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PT PT COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, XXX […](2015) XXX draft DOCUMENTO DE TRABALHO DOS SERVIÇOS DA COMISSÃO Relatório sobre a execução dos planos de gestão de bacias hidrográficas em conformidade com a Diretiva-Quadro Água Estado-Membro: PORTUGAL que acompanha o documento COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU E AO CONSELHO A Diretiva-Quadro Água e a Diretiva Inundações: ações tendentes à consecução do «bom estado» da água na UE e à redução dos riscos de inundações

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PT PT

COMISSÃO EUROPEIA

Bruxelas, XXX

[…](2015) XXX draft

DOCUMENTO DE TRABALHO DOS SERVIÇOS DA COMISSÃO

Relatório sobre a execução dos planos de gestão de bacias hidrográficas em

conformidade com a Diretiva-Quadro Água

Estado-Membro: PORTUGAL

que acompanha o documento

COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU E AO

CONSELHO

A Diretiva-Quadro Água e a Diretiva Inundações: ações tendentes à consecução do

«bom estado» da água na UE e à redução dos riscos de inundações

2

ÍNDICE

1. INFORMAÇÕES DE CARÁTER GERAL .................................................................................................................. 4

2. SITUAÇÃO EM TERMOS DE COMUNICAÇÃO E CONFORMIDADE DO PLANO DE GESTÃO DE BACIA HIDROGRÁFICA ...................................................................................................................................................... 6

2.1. PRINCIPAIS PONTOS FORTES ................................................................................................................................................ 6 2.2. PRINCIPAIS LACUNAS ............................................................................................................................................................. 7

3. GOVERNAÇÃO ............................................................................................................................................................. 9 3.1. CALENDÁRIO DE EXECUÇÃO .................................................................................................................................................. 9 3.2. DISPOSIÇÕES ADMINISTRATIVAS — REGIÕES HIDROGRÁFICAS E AUTORIDADES COMPETENTES .............................. 9 3.3. PGBH — ESTRUTURA, EXAUSTIVIDADE, ESTATUTO JURÍDICO .................................................................................... 11 3.4. CONSULTA PÚBLICA, PARTICIPAÇÃO DAS PARTES INTERESSADAS ............................................................................... 13 3.5. COOPERAÇÃO E COORDENAÇÃO COM PAÍSES TERCEIROS............................................................................................... 14 3.6. INTEGRAÇÃO COM OUTROS SETORES ................................................................................................................................ 15

4. CARACTERIZAÇÃO DAS REGIÕES HIDROGRÁFICAS .................................................................................. 16 4.1. CATEGORIAS DE ÁGUA NAS RH .......................................................................................................................................... 16 4.2. TIPOLOGIA DAS ÁGUAS DE SUPERFÍCIE ............................................................................................................................. 16 4.3. DELIMITAÇÃO DAS MASSAS DE ÁGUA DE SUPERFÍCIE ..................................................................................................... 19 4.4. IDENTIFICAÇÃO DE IMPACTOS E PRESSÕES SIGNIFICATIVAS ......................................................................................... 20 4.5. ZONAS PROTEGIDAS ............................................................................................................................................................. 24

5. MONITORIZAÇÃO ................................................................................................................................................... 27 5.1. DESCRIÇÃO GERAL DA REDE DE MONITORIZAÇÃO. ......................................................................................................... 27 5.2. MONITORIZAÇÃO DAS ÁGUAS DE SUPERFÍCIE .................................................................................................................. 31 5.3. MONITORIZAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS .................................................................................................................. 33 5.4. MONITORIZAÇÃO DE ZONAS PROTEGIDAS ........................................................................................................................ 34

6. PANORÂMICA DO ESTADO (ECOLÓGICO, QUÍMICO, ÁGUAS SUBTERRÂNEAS)................................ 36 6.1. AVALIAÇÃO DO ESTADO ECOLÓGICO DAS ÁGUAS DE SUPERFÍCIE .................................................................................. 66 6.2. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO ESTADO ECOLÓGICO ......................................................................................................... 66 6.3. APLICAÇÃO DE MÉTODOS E RESULTADOS DE ESTADO ECOLÓGICO ............................................................................... 71 6.4. POLUENTES ESPECÍFICOS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS ................................................................................................... 72

7. DESIGNAÇÃO DAS MASSAS DE ÁGUA FORTEMENTE MODIFICADAS (MAFM) E AVALIAÇÃO DO BOM POTENCIAL ECOLÓGICO ...................................................................................................................................... 74

7.1. DESIGNAÇÃO DE MAFM ..................................................................................................................................................... 76 7.2. METODOLOGIA PARA ESTABELECER UM POTENCIAL ECOLÓGICO BOM (PEB) .......................................................... 78 7.3. RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ECOLÓGICO EM MAFM E MAA........................................................... 79

8. AVALIAÇÃO DO ESTADO QUÍMICO DAS ÁGUAS DE SUPERFÍCIE ........................................................... 79 8.1. ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA A AVALIAÇÃO ......................................................................................................... 79 8.2. SUBSTÂNCIAS QUE PROVOCAM EXCEDÊNCIAS ................................................................................................................. 80

9. AVALIAÇÃO DO ESTADO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ............................................................................ 82 9.1. ESTADO QUANTITATIVO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS .................................................................................................... 82 9.2. ESTADO QUÍMICO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ................................................................................................................ 83 9.3. ZONAS PROTEGIDAS ............................................................................................................................................................. 84

10. OBJETIVOS AMBIENTAIS E ISENÇÕES ....................................................................................................... 85 10.1. OBJETIVOS ADICIONAIS EM ZONAS PROTEGIDAS ............................................................................................................. 85 10.2. ISENÇÕES NOS TERMOS DO ARTIGO 4.º, N.OS 4 E 5 ........................................................................................................ 85 10.3. ISENÇÕES NOS TERMOS DO ARTIGO 4.º, N.º 6 ................................................................................................................. 88 10.4. ISENÇÕES NOS TERMOS DO ARTIGO 4.º, N.º 7 ................................................................................................................. 88 10.5. ISENÇÕES À DIRETIVA DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS....................................................................................................... 89

11. PROGRAMAS DE MEDIDAS ............................................................................................................................ 89 11.1. PROGRAMA DE MEDIDAS — GERAL .................................................................................................................................. 89 11.2. MEDIDAS RELACIONADAS COM A AGRICULTURA ............................................................................................................. 90 11.3. MEDIDAS RELACIONADAS COM A HIDROMORFOLOGIA ................................................................................................... 94 11.4. MEDIDAS RELATIVAS ÀS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ............................................................................................................... 0 11.5. MEDIDAS RELACIONADAS COM A POLUIÇÃO QUÍMICA ....................................................................................................... 1

3

11.6. MEDIDAS RELACIONADAS COM O ARTIGO 9.º (POLÍTICAS DE TARIFAÇÃO DA ÁGUA)................................................... 4 11.7. MEDIDAS ADICIONAIS EM ZONAS PROTEGIDAS .................................................................................................................. 7

12. ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS, ESCASSEZ DE ÁGUA E SECAS, GESTÃO DO RISCO DE INUNDAÇÕES E OUTRAS QUESTÕES EMERGENTES E RELACIONADAS COMO PARTE INTEGRANTE DOS PGBH ............................................................................................................................................................................... 8

12.1. ESCASSEZ DE ÁGUA E SECAS .................................................................................................................................................. 8 12.2. GESTÃO DO RISCO DE INUNDAÇÃO ....................................................................................................................................... 9 12.3. ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS ........................................................................................................................ 9

13. RECOMENDAÇÕES ............................................................................................................................................ 10

4

1. INFORMAÇÕES DE CARÁTER GERAL

ES020

PT

PT

PT

Atlantic Ocean

PTRH5

PTRH3

PTRH4

PTRH6PTRH7

PTRH8

PTRH2

PTRH1

ES020

ES040

ES030

ES050

ES010

ES018

ES091

ES014

ES070

ES080

ES064

ES017

ES091

Madeira (PT)

Azores (PT)

PTRH10

PTRH9

0 100 km

0 200 km

0 100 200

km

Figura 1.1: Mapa das Regiões Hidrográficas Regiões Hidrográficas Internacionais (na UE)

Regiões Hidrográficas Internacionais (fora da UE)

Regiões Hidrográficas Nacionais (na UE)

Países (não pertencentes à UE)

Águas Costeiras

Fonte: WISE, Eurostat (fronteiras do país)

Portugal é uma república constituída por um território continental e por duas regiões

autónomas. A área total do território é de 92 072 Km² e a zona económica exclusiva abrange

1 727 408 km². Em 2011 (data da último censo) a população era aproximadamente

10,6 milhões de habitantes1. A Região Autónoma dos Açores tem uma população de 246 mil

habitantes distribuídos por 9 ilhas, ao passo que a Região Autónoma da Madeira tem uma

população de 268 mil habitantes distribuídos por 2 ilhas.

Existem três jurisdições administrativas diferentes que regem a aplicação da Diretiva-Quadro

da Água (DQA) em Portugal: Portugal continental (PTRH1 a PTRH8) e Regiões Autónomas

1 www.INE.pt

5

dos Açores (PTHR9) e da Madeira (PTRH10). Aquando da preparação dos Planos de Gestão

de Bacia Hidrográfica (PGBH) existiam cinco administrações de região hidrográfica

independentes em Portugal continental (ver infra).

RH Nome Superfície (km2)

2 Países que partilham fronteiras

PTRH1 Minho e Lima 2 465* ES

PTRH2 Cávado, Ave e Leça 3584 -

PTRH3 Douro 19 219* ES

PTRH4 Vouga, Mondego, Lis e

Ribeiras do Oeste 16 981 -

PTRH5 Tejo 25 665 ES

PTRH6 Sado e Mira 12 149 -

PTRH7 Guadiana 11 611 ES

PTRH8 Ribeiras do Algarve 5 511 -

PTRH9 Açores 10 047 -

PTRH10 Madeira 2 248 -

Quadro 1.1: Panorâmica das Regiões Hidrográficas de Portugal

* Superfície no território português

Fonte: Planos de Gestão das Bacias Hidrográficas comunicados ao WISE3:

http://cdr.eionet.europa.eu/be/eu/wfdart13

Existem algumas particularidades em alguns PGBH. Para a PTRH4 existem dois PGBH, um

para o Vouga, Mondego e Lis, e outro para as Ribeiras do Oeste. Isto porque o PGBH das

Ribeiras do Oeste foi elaborado e aplicado pela administração da região hidrográfica do Tejo

(PTRH5), enquanto o PGBH do Vouga, Mondego e Lis foi elaborado pela administração da

região hidrográfica do Centro (PTRH4)4. O arquipélago dos Açores é composto por nove

ilhas, formando a PTRH9; há um capítulo de Caracterização e Diagnóstico que inclui um

estudo do estado, pressões, monitorização e análise económica de cada ilha, resumido no

PGBH principal.

Portugal partilha quatro bacias hidrográficas com a Espanha: Minho e Lima, Douro, Tejo e

Guadiana. Não existem PGBH conjuntos com a Espanha, mas houve alguma coordenação

com, nomeadamente, as administrações das regiões hidrográficas (RH) espanholas relevantes.

Nome

internacional

bacia

hidrográfica

RH Nacional

Países que

partilham

fronteiras

Categoria de

coordenação

2

km² %

Miño/Minho PTRH1 (Minho-Lima) ES 817 5,0

Limia/Lima PTRH1 (Minho-Lima) ES 1 220 47,1

Duero/Douro PTRH3 (Douro) ES 18 650 19,3

Tajo/Tejo PTRH5 (Tejo) ES 25 026 21,7

Guadiana PTRH7 (Guadiana) ES 11 599 17,3

2 Os dados foram fornecidos pelas autoridades portuguesas após ter sido efetuada a avaliação dos PGBH.

3 É de salientar que a comunicação de dados ao WISE ocorreu antes da publicação dos PGBH, e que foram

introduzidas algumas alterações entre as duas datas. Consequentemente, existem algumas discrepâncias entre as

informações apresentadas nos PGBH e no WISE.

4 Ver ponto 3.2 relativo aos acordos administrativos. De acordo com a Autoridade Nacional da Água (junho de

2014) no próximo ciclo de programação as massas de água das Ribeiras do Oeste serão integradas na PTRH5.

6

Quadro 1.2: Bacias hidrográficas transfronteiriças por categoria (ver ponto 8.1 do do documento de trabalho dos serviços da

Comissão) e % da superfície em Portugal5.

Categoria 1: Acordo de cooperação, organismo de cooperação e PGBH em vigor.

Categoria 2: Acordo de cooperação e organismo de cooperação em vigor.

Categoria 3: Acordo de cooperação em vigor.

Categoria 4: Nenhuma cooperação formalizada.

Fonte: Estudo comparativo realizado pela CE das pressões e medidas contidas nos principais planos de gestão de bacias

hidrográficas da UE. Os dados relativos à superfície foram fornecidos pelas autoridades portuguesas após ter sido efetuada a

avaliação dos PGBH.

O presente anexo abrange os PGBH de Portugal continental (PTRH1 a PTRH8) e das Regiões

Autónomas dos Açores (PTRH9) e da Madeira (PTRH10).

2. SITUAÇÃO EM TERMOS DE COMUNICAÇÃO E CONFORMIDADE DO PLANO DE

GESTÃO DE BACIA HIDROGRÁFICA

Os PGBH de Portugal continental foram adotados em 22 de março de 2013 mediante uma

resolução do Conselho de Ministros (RCM) e foram comunicados à Comissão em setembro

de 2013. O PGBH dos Açores foi adotado em 27 de março de 2013 (Resolução do Conselho

do Governo6 n.º 24/2013) e comunicado à Comissão em setembro de 2013. O PGBH da

Madeira foi adotado em 20 de fevereiro de 20147 (Resolução n.º 81/2014) e introduzido no

WISE entre 1 e 4 de abril de 2014.

RH Data de Adoção do

PGBH

Data de

Comunicação do

PGBH

PTRH1 22/3/2013 27/9/2013

PTRH2 22/3/2013 27/9/2013

PTRH3 22/3/2013 27/9/2013

PTRH4 22/3/2013 27/9/2013

PTRH5 22/3/2013 27/9/2013

PTRH6 22/3/2013 29/9/2013

PTRH7 22/3/2013 29/9/2013

PTRH8 22/3/2013 29/9/2013

PTRH9 27/3/2013 27/9/2013

PTRH10 20/2/2014 4/4/2014

Quadro 2.1: Adoção e comunicação à Comissão dos PGBH de Portugal.

Fonte: PGBH, WISE

Enquanto os PGBH foram comunicados ao WISE em setembro de 2013 (com exceção da

Madeira [PTRH10], tal como acima referido), os ficheiros de dados XML tinham sido

comunicados em 2011 e 2012, ou seja, antes da conclusão dos PGBH. Os dados do WISE nem

sempre correspondem aos planos efetivos. No presente relatório, a fonte dos dados é

claramente identificada.

2.1. Principais Pontos Fortes

Os PGBH são bastante completos, com explicações pormenorizadas sobre a

5 Categorização determinada no âmbito do estudo comparativo da CE sobre as pressões e medidas contidas nos

principais planos de gestão de bacia hidrográfica da UE (Tarefa 1-B: mecanismos de coordenação internacional).

6 Resolução do Conselho do Governo, de 27 de março.

7 O processo formal de consulta pública do PGBH da PTRH10 realizou-se entre 19 de agosto de 2013 e 18 de

fevereiro de 2014 — o PGBH refere que só foram recebidas três observações durante o período formal de

consulta pública. A última reunião pública de preparação do PGBH foi realizada em 4 de fevereiro de 2014

7

metodologia, pressupostos e abordagens, complementadas com mapas, desenhos e

quadros de dados.

O desenvolvimento dos PGBH foi objeto de procedimentos de participação pública,

incluindo a criação de Conselhos de Região Hidrográfica multilaterais para cada

região hidrográfica. Toda a documentação da participação pública, bem como os

documentos de avaliação ambiental estratégica, está disponível no mesmo sítio Web

em que se encontram os PGBH.

Em quase todas as regiões hidrográficas existe pouca informação sobre uma série de

massas de água. Em algumas regiões hidrográficas, os programas de monitorização

não estão totalmente instituídos ou é apenas monitorizado um número limitado de

parâmetros. No entanto, os PGBH mostram que foram envidados esforços para superar

a falta de dados e para obter a classificação das massas de água através de métodos

alternativos, tais como a modelização, pareceres de peritos, etc. Os métodos utilizados

são explicados com um grau de pormenor razoável.

O Programa de Medidas contém informações acerca das medidas que serão aplicadas

nas massas de água específicas. Além disso, é fornecida a justificação para cada

medida. Tal verifica-se, nomeadamente, para a PTRH6, 7 e 8.

Um número significativo de medidas visa aumentar o conhecimento sobre as massas

de água através de investigação e reforço da rede de monitorização, e através da

atualização ou melhoria dos inventários de pressões. O objetivo é aumentar os dados

disponíveis no próximo ciclo de programação da DQA e, noutros casos, poder

classificar um maior número de massas de água e aumentar a precisão da delimitação

e da classificação.

Tem havido coordenação entre Portugal e Espanha no que se refere às RH

internacionais, embora não tenham sido concebidos planos ou ações conjuntas.

2.2. Principais Lacunas

Em geral, existe pouca informação sobre massas de água e várias massas de água não

puderam ser classificadas em termos de estado ecológico e químico (ver quadros

constantes do ponto 6), ou possuem apenas uma classificação preliminar.

Ainda não foram definidas condições de referência para a classificação das águas de

transição e costeiras e a classificação é, assim, considerada preliminar.

A rede de monitorização em Portugal tem tido problemas de manutenção desde 2009

e, como resultado, tem sérias limitações, sobretudo para as águas de superfície. Em

2014, foi assinado um novo contrato de rede de monitorização para que em 2015

estejam operacionais estações de monitorização novas e renovadas. Para as águas

subterrâneas, a rede de monitorização é mais representativa.

No que diz respeito aos métodos de avaliação biológica, é utilizado um número

reduzido de elementos de qualidade biológica (EQB) para a classificação das massas

de água. Por exemplo, apenas são considerados os fitobentos e os invertebrados

bentónicos para a classificação das massas de água fluviais e só são utilizados

parâmetros de fitoplâncton (nomeadamente, clorofila-a, biovolume total, % de

8

biovolume de cianobactérias e um índice de composição) na classificação de massas

de água fortemente modificada (MAFM) de lagos (não existem lagos naturais em

Portugal continental). Esta decisão é tomada a nível nacional. Mesmo que sejam

monitorizados mais EQB em alguns PGBH, eles não são utilizados para efeitos da

avaliação.

Existe pouca informação acerca da metodologia utilizada para identificar pressões

significativas. Também inexistente ou muito preliminar é a definição de caudal

ecológico8, as informações sobre os ecossistemas dependentes das águas subterrâneas,

a análise das tendências e outras questões que requerem a existência de bons conjuntos

de dados.

As relações entre as pressões, o estado e as medidas não são claras. A falta de

informação de base, juntamente com uma falta de análise dos impactos esperados das

medidas, torna pouco claro se e quais os objetivos da DQA serão alcançados para

muitas massas de água.

Não foi especificamente garantido nenhum financiamento abrangente ao abrigo dos

PGBH para a implementação do Programa de Medidas (PdM). No entanto, algumas

das medidas incluídas no PdM derivam de outros planos em curso, alguns dos quais

com fundos para execução.

Tal como acima referido, os relatórios de síntese do WISE nem sempre estão

atualizados, uma vez que os dados foram enviados antes da conclusão dos PGBH e

que estes sofreram algumas alterações após a comunicação de dados ao WISE.

Consequentemente, algumas informações estão em falta e existem diferenças entre os

dados comunicados no WISE e os dados constantes dos PGBH.

8 As autoridades portuguesas da água entendem por caudais ecológicos a água que as barragens têm de libertar a

jusante a fim de minimizar os impactos ambientais (incluindo para atingir os objetivos da DQA).

9

3. GOVERNAÇÃO

3.1. Calendário de execução

RH Calendário

Programa

de

trabalho

Declaração

sobre a

consulta

Questões

significativas

da gestão da

água

Projeto de

PGBH

PGBH

Final

Prazos 22/6/2006 22/6/2006 22/6/2006 22/12/2007 22/12/2008 22/12/2009

PTRH1 1/2/2007 1/2/2007 1/2/2007 1/2/2009 3/10/2011 1/6/2012

PTRH2 1/2/2007 1/2/2007 1/2/2007 1/2/2009 3/10/2011 1/6/2012

PTRH3 1/2/2007 1/2/2007 1/2/2007 1/2/2009 3/10/2011 1/6/2012

PTRH4 1/2/2007 1/2/2007 1/2/2007 1/2/2009

1/10/2011 31/10/2012

PTRH5 1/2/2007 1/2/2007 1/2/2007 1/2/2009 22/8/2011 30/9/2012

PTRH6 1/2/2007 1/2/2007 1/2/2007 1/2/20099 20/6/2011 22/3/2012

PTRH7 1/2/2007 1/2/2007 1/2/2007 1/2/2009 15/7/2011 22/3/2012

PTRH8 1/2/2007 1/2/2007 1/2/2007 1/2/2009 19/9/2011 1/6/2012

PTRH9 1/11/2006 1/11/2006 1/11/2006 1/2/2010 15/12/2011 15/6/2012

PTRH10 29/12/2005 19/10/2009 19/8/2013 2/8/2013 2/8/2013 25/2/2014

Quadro 3.1.1: Calendário das diversas fases do processo de execução

Fonte: Resumo WISE 1.3.2 para cada RH

3.2. Disposições administrativas — regiões hidrográficas e autoridades competentes

Entre a conceção e a elaboração dos PGBH, o momento em que os planos foram concluídos e

publicados e a implementação efetiva, ocorreram algumas mudanças institucionais

importantes, com impacto sobre o processo. Tal reflete-se principalmente no caso de Portugal

continental.

Em Portugal continental, o desenvolvimento dos PGBH esteve a cargo de cinco

administrações de região hidrográfica (anteriormente «Autoridades de RH»), que dispunham

na altura de autonomia administrativa e financeira. Existia também o Instituto da Água, que

era a Autoridade Nacional da Água em Portugal. Este último concentrou-se na prestação de

assistência técnica e coordenação, por exemplo através da emissão de orientações nacionais.

De julho de 2011 a julho de 2013 (durante o período de tempo em que os PGBH foram

apresentados para apreciação final e foram aprovados), o Ministério da Agricultura, Mar,

Ambiente e Ordenamento do Território (MAMAOT) foi responsável por definir e coordenar

políticas relativas à água (incluindo águas costeiras), bem como à agricultura e às pescas. A

lei orgânica (Decreto-Lei n.º 7/2012, de 17 de janeiro de 2012) criou uma nova instituição – a

Agência Portuguesa do Ambiente, I.P. (APA), em que foram incluídos o Instituto Nacional da

Água e as cinco administrações de região hidrográfica (Decreto-Lei n.º 56/2012, de 12 de

março de 2012). Em consequência, as anteriores autoridades de RH são, atualmente,

departamentos regionais da APA, aplicando a política da água a nível regional. A APA

funciona, assim, como a única Autoridade Nacional da Água para todas as RH de Portugal

continental.

Pouco depois da publicação dos PGBH em 27 de julho de 2013, o MAMAOT cindiu-se,

dando origem ao Ministério da Agricultura e do Mar (MAM), responsável pelos assuntos

9 De acordo com as autoridades portuguesas, «existe um erro de comunicação no sistema WISE, uma vez que

todas as questões significativas da gestão da água de Portugal continental foram objeto de procedimentos de

participação pública ao mesmo tempo, isto é, em 1/2/2009».

10

marítimos, e ao Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia (MAOTE),

que detém as competências jurídicas de gestão da água e da zona costeira. Esta é a situação

atual, segundo a qual, em particular, a APA manteve as suas competências.

De acordo com a autoridade nacional da água (APA), as relações e os contactos entre os dois

ministérios são excelentes e constantes («graças ao facto de os funcionários terem trabalhado

juntos durante décadas»). Estão a ser envidados esforços para considerar as águas costeiras e

de transição uma preocupação comum. Em especial, os esforços de coordenação e de

cooperação concentram-se em:

• «Elaboração de programas e indicadores de monitorização, especialmente no contexto

das águas marinhas, incluindo as águas costeiras, domínio em que os desafios

portugueses são mais elevados tendo em conta a vasta zona de jurisdição e o seu caráter

de profundidade;

• Comunicação, incluindo calendarizações e formatos harmonizados;

• Estabelecimento de programas de medidas, incluindo a análise económica necessária e

procedimentos de gestão».

Um outro interveniente fundamental na gestão da água em Portugal é a Entidade Reguladora

dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), criada em 2006. A ERSAR desempenha um

papel crucial na definição das tarifas da água do ciclo urbano da água, e é igualmente

importante na aplicação da taxa de recursos hídricos. A entidade reguladora tem estatutos

revistos recentemente e publicados pela Lei n.º 10/2014, de 6 de março de 2014.

Outros organismos, instituídos pela Lei da Água (Lei n.º 58/2005), são os Conselhos de

Região Hidrográfica. Os conselhos têm um papel consultivo e desempenharam papéis

importantes no desenvolvimento dos PGBH, nomeadamente em termos de assistência técnica

e aconselhamento. No entanto, as suas competências, composição e funcionamento serão

estabelecidos num ato jurídico específico (ainda não publicado).

A Direção Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) do MAM é

responsável pelo licenciamento de atividades no espaço marítimo público, bem como pela

regulação, inspeção, fiscalização, coordenação e controlo da proteção dos recursos marinhos,

pescas, aquicultura, segurança marítima e portuária. A monitorização das águas costeiras e de

transição é efetuada pelo recém-criado Instituto Português do Mar e da Atmosfera (que

integra as funções do anterior Instituto de Meteorologia e do Instituto de Investigação

Marinha).

As competências da administração da RH da Região Autónoma dos Açores foram aprovadas

pelo Decreto Regulamentar Regional n.º 23/2011/A, que estabelece como autoridade

competente a Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, que, a partir de março de 2014, se

tornou Secretaria Regional dos Recursos Naturais (SRRN). A água é gerida pela Direção do

Ambiente, que faz parte da SRRN. Existe também uma Entidade Reguladora Regional dos

Serviços de Águas e Resíduos, criada pelo Decreto Legislativo Regional n.º 8/2010/A, de 5 de

março de 2010.

As competências da administração da RH da Região Autónoma da Madeira foram aprovadas

pelo Decreto Legislativo Regional n.º 33/2008/M, que estabelece como administração da

região hidrográfica a Direção Regional do Ambiente, sendo a zona costeira e as questões de

11

segurança (inundações, segurança e a segurança relacionada com barragens) administradas

pela Secretaria Regional do Equipamento Social, exceto nos portos em que a autoridade é a

Administração dos Portos da Região Autónoma da Madeira.

3.3. PGBH — Estrutura, exaustividade, estatuto jurídico

Normalmente, os PGBH para Portugal são compostos por partes específicas e, em cada parte,

por capítulos específicos. As partes específicas consistem na caracterização e diagnóstico,

objetivos e isenções, cenários prospetivos, análise económica, programa de medidas,

monitorização e avaliação. Cada parte dispõe de documentos escritos, bem como de

documentos complementares com mapas e desenhos. Cada capítulo das partes pode ter várias

centenas de páginas, seguidas de anexos. Os documentos sobre procedimentos

complementares, tais como a Análise Ambiental Estratégica, a Participação Pública e os

Sistemas de Informação de Apoio à Tomada de Decisão, bem como um resumo não técnico,

são disponibilizados no sítio Web da administração de região hidrográfica, onde o PGBH

pode ser facilmente encontrado10

.

Os PGBH são planos setoriais sujeitos ao regime jurídico de ordenamento do território, nos

termos do qual o seu desenvolvimento está sujeito às orientações definidas pela política de

planeamento do programa nacional, e deve também ser compatível com os planos regionais.

Os PGBH estão num nível intermédio entre o Plano Nacional da Água (a gestão estratégica da

água que implementam) e os Planos de Gestão de Bacia Hidrográfica específicos que incluem

medidas destinadas a proteger e a melhorar os recursos hídricos. Os PGBH não podem

contradizer as orientações ou decisões nacionais, uma vez que o seu âmbito de aplicação

territorial está limitado à bacia hidrográfica e estão sujeitos à legislação aplicável relevante.

A Lei da Água (Lei n.º 58/2005) transpõe a Diretiva-Quadro da Água para o direito

português, e também se aplica às Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira (artigo 101.º).

No caso da Madeira, o Decreto Legislativo Regional n.º 33/2008/M adapta a Lei da Água à

Madeira e o DL n.º 77/2006 complementa-a.

O artigo 63.º da Lei da Água (Lei n.º 58/2005) define as seguintes condições e requisitos para

a atribuição do direito de utilização de água: cumprimento das normas e princípios da Lei da

Água; cumprimento das disposições dos PGBH; cumprimento dos instrumentos de

planeamento territorial e gestão de extensões de água específicas; e cumprimento das normas

de qualidade e de descarga.

O artigo 62.º da Lei da Água estabelece que as seguintes atividades relacionadas com recursos

hídricos particulares exigem uma licença prévia e estão especificamente sujeitas aos PGBH:

descarga de águas residuais; imersão de resíduos; recarga e injeção artificial nas águas

subterrâneas; extração de inertes; aterros e escavações.

O regime jurídico para utilizações de água foi estabelecido pelo DL n.º 226-A/2007, cuja

aplicação foi alargada aos Açores pela Portaria n.º 67/2007. A Madeira não dispõe de um ato

legislativo equivalente. O regime estabelece que a autoridade competente pode alterar

temporariamente os títulos de utilização da água (licença ou concessão) sempre que for

necessário para assegurar a sua conformidade com os PGBH (artigo 28.º, alínea d), do DL n.º

10

Portugal continental: http://www.apambiente.pt/?ref=16&subref=7&sub2ref=9&sub3ref=834; Açores:

http://www.azores.gov.pt/Gra/srrn-drotrh/conteudos/livres/PGRH-A%C3%A7ores.htm; Madeira:

http://drota.gov-madeira.pt/berilio/berwpag0.listctn?pCtn=83

12

226-A/2007), ou, no caso de seca ou outra catástrofe natural ou em caso de força maior

(artigo 67.º, n.º 3, da Lei da Água).

Regra geral, o ciclo de planeamento definido ao abrigo da Lei da Água reflete-se nos regimes

jurídicos para as diferentes utilizações especificadas abaixo. Com efeito, os requisitos de

utilização de água são obrigatórios para todas as utilizações de água para as quais é emitida

uma licença ao abrigo da Lei da Água pela Autoridade Nacional da Água. Esta licença é

necessária para adquirir uma licença de exploração por setor de atividade.

No entanto, em matéria de concessões, o DL n.º 226-A/2007, que regula as utilizações de

água, estabelece que o novo regime não tem impacto sobre os contratos existentes. Existem

causas para a alteração ou revogação de concessões; a obrigação de cumprir as leis e

regulamentos aplicáveis e as instruções do concedente é uma delas, mas a conformidade com

o PGBH não é expressamente mencionada em concessões antigas. O método adotado em

Portugal é o de proceder a alterações aos requisitos quando as concessões são renovadas. A

maioria das barragens existentes é antiga e, na maioria dos casos, as suas licenças têm a

duração de várias décadas.

As barragens para produção de energia hidroelétrica e/ou para fins agrícolas constituem

exemplos do que precede. Atualmente, a fim de explorar uma nova barragem, uma licença de

utilização de água emitida pelo ministro responsável pelo Ambiente constitui um pré-requisito

para obter a licença final. As concessões antigas foram fixadas pelos ministros responsáveis

pela energia (e/ou economia), agricultura, ou outros.

De um modo geral, o período de tempo das licenças para utilização de água e das licenças

relativas a atividade setorial é compatível ou idêntico. O ministro responsável pela

Agricultura concederá concessões para a utilização de infraestruturas de regadio público por

um período de 20 anos, em conformidade com a Portaria n.º 1473/2007.11

Em tais concessões,

existe uma cláusula geral que indica que o concedente se reserva o direito de rever as

condições da concessão a fim de assegurar a respetiva conformidade, e qualquer alteração à

legislação aplicável e às regras de gestão das utilizações hidroagrícolas, recursos hídricos e

política ambiental (base VI da Portaria n.º 1473/2007).

A licença de exploração de uma instalação de PCIP e as suas alterações só podem ser emitidas

após a decisão administrativa de licença ambiental que visa garantir a prevenção e o controlo

da poluição, e em que se estabelece as medidas necessárias para evitar, ou se tal não for

possível, reduzir as emissões. A minimização da descarga de água é uma condição sine qua

non para o funcionamento da instalação. Estão explicitamente previstas condições

suplementares, a fim de garantir o cumprimento dos objetivos de qualidade ambiental

(artigo 18.º do DL n.º 173/2008). A utilização dos recursos hídricos por uma instalação de

PCIP pode ser solicitada diretamente pelo operador ao departamento regional da APA, e a

licença é anexada à licença ambiental e deve respeitar o regime jurídico aplicável às

utilizações de água (DL n.º 226-A/2007, com a redação que lhe foi dada) e a Lei da Água

(artigo 26.º do DL n.º 173/2008).

11

Portaria n.º 1473/2007, de 15 de novembro de 2007, que aprova o modelo dos contratos de concessão para a

conservação e exploração de aproveitamentos hidroagrícolas

http://dre.pt/pdf1sdip/2007/11/22000/0850608514.pdf, com a redação que lhe foi dada pela Portaria

n.º 1001/2009, de 8 de setembro de 2009:http://dre.pt/pdf1sdip/2009/09/17400/0611706117.pdf.

13

3.4. Consulta pública, participação das partes interessadas

O ponto seguinte tem em conta que as Autoridades de Região Hidrográfica existiam no

momento em que decorreu o processo de consulta. Ver pontos supra para informação acerca

das mudanças em curso. Os pormenores dos futuros processos de consulta ainda não são

conhecidos em detalhe, embora, de um modo geral, devam alegadamente seguir os requisitos

legais e práticas estabelecidas.

O princípio geral de participação está estabelecido nos termos do artigo 84.º da Lei da Água,

de acordo com o qual o Estado deve, através da Autoridade Nacional da Água e das

Administrações das Regiões Hidrográficas (ARH) (agora integradas na APA), promover a

participação ativa de pessoas singulares e coletivas na elaboração, revisão e atualização dos

PGBH. Esta tarefa é atribuída à Secretaria Regional responsável pelo Ambiente nas Regiões

Autónomas dos Açores e da Madeira. As partes interessadas devem ser envolvidas na

elaboração, revisão e avaliação dos PGBH através do procedimento de discussão pública e de

representação dos utilizadores em órgãos consultivos de gestão da água.

O início do período de discussão pública foi anunciado através de uma nota publicada no

diário oficial português e divulgada nos meios de comunicação social12

. Essa nota inclui as

seguintes informações: (i) período de consulta (que foi fixado em seis meses para cada

PGBH); (ii) âmbito da consulta (projeto do PGBH, incluindo o relatório técnico e o resumo

não técnico para cada bacia hidrográfica; os relatórios ambientais; e resumos não técnicos da

avaliação ambiental estratégica); (iii) sítios Web das autoridades competentes. Após o período

de discussão pública, cada ARH deve avaliar os resultados e preparar a versão final. O PGBH

deve indicar as medidas de informação e consulta pública, incluindo os resultados e as

alterações efetuadas aos planos em conformidade.

Em cada RH, os Conselhos de Região Hidrográfica (CRH) desempenham um papel central no

processo de consulta pública durante a elaboração dos PGBH. São um órgão consultivo das

ARH e também podem receber pedidos e queixas de pessoas singulares e coletivas. Os CRH

incluem representantes de: ministérios; outros organismos da administração pública;

municípios com um interesse direto; organismos representativos dos principais utilizadores

relacionados com a utilização destrutiva e não destrutiva da água na respetiva bacia

hidrográfica — associações de diferentes setores, tais como utilizadores de recursos hídricos,

agricultura, pescas, turismo; organizações técnicas e científicas relacionadas com o ambiente

e recursos hídricos; e organizações não governamentais no domínio do ambiente e recursos

hídricos. A composição e funcionamento dos CRH devem ser estabelecidos no estatuto de

cada ARH em conformidade com as características de cada região hidrográfica13

. A

periodicidade das reuniões deve ser determinada pelo presidente do CRH em conformidade

12

Exemplo do anúncio da ARH do Norte: http://dre.pt/pdf2sdip/2011/10/195000000/4018140182.pdf.

13 Portaria n.º 394/2008, de 5 de junho, que aprova os estatutos da ARH, com a última redação que lhe foi dada

pela Portaria n.º 1311/2010, de 24 de dezembro.

http://dre.pt/pdf1sdip/2008/06/10800/0328603311.pdf

http://dre.pt/pdf1sdip/2010/12/24800/0592005922.pdf

As competências da ARH dos Açores foram aprovadas pelo Decreto Regulamentar Regional n.º 2011/23/A13

que

aprova a estrutura orgânica da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar

http://dre.pt/pdf1sdip/2011/11/22300/0497705006.pdf

As competências da ARH da Madeira foram aprovadas pelo Decreto Legislativo Regional n.º 33/2008/M13

, que

adapta à Região Autónoma da Madeira a Lei n.º 58/2005, de 29 de dezembro, que aprova a Lei de Água, bem

como o DL n.º 77/2006, de 30 de março, que complementa o seu regime jurídico

http://www.dre.pt/pdf1sdip/2008/08/15700/0563705645.PDF

14

com as regras gerais aplicáveis aos organismos coletivos ao abrigo do Código de

Procedimentos Administrativos. O CRH da ARH do Tejo, por exemplo, reuniu três vezes em

2009 e 2010 e duas vezes em 2011 — os relatórios e listas de participantes estão disponíveis

ao público.14

O período de consulta de todos os PGBH portugueses cumpriu com a legislação acima

referida e com a DQA. As informações para a consulta pública foram fornecidas através dos

meios de comunicação social, Internet, material impresso e convites a todas as partes

interessadas. O processo de consulta teve lugar através de reuniões presenciais, consulta por

escrito e propostas em linha. Foram realizados seminários e reuniões com setores relevantes,

bem como seminários para o público em geral.

As partes interessadas envolvidas no processo de consulta incluíram empresas de distribuição

de água, empresas energéticas, agricultores, portos, a indústria pesqueira, outras indústrias,

organismos de conservação, autoridades locais de planeamento, ONG, grupos de

consumidores, universidades e o público em geral.

O impacto do processo de consulta nos planos finais resultou em alterações às medidas e às

informações. Em paralelo, houve também uma avaliação ambiental estratégica com

participação pública.

A documentação existente no que respeita alguns PGBH não permite uma distinção clara

entre o impacto da consulta pública direta nos PGBH e o impacto da AAE.

3.5. Cooperação e coordenação com países terceiros

Portugal possui quatro RH internacionais partilhadas com a Espanha: Minho, Douro, Tejo e

Guadiana. Não foram adotados nem estão a ser desenvolvidos PGBH internacionais. No

entanto, tem havido alguma cooperação entre as administrações hidrográficas homólogas.

A cooperação foi organizada em termos de participação das autoridades espanholas e

portuguesas em reuniões públicas organizadas tanto em Espanha como em Portugal sobre

questões significativas da gestão da água e pela apresentação de observações pelas

autoridades espanholas e portuguesas sobre os respetivos PGBH. Isto verificou-se no caso da

PTRH1 e PTRH3 com o Miño-Sil (ES010) e Duero (ES020); no caso da PTRH5 com o Tajo

(ES030); e no caso da PTRH7 com o Guadiana (ES040).

Além disso, existe um acordo bilateral sobre os recursos hídricos partilhados, salvaguardando

a quantidade e a qualidade da água na fronteira15

: a Convenção de Albufeira, de 1998, revista

em 2008 pela Resolução do Parlamento (Resolução da Assembleia da República) n.º 62/2008.

No âmbito das reuniões bilaterais da Convenção, acordou-se a delimitação das massas de

água e as tipologias dos rios e albufeiras.

Está em vigor uma plataforma de informação e foram efetuados vários estudos conjuntos. No

entanto, até à data, não houve implementação conjunta de PdM em Portugal e Espanha. Em

alguns casos, os PGBH portugueses contêm uma medida geral que se refere à implementação

14

http://www.apambiente.pt/index.php?ref=16&subref=7&sub2ref=757

15 http://snirh.pt/index.php?idMain=6&idItem=1

15

dos respetivos PGBH pelas autoridades espanholas, para que as águas de superfície e

subterrâneas que chegam à fronteira estejam em bom estado ecológico.

Tal como referem as autoridades portuguesas, para o novo ciclo de planeamento (2015-2021),

Portugal e Espanha acordaram, na reunião plenária de dezembro de 2013 da Comissão para a

Aplicação e Desenvolvimento da Convenção de Albufeira (CADC), melhorar a comunicação

e coordenação nas diferentes fases do processo, nomeadamente na:

Atualização da delimitação das massas de água fronteiriças e transfronteiriças;

Atualização dos sistemas de classificação;

Avaliação do estado das massas de água fronteiriças e transfronteiriças;

Definição de objetivos ambientais comuns para massas de água fronteiriças e

transfronteiriças e respetivos prazos de cumprimento;

Harmonização dos PdM;

Definição de elementos comuns para os procedimentos de participação pública de cada

PGBH (por exemplo, resumo não técnico, reuniões públicas conjuntas, etc.);

Coordenação em matéria de pressões e impactos, estado da massa de água e objetivos

iniciais (prevista para outubro de 2014).

3.6. Integração com outros setores

O planeamento da água está sujeito, nomeadamente, ao princípio da integração, em

conformidade com o qual deve ser compatível com outros instrumentos administrativos de

planeamento ao mesmo nível hierárquico nos domínios económico, ambiental e de

ordenamento do território.

O Programa Nacional de Política de Ordenamento do Território (PNPOT), aprovado pela Lei

n.º 58/200716

, prevalece sobre todos os outros instrumentos de ordenamento do território em

vigor, estabelecendo as diretrizes para a elaboração de novos planos setoriais. O PNPOT e o

Plano Nacional da Água devem ser coordenados por forma a assegurar a integração adequada

e a compatibilidade das suas opções políticas. Por outro lado, os planos e programas setoriais

com impactos significativos na água devem integrar os objetivos e medidas previstas nos

instrumentos de planeamento da água. Os instrumentos de planeamento da água são

vinculativos para a administração pública e incluem os planos de desenvolvimento de reservas

hídricas públicas, os planos de gestão das zonas costeiras e os planos de gestão de estuários.

O «Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroelétrico», aprovado em

outubro de 2007, identifica e define prioridades para os investimentos em centrais

hidroelétricas para o período de 2007-2020, a fim de cumprir as metas europeias e nacionais

de energia renovável e alterações climáticas — inclusive após 2020. O objetivo geral do

Governo português é alcançar um total de 7 000 MW de energia hidroelétrica instalada até

2020, com vista à realização dos objetivos da Diretiva 2001/77/CE e da Diretiva 2009/28/CE

(31 % de energia renovável no consumo final de energia). Os PGBH referem-se

16

Lei n.º 58/2007, que aprova o Programa da Política de Ordenamento do Território

http://dre.pt/pdf1sdip/2010/12/24800/0592005922.pdf

16

especificamente a este Programa no que respeita às orientações de política setorial a que o

PGBH deve obedecer. A execução do Programa irá ter um forte impacto nas RH e algumas

massas de água terão de ser reclassificadas, particularmente na PTRH3.

Para além das ligações aos setores acima referidos, o PGBH contém ligações a outros setores

como a conservação da natureza, a agricultura (incluindo o setor da pecuária e silvícola), o

desenvolvimento rural, as questões marítimas, as alterações climáticas, o abastecimento de

água e serviços de tratamento de águas residuais, a gestão dos resíduos sólidos, o turismo e os

transportes.

4. CARACTERIZAÇÃO DAS REGIÕES HIDROGRÁFICAS

4.1. Categorias de água nas RH

Nove das dez RH avaliadas em Portugal contêm rios, lagos, águas de transição e águas

costeiras. Em Portugal continental não existem lagos naturais e as albufeiras são consideradas

lagos fortemente modificados (ver mais adiante). No que se refere à PTRH10 Madeira,

existem apenas rios e águas costeiras e, embora existam águas artificiais (as «levadas»), a

falta de informação impede a sua delimitação e caracterização.

Os Açores (PTRH9) são um arquipélago vulcânico constituído por nove ilhas. Esta

característica explica o elevado número de massas de água costeiras. O PGBH explica

igualmente que, devido às características orográficas e hidrológicas das ilhas, os lagos estão

representados em maior número do que os rios.

As massas de água foram delimitadas de acordo com as orientações do documento de

Estratégia Comum de Aplicação (ECA) «Identificação das Massas de Água» — Documento

de Orientação n.º 2 da ECA da DQA (2003) e Documento de Orientação n.º 4 (Identificação e

Designação de Massas de Água Fortemente Modificada e Massas de Água Artificiais), em

conjugação com um método de agregação que tem em conta características naturais, tais

como a morfologia ou a salinidade e pressões antropogénicas, tais como cargas de fósforo e

azoto e os seus impactos, a carga de matéria orgânica e oxigénio dissolvido.

4.2. Tipologia das águas de superfície

RH Rios Lagos Águas de

transição Costeiras

PTRH1 5 1 1 1

PTRH2 4 1 1 1

PTRH3 6 2 1 2

PTRH4 6 2 1 2

PTRH5 10 3 1 2

PTRH6 4 1 1 2

PTRH7 4 2 1 1

PTRH8 5 1 1 3

PTRH9 1 2 3 3

PTRH10 3 0 0 2

Quadro 4.2.1: Tipos de massas de água de superfície a nível da RH

Fonte: Resumo WISE 2.2.2

17

Todas as massas de água fluviais foram consideradas como tendo um comprimento mínimo

de 2 km e uma bacia de drenagem de 10 km2. Para a categoria «lagos», foi utilizado um limiar

de 0,4 km2 (superfíce) para identificar massas de água. Por conseguinte, não foram

identificadas em Portugal continental massas de água da categoria lago natural; as albufeiras

foram identificadas como massas de água e, posteriormente, identificadas e designadas como

MAFM-Lagos. Como isto não estava em conformidade com a orientação n.º 4 da ECA da

DQA, será alterado no segundo ciclo e as albufeiras serão consideradas como MAFM-Rios

para efeitos de notificação.

Para Portugal continental, os tipos de rios e albufeiras foram definidos utilizando o sistema B

do anexo II da Diretiva-Quadro da Água para estabelecer a tipologia abiótica. Posteriormente,

a tipologia foi verificada em relação a comunidades biológicas para ver se estas estavam em

conformidade com a distribuição dos elementos de qualidade biológica, a fim de assegurar

que a avaliação do estado da água não era influenciada por problemas de tipologia. Foram

efetuados alguns ajustamentos no caso de alguns tipos de rio. O método encontra-se

estabelecido no documento de orientação nacional Critérios para a classificação do estado

das massas de água superficiais — rios e albufeiras publicado em 2009 pelo antigo Instituto

Português da Água.

Para os rios, os elementos biológicos que foram utilizados são os típicos desta categoria de

massa de água, ou seja, invertebrados bentónicos, fitobentos, macrófitos e populações de

peixes. Foram tidos em consideração os dados obtidos a partir de amostragens efetuadas em

pontos de referência nas campanhas de 2004-2005. O processo conduziu à definição de 15

tipos de rios para Portugal continental.

A definição do tipo de albufeiras baseou-se no sistema B, envolvendo a análise estatística

multivariada de 23 variáveis abióticas. O resultado final foi a definição de três grandes tipos:

Norte, Sul e Curso Principal.

Para as águas de transição, o processo de definição de tipologia foi composto por uma

abordagem assente em pareceres de peritos (do topo para a base) e por uma análise de clusters

(da base para o topo), utilizando a ferramenta «Deluxe Integrated System for Clustering

Operations» (DISCO). Com base no documento de orientação «Documento de Orientação

n.º 5 da ECA da DQA» (2003), foram selecionados fatores obrigatórios e facultativos para

massas de água superiores a 1 km2. Na análise pericial, a classificação das águas de transição

foi realizada segundo o sistema B. Uma equipa de peritos nacionais e internacionais chegou a

consenso sobre uma lista de tipos. A análise de clusters incluiu fatores obrigatórios e

facultativos do sistema B. A tipologia final foi alcançada através de uma comparação dos

tipos obtidos com a abordagem de peritos e a análise de clusters. Isto resultou em dois tipos:

A1 — Estuário Mesotidal Estratificado, presente no norte de Portugal, onde o regime

pluviométrico é uniformemente distribuído ao longo dos meses de inverno; e A2 — Estuário

Mesotidal Homogéneo, nas regiões Centro e Sul do país, onde ocorrem episódios intensos de

precipitação dando origem a caudais de rio irregulares.

A definição de tipos de massas de água costeiras foi efetuada utilizando uma metodologia

semelhante à das águas de transição. A definição dos tipos foi feita no âmbito do projeto

«TICOR: Typology and Reference Conditions for Portuguese Transitional and Coastal

Waters» (Tipologia e Condições de Referência para as Águas Costeiras e de Transição

Portuguesas). Através da aplicação do sistema B, foram identificados cinco tipos de águas

costeiras em Portugal continental: duas que correspondem a lagoas costeiras (A3 — Lagoa

18

Mesotidal Semi-Fechada e A4 — Lagoa Mesotidal Pouco Profunda) e três tipos de costa

aberta (A5 — Costa Atlântica Mesotidal Exposta, A6 — Costa Atlântica Mesotidal

Moderadamente Exposta e A7 — Costa Atlântica Mesotidal Abrigada).

Ambas as tipologias de massas de água, costeiras e de transição, foram confrontadas com

informação biológica, utilizando a metodologia descrita em Bettencourt et al., (2004).17

De acordo com os respetivos PGBH, as massas de água dos arquipélagos dos Açores e da

Madeira apresentam características únicas, não permitindo uma comparação com massas de

água continentais ou com os tipos gerais da UE definidos no exercício de intercalibração. Nos

Açores, o sistema A do anexo II da DQA foi aplicado às águas costeiras e de transição e o

sistema B foi aplicado em rios e lagos naturais. Na Madeira, o sistema B foi utilizado para os

rios, sendo o principal parâmetro de diferenciação a precipitação, enquanto o sistema A foi

utilizado para as águas costeiras, sendo o fator de diferenciação a profundidade (200 m).

O PGBH dos Açores refere que, embora fosse lógico estabelecer dois tipos de massa de água

fluvial, em função da altitude e variação das comunidades biológicas, o limiar entre os dois

tipos não pôde ser estabelecido devido à pouca informação disponível (baixo número de

pontos de monitorização). Por conseguinte, só foi tido em consideração um tipo de massa de

água fluvial no PGBH. Para os lagos, definiram-se dois tipos, de acordo com fatores

geográficos e físicos e pressões antropogénicas, e a relativa abundância de comunidades

planctónicas em relação às comunidades costeiras bentónicas (fitobentos e fauna bentónica).

As águas de transição são pequenas lagoas costeiras que recebem água doce principalmente

de águas subterrâneas e constituem ecossistemas únicos. Foram definidos três tipos de águas

de transição: A-T-O/P Águas Oligohalinas com uma salinidade de 0,5-5 %, A-T-M/P Água

Mesohalina com uma salinidade de 5-18 %, e A-T-P/P Água Polihalina com uma salinidade

de 18-30 %. Os três tipos de águas costeiras dependem da profundidade: superficial,

intermédia e profunda. No que diz respeito às águas costeiras e de transição, as tipologias não

foram confrontadas com informação biológica.

A Madeira definiu três tipos de rio de acordo com a localização geográfica, altitude, geologia,

dimensão (bacia de drenagem superior a 1 km2

na Madeira e 0,5 km2

em Porto Santo) e

precipitação. As tipologias não foram cruzadas com as condições ecológicas e químicas.

Foram definidos dois tipos de águas costeiras, utilizando a salinidade, a profundidade e a

ecorregião como parâmetros. O fator de diferenciação dos dois tipos é o nível batimétrico de

200m; os outros dois parâmetros são similares nos dois tipos. O PGBH refere que o nível

batimétrico de 200 m foi utilizado, uma vez que é o limite da zona eutrófica onde se verifica a

maioria dos recursos haliêuticos.

No que diz respeito às condições de referência, o trabalho relativamente a lacunas existentes

na monitorização e desenvolvimento de métodos de avaliação não está concluído em várias

RH de Portugal. O trabalho está mais avançado em Portugal continental. Para os Açores e

Madeira há menos dados e as massas de água são diferentes das do continente e exclusivas

das ilhas. Sempre que possível, a Madeira utilizou os valores de referência dos parâmetros

conforme especificado nos documentos de orientação nacionais. Nos outros casos, os valores

17

Bettencourt, A. M., S. B. Bricker, J. G. Ferreira, A. Franco, J. C. Marques, J. J. Melo, A. Nobre, L. Ramos, C.

S. Reis, F. Salas, M. C. Silva, T. Simas, W. J. Wolff (2004). Typology and Reference Conditions for Portuguese

Transitional and Coastal Waters Development of Guidelines for the Application of the European Union Water

Framework Directive. Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente, Instituto da Água, I.P., e

IPIMAR. 98 pp.

19

de referência foram obtidos recorrendo a pareceres de peritos, resultados de diferentes estudos

e metodologias ad hoc. Todavia, muito do trabalho relativo à definição de condições de

referência ainda está por fazer.

4.3. Delimitação das massas de água de superfície

Foi definido um limiar de dimensão mínima para cada categoria de águas de superfície. A

maior parte da delimitação das massas de água baseou-se na Orientação n.º 2 da ECA da UE,

mas existem algumas exceções. Para os rios, o limiar foi fixado numa bacia hidrográfica de

10 km2 em Portugal continental e nos Açores, mas de 1 km

2 na ilha da Madeira. Todas as

albufeiras com uma superfície superior a 0,4 km2 foram consideradas MAFM-Lagos, para

além de algumas albufeiras com uma superfície mais pequena, utilizadas para abastecimento

de água. Nos Açores, foi considerada uma área de superfície mínima entre 0,01-0,5 km2.

Pequenas massas de água com o mesmo tipo e estado foram incorporadas em massas de água

adjacentes. Depois disso, com base na análise pericial, as massas de água foram

iterativamente agrupadas de forma a obter-se um número mínimo de massas de água para o

qual é possível estabelecer claramente os objetivos de qualidade ambiental. Para as águas

costeiras e de transição, a tipologia descrita em Bettencourt et al. (2004)18

não tem em conta a

existência de massas de água pequenas. No entanto, a dimensão mínima das massas de água

consideradas é de 1 km2. Nos segundos PGBH, a delimitação das massas de água será revista

em todas as RH, de modo a ter em conta a melhoria dos dados sobre pressões

hidromorfológicas e as massas de água mais pequenas, se for caso disso.

RH

Águas de superfície Água subterrâneas

Rios Lagos Águas de transição Costeiras

Número Comprimento

Médio (km) Número

Superfície

Média

(km²)

Número

Superfície

Média

(km²)

Número

Superfície

Média

(km²)

Número

Superfície

Média

(km²)19

PTRH1 56 9 3 5 10 4 2 29 2 1 203

PTRH2 69 10 7 6 6 1 1 222 4 840

PTRH3 361 14 17 5 3 2 2 181 3 6 274

PTRH4 236 16 9 3 10 13 8 387 30 510

PTRH5 395 17 24 6 4 92 2 191 12 2 236

PTRH6 195 11 19 5 9 24 3 688 8 1 050

PTRH7 222 14 16 20 5 7 2 9 9 1 300

PTRH8 64 14 3 2 3 3 10 176 23 163

PTRH9 13 63* 24 0 3 0 27 286 54 43

PTRH10 94 6 - - - - 8 181 4 196

Total 1 705 17,4 122 6 53 16 65 235 149 13 815

Quadro 4.3.1: Massas de água de superfície, massas de água subterrânea e as suas dimensões

Fonte: WISE (Resumo 2.2.1.1 e 2.3.1.1 para cada RH)

* Na PTRH9, foram considerados todos os cursos de água no interior da bacia hidrográfica ao proceder ao

cálculo do comprimento total das massas de água.

Na PTRH7, a grande dimensão dos lagos (albufeiras) deve-se à albufeira de Alqueva, a maior

da Europa. No âmbito do primeiro PGBH, esta albufeira foi considerada uma massa de água

18

Ibidem. 17 19

Dados fornecidos pelas autoridades portuguesas após ter sido efetuada a avaliação dos PGBH.

20

porque não existiam dados suficientes disponíveis para a dividir em várias massas de água.

Esta situação será alterada no segundo PGBH.

Na PTRH5, a grande dimensão das águas de transição deve-se ao estuário do Tejo, um dos

maiores estuários de Portugal.

4.4. Identificação de impactos e pressões significativas

A metodologia utilizada para a identificação de pressões significativas segue, geralmente,

uma abordagem nacional sobre as pressões a considerar (Decreto-Lei n.º 77/2006). No

entanto, os poucos dados sobre pressões, nomeadamente nos inventários de fontes tópicas de

poluição, captação de água e pressões hidromorfológicas afetam os resultados. A metodologia

para avaliar as pressões significativas inclui uma combinação de instrumentos numéricos e

pareceres de peritos com base nas informações existentes, que varia entre RH. Refere-se que

as pressões significativas são as que produzem um impacto nas massas de água que provoca o

incumprimento de, pelo menos, um dos critérios estabelecidos para a classificação do

Estado/Potencial Ecológico e Estado Químico e que, por conseguinte, contribuem mais para

um estado inferior ao nível «Bom». Os PGBH não fornecem informações sobre todos os

valores numéricos utilizados e para alguns tipos de pressões (por exemplo,

hidromorfológicas), RH diferentes utilizam critérios diferentes.

No que se refere às pressões hidromorfológicas, a decisão acerca do que é significativo é

tomada ao nível da RH, mas a lógica subjacente não é explicada. Foram desenvolvidas

orientações nacionais para avaliar os impactos e pressões hidromorfológicas, mas são amplas

e as regras utilizadas para avaliar a importância não são claras. Além disso, o nível de

informações existentes não era o mesmo em cada RH e, por conseguinte, as RH escolheram

alguns dos impactos (mas nunca todos) com base em pareceres de peritos e em informações

limitadas. Por exemplo, na PTRH3, as pressões hidromorfológicas são moderadas se existir,

pelo menos, uma barragem com uma parede de 5 m, ou a pressão é considerada significativa

se pelo menos uma das barragens não tiver passagem de peixes. No entanto, na PTRH7, se

uma massa de água tiver uma barragem com uma parede de 2 m, considera-se que existe uma

pressão significativa. O mesmo se verifica quanto à extensão de um troço de rio regulado; na

PTRH7, a existência de um troço regulado igual ou superior a 500 m é significativa; no caso

da PTRH3 é significativa se os 500 m forem delimitados por paredes verticais ou se o leito for

impermeável.

Na PTRH9 existem algumas pressões hidromorfológicas significativas, nomeadamente em

duas massas de água com paredes de barragem de 3 m (uma das quais é uma cascata de

barragens). No entanto, não foi definida nenhuma MAFM. Na PTRH10 Madeira, 27 das 97

regulações de caudais de rios foram consideradas pressões significativas (uma vez que têm

uma extensão superior a 500 m) e considerou-se que duas barragens impõem pressões

significativas, dado que a sua parede é superior a 2 m (estes dados estão incluídos como

gestão fluvial no quadro 4.4.1). No entanto, não foram definidas MAFM na Madeira. A não

definição de MAFM pode estar relacionada com a falta de dados, mas não se encontram

explicações adicionais nos PGBH.

A regulação de caudais foi avaliada por meio de um parecer de perito, juntamente com mapas

do SIG (sistema de informação geográfica) e conjuntos de dados sobre pressão, incluindo o

River Habitat Survey e os respetivos indicadores (Habitat Modification Score).

Para a captação de água, foram tidos em conta o regime elevado de utilizações, as licenças e

estimativas de utilização para fins pessoais. As RH reconhecem que o inventário de captação

21

de água está incompleto em termos de número de captações e suas características, como

consequência dos dados disponíveis na altura da elaboração dos primeiros PGBH. Entretanto,

verificou-se uma melhoria dos procedimentos de concessão de licenças e espera-se que estes

dados melhorem nos segundos PGBH.

Foram utilizados dados comunicados de fontes tópicas para avaliar a pressão relativa à

poluição. Nos casos em que não havia dados, foram considerados coeficientes ligados à

produção do município. Para os portos, realizou-se uma análise qualitativa. Em zonas

protegidas, «significativa» significa que as fontes tópicas impedem que se alcance as normas

de qualidade da legislação específica. Para as fontes tópicas, os valores da licença de descarga

foram convertidos em valores de carga para diversas substâncias e as concentrações foram

comparadas com as normas relevantes para identificar riscos no que se refere ao cumprimento

da DQA. Para as fontes difusas foram utilizadas informações sobre a ocupação e utilização do

solo, dados do recenseamento agrícola e classificação da qualidade da água para fornecer uma

categoria de risco.

A análise mostra que todas as pressões existentes foram abrangidas de forma desigual pelas

diferentes RH sem critérios harmonizados. A Autoridade Nacional da Água comprometeu-se

a abordar esta questão na atualização da análise exigida nos termos do artigo 5.º da DQA.

O gráfico seguinte indica as pressões significativas observadas em Portugal. Existe alguma

variação regional. Dada a diferença no número de massas de água em cada RH, é conveniente

examinar a proporção de RH afetadas.

22

RH

Sem

pressões

Fontes

tópicas

Fontes

difusas

Captação de

água

Regulações de

caudais e

alterações

morfológicas

Gestão

fluvial

Gestão de águas

costeiras e de

transição

Outras

alterações

morfológicas

Outras

pressões

N.º % N.º % N.º % N.º % Não % N.º % N.º % N.º % N.º %

PTRH1 52 73 1 1,41 10 14 0 0 12 17 0 0 0 0 0 0 5 7,04

PTRH2 61 73 9 10,84 17 20 0 0 11 13 0 0 0 0 0 0 1 1,2

PTRH3 265 69 17 4,44 103 27 0 0 80 21 0 0 0 0 0 0 24 6,27

PTRH4 174 66 52 19,77 62 24 0 0 26 10 0 0 0 0 0 0 10 3,8

PTRH5 217 51 138 32,47 208 49 3 0,7 76 18 10 2,35 0 0 0 0 0 0

PTRH6 31 14 132 58,41 183 81 9 4 77 34 1 0,44 7 3,1 0 0 0 0

PTRH7 16 7 138 56,33 209 85 6 2,5 155 63 0 0 2 0,82 0 0 0 0

PTRH8 3 4 34 42,5 76 95 4 5 58 73 1 1,3 4 5 1 1,25 0 0

PTRH9 42 63 0 0 19 28 1 1,5 4 6 3 4,5 0 0 2 2,99 0 0

PTRH10 63 62 7 7 10 10 3 3 0 0 28 27 0 0 0 0 0 0

Total 924 48 521 27 887 46 23 1,2 499 26 15 0,8 13 0,7 3 0,2 40 2,1

Quadro 4.4.1: Número e percentagem de massas de água de superfície afetadas por pressões significativas

Fonte: WISE SWB_PRESSURE

23

Figura 4.4.1: Gráfico da percentagem de massas de água de superfície afetadas por pressões significativas

1 = Sem pressões

2 = Fontes tópicas

3 = Fontes difusas

4 = Captação de água

5 = Regulações de caudais e alterações morfológicas

6 = Gestão fluvial

7 = Gestão de águas costeiras e de transição

8 = Outras alterações morfológicas

9 = Outras pressões

Fonte: WISE SWB_PRESSURE (a PTRH10 não consta do Relatório WISE SWB_PRESSURE. Por

conseguinte, os dados foram extraídos diretamente da base de dados do sistema WISE)

Os setores que mais contribuem para a poluição química incluem: estações de tratamento de

águas residuais (ETAR) e a agricultura, incluindo a pecuária, nomeadamente a suinicultura.

Em algumas RH, as minas abandonadas ou zonas industriais que necessitam de reabilitação

ambiental também constituem pressões.

As fontes tópicas e difusas de poluição são consideradas pressões mais fortes no sul de

Portugal. Nos Açores, as fontes tópicas de poluição não são consideradas uma pressão. No

entanto, analisando o número de massas de água afetadas, é evidente que a PTRH3 e a

PTRH5 são afetadas pela poluição proveniente de fontes difusas. A PTRH5 tem igualmente

um grande número de massas de água afetadas por fontes tópicas de poluição, como é de

esperar devido à indústria e suinicultura existentes, bem como às aglomerações humanas. As

regulações de caudais e as alterações morfológicas são consideradas pressões significativas

nas bacias hidrográficas do Douro (PTRH3) e do Tejo (PTRH5) devido às barragens

hidroelétricas. Do mesmo modo, as barragens são pressões significativas na PTRH7, devido

ao sistema Alqueva-Pedrógão e a uma barragem a montante em Espanha, e no sul de Portugal,

no Alentejo (PTRH6) e no Algarve (PTRH8), devido à escassez de água e às barragens e

reservatórios necessários para a agricultura e consumo humano. Para os Açores, as grandes

pressões estão relacionadas com a poluição proveniente de fontes difusas (28 %). O nível de

pressões significativas relacionadas com a captação de água é surpreendentemente baixo. De

acordo com a autoridade portuguesa da água, o inventário da captação de água está

incompleto em termos do número de captações e suas características, como consequência dos

24

dados disponíveis na altura da elaboração dos primeiros PGBH. Com as melhorias

introduzidas nos processos de licenciamento, espera-se que os dados melhorem nos segundos

PGBH.

4.5. Zonas protegidas

Os quadros seguintes identificam as zonas protegidas no âmbito da aplicação da Diretiva-

Quadro da Água em Portugal. O quadro 4.5.1 resulta de uma fonte diferente da dos quadros

subsequentes e existem algumas diferenças. Os quadros a partir do quadro 4.5.2 foram

fornecidos pelas autoridades portuguesas da água e não incluem a Madeira.

RH

Número de ZP

Art

igo

7.º

Ca

pta

ção

de

ág

ua

po

táv

el

Ba

lnea

res

Av

es

Ou

tra

s

euro

pei

as

Pei

xe

Ha

bit

ats

Lo

cal

Na

cio

na

l

Nit

rato

s

Mo

lusc

os

TA

RU

PTRH1 33 15 2 7 6

PTRH2 35 46 1 11 2 1

PTRH3 79 46 5 9 13 4

PTRH4 56 106 5 22 14 2 2

PTRH5 43 57 9 19 16 2 2

PTRH6 23 33 10 5 8 2

PTRH7 52 4 11 6 7 2 1

PTRH8 18 103 4 2 8 2 1

PTRH9 193 52 15 22 78 8 34

PTRH10 164 31 4 3 11 5

Total 696 493 66 3 81 107 78 5 17 34 12

Quadro 4.5.1: Número de zonas protegidas, de todos os tipos, em cada RH e para todo o país, para as águas

subterrâneas e de superfície20

Fonte: WISE (PA_NB) e PGBH da PTRH9 e PTRH10

20

Esta informação corresponde à comunicação das zonas protegidas no âmbito da DQA. Mais/outras

informações podem ter sido comunicadas no âmbito das obrigações de outras diretivas.

25

MASb: Número de Zonas

Protegidas

Número de MASb com Zonas

Protegidas

RH

Artigo 7.º

Captação

de água

potável

Nitratos RH

Artigo 7.º

Captação

de água

potável

Nitratos

PTRH1 25 0 PTRH1 2 0

PTRH2 23 1 PTRH2 2 1

PTRH3 29 0 PTRH3 1 0

PTRH4 25 2 PTRH4 25 2

PTRH5 12 2 PTRH5 12 3

PTRH6 19 0 PTRH6 6 0

PTRH7 43 2 PTRH7 3 3

PTRH8 16 2 PTRH8 1 5

PTRH9 207 0 PTRH9 39 0

Total 399 9 Total 91 14

Quadro 4.5.2: Número de zonas protegidas em massas de água subterrâneas em cada RH e número de massas

de água subterrâneas com zonas protegidas

Fonte: Informações adicionais fornecidas pelas autoridades portuguesas após avaliação dos PGBH.

MASp: Número de Zonas Protegidas

RH

Artigo 7.º

Captação

de água

potável

Balneares Aves Outras

europeias Peixe Habitats Local Nitratos Moluscos

PTRH1 8 15 19 0 15 41 0 0 0

PTRH2 12 46 4 0 25 21 0 0 0

PTRH3 50 46 92 4 24 146 0 0 0

PTRH4 31 106 20 3 61 54 0 0 0

PTRH5 31 57 42 0 76 88 0 0 0

PTRH6 4 33 33 2 28 74 0 0 0

PTRH7 9 4 81 1 22 85 0 0 0

PTRH8 2 103 37 1 9 53 0 0 0

PTRH9 3 51 24 0 42 125 13 79

Total 150 461 352 11 260 604 125 13 79

Quadro 4.5.3: Número de zonas protegidas em massas de água de superfície em cada RH

Fonte: Informações complementares apresentadas pelas autoridades portuguesas

26

Número de MASp com Zonas Protegidas

RH

Artigo 7.º

Captação

de água

potável

Balneares Aves Outras

europeias Peixe Habitats Local Nitratos Moluscos

PTRH1 6 5 19 0 15 39 0 0 0

PTRH2 9 6 4 0 24 21 0 0 0

PTRH3 43 14 91 4 22 137 0 0 0

PTRH4 21 26 20 3 53 51 0 0 0

PTRH5 26 19 42 0 69 86 0 0 0

PTRH6 4 4 31 2 28 72 0 0 0

PTRH7 9 3 76 1 22 84 0 0 0

PTRH8 2 9 35 1 9 45 0 0 0

PTRH9 3 13 19 0 0 31 38 13 25

Total 123 99 337 11 242 566 38 13 25

Quadro 4.5.4: Número de massas de água de superfície com zonas protegidas em cada RH

Fonte: Informações complementares apresentadas pelas autoridades portuguesas

Em Portugal continental, as zonas de produção de bivalves não foram designadas como zonas

protegidas. Tal deve-se ao facto de Portugal considerar que só podem ser classificadas como

consequência direta da aplicação da Diretiva 79/923/CE. No entanto, foram considerados

condicionalismos específicos associados na aplicação de outras Diretivas, incluindo a Diretiva

Tratamento de Águas Residuais Urbanas e a concessão de licenças de descargas de águas

residuais. Nos segundos PGBH, as zonas identificadas para produção de moluscos (Despacho

n.º 15264/2013, 2ª série, n.º 227, de 22 de novembro de 2013) serão classificadas como zonas

protegidas.

27

5. MONITORIZAÇÃO

5.1. Descrição geral da rede de monitorização.

0 100 200

km

Madeira (PT)

Azores (PT)

0 100 200 km

0 50 100 km

PTRH3

PTRH4

PTRH5

PTRH6

PTRH7

PTRH8

PTRH1

PTRH2

PTRH9

PTRH10

Atlantic Ocean

0 100 200

km

Madeira (PT)

Azores (PT)

0 100 200 km

0 50 100 km

PTRH3

PTRH4

PTRH5

PTRH6

PTRH7

PTRH8

PTRH1

PTRH2

PTRH9

PTRH10

Atlantic Ocean

Figura 5.1: Mapas das águas de superfície (à esquerda) e das estações de monitorização de águas subterrâneas (à

direita).

• Estações de monitorização de rios

• Estações de monitorização de lagos

• Estações de monitorização de águas de transição

• Estações de monitorização de águas costeiras

• Estações de monitorização de águas de superfície não classificadas

• Estações de monitorização de águas subterrâneas

Regiões Hidrográficas

Países exteriores à UE

Fonte: WISE, Eurostat (fronteiras do país)

Os PGBH não revelam progressos em comparação com o relatório de implementação de

2009. As redes de monitorização em diversas RH não são consideradas representativas, e os

PdM de todas as RH incluem medidas destinadas a reforçar a rede de monitorização.

28

RH

Rios Lagos

EQ

1.1

Fit

op

lân

cton

EQ

1.2

Ou

tra f

lora

aq

uáti

ca

EQ

1.2

.3 M

acr

ófi

tos

EQ

1.2

.4 F

itob

ento

s

EQ

1.3

In

ver

teb

rad

os

Ben

tón

icos

EQ

1.4

Pei

xes

EQ

1.5

Ou

tras

esp

écie

s

EQ

2 E

Q

Hid

rom

orf

oló

gic

os

EQ

3.1

Parâ

met

ros

Ger

ais

E

Q3.3

Polu

ente

s

Esp

ecíf

icos

Não

Pri

ori

tári

os

EQ

3.4

Ou

tros

Polu

ente

s

Naci

on

ais

EQ

1.1

Fit

op

lân

cton

EQ

1.2

Ou

tra f

lora

aq

uáti

ca

EQ

1.2

.3 M

acr

ófi

tos

EQ

1.2

.4 F

ito

ben

tos

EQ

1.3

In

ver

teb

rad

os

Ben

tón

icos

EQ

1.4

Pei

xes

EQ

1.5

Ou

tras

esp

écie

s

EQ

2 E

Q

Hid

rom

orf

oló

gic

os

EQ

3.1

Parâ

met

ros

Ger

ais

E

Q3.3

Polu

ente

s

Esp

ecíf

icos

Não

Pri

ori

tári

os

EQ

3.4

Ou

tros

Polu

ente

s

Naci

on

ais

PTRH1 - - - -

PTRH2 - - - -

PTRH3 - - - -

PTRH4 - - - -

PTRH5 - - - -

PTRH6 - - - -

PTRH7 - - - -

PTRH8 - - - -

PTRH9 - - - - - - - -

PTRH10 - - - - - - - - - - - -

29

RH

Águas de transição Costeiras

EQ

1.1

Fit

op

lân

cton

EQ

1.2

Ou

tra f

lora

aq

uáti

ca

EQ

1.2

.1 M

icro

alg

as

EQ

1.2

.2 A

ngio

spér

mic

as

EQ

1.3

In

ver

teb

rad

os

Ben

tón

icos

EQ

1.4

Pei

xes

EQ

1.5

Ou

tras

esp

écie

s

EQ

2 E

Q

Hid

rom

orf

oló

gic

os

EQ

3.1

Parâ

met

ros

Ger

ais

E

Q3.3

Polu

ente

s

Esp

ecíf

icos

Não

Pri

ori

tári

os

EQ

3.4

Ou

tros

Polu

ente

s

Naci

on

ais

EQ

1.1

Fit

op

lân

cton

EQ

1.2

Ou

tra f

lora

aq

uáti

ca

EQ

1.2

.1 M

icro

alg

as

EQ

1.2

.2 A

ngio

spér

mic

as

EQ

1.3

In

ver

teb

rad

os

Ben

tón

icos

EQ

1.4

Pei

xes

EQ

1.5

Ou

tras

esp

écie

s

EQ

2 E

Q

Hid

rom

orf

oló

gic

os

EQ

3.1

Parâ

met

ros

Ger

ais

E

Q3.3

Polu

ente

s

Esp

ecíf

icos

Não

Pri

ori

tári

os

EQ

3.4

Ou

tros

Polu

ente

s

Naci

on

ais

PTRH1 - - - - -

PTRH2 - - - - -

PTRH3 - - - - -

PTRH4 - - - - -

PTRH5 - - - - -

PTRH6 - - - - -

PTRH7 - - - - -

PTRH8 - - - - -

PTRH9 - - - - -

PTRH10 - - - - - - - - - - - -

Quadro 5.1: Elementos de qualidade monitorizados

EQ Monitorizados

EQ Não monitorizados

- Não é relevante

Fonte: WISE 4.1.7 e 4.1.8

30

RH Rios Lagos

Águas de

transição Costeiras Água subterrâneas

V Op V Op V Op V Op V Op Quant

PTRH1 19 7 1 0 1 0 0 0 6 0 4

PTRH2 16 23 6 2 7 0 1 0 9 23 8

PTRH3 58 62 4 12 3 0 1 0 12 0 10

PTRH4 65 62 4 5 9 0 3 2 117 57 86

PTRH5 83 84 10 14 3 5 1 2 222 52 163

PTRH6 21 31 2 7 9 0 3 0 20 0 8

PTRH7 16 41 3 9 4 0 1 0 30 52 26

PTRH8 20 12 3 0 3 0 2 0 59 31 115

PTRH9 23 0 23 15 3 0 42 0 100 0 -

PTRH10 22 0 - - - - 0 0 - - -

Total por tipo de

sítio 343 322 56 64 42 5 54 4 575 215 420

Número total de

estações de

monitorização21

665 120 47 58 1 117

Quadro 5.2: Número de estações de monitorização por categoria de água.

V = Vigilância, Op = Operacional, Quant = Quantitativa

Fonte: Autoridade Nacional da Água portuguesa (junho de 2014) e PGBH da Madeira (PTRH10)

21

O número total de estações de monitorização pode diferir da soma das estações de monitorização por tipo, dado que algumas estações são utilizadas para mais do que uma

finalidade.

31

5.2. Monitorização das águas de superfície

Em Portugal, existem cerca de 500 estações de monitorização de vigilância e 400 estações de

monitorização operacional. Contudo, existem ainda cerca de 1100 massas de água de

superfície sem qualquer monitorização. A duração das séries cronológicas varia entre estações

e alguns parâmetros são medidos apenas num número limitado de estações e não são

registados no programa de monitorização do primeiro ciclo (apesar de os dados serem

recolhidos). A Madeira (PTRH10) é o caso mais grave, uma vez que apenas 22 massas de

água fluviais são monitorizadas e apenas em relação a parâmetros gerais.

Para a monitorização de vigilância, a DQA exige a avaliação de todos os elementos de

qualidade que sejam relevantes para a respetiva categoria de água.

Portugal continental

Os parâmetros e a frequência da monitorização da rede de monitorização de vigilância e

operacional de águas de superfície e do estado quantitativo e químico das águas subterrâneas

estão definidos nos anexos VI e VII do Decreto-Lei n.º 77/2006, de 30 de março de 2006, que

complementa a transposição da DQA. Nas situações em que as estações de monitorização

preenchem, simultaneamente, os critérios das redes de monitorização de vigilância e de

monitorização operacional, foi decidido integrá-las no programa operacional, desde que se

considere que as massas de água estão em risco. Assim que as massas de água alcançarem um

estado ou um potencial ecológico de nível «bom» serão integradas na rede de vigilância. Não

existe nenhum programa de monitorização internacional em vigor para as águas de superfície

das RH internacionais.

O conhecimento limitado sobre massas de água de transição conduziu à adoção de um

programa de monitorização de vigilância que é mais exigente do que o programa operacional.

As estações foram selecionadas de acordo com os seguintes critérios: a) todas as massas de

água cuja tipologia não estava abrangida pelo exercício de intercalibração, com vista a validar

as fronteiras das classes do estado biológico dos parâmetros definidos e a confirmar o estado

ecológico e químico22

; b) todas as massas de água classificadas como estando em dúvida ou

em risco no âmbito dos sistemas do exercício de intercalibração, a fim de confirmar o grau de

risco; c) representatividade da água; d) pontos de transição para as águas costeiras. A análise

de risco sobre o estado químico foi atualizada com base no projeto de Diretiva relativa a

Normas de Qualidade Ambiental e com base em novos dados de monitorização.

Relativamente às águas costeiras, a seleção das estações seguiu os mesmos critérios aplicados

às águas de transição. Os locais foram selecionados de modo a: i) permitir uma avaliação

global do estado da qualidade ecológica e química; ii) detetar pressões significativas para a

definição de programas de medidas; iii) detetar alterações temporais no estado ecológico e

químico devido a fatores naturais ou antropogénicos; iv) verificar o cumprimento do estado

da qualidade com a legislação nacional e determinada legislação da UE (Diretivas da UE); e

v) trocar informações no interior da UE.

No que diz respeito aos elementos de qualidade biológica dos rios, a monitorização de

vigilância não inclui o fitoplâncton uma vez que a grande variabilidade das condições naturais

dos rios mediterrânicos não permite a criação de comunidades estáveis de fitoplâncton nos

22

Muitas massas de água de transição das diferentes RH estão apenas provisoriamente classificadas até serem

desenvolvidos métodos de avaliação e definidas condições de referência.

32

rios portugueses. Por conseguinte, Portugal considera que não é possível ou adequado utilizar

este elemento de qualidade biológica para avaliar o estado das massas de água na maioria dos

rios portugueses. Nas albufeiras a monitorização de vigilância exclui os macrófitos, os

fitobentos e os invertebrados bentónicos. De acordo com os PGBH, isto acontece porque os

macrófitos e fitobentos são limitados em termos de abundância e diversidade nas albufeiras, e

as comunidades de invertebrados bentónicos na margem não são representativas da situação

das massas de água.

Um aspeto crucial da monitorização operacional diz respeito à seleção do(s) elemento(s) de

qualidade biológica considerado(s) mais sensível(eis) à pressão. Para os rios, onde as pressões

orgânicas e os nutrientes são as pressões mais importantes, os invertebrados bentónicos são

monitorizados todas a primaveras, e os elementos físico-químicos de apoio e os poluentes

específicos são monitorizados de três em três meses. Sempre que as massas de água também

estão sujeitas a pressões hidromorfológicas importantes (bem como às duas pressões acima

referidas), os invertebrados bentónicos e a fauna piscícola são monitorizados em conjunto

com os elementos hidromorfológicos de apoio. Para as albufeiras, considerou-se que a

poluição orgânica e os nutrientes foram as pressões mais significativas e, assim, o

fitoplâncton e os elementos físico-químicos de apoio são monitorizados. Além disso, no que

diz respeito aos elementos de qualidade hidromorfológica, e tendo em conta a natureza

importante do tempo de residência, foi decidido monitorizar também o regime hidrológico.

São monitorizados poluentes específicos quando se espera que sejam descarregados em

quantidades significativas. As estações de monitorização estão situadas onde se sabe que

ocorreram concentrações de substâncias prioritárias mais elevadas do que as normas de

qualidade incluídas na proposta de Diretiva relativa a normas de qualidade ambiental.

De acordo com a Autoridade Nacional da Água (junho de 2014), as redes de monitorização

foram renovadas e atualizadas a fim de colmatar algumas das lacunas identificadas no

primeiro ciclo de planos. Esta revisão manteve os programas de monitorização de todos os

elementos da DQA e incluiu massas de água que ainda não tinham sido monitorizadas. As

principais limitações continuam a ser os recursos humanos e financeiros para colmatar as

lacunas nas redes de monitorização, em termos de cobertura das massas de água de superfície

e inclusão de todos os elementos de qualidade biológica, físico-química e hidromorfológica.

Recentemente, foram aprovados recursos financeiros para efetuar os programas de

monitorização previstos e foi assinado um novo contrato de prestação de serviços por forma a

assegurar que a nova rede de monitorização estará operacional a partir de 2015.

Açores

O PGBH da PTRH9 refere que, em geral, a rede de monitorização é insuficiente para

responder aos requisitos legais e técnicos para uma avaliação adequada do estado ecológico e

químico das massas de água de superfície.

A rede operacional nos Açores destina-se a avaliar a propagação de cianobactérias e a

concentração das suas toxinas. A rede abrange 15 massas de água da categoria lago. A

monitorização operacional é efetuada nas mesmas estações que a monitorização de vigilância,

onde as toxinas das cianobactérias são medidas a cada 3 meses. Não existe nenhuma

monitorização de investigação nos Açores.

Madeira

33

A monitorização de vigilância ocorre apenas em 19 % das massas de água da Madeira,

embora abranja 67 % das RH. Só são monitorizados os elementos físico-químicos (exceto os

fosfatos). Não existe qualquer rede de monitorização operacional, nem existe uma rede de

monitorização para as águas costeiras.

5.3. Monitorização de águas subterrâneas

As redes de monitorização baseiam-se nas redes existentes do antigo Instituto Nacional da

Água, ou da Direção Regional do Ambiente dos Açores, anteriores à Diretiva-Quadro da

Água. Portanto, o seu planeamento seguiu uma metodologia comum. Para a maior parte das

RH, a rede de monitorização não é considerada representativa (tal como indicado nos PGBH).

Foi estabelecido um programa de monitorização quantitativa de águas subterrâneas em todas

as RH de Portugal continental. Na PTRH9 (Açores) não existe qualquer rede de

monitorização quantitativa.

Na PTRH10 (Madeira) não existe qualquer rede de monitorização de águas subterrâneas

(quantitativa ou qualitativa), e os níveis dos parâmetros piezométricos e de qualidade são

monitorizados apenas pela empresa regional de abastecimento de água (uma empresa pública

cujos acionistas são o Governo Regional da Madeira e os municípios) nas zonas de captação.

Esta monitorização ocorre em zonas protegidas de captação de água para consumo humano.

A monitorização do estado químico das águas subterrâneas foi concebida de modo a poder

detetar tendências de aumento significativo e persistente, em especial no que respeita os

nitratos. Este é considerado o parâmetro mais problemático. Nos Açores existe uma rede de

vigilância qualitativa, mas os pesticidas não são monitorizados. 32 das 34 massas de água

monitorizadas têm um índice representativo inferior a 80 %.

Em algumas RH, só estão em vigor programas de monitorização operacional para as massas

de água consideradas em risco. O parâmetro habitualmente monitorizado são os nitratos.

Algumas RH não possuem massas de água consideradas em risco.

Não está em vigor nenhum programa de monitorização internacional para águas subterrâneas.

De facto, as formações geológicas na fronteira de Portugal e Espanha consistem

essencialmente em formações ígneas e metamórficas, que correspondem a meios fraturados

com baixas condutividades hidráulicas e rendimentos reduzidos. O caudal médio de

exploração neste tipo de rocha não excede, geralmente, o limite de 1 l/s, criando aquíferos

apenas com importância a nível local. Nestas circunstâncias, não foram identificadas massas

de água subterrâneas transfronteiriças entre Portugal e Espanha.

Portugal reconheceu a necessidade de aumentar a densidade das estações de monitorização a

fim de melhorar a avaliação química e quantitativa das massas de água subterrâneas, bem

como de manter a frequência e a continuidade dos locais de amostragem. Isto está, no entanto,

sujeito à disponibilidade de recursos financeiros. Para os segundos PGBH, Portugal tenciona

proceder à avaliação da inversão das tendências das massas de água subterrâneas identificadas

nos primeiros PGBH como tendo um estado químico medíocre.

34

5.4. Monitorização de zonas protegidas

0 100 200

km

Madeira (PT)

Azores (PT)

0 100 200 km

0 50 100 km

PTRH3

PTRH4

PTRH5

PTRH6

PTRH7

PTRH8

PTRH1

PTRH2

PTRH9

PTRH10

Atlantic Ocean

Figura 5.2: Mapa das estações de monitorização para zonas protegidas

Fonte: Base de dados WISE

A rede de monitorização específica para as zonas protegidas não foi comunicada ao WISE, e

só é possível termos uma ideia acerca dela nos PGBH.

35

RH

Águas de superfície Água

potável

de águas

subterrâ

neas

Captação

de água

potável de

águas de

superfície

Qualidad

e da

água

potável

Águas

balneares

Zonas

ornitoló

gicas

Peix

e

Zonas de

habitats

Nitratos23

Molus

cos TARU

PTRH1 11 11 15 5 6 5+18 2+6 - 6

PTRH2 13 13 46 1 16 1+10 22

(MASb) 7 9

PTRH3 50 50 47 32 9 40+30 724

(MASb) 7+9 9 12

PTRH4 38 38 106 16 23 16 4(MASb) 21 8 44

PTRH5 26 26 57 27 20 53 2

(MASb) 35 10 88

PTRH6 6 6 36 13 6 40 4

(MASb) 5 5 16

PTRH7 9 9 6 27 8 45 1

(MASb) 6 8 13

PTRH8 3 3 103 16 3 25 3

(MASb) 2 2 1

PTRH9 2 2 53 18 15 98

PTRH10 - 31 27

Total 158 158 392 27 91 283

15

(MASp)

43

(MASb)

93 49 314

Quadro 5.3: Número de estações de monitorização em zonas protegidas25

.

Legenda: monitorização de vigilância + operacional

Fonte: PGBH, e Autoridade Nacional da Água portuguesa após avaliação dos PGBH. Os dados fornecidos no

WISE não estão corretos.

No que respeita a zonas protegidas designadas para a captação de água destinada ao consumo

humano, ainda está em curso o processo de definição do seu perímetro de proteção. Estes

perímetros devem ser promulgados por um instrumento jurídico. Em consequência, muitos

dos pontos de monitorização referidos no quadro supra são para monitorização de água

potável e não necessariamente para zonas protegidas de água potável.

De acordo com a Autoridade Nacional da Água portuguesa:

«Zonas designadas para a proteção de espécies aquáticas de interesse económico» — essas

zonas são designadas pela Diretiva Peixes de Água Doce (Diretiva 2006/44/CE). Até 2013,

estas áreas foram monitorizadas em conformidade com a Diretiva (parâmetros e

frequência). Em 2014, as estações de monitorização foram todas incluídas nos programas

de monitorização de vigilância ou de monitorização operacional.

23

Em Portugal continental, as zonas vulneráveis aos nitratos só foram designadas no que se refere às águas

subterrâneas.

24 Monitorização adicional nas zonas de influência.

25 Número de sítios calculado a partir dos dados comunicados a nível local. Quando não são comunicados dados

a nível local, o quadro é completado com dados comunicados a nível do programa.

36

«Massas de água designadas como águas de recreio, incluindo zonas designadas como

águas balneares ao abrigo da Diretiva 2006/7/CE» — Portugal monitoriza todas as águas

balneares, tal como exigido pela Diretiva Águas Balneares.

«Zonas sensíveis em termos de nutrientes, incluindo zonas designadas como zonas

vulneráveis ao abrigo da Diretiva 91/676/CEE e zonas designadas como zonas sensíveis ao

abrigo da Diretiva 91/271/CEE» — estas zonas estão incluídas nos programas de

monitorização de vigilância ou de monitorização operacional, e foi definido um conjunto

específico de parâmetros e a frequência da monitorização para os sítios localizados nestas

zonas.

«Zonas designadas para a proteção de habitats ou de espécies em que a manutenção ou

melhoramento do estado da água seja um dos fatores importantes para a sua proteção,

incluindo os sítios relevantes da rede Natura 2000 designados ao abrigo da Diretiva

92/43/CEE e da Diretiva 79/409/CEE». As especificidades destas zonas foram

consideradas aquando da definição dos programas de monitorização de vigilância e de

monitorização operacional, em particular no que respeita à seleção dos sítios de

monitorização. No entanto, não foram considerados outros requisitos de monitorização

para além dos já incluídos nos programas de monitorização de vigilância e de

monitorização operacional.

6. PANORÂMICA DO ESTADO (ECOLÓGICO, QUÍMICO, ÁGUAS SUBTERRÂNEAS)

RH Total Excelente Bom Razoável Medíocre Mau

Desconhecid

o

N.º (%) N.º (%) N.º (%) N.º (%) N.º (%) N.º (%)

PTRH1 61 0 0 44 72 10 16 5 8 1 2 1 2

PTRH2 65 1 2 33 51 16 25 9 14 5 8 1 2

PTRH3 356 1 0 251 71 79 22 21 6 3 1 1 0

PTRH4 239 5 2 150 63 41 17 25 10 5 2 13 6

PTRH5 368 20 5 178 48 56 15 30 8 15 4 69 19

PTRH6 171 4 2 71 42 69 40 23 13 3 2 1 1

PTRH7 206 4 2 85 41 71 34 41 20 2 1 3 1

PTRH8 70 6 9 29 41 17 24 6 9 3 4 9 13

PTRH9 67 27 40 16 24 16 24 7 10 0 0 1 1

PTRH10 102 25 25 24 24 18 18 21 21 0 0 14 14

Total 1 705 93 5 % 881 52

% 393

23

% 188

11

% 37 2 % 113 7 %

Quadro 6.1: Estado ecológico das massas de água de superfície naturais.

37

Fonte: Planos de Gestão de Bacia Hidrográfica. Os dados fornecidos no WISE não estão corretos.

38

RH Total Excelente Bom Razoável Medíocre Mau Desconhecido

N.º (%) N.º (%) N.º (%) N.º (%) N.º (%) N.º (%)

PTRH1 10 0 0 5 50 4 40 0 0 1 10 0 0

PTRH2 18 0 0 8 44 5 28 4 22 0 0 1 6

PTRH3 27 0 0 7 26 17 63 1 4 0 0 2 7

PTRH4 23 0 0 8 35 10 43 4 17 0 0 1 4

PTRH5 57 0 0 0 0 31 54 10 18 2 4 14 25

PTRH6 65 0 0 22 34 25 38 7 11 3 5 8 12

PTRH7 54 0 0 17 37 21 39 10 19 0 0 6 11

PTRH8 10 0 0 7 70 1 10 0 0 0 0 2 20

PTRH9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

PTRH10 0 0 [*] 0 [*] 0 [*] 0 [*] 0 [*] 0 [*]

Total 264 0 0 74 28 % 114 43 % 36 13 % 6 2 % 34 13 %

Quadro 6.2: Potencial ecológico das massas de água artificiais e fortemente modificadas.

Fonte: Planos de Gestão de Bacia Hidrográfica. Os dados fornecidos no WISE não estão corretos.

[*] O PGBH refere que existem massas de água artificiais («levadas»), mas que não existem dados

disponíveis para as definir.

39

RH Total

Bom Medíocre Desconhecido

N.º % N.º % N.º %

PTRH1 61 15 25 0 0 46 75

PTRH2 65 18 28 3 5 44 68

PTRH3 356 63 18 4 1 289 81

PTRH4 239 166 70 6 3 67 28

PTRH5 368 16 4 0 0 352 96

PTRH6 171 25 15 2 1 144 88

PTRH7 206 21 10 0 0 185 90

PTRH8 70 26 37 1 1 43 61

PTRH9 67 67 100 0 0 0 0

PTRH10 102 49 48 0 0 53 52

Total 1 705 466 27 % 16 1 % 1 223 72 %

Quadro 6.3: Estado químico das massas de água de superfície naturais.

Fonte: Planos de Gestão de Bacia Hidrográfica. Os dados fornecidos no WISE não estão corretos.

40

RH Total Bom Medíocre Desconhecido

N.º % N.º % N.º %

PTRH1 10 5 50 0 0 5 50

PTRH2 18 8 44 0 0 10 55

PTRH3 27 13 48 0 0 14 52

PTRH4 23 7 30 0 0 16 70

PTRH5 57 15 26 1 2 41 72

PTRH6 65 16 24 0 0 49 75

PTRH7 54 10 19 0 0 44 81

PTRH8 10 5 50 0 0 5 50

PTRH9 0 0 0 0 0 0 0

PTRH10 [*] [*] - [*] - [*] -

Total 264 79 30 % 1 0 184 70 %

Quadro 6.4: Estado químico das massas de água de superfície artificiais e fortemente modificadas.

Fonte: Planos de Gestão de Região Hidrográfica. Os dados fornecidos no WISE não estão corretos.

[*] O PGBH refere que existem massas de água artificiais («levadas»), mas que não existem dados

disponíveis para as definir.

41

RH Bom Medíocre Desconhecido

N.º % N.º % N.º %

PTRH1 2 100 0 0 0 0

PTRH2 2 50 2 50 0 0

PTRH3 3 100 0 0 0 0

PTRH4 21 75 7 25 0 0

PTRH5 8 67 4 33 0 0

PTRH6 7 88 1 13 0 0

PTRH7 6 67 3 33 0 0

PTRH8 19 83 4 17 0 0

PTRH9 50 93 4 7 0 0

PTRH10 3 75 0 0 1 25

Total 121 82 % 25 17 % 1 1 %

Quadro 6.5: Estado químico das massas de água subterrâneas.

Fonte: Planos de Gestão de Bacia Hidrográfica. Os dados fornecidos no WISE não estão corretos.

42

RH Bom Medíocre Desconhecido

N.º % N.º % N.º %

PTRH1 2 100 0 0 0 0

PTRH2 4 100 0 0 0 0

PTRH3 3 100 0 0 0 0

PTRH4 27 96 1 4 0 0

PTRH5 12 100 0 0 0 0

PTRH6 8 100 0 0 0 0

PTRH7 8 89 0 0 1 11

PTRH8 22 96 0 0 1 4

PTRH9 54 100 0 0 0 0

PTRH10 4 100 0 0 0 0

Total 144 98 % 1 1 % 2 1 %

Quadro 6.6: Estado quantitativo das massas de água subterrâneas.

Fonte: Planos de Gestão de Bacia Hidrográfica. Os dados fornecidos no WISE não estão corretos.

43

RH Total

Estado global (ecológico e químico)

Estado

global 2021

Estado global

2027

Isenções globais 2009 (%

de todas as MASp)

Bom ou melhor

2009

Bom ou melhor

2015

Aumento

2009-2015

Pont

o 4.4

Po

nto

4.5

Po

nto

4.6

Ponto

4.7

N.º % N.º % % N.º % N.º % % % % %

PTRH1 71 45 63 45 63 0 53 75 71 100 18 0

PTRH2 83 39 47 40 48 1 70 84 78 94 41 0

PTRH3 383 257 67 273 71 4 296 77 383 100 26 0 3

PTRH4 262 159 61 166 63 2 206 79 237 90 26 0 1,5

PTRH5 425 197 46 266 63 17 318 75 341 80 16 0 2

PTRH6 236 97 41 125 53 12 202 86 228 97 50 0 0,5

PTRH7 260 109 42 112 43 1 196 75 247 95 53 0

PTRH8 80 42 53 50 63 10 61 76 69 86 29 0 1,3

PTRH9 67 44 66 48 72 6 61 91 67 100 28 0

PTRH10 102 49 48 57 56 8 60 59 80 78 - -

Total 1 969 1 038 53 % 1 182 60 % 7 % 1

523 77 %

1

801 91 % 31 0 1

Quadro 6.7: Massas de água de superfície: panorâmica do estado em 2009 e estado esperado em 2015, 2021 e 2027

As massas de água em bom estado em 2009 inserem-se nas seguintes categorias:

44

1. O estado ecológico é excelente ou bom e o estado químico é bom, as isenções não são consideradas

As massas de água que se prevê que alcancem um bom estado em 2015 inserem-se nas seguintes categorias:

1. O estado ecológico é excelente ou bom e o estado químico é bom, as isenções não são consideradas

2. O estado químico é bom e o estado ecológico é razoável ou abaixo disso, mas sem isenções ecológicas

3. O estado ecológico é excelente ou bom e o estado químico não consegue alcançar o bom, mas não existem isenções químicas

4. O estado ecológico é razoável ou abaixo disso e o estado químico não consegue alcançar o bom, mas não existem isenções ecológicas e químicas

Nota: Não são consideradas as massas de água com um estado ecológico ou químico desconhecido/não classificado/não aplicável

Fonte: PGBH (os dados dos PGBH diferem dos dados do WISE).

45

RH Total

Estado ecológico Bom estado

ecológico

2021

Bom estado

ecológico

2027

Isenções ecológicas (% de

todas as MASp)

Bom ou

melhor 2009

Bom ou

melhor 2015

Aumento

2009-2015

Pont

o 4.4

Pont

o 4.5

Pont

o 4.6

Pont

o 4.7

N.º % N.º % % N.º % N.º % % % % %

PTRH1 61 42 69 46 75 6 48 79 61 100 16

PTRH2 65 31 48 32 49 1 60 92 64 98 42

PTRH3 356 251 71 242 68 -3 264 74 356 100 24 3

PTRH4 239 151 63 164 69 6 199 84 222 93 24 0,4 2

PTRH5 368 198 54 243 66 12 282 77 299 81 15 1

PTRH6 171 75 44 100 58 14 154 90 171 100 49

PTRH7 206 89 43 100 49 6 168 82 206 100 51

PTRH8 70 35 50 41 59 9 52 74 60 86 33 1

PTRH9 67 44 66 48 72 6 61 91 67 100 28

PTRH10 102 49 48 57 56 8 60 59 80 78

Total 1 705 965 56 % 1 073 63 % 7 % 1

348

79

%

1

586 93 % 29 0,1 0 1

Quadro 6.8: Massas de água de superfície naturais: estado ecológico em 2009 e estado esperado em 2015, 2021 e 2027

Fonte: PGBH (os dados dos PGBH diferem dos dados do WISE).

46

RH Total

Estado químico Bom estado

químico 2021

Bom estado

químico

2027

Isenções químicas (% de

todas as MASp)

Bom ou

melhor 2009 Bom ou melhor 2015

Aumento

2009-2015

Pont

o 4.4

Pont

o 4.5

Pont

o 4.6

Pont

o 4.7

N.º % N.º % % N.º % N.º % % % % %

PTRH1 61 15 25 46 75 50 48 79 61 100

PTRH2 65 18 28 32 49 21 60 92 64 98

PTRH3 356 63 18 242 68

50 264 74

35

6 100

PTRH4 239 151 63 164 69

6 199 83

22

2 93

PTRH5 368 16 4 244 66

62 283 77

30

0 82

PTRH6 171 25 15 50 29

14 104 61

12

1 71 1

PTRH7 206 21 10 32 16

6 100 49

13

7 67

PTRH8 70 21 30 41 59 29 52 74 60 86 1

PTRH9 67 67 100 67 100 0 67 100 67 100

PTRH10 102 49 48 57 56 8 60 59 80 78 - - - -

47

RH Total

Estado químico

Bom estado

químico 2021

Bom estado

químico

2027

Isenções químicas (% de

todas as MASp)

Bom ou

melhor 2009 Bom ou melhor 2015

Aumento

2009-2015

Pont

o 4.4

Pont

o 4.5

Pont

o 4.6

Pont

o 4.7

N.º % N.º % % N.º % N.º % % % % %

Total

1 705 446 26 % 975 57

31 % 1

237 73

1

46

8 86 %

0,2 0 0 0

Quadro 6.9: Massas de água de superfície naturais: estado químico em 2009 e estado esperado em 2015, 2021 e 2027

Fonte: PGBH (os dados dos PGBH diferem dos dados do WISE).

48

RH Total

Estado químico das águas subterrâneas Bom

Estado

Global

2021

Bom Estado

Global 2027

Isenções químicas (% de

todas as massas de água

subterrâneas)

Bom ou

melhor 2009

Bom ou

melhor 2015

Aumento

2009-2015

Pont

o 4.4

Pont

o 4.5

Pont

o 4.6

Pont

o 4.7

N.º % N.º % % N.º % N.º % % % % %

PTRH1 2 2 100 2 100 0 2 100 2 100 0 0

PTRH2 4 3 75 3 75 0 4 100 4 100 25 0

PTRH3 3 3 100 3 100 0 3 100 3 100 0 0

PTRH4 30 23 77 24 80 3 29 97 30 100 23 0

PTRH5 12 8 67 9 75 8 11 92 12 100 25 0

PTRH6 8 7 88 7 88 0 7 88 8 100 0 0

PTRH7 9 6 67 6 67 0 8 89 9 100 33 0

PTRH8 23 19 83 19 83 0 22 96 23 100 17 0

PTRH9 54 50 93 50 93 0 54 100 54 100 7 0

PTRH10 4 3 75 3 75 0 4 100 4 100

Total 149 124 83 % 126 85 % 2 % 144 97 % 149 100 % 14 0

Quadro 6.10: Massas de água subterrâneas: estado químico em 2009 e estado esperado em 2015, 2021 e 2027

Fonte: PGBH (os dados dos PGBH diferem dos dados do WISE).

49

RH Total

Estado quantitativo das águas

subterrâneas Bom estado

quantitativo

2021

Bom estado

quantitativo

2027

Isenções quantitativas (% de

todas as massas de água

subterrâneas)

Bom ou

melhor 2009

Bom ou

melhor 2015

Aumento

2009-

2015

Pont

o 4.4

Pont

o 4.5

Pont

o 4.6

Pont

o 4.7

N.º % N.º % % N.º % N.º % % % % %

PTRH1 2 2 100 2 100 0 2 100 2 100 0 0

PTRH2 4 4 100 4 100 0 4 100 4 100 0 0

PTRH3 3 3 100 3 100 0 3 100 3 100 0 0

PTRH4 30 29 97 29 97 0 30 100 30 100 3 0

PTRH5 12 12 100 12 100 0 12 100 12 100 0 0

PTRH6 8 8 100 8 100 0 8 100 8 100 0 0

PTRH7 9 8 89 8 89 0 9 100 9 100 0 0

PTRH8 23 22 96 22 96 0 22 96 23 100 4 0

PTRH9 54 54 100 54 100 0 54 100 54 100 0 0

PTRH10 4 4 100 4 100 0 4 100 4 100 - -

Total 149 146 98 % 146 98 % 0 148 99 % 149 100 % 3 0

Quadro 6.11: Massas de água subterrâneas: estado quantitativo em 2009 e estado esperado em 2015, 2021 e 2027

50

Fonte: PGBH (os dados dos PGBH diferem dos dados do WISE).

RH

Total

MAFM

e MAA

Potencial ecológico

Bom potencial

ecológico 2021

Bom potencial

ecológico

2027

Isenções ecológicas (% de

todas as MAFM/MAA)

Bom ou melhor

2009

Bom ou melhor

2015

Aument

o 2009-

2015

Pont

o 4.4

Pont

o 4.5

Pont

o 4.6

Pont

o 4.7

N.º % N.º % % N.º % N.º % % % % %

PTRH1 10 5 50 7 70 20 8 80 10 100 30

PTRH2 18 8 44 8 44 0 10 56 18 100 39

PTRH3 27 7 26 7 26 0 8 30 27 100 56

PTRH4 23 8 35 12 52 17 17 74 23 100 44

PTRH5 57 12 21 36 63 42 49 86 55 96 21

PTRH6 65 22 34 25 38 4 48 74 57 88 51

PTRH7 54 20 37 22 41 4 38 70 52 96 62

PTRH8 10 5 50 8 80 30 8 80 8 80

PTRH9 0 0 0 0 0 0 0

PTRH10 [*] [*] [*] [*] [*]

Total 264 87 33 % 125 47 % 14 % 186 70 % 250 95 % 58 0 0 0

51

Quadro 6.12: Massas de água fortemente modificada e artificiais: potencial ecológico em 2009 e o esperado em 2015, 2021 e 202726

Fonte: PGBH (os dados dos PGBH diferem dos dados do WISE).

[*] O PGBH refere que existem massas de água artificiais («levadas»), mas que não existem dados disponíveis para as definir.

26

Os dados relativos a 2009 e 2015 foram extraídos do sistema WISE. Os dados relativos a 2021 e 2027 foram determinados durante a avaliação do cumprimento dos PGBH.

52

RH

Total

MAFM e

MAA

Estado químico

Bom estado

químico 2021

Bom estado

químico 2027

Isenções químicas (% de todas

as MAFM/MAA)

Bom ou melhor

2009

Bom ou melhor

2015

Aumento

2009-

2015

Ponto

4.4

Ponto

4.5

Ponto

4.6

Ponto

4.7

N.º % N.º % % N.º % N.º % % % % %

PTRH1 10 5 50 7 70 20 8 80 10 100

PTRH2 18 8 44 8 44 0 10 56 18 100

PTRH3 27 13 48 13 48 0 13 48 27 100

PTRH4 23 7 0 11 48 48 16 70 22 96

PTRH5 57 15 26 29 51 25 42 74 48 84

PTRH6 65 16 25 19 29 4 42 65 51 78

PTRH7 54 10 19 12 22 3 28 52 42 78

PTRH8 10 5 50 8 80 30 8 80 10 100

PTRH9 0 0 0 0 0 0 0 0

PTRH10 [*] [*] [*] [*] [*] - - - -

Total 264 79 30 % 107 41 % 11 % 167 63 % 228 86 % 0 0 0 0

Quadro 6.13: Massas de água fortemente modificada e artificiais: estado químico em 2009 e o esperado em 2015, 2021 e 202727

27

Os dados relativos a 2009 e 2015 foram extraídos do sistema WISE. Os dados relativos a 2021 e 2027 foram determinados durante a avaliação do cumprimento dos PGBH.

53

Fonte: PGBH (os dados dos PGBH diferem dos dados do WISE).

[*] O PGBH refere que existem massas de água artificiais («levadas»), mas que não existem dados disponíveis para as definir.

54

Figura 6.1: Mapa do estado ecológico das massas de água de superfície naturais 2009

55

Figura 6.2: Mapa do estado ecológico das massas de água de superfície naturais 2015

Excelente

Bom

Razoável

Medíocre

Mau

Desconhecido

Regiões Hidrográficas

Países exteriores à UE

Nota: Cores normalizadas com base no Anexo V da DQA, ponto 1.4.2, alínea i).

Fonte: PGBH, Eurostat (NB: alguns PGBH não contêm pormenores suficientes para criar mapas

precisos que apresentem uma repartição pormenorizada do estado em 2015).

56

Figura 6.3: Mapa do potencial ecológico das massas de água fortemente modificadas e artificiais

2009

57

Figura 6.4: Mapa do potencial ecológico das massas de água fortemente modificadas e artificiais

2015

Bom ou melhor

Razoável

Medíocre

Mau

Desconhecido

Regiões Hidrográficas

Países exteriores à UE

Nota: Cores normalizadas com base no Anexo V da DQA, ponto 1.4.2, alínea ii).

Fonte: PGBH, Eurostat (NB: alguns PGBH não contêm pormenores suficientes para criar mapas

precisos que apresentem uma repartição pormenorizada do estado em 2015).

58

0 100 200

km

0 100 200 km

Azores (PT)

Madeira (PT)

0 60 120 km

PTRH10

PTRH9PTRH1

PTRH2 PTRH3

PTRH4

PTRH5

PTRH6PTRH7

PTRH8

Atlantic Ocean

Figura 6.5: Mapa do estado químico das massas de água de superfície naturais 2009

59

Figura 6.6: Mapa do estado químico das massas de água de superfície naturais 2015

Bom

Não conseguiu alcançar o bom

Desconhecido

Regiões Hidrográficas

Países exteriores à UE

Nota: Cores normalizadas com base no Anexo V da DQA, ponto 1.4.3.

Fonte: PGBH, Eurostat

60

Figura 6.7: Mapa do estado químico das massas de água fortemente modificadas e artificiais 2009

61

Figura 6.8: Mapa do estado químico das massas de água fortemente modificadas e artificiais 2015

Bom

Não conseguiu alcançar o bom

Desconhecido

Regiões Hidrográficas

Países exteriores à UE

Nota: Cores normalizadas com base no Anexo V da DQA, ponto 1.4.3.

Fonte: PGBH, Eurostat

62

Gráfico 6.9: Mapa do estado químico das massas de água subterrâneas 2009

63

Figura 6.10: Mapa do estado químico das massas de água subterrâneas 2015

Bom

Medíocre

Desconhecido

Regiões Hidrográficas

Países exteriores à UE

Nota: Cores normalizadas com base no Anexo V da DQA, ponto 2.4.5.

Fonte: PGBH, Eurostat

64

Figura 6.11: Mapa do estado quantitativo das massas de água subterrâneas 2009

65

Figura 6.12: Mapa do estado quantitativo das massas de água subterrâneas 2015

Bom

Medíocre

Desconhecido

Regiões Hidrográficas

Países exteriores à UE

Nota: Cores normalizadas com base no Anexo V da DQA, ponto 2.2.4.

Fonte: PGBH, Eurostat

66

6.1. Avaliação do estado ecológico das águas de superfície

Geralmente, a avaliação do estado ecológico das águas de superfície segue uma abordagem

nacional. Em Portugal continental, para os rios e lagos, esta foi definida num documento

intitulado: Critérios para a classificação do estado das massas de água superficiais — rios e

albufeiras, emitido em 2009 pelo antigo Instituto Nacional da Água. Os métodos de avaliação

estão apenas parcialmente desenvolvidos para os rios e albufeiras. Só existem lagos naturais

nos Açores (PTRH9), pelo que não foram considerados na abordagem nacional. No entanto, o

PGBH para a PTRH9 teve em consideração as orientações nacionais tanto quanto possível. O

PGBH para a PTRH10 tem igualmente em conta a metodologia nacional em termos de

poluentes específicos para determinar o estado químico.

Embora os PGBH estivessem a ser finalizados, estava em curso um projeto (Avaliação do

Estado Ecológico das Massas de Água Costeiras e de Transição Adjacentes e do Potencial

Ecológico das Massas de Água Fortemente Modificadas, POVT-12-0233-FCOES-000017) a

nível nacional, com vista a estabelecer os métodos de avaliação e valores-limite para a

caracterização das águas costeiras e de transição, bem como para determinar as condições de

referência para o potencial ecológico de MAFM. Por conseguinte, os PGBH referem que as

classificações são apenas preliminares. Alguns PGBH classificam estas duas categorias de

água utilizando metodologias que variam consoante as diferentes RH, tal como explicado no

PGBH. Alguns PGBH utilizaram os resultados preliminares do estudo acima mencionado na

classificação de algumas massas de água. Outros utilizaram métodos ad hoc especificamente

desenvolvidos para as RH. Para certas outras RH, não se obteve nenhuma classificação.

Em geral, os dados são bastante limitados. As redes de monitorização não são consideradas

representativas e os restantes dados disponíveis são escassos (ver supra a comparação entre o

número de massas de água e de estações de monitorização). A maioria das massas de água foi

classificada com recurso a métodos alternativos formulados em cada RH, de acordo com os

dados disponíveis, modelização, análise das pressões, análise bibliográfica e/ou pareceres de

peritos. Nesses casos, o nível de precisão é bastante baixo. Na realidade, a maioria dos PdM

contém medidas tais como o aprofundamento da investigação e a melhoria da monitorização e

inventário de pressões de modo a permitir confirmar as classificações das massas de água e

aumentar a fiabilidade e precisão.

Desde a elaboração dos PGBH verificaram-se mudanças no regime de licenciamento, bem

como progressos nos inventários de pressões, e a rede de monitorização tem vindo a melhorar.

Por conseguinte, espera-se que a deteção e comunicação de pressões sejam mais precisas para

os segundos PGBH.

6.2. Métodos de avaliação do estado ecológico

O princípio «mau estado num ponto, maus estados em todos os pontos» (one-out-all-out) foi

utilizado em todas as classificações. Pode afirmar-se que, com exceção das águas de

transição, rios muito grandes e MAFM, a grande maioria dos tipos nacionais tem um sistema

de classificação (embora não para todos os EQ). Existem lacunas consideráveis no que se

refere à plena conformidade com os requisitos da DQA. O presente ponto termina com uma

lista das lacunas ainda existentes.

Em Portugal continental, segundo os procedimentos nacionais, apenas os fitobentos e os

67

invertebrados bentónicos são considerados na classificação das massas de água fluviais28

. No

caso das albufeiras só é utilizado o fitoplâncton. Para as águas costeiras, são utilizados na

classificação o fitoplâncton, as macroalgas e os invertebrados bentónicos, quando disponíveis.

Nos Açores, as classes de fitobentos, macrófitos e invertebrados bentónicos nos rios ainda

estão a ser desenvolvidas para os EQB. Nos lagos, são utilizados na classificação o

fitoplâncton, os fitobentos, os macrófitos, e os invertebrados bentónicos, mas as classes de

macrófitos ainda estão a ser desenvolvidas. Nos casos em que não existem dados de

monitorização, a análise foi feita através de análise de pressões e pareceres de peritos. Para as

águas costeiras e de transição29

, aquando do desenvolvimento dos PGBH existiam resultados

preliminares para efeitos de classificação mas não existiam dados oficiais. Nas águas

costeiras, não foram considerados nenhuns EQB na classificação devido à falta de dados.

Todos os peixes de água doce dos Açores são introduzidos, pelo que não existe uma

comunidade de peixes de água doce autóctone. Uma vez que os peixes não se encontram

presentes em situações primitivas, não é possível fixar condições de referência para a fauna

piscícola e, por conseguinte, utilizá-las para avaliar o estado das massas de água das massas

de água doce dos Açores.

Na Madeira, para 33 % das massas de água fluvial, os elementos biológicos utilizados foram

os invertebrados bentónicos e a brioflora (macrófitos). Não é indicado se os métodos estão

plenamente desenvolvidos. Nos casos em que não existem dados de monitorização, a análise

foi feita através de análise de pressões e pareceres de peritos. Para as águas costeiras só é

utilizado o fitoplâncton na caracterização. O PGBH refere que os indicadores utilizados são os

que foram objeto de intercalibração com os Açores (PT) e as ilhas Canárias (ES).

Para os rios e albufeiras, foram estabelecidas normas de qualidade ambiental (NQA) para

alguns poluentes químicos específicos nacionais e para alguns parâmetros físico-químicos.

Em relação aos primeiros, o documento de orientação refere que «continua a ser necessário

desenvolver esforços com a Agência Portuguesa do Ambiente (que é atualmente a Autoridade

Nacional da Água) para definir valores-limite para alguns poluentes específicos em

conformidade com o ponto 1.2.6 do Anexo V da DQA». Relativamente aos últimos, só foram

definidos os valores-limite que separam os níveis bom e razoável, e apenas para alguns

parâmetros. O documento de orientação nacional (igualmente seguido nos Açores e na

Madeira) enumera os parâmetros e os valores-limite, mas não há informações sobre a

metodologia para os calcular — não é, por conseguinte, possível verificar se as normas foram

definidas de acordo com o procedimento do ponto 1.2.6 do Anexo V da DQA. As águas de

transição foram monitorizadas, mas não foi estabelecida nenhuma classificação. Em relação

às águas costeiras, os PGBH referem que ainda não foram estabelecidas as condições físico-

químicas de referência.

No que respeita a hidromorfologia dos rios, os limiares que separam as classes foram

definidos através de relações entre EQB e de análises feitas por peritos. As orientações

nacionais referem que deve utilizar-se a metodologia do River Habitat Survey (versão 2003) e

os seus indicadores Habitat Modification Score (resultados da modificação do habitat) e

Habitat Quality Assessment (avaliação da qualidade do habitat) mas, à data da publicação das

orientações, ainda estavam a ser traduzidos e adaptados à situação portuguesa. Em Portugal

continental, não foi possível ter em conta a hidromorfologia na classificação do potencial

28

De acordo com a autoridade nacional da água portuguesa, apenas os elementos biológicos objeto de

intercalibração no primeiro exercício foram utilizados no primeiro ciclo dos PGBH. 29

Nos Açores, existem apenas três massas de águas de transição, e situam-se todas na ilha de S. Jorge.

68

ecológico.

Nos Açores (PTRH9), onde existem lagos naturais, todas as massas de água foram

consideradas como tendo condições hidromorfológicas adequadas para apoiar a vida aquática.

Para as águas costeiras e de transição, não existem limites oficiais para a classificação de

«excelente» no que respeita a elementos hidromorfológicos. Os métodos de análise utilizados

foram as pressões significativas morfológicas e hidrodinâmicas utilizadas na caracterização

das pressões significativas e incidências antropogénicas. Na PTRH9, o PGBH refere que,

apesar da falta de informação, foi possível concluir que as pressões hidromorfológicas não

eram significativas.

Na Madeira, não existe monitorização nem avaliação dos elementos de qualidade

hidromorfológica. Para os rios, foram utilizados alguns elementos hidromorfológicos na

classificação final das massas de água não monitorizadas (nomeadamente, a existência de

pontes e molhes, e canais). Para as águas costeiras, não foram utilizados elementos

hidromorfológicos uma vez que «não está disponível nenhum conjunto de dados

representativo». Não existe qualquer informação sobre quando é expectável existirem

critérios de classificação definitivos e não é referido se todos os EQ hidromorfológica serão

desenvolvidos no futuro.

Portugal intercalibrou com êxito os métodos de classificação nacionais para fitobentos e

macroinvertebrados nos rios (documento da Decisão Oficial de Intercalibração), as fronteiras

entre classes estão disponíveis no WISE 3.1.1, mas variam ligeiramente (algumas

ligeiramente mais restritivas, outras ligeiramente mais flexíveis) das indicadas na Decisão

Oficial de IC. Para as albufeiras, as fronteiras entre classes disponibilizadas no WISE 3.1.1

são coerentes com as fronteiras entre classes intercalibradas constantes da nova decisão oficial

de IC de 2013. Para as águas costeiras, as fronteiras entre classes disponibilizadas no WISE

3.1.1 são todas conformes com as fronteiras entre classes intercalibradas comunicadas na

Decisão Oficial de Intercalibração de 2009. Para as águas de transição, o exercício de

intercalibração ainda está em curso. Os valores-limite foram objeto de intercalibração e,

sempre que necessário, ajustados tendo em conta a Decisão n.º 2008/915/CE da Comissão.

A RH dos Açores (PTRH9) participa no exercício de intercalibração nacional, mas não pode

aplicar esses resultados uma vez que os tipos de água que existem nesta RH são diferentes dos

tipos de água continentais e não podem ser comparados com outro Estado-Membro. O PGBH

descreve os métodos utilizados para obter os valores-limite. O PGBH da Madeira (concluído

em 2013) refere a existência de um exercício de intercalibração com os Açores e as ilhas

Canárias no que respeita às águas costeiras.

De acordo com a Autoridade Nacional da Água, continuam a existir as seguintes lacunas

(estão a ser realizados alguns trabalhos a utilizar na segunda geração de PGBH, que se

encontram sob preparação):

Rios: i) o sistema de classificação de rios muito grandes estará concluído após a conclusão do

exercício de intercalibração em curso; ii) para os restantes tipos de rio, ainda existem lacunas

relativamente aos elementos físico-químicos. Ainda não estão disponíveis os limites para

todas as classes de qualidade (só foram estabelecidos valores que separam os níveis

bom/razoável) e os limiares de alguns parâmetros não foram estabelecidos. O trabalho de

revisão e de estabelecimento de novas normas para os parâmetros físico-químicos está agora a

começar.

69

Albufeiras - i) não existem limites para todos os parâmetros de EQB fitoplâncton para as

albufeiras do Sul (apenas foram estabelecidos os limiares para a clorofila-a); ii) para as

albufeiras a fio de água ainda não está desenvolvido o sistema de avaliação do potencial

ecológico. Este trabalho está atualmente em curso; iii) ainda existem lacunas nos elementos

físico-químicos. Não foram estabelecidos limiares para alguns parâmetros. O trabalho de

revisão e de estabelecimento de novas normas para parâmetros físico-químicos está agora a

começar; iv) os métodos de avaliação para os elementos de qualidade hidromorfológica ainda

não estão desenvolvidos nas albufeiras. Este trabalho encontra-se atualmente em curso a nível

nacional, bem como a nível do ECOSTAT.

MAFM (Rios) — i) o desenvolvimento do método de avaliação do potencial ecológico será

terminado após a conclusão dos trabalhos em curso para a harmonização dos métodos PEB

(potencial ecológico bom), que estão a ser desenvolvidos pelo grupo de trabalho do

ECOSTAT.

Águas costeiras e de transição — i) o exercício de intercalibração será concluído e será

desenvolvido um sistema completo de avaliação.

Nos Açores, o processo de alargamento da rede de monitorização30

em rios e lagos em todas

as ilhas teve início em 2011 e espera-se que esteja concluído em toda a PTRH9 em 2015. Tal

irá aumentar substancialmente a quantidade de dados disponíveis para melhorar a

caracterização e os métodos de avaliação.

30

http://servicos.srrn.azores.gov.pt/morhi/geografia.asp

70

RH

Rios Lagos Águas de transição Costeiras

Fit

op

lân

cton

Macr

ófi

tos

Fit

ob

ento

s

Inver

teb

rad

os

ben

tón

icos

Pei

xe

Fís

ico

-qu

ímic

os

Hid

rom

orf

oló

gic

os

Fit

op

lân

cton

Macr

ófi

tos

Fit

ob

ento

s

Inver

teb

rad

os

ben

tón

ico

s

Pei

xe

Fís

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-qu

ímic

os

Hid

rom

orf

oló

gic

os

Fit

op

lân

cton

Macr

oalg

as

An

gio

spér

mic

as

Inver

teb

rad

os

ben

tón

icos

Pei

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Fís

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-qu

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os

Hid

rom

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oló

gic

os

Fit

op

lân

cton

Macr

oalg

as

An

gio

spér

mic

as

Inver

teb

rad

os

ben

tón

icos

Fís

ico

-qu

ímic

os

Hid

rom

orf

oló

gic

os

PTRH1 PTRH2 PTRH3

PTRH4

PTRH5

PTRH6

PTRH7 PTRH8 PTRH9 - - -

PTRH10 - - - - - - - - - - - - - -

Quadro 7.2.1: Disponibilidade de métodos de avaliação biológica

Métodos de avaliação plenamente desenvolvidos para todos os EQB

Métodos de avaliação parcialmente desenvolvidos ou em desenvolvimento para todos ou alguns EQB

Métodos de avaliação não desenvolvidos para os EQB, não foram fornecidas informações sobre os métodos de avaliação, informações

fornecidas são pouco claras

- Categoria da água não relevante

Fonte: PGBH

71

6.3. Aplicação de métodos e resultados de estado ecológico

Para as massas de água continentais, a situação é geralmente a seguinte:

Rios: Embora os macrófitos e os peixes sejam monitorizados no programa de

monitorização de vigilância, ainda não existem fronteiras entre as classes

determinadas para estes EQB e eles não podem ser utilizados para a avaliação do

estado ecológico neste primeiro PGBH.

Albufeiras: Para os lagos (albufeiras), o fitoplâncton, os peixes, os EQ físico-químicos

gerais e os poluentes específicos nacionais são incluídos na monitorização de

vigilância, mas apenas o fitoplâncton e os EQ físico-químicos gerais e poluentes

específicos nacionais são utilizados para classificação, uma vez que não existe

nenhum sistema de classificação para os peixes.

Águas de transição: Embora todos os EQ estejam incluídos na monitorização de

vigilância, o sistema de classificação desenvolvido para todos os EQ, exceto para os

invertebrados bentónicos, é preliminar e, por conseguinte, não está validado pela

autoridade nacional da água para efeitos de classificação.

Costeiras: Todos os EQ estão incluídos na monitorização de vigilância, mas apenas o

fitoplâncton, os invertebrados bentónicos, os EQ físico-químicos gerais e os EQ

hidromorfológicos foram utilizados para a classificação. Tal como para as águas de

transição, estes são resultados preliminares.

Normalmente, não existe nenhuma monitorização operacional a longo prazo para águas de

transição e costeiras e a classificação baseia-se na monitorização de vigilância, em vez da

monitorização operacional. Para os rios e albufeiras, os parâmetros tendem a ser os EQB

utilizados na classificação, juntamente com dados hidromorfológicos, dados físico-químicos e

poluentes específicos.

Em Portugal continental, alguns parâmetros são medidos mas não são utilizados na

classificação. Isto pode ocorrer quando são efetuadas investigações adicionais para avaliar as

razões pelas quais uma massa de água não atinge o estado bom ou, noutros casos, para avaliar

a coerência de alguns resultados de amostragens biológicas (por exemplo, condutividade

elétrica para verificar a eficiência da pesca com meios elétricos). Além disso, alguns EQ e

EQB ainda não estão incluídos nas orientações nacionais de classificação, mas são medidos

para serem integrados no futuro.

Nos Açores (PTRH9), para todas as categorias de água o número de parâmetros

monitorizados é mais elevado do que os parâmetros utilizados para classificação. O EQB

«peixe» não foi monitorizado ou utilizado porque não existem nos Açores comunidades

autóctones de peixes de água doce. Nos Açores, os rios são classificados utilizando os

fitobentos, bem como parâmetros gerais (Q3-1) e os poluentes específicos não prioritários

(Q3-3). Os lagos são classificados utilizando apenas o fitoplâncton, EQ físico-químicos gerais

e poluentes específicos não prioritários. As aguas de transição são classificadas utilizando

apenas o fitoplâncton, a hidromorfologia e EQ físico-químicos gerais, embora o relatório

WISE refira que são monitorizados todos os EQB das massas de água de transição. Em

massas de água costeiras só são utilizados para classificação o fitoplâncton, a hidromorfologia

e EQ físico-químicos gerais. Só é levada a cabo monitorização operacional para lagos. Os EQ

monitorizados e utilizados para classificação do estado ecológico são: EQ1-1, mais dados

físico-químicos. São monitorizados outros parâmetros mas não são utilizados para

classificação.

72

Tal como acima referido, não existe nenhuma monitorização operacional na Madeira

(PTRH10), e a monitorização de vigilância é muito limitada e não inclui EQB. Em

contrapartida, os parâmetros gerais (EQ3.1) são monitorizados em 18 estações, mas não são

utilizados na classificação.

6.4. Poluentes específicos de bacias hidrográficas

Os principais poluentes que causam incapacidade para atingir o estado bom em Portugal são o

fósforo, o amoníaco e os nitratos. Em muitas RH, o CBO5 também está a impedir que se

atinja o estado/potencial ecológico bom.

O nonilfenol constitui um problema nas águas de transição da PTRH1, enquanto o flúor está

presente em algumas barragens da PTRH3. A PTRH5 e PTRH6 têm ocorrências de

compostos de tributilestanho e a RH mais a sul, a PTRH8, tem problemas com o chumbo e os

seus compostos.

Note-se que a incerteza é elevada quanto aos níveis destes poluentes. Esta deve-se

frequentemente à falta de dados de monitorização, ao facto de a rede de monitorização

abranger apenas uma pequena parte das massas de água de cada RH ou de os resultados se

basearem num único estudo e não numa série cronológica de resultados. Como tal, não são

fornecidas percentagens sobre a dimensão da pressão.

O PGBH da PTRH9 refere que a maioria dos poluentes específicos não está incluída nos

elementos de qualidade físico-química monitorizados nos rios e lagos dos Açores; a

monitorização das águas costeiras e de transição é considerada bastante incompleta e, por

agora, insuficiente para tirar conclusões.

Há também uma falta de dados de monitorização na Madeira. Para as águas costeiras não

foram tidos em conta quaisquer poluentes específicos. Para os rios, existem algumas estações

de monitorização — especialmente ligadas à captação de água — e não foram encontrados

poluentes específicos. Os dados históricos revelaram um elevado nível de chumbo dissolvido

numa estação, mas dados mais recentes não confirmam este valor. É a única massa de água

em que foi detetada tal ocorrência.

73

RH Número

CAS Substância

Percentagem de

Massas de Água que

não Atingem o

Estado (%)*

PTRH1 Azoto Total Rios

PTRH1 Fósforo Total Rios e albufeiras

PTRH1 CBO5 Rios

PTRH1 Amoníaco não ionizado Naturais de transição e

MAFM

PTRH1 104-40-5 Nonilfenol Natural de transição

PTRH2 Amónio Total

PTRH2 Fósforo Total

PTRH2 CBO5

PTRH3 Azoto Total Rios

PTRH3 Fósforo Total Rios e albufeiras

PTRH3 CBO5 Rios

PTRH3 Amoníaco não ionizado Naturais de transição e

MAFM

PTRH3 Fosfato Naturais de transição e

MAFM

PTRH3 86-73-7 Flúor Albufeiras

PTRH3 Nitrato Albufeiras

PTRH4 CBO5 7 MARio

PTRH4 Amónio Total 7 MARio

PTRH4 Nitratos 1 MARio

PTRH4 Fósforo Total 3 MAFM

PTRH5 36643-28-4 Tributilestanho Albufeiras

PTRH6 36643-28-4 Compostos de

tributilestanho

PTRH6 Fósforo Total

PTRH6 Azoto Total

PTRH6 CBO5

PTRH7 CBO5 -

PTRH7 Fósforo Total -

PTRH7 Nitrato Total -

PTRH8 CBO5

PTRH8 Fósforo Total -

PTRH8 Nitrato Total -

PTRH8 7439-92-1 Chumbo e seus

compostos

Rios

PTRH9 Fósforo Total Rios e Lagos

PTRH9 Azoto Total Rios e Lagos

PTRH9 NQO Rios e Lagos

Quadro 7.4.1: Poluentes específicos de bacias hidrográficas que causam incapacidade para atingir o estado

Fonte: PGBH.

* não é útil exprimir os valores em % dado que a classificação da maioria das massas de água não utilizou dados

de monitorização

74

7. DESIGNAÇÃO DAS MASSAS DE ÁGUA FORTEMENTE MODIFICADAS (MAFM) E

AVALIAÇÃO DO BOM POTENCIAL ECOLÓGICO

A análise do artigo 5.º (DQA), com base nos relatórios apresentados em 2005 para Portugal

continental, indicou uma série de massas de água artificiais e fortemente modificadas de 90

rios a jusante de barragens: 97 são barragens/albufeiras, 15 são águas de transição e uma é

uma massa de água costeira. Há ainda 23 massas de água artificiais na categoria dos rios e

uma em águas de transição.

Os valores mudaram e nos PGBH de 2009 102 rios (6 % do total de rios), 98 lagos (80 % dos

lagos de todo o país; 100 % dos lagos de Portugal continental), 14 águas de transição (26 %) e

1 água costeira (< 1 %) são designados como massas de água fortemente modificadas. O

número de massas de água artificiais «rios» diminuiu para 14 (< 1 %) e a água de transição

artificial manteve a sua designação.

A PTRH9 não definiu MAFM. Com efeito, o PGBH da PTRH9 destaca que algumas massas

de água costeiras foram consideradas naturais embora estejam nas zonas de influência de

portos e possam necessitar de ser alteradas. Como a caracterização das condições de

referência do estado ecológico está a ser desenvolvida, ainda não foi possível identificar

MAFM nesta RH. No entanto, os dados disponíveis não parecem indicar alterações

hidromorfológicas significativas decorrentes de alterações físicas nas massas de água

costeiras da PTRH9.

Na Madeira existem «levadas», canais feitos pelo Homem que decorrem das características

geológicas da ilha. No entanto, o PGBH da PTRH10 refere que, devido à falta de dados, não

foi possível delimitar e caracterizar essas massas de água.

75

PT

PT

PT

Atlantic Ocean

PTRH5

PTRH3

PTRH4

PTRH6

PTRH7

PTRH8

PTRH2

PTRH1

ES020

ES091

ES017

ES091

0 100 200

km

Madeira (PT)

Azores (PT)

0 100 200 km

0 50 100 km

PTRH10

PTRH9

Figura 8.1: Mapa da percentagem de massas de água artificiais e fortemente modificadas por região hidrográfica

0 – 5 %

5 – 20 %

20 – 40 %

40 – 60 %

60 – 100 %

Não foram comunicados dados

Regiões Hidrográficas

Países exteriores à UE

Fonte: WISE, Eurostat

76

7.1. Designação de MAFM

MAFM

ou

MAA

RH

Categoria de água

Rios Lagos Águas de transição Águas costeiras Todas as massas

de água

Número % da

categoria Número

% da

categoria Número

% da

categoria Número

% da

categoria Número %

MAFM

PTRH1 3 5,36 3 100 4 40 0 0 10 14

PTRH2 9 13,04 7 100 1 16,67 0 0 17 20

PTRH3 6 1,66 17 100 2 66,67 0 0 25 7

PTRH4 9 3,81 9 100 4 40 0 0 22 8

PTRH5 26 6,58 24 100 0 0 0 0 50 12

PTRH6 28 14,36 19 100 2 22,22 0 0 49 22

PTRH7 18 8,11 16 100 0 0 0 0 35 14

PTRH8 3 4,69 3 100 1 33,33 1 33,33 7 9

PTRH9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

PTRH10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Total 102 6,33 % 98 80,3 % 14 26,42 % 1 1,75 % 215 12 %

MAA

PTRH1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

PTRH2 0 0 0 0 1 16,67 0 0 1 1

PTRH3 2 0,55 0 0 0 0 0 0 2 1

PTRH4 3 1,27 0 0 0 0 0 0 3 1

PTRH5 7 1,77 0 0 0 0 0 0 7 2

PTRH6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

PTRH7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

PTRH8 2 3,12 0 0 0 0 0 0 2 3

PTRH9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

PTRH10 * * - - - -

Total 14 0,87 % 0 0 1 1,89 % 0 0 15 1 %

Quadro 8.1.1: Número e percentagem de MAFM e MAA.

Fonte: WISE

* Embora existam massas de água artificiais, a falta de dados impede a sua delimitação e caracterização.

77

Em Portugal continental, os PGBH referem as utilizações de água que levaram a que as

massas de água fossem designadas como artificiais ou fortemente modificadas. As utilizações

de água mais comuns referidas são: a navegação, a armazenagem de água potável, a

armazenagem para produção de energia elétrica, a armazenagem para irrigação e a

urbanização das margens do rio. Os tipos de modificação física considerados para efeitos de

designação incluem açudes/barragens/albufeiras, canais/alisamento/estabilização dos leitos,

reforço das margens, recuperação de terras/alterações costeiras/portos.

A metodologia utilizada para a designação de MAFM seguiu a abordagem faseada do

documento de orientação n.º 4 da ECA em todas as RH que definiram MAFM.

Uma massa de água da categoria rio foi designada como MAFM nos seguintes casos:

1) Em consequência da construção de uma barragem, ocorrem alterações significativas

na massa de água, em termos de características hidromorfológicas: i) na parte da

massa de água a jusante de uma barragem, na sequência da alteração do regime

hidrológico; ii) na parte da massa de água a montante de uma barragem, na sequência

da criação de uma albufeira (mudança de um ecossistema lótico para um ecossistema

lêntico), implicando uma «mudança substancial de carácter» da massa de água e

impedindo-a de alcançar o bom estado ecológico, tal como definido para aquele tipo

de rio; iii) troços de rio urbanos, ou águas costeiras e de transição com alterações

físicas e hidromorfológicas significativas; iv) portos e canais de navegação.

Todas as albufeiras com uma superfície superior a 0,4 km2 foram consideradas

MAFM. Foram igualmente incluídas algumas albufeiras com uma superfície mais

pequena, utilizadas para o abastecimento de água.

2) A eliminação de uma barragem implicaria um «efeito adverso significativo sobre as

utilizações de água» que não podem ser garantidas por outras opções, sendo

igualmente «a melhor opção ambiental» quando uma barragem foi construída para:

i) Produção hidroelétrica:

a. Permite uma resposta rápida ao aumento do consumo de energia durante as

horas de ponta que não pode ser alcançada por outras fontes de energia;

b. Contribui para a meta definida pelo Governo português e o quadro jurídico do

clima e energia da estratégia UE 2020 relativo à proporção de eletricidade

produzida a partir de fontes de energia renováveis: 31 % em 2020;

c. Permite a utilização de energia eólica em períodos de baixa procura energética

(reservatórios de armazenamento por bombagem).

ii) Abastecimento de água e/ou irrigação: devido à elevada variabilidade do regime

hidrológico em Portugal, é essencial dispor de uma regulação interanual e anual

do regime hidrológico para satisfazer as necessidades de água a nível do consumo

doméstico, indústria e irrigação. Esta situação é abordada recorrendo a albufeiras.

Portugal considerou como alterações morfológicas permanentes:

78

A existência de barragens para abastecimento de água, irrigação, energia hidroelétrica

e navegação;

A existência de diques de proteção contra inundações e outras estruturas longitudinais,

tais como portos, canais longos e significativos e outras infraestruturas.

Os troços de rio a jusante de uma barragem foram considerados como

substancialmente alterados se não estiverem presentes medidas de atenuação, tais

como caudais ecológicos ou passagens para peixes.

Os PGBH assumem que a utilização de barragens e albufeiras existentes não será

interrompida devido à aplicação da DQA. Os PGBH não contêm informações sobre a

apreciação de todas as medidas de restabelecimento possíveis que podem permitir o

atingimento do bom estado ecológico sem causar efeitos adversos significativos na utilização

de água ou no ambiente em geral. Em particular, a abordagem utilizada por Portugal para a

implementação dos requisitos de caudais ecológicos31

é a seguinte: i) Todas as novas

barragens (desde 2008) devem ter um caudal ecológico estabelecido através de métodos

ecologicamente orientados; ii) Aquando da renovação de licenças para barragens antigas, é

obrigatória uma revisão ou implementação dos caudais ecológicos estabelecidos através da

utilização de métodos ecologicamente orientados. Além disso, a autoridade nacional da água

portuguesa refere que, se uma massa de água tiver sido designada como MAFM não se pode

estabelecer medidas que, por motivos de viabilidade técnica ou custos desproporcionados,

possam comprometer os objetivos benéficos para os quais a MAFM foi designada.

Não existe qualquer referência explícita de incerteza no que se refere à designação, mas

encontra-se descrito um controlo de qualidade dos resultados do processo de designação.

São consideradas MAFM catorze massas de água de transição e uma massa de água costeira

em Portugal continental. Apesar de existirem defesas costeiras ao longo da costa, considera-se

frequentemente que têm um efeito localizado que é insuficiente para considerar toda a massa

de água como fortemente modificada.

7.2. Metodologia para estabelecer um potencial ecológico bom (PEB)

Aquando do desenvolvimento do PGBH, estava em curso a nível nacional o projeto Massas

de Água Costeiras e de Transição Adjacentes e do Potencial Ecológico das Massas de Água

Fortemente Modificadas (POVT-12-0233-FCOES-000017 — FEDER), para procurar

estabelecer condições de referência para o potencial ecológico de MAFM em diferentes tipos

de água.

O PEB está a ser definido a nível nacional. O PEB das albufeiras é o mais desenvolvido, mas

ainda não foi definido para todos os tipos de albufeira. As albufeiras do Norte são, na sua

maioria, barragens hidroelétricas e de abastecimento de água, enquanto as albufeiras do Sul

são sobretudo utilizadas para abastecimento de água e irrigação (várias albufeiras têm duas ou

mais finalidades). A componente biológica do PEB dos lagos decorre do exercício de

intercalibração e, após a segunda fase do exercício de intercalibração, foi possível definir o

31

É estabelecido e implementado um regime de caudal de orientação ecológica em muitas massas de água

portuguesas, existem, de facto, orientações sobre o caudal ecológico e, se necessário, a Agência Portuguesa do

Ambiente pode fornecer orientações adicionais sobre o estabelecimento do caudal ecológico, mediante pedido.

Algumas medidas relativas ao caudal ecológico previstas nos PdM já estão em vigor, outras estão em fase de

implementação.

79

PEB com todos os componentes do fitoplâncton (concentração de clorofila-a, Biovolume

total, % de Biovolume das Cianobactérias e grupo de algas). Para as albufeiras do Sul, apenas

a clorofila-a (do grupo de EQB) está atualmente integrada na avaliação do PEB. Para as

substâncias prioritárias, os valores-limite são os mesmos que os utilizados nos rios naturais.

No que diz respeito às condições hidromorfológicas, embora os indicadores já estejam

definidos, ainda não foram estabelecidos valores de referência.

De acordo com a Autoridade Nacional da Água, Portugal está a desenvolver um sistema

completo de avaliação do fitoplâncton para os tipos de albufeira do Sul bem como para o

terceiro tipo de albufeiras existente em Portugal, as albufeiras a fio de água.

Para a maioria dos tipos de rio, o PEB é avaliado através dos mesmos requisitos considerados

para o estado ecológico. De acordo com a Autoridade Nacional da Água, Portugal está

atualmente a trabalhar no que se refere às alterações hidromorfológicas associadas à energia

hidroelétrica, a fim de incluir caudais ecológicos (que já estejam em vigor) ou a atenuação de

picos de fluxo (se aplicável) na avaliação do PEB das massas de água a jusante de barragens.

No entanto, provavelmente este trabalho não estará pronto a tempo de ser incluído nos

segundos PGBH.

7.3. Resultados da avaliação do potencial ecológico em MAFM e MAA

Como indicado acima, ainda não existe uma definição clara e completa do PEB para cada

categoria de água. Estão em curso trabalhos, mas em muitos casos as referências do EEB

(estado ecológico bom) deverão ser utilizadas no PEB. Como não existem lagos naturais em

Portugal continental não foram definidas referências de EEB, por conseguinte, os PGBH

indicam que a definição do PEB depende de exercícios de intercalibração. No momento em

que os PGBH foram publicados, dos três existentes, apenas um tipo de albufeira dispunha de

todas as definições relativas à clorofila.

8. AVALIAÇÃO DO ESTADO QUÍMICO DAS ÁGUAS DE SUPERFÍCIE

8.1. Abordagem metodológica para a avaliação

As orientações para a metodologia são fornecidas por um documento nacional. Este

estabelece que os EQ relevantes para a determinação do estado químico são: as substâncias

prioritárias que constam da Diretiva 2008/105/CE para as quais foram estabelecidas normas;

outras substâncias perigosas para as quais foram definidas normas a nível nacional ou a nível

da UE.

De um modo geral, os dados de monitorização são escassos e, em alternativa, são utilizados

dados históricos. Nem todas as substâncias são medidas e as medições não são efetuadas em

todas as massas de água. As normas aplicáveis são as da legislação nacional que transpõe a

Diretiva e que são semelhantes às da Diretiva. Com exceção da PTRH4 e PTRH5 onde, em

média, 25 % não são classificadas, nas RH de Portugal continental a indeterminação é sempre

superior a 67 %, sendo que em três RH o nível de indeterminação é superior a 80 %.

Relativamente à PTRH9, refere-se no PGBH que não existem dados sobre a presença da

maioria das substâncias prioritárias nas massas de água de superfície. As poucas massas de

água que foram monitorizadas (por exemplo, para controlo do nível de zinco, cádmio e

mercúrio) têm valores de concentração inferiores aos limites de deteção dos métodos

utilizados. Não obstante a falta de dados, considerou-se que todas as massas de água de

superfície têm um bom estado químico.

80

Na PTRH10, apenas dez massas de água fluviais e duas águas costeiras tinham dados de

monitorização química provenientes de um programa de monitorização de produtos químicos

perigosos. Existem muito poucos dados para que seja possível uma caracterização conforme

com o disposto na DQA. Este programa analisa 17 substâncias e grupos de substâncias da

Lista I e 114 substâncias e grupos de substâncias da Lista II da Diretiva 76/464/CE. Várias

substâncias da Lista II revelaram concentrações superiores às normas de qualidade da «água

para consumo humano» em rios, e algumas revelaram concentrações acima das normas de

qualidade das águas conquícolas em águas costeiras. No entanto, o PGBH considera que não

existe risco químico na PTRH10. A única massa de água classificada como incerta é uma

massa de água fluvial em que ocorreram, em 2009, concentrações mais elevadas de chumbo

dissolvido, mas que não voltaram a ocorrer em 2010 e 2011. A grande maioria das massas de

água não dispunha de nenhuns dados e a respetiva classificação (baixo nível de certeza) foi

conseguida utilizando um modelo estatístico, o conhecimento das pressões e o parecer de

peritos.

De um modo geral para todas as RH portuguesas, não é fornecida qualquer metodologia para

lidar com concentrações de fundo. A deposição atmosférica não foi tomada em consideração.

Não foram definidas NQA para o mercúrio e o hexaclorobutadieno. Para o hexaclorobenzeno,

efetuou-se uma campanha de amostragem em 12 praias de Portugal continental e os

resultados foram inferiores ao limite de quantificação. Não se encontrou nos textos qualquer

referência a como os fatores de biodisponibilidade de metais são tidos em conta na avaliação

da conformidade com as NQA.

De acordo com a Autoridade Nacional da Água, Portugal implementou uma rede de

monitorização de sedimentos, a fim de avaliar as tendências de monitorização de substâncias

prioritárias. Os resultados estão disponíveis a partir de 2013 e serão incluídos no segundo

ciclo de PGBH.

8.2. Substâncias que provocam Excedências

As substâncias que levam a que as massas de água não atinjam o bom estado químico são

indicadas no quadro 8.2.1.

81

Substância que

provoca excedência

Excedências por RH

PTRH1* PTRH2 PTRH3 PTRH4 PTRH5 PTRH6 PTRH7* PTRH8 PTRH9* PTRH

10

Chumbo

1 (1 %) Impede a

classificação

como bom**

Nonilfenol 1 (1 %) 5 (2 %)

Compostos de

tributilestanho

1 (0,2 %) 2 (0,9 %)

Níquel 1 (0,3 %)

Quadro 8.2.1: Substâncias responsáveis pelas excedências

Fonte: WISE 5.5.b

* Não foram comunicados dados para esta RH

** Chumbo dissolvido que ocorreu em 2009 numa RH

82

Não há qualquer indicação nos PGBH de que estão a ser utilizadas zonas de mistura. A

Autoridade Nacional da Água afirma que «não existem planos para designar zonas de mistura

a nível nacional. Contudo, sempre que se justifica, algumas zonas de mistura são definidas a

nível local e associadas às licenças de descarga de águas residuais. As orientações sobre zonas

de mistura e o programa informático de ensaios de descarga da ECA estão a ser aplicados e,

até à data, todos os casos foram de nível 2».

9. AVALIAÇÃO DO ESTADO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Estado

Estado

químico

medíocre

Estado

quantitativo

medíocre

Bom

estado

PTRH1 0 0 2 (100 %)

PTRH2 1 (25 %) 0 3 (75 %)

PTRH3 0 0 3 (100 %)

PTRH4 7 (23 %) 1 (3 %) 22 (73 %)

PTRH5 3 (25 %) 0 9 (75 %)

PTRH6 1 (12 %) 0 7 (88 %)

PTRH7 3 (33 %) 1

desconhecida 5 (56 %)

PTRH8 4 (17 %) 0 19 (83 %)

PTRH9 4 (7 %) 0 50 (93 %)

PTRH10 1

desconhecida 0 3 (75 %)

Total 23 (15 %) 1 (0,7 %) 123 (84

%)

Quadro 9.1: Número e percentagem de massas de água subterrâneas e o seu estado.

Fonte: WISE GWB_STATUS e base de dados WISE

9.1. Estado quantitativo das águas subterrâneas

Das massas de água subterrâneas classificadas, apenas uma está em estado quantitativo

medíocre e uma em estado indeterminado. A metodologia para avaliar o estado quantitativo

de uma massa de água é estabelecida na Portaria n.º 1115/2009. Esta portaria refere que o

bom estado quantitativo é alcançado quando a taxa média anual de captação é inferior a 90 %

da taxa de recarga média anual a longo prazo global.

Analisando o texto da Portaria n.º 1115/2009 e as especificidades da avaliação apresentada

nos PGBH, pode concluir-se que é utilizado o artigo 2.º, n.º 27, da DQA. Há ainda muito

pouco conhecimento acerca das necessidades dos ecossistemas terrestres associados a massas

de água subterrâneas. Em Portugal, a abordagem geral foi a de estabelecer que o caudal

ecológico necessário para os ecossistemas aquáticos e ecossistemas terrestres conexos é de 10

% da média de recarga anual a longo prazo.

Consideraram-se os impactos das captações observando o equilíbrio entre a taxa de captação

média anual a longo prazo e os recursos de águas subterrâneas disponíveis. Foi efetuada uma

análise às tendências do nível piezométrico para todas as massas de água subterrâneas. Foram

também incluídas na avaliação intrusões salinas ou outras. Na PTRH8, em que os casos de

falta de água em anos de seca foram mais frequentes, também foram tidas em conta as

utilizações legítimas efetivas e potenciais e as funções das águas subterrâneas.

83

No caso das RH do Norte, os PGBH declaram que tais elementos não foram necessários para

essa avaliação uma vez que, através da utilização de outros parâmetros (nomeadamente uma

taxa de captação muito inferior ao limite de 90 %) se determinou que as massas de água estão

em bom estado quantitativo. No sul de Portugal continental (PTRH7 e PTRH8) é mencionado

que foram identificadas algumas águas de superfície associadas a águas subterrâneas e

ecossistemas terrestres dependentes de águas subterrâneas. Existem medidas nos PdM de

todos os PGBH destinadas a aumentar os conhecimentos sobre os ecossistemas dependentes

de águas subterrâneas.

9.2. Estado químico das águas subterrâneas

É importante notar que, para muitas RH, as redes de monitorização são consideradas não

representativas. Existem algumas massas de água sem dados de monitorização, outras massas

de água têm um único ponto de monitorização. Considera-se que apenas uma das massas de

água possui dados razoavelmente precisos.

A avaliação do estado químico das águas subterrâneas seguiu os princípios do Documento de

Orientação n.º 18 (Orientações sobre o estado das águas subterrâneas e avaliação das

tendências). Foi seguido e descrito nos PGBH o seguinte procedimento:

Foi calculado o valor médio para cada parâmetro e ponto de monitorização relevante

das massas de água subterrâneas;

Foi efetuada uma «investigação adequada» (ensaios) sempre que, pelo menos, um ponto

de monitorização registou um valor médio superior ao valor-limite (VL) ou à norma de

qualidade (NQ);

Foram aplicados os ensaios relevantes — intrusões salinas ou outras, águas de

superfície, ecossistemas terrestres dependentes de águas subterrâneas, avaliação geral de

qualidade;

No ensaio de avaliação geral de qualidade, quando a extensão da excedência ocorre

numa área superior a 20 % da MASb, o estado da MASb foi considerado medíocre. Em

geral, o método de interpolação utilizado foi o método da distância inversa ponderada

(IDW, ou Inverse Distance Weighted).

O instrumento utilizado para a avaliação da tendência é a análise de regressão. Se a

concentração do parâmetro for superior a 75 % do valor paramétrico de qualidade ou VL, os

objetivos ambientais são considerados em risco. Refere-se claramente que não foi tido em

conta nenhum procedimento específico para a avaliação de inversão da tendência.

Foram estabelecidos VL para os 10 parâmetros da parte B do anexo II do DL n.º 208/2008

que transpõe a Diretiva 2006/118/CE para o direito português. Existe um documento nacional

que fixa o procedimento para o estabelecimento dos VL. Para uma massa de água subterrânea

situada na PTRH6 foram fixados VL para vários hidrocarbonetos (21) incluindo os HAP.

Estes VL podem também ser utilizados a nível nacional sempre que necessário.

As causas de excedência dos valores são determinadas por uma análise de causas e por

pareceres de peritos. As concentrações de fundo são consideradas. Por exemplo, na PTRH1

existe uma elevada concentração natural de arsénio. Para a análise dos valores de fundo foram

realizados estudos específicos na RH.

84

As estimativas e avaliações são efetuadas nos locais em que existem dados, e centram-se mais

nos parâmetros acima dos limiares e na sua comparação com os níveis de base,

nomeadamente na frequência da ocorrência e na concentração. O nitrato foi considerado o

fator mais difícil. A pressão significativa é, por conseguinte, a agricultura e a pecuária.

As águas de superfície associadas e os ecossistemas terrestres dependentes de águas

subterrâneas são considerados na avaliação do estado químico. No entanto, o conhecimento

existente é reduzido e, tal como acima referido, está atualmente em curso um estudo de

investigação.

9.3. Zonas protegidas

Os métodos utilizados para a análise do estado da água em zonas protegidas não são claros.

É de notar que a delimitação de zonas de proteção para o consumo de água potável

(«perímetros de proteção»), deve ser estabelecida em legislação específica. Os dados

indicados abaixo correspondem frequentemente a massas de água em que tais perímetros

serão estabelecidos.

Para a PTRH9 e PTRH10, os perímetros de proteção ainda não estavam publicados, por

conseguinte, os PGBH não mostram quaisquer dados sobre o estado das águas subterrâneas

das zonas protegidas. No caso da Madeira, como a monitorização química é efetuada em

zonas em que é captada água para consumo humano, existem dados sobre a qualidade. Das

três massas de água subterrâneas, duas são de boa qualidade (categoria A1 do anexo I do DL

n.º 236/98) e uma apresenta alguns casos de incumprimento.

Às massas de água subterrâneas designadas como zonas vulneráveis no âmbito da Diretiva

Nitratos foi atribuído um estado inferior a bom.

RH Bom

Não

conseguiu

alcançar o

bom

Desconhecido

PTRH1 0 4 21

PTRH2 0 0 23

PTRH3 0 1 28

PTRH4 18 2 5

PTRH5 12 0 0

PTRH6 0 0 19

PTRH7 0 0 43

PTRH8 12 1 3

PTRH9 0 0 0

PTRH10 0 0 0

Total 42 8 142

Quadro 9.2: Estado das águas subterrâneas em zonas protegidas de água potável

Fonte: Base de dados WISE

85

10. OBJETIVOS AMBIENTAIS E ISENÇÕES

10.1. Objetivos adicionais em zonas protegidas

Para zonas de captação de águas de superfície e águas subterrâneas, foram estabelecidos

objetivos em relação ao nível de qualidade da água até 2015, e o objetivo é cumprir a

legislação relevante (nomeadamente o DL n.º 236/98 relativo ao estabelecimento da qualidade

da água em função da sua utilização; os parâmetros físico-químicos e biológicos estabelecidos

no anexo X do DL n.º 236/98 são mais rigorosos do que a DQA). Uma das principais medidas

é finalizar os perímetros de proteção em torno de zonas de captação. Em massas de água

específicas sujeitas a pressões, são tomadas medidas para a rápida resolução de problemas.

Não existem zonas protegidas de moluscos em Portugal. No entanto, existem zonas

conquícolas para as quais existe legislação relativa à segurança alimentar (Decreto-Lei

n.º 293/98, que transpõe a Diretiva 91/492/CEE, alterada pela Diretiva n.º 97/61/CE do

Conselho) e são tomadas medidas de controlo.

Para as águas balneares os objetivos adicionais estão relacionados com a manutenção da

conformidade das massas de água com legislação específica até 2015. Em especial, em

massas de água de transição e em albufeiras são considerados objetivos mais rigorosos. São

definidas medidas específicas.

Os objetivos das zonas designadas para a proteção de habitats e espécies são os mesmos que

os objetivos ambientais estabelecidos para as massas de água de superfície. A mais recente

definição destas zonas protegidas são as Resoluções do Conselho de Ministros n.os 76/2000 e

135/2004 e o DL n.º 49/2005. Portugal decidiu que para além do bom estado não são

necessários quaisquer outros requisitos para satisfazer os objetivos das Diretivas Aves e

Habitats.

10.2. Isenções nos termos do artigo 4.º, n.os 4 e 5

É importante ter em mente que os dados disponíveis para utilização nos PGBH são limitados.

Não foram classificadas algumas massas de água (águas de transição) e outras foram

classificadas a título provisório (águas costeiras). De um modo geral, em muitos casos, a

precisão da classificação também é baixa ou moderada no que se refere aos rios e barragens.

Para as massas de água cujo estado não está determinado, muitas vezes não foram

estabelecidos objetivos. Esta situação está refletida nos quadros do ponto 6 do presente

relatório.

Embora o WISE comunique uma derrogação nos termos do artigo 4.º, n.º 5, os PGBH não

incluem qualquer derrogação deste tipo32

. Também existem discrepâncias entre as isenções

em virtude do artigo 4.º, n.º 4, entre os dados comunicados no WISE e os dados constantes

dos PGBH. Um exemplo é a PTRH4, que tem dois PGBH, um para as Ribeiras do Oeste e

outro para o Vouga/Mondego/Lis. De acordo com a PGBH, a bacia hidrográfica Ribeiras do

Oeste aplica o artigo 4.º, n.º 4, a 47 massas de água e a do Vouga/Mondego/Lis aplica-o a 41

massas de água; no entanto, no WISE só são comunicadas 68 para toda a RH.

As justificações para a utilização de isenções nos termos do artigo 4.º, n.º 4, são a viabilidade

técnica e as condições naturais. Na PTRH10, existe também uma justificação baseada em

32

Isto pode tratar-se de um erro dado que, mesmo no WISE, o artigo 4.º, n.º 5, é referido apenas uma vez, ao

passo que, se existisse, devia ser mencionada em várias entradas. Existem, no entanto, derrogações relacionadas

com o artigo 4.º, n.º 7.

86

custos desproporcionados33

.

As medidas são tecnicamente inviáveis se um problema demorar mais tempo a solucionar do

que o período de tempo disponível, se não houver nenhuma solução técnica disponível, ou se

não existir nenhuma informação sobre a causa do problema. A utilização do «artigo 4.º, n.º 4,

— condições naturais» refere-se a algumas massas de água em que o estado ecológico não

alcança o «bom» devido a elementos de qualidade biológica. Em alguns casos estão previstas

medidas, mas não é certo que possa ser alcançado o estado bom até 2015, dado que as

comunidades biológicas precisam de um período indeterminado de tempo para recuperar até

limiares compatíveis com um «bom» estado. Nestes casos, a resposta das comunidades

biológicas às medidas implementadas não é imediata.

RH Artigo 4.º, n.º 4 Artigo 4.º, n.º 5

R L T C Sub R L T C Sub

PTRH1 12 1 0 0 0 0 0 0 0 0

PTRH2 33 1 0 0 0 0 0 0 0 0

PTRH3 87 13 0 0 0 0 0 0 0 0

PTRH4 57 3 8 0 4 1* 0 0 0 0

PTRH5 66 2 0 0 0 0 0 0 0 0

PTRH6 108 4 0 0 0 0 0 0 0 0

PTRH7 121 8 0 0 0 0 0 0 0 0

PTRH8 23 0 0 0 1 0 0 0 0 0

PTRH9 7 12 2 0 4 0 0 0 0 0

PTRH10 39

Total 514 44 10 0 9 1* 0 0 0 0

Quadro 10.2.1: Isenções do artigo 4.º, n.os 4 e 5.

* valor que se julga estar errado quando comparado com o PGBH.

Fonte: WISE (SWB_STATUS_EXEMPTIONS e GWB_STATUS_EXEMPTIONS), e informações fornecidas

pela Autoridade Nacional da Água, após a avaliação dos PGBH.

RH

Global34

Viabilidade

técnica

Custos

desproporcionado

s

Condições

naturais

Artigo

4.º, n.º 4

Artigo

4.º, n.º 5

Artigo

4.º, n.º 4

Artigo

4.º, n.º 5

Artigo

4.º, n.º 4

Artigo

4.º, n.º 5

PTRH1 13

PTRH2 34

PTRH3 100

PTRH4 66 1 2

PTRH5 68 0

33

A Madeira comunicou 39 derrogações no WISE, todas relacionadas com condições naturais. No PGBH da

PTRH10, o número de derrogações nas massas de água é de 40, sendo a justificação apresentada no

quadro 11.2.2. 34

As isenções são combinadas para o estado ecológico e químico.

87

RH

Global34

Viabilidade

técnica

Custos

desproporcionado

s

Condições

naturais

Artigo

4.º, n.º 4

Artigo

4.º, n.º 5

Artigo

4.º, n.º 4

Artigo

4.º, n.º 5

Artigo

4.º, n.º 4

Artigo

4.º, n.º 5

PTRH6 25 111

PTRH7 21 124

PTRH8 1 23

PTRH9 23 2

PTRH10 1 39

Total 222 1 0 0 448 0

Quadro 10.2.2: Número de isenções do artigo 4.º, n.os 4 e 5

Fonte: Base de dados WISE e PGBH para a PTRH8 e PTRH9

Figura 10.2.1: Número de isenções do artigo 4.º, n.os 4 e 5

T = Viabilidade técnica

D = Custos desproporcionados

N = Condições naturais

Fonte: Base de dados WISE

Os dados que figuram no quadro 10.2.2 e na figura 10.2.1 (supra) foram retirados do WISE,

ao passo que os dados que figuram no quadro 10.2.3 (abaixo) foram fornecidos enquanto

informação adicional pela autoridade nacional da água. Existem discrepâncias entre as duas

fontes de dados.

RH

Global

Viabilidade técnica Custos

desproporcionados Condições naturais

Nova

alteração

88

Artigo 4.º,

n.º 4

Artigo 4.º,

n.º 5

Artigo 4.º,

n.º 4

Artigo 4.º,

n.º 5

Artigo 4.º,

n.º 4

Artigo 4.º,

n.º 535

Artigo 4.º,

n.º 7

PTRH1 0 0 0 0 13 0 0

PTRH2 0 0 0 0 34 0 0

PTRH3 0 0 0 0 100 0 11

PTRH4 66 1 0 0 3 0 4

PTRH5 68 0 0 0 0 0 2

PTRH6 23 0 0 0 111 0 0

PTRH7 21 0 0 0 124 0 0

PTRH8 0 0 0 0 23 0 1

PTRH9 23 0 0 0 2 0 0

Total 201 1 0 0 410 0 18

Quadro 10.2.3: Número de isenções do artigo 4.º, n.os 4 e 5

Fonte: Informações complementares apresentadas pelas autoridades portuguesas

Em resultado do processo de comunicação entre a Comissão Europeia e as autoridades

nacionais, foram emitidas orientações indicando que «as condições naturais não devem ser

invocadas quando as medidas não estão a ser aplicadas por outros motivos (por exemplo, a

falta de fundos)». Tal poderá explicar as discrepâncias entre os quadros 10.2.2 e 10.2.3.

10.3. Isenções nos termos do artigo 4.º, n.º 6

O artigo 4.º, n.º 6, não foi aplicado.

10.4. Isenções nos termos do artigo 4.º, n.º 7

De acordo com os PGBH, houve em Portugal continental um número significativo de massas

de água às quais foi aplicado o artigo 4.º, n.º 7, devido a projetos de construção de barragens.

Na PTRH3 existem 30 massas de água fluviais com derrogações devido a futuras barragens

hidroelétricas, uma em construção e as outras com AIA favoráveis. A PTRH4 aplicou o artigo

4.º, n.º 7, a quatro massas de água; a PTRH5 também aplicou esse artigo a quatro massas de

água. Os dados comunicados ao WISE são diferentes daquilo que é comunicado nos PGBH.

Outros PGBH referem que estão previstas derrogações. Na PTRH7 existe um plano de

transferência de água para a PTRH6 que provavelmente também conduzirá a derrogações.

Como a causa comum da aplicação do artigo 4.º, n.º 7, são as barragens de médias e grandes

dimensões, é provável que haja reclassificação de massas de água no próximo exercício de

planeamento. Tal acontece, nomeadamente, na PTRH7 onde a albufeira do Alqueva foi

considerada uma única massa de água por insuficiência de dados disponíveis que permitissem

dividi-la em várias massas de água, algo que, contudo, será alterado no segundo ciclo de

PGBH.

Tal como acima referido, os PGBH não apresentam qualquer análise sobre como poderia

haver medidas de atenuação para que fossem reduzidos os impactos das barragens previstas

(nomeadamente para massas de água a jusante das barragens), nem avaliam alternativas à

35

Os valores deste quadro são diferentes dos que figuram no WISE. Houve um erro nas informações prestadas

inicialmente. O artigo 4.º, n.º 5, não foi utilizado.

89

construção de barragens. Refere-se que muitas barragens previstas possuem avaliações de

impacto ambiental aprovadas.

10.5. Isenções à Diretiva das Águas Subterrâneas

Não foram fornecidas informações sobre a utilização de isenções à Diretiva das Águas

Subterrâneas nas RH de Portugal.

11. PROGRAMAS DE MEDIDAS

De acordo com o anexo VII da DQA, os PGBH devem conter um resumo dos programas de

medidas (PdM), incluindo as formas como os Estados-Membros esperam alcançar os

objetivos do artigo 4.º da DQA. Os programas deviam ter sido elaborados até 2009 e eram

obrigados a estar em funcionamento em dezembro de 2012.

A avaliação contida no presente ponto tem por base os PdM, tal como resumidos pelos

Estados-Membros nos seus PGBH, e a conformidade destes exclusivamente o disposto no

artigo 11.º e no anexo VII da DQA. A avaliação incide em particular sobre os principais

conjuntos de medidas.

Os Estados-Membros transmitiram à Comissão, até dezembro de 2012, um relatório sobre a

execução dos seus PdM, incluindo sobre os progressos realizados na implementação de

medidas básicas, tal como previsto no artigo 11.º, n.º 3. O relatório apresentado por Portugal

continha poucas informações.

11.1. Programa de medidas — geral

As medidas incidem principalmente sobre pressões identificadas: poluição proveniente de

fontes tópicas e difusas, disponibilidade de água, etc. Os PGBH incluem uma análise custo-

eficácia, mas os resultados apresentados são muito gerais. É indicado em alguns PGBH que a

definição de prioridades não é necessariamente realizada em termos da relação custo/eficácia,

mas também em termos de benefício ou necessidade urgente, mas não existe qualquer

indicação clara sobre os critérios utilizados para a definição de prioridades. Não há indícios

claros, nomeadamente em relação às medidas básicas, que lhes será dada prioridade ou que

serão aplicadas mais intensamente em massas de água problemáticas.

Uma parte significativa das medidas diz respeito ao aumento do conhecimento sobre as

massas de água, ao reforço e alargamento da rede de monitorização e à melhoria do inventário

das pressões. Espera-se que, uma vez alcançados esses objetivos, possa haver progresso nos

métodos de avaliação, no estabelecimento de condições de referência, na planificação de

objetivos para as massas de água e na monitorização do impacto das medidas.

As medidas são apresentadas por tipo (básicas, suplementares, complementares e adicionais);

por programa operacional (programas e planos nacionais); por tema (quantidade de água,

qualidade da água, monitorização, investigação, etc.); e por entidade responsável. As

informações sobre o âmbito geográfico das medidas são prestadas a nível nacional, da sub-

bacia hidrográfica ou a nível da massa de água, consoante a natureza da medida (contida num

programa nacional, ou específica da RH).

Deve também salientar-se que vários PGBH incluem, como parte dos PdM, medidas de

planos e programas existentes, e investimentos em medidas aplicadas desde 2009. As

entidades responsáveis são públicas e privadas (sobretudo grandes empresas que lidam com o

abastecimento de água e o saneamento básico ou com a produção de energia hidroelétrica).

90

As medidas agrícolas também se caracterizam por uma responsabilidade partilhada, sendo

conduzidas pelas autoridades nacionais mas implementadas por agricultores e empresas.

Para as medidas criadas especificamente para os PGBH, muitas vezes os fundos não são

garantidos e os PGBH citam como possíveis fontes de financiamento: os fundos estruturais,

de coesão e de desenvolvimento rural; outros fundos da UE; o orçamento de Estado; e

investimentos privados. A crise económica e social que afetou Portugal provocou uma

redução da despesa pública e o colapso de muitas indústrias e empresas agrícolas, e a situação

tem igualmente repercussões na mobilização de fundos para a implementação das medidas.

No entanto, de acordo com a autoridade nacional da água portuguesa, a concentração da

gestão dos recursos hídricos e de outras questões ambientais na APA permitiu um aumento da

percentagem do orçamento geral da organização destinada à gestão dos recursos hídricos.

Esta evolução reflete a prioridade relativa da gestão da água em termos de política ambiental

pública em comparação com o contexto geral de escassez dos recursos públicos, tanto em

termos humanos como financeiros.

Não houve qualquer coordenação entre Portugal e Espanha no que respeita os PdM.

A Autoridade Nacional da Água reconhece que a análise da eventual eficácia das medidas é

um desafio. Não obstante, desde outubro de 2012, está a ser utilizado um sistema de

licenciamento que irá melhorar consideravelmente o conhecimento das pressões e que

controla em tempo real o número de utilizações de uma massa de água. De acordo com o DL

n.º 226-A/2007, a captação de água e as descargas de águas residuais estão sujeitas a um

processo de licenciamento e outras utilizações de menor dimensão devem ser previamente

comunicadas. A Autoridade Nacional da Água refere que está atualmente em fase de

preparação um processo de verificação para avaliar se as medidas identificadas são suficientes

para dar resposta às pressões identificadas, especialmente as medidas relacionadas com

pressões agrícolas e as relacionadas com pressões químicas (com base em inventários de

fontes de poluição química), e para clarificar as ligações entre medidas hidromorfológicas e

pressões hidromorfológicas específicas. Este objetivo será alcançado através de monitorização

(incluindo o autocontrolo) e inspeção. Está em curso comunicação e partilha de informações

com as autoridades da agricultura e com a entidade reguladora dos serviços de águas e

resíduos, bem como com os Conselhos de Região Hidrográfica.

11.2. Medidas relacionadas com a agricultura

A agricultura é avaliada como sendo conducente a pressões na qualidade da água, que

incluem a eutrofização, a quantidade de água e alterações hidromorfológicas. Em Portugal

continental, 386 massas de água de superfície e 11 massas de água subterrâneas não atingem o

bom estado devido a pressões relativas à agricultura (21 % e 8 %, respetivamente).

As medidas agrícolas são frequentemente incluídas nas medidas destinadas a reduzir a

poluição proveniente de fontes difusas e, em particular, nos PGBH do sul de Portugal

continental existem também medidas agrícolas para lidar com as pressões quantitativas. As

medidas relacionadas com a pecuária são frequentemente incluídas na redução das fontes

tópicas de poluição. Também são incluídas medidas nos domínios da comunicação e da

governação, que consistem na sensibilização e formação em matéria de melhores práticas na

agricultura (utilização reduzida de fertilizantes e pesticidas, utilização eficiente da água,

proteção dos solos, etc.)

Houve reuniões de consulta e encontros temáticos sobre agricultura durante a preparação dos

PGBH. No entanto, as medidas definitivas foram revistas em 2012, aquando da conclusão dos

91

PGBH, com vista a reduzir os investimentos, não sendo possível determinar as principais

alterações que podem ter ocorrido.

Foi selecionada uma combinação de medidas técnicas, instrumentos económicos e medidas

não técnicas para fazer face às pressões resultantes da agricultura em todos os PGBH de

Portugal (ver quadro 11.2.1).

As medidas são geralmente concebidas para a RH ou sub-RH. No caso dos projetos de

reparação específicos, essa escala pode ser definida em termos de local ou zona. São

fornecidas informações sobre o calendário para a implementação das medidas ou, pelo menos,

o período de implementação, por exemplo, até 2015.

O custo das medidas foi genericamente identificado em algumas RH (por exemplo, na

PTRH7) mas, em alguns casos, é identificado mais pormenorizadamente (por exemplo, na

PTRH5). Quando apenas são fornecidas informações gerais, o custo é identificado para

grupos de medidas, e não para cada medida.

Não existe um compromisso financeiro claro para implementar várias medidas, existem

lacunas nas medidas básicas necessárias para lidar com as pressões agrícolas (poluição,

captação, morfologia) e os Programas de Desenvolvimento Rural são considerados o principal

instrumento para apoiar medidas da DQA no domínio da agricultura.

Não é claro até que ponto as medidas propostas para a agricultura serão suficientes para lidar

com as pressões decorrentes deste setor. Além disso, não são evidentes os recursos adequados

para prestar aconselhamento, controlar e fazer cumprir a legislação e as medidas.

Para muitas massas de água não é definido um regime de caudal ecologicamente orientado e

não há orientações nacionais. Tal como acima referido, este trabalho está a ser feito no

momento da renovação dos contratos de concessão. Por enquanto, nem todas as barragens

demonstram ser compatíveis com os objetivos da DQA.

92

Medidas PTRH1 PTRH2 PTRH3 PTRH4 PTRH5 PTRH6 PTRH7 PTRH8 PTRH9 PTRH10

Medidas técnicas

Redução/alteração da aplicação de fertilizantes

Redução/alteração da aplicação de pesticidas

Mudança para a agricultura com baixa utilização

de fatores de produção

Medidas hidromorfológicas

Medidas contra a erosão do solo

Medidas com múltiplos objetivos

Medidas de poupança de água

Instrumentos económicos

Pagamento de compensações pela ocupação do

solo

Acordos de cooperação

Tarifação da água

Comércio de nutrientes

Tributação de adubos

Medidas não técnicas

Implementação e aplicação da legislação da UE

em vigor

Controlos

Alterações institucionais

Códigos de práticas agrícolas

Aconselhamento e formação

Sensibilização

Medidas destinadas a aumentar o conhecimento

para uma melhor tomada de decisões

Sistemas de certificação

Subdivisão em zonas

Planos/programas de ação específicos

93

Medidas PTRH1 PTRH2 PTRH3 PTRH4 PTRH5 PTRH6 PTRH7 PTRH8 PTRH9 PTRH10

Planeamento da utilização dos solos

Normas técnicas

Projetos específicos relacionados com a

agricultura

Licenciamento e concessão de autorizações

ambientais

Quadro 11.2.1: Tipos de medidas no âmbito da DQA que abordam as pressões agrícolas, tal como descritas no PdM

Fonte: PGBH

94

11.3. Medidas relacionadas com a hidromorfologia

As medidas de hidromorfologia contidas nos PGBH têm, frequentemente, âmbitos alargados,

como a recuperação do habitat ou a restauração da estrutura da margem. Estas medidas

destinam-se a concretizar o potencial de retenção natural de água. Outra medida que consta de

quase todos os PGBH é a fixação dos requisitos mínimos em matéria de caudal ecológico.

Com efeito, embora tenha sido um requisito da legislação portuguesa desde 1989,

nomeadamente em pequenas barragens e, desde 2007, para todas as estruturas hidráulicas,

ainda existe um conhecimento limitado das diferentes massas de água, particularmente no que

diz respeito a ecossistemas e habitats dependentes.

A dragagem tem sido um problema sobretudo no norte de Portugal continental, e estão

previstos planos de gestão para a extração de areia e outros inertes de domínios hídricos

públicos.

Para algumas RH (particularmente em Portugal continental), as medidas são as indicadas nas

declarações de impacto ambiental, nomeadamente para grandes estruturas: é o caso de

medidas de criação de canais de derivação e eclusas para peixes.

Para muitos PGBH as medidas relativas a pressões hidromorfológicas são limitadas. Isto pode

estar relacionado com o facto de existir um conhecimento limitado do impacto dessas

pressões.

95

Medidas PTRH1 PTRH2 PTRH3 PTRH4 PTRH5 PTRH6 PTRH7 PTRH8 PTRH9 PTRH10

Eclusas para peixes

Canais de derivação

Restabelecimento de habitats,

construção de zonas de desova

e de reprodução

Gestão de detritos/sedimentos

Remoção de estruturas: açudes,

barreiras, reforço das margens

Reconexão de curvas sinuosas

ou braços laterais

Abaixamento das margens dos

rios

Reabilitação da estrutura das

margens

Definição de requisitos

mínimos de caudal ecológico

Modificações operacionais

para picos de fluxo

Inundação de planícies aluviais

Construção de bacias de

retenção

Redução ou alteração da

dragagem

Reabilitação de estruturas de

leitos degradados

Restabelecer as sinuosidades

de cursos de água

anteriormente retificados

Quadro 11.3.1: Tipos de medidas no âmbito da DQA que abordam as pressões hidromorfológicas, tal como descritas no PdM

96

Fonte: PGBH

0

11.4. Medidas relativas às águas subterrâneas

Note-se que em todos os PGBH são implementadas tanto medidas básicas como

suplementares fim de combater a exploração excessiva de águas subterrâneas e impedir a

introdução de quaisquer substâncias nocivas que possam afetar a qualidade das águas

subterrâneas. Algumas medidas podem não ser específicas para águas subterrâneas mas, não

obstante, ter impacto na realização dos objetivos.

As medidas básicas implementadas para abordar a exploração excessiva de águas subterrâneas

incluem controlos aplicáveis ao excesso de captações e recarga artificial, e limites para as

licenças de utilização de águas subterrâneas nas massas de água cujo volume anual de água

captado é superior a 70 % da recarga anual. Nesses casos, as licenças são limitadas à água

para consumo humano. Outras medidas básicas incluem:

Promoção da reutilização de água, por exemplo, a utilização de água tratada na rega, a

reutilização de água tratada das instalações industriais e a utilização de água tratada no

setor do turismo (campos de golfe);

Controlo do limite de águas subterrâneas captadas em função da cultura e do clima;

Limitar a utilização de água potável para outros usos que não sejam o consumo

humano em zonas urbanas e periurbanas;

Reabilitação dos perímetros de rega comunitários;

Extensão de serviços para promover a utilização eficiente;

Promoção de tecnologias mais eficientes em matéria de distribuição de água;

Incentivos económicos à utilização eficiente; e

A revisão do coeficiente de escassez utilizado no cálculo da Taxa de Recursos

Hídricos.

As medidas suplementares incluem a avaliação das tendências piezométricas e a prevenção e

controlo da captação em massas de água que se saiba serem vulneráveis.

Na PTRH9, a prevenção da intrusão salina em massas de água subterrâneas na RH está

relacionada com a exploração excessiva. Está em curso um estudo em colaboração com a

Universidade dos Açores, a fim de caracterizar a salinização das águas subterrâneas nas ilhas

do Pico e Graciosa, onde algumas massas de água subterrâneas estão em estado químico

medíocre. Os objetivos deste projeto são: (1) caracterizar a composição das águas

subterrâneas no aquífero basal e os efeitos da mistura com água do mar através de elementos

maiores, menores e oligoelementos, bem como ferramentas isotópicas, (2) desenvolver um

modelo hidrogeoquímico, (3) proceder à cartografia do risco de intrusão de água do mar, e (4)

definir redes de monitorização operacional. Os resultados devem ser complementados por

uma análise global desta questão no arquipélago. Os resultados constituirão a base de uma

análise global das taxas de bombagem sustentável a fim de evitar más práticas e, se

necessário, localizar novos poços para serem perfurados quando necessário.

As medidas básicas implementadas a fim de prevenir e limitar as descargas de poluição (a

partir de fontes tópicas ou difusas de poluição) nas águas subterrâneas incluem:

1

Reforçar os requisitos e a monitorização/inspeção relativamente ao tratamento de

águas residuais das instalações de suinicultura;

Controlar alguns aterros fechados e selados;

Controlar as instalações de depósito de veículos em fim de vida;

Controlar minas abandonadas;

Incentivar a substituição de fossas séticas por sistemas mais eficientes, em função do

tipo de águas residuais e da vulnerabilidade do ambiente circundante à infiltração

(poluição difusa);

Implementar medidas em zonas vulneráveis à poluição (difusa) por nitratos; e

Prestação de aconselhamento técnico aos agricultores sobre as melhores práticas de

regadio e fertilização (poluição difusa).

Nenhum PGBH comunicou a elaboração de medidas específicas para uma parte de uma massa

de água subterrânea em que as normas de qualidade ou os valores-limite foram ultrapassados,

embora a massa de água subterrânea esteja em bom estado.

11.5. Medidas relacionadas com a poluição química

Os principais contribuintes para a poluição química comunicada nos PGBH são os agregados

familiares (através da ETAR), a indústria, a pecuária, as estações de combustível (todas com

impacto sobretudo nas águas de superfície), o setor da mineração e depósitos de resíduos e

aterros não controlados (sobretudo com impacto nas águas subterrâneas). A poluição difusa

provém essencialmente da agricultura, pecuária, campos de golfe, aquicultura e portos.

Vários PGBH estabeleceram um inventário de fontes de poluição, tendo em conta as

condições e circunstâncias nacionais. Alguns inventários incluem a poluição difusa. Os mais

completos têm substâncias prioritárias e certos outros poluentes, poluentes específicos não

prioritários ou os principais poluentes identificados a nível da RH e nutrientes. No entanto,

em algumas RH apenas foram considerados os nutrientes.

As medidas incluem:

Identificação de problemas nas ETAR e suinicultura intensiva;

Estabelecer protocolos de cooperação com calendários e metas a atingir para resolver

os problemas;

Implementação de ações que visam o cumprimento da lei;

Melhoramento das estações de tratamento de águas residuais urbanas, melhoramento

da rede de esgotos, melhoria dos sistemas de tratamento, trabalhos com vista ao

controlo das descargas não autorizadas;

Incentivos para a implementação de medidas de reutilização dos resíduos (lamas da

ETAR, descargas de líquidos);

2

Melhoria da ETAR das centrais de produção de vinho;

Revisão e controlo das condições de descarga de efluentes da indústria;

Implementação de medidas de autocontrolo para as ETAR;

Licenciamento de descargas das ETAR;

Estabelecimento de sistemas de alerta para os casos em que o caudal que chega à

ETAR é mais elevado do que a sua capacidade, a fim de minimizar as descargas de

águas residuais não tratadas ou parcialmente tratadas;

Definição de códigos de boas práticas e orientações técnicas para os agricultores;

Código de boas práticas para a indústria agropecuária e monitorização da sua

implementação;

Descontaminação de aquíferos e proibição de descargas diretas em aquíferos;

Reforço das inspeções das atividades suscetíveis de afetar as massas de água;

Prevenção e minimização dos efeitos da poluição acidental;

Otimização do controlo das emissões;

Monitorização das pressões de instalações mineiras abandonadas;

Reforço do controlo e melhoria das ETAR de suinicultura intensiva;

Desenvolvimento de projetos-piloto para a aplicação de lamas e resíduos orgânicos da

ETAR na agricultura e campos de golfe;

Prestação de informação aos agricultores sobre a utilização adequada de fertilizantes e

de abeberamento para aumentar a produção;

Pagamento de compensações a agricultores pela utilização de práticas agroambientais;

e,

Melhoria do inventário das pressões.

Mesmo que possam existir algumas medidas relacionadas com substâncias específicas, os

PGBH não mencionam tais ligações. No entanto, a Autoridade Nacional da Água comunica as

substâncias identificadas como excedendo as respetivas NQA no quadro 11.5.1.

3

RH MASp SWB_NAME Categoria* Estado

Químico

Excedências Químicas

PTRH2 PTCOST2 CWB-I-1B AC 3 3.10 Nonilfenol

PTRH3 PT03DOU0367 Rio Tinto AR 3 1.4 Níquel

PTRH4 PTCOST4 CWB-II-1B AC 3 3.10 Nonilfenol

PTRH4 PTCOST6 MAC-II-2 AC 3 3.10 Nonilfenol

PTRH4 PT04LIS0704 Lis AT 3 3.10 Nonilfenol

PTRH4 PT04VOU0536 Ria Aveiro-BH4 AT 3 3.10 Nonilfenol

PTRH4 PT04VOU0547 Ria Aveiro-BH2 AT 3 3.10 Nonilfenol

PTRH5 PT05TEJ0939 Albufeira Nisa —

Póvoa

Lago 3 4.17 Compostos de

tributilestanho

PTRH6 PT06SAD1195 Ribeira da Marateca AR 3 4.17 Compostos de

tributilestanho

PTRH6 PT06SAD1229 Rio Xarrama AR 3 4.17 Compostos de

tributilestanho

PTRH8 PT08RDA1706 Ribeira de Quarteira AR 3 1.2 Chumbo

Quadro 11.5.1: Substâncias identificadas como excedendo a sua NQA

Fonte: Informações adicionais fornecidas pelas autoridades portuguesas

Estas ocorrências estão a ser abordadas através da implementação das seguintes medidas:

Reabilitação ambiental de indústrias químicas, metalúrgicas e de mineração

abandonadas, que constituem anteriores «pontos críticos» de poluição;

Reforço dos requisitos de licenciamento :

o Revisão dos títulos de utilização de água para atividades responsáveis pela

poluição química;

o Revisão dos limites de descarga para unidades industriais ligadas a esgotos

municipais;

o Emissão de decisões desfavoráveis para a aplicação de lamas a terras agrícolas

que afete massas de água; e

o Exigir a reabilitação e a construção de estações de tratamento de águas

residuais industriais.

Melhorar a inspeção através de:

o Aumento dos controlos;

o Avaliação do estado de implementação das melhores técnicas disponíveis

fornecidas no contexto de licenças ambientais (PCIP); e

o Aumento do controlo das atividades portuárias, nomeadamente dos efluentes

produzidos por atividades como serviços de manutenção e reparação de

embarcações.

4

Para além do que precede, a Portaria n.º 50/2005, de 20 de janeiro de 2005, aprovou

programas de redução e controlos para as seguintes substâncias perigosas no meio aquático:

antraceno, 2,4-D (ácido 2,4-diclorofenoxiacético), MCPA (2-metil- 4-clorofenoxiacético),

simazina, óxido de tributilestanho, 2,4,6-triclorofenol, amoníaco, compostos de fósforo,

nitritos, 1,2-dicloropropano, linurão, naftaleno, 2,4,5-T (2,4,5- ácido triclorofenoxiacético),

atrazina, cianetos.

11.6. Medidas relacionadas com o artigo 9.º (políticas de tarifação da água)

Foram calculados níveis de recuperação de custos para os sistemas urbanos de abastecimento

de água (AA) e de drenagem e tratamento de águas residuais (DTAR) e ainda para o

abastecimento de água (AA) para agricultura. Para os sistemas urbanos, foi calculado o total

de recuperação de custos: AA; DTAR; AA + DTAR (combinação dos dois36

). Cada um destes

três elementos foi desagregado em dois grupos: (i) setor doméstico; (ii) outros setores. O

último (outros setores) inclui a produção/indústria e todos os outros setores servidos no

âmbito de sistemas urbanos (por exemplo, comercial, turístico, serviços, instituições,

agricultura e pecuária).

No que respeita ao saneamento e abastecimento de água em regime de self-service,

considerou-se que tal inclui as pescas, a aquicultura, o golfe e a extração de recursos hídricos

públicos. Para a indústria em regime de self-service, foi assumida a recuperação integral dos

custos dos investimentos (partindo do princípio de que não há subsídios). Os custos totais

foram separados dos custos não subsidiados no caso da energia hidroelétrica. Para a

agricultura, os dados da recuperação de custos incidem nos perímetros especiais de regadio

público, cuja denominação pode ser traduzida como Aproveitamentos Hidroagrícolas

Coletivos Estatais (AHCE).

A recuperação de custos baseia-se essencialmente nos custos financeiros (custos de capital,

depreciação, custos operacionais e de manutenção, custos de substituição). Aquando do

desenvolvimento dos PGBH, Portugal não dispunha de informações fiáveis suficientes para

estimar os custos ambientais e de recursos. Apesar de a taxa de recursos hídricos integrar, em

certa medida, os custos ambientais e de recursos, o imposto era bastante recente no momento

da finalização dos PGBH e a análise da sua aplicação foi preliminar.

A taxa de recursos hídricos (TRH) implementa a ideia de base que o utilizador dos recursos

hídricos deve compensar os custos gerados à comunidade e/ou restaurar o benefício que a

comunidade concede (princípios do «utilizador-pagador» e do «poluidor-pagador»). A TRH é

paga numa base anual, e a entidade devedora é o utilizador dos recursos hídricos. A TRH

compensa: (1) a vantagem resultante da utilização privada de água pública, (2) os custos

ambientais relacionados com as atividades suscetíveis de causar um impacto significativo nos

recursos hídricos, e (3) os custos administrativos em matéria de planeamento, gestão,

supervisão e garantia da qualidade e quantidade da água.

Os cinco componentes da TRH correspondem: (1) à diferente contribuição que cada setor

económico deve ser obrigado a fornecer para a gestão sustentável dos recursos hídricos, (2) à

diferente escassez dos recursos hídricos em diferentes partes do território; (3) às preocupações

entre grupos de utilizadores em termos de perturbações sociais e económicas. Os cinco

componentes são os seguintes:

A — A captação de água pública para fins privados. É calculado multiplicando o valor de

base da respetiva utilização pelo volume de água captado, desviado ou utilizado expresso

36

Ocorre frequentemente que a recuperação dos custos de AA é superior a 100 %, enquanto a DTAR não for

integralmente recuperada.

5

em metros cúbicos, e pelo coeficiente de escassez aplicável. O coeficiente de escassez é

aplicado de forma distinta por região hidrográfica (1 para a PTRH1, PTRH2 e PTRH3; 1,1

para a PTRH4 e PTRH5 e 1,2 para a PTRH6, PTRH7 e PTRH8). Este componente é

aplicável aos seguintes setores: agricultura, piscicultura, aquicultura, maricultura, produção

de energia hidráulica, produção de energia térmica, sistemas públicos de abastecimento de

água e outros casos;

E — A descarga direta ou indireta de efluentes em recursos hídricos, suscetível de causar

impacto significativo. É calculado multiplicando o valor de base do efluente pela

quantidade de toxicidade ou cargas poluentes contidas na descarga, expressas em

quilogramas de matéria oxidável, azoto total e fósforo total;

I — A extração de inertes dos recursos hídricos públicos, calculada através da multiplicação

do valor de base pelo volume de inertes extraído, expresso em metros cúbicos;

O — A ocupação das terras de recursos hídricos públicos e/ou a ocupação e criação de

extensões de água, calculada através da multiplicação do valor de base da respetiva

utilização pela área ocupada, expressa em metros quadrados. Este componente é aplicável

aos seguintes setores / situações: produção de energia elétrica, equipamentos de

piscicultura localizados no mar, criação de extensões de água (por exemplo, uma

barragem); agricultura, piscicultura, aquicultura, maricultura, infraestrutura e equipamento

de apoio à pesca tradicional, saneamento, abastecimento público de água e produção de

eletricidade; indústria; residências/habitações; apoios temporários de praia e ocupações

ocasionais de natureza comercial, turística ou recreativa para fins lucrativos; apoios

permanentes de praia e ocupações duradouras de natureza comercial, turística ou recreativa

para fins lucrativos e demais casos;

U — A utilização privada de água, qualquer que seja a sua natureza ou regime estatutário,

sujeita a planeamento e gestão pública, suscetível de causar impacto significativo. É

calculado multiplicando o valor de base da respetiva utilização pelo volume de água

captado, desviado ou utilizado, expresso em metros cúbicos. Este componente é aplicável

aos seguintes setores: agricultura, piscicultura, aquicultura, maricultura, produção de

energia hidráulica, produção de energia térmica, sistemas públicos de abastecimento de

água e outros casos.

A taxa de tributação da TRH é determinada com base no autocontrolo e valores estimados

pelos utilizadores (utilização efetiva) ou, na sua falta, pelos valores máximos incluídos nas

licenças emitidas pela APA como autoridade da água uma vez que todas as utilizações dos

recursos hídricos devem ser sujeitas a uma licença. Em casos em que há falta de provas de

utilização são também usados métodos de cálculo indireto, incluindo indicadores dos

utilizadores por setor de atividade e com métodos de produção semelhantes.

A TRH recolhe fundos para fins ambientais públicos37

, e tem uma intenção clara de orientar o

comportamento dos utilizadores privados: (1) para uma utilização de água mais eficiente e (2)

para o favorecimento da utilização de água em atividades económicas mais rentáveis. A TRH

abrange custos relacionados com serviços públicos de abastecimento de água (com as tarifas);

abastecimento coletivo para irrigação hidroagrícola (HAICS, em inglês); custos ambientais e

custos de recursos (por região hidrográfica e por setor); a captação de água pública para fins

37

De acordo com a autoridade da água, a TRH baseou-se numa estimativa dos custos suportados pela APA a fim

de gerir os recursos hídricos. Estes custos foram estimados em cerca de 40 milhões de EUR/ano, cerca de metade

dos quais são reinvestidos na gestão dos recursos hídricos em Portugal por entidades públicas e privadas através

do Fundo para a Proteção dos Recursos Hídricos (FPRH).

6

privados; a descarga direta ou indireta de efluentes nos recursos hídricos; a extração de inertes

dos recursos hídricos públicos; a ocupação de terras de recursos hídricos públicos e / ou

extensões de água.

A poluição difusa proveniente da agricultura é muito difícil de medir em termos físicos e não

foi incluída nos PGBH. De facto, não existem mecanismos económicos diretos para avaliar a

poluição difusa, mas existem algumas medidas indiretas (como a tributação e outros

instrumentos económicos) relacionadas com um incentivo negativo que podem ser aplicadas a

substâncias que poluem a água e o solo. Os custos de redução da poluição incluem os custos

de análises laboratoriais (da amostragem em zonas vulneráveis designadas nos termos da

Diretiva Nitratos); a perda de receitas devido à adoção de medidas antipoluição, o que implica

uma redução da produção, pode ser abrangida pelo componente «O» da Taxa de Recursos

Hídricos.

Os incentivos na tarifação da água e as considerações sociais refletiram-se em tarifas por

parcelas, combinando o aumento de preço por metro cúbico de água com o aumento do

consumo de água.

Em Portugal, os municípios ou empresas fornecem água ao utilizador final. Estes prestadores

de serviços estabelecem o preço da água. Recentemente, a entidade reguladora de águas e

resíduos emitiu orientações para uma avaliação que tente harmonizar o preço da água, em que

podem ocorrer variações para pessoas ou regiões menos favorecidas.

Existem subsídios cruzados mas não são tornados explícitos nas estimativas do NRC. No caso

de subsídios ao investimento, só é incorporado na tarifa o subsídio líquido de depreciação. No

entanto, no que diz respeito aos custos operacionais e de manutenção, não foram tidos em

conta os subsídios cruzados. De facto, os subsídios à exploração são tidos em conta nas

receitas anuais totais. Embora Portugal considere que se deva evitar subsídios cruzados no

fornecimento de serviços de águas e resíduos, eles ainda se verificam em relação a vários

operadores quando o nível de rendimento do serviço é insuficiente para cobrir o nível de

custos. De acordo com a Autoridade Nacional da Água, na próxima geração de PGBH,

Portugal irá procurar explicitar os subsídios cruzados no cálculo da recuperação de custos.

Dado que não existiram quaisquer derrogações, o artigo 9.º, n.º 4, não é aplicável.

Em Portugal, todos os utilizadores abastecidos pelos sistemas públicos pagam os serviços

hídricos individualmente. As faturas da água explicitam o tipo de serviços pagos, bem como a

medição e o volume de água consumido. Os prestadores de serviços de água cobram uma taxa

de acesso ao serviço, uma taxa progressiva sobre o consumo de água (o que significa que as

tarifas mais elevadas são cobradas nos níveis mais elevados de consumo) e uma taxa relativa

às águas residuais. No caso da indústria, a tarifação deriva da medição própria (pelo

utilizador) de volumes ou do volume máximo atribuído numa licença de captação de água. No

caso da agricultura, o consumo de água é medido através de autocontrolo, através do volume

atribuído pela licença de captação de água, ou através dos volumes fornecidos por associações

de agricultores. As medidas e incentivos para promover a utilização eficiente de água

centram-se na informação, educação e ensino de boas práticas a todos os cidadãos e em todos

os setores, bem como na capacitação institucional pública para a utilização eficiente da água.

O Plano Nacional para o Uso Eficiente da Água38

(PNUEA) 2012-2020 centra-se na redução

das perdas de água e na otimização da utilização de água. As prioridades do PNUEA são os

38

http://www.apambiente.pt/index.php?ref=16&subref=7&sub2ref=9&sub3ref=860

7

setores urbano, agrícola e industrial e o plano visa minimizar os impactos das alterações

climáticas e da escassez de água e, ao mesmo tempo, promover a conservação e proteção dos

recursos naturais. Além disso, o PNUEA sublinha a importância de reduzir a descarga direta

ou indireta de efluentes em recursos hídricos suscetível de causar um impacto significativo no

ambiente.

As medidas previstas em matéria de tarifas e incentivos eficientes para uma utilização

eficiente da água foram a análise de tarifas, a recolha e o tratamento de informações de todos

os operadores, a regulação da qualidade de serviço e a regulação da qualidade da água, a

emissão de recomendações e a regulação das tarifas. A publicação de informações sobre a

avaliação comparativa da qualidade de serviço induz os operadores a serem mais eficientes

nas diferentes fases da cadeia de valor do serviço. Isto foi feito para os anos de 2011, 2012 e

2013.

11.7. Medidas adicionais em zonas protegidas

As medidas para zonas protegidas destinam-se essencialmente a melhorar o conhecimento das

pressões, a reforçar a vigilância e a monitorização das atividades suscetíveis de afetar as

massas de água, a melhorar as condições hidromorfológicas das massas de água de superfície;

e a preservar e reabilitar sistemas fluviais, zonas costeiras, estuários e zonas húmidas.

As medidas específicas previstas nos PdM relativas a zonas protegidas são as seguintes:

Zonas de captação de águas subterrâneas e águas de superfície

Definição jurídica dos perímetros de proteção para as zonas de captação de água

potável, tanto para as águas de superfície como para as águas subterrâneas, e a

utilização de restrições para estas zonas.

Utilização prioritária nos procedimentos de licenciamento e gestão dos recursos

hídricos.

Águas balneares

Desenvolvimento de perfis das águas balneares e implementação de um processo de

reapreciação de acordo com a periodicidade estabelecida no Decreto-Lei n.º 135/2009,

de 3 de junho de 2009.

Tornar operacional um sistema de alerta contra incidentes de poluição acidental,

incluindo a contaminação das águas balneares.

Águas doces aptas para a vida dos peixes

Medidas para melhorar o estado ecológico.

Zonas sensíveis em termos de nutrientes, incluindo zonas vulneráveis e zonas sensíveis

Atualização das zonas vulneráveis e zonas sensíveis.

Implementação dos programas de ação.

Implementação de programas de autocontrolo e reforço da inspeção de descargas de

águas residuais provenientes de estações de tratamento de águas residuais, com

prioridade para as estações de tratamento de águas residuais que servem uma

8

população igual ou superior a 10 000 habitantes, particularmente as que descarregam

em zonas sensíveis.

Zonas protegidas (habitats e aves)

Há várias medidas que figuram em Planos de Gestão de Zonas Protegidas destinadas a

cumprir as orientações da Diretiva Habitats e da Estratégia Nacional para a

Conservação da Natureza e a Biodiversidade (por exemplo, recuperação da turfeira de

Bertiandos e a Paisagem Protegida de São Pedro de Arcos).

Desenvolvimento de um estudo para definir os regimes hidrológicos em lagoas, redes

hidrográficas e turfeiras.

Desenvolvimento de um plano de gestão no que respeita a habitats naturais de pauis,

juncais, canaviais, galerias ripícolas, depressões húmidas, etc.).

Tal como acima referido, Portugal não estabeleceu zonas conquícolas protegidas. No entanto,

as zonas de produção conquícola são classificadas de acordo com legislação diferente

(segurança alimentar). A proteção das zonas conquícolas sensíveis classificadas é assegurada

nos termos da Diretiva Tratamento de Águas Residuais Urbanas (91/271/CEE), critérios c)

zonas em que é necessário outro tratamento além do previsto no artigo 4.º da Diretiva para o

cumprimento das diretivas do Conselho. Isto significa que as descargas da ETAR em zonas

sensíveis devem respeitar parâmetros adicionais ao abrigo de procedimentos nacionais de

licenciamento.

É claramente indicado nos PGBH que na implementação do programa de medidas será dada

prioridade às zonas em risco em zonas protegidas.

12. ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS, ESCASSEZ DE ÁGUA E SECAS, GESTÃO

DO RISCO DE INUNDAÇÕES E OUTRAS QUESTÕES EMERGENTES E RELACIONADAS

COMO PARTE INTEGRANTE DOS PGBH

12.1. Escassez de água e Secas

A escassez de água é relevante na PTRH5 e em todas as RH a sul da mesma. As secas

também são relevantes na PTRH7 e PTRH8. Os episódios de escassez de água ocorrem

principalmente devido à falta de capacidade de armazenamento no Sul, onde a chuva está

mais concentrada num menor número de dias durante o ano, e o ano «normal» corresponde de

perto a um ano «seco».

Normalmente, mesmo nos anos mais secos, não existe qualquer défice de água se for

considerado todo o ano. No entanto, no Algarve (PTRH8), onde o problema é mais

significativo, uma parte da água utilizada provém da transferência de água entre bacias

hidrográficas. Se não houvesse nenhuma regulação da água, poderia ocorrer um défice de

água.

Relativamente às secas, na PTRH7 vivem cerca de 7 000 habitantes (3 % da população da

RH) em zonas potencialmente afetadas por secas, cerca de 4 % do total de zonas urbanas está

localizado em zonas com risco de seca, e cerca de 11 % das zonas em construção na RH

situam-se nas zonas com maior risco de ocorrência de secas.

Na PTRH8, a escassez de água e a seca são compensadas pela exploração de uma massa de

água subterrânea cujo nível de captação equivale a 144 % da sua capacidade de recarga a

longo prazo. A utilização da água para o turismo, particularmente a irrigação dos campos de

9

golfe, constitui uma pressão crescente. Esse uso já representa 5 % da água de superfície

consumida na RH.

Foram efetuados para todos os PGBH cenários de procura e disponibilidade de água futuras

ou cenários de evolução. A análise descreve cenários para as diferentes utilizações da água:

agricultura, agregados familiares (incluindo o comércio e serviços), indústria, turismo,

incluindo e regime self-service. Os cenários incluem pressões relativas às águas de superfície

e às águas subterrâneas. De acordo com os PGBH, não está prevista qualquer escassez de

água, mesmo no cenário pessimista em matéria de disponibilidade de água (PTRH8). No

entanto, deve ser prevista regulação da água a fim de evitar a escassez de água ou a

necessidade de transferência de água da PTRH7.

Existem medidas concretas para: a proteção de zonas de infiltração máxima; controlo da

exploração excessiva de águas de superfície e subterrâneas; reformulação da rede de

monitorização da quantidade de água; estudos, investigação e projetos-piloto destinados a

resolver os problemas de escassez de água e melhorar a resposta à seca; reformulação das

tarifas de água e licenças de utilização de água.

Há também medidas relacionadas com a recarga de aquíferos, que incluem: a avaliação dos

melhores sítios potenciais para recarga de aquíferos; estabelecer um protocolo de

monitorização da recarga artificial de aquíferos; analisar a possibilidade de injetar água para

os aquíferos em zonas cársicas (nomeadamente em zonas de inundação); estudos-piloto sobre

um potencial aumento das águas subterrâneas através de recarga artificial de aquíferos.

Na PTRH9 a escassez de água e as secas não constituem um problema significativo. Os piores

casos são cinco casos de seca grave na ilha do Pico e três casos de seca extrema na ilha de S.

Miguel entre 1980-2010, medidos pelo índice normalizado de precipitação que mede o

desvio-padrão em relação à média histórica.

A PTRH10 é composta pelas ilhas habitadas da Madeira e Porto Santo. Enquanto na ilha da

Madeira existem recursos de águas subterrâneas suficientes e a água subterrânea entra no

sistema de águas de superfície de uma forma natural, em Porto Santo existe escassez de água.

A maior parte da água doce de Porto Santo provém da dessalinização e reutilização de água.

12.2. Gestão do risco de inundação

As inundações são referidas em vários pontos dos PGBH. A proteção contra as inundações é

mencionada como motivo para a designação de MAFM, e o aumento das inundações é

mencionado como um risco em cenários de alteração climática. No entanto, as inundações não

são mencionadas como uma pressão relacionada com medidas hidromorfológicas.

12.3. Adaptação às Alterações Climáticas

Existe uma estratégia nacional para as alterações climáticas e um plano de ação nacional. Os

recursos hídricos são uma das prioridades. Houve dois estudos, o SIAM e o SIAM II

(Alterações Climáticas em Portugal: Cenários, Impactos e Medidas de Adaptação) e o antigo

Instituto Nacional da Água (INAG) realizou estudos específicos para a PTRH7. Além disso,

existe a Estratégia de Gestão Integrada das Zonas Costeiras que inclui medidas de luta contra

as alterações climáticas.

Os PGBH abordam as alterações climáticas, e referem os documentos acima referidos. A

secção das alterações climáticas faz parte do volume «Caracterização». Os temas discutidos

incluem: impactos no estado da água devido às alterações climáticas (qualidade da água e

biodiversidade em sistemas aquáticos); incertezas relacionadas com as alterações climáticas

10

(por exemplo, no que respeita à avaliação do estado ou efeitos das medidas); impactos em

zonas costeiras; disponibilidade de água e procura de água; riscos de seca; escassez de água e

riscos de inundação.

Os PdM identificam as medidas que são direta ou indiretamente entendidas como uma

adaptação às alterações climáticas. No entanto, os planos não indicam se foi efetuada uma

«verificação relativa ao clima» no que se refere ao PdM. Os exemplos de medidas de

adaptação incluem: medidas de controlo da procura e da segurança da distribuição de água;

medidas que visam o bom estado das massas de água (controlo de fontes tópicas e difusas de

poluição, aplicação da lei, recarga de aquíferos, proteção das águas de superfície e

reabilitação dos aquíferos); melhorar o conhecimento e a monitorização; medidas de

informação, educação e comunicação; medidas para aumentar a colaboração com Espanha; e

(para a zona costeira), a implementação da Estratégia de Gestão Integrada das Zonas

Costeiras, que inclui as alterações climáticas.

A Autoridade Nacional da Água refere que no próximo ciclo de PGBH haverá uma plena

integração das alterações climáticas na avaliação da evolução do estado das massas de água,

dos riscos de inundações e secas, e na definição da proteção e melhoria dos recursos hídricos

no âmbito dos PdM. Portugal deverá incluir informações sobre a adaptação às alterações

climáticas, em conformidade com a Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações

Climáticas de 2010 (Resolução do Conselho de Ministros n.º 24/2010), que inclui um

conjunto de quatro objetivos estratégicos e 13 objetivos específicos, de que decorrem

medidas.

13. RECOMENDAÇÕES

Portugal deve:

Tomar medidas básicas que devem ser juridicamente vinculativas e claramente

identificadas nos 2os

PGBH, a fim de permitir uma avaliação clara da necessidade de

medidas adicionais, por exemplo, na agricultura ou no tratamento de águas residuais.

Promover uma boa coordenação entre a administração pública e as outras partes

interessadas, nomeadamente, envolvendo os Conselhos de Bacias Hidrográficas

existentes, a fim de melhorar o planeamento e a implementação de PdM e monitorizar

a sua eficácia.

Desenvolver PGBH para RH internacionais em estreita cooperação com a Espanha,

em particular no que respeita à identificação de impactos e pressões, conceção de

redes de monitorização, metodologias utilizadas para avaliar o estado e a evolução de

PdM.

Completar o desenvolvimento de métodos de avaliação do estado das massas de água

e de determinação das condições de referência e aplicá-los através da implementação

de programas de monitorização sólidos. Uma avaliação da conformidade com a DQA

e uma rede de monitorização adequadas são pré-requisitos necessários para a conceção

de PdM eficazes e, em última análise, para atingir os objetivos da DQA.

Incluir nos 2os

PGBH estimativas de quando serão alcançados os objetivos da DQA.

Incluir nos PGBH a justificação para as isenções aplicadas. Portugal deve, em

especial, melhorar as justificações referentes aos custos desproporcionados e à

viabilidade técnica, bem como a análise custo-eficácia.

11

Garantir que os PGBH identificam claramente a lacuna existente no que se refere ao

bom estado, e que os PdM são concebidos e implementados para colmatar essa lacuna.

As isenções devem ser devidamente justificadas a nível da massa de água (em

especial, não devem ser invocadas condições naturais quando as medidas não estão a

ser implementadas por outros motivos, tais como a falta de financiamento).

Garantir que as fontes difusas de poluição do setor agrícola são controladas, incluindo

requisitos obrigatórios para os agricultores, sempre que necessário.

Lidar com a poluição de fosfato e não apenas de nitratos. Portugal deve garantir que as

medidas tomadas serão suficientes para abordar as pressões em matéria de nutrientes

da agricultura ao nível necessário para assegurar condições de nutrientes compatíveis

com o bom estado.

Rever todas as licenças existentes para as captações e regulações de caudais, incluindo

barragens e, se necessário, proceder à sua alteração, a fim de garantir que são

compatíveis com os objetivos da DQA.

Melhorar a designação das Massas de Água Fortemente Modificadas e evitar a

designação automática das massas de água a jusante das grandes barragens. Deve ser

desenvolvida uma metodologia para estabelecer um Potencial Ecológico Bom. A sua

aplicação deve ser documentada nos PGBH.

As novas alterações hidromorfológicas, tais como novas instalações hidroelétricas,

devem cumprir os requisitos de isenção do artigo 4.º, n.º 7, e devem ser devidamente

justificadas, em especial no que respeita a avaliação de alternativas, e incluir todas as

medidas de atenuação necessárias.

Considerar e dar prioridade à utilização de infraestruturas verdes e/ou medidas de

retenção natural das águas que ofereçam uma série de benefícios ambientais

(melhorias na qualidade da água, aumento da infiltração de água e, por conseguinte, a

recarga de aquíferos, proteção contra as inundações, conservação de habitat, etc.),

sociais e económicos que podem, em muitos casos, ser mais eficazes em termos de

custos do que a infraestrutura «cinzenta».

Desenvolver plenamente a análise económica da utilização de água, incluindo o

cálculo dos Custos Ambientais e de Recursos, e garantir que a combinação das tarifas

de água e da taxa de recursos hídricos conduziu a uma adequada recuperação dos

custos dos serviços hídricos.

Assegurar que as medidas previstas estão claramente hierarquizadas em termos de

custo/eficácia, quer sejam voluntárias ou obrigatórias, e em termos de financiamento

disponível, explorando a possibilidade de utilizar fundos da UE (por exemplo, os

fundos do PDR, fundos estruturais e de investimento e os projetos integrados LIFE)

para implementar PdM.

Garantir que as alterações climáticas são devidamente consideradas na avaliação de

pressões e do estado das massas de água e que os objetivos da Estratégia Nacional de

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