documento protegido pela leide direito autoral · a contribuiÇÃo da neurociÊncia pedagÓgica e...
TRANSCRIPT
1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
A CONTRIBUIÇÃO DA NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA E DA
PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DE
CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN
Por: Daiany da Silva Oliveira
ORIENTADORA:
Profª Marta Relvas
Rio de Janeiro
2017
DOCUMENTO P
ROTEGID
O PELA
LEID
E DIR
EITO A
UTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM como requisito
parcial para obtenção do grau de especialista em Neurociência Pedagógica.
Por: Daiany da Silva Oliveira
A CONTRIBUIÇÃO DA NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA E DA
PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN
Rio de Janeiro
2017
3
AGRADECIMENTOS
A mim mesmo, por não ter desistido de estudar,
procurando melhorar na minha área de atuação
em uma constante pesquisa de conhecimento.
4
DEDICATÓRIA
...aos meus pais que são a minha base de vida,
sempre me incentivando a estudar e alcançar
vôos mais altos.
5
RESUMO
O presente trabalho monográfico teve como objetivo: pesquisar,
identificar, pontuar as contribuições da psicomotricidade no desenvolvimento
de crianças com síndrome de down; minimizando as limitações apresentadas
durante seu crescimento. E também compreender os mecanismos neurológicos
que são essenciais no processo de aquisição do conhecimento,
contextualizando as informações literárias com as diversas estratégias de
estimulação psicomotora, adequando as propostas ao grau de
comprometimento e fase de desenvolvimento da criança com Síndrome de
Down.
Palavras-chave: Neurociência, estimulação psicomotora,
síndrome de down, desenvolvimento neurológico, habilidades.
.
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho monográfico foi à pesquisa
bibliográfica em artigos científicos, livros e revistas referentes à Síndrome de
Down, psicomotricidade e neurociência. Onde se destacam os autores: Bear,
Connors, Paradiso (2008), Vitor da Fonseca (2009), Siegfried Pueschel (2006),
Fátima Alves, Roberto Lent, Rogério Drago, entre outros.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
ASPECTOS GERAIS DA SÍNDROME DE DOWN 9
CAPÍTULO II
A PSICOMOTRICIDADE E O DESENVOLVIMENTO NEUROLÓGICO DE
CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN 17
CAPÍTULO III
CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPLASTICIDADE CEREBRAL E A SINDROME
DE DOWN 26
CONCLUSÃO 33
BIBLIOGRAFIA 35
ÍNDICE 37
8
INTRODUÇÃO
A psicomotricidade tem por objetivos proporcionar um
desenvolvimento corporal, social e cognitivo da criança; através do corpo que a
mesma se comunica e aprende. A linguagem corporal é a primeira forma de
comunicação do ser humano, no entanto, crianças com Síndrome de Down
devido algumas limitações que surge durante o seu desenvolvimento, como:
hipotonia muscular, hipoplasia e deficiência mental (varia de criança para
criança) possuem este processo mais lento.
A estimulação psicomotora possibilita a ativação de áreas do cérebro
que apresentam déficit devido algumas modificações anatômicas que corre
ainda no período fetal, por isso a importância da estimulação precoce das
crianças com Síndrome de Down. Pesquisas apontam que o quanto antes as
crianças forem assistidas, desde os primeiros meses de vida, maior será o seu
ganho cognitivo, sensório-motor e social. Para obter desenvolvimento
satisfatório e minimizar as limitações destas crianças é necessário o
envolvimento e a intervenção de vários profissionais que utilizam diferentes
estratégias para o amadurecimento neurológico, físico e social, dentre estas
estratégias a estimulação psicomotora tem demonstrado ser um dos recursos
com maior eficiência no processo de aquisição das habilidades destas
crianças. É importante oferecê-las a possibilidade de progredir para o seu
potencial máximo, obtendo conhecimento significativo sobre o próprio corpo e o
mundo a sua volta.
9
CAPÍTULO I
ASPECTOS GERAIS DA SÍNDROME DE DOWN
A síndrome de down é uma condição genética, que foi descrita pela
primeira vez em 1866 pelo médico John Langdon Down, que trabalhava em
uma clinica para crianças com atraso mental em Surrey, na Inglaterra. Down
descreve com riqueza de detalhes as características físicas que observou em
filhos de mãe acima de 35 anos de idade e estabelece associações aos
aspectos étnicos, seguindo a tendência da época. Influenciado pela teoria da
Evolução de Darwin, ele acreditava que a Síndrome de Down era um
retrocesso a comportamentos primitivos, seguindo a tendência da época
denominou “inadequadamente” esta condição de “Idiota Mongolóide”. Luciana
Gurgel (2002) relata em seu artigo um conjunto de alterações físicas, clinicas e
mentais especificas; baseado nos estudos realizados pelo médico John
Langdon Down.
A pessoa portadora da Síndrome apresenta, é a hipotonia corporal global, que é o excesso de relaxamento do tônus muscular. E acrescenta que a SD pode apresentar todas ou algumas das condições físicas. São elas: olhos amendoados prega palmar transversal única, dedos curtos, fissuras palpebrais obliquas, ponte nasal achatada, língua protusa, pescoço curto, pontos brancos na Iris, flexibilidade excessiva nas articulações; defeitos cardíacos congênitos, espaço excessivo entre o hálux e o segundo dedo do pé. (DOWN, 1886, apud GURGEL, 2012).
Em 1959 o geneticista françês Jerôme Lejeune e Patricia Jacobs, de
maneira independente, reconhecem a causa do então “mongolismo”, como
sendo a trissomia do cromossomo 21, que é resultado de um desequilíbrio na
constituição cromossômica, onde ocorre a desarmonia na função dos genes e
das células, durante a divisão celular do embrião ou na formação dos gametas
de seus pais.
A Síndrome de Down pode ser identificada em três situações, que são:
trissomia 21 ocorre em 95% dos casos e se apresenta por uma disfunção
10
cromossômica total, onde todas as células estarão acrescidas de um
cromossomo 21 a mais. A translocação (3% dos casos) é quando o
cromossomo 21 está conectado a outro cromossomo, podendo ser nos 14, 21
ou 22. E o mosaicismo, nem todas as células terão o cromossomo 21 extra,
sendo encontradas células com 47 cromossomos e outras com a quantidade
correta de 46 cromossomos. Alguns estudos apontam que criança com
Síndrome de Down do tipo mosaico tem melhor capacidade cognitiva e seus
traços físicos são menos acentuados que os demais.
Na cultura grega, especialmente na espartana os indivíduos com deficiências não eram tolerados. A filosofia grega justificava tais atos cometidos contra os deficientes postulando que estas criaturas não eram humanas, mas um tipo de mostro pertencente a outras espécies. (...) Na Idade Média, os portadores de deficiências foram considerados como produtos da união entre uma mulher e o Demônio. (SCHWARTZMAN, 1999, p.3-4).
Ainda não foi esclarecida a causa da Síndrome de Down, porém alguns
aspectos são considerados de risco devido à incidência durante gestações de
fetos com está síndrome, que são: a idade materna que devido o
envelhecimento dos óvulos existe a possibilidade de alteração do gene, idade
paterna (45 a 50 anos), porém tem um efeito menor que a materna. Pueschel
(2006) destaca a probabilidade de outros fatores também influenciarem a
trissomia 21, sendo: “exposição ao raios-X, administração de certas drogas,
problemas hormonais ou imunológicos, espermatocidas e infecções virais
especificas poderia causar a Síndrome de Down”. É importante lembrar que
estes dados não descartam a possibilidade de mãe jovem dar à luz a criança
com SD.
Estudo realizado por MOREIRA (2000) analisou a estrutura do
cromossomo 21 e concluiu que este é o menor dos autossomos humano,
contendo cerca de 255 genes e que a região chamada de banda está
associada à produção de enzimas que estão ligadas a alterações neurológicas.
11
Atualmente sabe-se que não é o cromossomo 21 extra inteiro e sim uma
pequena parte do braço longo deste que é responsável pelas alterações
apresentada por crianças com Síndrome de Down.
A criança com síndrome de down apresenta atraso no desenvolvimento
e também alterações clinicas identificadas através de exames, que são:
cardiopatias congênitas, hipotonia, problema de audição e visão, alteração na
coluna cervical, distúrbios na tireoide, obesidade e envelhecimento precoce.
Porém, não são todos os indivíduos que apresentam estas alterações citadas a
cima; apenas a deficiência intelectual, hipotonia e o comprometimento no
desenvolvimento da linguagem são característica presente em todos os casos.
Contribuindo com essa discussão, Muniz (2008) declara que a criança com
síndrome de Down, ainda que reconhecidamente apresente um déficit
intelectual, não se pode precisar até onde vai o limite do seu desenvolvimento
nessa área e acrescenta:
A área motora caracteriza-se como uma das primeiras que deve ser desenvolvida nessas crianças, nos dois primeiros anos de vida, envolvendo habilidades conhecidas como levantar a cabeça, rolar, sentar, arrastar-se, engatinhar, andar, entre outras. É uma das áreas em que, desde o nascimento, em decorrência de uma hipotonia muscular generalizada – uma das principais características da síndrome de Down – existe um certo atraso no desenvolvimento, gerando uma maior angústia nos pais. [...] Devemos ressaltar que o ambiente familiar dessas crianças é, em grande parte, responsável pelo seu desenvolvimento, satisfatório ou não. Torna-se, portanto, necessária uma constante interação entre os pais e a criança, permeada de estímulos que beneficiarão o seu desenvolvimento. (p. 60).
A hipotonia muscular está presente em 100% dos recém-nascidos
portadores de Síndrome de Down, tende a diminuir com a idade, sendo uma
condição individual, varia de uma criança para outra. Nos primeiros meses de
vida é comum o bebê apresentar dificuldade para sucção, deglutição, muita
12
sonolência e atraso no desenvolvimento dos reflexos. As limitações motoras
são mais latentes nos primeiros anos de vida e as cognitivas começam a ser
perceptivas na fase escolar, quando os conteúdos pedagógicos se tornam mais
complexos e requer uma maior atenção.
A doença cardíaca é observada em aproximadamente 40% das crianças
com Síndrome de Down, apresentando má formação na parte central da
estrutura cardiovascular. É importante detectar problemas cardíacos na
primeira infância porque podem desenvolver doenças severas. Não existem
graus da trissomia 21 o que ocorre é uma variável no seu desenvolvimento
neuropsicológico de acordo com as características físicas da família, clinica,
social, educação e estímulos presentes no cotidiano do portador.
As crianças com esta síndrome, embora tenham uma variação bastante acentuada no nível de deficiência mental, podem adquirir um nível de habilidades motoras elevado, na mesma proporção ou muito próximo do que se espera em relação às crianças que não possuem essa patologia. Porém, esse processo pode levar até o dobro do tempo estimado para que as habilidades sejam adquiridas e aperfeiçoadas. (BONOMO, ROSSETTI, 2010 apud NASCIMENTO, TRINDADE, 2016, p. 80).
Embora estudos passados tenham apontado que o QI (quociente de
inteligência) desses indivíduos seja identificado como abaixo da media e com
retardo mental severo, subestimando a capacidade dos portadores de
Síndrome de Down. Atualmente, profissionais tem defendido a importância de
se analisar a competência destes em ações do cotidiano de maneira autônoma,
independente das limitações intelectuais. Atualmente se tem o registro de
pessoas com o trissomia 21 que concluíram a faculdade e que trabalham em
estabelecimentos exercendo diferentes funções. Comprovando que eles são
capazes de alcançar um desenvolvimento e o amadurecimento cognitivo e
social, condizente com os ditos “normais”.
A linguagem destes indivíduos é comprometida. Segundo Tristão e
Feitosa (1998), a dificuldade vivenciada por estas crianças pode ser mais
13
complexa, uma vez que associado ao atraso do desenvolvimento da
linguagem, encontra-se também uma “instabilidade na produção vocal,
organização gramatical pobre, fala funcional quando adquirida na maioria dos
casos” (p. 135). Apesar das limitações verbais e da pouca expressão ao falar,
eles compreendem a fala.
Além de todas as complicações citadas anteriormente, é importante
destacar as alterações estruturais e funcionais do Sistema Nervoso. Estas
alterações estruturais e funcionais do Sistema Nervoso do portador da
trissomia determinam algumas das suas características mais marcantes como
o distúrbio de aprendizagem e desenvolvimento.
O desenvolvimento do encéfalo durante o pré-natal é similar ao do feto
sem síndrome, tendo apenas alteração de peso. Entre 3 e 6 mês de idade da
criança com Síndrome de Down , inicia uma desaceleração do crescimento e
alterações na estruturação das redes neurais, que se acentuam com o passar
do tempo. Devido à redução do cérebro é possível identificar, através de
exames de imagens, alterações na estrutura do encéfalo do portador da
trissomia 21, que são no: lobo frontal, lobo temporal, tronco cerebral, cerebelo
e hipocampo. Relvas (2009) descreve a função destas áreas da seguinte
maneira:
Lobo frontal - responsável pela elaboração de pensamento,
planejamento, programação de necessidades individuais e emoção.
Nessa área cerebral, as diferentes memórias se completam dando inicio
ao raciocínio.
Lobo temporal – é relacionado primeiramente com o sentido de audição,
possibilitando o reconhecimento de tons específicos e intensidade do
som. Esta área também exibe um papel no processamento da memória
e da emoção.
Tronco cerebral – responsável pela atenção, vigilância, integração
neurossensorial motora, integração vestibular, integração tônica.
Cerebelo – coordena os movimentos automáticos e voluntários,
segurança, regulação de padrões motores.
14
Hipocampo – responsável pelos fenômenos da memória de longa
duração. Ele que filtra os dados, usa e joga fora informações de curto
prazo e se encarrega de enviar outras para diferentes partes do córtex
cerebral.
As diversas alterações do Sistema Nervoso da criança com Síndrome de
Down determinam algumas de suas características mais marcantes como o
distúrbio da aprendizagem e o desenvolvimento. Na aquisição das habilidades
cognitivas apresentam atraso ou retardo mental, que na verdade são derivados
da condição genética. A modificação que ocorre na comunicação entre os
neurônios, interfere nos circuitos neurais responsáveis por ações fundamentais
no cotidiano do ser humano.
Todos os neurônios formados são afetados na maneira como se organizam em diversas áreas do sistema nervoso e não só alteração na estrutura formada pelas redes neuronais, mais também nos processos funcionais da comunicação de um com o outro. (FLÓREZ e TRONCOSO, 1997 apud SILVA, M. F. M. C.; KLEINHANS. A.C. S.; 2006 p. 126)
Em estudos de imagem do cérebro do portador da Síndrome de Down
revelam também que áreas subcorticais, como a substancia cinzenta do córtex
parietal e occipital tem tamanho comum quando comparado ao de indivíduos
sem a síndrome. Segundo Schwartzman (1999), a justificativa para a idade
materna influenciar na ocorrência da síndrome é o fato da mulher já nascer
com todos os óvulos no ovário.
Sendo assim os óvulos de uma mulher de 40 anos são mais velhos
do que de uma mulher de 20 anos. Já os espermatozoides são produzidos
continuamente pelo homem a partir da adolescência à medida que são
utilizados. Por essa razão acredita-se que a idade materna tem uma relação
direta com a ocorrência da Síndrome de Down. Schwartzman (1999) ainda
afirma que 30% dos fetos com Síndrome de Down morrem antes do
nascimento. Já nos índices de mortalidade pós-natal 11 temos que 85% dos
bebês sobrevivem até um ano de idade e 50% vivem até mais de 50 anos.
15
Segundo Pueschel (1995), os genes determinam as características
físicas de crianças com Síndrome de Down. Como todos herdam genes do pai
e da mãe, a criança apresentará aspectos até certo ponto característicos dos
pais como cor dos olhos, cor do cabelo, estrutura corporal entre outros, porém
crianças com Síndrome de Down apresentam algumas características
diferentes de indivíduos sem deficiência, características próprias de portadores
da síndrome.
De acordo MUNIZ (2007) a fertilidade geralmente é mais reduzida
nos homens com Síndrome de Down, apesar do desenvolvimento quase
normal das características sexuais secundárias. Já as meninas, a menstruação
acontece normalmente como nas outras adolescentes, mais da metade delas
têm ovulação normal, pode-se dizer que as meninas estão no padrão normal
da sociedade em relação ao sistema reprodutivo, na menstruação ocorre como
em outras jovens, exceto em casos de hipotireoidismo ou problemas crônicos
de saúde, em que pode ocorrer atraso na puberdade, percebe-se então que
meninos e meninas diferem entre si no que diz respeito à formação do próprio
comportamento sexual, onde é evidente o interesse por namoros tanto pelos
meninos quanto pelas meninas.
É necessário compreender quais as representações sociais que
permeiam o imaginário tanto das mães quanto Dos profissionais, sujeitos dessa
pesquisa, para que assim seja possível compreender a qualidade de suas
intervenções, principalmente em se tratando de representações a respeito das
pessoas com síndrome de Down que historicamente foram estigmatizadas
como incapazes de desenvolver sua autonomia intelectual, social, afetiva ou,
simplesmente, têm sido engessadas por suas limitações, sendo condenado ao
determinismo genético em que responsabiliza a deficiência primária pelo não
aprendizado das mesmas, Silva (2009).
BRASIL (1997) enfatiza em algumas situações é possível um
trabalho interdisciplinar e de equipe, mas em outras situações, a criança é
submetida a atendimentos variados e por parte de profissionais sem que haja
um trabalho integrado e comunicativo. É importante lembrar que as atividades
16
desenvolvidas na sala de atendimento educacional especializado são
atividades que precisam de planejamento e ser diferentes daquelas que são
aplicadas na sala regular. Cabe ao professor elaborar e executar o plano de
atendimento educacional especializado que irá trabalhar com o aluno. Ele irá
focar nos interesses do aluno, organizar estratégias para a aula e elaborar
recursos acessíveis e que sejam relevantes na vida individual do educando. A
educação inclusiva necessita de profissionais com compromisso e que tenham
talento artístico para agir diante de singularidades e poder exercer sua função
com competência diante da práxis pedagógica.
Mantoan (2003) ressalta que sempre existe a possibilidade de as
pessoas se transformarem, mudarem suas práticas de vida, enxergar de outros
ângulos o mesmo as situações. Essa transformação move o mundo, modifica-
o, torna-o diferente, porque passamos a enxergá-lo diferente, porque
passamos a enxergá-lo e a vivê-lo de outro modo, que vai atingi-lo
concretamente e mudá-lo, ainda que aos poucos e parcialmente.
17
CAPÍTULO II
A PSICOMOTRICIDADE E O DESENVOLVIMENTO
NEUROLÓGICO DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE
DOWN
A Psicomotricidade pode ser considerada de uma ciência relativamente
nova que, por ter o ser humano como seu objeto de estudo, articulada de
várias outras áreas: educacionais, pedagógicas e saúde (BUENO 1998). As
raízes da educação psicomotora remontam as pesquisas realizadas com
crianças com Síndrome de Down que apresentavam dificuldades de
aprendizagem, mais especificamente, na escrita, na leitura, no contagem a
matemática.
Essas crianças muitas vezes, eram também, portadoras de outro
desvio que em consequência também apresentam outros comprometimentos
na aprendizagem, trabalhando com essas crianças, os franceses, passaram a
utilizar métodos pedagógicos denominados de reeducação psicomotora, cujo,
destaque era talhado no domínio corporal. E quando o submetida a programa
de reeducação psicomotora passavam a ter uma atuação o satisfatório. A
partir daí que o domínio cultural e as aprendizagens cognitivas incidiram por
caminharem juntas.
Segundo ANTUNES (2001), diz que:
“O ser humano, comparado com outras espécies animais, possui um desenvolvimento motor bastante lento e isso acontece porque o cérebro da criança está sendo programado para atividades mais complexas que envolvem a linguagem, o raciocínio lógico, poder de espacialização e amadurecimento das emoções” (ANTUNES, 2001, p. 153).
As raízes da educação psicomotora remontam as pesquisas
realizadas com crianças com Síndrome de Down que apresentavam
18
dificuldades de aprendizagem, mais especificamente, na escrita, na leitura, no
contagem a matemática.
“Nos estudos dos pesquisadores recentes, são apontados três principais campos de atuação ou formas de abordagem da Psicomotricidade: 1. Reeducação Psicomotora; 2. Terapia Psicomotora; e três. Educação Psicomotora. Embora em certos trabalhos esses três níveis de atuação cheguem a confundir-se, existem características próprias em cada um deles.” (MELLO, 2002, p. 33).
A psicomotricidade tem por objetivo maior fazer do indivíduo:
Uma pessoa comunicativa
Uma pessoa criativa
Uma pessoa reflexiva, ou seja, a psicomotricidade leva em
conta o aspecto expansivo do indivíduo, do corpo e da gestualidade
(LAPIERRE 1984).
As raízes da educação psicomotora remontam as pesquisas realizadas
com crianças que apresentavam dificuldades de aprendizagem, mais
especificamente, na escrita, na leitura, no contagem a matemática. É
necessário compreender quais as representações sociais que permeiam o
imaginário tanto das mães quanto Dos profissionais, sujeitos dessa pesquisa,
para que assim seja possível compreender a qualidade de suas intervenções,
principalmente em se tratando de representações a respeito das pessoas com
síndrome de Down que historicamente foram estigmatizadas como incapazes
de desenvolver sua autonomia intelectual, social, afetiva ou, simplesmente, têm
sido engessadas por suas limitações, sendo condenado ao determinismo
genético em que responsabiliza a deficiência primária pelo não aprendizado
das mesmas, Silva (2009).
De acordo MUNIZ (2007) a fertilidade geralmente é mais reduzida
nos homens com Síndrome de Down, apesar do desenvolvimento quase
normal das características sexuais secundárias. Já as meninas, a menstruação
19
acontece normalmente como nas outras adolescentes, mais da metade delas
têm ovulação normal, pode-se dizer que as meninas estão no padrão normal
da sociedade em relação ao sistema reprodutivo, na menstruação ocorre como
em outras jovens, exceto em casos de hipotireoidismo ou problemas crônicos
de saúde, em que pode ocorrer atraso na puberdade, percebe-se então que
meninos e meninas diferem entre si no que diz respeito à formação do próprio
comportamento sexual, onde é evidente o interesse por namoros tanto pelos
meninos quanto pelas meninas. Coelho (2000) destaca que:
As atividades motoras desempenham na vida da criança um papel importantíssimo, em muitas das suas primeiras iniciativas intelectuais. “Enquanto explora o mundo que a rodeia com todos os órgãos do sentido, ela percebe também os meios com os quais fará grande parte dos seus contatos sociais” (JOSÉ e COELHO, 2000, p. 109).
Segundo Schwartzman (1999), a justificativa para a idade materna
influenciar na ocorrência da síndrome é o fato da mulher já nascer com todos
os óvulos no ovário.
Sendo assim os óvulos de uma mulher de 40 anos são mais velhos
do que de uma mulher de 20 anos. Já os espermatozoides são produzidos
continuamente pelo homem a partir da adolescência à medida que são
utilizados. Por essa razão acredita-se que a idade materna tem uma relação
direta com a ocorrência da Síndrome de Down. Schwartzman (1999) ainda
afirma que 30% dos fetos com Síndrome de Down morrem antes do
nascimento. Já nos índices de mortalidade pós-natal 11 temos que 85% dos
bebês sobrevivem até um ano de idade e 50% vivem até mais de 50 anos.
Segundo Pueschel (1995), os genes determinam as características
físicas de crianças com Síndrome de Down. Como todos herdam genes do pai
e da mãe, a criança apresentará aspectos até certo ponto característicos dos
pais como cor dos olhos, cor do cabelo, estrutura corporal entre outros, porém
crianças com Síndrome de Down apresentam algumas características
20
diferentes de indivíduos sem deficiência, características próprias de portadores
da síndrome.
BRASIL (1997) enfatiza em algumas situações é possível um
trabalho interdisciplinar e de equipe, mas em outras situações, a criança é
submetida a atendimentos variados e por parte de profissionais sem que haja
um trabalho integrado e comunicativo. É importante lembrar que as atividades
desenvolvidas na sala de atendimento educacional especializado são
atividades que precisam de planejamento e ser diferentes daquelas que são
aplicadas na sala regular.
Cabe ao professor elaborar e executar o plano de atendimento
educacional especializado que irá trabalhar com o aluno. Ele irá focar nos
interesses do aluno, organizar estratégias para a aula e elaborar recursos
acessíveis e que sejam relevantes na vida individual do educando. A educação
inclusiva necessita de profissionais com compromisso e que tenham talento
artístico para agir diante de singularidades e poder exercer sua função com
competência diante da práxis pedagógica.
Mantoan (2003) ressalta que sempre existe a possibilidade de as
pessoas se transformarem, mudarem suas práticas de vida, enxergar de outros
ângulos o mesmo as situações. Essa transformação move o mundo, modifica-
o, torna-o diferente, porque passamos a enxergá-lo diferente, porque
passamos a enxergá-lo e a vivê-lo de outro modo, que vai atingi-lo
concretamente e mudá-lo, ainda que aos poucos e parcialmente.
A aprendizagem significativa exige um planejamento eficaz
considerando a diversidade dos alunos, isso consiste em desafio enorme para
o discente. O professor precisa se situar dentro da sala de aula como mediador
e facilitador da aprendizagem dos alunos, realizarem um planejamento flexível
que atenda a necessidade de cada aluno para isso a escola precisa se
modernizar e os professores continuar sua formação para atualizar suas
práticas. MANTOAN (2003) aponta que o professor precisa inserir em seu
planejamento estratégias variadas e atividades diferenciadas de acordo com as
limitações de cada um.
21
Devido à Constituição Federal assegurar a todos os cidadãos, sem
distinção de raça, credo e cor, o direito à educação, inclusive às pessoas com
deficiências, neste caso, tratado neste trabalho a Síndrome de Down percebe-
se o quanto tem se incluído no ensino Regular um grande número de alunos
Downs. Mesmo assim, não significa que todos recebam a educação e o
atendimento adequados às suas necessidades, ou que sejam bem recebidos
nas instituições de ensino. Isto talvez ocorra pelo despreparo dos profissionais
da educação, ou mesmo da estrutura física dos estabelecimentos de ensino
sem as devidas acessibilidades e inclusive a falta uma equipe multidisciplinar
tais como: Psicólogos, Terapeuta Ocupacional, Psiquiatra, Fisioterapeuta,
Fonoaudiólogos e Psicopedagogos, que acompanhem esse aluno com
síndrome de Down e oriente os profissionais da educação.
A postura que o professor assume diante de uma criança Down é
muito importante podendo facilitar ou dificultar o processo de ensino-
aprendizagem. O educador deve integrar o portador da síndrome de Down na
sociedade, trabalhar sua aceitação e até mesmo a sua absorção no mercado
de trabalho. Portanto, é essencial, o professor trate o sujeito e não a síndrome,
respeitando suas limitações e estimulando suas possibilidades. É a educação
que irá propiciar ao indivíduo condições, e habilidades para se tornar uma
pessoa independente e com autonomia, capaz de superar os obstáculos
encontrados ao longo do caminho.
“Psicomotricidade como a posição global do sujeito, que pode ser entendido como a função de ser humano que sintetiza psiquismo e motricidade com o propósito de permitir ao indivíduo adaptar de maneira flexível e harmoniosa ao meio que o cerca” (DE LIÈVRE Y STAES 1992, p. 39).
A educação psicomotora, atualmente tem conquistado um grande
espaço em instituições de ensino e pré-escolares, ligas, ambientes de
recreação etc. Por meio das mais variadas táticas, promovendo uma revisão do
conhecimento da infância e da práxis educativa. De acordo com Le Boulch
22
(1983), a Educação Psicomotora pode ser alcançada como um método de
ensino que instrumentaliza o movimento humano enquanto canal pedagógico
para beneficiar o desenvolvimento da criança. Para uma criança que possui
síndrome de Down ir à escola é exercer o direito da educação prevista na
constituição Brasileira. Na escola ela terá contato com outros colegas da
mesma idade e desenvolver suas habilidades e mais tarde poderá seguir uma
profissão. O desenvolvimento motor das crianças com Síndrome de Down
apresenta um atraso significativo que, segundo o autor, vai interferir no
desenvolvimento de outros aspectos, pois é por meio da exploração do
ambiente que a criança constrói seu conhecimento do mundo, assim seu
comportamento exploratório pode apresentar comportamentos repetitivos e
estereotipados, sendo impulsivos e desorganizados, dificultando um
conhecimento consistente do ambiente e durando menos tempo
(SCHWARTZMAN, 2003).
Forma concreta de relação do ser humano com o mundo e com seus semelhantes, relação esta caracterizada por intencionalidade e significado, fruta de um processo evolutivo, cuja especificidade encontra-se nos processos semióticos da consciência, os quais, por sua vez, decorrem das relações recíprocas entre natureza e cultura – portanto, entre as heranças biológica e sócio-histórica. A motricidade refere-se, portanto, a sensações conscientes do ser humano em movimento intencional e significativo no espaço-tempo objetivo e representado, envolvendo percepção, memória, projeção, afetividade, emoção, raciocínio. Evidencia-se em diferentes formas de expressão – gestual, verbal, cênica, plástica, etc.. A motricidade configura-se como processo, cuja constituição envolve a construção do movimento intencional a partir do reflexo, da reação mediada por representações a partir da reação imediata, das ações planejadas a partir das simples resposta a estímulos externos, da criação de novas formas de interação a partir da reprodução de padrões aprendidos, da ação contextualizada na história – portanto, relacionada ao passado vivido e ao futuro projetado – a partir da ação limitada às contingências presentes. Esse processo ocorre, de forma dialética, nos planos filogenéticos e ontogenético, expressando e compondo a totalidade das múltiplas e complexas determinações da contínua construção do homem. (KOLYNIAK FILHO, 2002, p. 31-2).
Toda a vertente comentada anteriormente utiliza-se de ferramentas
23
para atuar sobre o corpo de forma mecânica, embora alguns autores
fundamentem suas teorias em relação à importância e a necessidade de
compreender o ser humano como totalidade. A psicomotricidade, além de
mexer com o corpo e ser saudável, de ser um meio contra o isolamento social,
a solidão, a rejeição, de reunir os mais velhos em grupos com igual objetivo,
age como incentivadora do autoconceito, influenciando a mudança de suas
atitudes, ao longo do tempo. Movimento abarca a totalidade do ser; ultrapassa
e vai além de melhorias aparentemente só motoras, associando-se aos
desenvolvimentos cognitivos, volitivos e sociais.
Por intermédio de todas essas mudanças históricas influenciadas por
diferentes áreas do saber que influenciaram e ainda entusiasmou a
psicomotricidade em relação ao seu objeto de estudo, o corpo, é que se faz
necessário e urgente compreender como este processo de estruturar e aplicar
dessas práticas inovadoras- operacional e vivenciada, as quais procuram um
entendimento individualizado sobre o crescimento corpóreo do ser humano.
“Motricidade: por definição conceitual é a propriedade que têm certas células nervosas de determinar a contração muscular. Psico (Gr Psique): vem representar a alma, espírito, intelecto. Psicomotricidade: condição de um estado de coisas corpo / mente. Visão global de um indivíduo, onde a base de atuação está no conhecimento desta fusão.” (IBIDEM, 2004, p. 5).
NETO, afirma que na atualmente, temos um grande número de
profissionais de áreas diversas que utilizam a motricidade ou a
psicomotricidade em diferentes contextos e em diferentes faixas etárias, como
em escolas, clínicas de reabilitação, academias, hospitais e outros (NETO,
2002).
A clientela atendida pelo psicomotricista, como percorreremos é muito
diversificada. Nesse contexto a Educação psicomotora tem como objetivo
estimular o desenvolvimento psicomotor e, como princípio fundamental,
despertar a criatividade dos docentes, além de cooperar para a formação
integral do aluno, utilizando-se das atividades para o desenvolvimento de todas
suas potencialidades.
24
Tendo ainda a objetivo de auxiliar no desenvolvimento mental, mental e
afetivo do ser, com o propósito de um desenvolvimento saudável. É importante
assegurar o desenvolvimento funcional da criança e amparar na expansão
equilíbrio de sua afetividade, por meio da interação com o ambiente. Visto que:
“Motricidade: Processo adaptativo, evolutivo e criativo de um ser prático, carente dos outros, do mundo e da transcendência Intencionalidade operante, segundo Maurice Merleau-Ponty. O físico, o biológico e o antropossociológico estão nela, como à dialética numa totalidade. Como ser carente, o homem é um ser práxico e onde, por isso, a motricidade se afirma na intencionalidade efetiva. Mas a motricidade humana e, consequentemente, cultura, acima do mais – cultura não ancilosada em erudição inerte, mas cultivada porque praticada. A motricidade não se confunde com a mobilidade. Esta não exerce a faculdade de execução de movimentos que resultam da contração de músculos lisos ou estriados. A motricidade está antes da mobilidade, porque tem a ver com os aspectos psicológico, organizativo, subjetivo do movimento. A motricidade é o virtual e a mobilidade, o atual, de todo o movimento. Afinal, a mobilidade é expressão da motricidade.” (CUNHA, 1994, p. 156).
A Psicomotricidade fornece de forma expressiva para a formação e
estruturação o do esquema corporal e tem como objetivo essencial incentivar a
prática do movimento em todas as fases da vida de uma criança.
Através de atividades as crianças, além de se brincar, criam, interpretam e se
interagem com o mundo em que habitam.
Há várias formas de se conceber o fenômeno educativo. Por sua própria natureza, não é uma realidade acabada que se dá a conhecer de forma única e precisa em seus múltiplos aspectos. É um fenômeno humano, histórico e multidimensional. Nele estão presentes tanto as dimensões humanas quanto a técnica, a cognitiva, a emocional, a sociopolítica e cultural. Não se trata de mera justaposição das referidas dimensões, mas, sim, da aceitação de suas múltiplas implicações e relações (MIZUKAMI, 1986. p. 1).
25
Ou seja, o ser nesse processo, é definido pelas suas proporções
humanas, emocionais, cognitivas, sua experiência sócio-histórica e cultural a
qual produz e revigora seus saberes. Desta forma, o indivíduo está sempre em
contato com o novo, adquirindo e formando sempre novos conhecimentos, que
serão parte fundamental da sua formação. O tema do próximo capítulo
Estímulos psicomotores é motivo de muitas discussões e que o número
expressivo de crianças com síndrome de down no Brasil e no mundo acarreta a
pensar na prudência, dedicação e zelo adequados a essa faixa da população.
26
CAPÍTULO III
CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPLASTICIDADE
CEREBRAL E A SINDROME DE DOWN
Até metade do século passado, conjeturavam que os neurônios não
tinham competência de se dividirem, sendo impraticável de se fazer algo
quando as conexões e neurônios eram perdidos em consequência de lesões. A
carência de informações específicas com relação à maleabilidade cerebral
revogava beneficiando uma indolência terapêutica, em que se acreditava
apenas por uma recuperação voluntária das funções danificadas. Hoje, sabe-
se, porém, que ao suceder uma lesão cerebral, as áreas pertinentes podem
admitir em parte ou integralmente as funções daquela área lesada. Está
plasticidade envolve todos os planos do sistema nervoso, do córtex e também
da medula espinal (GAZZANIGA, HEATHERTON, 2005).
Para apreender mais essa questão, é necessário saber melhor o
neurônio, o universo das suas conexões sinápticas e do arranjo das áreas
cerebrais. Longe de singeleza quando discorrem sobre a organização cerebral,
visto que a estrutura de plasticidade abrange a estimulação de receptores na
superfície celular por neurotransmissores, provocando a ativação de cascatas
intracelulares implexas, a transcrição de genes e a síntese de proteínas novéis
que transformam a forma física e a estrutura das sinapses (VASCONCELOS,
2004).
A plasticidade cerebral é a qualificação empregada para referenciar o
poder adaptativo do sistema nervoso central; capacidade para transformar sua
organização estrutural e funcional. Propriedade do sistema nervoso que
consente o progresso de modificações estruturais em retorno à experiência e
como adaptação a níveis mutantes e a estímulos ecoados (KANDEL;
SCHAWARTZ, 2003; KOLB; WHISHAW, 2002).
27
A reabilitação do cérebro lesado pode gerar reconexão em circuitos
neuronais lesados. Se tratando da área lesada, quanto menor for maior a
tendência de uma recuperação autônoma, mas quando se trata de uma grande
lesão poderá custar um dano inalterável da função. Além disso, existem lesões
potencialmente renováveis, mas, para tanto, precisam de desígnios
indispensáveis no tratamento, sustentando níveis correspondentes de
estímulos (KANDEL; SCHAWARTZ, 2003; KOLB; WHISHAW, 2002).
Essa reabilitação é bem maior em crianças do que em adultos
(GAZZANIGA, HEATHERTON, 2005). Os autores interpretam que as conexões
cerebrais, embora de entrelaçadas e inequívocas, são altamente flexíveis,
porém, podem ser danificadas por fatores ambientais, como lesões ou
carências sensoriais. Tal fato fortalece a seriedade da estimulação adequada
em crianças com Síndrome Down, permitindo, dessa maneira, a reorganização
e plasticidade cerebral.
Estudos de Berger e Sweeney (2003) buscaram constatar a extensão
dos neurônios colinérgicos nos processos cognitivos. A acetilcolina é uma
molécula simples, compendiada a partir de colina e acetil-CoA, por canal da
ação da colina acetiltransferase. Os neurônios que sintetizam e desprendem
acetilcolina que são nomeados de neurônios colinérgicos. Como um potencial
de ação obtém o botão terminal de um neurônio pré-sináptico, por via de cálcio
ponderado pela voltagem é aberto.
As decorrências dessa análise mostraram que o mau funcionamento
no sistema de neurônios colinérgicos pode ser apontado pelos problemas
cognitivos na Síndrome Down, originando uma significativa limitação do
funcionamento intelectual e restrições expressivas no desempenho adaptativo.
Lejeune (1990) já havia levantado à hipótese de que a base química da
deficiência mental na Síndrome de Down pode estar na desorganização de um
sistema que mantém o equilíbrio da função mental, envolvendo a síntese de
mediadores químicos; a manutenção do DNA e RNA e os mediadores dessa
organização. Esse sistema pode ser modificado na interação com o meio
28
ambiente, o que pode levar a processos de superação e adaptação.
De acordo com esse mesmo autor, os pontos de toque entre os
axônios e os dendritos intercedem à plasticidade sináptica que baseia o
aprendizado, a memória e a cognição. Além disso, as organizações de
neurônios são rearranjadas a toda nova experiência, enquanto diversas tantas
sinapses são reforçadas, submergindo múltiplas probabilidades de respostas.
Em decorrência disso, o potencial para a recuperação funcional após uma
lesão depende de inúmeros fatores, como idade do indivíduo, local e o período
da lesão e a natureza dela (KANDEL; SCHAWARTZ, 2003; RATEY, 2002).
A multiplicidade de lesões que incidem os sujeitos com Síndrome de
Down influência na formação e na aprendizagem. Há diferenças significativas
no desenvolvimento ao desempenho educacional e do meio a que estão
sujeitadas essas crianças desde os anos iniciais de vida. As generalizações
como à sua capacidade de aprendizagem podem ser errôneas.
Apesar disso, pode-se permanecer de conformidade com a
respectiva persistência que se proporciona nas crianças com Síndrome de
Down quanto a pouca inatividade, dificuldade em manter a atenção, propensão
à distração, insuficiente exploração, como demonstram as pesquisas de vários
autores já citados (FLÓREZ; TRONCOSO, 1997; ESCAMILLA, 1998;
TRONCOSO; CERRO 1999, FIDLER, 2005; MOELLER, 2006).
É admirável considerar que as qualidades do ambiente e dos
familiares estão relacionadas com a formação global do sujeito e as interações
vivenciadas podem promover a capacidade de interações do sistema nervoso
em funções das vivências e dos pleitos sociais (FERRARI, 2001). Isso pode ser
verificado na pesquisa relacionada sobre a motivação e competência em
crianças com Síndrome de Down na idade escolar. Esse estudo verificou uma
alta competência das crianças em resolver problemas cotidianos quando o
ambiente familiar e escolar se mostrava acolhedor e promovia estimulação
adequada das funções cognitivas (NICCOLS; ATKINSON; PEPLER, 2003).
29
Lebeer e Rijke (2003) apresentam uma ligação do meio e seu poder
na plasticidade de indivíduos com rígidos déficits cognitivos, dentre elas a
Síndrome Down, ponderando que mesmo existindo fatores de temeridade e
maus prognósticos, muitos progridem bem. O estudo faz um exame qualitativo,
apresentando ênfases de eficiência dos benefícios da fisioterapia e estimulação
no geral. Os efeitos indicam que não existiu qualquer associação expressiva
com relação a algum modo singular da reabilitação, mas, sim, uma demanda
complexa de influência mútua entre a criança e o meio.
O tipo de mediação, a maneira com que as pessoas (sujeito que
pode ser profissional ou familiar) percebem as dificuldades e estabelecem
recursos, além da qualidade e quantidade das experiências de aprendizagem
ofertadas.
Lebeer e Rijke (2003) corroboram que o desenvolvimento de
crianças com degradação do cérebro não advém naturalmente. O processo
não é um linear e inexecutável de predizer. Lançam que ambos: aspectos
exteriores (um ambiente instigante, com muitas atividades), como bem
perspectivas internas (motivação e processos interativos) estabelecem uma
reabilitação ecológica. Os notados igualmente são reminiscentes para uma
plasticidade de cérebro por influência da ecologia.
As discernidas em coerência ao fenótipo na Síndrome de Down são
categóricas no preparo do trabalho a ser desenvolvido. Por exemplo, Fidler
(2005) cunha que apenas com a captação do fenótipo podem ser situadas
intervenções que consintam focalizar áreas de potencial que minimizem áreas
em discrepância, enquanto que, na grande pluralidade das intervenções, é feito
o antagônico, pois são trabalhados os déficits típicos do fenótipo.
Seria importante considerar a apreensão do fenótipo como uma ideia
de forças, um protótipo compensatório que deve se compor de áreas de maior
competência, que promovem adaptação. Dessa forma, a organização de um
trabalho de intervenção precisaria estar direcionada às aptidões e preocupes
30
da mesma maneira como precisam trabalhar os problemas, favorecendo que a
pessoa distinga suas capacidades.
Analisando a rapidez e a dimensão que a inclusão vem sucedendo,
notamos a precisão de que diversos programas de intervenções não se
atenham a acolher somente a criança pequena. Mas sim, adolescentes, jovens,
adultos e idosos com a Síndrome Down carecem de programas de
acompanhamento e trabalhos competentes de maneira longitudinal.
Por isso, o comprometimento para que pesquisas e as descobertas
possam favorecer aqueles que mais necessitam deve suplantar obstáculos
teóricos e metodológicos, beneficiando aos sujeitos com a Síndrome, seus
familiares e profissionais, alcançando todos os domínios ecológicos envolvidos.
O empenho da comunidade científica em expandir as pesquisas só terá sentido
se chegarem a promover modificações nos diferentes sistemas em que o
sujeito com Síndrome Down esteja inserida, proporcionando a esses cidadãos
uma otimização sua condição de vida, viabilizando a edificação de sua
autonomia.
A aprendizagem ordena retorno que podem ser motor, oral ou
gráfica. A resposta explanada pela criança com Síndrome Down poderá ser
carente devido os entraves que oferece. Contudo, a probabilidade de ampliar e
deliberar certa resposta ficará relacionada ao apoio do meio. Quanto mais se
proporcionar um ambiente solicitador, que fomente autonomia e diferentes
possibilidades de patenteadas de seu potencial, melhor será o seu
desenvolvimento. Reconhecendo as peculiares do fenótipo de pessoas com
Síndrome Down, necessitaríamos centralizar nas atividades das áreas em que
há maior potencial.
Concluir que o caso de risco quando se trata de vulnerabilidade às
quais o indivíduo está sujeitado e que apresentar influência negativamente em
seu desenvolvimento. Graminha e Martins (1997) avaliam como fatores de
risco situações ambientais ou sociais, além das características do próprio
indivíduo ou das camadas sociais que apreçam admiravelmente os detrimentos
31
ao desenvolvimento, salientando três tipos de condição de risco para atrasar no
desenvolvimento:
1. Risco Biológico: referidos aos eventos pré, Peri e pós-natais.
2. Risco Estabelecido: desordens médicas, sobretudo de origem genética. 3. Risco Ambiental: situações arriscadas de saúde, precários recursos
sociais.
Portanto, os resultados negativos no desenvolvimento são produzidos,
muitas vezes, não só por um, mas pela combinação de mais de um fator. Os
diferentes fatores que determinam os problemas que a criança apresenta ao
longo de seu desenvolvimento são mais dependentes da quantidade do que da
natureza dos fatores de risco, reforçando a importância de constatarmos os
riscos diversos, que por sua vez têm implicação cumulativo, gerando um
conflito maior sobre o desenvolvimento (HALPERN; FIGUEIRAS, 2004).
Kandel e Schawartz (2003) legitimam Gazzaniga e Heatherton (2005)
porque proferem que o sistema nervoso em desenvolvimento é também
plástico que o sistema nervoso do adulto, porquanto um dano causado em uma
criança é de regra distinta por uma benévola recuperação de função; logo um
dano em um ancião pode ser mais devastadora. Do mesmo modo, que é certo
que quanto menor a lesão, maior a possibilidade que aconteça uma
recuperação mais expressiva. Embora um agravo em vias motoras ou
sensoriais primárias é mais razoável de recuperação do que uma lesão em
outras áreas, de acordo com Kandel e Schawartz (2003).
Silva e Bolsanello (2000) averiguaram crianças com Síndrome Down
dentre quatro meses e quatro anos de idade, que realizavam atividades de
estimulação, buscando avaliar as estruturas cognitivas no período sensório
motor. Eles enfatizam um declínio de aproximadamente um ano a um ano e
meio nas crianças, mesmo com estimulação. Contudo, apontam um caso de
uma criança que até os quatro anos de idade não havia estimulo, essa criança
ainda não andava e tinha idade cognitiva de cinco meses.
32
As conclusões enfatizam que uma estimulação bem aplicada pode
provocar o desenvolvimento da criança com Síndrome de Down, minimizando
seus empecilhos e corroborando a possibilidade de plasticidade.
Desta forma, na medida em que o indivíduo percebe que pode
desempenhar atividades com êxito, haverá satisfação e maior motivação para
enfrentar aquelas que ele tem maior dificuldade, contribuindo para que, dessa
maneira, seu desenvolvimento físico e mental tende o avanço passo a passo. A
educação exige paciência, dedicação e firmeza, principalmente amor e carinho
dos responsáveis e profissionais. Todos têm habilidades e dificuldades, apenas
temos que conhecê-las e aprender a justar com elas.
33
CONCLUSÃO
As conclusões dessa pesquisa encerram marcando uma abordagem
na ecologia familiar e na relação pais-filhos como fator crucial para uma
intervenção ditosa na Síndrome de Down. O sujeito precisa estar sendo
animado desde cedo a buscar atividades que cativem seus suas capacidades e
gostos, bem como o potencial na associação das relações sociais.
Terapias especiais e tratamentos multiprofissionais mostram uma
evidente ajuda para melhor desenvolvimento e desempenho social do portador
de Síndrome de Down. Os estudos têm confirmado a expectativa da
plasticidade mediante a estimulação do meio. O Comitê da Organização
Mundial da Saúde destaca o crédito dos procedimentos de intervenção precoce
no desenvolvimento da criança com Síndrome de Down e outras questões.
(MOREIRA; EL-HANI; GUSMÃO, 2000).
A inclusão da família como parte intensifica no tratamento ficou
manifesto. Hoje, não se imagina um atendimento fragmentado. Para que se
possam diminuir os fatores de risco, a família, a escola e os profissionais
(médicos, educadores, fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos, entre
outros) necessitam atrelar ações num trabalho integrado. Avaliando as
diversidades sociais e culturais num país tão amplo quanto o Brasil, com
certeza muitas pessoas com a Síndrome Down podem estar expostas a fatores
de risco cumulativos e apenas um trabalho elaborado poderá ser fator de
defesa ao desenvolvimento.
Analisar e admitir as alterações inerentes à Síndrome Down, intuir que
a propensão espetaculosa do organismo do ser humano em se amoldar ao
meio e a plasticidade cerebral estão arroladas à qualidade, constância e
maneira de estimulação que asila o indivíduo com a síndrome. Ou seja, falar
em plasticidade na Síndrome Down implica diretamente em considerar o
ecossistema em que a pessoa está incluída.
34
Os conceitos de plasticidade indicam que podemos suprir uma função
exercida por uma área lesada do cérebro por outra não lesada ou menos
lesada. Compreender ao longo do trabalho apresentado, na Síndrome Down,
muitas áreas, se não todas, manifestar algum tipo de alteração. Mas muitos
estudos aparecem diferenças entre um indivíduo e outro, tanto na intensidade
como na área lesada, o que nos conduz a entender que se um trabalho de
estimulação dos processos cognitivos for efetivado de maneira adaptada, nos
primeiros anos de vida, poderá promover expressivas transformações
qualitativas no desenvolvimento.
35
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA GP. As bases neurocientíficas da aprendizagem In: Relvas MP, org.
Que cérebro é esse que chegou a escola? Rio de Janeiro: Wak; 2012.
ANTUNES Celso, Novas formas de ensinar, novas formas de aprender, 1ª
edição, Minas gerais, editora Penso, 2002.
ALVES, FÁTIMA, Como aplicar a psicomotricidade. 3. Ed. Rio de Janeiro: Wak,
2009.
ALVES, Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. 4. Ed. Rio de Janeiro: Walk,
2008.
ALVES, FÁTIMA, Como aplicar a psicomotricidade. 3. Ed. Rio de Janeiro: Wak,
2009.
ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Teoria e prática em psicomotricidade: Jogos
atividades lúdicas expressão corporal e brincadeiras infantis. Rio de Janeiro:
Wak 2006.160p.
BARROS, Darcymires do Rêgo; ERREIRA, Carlos Alberto de Mattos;
HEINSIUS, Ana Maria. Psicomotricidade Escolar. Rio de Janeiro: Wak, 2008.
296 p.
BARRETO, S. J. ET al. A importância da psicomotricidade para crianças de 0 a
3 anos. Nº166, Buenos Aires: Revista Digital, 2012.
BARRETO, M. A. M. FALCÃO, H. T. Breve histórico da psicomotricidade.
Ensino, Saúde e Ambiente. V.2 n.2 p.84-96 agosto 2009.
BRASIL, Ministério da Educação. Secretária de Educação Básica. Diretrizes
curriculares nacionais para a educação infantil. Brasília: MRC, SEB, 2010, 36 p.
BRASIL 2012, MEC: www.mec.gov.br acesso em 15/10/2016.
CARVALHO, Bruna; SÁ, Cristina, S C. Influência da prática lúdica no equilíbrio
e na coordenação motora de criança. Revista Brasileira de Ciências da Saúde.
Ano VI n.18. Ano 2008.
CONSENZA RM, Guerra LB. Neurociência na educação. Como o cérebro
aprende. Porto Alegre: Artmed; 2011.
CHEDID KAK. Psicopedagogia, Educação e Neurociências. Rev
Psicopedagogia. 2007; 24(75):298-300.
36
FONSECA, Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. 1. Ed. Lisboa:
Âncora, 2005.
GERHARDT, T. E. E SILVEIRA, D. T. Métodos de Pesquisa. Porto Alegre:
UFRGS, 2009. GALVÃO, I. Henri Wallon: uma concepção dialética do
desenvolvimento infantil. Petrópolis: Vozes, 1995
HOUZELSH. Neurociências na Educação. Belo Horizonte: Cedic-Centro
Difusor de Cultura; 2010. 54p.
LAPIERRE, A. A educação psicomotora na escola maternal. 1. Ed. São Paulo:
Manole LTDA, 1986, 102 p.
LENT R. Cem bilhões de neurônios? Conceitos fundamentais de
Neurociências. 2ª ed. São Paulo: Atheneu; 2010.
LE BOULCH, Jean. A educação pelo movimento: a psicocinética na idade
escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984.
LE BOULCH, O desenvolvimento psicomotor do nascimento até 6 anos. 3. Ed.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1982.
NEGRINE, Airton. A coordenação psicomotora e suas aplicações. Porto Alegre,
1987.
OLIVEIRA, Z. R. Educação Infantil: Fundamentos e Métodos. São Paulo:
Cortez Editora, 2002.
PIAGET, J. O nascimento da Inteligência na criança. 2. Ed. Rio de Janeiro:
Zahar, 1975.
PIAGET, J. Seis estudos de Psicologia. 13ª ed. Rio de Janeiro:
ForenseUniversitária, 1985.
RELVAS MP. Neurociência na prática pedagógica. Rio de Janeiro: Wak; 2012.
RELVAS MP. Neurociência e educação. Potencialidades dos gêneros
humanos na sala de aula. 2ª ed. Rio de Janeiro: Wak; 2010.
RELVAS MP. Neurociência e transtornos de aprendizagem. As múltiplas
eficiências para uma Educação Inclusiva. 5ª ed. Rio de Janeiro: Wak; 2011.
VIGOSTKY, L. A. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
WALLON, H. As origens do caráter na criança. São Paulo: Nova Alexandria,
1995.
37
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTOS 3 DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
ASPECTOS GERAIS DA SÍNDROME DE DOWN 9
CAPÍTULO II
A PSICOMOTRICIDADE E O DESENVOLVIMENTO NEUROLÓGICO DE
CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN 17
CAPÍTULO III
CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPLASTICIDADE CEREBRAL E A SINDROME
DE DOWN 26
CONCLUSÃO 33
BIBLIOGRAFIA 35
ÍNDICE 37