UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDESPRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAISPROJETO A VEZ DO MESTRE
MÚSICA COMO QUALIDADE DE VIDAUMA NOVA PROPOSTA NA SAÚDE MENTAL
PORANA LUCIA FEITOSA BELEM
RIO DE JANEIRO/FEVEREIRO 2002
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDESPRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAISPROJETO A VEZ DO MESTRE
MÚSICA COMO QUALIDADE DE VIDAUMA NOVA PROPOSTA NA SAÚDE MENTAL
POR ANA LUCIA FEITOSA BELEM
ORIENTADORANTONIO FERNANDO VIEIRA NEY
TRABALHO MONOGRÁFICOAPRESENTADO COMO REQUISITOPARCIAL PARA OBTENÇÃO DOGRAU DE ESPECIALISTA EMTERAPIA DE FAMÍLIA
RIO DE JANEIRO/FEVEREIRO 2002
AGRADECIMENTOS
• Ao Senhor Deus, pela oportunidade de vencer mais uma etapa a Ele toda honra eGlória;
• A minha família que nunca deixou de me apoiar, principalmente, minha mãe Luci,minha irmã Patrícia, minha avó Maura e o pequeno Bryan;
• A amiga Wânia, pela força que me deu durante todo curso;
• A professora Mary Sue pela atenção e carinho
• Aos profissionais participantes deste estudo que gentilmente contribuíram para oenriquecimento do mesmo
“Em tudo daí graçasporque esta é a vontade deDeus em Cristo Jesus paracom todos”. (Epístola deS. Paulo) I Tess. 5:18
SUMÁRIO
RESUMO.......................................................................................................04
INTRODUÇÃO.............................................................................................05
METODOLOGIA.........................................................................................07
CAPÍTULO I
1.1- A natureza da música e seus efeitos.............................................08
1.1.1- Efeitos Psicológicos........................................................................10
1.1.2- Efeitos Orgânicos...........................................................................14
1.1.3- O papel da música na prevenção de doenças..............................16
1.2- A música como qualidade de vida................................................20
1.2.1- Buscando o equilíbrio na música.................................................21
CONCLUSÃO...............................................................................................22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................23
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RESUMO
“Bom é louvar ao Senhor, e cantar louvores ao teu nome”...Sl. 92
“A única música verdadeira é a músicabela e nobre”
(RALPH VAUGHAM)
A análise da Literatura sobre música como qualidade de vida revela, que a
mesma possui condições suficientes para ser um instrumento terapêutico, no que diz
respeito ao alívio das tensões.
Os conflitos do dia-a-dia, assim como o “stress” colaboram para que o
indivíduo se torne cada vez mais afastado de si e longe de seu referencial enquanto pessoa.
Sob o ponto de vista de que educação é um processo que modifica o indivíduo, a música
pode ser um referencial positivo para tal afirmação.
Escutar um som é educar-se, é escutar-se por dentro. Neste caso, a música
não pode ser vista como uma substância ou matéria, mas como um instrumento provocador
de mudança. Ouvir com o corpo, com a alma, é mudar, é reconstruir novas idéias, novos
pensamentos. Sendo assim, um ponto de partida para promover saúde mental na sua
totalidade.
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INTRODUÇÃO
“Ser é cantar ou ter cantado” Canto Ergo Sun
A música é antiga como a humanidade, ela sempre ocupou um lugar de
destaque entre os povos, pois sua linguagem é universal. Seu valor é imensurável, atua
como um feitiço, pois possui um efeito que desperta os mais nobres sentimentos até o
desencadeamento dos mais baixos instintos. Possui características próprias. Pode ao
mesmo tempo exteriorizar o júbilo; a tristeza; o amor; a crença e a vontade. Música é vida,
é emoção; é movimento, é sentimento, é mudança.
Na história do início da criação, ela aparece com um homem chamado Jubal,
morador da rústica tenda com pele de animais, podia-se ouvir ao longe o som extraído de
sua flauta e harpa. Na religião, ela aparece como que educadora. Os sacerdotes celtas a
utilizavam para abrandar os costumes selvagens. Para o povo judeu, a música era como
um deus, já que não podiam representar o Deus de Israel através da escultura e pintura,
concentravam-se toda a força criadora na poesia e na música, aumentando a beleza de sua
cultura.
Não existe sequer uma partícula da essência do ser humano ou da vida, que
escape da influência da música. O Cosmos e a natureza estão cheios de sons, para serem
ouvidos e explorados.
Todos os seres humanos nascem com capacidade musical, voz e ouvido e
cada um a utiliza conforme seu temperamento, educação, cultura, raça e época.
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A música também funciona como instrumento para promover saúde mental,
pois atua diretamente no sistema nervoso, a energia advinda dela e a força vibratória do
som, podem provocar respostas psicológicas satisfatórias para estabelecer um ambiente
propício facilitando o processo curativo e bem estar.
No passado, os gregos descobriram este caminho, através de civilizações
anteriores, utilizavam a música como tratamento, era uma espécie de remédio para a alma,
criam que tocando a alma com o som, o corpo era livre das doenças.
Hoje havendo passado milhares de anos a teoria fortificou-se ainda mais,
estudos incansáveis, conseguiram provar que os gregos estavam certos. A música pode ser
aplicada para ação terapêutica.
Nos Estados Unidos o centro médico Kaiser utiliza a música como
tranqüilizante, os pacientes ouvem, selecionam as músicas clássicas e atingem um grau de
relaxamento. Em vários relatos destes médicos e enfermeiras, vítimas de derrame. Eles
conseguiram recuperar a fala. A música reduz o “stress” e traz uma profunda calma ao
espírito.
A musicoterapia trouxe uma grande contribuição para esta área. Os
profissionais utilizam especialidades tais como a música, o som, o silêncio, os
instrumentos musicais para provocar respostas positivas. O profissional musicoterapeuta
intui, propõe, intervém, instala modelos, acompanha o indivíduo a cada momento.
A música tem como finalidade, provocar idéias e pensamentos novos,
aumentar a memória, reduzir o “stress” e melhorar a qualidade de vida.
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METODOLOGIA
“...O coro invisível, cuja música é a alegria do mundo.”(FRIEDERICK DELIUS – COMPOSITOR)
O estudo foi desenvolvido através de uma abordagem no modelo de
pesquisa teórica. Embora tenha a finalidade de estabelecer soluções práticas, para tal
problema, o trabalho pretende colaborar a partir de uma atuação teórico-prática no campo
de atuação alternativa e profissional de a saúde mental.
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CAPÍTULO I
1.1 A NATUREZA DA MÚSICA E SEUS EFEITOS
“A música é um clamor da alma”(FRIEDERICK DELIUS – compositor)
O homem, em especial, sempre se voltou para a beleza da boa música, como fonte
de bálsamo e alegre inspiração moral. Uma boa companheira para todas as horas, já dizia o cantor e
compositor Gonzaguinha, “cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”.
Uma música surge quando surge o som. O homem nasceu um mundo repleto de
sons. E utilizou-se de sua sabedoria e inteligência para compô-la em suas diversas facetas. Afirma
Martin Claret:
“Como terá sido a música? Não sabemos. Foi música por música, música pradivertir, distrair e alegrar? Ou foi servidora de uma idéia elevada ou, de umfim materialista”. (CLARET, 1997,14)
O homem primitivo dispunha de poucas palavras, para exprimir seus
sentimentos, ele se utilizava do som, que o ajudava a exteriorizar a alegria, o amor, a
tristeza, a conquista.
Nesse meio incansável e ilimitado, surgiu a música como fonte de
inspiração.
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A beleza da música irá aparecer em diversas facetas, bem como em diversos
povos, com culturas diferentes.
Cantavam os sacerdotes nos templos; acompanhavam os escravos no Egito;
na construção das pirâmides; música babilônica; música dos judeus; música dos gregos, dos
assírios. Música como cultura. Afirma Martin Claret:
“Também nos ensinamentos do grande Confúncio desempenhava ela naeducação e na moral, papel predominante, para ele a música era uma forçageratriz de cultura; ocupava-se extraordinariamente com ela, colecionavanovas melodias e compunha novas”. (CLARET, 1997,17)
A música não é como a poesia ou a pintura, que vivem um momento e
desaparecem. E uma vez desaparecida ninguém pode concretizá-la. Os povos antigos
acreditavam que a música exercia alguma influência sobre as pessoas.
Os gregos a utilizavam como bálsamo para a alma. Explica o
musicoterapeuta Fregtman:
“È fundamental falar, não apenas do elemento material usado para provocar osom como de sua significação, mas também do complemento fundamental noâmbito do fenômeno, aquele que o executa, seja para fins de relaxamento, deação mágica, ou mais tarde, de simples prazer, cantar e tocar são expressõesincontestáveis de inquietações interiores e cada membro da tribo temigualdade de direitos e a mesma capacidade para fazê-lo.”(FREGTMAN, 1989,36)
A música possui determinados fins, pode mudar nosso estado de espírito e
elevar as alturas espirituais, os sons diários também afetam, podem fazer rir ou chorar. Em
determinadas ocasiões, pode despertar um sentimento cívico, lembrar de momentos alegres
ou indesejados. Não importa para aonde deseja ir, qual o objetivo ou rumo que irá tomar,
importa saber que sua influência transcende, avança para atingir um determinado fim.
“...cantar é mover o dom no fundo de uma paixão” (DJAVAN)
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O Dr. John Diamond comenta a importância do papel que representam o
som e a música na vida do ser humano. Dr. John é um terapeuta, conhecido no campo da
cinesiologia do comportamento.
“Podemos nos revigorar, ficar cheios de energia e equilíbrio quandocircundado pelos sons adequados. Demonstrou-se clinicamente que a músicacontribui para a nossa saúde e para o nosso bem-estar. A música, então poderepresentar uma parte importante do nosso programa básico de prevenção dadoença no nível pré-físico de desequilíbrio energético”. (LINGERMAN, 3, 83)
Alguns psicanalistas afirmam que a música possui uma essência, o fato de
que ela proporcione a cada pessoa a oportunidade de projetar suas experiências particulares
através de suas próprias imagens pessoais. Karlhein compositor da música contemporânea
afirma:
“A música percebida pelos homens é uma música humana, para que elespossam perceber a dos átomos, das estrelas, dos animais essa música deve sertransformada. O essencial em minha opinião, é que a música é um meio doespírito, o meio mais sutil, já que penetra nos próprios átomos do homem,através de toda a pele, do corpo inteiro. Ela é um meio mais importante decolocar o homem em contato com o seu procriador”. (FREGTMAN,1989,34).
1.1.1 EFEITOS PSICOLÓGICOS
“O homem compõe a músicaA música compõe o homem”
GREGÓRIO JOSÉ)
Nenhum ser humano ou ser vivo está imune aos efeitos que a música exerce.
Ela interfere em tudo. Interfere na digestão, na produção de secreções, na circulação, nas
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batidas cardíacas, na respiração etc. E principalmente em todas as emoções. Afirma o
maestro Gregório José:
“A vibração sonora e musical, sendo produzida por um corpo constituídosegundo certas características harmoniosas (o instrumento musical) emite umpadrão harmonioso para o ambiente, denominado música”.Por causa de suas características de ter uma emanação (vibraçãoharmoniosa), a música estimula em particular aquela parte dentre os aspectoshumanos que é também emanação, denominada emoção”. (GREGÓRIOJOSÉ, 1997,21)
Partindo desse princípio entende-se que a vibração sonora modifica o estado
emocional por meio de modificações do corpo físico.
O estado físico e emocional, por ressonância como que tomando a forma da
sonoridade, experimentando o conteúdo emotivo presente da música. A emotivação
emanada da música dá um novo timbre emociona à pessoa.
O estado físico e emocional de uma pessoa é formado pelo conjunto de
situações e percepções a que ela está submetida, tanto internas como externas. São
pensamentos diversos, estados orgânicos variados, circunstâncias diversas que apontam
para diferentes direções sem uma harmonia. O maestro Gregório afirma:
“Faz-se necessário encontrar um modo de harmonizar as experiênciassensoriais para ao menos, por alguns momentos, nos envolvermos por inteiroem uma experiência que conduza o estado físico emocional a um estadoharmonioso.” (GREGÓRIO JOSÉ, 1997,22)
A música fará essa harmonia, ela por sua vez exerce esse efeito psicológico.
“Há toda uma ciência das vibrações fundamentando a música, ondeproporções naturalmente a fins entre padrões vibratórios são respeitadas”.(GREGÓRIO JOSÉ, 1997, 23)
As vibrações fazem nascer os sons e por conseguinte a música. Ao se ouvir
uma música, a membrana auditiva e o corpo físico atuarão como ressoadores da vibração
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sonora. Por causa dessa vibração, o estado emocional é imediatamente alterado quando
ouvimos uma música clássica, por exemplo, seus efeitos parecem atuar como relaxante.
“O que importa não é discuti-la intelectualmente, mas sentir atuante chamainterior de devoção e identificar-se com ela com o corpo e com a alma”(CLARET, 1997, 99)
Afirma maestro Gregório José em seu livro:
“A música como em nenhuma outra arte, é capaz de atuar sobre o ser humanomodificando seu padrão emocional e vibracional”.(GREGÓRIO JOSÉ,1997, 26)
Ela é capaz de mover e transformar sentimentos interiores de acordo com as
palavras de Monte Verde: “A fidelidade de toda a boa música é afetar a alma”. (CLARET,
1997, 102).
Haja vista que a maioria das igrejas protestantes principalmente no Brasil
utiliza-se da música como instrumento de apelo ao arrependimento. Neste caso, a música
funciona como o que os evangélicos chamam de “louvor que liberta”, o pecador ouve a
mensagem da salvação através da música e se converte ao cristianismo, deixando a vida
mundana de lado. Quando se ouve uma música que agrada, ela tem o poder de acalmar,
trazendo paz de espírito, é capaz de fazer o ouvinte lembrar de fatos tristes ou alegres,,
dependendo do estado emocional em que ela esteja vivendo naquele momento.
Qualquer coisa que vibra produz som audível altera ou não o ambiente, cria
ondas periódicas, o ambiente alterado pode ser o tecido do corpo humano.
“A música pode ser calmante ou revigorante, enobrecedora ou vulgarizadora,filosófica ou orgíaca tanto pelo poderes para o mal, quanto para o bem”.(CLARET, 1997, 103)
Um estudo feito sobre o efeito do “Rock” observou-se resultados alarmantes
de violência e desordem. A observação foi feita durante um festival de “Rock” de
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Altamonti, no ano de 1969, quando o grupo “Roling Stones”, tocava a canção “Sympaty
for the Devil” (Guarda-costa/Anjos do inferno) num aceso de fúria inexplicável, os músicos
atacaram o público com violência, pessoas ficaram feridas, outras morreram. O cantor
Mick Jagger afirmou na época: “coisas assim acontecem todas as vezes que toco essa
canção”. São conhecidas como músicas ocultas.
Não se pode duvidar do efeito que a música exerce sobre o homem.
Pesquisadores da Califórnia focalizaram a música clássica como foco, afirmando ser
adequada para obter respostas desejadas, como por exemplo, para um total relaxamento do
corpo.
Um ritmo diferente no Brasil que tem crescido quantitativamente é o famoso
“Funk”, suas músicas possuem letras carregadas de palavrões e um português xulo.
Considerado hoje, o ritmo do momento, atrai pessoas de diversas idades, Seu ritmo é
repetitivo acompanhado de coreografias sensuais e o corpo é o instrumento de sedução e
vulgaridade, algumas trazem gestos obscenos. Sua força é tão penetrante que muitos
esperam o momento inicial da música para extravasar suas emoções provocando brigas e
confusões. Como a música é um meio não verbal de comunicação, ela pode ajudar a pessoa
a liberar sentimentos há muito reprimidos. Daí o crescente número de meninas grávidas
precocemente, nos bailes. Conseqüências maléficas que podem ser consideradas
irreversíveis.
“Vários tipos de música podem produzir, também, diferentes experiênciasemocionais, amor romântico, rebelião, sentimentos religiosos, patrióticos,também codificam tais sentimentos e suas várias tonalidades um estilo demúsica que agora ouvimos antes e agora pela primeira vez, pode abrir nossasmentes para um sentimento ou um modo de enxergar o mundo inteiramentenovos”. (CLARET, 1997, 96)
Comentou Shadespeare:
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“A música com seu doce e esquecedor antídoto, limpa o seio de todas asmatérias perigosas que pesam sobre o coração”.
1.1.2 EFEITOS ORGÂNICOS
“Os sons favorecem a emergência de formas presentes nocorpo”
( FREGTMAN)
Comprovações científicas revelam que a música, ou seja, a vibração sonora
modifica o estado emocional, por meio de transformações associadas ao estado do corpo
físico, tais transformações, estão associadas à mudança fisiológicas e neurológicas.
O pesquisador Peter Nathan descreve este processo: “Quando ouvimos
música, provavelmente algo assim acontece: A massa entrante selecionada de som, passa
das áreas receptoras auditivas primárias para as áreas sensoriais, adquirindo sentido
musical na área parassensorial direita ou na região vizinha. Os impulsos nervosos também
são enviados para uma parte do lóbulo temporal esquerdo, setor essencial para a elaboração
de conceitos e para o pensamento, sem isso, talvez a música fosse apenas uma massa de
sons desprovida de forma e de significado musical, os impulsos nervosos também são
aquelas partes dos lóbulos temporais em que são experimentadas as emoções.” (CLARET,
1997, 38).
Atuando a música sobre o corpo, ele afirma os efeitos orgânicos como:
aumenta o metabolismo; aumenta ou diminui energia muscular; acelera a respiração e
diminui sua regularidade, produz um efeito marcado, mas variável no volume do sangue,
pulso e pressão sangüinea, diminui a abertura para estímulos sensoriais de modo diferente.
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O corpo responde naturalmente ao ouvir uma música, o estímulo musical é
apreendido e assimilado em nível celular. No caso de ouvir um “rock” pesado, o barulho
súbito atinge o ouvido humano, o coração bate mais rapidamente, os vasos sangüineos se
constringem, as pupilas se dilatam, o estômago, esôfago e intestinos são tomados de
espasmo. Todo esse metabolismo pode ser provocado por uma música, resultado do efeito
que atua no organismo.
Os musicoterapeutas afirmam que quando as partes do corpo estão em
ressonância com a música, o corpo não precisa ser forçado a trabalhar, age sem esforço.
Numa música clássica, por exemplo, a respiração se acalma, o ritmo cardíaco torna-se mais
regular. A atividade mental decresce, daí ocorre o relaxamento.
“O corpo, até onde podemos verificar, parece adquirir aptidão para expressarsua própria natureza e harmonia interna”. (FREGTMAN, 1989,30)
Estudos comprovaram que o efeito da música não só atinge o organismo
humano, mas os seres vivos em geral.
O Dr. T. C. Singh, chefe do Departamento de Botânica da Universidade de
Annamalia, na Índia, dirigiu sua pesquisa sobre os efeitos da música nas plantas, descobriu
que a exposição de músicas clássicas fez as plantas crescerem duas vezes mais depressa do
que normalmente crescem. Averiguou que as ondas sonoras de um instrumento musical
provocaram aumento de movimento do protoplasma celular, o protoplasma é o material
básico de que é feita a vida de todas as plantas, animais e seres humanos. Nos experimentos
do Dr. Singh, verificou-se que o violino, dentre todos os instrumentos, é o que mais
intensifica a vida. Descobriu-se que plantas estimuladas musicalmente eram portadoras de
traços aprimorados, tamanho maior, maior número de folhas. O mesmo efeito pode resultar
da música considerada violenta.
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O corpo que mais do que qualquer coisa estar em equilíbrio, ser curado, para
ele uma pequena ajuda sonora terá um grande efeito.
“Quando um corpo vibrante emite som, há energia posta em movimento, eleemite a energia. Os corpos e os instrumentos de música constituem emissoresde energia.” .(FREGTMAM, 1989, 56)
Como os sons são dinamogênicos, usados erroneamente podem até encurtar
a vida.
O importante é saber distinguir os tipos de músicas, que se ouve, o que ela
provoca, se a pessoa ao ouvir sente-se mais forte, ou violento, zangado, irrequieto,
contrariado ou feliz.
O corpo físico é o templo terreno da alma é importante que se cuide bem do
corpo de todas as maneiras possíveis, como se vestir, se alimentar, repousar. Assim é a
música, usada adequadamente ela purifica e fornece energia para que esse veículo que é o
corpo físico funcione bem.
1.1.3 O PAPEL DA MÚSICA NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS
“Toda doença é um problema musical”(NOVALIS)
No século VI a.c acreditava-se que a música e a dieta alimentar eram os
dois principais meios de manter o corpo e a alma limpos e em harmonia. Anos depois, a
medicina, juntamente com a música estiveram intimamente ligadas. Quando a Igreja
Católica assumiu os cuidados aos doentes, utilizava-se dos cânticos e as orações, e isso
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funcionava como terapia. As escrituras sagradas revelam histórias fascinantes relacionadas
a música e a saúde. O povo judeu aprendeu a relacionar-se com o Deus de Israel, através da
música, conta que o rei Saul vivia sendo atormentado por um espírito maligno, certa vez
mandaram chamar um jovem de nome Davi, que tocava harpa, este, ao dedilhar nas cordas
de seu instrumento, conseguiu aliviar os tormentos do rei. “...Davi tomou uma harpa e
tocou com sua mão e Saul sentiu-se revigorado, ficou bom, e o espírito o deixou.” (I
Samuel, 16:23)
Hoje o conceito de música como terapia tem recebido grande credibilidade.
A utilização da música com fins terapêuticos tem aumentado grandemente. “A música
usada adequadamente, pode muitas vezes facilitar a cura, embora a forma real possa variar
consideravelmente.”(CLARET,1997, 69).
Foi comprovado cientificamente que recém-nascidos que são colocados em
berçários com música clássica ambiente possuem mais probabilidade de crescerem calmos
e tranqüilos.
Definem os musicoterapeutas o objetivo principal consiste num tratamento
onde o terapeuta usa a música como instrumento ou meio de expressão a fim de iniciar
alguma mudança ou processo de crescimento direcionado ao bem-estar pessoal, adaptação
social e crescimento adicional.
Examinando a história da musicoterapia, numa visão geral do papel da
música em relação à saúde e doença, verificam-se alguns conceitos interessantes. A música
era vista como um “reforçador usual da mente”. A história era baseada num modelo-
médico, com um cunho pré-científico, onde a doença era causada por um “verme” ou um
animal que entrava no corpo (conceitos encontrados na Grécia antiga). As doenças eram
consideradas como um objeto que desarmonizava a mente e o corpo. Nessa visão, a teoria
para a cura, era que a música restaurava e trazia harmonia interna. Mais tarde, no século
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XVII a filosofia de Descartes acrescentada à teoria do afeto estabeleceram as bases para
fortalecer a teoria da musicoterapia.
Na teoria do afeto, a música era a base para reproduzir emoções, a partir daí
observou-se que através dos intervalos da música, provocava-se contrações, expansão o
“spiritus animale” do corpo. Em outras palavras, os intervalos influenciavam de maneira
direta o estado da mente,
Explica os musicoterapeutas, que a saúde não é apenas uma questão
biológica, ou ausência de doença, mas está intrinsecamente ligada aos aspectos sociais,
econômicos e emocionais do ser humano.
“Uma maneira de preservar a complexidade da questão da influência damúsica sobre o homem, e a utilização dessa influência num discursoterapêutico, pode ser possível ajudar a música a atuar de maneira maisprofilática”. (RUDD, 1990, 18).
Uma das teorias apresentadas para explicar como a música alcança a vida
mental, é chamada; “Teoria do Tálamo”.
Hilgard (1967) descreve: “Essa teoria afirma que os impulsos chegam a
partir do evento (a música), executa a emoção. Ela é filtrada através do tálamo, os impulsos
se dirigem para o córtex, onde os aspectos intelectuais se integram, quanto para as víscera e
musculaturas”. (RUDD, 1990, 29).
Baseado nessa afirmação o musicoterapeuta Even Rudd comenta, “o tálamo
tem capacidade de ser atingido pela música ante de outros centros cerebrais”.
Muitas pessoas ao passarem pelas sessões de musicoterapia, imaginam que
seus músculos tensos, retesados ou doloridos estão sendo massageados pelas próprias
ondas sonoras. Uma música instrumental calma, pode promover uma reação agradável ao
corpo, aliviando as tensões do mesmo. A melodia relaxa o sistema nervoso, o corpo maneja
o fluxo de energia numa maior eficácia do que uma música com forte padrão rítmico.
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Algumas pessoas conseguiram aliviar dores de cabeça, sem tomar medicamentos, apenas
concentrando-se totalmente na música.
Num estudo feito no “Instituto para Conscientização e Música”, por Helen
L. Bonny, musicoterapeuta, criou-se a música “RX”, um programa para trabalhar em
hospitais no qual utilizava-se de músicas clássicas como, Bach, Haydin, Mozart etc. Para
trabalhar a redução do “stress”, eram colocados fones nos ouvidos durante os atendimentos
e nas salas de espera. Os resultados foram surpreendentes, os pacientes apresentavam
melhora em seus quadros. Os índices psicológicos mostraram efeitos positivos na
diminuição da depressão e ansiedade, bem como no alívio da dor, este experimento se
estendeu a pacientes infartados, vítimas de câncer, pacientes psiquiátricos e viciados em
drogas.
“A terapia por música é útil para sumarizar a vida e preparar para a morte,ajuda também as pessoas a suportarem a dor de perder um ente querido.”(CLARET, 1989, 71)
Os ambientes como salas de espera, pátios de presídios, escritórios, lojas etc
se tornam agradáveis com o uso da música ambiental. Observou-se a redução do “stress”
numa loja de grande porte, onde a fila para o caixa de pagamento era imensa, para distrair
e reduzir a insatisfação da demora, o dono da loja colocou uma televisão com vídeo de
música “Pop”, o resultado foi satisfatório e o clima se tornou menos angustiante e até
agradável.
Em Los Angeles, Estados Unidos, existe um sistema de centro médico que
utiliza a música como calmante, o centro médico é chamado Centro Médico Kaiser. Alguns
médicos chegam a receitar fitas cassetes para seus pacientes ouvirem, em lugar dos
analgésicos e tranqüilizantes. Dr. William e Gladys McGorey relatam: “ A música auxilia
na recuperação do corpo humano”. (CLARET, 1989,68).
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A partir dessas evidências os musicoterapeutas defendem a música numa
nova proposta de promover a saúde mental.
“Os trabalhos com ritmos e melodias transitam os caminhos da mente deforma muito diferente, permitindo que as pessoas agucem sua atenção, suamemória, agilizem sua capacidade de resposta etc. Uma forma de resgatar asaúde física , mental e emocional.” (MAESTRO FRAUTANTÔNIO DEOLIVEIRA)
Numa recente pesquisa feita no Hospital de São Paulo, Instituto do Coração
(INCOR) descobriu-se que a melhor maneira de tratar pacientes infartados era o uso da
musicoterapia. A técnica usada, era o som para combater “stress”, ansiedade, depressão etc.
Afirma a professora Lígia Nacarelli: “Os sons estimulam a liberação da serotonina um
neurotransmissor envolvido nas sensações de prazer e relaxamento” (ISTO É, 1999, 46).
1.2 – A MÚSICA COMO QUALIDADE DE VIDA
O século XXI está sobrevivendo aos mais variados níveis de “ruídos” na
sociedade, tais como: insegurança, violência urbana, abandono, desemprego, desagregação
familiar etc.
Enquanto o mundo emite esses “ruídos” o homem “desafina” e adoece. Para
isso comenta a Educadora Ivone Boechat: “ O homem conquistou tudo o que sonhou e
vive assustado com a dimensão da própria obra”. (BOECHAT, 2001, 44).
O desafino do homem refletiu em diversas doenças emocionais,
desequilibrando seu sistema imunológico, deixando-o vulnerável. Martin Claret aborda:
“Uma das razões pelas quais as pessoas raramente percebem que foram postas fora de
sintonia, é o fato de não terem experimentado a sensação de estar em sintonia ou afinadas”
(CLARET, 1997, 63).
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1.2.1 BUSCANDO O EQUILÍBRIO NA MÚSICA
Atitudes extremas do dia-a-dia precisam ser aliviadas pela introdução de
maior relaxamento. O musicoterapeuta Gregório José trata da relação da música clássica
com os quatro elementos: fogo, terra, ar e água, aos quais correspondem os quatro
temperamentos humanos.
“A música deve ser recuperada em sua função de formação do caráterhumano. Esta sempre foi sua principal função em todas as culturas...”(GREGÓRIO JOSÉ, 1997, 99)
A música ministrada na vida do indivíduo entrará como agente facilitador
que manterá o equilíbrio do mesmo.
“Este trabalho se ocupa do aspecto humano da música e sua utilização práticano bem-estar e no amadurecimento psicológico das pessoas”. (GREGÓRIOJOSÉ, 1997, 78)
O musicoterapeuta trabalha co músicas selecionadas para cada
temperamento. Comenta ele: “Isso deverá facilitar às pessoas encontrar composições de seu
agrado pessoal, fator não indispensável mas desejável para o trabalho de equilíbrio do
temperamento pela audição musical” . (GREGÓRIO JOSE, 1997, 81).
Notou-se através de pesquisas que o resultado fora positivo, pois o
importante não é ouvir as músicas clássicas como cultura, mas sim deixá-las entrar de um
modo a harmonizar-se a elas e encontrar o equilíbrio.
“Há um efeito regenerador em se colocar em contato com a manifestaçãomusical que retrata determinados estados emocionais.” (GREGÓRIO JOSÉ,1997, 98).
22
CONCLUSÃO
Fundamentando-se na constatação de que a demanda de atendimento a doençasemocionais e físicas, provocadas pela má qualidade de vida vem crescendosistematicamente, o presente trabalho pretendeu oferecer uma parcela de contribuição aesse processo, mediante a realização de uma pesquisa exploratória de cunho teórico e norelato de experiências com profissionais, obteve-se a seguinte conclusão: A música poderáser utilizada como referencial a fim de favorecer não só o bem estar físico e emocional,mas possui condições suficientes para proporcionar uma melhor qualidade de vida, taispráticas poderão ser aplicadas em instituições, escolas, hospitais empresas, consultóriosetc, visando favorecer sempre o crescimento do indivíduo em sua totalidade.
23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
CLARET, Martin. O poder da Música, São Paulo, 1990
Bíblia Sagrada
FREGTMAN, Carlos Daniel. Corpo, música e terapia, São Paulo, Cultrix, 1989.
Isto é. São Paulo, Editora Três, 1999.
JOURDAIN, Robert. Música, cérebro e êxtase. Como a música captura nossa
imaginação, São Paulo, Objetiva, 1997.
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OLIVEIRA, Ivone Boechat de. A família no século XXI, Rio de Janeiro, Gráfica e
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