cristalização nosso

32
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA GUILHERME AUGUSTO RETALI DISTLER LEANDRO ALUISIO SCHOLZ LEONARDO PASSOS FIDA CRISTALIZAÇÃO Trabalho apresentado como parte da avaliação da disciplina de Operações Unitárias II, do curso de Engenharia Química da Universidade Federal do Paraná. Prof. Paul Fernand Milcent CURITIBA 2010

Upload: guilhermedistler

Post on 26-Jun-2015

1.814 views

Category:

Documents


6 download

TRANSCRIPT

Page 1: Cristalização nosso

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

GUILHERME AUGUSTO RETALI DISTLER

LEANDRO ALUISIO SCHOLZ

LEONARDO PASSOS FIDA

CRISTALIZAÇÃO

Trabalho apresentado como parte

da avaliação da disciplina de

Operações Unitárias II, do curso de

Engenharia Química da

Universidade Federal do Paraná.

Prof. Paul Fernand Milcent

CURITIBA

2010

Page 2: Cristalização nosso

SUMÁRIO

1 CRISTALIZAÇÃO .................................................................................................. 4

1.1 APLICAÇÕES ................................................................................................... 4

2 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA CRISTALIZAÇÃO ................................................... 5

2.1 MECANISMOS DE CRISTALIZAÇÃO .......................................................... 5

2.1.1 NUCLEAÇÃO............................................................................................ 5

2.1.2 CRESCIMENTO DE CRISTAIS ............................................................... 7

2.2 SOLUBILIDADE .............................................................................................. 8

2.2.1 FATORES QUE INFLUENCIAM NA SOLUBILIDADE........................ 8

2.2.2 DIAGRAMAS DE SOLUBILIDADE ....................................................... 9

2.2.3 SUPERSATURAÇÃO ............................................................................. 10

3 INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES OPERACIONAIS ......................................... 11

3.1 VELOCIDADE DE RESFRIAMENTO .......................................................... 11

3.2 CRESCIMENTO DOS CRISTAIS.................................................................. 12

3.3 PUREZA .......................................................................................................... 13

3.4 DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DE CRISTAIS .............................. 14

4 MODOS DE PROMOVER A CRISTALIZAÇÃO................................................ 16

5 BALANÇO DE MASSA E ENERGIA EM CRISTALIZADORES ..................... 16

6 EQUIPAMENTOS DE CRISTALIZAÇÃO .......................................................... 18

Page 3: Cristalização nosso

7 ASPECTOS ECONÔMICOS ................................................................................. 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 32

Page 4: Cristalização nosso

1 CRISTALIZAÇÃO

O processo de cristalização é uma operação unitária de separação que possui

princípios semelhantes à evaporação, porém parte-se de uma mistura líquida e pretende-

se obter cristais de um dos componentes da mistura com altíssima pureza. Em razão

disso, esse processo consiste da concentração da solução até saturação em condições

termodinâmicas favoráveis, para que a formação de sólidos com estrutura muito

organizadas (Cristais) ocorra. A cristalização pode partir de um vapor (como a neve), de

uma solução ou de um sólido fundido, porém a maioria dos equipamentos de

cristalização na indústria tem como componente inicial uma solução. Mesmo assim, a

solidificação de metais a partir de um sólido fundido é basicamente um processo de

cristalização, e muitos estudos foram desenvolvidos nesta área, sendo muito

especializada.

Este processo é de extrema importância em razão do grande número de materiais

que pode ser comercializado na forma de cristais, e seu uso é amplo em razão da

altíssima pureza e estrutura favorável do cristal que pode ser obtida a partir de soluções

relativamente impuras obtidas a partir de um único passo de processo.

Em relação a aspectos energéticos, a cristalização não demanda tanta energia em

comparação com operações de destilação ou outros métodos comuns de separação.

1.1 APLICAÇÕES

A cristalização é uma operação muito antiga, muito em razão da cristalização do

cloreto de sódio a partir da água do mar. Além disso, a cristalização se aplica na

fabricação de pigmentos há muito tempo. Nas últimas décadas a cristalização surgiu

para as mais diversas áreas, como por exemplo:

Alimentícia: fabricação de sal e açúcar;

Fertlizitandes: fabricação de sulfato de amônio e sulfato de sódio

Papel e celulose, cerâmica e plásticos: obtenção de carbonato de cálcio;

Inseticidas e Farmacêutica: produção de ácido bórico.

Page 5: Cristalização nosso

2 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA CRISTALIZAÇÃO

2.1 MECANISMOS DE CRISTALIZAÇÃO

A Cristalização a partir de uma solução pode ser pensada como um processo de

duas etapas básicas. O primeiro passo é a separação das fases, ou surgimento dos

cristais. O segundo passo consiste no crescimento e maturação destes cristais. Estas

duas etapas citadas nomeiam-se nucleação e crescimento ou maturação dos cristais,

respectivamente. A análise de um processo de cristalização industrial requer bom

conhecimento destas duas etapas.

Conforme teoria, o princípio básico para ocorrência da cristalização é a

existência de uma solução super-saturada. Esta solução super-saturada não se encontra

em equilíbrio, e portanto o deslocamento termodinâmico resulta no início da

cristalização. A partir do início deste processo, são a nucleação e a maturação que

aliviarão os efeitos do desequilíbrio termodinâmico. Além disso, será a relação do grau

de nucleação em relação ao crescimento de cristais que controlará o tamanho do cristal

resultante e sua distribuição granulométrica, os quais são aspectos importantíssimos

para o estudo desta operação.

2.1.1 NUCLEAÇÃO

Soluções supersaturadas exibem uma região metaestável, na qual a nucleação

normalmente não é espontânea. Quando a supersaturação é intensificada, comumente

será atingido certo grau de supersaturação em que a nucleação ocorrerá

espontaneamente. Este é chamado o limite metaestável da solução. Uma definição

termodinâmica precisa deste limite é a região em que a derivada segunda da energia

livre de Gibbs em relação à concentração da solução é nula. Estes pontos são

conhecidos como a curva spinodal e marcam as fronteiras entre a região metaestável

(em que a nucleação e a maturação dos cristais são os mecanismos de separação) e a

região instável (governada pelo fenômeno denominado decomposição spinodal). A

maioria das soluções líquidas apresenta uma grande região metaestável, sendo ela a

região preferencial de operação para um cristalizador industrial.

Page 6: Cristalização nosso

É desejável a classificação dos vários mecanismos de nucleação, como

mostrados na figura 1. Nucleação primária ocorre na ausência de superfícies cristalinas,

enquanto nucleação secundária envolve uma participação ativa destas superfícies. A

nucleação homogênea é rara e normalmente não ocorre na prática, mesmo assim, é ela

que constitui muitas teorias sobre nucleação. A nucleação heterogênea é muito mais

comum e é induzida pela presença de impurezas dissolvidas. A nucleação secundária

envolve a presença de cristais e sua interação com o ambiente (paredes do cristalizador,

impelidores, etc.)

Figura 1 – Mecanismos de Nucleação. FONTE: MYERSON, A. S., Handbook of

Crystallization.

O fenômeno da nucleação pode ser descrito sucintamente da seguinte forma:

A formação de pares iônicos ocorre nas soluções, e tais pares são influenciados

por forças, tanto de agregação, que se relaciona como o volume do agregado, como de

desagregação, a qual se relaciona com a superfície do agregado formado. Dessa forma,

tais pares iônicos se encontram em equilibro, agregando-se e desagregando-se. Esse

fenômeno ocorre até a formação de um núcleo termodinamicamente estável, fato que

Page 7: Cristalização nosso

ocorre quando o agregado alcança um raio crítico, resultante da intensificação maior das

forcas de agregação do que de desagregação conforme o aumento do raio.

Conceituação teórica e definições termodinâmicas mais detalhadas podem ser

avaliadas em diversos títulos da literatura, sendo um título relevante à referência

bibliográfica [4].

2.1.2 CRESCIMENTO DE CRISTAIS

A taxa de crescimento de um cristal pode ser descrita por diferentes formas, e

vê-se importante a compreensão da definição de cada um dessas formas e a relação

entre elas.

Basicamente, o crescimento do cristal é definido como a variação de uma

dimensão do cristal em relação a um período de tempo. Este período é chamado

crescimento linear e a taxa de crescimento possui unidades de comprimento por unidade

de tempo. Por vezes, nem sempre é a intenção buscar por um crescimento linear em

razão de outros interesses. É comum que os cristais possuam taxas de crescimento

diferentes para diferentes direções do espaço. Com isso o conceito básico de taxa de

crescimento é normalmente relacionado a uma face do cristal, entretanto é razoável que

diversos investigadores assumam um crescimento em relação a uma esfera considerando

variação de diâmetro. Após esta análise, faz-se uma avaliação desta taxa com referência

a um diâmetro equivalente das partículas cristalinas.

Existem diversas teorias, tais quais a do crescimento bidimensional, de Burton-

Cabrera-Frank (BCF) e da Camada de difusão.

Page 8: Cristalização nosso

2.2 SOLUBILIDADE

Solubilidade é a propriedade que um sólido, líquido ou gás possui de se

dissolver em um solvente líquido para formar uma dolução homogênea do soluto no

solvente.Os principais parâmetros que influenciam na solubilidade é o solvente

utilizado, a temperatura e a pressão.

O grau de solubilidade de uma substânciaem um solvente específico é medido a

partir da concentração de saturação a partir da qual, a adição de mais soluto não altera a

concentração da solução. Os solventes utilizados são geralmente líquidos que podem ser

substâncias puras ou misuras.

Um ponto importante a ressaltar é que a solubilidade não pode ser confundida

com a habilidade que uma substância possui em dissolver-se ou liquefazer-se, isto

porque a dissolução ou liquefação podem ocorrer não somente pela dissolução mas

também devido à uma reação química. A solubilidade também não depende do tamanho

da partícula ou de outros fatores cinéticos, pois se o tempo for suficientemente longo,

até partículas de grande tamanho irão se dissolver sob determinadas condições.

2.2.1 FATORES QUE INFLUENCIAM NA SOLUBILIDADE

A solubilidade de uma substância em outra é determinada pelo balanço de forças

intermoleculares entre o solvente e o soluto, além da mudança de entropia que

acompanha o processo. Fatores como temperatura e pressão irão alterar este balanço,

alterando a solubilidade. A solubilidade também depende fortemente da presença de

outras espécies dissolvidas no solvente e do excesso ou falta de um íon comum já

presente na solução. Por exemplo, nos cálculos de cristalizadores nos quais a

temperatura final é conhecida e nos quais não haja evaporação, é possível determinar, a

partir dos diagramas de solubilidade, a concentração da solução saturada, a massa de

cristais para uma dada massa de carga inicial de concentração conhecida e a espécie de

cristais precipitados.

Como mostrado anteriormente, a solubilidade de uma substância depende da

temperatura. Para muitos sólidos dissolvidos em água líquida, a solubilidade geralmente

aumenta com o aumento de temperatura até aproximadamente 100ºC. À temperaturas

mais altas próximas da temperatura crítica, a solubilidade de solutos iônicos tende a

decrescer devido à mudanças na estrutura da molécula de água, ou seja, com uma

constante dielétrica menor, resulta em um solvente menos polar, reduzindo a

Page 9: Cristalização nosso

solubilidade de solutos iônicos. Para fases condensadas de sólidos ou líquidos, a

dependência da pressão com a solubilidade é geralmente fraca e usualmente

negligenciada na prática.

Em relação à polaridade, um aforismo muito utilizado neste caso é que

semelhante dissolve semelhante. Ou seja, um soluto irá se dissolver melhor em um

solvente que possui uma estrutura química semelhante. Apesar de ser uma definição

simplista, pode ser útil em muitos casos. Ou seja, a polaridade afeta também a

solubilidade de uma determinada substância.

2.2.2 DIAGRAMAS DE SOLUBILIDADE

Relações de Equilíbrio para sistemas de cristalização são expressos na forma de

diagramas ou curvas de solubilidade. Dados de solubilidade são geralmente expressos

em termos de peso de material anidro por peso total do solvente. A concentração é

geralmente plotada em função da temperatura, mas também pode ser expressa em

termos da pressão. Um exemplo de diagrama de solubilidade do sulfato de magnésio é

dado na figura abaixo:

Page 10: Cristalização nosso

Figura 2 - Diagrama de solubilidade do Sulfato de Magnésio. FONTE: McCABE, et. al.

2.2.3 SUPERSATURAÇÃO

O termo supersaturação refer-se à solução que que contém mais solutos

dissolvido que o solvente pode dissolver sob condições normais. Se a solubilidade de

um soluto aumenta com a temperatura para a maioria dos sais inorgânicos e substâncias

orgânicas, uma solução saturada pode tornar-se supersaturada pelo simples

resfriamento. Se a solubilidade é relativamente independente da temperatura, como em

sais comuns, a supersaturação pode ser gerada pela evaporação de parte do solvente. E

se nem o resfriamento os a evaporação são desejáveis, assim como quando a

solubilidade é muito alta, a supersaturação pode ser obtida pela adição de um terceiro

componente que agirá fisicamente compondo uma mistura de solventes reduzindo

sensivelmente a solubilidade final da mistura. Este processo é chamado de salting. É

possível também, se é desejável uma completa precipitação do material, a adição de um

terceiro componente que reaja quimicamente com o soluto original e forme substâncias

Page 11: Cristalização nosso

insolúveis, processo chamado de precipitação. Assim, pela adição de um terceiro

componente, uma rápida formação de soluções supersaturadas é possível.

A supersaturação é matematicamente expressa pela diferença de concentração

entre a concentração da solução supersaturada e a solução de equilíbrio de um

determinado cristal, ou seja, , em que c é a concentração da supersaturação

e c* é a concentração de equilíbrio.

3 INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES OPERACIONAIS

A cristalização é uma operação que exige, para a sua modelização, o

conhecimento das relações de equilíbrio entre fases (líquido/sólido). Nas equações da

velocidade de nucleação ou da velocidade de crescimento é preciso ter sempre em conta

o afastamento do equilíbrio, ou seja, a diferença entre a concentração real existente na

mistura e a concentração de saturação (grau de sobressaturação).

A velocidade de agitação ou circulação no cristalizador, o grau de

sobressaturação e a temperatura são alguns parâmetros operatórios que condicionam a

velocidade de crescimento dos cristais e as características do produto final.

As variáveis principais que influem no produto final de cristalização são

basicamente: velocidade de resfriamento, crescimento do cristal, pureza, distribuição

granulométrica dos cristais.

3.1 VELOCIDADE DE RESFRIAMENTO

Se o processo de cristalização for conduzido de modo acelerado, haverá a

tendência de se formar muitos núcleos, ou seja, formam-se cristais de pequena

granulometria. De outra forma, um grau de sobressaturação demasiado elevado e,

consequentemente, uma situação muito instável do ponto de vista termodinâmico, pode

dar origem a uma velocidade de nucleação muito elevada. Formam-se muitos núcleos

simultaneamente e o produto final é formado por cristais muito pequenos.

Se o processo de cristalização for conduzido de modo lento, haverá uma

tendência oposta à já citada, ou seja, haverá a tendência de se formar poucos núcleos.

Logo, formam-se cristais de granulometria maior. De maneira análoga, um grau de

sobressaturação menos elevado e, consequentemente, uma situação mais estável do

ponto de vista termodinâmico, pode dar origem a uma velocidade de nucleação menos

elevada e se formam cristais grandes.

Page 12: Cristalização nosso

3.2 CRESCIMENTO DOS CRISTAIS

O crescimento dos cristais é o estágio principal do processo de cristalização,

após a fase de nucleação. Esse estágio ocorre da adição de novos átomos, íons, ou

polímeros no arranjo característico do cristal. Alguns fenômenos importantes no estágio

de crescimento dos cristais são o arranjo, a origem do crescimento, a forma da interface

e o tamanho final. Quando a origem do crescimento se dá em apenas uma direção para

todos os cristais, pode resultar em um material bastante anisotrópico, possuindo

diferentes propriedades em diferentes direções. A forma da interface determina a

quantidade adicional de energia livre para cada volume de crescimento de cristal.

Quanto maior é a diferença de concentração entre a região interna do cristal e a

sua região exterior, maior será a concentração de sobressaturação e, consequentemente,

maior será a velocidade de cristalização. Uma agitação mais significativa do meio em

que está se processando o crescimento dos cristais determina uma maior velocidade de

cristalização.

Os processos mais comuns de cristalização são exotérmicos. Nestes, quanto

mais significativo for o resfriamento, maior será a velocidade de cristalização.

Uma das características do processo de cristalização é a de que o mesmo

composto pode dar origem a formas cristalinas diferentes (polimorfismo), dependendo

das condições de operação. Os diferentes tipos de cristais, que correspondem a

condições termodinâmicas, no estado sólido, diferentes para o mesmo composto, terão

propriedades distintas (velocidade de dissolução, ponto de fusão, forma, etc.) e, como

tal, correspondem a produtos diferentes. É o caso, por exemplo, da produção do

carbonato de cálcio, por cristalização, o qual pode ser fabricado em diferentes formas

cristalinas. O controle da forma cristalina do composto a separar é um aspecto

fundamental e extremamente difícil da cristalização industrial.

A forma do cristal depende do tamanho relativo entre as faces e do ângulo

relativo entre elas. A velocidade de crescimento da face é a distância percorrida pela

face em certo intervalo de tempo. Logo, pode-se dizer que a forma dos cristais, ou

hábito, está relacionada com a qualidade do desenvolvimento das suas faces. Com base

neste critério, os cristais podem ser idiomorfos, subidiomorfos ou xenomorfos. A tabela

1 resume estes três tipos de cristais.

Page 13: Cristalização nosso

Tabela 1 – Forma dos cristais.

A forma dos cristais, além de estar relacionada com a qualidade do

desenvolvimento das suas faces, também depende da estrutura interna dos cristais e

algumas influências externas, como as impurezas, que atuam por adsorção seletiva, a

velocidade de crescimento, o solvente utilizado e o pH do meio. As impurezas nos

cristais podem afetar as propriedades das soluções (como a viscosidade), que por sua

vez afetarão a cristalização, quer modificando o hábito, cinética de nucleação,

crescimento e aglomeração, quer transferindo-se para os cristais, provocando problemas

ao nível da sua pureza, ou seja, a sua qualidade.

Por exemplo, o cloreto de sódio, ou NaCl, cristaliza na forma cúbica. Em

presença de uréia, ele cristaliza na forma octaédrica. O sulfato de amônio possui uma

estrutura cristalina alongada. Em presença de ferro, possui uma estrutura compacta.

Logo, pode-se dizer que as impurezas nos cristais são substâncias alteradoras de hábito.

3.3 PUREZA

Pode-se dizer que quanto maior a viscosidade da solução saturada, maior será a

adesão de líquido aos cristais e, consequentemente, maior será o grau de impurezas dos

cristais resultantes.

As irregularidades do produto formado também influenciam a sua pureza.

Quanto mais irregular for o produto, maior será a retenção de líquido nos cristais e

maior será o seu grau de impurezas.

Os cristais de menor granulometria têm uma maior possibilidade de reter

líquidos em sua superfície. Logo, possuirão uma área superficial maior.

Page 14: Cristalização nosso

Com a utilização de solventes puros para o processo de cristalização, há maior

probabilidade de dissolução dos cristais. Em virtude disso, recomenda-se utilizar uma

solução diluída que alimenta o cristalizador.

A pureza não é integralmente devido a oclusões ou acúmulo de impurezas nos

interstícios. Se desejarmos obter uma pureza ainda maior dos cristais formados, pode-se

optar pela recristalização. Este processo ocorre quando se dissolve uma substância

sólida num solvente a quente, e depois, por resfriamento, obtém-se novamente o estado

cristalino. O composto a ser purificado deve ser solúvel num solvente (ou mistura de

solventes) a quente, e de pequena solubilidade a frio. Se a impureza for insolúvel a

quente, separa-se a mesma por filtração da mistura aquecida. No caso oposto, ou seja, se

a impureza for solúvel a frio, o composto passa ao estado sólido, deixando as impurezas

em solução. Na recristalização, podem-se fracionar as diferentes substâncias

cristalizadas simultaneamente em etapa anterior.

Se estivermos cristalizando uma mesma substância de mesma forma em um

mesmo solvente, a velocidade de crescimento de todos os cristais, de qualquer tamanho,

é a mesma. Esta é uma aproximação que se geralmente adota para o estágio de

crescimento dos cristais.

3.4 DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DE CRISTAIS

A granulometria, ou análise granulométrica dos cristais, é o processo que visa

definir, para determinadas faixas pré-estabelecidas de tamanho de cristais, a

percentagem em peso que cada fração possui em relação à massa total da amostra em

análise.

Um baixo grau de saturação inibe a formação de núcleos e promove o

crescimento dos cristais.

Através da semeadura, uma vez conhecida a massa de produto (mp), pode-se

prever a distribuição granolumétrica dos cristais.

Chamando de L a dimensão característica do cristal, pode-se aplicar a seguinte

equação:

(1)

Em que:

= tamanho do produto;

= tamanho da semente;

Page 15: Cristalização nosso

= crescimento dos cristais (aplicável para qualquer tamanho de cristal).

As massas de semente e de produto são expressas como:

(2)

Em que:

= massa da semente;

= densidade do material;

= volume da semente.

(3)

Em que:

= massa do produto;

= densidade do material;

= volume do produto.

O fator de forma é definido como a razão entre o volume do cristal e o cubo da

dimensão caracterítica do cristal, ou seja:

(4)

Logo, substituindo esta equação na equação (2) e (3), teremos:

(5)

(6)

Pela equação (1), sabemos que a soma do tamanho do produto mais o tamanho

da semente resulta em . Logo, pode-se escrever:

(7)

Assim, teremos também:

(

)

(8)

Em termos de frações granulométricas:

(

)

(9)

Em que:

= fração em massa de produto;

= fração em massa de semente.

Page 16: Cristalização nosso

4 MODOS DE PROMOVER A CRISTALIZAÇÃO

De uma maneira geral, em um sólido cuja concentração de saturação varia

consideravelmente com a temperatura, basta tomar a solução e resfriá-la, de modo que a

saturação seja atingida. Se a solubilidade do soluto varia de forma inversa, pode-se

aquecer a solução para se formar cristais. Porém, com sólidos com concentração de

saturação pouco dependente da temperatura, o resfriamento dificilmente será uma opção

econômica para a operação de cristalização. Nestes casos, é preferível retirar o solvente

por evaporação até que a solução supersature e force a cristalização. O açúcar é um

exemplo típico.

A forma de atingir a sobressaturação num cristalizador, partindo de uma

solução saturada do componente a separar, pode ser diversa:

Arrefecimento da solução saturada;

Evaporação do diluente da solução saturada;

Adição de um segundo solvente (anti-solvente) que reduz a solubilidade

do soluto (drowning);

Promoção de uma reação química que leva à precipitação do soluto;

Alteração do pH do meio.

O mais comum a nível industrial é que a cristalização ocorra devido ao

arrefecimento ou evaporação da solução mãe. Nestes casos, a cristalização acontece,

muitas vezes, nas paredes do cristalizador, em particular na superfície dos

permutadores.

Pode-se optar também pela concentração da solução e resfriamento simultâneo,

processo conhecido como evaporação adiabática. O método consiste em introduzir a

solução aquecida sob vácuo e temperatura menor: a solução se resfria e “flasheia”, ou

seja, evapora, concentrando-se.

5 BALANÇO DE MASSA E ENERGIA EM CRISTALIZADORES

O balanço de massa desenvolvido para a operação de cristalização fornece o

rendimento do processo, isto é, a massa dos cristais formados a partir de certa massa da

solução, se o grau de evaporação ou de resfriamento puder ser calculado. Admitindo

que este processo opera em estado estacionário, com a carga líquida inicial e o magma

Page 17: Cristalização nosso

do produto contendo os cristais e a solução característicos do conteúdo do cristalizador,

o balanço de massa do soluto pode ser escrito na forma:

[

(

)]

O que pode ser reescrito como:

[

]

(

)

Em que:

C = massa de cristais no magma produzido por unidade de tempo;

= massa molecular do soluto anidro;

= massa molecular do cristal hidratado;

= fração mássica do soluto anidro na carga;

= solubilidade do material na temperatura do produto expressa como a

razão ponderal do sal anidro para o solvente;

= massa total da carga por unidade de tempo;

V = evaporação em unidades de massa do solvente por unidade de tempo.

Este balanço de massa relativamente simples é aplicável a todas as unidades de

cristalização a estágio simples ou a unidades multiestágios de onde se retira o produto

líquido-sólido de apenas um deles. No cálculo do soluto na solução final, deve-se levar

em conta o solvente perdido por evaporação e o solvente perdido como água de

cristalização.

A determinação de V, ou da temperatura final do magma, depende de um

balanço térmico e de uma equação de cinética. Na cristalização adiabática, como num

cristalizador a vácuo, a equação da cinética não é necessária, pois o grau de evaporação

ou de resfriamento pode ser fixado com um balanço de entalpia. Em qualquer caso, o

balanço de entalpia pode ser escrito com a ajuda de um diagrama de entalpia contra a

composição e das tabelas de vapor de água. Como no caso dos cálculos de evaporação,

a equação da cinética é escrita em termos de um coeficiente global, e este coeficiente

deve ser usualmente determinado na base da experiência.

Page 18: Cristalização nosso

6 EQUIPAMENTOS DE CRISTALIZAÇÃO

Cristalizadores comerciais podem ser operados continuamente ou em batelada.

O primeiro “objetivo” básico de um cristalizador é criar uma solução supersaturada pois

a cristalização não pode ocorrer sem a supersaturação do componente. Como existem

basicamente 3 métodos para promover a supersaturação, os cristalizadores podem ser

divididos em três categorias: 1) Aqueles que a supersaturação pode ser produzida por

simples RESFRIAMENTO, 2) Aqueles em que a supersaturação é pouco influenciada

pela temperatura, sendo necessária a EVAPORAÇÃO do solvente e, 3) A combinação

de resfriamento e evaporação, caracterizado pela EVAPORAÇÃO ADIABÁTICA.

Cristalizadores também podem ser divididos de acordo com o modo em que os

cristais entram em contato com o líquido supersaturado, que pode ser feito com o

método de líquido circulante (circulating-liquid method) ou pelo método de magma

circulante (circulating-magma method). A maioria dos cristalizadores também usa

formas de agitação para aumentar a taxa de crescimento e prevenir a segregação da

solução supersaturada que pode causar uma nucleação excessiva, tornando para isso, a

circulação forçada.

A diferença entre cristalizadores e evaporadores reside no critério utilizado para

a alimentação e no seu dimensionamento. Em evaporadores, o dimensionamento é feito

basicamente através da produção de evaporado requerida. Já em cristalizadores, o

dimensionamento é realizado através da determinação do volume requerido para a

cristalização ou por características especiais do produto desejado, como o tamanho

médio dos cristais obtido.

Portanto, os equipamentos de cristalização foram classificados também de

acordo com os meios de suspensão e remoção do produto. Então, a seguinte

classificação pode ser obtida:

Page 19: Cristalização nosso

TANQUE

WULF-BOCK SWENSON-WALKER

SUPERFÍCIE RASPADA VOTATOR

RESFRIAMENTO SMRPM

PC (PRODUTO CLASSIFICADO)

SC (SUSPENSÃO CLASSIFICADA)

SMRPM

EVAPORAÇÃO ADIABÁTICA PC

SC

TANQUE

SMRPM CIRCULAÇÃO FORÇADA

EVAPORAÇÃO TTC (DTB)

PC (TTC COM COLUNA DE ELUTRIAÇÃO)

SC (OSLO-KRYSTAL)

MSMPR - Mixed Suspension Mixed Product Removal Crystallizers

Este tipo de equipamento, de circulating-magma method, é um dos mais

utilizados atualmente. Em equipamentos deste tipo, a uniformidade da suspenção de

produtos sólidos é suficiente para que a teoria explicitada anteriormente se aplique.

Page 20: Cristalização nosso

(a) (b)

Figura 3 – Cristalizador MSMPR (a) 40'-6" diameter forced-circulation mechanical

recompression evaporative crystallizer at the Montedison plant in Ciro Marina, Italy

(b) SWENSON Forced-Circulation Crystallizer used for producing sodium sulfate at

American Cyanamid's Forth Worth, Texas facilities; FONTE:

http://www.swensontechnology.com/fcxtaliz.html

TANQUE

Os cristalizadores do tipo tanque consistem em operar com soluções

concentradas e materiais de solubilidade normal, bombear a solução quente de

alimentação para um tanque não agitado e deixar ocorrer o arrefecimento por convecção

natural e radiação, ou pelo resfriamento através de superfícies mediante serpentinas no

tanque ou camisa de circulação na parte externa.

Embora o equipamento necessário para esse sistema seja extremamente

simples e barato, sua operação não é nada simples. É difícil controlar ou prever a

nucleação, e a taxa de resfriamento varia bastante num tanque aberto, de acordo com a

umidade e a velocidade do ar. Em virtude da falta de agitação, existe apenas uma lenta

circulação dentro do sistema produzida pelas diferenças de densidade, e os níveis de

supersaturação normalmente sobem para valores muito altos. O resultado é a formação

de cristais isolados muito grandes e de lama constituída por quantidades abundantes de

cristais muito pequenos.

Page 21: Cristalização nosso

CIRCULAÇÃO FORÇADA

Um cristalizador a evaporação com circulação forçada apresenta uma estrutura

tal que a suspensão de dentro sai e passa por um trocador de calor, sofrendo um

aumento de temperatura sem ebulição. Como a solubilidade aumenta não se formam

resíduos nas tubulações. Assim, a mistura volta ao tanque principal, entrando em

contato com a mistura fria, que sofre uma evaporação na superfície. Depois há

resfriamento, provocando a cristalização. Os cristais então saem pelo tubo de circulação.

A granulação do material cristalino produzido em cristalizadores a circulação forçada

varia com as características das misturas envolvidas e com parâmetros de operação.

Pode-se utilizar circuladores dentro do corpo do cristalizador, de modo a

reduzir o consumo de energia, já que a circulação possui uma grande influência no

processo de nucleação. Um tipo de cristalizador que utiliza este sistema é o

cristalizador-evaporador com tubo de tiragem e chicana. Neste cristalizador, uma

suspensão dos cristais é mantida por uma grande hélice no corpo do equipamento.

Assim, os sólidos vão para a superfície, impedindo que uma crosta de sólido se forme

na região supersaturada. A suspensão é resfriada e volta ao fundo, recirculando pela

hélice. Logo, a solução aquecida e misturada a essa solução recirculada. Este

cristalizador pode conter um dispositivo de destruição de finos, feita geralmente com a

utilização de calor, mas se isso for inconveniente, pode ser feita a partir de uma

separação física ou por diluição.

Quando não há o desejo de destruição dos cristais finos, pode-se usar um

cristalizador a tubo de tiragem. Assim, omite-se a chicana e o circulador é

dimensionado de modo que sua influência seja mínima em relação ao nucleamento da

suspensão.

Page 22: Cristalização nosso

Figura 4 – Esquema de um cristalizador a circulação forçada. FONTE:

PERRY, et. al.

Figura 5 – Cristalizador a circulação forçada. FONTE: PERRY, et. al.

Page 23: Cristalização nosso

TTC (DTB)

Nos cristalizadores a tubo de tiragem (com ou em o uso de chicana), observa-

se uma circulação muito maior do que nos de circulação forçada. Logo, utilizam-se

esses equipamentos quando é necessário grande quantidade de suspensão para diminuir

a supersaturação da mistura. Sua utilização é feita quando se quer produzir materiais

granulares.

Com alguns materiais (como o clorato de sódio), pode-se trabalhar com um

trocador multitubular com circulação forçada e um cristalizador de tubo de tiragem.

Este tipo de cristalizador é o cristalizador de superfície resfriada. Nele, a vazão da

suspensão deve ser de tal forma que a turbulência mantenha os cristais suspensos. Logo,

a bomba é item obrigatório, devendo ser analisada durante toda a operação. O uso de

chicanas permite a destruição de finos. O modelo está baseado na retenção

suficientemente grande para a formação de cristais, formando o grupo dos maiores

cristalizadores.

Há casos em que a refrigeração por superfície de contato fica inviável, por

diversos motivos. Um desses motivos é o de que seria necessário o gasto de muita

energia criando uma variação de temperatura elevada. Nesses casos, é preferível a

utilização de cristalizadores a contato direto com o refrigerante. Porém, os líquidos

utilizados na refrigeração precisam seguir alguns critérios: devem ser praticamente

insolúveis na solução, devem poder ser separados, comprimidos e condensados

facilmente com a mistura.

Page 24: Cristalização nosso

Figura 6 - Cristalizador TTC (DTB).FONTE: PERRY, et. Al.

SC (SUSPENSÃO CLASSIFICADA)

Os equipamentos descritos anteriormente podem ser projetados para remover

os produtos classificados. Geralmente uma coluna de elutriação classifica os produtos

logo abaixo do cristalizador. Uma distribuição ampla de materiais é produzida (a menos

que a coluna seja muito longa).

Apesar de poderem ser aplicados a muitos tipos de cristalizadores, com

suspensão mista ou classificada, é mais comum a utilização em cristalizadores

evaporativo de circulação forçada e cristalizadores de tubo de tiragem e chicana.

Os cristalizadores de suspensão classificada são conhecidos como

cristalizadores de crescimento ou de Oslo e são caracterizados pela supersaturação de

uma corrente de solução que circula. A supersaturação aparece em uma das partes do

sistema devido ao resfriamento evaporativo ou devido ao resfriamento em um trocador

Page 25: Cristalização nosso

de calor, sendo suavizada pela passagem da solução através de um leito fluidizado de

cristais.

SC (OSLO-KRYSTAL)

No cristalizador evaporativo de Oslo descrito na figura 5, a solução que deixa a

câmara em B de vaporização já está supersaturada, e assim não se formam núcleos

novos. A solução que entra em contato com o leito E alivia a sua supersaturação pelo

crescimento dos cristais do leito e sai pelo tubo de circulação F. Numa cristalização por

resfriamento, a solução de alimentação quente é introduzida em G e a solução mista

sofre uma vaporização rápida quando atinge a câmara de vaporização em A. Se houver

necessidade de maior evaporação, instala-se um trocador de calor entre a bomba de

circulação e a câmara de vaporização para inteirar o calor adicional e alcançar a taxa de

vaporização necessária.

Figura 7 – Cristalizador evaporativo Oslo.FONTE: PERRY, et. al.

Page 26: Cristalização nosso

A transferência da solução supersaturada do vaporizador (ponto B) através da

tubulação muitas vezes produz deposito de sólidos em um dos compartimentos, o que

reduz o ciclo de operação em equipamentos desta configuração. A taxa de deposição

pode ser diminuída pela circulação de uma suspensão fina de cristais através da câmara

de vaporização. No entanto, a presença destes cristais pequenos tende a destruir a

supersaturação desenvolvida no vaporizador, baixando assim a eficiência do sistema de

recirculação.

Já no cristalizador Oslo de superfície resfriada demonstrado na figura 6, é

desenvolvida a supersaturação da solução circulante pela refrigeração no resfriador H.

Esta solução supersaturada entra em contato com a suspensão de cristais na câmara de

suspensão em E. Remove-se, no topo da câmara de suspensão, em D, uma corrente da

solução mãe, que é usada para a retirada e destruição dos finos. Este mesmo dispositivo

pode ser incluído em qualquer tipo de equipamento. Os cristais pequenos retirados do

topo da suspensão são destruídos, reduzindo-se assim o número total de cristais no

sistema e aumentando-se o tamanho dos cristais restantes.

Figura 8 - Cristalizador Oslo de superfície resfriada.FONTE: PERRY, et. al.

Page 27: Cristalização nosso

SUPERFÍCIE RASPADA

Nos cristalizadores de superfície raspada, é empregada a troca direta de calor

entre a suspensão e uma camisa de circulação, ou uma parede dupla, que contém um

fluido de resfriamento. A superfície de troca de calor é raspada ou agitada, de modo que

não se possam acumular depósitos.

Este equipamento proporciona um método eficaz e barato de formar suspensão

num sistema que não requer instalação custosa ou estruturas de suporte, sendo indicado

para aplicações em escala relativamente pequena.

Um exemplo deste tipo de cristalizador é o cristalizador Swenson-Walker. É

constituído de numa calha de 24 in de largura com um fundo semicircular e uma camisa

de resfriamento soldada ao lado externo. Dentro do cristalizador, existe um agitador em

espiral que gira a velocidade de 3 a 10 RPM, com uma folga entre as lâminas, e a parede

de aproximadamente 1/16 in. As lâminas suspendem os cristais em crescimento e

raspam da parede qualquer depósito de material cristalino que tenha aderido à superfície

resfriada. A unidade é fabricada em comprimentos de 10 a 40 ft e é usualmente

acionada por um motor de 3 a 7,5 HP. Embora possa ser operada de maneira

descontinua, é mais frequente a alimentação contínua por uma extremidade com

transbordamento de suspensão de cristais pela extremidade oposta. Podem-se associar

em cascata várias unidades. Geralmente, o produto deste tipo de equipamento apresenta

uma granulometria relativamente ampla.

Há também o cristalizador de tubo duplo e parede raspada. Este tipo de

equipamento consiste em um trocador de calor de tubo duplo com agitador interno

constituído de raspadores que limpam a parede do tubo interno. O líquido frio passa

entre os tubos, sendo a seção anular dimensionada de modo a permitir velocidades

razoáveis no lado do casco. Os raspadores evitam o acúmulo de sólidos e promovem um

bom coeficiente de película para transferência de calor. O equipamento pode ser

operado de maneira contínua ou em batelada, com recirculação.

Page 28: Cristalização nosso

Figura 9 – Exemplo de cristalizador de superfície raspada. FONTE:

http://www.tsk-g.co.jp/en/tech/equip/crystallizer_d.html.

VOTATOR

Também chamado de cristalizador duplo tubo de superfície raspada, este tipo de

equipamento consiste em um trocador de calor de duplo tubo com agitadores internos

contendo dispositivos para limpeza da parede dos tubos internos. O líquido refrigerante

passa através dos tubos permitindo alta velocidade no lado do casco. Este tipo de

cristalizador pode ser operado continuamente ou em batelada com recirculação.

Na prática, estes tipos de estrutura possuem comprimentos acima de 12 m. Podem

ser ligados em série ou paralelo e os coeficientes de transferência de calor variam de

170 a 850 W/m²K.

Page 29: Cristalização nosso

Figura 10 – Cristalizador VOTATOR. FONTE:

http://packaging.indiabizclub.com/catalog/72520~scraped_surface_heat_exchanger_%

28votator%29~mumbai

Page 30: Cristalização nosso

7 ASPECTOS ECONÔMICOS

Em relação a custos de equipamentos, como os cristalizadores são compostos

por uma variedade de configurações, materiais de construção e design, os custos destes

equipamentos podem variar muito de acordo com o tipo de equipamento e a substância

que se quer cristalizar. Porém existem estimativas de preços disponíveis na literatura

para vários componentes. Um exemplo encontra-se na figura abaixo, que traz o preço de

dois tipos de compostos sendo produzidos em 2 tipos de cristalizadores em função da

taxa de produção. Os preços neste caso já incluem o custo de instalação, como o de

acessórios, fundações, vigas de suporte, tubulações, bombeamento, etc. Contudo, para

um levantamento preciso de custos é necessária a consulta de revendedores

especializados.

Figura 11 - Custo estimado para Na2SO4 e NH42SO4.

Page 31: Cristalização nosso

Outro exemplo de estimação de custos pode ser encontrado na literatura [5].

Neste caso tem-se apenas o custo do cristalizador, baseado em valores de mercado do

ano de 2007. Por exemplo, para um Cristalizador Batch Atmosférico de

aproximadamente 1500 litros, de aço carbono, o preço estimado é de US$ 45,800. Já

para um cristalizador a vácuo com as mesmas características anteriores, o preço sobe

para US$ 68,400. Se utilizarmos um Cristalizador Batch Atmosférico com capacidade

para 1500 litros, porém feito de aço inoxidável, o custo estimado é cerca de US$

80,000.

Page 32: Cristalização nosso

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] PERRY, R. H. Perry’s Chemical Engeneers’Handbook, McGrawHill, 1984.

[2] FOUST, A. S., WENZEL, L. A., CLUMP, C. W., MAUS, L., ANDERSEN, L. B.,

Princípios das Operações Unitárias, 2ª Ed. Editora LTC, Rio De Janeiro, 1982.

[3] MYERSON, A. S., Handbook of Industrial Crystallization, 2. Ed. Butterworth-

Heinemann, 2002.

[4] McCABE, W., SMITH, J., HARRIOTT, P., Unit Operations of Chemical

Engineering, 5th

Ed., McGraw-Hill, 1993.

[5] Estimação de custos de Equipamentos - acesso em 20/11/2010:

http://matche.com/EquipCost/Crystallizer.htm