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  • TerceiroSetor:gestoprivadaderecursospblicos

    Marcia Pelegrini

    O objetivo deste texto centraliza-senareflexoacercadoregimejurdicoquedeveincidirnagestodosrecursospblicosrepassadossentidadesintegrantesdoterceirosetor,noapenasemrelaoaocontrole,mas,sobretudo,quandodaaplicaodosvalores,comanlisecrticaacercadoestabelecidonoDecretoFederaln 5.504/2005 e na IN STN n 01/97, alterada pela IN n 03/03,queobrigamasentidadesdoterceirosetorasesubmeteremaoprocedimentolicitatrionostermosdaLeiFederaln 8.666/93 e da Lei Federal n 10.520/02.Terceirosetor.Direitoprivado.Licitao.LeiFederaln 8.666/93.Recursospblicos.1Introduo- 2Enquadramentoconceitualeregimejurdicodasatividades desempenhadas pelas entidades integrantes do terceiro setor - 2.1Derrogaoparcialdoregimededireitoprivado- 3Panoramalegalnombitofederal- 4 Obrigatoriedadedeentidadesdoterceirosetorsesubmeteremaoprocedimentolicitatrio,nostermosdaLein 8.666/93 - 5Concluses

    1Introduo

    Otemasobreoqualnospropomosarefletirdizrespeitoaosreflexosjurdicosdecorrentesdaatuaodeumsegmentodasociedadeque,devidoaseucrescimentoextraordinrio,passouaassumirimportnciacadavezmaior,atraindoatenoemvriasreasdoconhecimento,inclusiveadoDireito,namedidaemquenohumenquadramentojurdicoexatodasatividadesqueessasentidadesdesempenham.Trata-sedasorganizaesquenointegramoaparelhamentodoEstadonemomercado,situando-seemumsetorintermedirioentreambos.

    Comosesabe,ocrescimentodosdireitossociaiseeconmicoscolocadosperanteoEstadocomaconsolidaodoEstadoSocial,ouEstadodoBem-Estar,apsaSegundaGuerraMundial,acarretouocrescimentodesenfreadodamquinaadministrativa,tendoemvistaqueoEstadoprocuravaseadequarparaatendimentodesuasnovaseamplasatribuies.

    Assim,juntamentecomaprestaodosserviosassumidoscomopblicoseaatuaosubsidirianasatividadeseconmicas,attulodeintervenonodomnioeconmico,oEstadopassoutambmadesenvolverofomento,voltadoparaasatividadesquenoforamdefinidascomoserviopblico,tampoucoficaramreservadasiniciativaprivada.

    SegundoCarlosAriSundfeld,ainterfernciadaAdministraoPblicanocampoprivadopodeocorrerdeduasformas:atravsdeestmulosiniciativaprivada,quandoassumetaisatividadesepassaaatuaremsubstituioaosparticulares,e,ainda,pelaordenaodeseuscomportamentos.

    Importaparaotemaemanliseofomentoque"...consisteemprestaesproduzidaspelaAdministraosejampositivas(ajudafinanceiraacientistas,crditossubsidiadoseempresasestratgicas)ounegativas(isenesdeimpostos)paratornarmaisfceisoueficazesatividadesque,noobstante,osindivduossolivresparaexplorar".1

    Aatividadedefomentorefleteaaplicaodoprincpiodasubsidiariedade,namedidaemqueigualmentesurgiudaampliaodasatividadesqueoEstadoseviuobrigadoaassumir,sendoverdadeiroincentivoiniciativaprivada,quandoenvolvidointeressepblico.

    Desse modo, as categorias de entidades abrangidas no presente estudo seriam aquelas inseridas nas atividades em que o Estado atua como fomentador, deixando o desempenhodasmesmasparaainiciativaprivadaeapenasincentivandoosparticulares,porseremconsideradasdeinteressepblico.

    Maria Sylvia Zanella Di Pietro, ensina que:

    NoDireitoBrasileiroexisteminmerasformasdeparceriaemqueestpresentenitidamenteaatividadedefomento:nombitosocial, podem-se referir os ajustes (convnios,termosdeparceria,contratosdegesto)comentidadesdoterceirosetor,taiscomoasdeclaradasdeutilidadepblica,asfilantrpicas,asorganizaesdasociedadecivildeinteressepblico,osserviossociaisautnomos,asorganizaessociais...2

    Essesetorintermediriopodeserdenominadodeterceirosetor,expressoquevemsendolargamenteutilizadamascujoconceitojurdicoaindanoestdelimitado,envolvendoumnmeroexpressivodeentidadescomregimesjurdicosdiferentes,demodoqueestlongedesertarefafcilaindicaodetodasascategoriasdeentidadesqueointegram.

    Eemboranosejapropostaprecpuadopresenteestudoaindicaodessasentidades,torna-serelevanteseuenquadramentoemnossosistemajurdico,poissomentedessaformaserpossvelaidentificaodoregimejurdicoaqueestarosubmetidasetambm,conseqentemente,aidentificaodequaisnormasjurdicasincidironagestodosvalores a elas repassados pelo Estado.

    2Enquadramentoconceitualeregimejurdicodasatividadesdesempenhadaspelasentidadesintegrantesdoterceirosetor

    Nohumaterminologiauniformeparaochamadoterceirosetor,existindo,emverdade,apresenadosmesmostraosnasvariadasentidadesquenelepodemserinseridas.

    SegundoMariaSylviaZanellaDiPietro,taistraosseriamosseguintes:

    Entidadesinstitudasporparticulares,compersonalidadejurdicadedireitoprivado,quedesempenhamserviosnoexclusivosdoEstado,porm,emcolaboraocomele,recebendoalgumtipodeincentivo,razopelaqualsujeitam-seacontrolepelaAdministraoepeloTribunaldeContas,sendoseuregimejurdicoparcialmentederrogadopornormasdedireitopblico.3

    OstericosdaReformadoEstado,semdescartaraexpressoterceirosetorcomascaractersticasmencionadas,tambmdenominaramtaisentidadesde"pblicasnoestatais"pblicasporqueprestamatividadesdeinteressepblicoenoestataisporquenointegramaAdministraoPblicadiretaouindireta.4 Porfim,adoutrinatambmincluiasentidadesintegrantesdoterceirosetordentreasdenominadas"entidadesparaestatais",nosentidoemqueaexpressoempregadaporCelsoAntnioBandeiradeMelloeadotadaporDiPietro,queabrangeriaaspessoasprivadasquecolaboramcomoEstado,desempenhandoatividadenolucrativaerecebendoproteoespecial,situando-se prximasdoEstadoouparalelasaele,demodoqueo"terceirosetor"abrangeriaasentidadesdeclaradasdeutilidadepblica,asquerecebemcertificadodefinsfilantrpicos,osserviossociaisautnomos(Sesi,Sesc,Senai,Senac),asorganizaessociaisdasociedadecivildeinteressepblicoeasorganizaessociais.5

    DiPietroconcluique"integramoterceirosetorporquenemseenquadraminteiramentecomoentidadesprivadas,nemintegramaAdministraoPblica,diretaouindireta.Incluem-seentreaschamadasorganizaesno-governamentais (ONGs). Todas essas entidades enquadram-senaexpressoentidadeparaestatal".6

    NoDireito,aquestoassumerelevncia,considerandoque,apesardeessasentidades,semfinslucrativosevocacionadasprestaodeserviosdeinteressepblicoemcolaboraocomoEstado,seremconstitudascompersonalidadededireitoprivado,recebemrecursosdeorigempblica,oquefazcomqueassumamumcarterhbrido,situaoquegeraincontveisdesdobramentosjurdicos,mormenterelacionadosgestodessesrecursos.

    ApesardeasparceriascelebradasentreoPoderPblicoeasentidadessemfinslucrativosqueprestamserviosderelevnciasocialnoseremnovas,incipientealiteraturaproduzidaacercadotemaemseusvriosaspectos.

    Aatividadedesempenhadaportaisentidadesnoseenquadranoconceitodeserviopblico,tampoucodeatividadeeconmica,sendonecessriobuscarnaConstituioFederalaintelecodoregimejurdicoaqueestarosubmetidas,jqueinegvelqueaCartaMagnaadmiteaexistnciadeatividadederelevnciapblica,aoladodosconceitosdeserviopblicoedeatividadeeconmica.

    Paulo Modesto, em painel de debates sobre o tema organizaessociais,trouxebailaessapreocupao,criticandoaformacomoadoutrinavemconceituandooterceirosetor,comosefosseumconceitojurdico,quando,nasuaopinio,trata-sedeconceitoheterogneoeextrajurdico,que,comojtivemosoportunidadedemencionar,envolveumgrandenmerodeentidadescomregimesjurdicosdiferenciados,devendocentrarapreocupaonapossibilidadedodesempenhodasatividadesporelasdesenvolvidas,emfacedotratamentodadopelaConstituioFederal.7

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  • Defato,naConstituioFederalquedevemosidentificarcomooordenamentojurdicoptriotrataodesempenhodessasatividadesquenososerviospblicos,enquantoatividadeprpriadoEstado,quespodeserdesempenhadadiretamenteouatravsdeconcessooupermisso,equetampoucoseenquadramnoartigo173daCartaMagna,comoatividadesreservadasaosparticulares,ondeoEstadospodeatuardeformaexcepcional.

    Poisbem,quandooEstadoprestaserviopblico,estdesempenhandoumaatividadeordinriasoboregimejurdicodedireitopblico,equando,excepcionalmente,atuaematividadereservadaaosparticularesnosetordeexploraoeconmica,ofazdeformapredominantementesoboregimededireitoprivado.Cumpre,portanto,buscarqualregimeincidenosetordeserviossociais,ondeaatividadedoEstadoobrigatria,masnoexclusiva,jqueoparticularnoprecisadeautorizaoparadesempenh-la, estandosujeitoapenasaocontroledepolciaefiscalizaoestatal.

    AquimaisumavezinvocamosaliodePauloModesto,quenomesmopainelmencionouoseguinte:

    Deformaartificialadoutrinatentouenquadraressasatividadessociaisnoconceitodeserviopblico,dizendodeforma,ameujuzo,ambgua,quequandoessasatividadesforemdesempenhadaspeloEstadososerviospblicosequandoforemdesempenhadasporparticularessoatividadeseconmicas.Ouseja,enquantotodasasdemaisatividadesatraemumregimejurdicoprprio,essesserviossociaisnoatraemregimenenhumaatividadeemsimesmanoatrairiaumregimejurdico,masaocontrrio,dependeriadoregimejurdicoquecadaenteexercesse.

    Ecomplementanoseguintesentido:"Oparadoxodissoquetodasasoutrasatividadestmumadefinioobjetivaenquantoessateriaumadefiniosubjetiva".8

    AcrticalanadaporPauloModesto,queencampamosnestareflexo,vainosentidodequeosujeitoquemdefiniriaoregimejurdicodessasatividades.Pormofatodeosserviosderelevnciasocialseremdesempenhadosporpessoasprivadaslevariaaoentendimentodequeosprincpiosdaatividadeeconmicaseriamplenamenteaplicveis,situaoquedeveservistacomreservas.

    Deformagenrica,podemosindicardoismomentosemqueaConstituioFederalsepreocupacomosserviosderelevnciapblica.Noartigo129,incisoII,quandotratadasfunesinstitucionaisdoMinistrioPblico,colocandocomoumadesuasatribuiesaproteodosserviosderelevnciapblica,enoartigo197,quandosereferesaeseserviosdesade,comoderelevnciapblica,demodoquepodemosconsiderarque,aoladodosserviospblicosedaexploraodaatividadeeconmica,humterceiroconceito a ser explorado.

    Nessalinhaderaciocnio,interessanteavisodeGustavoHenriqueJustinodeOliveiraaoafirmarqueanoodeesferaestatalnoseequiparacomanoodeesferapblica,tornando-seusualadistinoentreespaopblicoestataleespaopblicono-estatal,sendoqueaprestaodosserviosnoexclusivosdoEstadodar-se-ia no espaopbliconoestatal.Assim,explicaojuristaquecontinuamexistindoapenasduasformasclssicasdepropriedade,apblicaeaprivada,masapropriedadepblicadivide-seemestatalenoestatal.9

    Defato,osprincpiosdaatividadeeconmicanopodemincidirplenamentenessassituaes,porqueelaspressupemtransfernciasderecursospblicos,oqueimplicaanecessidadedaincidnciaderegrasdeDireitoPblico,sobretudoaquelasvoltadasaocontrole.Hqueseconceber,ento,aexistnciadeumregimehbrido,aexemplodoqueocorrecomasempresasestataisexploradorasdeatividadeeconmica,regidaspeloregimejurdicodeDireitoPrivado,derrogadoparcialmentepeloDireitoPblico.

    SemdvidaaquestoquesecolocaassumeextremarelevnciadiantedeumEstadoemtransformao.Aspolticasreformistasprovocaramumatendnciaacentuadadereduodoaparelhoestataleampliaodaatividadedefomento.Comisso,alargaram-seosinstrumentosdeparceriaentreossetorespblicoeprivado,e,emdecorrncia,emergeurgentenecessidadedeoEstadosepreparareseajustarataistransformaes.

    nessecontextoquesurgeminmerasentidadespassveisdesereminseridasnoconceitodeterceirosetor,quecelebramajustesdevariadasnaturezascomoEstado,tornando-sebeneficiriasdetransfernciasvoluntriasparaatuaremematividadesespecficaseatingiremdeterminadasfinalidadesestabelecidasnosajustes.

    Questorelevanteaindapoucodiscutidapeladoutrina,sendotambmincipientesasdecisesjudiciaisenombitodosTribunaisdeContas,dizrespeitoformadeescolhadessasentidades.Emfacedadiversidadedeentidades,temosque,emalgumassituaes,asleisespecficasquepreviramsuacriaoestabelecemadispensadoprocedimentolicitatrio,aexemplodoqueocorrecomasorganizaessociais(artigo24,incisoXXIVdaLein 8.666/93).

    ALeidasOrganizaesdaSociedadeCivildeInteressePblico(OSCIPs)prevarealizaodeconcursodeprojetos,parecendodeixaracritriodoAdministradorsuaefetivao,questo,ameuver,bastantecontrovertidaemvirtudedaexistnciadeumexpressivonmerodeentidadesqualificadascomoOSCIPs,aptasadesempenharemosmesmosservios,demonstrandoainegvelexistnciadeamplapossibilidadededisputa,excetoseosserviospuderemserprestadosportodasasentidadeseventualmenteinteressadasecapazesdeprest-los,oqueseresolveriaatravsdeumprocedimentopblicodecredenciamento.

    Emrelaoaessasentidades,recentedecisoproferidapeloTribunaldeContasdaUniorecomendouaoMinistriodoPlanejamento,OramentoeGestoeCasaCivildaPresidnciadaRepblica"queavaliemainclusoemnormativoprpriodedispositivoqueobrigueaaplicaodocritriodeseleodeOSCIPprevistonoart.23doDecreton 3.100/99,emtodaequalquersituao".1 0Essarecomendaorefleteaclaratendnciadenoseconsiderararealizaodoconcursodeprojetoscomomeraopodoadministradorpblico.

    Noentanto,reconheceuaquelaEgrgiaCortedeContasnoexistiremregrasobjetivasparaseleodessasentidadesmedianteanovafigurajurdicadotermodeparceria.1 1

    OTribunaldeContasdoEstadodeSoPaulo,emManualBsicoemquetratoudosrepassesdeverbaspblicasaoterceirosetor,aocuidardoprocedimentoadministrativodacontrataodasOSCIPs,pareceuconsiderarnohavernecessidadedeprvioprocedimentolicitatrio,emfacedaausnciadeprviaprevisolegal.Contudo,ressaltouanecessidadedoestabelecimentodeprocedimentosvoltadosgarantiadatransparncianaescolhadaentidade,relacionandoexemplosdemedidasaseremadotadaspeloAdministrador,taiscomo:adivulgaopblicadaintenodeterceirizaroobjetodofuturoajuste,acompanhadadaminutadotermodeparceriacomascondiesaseremfirmadas,aconvocaopblicadasentidadesinteressadasemfirmaroajusteparaaapresentaodepropostas,arealizaodesessopblicaparaaleituradaspropostasapresentadaseadivulgaopblicadoresultadodaseleo,comajustificativadosfatoresconsideradosrelevantesparaaescolhadaentidadevencedora.1 2

    Instrumentosantigos,contudoaindabastanteutilizados,queenvolvemrepassesvoluntriosderecursospblicossoosconvnios,quetmrecebidotratamentodecorrentedasinterpretaesconferidasaoartigo116daLein 8.666/93,predominandooentendimentonosentidodadesnecessidadedelicitarparacelebrartaisajustes,jque,atravsdeles,aspartesestabeleceminteressescomuns,coincidentes,exatamenteporqueacontrapartidanoenvolveinteresseslucrativos.

    Acreditamosqueessatendnciadevaserrepensadadiantedanovarealidadequesecoloca,nosentidodequetaisparceriasdevemserprecedidasdeprocedimentoqueassegureigualdadedecondies,diantedaexistnciadecompetio.Sobreoassunto,CelsoAntnioBandeiradeMellodeixaclaroseuentendimento:"Paratravarconvnioscomentidadesprivadassalvoquandooconvniopossasertravadocomtodasasinteressadasosujeitopblicoterquelicitarou,quandoimpossvel,realizaralgumprocedimentoqueassegureoprincpiodaigualdade".1 3

    Todavia,nopretensodesteestudoenfrentaressaespecficaquesto,masasubmissodessasentidadesaoregimededireitopblico,maisespecificamentesnormasdaLeiGeraldeLicitaes,emsuaatuaonaaplicaoeutilizaodasverbaspblicasrepassadaspeloEstado.

    2.1Derrogaoparcialdoregimededireitoprivado

    Naoportunidadeemquetraamosconsideraessobreoregimejurdicoincidentesobreasatividadesdesempenhadaspelasentidadesqueintegramaterceirosetor,conclumosacercadanecessidadedeseconceberumregimehbrido,aexemplodoqueocorrecomasempresasestataisexploradorasdeatividadeeconmica,regidaspeloregimejurdicodedireitoprivado,derrogadoparcialmentepelodireitopblico.

    Porbvio,podemostomaressarelaoapenasattulodecomparao,eisquenoestamosfalandodeentidadessimilaresjqueasqueintegramoterceirosetornoseinseremnaestruturadoEstado,comoosentesqueintegramaadministraoindireta.

    Assim,afastamosapossibilidadedeconsiderarqueoregimedasempresasestataisexploradorasdeatividadeeconmicaseapliquesentidadesdoterceirosetorqueutilizam

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  • recursospblicos,masacreditamosqueaquelesentespodemserutilizadoscomoparadigma,oupontodepartidaparaumareflexoacercadaderrogaodoregimededireitoprivadonessassituaes.

    Polmicasrelacionadassentidadesdaadministraoindireta,regidaspelodireitoprivado,queintegramoaparelhamentodoEstado,sempreestiverampresentes.Discussesemtornodaobrigatoriedadeounoderealizaremlicitaoeconcursopblicoparaadmissodepessoal,sempreforambastantearraigadas,einmerasforamastentativasdelivr-lasdessas"amarras",soboargumentodequeestariamatuandonaesferaprivadaemregimedeigualdadecomasempresasexploradorasdeatividadeeconmica.

    Longofoiocaminhopercorridoatchegarmosaalgumasdefinies,sendoqueaConstituiode1988colocouumapdecalsobrevriasdiscusses,namedidaemqueatualmenteindiscutvelaobrigatoriedadederealizaodeconcursopblico,bemcomodelicitao.

    Contudo,comooregimeprivadoapenasderrogadoemparte,deformabastanterazovelopargrafonicodoartigo173daCartaMagna,comasalteraesintroduzidaspelaEmenda Constitucional n 19/98,previuapossibilidadedeasempresasestataisexploradorasdeatividadeeconmicadeproduooucomercializaodebensouprestaodeservioscriarem,naformadalei,estatutosprprios,dispondo,conformeprevisocontidanoincisoIIIdoreferidodispositivolegal,sobrelicitaoecontrataodeobras,servios,comprasealienaes,observadososprincpiosdaAdministraoPblica.1 4 1 5 1 6

    Essasdisposiesparecemdemonstrarexplcitoreconhecimentodaincompatibilidadeereaisdificuldadesencontradaspelasentidadesdedireitoprivado,queintegramoaparelhoestatal,deseadequaremaosexatostermosdaLeiGeraldeLicitaes,permitindoqueasmesmasrealizemlicitaomedianteprocedimentosprprios,observadososprincpiosdaadministraopblica.

    certoqueoraciocniovincula-sepreocupaocomarelaodeigualdadeentreasempresasestataisexploradorasdeatividadeeconmica,easempresasparticularesquedisputamomercado,umavezqueasubmissoaoprocedimentolicitatrionostermosdaLein 8.666/93poderiainviabilizarsuaatuaonaesferaeconmica.

    Nessaseara,CelsoAntnioBandeiradeMello,comsuahabituallucidez,explicaque:

    Semdvida,aadoodomesmoprocedimentolicitatriodoPoderPblicoseriainconvenienteparaanormalidadedesuasatuaesnaesferaeconmica,isto,noseriaexeqvelemrelaoaosseusrotineirosprocedimentosparaoperarocumprimentodasatividadesnegociaisemvistadasquaisforamcriadas.Asdelongasquelhessoprpriasinibiriamseudesempenhoexpeditoemuitasvezesobstariamobtenodonegciomaisvantajoso.Delanohaveriacogitaremtais casos.1 7

    Noentanto,orenomadojuristadeixabastanteclarooslimitesdaaplicaododispositivoconstitucional,quedevemincidirto-somente nas atividades em que devam estar presentesaagilidadeedesenvolturaqueaexploraodaatividadeeconmica,paraaqualfoicriada,exija.

    LciaValleFigueiredo,aodiscorrersobreoassunto,explicitasuapreocupaocomonecessrioesforodeinterpretaoaserempregadonasoluodosconflitosquepodemdecorrerentreasnormasdoartigo37,incisoXXI,edoartigo173,1, incisoIII,ambosdaConstituioFederal,umavezqueoprimeirorefere-seadministraopblicadiretaeindiretaeosegundoestinseridonaordemeconmica,dispondoqueoestatutoprpriodasestataisexploradorasdeatividadeeconmicadeverobservarosprincpiosdaadministraopblica.Nesseesforodeinterpretao,aautoradeixaconsignadaaseguinteconsiderao:

    Parece-nos,pois,queainterpretaopossvelsejaadequeseasestataisestiveremprestandoserviopblico,teroregimesobforteinfluxodoDireitoPblico,embora revistam-sedeformaprivada.E,nestecaso,deverosesubmeterlicitao(snormas)eno,apenas,aosprincpiosdaadministraopblica.

    Seentretanto,estiveremnaatividadeeconmica,porquedeveterregimeequivalentesempresasprivadas,submetem-se,apenas,aosprincpiosdaadministraopblica.1 8

    Percebemosqueadoutrinanopoupaesforosemencontrarsoluesrazoveisecompatveiscomaatuaodasentidades,tendosemprecomovetordeinterpretaoosprincpiosaqueestsubmetidaaadministraopblica,emais,oscontrolesquedevemnecessariamenteincidir,quandoentidadesprivadasutilizamverbaspblicas,comoocorrecomasentidadesquerecebemrepassesvoluntriosdoEstado.

    EcomosecomportaroasentidadesqueintegramoterceirosetorequenointegramaestruturadoEstado?Qualseriaolimitedeincidnciadasregraseprincpiosdedireitopblico?Atquepontopoderiaserderrogadoodireitoprivadoqueregeaatuaodessasentidades?

    ReferidasentidadesdoterceirosetordesempenhamatividadesquesosubmetidasaoregimededireitopblicoquandoprestadaspeloEstado,eaoregimeprivado,quandoprestadasporparticulares.Soosservios,comojdissemos,quedevemserprestadospeloEstado,masnodeformaexclusiva,demodoquenossosistemajurdicoadmitesuaprestaosoboregimededireitoprivado,sujeitoapenasaoscontrolesdepolcia.Nessesentido,quandoasentidadesdoterceirosetorosprestam,ofazemsoboregimededireitoprivado,masdeformadiferenciadadosparticularesqueprestamtaisservios,eisque,sendoelasentidadessemfinslucrativos,recebemrepassesdedinheiropblicopara atuarem ao lado do Estado, desempenhando de forma complementar atividades da responsabilidade deste.

    Assim,deseconsiderarqueoregimededireitopblicodevenecessariamenteincidir,umavezqueestoenvolvidosrecursospblicos,estandotaisentidadesnecessariamentesujeitas ao controle do Tribunal de Contas.

    Masoutrasregrasdedireitopblicotambmincidiro,sendobastanteamplaaanlisedoslimitesdaderrogaodoregimeprivadonessassituaes.Pretendemosapenasrefletiracercadasnormasincidentesemrelaoacomprasecontrataeslevadasaefeitocomrecursospblicosrepassados,enessesentidonosparecebastanterazovelaaplicaoderaciocniosemelhanteaoqueserefereinconveninciadaaplicaodasmesmasregrasrgidasdelicitaoecontrataodaLein 8.666/93.

    Portanto,hqueseperquiriroseguinte:SeaConstituioFederaladmitequeosprpriosentesintegrantesdaadministraopblicaindireta,compersonalidadejurdicadedireitoprivado,queutilizamdinheiropblico,nassituaesjmencionadas,editemseusprpriosregulamentos,semconsiderarqueissosignifiquedescumprimentodosprincpiosdasupremaciaedaindisponibilidadedosinteressespblicos,quaisrazespoderiamnoslevaraoentendimentodequeosistemajurdicoestariaasubmeternecessariamenteaspessoasprivadas,querecebemrepassesdedinheiropblico,LeiGeraldeLicitaes?

    Certamentequeaspessoasquedealgumaformamanejam,recebem,administramouutilizamdinheiropblicoestosubmetidasatodososmecanismosdecontroleprevistosnoordenamentojurdico,masissoinduzirianecessariamenteconclusodequeestarosubmetidasaosprocedimentosrgidosecomplexosestabelecidosnaLein 8.666/93?

    3Panoramalegalnombitofederal

    Osinmerosinstrumentosdeparceriafirmadosentreaadministraopblicaeoterceirosetor,unsmaisantigos,outrosbematuais,foramdesenvolvidosemdecorrnciadaidiadesubsidiariedadedoEstadoeatualmenteestoinseridosnumcontextodepropostasecriaodemecanismosparasubstituiodaadministraoburocrticapelaadministraogerencial,emqueseprivilegiaocontrolederesultados.

    Importa,paraaadequadasituaodotemaaserexplorado,queatravsdessesinstrumentos(convnios,contratosdegesto,termosdeparceriaeajustessimilares)osvaloresrepassadosnoperdemanaturezadepblicos,razopelaqualasentidadesdevemprestarcontasdesuautilizao,sendoresponsabilidadedoEstadorepassadoroexercciodessecontrole.

    desenotarqueocontroledosvaloresrepassadosnosconvnios,enquantoinstrumentosmaisantigos,sempresedeudeformaposterior,ouseja,apsaefetivaaplicaodos recursos pela entidade conveniada, verificando-se,pormeiodanecessriaprestaodecontas,seosvaloresforamaplicadosdeacordocomasfinalidadesestabelecidasnoinstrumentodeconvnio,traduzindo-seemcontrolederesultado,demodoquetalcontrolesempresedeudiantedaverificaodocumprimentodasmetas,programasdetrabalho,cronogramasestabelecidos,prazoseoutrosrequisitosnormalmenteinseridosnasclusulasdorespectivoinstrumento.

    Contudo,ainsatisfaodecorrentedautilizaodessescontrolesesuaaparenteineficinciaressaltamaosolhosquandonosdeparamoscomaproliferaodeinstrumentosnormativosvisandoaoestabelecimentodecontrolesburocrticos,nacontramodapropostainseridanocontextodaReformaAdministrativadoEstado.1 9

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  • Enosemrazoapreocupao,jqueagestoprivadaderecursospblicosquestomerecedoradeesforosnabuscadesoluesadequadasparaoestabelecimentodeefetivoeeficientecontrole,comsubmissodasentidadesdoterceirosetoraosprincpiosaqueestosubmetidassentidadespblicas,paraaaplicaoegastodedinheiropblico.

    Todavia, considerando-se que as entidades do terceiro setor submetem-seaoregimededireitoprivado,taisregrasdedireitopblicodevemincidirapenasparcialmente,emvirtudedanaturezadosvaloresaelasrepassados,que,comojsedisse,noperdemanaturezadepblicos.EaprpriaConstituiodeixaclaroqueestarotaisentidades,comoqualquerpessoafsicaoujurdicaqueutilize,arrecade,guarde,gerencieouadministredinheiropblico,submetidasaocontrolepelosTribunaisdeContas(art.70,pargrafonico).

    Vejamosadisciplinalegalsobreoassunto,relacionadaestritamentesformalidadesaseremobservadasparaaplicaodosvaloresrepassados,considerando-se as normas infralegaisnombitofederal,quesomenteseaplicamUnio,excetoquandonormasgerais.

    AConstituioFederalfazreferncialicitao,basicamenteemdoisdispositivos,queimportamparaapresenteanlise:noartigo22,incisoXXVII,eemumdosincisosdoartigo37,voltadoespecificamenteadministraopblicadiretaeindireta.

    NoprimeiroestabeleceacompetnciaprivativadaUnioparalegislarsobrenormasgeraisdelicitaoecontratao,emtodasasmodalidades,paraasadministraespblicasdiretas,autrquicasefundacionaisdaUnio,Estados,DistritoFederaleMunicpios.Oartigo37estabeleceexplicitamentequeaadministraopblicaobedeceraosprincpiosdalegalidade,impessoalidade,moralidade,publicidade,eficincia,almdopreceituadoemseuincisoXXI,quefazrefernciaespecificamentenecessidadedarealizaodelicitao,emlinhagerais,medianteprocessoqueassegureigualdadedecondiesaosinteressados,nostermosdalei.

    A Lei Federal n 8.666/93,noslimitesestabelecidospelaCartaMagna,dispenopargrafonicodeseuartigo1 queenunciaasnormasgeraisdelicitaesecontratosnombitodosPoderesdaUnio,dosEstados,doDistritoFederaledosMunicpiosqueficamsubordinadosaoregimedalei,nostermosdeseupargrafonico,almdosrgosdaadministraodireta,osfundosespeciais,asautarquias,asfundaespblicas,asempresaspblicas,associedadesdeeconomiamistaedemaisentidadescontroladasdiretaou indiretamente pelos entes federados.

    AInstruoNormativan 01,de15.01.97daSecretariadoTesouroNacional,quedisciplinaacelebraodeconvniosdenaturezafinanceiraquetenhamporobjetoaexecuodeprojetosouarealizaodeeventos,estabelecianaredaooriginaldoartigo27queoconvenente,quandoentidadeprivada,deveriaadotarprocedimentoanlogo ao estabelecidonaLeiGeraldeLicitaes,ficandosujeitosaostermosdaLein 8.666/93apenasosconvenentesintegrantesdaadministraopblica.

    Contudo,aIN03/03alterouessaredao.Eisoatualteordoartigo27:

    o convenente, ainda que entidade privada, sujeita-se,quandodarealizaodedespesascomosrecursostransferidos,sdisposiesdaLei8.666/93,especialmenteemrelaoalicitaoecontrato,admitidaamodalidadedelicitaoprevistapelaLei10.520/02,noscasosemqueespecifica.

    A disciplina da IN STN n 01/97,cominmerasalteraesposteriores,pareciarazovelnamedidaemquedeterminavaqueasentidadesprivadasrealizassemprocedimentosanlogosaosestabelecidosnaLeiGeraldeLicitaesecontratosadministrativos.Todavia,onovoregramentointroduzidoestabeleceuaobrigatoriedadederealizaodelicitaonostermosdaleifederaltambmparaasentidadesprivadasnointegrantesdaadministraopblica.2 0

    Em 05 de agosto de 2005, o Governo Federal publicou o Decreto n 5.504,que,igualmente,nacontramodapropostadareformadoEstado,sujeitouasentidadesquerecebemrecursospblicosdaUnio,emdecorrnciadeconvniosouinstrumentoscongneres,realizaodelicitaonostermosdaleifederal,estabelecendoaobrigatoriedadedautilizaodoprego,preferencialmentenaformaeletrnica,paraentespblicosouprivados,nascontrataesdebenseservioscomuns.

    Nos termos preconizados no artigo 1 eseuspargrafos,doreferidodecreto,destacamosocontedodopargrafo4 estabelecendoqueassituaesdedispensaeinexigibilidadedeveroserprocessadasnostermosdaleifederaldelicitaes,comobservnciadodispostonoartigo26,devendooatoderatificaoserrealizadopelainstnciamximadaentidade,sobpenadenulidade.

    Opargrafo5 dodispositivosubmeteaosseustermosasOrganizaesSociais(OSs)easOrganizaesdaSociedadeCivildeInteressePblico(OSCIPs),emdecorrnciadoscontratosdegestoedostermosdeparceriascelebrados,adespeitodasregrasprevistasnasleisespecficasqueregularamacriaodetaisentidades.

    surpreendenteaquantidadedeleiseinstrumentosinfralegaisesparsosquetratamdavidadasociedadecivilorganizadanoBrasil.Entretanto,noexistesequerumaleiquetrateotemadeformamaisabrangenteoupreponderante,deformaquesetornaurgenteanecessidadedeestabelecimentodeummarcoregulatrioparaoterceirosetoremnossoPas.Emlinhasgerais,esseopanoramalegalqueatualmenteregeaespecficaquestorelacionadaaosprocedimentosnecessriosparaautilizaodosrecursosoubensrepassadosvoluntariamentepelaUniosentidadesdoterceirosetor.

    Parece-nosqueoaspectomaisrelevante,quenopodedeixardeserenfrentadoequemaisdemonstraanecessidadedaexistnciadeummarcoregulatrio,orelacionadonaturezadosatosnormativosqueobrigamasentidadesquerecebemosrepassesvoluntriosrealizaodecertamelicitatrio,nostermosdaleifederaldelicitaesecontratos, como veremos a seguir.

    4Obrigatoriedadedeentidadesdoterceirosetorsesubmeteremaoprocedimentolicitatrio,nostermosdaLein 8.666/93

    Comoseviu,osatosquesubmetemosentesquerecebemrepassesvoluntriosfederaisaostermosdaLein 8.666/93sodenaturezainfralegal.

    OregimedalicitaoestabelecidonaLeiFederaln 8.666/93, bem como na Lei Federal n 10.520/02, destina-seaosentespblicos,consideradosestesaadministraodiretaeaindireta,ondeseincluemasempresasestataisprestadorasdeserviospblicos,asautarquiaseasfundaespblicas,resultandoqueoprocedimentoprevistonaleinoadequadoparautilizaoporpessoasjurdicasdenaturezaprivada,quenointegramaestruturadoEstado.

    Defato,olegisladorconstituinte,quandotratoudelicitaesecontratosadministrativos,nopretendeuincluiroterceirosetor,eassimtambmnoofezaLeiGeraldeLicitaes.Emborabastanteorganizado,essesetornopossuiaestruturadosrgosqueintegramaadministraopblicaparaarealizaodeprocedimentosburocrticos,estandovoltadospredominantementeconsecuodeseusfinsdeinteressepblico,ouseja,prestaodoservioderelevnciasocial,deformaeficienteecomqualidade.Afinal,essaarazopreponderantequelevaoEstadoarepassarvalorespblicosaoterceirosetor.

    Certamentenoestamosafastando,considerandoanaturezapblicadosrecursos,arealizaodeprocedimentoquegarantaaobservnciadosprincpiosqueregemaadministraopblica.Aocontrrio,defendemoscomveemnciaoaspectodocontrole,entendendo,inclusive,queseusmecanismosdevamseraperfeioados.Destarte,almdaprestaodecontasdiretamenteaorgorepassador,sustentamostambmquedevemosTribunaisdeContasseestruturarparaaefetivaodecontrolesconcomitantes,afimdecoibireventuaisdesviosemesmomgestododinheiroedebenspblicosrepassados.

    Entendemos,porm,queascontrataesfeitaspeloterceirosetor,comrecursospblicosrepassados,podemserrealizadasatravsdeprocedimentosemelhanteaoestabelecido pela Lei n 8.666/93,disciplinadoemnormasinternastornadaspblicasmedianteampladivulgao,aexemplodoregulamentodecomprasaquesereferealeique instituiu as OSCPIs.

    Parece-nosrazoveloentendimentosegundooqualdevamtaisentidadesobservarosprincpiosconstitucionaisqueregemaatuaodaadministraopblica,ouseja,aqueleselencados no caputdoartigo37,bemcomoosprincpiosqueregemoprocedimentolicitatrio,sobretudoosestatudosnoincisoXXIdomesmodispositivoconstitucional.

    Contudo,comosedepreendedocontedodosatosnormativosantesmencionados,essanotemsidoadiretrizadotada,que,repita-se,norefleteaintenodolegislador,jque estabelecida em atos infralegais.

    Asdificuldadesimpostassodeextensoinimaginvel,epodemosperceb-laspormeiodeumasimplesabordagemnadisciplinadasOSCIPsOrganizaesdaSociedadeCivildeInteressePblico,considerando-sequearegraespecficadoartigo14daLein 9.790/99,queasautorizaaelaborarnormasprpriasorientadorasdascontrataesdeobras,serviosecompras,comempregoderecursospblicos,comobservnciadosprincpiosqueregemaadministraopblica,nofoisuficienteparaafastaraceleumaemtorno

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  • dasuasubmissoLeiGeraldeLicitaes.AssimqueoDecretoFederaln 5.504/05fezrefernciaexpressasOSCIPs,ignorandoporcompletoostermosdaleimencionada.

    Emboraaparentementevenhamsendopaulatinamentesuperadas,taiscontrovrsiasnoescaparamdeembatesacalorados,comoseverificapeloteorderecentedecisoproferidapeloPlenriodoTribunaldeContasdaUnio,ondesetravouadiscussoemtornodoentendimentodequeameraobservnciadosprincpiosquenorteiamaatuaodaadministraopblicanoseriasuficienteparaasseguraraprepondernciadointeressepblicosobreoparticularepreservaraincolumidadedaindisponibilidadedointeressepblicoprimrio.Masaquestoencaminhou-senosentidodaadoodeinterpretaodequeasOSCIPs,emdecorrnciadeprevisolegalespecfica(art.14daLein9.790/99),nosesubmetemaocumprimentodaLein 8.666/93e,sim,aosprocedimentosestabelecidosemseusregulamentosprprios.2 1

    Adecisopautou-senaargumentaoapresentadapeloE.MinistroRelator,noseguintesentido:

    Nota-se,portanto,queexisteprevisolegalparaaconstituio,pelasOSCIPs,deregulamentoparaacontrataodeobras,serviosecomprascomrecursospblicos,observadososprincpiosconstitucionaissupramencionados.Tendoemvistaqueoobjetivodareferidalegislaofoiodesimplificarasexignciassobreas entidades do terceiro setor, sem a perda do controle, dando-senfaseaoresultado,entende-sequenofariasentidoexigir-se das OSCIPs que cumprissem detalhadamentetodososdispositivosdalegislaodelicitaesecontratos.

    EcomplementaojulgadorinvocandointerpretaodoprprioTCU,sobreanosubmissodosserviossociaisautnomos,quenoestariamsujeitosobservnciadosestritosprocedimentosdaLeiGeraldeLicitaes,massimdeseusprpriosregulamentos,demodoquenoserialgicaaadoodeentendimentocontrrioemrelaosOSCIPs.2 2 2 3

    NessesentidoprelecionaGustavoJustinodeOliveira,que,analisandoaquesto,concluiu:

    Emfacedetodooexposto,sobretudoemrazododispostonaLeiFederaln 9.790/99 e no Decreto n 3.100/99, opinamos pela ilegalidade do decreto n 5.504/05 edesuaaplicaosOSCIPSqueporventuracelebremtermosdeparceriacomaUnioFederal,eemvirtudedosquaisefetivamentehajaorepassederecursospblicosfederais.Taisentidadesnoestosubordinadasoulegalmenteobrigadasarealizarprvioprocessolicitatrio,nosmoldesprevistospelaLeiFederaln 8.666/93 e pela Lei Federal n 10.520/02(prego)paraadquirirbensoucontrataremservioseobrasjuntoiniciativaprivada.2 4

    Noobstante,oentendimentodaEgrgiaCortedeContasdaUnionosentidodequequalquerentidadeprivadaquecelebrarconvnioouinstrumentocongnerecomaadministraopblica,manejandorecursospblicos,deveobservaroEstatutodasLicitaeseContratosAdministrativos,nalinhadaDecison 1.070/2003, que resultou na alteraodaredaodaIN/STNn 01/97,comaexclusoapenasdasOSCIPs.

    Dopontodevistajurdico,odecretonopoderiaampliaroroldeaplicaodaLein 8.666/93, padecendo de flagrante ilegalidade, de modo que as entidades devem observar, naaplicaodosvaloresrepassados,normasprpriasqueasseguremaigualdade,aimpessoalidadeeaobjetividadedocertame,equandodaprestaodecontas,deverodemonstrarnosaaplicaodosvaloresnasfinalidadesparaasquaisforamrepassados,mastambmaobservnciadoprincpiodaeconomicidade,demaneiraqueresulteclaroteremsidoosvaloresaplicadosemsuasfinalidadesespecficasegeridosdeformaadequada.

    Ademais, pondere-sequenemmesmoasubmissoLeiGeraldeLicitaesestariaagarantiraboaaplicaodosrecursos.necessrioquehajaexignciadeprestaodecontasemtemporeal,concomitantementerealizaodosgastos,almdaefetivaresponsabilizaodosdirigentes,poreventualmaplicaodosrecursos.

    Enfim,aleigeraldelicitaonosedirigeaoterceirosetor,quenoestaparelhadoparaoenfrentamentodaslidesburocrticasporelaimpostas,sobpenadetornarinvivelaadequadautilizaodosrecursospblicosrepassadosenoatingiraeficinciaesperada.

    NodifcilperceberqueaLeiGeraldeLicitaesestvoltadaaosentesqueintegramaestruturaburocrticadoEstado,poiscontmincontveisregrasqueenvolvemopoderextroversodecorrentedasupremaciadointeressepblicosobreoprivadoedaindisponibilidadedosinteressespblicos.

    Aindaqueseentendaqueasentidadesdoterceirosetorestarosubmetidasapenasaregrascabveisdalei,deseperquirirquaisseriamtaisregras,jqueaconcepodaleiestvoltadaaosentesestatais.Hqueseponderar,porexemplo,sepoderiamelasaplicarsanes,declararinidoneidadedolicitante,proibirdecontratarcomaadministrao,fiscalizar,rescindirealterarajustesdeformaunilateral.Eaindanumcontedodeindagao,dentrodeumrolbastanteamplodedvidas,seestariamestendidasaoterceirosetorasregrasvoltadasadministraoindireta,aexemplodoqueocorrecomoestabelecidonopargrafonicodoartigo24daLein 8.666/93, que altera os percentuais paraadispensadelicitaopelovalor.

    5ConclusesAsentidadesdoterceirosetorassumemrelevnciacadavezmaior,emdecorrnciadaampliaodoespaoporelasocupadonodesempenhodasatividadesdeinteressepblicorelevante,masoordenamentojurdicoptrioseressentedaexistnciadenormasreguladoras,situaoqueremeteurgentenecessidadedoestabelecimentodeummarcoregulatrio.

    I.

    II.Nohumaterminologiauniformeparaoadequadoenquadramentodasentidadesqueintegramoterceirosetor,masapenasapresenadetraosquefazemcomquesesubsumamaocontedodoconceito,sendogenericamenteosseguintes:entidadesparticulares,regidaspeloregimededireitoprivadoequedesempenhamatividadesdeinteressepblicorelevanteemcolaboraocomoEstado,dequemrecebemincentivos.

    III.Porreceberemrepassesderecursospblicos,asentidadesdoterceirosetorestosujeitasaocontrolepelaadministraorepassadoraepeloTribunaldeContas,quepropugnamos seja exercido em tempo real.

    IV.Pordesempenharematividadesquenoseenquadramnoconceitodeserviopblico,enquantoatividadeexclusivadoEstadoetampoucoexploraremaatividadeeconmicareservada aos particulares, situam-senoespaopbliconoestatal,sendoseuregimeprivadoparcialmentederrogadopeloregimededireitopblico,concebendo-se a existnciadeumregimejurdicohbrido,queafastaaincidnciaplenadosprincpiosdaatividadeeconmica.

    V.Aquestorelacionadaaosprocedimentosparaacelebraodosvariadosajustesentreopoderpblicoeasentidadesdoterceirosetordeveserrepensada,considerando-se aampliaodoespaoocupadoporessasentidadeseainegvelexistnciadedisputa,deformaquedevemserestabelecidasformasquepermitamaigualdadeentreconcorrenteseestabeleamcritriosobjetivosdeescolha.

    VI.NoquedizrespeitorealizaodedespesaspelasentidadesdoterceirosetorcomrecursostransferidospelaUnio,estoasmesmassubmetidaslicitaonostermosdaLei n 8.666/93 e da Lei n 10.520/02,porforadeatosinfralegais,comoaINn 01/97, alterada pela IN n 03/03, e o Decreto Federal n 5.504/05.

    VII.Tendoemvistaoordenamentojurdicovigente,mormenteosartigos22,incisoXXVII,e37,incisoXXI,daConstituioFederal,eoartigo1, pargrafonico,daLeiFederal n 8.666/93,novislumbramosnalegislaoptriaabrigoparaasdisposiesestabelecidasnosatosinfralegaisquesubmetemasentidadesdoterceirosetoraoprocedimentolicitatrionostermosdaLeiGeraldeLicitaes.

    Abstract:The aim of this text focuses on the reflection upon the legal system which should incur in the management of the public resources that are transferred to entities belonging in the third sector, not only in relation to control, but above all, considering the use of funds, with a critical analysis on what has been established by Federal Decreed 5.504/2005 and on IN STN 01/97, altered by IN 03/03, which imposes on the third sector entities to submit to tender proceedings under the terms of Federal Law 8.666/93 and Federal Law 10.520/02.

    Keywords:Third sector. Private law system. Tender. Federal Law 8.666/93. Public resources.

    1 SUNDFLED, Carlos Ari. Direito administrativo ordenador.SoPaulo:Malheiros,1993.p.25.

    2 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella.ParceriasnaAdministraoPblica.5.ed.SoPaulo:Atlas,p.28.

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  • 3 Maria Silvia Zanella Di Pietro obra citada, p. 265-266.

    4 Organizaessociais.Cadernos Mare da Reforma do Estado,Braslia,1997,p.9."Umoutroprocessoqueseinserenoquadromencionadoacimaomovimentoemdireoaosetorpbliconoestatal,nosentidoderesponsabilizar-sepelaexecuodeserviosquenoenvolvemoexercciodopoderdeEstado,masdevemsersubsidiadospeloEstado,comoocasodeserviosdeeducao,sade,culturaepesquisacientfica.Chamaremosaesseprocessode"publicizao".Pormeiodeumprogramadepublicizao,transfere-separaosetorpblicono-estatal,odenominadoterceirosetor,aproduodosservioscompetitivosounoexclusivosdoEstado,estabelecendo-se um sistema de parceria entre Estado e sociedade para seu financiamento e controle."

    5 Maria Sylvia Zanella Di Pietro obra citada, p. 265.

    6 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo.14.ed.SoPaulo:Atlas,p.414.

    7 PauloModesto.PaineldeDebatesnasJornadasdeEstudosNDJdeDireitoAdministrativo,realizadonodia17deoutubrode2005,emSoPaulo-SP, publicado no Boletim de Direito Municipal BDM, p. 8, jan. 2006.

    8 Paulo Modesto. Obra citada. p. 10.

    9 GustavoHenriqueJustinodeOliveira.OrganizaesdaSociedadeCivildeInteressePblico:termodeparceriaelicitao.IDPBInstitutodeDireitoPblicodaBahia.Revista EletrnicaSobreaReformaDoEstado, Salvador, n. 2, p. 7, jun./ago. 2005.

    1 0Acrdon 1.777-43/05-P.TribunaldeContasdaUnio.Atan 43/2005-Plenrio.Sesso09.11.2005.DOU,p.0,22nov.2005.MinistroRelatorMarcosViniciusVilaa.

    1 1Decison 931/1999-Plenrio.Processon 014.334/1999-2.TribunaldeContasdaUnio.EstudosrealizadosporGrupodeTrabalhocomafinalidadedeexaminaroalcancedasdisposiesdaLeidasOrganizaesdaSociedadeCivildeInteressePblicoLein 9.790/99 nas atividades de controle do TCU.

    1 2TRIBUNALDECONTASDOESTADODESOPAULO.Manualbsico:repassespblicosaoterceirosetor.jul.2004.p.61.

    1 3 Curso de direito administrativo.19.ed.SoPaulo:Malheiros,2005.p.626.

    1 4Aquestorelacionadaaosestatutosprpriosaindaobjetodeincontveisceleumas,sobretudo,porquealeiaqueserefereodispositivoconstitucionalnofoieditadaathoje,demodoqueoentendimentopredominantesednosentidodeque,enquantonopromulgadaalei,estarotaisentessubmetidossnormasdaLein 8.666/93.

    1 5EmdecisoproferidanosautosdeMedidaCautelarnoMandadodeSeguranan 25.888/DFimpetradopelaPetrobrascontradecisodoTCUquedeterminousuasubmissoLei n 8.666/93,oMinistroGilmarMendesreconheceuemsededeliminarqueosprocedimentosdecontrataodaimpetranteestosubmetidosaoRegulamentodeProcedimento Simplificado aprovado pelo Decreto Federal n 2.745/98, com lastro na Lei n 9.478/97.

    1 6Recentemente,em09.07.07,outradecisofoiproferidanomesmosentido,pelaPresidentedoSupremoTribunalFederal,MinistraEllenGracie,que,igualmente,deferiuliminar requerida pela Petrobras, nos MS n 26.783contraatodoTribunaldeContasdaUnio,quedeterminouaobservnciadaLeiGeraldeLicitaes,determinandoqueaempresaseabstivessedeaplicarprocedimentolicitatriosimplificado.AMinistraentendeupresenteaplausabilidadejurdicadopedido,apontando,entreoutros,oprecedente,"absolutamenteidntico",aestecaso,noqualoMinistroGilmarMendesponderouqueadeterminaodoTCUparaqueaPetrobrascumprisseasexignciasdaLeideLicitaesparecia"estaremconfrontocomasnormasconstitucionais",mormenteasquetraduzemoprincpiodalegalidade,asquedelimitamascompetnciasdoTCU,assimcomoaquelasqueconformamoregimedeexploraodaatividadeeconmicadopetrleo.

    1 7 Obra citada, p. 193.

    1 8 Curso de direito administrativo.6.ed.SoPaulo:Malheiros,p.117.

    1 9Noentanto,orelatriodoMinistroRelatorMarcosViniciusVilaa,nosautosdoAC-1777-43/05-P,nosdumpanoramadiferenteaoafirmaraeficciadoscontrolesrealizadosnosconvnios,noseguintesentido:"CumpreassinalarqueaexistnciadosatuaiscontrolessobreosconvniospermiteaoTCUimputarresponsabilidadesemmontantesignificativoporirregularidadesnasuaexecuo.Porexemploconsiderando-seascondenaesimpostaspeloTCUem1998,anoanteriorLein 9.970/99, verifica-se que as irregularidadesdetectadasemconvniosabrangem71%daquantidadefsicadeprocessos68%dototalderesponsveiscondenadose64%dovalortotaldosdbitosapuradosemultasimputadas,somandomaisde28,5milhesdeUFIR's.Assim,conclui-seque,naqueleano,irregularidadesemconvnioscausaram2/3dasresponsabilizaesfeitaspeloTCU".

    2 0OMinistriodaFazenda,atravsdaSecretariadoTesouroNacional,procedeualteraomencionadaemdecorrnciadoAcrdon 1.070 proferido pelo TCU em 06.08.03. Referidoacrdo,aoexaminaroprocedimentoadotadoporentidadeprivadaparaaplicaoderecursospblicosrepassadosmedianteconvnio,trouxeampladiscussosobreaobrigatoriedadeounodeosentesprivadossesubmeteremLein 8.666/93, sendo que o voto do Ministro Relator (Ubiratan Aguiar) deu-se no sentido de que as entidades privadas,nessasituao,estoobrigadasarealizarcertamelicitatrionostermosdaleifederal,sendoestaanicaformadedar-se atendimento ao estabelecido no artigo 37, incisoXXI,daCartaMagna,porqueaslicitaespblicasspodemserfeitasnostermosdalei.Paraexplicitaraceleumageradaemtornodoassunto,consta,emdeclaraodevotovencido,divergncianosentidodequeoexercciodasprerrogativasdaLein 8.666/93incabvelaosentesprivadose,seassimfosse,somentepoderiaserfeitoatravsdelei,nosepodendoexigirqueosentesprivadosquerecebemrepassesdeverbaspblicassesubmetamLein 8.666/93,considerandofelizaredaodoartigo27daINSTN n 01/97,quandoexplicitouqueoconvenenteestarsujeitoapenasaprocedimentosanlogosaodaLeiGeraldeLicitaes.Oacrdo,porm,acolheuovotodorelatoredeterminouqueaSecretariadoTesouroNacionalprocedesseadequaodopargrafonicodoartigo27daIN/STNn 01/97,paraexigiraadoodaLein 8.666/93 para a realizaodelicitaopelaentidadeconvenente...

    2 1TCU.Acrdon 1.777/2005-Plenrio.Processon 008.011/2003-5.MinistroRelatorMarcosViniciusVilaa.Sesso09.11.2005.DOU, 22 nov. 2005.

    2 2TCU.Acrdon 1.777/2005-Plenrio.Processon 008.011/2003-5.MinistroRelatorMarcosViniciusVilaa.Sesso09.11.2005.DOU, 22 nov. 2005. p. 64.

    2 3NaDecison 907/97PlenrioAtan 53,entendeuaquelaCortedeContasqueosserviossociaisautnomos,comoentesdecooperao,espciesdogneroentidadesparaestatais,noestaroobrigadosalicitaoprviaparaassuasobras,servios,comprasealienaes,porquantooDecreton 200/67aimpeunicamenteadministraodiretaesautarquias(art.125).EntendiaoTCU,tambmnavignciadoDL2.300/86,queessasentidadesestavamsujeitasaessediplomaesuasalteraes,atqueeditassemregulamentosprpriosdelicitao.ComaediodaLein 8.666/93,oentendimentonosealterou.

    2 4 OSCIPSelicitao:ilegalidadedodecreton 5.504,de05.08.05.ParecerpublicadonositeoficialZniteInformaoeConsultoria.

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