ciencias humanas nova eja aluno mod03 vol01 sociologia

60
5/25/2018 CienciasHumanasNovaEjaAlunoMod03Vol01Sociologia-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/ciencias-humanas-nova-eja-aluno-mod03-vol01-sociologia Volume 1  Geografia História Filosofia Sociologia Módulo 3 CIÊNCIAS HUMANAS e suas TECNOLOGIAS

Upload: alealvesp1

Post on 15-Oct-2015

250 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

  • Volume 1 Geografia Histria Filosofia Sociologia

    Mdulo 3

    CINCIAS HUMANASe suas TECNOLOGIAS

  • GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    GovernadorSergio Cabral

    Vice-GovernadorLuiz Fernando de Souza Pezo

    SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAO

    Secretrio de EducaoWilson Risolia

    Chefe de GabineteSrgio Mendes

    Secretrio ExecutivoAmaury Perlingeiro

    Subsecretaria de Gesto do EnsinoAntnio Jos Vieira de Paiva Neto

    Superintendncia pedaggicaClaudia Raybolt

    Coordenadora de Educao de Jovens e adultoRosana M. N. Mendes

    SECRETARIA DE ESTADO DE CINCIA E TECNOLOGIA

    Secretrio de EstadoGustavo Reis Ferreira

    FUNDAO CECIERJ

    PresidenteCarlos Eduardo Bielschowsky

    PRODUO DO MATERIAL NOVA EJA (CECIERJ)

    Diretoria Adjunta de ExtensoElizabeth Ramalho Soares Bastos

    Coordenadora de Formao ContinuadaCarmen Granja da Silva

    Diretoria Adjunta de Material DidticoCristine Costa Barreto

    Elaborao de GeografiaFernando Sobrinho

    Rejane RodriguesRobson Novaes da Silva

    Elaborao de HistoriaClaudia Regina Amaral Affonso

    Denise da Silva Menezes do NascimentoGilberto Aparecido Angelozzi

    Gracilda AlvesGustavo Pinto e Souza

    Jos Ricardo FerrazMarcia Cristina Pinto Bandeira de MelloMarcus Ajuruam de Oliveira Dezemone

    Priscila Aquino SilvaRafael Cupello Peixoto

    Sabrina Machado Campos

    Elaborao de FilosofiaMarco Antonio Casanova

    Elaborao de SociologiaJos Vieira de Sousa

    Atividade Extra de GeografiaCarla LopesDenise FriasVera Borges

    Priscilla Leal Mello

    Atividade Extra de HistriaPriscilla Leal Mello

    Atividade Extra de FilosofiaBrbara Sales Castelhano

    Carlos Henrique M. Veloso

    Atividade Extra de SociologiaEdson Coelho

    Reviso de Lngua PortuguesaPaulo Cesar Alves

    Coordenao de Desenvolvimento Instrucional

    Flvia BusnardoPaulo Vasques de Miranda

    Desenvolvimento InstrucionalElaine Perdigo

    Heitor Soares de FariasRmulo Batista

    Marcelo Franco LustosaCoordenao de Produo

    Fbio Rapello AlencarProjeto Grfico e Capa

    Andreia VillarImagem da Capa e da Abertura das Unidades

    Andreia VillarDiagramao

    Alessandra NogueiraBianca Lima

    Juliana FernandesJuliana Vieira

    Patrcia SeabraRonaldo d' Aguiar Silva

    IlustraoClara Gomes

    Fernando RomeiroJefferson Caador

    Sami SouzaProduo Grfica

    Vernica Paranhos

  • SumrioUnidade 1 Geografia A Indstriae seus diferentes processos de organizao espacial 5

    Unidade 2 Geografia Sociedade em Redes modelos,atores e lugares no mundo globalizado 35

    Unidade 3 Geografia Fontes de Energiano Mundo Contemporneo 69

    Unidade 4 Geografia A crise ambiental,o consumo e o ser humano 113

    Unidade 5 Histria Nacionalismo,Xenofobia e Guerras no sculo XX 137

    Unidade 6 Histria A crise ambiental,o consumo e o ser humano 173

    Unidade 7 Histria Guerras e conflitos:uma disputa pela liderana? 203

    Unidade 8 Histria O Brasil e a Amrica Latina na Guerra Fria 235

    Unidade 9 Filosofia A presena do beloe o pensamento esttico 267

    Unidade 10 Filosofia Filosofia da artee arte no mundo transformado 293

    Unidade 11 Sociologia Estado Moderno,Cidadania e Direitos Humanos 321

    Unidade 12 Sociologia Educao e Sade 349

  • Prezado Aluno,

    Seja bem-vindo a uma nova etapa de sua formao. Estamos aqui para auxili-lo numa jornada rumo ao

    aprendizado e conhecimento.

    Voc est recebendo o material didtico para acompanhamento de seus estudos, contendo as informaes

    necessrias para seu aprendizado, exerccio de desenvolvimento e fixao dos contedos.

    Com este material e a ajuda de seus professores, novos mundos surgiro para voc.

    Conte conosco.

    Fundao Cecierj e Seeduc!

    Nada lhe posso dar que j no exista em voc mesmo.

    No posso abrir-lhe outro mundo de imagens, alm daquele que h em sua prpria alma.

    Nada lhe posso dar a no ser a oportunidade, o impulso, a chave.

    Eu o ajudarei a tornar visvel o seu prprio mundo, e isso tudo.

    Hermann Hesse

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 321

    Mdulo 3 Sociologia Unidade 11

    Estado Moderno, Cidadania e Direitos HumanosPara incio de conversa...

    Antes de iniciar o estudo propriamente dito do temas desta unidade, leia

    o seguinte trecho:

    Joo tem 29 anos de idade e trabalha como pedreiro em uma em-presa de construo civil, com carteira assinada. Ele pai de trs crianas, uma das quais recm-nascida, fato que o levou, dias atrs, a comparecer a um cartrio da cidade para providenciar a certido de nascimento da criana, tal como fez em relao aos seus dois outros filhos mais velhos. Entretanto, o segundo filho de Joo, que tem cinco anos de idade, possui uma doena rara, cujo tratamento requer um remdio que custa caro. Diante disso, ele procurou o juiz da cidade para obter um mandado de segurana a fim de conseguir remdio de graa para seu filho, visto que no pode pagar por ele.

    Mandado de segurana um tipo especfico de ao judicial que tem por finalidade combater atos abusivos e

    ilegais do prprio Estado, sendo acionado para impedir ou cessar evidente leso a direito,

    quando esta leso parte de uma autoridade pblica.

  • 322

    Voc acha que Joo conseguir o remdio de que necessita? dever do Estado do poder pblico prover

    esse medicamento ao seu filho?

    Nesta unidade, discutiremos a presena do Estado na vida de todos ns e compreenderemos a forma como

    os diversos direitos vm sendo conquistados pelos cidados, ao longo do tempo. Veremos, tambm, em que medida

    o Estado garante o atendimento desses mesmos direitos aos indivduos, especialmente no mundo contemporneo.

    Embora nos tempos atuais o Estado possa ser facilmente percebido na vida do cidado comum, suas origens

    podem ser encontradas, ainda, nos sculos XVI e XVII. Vamos, assim, conhecer as origens do Estado e algumas teorias

    para percebermos como ocorreu a evoluo histrica da prpria organizao social dos humanos e a relao entre

    direitos e deveres dos indivduos para viver em sociedade.

    Em sua vida cotidiana, certamente h muitas situaes que envolvem direitos e deveres em relao

    coletividade, no ? Mas quem define ou articula esses direitos e deveres?

    exatamente isso que vamos ver nesta unidade, ao tratarmos de uma figura maior que o indivduo e que atua

    na organizao da coletividade: o Estado.

    Objetivos de aprendizagem Reconhecer a origem do Estado moderno nas concepes liberal e marxista.

    Identificar situaes que evidenciam a presena do Estado na vida do cidado.

    Relacionar Estado e direitos humanos, de forma articulada sua prpria vivncia.

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 323

    Seo 1Estado moderno: origem e elementos constitutivos

    Em conversas formais ou informais, bem como em espaos sociais diversos, como famlia, escola e trabalho, as

    pessoas costumam utilizar a palavra Estado em vrios sentidos.

    Registre os vrios significados que voc conhece para a palavra Estado.

    Muitas vezes, falamos no Estado como o representante da sociedade como um todo, sendo sua principal

    funo assegurar o bem comum para todos os homens. Mas se o Estado atua na organizao da sociedade, como foi

    que ele surgiu? Ser que ele sempre existiu? Quem decide sobre a forma como a sua atuao se d?

    As vrias explicaes a respeito da origem do Estado so um bom ponto de partida para tentarmos esclarecer

    essas questes.

    Do ponto de vista etimolgico, a palavra Estado tem origem no termo latino status, cujo significado

    estar firme. Na histria, essa palavra aparece, pela primeira vez, na obra O Prncipe, produzida em 1513,

    por Maquiavel (1469-1527) filsofo e poltico italiano.

    Em tempos remotos, nos primeiros estgios da evoluo poltica da humanidade, os homens viviam em bandos.

    Nos bandos, a organizao era mnima, pois valia a lei do mais forte sobre o mais fraco. Em um segundo momento

    dessa evoluo, os homens passaram a viver em tribos ordenadas a partir de referncias de parentesco, sexo e idade.

  • 324

    Porm, mesmo nesse estgio, os indivduos ainda no se organizavam em uma comunidade, nos aspectos social

    e econmico, nem conseguiam exercer um poder de controle sobre o agir dos outros. Isso acontecia, sobretudo,

    porque todos tomavam as decises ao mesmo tempo, gerando desunio, destruio e morte.

    Com o passar do tempo, os homens passaram a sentir, cada vez mais, necessidade de se organizar para regular as

    condutas sociais e para resolver os problemas que apareciam em relao a sua prpria convivncia. Neste contexto de

    evoluo da humanidade que surgem as primeiras noes do que mais tarde passaria a ser conhecido como Estado.

    Quando nos referimos ao Estado com letra maiscula e no singular, estamos relacionando-o ao conjunto

    das instituies governamentais, em nvel municipal, estadual ou federal. Assim, compem o Estado

    uma grande variedade de instituies, como ministrios, tribunais, delegacias do trabalho, cmaras de

    vereadores, assemblias legislativas, prefeituras, e secretarias estaduais e municipais responsveis pelo

    atendimento s necessidades dos cidados, em diferentes reas da vida social.

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 325

    Vrias so as teorias que se propem a explicar o aparecimento do Estado na evoluo da humanidade.

    Veremos, a seguir, duas dessas principais teorias. Uma delas denominada liberal e a outra, marxista.

    As origens do Estado no pensamento liberal

    O liberalismo um sistema poltico-econmico cujas bases esto na defesa da liberdade individual nas vrias

    reas da vida humana econmica, poltica, religiosa e intelectual. Para os defensores do liberalismo, o Estado

    foi criado para servir os indivduos e no o contrrio, da afirmarem que o exerccio da liberdade individual algo

    naturalmente bom e que deve ser assegurado a cada pessoa. Em consequncia disso, o liberalismo contra o forte

    controle do Estado na economia e na vida de cada indivduo.

    A palavra liberal est associada teoria poltica surgida na Europa, a partir do sculo XVII, e que veio

    sendo ampliada, nos sculos seguintes, alcanando outras reas da vida social, como, por exemplo, a

    econmica.

    O conjunto de ideias que sustentam o liberalismo foi elaborado por pensadores ingleses e franceses,

    no contexto das lutas de classes dos nobres contra a burguesia, nos sculos XVII e XVIII.

    O incio do pensamento liberal remonta a Thomas Hobbes,

    pensador ingls que viveu entre 1588-1679. De acordo com Hobbes,

    no incio da evoluo da humanidade, os indivduos viviam em um

    estado de natureza, no qual cada um guardava e defendia somente seus

    prprios interesses, como algo que qualquer indivduo pode zelar, sem

    maiores preocupaes com a coletividade. Entretanto, medida que

    os grupos foram crescendo e ainda no havia uma fora ou instituio

    que efetivamente assegurasse os direitos da coletividade, foi surgindo

    a guerra de todos contra todos. Portanto, nesse contexto, valia a lei do

    mais forte, no o direito vida.Figura 1: Thomas Hobbes

  • 326

    O Estado de natureza tambm chamado Estado Natural aquele

    anterior constituio de uma sociedade dotada de regras capazes

    de levar organizao dos interesses dos seus indivduos. Trata-se de

    um estgio da sociedade no qual no havia um governo capaz de

    estabelecer a ordem, favorecendo ao constante Estado de guerra de

    uns contra os outros.

    Neste contexto, e diante do risco de perder os direitos que cada

    homem pensava ter, a coletividade acabou por concordar em passar

    alguns dos seus direitos para uma fora maior, que estava acima da

    vontade individual de cada homem considerado sozinho. Essa fora maior

    o Estado. Sob esse ponto de vista, a origem do Estado est associada ao

    fim da luta de todos contra todos, permitindo a paz necessria para a vida

    individual e coletiva. Assim, o Estado foi criado pelos prprios indivduos

    para regular suas condutas em sociedade, mediante um pacto entre eles.

    Outro autor que nos ajuda a entender a origem do Estado,

    enfatizando a necessidade deste pacto social entre os indivduos Jean-

    Jacques Rousseau (1712-1778), filsofo, poltico e escritor nascido em

    Genebra/Sua. Para este terico, o Estado teria surgido de um contrato

    social firmado pelos homens, visando atender as necessidades de

    sobrevivncia deles. A realizao do contrato entre os indivduos, implica que cada um deles renuncie sua prpria

    vontade, em nome de uma vontade mais geral o Estado que deve exercer a soberania, em nome do bem coletivo.

    Basicamente, esse pacto teria sido feito porque os indivduos isolados no seriam capazes de enfrentar com

    sucesso tanto as foras da natureza que os atacavam constantemente quanto s prprias dificuldades resultantes das

    lutas entre eles.

    As origens do Estado no pensamento marxista

    Entretanto, h uma segunda grande perspectiva terica que explica a origem do Estado, de outra forma. Essa

    viso denominada marxista defendida por pensadores crticos, como Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels

    (1820-1895).

    Figura 2: Jean-Jacques Rousseau

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 327

    Figura 4: Friedrich Engels (esquerda) e Karl Marx (direita).

    Um dos pilares do pensamento marxista a compreenso da organizao social a partir da dinmica da

    luta entre as duas classes que formam a sociedade: a burguesia, a classe dominante, e o proletariado, a classe de

    trabalhadores. Tomando como base esse pressuposto, a teoria marxista parte do princpio de que o Estado surgiu com

    a propriedade privada. Ao analisar a origem e funo do Estado, Marx importante economista, filsofo e pensador

    socialista alemo posiciona-se contrariamente s teorias liberais contratualistas, analisadas anteriormente. Para

    ele, o Estado uma instituio que no representa uma vontade geral nem busca a igualdade perante a lei ou os

    direitos dos indivduos. Ao contrrio, em sua origem, ele j se revela como uma instituio cuja funo contribui para

    o domnio de uma classe sobre a outra, no caso, a burguesia sobre o proletariado.

    Do ponto de vista terico, o marxismo corresponde a um conjunto de ideias filosficas, econmicas,

    polticas e sociais a respeito da forma como os homens se organizam e produzem sua existncia em

    sociedade. Para tanto, interpreta a vida social tomando como referncia a dinmica da luta de classes

    entre as duas classes que formam a sociedade a burguesia e o proletariado.

    Nesse sentido, como classe dominante, a burguesia corresponde aos grupos que controlam o pro-

    cesso econmico e social na sociedade capitalista, medida que ela detm os meios e os recursos

    para organizar a produo econmica nessa sociedade, ainda que no possua o controle absoluto de

    expanso econmica. Por sua vez, o proletariado corresponde classe que se ope, por meio de lutas,

    burguesia na sociedade capitalista. Como classe, o proletariado no possui os meios da produo,

    necessitando, assim, vender sua fora de trabalho para sobreviver.

  • 328

    Observe como a viso marxista encara o Estado de maneira oposta quela defendida pelo liberalismo. Por isso,

    segundo o marxismo, o Estado no neutro e nem est a servio de todas as classes sociais, mas sim das camadas

    dominantes da sociedade, que so donas do capital. Para os tericos marxistas, o Estado no est acima dos conflitos

    de classe, mas profundamente envolvido neles, pois alimenta a desigualdade entre os homens. Ele seria a expresso

    da dominao de uma classe sobre a outra.

    O marxismo um conjunto de doutrinas sociais e filosficas cuja origem est relacionada ao pensamento

    de Karl Marx (1818-1883). Embora possua diversas vertentes, como sistema ideolgico, o marxismo

    critica radicalmente o capitalismo e defende a emancipao dos homens numa sociedade sem classe

    (SOUSA, 2006, p. 23).

    Percebe como so diferentes as interpretaes sobre a origem e a constituio e as funes do Estado? Conhecer

    essas diferentes interpretaes nos ajuda a compreender duas importantes questes: (I) a prpria organizao social

    do Homem acontece no decorrer de evoluo histrica, e (II) o Estado uma produo humana e, como tal, est

    sujeito interesses inerentes ao Homem, ou seja, a grupos sociais.

    Voltemos, ento, a uma das questes propostas no incio desta seo: Quem decide sobre a forma como a sua

    atuao se d? Como so definidos os direitos e deveres dos indivduos para viver em sociedade?

    As discusses sobre a origem do Estado j nos ajudam, em si, a compreender que a definio dos direitos e

    deveres do homem em sociedade so um produto de lutas e mobilizaes sociais ao longo da histria.

    Esses direitos e deveres definidos pelo social devem, ou deveriam ser, a base de atuao para o Estado, como

    representante do coletivo. Entramos, ento, na ideia de cidadania, assunto sobre o qual falaremos na prxima seo!

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 329

    Registre CL ou CM, conforme as alternativas a seguir se refiram, respectivamente,

    origem do Estado, segundo a concepo liberal ou a concepo marxista.

    a. ( ) O surgimento do Estado toma, como base, a realizao de um pacto social

    pelos indivduos, com o objetivo de preservar a vida e o bem comum.

    b. ( ) A origem do Estado o revela como uma instituio que visa contribuir para o

    domnio de uma classe sobre a outra, e para as desigualdades entre os homens.

    c. ( ) O Estado surge quando cada indivduo concordou em lhe transferir alguns

    dos seus direitos, diante do risco de perder os direitos que julgava possuir.

    d. ( ) O surgimento do Estado mostra que ele no neutro e nem est a servio de

    todos os grupos sociais, mas daqueles que so dominantes da sociedade.

    e. ( ) O Estado aparece e ganha legitimidade medida que representa a vontade

    geral, e apresenta normas para a regulamentao da vida social.

    Seo 2A presena do Estado na vida do cidado

    Para uma melhor compreenso da discusso proposta nesta seo, convidamos voc a reler o caso relatado no

    incio desta unidade de estudo, a respeito das situaes cotidianas vividas pelo pedreiro Joo.

    Ao reler o caso, voc pode ter pensado a respeito de outras situaes nas quais, no mundo contemporneo,

    o Estado faz-se presente na vida cotidiana do cidado, inclusive na sua, em diversas esferas poltica, social, cultural,

    econmica, escolar etc. Dessa forma, ele se mostra presente na vida do cidado, quando, por exemplo:

    multa um motorista que dirige seu carro e no para em um sinal vermelho;

    pune empresas que venham a poluir uma lagoa que abastece uma cidade com gua;

    taxa a renda na fonte, sem o seu consentimento;

    emite certificado de reservista para homens brasileiros, com dezoito anos de idade;

  • 330

    exige que cada criana, ao nascer, seja registrada em cartrio;

    reverte em polticas o obras sociais os impostos que cobra dos indivduos;

    investe em diversas reas educao, sade, habitao, transporte, saneamento, lazer etc.

    assegura o direito da liberdade religiosa aos indivduos.

    Exemplos de situaes nas quais o Estado est presente na vida cotidiana dos cidados

    Dependendo do momento histrico, o Estado assume determinadas caractersticas. Afinal, sendo tambm uma

    construo dos homens, ele sofre as consequncias da prpria evoluo histrica. Hoje, o Estado mostra-se presente

    na vida dos cidados, quando assegura diretamente a subsistncia deles, por meio, por exemplo, dos empregos

    e penses previdencirias que oferece a um grande nmero de pessoas. No entanto, isso no foi sempre assim. E

    isso no significa que, ainda hoje, as necessidades dos indivduos nesta e em outras reas estejam sendo atendidas

    plenamente pelo Estado. Da, as lutas histricas pelas conquistas dos direitos dos cidados, como estudaremos na

    prxima seo.

    Como voc pode perceber, na atualidade, o Estado intervm na vida do cidado comum mais do que em

    qualquer outro momento da Histria. Na verdade, ele pode se manifestar, inclusive, em relao ao volume de

    informaes que obtm dos indivduos. Por exemplo, quando o indivduo repassa informaes relativas a sua renda

    ao declarar seu imposto de renda anualmente.

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 331

    Em consequncia, o Estado acaba exercendo um controle de fora e coero sobre os prprios membros que o

    compem. Mas, ser que o Estado se reduz a isso? No. Como se diz no popular: preciso ver os dois lados da moeda.

    Na verdade, o Estado exerce tambm outras funes na vida do cidado como por exemplo quando assegura direitos

    aos cidados, como voc pode constatar relendo a lista de exemplos que apresentamos anteriormente, ou ento

    quando lhes garante, dentre outros, o direito de ir e vir, de escolher seus representantes etc.

    Reflita a respeito da presena do Estado em sua vida, como estudante e/ou profis-

    sional e cidado. Em seguida, preencha o quadro apresentado a seguir, indicando quatro

    deveres e quatro direitos seus em relao ao Estado.

    Presena do Estado em situaes sociais cotidianas de minha vida como cidado (exemplos)

    Direitos Deveres

    1. 1.

    2. 2.

    3. 3.

    4. 4.

    Seo 3Estado, cidadania e direitos humanos

    Observe essas fotos:

  • 332

    Podemos ver, nessas diversas situaes, grupos sociais se organizando para ampliar e fazer valer o cumprimento

    dos seus direitos. Mas ser que se esses grupos no se mobilizassem para fazer isso eles teriam conseguido assegurar

    seus direitos? Na verdade, na atualidade, vivemos em uma sociedade na qual os direitos dos cidados tm sido

    ampliados. Isso decorre de uma longa evoluo histria e de lutas!

    muito comum, nos tempos atuais, ouvirmos dizer: somos cidados e temos de lutar pela garantia dos nossos

    direitos! Mas, de onde vm esses direitos e o que significa ser cidado? De incio, importante registrar que a cidadania

    construda em diversos espaos sociais, demandando a mobilizao dos indivduos, para que sejam garantidos e

    cumpridos os seus direitos. A escola, por exemplo, configura-se como um desses espaos.

    Vejamos outro exemplo cotidiano: o caso das pessoas portadoras de necessidades especiais. Elas tambm tm

    lutado pelo reconhecimento dos seus direitos, visando a atend-las em suas diferenas.

    Assim, estacionamentos privativos, rampas, elevadores, espaos fsicos reservados no andar trreo dos edifcios e

    outras medidas para o atendimento dessas pessoas no podem ser vistos como favores do poder pblico, mas, ao contrrio,

    como atendimento aos seus direitos, na condio de cidado. Por isso, as pessoas que apresentam determinadas diferenas

    no caso, necessidades especiais devem ter seus direitos respeitados, sem preconceito ou discriminao.

    De fato, os direitos do indivduo, como no caso da educao, no so concesses do governo, mas produto de

    lutas sociais, das quais participam os movimentos populares tambm chamados movimentos sociais. De naturezas

    bastante diversas na sociedade, esses movimentos representam grupos que lutam pelo exerccio da cidadania

    negros, homossexuais, mulheres, ecologistas, educadores, sindicalistas diversos etc.

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 333

    Para Thomas H. Marshall, socilogo e cientista poltico britnico, ser cidado implica desfrutar basicamente de trs

    tipos de direitos civis, polticos e sociais que devem ser garantidos pelo poder pblico. Como so interdependentes,

    estas dimenses da cidadania devem ser compreendidas em sua relao de complementaridade entre si.

    Para o referido autor, a cidadania pode ser definida basicamente pelo conjunto desses direitos, os quais foram

    aparecendo em diferentes momentos da humanidade. Porm, apesar das grandes contribuies para a discusso do

    tema em questo, este pensador no considerou, em sua teoria, a ideia de que, tanto a origem, quanto o percurso

    percorrido pelos indivduos para construir esses direitos mostram-se de maneira diferente em cada sociedade.

    Ainda que a questo dos direitos humanos continue sendo objeto de luta por parte de diversos se-

    tores da sociedade, importante destacar que eles foram conquistados por geraes sucessivas, que

    se somam e so interligadas. O que isso significa? Significa que cada gerao de direitos incorpora as

    conquistas da anterior, ao mesmo tempo em que avana para novas conquistas.

    Os direitos de primeira gerao so: Direitos Civis e Polticos, ou seja, os direitos de votar e ser votado, liberdade de locomoo, de ir e vir, de propriedade de segurana, de expresso e crena religiosa; os de segunda gerao so os Direitos Sociais direitos de igualdade de acesso educao, sade, moradia, lazer , o que chamamos tambm de direitos fundamentais; os de terceira gerao so os Direitos dos Povos direito solidariedade e ao desenvolvimento e os de quarta gerao so os Direitos relativos vida em uma dimenso planetria, ou seja, uma vida saudvel, em harmonia com a natureza (MONTEIRO, 2002, p. 175-176).

  • 334

    Como sabemos, a Constituio a lei mxima de um povo. No caso do Brasil, a Constituio Federal de 1988

    estabeleceu os direitos e deveres de cada cidado. Veja, ao lado, o que dispe nossa Carta Magna, em seu Captulo II,

    Dos Direitos Sociais.

    Como voc pode ver, nossa Constituio assegura diversos direitos sociais ao cidado. Observe que o trabalho

    est dentre esses direitos.

    Art. 6 So direitos sociais a educao, a sade, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurana, a previdncia

    social, a proteo maternidade e infncia, a assistncia aos desamparados, na forma desta Constituio

    (Redao dada pela Emenda Constitucional n 26, de 2000).

    Como voc pode perceber ao ler o Artigo 6 da Constituio Federal de 1988, nele

    so assegurados vrios direitos sociais ao cidado, destacando-se, dentre outros, o lazer.

    Considerando essa ideia, realize a atividade a seguir.

    Questo retirada do Exame Nacional do Ensino Mdio (2009)

    A falta de espao para brincar um problema muito comum nos grandes centros

    urbanos. Diversas brincadeiras de rua tal como o pular corda, o pique pega e outros tm

    desaparecido do cotidiano das crianas. As brincadeiras so importantes para o crescimen-

    to e desenvolvimento das crianas, pois desenvolvem tanto habilidades perceptivo-moto-

    ras quanto habilidades sociais.

    Considerando a brincadeira e o jogo um importante instrumento de interao so-

    cial, pois por meio deles a criana aprende sobre si, sobre o outro e o sobre o mundo ao

    seu redor, entende-se que:

    a. ( ) o jogo possibilita a participao das crianas de diferentes idades e nveis

    de habilidade motora;

    b. ( ) o jogo desenvolve habilidades competitivas centradas na busca da exceln-

    cia na execuo de atividade do cotidiano;

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 335

    c. ( ) o jogo gera um espao para vivenciar situaes de excluso que sero nega-

    tivas para a aprendizagem social;

    d. ( ) atravs do jogo, possvel entender que as regras so construdas socialmen-

    te e que no podemos modific-las;

    e. ( ) no jogo, a participao est sempre vinculada necessidade de aprender um

    contedo novo e de desenvolver habilidades motoras especializadas.

    Aps realizar esta atividade a respeito do disposto na Constituio sobre os direitos sociais do cidado, reflita

    a respeito das seguintes questes:

    Todo brasileiro tem condies de vida digna?

    Todo cidado brasileiro tem seus direitos assegurados e cumpridos pelo poder pblico?

    Por que acreditamos que voc no tenha respondido afirmativamente a essas duas perguntas ou a outras

    de igual natureza? Porque, certamente, voc j deve ter percebido que entre aquilo que estabelecido nas leis e

    sua aplicao no cotidiano social h uma distncia considervel, no verdade? No caso do Brasil, isso tambm

    acontece apesar de sermos um dos pases que mais avanaram em termos de legislao, visando garantia dos

    direitos humanos.

    Em uma viso crtica, a cidadania uma condio indispensvel para que as pessoas possam usufruir os

    direitos j socialmente conquistados, e que devem ser garantidos pelo poder pblico, em suas vrias esferas federal,

    estadual e municipal. Por isso, esses direitos e a cidadania so construes histricas.

    A necessidade de o Estado assumir um carter democrtico no mundo atual, nos permite diferenciar

    dois tipos de cidadania cidadania passiva (aquela delegada ao cidado, por meio, por exemplo, da

    Constituio Federal) e cidadania ativa (a que efetivamente possibilita ao indivduo, como portador de

    direitos e deveres, abrir novos espaos de participao poltica).

    Esse processo histrico de participao poltica dos cidados na construo de um Estado democrtico

    tem ampliado a noo dos direitos do indivduo. Veja no quadro a seguir a abrangncia da noo atual de direito,

    relacionado cidadania.

  • 336

    Tipos de direitos

    Exemplos de abrangncia desses direitos

    Civis liberdade de expresso, pensamento, privacidade, autonomia pessoal, circular, residir etc.

    Polticosliberdade de reunio poltica, aderir a sindicatos e associaes profissionais, eleger e ser eleito para cargos

    pblicos etc.

    Econmicos liberdade de dispor de propriedade, escolher ou mudar de emprego, estabelecer um negcio etc.

    Sociaisproteo segurana social, educao, famlia, infncia, juventude, qualidade de vida, maternidade,

    paternidade, ao ambiente etc.

    Culturaispromoo igualdade de oportunidades na educao, cultura, cincia, cultura fsica, participao demo-

    crtica no ensino, na criao cultural e no desporto, etc.

    A cidadania um processo ativo, pois contribui para a construo de uma sociedade justa, igualitria e

    democrtica. Faa parte desta luta!

    Quando falamos em cidadania, nos referimos, na verdade, a um poderoso instrumento que muito pode

    contribuir para a diminuio das desigualdades sociais. Como estudado na Unidade 4, a sociedade capitalista revela

    expressivas desigualdades sociais. Porm, neste mesmo cenrio que a cidadania precisa ser construda e vivida!

    A luta pela conquista de direitos e ampliao da cidadania implica, inclusive, a busca por assegurar salrios e

    condies dignas para os trabalhadores, que vivem em meio a intensas mudanas sociais.

    Um bom exemplo bastante atual, disso so as recentes transformaes nas formas de organizao familiar

    na nossa sociedade. Voc conhece alguma mulher que tenha assumido a condio de chefe de famlia? Ou seja, que

    reponde, ao mesmo tempo, pelo sustento e pela educao da famlia?

    Sobre esse assunto, observe os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica/ IBGE,

    apresentados a seguir.

    Os chefes de famlia pessoas responsveis pelos domiclios

    Ano Homens % Mulheres % Total %

    2001 33.634.466 75,1 11.160.635 24,9 44.795.101 100,0

    2007 39.513.102 67,0 19.532.204 33,0 59.045.306 100,0

    Fonte: Pnad/IBGE (2002 e 2008)

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 337

    Compare os percentuais relativos ao nmero de homens responsveis pelos domiclios no Brasil, em 2001

    e 2007, com aqueles referentes s mulheres brasileiras que tambm tm assumido esse mesmo papel, no mesmo

    perodo. Veja que h diferena entre os percentuais relativos a homens e mulheres, como chefes de famlia, nos anos

    indicados.

    Como voc percebe, no caso dos homens, h uma reduo da ordem de 8,1% no nmero de lares brasileiros

    que esto sob a responsabilidade de pessoas do sexo masculino, pois h uma diminuio de 75,1% para 67,0%. Em

    uma direo contrria, percebe-se que, no mesmo perodo, houve um crescimento igual de 8,1% no nmero de lares

    que passaram a ter como responsveis as mulheres, pois os percentuais passaram de 24,9% para 33,0%, no perodo

    analisado.

    Observe que, em funo das transformaes da sociedade atual, as mulheres esto assumindo cada vez mais

    a condio de chefe de famlia. E, no entanto, ao mesmo tempo que respondem pelo sustento e educao da famlia,

    essas mulheres brasileiras ainda enfrentam preconceitos diante da sociedade, concorda? (Note que esta pode ser

    uma diferena transformada em desigualdade social, nos termos da discusso que fizemos na Unidade 7, lembra-se?)

    Mulheres chefes de famlia esto, assim, em processo de luta pelo reconhecimento social desta importante

    responsabilidade!

    Com base na anlise feita dos dados apresentados na tabela, indique duas aes de apoio que, em

    sua opinio, o Estado pode criar ou ampliar para essas mulheres que respondem pelos seus lares.

    Vale enfatizar que, por ocorrerem em meio a lutas travadas na sociedade burguesa ou sociedade

    capitalista, as conquistas pelos direitos de cidadania como, por exemplo, o trabalho , assumem

    um carter histrico.

    Como o movimento da histria dinmico e contraditrio, na prpria sociedade capitalista que es-

    ses direitos se desenvolvem e se efetivam. Dessa forma, particularmente, a cidadania de natureza social

    torna-se importante por ser o conjunto de direitos e obrigaes que possibilita a participao igualitria

    de todos os membros de uma comunidade nos seus padres bsicos de vida (MARSHALL, 1967, p. 78).

  • 338

    Discutir direitos do cidado implica ainda, refletir tambm sobre seus deveres. Um exemplo: o seu direito de

    credo religioso implica o dever de respeitar o direito de expresso religiosa dos outros, seja ela qual for. Como diz o

    ditado popular: a cada direito, um dever! Outro exemplo: os direitos econmicos que o indivduo tem para assinar

    algum tipo de contrato implicam responsabilidades de carter social e fiscal, pagando impostos.

    Como vimos nesta unidade, a origem do Estado pode ser explicada por diferentes abordagens tericas. As

    teorias contratualistas de natureza liberal defendem que o Estado aparece em decorrncia de um contrato social

    proposto e aceito pelos indivduos, que percebem ser preciso renunciar a uma parte de sua liberdade, a fim de

    preservar a liberdade e a sobrevivncia da coletividade.

    Em uma viso contrria, o marxismo entende que o Estado surgiu em funo da propriedade privada, motivo

    pelo qual sempre se mostrou articulado aos interesses dos grupos dominantes na sociedade. Dessa forma, ele assume

    a funo de exercer o controle de fora e coero sobre os prprios indivduos que o compem, porm defendendo

    os objetivos definidos pelos grupos que detm o poder na sociedade.

    Estudamos tambm que bastante abrangente a noo de direitos relacionados cidadania. Alm dos direitos

    civis, polticos e sociais, no mundo atual o cidado tem conquistado outros direitos, como culturais, ambientais, do

    consumidor etc. A luta pela conquista desses e de outros direitos histrica, visto que todo direito no concedido

    ao cidado, mas objeto de luta, ao longo da histria!

    Veja aindaVisando ampliao dos seus conhecimentos a respeito dos temas abordados neste captulo, fazemos as

    seguintes sugestes:

    Filmes

    A Guerra do Fogo

    Produo franco-canadense de 1981, dirigida por Jean-Jacques Annaud. Filme clssico que, embora se

    concentre na descoberta do fogo, permite uma anlise interessante do homem pr-histrico em luta com

    tribos inimigas e feras que habitam um ambiente hostil, at o surgimento de seus primeiros sentimentos e

    passos da civilizao em que vivemos.

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 339

    Livros

    CHAU, Marilena. O que ideologia, 34 ed. So Paulo: Brasiliense, 1993 (Coleo Primeiros Passos, volume 13).

    Este livro analisa o conceito de ideologia, utilizando uma linguagem clara e muitos exemplos da vida

    cotidiana do cidado. Alm disso, faz um histrico do termo ideologia, recorrendo s ideias dos clssicos

    do pensamento da teoria sociolgica e da poltica sobre o tema. A ltima parte do livro discute o conceito

    marxista de ideologia, bem como as relaes entre Estado e poder

    COVRE, Maria de Lourdes Manzini. O que cidadania? So Paulo: Brasiliense, 2001 (Coleo Primeiros

    Passos, volume 250).

    Tambm este livro possui linguagem fcil e discute a cidadania como um conceito relacionado ao

    aparecimento da vida nas cidades. Nele, cidadania abordada como o direito vida em seu mais pleno

    sentido, e como algo que precisa ser construdo coletivamente visando ao atendimento s necessidades

    bsicas do homem alimentao, habitao, sade, educao, transporte etc.

    PAULO NETTO, Jos. O que marxismo, 14 ed. So Paulo: Brasiliense, 2002 (Coleo Primeiros Passos,

    volume 148).

    Este livro faz parte da mesma coleo dos anteriores e, na mesma linha, introdutrio da temtica que se

    prope a abordar o marxismo. A discusso feita a respeito dos pressupostos do pensamento social de

    Karl Marx bastante elucidativa e permite compreender a posio do autor em relao ao surgimento do

    Estado.

    SOUSA, Jos Vieira de. Trabalho escolar e teorias administrativas. Braslia: MEC/SEB, 2006.

    MONTEIRO, Ada Maria. Escola, sociedade e cidadania. In: SALGADO, Maria Umbelina Caiafa e MIRANDA,

    Glaura Vazques de. Veredas. Formao Superior de Professores. Belo Horizonte: SEEMG, 2002, Mdulo 2,

    Volume 1, p. 171-189.

    INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA. Pesquisa nacional de amostra por domicilio

    2001. So Paulo: IBGE, 2002.

    MARSHALL, Thomas Humprey. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.

  • 340

    Referncias

    Imagens

    Acervopessoal AndreiaVillar

    http://es.wikipedia.org/wiki/archivo:a_smoky_day_at_the_sugar_bowl--hupa.jpg

    http://pt.wikipedia.org/wiki/ficheiro:maciejowski_tower_of_babel.jpg

    http://commons.wikimedia.org/wiki/file:louis_xvi_chevaliers_du_saint-spirit.jpg

    http://en.wikipedia.org/wiki/File:Chartist_meeting,_Kennington_Common.jpg

    http://pt.wikipedia.org/wiki/ficheiro:1%c2%ba_maio_1980_porto_by_henrique_matos.jpgHenriqueMatos

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Thomas_Hobbes.jpeg?uselang=pt-br

    http://pt.wikipedia.org/wiki/ficheiro:battle-poitiers%281356%29.jpg

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jean-Jacques_Rousseau_%28painted_portrait%29. jpg?uselang=pt-br

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Friedrich_Engels_HD.jpg

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Karl_Marx.jpg?uselang=pt-br

    http://www.quissama.rj.gov.br/index.php/2009/05/22/governo-envia-projeto-sobre-aumento-de-vagas -no-magisterio/

    http://www.sxc.hu/photo/689509

    http://www.feliz.rs.gov.br/003/00301009.asp?ttCD_CHAVE=53116

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 341

    http://www.flickr.com/photos/agecombahia/5285488465

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Diretas_ja_1.JPG

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Greve.jpg

    http://www.flickr.com/photos/cbnsp/2551744025

    http://www.flickr.com/photos/alextobias/4474521002

    http://www.sxc.hu/photo/517386 DavidHartman.

    http://www.sxc.hu/985516_96035528.

    Atividade 1

    Voc pode ter se lembrado de diversos sentidos para o termo Estado. Veja algumas

    dessas possibilidades:

    Condio civil do indivduo (solteiro, casado, vivo, desquitado etc.).

    Unidade da Federao: Alagoas, Cear, Distrito Federal, Mato Grosso etc..

    Associao s emoes: agitao, calma, choque, ansiedade etc.

    Em um sentido mais poltico-jurdico, Estado correspondendo noo de poder

    pblico municipal, estadual, municipal.

    Atividade 2

    a. CL

    b. CM

    c. CL

    d. CM

    e. CL

  • 342

    Atividade 3

    Dependendo de sua vivncia, as respostas para esta questo podero ser bastante

    diversificadas. Veja, no quadro a seguir, algumas possibilidades.

    Presena do Estado em situaes sociais cotidianas de minha vida como cidado (exemplos)

    Direitos Deveres

    1. Votar e ser votado para a ocupao de cargos

    pblicos, atendendo a critrios.

    1. Votar para eleio de vereador, prefeito, Presi-

    dente da Repblica etc.

    2. Trabalhistas (13 terceiro, frias remuneradas

    etc).

    2. Pagar a parcela de contribuio da Previdncia

    Social, como trabalhador.

    3. Liberdade para expressar suas ideias. 3. Respeitar o credo religioso dos outros.

    4. Acesso educao, aos servios pblicos de

    sade etc.

    4. Obedecer ao Regimento da Escola, discutin-

    do-o em casa de dvidas.

    Atividade 4

    Resposta: Letra a.

    Atividade 5

    As aes indicadas neste item so de natureza pessoal. Todavia, sugerimos trs

    delas, para que voc veja se props outras parecidas com elas.

    Garantia efetiva de remunerao igual para homens e mulheres que desempe-

    nham funes profissionais semelhantes, para evitar que uma diversidade cultu-

    ral continue sendo transformada em desigualdade social.

    Fiscalizao mais efetiva por parte do Estado, em relao ao cumprimento dos

    direitos das trabalhadoras.

    Combate efetivo discriminao por cor, diante do fato de que as mulheres ne-

    gras, em nosso pas, tendem a ser menos remuneradas do que as de cor branca.

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 343

    O que perguntam por a?

    Questo retirada do Exame Nacional do Ensino Mdio (2009)

    A falta de espao para brincar um problema muito comum nos grandes centros urbanos. Diversas brincadeiras

    de rua tal como o pular corda, o pique pega e outros tm desaparecido do cotidiano das crianas. As brincadeiras so

    importantes para o crescimento e desenvolvimento das crianas, pois desenvolvem tanto habilidades perceptivo-

    motoras quanto habilidades sociais.

    Considerando a brincadeira e o jogo um importante instrumento de interao social, pois por meio deles a

    criana aprende sobre si, sobre o outro e o sobre o mundo ao seu redor, entende-se que:

    a. ( ) o jogo possibilita a participao das crianas de diferentes idades e nveis de habilidade motora;

    b. ( ) o jogo desenvolve habilidades competitivas centradas na busca da excelncia na execuo de ati-

    vidade do cotidiano;

    c. ( ) o jogo gera um espao para vivenciar situaes de excluso que sero negativas para a aprendiza-

    gem social.

    d. ( ) atravs do jogo, possvel entender que as regras so construdas socialmente e que no podemos

    modific-las.

    e. ( ) no jogo, a participao est sempre vinculada necessidade de aprender um contedo novo e de

    desenvolver habilidades motoras especializadas.

    Resposta: Letra a.

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 345

    Atividade extraMdulo 3 Sociologia Unidade 11

    Questo 1

    Um forte elemento utilizado para evitar as tendncias desagregadoras das sociedades modernas :

    a. Isolamento virtual

    b. Isolamento fsico

    c. Cidadania (gabarito)

    d. Disputa profissional

    Questo 2

    Um dos exemplos abaixo no condiz com um comportamento cidado:

    a. respeitar o sinal vermelho;

    b. no jogar lixo no cho;

    c. no pichar placas de sinalizao;

    d. no pagar impostos (gabarito)

  • Anexo346

    Questo 3

    O marxismo um conjunto de doutrinas sociais e filosficas cuja origem est relacionada ao pensamento de

    Karl Marx (1818-1883). Embora possua diversas vertentes, como sistema ideolgico, o marxismo critica radicalmente

    o capitalismo e defende a emancipao dos homens numa sociedade sem classes. (SOUZA, 2006, p.23).

    Um dos pilares do pensamento marxista a compreenso da organizao social a partir da dinmica da luta

    de classes. Comente a viso do Estado capitalista na perspectiva marxista.

    a. no representa a vontade de todos nem busca a igualdade (gabarito)

    b. representa a vontade de todos buscando a igualdade

    c. proporciona aos indivduos o bem comum

    d. no faz distino entre classes sociais

    Questo 4

    O incio do pensamento liberal remonta a Thomas Hobbes, pensador ingls que viveu entre 1588-1679. De

    acordo com Hobbes, no incio da evoluo da humanidade, os indivduos viviam em um estado de natureza que

    significa tambm

    a. Estado artificial

    b. Estado novo

    c. Estado natural

    d. Estado cultural

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 347

    Questo 5

    O marxismo interpreta a vida social tomando como referncia a dinmica da luta de classes entre duas classes

    que formam a sociedade.

    O texto refere-se s classes

    a. comerciante e empregados

    b. burguesia e proletariado

    c. burguesia e assalariado

    d. comerciante e assalariado

  • Anexo348

    Gabarito

    Questo 1

    A B C D

    Questo 2

    A B C D

    Questo 3

    A B C D

    Questo 4

    A B C D

    Questo 5

    A B C D

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 349

    Mdulo 3 Sociologia Unidade 12

    Educao e sadePara incio de conversa...

    Na unidade anterior discutimos a sociedade de consumo e a indstria

    cultural, caracterizando esta ltima como produto da sociedade industrial e

    como estimuladora de comportamentos consumistas, ao utilizar, dentre outros,

    os meios de comunicao de massa para alcanar este objetivo. Vimos, tambm,

    o lazer como um direito social.

    Levando em conta a discusso feita a respeito do ltimo tema, trataremos nesta

    unidade de dois outros direitos sociais educao e sade. Para tanto, importante

    lembrar, desde j, que esses dois direitos tambm so historicamente construdos.

    Leia as seguintes manchetes extradas de jornais sobre a educao em

    nosso pas e reflita sobre as questes a seguir:

  • 350

    A partir da leitura dessas manchetes, o que voc pode concluir sobre a educao como um direito no nosso

    pas? A educao de qualidade igualmente acessvel a todos os cidados? E a sade? Como voc avalia os servios

    pblicos de sade no Brasil?

    Percebemos que, apesar de o artigo 6 da Constituio Federal de 1988 estabelecer os diretos sociais e, por

    meio deles, as condies mnimas para que o cidado brasileiro viva em sociedade, ainda h um longo caminho de

    luta para garantir que esses direitos sejam assegurados com a qualidade necessria e sem qualquer tipo de distino.

    Nesta unidade trataremos da educao e da sade como dois desses direitos sociais, lembrando, porm, que

    os demais tambm so de extrema importncia para a vida em sociedade.

    Objetivos de aprendizagem Conceituar educao como prtica social e como processo formal desenvolvido pela escola.

    Reconhecer a educao como processo de socializao para a construo das identidades social e cultural dos indivduos nas sociedades modernas.

    Analisar as diferentes dimenses do conceito de sade na sociedade atual.

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 351

    Seo 1Educao: conceito, importncia e formas de expresso na sociedade

    Voc j parou para pensar como, nos ltimos tempos, parece que o mundo ficou menor, considerando a

    velocidade com que a informao circula entre todos os pases? Um terremoto no Japo, um ataque em regies

    conflituosas, um lanamento de um filme nos Estados Unidos, uma crise econmica financeira na Europa... todas

    essas so informaes s quais temos rpido acesso e sobre as quais somos convidados a refletir, a fazer julgamentos

    e a emitir opinies. Afinal de contas, vivemos no mesmo mundo e nos relacionamos com ele de forma cada vez mais

    intensa. Isto , globalizada.

    A globalizao pode ser entendida como um processo que tem levado os pases a se tornar cada vez

    mais interligados em suas relaes culturais, econmicas, comerciais e financeiras. Esse processo tem

    suas razes histricas na sociedade industrial, sendo uma de suas mais marcantes caractersticas o pa-

    pel desempenhado pelos meios de informao e comunicao. (Pretti, Sousa e Speller, 2004, p. 85).

    No mundo atual, a informao e a comunicao assumem crescente importncia na vida dos homens. Em

    consequncia disso, o conhecimento que circula na sociedade constitui elemento indispensvel para os cidados

    desenvolverem a capacidade de ler e interpretar dados e informaes de diversas naturezas. Nesse sentido, a educao

    e a escola tambm passam a ocupar um papel cada vez mais importante nessa mesma sociedade!

  • 352

    Por outro lado, como vimos na unidade anterior, na sociedade contempornea, denominada sociedade do

    consumo, os indivduos tm desenvolvido comportamentos consumistas, estimulados pelos meios de comunicao

    de massa. Voc sabia que, no combate a esse tipo de comportamento, a educao pode assumir um papel muito

    importante? Leia na citao a seguir como educao atribuda uma grande importncia nesse processo.

    Acredito que a sada a educao. A sociedade organizada pode contribuir, ajudando na conscientizao e na capacitao da populao, a fim de que todos adquiram uma atitude mais crtica de consumo, mais responsvel, mais solidria. J a melhor maneira de ensinar pela cidadania. Isso acontece quando voc batalha para que as pessoas tenham seus direitos respeitados, condies de vida dignas e polticas pbli-cas. Assim, estaremos trabalhando contra esse mercado de consumo, que acaba sendo seletivo, desigual, cultural e frustrador.

    Fonte: http://www.idec.org.br/consumidorsa/0112.htm, acesso em 06.05.2011

    A educao pode ter, portanto, um papel fundamental na formao de um consumidor consciente!

    Mas bom destacar logo de incio que a educao um processo que no acaba nunca na vida do indivduo,

    pois o acompanha ao longo de toda a sua existncia. Afinal, como o poeta j dizia, o tempo no para!

    A educao um processo que nos acompanha a vida inteira. Quanto mais vivemos, mais aprendemos, dentro

    e fora da escola! Por isso, dizemos que a educao, na formao dos indivduos, algo que nunca se completa. Por

    isso, dizemos que ela um processo que no acaba nunca, afinal:

    [...] a educao no acaba com a idade adulta, como acredita a concepo tradicional de educao. O ho-mem sempre educvel e essa educabilidade inacabada do homem se cumpre das mais diferentes formas. Os meios de comunicao de massa estariam educando ininterruptamente e pela vida afora. A prpria es-cola no seria mais uma instituio destinada apenas infncia e adolescncias. A ao da escola tambm se estenderia aos adultos e a vem, ento, a sociabilizao permanente (Saviani, 1999, p. 56).

    Na prtica, devido a sua importncia e ao alcance que tem na vida das pessoas, a educao um importante

    recurso que ajuda a promover mudanas na sociedade. Dessa forma, podemos dizer que a educao, ainda que no

    transforme sozinha a sociedade, um dos principais meios de realizao de mudana social ou, pelo menos um dos

    recursos de adaptaes das pessoas, em um mundo em mudana [] (BRANDO, 1996, p. 23).

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 353

    Tambm pelo fato de ser um direito social, a educao acaba por ser importante na discusso de temas

    variados como, por exemplo, cidadania, democracia, justia, solidariedade e autonomia. Alm disso, no mundo atual,

    a educao v-se diante de diversos problemas, diante dos quais precisa se posicionar de forma crtica, tais como:

    (i) a formao para a cidadania plena; (ii) a necessidade do respeito diversidade cultural; (iii) a democratizao da

    sociedade e da prpria escola.

    Do ponto de vista etimolgico, o vocbulo latino educare a raiz da palavra educao. No mesmo

    sentido, por educare entende-se o ato de alimentar ou criar.

    Seo 2A educao como prtica social e seus mltiplos sentidos

    Mas, ento, o que podemos compreender ao dizer educao como um direito social?

    Primeiro, importante compreender a educao como uma prtica social. O que isso significa? Com isso,

    queremos dizer que a educao pode ser compreendida como uma prtica social que inclui os processos de

    aprendizagem e de sistematizao do conhecimento, abrangendo vrias dimenses, como, por exemplo, histrica,

    social, cultural, psicolgica, econmica.

    Segundo, importante que, como prtica social, a educao seja pensada como algo que o homem cria, em

    suas relaes cotidianas, e que, por sua vez, cria o homem. Por isso, dizemos que os grupos humanos sempre atribuem

    um sentido prprio educao e ao prprio projeto de sociedade que desejam realizar e no qual ela se desenvolve.

    por isso que dizemos que a educao uma prtica social: por ela ser o processo por meio do qual ocorre a prpria

    formao dos indivduos, tanto em sua dimenso pessoal quanto social.

    Para melhor compreendermos esse conceito apresentaremos outro trecho de uma carta de indgenas que voc

    estudou na Unidade 6 do Mdulo 1. Brando (1996) ilustra bem o que acabamos de dizer, ao nos relatar trechos de

    uma carta enviada pelo chefe de uma tribo de ndios norte-americanos aos governantes do estado norte-americano

    de Virgnia, aps um tratado de paz. Nessa carta, os ndios recusavam e agradeciam a oferta feita a eles pelos homens

    brancos para que seus jovens guerreiros pudessem frequentar cursos nas escolas americanas. Veja a seguir um

    trecho bastante ilustrativo da referida carta.

  • 354

    Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e apreenderam toda a vossa

    cincia. Mas, quando eles voltavam para ns, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. No sabiam como caar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa lngua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inteis. No serviam como guerreiros, como caadores ou conselheiros (BRANDO, 1996, p. 9).

    Observe como o trecho apresentado revela um contedo social e poltico da educao, como prtica social

    desenvolvida na vida coletiva de qualquer povo. neste sentido que o autor da referida carta afirma que ningum

    escapa da educao, pois esta apresenta consequncias diversas para todo grupo humano que dela participa.

    Que outra concluso voc pode tirar do trecho lido?

    Desde que nascemos a educao nos alcana por meios diversos e de vrias maneiras. como se da educao

    no pudssemos fugir! Nesse sentido, podemos dizer que a educao um processo universal que alcana cada

    indivduo, embora acontea variando de acordo com a sociedade na qual se desenvolve. Por isso, a educao um

    processo histrico e dinmico.

    Em decorrncia disso, a educao assume algumas caractersticas, podendo ser, por exemplo, informal ou

    formal. No primeiro caso, ela nos alcana de maneira informal, medida que acontece na prpria convivncia social

    e sem um planejamento prvio das situaes pelas quais passaremos. Dessa forma, ao convivermos com nossos pais,

    irmos, amigos, colegas ou outras pessoas, em diversos lugares em casa, na rua, no trabalho, na igreja etc. estamos

    tambm nos educando.

    Assim, a educao informal nasce de maneira espontnea, no necessitando, obrigatoriamente, de escolas e

    professores. Vejamos um exemplo: em uma tribo indgena, os indivduos so educados de maneira informal, medida

    que aprendem aquilo que lhes ajuda a garantir as condies bsicas para seu prprio processo de sobrevivncia, como

    mostra o trecho da carta dos indgenas norte-americanos, lido anteriormente. Para melhor compreender o processo de

    educao informal, leia mais um trecho que ilustra como isso acontece entre as comunidades dos ndios.

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 355

    Os mais velhos ensinam aos mais jovens os segredos da sobrevivncia e as formas possveis de entender o mundo em que vivemos. Nasce assim a educao: maneiras de transmitir e assegurar a outras pessoas o co-nhecimento de crenas, tcnicas e hbitos que um grupo social j desenvolveu a partir de suas experincias de sobrevivncia (MEKSENAS, 2005, p. 19).

    Figura 1: Cerimnia de encerramento da nona edio dos Jogos dos Povos Indgenas (Olinda, PE).

    Em outra direo, quando vamos para a escola e participamos de atividades previamente planejadas pelos

    professores, com horrios definidos, e estudamos determinados contedos por meio de mtodos selecionados, a

    educao que nos atinge aquela de natureza formal. Observe que, ao realizar este curso e estudar o presente texto,

    o seu processo educacional tambm assume esse carter de formalidade, pois ainda que voc estude a distncia, h

    atividades planejadas para voc realizar, como, por exemplo, as leituras, visando o alcance de determinados objetivos

    previamente definidos.

    Todavia, importante perceber que essas duas modalidades do processo educacional formal e informal

    acontecem de maneira complementar em nossas vidas, motivo pelo qual cada uma delas assume grande importncia

    em nosso processo de desenvolvimento pessoal e social.

  • 356

    Pense nas diversas situaes educativas pelas quais voc j passou, dentro e fora da

    escola. Em seguida, indique uma que se caracterize como situao de educao informal e

    outra, como educao formal.

    Como direito social do cidado, a educao tem a finalidade de criar condies para que o indivduo

    se desenvolva, nos planos pessoal e social, para bem viver em sociedade, de forma a ter garantida uma

    existncia digna. Como direito social do cidado, a educao tem a finalidade de criar condies para

    que o indivduo se desenvolva, nos planos pessoal e social, para bem viver em sociedade, de forma a ter

    garantida uma existncia digna.

    A educao que voc recebe hoje a mesma que seus pais e avs receberam na infncia e na juventude?

    A reflexo sobre essa pergunta faz notar que a educao acaba por traduzir conhecimentos, valores e formas de

    convivncia social particulares de determinado contexto histrico.

    Como sabemos, para pensar a educao como prtica social, devemos considerar vrias dimenses presentes nas

    relaes estabelecidas entre os homens econmicas, sociais, ecolgicas, culturais, tecnolgicas, demogrficas, polticas

    etc. , bem como os fatores que interferem em tais relaes. Dessa forma, a educao pode assumir diferentes caractersticas

    ao longo do tempo, sendo realizada em decorrncia de certas vises de homem, de sociedade e de conhecimento.

    Como discutido anteriormente, o perodo histrico em que vivemos marcado por intensas transformaes

    verificadas nos mais variados setores da vida humana. Esse perodo tem sido chamado por diversos nomes, como,

    por exemplo, era do conhecimento, sociedade do conhecimento, sociedade em rede, sociedade da comunicao. Porm,

    independentemente da denominao que receba, a sociedade contempornea exige que a educao contribua para

    a formao cidad dos indivduos.

    No h dvida de que, como direito social, a educao seja garantida com qualidade para todos os cidados.

    Para tanto, ela precisa estar comprometida com os problemas sociais, de forma a poder contribuir para a construo

    da cidadania e questionar as prprias relaes sociais.

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 357

    Nessa direo, acreditamos que voc, provavelmente, j percebeu que a educao pode se constituir

    em um meio de combater as desigualdades sociais, as quais constituem um dos maiores desafios dos pases em

    desenvolvimento, como o caso do nosso. Alm disso, importante no perder de vista que, em diferentes contextos

    histricos, a educao pode ajudar a criar as condies necessrias para que acontea o desenvolvimento cientfico e

    tecnolgico de um povo. Nesse processo, a educao constitui um direito social fundamental.

    Seo 3A educao que acontece na escola

    Como vimos no item anterior, a educao uma prtica social que se desenvolve na sociedade como um todo.

    Ento, por que normalmente pensamos em educao como algo associado escola?

    A escola tem suas origens no incio do sculo XVI, no contexto da Reforma Protestante liderada pelo monge

    Matinho Lutero. Com efeito, essa reforma foi um fato histrico relevante que teve incio na Alemanha, estendeu-se a

    vrios pases da Europa e, posteriormente, a outras partes do mundo.

    A Reforma Protestante se opunha Igreja Catlica criticando seus abusos e revisando alguns de seus

    valores como, por exemplo, os relacionados ao trabalho e ao lucro. Ao se opor ao poder da Igreja Ca-

    tlica, Lutero defendia que a Bblia deveria ser interpretada livremente, e no apenas pelos religiosos

    ligados a essa igreja. Nesse contexto histrico, a escola primria passou a ser reivindicada por vrios

    grupos como um instrumento que ajudasse no somente na leitura dos textos sagrados, mas tambm

    no prprio combate ao analfabetismo. Nos sculos seguintes, a educao escolar passou a ser reivin-

    dicada por diferentes grupos sociais, em vrias partes do mundo. Entretanto, sua conquista, como

    direito social, ocorreu de maneira diferente, considerando os vrios contextos histricos nos quais as

    lutas por ele aconteciam.

    Com o passar do tempo, as transformaes sociais tambm influenciaram a forma como a educao tem passado

    a ser exigida cada vez mais, como algo necessrio prpria convivncia em sociedade. Alm disso, passou a ganhar

    fora a ideia de que os trabalhadores passassem a ter uma formao mnima visando o melhor desempenho de suas

    funes no mercado de trabalho para, dentre outros objetivos, aumentar a produo no mundo capitalista. Como

    voc pode perceber, a importncia da educao escolar vem aumentando, cada vez mais, no mundo contemporneo.

    Observe como a citao apresentada a seguir ajuda a entender a funo da escola e sua importncia na

    sociedade atual, em relao ao que estamos afirmando aqui.

  • 358

    Desde o seu surgimento, e ao longo de sua histria, a escola vem exercendo um papel determinante na vida pessoal e coletiva dos indivduos, bem como na comunidade na qual est inserida. Ademais, no mundo contemporneo, essa instituio assume, de forma decisiva, a corresponsabilidade pelo desenvolvimento social, intelectual, emocional, poltico e cientfico daqueles que a buscam (SOUSA, 2008, p. 99-100).

    Figuras 2 e 3: Escolas pblicas.

    Entretanto, como j enfatizado, histrica a luta pela garantia dos direitos sociais, como, por exemplo, a

    educao. Dessa forma, a Histria nos mostra que a luta por uma escola pblica, obrigatria, gratuita, para todos e

    de qualidade vem ocorrendo em vrios momentos da evoluo da humanidade e continua nos tempos atuais, na

    sociedade do conhecimento ou sociedade tecnolgica.

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 359

    Apesar de apresentarem diferenas entre si, pois cada escola representa uma comunidade especfica, as

    escolas possuem muitas semelhanas umas com as outras. Isto , voc sabe quando est dentro de uma escola, no ?

    Considerando sua trajetria como estudante, liste nas linhas a seguir quatro aspec-

    tos comuns s diversas escolas nas quais j estudou ou que conheceu.

    Certamente, ao realizar esta atividade, voc buscou em sua memria ou em suas experincias, como estudante,

    determinados traos mais comuns s escolas que conheceu. Entretanto, possvel pensar em outro tipo de escola,

    como o descrito nos trechos a seguir.

    A escola

    Escola ...

    O lugar onde se faz amigos;

    No se trata s de prdios, salas, quadros, programas, horrios, conceitos...

    [...] Nada de ilha cercada de gente por todos os lados.

    Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir

    que no tem amizade a ningum

    Nada de ser como o tijolo que forma a parede, indiferente, frio, s [...] (FREIRE, 1992, p. 38).

    Observe como o texto apresentado mostra a possibilidade de a escola assumir novos significados, tomando

    como referncia a realidade dos grupos aos quais ela atende. Ao fazer isso, ela garante, de maneira mais efetiva, o direito

    social educao e, o que mais importante, a formao cidad do indivduo. Nessa perspectiva, a escola assume um

    compromisso com uma viso de educao voltada para a transformao social e, portanto, para a emancipao dos

    indivduos, de forma a perceberem as relaes sociais de uma maneira mais crtica e contextualizada.

  • 360

    No mundo moderno, particularmente, a educao escolar precisa se constituir em um caminho que oportunize

    debates em torno da construo e democratizao do saber, assumindo um significado de processo social, que se

    realiza no espao concreto da escola.

    A escola, de fato, institui a cidadania. ela o lugar onde as crianas deixam de pertencer exclusivamente

    famlia para integrarem-se numa comunidade mais ampla em que os indivduos esto reunidos no por vnculos de

    parentesco ou de afinidade, mas pela obrigao de viver em comum. A escola institui, em outras palavras, a coabitao

    de seres diferentes sob a autoridade de uma mesma regra (Canivez, 1991, p. 33).

    Figuras 4: Educao para a cidadania.

    Seo 4Sade como direito do cidado

    Da mesma maneira que o lazer, tambm a sade, como direito social, est estreitamente relacionada ao

    contexto econmico, poltico e cultural de uma sociedade. Esse fato explica por que, em sociedades mais antigas, a

    prpria noo de presena ou ausncia de sade era vista de maneira bastante diferente da que conhecemos hoje.

    O que isso significa? Por exemplo: no passado, o fato de algum estar doente ou saudvel era visto como fruto da

    vontade divina, e no como algo que mantinha relao direta com as prprias condies de vida dos indivduos,

    como saneamento, gua potvel, condies de habitao etc.

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 361

    Nossa noo de sade hoje , por outro lado, muito particular nossa

    poca. Em nossa sociedade, hoje, a relao doena-sade analisada e

    explicada de uma maneira cientfica, e no mais da maneira como ocorria em

    tempos remotos.

    Na sociedade atual, a sade vista como um direito do cidado. Por

    isso, o processo educativo pelo qual os indivduos passam em determinada

    sociedade contribui bastante para o seu nvel de conscientizao em relao

    s suas reivindicaes junto ao poder pblico para lhes garantir condies

    melhores de sade e, consequentemente, uma melhoria no nvel de sua

    qualidade de vida. Para tanto, preciso que os direitos sociais sejam garantidos

    pelo Estado para cada cidado.

    Os direitos alimentao, sade eeducao, embora no sejam originariamente fundamentais, adquirem o

    status daqueles no que concerne parcela mnima sem a qual o homem no sobrevive (TORRES, 1999, p. 129).

    Para conhecer mais a respeito da evoluo histrica do conceito de sade, acesse http://www.scielo.

    br/pdf/physis/v17n1 e leia o artigo Histria do conceito de sade, de autoria de Moacyr Scliar.

  • 362

    Devido prpria complexidade do que vem a ser sade e doena em diferentes contextos sociais, durante

    muito tempo, no houve um consenso universal das naes em torno do conceito de sade. Com o objetivo de

    resolver esse problema, ocorreu uma importante primeira tentativa, aps o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-

    1918), por meio da Liga das Naes, porm sem xito. Somente aps a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com a

    criao da Organizao das Naes Unidas (ONU) e da Organizao Mundial da Sade (OMS), foi possvel chegar a um

    consenso a respeito desse conceito.

    A Organizao das Naes Unidas (ONU) foi fundada em 24 de outubro de 1945, na cidade de So

    Francisco (Califrnia, Estados Unidos da Amrica). Sua principal misso propor e executar medidas

    que garantam: (i) segurana internacional; (ii) desenvolvimento econmico; (iii) definio de leis

    internacionais; (iv) respeito aos direitos humanos; (v) progresso social. poca de sua fundao, a ONU

    contava com a participao de 51 naes, mas, devido aos seus objetivos e ao seu crescimento, conta

    atualmente com um total de 192 pases-membros. Atualmente, sua principal sede em Nova Iorque.

    Por sua vez, a Organizao Mundial da Sade (OMS) uma instituio subordinada ONU, sendo

    especializada em sade. Criada em 7 de abril de 1948, a OMS est sediada na cidade de Genebra, na

    Sua. Seu principal objetivo desenvolver aes visando a sade de todas as naes. Em sua criao, o

    Brasil teve participao efetiva.

    Assim, a OMS divulgou uma carta de princpios, em 7 de abril de 1948, dia que passou, a partir de ento, a ser

    o Dia Mundial da Sade reconhecendo a promoo e proteo da sade como um direito do cidado e obrigao

    do Estado. A partir dessa data, em nvel internacional, o direito sade foi reconhecido, por ocasio da aprovao

    da Declarao Universal dos Direitos Humanos pela Organizao das Naes Unidas (ONU). Nesse importante

    documento foi adotado, em nvel mundial, o conceito criado pela referida organizao:

    Sade o estado do mais completo bem-estar fsico, mental e social, e no apenas a ausncia de enfermidade.

    Observe como este conceito abrangente e complexo, pois abarca diversos elementos, como, por exemplo: a

    biologia humana, o meio ambiente (solo, gua, ar, moradia, local de trabalho), estilo de vida, incluindo hbitos como

    fumar ou no, ingesto de bebidas alcolicas ou no, praticar ou no exerccios fsicos etc.

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 363

    Texto I

    (Retirada do Enem 2010 LC, 2 dia Caderno 5, Amarelo, p. 15)

    O chamado fumante passivo aquele indivduo que no fuma, mas acaba respi-

    rando a fumaa dos cigarros fumados ao seu redor. At hoje, discutem-se muito os efeitos

    do fumo passivo, mas uma coisa certa: quem no fuma no obrigado a respirar a fuma-

    a dos outros.

    O fumo passivo um problema de sade pblica em todos os pases do mundo.

    Na Europa, estima-se que 79% das pessoas esto expostas fumaa de segunda mo,

    enquanto, nos Estados Unidos, 88% dos no fumantes acabam fumando passivamente. A

    Sociedade do Cncer da Nova Zelndia informa que o fumo passivo a terceira entre as

    principais causas de morte no pas, depois do fumo ativo e do uso de lcool.

    Fonte: Disponvel em www.terra.com.br. Acesso em 27.04.2010 (fragmento)

    Texto II

    Ao abordar a questo do tabagismo, os textos I e II procuram demonstrar que:

    a. ( ) a quantidade de cigarros consumidos por pessoa, diariamente, excede

    o mximo de nicotina recomendado para os indivduos, inclusive para os no

    fumantes.

  • 364

    b. ( ) para garantir o prazer que o indivduo tem ao fumar, ser necessrio au-

    mentar as estatsticas de fumo passivo.

    c. ( ) a conscientizao dos fumantes passivos uma maneira de manter a priva-

    cidade de cada indivduo e garantir a sade de todos.

    d. ( ) os no fumantes precisam ser respeitados e poupados, pois estes tambm

    esto sujeitos s doenas causadas pelo tabagismo.

    e. ( ) o fumante passivo no obrigado a inalar as mesmas toxinas que um fu-

    mante, portanto depende dele evitar ou no a contaminao proveniente da

    exposio ao fumo.

    Veja tambm que, desse ponto de vista, falar em sade como um direito social implica considerar o indivduo

    como um todo e sua insero no espao social, levantando perguntas relativas a aspectos diversos, como, por exemplo:

    a qualidade do ar que respiramos, o nvel de nutrio dos indivduos e, por que no dizer, o prprio consumismo

    desenfreado, como discutimos na Unidade 6 deste mdulo. Em suma, como direito social, a sade deve ser discutida

    em uma dimenso tanto pessoal quanto coletiva dos indivduos.

    Seo 5A sade no Brasil

    Como anda sua sade? E a sade de sua comunidade? Ao pensar nestas duas questes, reflita, igualmente, a

    respeito da sade do nosso povo como um todo.

    Observe as manchetes a seguir e reflita sobre a situao da sade em nosso pas.

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 365

    Como voc pode perceber, as vrias manchetes dizem respeito a diferentes elementos relacionados sade

    dos indivduos, como, por exemplo, a qualidade da gua, do ar e o acesso a parques infantis.

    Devido sua abrangncia e complexidade, o conceito de sade tem sido objeto de discusses pelo prprio

    Ministrio da Educao (MEC), do Brasil, ao formular orientaes pedaggicas para sua discusso junto aos estudantes.

    Veja em que termos isso recomendado:

    Nesse contexto, falar de sade implica levar em conta, por exemplo, a qualidade da gua que se consome e do ar que se respira, as condies de fabricao e uso de equipamentos nucleares ou blicos, o consumismo desenfreado e a misria, a degradao social ou a desnutrio, estilos de vida pessoais e formas de insero das diferentes parcelas da populao no mundo do trabalho; envolve aspectos ticos relacionados ao direito vida e sade, direitos e deveres, aes e omisses de indivduos e grupos sociais, dos servios privados e do poder pblico. A sade produto e parte do estilo de vida e das condies de existncia, sendo a vivncia do processo sade/doena uma forma de representao da insero humana no mundo (MEC, 2001, p. 92).

    Esse conceito de sade nos leva a pensar que ele, antes de j ser uma realidade para todos os cidados

    brasileiros, , na verdade, um compromisso a ser assumido e garantido pelo Estado, como um direito social, conforme

    expresso na Constituio Federal de 1988. Afinal, o prprio sistema de sade pblica, em diferentes regies do pas,

    ainda enfrenta grandes dificuldades no atendimento aos cidados que o procuram, relativas rapidez e qualidade.

    Leia a seguir o que nossa Constituio Cidad estabelece, em um dos seus artigos:

  • 366

    Entretanto, se a luta pela garantia dos direitos sociais em nosso pas e no mundo histrica, em relao sade

    no diferente! Dessa forma, um importante passo foi a Constituio Federal de 1988 ter previsto em seu Artigo

    198, 1, a implantao do Sistema nico de Sade (SUS). Desse ponto de vista, o SUS corresponde a uma poltica

    pblica, cujo funcionamento deve ser assegurado por rede regionalizada de servios, portanto, descentralizada.

    Desta rede consistem, dentre outros, postos de sade, unidades mveis de sade, hospitais pblicos e ambulncias

    para transporte de pacientes.

    Outras caractersticas importantes dessa poltica pblica no atendimento sade como direito social so:

    ele possui uma direo nica em cada esfera do poder pblico federal, estadual e municipal;

    seus usurios, cidados que a ele recorrem, poderem control-lo medida que participam de conferncias

    e conselhos de sade, que tm por objetivo avaliar os servios prestados.

    Esses so os princpios que orientam o Sistema nico de Sade (SUS) como poltica pblica, de forma a

    contribuir para o desenvolvimento da dignidade dos brasileiros como cidados e como seres humanos, quando

    buscam o atendimento sade como direito social.

    Entretanto, importante no perder de vista que a participao popular dos indivduos nas referidas

    conferncias fator fundamental na avaliao dos servios prestados pelo SUS e, portanto, na verificao de em que

    medida o seu prprio direito sade est sendo garantido pelo Estado. Em suma, a participao dos cidados na

    avaliao dos servios prestados indispensvel prpria garantia dos direitos sociais, conquistados por meio de

    lutas histricas. Alis, essa ideia j era defendida por dois importantes pensadores que lutaram bastante em defesa

    dos direitos dos trabalhadores, ainda no sculo XIX: Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895). Veja em que

    termos eles nos ajudam a entender esta questo:

    A Histria no faz nada, no possui uma enorme riqueza, ela no participa de nenhuma luta. Quem faz tudo isso, quem participa das lutas, o homem, o homem real: no a Histria que utiliza o homem como meio para realizar os seus fins como se tratasse de uma pessoa individual pois a Histria no seno a atividade do homem que persegue os seus objetivos (MARX & ENGELS, 1967, p. 159).

    Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Posto_de_Sa%C3%BAde_de_Almirante_Tamandar%C3%A9.JPG?uselang=pt-br

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 367

    Figura 5: Postos de sade.

    Como so os postos de sade e os hospitais pblicos, vinculados ao SUS, em sua

    cidade? Em quais aspectos voc entende que eles atendem satisfatoriamente populao

    e em quais precisam melhorar, visando o atendimento s necessidades dos cidados que

    os procuram?

    ResumoEstudamos nesta unidade que, como direito social, a educao ajuda os indivduos a perceberem formas e

    estratgias de reivindicao de acesso aos bens e servios sociais. Da, dizermos que sade e educao devem andar

    de mos dadas! Por isso, o estudo sobre sade ocorre de maneira associada a temas diversos, como, por exemplo,

    poluio, qualidade dos alimentos, condies de trabalho, higiene da habitao, saneamento. De fato, a discusso de

    temas como esses pode contribuir para uma melhor compreenso da melhoria da qualidade de vida dos indivduos.

  • 368

    Considerando as grandes transformaes da sociedade contempornea, a educao tem ganhado cada

    vez mais importncia, acontecendo de diferentes maneiras e em variados espaos. Por sua vez, a sade tambm

    se configura como um direito de todos, pois est ligada essencialmente ao prprio processo de crescimento e

    desenvolvimento do ser humano.

    Tambm importante lembrar que, na sociedade moderna, algumas doenas tm surgido em decorrncia

    do modo de vida das pessoas, como depresso, sndrome do pnico e o consumo compulsivo. Do ponto de vista da

    sade, algumas doenas so caractersticas do modo de vida do homem moderno, como, por exemplo, consumo

    compulsivo, tabagismo, obesidade, hipertenso etc. Essas e outras doenas tm surgido em decorrncia de hbitos

    errados de vida.

    Para encerrar esta unidade, chamamos a ateno para a seguinte ideia: educao e sade, como direitos

    sociais, fazem parte das condies para a existncia digna de uma pessoa.

    Veja ainda:Sugerimos a leitura do livro e a apreciao dos filmes apresentados a seguir para ampliar sua compreenso a

    respeito das temticas abordadas nesta unidade.

    Livro

    BRANDO, Carlos Rodrigues. O que educao. 21. ed. So Paulo: Brasiliense, 2004 (Coleo Primeiros

    Passos, volume 20).

    De maneira didtica e contando com vrios exemplos, o autor apresenta o conceito de educao como pr-

    tica social, mostrando porque o fenmeno educativo alcana a todos na sociedade, em diferentes tempos

    e lugares. A discusso contempla, tambm, a o surgimento da escola, bem como suas transformaes ao

    longo do tempo. A reflexo feita a respeito de natureza, finalidade e objetivos da educao conduz o leitor

    a concluir que ningum escapa da educao.

    Filmes

    Lutero. Drama produzido na Alemanha/EUA, em 2003, dirigido por Eric Till. O filme retrata a vida de

    Martinho Lutero, transcorrendo no perodo que vai de 1507 (ano de sua ordenao como religioso), a 1530,

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 369

    quando ocorrem suas lutas contra a Igreja Catlica e a luta por difundir os valores do que veio mais tarde

    denominar-se luteranismo. A obra mostra tambm a luta poltica desse religioso para que a Bblia passasse

    a ser lida tambm em outras lnguas, alm do latim, fato que demandaria que as pessoas se esclarecessem,

    tambm, pelo aprendizado da escrita.

    Central do Brasil. O filme de Walter Salles, produo franco-brasileira de 1998, no aborda, diretamente,

    o contexto escolar. Entretanto, mostra-se bastante interessante para a discusso do tema educao e

    democracia, medida que revela a ignorncia e a misria em que vive grande parcela do povo brasileiro. Nesse

    contexto, pode ser avaliada importncia da escola para o desenvolvimento da conscincia das pessoas.

    Referncias

    Livros

    BRANDO, Carlos Rodrigues. O que educao, 21. ed. So Paulo: Brasiliense, 2004 (Coleo Primeiros

    Passos, volume 20).

    BRASIL. Ministrio da Educao. Secretaria da Educao Fundamental. Parmetros Curriculares Nacio-

    nais (1 a 4 sries) Cincias Naturais, 3 ed. Braslia: MEC, 2001.

    CANIVEZ, Patrice. Educar o cidado? Campinas: Papirus, 1991.

    FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperana: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz

    e Terra, 1992.

    MARX, Karl & ENGELS, F. A sagrada famlia. Mxico: Grijalbo, 1967.

    MEKSENAS, Paulo. Sociologia da educao: introduo ao estudo da escola no processo de transformao

    social, 12. ed. So Paulo: Loyola, 2005.

    PRETTI, Oreste; SOUSA, Jos Vieira de & SPELLER, Paulo. A educao no mundo contemporneo. In: ME-

    NEZES, Mind Baday e RAMOS, Wilsa Maria Ramos (Coords.) Programa de Formao de Professores em

    Exerccio. Braslia: MEC/Fundescola, 2004, p. 83-103

    SAVIANI, Dermeval. Da nova LDB ao novo Plano Nacional de Educao. Por uma outra poltica educa-

    cional. So Paulo: Autores Associados, 1999.

  • 370

    SOUSA, Jos Vieira de. Projeto poltico-pedaggico e promoo do direito educao. AMARAL, A. L. et al.

    Formao de gestores. Mdulo de Formao Bsica. Direito. Braslia: MEC/FAPEDE/CAED, 2008, p. 89-116.

    TORRES, Ricardo Lobo. (Org.) Teoria dos direitos fundamentais. Rio de Janeiro: Renovar, 1999.

    Imagens

    Acervopessoal AndreiaVillar

    http://www.sxc.hu/photo/1106489

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jogos_dos_Povos_Ind%C3%ADgenas3.jpg

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:School_in_the_Northeast_of_Brazil.jpg

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Escola_Joana_Sena.jpg

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Escola_Duarte_Coelho.jpg

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:M%C3%A9dico_tutor.jpg?uselang=pt-br

    http://www.sxc.hu/photo/1319171

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Nutrition-pyramid.jpg?uselang=pt-br

    http://rickjaimecomics.blogspot.com.Acessoem27.04.2010

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 371

    Atividade 1

    Dentre outras concluses, voc pode ter chegado s seguintes:

    os ndios, quando retornaram dos estudos que realizaram nas escolas dos bran-

    cos, mostravam-se inteis para sua prpria comunidade;

    os conhecimentos valorizados pelos grupos sociais variam de acordo com suas

    necessidades;

    o que importante na educao de um povo pode no ser para outro, em decor-

    rncia do que necessrio para sua prpria sobrevivncia;

    Atividade 2

    Esta resposta de natureza pessoal, e dever basear-se em experincias pelas quais

    voc tenha passado na escola e em outros diferentes espaos sociais. Nesse sentido, voc

    poder ter apresentado respostas como as exemplificadas a seguir:

    Educao informal: (i) discusso sobre a abordagem feita por um filme hist-

    rico, a respeito de determinado fato; (ii) visita a uma propriedade rural, quando

    voc pode ter aprendido como cultivar uma hortalia; (iii) conversa com amigos

    acerca das condies climticas do planeta etc.

    Educao formal: (i) apresentao de um trabalho em grupo tratando de um

    tema previamente definido pelo professor; (ii) realizao de uma prova ou um

    teste; (iii) participao nas aulas expositivas ou nas atividades propostas pelo

    professor de determinada disciplina etc.

    Atividade 3

    Veja se voc elaborou respostas como as sugeridas a seguir:

    planejamento e desenvolvimento de situaes formais de ensino;

    calendrio letivo definido por bimestres, semestres ou ano;

  • 372

    horrios definidos para cada disciplina ou rea curricular;

    situaes de aprendizagem envolvendo professores e alunos em sala de aula;

    funcionrios com funes definidas: diretor, professor, bibliotecrio, merendeiro,

    zelador etc.;

    emisso de notas ou menes ao final de um bimestre, semestre ou ano letivo

    etc.

    Atividade 4

    Resposta: d)

    Atividade 5

    Resposta pessoal, entretanto, importante que voc consiga descrever, em linhas

    gerais, como se encontram os postos de sade e hospitais pblicos existentes em sua ci-

    dade, em termos, por exemplo, de nmero de funcionrios (mdicos, enfermeiros, pessoal

    administrativo), de suas condies fsicas, localizao, quantidade em funcionamento, rela-

    o com o nmero de habitantes etc.

    Alm disso, veja se apontou aspectos que, em seu entendimento, os servios de

    sade mostram-se satisfatrios e aqueles nos quais podem melhorar. Em relao a esses

    aspectos, possvel retomar aqueles indicados na primeira parte da resposta. Observe, por

    exemplo, se indicou se o nmero de postos e hospitais, bem como o de funcionrios,

    proporcional ao de habitantes de sua cidade.

  • Cincias Humanas e suas Tecnologias Sociologia 373

    Atividade extraMdulo 3 Sociologia Unidade 12

    Questo 1

    Assim, a OMS divulgou uma carta de princpios, em 7 de abril de 1948, dia que passou, a partir de ento, a ser o Dia

    Mundial da Sade reconhecendo a promoo e proteo da sade como um direito do cidado e obrigao do Estado.

    A partir dessa data, em nvel internacional, o direito sade foi reconhecido, por ocasio da aprovao da Declarao

    Universal dos Direitos Humanos pela Organizao das Naes Unidas (ONU). Nesse importante documento foi adotado,

    em nvel mundial, o conceito de sade criado pela referida organizao. Defina sade de acordo com a ONU.

    Questo 2

    Na prtica, devido a sua importncia e ao alcance que tem na vida das pessoas, a educao um importante

    recurso que ajuda a promover mudanas na sociedade. Dessa forma, podemos dizer que a educao, ainda que no

    transforme sozinha a sociedade, pode ser considerada:,

    a. Um dos principais meios de realizao de mudana social. (gabarito)

    b. Um direito que deve ser oferecido a todos aqueles em idade de 6 a 12 anos

    c. Uma atribuio dos governo municipais que devem ser responsveis pela formao bsica integral de

    todos os jovens em idade correspondente ao chamado Ensino Mdio.

    d. Uma forma de garantir ao mercado de trabalho mo de obra excedente para suas demandas.

  • Anexo374

    Questo 3

    A educao um processo histrico e dinmico que alcana cada indivduo, embora variando de acordo com

    a sociedade na qual se desenvolve. Assume algumas caractersticas podendo ser

    a. parcial e informal

    b. formal e sistemtica

    c. formal e informal

    d. assistemtica e informal

    e. total e formal

    Questo 4

    Hoje vivemos numa poca em que a educao se tornou uma necessidade permanente. No basta passarmos

    alguns anos na escola e universidade e depois concluirmos que j temos uma formao acabada que nos permita

    lidar com as transformaes dinmicas que acontecem na sociedade compreendendo dimenses sociais, culturais,

    polticas e tcnicas da vida em sociedade. Essa afirmao significa que: Percebe-se que a educao de fundamental

    importncia e deve estar ao alcance das pessoas.

    Dessa forma podemos dizer que a educao um recurso que

    a. Um dos objetivos da educao possibilitar que o indivduo acompanhe as constantes mudanas na

    sociedade humana. Para isso importante reconhecermos que a educao que obtemos na nossa pas-

    sagem pela escol