria (Theobroma).

associação dos sistemas radiculares das árvores com

micorrizas tem papel muito importante na manutenção da

exuberância da Floresta Amazônica.

FAUNA: uma das mais ricas e abundantes do Brasil

(EMBRAPA, 1996):

Mamíferos: paca, cotia, capivara, cervo, anta, queixada,

cateto, suçuarana, jaguatirica, tapiti, ariranha, peixe-boi,

guariba-preto, macaco-aranha, barrigudo, lobo-guará,

cachorro-do-mato-vinagre, preguiça, onça-preta, onça-

pintada, macaco-uacari-preto.

Aves: arara-azul, arara-cinza-azulada, arara-vermelha,

besourão, balança-rabo-de-bico-preto, beija-flor-de-orelha-

azul, pavãozinho, gavião-pombo-grande, gavião-real,

gavião-de-penacho, gavião-da-serra-laranja, anambé-de-

asa-branca, anambé-vermelho, tiê-coroa, choquinha,

tucano-de-bico-preto, falcão-peregrino, falcão-de-peito-

vermelho, periquito, cotinga, papagaio.

Répteis: tartaruga-do-amazonas, tracajá, jibóia, jacaré-de-

papo-amarelho, jacaré-açu, lagarto.

Anfíbios: rã-pimenta, rã-mirim

Impactos sobre o ecossistema Floresta Amazônica

(EMBRAPA, 1996)

Garimpo de ouro - Assoreamento, erosão e poluição dos

cursos d‟água; problemas sociais; degradação da paisagem

e da vida aquática, contaminação por mercúrio com

conseqüências sobre a pesca e a população.

Mineração industrial: ferro, manganês, cassiterita, cobre,

bauxita, etc.; degradação da paisagem; poluição e

assoreamento dos cursos d‟água; esterilização de grandes

áreas e impactos sócio-econômicos.

Grandes projetos agropecuários - Incêndios; destruição

da fauna e da flora; erosão, assoreamento e contaminação

dos cursos d‟água por agrotóxicos; destruição de reservas

extrativistas.

Grandes usinas hidroelétricas - Impacto cultural e sócio-

econômico (povos indígenas) e impacto sobre a fauna e a

flora; inundação de áreas florestais, agrícolas, vilas, etc.

Indústrias de ferro gusa - Demanda de carvão vegetal da

floresta nativa - desmatamento; exportação de energia a

baixo valor e alto custo ambiental; poluição da água, ar e

solo.

Pólos industriais e /ou grandes indústrias - Poluição do

ar, água e solo; geração de resíduos tóxicos; conflitos com o

meio urbano.

Construção da rodovia Transamazônica - Destruição das

culturas indígenas; propagação do garimpo e de doenças

endêmicas; grandes projetos agropecuários; explosão

demográfica em algumas áreas.

Caça e pesca predatórias - Extinção de mamíferos

aquáticos; diminuição de populações de quelônios, peixes e

animais de valor econômico-ecológico.

Indústrias de alumínio - Poluição atmosférica e marinha;

impactos indiretos pela enorme demanda de energia

elétrica.

Crescimento populacional - Problemas sociais graves;

ocupação desordenada e vertiginosa do solo (migração

interna) com sérias conseqüências sobre os recursos

naturais.

FLORESTA ATLÂNTICA

(RN até RS, principalmente

BA/ES/MG/RJ/SP/PR/SC/RS)

possui os maiores índices de biodiversidade do mundo

conjunto de serras denominado Serra do Mar;

A altitude e a distância da cadeia de montanhas em

relação ao mar é variada, ora alcançando as proximidades

da linha costeira, em escarpas abruptas (RJ), ora se

afastando e favorecendo o aparecimento planícies arenosas

litorâneas (PR, SC e RS);

A presença da serra do Mar provoca ascensão dos

ventos úmidos procedentes do Oceano Atlântico (chuva ou

nevoeiro);

precipitação varia de 1600 a 3100 mm/ano e pode

alcançar 4000 mm em alguns pontos;

clima dominante é tropical úmido ou super úmido, sem

estação seca e isento de geada;

temperatura média anual em torno de 22ºC.

denominações: floresta tropical latifoliada úmida de

encosta, floresta perenifólia higrófila costeira (Andrade

Lima, 1966), floresta ombrófila densa montana (Veloso,

1991), mata plúvio-tropical (Maack 1981), floresta ombrófila

densa (IBGE, 1992).

umidade suficiente para manter as florestas costeiras

densas com árvores de 20 a 30 m de altura;

denominações conforme a altitude:

floresta das terras baixas (30 a 50m);

floresta submontana (50 a 400-500m);

floresta montana (500 a 1000/1200m); mais exuberante

floresta alto montana (acima de 1200m). mata de neblina.

Há abundância de epífitas, trepadeiras e lianas,

algumas estrangulantes (mata-pau: Ficus); os troncos são

usualmente cobertos de musgos e liquens.

Espécies arbóreas:

- Ocotea e Nectandra (canelas);

- Ficus (figueiras);

- Euterpe edulis (palmito);-

Tibouchina (manacá-da-serra);

- Schizolobium parahyba (guapuruvu);

- Tabebuia (ipê);

- Piptadenia rigida (angico);

- Caesalpinia echinata (pau-brasil);

- Syagrus romanzoffianum (coqueiro gerivá);

- Attalea (palmeira indaiá);

- Cecropia adenopus (embaúba)

Epífitas

bromeliáceas (Vriesia)

orquidáceas (Oncidium)

aráceas (Philodendron)

cactáceas (Rhipsallis); samambaias e avencas

musgos, liquens e cogumelos (orelha de pau)

Trepadeiras: Convolvulaceae e Bignoniaceae.

Fauna (EMBRAPA, 1996):

Mamíferos: cotia, ouriço-cacheiro, anta, suçuarana,

jaguatirica, preá, tapiti, mico-leão-dourado, lobo-guará,

porco-do-mato, macaco-prego;

Aves: jaó-do-sul, arara, pichochó, beija-flor e colibri,

maria-leque, gavião, anambé, tiê, falcão, sabiá,

pintassilgo, azulão;

Répteis: cágado, surucucu, jibóia, iguana, lagarto,

jararaca;

Anfíbios: rãs e pererecas

Impactos sobre o ecossistema Mata Atlântica

(EMBRAPA, 1996)

Grandes concentrações urbanas - Degradação da

paisagem; poluição de águas interiores e costeiras;

contaminação do solo, escassez de espaço; problemas

sócio-econômicos; poluição sonora.

Grandes concentrações industriais e pólos industriais

- Poluição do ar, da água e do solo; degradação da

paisagem; geração de resíduos sólidos perigosos.

Atividade portuária - poluição das águas costeiras;

poluição atmosférica; geração de resíduos sólidos

perigosos; risco de acidentes com petroleiros e

graneleiros.

Agroindústria de açúcar e álcool, papel e celulose e

siderúrgicas - utilização de madeiras nobres, de carvão

vegetal; poluição dos cursos d‟água, do solo e do ar;

desequilíbrio ambiental - monocultura.

Transporte de combustíveis em oleodutos e gasodutos -

Desmatamento; erosão; riscos de acidentes com prejuízos

para a fauna, flora e vida humana.

Expansão urbana desordenada na faixa litorânea -

Destruição de ecossistemas fundamentais à vida marinha:

manguezais e restingas; degradação de paisagens; poluição

das praias; prejuízos sócio-econômicos para o lazer, turismo

e pesca.

Mineração de granito, calcário e areia - Degradação de

grandes áreas; poluição e assoreamento dos cursos d‟água;

degradação da paisagem e problemas sócio-econômicos

graves.

FLORESTA COM ARAUCÁRIA (PR/SC/RS)

Denominada floresta ombrófila mista (IBGE, 1992) ou

pinheiral;

ocupa as partes mais elevadas dos planaltos do sul do

Brasil;

clima da região é subtropical temperado;

temperaturas médias anuais em torno de 19ºC (no verão

22ºC), sendo freqüentes geadas no inverno;

índice pluviométrico em torno de 1600mm com chuvas

bem distribuídas durante o ano.

A árvore dominante é Araucaria angustifolia (pinheiro-do-

paraná) de 25 a 30 m de altura (podendo chegar a 50m) e

diâmetro do tronco de 1 - 2m;

ocorrem nas regiões mais frias do sul do Brasil,

surgindo porém acima dos trópicos em regiões mais altas

de São Paulo e Minas Gerais (Serra da Mantiqueira);

solos são de origens tanto basálticas, quanto

areníticas, porém recobertos com espessa camada de

folhas aciculares, de lenta decomposição, em função de

sua escleromorfia e baixas temperaturas reinantes;

Espécies arbóreas:

- Cupania vernalis (camboatá-vermelho);

- Nectandra megapotamica (canela imbuia);

- Ocotea pretiosa (canela sassafrás);

- Cabralea canjerana (canjerana);

- Drymis brasiliensis (casca d'anta);-

Ocotea porosa (imbuia);

- Blepharocalyx salicifolis (murta);

- Podocarpus lambertii (pinheiro-bravo).

- Ilex paraguariensis (erva-mate);

- Dicksonia sellowiana (samambaia arborescente

fornecedora do xaxim);

Epífitas

- Tillandsia usneoides (barba-de-velho);

- liquens, musgos, pteridófitas, orquidáceas, aráceas,

bromeliáceas e gesneriáceas.

Fauna:

- cutias, pacas, ratos, preás, macacos como o guariba e

macaco-prego e aves como a gralha-azul, considerada

dispersora de pinhas de Araucaria angustifolia.

PANTANAL (MS/MT)

abrange áreas do MS/MT e territórios da Bolívia e

Paraguai;

rio Paraguai e seus afluentes formam imensas "calhas"

que recebem a precipitação das cabeceiras dos rios que

procedem do planalto (600-700m de altitude);

Na área do Pantanal as águas correm lentamente em

razão do suave declive e a lenta drenagem do solo;

O clima do Pantanal caracteriza-se por chuvas no verão

(1000mm até 2000mm);

As temperaturas máximas são registradas em janeiro

(29ºC) e as mínimas em julho (17ºC ao sul e 22ºC ao norte).

Os solos areníticos predominam na alta bacia;

Na época da cheia (máxima de dezembro a maio), a

depressão é coberta por um lençol contínuo de água de 2 a

3m de espessura; nas partes mais elevadas as águas

restringem-se às "baías" (lagoas), as quais, na vazante, tem

suas águas escoadas pelos "corixos" (rios).

Na cheia há fertilização dos solos pela deposição de

argila e detritos vegetais transportados pelas águas

transbordantes; nessa época ocorre a inundação cíclica

anual que faz com que grandes extensões do pantanal

passem de biótopos terrestres para biótopos aquáticos.

Nas áreas mais elevadas, designadas "cordilheiras"

predominam as matas e cerrados nunca inundados;

nas planícies de escoamento rápido, encontram-se

imensos campos dominados por gramíneas associadas

com ciperáceas e variadas espécies de plantas herbáceas

(pastos naturais);

áreas mais deprimidas há abundante desenvolvimento de

rica vegetação hidrófila;

áreas onde aflora rocha calcárea ("serras") ocorre

vegetação semelhante à caatinga xerófila.

Espécies importantes:

Tabebuia caraiba (paratudo);

Copernicia alba (carandá);

Mauritia vinifera (buriti);

Thypha domingensis (taboa)

Cyperus giganteus (papiro)

Triplaris formicosa (pau-formigueiro)

Genipa americana (jenipapo)

Magonia pubescens (timbó)

Myroxilum balsamum (bálsamo)

Piptadenia macrocarpa (angico)

Cecropia (embaúba)

Pistia stratiotes (alface d'água)

Eichornea crassipes (aguapé)

Victoria amazonica (vitória régia)

Fauna: riquíssima, havendo a convergência de animais das

matas, cerrados, campos e aquáticos, destacando-se a

presença de capivaras, pacas, jaguatiricas, lontras, jacarés,

muitíssimas espécies de aves como garças, biguás e o tuiuiu

e inúmeras espécies de peixes, como dourado, pacu,

pintado, curimatãs, piranha, jaú, pirambóia.

O Pantanal é proclamado como a maior reserva

ecológica do mundo, a maior bacia de proteínas do mundo e

o maior santuário faunístico do mundo.

Impactos sobre o ecossistema Pantanal (EMBRAPA, 1996):

Pecuária extensiva - Competição com a fauna nativa;

desequilíbrios.

Pesca predatória e caça ao jacaré - Diminuição dos

estoques pesqueiros; desequilíbrios; risco de extinção de

algumas espécies de jacaré.

Garimpo de ouro e pedras preciosas nos rios Paraguai e

São Lourenço - Erosão, assoreamento e contaminação dos

cursos d‟água nas cabeceiras dos rios que formam a bacia

do rio Paraguai, com impactos indiretos no Pantanal.

Turismo e migração desordenados e predatórios - Estresse

e morte de aves devido a fogos usados para provocar

revoadas e a saquinhos de plástico jogados que se ingeridos

por um animal, podem matá-lo; esgotos de centros urbanos

e hotéis de turismo que se estabelecem nas suas margens.

Aproveitamento dos Cerrados - Manejo agrícola

inadequado de lavouras resultando em erosão dos solos, o

que aumentou significativamente o sedimento de vários rios

que deságuam no Pantanal, contaminação dos rios com

biocidas e fertilizantes.