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Direito Arrependimento Consumidores Gomide

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  • 29Revista Luso-Brasileira de Direito do Consumo - Vol. iii | n. 9 | MARO 2013

    O DIREITO DE ARREPENDIMENTO AOS

    CONSUMIDORES: MODELO ATUAL E AS

    PROPOSIES DO PROJETO DE LEI

    DO SENADO 281/2012

    Alexandre Junqueira GomideEspecialista e mestre em Cincias Jurdicas pela Faculdade de Direito da

    Universidade de Lisboa Professor de ps-graduao em So Paulo

    Scio-fundador de Junqueira Gomide & Guedes Advogados Associados

  • 30 Revista Luso-Brasileira de Direito do Consumo - Vol. iii | n. 9 | MARO 2013

    EXCERTOS

    O direito de arrependimento do art. 49 uma das principais formas de proteo contratual aos consumidores que adquirem produtos ou servios no comrcio eletrnico

    Atualmente a nica forma de limitar o direito de arrependimento seria com a regra geral do abuso do direito, disposta no art. 187 do Cdigo Civil. Contudo, a realidade dos demais pases demonstrou que essa clusula geral no suficiente para conter, em inmeras situaes, o abuso de direito por parte de alguns consumidores

    Se o consumidor dirige-se a uma loja e adquire um produto que no est exposto porque est esgotado, poder exercer o direito de arrependimento assim que receber o produto

    O direito de arrependimento nos contratos de prestao de servios no pode ser exercido em relao ao servio prestado, mas sim quanto ao contrato celebrado

    Silencia o Cdigo de Defesa do Consumidor acerca de quem deve responder pelas despesas relativas devoluo dos produtos ao fornecedor

    bom que se diga que o direito de arrependimento bom para o mercado, seja porque d oportunidade ao consumidor de no adquirir de forma precipitada produtos desnecessrios, seja porque aumenta a confiana dele neste tipo de contratao, o que fomenta o mercado

    O Cdigo de Defesa do Consumidor tambm no obriga o fornecedor a prestar a informao de maneira expressa sobre a existncia do direito de arrependimento

    O direito de arrependimento, nos servios, portanto, s deveria ser exercido quando a execuo do mesmo ainda no teve incio: no do servio em si que se deve arrepender, mas da contratao deste

  • 31Revista Luso-Brasileira de Direito do Consumo - Vol. iii | n. 9 | MARO 2013

    1. Conceito e modelo atual do direito de arrependimento no Cdigo de Defesa do Consumidor

    Carlos Ferreira de Almeida1 afirma que o direito de arrependimento compreende todas as hipteses em que a lei concede a um dos contraentes a faculdade de, em prazo determinado e sem contrapartida, desvincular-se de um contrato atravs de declarao unilateral e imotivada2.

    O direito de arrependimento atualmente estabelecido no art. 49 do Cdigo de Defesa do Consumidor:

    Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou servio, sempre que a contratao de fornecimento de produtos e servios ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domiclio.

    Pargrafo nico. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer ttulo, durante o prazo de reflexo, sero devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.

    Conforme se verifica, o direito de arrependimento um direito potestativo conferido aos consumidores que adquirem produtos ou servios fora do estabelecimento comercial.

    Com relao contratao de produtos fora do estabelecimento comercial, bom que seja relembrado que o art. 49 do CDC foi consagrado ainda em 1990, ano em que o legislador no podia imaginar o que viria a ser a internet e quais consequncias traria ao comrcio brasileiro. poca, o objetivo do legislador (influenciado pela Diretiva Europeia 85/577/CE, de 19853) era a proteo do consumidor adquirente de produtos e servios via telefone ou quando recebia vendedores em seu domiclio.

    Nos dias atuais essas vendas perderam o posto para o comrcio eletrnico, realizado pela internet. Diante disso, nos modernos manuais do direito ao consumo, a doutrina unnime ao admitir que dentre as formas de contratao celebrada fora do estabelecimento comercial tambm deve ser considerada aquela oriunda do comrcio eletrnico4.

    Assim, o direito de arrependimento do art. 49 uma das principais formas de proteo contratual aos consumidores que adquirem produtos ou servios no comrcio eletrnico.

    Conforme bem ressaltou Rizzato Nunes5, nas compras celebradas na internet, por oferta pessoal do vendedor, o consumidor pode adquirir

  • 32 Revista Luso-Brasileira de Direito do Consumo - Vol. iii | n. 9 | MARO 2013

    por impulso. O mesmo pode ocorrer nas compras oferecidas pela TV e adquiridas pelo telefone. E em qualquer dessas compras o consumidor ainda no examinou adequadamente o produto ou no testou o servio.

    Ezio Guerinoni6 afirma que a funo do direito de arrependimento proteger contra a surpresa e atribui ao sujeito a possibilidade de refletir, de ponderar a convenincia do contrato a ser firmado.

    Na viso de Fernando Gravato de Morais7, o propsito do direito de arrependimento o de afastar comportamentos pouco meditados, suscetveis de produzir efeitos nefastos na sua esfera jurdica e no seu patrimnio. Ainda segundo o autor, pretende-se assim que ao consumidor seja proporcionada uma efetiva informao acerca do teor do contrato, visto que a ele dado conhec-lo, em regra, muito pouco antes da assinatura da avena. Ao mesmo tempo -lhe concedido um determinado perodo temporal para refletir acerca do negcio realizado.

    2. Crticas ao atual modelo do direito de arrependimento no Cdigo de Defesa do Consumidor

    Depois de estudado o direito europeu, sobretudo o portugus e o italiano, pudemos nos certificar que o art. 49, por si s, no adequado para regular de forma suficiente o exerccio do direito de arrependimento no Brasil.

    Em primeiro lugar, a nossa maior desaprovao ao art. 49 do CDC a ausncia de restries ao direito de arrependimento. Em tese, basta que seus requisitos estejam presentes para que o consumidor possa desistir da avena.

    Diante de uma interpretao literal do art. 49 do CDC, o consumidor internauta poder arrepender-se das aquisies de produtos digitais, livros, revistas, bens confeccionados consoante suas especificaes, dentre outros.

    Alm disso, o atual modelo no limita o exerccio do direito do consumidor nos contratos de prestao de servios, quando estes j foram totalmente prestados e efetivamente entregues.

    Em Portugal, a soluo para as questes acima trazida pelo art. 7, do Decreto Lei 143/2001, que determina limitaes ao exerccio do direito de arrependimento8, dentre eles, contratos de prestao de servios cuja execuo tenha tido incio, fornecimento de produtos confeccionados com especificaes do consumidor, dentre outros9. Na Itlia, o artigo 48 do Cdigo do Consumidor10 tambm probe o exerccio do direito de arrependimento nos contratos em que a prestao dos servios j tenha sido iniciada, bem como em outras situaes (art. 51)11.

  • 33Revista Luso-Brasileira de Direito do Consumo - Vol. iii | n. 9 | MARO 2013

    O fundamento de tais restries nos parece bvio. O direito de arrependimento nos contratos de prestao de servios, por exemplo, no pode ser exercido em relao ao servio prestado, mas sim quanto ao contrato celebrado. Caso contrrio, estaramos diante de uma forma de abuso de direito. No se pode exercer o direito de arrependimento sem pagamento de quaisquer valores quando o servio j foi total ou parcialmente executado.

    Eduardo Gabriel Saad, Jos Eduardo Duarte Saad e Ana Maria Saad C. Branco12 declaram que no sabem como o consumidor poder arrepender-se nos contratos de prestao de servios depois da entrega do servio contratado, citando, como exemplos, a reparao de instalaes hidrulicas ou reforo do alicerce de um prdio.

    Por seu turno, Claudia Lima Marques13 afirma que a regra do art. 49 s poderia ser aplicada aos servios ainda no prestados (tal como a soluo adotada em Portugal e Itlia) e sustenta que caso o consumidor arrependa-se de um servio j prestado, dever ressarcir o fornecedor do quanto despendido.

    Concordamos com a opinio da professora Lima Marques. No se pode prever um direito de arrependimento, para os servios efetivamente prestados, sem pagamento de quaisquer valores aos fornecedores. Neste caso, no caberia um direito de arrependimento, talvez a resilio unilateral mediante indenizao. O direito de arrependimento sempre gratuito14. O direito de arrependimento, nos servios, portanto, s deveria ser exercido quando a execuo do mesmo ainda no teve incio: no do servio em si que se deve arrepender, mas da contratao deste.

    Essa problemtica foi analisada pelo Tribunal de Justia de Santa Catarina. Em acertada deciso, esse tribunal afirmou que no cabe o direito de arrependimento quando o consumidor tenha procurado o fornecedor, bem como quando o servio tenha sido totalmente prestado15.

    Todavia, ao contrrio de Portugal e demais pases da Europa, o legislador brasileiro deixou de consignar hipteses em que o arrependimento no possa ser exercido.

    Atualmente a nica forma de limitar o direito de arrependimento seria com a regra geral do abuso do direito, disposta no art. 187 do Cdigo Civil. Contudo, a realidade dos demais pases demonstrou que essa clusula geral no suficiente para conter, em inmeras situaes, o abuso de direito por parte de alguns consumidores. Ademais, a realidade nacional demonstra existirem diversos julgados permitindo o exerccio do direito de arrependimento em hipteses absurdas16.

    Mas isso no s.

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    Silencia o Cdigo de Defesa do Consumidor acerca de quem deve responder pelas despesas relativas devoluo dos produtos ao fornecedor. Essa questo extremamente contraditria e possui diferentes determinaes em legislaes europeias17. De todo modo, dentre as legislaes que estudamos, a maioria entendeu que os custos pela devoluo da coisa devem ser suportados pelo consumidor e no pelo fornecedor, a no ser previso expressa em contrrio18.

    Nelson Nery Junior19, autor do Anteprojeto do CDC, em sentido contrrio, manifestou que o fornecedor que opta por prticas comerciais mais incisivas, como as vendas domiclio ou por marketing direto, isto , fora do estabelecimento comercial, corre o risco do negcio, de modo que no tem nem do que reclamar se a relao jurdica desfeita em virtude do arrependimento do consumidor.

    Com todo o respeito ao professor Nelson Nery Junior, no podemos concordar com o seu posicionamento20. inaceitvel o argumento de que as empresas que realizam a venda fora do seu estabelecimento comercial optaram por prticas comerciais mais incisivas. Muitas empresas ligadas ao comrcio eletrnico, por exemplo, so procuradas pelos consumidores para aquisio de seus produtos. No se pode olvidar que grande parte da populao brasileira j est acostumada a adquirir produtos no meio virtual21. H, diga-se, quem prefira comprar pela internet do que no prprio estabelecimento comercial do fornecedor. Muitas vezes, a presso exercida pelo vendedor, no estabelecimento do fornecedor, pode ser muito pior do que uma compra realizada no conforto da casa do consumidor.

    bom que se diga que o direito de arrependimento bom para o mercado, seja porque d oportunidade ao consumidor de no adquirir de forma precipitada produtos desnecessrios, seja porque aumenta a confiana dele neste tipo de contratao, o que fomenta o mercado.

    Entretanto, dirigir o custo de devoluo da coisa ao fornecedor no nos parece o mais correto. O Cdigo de Defesa do Consumidor brasileiro no foi estatudo para trazer prejuzos s empresas. Foi sancionado para proteger os consumidores de prticas abusivas dos fornecedores. Ademais: o arrependimento medida de proteo contratual. A partir do momento em que essa proteo ruim para o mercado, ruim ser para toda sociedade, perdendo o seu significado.

    Nosso entendimento tambm acompanhado por Maria Eugnia Finkelstein22, a qual assevera que mais justo que o pagamento das despesas de reenvio dos produtos seja arcado pelo consumidor.

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    Outra lacuna do atual modelo do direito de arrependimento diz respeito ao prazo em que deve o consumidor restituir os bens recebidos pelo fornecedor. Veja-se que o caso inverso tratado pelo CDC, ou seja, dever o fornecedor restituir de imediato os eventuais valores recebidos pelo consumidor. Contudo, no h disposio expressa acerca da forma como deve o consumidor reenviar a mercadoria ao comerciante.

    Neste caso, parece-nos que, mais uma vez, o consumidor dever valer-se do bom senso, aplicando o princpio da boa-f objetiva. Porm, essa omisso da lei pode abrir caminhos para o abuso de direito por alguns consumidores eivados pela m-f23. Acreditamos que a melhor medida seria estipular de forma expressa um prazo de, por exemplo, trinta dias para que o consumidor pudesse efetuar essa restituio24.

    O Cdigo de Defesa do Consumidor tambm no obriga o fornecedor a prestar a informao especfica e de maneira expressa sobre a existncia do direito de arrependimento25. O Decreto-Lei portugus 143/2001, por exemplo, declara expressamente que o fornecedor dever informar o consumidor sobre a possibilidade do arrependimento (art. 4, n. 1, f ). Caso essa informao no seja prestada, o prazo para o exerccio do arrependimento ampliado de quatorze dias para trs meses (art. 6, n. 3)26. Em alguns casos, tal como nos contratos de time-sharing, Portugal determina a possibilidade de resoluo do contrato se a informao no for corretamente prestada27.

    O CDC, por sua vez, como no determina qualquer obrigatoriedade para o fornecedor de informar o consumidor sobre a possibilidade de desistir da avena, tambm no prev ampliao do prazo em virtude da ausncia da informao. A bem da verdade, o direito de arrependimento pouqussimo difundido no Brasil. Em nosso entendimento esse fato decorre principalmente da ausncia de qualquer obrigao do fornecedor de informar o consumidor sobre o arrependimento.

    Em suma, analisando o arrependimento estabelecido no Cdigo de Defesa do Consumidor brasileiro, verificamos que o art. 49 deste diploma no capaz de regular o instituto tal como deveria. A ausncia de diversas disposies de cunho prtico gera inmeras dvidas e incertezas acerca do exerccio desta proteo.

    Direito de arrependimento

    um direito potestativo

    conferido aos consumidores que

    adquirem produtos ou servios fora do

    estabelecimento comercial

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    3. A esperana: o Projeto de Lei do Senado 281/2012

    Criada em dezembro de 2010 por meio de ato do presidente do Senado Federal Jos Sarney, uma comisso de juristas foi instituda para apresentar propostas de atualizaes ao Cdigo de Defesa do Consumidor. Foram realizadas audincias pblicas com senadores, procuradores da repblica e organismos de defesa do consumidor.

    Alm do ministro do Superior Tribunal de Justia Herman Benjamin, tambm compem a comisso as coordenadoras do observatrio do crdito do superendividamento do consumidor, professoras Claudia Lima Marques e Ada Pellegrini Grinover; o promotor de justia de defesa do consumidor Leonardo Roscoe Bessa; o diretor da Revista de Direito do Consumidor, Roberto Augusto Pfeiffer, e o desembargador Kazuo Watanabe. Benjamin, Watanabe e Ada Pellegrini integraram, em 1990, a Comisso original que elaborou o projeto do atual CDC28.

    O texto deu entrada no Senado Federal em agosto de 2012. O projeto de lei pretende alterar o texto do Cdigo de Defesa do Consumidor. Dentre as medidas pretendidas, o projeto visa regular a atividade do comrcio eletrnico nas relaes de consumo.

    Com relao ao direito de arrependimento, as alteraes so bastante expressivas. Alm da alterao ao caput do atual art. 49, a comisso entendeu por adicionar nada menos do que nove pargrafos.

    Vejam-se abaixo as proposies apresentadas pela comisso:Art. 49. O consumidor pode desistir da contratao a distncia, no prazo de

    sete dias a contar da aceitao da oferta ou do recebimento ou disponibilidade do produto ou servio, o que ocorrer por ltimo.

    1 (...) 2 Por contratao a distncia entende-se aquela efetivada fora do

    estabelecimento, ou sem a presena fsica simultnea do consumidor e fornecedor, especialmente em domiclio, por telefone, reembolso postal, por meio eletrnico ou similar.

    3 Equipara-se modalidade de contratao prevista no 2 deste artigo aquela em que, embora realizada no estabelecimento, o consumidor no teve a prvia oportunidade de conhecer o produto ou servio, por no se encontrar em exposio ou pela impossibilidade ou dificuldade de acesso a seu contedo.

    4 Caso o consumidor exera o direito de arrependimento, os contratos acessrios de crdito so automaticamente rescindidos, sem qualquer custo para o consumidor;

    5 Sem prejuzo da iniciativa do consumidor, o fornecedor deve comunicar de modo imediato a manifestao do exerccio de arrependimento instituio financeira ou administradora do carto de crdito ou similar, a fim de que:

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    I a transao no seja lanada na fatura do consumidor; II seja efetivado o estorno do valor, caso a fatura j tenha sido emitida no

    momento da comunicao; III caso o preo j tenha sido total ou parcialmente pago, seja lanado o

    crdito do respectivo valor na fatura imediatamente posterior comunicao. 6 Se o fornecedor de produtos ou servios descumprir o disposto no 1 ou

    no 5, o valor pago ser devolvido em dobro. 7 O fornecedor deve informar, de forma clara e ostensiva, os meios

    adequados, facilitados e eficazes disponveis para o exerccio do direito de arrependimento do consumidor, que devem contemplar, ao menos, o mesmo modo utilizado para a contratao.

    8 O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmao individualizada e imediata do recebimento da manifestao de arrependimento.

    9 O descumprimento dos deveres do fornecedor previstos neste artigo e nos artigos da Seo VII do Captulo V do Ttulo I desta lei enseja a aplicao pelo Poder Judicirio de multa civil em valor adequado gravidade da conduta e suficiente para inibir novas violaes, sem prejuzo das sanes penais e administrativas cabveis e da indenizao por perdas e danos, patrimoniais e morais, ocasionados aos consumidores.

    As proposies alteram profundamente o exerccio do direito de arrependimento e merecem ser avaliadas com a devida cautela. Vejamos.

    4. Anlise crtica ao Projeto de Lei do Senado 281/2012

    O primeiro ponto a ser destacado a redao que foi dada ao caput. Veja-se a diferena da atual redao, com a redao proposta.

    Redao Atual

    Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou servio, sempre que a contratao de fornecimento de produtos e servios ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domiclio.

    Redao Projeto 281/2012

    Art. 49. O consumidor pode desistir da contratao distncia, no prazo de sete dias a contar da aceitao da oferta ou do recebimento ou disponibilidade do produto ou servio, o que ocorrer por ltimo.

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    Inicialmente o projeto pretende alterar a redao do art. 49, para que o direito de arrependimento compreenda todos os casos de contratao distncia. A contratao distncia definida no 2 do art. 49, que dispe: entende-se aquela efetivada fora do estabelecimento, ou sem a presena fsica simultnea do consumidor e fornecedor, especialmente em domiclio, por telefone, reembolso postal, por meio eletrnico ou similar29.

    Ainda que jurisprudncia e doutrina j estejam pacificadas no sentido de que o direito de arrependimento pode ser exercido nos casos de contratao decorrente do comrcio eletrnico, faz bem o dispositivo em alterar o caput do art. 49, para que este seja modernizado e atualizado aos dias atuais.

    Com relao definio de contratao distncia, do projeto, no nosso interesse manifestarmo-nos contrrios ou a seu favor. O que no nos parece razovel, contudo, que essa definio esteja posicionada num pargrafo reservado ao direito de arrependimento. Cremos que tal definio deveria ser redirecionada s disposies dos arts. 45-A e seguintes (reservado especificamente ao comrcio eletrnico) e no no captulo relativo ao exerccio do direito de arrependimento.

    Em complementao definio estabelecida no 2 do projeto, o pargrafo seguinte equipara a contratao distncia quela em que, embora realizada no estabelecimento, o consumidor no teve a prvia oportunidade de conhecer o produto ou servio, por no se encontrar em exposio ou pela impossibilidade ou dificuldade de acesso a seu contedo.

    A inteno da comisso muito boa. Muitas vezes, o consumidor pode estar dentro do estabelecimento da empresa, mas no tem acesso ao produto ou servio que adquire. Prever o direito de arrependimento, nesses casos, medida bastante salutar.

    Veja-se, por exemplo, o caso de um consumidor que, em So Paulo, dentro de um escritrio comercial de um resort baiano, adquire um pacote turstico para sua famlia. Por mais que o consumidor esteja no escritrio comercial do empreendimento em So Paulo, por uma impossibilidade fsica no consegue saber, com exatido, todas as informaes do resort, a no ser aquelas do catlogo da empresa. Sendo assim, ao chegar em sua residncia, o consumidor, longe da possvel presso do vendedor, poder analisar, pela internet, por exemplo, as dependncias do resort e verificar, inclusive, opinies de outros internautas30.

    Tambm bastante comum que incorporadoras realizem coquetis de lanamento de empreendimentos imobilirios. Ainda que o consumidor esteja dentro do stand de vendas da empresa, cremos que deve ser a ele

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    facultada a possibilidade de exercer o direito de arrependimento, uma vez que a vulnerabilidade do consumidor nesses casos evidente. Ressalte-se, contudo, nesse caso, que o direito de arrependimento somente pode ser exercido em at sete dias da assinatura do contrato e, obviamente, no da entrega do produto, que poder levar anos a ser construdo.

    Da mesma forma, se o consumidor dirige-se a uma loja e adquire um produto que no est exposto porque est esgotado, poder exercer o direito de arrependimento assim que receber o produto. Veja-se, portanto, que o direito de arrependimento proposto no PLS 281/2012 no se limita apenas aos contratos distncia: se o dever de informao no cumprido de forma correta ou cumprido de forma insuficiente, o direito de arrependimento deve ser conferido ao consumidor.

    O projeto tambm altera o incio do prazo para que o consumidor possa exercer o direito de arrependimento. A redao atual do CDC determina que o consumidor pode desistir do contrato no prazo de sete dias a contar (i) da assinatura do contrato ou (ii) do ato de recebimento do produto ou servio. J o caput do art. 49 do projeto estatui que o consumidor pode se arrepender quando da simples aceitao da oferta ou recebimento ou disponibilidade do produto ou servio, o que ocorrer por ltimo.

    De fato, no comrcio eletrnico, no comum que as partes assinem um contrato. bem verdade que o art. 45-D, inciso II, do projeto determina que o fornecedor envie ao consumidor via do contrato em suporte duradouro. Contudo, nos termos do projeto, poder o consumidor exercer o direito de arrependimento antes mesmo de receber uma via do contrato, ou seja, logo aps a aceitao da oferta. Assim, aps clicar em comprar e efetuar o pagamento com o carto de crdito, por exemplo, pode o consumidor exercer o direito de arrependimento, ainda que o contrato no tenha sido enviado ao consumidor. Da mesma forma, caso tenha clicado em comprar, antes mesmo de pagar o boleto bancrio, poder exercer o direito de arrependimento. A proposio, a nosso ver, bem interessante.

    Com relao aos contratos coligados de crdito, determina o 4 que os contratos acessrios de crdito so automaticamente rescindidos, sem qualquer custo para o consumidor. A disposio quase idntica quelas verificadas em

    No se pode prever um direito de

    arrependimento, para os servios

    efetivamente prestados, sem pagamento de

    quaisquer valores aos fornecedores

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    Portugal, Itlia, dentre outros. Sem dvida alguma uma disposio benfica ao mercado e que pe fim a controvrsias nesse sentido.

    Tal proposio elogiada por Guilherme Magalhes Martins31, que tambm asseverou que estabelecida responsabilidade solidria entre o fornecedor do produto ou servio, a instituio financeira e a administradora do carto de crdito, cabendo-lhes, alternativamente, estornar imediatamente o valor cobrado indevidamente do consumidor, ou, alternativamente, efetivar o estorno na prxima fatura, caso o valor j tenha sido total ou parcialmente pago no momento da manifestao do arrependimento. Trata-se de importante manifestao dos contratos coligados, todos perpassados pela mesma causa ou finalidade econmica, o que justifica o tratamento dado pelo anteprojeto.

    A jurisprudncia brasileira, diga-se, h certo tempo j entende que o contrato de crdito coligado deve ser extinto automaticamente quando exercido o direito de arrependimento pelo consumidor32.

    Em complementao ao 4, o 5 ainda traz as obrigaes do fornecedor decorrentes da extino do contrato coligado de crdito. Segundo a proposio, nos casos em que h a extino automtica do contrato coligado, caber ao fornecedor do produto ou servio comunicar instituio financeira ou similar para que a transao no seja cobrada ou, caso j o tenha sido, que seja estornada ao consumidor. Tal determinao tambm bastante interessante. A responsabilidade por tais atos no do consumidor, mas sim do fornecedor. O projeto ainda pretende que, caso tal determinao no seja atendida, o valor pago pelo consumidor seja restitudo em dobro ( 6).

    Outra grande e inovadora proposio aquela do 7: 7. O fornecedor deve informar, de forma clara e ostensiva, os meios

    adequados, facilitados e eficazes disponveis para o exerccio do direito de arrependimento do consumidor, que devem contemplar, ao menos, o mesmo modo utilizado para a contratao.

    Este dispositivo certamente melhora bastante o exerccio do direito de arrependimento. H um dever de informao que facilita ao consumidor a forma como pode ser exercido o direito de arrependimento.

    Contudo, o projeto nada diz acerca da forma como essa informao deve ser prestada ao consumidor. Melhor seria determinar que, aps a concluso do contrato, fosse enviado ao consumidor correspondncia ou e-mail, apartado do contrato, informando as formas do exerccio do arrependimento.

    Mais interessante, ainda, seria se a nossa legislao atendesse mesma disposio da Diretiva 2011/83/CE, que, em seu art. 11, determina aos

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    fornecedores, nos casos envolvendo o comrcio eletrnico, logo aps a contratao, que enviem um formulrio para o exerccio do direito de arrependimento33. O consumidor, assim, no precisaria atender s determinaes do fornecedor, para exercer o direito de arrependimento. Bastaria que preenchesse o formulrio, j enviado logo aps a concluso do contrato. Essa forma, a nosso ver, atenderia perfeitamente ao exerccio do direito de arrependimento.

    Ao final, o projeto tambm assevera que o descumprimento de tais deveres pelo fornecedor ensejar a aplicao de multa civil em valor adequado gravidade da conduta e suficiente para inibir novas violaes, sem prejuzo das sanes penais e administrativas cabveis e da indenizao por perdas e danos, patrimoniais e morais, ocasionados aos consumidores.

    5. Consideraes finais

    Da anlise do projeto, cremos que h uma grande evoluo no direito de arrependimento. No h dvidas de que o legislador brasileiro procurou se valer das disposies contidas em diretivas europeias e legislaes especficas de pases como Portugal, Frana, Itlia, dentre outros.

    A aprovao do projeto trar uma grande melhora ao exerccio do direito de arrependimento, bem como uma maior proteo aos consumidores. interessante notar que o atual Cdigo de Defesa do Consumidor possui apenas um artigo para cuidar do direito de arrependimento: caput e pargrafo. J o Projeto 281/2012 procura inserir nada menos do que outros nove pargrafos. Realmente o direito de arrependimento previsto no atual modelo do Cdigo de Defesa do Consumidor anseia por uma profunda alterao.

    De todo modo, pensamos que o projeto poderia ter ido alm. Faltou ao projeto regular, por exemplo: (i) o prazo em que o consumidor deve devolver o produto recebido; (ii) o prazo que possui o fornecedor para reembolsar o consumidor dos valores pagos e (iii) a quem fica a responsabilidade pelas despesas de devoluo da coisa.

    So questes sobre as quais a jurisprudncia brasileira ainda confusa e contraditria. Para que tais questes sejam dirimidas, a nossa sugesto que o projeto passe a regul-las.

    Da mesma forma, acreditamos que o projeto poderia trazer um rol exemplificativo das restries ao direito de arrependimento. Isso porque a

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    realidade de outros pases demonstrou que a regra geral do abuso do direito no suficiente para enfrentar os problemas da limitao do exerccio do direito de arrependimento.

    Em nossa opinio, o projeto poderia limitar alguns casos em que o direito de arrependimento no possa ser exercido, para que a jurisprudncia fosse mais unssona.

    Por fim, pensamos que poderia haver um dispositivo determinando que, nos casos em que o pagamento do produto ou servio fosse realizado por ttulos de crdito, ficasse proibido aos fornecedores o seu endosso translativo enquanto no transcorresse o prazo para o exerccio do direito de arrependimento pelos consumidores. Isso proibiria que empresas negociassem os ttulos antes do exerccio do direito de arrependimento, o que traz prejuzos aos consumidores34.

    De qualquer maneira, num panorama geral, o Projeto 281/2012, no apenas com relao ao direito de arrependimento, mas tambm ao comrcio eletrnico, caso aprovado, trar grandes melhorias aos consumidores35.

    Notas1 ALMEIDA, Carlos Ferreira de. Direito de Consumo. Lisboa: Almedina, 2005, p. 105. 2 As caractersticas do direito de arrependimento segundo Mrio Frota so: a) imotivabilidade,

    ou seja, no carece de motivao ou fundamentao; b) irrenunciabilidade, i.e, o direito irrenuncivel

    no podendo ser afastado por conveno das partes ou derrogado por iniciativa do predisponente;

    inindemnizabilidade, quer dizer, pelo seu exerccio no h que fazer com que o consumidor suporte qualquer

    custo ou encargo, que seria sempre penalizador e, nessa medida, constituiria obstculo sua sustentao

    (FROTA, Mrio. Os contratos de consumo realidades sociojurdicas que se perspectivam sob novos

    influxos. Revista de Direito do Consumidor, ano 10. Janeiro-Maro de 2001. So Paulo: Revista dos

    Tribunais. p. 24).3 Com relao Diretiva 85/577/CE, vejam-se as consideraes e justificativas para a necessidade

    do direito de arrependimento em determinados contratos: Considerando que os contratos celebrados

    fora dos estabelecimentos comerciais do comerciante se caracterizam pelo fato de a iniciativa das

    negociaes provir normalmente do comerciante e que o consumidor no est, de forma nenhuma,

    preparado para tais negociaes e que foi apanhado desprevenido; que, muitas vezes, o consumidor

    nem mesmo pode comparar a qualidade e o preo da oferta com outras ofertas; que este elemento surpresa

    tomado em linha de conta, no apenas nos contratos celebrados por venda ao domiclio mas tambm noutras

    formas de contrato em que o comerciante toma a iniciativa de vender fora dos estabelecimentos comerciais;

    Considerando que necessrio conceder ao consumidor um direito de resoluo por um perodo de pelo menos

    sete dias, a fim de lhe ser dada a possibilidade de avaliar as obrigaes que decorrem do contrato.

  • 43Revista Luso-Brasileira de Direito do Consumo - Vol. iii | n. 9 | MARO 2013

    Veja-se, ainda, o dispositivo que tratava sobre o direito de arrependimento nessa Diretiva: Art. 5 n. 1: O consumidor tem o direito de renunciar aos efeitos do compromisso que assumiu desde que envie uma notificao, no prazo de pelo menos sete dias a contar da data em que recebeu a informao referida no artigo 4, em conformidade com as modalidades e condies prescritas pela legislao nacional. Relativamente ao cumprimento do prazo, suficiente que a notificao seja enviada antes do seu termo.

    4 Nesse sentido, veja-se: MARQUES, Claudia Lima. Contratos no cdigo de defesa do consumidor: o novo regime das relaes contratuais. 4. ed. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 703; OLIVEIRA, Elsa Dias. A proteo dos consumidores nos contratos celebrados atravs da internet. [S.l.]: Almedina, 2002, p. 97; FINKELSTEIN, Maria Eugnia. Aspectos jurdicos do comrcio eletrnico. Porto Alegre: Sntese, 2004, p. 271; DE LUCCA, Newton. Comrcio eletrnico na perspectiva de atualizao do CDC. Revista Luso-Brasileira de Direito do Consumo, Curitiba: Bonijuris, n. 7, p. 124, set./2012.

    5 NUNES, Rizzato. Curso de direito do consumidor. 2. ed. So Paulo: Saraiva, 2006, p. 611.6 GUERINONI, Ezio. I contrattidelconsumatore: principi e regole. Milano: G.Giappichelli

    Editore, 2011, p. 377.7 MORAIS, Fernando Gravato. A evoluo do direito de consumo. Revista Portuguesa de Direito

    de Consumo. set./2008, n. 55, p. 23.8 Artigo 7 Restries ao direito de livre resoluo Salvo acordo em contrrio, o consumidor no pode

    exercer o direito de livre resoluo previsto no artigo anterior nos contratos de:a) Prestao de servios cuja execuo tenha tido incio, com o acordo do consumidor, antes do termo

    do prazo previsto no n 1 do artigo anterior;b) Fornecimento de bens ou de prestao de servios cujo preo dependa de flutuaes de taxas do

    mercado financeiro que o fornecedor no possa controlar;c) Fornecimento de bens confeccionados de acordo com especificaes do consumidor ou manifestamente

    personalizados ou que, pela sua natureza, no possam ser reenviados ou sejam susceptveis de se deteriorarem ou perecerem rapidamente;

    d) Fornecimento de gravaes udio e vdeo, de discos e de programas informticos a que o consumidor tenha retirado o selo de garantia de inviolabilidade;

    e) Fornecimento de jornais e revistas;f ) Servios de apostas e lotarias.9 Art. 7: Salvo acordo em contrrio, o consumidor no pode exercer o direito de livre resoluo

    previsto no artigo anterior nos contratos de: a) Prestao de servios cuja execuo tenha tido incio, com o acordo do consumidor, antes do termo do prazo previsto no n. 1 do artigo anterior (...).

    10 Art. 48. Exclusione del recesso. 1. Per i contratti riguardanti la prestazione di servizi, Il diritto di recesso non pu essere esercitato nei confronti delle prestazioni che siano state gia eseguite.

    11 Art. 51. 1. Le disposizioni della presente sezione si applicano ai contratti a distanza, esclusi i contratti: a) relativi ai servizi finanziari di cui agli articoli 67-bis e seguenti del presente Codice;

    b) conclusi tramite distributori automatici o locali commerciali automatizzati;

  • 44 Revista Luso-Brasileira de Direito do Consumo - Vol. iii | n. 9 | MARO 2013

    c) conclusi com gli operatori delle telecomunicazioni impiegando telefoni pubblici;d) relativi alla costruzione e allavendita o ad altri diritti relativi a Beni immobili, com esclusione

    della locazione;e) conclusi in occasione di una vendita allasta.12 SAAD, Eduardo Gabriel; SAAD, Jos Eduardo; SAAD, Ana Maria. Comentrios ao cdigo de

    defesa do consumidor e sua jurisprudncia anotada. 6. ed. So Paulo: LTr, 2006, p. 600. 13 MARQUES, Claudia Lima. Contratos no cdigo de defesa do consumidor: o novo regime das

    relaes contratuais. 4. ed. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 715.14 A no ser, eventualmente, custos decorrentes de devoluo da coisa. 15 (...) A contrario sensu, no ocorre o vcio em caso de convergncia entre os produtos e servios

    apresentados e os produtos e servios efetivamente entregues e executados. Havendo, no caso, a instalao dos vidros sido realizada de conformidade para com o esboo do servio, cujo contedo o consumidor presumidamente tivera cincia prvia, e no existindo indcios, por menores que sejam, da alegada baixa qualidade do material utilizado, no h como reconhecer a existncia do vcio, ainda que a esttica do resultado final tenha desagradado o consumidor. Evidentemente, o direito de arrependimento no exercvel nos casos em que, segundo a impresso mais crvel deixada pelo plexo probatrio, o consumidor tenha procurado o fornecedor dos produtos ou servios, sendo-lhe permitido analisar o negcio em pormenores, comparando-o com o oramento e o esboo dos servios e produtos apresentados por empresa do ramo, e optando pelo servio contratado. Situao que no se afeioa finalidade legal. (...). A instalao dos vidros realizou-se conforme contratado, constando nitidamente do esboo, em representao grfica perceptvel, que os vidros frontais no se poriam inteirios, mas intercalar-se-iam por divisrias e tubos de alumnio (Tribunal de Justia de Santa Catarina, Apelao Cvel n. 2004.020603-8, 1 Cmara de Direito Civil, Des. Rel. Maria do Rocio Luz Santa Rita, j. 02/07/2005).

    16 A exemplo disso, veja-se a deciso do Tribunal de Justia do Mato Grosso que entendeu possvel o exerccio do direito de arrependimento em um produto adquirido sob medida: DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL AO MONITRIA EMBARGOS CONTRATO DE VENDA DE PRODUTO POR TELEFONE E FAX PAGAMENTO PARCIAL ARREPENDIMENTO COBRANA DO VALOR TOTAL DEVOLUO ALEGAO DE PRODUTO ESPECIAL RECURSO IMPROVIDO SENTENA MANTIDA. Na compra e venda por telefone e fax, tem o consumidor o direito de arrependimento assegurado pelo art. 49 do CDC, bem como de ver devolvidas as importncias antecipadas, a qualquer ttulo, notadamente se ainda no recebeu o produto negociado. A alegao de produto especial ou feito sob encomenda no serve para desnaturar a relao de consumo e suplantar o direito de arrependimento, at porque tais circunstncias no descaracterizam a relao de consumo que marcou a transao, no passando de risco prprio e natural da atividade mercantil do ramo de negcio abraado livremente pela apelante (Tribunal de Justia do Mato Grosso, Apelao Cvel n. 24.068, 3 Cmara Cvel. Rel. Des. Jos Ferreira Leite. j. 28.06.2000).

    17 O Decreto-Lei Portugus 143/01, determina Art. 8. 1 Quando o direito de livre resoluo tiver sido exercido pelo consumidor, nos termos do art. 6., o fornecedor fica obrigado a reembolsar no prazo

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    mximo de 30 dias os montantes pagos pelo consumidor, sem qualquer despesa para este, salvo eventuais despesas diretamente decorrentes da devoluo do bem quando no reclamadas pelo consumidor.

    Na Espanha, segundo a Ley de Ordenacin del Comercio Minorista (art. 44, n. 3), recai ao consumidor o nus do pagamento dos valores de reenvio do produto pelo qual exerceu o direito de arrependimento. Por seu turno, caso o comerciante oferea um produto de qualidade e preo equivalentes, transfere-se a ele a obrigatoriedade do custo de reenvio da coisa.

    Na Itlia, o Codicedel Consumatore (art. 67), tratando a respeito das obrigaes ps-exerccio do direito de arrependimento, determina que na hiptese de exerccio do direito de arrependimento posteriormente entrega dos bens, dever o consumidor devolv-los ou torn-los disponveis para o profissional ou a pessoa por ele designada, de acordo com a previso do contrato.

    18 A jurista espanhola Maria lvares Moreno manifesta-se: El nico tipo de gastos que la L.C.M. impone a cargo del comprador son los costes directos que origine la devolucin del bien al vendedor (por ejemplo, los ocasionados por su transporte). La razn de esta prescripcin radica en salvaguardar la indemnidad del profesional, que ha cumplido totalmente con los trminos pactuados, por lo que no se le pueden inferir unos gastos que no tienen nada que ver con su comportamiento, sino con la especialidad del tipo de tcnicas de comercializacin que ste utiliza. De ah que si el consumidor desea devolver el bien adquirido y cancelar la relacin jurdica que el une al vendedor, por su mera discredionalidade, como el permite la ley, es lgico que deba cargar con los costes derivados de la operacin. Adems, no puede olividar se que la imposicin de esta oblicacin de asumir los costes de la devolucin al consumidor no sino reflejo de la regla general en materia de obligaciones: forma parte de su obligacin de entrega (en cuanto desarrollo de las actividades necesarias para cumplir su oblicagin) (MORENO, Maria Teresa lvares. El desitimiento unilateral en los contratos con condiciones generales. [S.l.]: Edersa, 2001, p. 248-249).

    19 NERY JUNIOR, Nelson et al. Cdigo brasileiro de defesa do consumidor. Comentado pelos autores do anteprojeto. 9. ed. So Paulo: Forense, 2007, p. 563.

    20 Por mais que discordemos da posio do professor Nelson Nery Junior, temos que admitir que outros a ela so adeptos. o caso de Joo Batista de Almeida que afirma: A lei no regulamentou a questo atinente s despesas efetuadas ou prejuzos sofridos pelo vendedor durante o perodo de reflexo. Assim o fazendo, permite ao intrprete a concluso de que a devoluo se dar sem qualquer deduo, pelas seguintes e inafastveis razes: a) tratando-se de restrio ao direito de arrependimento, deveria ser expressa na lei tal deduo; b) quando pretendeu ressalvar as dedues, o legislador o fez expressamente (art. 53, 2), de sorte que seu silncio nesse tema tem o significado de negar a via compensatria ou ressarcitria ao fornecedor, c) alm disso, as despesas e eventuais prejuzos enfrentados pelo fornecedor so inerentes atividade comercial sob a modalidade de vendas agressivas por telefone, reembolso postal ou em domiclio. Admitir o contrrio ser desestimular o uso do direito de arrependimento, criando limitaes legalmente no previstas ao consumidor, sujeitando-o a dedues que certamente sero feitas unilateralmente pelo economicamente mais forte. Em suma, o que direito seu passaria a ser pesadelo (ALMEIDA, Joo Batista de. A proteo jurdica do consumidor. 5. ed. So Paulo: Saraiva, 2006, p. 154).

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    21 Estima-se que h, no Brasil, 82 milhes de internautas, considerando a conexo da internet em suas residncias ou local de trabalho. Disponvel em: http://olhardigital.uol.com.br/negocios/digital_news/noticias/internautas-brasileiros-ja-sao-82-milhoes. Acesso em 4 de Dezembro de 2012.

    22 FINKELSTEIN, Maria Eugnia. Aspectos jurdicos do comrcio eletrnico. Porto Alegre: Sntese, 2004, p. 274.

    23 Ademais, acerca do abuso de direito por parte de alguns consumidores, a Diretiva 2011/83/EU, afirmou, em suas consideraes: Alguns consumidores exercem o seu direito de retratao aps terem utilizado os bens numa medida que excede o necessrio para verificar a sua natureza, as suas caractersticas e o seu funcionamento. Neste caso, o consumidor no dever perder o direito de retratao do contrato, mas dever ser responsabilizado pela eventual depreciao dos bens. Para verificar a natureza, as caractersticas e o funcionamento dos bens, o consumidor apenas dever proceder s mesmas manipulaes e mesma inspeo que as admitidas numa loja. Por exemplo, o consumidor dever poder provar uma pea de vesturio, mas no us-la. Por conseguinte, durante o prazo de retratao, o consumidor dever manipular e inspecionar os bens com o devido cuidado. As obrigaes do consumidor em caso de retratao no o devero desencorajar de exercer o seu direito de retratao.

    24 Segundo o Decreto-Lei Portugus 143/01, o consumidor tem o prazo de at trinta dias para restituir os produtos recebidos: Art. 8, n 2 Em caso de resoluo, o consumidor deve conservar os bens de modo a poder restitu-los, ao fornecedor ou pessoa para tal designada no contrato, em devidas condies de utilizao, no prazo de 30 dias a contar da data da sua recepo. J o Codice Del Consumo Italiano (art. 67, n. 1) prev que o consumidor deve prover ao fornecedor a restituio dos bens em pelo menos dez dias teis: Il termine per la restituizione del bene non pu comunque essere inferiore a diece giori lavorativi de correnti della data del ricevimento del bene.

    25 O Cdigo de Defesa do Consumidor prev que o fornecedor deve prestar uma gama de informaes ao consumidor, todavia, silenciou-se sobre a obrigatoriedade de inform-lo especificamente quanto possibilidade de arrepender-se de contratos distncia.

    26 Por sua vez, o Codice del Consumo Italiano prev um captulo apartado apenas para tratar sobre o dever de informao do direito de arrependimento:

    Art. 47. Informazione sul diritto di recesso. 1. Per i contratti e per le proposte contrattuali soggetti alle disposizioni della presente sezione, il professionista deve informare il consumatore del diritto di cui agli articoli da 64 a 67. Linformazione deve essere fornita per iscritto e deve contenere: a) lindicazione dei termini, delle modalita e delle eventuali condizioni per lesercizio del diritto di recesso; b) lindicazione del soggetto nei cui riguardi va esercitato il diritto di recesso ed il suo indirizzo o, se si tratti di societa o altra persona giuridica, la denominazione e la sede della stessa, nonche lindicazione del soggetto al quale deve essere restituito il prodotto eventualmente gia consegnato, se diverso. 2. Qualora il contratto preveda che lesercizio del diritto di recesso non sia soggetto ad alcun termine o modalita, linformazione deve comunque contenere gli elementi indicati nella lettera b) del comma 1. 3. Per i contratti di cui allarticolo 45, comma 1, lettere a), b) e c), qualora sia sottoposta al consumatore, per la sottoscrizione, una nota dordine, comunque denominata, linformazione di cui al comma 1 deve essere riportata nella suddetta nota dordine,

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    separatamente dalle altre clausole contrattuali e con caratteri tipografici uguali o superiori a quelli degli altri elementi indicati nel documento. Una copia della nota dordine, recante lindicazione del luogo e della data di sottoscrizione, deve essere consegnata al consumatore. 4. Qualora non venga predisposta una nota dordine, linformazione deve essere comunque fornita al momento della stipulazione del contratto ovvero allatto della formulazione della proposta, nellipotesi prevista dallarticolo 45, comma 2, ed il relativo documento deve contenere, in caratteri chiaramente leggibili, oltre agli elementi di cui al comma 1, lindicazione del luogo e della data in cui viene consegnato al consumatore, nonche gli elementi necessari per identificare il contratto. Di tale documento il professionista puo richiederne una copia sottoscritta dal consumatore. 5. Per i contratti di cui allarticolo 45, comma 1, lettera d), linformazione sul diritto di recesso deve essere riportata nel catalogo o altro documento illustrativo della merce o del servizio oggetto del contratto, o nella relativa nota dordine, con caratteri tipografici uguali o superiori a quelli delle altre informazioni concernenti la stipulazione del contratto, contenute nel documento. Nella nota dordine, comunque, in luogo della indicazione completa degli elementi di cui al comma 1, puo essere riportato il solo riferimento al diritto di esercitare il recesso, con la specificazione del relativo termine e con rinvio alle indicazioni contenute nel catalogo o altro documento illustrativo della merce o del servizio per gli ulteriori elementi previsti nellinformazione. 6. Il professionista non potra accettare, a titolo di corrispettivo, effetti cambiari che abbiano una scadenza inferiore a quindici giorni dalla stipulazione del contratto e non potra presentali allo sconto prima di tale termine.

    27 Vide Decreto-Lei 37/01.28 Fonte: http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI151832,71043-Comissao+de+juristas+ap

    resenta+relatorio+sobre+atualizacao+do+CDC. Acesso em 25 de julho de 2012.29 Vale a pena conferir a definio de contratao distncia estabelecida na Diretiva 2011/83/

    EU: Contrato distncia: qualquer contrato celebrado entre o profissional e o consumidor no mbito de um sistema de vendas ou prestao de servios organizado para o comrcio distncia, sem a presena fsica simultnea do profissional e do consumidor, mediante a utilizao exclusiva de um ou mais meios de comunicao distncia at ao momento da celebrao do contrato, inclusive.

    30 Em interessante julgado, uma consumidora foi abordada na praia com suas sobrinhas, quando o representante do fornecedor de servios ofereceu-lhe um jogo, do qual a consumidora acertou todos os pontos da brincadeira e foi convidado a conhecer um hotel, sem compromisso algum. Devidamente acomodada na piscina do hotel, um dos representantes do hotel props consumidora a contratao de time sharing em diversos hotis indicados em um catlogo. Ante o entusiasmo das crianas que acompanhavam a consumidora, a insistncia do vendedor e a facilidade de pagamento, esta acabou por firmar o contrato, do qual se arrependeu dias depois. A defesa do hotel se baseava na interpretao restritiva do art. 49 do CDC, afirmando que o direito de arrependimento s pode ser exercido quando o contrato for celebrado fora do estabelecimento comercial do fornecedor, o que no teria ocorrido. Nestes termos, no acatando a tese aduzida pelo hotel, fez por bem decidir o Tribunal de Justia de So Paulo: A finalidade da norma permitir o direito de arrependimento daqueles que so abordados e levados a consumir algo que no comprariam em condies normais. O dispositivo

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    legal citado no pode ser interpretado restritivamente, protegendo apenas aqueles que so abordados em seu domiclio ou por telefone. Na verdade, o termo especialmente apenas refora a aplicabilidade da proteo consumerista em casos corriqueiros de venda poca de entrada em vigor dessa legislao, de forma meramente exemplificativa, mas no exclui, nem poderia, a proteo s prticas que viriam a surgir. Na verdade, procura-se proteger o consumidor de uma manifestao de vontade maculada pelo entusiasmo temporrio, produzido pelo estmulo repentino, pelo efeito de surpresa e de ansiedade de contratao, causado pelo mtodo de apresentao do produto. Nessa esteira, a contratao em que se convida o consumidor a ingressar no estabelecimento comercial por meio de chamarizes como festas, coquetis, sorteios, jogos em geral, num clima emocional de consumo, como diria Claudia Lima Marques, deve receber proteo do cdigo consumerista (Tribunal de Justia de So Paulo, Apelao Cvel n. 1.224.228-5, 14 Cmara de Direito Privado, Des. Rel. Melo Colombi, j. 09 de Maio de 2007).

    31 MARTINS, Guilherme Martins. A reforma do Cdigo de Defesa do Consumidor brasileiro e o comrcio eletrnico: uma viso crtica do anteprojeto. Revista Luso-Brasileira de Direito do Consumo, Curitiba: Bonijuris, n. 4, p. 26, dez./2011.

    32 Nessa senda: APELAO AO DECLARATRIA DE INEXISTNCIA DE DBITO CUMULADA COM INDENIZAO POR DANOS MORAIS. Compra e venda de automvel e contrato de arrendamento mercantil com a instituio financeira Objeto do contrato substitudo em contato telefnico com o consumidor Sendo o objeto elemento essencial do contrato tem-se que sua alterao d origem a novo pacto, firmado por telefone, e, portanto, fora do estabelecimento comercial. Exerccio do direito de arrependimento (artigo 49 do Cdigo de Defesa do Consumidor) manifestado em at sete dias contados do contato telefnico. Circunstncia de a contratao ter sido realizada, quanto ao seu objeto, fora do estabelecimento comercial do fornecedor. Possibilidade. LEGITIMIDADE DE PARTE. A instituio financeira possui legitimidade para figurar no polo passivo da presente ao. Contrato de financiamento coligado ao de compra e venda, sendo que a existncia de um determinante para a do outro. A resciso da compra e venda ante o exerccio regular da desistncia, impossibilitando ao consumidor o uso e fruio do bem gera, por consequncia, o cancelamento do contrato de financiamento. DANO MORAL. Evidenciada relao de causalidade entre o dano moral e ato ilcito praticado pelo apelado impe-se o dever de indenizar. O dano extrapatrimonial in reipsa, pois decorre do prprio fato. Reduo para adequar a razoabilidade e proporcionalidade. Recursos parcialmente providos, apenas para reduzir o montante fixado a ttulo de danos morais (Tribunal de Justia de So Paulo, Apelao n. 9274043-87.2008.8.26.0000, 25 Cmara de Direito Privado, Rel. Hugo Crepaldi, j. 11 de Abril de 2012).

    33 Um modelo de formulrio tambm previsto no Codice del Consumo Italiano.34 Nesse sentido: Indenizatria danos morais Protesto indevido de ttulo autor que fez compra de

    equipamento por telefone, com posterior desistncia antes da instalao direito de arrependimento previsto no art. 49 do CDC emisso das duplicatas que demandaria a efetiva entrega das mercadorias precipitao da r em colocar os ttulos em circulao, que acabaram protestados dano moral caracterizado fixao em R$8.000,00 Ao procedente recurso improvido. Cancelamento de protestos admissibilidade

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    Consequncia lgica da inexigibilidade das duplicatas emitidas sem causa. Recurso adesivo do autor provido em parte (Tribunal de Justia de So Paulo, Apelao n. 0031806-44.2009.8.26.0000, Rel. Jovino de Sylos, j. 4 de Setembro de 2012).

    35 No ms de dezembro de 2012, entramos em contato com o gabinete do senador Antonio Carlos Rodrigues e recebemos o cordial apoio do assessor parlamentar Joo Paulo Recco de Fveri, que se colocou disposio para discutir os temas desse artigo em eventual emenda ao projeto. Contudo, fomos informados que o prazo de emendas foi encerrado. H um pedido para que o prazo seja reaberto mas at o encerramento desse artigo (5 de dezembro), no houve qualquer resposta nesse sentido.

    RefernciasALMEIDA, Carlos Ferreira de. Direito de consumo. Lisboa: Almedina, 2005. ALMEIDA, Joo Batista de. A proteo jurdica do consumidor. 5. ed. So Paulo: Saraiva, 2006.FINKELSTEIN, Maria Eugnia. Aspectos jurdicos do comrcio eletrnico. Porto Alegre: Sntese,

    2004.FROTA, Mrio. Os contratos de consumo realidades sociojurdicas que se perspectivam sob

    novos influxos. Revista de Direito do Consumidor, ano 10. Janeiro-Maro de 2001. So Paulo: Revista dos Tribunais.

    GUERINONI, Ezio. I contrattidelconsumatore: principi e regole. Milano: G. Giappichelli Editore, 2011.

    LUCCA, Newton. Comrcio Eletrnico na Perspectiva de Atualizao do CDC. Revista Luso-Brasileira de Direito do Consumo, Curitiba: Bonijuris, n. 7, set./2012.

    MARQUES, Claudia Lima. Contratos no cdigo de defesa do consumidor: o novo regime das relaes contratuais. 4. ed. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

    MARTINS, Guilherme. A reforma do Cdigo de Defesa do Consumidor brasileiro e o comrcio eletrnico: uma viso crtica do anteprojeto. Revista Luso-Brasileira de Direito do Consumo, Curitiba: Bonijuris, n. 4, dez./2011.

    MORAIS, Fernando Gravato. A evoluo do direito de consumo. Revista Portuguesa de Direito de Consumo. n. 55, p. 23, set./2008.

    MORENO, Maria Teresa lvares. El desitimiento unilateral en los contratos com condiciones generales. [S.l.]: Edersa, 2001.

    NERY JUNIOR, Nelson et al. Cdigo brasileiro de defesa do consumidor. Comentado pelos autores do anteprojeto. 9. ed. So Paulo: Forense, 2007.

    NUNES, Rizzato. Curso de direito do consumidor. 2. ed. So Paulo: Saraiva, 2006.OLIVEIRA, Elsa Dias. A proteo dos consumidores nos contratos celebrados atravs da internet.

    [S.l.]: Almedina, 2002.SAAD, Eduardo Gabriel; SAAD, Jos Eduardo; SAAD, Ana Maria. Comentrios ao cdigo de

    defesa do consumidor e sua jurisprudncia anotada. 6. ed. So Paulo: LTr, 2006.