carta encÍclica dives in misericordia

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  • 7/25/2019 CARTA ENCCLICA Dives in Misericordia

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    CARTA ENCCLICADI VES I N M ISERICORDIA

    DO SUMO PONTFICEJOO PAULO II

    SOBRE A MISERICRDIA DIVINA

    Venerveis irmos

    e carssimos filhos e filhas:

    sade e bno apostlica!

    I. QUEM ME V, V O PAI (CF. JO14, 9)

    Revelao da miser icrdia

    1. DEUS, RICO EM MISERICRDIA1 Aquele que Jesus Cristo nos revelou como Pai e

    que Ele, seu prprio Filho, nos manifestou e deu a conhecer em Si mesmo2.Convm recordar,a este propsito, o momento em que Filipe, um dos doze Apstolos, dirigindo-se a Cristo lhedisse: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta. Jesus respondeu-lhe deste modo: H tantotempo que estou convosco e no me conheces...? Quem me v, v o Pai3.Estas palavrasforam proferidas no ltimo discurso com que Cristo se despediu dos seus no princpio da CeiaPascal.

    Seguiram-se os acontecimentos daqueles dias sagrados, durante os quais havia de confirmar-se, de uma vez para sempre, o facto de que Deus, que rico em misericrdia, movido pelaimensa caridade com que nos amou, restituiu-nos vida juntamente com Cristo, quandoestvamos mortos pelos nossos pecados4.

    Seguindo a doutrina do Conclio Vaticano II, e atendendo s necessidades particulares dostempos em que vivemos, dediquei a EncclicaRedemptor Hominis verdade sobre o homem,verdade que, na sua plenitude e profundidade, nos revelada em Cristo.

    Exigncia de no menor transcendncia, nestes tempos crticos e difceis, leva-nos a descobrir,tambm, no mesmo Cristo, o rosto do Pai, que Pai das misericrdias e Deus de toda aconsolao5.L-se na Constituio Gaudium et Spes: Cristo, novo Ado... revela o homema si mesmo plenamente e descobre-lhe a sua sublime vocao. E f-lo precisamente narevelao do mistrio do Pai e do seu amor6.As palavras citadas atestam com clareza que amanifestao do homem, na plena dignidade da sua natureza, no pode verificar-se semrefernciano apenas conceitual, mas integralmente existenciala Deus. O homem e a suavocao suprema desvendam-se em Cristo, mediante a revelao do mistrio do Pai e do seuamor.

    Por esse motivo parece agora oportuno desenvolver este mistrio. Sugerem-no mltiplasexperincias da Igreja e do homem contemporneo; e exigem-no tambm as aspiraes detantos coraes humanos, os seus sofrimentos e esperanas, as suas angstias e expectativas.Se verdade que todos e cada um dos homens, em certo sentido, so o caminho da Igreja como afirmei na EncclicaRedemptor Hoministambm verdade que o Evangelho e toda aTradio nos indicam constantemente que devemos percorrer com todos e cada um dos

    homens este caminho, tal como Cristo o traou, ao revelar em si mesmo o Pai e o seu amor7

    .

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    Em Cristo Jesus, todos os caminhos que se dirigem ao homem, tais como eles foramconfiados, duma vez para sempre Igreja, conduzem sempre ao encontro do Pai e do seuamor. O Conclio do Vaticano II confirmou esta verdade adaptando-a s condies dos nossostempos.

    Quanto mais a misso realizada pela Igreja se centrar no homem quanto mais for, por assimdizer, antropocntrica tanto mais se deve confirmar e realizar de modo teocntrico, isto ,orientar-se em Jesus Cristo em direco do Pai.

    Enquanto as vrias correntes do pensamento humano, do passado e do presente, tm sido econtinuam a ser marcadas pela tendncia para separar a at mesmo para contrapor oteocentrismo e o antropocentrismo, a Igreja, seguindo a Cristo, procura ao contrrio uni-losconjuntamente na histria do homem, de maneira orgnica e profunda. Este um dos

    princpios fundamentais, e talvez o mais importante, do magistrio do ltimo Conclio. Na faseactual da histria da Igreja, se nos propomos como tarefa principal pr em prtica a doutrinado grande Conclio, devemos procurar ater-nos precisamente a este princpio, com f, esprito

    e corao abertos.

    Na minha j citada Encclica, procurei pr em realce que o aprofundamento e oenriquecimento multiforme da conscincia da Igreja, frutos do mesmo Conclio, devem abrirmais amplamente o nosso entendimento e o nosso corao ao prprio Cristo. Hoje quero exporque a abertura para Cristo que, como Redentor do mundo, revela plenamente o homem ao

    prprio homem, no pode realizar-se seno mediante uma relao, cada vez mais consciente ,ao Pai e ao seu amor.Encarnao da mi ser icrdi a

    2. Deus, que habita numa luz inacessvel8,fala tambm ao homem atravs da linguagem detodo o universo: Desde a criao do mundo as perfeies invisveis de Deus, tanto o seu

    poder eterno como a sua divindade, tornam-se reconhecveis quando as obras por Elerealizadas so consideradas pela mente humana9.

    O conhecimento indirecto e imperfeito, obra da inteligncia que procura Deus por meio dascriaturas, atravs do mundo visvel, no ainda viso do Pai. Ningum jamais viu a Deus,escreve S. Joo para dar maior relevo verdade segundo a qual o Filho unignito, que est noseio do Pai, que O deu a conhecer10.A revelao manifesta Deus no insondvel mistriodo seu ser -uno e trino- rodeado de luz inacessvel11.Mediante esta revelao de Cristo,conhecemos Deus, antes de mais nada na sua relao de amor para com o homem: na sua

    filantropia12

    . precisamente aqui que as suas perfeies invisveis se tornam de maneiraparticular reconhecveis, incomparavelmente mais reconhecveis do que atravs de todas asoutras obras por Ele realizadas. Tornam-se visveis em Cristo e por meio de Cristo, porintermdio das suas aces e palavras e, por fim, mediante a sua morte na cruz e a suaressurreio.

    Deste modo em Cristo e por Cristo, Deus com a sua misericdia torna-se tambmparticularmente visvel; isto , pe-se em evidncia o atributo da divindade, que j o AntigoTestamento, servindo-se de diversos conceitos e termos, tinha chamado misericrdia. Cristoconfere a toda a tradio do Antigo Testamento quanto misericrdia divina sentidodefinitivo. No somente fala dela e a explica com o uso de comparaes e parbolas, mas

    sobretudoEle prprio encarna-a e personifica-a. Ele prprio , em certo sentido, amisericrdia. Para quem a v n'Ele e n'Ele a encontra Deus torna-se particularmente

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    visvel como Pai rico em misericrdia13.

    A mentalidade contempornea, talvez mais do que a do homem do passado, parece opor-se aoDeus de misericrdia e, alm disso, tende a separar da vida e a tirar do corao humano a

    prpria ideia da misericrdia. A palavra e o conceito de misericrdia parecem causar mal-estar

    ao homem, o qual, graas ao enorme desenvolvimento da cincia e da tcnica, nunca antesverificado na histria, se tornou senhor da terra, a subjugou e a dominou14.Tal domnio sobrea terra, entendido por vezes unilateral e superficialmente, parece no deixar espao para amisericrdia.

    A este propsito, podemos reportar-nos com proveito imagem da condio do homem nomundo contemporneo, como est delineada no incio da Constituio Gaudium et Spes, ondelemos, entre outras, as afirmaes seguintes: Assim, o mundo actual apresenta-sesimultaneamente poderoso e dbil, capaz do melhor e do pior; abre-se na sua frente o caminhoda liberdade ou da escravido, do progresso ou da regresso, da fraternidade ou do dio. Almdisso, o homem toma conscincia de que depende dele a boa orientao das foras que

    suscitou, as quais tanto o podem esmagar como servir15.

    A situao do mundo contemporneo no s manifesta transformaes que fazem esperar umuturo melhor do homem sobre a terra, mas apresenta tambm mltiplas ameaas, que

    ultrapassam largamente as conhecidas at agora. Sem deixar de denunciar tais ameaas (porexemplo, com intervenes na ONU, na UNESCO, na FAO e noutras sedes), a Igreja devetambm examin-las luz da verdade recebida de Deus.

    A verdade revelada por Cristo a respeito de Deus Pai das misericrdias16,permite-nos v-l'O particularmente prximo do homem, sobretudo quando este sofre, quando ameaado no

    prprio corao da sua existncia e da sua dignidade. Por este motivo, na actual situao daIgreja e do mundo, muitos homens e muitos ambientes, guiados por vivo sentido de f, voltam-se quase espontaneamente, por assim dizer, para a misericrdia de Deus. So impelidos a faz-lo certamente pelo prprio Cristo, o qual, mediante o seu Esprito, continua operante no ntimodos coraes humanos. O mistrio de Deus Pai das misericrdias revelado por Cristo torna-se, no contexto das hodiernas ameaas contra o homem, como que um singular apelo dirigido Igreja.

    Na presente Encclica, pretendo acolher tal apelo; desejo inspirar-me na linguagem darevelao e da f, linguagem eterna e ao mesmo tempo incomparvel pela sua simplicidade e

    profundidade, para com ela exprimir, uma vez mais, diante de Deus e dos homens, as grandes

    preocupaes do nosso tempo.A revelao e a f ensinam-nos, efectivamente, no tanto a meditar de modo abstracto sobre omistrio de Deus, Pai das misericrdias, quanto a recorrer a esta mesma misericrdia emnome de Cristo e em unio com Ele. Cristo no disse, porventura, que o nosso Pai, Aquele quev o que secreto17,est continuamente espera, por assim dizer, de que ns, apelando

    para Ele em todas as necessidades, perscrutemos cada vez mais o seu mistrio: o mistrio doPai e do seu amor?18

    meu desejo, portanto, que estas consideraes sirvam para aproximar mais de todos talmistrio e se tornem, ao mesmo tempo, um vibrante apelo da Igreja misericrdia, de que o

    homem e o mundo contemporneo tanto precisam. E precisam dessa misericrdia, mesmo sem

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    muitas vezes o saberem.

    II. MENSAGEM MESSINICA

    Quando Cr isto comeou a fazer e a ensinar

    3. Diante dos seus conterrneos, em Nazar, Cristo expe as palavras do profeta Isaas: OEsprito do Senhor est sobre mim, porque Ele me ungiu e me enviou a anunciar a Boa-Novaaos pobres, a proclamar a libertao aos captivos e o dom da vista aos cegos, a pr emliberdade os oprimidos e a promulgar um ano de acolhimento por parte do Senhor19.Segundo S. Lucas, estas afirmaes soa sua primeira declarao messinica, qual seseguem os factos e as palavras conhecidos por intermdio do Evangelho. Mediante tais factose palavras, Cristo torna o Pai presente no meio dos homens.

    muito significativo que estes homens sejam sobretudo os pobres, carecidos dos meios de

    subsistncia, os que esto privados da liberdade, os cegos que no vem a beleza da criao, osque vivem com a amargura no corao, ou ento os que sofrem por causa da injustia social e,

    por fim, os pecadores. Em relao a estes ltimos, de modo especial, o Messias torna-se sinalparticularmente legvel de Deus que amor, torna-se sinal do Pai. Do mesmo modo que oshomens de ento, tambm os homens do nosso tempo podem ver o Pai, neste sinal visvel.

    igualmente significativo que, quando os mensageiros enviados por Joo Baptista vieram tercom Jesus e lhe perguntaram Tu s Aquele que est para vir, ou temos que esperaroutro?20Ele, referindo-se ao mesmo testemunho com que havia inaugurado o seu ensinoem Nazar, lhes tenha respondido: Ide contar a Joo o que vistes e ouvistes: os cegos vem,os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, aos

    pobres anunciada a Boa-Nova; e ainda significativo que tenha depois concludo: Bem-aventurado aquele que no se escandalizar a meu respeito21.

    Jesus revelou, sobretudo com o seu estilo de vida e com as suas aces, como est presente oamor no mundo em que vivemos, amor operante, amor que se dirige ao homem e abraa tudoquanto constitui a sua humanidade. Tal amor transparece especialmente no contacto com osofrimento, injustia e pobreza; no contacto com toda a condio humana histrica, que devrios modos manifesta as limitaes e a fragilidade, tanto fsicas como morais, do homem.Precisamente o modo e o mbito em que se manifesta o amor so chamados na linguagem

    bblica misericrdia.

    Cristo, portanto, revela Deus que Pai, que amor, como se exprimiria S. Joo no suaprimeira Epstola22.Revela Deus rico em misericrdia, como lemos em S. Paulo23.Estaverdade, mais do que tema de ensino, realidade que Cristo nos tornou presente. Tornar

    resente o Pai como amor e misericrdia, constitui na conscincia do prprio Cristo, pontofundamental do exerccio da sua misso messinica. Confirmam-no as palavras por Ele

    pronunciadas, primeiro na sinagoga de Nazar e, depois, diante dos seus discpulos e dosenviados de Joo Baptista.

    Baseando-se neste modo de manifestar a presena de Deus, que Pai, amor e misericrdia,Jesus faz da mesma misericrdia um dos principais temas da sua pregao. Como de costume,

    tambm neste ponto ensina antes de mais em parbolas, porque exprimem melhor a prpriaessncia das coisas. Basta recordar a parbola do filho prdigo24,ou a parbola do bom

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    samaritano25,ou ainda, por contraste, a do servo sem compaixo26.Numerosas so ainda aspassagens do ensinamento de Cristo que manifestam o amor e misericrdia sob um aspectosempre novo. Basta ter diante dos olhos o bom pastor que vai busca da ovelhatresmalhada27,ou a mulher que varre a casa procura da dracma perdida28.O Evangelistaque trata de modo particular estes temas do ensino de Cristo S. Lucas, cujo Evangelho

    mereceu ser chamado o Evangelho da misericrdia.

    Quando se trata da pregao, levanta-se um problema de capital importncia, no que dizrespeito ao significado dos termos e ao contedo do conceito de misericrdia (em relaocomo conceito de amor).A recta compreenso desse contedo a chave para se entender a

    prpria realidade da misericrdia. E isto o que para ns mais importa.

    Antes de dedicar uma parte das nossas consideraes a este assunto, ou seja, antes deestabelecer o significado das palavras e o contedo prprio do conceito de misericrdia,devemos notar que Cristo, ao revelar o amor-misericrdia de Deus, exigiaao mesmotempo dos homensque se deixassem guiar na prpria vida pelo amor e pela misericrdia. Esta

    exigncia faz parte da prpria essncia da mensagem messinica e constitui a medula doethos evanglico. O Mestre exprime isto mesmo, quer por meio do mandamento por Eledefinido como o primeiro e o maior29,quer sob a forma de bno, ao proclamar no Sermoda Montanha: Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcanaro misericrdia30.

    Deste modo, a mensagem messinica sobre a misericrdia conserva sempre particulardimenso divino-humana. Cristo, enquanto o cumprimento das profecias messinicas, aotornar-se encarnao do amor que se manifesta com particular intensidade em relao aos quesofrem, aos infelizes e aos pecadores, torna presente e, desse modo, revela mais plenamente oPai, que Deus rico em misericrdia. Ao mesmo tempo, tornando-se para os homensmodelo do amor misericordioso para com os outros, Cristo proclama com obras, mais ainda doque com palavras, o apelo misericrdia, que uma das componentes essenciais do ethosdo Evangelho. No importa cumprir somente um mandamento ou postulado de natureza tica,mas tambm de satisfazer a uma condio de capital importncia, a fim de Deus se poderrevelar na sua misericrdia para com o homem: Os misericordiosos... alcanaromisericrdia.

    III. A MISERICRDIA NO ANTIGO TESTAMENTO

    O conceito de miser icrdia no Ant igo Testamento

    4. O conceito de misericrdia no Antigo Testamento tem longa e rica histria. Devemosremontar a essa histria, para fazer resplandecer mais plenamente a misericrdia que Cristorevelou. Revelando-a, quer pelas suas obras quer pelo seu ensino, Cristo dirigia-se a homensque no s conheciam o conceito de misericrdia, mas tambm, comopovo de Deus da Antiga

    liana, tinham colhido da prpria histria plurissecular uma peculiar experincia damisericrdia de Deus. Esta ntima experincia foi tanto social e comunitria, como particular eindividual.

    Israel foi o povo da aliana com Deus, aliana que muitas vezes violou. Quando tomavaconscincia da prpria infidelidade apelava para a misericrdia . E ao longo da histria de

    Israel no faltaram Profetas e outros homens que despertavam tal conscincia. A estepropsito, os Livros do Antigo Testamento apresentam-nos numerosos testemunhos. Entre os

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    factos e os textos mais salientes, podemos recordar: o incio da histria dos Juzes31,a oraode Salomo ao ser inaugurado o Templo32,uma parte das intervenes profticas deMiqueias33,as consoladoras garantias oferecidas por Isaas34,a splica dos hebreusexilados35e a renovao da Aliana depois do regresso do exlio36.

    significativo o facto de os Profetas na sua pregao apresentarem a misericrdia, a qualmuitas vezes se referem por causa dos pecados do povo, em ligao com a incisiva imagem doamor da parte de Deus. O Senhor ama Israel com amor de singular eleio, semelhante aoamor de um esposo37;e por isso perdoa as suas culpas e at as infidelidades e traies. Aoencontrar-se perante a penitncia, a converso autntica do povo, restabelece-o novamente nagraa38.Na pregao dos Profetas, a misericrdiasignifica a especial fora do amor,queprevalece sobre o pecado e sobre a infidelidadedo povo eleito.

    Neste amplo contexto social, a misericrdia aparece como o elemento correlativo daexperincia interior de cada uma das pessoas que se encontram em estado de culpa, ou quesuportam sofrimentos e desgraas de toda a espcie. Tanto o mal fsico como o mal moral, ou

    ecado, fazem com que os filhos e as filhas de Israel se voltem para o Senhor, apelando para asua misericrdia. Deste modo a Ele se dirige David, consciente da gravidade da sua culpa39;igualmente a Ele se dirige Job, depois das suas rebelies, ao encontrar-se na sua tremendadesventura40;assim se dirige ao Senhor tambm Ester, consciente da ameaa mortal,iminente, contra o seu povo41.E, alm destes, deparamos ainda com outros exemplos nosLivros do Antigo Testamento42.

    Na origem desta multiforme convico comunitria e pessoal, como comprovado por todo oAntigo Testamento no decurso dos sculos, h que colocar a experincia fundamental do povoeleito, vivido nos dias do xodo: o Senhor observou a aflio do seu povo, reduzido escravido, ouviu os seus clamores, deu-se conta dos seus sofrimentos e decidiu libert-lo43.

    Neste acto de salvao realizado pelo Senhor, o Profeta quis ver o seu amor e a suacompaixo44.A segurana de todo o povo e de cada um dos seus membros radica namisericrdia divina que pode ser invocada em todas as circunstncias dramticas.

    A isto vem juntar-se o facto de que a misria do homem tambm o seu pecado. O povo daAntiga Aliana conheceu esta misria desde os tempos do xodo, quando ergueu o bezerro deouro. Mas o prprio Senhor triunfou sobre este gesto de ruptura da Aliana, quando se definiusolenemente a Moiss como Deus compassivo e misericordioso, lento para a ira e cheio de

    bondade e de fidelidade45. nesta revelao central que o povo eleito e cada um dos seuscomponentes iro encontrar, depois de terem prevaricado, a fora e a razo para de novo se

    voltarem para o Senhor, para Lhe recordarem exactamente aquilo que Ele tinha reveladoacerca de si prprio46,e para Lhe implorarem perdo.

    O Senhor revelou a sua misericrdia tanto nas obras como nas palavras, desde os primrdiosdo povo que escolheu para si. No decurso da sua histria, este povo, quer em momentos dedesgraa, quer ao tomar conscincia do prprio pecado, entregou-se continuamente comconfiana ao Deus das misericrdias. Na misericrdia do Senhor para com os seusmanifestam-se todos os matizes do amor: Ele para eles Pai47,dado que Israel seu filho

    primognito48;Ele tambm o esposo daquela a quem o Profeta anuncia um nome novo:bem-amada (ruhama), porque usar de misericrdia para com ela49.

    Mesmo quando o Senhor, exasperado pela infidelidade do seu povo, decide acabar com ele,so ainda a compaixo e o amor generoso para com os seus que O levam a suster a sua

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    indignao50.E ento, torna-se fcil compreender a razo pela qual os Salmistas, ao quereremcantar ao Senhor os mais sublimes louvores, entoaro hinos ao Deus do amor, da compaixo,da misericrdia e da fidelidade51.

    De tudo isto se deduz que a misericrdia faz parte no somente da noo de Deus, mas

    caracteriza tambm a vida de todo o povo de Israel e de cada um dos seus filhos e filhas: a essncia da intimidade com o seu Senhor, a essncia do seu dilogo com Ele. Precisamentesob este aspecto, a misericrdia apresentada em cada um dos Livros do Antigo Testamentocom grande riqueza de expresses. Seria difcil, talvez, procurar nestes livros respostameramente terica pergunta: o que a misericrdia em si mesma. Contudo, a

    prpria terminologiaque neles usada pode dizer-nos muitssimo a tal respeito52.

    O Antigo Testamento proclama a misericrdia do Senhor mediante numerosos termos comsignificados afins. Estes termos so diferenciados no seu contedo particular, mas tendem aconvergir, se assim se pode dizer, de vrios pontos de vista para um nico contedo

    undamental, a fim de exprimir a riqueza transcendental da misericrdia e, ao mesmo tempo,

    para aproxim-la do homem sob aspectos diversos. O Antigo Testamento encoraja os homensdesventurados, sobretudo os que esto oprimidos pelo pecadocomo tambm todo o povode Israel, que tinha aderido Aliana com Deus a fazerem apelo misericrdia e permite-lhes contar com ela. Recorda-a nos tempos de queda e de desalento. Em seguida, d graas e

    lriaa Deus pela misericrdia, todas as vezes que ela se tenha manifestado e realizado, tantona vida do povo como na das pessoas individualmente.

    Deste modo, a misericrdia contraposta , em certo sentido, justia divina; e revela-se, emmuitos casos, no s mais poderosa, mas tambm mais profunda que ela. J no AntigoTestamento se ensina que, embora a justia no homem,seja autntica virtude e em Deussignifique perfeio transcendente contudo o amor maior do que a justia. E maior nosentido de que, relativamente a ela, primrio e fundamental. O amor condiciona, por assimdizer, a justia; e, em ltima anlise, a justia serve a caridade. O primado e a superioridade doamor em relao justia ponto caracterstico de toda a Revelaomanifestam-se

    recisamente atravs da misericrdia. Isto pareceu to claro aos Salmistas e aos Profetas queo prprio termojustiaacabou por significar a salvao realizada pelo Senhor por meio da suamisericrdia53.A misericrdia difere da justia, mas no se lhe ope, se admitirmos nahistria do homem como faz o Antigo Testamento precisamente a presena de Deus, oqual j como Criador se ligou com particular amor s suas criaturas.

    O amor, por natureza, exclui o dio e o desejo do mal em relao quele a quem alguma vez se

    deu a si mesmo como dom:Nihil odisti eorum quae fecisti, no aborreceis nada do quefizestes54.Tais palavras indicam o fundamento profundo da conexo entre a justia e amisericrdia em Deus, nas suas relaes com o homem e com o mundo. Dizem-nos tambmque devemos procurar as razes vivificantes e as razes ntimas desse nexo, remontando aoprincpio, no prprio mistrio da criao.No contexto da Antiga Aliana, essas palavras

    preanunciam a plena revelao de Deus, que amor55.

    O mistrio da criao est em conexo com o mistrio da eleio, que de modo especialplasmou a histria do povo cujo pai espiritual Abrao, como mrito da sua f. Por meio destepovo que caminha atravs da histria, tanto da Antiga como da Nova Aliana, aquele mistriode eleio refere-se a todos e a cada um dos homens e a toda a grande famlia humana. Amo-

    te com amor eterno, por isso ainda te conservo os meus favores56

    .Ainda que os montessejam abalados ... o meu amor jamais se apartar de ti, e a minha aliana de paz no ser

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    alterada57.Esta verdade, anunciada outrora a Israel, encerra em si a perspectiva de toda ahistria do homem, perspectiva que simultaneamente temporal e escatolgica58.Cristorevela o Pai na mesma perspectiva, na perspectiva e no estado dos espritos j preparados,como o demonstram numerosas pginas do Antigo Testamento. Como remate desta revelao,na vspera da sua morte, diz ao Apstolo Filipe aquelas memorveis palavras: H tanto

    tempo que estou convosco e no me conheces?... Quem me v, v o Pai59

    .

    IV. A PARBOLA DO FILHO PRDIGO

    Analogia

    5. No limiar do Novo Testamento repercute-se no Evangelho de S. Lucas singularcorrespondncia entre duas vozes que proclamam a misericrdia divina, nas quais ecoaintensamente toda a tradio do Antigo Testamento. Nelas encontram expresso os contedossemnticos, ligados terminologia diferenciada dos Livros Antigos. A primeira destas vozes

    a de Maria que, entrando em casa de Zacarias, engrandeceo Senhor louvando-O com toda aalma pela sua misericrdia, da qual se tornam participantes, de gerao em gerao, oshomens que vivem no temor de Deus. Pouco depois, comemorando a eleio de Israel,

    proclama a misericrdia, da qual se recorda desde sempre Aquele que a escolheu60.

    A outra voz a de Zacarias que, na mesma casa, por ocasio do nascimento de Joo Baptista,seu filho, bendizendo o Deus de Israel, glorifica a misericrdia que Ele quis usar... para comos nossos pais e lembrar-se da sua santa aliana61.

    o ensino do prprio Cristoesta imagem, herdada do Antigo Testamento, torna-se maissimples e, ao mesmo tempo, mais profunda. o que se manifesta com especial evidncia naparbola do filho prdigo62,na qual a essncia da misericrdia divina embora no textooriginal no seja usada a palavra misericrdiaaparece de modo particularmente lmpido.Contribui para isso, no tanto a terminologia, como nos Livros do Antigo Testamento, mas aanalogia, que permite compreender com maior profundidade o prprio mistrio demisericrdia, como drama profundo que se desenrola entre o amor do pai e a prodigalidade e o

    pecado do filho.

    Este filho, que recebe do pai a parte da herana que lhe toca e deixa a casa paterna paraesbanjar essa herana numa terra longnqua vivendo dissolutamente, em certo sentido ohomem de todos os tempos, a comear por aquele que foi o primeiro a perder a herana da

    graa e da justia original. Neste ponto a analogia muito vasta. Indirectamente a parbolaestende-se a todas as rupturas da aliana de amor: a toda a perda da graa, e todo o pecado.

    Ao contrrio do que acontecia na tradio proftica, esta analogia, embora se possa estendertambm a todo o povo de Israel, no o visa em primeiro lugar.

    Aquele filho, depois de ter esbanjado tudo..., comeou a passar privaes, tanto mais quesobreveio grande carestia naquela terra para onde ele tinha ido depois de abandonar a casa

    paterna. Em tal situao, bem desejava matar a fome com qualquer coisa, at mesmo comas alfarrobas que os porcos comiam, animais que ele guardava, ao servio de um doshabitantes daquela terra. Mas at isso lhe era recusado. A analogia desloca-se claramente

    para o interior do homem. A herana que o jovem tinha recebido do pai era constituda porcerta quantidade de bens materiais. Mas, mais importante do que esses bens era a sua

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    dignidade de filho na casa paterna. A situao em que veio a encontrar-se quando se viu semos bens materiais que dissipara, natural que o tivesse tambm feito cair na conta da perdadessa dignidade. Quando pediu ao pai que lhe desse a parte de herana que lhe tocava, para seausentar para longe, no reflectiu por certo nisso. Parece que nem mesmo agora est bemconsciente dessa realidade, quando diz para si prprio: Quantos jornaleiros na casa de meu

    pai tm po em abundncia, e eu aqui morro de fome!. Avalia-se a si mesmo pela medida dosbens que tinha perdido e que j no possui, enquanto os criados na casa de seu paicontinuam a possu-los. Estas palavras exprimem principalmente a sua atitude perante os

    bens materiais. No entanto, por detrs delas esconde-se tambm o drama da dignidade perdida,a conscincia da condio de filho malbaratada.

    ento que toma a deciso: Levantar-me-ei, irei ter com o meu pai e dir-lhe-ei:Pai,equeicontra o cu e contra ti; j no sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como a um

    dos teus jornaleiros63.Tais palavras permitem descobrir mais profundamente o problemaessencial. Atravs da complexa situao material de penria a que o filho prdigo chegou, porcausa da sua leviandade, por causa do pecado, amadureceu nele o sentido da dignidade

    perdida. Quando tomou a deciso de voltar para a casa paterna e de pedir ao pai para serrecebido, no j gozando dos direitos de filho, mas na condio de assalariado, o jovem parece primeira vista agir por motivo da fome e da misria em que caiu. Subjacente a esse motivo,

    porm, est a conscincia de perda mais profunda:ser um assalariado na casa do prprio paicom certeza grande humilhao e vergonha. Apesar disso, o filho prdigo est disposto aarrostar com tal humilhao e vergonha. Caiu na conta de que j no tem mais direito algum,seno o de ser um empregado na casa do pai. Esta reflexo, brota em primeiro lugar da plenaconscincia da perda que mereceu e do que, doutro modo, poderia vir a possuir. Esteraciocnio, precisamente, demonstra que, no mago da conscincia do filho prdigo, semanifesta o sentido da dignidade perdida, daquela dignidade que brota da relao do filho como pai. Com essa deciso empreendeu o caminho de regresso.

    Na parbola do filho prdigo no usado, nem uma vez sequer, o termo justia, assim comotambm no usado no texto original, o termo misericrdia. Contudo, a relao da justiacom o amor que se manifesta como misericrdia aparece profundamente vincada no contedodesta parbola evanglica. Torna-se claro que o amor se transforma em misericrdia quando

    preciso ir alm da norma exacta da justia: norma precisa mas, por vezes, demasiado rigorosa.

    O filho prdigo, depois de ter gasto os bens recebidos do pai, ao regressar merece apenasganhar para viver, trabalhando na casa paterna como empregado e, eventualmente, iramealhando, pouco a pouco, certa quantidade de bens materiais, mas sem dvida nunca em

    quantidade igual aos que tinha esbanjado. Tal seria a exigncia da ordem da justia, at porqueaquele filho, com o seu comportamento, no tinha somente dissipado a parte de herana quelhe competia, mas tinha tambm magoado profundamente e ofendido o pai. Na verdade o seucomportamento, que a seu juzo o tinha privado da dignidade de filho no podia deixarindiferente o pai; devia faz-lo sofrer e fazer com que se sentisse, de algum modo, envolvidonesse procedimento. Tratava-se com efeito do seu prprio filho, e esta relao no podia seralienada nem destruda, fosse qual fosse o seu comportamento. O filho prdigo temconscincia disso, e precisamente essa conscincia que lhe mostra claramente a dignidade

    perdida e o leva a avaliar correctamente o lugar que ainda lhe poderia tocar na casa do pai.Considerao pela dignidade humana

    6. A imagem que acabei de descrever do estado de esprito do filho prdigo permite-noscompreender com exactido em que consiste a misericrdia divina. No h dvida de que

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    naquela simples mas penetrante comparao, a figura do pai revela-nos Deus como Pai.

    A atitude do pai da parbola, todo o seu modo de agir manifestao da disposio interior,permite-nos encontrar cada um dos fios que entretecem a viso da misericrdia no AntigoTestamento, mas numa sntese totalmente nova, cheia de simplicidade e profundidade. O pai

    do filho prdigo fiel sua paternidade, fiel ao amor que desde sempre tinha dedicado ao seufilho. Tal fidelidade manifesta-se na parbola no apenas na prontido em receb-lo em casa,quando ele voltou depois de ter esbanjado a herana, mas sobretudo na alegria e no clima defesta to generoso para com o esbanjador que regressa. Esta atitude provoca at a inveja doirmo mais velho, que nunca se tinha afastado do pai, nem abandonado a casa paterna.

    A fidelidade a si prprio por parte do pai trao caracterstico j conhecido pelo termo doAntigo Testamento hesedexprime-se de modo particularmente denso de afecto. Lemos,com efeito, que, ao ver o filho prdigo regressar a casa, o pai, movido de compaixo, correuao seu encontro, abraou-o efusivamente e beijou-o64.Procede deste modo levadocertamente por profundo afecto; e assim se explica tambm a sua generosidade para com o

    filho, generosidade que causar tanta indignao no irmo mais velho.

    Todavia, as causas da sua comoo h-de ser procuradas em algo mais profundo. O pai sabeque o que se salvou foi um bem fundamental: o bem da vida de seu filho. Embora tenhaesbanjado a herana, a verdade que a sua vida est salva. Mais ainda, esta, de algum modo,foireencontrada. o sentido das palavras dirigidas pelo prprio pai ao filho mais velho: Era

    preciso que fizssemos festa e nos alegrssemos, porque este teu irmo estava morto e voltou vida, estava perdido e foi encontrado65.No mesmo captulo XV do Evangelho de S. Lucaslemos as parbolas da ovelha desgarrada e reencontrada66e a seguir a da dracma perdida e denovo achada67.Em cada uma destas parbolas posta em evidncia a mesma alegria , quetransparece no caso do filho prdigo . A fidelidade do pai a si prprio est inteiramentecentralizada na vida do filho perdido, na sua dignidade. Assim, sobretudo, se explica a imensaalegria que manifesta quando o filho volta para casa.

    Pode-se dizer, portanto, que o amor para com o filho, o amor que brota da prpria essncia dapaternidade, como que obriga o pai, se assim nos podemos exprimir, a desvelar-se peladignidade do filho. Esta solicitude constitui a medida do seu amor; amor, do qual escrever S.Paulo: A caridade paciente, benigna..., no busca o prprio interesse, no se irrita, noguarda ressentimento pelo mal sofrido... rejubila com a verdade ..., tudo espera, tudo suportae no acaba nunca68.

    A misericrdia apresentada por Cristo na parbola do filho prdigo tem a caractersticainterior do amor, que no Novo Testamento chamado agape. Este amor capaz dedebruar-se sobre todos os filhos prdigos, sobre qualquer misria humana e, especialmente,sobre toda misria moral, sobre o pecado. Quando isto acontece, aquele que objecto damisericrdia no se sente humilhado, mas como que reencontrado e revalorizado. O paimanifesta-lhe alegria, antes de mais por ele ter sido reencontrado e ,por ter voltado vida.Esta alegria indica um bem que no foi destrudo: o filho, embora prdigo, no deixa de serrealmente filho de seu pai. Indica ainda um bem reencontrado: no caso do filho prdigo, oregresso verdade sobre si prprio.

    O que, na parbola de Cristo, se verificou na relao do pai para com o filho, no se pode

    avaliar de fora. As nossas opinies acerca da misericrdia so de maneira geral o resultadode um juzo meramente externo. Acontece at por vezes que seguindo tal critrio,percebemos

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    na misericrdiasobretudo uma relao de desigualdadeentre aquele que a exercita e aqueleque a recebe. Por consequncia, somos levados a deduzir que a misericrdia degrada aqueleque a recebe e ofende a dignidade do homem.

    A parbola do filho prdigo persuade-nos que a realidade diferente: a relao de misericrdia

    baseia-se na experincia daquele bem que o homem, na experincia comum da dignidadeque lhe prpria. Esta experincia comum faz com que o filho prdigo comece a ver-se a siprprio e s suas aces com toda a verdade (e esta viso da verdade autntica humildade).Por outro lado para o pai, precisamente por isso, torna-se o seu nico bem. Graas a umamisteriosa comunicao da verdade e do amor, o pai v com tal clareza o bem operado, que

    parece esquecer todo o mal que o filho tinha cometido.

    A parbola do filho prdigo exprime, de maneira simples mas profunda, a realidade daconverso, que a mais concreta expresso da obra do amor e da presena da misericrdia nomundo humano. O verdadeiro significado da misericrdia no consiste apenas no olhar, pormais penetrante e mais cheio de compaixo que seja, com que se encara o mal moral, fsico ou

    material. A misericrdia manifesta-se com a sua fisionomia caracterstica quando reavalia,romove e sabe tirar o bem de todas as formas de malexistentes no mundo e no homem.

    Entendida desta maneira, constitui o contedo fundamental da mensagem messinica de Cristoe a fora constitutiva da sua misso. Desta mesma maneira entendiam e praticavam amisericrdia os discpulos e seguidores de Cristo. A misericrdia nunca cessou de semanifestar nos seus coraes e nas suas obras, como prova particularmente criadora do amor,que no se deixa vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem69. preciso que o rostogenuno da misericrdia seja sempre descoberto de maneira nova. No obstante vrios

    preconceitos, a misericrdia apresenta-se como particularmente necessria nos nossos tempos.

    V. O MISTRIO PASCAL

    A miseri crdia revelada na Cr uz e na Ressurreio

    7. A mensagem messinica de Cristo e a sua actividade entre os homens terminam com a Cruze a Ressurreio. Se quisermos exprimir totalmente a verdade acerca da misericrdia, com a

    plenitude com que foi revelada na histria da nossa salvao, devemos penetrar de maneiraprofunda nesse acontecimento final que, particularmente na linguagem conciliar, definidocomo mysterium paschale(mistrio pascal). Chegados a este ponto das nossas consideraes,impe-se aproximarmo -nos ainda mais do contedo da EncclicaRedemptor Hominis. Se a

    realidade da Redeno, na sua dimenso humana, revela a grandeza inaudita do homemque talem ac tantum meruit habere Redemptorem(mereceu tal e to grande Redemptor)70,adimenso divina da Redenopermite-nos descobrir de modo, iria a dizer, mais emprico ehistrico, a profundidade do amor que no retrocede diante do extraordinrio sacrifcio doFilho, para satisfazer fidelidade de Criador e Pai para com os homens, criados sua imageme escolhidos neste mesmo Filho desde o princpio, para a graa e a glria.

    Os acontecimentos de Sexta-Feira Santa e, ainda antes, a orao no Getsmani introduzemmudana fundamental em todo o processo de revelao do amor e da misericrdia, na missomessinica de Cristo. Aquele que passou fazendo o bem e curando a todos71e sarandotoda a espcie de doenas e enfermidades72,mostra-se agora Ele prprio, digno da maior

    misericrdia e pareceapelar para a misericrdia, quando preso, ultrajado, condenado,flagelado, coroado de espinhos, pregado na cruz e expira no meio de tormentos atrozes73.

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    ento que Ele se apresenta particularmente merecedor da misericrdia dos homens a quem fezo bem; mas no a recebe. At aqueles que mais de perto contactam com ele no tm a coragemde o proteger e arrancar da mo dos seus opressores. Na fase final do desempenho da funomessinica cumprem-se em Cristo as palavras dos Profetas e sobretudo as de Isaas, proferidasa respeito do Servo de Jav: Fomos curados pelas suas chagas74.

    Cristo, enquanto homem, que sofre realmente e de um modo terrvel no Jardim das Oliveiras eno Calvrio, dirige-se ao Pai, quele Pai cujo amor Ele pregou aos homens e de cujamisericrdia deu testemunho com todo o seu agir. Mas no lhe poupado, nem sequer a Ele, otremendo sofrimento da morte na cruz: Aquele que no conhecera o pecado, Deus tratou-o

    por ns como pecado75,escrevia So Paulo, resumindo em poucas palavras toda aprofundidade do mistrio da Cruz e a dimenso divina da realidade da Redeno.

    precisamente a Redeno a ltima e definitiva revelao da santidade de Deus, que aplenitude absoluta da perfeio: plenitude da justia e do amor, pois a justia funda-se noamor, dele provm e para ele tende. Na paixo e morte de Cristo no facto de o Pai no ter

    poupado o seu prprio Filho, mas o ter tratado como pecado por ns76manifesta-se austia absoluta, porque Cristo sofre a paixo e a cruz por causa dos pecados da hurnanidade.

    D-se na verade a superabundncia da justia, porque os pecados do homem socompensados pelo sacrifcio do Homem-Deus. Esta justia, que verdadeiramente justia medida de Deus, nasce toda do amor, do amor do Pai e do Filho, e frutifica inteiramenteno amor. Precisamente por isso, a justia divina revelada na cruz de Cristo medida deDeus, porque nasce do amor e se realiza no amor, produzindo frutos de salvao. A dimensodivina da Redenono se verifica somente em ter feito justia do pecado, mas tambm nofacto de ter restitudo ao amor a fora criativa, graas qual o homem tem novamente acesso

    plenitude de vida e de santidade, que provm de Deus. Deste modo, Redeno traz em si arevelao da misericrdia na sua plenitude.

    O mistrio pascal o ponto culminante da revelao e actuao da misericrdia, capaz deustificar o homem, e de restabelecer a justia como realizao do desgnio salvfico que Deus,

    desde o princpio, tinha querido realizar no homem e, por meio do homem, no mundo, Cristo,ao sofrer, interpela todo e cada homem e no apenas o homem crente. At o homem que nocr poder descobrir nele a eloquncia da solidariedade com o destino humano, bem como aharmoniosa plenitude da dedicao desinteressada causa do homem, verdade e ao amor.

    A dimenso divina do mistrio pascal situa-se, todavia, numa profundidade ainda maior. Acruz erguida sobre o Calvrio, na quaI Cristo mantm o seu ltimo dilogo com o Pai, brota

    do mago mais ntimo do amor, com que o homem, criado imagem e semelhana de Deus,foi gratuitamente beneficiado, de acordo com o eterno desgnio divino. Deus, tal como CristoO revelou, no permanece apenas em estreita relao com o mundo, como Criador e fonteltima da existncia; tambm Pai: est unido ao homem por Ele chamado existncia nomundo visvel, mediante um vnculo mais profundo ainda do que o da criao. o amor queno s cria o bem, mas que faz com que nos tornemos participantes da prpria vida de Deus,Pai, Filho e Esprito Santo. Quem ama deseja dar-se a si prprio.

    A cruz de Cristo sobre o Calvrio surge no caminhodaquele admirabile commercium,daquelacomunicao admirvel de Deus ao homem, que encerra o chamamento dirigido aohomem para que, dando-se a si mesmo a Deus e oferecendo consigo todo o mundo visvel,

    participe da vida divina, e, como filho adoptivo, se torne participante da verdade e do amorque esto em Deus e vm de Deus. No caminho da eterna eleio do homem para a dignidade

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  • 7/25/2019 CARTA ENCCLICA Dives in Misericordia

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    de filho adoptivo de Deus, ergue-se na histria a cruz de Cristo, Filho unignito, que, comoLuz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro77veio para dar o ltimo testemunho daadmirvel aliana de Deus com a humanidade, de Deus com o homem:com todos e com cadaum dos homens. Esta aliana to antiga como o homem pois remonta ao prprio mistrio dacriao, e foi renovada depois muitas vezes com o nico Povo eleito igualmente nova e

    definitiva aliana; ficou estabelecida ali, no Calvrio, e no limitada a um nico povo, o deIsrael, mas aberta a todos e a cada um.

    Que nos ensina a cruz de Cristo que , em certo sentido, a ltima palavra da sua mensagem eda sua misso messinica? Em certo sentido note-se bemporque no ela ainda a ltima

    palavra da Aliana de Deus. A ltima palavra seria pronunciada na madrugada, quando,primeiro as mulheres e depois os Apstolos, ao chegarem ao sepulcro de Cristo crucificado ovo encontrar vazio, e ouvem pela primeira vez este anncio: Ressuscitou. Depois, repetiroaos outros tal anncio e sero testemunhas de Cristo Ressuscitado.

    Mas mesmo na glorificao do Filho de Deus, continua a estar presente a Cruz que, atravs de

    todo o testemunho messinico do Homem-Filho que nela morreu,fala e no cessa de falar deDeus-Pai, que absolutamente fiel ao seu eterno amor para com o homem, pois que amoutanto o mundoe portanto, o homem no mundo que lhe deu o seu Filho unignito paraque todo aquele que n'Ele crer no perea, mas tenha a vida eterna78.Crer no Filhocrucificado significa ver o Pai79significa crer que o amor est presente no mundo e que oamor mais forte do que toda a espcie de mal em que o homem, a humanidade e o mundoesto envolvidos. Crer neste amor significaacreditar na misericrdia.Esta , de facto, adimenso indispensvel do amor, como que o seu segundo nome e, ao mesmo tempo, omodo especfico da sua revelao e actuao perante a realidade do mal que existe no mundo,que assedia e atinge o homem, que se insinua mesmo no seu corao e o pode fazer perecer,na Geena80.

    Amor mais forte do que a morte, mais for te do que o pecado

    8. A cruz de Cristo sobre o Calvrio tambm testemunha da fora do mal em relao aoprprio Filho de Deus: em relao quele que, nico dentre todos os filhos dos homens, erapor sua natureza absolutamente inocente e livre do pecado, e cuja vinda ao mundo foi isenta dadesobedincia de Ado e da herana do pecado original. E eis que precisamente n'Ele, emCristo, feita justia do pecado custa do seu sacrifcio, da sua obedincia at morte81,Aquele que era sem pecado, Deus o tratou por ns como pecado82. feita justia tambm

    da morte que, desde o incio da histria do homem, se tinha aliado ao pecado. E este fazer-seustia da morte realiza-se custa da morte d'Aquele que era sem pecado e o nico que podia,mediante a prpria morte, infligir a morte morte83.Deste modo, a Cruz de Cristo, na qual oFilho consubstancial ao Pai prestaplena justia a Deus, tambm revelao radical damisericrdia, ou seja, do amor que se ope quilo que constitui a prpria raiz do mal nahistria do homem: se ope ao pecado e morte.

    A Cruz o modo mais profundo de a divindade se debruar sobre a humanidade e sobre tudoaquilo que o homem-especialmente nos momentos difceis e dolorosos-considera seu infelizdestino. A cruz como que um toque do amor eterno nas feridas mais dolorosas da existnciaterrena do homem, o cumprir-se cabalmente do programa messinico, que Cristo um dia

    tinha formulado na sinagoga de Nazar84

    e que repetiu depois diante dos enviados de Joo

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    Baptista85.

    Segundo as palavras exaradas havia muito tempo na profecia de Isaas86,tal programaconsistia na revelao do amor misericordioso para com os pobres, os que sofrem, os

    prisioneiros os cegos, os oprimidos e os pecadores. No mistrio pascal so superadas as

    barreiras do mal multiforme de que o homem se torna participante durante a existncia terrena.Com efeito a cruz de Cristo faz-nos compreender as mais profundas razes do mal quemergulham no pecado e na morte, e tambm ela se torna sinal escatolgico. Ser somente narealizao escatolgica e na definitiva renovao do mundo que o amor vencer, em todos oseleitos, os germes mais profundos do mal, produzindo como fruto plenamente maduro o Reinoda vida, da santidade e da imortalidade gloriosa. O fundamento desta realizao escatolgicaest j contido na cruz de Cristo e na sua morte. O facto de Cristo ter ressuscitado ao terceirodia87constitui o sinal que indica o remate da misso messinica, sinal que coroa toda arevelao do amor misericordioso no mundo, submetido ao mal. Tal facto constitui ao mesmotempo o sinal que preanuncia um novo cu e uma nova terra88,quando Deus enxugartodas as lgrimas dos seus olhos; e no haver mais morte, nem pranto, nem gemidos,nem dor,

    porque as coisas antigas tero passado89.

    Na realizao escatolgica, a misericrdia revelar-se- como amor, enquanto que no tempopresente, na histria humana, que conjuntamente histria de pecado e de morte, o amor deverevelar-se sobretudo como misericrdia e ser realizado tambm como tal. O programamessinico de Cristo programa to impregnado de misericrdia torna-se o programa doseu Povo da Igreja. Ao centro deste programa est sempre a Cruz, porque nela a revelao doamor misericordioso atinge o ponto culminante. Enquanto no passarem as coisas antigas90,a Cruz permanecer como o lugar, a que se poderiam aplicar estas palavras do Apocalipsede So Joo: Eis que estou porta e bato. Se algum ouvir a minha voz e me abrir, entrareiem sua casa e cearemos juntos, eu com ele e ele comigo91.Deus revela tambm de modo

    particular a sua misericrdia, quandosolicita o homem, por assim dizer, a exercitar amisericrdia para com o seu prpio Filho, para com o Crucificado.

    Cristo, precisamente como Crucificado, o Verbo que no passa92, o que est porta e bateao corao de cada homem93,sem coarctar a sua liberdade, mas procurando fazer irromperdessa mesma liberdade o amor; amor que no apenas acto de solidariedade para com