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DOENÇAS ANTRACNOSE ( Colletotrichum gloeosporioides) INTRODUÇÃO A antracnose causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides é uma das doen- ças mais graves da mangueira. Afeta ramos novos, folhas, inflorescências e frutos. O fungo não só pode sobreviver por longo tempo em ramos secos e em frutos velhos remanescentes na planta ou caídos no chão, como hospedar-se em várias espécies de plantas silvestres e cultivadas (abacateiro, cajueiro etc.). Na pós-colheita, é o maior problema fitossanitário das mangas, exigin- do tratamentos preventivos. Sua menor inci- dência em regiões de clima seco tem motiva- do o plantio de pomares de manga em regiões como as do semi-árido nordestino, onde a doença tem efeitos secundários. DISTRIBUIÇÃO A antracnose é encontrada em todas as áreas produtoras de manga do mundo, vari- ando a gravidade de sua infestação com os níveis de umidade do ambiente. Há menção de grandes perdas causadas por essa doen- ça na Índia, Filipinas, Austrália, África, América do Sul e Caribe. No Brasil, ela está amplamente disseminada em todas as regiões produtoras de manga, embora não cause danos expressivos nas regiões semi- áridas do Nordeste brasileiro (Figura 41). ORGANISMO CAUSADOR E SINTOMAS O agente transmissor da doença é o fungo Glomerella cingulata (Ston.) Spauld. e Scherenk., que na forma imperfeita ou anamorfa corresponde à Colletotrichum gloeosporioides Penz. O fungo sobrevive na forma saprofítica de um período ambiental favorável para outro em ramos mortos, lesões antigas, frutos e partes afetadas remanescentes no chão, sobre os quais esporula quando há calor e umidade. A disseminação é feita principalmente pelo vento e por respingos de chuva. A umidade é o principal fator determinante da gravidade da doença. Lon- gos períodos de chuva e de dias encobertos, bem como o orvalho noturno intenso, são condições favoráveis ao desenvolvimento da doença. Nas folhas velhas, os sintomas da antracnose podem ser observados pelo apa- recimento de manchas marrons, arredon- dadas ou irregulares, de tamanho variável (1 a 10 mm de diâmetro). As lesões podem surgir tanto no ápice e nas margens das folhas como no centro do limbo foliar (Figura 42). Sob condições ambientais pro- pícias, elas aumentam de tamanho, chegam a coalescer e podem causar o rompimento do limbo foliar, assumindo a aparência de queimadura. Folhas novas, mais severamen- Figura 41. ( ) Locais onde o Colletotrichum gloeospo- rioides já foi encontrado em manga.

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Frutas do Brasil, 6Manga Fitossanidade

DOENÇASANTRACNOSE(Colletotrichum gloeosporioides)

INTRODUÇÃOA antracnose causada pelo fungo

Colletotrichum gloeosporioides é uma das doen-ças mais graves da mangueira. Afeta ramosnovos, folhas, inflorescências e frutos. Ofungo não só pode sobreviver por longotempo em ramos secos e em frutos velhosremanescentes na planta ou caídos no chão,como hospedar-se em várias espécies deplantas silvestres e cultivadas (abacateiro,cajueiro etc.). Na pós-colheita, é o maiorproblema fitossanitário das mangas, exigin-do tratamentos preventivos. Sua menor inci-dência em regiões de clima seco tem motiva-do o plantio de pomares de manga emregiões como as do semi-árido nordestino,onde a doença tem efeitos secundários.

DISTRIBUIÇÃO

A antracnose é encontrada em todas asáreas produtoras de manga do mundo, vari-ando a gravidade de sua infestação com osníveis de umidade do ambiente. Há mençãode grandes perdas causadas por essa doen-ça na Índia, Filipinas, Austrália, África,América do Sul e Caribe. No Brasil, elaestá amplamente disseminada em todas asregiões produtoras de manga, embora nãocause danos expressivos nas regiões semi-áridas do Nordeste brasileiro (Figura 41).

ORGANISMO CAUSADOR ESINTOMAS

O agente transmissor da doença é ofungo Glomerella cingulata (Ston.) Spauld. eScherenk., que na forma imperfeita ouanamorfa corresponde à Colletotrichumgloeosporioides Penz.

O fungo sobrevive na forma saprofíticade um período ambiental favorável paraoutro em ramos mortos, lesões antigas,frutos e partes afetadas remanescentes nochão, sobre os quais esporula quando hácalor e umidade. A disseminação é feitaprincipalmente pelo vento e por respingosde chuva. A umidade é o principal fatordeterminante da gravidade da doença. Lon-gos períodos de chuva e de dias encobertos,bem como o orvalho noturno intenso, sãocondições favoráveis ao desenvolvimentoda doença.

Nas folhas velhas, os sintomas daantracnose podem ser observados pelo apa-recimento de manchas marrons, arredon-dadas ou irregulares, de tamanho variável(1 a 10 mm de diâmetro). As lesões podemsurgir tanto no ápice e nas margens dasfolhas como no centro do limbo foliar(Figura 42). Sob condições ambientais pro-pícias, elas aumentam de tamanho, chegama coalescer e podem causar o rompimentodo limbo foliar, assumindo a aparência dequeimadura. Folhas novas, mais severamen-

Figura 41. ( ) Locais onde o Colletotrichum gloeospo-rioides já foi encontrado em manga.

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te atacadas, expressam lesões circulares,aquosas, com descoloração do tecido quefica translúcido nos bordos da lesão. Acoalescência das lesões, neste caso, formalesões escuras que, se próximas da borda oudas nervuras, provocam distorção da folha.Nas brotações e ramos novos surgem le-sões escuras e necróticas, que podem evo-luir com o tempo, ocasionalmente, apre-sentando exsudação de goma. Em conse-qüência, os ramos secam e escurecem daponta para a base, causando o seudesfolhamento (Figura 43).

As inflorescências podem ser afeta-das pelo aparecimento e progressão depequenas manchas escuras e profundassobre as flores, que provocam sua morte(Figura 44). Nas ráquis, formam-se lesõeslongitudinais, escuras, deprimidas quepodem levar à queda de frutos antes de suamaturação fisiológica.

Os frutos podem ser afetados em qual-quer estádio de seu desenvolvimento e,quando novos, tornam-se mumificados oucaem. Nos frutos maiores o patógeno podea princípio ficar latente, depois ativar-se eprovocar seu apodrecimento durante o pro-cesso de amadurecimento ou após a colhei-ta. Nos frutos maduros, os sintomas seapresentam sob a forma de manchas oulesões escuras, levemente deprimidas, detamanho variável e, em geral, arredondadas(Figura 45). Com o passar do tempo aslesões podem coalescer e envolver todo ofruto, às vezes causando rachaduras nacasca. Em condições de elevada umidadeambiental e de níveis de temperatura supe-riores a 22°C, é possível observar no centrodas lesões pontuações pardo-amareladasque são as frutificações do patógeno.

DANOS E EFEITOSECONÔMICOS

A antracnose pode causardesfolhamento, queda de flores e frutos,com a conseqüente diminuição da produti-vidade da planta. Na fase de maturação e

Figura 42. Antracnose nas folhas.

Figura 43. Antracnose nos ramos.

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pós-colheita, a qualidade do fruto podesofrer total depreciação, em virtude doaparecimento de manchas e podridões nasua superfície.

Além de reduzir a produtividade edesqualificar os frutos, a antracnose pro-voca ferimentos ou lesões tanto nos ramoscomo nos frutos, que são portas abertaspara a infestação de fungos oportunistas ecoleobrocas, que podem provocar rapida-mente a morte da planta ou da parte destaque foi afetada.

Nos pomares de mangas orientadospara o mercado externo, a antracnose re-quer tratamento pós-colheita, para que osfrutos cheguem aos mercados importado-res em boas condições de comercialização.

CONTROLE

Monitoramento

A elaboração de um programa de con-trole da antracnose varia muito. Depende,sobretudo, das condições climáticas e daintensidade e freqüência com que a doençase manifesta. Por essa razão, o produtor deveadotar um sistema de acompanhamentoconstante do surgimento e evolução de sin-tomas no campo e das previsõesmeteorológicas, sobretudo nos períodos defloração, frutificação e colheita, para estabe-lecer uma adequada estratégia de controle.

Medidas culturais

Instalação dos pomares em regiõescom baixa umidade.

Indução de floração para produçãoem épocas desfavoráveis ao fungo.

Nas regiões onde ocorrem períodosde elevada umidade relativa, sugere-se oplantio com maior espaçamento, para favo-recer a ventilação e a insolação entre asplantas, bem como as podas leves, paraabrir a copa e aumentar a aeração e penetra-ção dos raios solares.

Durante os períodos de repouso deve-seproceder às podas de limpeza, para eliminar

Figura 44. Antracnose na inflorescência.

Figura 45. Antracnose no fruto.

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os galhos secos, os restos de panículas eos frutos velhos remanescentes, reco-lhendo-se, ainda, os caídos. Essas medi-das devem ser feitas com a finalidade dereduzir as fontes de inóculo do fungo naárea de plantio.

Controle químico

É efetuado mediante pulverizaçõescom fungicidas à base de cobre, mancozebe triazóis: benomyl a 0,03%, tiofanatometílico a 0,05% ou tebuconazole a 0,25%(ver o capítulo 6).

Nas regiões de clima favorável à do-ença, deve-se dar preferência aos fungicidassistêmicos, principalmente durante a fasede florescimento, quando as panículas sedesenvolvem com rapidez. A primeira pul-verização é em geral efetuada antes doflorescimento, quando os botões florais seapresentam intumescidos. Outras pulveri-zações devem ser feitas durante oflorescimento e a frutificação, em interva-los variáveis de 15 a 20 dias, de acordo comas condições climáticas e a gravidade dadoença.

Recomenda-se a alternância defungicidas de contato e sistêmicos na exe-cução do programa de pulverização, paraevitar o aparecimento de estirpes do fungoresistentes ao fungicida sistêmico.

Resistência varietal

Das variedades plantadas para o mer-

cado externo, a Tommy Atkins é considera-da a menos suscetível a essa doença.

As variedades Haden e Bourbon, degrande aceitação comercial, são bastantesuscetíveis.

Tratamento pós-colheita

A prática mais satisfatória de controleda antracnose em pós-colheita fundamen-ta-se na implementação de um programaeficiente de pulverização pré-colheita demaneira a reduzir o nível de infecção docomeço ao fim do período de crescimentodos frutos. No tratamento pós-colheita, re-comendam-se os procedimentos a seguir.

Fazer a imersão dos frutos em tanquesde água quente à temperatura de 55°Cdurante cinco minutos.

Nos pomares com grande infestação,adicionam-se ao tratamento o fungicidabenomyl na concentração de 0,2% e deter-gente (espalhante adesivo) a 0,1%. Outrosprincípios ativos tais como prochloraz ethiabendazol também são utilizados. A fi-nalidade do detergente é remover acerosidade da casca da manga, para facilitara penetração do fungicida no fruto.

O tratamento hidrotérmico quaren-tenário para moscas-das-frutas, utilizadonas mangas exportadas para os EstadosUnidos, também é eficiente para aantracnose, dispensando qualquer outro tipode tratamento.

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OÍDIO (Oidium mangiferae)

INTRODUÇÃOO oídio ou cinza, uma doença causada

pelo fungo Oidium mangiferae, pode causarsérios prejuízos aos pomares de manga,principalmente nas fases de florescimento efrutificação.

A ocorrência do oídio é favorecida porambiente seco e temperaturas amenas, con-dições que tornam essa doença mais danosaem algumas regiões produtoras que aantracnose (Colletotrichum gloeosporioides), querequer umidade para se desenvolver.

DISTRIBUIÇÃOA doença está disseminada em várias

regiões produtoras de manga no mundo.Há menção de grandes perdas causadaspelo oídio na Índia, na Austrália, na Áfricado Sul e em Israel. No Brasil, encontra-seamplamente difundida nos pomares das

regiões produtoras do Norte, Centro-Sul eNordeste (Figura 46). Sua presença é me-nos freqüente nas regiões superúmidas donorte do país onde as chuvas freqüenteslavam as plantas, dificultando o desenvolvi-mento do fungo.

ORGANISMO CAUSADOR ESINTOMAS

Causado pelo fungo Oidium mangiferaeBert, forma imperfeita ou anamorfa deErysiphe polygoni D. C., o oídio é consideradoum parasita obrigatório, isto é, depende deum hospedeiro para se desenvolver e re-produzir. Nas plantas infectadas, o fungocresce e parasita as células epidérmicas deonde retira as substâncias nutritivas de quenecessita para se desenvolver.

A penetração do fungo é favorecidapela perda de água nos tecidos da planta,quando há forte calor e grande queda deumidade, ou por um ambiente geralmenteseco. Níveis de temperatura entre 20ºC e25°C são os mais favoráveis à propagaçãodo oídio, embora a doença se desenvolvatambém em temperaturas mais baixas. Osesporos do fungo podem germinar tantoem condições de alta umidade como naausência de água livre. Os maiores índicesde germinação ocorrem nos níveis de umi-dade relativa de 20% a 65%. As chuvas nãosão necessárias para o desenvolvimento dooídio. Ao contrário, as precipitações fortessão desfavoráveis à doença. O fungo édisseminado pelo vento e por insetos,principalmente os polinizadores como amosca-doméstica.

Os sintomas da doença são observa-dos nas folhas, nas inflorescências e nosfrutos novos, que ficam recobertos poruma cobertura pulverulenta branco-acinzentada, formada pelas estruturas dofungo (Figuras 47, 48 e 49). Normalmente,estes sintomas são mais perceptíveis naspartes da planta localizadas em lugares som-breados e frescos.

DANOS E EFEITOSECONÔMICOS

Na inflorescência, o crescimento acele-Figura 46. ( ) Locais onde o Oidium mangiferae já foiencontrado em manga.

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rado do fungo impede a abertura das flores,provocando seu abortamento e queda. Nasfolhas novas, pode causar deformações ecrestamento; nas velhas, provoca queda pre-matura. Os frutos contaminados apresen-tam manchas e lesões, e têm o pedúnculomais fino e quebradiço. Isto favorece o

ataque da antracnose (Colletotrichumgloeosporioides), da podridão-do-pedúnculo(Lasiodiplodia theobromae) e de fungosapodrecedores nos períodos pré e pós-colheita, além de facilitar a queda dos frutosna sua fase final de desenvolvimento.

A grande preocupação econômica com

Figura 47. Oídio nas folhas.

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Figura 48. Oídio na inflorescência e em frutos novos.

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o oídio advém do fato de que ele ocorre naépoca de pleno florescimento e frutificação,uma fase vital para a cultura da manga.

CONTROLE

Controle químico

Pulverizações preventivas comfungicidas à base de enxofre, na forma depó molhável, ou quinomethionate (ver ocapítulo 6).

O tratamento deve começar antes daabertura das flores e estender-se até o inícioda frutificação. Em geral, são feitas trêspulverizações em intervalos de 15 a 20 dias:na fase que antecede a abertura das flores,após a queda das pétalas e no pegamentodos frutos.

A aplicação dos produtos pela manhãé mais proveitosa, em virtude da melhorretenção dos fungicidas pelas panículas efolhas umedecidas pelo orvalho.

Deve-se evitar a aplicação do enxofrenas horas mais quentes do dia. O enxofre

pode ser fitotóxico, principalmente parafolhas novas.

O fato de que outros fungicidas utili-zados no controle da antracnose e dabotriodiplodia, como o benomyl e omancozeb, têm efeito também sobre o oídiosugere a definição de uma estratégia co-mum de controle onde aparecem essas ou-tras doenças.

A alternância de produtos é recomen-dada para evitar a seleção de estirpes dofungo resistentes aos fungicidas.

Resistência varietalSão consideradas tolerantes ao oídio

as variedades Brasil, Carlota, Espada, Im-perial, Oliveira Neto, Coquinho, TommyAtkins, Keitt e Sensation.

Além de serem menos suscetíveis aooídio, as variedades citadas produzem frutosque pesam menos que os de outras espéciese possuem pedúnculos de maior diâmetro, oque lhes permite permanecer na planta, ape-sar das lesões provocadas pela doença. Ascultivares Haden e Coração-de-boi são alta-mente suscetíveis.

Figura 49. Oídio no pedúnculo.

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SECA-DA-MAGUEIRA(Ceratocystis fimbriata)

INTRODUÇÃO

Causada pelo fungo Ceratocystisfimbriata, a seca ou murcha-da-mangueira éuma doença que tem acarretado expressi-vos prejuízos aos pomares de manga.

A doença é de difícil controle. Seuataque começa tanto pelos ramos da copa,progredindo lentamente em direção ao tron-co, como pelas raízes, quando pode matara planta, sem emitir sinais claros que permi-tam a sua identificação.

Quando incide na parte aérea da plan-ta, a doença está associada à presença depequenos besouros (coleobrocas), cujo pa-pel na disseminação do fungo é importante.

DISTRIBUIÇÃO

Embora o fungo Ceratocystis fimbriataataque um grande número de plantas deimportância econômica, apenas no Brasil asua incidência em manga foi registrada (Fi-gura 50). Já com relação à cacauicultura em

Figura 50. ( ) Locais onde o Ceratocystis finbriata jáfoi encontrado em manga.

Figura 51. Seca-da-mangueira (Ceratocystis fimbriata). Infecção na parte aérea, nos ramos.

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Figura 53. Seca-da-mangueira (Ceratocystis fimbriata).Corte de um tronco afetado. Observa-se o escurecimentodo sistema vascular atacado pelo fungo.

países da América Latina, essa mesmaespécie de fungo, igualmente associada ainfestações de coleobrocas, tem sido cita-da como um dos problemas limitantes dacultura.

Além do estado de São Paulo, onde foidetectada pela primeira vez em 1940, aseca-da-mangueira já foi constatada emPernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, MinasGerais, Goiás e no Distrito Federal, consti-tuindo um perigo potencial para os estadose países vizinhos que cultivam a mangueira.

ORGANISMO CAUSADOR ESINTOMAS

O agente causal da seca-da-mangueiraé o fungo Ceratocystis fimbriata Ellis et Halsted(= Ceratostomela fimbriata) forma imperfeitade Thielaviopis paradoxa De Seynes & Moreau.Este pode causar os mesmos sintomas daseca ou murcha em várias culturas - café,fumo, mamona, seringueira, cacau, figo,batata-doce, crotalária, dendê e feijão-guandu -, reproduzindo a especificidade deseu ataque. O fungo, que não tem açãosistêmica na planta, pode ser disseminado alongas distâncias por mudas, solo contami-nado e vetores.

Os sintomas da doença são facilmentereconhecíveis, em virtude do secamento to-tal ou parcial da copa das árvores (Figura 51).Como ela pode começar tanto pela parteaérea como pelas raízes da planta, essa distin-ção é importante para a definição das medi-das de controle a serem adotadas.

Na parte aérea, a doença ataca em pri-meiro lugar os ramos finos (Figura 52),progredindo em direção ao tronco. Inicial-mente, a coloração verde das folhas da extre-midade dos ramos torna-se mais clara; se-gue-se a queima das margens e do ápice dasfolhas e, posteriormente, o retorcimento dolimbo foliar para dentro. As folhas permane-cem aderidas ao ramo e só caem após algumtempo. Com a evolução da doença, há osecamento de galhos e a contaminação su-cessiva de toda a copa, por meio do ponto de

Figura 52. Seca-da-mangueira (Ceratocystis fimbriata).Infecção pelos ramos.

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interseção dos galhos, até que o tronco sejaatingido (Figuras 53 e 54), sobrevindo amorte lenta da planta.

Como o fungo sozinho é incapaz depenetrar nos ramos, sendo necessária apresença de lesões para que as infecções sedesenvolvam, a participação de coleobrocas,sobretudo dos gêneros Hypocryphalus,Xileborus e Platyphus, é fundamental. Atraí-dos pelo odor do fungo, os besouros sãoestimulados a perfurar galerias, inoculandoe disseminando o fungo na planta e nopomar. Observam-se, dos inúmeros orifíci-os de aproximadamente 15 mm abertospelas coleobrocas, a liberação de tufos cilín-dricos de tecido vegetal (pó de serra) e aexsudação de uma resina de consistênciagomosa, sinal do ataque dos insetos. Medi-ante cortes de fora para dentro, feitos nospontos onde ocorre a exsudação de goma,consegue-se, em alguns casos, encontrar olocal da infecção. Nesse ponto, os tecidos,tanto da casca como do cilindro central dogalho, apresentam-se necrosados. Manguei-ras enfraquecidas por estresse hídrico ounutricional são mais suscetíveis à infestaçãode coleobrocas.

Já nas raízes, o fungo consegue pene-trar sem a intermediação de vetores. Nelas,ele vai-se desenvolvendo sem deixar sinaisperceptíveis, até que sobrevém a morterepentina da planta.

Para descobrir galhos, troncos ou raízesinfectados, deve-se observar os tecidos soba casca. Estes, quando atingidos, apresen-tam uma coloração escura, contrastandocom a cor clara dos tecidos sadios. Emvirtude da destruição do sistema vascularda planta, em alguns pontos sob a cascaformam-se bolsas de seiva. Quando longi-tudinalmente cortados, os ramos afetadosapresentam estrias de cor cinza no lenho,um sinal da colonização do fungo.

DANOS E EFEITOSECONÔMICOS

A incidência da seca-da-mangueiracomeça por reduzir a produtividade e a

qualidade dos frutos, causando, posterior-mente, a morte da planta.

Uma vez instalada no pomar, a disse-minação da doença pode ser rápida, dada apresença natural de coleobrocas, principal-mente Hypocryphalus mangiferae (ver o capítu-lo 3), além da eventualidade de contamina-ção pelas ferramentas de poda.

No Brasil, em diversas regiões produ-toras de manga, são mencionados prejuízosvultosos em conseqüência da morte de mi-lhares de plantas em pomares comerciais.

CONTROLE

Monitoramento

Consiste na vistoria periódica do po-mar, principalmente nos meses de maior

Figura 54. Seca-da-mangueira (Ceratocystis fimbriata).Infecção pelas raízes.

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precipitação e calor, quando aumenta aincidência da seca-da-mangueira.

Práticas culturaisA primeira medida de controle da seca-

da-mangueira consiste na utilização demudas sadias para a implantação dos novosplantios. Para tanto as mudas devem seradquiridas de viveiristas instalados em re-giões comprovadamente livres da doença.

Durante o desenvolvimento da cultu-ra devem-se efetuar inspeções periódicas afim de eliminar as plantas doentes, evitan-do, dessa maneira, a disseminação doinóculo. Os galhos afetados devem sereliminados, cortando-os a 40 cm abaixo daregião de contraste dos tecidos sadio/doen-te. Os galhos podados devem ser imediata-mente queimados, de modo que os besourosneles existentes também sejam eliminados,evitando-se a disseminação da doença nocampo. A ferramenta usada na operação dapoda deve ser desinfetada em uma soluçãode hipoclorito de sódio a 2%, e as partescortadas protegidas com o pincelamento deuma pasta cúprica na qual pode-se adicionaro inseticida carbaril a 0,2%.

As árvores mortas em conseqüênciade infecção iniciada nas raízes, ou aquelascujos tronco já foram afetados, devem sereliminadas para não servirem de fonte deinóculo do fungo no pomar.

Controle químico

Não se conhece nenhum fungicida efi-ciente para o controle dessa doença. O con-trole do vetor em pomar adulto não é muitoeficiente. Em pomares com plantas na faixade quatro anos, o pincelamento do troncoaté as primeiras forquilhas com dimecron

0,35% e, depois com pasta cúprica nas mes-mas áreas, diminui o aparecimento da doen-ça em função do controle do vetor. Entre-tanto, para que se obtenha sucesso é precisoconhecer a época de postura do inseto.

Resistência varietal

Esta é, sem dúvida, a medida de con-trole mais indicada. Entretanto, a ocorrên-cia de diferentes raças fisiológicas do fungotem dificultado a avaliação de porta-enxer-tos e copas resistentes a essa doença.

Como ela pode afetar, inicialmente, asraízes, deve-se pensar na utilização de vari-edades de porta-enxertos resistentes. A va-riedade Jasmim é resistente a um grandenúmero de raças do patógeno. A variedadeEspada, que apresenta alguma resistência,origina copas muito altas, sendo uma des-vantagem a sua utilização, além de ter-semostrado, juntamente com a Jasmim, sus-cetível a uma estirpe do fungo, isolado emRibeirão Preto. Alguns autores indicam,para utilização como porta-enxerto, ascultivares poliembriônicas Manga d’água,Carabao, Pico e IAC 102, resistentes adiversas estirpes do fungo.

As variedades e as copas apresentamresistência que muda de região para região,provavelmente devido à existência de dife-rentes raças desse patógeno. As variedadesKent e Sensation são resistentes em Campi-nas, porém, em Jaboticabal, foi registradasuscetibilidade nestas mesmas cultivares. Acultivar Tommy Atkins, considerada re-sistente, mostrou-se suscetível na regiãodo semi-árido nordestino. São tambémresistentes as variedades Rosa, Sabina, Oli-veira Neto, S. Quirino, Espada, Keitt,Sensation, Kent, Irwin e Tommy Atkins.

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MORTE-DESCENDENTE-DA-MANGUEIRA(Lasiodiplodia theobromae)

INTRODUÇÃO

Morte-descendente-da-mangueira,seca-de-ponteiros e podridão basal dofruto são nomes dados à doença causadapelo fungo Lasiodiplodia theobromae. Estepode ocorrer tanto na fase de produção,quando caule, ramos, folhas, flores e fru-tos são afetados, como na fase pós-co-lheita, provocando o apodrecimento defrutos armazenados.

DISTRIBUIÇÃO

A doença já foi constatada em váriospaíses produtores de manga no mundo.Grandes perdas são a ela atribuídas naÍndia, no Paquistão, na Austrália, no Egito,na África do Sul, em El Salvador, em PortoRico e em Barbados.

No Brasil, o aumento de sua incidênciaem áreas irrigadas da região Nordeste émotivo de grande preocupação, já tendosido constatada nos estados de Pernambuco,da Bahia, do Rio Grande do Norte, deMinas Gerais, de São Paulo e de Goiás, bemcomo no Distrito Federal (Figura 55).

ORGANISMO CAUSADOR ESINTOMAS

O agente causador da morte descen-dente-da-mangueira é o fungo Lasiodiplodiatheobromae Pat., que também ataca outrasplantas de importância econômica— citros,acerola, uva, coco, goiaba, mamão, caju,graviola, seringueira e tâmara. Esse fungosobrevive na planta em ramos secos rema-nescentes ou em restos da cultura, comosaprófita. Sua disseminação é feita princi-palmente pelo vento, por insetos e ferra-mentas de poda. Trata-se de um fungo quepode penetrar na planta através dosferimentos causados por outros patógenos(Colletotrichum gloeosporioides, Oidium mangiferaee Xanthomonas campestris pv. mangifera indicae)

Figura 55. ( ) Locais onde o Lasiodiplodia theobromaejá foi encontrado em manga.

ou por aberturas naturais. Condições deestresse hídrico e/ou nutricional são alta-mente favoráveis ao desenvolvimento dadoença.

Em plantas adultas, os sintomas co-meçam pelos ponteiros como uma podri-dão seca originada nas panículas defrutificação do ano anterior. A doença pro-gride nos ramos e atinge as gemasvegetativas, causando uma hipertrofia eexsudação de goma, seguida de intensadesfolha e da morte regressiva no sentidoda extremidade para a base, as flores efrutos presentes nos ramos abortam ocor-rendo infecção pelo pedúnculo, que torna-se ressequido e quebradiço.

Nos ramos mais grossos e no tronco,a infecção acontece de fora para dentro dolenho, iniciando nas bifurcações e nas ra-chaduras naturais da casca. Sob a casca,observam-se lesões escuras que penetram

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no lenho, causando o anelamento interno ea morte do ramo. Essa forma de infecçãodificilmente mostra sintomas visuais, osquais, quando detectados, não possibilitama recuperação da planta.

Em mudas debilitadas, o patógenopenetra pelas aberturas naturais do pecíolode onde progride para os ramos, causandolesões escuras e descoloração amarronzadadas folhas do ramo afetado. Em mudasenviveiradas, observa-se desidratação nopecíolo das folhas mais novas, acompanha-da por um crescimento do fungo de coracinzentada; essas folhas tornam-se mur-chas e quebradiças, resultando em mortedescendente da muda. A infecção na regiãoda enxertia (Figura 56), ou em feridas resul-tantes da poda de formação da muda, causanecrose do tecido e morte da planta.

Nos frutos, a penetração do fungo sedá pelo pedúnculo ou ferimentos, provo-cando a sua queda. Naqueles que nãocaírem, formam-se lesões escuras na suabase, com bordos bem definidos (Figura 57).Com o tempo, os tecidos lesionados po-dem rachar, expondo a polpa do fruto. Emcondições de temperatura e umidade eleva-das, é possível observar na parte central daslesões uma grande quantidade de minúscu-las pontuações escuras, que são asfrutificações do fungo. Esses mesmos sin-tomas podem ocorrer, em pós-colheita, emfrutos armazenados.

DANOS E EFEITOSECONÔMICOS

O fungo Lasiodiplodia theobromae causasérios danos aos pomares de manga; reduza vida útil das plantas, diminui a produçãoe desqualifica os frutos, tanto antes comodepois da colheita, para fins de comer-cialização.

Os efeitos econômicos da morte-descendente-da-mangueira vêm-se acentu-ando, principalmente nas áreas irrigadas doNordeste. As plantas de pomares submeti-das a estresse hídrico para indução floral eas desnutridas são as mais afetadas.

Figura 56. Lasiodiplodia theobromae atacando ainflorescência.

Figura 57. Podridão-peduncular (Lasiodiplodia theo-bromae).

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Frutas do Brasil, 6 Manga Fitossanidade

CONTROLE

Monitoramento

Proceder à vistoria do pomar, verifi-cando o aparecimento de manchas e desi-dratação de ramos, morte de ponteiros,escapes de panículas não eliminadas naspodas de limpezas e sanidade das áreaspodadas das bifurcações e do tronco daplanta. Efetuar vistorias, principalmente,nas épocas de estresse hídrico, induçãofloral, floração e frutificação no pomar emprodução.

Medidas culturais

O primeiro cuidado para evitar a insta-lação da doença é fazer as podas de limpezaapós a colheita, eliminando-se, principal-mente, os ponteiros ou a panícula da pro-dução anterior, por serem estes órgãos sus-cetíveis à infecção e, também, responsáveispela permanência do fungo na planta; po-dar e eliminar, sistematicamente, os ramose os ponteiros necrosados ou secos quepossam favorecer a sobrevivência do fungono pomar; proteger as áreas podadas,pincelando com thiabendazol ou benomyl,para evitar novas infecções; desinfetar asferramentas de poda com uma solução dehipoclorito de sódio (água sanitária) diluídaem água corrente na proporção de 1:3;eliminar todas as plantas mortas ou queapresentam a doença em estádio avançado,a fim de reduzir o potencial de inóculo nocampo; não deixar no chão materiais vege-tais de mangueira, ainda que sadios, umavez que estes são, em seguida, parasitadospelo fungo; adubar adequadamente o po-mar no que se refere a macronutrientes (N,P, K, Ca, Mg), com ênfase em Ca e Mg, e amicronutrientes, com ênfase a Zn e B;desde a implantação do pomar, irrigá-lo deforma adequada, evitando a distribuiçãoinsuficiente da água e molhação do troncodas plantas; estabelecer um programa deindução floral de modo que não submeta asplantas a estresse hídrico ou nutricionalprolongado; controlar adequadamente ascoleobrocas ou outros insetos que possam

causar nas árvores ferimentos que sirvamde porta de entrada para o fungo; ter cuida-do no uso de retardantes de crescimentos ede indutores de floração, que podem favo-recer a penetração do fungo, principalmen-te quando em concentrações altas, devido aalgumas queimas que causam no tecidovegetal; evitar a aquisição e plantio de mu-das que apresentem sinais de lesões oucancros no local da enxertia.

Controle químico

As pulverizações com fungicidas à basede cobre, benomyl e mancozeb, indicadaspara o controle da antracnose (ver o capítu-lo 4), reduzem a incidência da doença nocampo.

As pulverizações devem começar an-tes do florescimento e prosseguir até afrutificação, em intervalos de 15 a 20 dias,conforme as condições climáticas e a inci-dência da doença.

O tratamento que tem proporcionadomelhores resultados nas áreas irrigadas doNordeste consiste em efetuar pulveriza-ções com thiabendazol e benomyl nosperíodos críticos da cultura, ou seja, napoda, estresse hídrico, indução floral,floração e frutificação, acompanhadas deuma aplicação de iprodione após dez dias,a fim de evitar o desenvolvimento de resis-tência do fungo. Em pomares onde opatógeno já se encontra instalado, a fre-qüência de pulverizações varia conforme aincidência da doença.

O controle da doença no tronco ebifurcações da planta deve ser efetuadomediante pincelamento com thiabendazolou benomyl, em mistura com um espalhanteadesivo, a partir dos dois anos de idade daplanta ou antes do aparecimento de racha-duras.

Tratamento pós-colheita

O tratamento de água quente à tem-peratura de 55°C durante cinco minutos,com benomyl a 0,2% e detergente(espalhante adesivo) a 0,1%, utilizado no

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combate à antracnose (ver o capítulo 4)pode ser adotado.

Não sendo efetuado o tratamentohidrotérmico, deve-se proceder à imersãodos frutos numa suspensão de thiabendazol,concentração de 0,1%, com vistas a pro-tegê-los contra a podridão-basal mas sua

eficiência só é completa se estiver associadaa pulverizações com benomyl outhiabendazol na pré-colheita.

O pincelamento no corte dopedúnculo, por ocasião da colheita, comthiabendazol na concentração de 1%, tam-bém oferece proteção por algum tempo.

Figura 58. ( ) Locais onde o Elsione mangifera já foiencontrado em manga.

VERRUGOSE

(Elsinoe mangiferae)

INTRODUÇÃO

Causada pelo fungo Elsinoe mangiferae, averrugose ocorre de forma esporádica. Ata-ca principalmente os tecidos jovens em cres-cimento, causando danos nas inflorescências,folhas e frutos novos. Nos viveiros, podetornar-se uma doença devastadora.

DISTRIBUIÇÃO

A presença da verrugose em pomarescomerciais de manga no mundo foi inicial-mente observada no Havaí. Em outrasregiões produtoras - Flórida (EUA), PortoRico, Panamá e Filipinas - também já foiconstatada. No Brasil, dada a importânciasecundária da doença e devido ao fato de quealguns de seus sintomas se confundem comos da antracnose, dispõe-se de poucas infor-mações sobre a sua distribuição. Sua ocor-rência é conhecida apenas nos estados dasregiões Centro-Oeste e Sudeste (Figura 58).

ORGANISMO CAUSADOR ESINTOMAS

O causador da verrugose é o fungoElsinoe mangiferae Bit & Jenkis, que na faseassexuada ou imperfeita corresponde àSphaceloma mangiferae. O fungo sobrevive deum período ambiental favorável a outro emramos mortos, lesões antigas, frutos e par-tes afetadas que permanecem no solo. Sobcondições de umidade, o fungo pode for-mar esporos e se disseminar pela ação derespingos de orvalho ou da chuva, sendoarrastado para as partes verdes em desen-volvimento, germinando e penetrando nospontos vulneráveis da mangueira.

Os sintomas da doença nas folhasnovas são manchas quase circulares e an-gulosas, medindo em geral cerca de ummilímetro - às vezes um pouco maiores -, de coloração entre pardo-escura e preta,com os centros amiúde recobertos poruma lanugem aveludada, na estação úmida.

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Nos ataques severos, as folhas ficam en-carquilhadas e podem cair prematuramen-te. Nas folhas mais velhas, as manchas sãomaiores e acinzentadas, circundadas poruma estreita borda escura. Pode ocorrer adesintegração do centro das lesões, abrin-do buracos irregulares.

Nos frutos novos o ataque da doençaprovoca lesões com margens irregulares ecoloração marrom. Com o desenvolvi-mento do fruto, as lesões aumentam detamanho e seus centros podem ficarrecobertos por um tecido corticosofissurado (Figura 59).

DANOS E EFEITOSECONÔMICOS

A verrugose provoca lesões em folhas,panículas, ramos e frutos, desqualificando-os para fins comerciais. Em geral, os danosdessa doença se restringem ao mau aspectoda casca dos frutos. Às vezes, entretanto,podem ocorrer manchas grandes que en-

volvem os tecidos internos dos frutos,inutilizando-os por completo.

Os danos da verrugose em pomarescomerciais têm sido pequenos. Sua inci-dência se limita aos períodos de umidadeelevada, embora em viveiros, onde essascondições são freqüentes, a doença setorne mais séria.

CONTROLE

Medidas culturaisPoda e eliminação sistemática de ra-

mos, galhos e ponteiros afetados e/ousecos que possam favorecer a sobrevivên-cia do fungo no pomar.

Controle químicoPulverizações com fungicidas à base

de cobre, principalmente nos períodos pro-pícios à doença (alto índice de umidade).

Em geral, os produtos e tratamentosutilizados no controle da antracnose tam-bém são eficientes para a verrugose.

Figura 59. Verrugose (Elsinoe mangiferae) no fruto.

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MANCHA-ANGULAR(Xanthomonas campestris pv.mangiferae indicae)

INTRODUÇÃOA mancha-angular, ou cancro

bacteriano, causada pela bactériaXanthomonas campestris pv. mangiferae indicae, éuma doença que pode afetar ramos, folhas,inflorescências e frutos da mangueira emqualquer estádio de seu crescimento.

Na fase inicial da doença, os sintomasnas folhas e frutos afetados são muito se-melhantes aos da antracnose, o que tornadifícil não só identificá-los como tambémavaliar a sua ocorrência efetiva.

As perdas importantes causadas pelabacteriose em alguns pomares de regiõesprodutoras do estado de São Paulo estãoconvertendo esta doença numa séria ameaçaà expansão da mangicultura em certas regiões.

Figura 60. ( ) Locais onde a Xanthomonas campestrispv. mangifera indica já foi encontrada em manga.

DISTRIBUIÇÃO

A doença já foi constatada em váriospaíses produtores de manga, tais comoÍndia, Paquistão, Malásia, Austrália, Áfricado Sul e Venezuela. No Brasil, sua presençajá foi registrada nos estados de São Paulo(Araçatuba, Bauru, Campinas, RibeirãoPreto e São José do Rio Preto), do Rio deJaneiro, de Minas Gerais, da Bahia, de Goiáse de Santa Catarina, e do Distrito Federal(Figura 60).

ORGANISMO CAUSADOR ESINTOMAS

O organismo causador da mancha-angular é a bactéria Xanthomonas campestrispv mangiferae indicae (Patel, Moniz e Kulkarni,1948; Robbs, Ribeiro e Kimura, 1974). Estapode ser disseminada por respingos de chu-va, água de irrigação, insetos (mosca-das-frutas, mariposas adultas perfuradoras defrutos, cochonilhas e formigas) e sementesde frutos infectados. A bactéria penetra naplanta por aberturas naturais nas folhas(estômatos) e frutos (lenticelas) ou deferimentos.

A infecção e a gravidade da doença sãoacentuadas pela ocorrência de altos níveisde umidade e temperatura, assim como porventos fortes e chuvas de granizo que po-dem ferir a planta, favorecendo a penetra-ção da bactéria.

Os sintomas dessa doença podem serobservados nos pecíolos e ao longo dosramos ainda tenros, sob a forma de lesõespardo-amareladas, profundas e úmidas,geralmente com grande exsudação de seiva.Posteriormente, as lesões secam e as folhasracham no sentido longitudinal, ficandocom os bordos enegrecidos.

Nos ramos terminais afetados, as fo-lhas secam, mas permanecem presas à plan-ta. Geralmente se enrolam sobre a nervuracentral enegrecida. Apenas a parte final nãolignificada do ramo é atingida. Raramente,a porção afetada ultrapassa os 20 centíme-

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tros, o que dá à árvore, nos casos deinfestação grave, a aparência de ter sofridoos efeitos da geada (Figura 61).

Nas folhas novas atacadas observa-seo aparecimento de pequenos pontosencharcados de coloração castanha, rodea-dos por um halo de tecido saliente verde-claro ou amarelado, facilmente perceptívelquando as folhas são olhadas contra a luz.Com a evolução da doença, as lesões sedesenvolvem, escurecem e assumem for-mas angulosas, com margens distintas deli-mitadas pelas nervuras (Figura 62) .

Nas inflorescências, a bactéria pro-duz, nos eixos primário e secundário, gran-des manchas negras, profundas e alongadas,determinando depois o seu secamento.

Nos frutos, a doença causa primeirolesões circulares de coloração verde-escurae aspecto úmido, com bordos salientes quemais tarde enegrecem. As lesões tanto po-dem ser distribuídas de forma isolada comoagrupadas em mancha-de-lágrima. Nesteúltimo caso, um grande número de peque-nas lesões disseminadas pela água da chuvaforma um cordão a partir do pedúnculo(Figura 63).

Figura 63. Xanthomonas campestris pv.Mangiferae indicae. Lesões nopedúnculo.

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Figura 62. Mancha-angular ( Xantho-monas campestris pv. mangiferaeindicae). Sintoma em folha.

Figura 61. Mancha-angular (Xanthomonascampestris pv. mangifera indicae).Secamento dos ramos terminais.

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Na fase inicial da doença, os sintomasda mancha-angular e da antracnose sãodifíceis de serem distinguidos. Uns e outrosfacilmente se confundem. Com a progres-são da doença, as lesões angulares eencharcadas, nas folhas, e maiores e negras,nos frutos, vão-se diferenciando dos sinto-mas da antracnose. Nesta, as lesões nasfolhas são irregulares e afetam as nervurase, mais claras e pardacentas, nos frutos(Figura 64).

DANOS E EFEITOSECONÔMICOS

Em regiões onde as condições climá-ticas favorecem o desenvolvimento dessabactéria, podem sobrevir perdas expressi-vas. A doença pode não só diminuir agerminação das sementes, como causar amorte dos ponteiros, o abortamento dasflores, a queda dos frutos jovens e a depre-ciação dos frutos na colheita e pós-colheita.As lesões causadas pela doença deixam aplanta e os frutos mais suscetíveis àantracnose, à botriodiplodia e aos fungosapodrecedores.

São mencionadas perdas decorrentesda incidência da mancha-angular superio-res a 50%, na África do Sul, e a 70%, noBrasil (São Paulo).

CONTROLE

Por se tratar de uma doença bacteriana,as medidas de controle são basicamentepreventivas. É muito importante que cui-dados especiais sejam tomados nos locais eregiões cujas condições favorecem o de-senvolvimento da mancha-angular, devi-do, principalmente, à impossibilidade de seobterem bons resultados no caso de altosníveis de infecção desta doença.

Medidas culturais- Plantio de mudas sadias e utilização

de material de enxertia de procedência co-nhecida. O material vegetativo, ainda queobtido de plantas sadias, porém de regiõesonde exista a doença, deve ser desinfestadopor imersão numa solução de hipocloritode sódio ou de cálcio a 0,35% por cincominutos antes da enxertia.

Proteção do pomar com quebra-ven-tos, a fim de evitar que o atrito entre folhas,frutos e partículas carregadas pelo ventoocasionem ferimentos que facilitem a pe-netração dessa bactéria.

Eliminação e destruição de plantasaltamente suscetíveis.

Durante as operações de colheita eclassificação, os frutos lesionados são sepa-rados para evitar que tenham contato comos frutos sadios.

Resistência varietalEm condições de campo, a variedade

Haden é considerada tolerante; já a TommyAtkins é altamente suscetível. Na Austrália,as variedades Sensation, Kensington(Groszmann), Carabao, Nam Dok Mai eEary Gold apresentam boa tolerância a essabactéria, tanto na folha como no fruto.

Controle químico

Nas áreas mais expostas ao apareci-mento da doença, pulveriza-se preventiva-mente o pomar com a mistura de oxicloretode cobre e mancozeb em intervalos de 15 a20 dias, nas épocas de chuva, e de 30 a 40dias, nos períodos secos. As pulverizaçõesdevem ser suspensas durante o floresci-mento, a fim de evitar a queima de flores.

Figura 64. Diferenciação entre os sintomas nas folhas damancha-angular e da antracnose.

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- Por ocasião da aplicação deoxicloreto de cobre com mancozeb, deve-se deixar a mistura descansar por umahora, antes da pulverização, para que osprodutos reajam entre si.

- Para que o tratamento preventivoseja eficaz, é importante que as pulveriza-ções proporcionem uma boa cobertura eatinjam todas as partes da planta que pos-sam estar contaminadas pela doença.

MALFORMAÇÃO VEGETATIVAE FLORAL Fusariumsubglutinans (F. sacchari)

INTRODUÇÃOA malformação, tanto vegetativa quan-

to floral, é causada por Fusarium subglutinans= (F. sacchari), um dos mais sérios proble-mas da mangueira em razão dos prejuízosque acarreta na produção. Existem muitashipóteses para explicar a malformação. Osvários trabalhos desenvolvidos indicamcomo causadores dessa anomalia, ácaros,fungos, vírus, micoplasmas, distúrbioshormonais e genéticos.

A hipótese mais aceita, atualmente, é ade que os fungos do gênero Fusarium são osagentes causais, tendo o ácaro-das-gemasEriophyes mangiferae um importante papel natransmissão devido às feridas que causa nomeristema das plantas. Outros motivos taiscomo a incidência de vírus, o desequilíbrionutricional, os distúrbios hormonal e gené-tico, também são apontados.

A ocorrência da malformação em po-mares comerciais tem acarretado grandesprejuízos à produção de manga. No mo-mento, é considerada um dos mais sériosproblemas da cultura.

DISTRIBUIÇÃOA anomalia já foi registrada em vários

países produtores de manga, dentre eles:Índia, Egito, Israel, Paquistão, África do Sule Estados Unidos. No Brasil, sua presençafoi constatada nos seguintes estados: SãoPaulo, Rio de Janeiro, Espirito Santo, Mi-nas Gerais, Ceará, Piauí, Pernambuco, BahiaGoiás, e no Distrito Federal (Figura 65).

Figura 65. ( ) Locais onde a malformação vegetativae floral já foi encontrada em manga.

ORGANISMO CAUSADOR ESINTOMAS

Várias hipóteses têm sido levantadaspara explicar a malformação. Destas, amais acatada é a de que o fungo Fusariumsubglutinans atinge as brotações florais evegetativas, aumentando os níveisendógenos das substâncias reguladoras docrescimento, principalmente as giberelinas,ou alterando o transporte dosmicronutrientes e metais pesados. Odesequilíbrio provocado por esse aumento

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determina o desenvolvimento de brotaçõesflorais e vegetativas malformadas (Figuras66 e 67). Esta hipótese vem sendo confir-mada pelos resultados positivos alcançadosno controle dessa doença, mediante a pul-verização de substâncias que compensamesse desequilíbrio.

A ocorrência de plantas malformadasisentas do Eriophyes mangiferae tem afastadaa possibilidade de que este ácaro possa terum efeito direto sobre essa anomalia. Atu-almente, acredita-se que o Eriophyes mangiferaecontribua na transmissão do fungo, devidoaos danos causados na superfície dos teci-dos da planta, bem como no transporte einoculação de esporos e micélios do fungonas lesões que ele provoca nas inflo-rescências.

Maior intensidade da doença tem sidoobservada em panículas, que emergem emperíodos de temperatura amena, justifican-do a sua menor incidência em variedadesde floração tardia.

A idade das plantas também pareceinfluir na propagação da doença. As de 5 a10 anos de idade são as mais afetadas. Oíndice de ocorrência decresce à medida quea planta vai envelhecendo.

O sintoma característico damalformação floral é a aparência que ainflorescência adquire de um cacho com-pacto, com o eixo primário e as ramifica-ções secundárias da panícula mais curtas.Com freqüência, a gema floral se transfor-ma em vegetativa e sobrevém um grandenúmero de pequenas folhas e ramos. Emalguns casos, as várias partes dainflorescência aumentam de tamanho eenrijecem. É o que se observa nas florescom a aparência de cera, tendo os discoshipertrofiados. O número de flores é altera-do, assim como a proporção de seus tipos.As hermafroditas são substituídas por mas-culinas, resultando na redução do númerode flores perfeitas.

Mesmo após a queda das inflo-rescências normais não fertilizadas, asmalformadas continuam a crescer, para em

seguida murchar, convertendo-se numamassa negra que permanece nas árvorespor longo tempo (Figura 68).

A malformação vegetativa é encontra-da mais amiúde nas mudas em viveiros.Ocorre, também, em árvores adultas, em-bora menos freqüentemente que a malfor-mação floral. Nas plantas jovens, o princi-pal sintoma é a brotação de gemas auxiliaresna extremidade do ramo principal e dossecundários, em virtude da inibição dadominância apical. Os internódios são re-duzidos, comprimindo um grande númerode pequenas folhas e ramos numa estruturacompacta na parte terminal do ramo.

DANOS E EFEITOSECONÔMICOS

As inflorescências malformadas geral-mente não frutificam. As que o fazem per-dem seus frutos precocemente, reduzindodrasticamente a produtividade do pomar.

As mudas e plantas afetadas por essaanomalia têm o seu crescimento retardadoe, em geral, dão origem a inflorescênciasmalformadas.

A malformação constitui sério pro-blema, uma vez que pode levar à perda totalda produção. Sua ocorrência vem preocu-pando bastante os fruticultores, dada a rá-pida disseminação da doença nas regiõesprodutoras de manga, associada ao fato deque o agente que a causa e, conseqüente-mente, o seu controle ainda não foramtotalmente definidos.

CONTROLEMonitoramento

Proceder à vistoria periódica do po-mar, sobretudo nos casos em que a emer-gência da panícula ocorrer sob temperaturaamena.

Práticas culturaisNão usar na formação de mudas por-

ta-enxertos afetados; tampouco usar bor-bulhas ou garfos de plantas que apresentemsintomas da doença.

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Figura 66. Malformação floral.

Figura 67. Malformação vegetativa nos ramos terminais.

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Evitar a aquisição de mudasmalformadas ou provenientes de viveiros eregiões onde ela ocorre.

Ao primeiro sinal da doença, eliminare destruir sistematicamente (queimar) osramos que apresentem inflorescências ebrotações malformadas, 30 a 60 cm abaixodo seu ponto de inserção e pincelar a áreapodada com pasta cúprica.

Eliminar as panículas com cerca de 1,5cm para forçar as gemas axilares a produzirnovas panículas.

Podar os ramos que apresentam sem-pre os sintomas da doença, a partir do nóem que se detectou o problema pela pri-meira vez.

Resistência varietal

As variedades Tommy Atkins e Hadensão mais suscetíveis à malformação floral,e as variedades Keitt e Palmer, àmalformação vegetativa. Até o momentonenhuma variedade apresentou resistênciaao mal. As variedades Zebda Hindy Heart,Langra, Karela, Neelun e Kishan são resis-

tentes ou menos afetadas pela malformaçãodo que a média das demais cultivares.

Controle químico

Como o problema parece estar relaci-onado com o ataque de ácaros e fungos,recomendam-se pulverizações em viveiroscom acaricidas e fungicidas após a podados ramos portadores de panículasmalformadas.

Considerando o envolvimento defungos na ocorrência da malformação damangueira, a pulverização de fungicidascomo benomyl ou fungicidas à base decobre, captan e mancozeb, vem sendorecomendada

O ácido giberélico e ANA a 150 ppmtêm sido utilizados no controle damalformação, promovendo a diminuiçãona proporção entre flores masculinas e ashermafroditas de 2:1 nas árvores tratadas.

- A aplicação de acaricidas e produtosà base de enxofre molhável diminui a po-pulação dos ácaros e, conseqüentemente,os sintomas na panícula e nos ramos.

Figura 68. Malformação floral remanescente da florada.

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