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1 INTRODUO
O processo de envelhecimento , naturalmente, uma realidade biolgica que
possui sua prpria dinmica e est, em grande parte, fora do controle humano. Por outro lado,
a velhice est sempre sujeita s construes singulares de cada sociedade. Nos pases
desenvolvidos, a idade cronolgica desempenha papel fundamental por estar relacionada ao
momento da aposentadoria, marco vastamente considerado como incio da velhice. Nos pases
em desenvolvimento, o tempo cronolgico tem pouca ou nenhuma importncia para o
significado da velhice, sendo associada, geralmente, ao declnio fsico e mudana das
funes atribudas ao idoso, sendo a capacidade de contribuio ativa o principal marco.
Diante disso, a Organizao Mundial de Sade (OMS) define a idade incio da fase idosa
como 60 anos para pases em desenvolvimento e 65 para pases desenvolvidos. No Brasil, de
acordo com o estatuto do idoso, lei sancionada em primeiro de outubro de 2003, idoso toda
e qualquer pessoa com idade superior ou igual a 60 anos de idade.
A populao idosa se diferencia das outras por possuir uma srie de caractersticas
prprias com relao ao processo de sade doena. A incidncia e prevalncia de muitas
doenas aumentam e h um alto ndice de patologias mltiplas e crnicas. Essa multiplicidade
de problemas mdicos dificulta a ateno sade do idoso devido s interaes einterferncias existentes entre sintomas, doenas e medicamentos. Somado isso, diversas
doenas tem manifestaes atpicas em idosos, o que dificulta mais ainda um plano de
tratamento realmente eficaz.
No existem estudos que elucidem aes realmente eficazes para a preservao da
qualidade de vida de pacientes idosos. O que sabido, hoje, que pessoas acima de 60 anos,
mesmo que saudveis, no esto em sua plena potncia de recuperao rpida e completa,
tornando-se, por isso, mais susceptveis incapacidades. Todo cuidado bsico para com asade do idoso deve objetivar a manuteno da independncia e da produtividade do
indivduo, prevenindo a ruptura familiar e abandono.
Evidncias apontam que a aplicao de instrumentos de avaliao
multidimensional durante a consulta do idoso aumentam a eficcia diagnstica para a
deteco dos problemas de sade, o que reflete diretamente em sua qualidade de vida. Outro
dado importante, a capacidade de adequao a novos hbitos de vida que pessoas com mais
de 75 anos apresentam. Por isso de extrema importncia que instrumentos de avaliao
funcional de idosos sejam apurados, bem elucidados e desenvolvidos, j que sua
aplicabilidade pode trazer inmeros benefcios para essa parcela da populao.
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Do ponto de vista epidemiolgico, a transio demogrfica brasileira associada
transio epidemiolgica indica a premncia do uso de uma avaliao geritrica eficiente e
completa, custos razoveis. O aumento da prevalncia geral de doenas crnicas neste
grupo etrio causa a transferncia da nfase dos programas governamentais de sade e
previdncia do objetivo de cura e sobrevivncia, para o da melhora do estado funcional e do
bem-estar. Sendo neste ponto a ao de instrumentos de avaliao imprescindvel. Dessa
forma, a avaliao do estado funcional a dimenso-base para a avaliao geritrica. Esta se
resume na avaliao dos fatores fsicos, psicolgicos e sociais que afetam a sade dos
pacientes mais idosos e frgeis.4
Este trabalho tem por objetivo apresentar os principais instrumentos de avaliao
de idosos encontrados na literatura cientfica e sua aplicabilidade, enfatizando seus pontos
positivos e negativos, facilidades e dificuldades.
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2 AVALIAO FUNCIONAL
O acompanhamento constante determinado pela menor reserva funcional e presena de
doenas crnico-degenerativas, alm do grande nmero de particularidades da pessoa idosa,
tornam necessria a adequao da avaliao desse grupo de pacientes com rotinas bem
estabelecidas. So chamados de Avaliao Geritrica Ampla (AGA) os conjunto de
instrumentos necessrios para a avaliao desses pacientes6.
Os objetivos da AGA esto embasados na avaliao de trs domnios especficos,
definidos pela OMS 4,7: Deficincia (impairment) que est relacionada perda de estrutura ou
funo orgnica; Incapacidade (disability) que est relacionada restrio ou perda de
habilidades; e Desvantagem (handicap) que est relacionada restrio ou perdas sociais e
ocupacionais do indivduo. Nesse contexto, a capacidade funcional, em especial, um dos
parmetros mais importantes da avaliao geritrica.
A natureza complexa e abstrata da maioria dos fenmenos associados sade nos
obriga, para sua mensurao, a utilizao de abordagens que reduzam a subjetividade do
processo, aproximando-nos de modo mais objetivo do fenmeno de interesse.8 Os
instrumentos de avaliao funcional de idosos so fundamentais para determinar no somenteo comprometimento funcional da pessoa idosa mas tambm a sua necessidade de auxlio.
uma forma sistematizada de avaliar de forma objetiva os nveis no qual uma pessoa est
funcionando numa variedade de reas utilizando diferentes habilidades. Representa uma
forma de medir se uma pessoa ou no capaz de desempenhar atividades necessrias para
cuidar de si mesma e, caso no seja, verificar qual o grau de necessidade de ajuda.5
Trs conceitos so importantes para o entendimento de avaliao funcional:
Autonomia; Independncia e Dependncia. Autonomia pode ser definida como autogoverno ese expressa na liberdade para agir e tomar decises. Independncia significa ser capaz de
realizar as atividade sem a ajuda de outra pessoa. E dependncia significa no ser capaz de
realizar as atividades cotidianas sem a ajuda de outra pessoa.5
Tomando estes conceitos como base, possvel determinar a existncia de diversos
padres de declnio funcional: pessoas que mantem a autonomia (capacidade de deciso)
embora sejam dependentes (incapacidade fsica); pessoas que no mantm a autonomia
embora sejam capazes fisicamente de executar determinada ao; e pessoas que no possuem
nem a autonomia de deciso nem a capacidade fsica para executar aes.
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A avaliao funcional deve ser feita a partir da avaliao do desempenho nas
atividades cotidianas ou na vida diria. Para isso necessrio diferenciar dois aspectos
funcionais do idoso; o desempenho e capacidade funcional. O desempenho avalia o que o
idoso realmente faz no seu dia-a-dia, ou seja, quais tarefas dirias ele executa. A capacidade
funcional avalia o potencial que a pessoa idosa tem para realizar a atividade, ou seja, sua
capacidade remanescente, que pode ou no ser utilizada.5
As atividade cotidianas, para a avaliao, so divididas em Atividades da Vida Diria
(AVD) e Atividades Instrumentais da Vida Diria (AIVD). As AVD so as funes de
sobrevivncia relacionadas ao autocuidado e que, no caso de limitao de desempenho,
normalmente requerem a presena de um cuidador para auxiliar a pessoas idosa a
desempenh-las, incluem as aes de alimentar-se, banhar-se, vestir-se, mobilizar-se,
deambular, ir ao banheiro e controlar as necessidades fisiolgicas. As AIVD relacionam-se
participao do idoso em seu entorno social e indicam a capacidade de um indivduo em levar
uma vida independente dentro da comunidade e inclui utilizar os meios de transporte,
manipular medicamentos, realizar compras, realizar tarefas domsticas leves e pesadas,
utilizar o telefone, preparar refeies e cuidar das prprias finanas.
Existem instrumentos de avaliao funcional especficos tanto para a mensurao das
AVD quanto das AVID. Para a avaliao das AVD geralmente so utilizados a Escala deIndependncia em Atividades da Vida Diria (EIAVD), ou Index de Independncia nas
Atividades e Vida Diria de Katz, e o ndice de Barthel, sendo este ltimo o que possui na
literatura resultados de validade e confiabilidade mais consistentes.4 Para a avaliao de
AIVD geralmente utiliza-se os instrumentos, Escala de Atividades de Vida Diria de
Lawton, e o denominado Medida de Independncia Funcional (MIF). A grande diferena
entre ambos que o MIF, alm de identificar se a pessoa precisa ou no de ajuda, procura
quantificar a ajuda demandada por ela, tornando-se til no planejamento assistencial.5
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3 AVALIAO DAS ATIVIDADES DA VIDA DIRIA
Uma vez realizado o rastreamento inicial, o avaliador deve lanar mo de outros
instrumentos que podem complementar a avaliao clnica, permitindo maior acurcia no
diagnstico de determinado problema. Como a ateno do idoso requer um olhar complexo,
considera-se importante uma avaliao no apenas deste, mas de seu entorno como a famlia e
o cuidador. 9
3.1 Index de Katz 5,9,10
O Index de Sidney Katz (Anexo A), tambm chamado de Index de
Independncia nas Atividades Bsicas de Vida Diria, o instrumento mais utilizado para
avaliar as AVD.um dos instrumentos mais antigos e tambm dos mais citados na literatura
nacional e internacional. Faz parte dos instrumentos de avaliao de reas, especificamente
dos instrumentos de avaliao das funes fsicas. Foi desenvolvido para avaliar idosos e
predizer os prognsticos em doentes crnicos, por Sidney Katz em 1963. No Brasil, apslongo tempo de uso de uma traduo livre, o instrumento foi submetido a um processo de
adaptao transcultural com uma concordncia de quase 80%.
Segundo os autores, haveria uma regresso ordenada como parte do processo
fisiolgico de envelhecimento, em que as perdas funcionais caminhariam das funes mais
complexas para as mais bsicas, enquanto as funes que so mais bsicas e menos
complexas poderiam ser retidas por mais tempo. A escala mostra-se til para evidenciar a
dinmica da instalao da incapacidade no processo de envelhecimento, estabelecerprognsticos, avaliar as demandas assistncias, determinar a efetividade de tratamentos alm
de contribuir para o ensino do significado de ajuda em reabilitao.
O teste consta de seis itens que medem o desempenho do indivduo nas atividades de
autocuidado, os quais obedecem uma hierarquia de complexidade, da seguinte forma:
alimentao, controle de esfncteres, transferncia, higiene pessoal, capacidade de se vestir e
tomar banho. Na avaliao dos resultados as pessoas idosas so classificadas como
independentes ou dependentes no desempenho das funes e, a partir o plano teraputico
elaborado.
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Segundo essa escala os idosos eram classificados como independentes se eles desenvolvessem aatividade (qualquer das seis propostas) sem superviso, orientao ou qualquer tipo de auxlio direto.A dependncia para cada uma das seis funes estabelecidas foi previamente determinada e estexplicitada a seguir: a) a avaliao da atividade banhar-se era realizada em relao ao uso dochuveiro, da banheira e ao ato de esfregar-se em qualquer uma dessas situaes. Nessa funo, alm
do padronizado para todas as outras, tambm eram considerados independentes os idosos querecebessem algum auxlio para banhar uma parte especfica do corpo como, por exemplo, a regiodorsal ou uma das extremidades. A designao de dependncia parcial era feita aos idosos querecebiam assistncia para banhar-se em mais de uma parte do corpo ou necessitavam de auxlio paraentrar ou sair da banheira e de dependncia total para aqueles que no eram capazes de banhar-sesozinhos;b) para avaliar a funo vestir-se considerava-se o ato de pegar as roupas no armrio, bemcomo o ato de se vestir propriamente dito. Como roupas eram compreendidas roupas ntimas, roupasexternas, fechos e cintos. Calar sapatos foi excludo da avaliao. A designao de dependncia eradada aos pacientes que recebiam alguma assistncia pessoal ou que permaneciam parcial outotalmente despidos; c) a funo ir ao banheiro compreendia o ato de ir ao banheiro para excrees,higienizar-se e arrumar as prprias roupas. Os idosos considerados independentes poderiam ou noutilizar algum equipamento ou ajuda mecnica para desempenhar a funo sem que isso alterasse suaclassificao. Dependentes eram aqueles que recebiam qualquer auxlio direto ou que nodesempenhassem a funo. Aqueles que utilizassem papagaios ou comadres tambm eramconsiderados dependentes; d) a funo transferncia era avaliada pelo movimento desempenhado
pelo idoso para sair da cama e sentar-se em uma cadeira e vice-versa. Como na funo anterior, o usode equipamentos ou suporte mecnico no alterava a classificao de independncia para a funo.Dependentes eram os pacientes que recebiam qualquer auxlio em qualquer das transferncias ou queno executavam uma ou mais transferncias; e) continncia referia-se ao ato inteiramenteautocontrolado de urinar ou defecar. A dependncia estava relacionada presena de incontinnciatotal ou parcial em qualquer das funes. Qualquer tipo de controle externo como enemas,cateterizao ou uso regular de fraldas classificava o paciente como dependente; f) a funoalimentao relacionava-se ao ato de dirigir a comida do prato (ou similar) boca. O ato de cortaros alimentos ou prepar-los estava excludo da avaliao. Dependentes eram os idosos que recebiamqualquer assistncia pessoal. Aqueles que no se alimentavam sem ajuda ou que utilizavam sondasenterais para se alimentarem eram considerados dependentes bem como os que eram nutridos por via
parenteral (DUARTE et al., 2007).
3.2 ndice de Barthel 9,11
O ndice de Barthel (Anexo B) avalia as AVD e mede a independncia funcional no
cuidado pessoal, mobilidade, locomoo e eliminaes. Na verso original, cada item
pontuado de acordo com o desempenho do paciente em realizar tarefas de forma
independente, com alguma ajuda ou de forma dependente. Uma pontuao geral formada
atribuindo-se pontos em cada categoria, a qual depende do tempo e da assistncia necessria a
cada paciente. A pontuao varia de 0 a 100, em intervalos de cinco pontos. E as pontuaes
mais elevadas indicam maior independncia. Em 2007, o instrumento foi submetido ao
processo de adaptao transcultural por Minosso11.
A verso utilizada avalia a independncia funcional em dez tarefas: alimentao,
banho, vesturio, higiene pessoal, eliminaes intestinais, eliminaes vesicais, uso do vaso
sanitrio, passagem cadeira-cama, deambulao e escadas. A classificao em cada tarefa est
descrita na elaborao original do instrumento, conforme as descries a seguir:
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A avaliao da atividade "Alimentao" relaciona-se ao ato de dirigir acomida do prato (ou similar) boca, capacidade de usar qualquer talher, bem comocomer em tempo razovel. Idosos que requeriam auxlio foram classificados como"necessitando de ajuda", e aqueles que no conseguiam levar a comida do prato
boca foram definidos como "dependentes". "Banho" refere-se ao uso de chuveiro ou
banheira e ao ato de se esfregar em qualquer uma dessas situaes. Foramclassificados como "dependentes" todos os idosos que necessitavam de qualquerauxlio de outra pessoa nessa funo. Para avaliar a funo "Vesturio" considera-seo ato de pegar as roupas no armrio, bem como o ato de se vestir. Como roupas,compreendem-se roupas ntimas, roupas externas, fechos e cintos. Calar sapatos excludo da avaliao. Idosos que precisavam de auxlio, mas que conseguiamrealizar pelo menos a metade das tarefas em tempo razovel recebiam a designao"necessitando de ajuda". Se no conseguiam cumprir essa condio, eramconsiderados "dependentes". A avaliao da atividade "Higiene pessoal" relaciona-se capacidade de lavar o rosto, as mos, escovar os dentes e barbear-se semnecessitar de ajuda. Foram considerados "dependentes" os idosos que necessitavamde qualquer auxlio de outra pessoa em qualquer um dos casos. A funo"Eliminaes intestinais" refere-se ausncia de episdios de incontinncia. Foram
considerados "continentes" os idosos que, alm de no apresentarem perdainvoluntria de fezes, conseguiam fazer uso de supositrios ou enemas sozinhos, senecessrio. Quando necessitavam de ajuda ou aconteciam episdios ocasionais deincontinncia fecal, a classificao era de "incontinncia ocasional". Na avaliao dafuno "Eliminaes vesicais", considera-se continente quem no apresentaepisdios de perda involuntria de urina e capaz de lidar sozinho com a sondavesical. Foram classificados como "incontinente ocasional" os idosos queapresentavam episdios espordicos ou que no conseguiam lidar sem ajuda comsondas e outros dispositivos. A funo "Uso do vaso sanitrio" avaliada pelafacilidade no uso do vaso sanitrio para excrees, assim como para arrumar as
prprias roupas e limpar-se. Idosos que precisavam de auxlio para manter oequilbrio ou para se limpar receberam a designao "necessitando de ajuda".Dependentes eram aqueles que recebiam auxlio direto de outra pessoa ou que no
desempenhavam a funo, bem como os que utilizavam "papagaios" ou "comadres".A funo "Passagem cadeira-cama" avaliada pelo movimento necessrio nodeslocamento da cama para a cadeira e vice-versa. Foram classificados em "ajudamnima" os idosos que requeriam superviso ou apoio para efetuar a transferncia."Grande ajuda" era utilizada para designar os que conseguiam sentar-se, masnecessitavam de assistncia total para a passagem. Dependentes eram os que noconseguiam sentar-se e incapazes de colaborar durante as transferncias. Para avaliara "Deambulao", considera-se "independente" a pessoa capaz de caminhar semajuda por at 50 metros, ainda que com apoio de bengala, muleta, prtese ouandador. Em "ajuda" so classificados aqueles que podem caminhar at 50 metros,mas necessitam de ajuda ou superviso. A independncia na funo "Escadas" dizrespeito capacidade de subir ou descer escadas sem ajuda ou superviso, ainda quehaja necessidade de dispositivo como muleta ou bengala, ou apoio no corrimo."Ajuda" refere-se necessidade de ajuda fsica ou de superviso, ao descer e subirescadas (MINOSSO et al., 2010).
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4 AVALIAO DAS ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA VIDA DIRIA
4. 1 Escala de Lawton 5,9
Essa escala foi criada por Lawton e Brody (Anexo C), em 1969, e amplamente
utilizada tanto na pratica clinica como em pesquisas em todo o mundo. O objetivo dessa
escala avaliar o desempenho funcional da pessoa idosa em termos de atividades
instrumentais que possibilita que esta mantenha um vida independente.
Avalia sete ou nove atividades: uso do telefone, locomover-se usando um meio de
transporte, fazer compras, realizar trabalhos domsticos (este pode vir subdividido e, assim,
somar nove itens), preparo de refeies, uso de medicamentos e manejo das finanas. H trs
opes de resposta: independente, necessidade de ajuda parcial ou incapacidade para
realizao da tarefa.
A pontuao varia de 3 a 1 para cada item, sendo que a independncia recebe a maiorpontuao. O escore mximo de 21 ou 27 pontos quando o indivduo for totalmente
independente. No h ponto de corte estabelecido, mas sim uma avaliao qualitativa da
capacidade funcional do idoso. Todas as perguntas devem ser feitas ao idoso e tambm a um
informante capacitado. No h, no Brasil, estudos de adaptao transcultural.
4. 2 Medida de Independncia Funcional5, 9, 12
A Medida de Independncia Funcional (MIF) um instrumento de avaliao da
incapacidade de pacientes com restries funcionais de origem variada, tendo sido
desenvolvida na Amrica do Norte na dcada de 19801. Seu objetivo primordial avaliar de
forma quantitativa a carga de cuidados demandada por uma pessoa para a realizao de uma
srie de tarefas motoras e cognitivas de vida diria. Entre as atividades avaliadas esto os
autocuidados, transferncias, locomoo, controle esfincteriano, comunicao e cognio
social, que inclui memria, interao social e resoluo de problemas. Cada uma dessa
atividades avaliada e recebe uma pontuao que parte de 1 (dependncia total) a 7
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(independncia completa), assim a pontuao total varia de 18 a 126. Esto descritos dois
domnios na MIF, o motor e o cognitivo. Esse instrumento de avaliao funcional foi
traduzido para a lngua portuguesa no Brasil em 2000 e nessa poca foram realizados testes de
reprodutibilidade e confiabilidade, que se mostraram em nveis bons para o valor total, bem
como nos domnios motor e cognitivo. importante ressaltar que a MIF no um
instrumento auto aplicado e que exige treinamento para sua utilizao dessa forma sua
traduo e adaptao cultural dirigiu-se mais especificamente compreenso dos seus itens
pelos profissionais que deveriam aplic-la e no ao entendimento por pacientes.
A MIF pode ser utilizada em duas partes separadas (motor e cognitivo). Nesse trabalho
ser apresentada apenas a descrio da MIF motora. A seguir esto as classificados quanto aos
nveis de dependncia.
INDEPENDNCIA (SEM AJUDA)No necessria a ajuda de outra pessoa para realizar
as atividades
7. INDEPENDNCIA COMPLETA - Todas as tarefas descritas que constituem a
atividade em questo so realizadas em segurana, sem modificao, sem ajuda
tcnica e em tempo razovel.
6. INDEPENDNCIA MODIFICADA - A atividade requer uma ajuda tcnica,
adaptao, prtese ou rtese, um tempo de realizao demasiado elevado, ou no podeser realizada em condies de segurana suficientes.
DEPENDENTE (COM AJUDA) necessria outra pessoa para superviso ou ajuda fsica,
sem esta, a atividade no pode ser realizada.
5. SUPERVISO OU PREPARAO A pessoa s necessita de um controle, ou
uma presena, ou uma sugesto, ou um encorajamento, sem contato fsico. Ou ainda o
ajudante (a ajuda) arranja ou prepara os objetos necessrios ou coloca-lhe a rtese ou
prtese (ajuda tcnica).4. ASSISTNCIA MNIMA - O contato puramente ttil, com uma ajuda leve, a
pessoa realiza a maior parte do esforo.
3. ASSISTNCIA MODERADA A pessoa requer mais que um contato leve, uma
ajuda mais moderada, realiza um pouco da metade do esforo requerido para a
atividade.
DEPENDNCIA COMPLETAA pessoa efetua menos da metade do esforo requerido para
a atividade. Uma ajuda mxima ou total requerida, sem a qual a atividade no pode ser
realizada. Os nveis so:
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2. ASSISTNCIA MXIMA - A pessoa desenvolve menos da metade do esforo
requerido, necessitando de ajuda ampla ou mxima, mas ainda realiza algum esforo
que ajuda no desempenho da atividade.
1. ASSISTNCIA TOTAL A pessoa efetua esforo mnimo, necessitando de ajuda
total para desempenhar as atividades.
5 AVALIAO MULTIDIMENSIONAL DO IDOSO NA ATENO PPRIMRIA
Na Ateno Primria sade (APS) o rastreamento de condies crnicas e
degenerativas em idosos de extrema importncia para que sejam tomadas medidas capazes
de afetar positivamente sua qualidade de vida. Muitas vezes instrumentos de avaliao, como
aqueles descritos anteriormente nesse trabalho, no esto disponveis para o uso imediato, o
que demonstra a necessidade de alternativas para a avaliao funcional do idoso. importante
avaliar tanto o contexto do qual o paciente vem, quanto suas condies orgnicas para que
seja possvel bolar um plano teraputico que atenda s reais necessidades deste. Em
consonncia com o mtodo clnico centrado na pessoa, e com os princpios da APS e da
Medicina de Famlia e Comunidade (MFC), nos quais preza-se pelo cuidado integral,
holstico e humanizado, sero apresentados mtodos de avaliao do idoso comumenteutilizados.
5.1 Instrumento de Avaliao Multidimensional do Idoso 3,13
A avaliao multidimensional do idoso baseia-se na avaliao do funcionamento
global do idoso e tem como principal objetivo a restaurao ou preservao da qualidade de
vida. Esta, por sua vez, depende diretamente da habilidade de manter-se independente e no,simplesmente, da ausncia de doenas. O instrumento de Avaliao Multidimensional do
Idoso (AMI) (Anexos D) foi desenvolvido para ser utilizado em ambulatrios de APS, de
forma complementar consulta mdica e de maneira oportunstica.
A abordagem proposta resume-se checagem de um limitado nmero de funes-
chave que podem estar alteradas, mas que frequentemente no so pesquisadas quando uma
histria e um exame fsico convencionais so utilizados na avaliao de pacientes idosos.
So testes cuidadosamente selecionados destinados avaliao da viso, audio,
funo dos membros superiores e inferiores, funo cognitiva, humor, risco domiciliar para
quedas, atividades de vida diria bsica e instrumentada, incontinncia urinria, perda de peso
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e suporto social. So usadas questes breves e tarefas simples de fcil observao, com a
finalidade de obter a informao necessria para um apropriado rastreamento, minimizando o
tempo gasto na sua aplicao.
Os itens a serem avaliados levam em considerao a prevalncia das disfunes, sua
vulnerabilidade interveno, a relao com aspectos de preveno dos agravos mais
frequentes e a capacidade de identificao de alguns problemas de grande repercusso
funcional, geralmente assintomticos ou no registrados de maneira sistemtica, que
repercutem na qualidade de vida do idoso.
5.2 Utilizao do Genograma e Ecomapa no cuidado com o idoso 15,16
As questes relacionadas com o cuidado da pessoa idosa em seu local de moradia so
complexas e de grande magnitude. A compreenso do idoso como pessoa nica, inserida em
um contexto familiar e social com o qual interage continuamente, deve ser um dos princpios
de seu atendimento. Nesse mbito se faz necessrio compreender o suporte social e familiar
no qual o idoso est inserido a fim de se verificar sua capacidade de prover atendimento
sistemtico das necessidades de cuidados deste, bem como quem pode, mais adequadamente,
responder essas demandas.Dois instrumentos, amplamente utilizados pela Medicina de Famlia e Comunidade
(MFC), podem ser aplicados para a avaliao de questes mais qualitativas relacionadas ao
cuidado do idoso: o genograma e o ecomapa. Ambos os instrumentos ancoram-se nos
princpios da APS de longitudinalidade e atendimento integral na medida em que prezam pelo
entendimento da estrutura social e familiar que cercam o idoso tendo por objetivo o
planejamento de uma teraputica mais efetiva.
O genograma um diagrama de grupo familiar que permite avaliar a estrutura familiarinterna, desde seus componentes at sua dinmica de relacionamentos. um instrumento
reconhecido como instrumento de mapeamento e ampliao do conhecimento sobre a famlia
a partir do qual o profissional de sade realiza intervenes. Sua construo inicia-se com a
representao de no mnimo trs geraes, seguindo as representaes grficas utilizadas em
gentica na construo de heredogramas. Alm disso, existem representaes grficas
especficas capazes de representar o componente funcional da famlia, ou seja, o tipo de
relacionamento entre seus integrantes, proximidades fsica e emocional, entre outros. O
desenho prev um resumo de uma grande quantidade de informaes, que podem ser usadas
em busca de conflitos e recursos familiares e, em seguida, na reestruturao de
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comportamentos, relacionamentos e vnculos, bem como modificar as percepes das famlias
sobre si mesmas.
O ecomapa um diagrama de contato do paciente e sua famlia com o meio externo
onde vivem. Resume uma grande quantidade de informaes e facilita a visualizao de reas
que podem ser exploradas para melhorar o sistema social de apoio ao paciente. Demonstra o
fluxo de relaes, a falta de recursos e as privaes. Delineia a natureza das interfaces e
pontos de intermediao, pontes a construir e recursos a serem buscados e mobilizados para
os conflitos. Seu detalhamento contribui para a construo visual da rede de suporte social do
paciente que, em muito poder auxiliar no planejamento assistencial. O meio relacional do
indivduo ou famlia, servir para ilustrar, compreender, observar e tecer hipteses, integrar e
envolver os recursos disponveis dessa rede de possvel apoio. Retrata, assim, a rede de
suporte social e sua integrao.
A utilizao desses instrumentos contribui para o entendimento de toda a estrutura
biopsicossocial que circunda o paciente idoso a fim de se determinar quais as melhores e mais
efetivas intervenes a serem realizadas para a manuteno de sua qualidade de vida. Deve-se
ressaltar que a abordagem sistmica do paciente a que mais facilita a compreenso do
sofrimento humano na APS, sendo esses instrumentos, apenas uma pequena parcela do
processo de cuidado e corresponsabilizao prezados pela assistncia longitudinal. importante sempre ressaltar que o principal objetivo da APS promover sade e
qualidade vida, alm de prevenir e tratar agravos sade. Sendo assim, o rastreio e deteco
de doenas em idosos nem sempre o ponto chave do bom atendimento mdico. necessria
a sensibilidade de um mdico integral e holstico capaz de perceber as nuances singulares de
cada indivduo idoso, prezando sempre pela manuteno de sua autonomia e independncia e
no somente pela cura ou controle de condies crnicas.
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REFERNCIAS
1WORLD HEALTH ORGANIZATION. Definition of an older or elderly person.Healthstatistics and health information systems: WHO, 2014. Disponvel em:. Acesso em: 04 fev. 2014.
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6 - ESPRITO SANTO. Secretaria de Estado da Sade do Esprito Santo. Diretrizes de sadeda pessoa idosa.Vitria: Secretaria de Estado da Sade do Esprito Santo, 2008. Disponvelem: . Acessoem: 16 fev. 2014.
7 - FREITAS, Elizabete Viana de; MIRANDA, Roberto Dishinger. Avaliao geritricaampla. In: FREITAS, Elizabete Viana de; PY, Lgia (Ed.). Tratado de geriatria egerontologia.3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. Cap. 85, p. 970-8.
8 - LOURENO, Roberto Alves; PARADELA, Emylucy Martins Paiva. Instrumentos deavaliao em geriatria. In: FREITAS, Elizabete Viana de; PY, Lgia (Ed.). Tratado degeriatria e gerontologia.3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. Cap. 86, p. 979-84.
9 - LOURENO, Roberto Alves; PEREZ, Mariangela; SANCHEZ, Maria Anglica dosSantos. Escalas de Avaliao Geritrica. In: FREITAS, Elizabete Viana de; PY, Lgia (Ed.).Tratado de geriatria e gerontologia.3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. p.1707-1720.
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22
10 - DUARTE, Yeda Aparecida de Oliveira; ANDRADE, Claudia Laranjeira de; LEBRAO,Maria Lcia. O ndex de Katz na avaliao da funcionalidade dos idosos. Rev. esc. enferm.USP,So Paulo, v. 41, n. 2, jun. 2007. Disponvel em:. Acesso em: 16 mar. 2014.
11 - MINOSSO, Jssica Sponton Moura et al. Validao, no Brasil, do ndice de Barthel emidosos atendidos em ambulatrios. Acta paul. enferm. So Paulo, v. 23, n. 2, abr. 2010.Disponvel em: . Acesso em: 16 mar. 2014.
12 - RIBERTO, M. et al. Validao da Verso Brasileira da Medida de IndependnciaFuncional. Acta Fisiatr.v. 11, n. 2, p. 72-76, 2004. Disponvel em: Acesso em: 16 mar. 2014.
13MORAES, E. N. Avaliao multidimensional do idoso e principais sndromesgeritricas:abordagem e tratamento. UFMG. Ncleo de Geriatria e Gerontologia. Disponvelem:. Acesso em: 16 mar. 2014.
14TORRES, Fernanda. FIM. So Paulo: Companhia das Letras, 2013.
15DUARTE, Y. A. O.; DIOGO, M. J. D.; Cuidados em Domiclio: Conceitos e Prticas.Tratado de geriatria e gerontologia.3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. Cap.115, p. 1276-84.
16DIAS, Lda Chaves. Abordagem Familiar. In: GUSSO, Gustavo D. F., LOPES, Jose M.C. Tratado de Medicina de Famlia e Comunidade:Princpios, Formao e Pratica.ARTMED: v. 1, cap. 26, p. 221-31. Porto Alegre, 2012.
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ANEXO A
Index de Independncia nas Atividades Bsicas de Vida Diria de Katz
Quadro 1 - Formulrio de avaliao das atividades de vida diria
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Quadro 2Index de Atividades de Vida Diria
Quadro 3Classificao Funcional a partir do Index de Katz
Fonte: DUARTE et al., 2007
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ANEXO B
ndice de Barthel
NDICE DE BARTHEL PONTUAOAlimentao- Independente- Necessita de Ajuda ou Dieta Modificada
- Totalmente dependente
105
0Higiene Pessoal(Barbear-se, pentear-se, maquiar-se, lavar os dentes)- Independente- Necessita de Ajuda
50
Controle Vesical- Continente- Acidente Ocasional- Incontinente
1050
Controle Anal- Continente
- Acidente Ocasional- Incontinente
10
50
Transferncia (cama/cadeira)- Independente- Alguma ajuda (verbal ou fsica)- Muita ajuda (pode manter-se sentado)- Totalmente
151050
Mobilidade-Independente (pode usar ajuda tcnica)- Ajuda de uma pessoa (verbal ou fsica)- Independente em cadeira de rodas- Imvel
151050
Utilizao Sanitria- Independente (incluindo botes, atacadores)- Necessita de ajuda- Totalmente dependente
1050
Vestir-se- Independente (inclui botes)- Necessita de ajuda- Totalmente dependente
1050
Banho
- Independente- Necessita de ajuda 50Subir/descer escadas
-
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- Independente- Necessita de ajuda- Incapaz
1050
TOTAL (0 a 100 pontos)
Fonte: MINOSSO, et al., 2010
ANEXO C
Escala de Lawton
Atividade Avaliao1 O(a) Sr(a) consegue usar o telefone? Sem ajuda
Com ajuda parcialNo consegue
321
2 O(a) Sr(a) consegue ir a locais distantes,usando algum transporte, semnecessidade de planejamentos especiais?
Sem ajudaCom ajuda parcial
No consegue
321
3 O(a) Sr(a) consegue fazer compras? Sem ajudaCom ajuda parcial
No consegue
321
4 O(a) Sr(a) consegue preparar suas
prprias refeies?
Sem ajuda
Com ajuda parcialNo consegue
3
215 O(a) Sr(a) consegue arrumar a casa? Sem ajuda
Com ajuda parcialNo consegue
321
6 O(a) Sr(a) consegue fazer trabalhosmanuais domsticos, como pequenosreparos?
Sem ajudaCom ajuda parcial
No consegue
321
7 O(a) Sr(a) consegue lavar e passar suaroupa?
Sem ajudaCom ajuda parcial
No consegue
321
8 O(a) Sr(a) consegue tomar seus remdiosna dose e horrios corretos?
Sem ajudaCom ajuda parcial
No consegue
321
9 O(a) Sr(a) consegue cuidar de suasfinanas?
Sem ajudaCom ajuda parcial
No consegue
321
Total ___________ pontosFonte: BRASIL, 2007
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ANEXO D
Instrumento de Avaliao Multidimensional do Idoso
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Fonte: LEMOS, 2012