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PUBLICAÇÃO OFICIAL DA MARINHA / Nº 490 / ANO XLIV NOVEMBRO 2014 / MENSAL / €1,50 ESCOLA NAVAL ENTREGA DE ESPADAS E JURAMENTO DE BANDEIRA A EUROPA, PORTUGAL E O MAR pág. 10 NRP FIGUEIRA DA FOZ OPERAÇÃO ÍNDALO 2014 pág. 6 TRIBUTO AO COMANDANTE ALPOIM CALVÃO pág. 18

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PUBLICAÇÃO OFICIAL DA MARINHA / Nº 490 / ANO XLIVNOVEMBRO 2014 / MENSAL / €1,50

ESCOLA NAVALENTREGA DE ESPADAS E JURAMENTO DE BANDEIRA

A EUROPA, PORTUGALE O MARpág. 10

NRP FIGUEIRA DA FOZOPERAÇÃO ÍNDALO 2014pág. 6

TRIBUTO AO COMANDANTEALPOIM CALVÃO pág. 18

FOTOGRAFIASANTIGAS, INÉDITAS OU CURIOSAS

Duas fotografias, o mesmo navio

O NRP SABRE (P 1138) foi o resultado obtido da transformação do vapor CHIRE, que pertenceu à frota da companhia “Sena Sugar Estates” (Província de Moçambique).

Houve outros navios a vapor semelhantes, que foram deixando de ser utilizados pela companhia no transporte do açúcar das suas fábricas do Luabo e a Vila de Marromeu para a Vila de Chinde, efetuando depois o seu escoamento através de navios costeiros. Tudo foi alterado com a ligação por caminho-de-ferro, de Marromeu à Beira.

O CHIRE foi o navio a vapor adquirido pelo Comando Naval de Moçambique, pela importância de 420 contos (Anais do Clube Militar Naval – Janeiro e Março de 1983), tendo sido sujeito a uma grande transformação efetuada no Chinde nos princípios dos anos 70. Poderá observar-se a grande “metamorfose” operada, não só nas superestruturas como na propulsão. Deixou de ser o vapor a energia transformadora para dar movimento à roda propulsora colocada na popa do navio, para passar a ser a propulsão por hélices acoplados a dois motores.

Batizado com o nome de SABRE em homenagem às antecessoras Lanchas-canhoneiras que fizeram parte das Esquadrilhas que tinham navegado no Zambeze, continuou a efetuar a patrulha neste rio.

Batista Velez1TEN OTT REF

NOVEMBRO 2014 3

REVISTA DA ARMADA | 490

Publicação Oficial da MarinhaPeriodicidade mensalNº 490 / Ano XLIVnovembro 2014

Revista anotada na ERCDepósito Legal nº 55737/92ISSN 0870-9343

SUMÁRIO

DiretorCALM Carlos Manuel Mina Henriques

Chefe de RedaçãoCMG Joaquim Manuel de S. Vaz Ferreira

Redatora1TEN TSN - COM Ana Alexandra G. de Brito

Secretário de RedaçãoSCH L Mário Jorge Almeida de Carvalho

Desenho GráficoASS TEC DES Aida Cristina M.P. Faria

Administração, Redação e PublicidadeRevista da Armada - Edifício das InstalaçõesCentrais da Marinha - Rua do Arsenal1149-001 Lisboa - PortugalTelef: 21 321 76 50Fax: 21 347 36 24

E-mail da Revista da [email protected]@marinha.pt

Paginação eletrónica e produçãoInstituto Hidrográfico

Tiragem média mensal4500 exemplares

Preço de venda avulso: € 1,50

NRP FIGUEIRA DA FOZOPERAÇÃO ÍNDALO 2014 06

TRIBUTO AO COMANDANTEALPOIM CALVÃO 18

020408

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Fotografias Antigas, Inéditas ou Curiosas

Strategia 6

Nato Trident Jaguar 2014

REX14 – Exercício de Robótica

Centro de Medicina Naval

NRP Sagres – Manobras no Aparelho

A Despedida de um Herói

Escola Naval

Seminário “Cibersegurança”

Liderança e Desenvolvimento de Equipas

Entregas de Comando

Novo Diretor da AFCEA Portugal

Cerimónia de atribuição do nome “VALM Sarmento Gouveia” à Base Hidrográfica / / CALM EMQ Joaquim de Carvalho Afonso (1923-2014)

Aniversários

Saibam Todos

Vigia da História (68)

Novas Histórias da Botica (37)

Saúde para Todos (19)

Desporto

Quarto de Folga

Notícias Pessoais / Convívios

Símbolos Heráldicos

A EUROPA, PORTUGALE O MAR10

CapaEspadas na Cerimónia de EntregaFoto 1SAR A Ferreira Dias

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REVISTA DA ARMADA | 490

TELL ME HOW THIS ENDS

Stratεgia 6

O título deste artigo é “roubado” ao General David Petraeus, que proferiu esta frase em 2003, pouco depois da segunda

invasão do Iraque, ordenada por George W. Bush. Petraeus aca-bara de chegar ao Iraque ao comando de uma Divisão Aerotrans-portada e proferiu esta afirmação, de forma casual, a um jornalis-ta do The Washington Post, pretendendo sintetizar a ideia de que as guerras são fáceis de começar, mas o desenlace final é muito difícil de descortinar. À medida que se adensava a incerteza sobre o fim da segunda guerra do Iraque, essa expressão foi sendo cada vez mais lembrada, vindo a ser, inclusive, escolhida para título da primeira biografia de Petraeus, da autoria de Linda Robinson.

Lembrei-me desta afirmação a propósito da situação na Somá-lia. De facto, é bastante difícil entrever como é que a atual vaga de pirataria marítima poderá acabar, tendo presente que as ope-rações navais em curso (que tão bons resultados têm alcançado) não se poderão prolongar indefinidamente. Isso obriga a prosse-guir uma estratégia multidimensional, com o objetivo de recupe-rar a Somália enquanto Estado capaz de exercer a soberania em todo o território nacional, tendo o combate à pirataria na linha de mira. Todavia, isso ainda está muito longe de se atingir, pelo que se justifica tentar desvendar o que está a ser feito e o que pode ainda ser realizado para a consecução desse objetivo es-tratégico. Por uma questão de sistematização, recorrerei à apro-ximação DIME, dividindo a minha análise nos seguintes quatro domínios: diplomático, informações, militar e económico.

Assim, no domínio diplomático (que inclui os aspetos políticos), é essencial a prossecução de dois objetivos macro para a estabiliza-ção da Somália. Primeiro, urge pôr fim à instabilidade crónica causa-da por senhores da guerra/clãs rivais e por combatentes islamitas, essencialmente ligados ao grupo Al Shabaab, bastante ativo no sul do país e com afiliações à Al Qaeda. Segundo, importa ultrapassar a divisão nacional, uma vez que o país está de facto dividido – com a Somalilândia e a Puntlândia a proclamarem, respetivamente, a inde-pendência e a autonomia. Será um objetivo muito difícil de atingir, pois o território da Somália agrega regiões ancestralmente ocupa-

das por tribos com rivalidades históricas, cujos antagonismos recru-desceram a partir do golpe de estado de 1991, que depôs o gover-no de Siad Barre. De qualquer maneira, recentemente, foram dados alguns tímidos passos para a estabilização nacional. Em setembro de 2012 – após a adoção de uma nova constituição e a indicação de um novo parlamento – a Somália elegeu o seu primeiro presidente, desde o estabelecimento do governo federal de transição em 2004. O eleito foi Hassan Sheikh Mohamud, que foi prontamente reconhe-cido pelos EUA, pela UE e pela comunidade internacional, em geral. Entre as medidas tomadas pelo novo presidente, cabe referir – por estar diretamente ligada à luta contra a pirataria – a oferta de uma amnistia parcial aos piratas de “pé descalço”, tendo porém o cuida-do de não a estender aos mandantes e aos financiadores dessa ativi-dade. Contudo, os recentes progressos na Somália são muito ténues e fluidos, dada a extrema fragilidade e imprevisibilidade do país. É preciso ter a clara noção de que a estabilização deste país vai levar muito tempo, eventualmente muitas décadas, devido à situação de grande precariedade em que vive toda a população. Não obstante, uma das áreas que deverá merecer especial atenção é o fortaleci-mento das instituições judiciais, de forma a desenvolver uma capaci-dade jurisdicional autónoma que, inter alia, permita julgar de forma efetiva os detidos por envolvimento na pirataria.

No domínio das informações, é fundamental seguir o rasto do dinheiro dos resgates pagos pela libertação dos navios tomados pelos piratas, de forma a perceber quem beneficia com essa ati-vidade ilícita. De acordo com um estudo do Banco Mundial, ela-borado com o apoio da ONU e da Interpol (e divulgado no final de 2013), o total dos resgates pagos a piratas somalis entre 2005 e 2012 terá rondado os 400 milhões de dólares, sendo que, em mé-dia, o valor de cada resgate terá sido de cerca de 2,7 milhões de dólares. No entanto, cada pirata apenas recebe entre 30 e 75 mil dólares. Isso significa que apenas 0,011% a 0,027% dos valores pa-gos vai para os executantes. Ainda assim, mesmo o valor mais bai-xo (30 mil dólares) corresponde a cerca de 54 vezes o rendimento anual per capita na Somália (550 dólares), o que mostra bem a

As operações navais em curso no Oceano Índico têm provocado uma diminuição muito significativa da pirataria no Índico (à esquerda a fragata Álvares Cabral com as suas principais capacidades táticas anti-pirataria; à direita fuzileiros portugueses abordam uma embarcação suspeita de pirataria)

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A missão EUTM Somalia foi lançada em 2010, com o propósi-to de formar militares somalis, dessa maneira contribuindo para fortalecer, gradualmente, a arquitetura de segurança do país e, assim, ajudar à sua estabilização. Esta missão decorreu inicial-mente no Uganda, mas com a melhoria da situação de seguran-ça, transferiu-se para a Somália já este ano.

A missão EUCAP Nestor (iniciada em 2012) enquadra-se no âmbito da segurança marítima e tem por finalidade reforçar gradualmente o desempenho autónomo das funções de guarda costeira (incluin-do o combate à pirataria), em cinco países da região: Somália, Djibu-ti (onde se localiza a sede da missão), Quénia, Tanzânia e Seicheles.

No domínio económico, urge promover o desenvolvimento em áreas com algum potencial de criação de riqueza. Atendendo à ex-celente localização geográfica do país e à extensão da sua costa, uma das áreas de maior potencial é o comércio marítimo, cuja retoma im-plica a revitalização dos maiores portos, nomeadamente Berbera, Bo-sasso, Mogadíscio e Kismayo. Como esses portos se localizam no es-treito de Áden e no sudeste do país, a construção de um porto comer-cial na costa nordeste, expandindo um dos pequenos portos aí exis-tentes, poderá também constituir-se como uma importante alavanca de desenvolvimento económico e até de coesão nacional, ao permitir aproximar melhor um território com muito deficientes ligações ter-restres. Naturalmente, a revitalização dos portos deverá ser acompa-nhada pela construção de vias de comunicação que os liguem às prin-cipais áreas produtoras e consumidoras, de forma a envolver as re-giões mais remotas na atividade comercial. Além disso, existem diver-sas outras áreas com potencial para proporcionarem alternativas de subsistência à pirataria, tais como a criação de gado, a exploração de petróleo, gás e minerais, a atividade piscatória, a aquacultura e, even-tualmente, num futuro de médio/longo prazo, o próprio turismo.

Para concluir, gostaria de enfatizar que a atual situação de con-trolo da pirataria somali resulta de uma conjugação de esforços que, se por um lado conseguiu anular o sucesso das ações pira-tas, por outro não conseguiu eliminar as principais causas por de-trás da pirataria. Dessa forma, existe o risco de um abrandamen-to do esforço internacional na região poder levar à retoma do número de ataques. De qualquer maneira, a comunidade inter-nacional dispõe agora de uma boa oportunidade para consolidar uma estratégia holística para a Somália, aprofundando a coope-ração entre as diversas forças e entidades presentes, com vista à prossecução do objetivo estratégico para a Somália.

Exemplar, no desenvolvimento de uma abordagem estrutura-da e multifacetada contra a pirataria, tem sido o Grupo de Con-tacto sobre Pirataria na Costa da Somália. Este fórum internacio-nal (criado em janeiro de 2009, no seguimento de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU) tem liderado esforços de ar-ticulação nas seguintes áreas: reforma do sistema judicial e penal e edificação de capacidades de segurança marítima; aperfeiçoa-mento dos instrumentos legais de combate à pirataria; adoção de medidas de proteção por parte da navegação mercante; au-mento da consciencialização pública para os riscos da pirataria; e disrupção dos fluxos financeiros associados à pirataria.

Porém, ainda resta muito por fazer para que se consiga confe-rir à Somália a estabilidade de um Estado soberano e a autono-mia para lidar, com alguma sustentação, com a pirataria. Até que isso aconteça, a atuação das marinhas, combatendo a pirataria no Oceano Índico, continuará a ser essencial para, entre outros benefícios, assegurar a liberdade da navegação, numa região de grande importância para a economia mundial, por onde passam 8% do comércio marítimo e 12% do petróleo mundiais.

Sardinha MonteiroCFR

atratividade da pirataria para o cidadão comum. Por outro lado, os financiadores receberão 50% ou mais das verbas pagas, enquanto a Al Shabaab recebe valores na ordem dos 20%, nas regiões por si controladas. Embora os fluxos financeiros já não sejam inteira-mente desconhecidos, é necessário continuar a investigar quem são os principais beneficiários da pirataria somali e tomar medidas concretas para o estrangulamento do modelo de negócios em que ela assenta. Por exemplo, o acima referido relatório identifica o Dji-buti, o Quénia e os Emirados Árabes Unidos (especialmente o Du-bai) como os principais destinos do dinheiro pago pelos resgates…

No domínio militar, é imprescindível continuar a promover a paz e a segurança no país, objetivos para os quais muito tem con-tribuído a African Union Mission in Somalia (AMISOM). Esta mis-são de manutenção da paz visa criar as condições de segurança indispensáveis para o desenvolvimento da Somália, desempe-nhando ainda um papel fundamental no controlo e na contenção da Al Shabaab no sul do país. Além disso, importa apostar cada vez mais na edificação de capacidades de segurança autónomas, de forma a ir permitindo uma retirada gradual das marinhas es-trangeiras do Oceano Índico. Dois bons exemplos disso são as missões EUTM Somalia (para a qual Portugal tem contribuído através da participação de equipas de militares do Exército) e EU-CAP Nestor, ambas da responsabilidade da UE.

Armas capturadas pela AMISOM à Al Shabaab (Foto: AMISOM)

Participação portuguesa na EUTM Somalia (Foto: EMGFA)

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NRP fIGUEIRA DA fOZOPERAÇÃO ÍNDALO 2014

Principais fluxos migratórios para Espanha na área de operações Imagem térmica de PATERA detetada

No dia 30 de julho, o NRP Figueira da Foz largou da Base Na-val de Lisboa para a sua primeira missão “fora de área”, ru-

mando ao Mediterrâneo para integrar a operação de contro-lo de imigração irregular da agência da UE FRONTEX1 ÍNDALO 2014, que se desenvolve no sul de Espanha de junho até final de setembro de 2014.

É no período de verão que se verifica um aumento significati-vo da atividade ilícita de migração irregular proveniente do norte de África, nas denominadas PATERAS2. São várias as motivações e os tipos de imigrantes que, praticamente todos os dias, se lan-çam ao mar do desespero em busca de um futuro melhor. Na parte leste do Mediterrâneo, zona onde operou o NRP Figueira da Foz, regista-se, desde logo, no estreito de Gibraltar, inúmeras ocorrências de imigrantes de origem Marroquina, que se fazem ao mar em botes de borracha, na esperança de chegar a Espa-nha. Estes imigrantes, na sua maioria mulheres e crianças, tam-bém se arriscam em toda a costa norte de Marrocos em trânsi-tos mais prolongados, tentando alcançar a ilha de Alborón e daí a costa espanhola. Seguindo para leste, encontramos imigrantes argelinos, normalmente homens jovens, que procuram entrar ilegalmente na Europa através de Espanha, a maioria procurando como destino final a França. Ainda mais para leste, verifica-se o aumento exponencial de imigração irregular, a maioria de origem subsaariana, a qual, a contas com redes ilegais, muitas delas li-gadas a movimentos fundamentalistas e terroristas, se financiam também através desta atividade, levando estas pessoas a acredi-tar numa vida diferente na Europa e a pagar tudo o que têm por este sonho de futuro. Estes imigrantes têm vindo a ser condu-zidos sobretudo para a Líbia, e daí, para Itália, Malta ou Grécia.

Face a esta situação verdadeiramente preocupante, a agência europeia FRONTEX decidiu apoiar diretamente os Estados-Mem-

bros mais afetados com este problema, procurando, assim, dar uma resposta integrada europeia para um problema europeu – o controlo das suas fronteiras marítimas externas. Se é um facto que não é possível de todo evitar este problema, exigir-se-á, à luz dos valores europeus, uma resposta ao nível humanitário, atuando de forma a evitar tragédias nas águas europeias e permitindo recolher estes imigrantes, efetuar o seu controlo e sujeitá-los, de acordo com as leis internacionais e nacionais, ao tratamento jurídico que assegure o primado dos direitos, das obrigações, mas também, sempre que aplicável, a punição das violações de várias naturezas que venham a ser apuradas. Este processo complexo exige, assim, uma articulação estreita entre diversas agências de diversos países e com diversas competências. Desde as autoridades militares, que através dos seus meios navais podem oferecer as capacidades para atuar nos espaços marítimos por longos períodos e com variadas capacidades, até às autoridades policiais que asseguram o contro-lo, tratamento e encaminhamento dos imigrantes irregulares, até a autoridades de busca e salvamento marítimo, é fácil entender a coordenação que tem que haver para se assegurar uma resposta coerente e eficaz a esta questão. É esta questão que é endereçada pela agência FRONTEX, patrocinando um espaço para a articulação entre várias entidades e apoiando os Estados-Membros mais afe-tados através do financiamento destas operações.

Foi neste quadro, e através da oferta de meios efetuada pela Marinha à agência FRONTEX3, através do Estado-Maior da Arma-da (EMA), que o NRP Figueira da Foz veio a ser chamado a partici-par nesta operação, no período de 1 a 31 de agosto. A Operação ÍNDALO 2014 é coordenada pela Guardia Civil de Espanha e está centrada no Mediterrâneo Ocidental, nas águas de Espanha e nas fronteiras marítimas com a Argélia e Marrocos e visa detetar, lo-calizar, identificar e controlar a atividade ilegal de embarcações

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envolvidas em imigração irregular, e prestar assistência humani-tária e socorro sempre que tal se verifique necessário.

O NRP Figueira da Foz contou com 60 militares embarcados, dois inspetores do SEF4 e um oficial de ligação da Guardia Civil de Espanha. Em simultâneo, e aproveitando esta excelente oportu-nidade de instrução, efetuou a viagem de instrução dos cadetes do 3º ano do mestrado integrado da Escola Naval (EN), no perío-do de 30 de julho a 2 de setembro de 2014, a fim de dar cumpri-mento aos requisitos de formação técnico-naval da EN.

Durante toda a missão o NRP Figueira da Foz operou em coope-ração direta com uma aeronave dos serviços de fronteira da Fin-lândia que efetuou voos de patrulha diários na área de operações revelando-se fundamental na deteção e identificação de embarca-ções em atividades ilícitas. Durante a missão o navio participou di-retamente em quatro ações relacionadas com imigrantes irregula-res, em colaboração com as autoridades espanholas, de onde resul-tou o resgate de 62 pessoas. Paralelamente, o navio esteve envol-vido em diversas ações, destacando-se a monitorização a embarca-ções suspeitas de narcotráfico e a identificação de poluição no mar.

No dia 12 de agosto, em Málaga, o Ministro da Defesa Nacional (MDN), Dr. José Pedro Aguiar-Branco, acompanhado pelo Almiran-te CEMA, visitou o NRP Figueira da Foz. Esta visita contou também com a presença de outras altas individualidades, nomeadamente o Diretor da Divisão de Operações da Agência FRONTEX, Sr. Klaus Roesler, representante militar do Ministério da Defesa Nacional de Espanha, Major-General Rafael Sánchez Ortega, e altos representan-tes da Guardia Civil Espanhola, e contou com a presença de diversos órgãos de comunicação social, designadamente a RTP, Agência Lusa e Observador. Nesta visita o navio largou para o mar para uma de-monstração de capacidades operacionais da plataforma, destacan-do-se inicialmente um briefing sobre a Agência FRONTEX, a Opera-

Imagem térmica de PATERA detetada Visita do MDN

Cadetes da EN em instrução LA

Notas

1 FRONTEX (Frontier Exterior) – Agência Europeia de Gestão da Cooperação Opera-cional nas Fronteiras Externas dos Estados-Membros da União Europeia.2 PATERA – Designação em Espanha para uma pequena embarcação que transporta imigrantes irregulares.3 O SEF é a entidade competente para os assuntos de imigração e controlo de fron-teiras e o NPOC – National Point of Contact – junto da FRONTEX.4 SEF – Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

ção ÍNDALO 2014, a cooperação entre as várias entidades e as valên-cias dos NPO neste tipo de missões, e posteriormente uma demons-tração de capacidades do navio na eventualidade de ter que res-ponder a uma situação de transbordo de imigrantes irregulares para bordo. A visita terminou com a entrada no porto de Málaga, tendo sido reconhecido por todos a importância da presença do NPO Fi-gueira da Foz nesta missão e o contributo que tem dado nas boas práticas de articulação e cooperação entre as várias entidades da UE responsáveis neste âmbito.

Em 31 de agosto, a navegar ao largo do estreito de Gibral-tar, terminou a participação do NRP Figueira da Foz na Opera-ção ÍNDALO 2014, zarpando do mar Mediterrâneo em direção a casa com mais uma missão cumprida, onde das cerca de 800 horas de missão contabilizou mais de 500 horas de patrulha e cerca de 3500 milhas náuticas percorridas.

Colaboração do Comando do nRP FIGUEIRa da FoZ

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NATO TRIDENT JAGUAR 2014

O exercício Trident Jaguar 2014 (TRJR14) da NATO decorreu no período de 02 a 16 de maio a bordo do USS Mount Whitney sob

o Comando do Vice-almirante Phillip Davidson da Marinha dos EUA e atual Comandante da Naval Striking and Support Forces NATO (SFN), localizada no Reduto Gomes Freire, em Oeiras. Contou com uma participação nacional de 23 militares dos 3 ramos das FAs e 3 civis, o que constituiu 10,7% do total de 253 elementos do Estado--maior embarcado, distribuídos pelas áreas funcionais das opera-ções, logística operacional, apoio, planeamento operacional, ava-liação operacional, informações, protocolo, aconselhamento de gé-nero, engenharia militar e inativação de engenhos explosivos, coo-peração civil-militar e operações especiais. Destes, há a destacar o DCOS Support (Deputy Chief-of-Staff Support), cargo ocupado por um CMG da Marinha, e o ACOS Logistics (Assistant Chief-of-Staff Lo-gistics), atualmente ocupado por um CFR da Marinha e embora te-nha sido atribuído à Itália, será um cargo ocupado pela Espanha em regime de rotatividade com outras nações, mas só a partir de 2015.

O TRJR14 teve como objetivo final a certificação da SFN, como o primeiro Comando da Estrutura de Forças da NATO, para poder planear e conduzir uma operação marítima expe-dicionária conjunta de pequena escala (Maritime Expeditionary Small Joint Operation)1.

Depois da sua fase de planeamento, a execução do exercício foi antecedida por uma série de eventos preparatórios ao lon-go de 8 meses que incluiu treinos diversos, formação nos vários domínios das operações na Escola da NATO em Oberammergau, Alemanha, e dias de estudo temáticos. O planeamento para res-posta a crises (Crisis Response Planning) decorreu no princípio do ano ao longo de 5 semanas ininterruptamente. Antes do em-barque do Estado-maior no navio de Comando e Controlo, USS Mount Whitney, atracado em Lisboa, a fase de execução já havia sido antecedida pelo Battle Staff Training2. O navio largou de Lis-boa no dia 2 de maio, tendo ficado ao largo para posteriormente embarcar por helicóptero o último contingente de participantes que entretanto foram chegando ao Aeroporto da Portela. O na-vio prosseguiu a sua missão em direção ao Mediterrâneo, tendo o exercício terminado a 16 de maio em Gaeta, Itália, onde atra-cou para desembarcar os participantes.

O TRJR14 teve como pano de fundo um cenário fictício que decorreu em ambiente de exercício assistido por computa-dor, vulgarmente designado por CAX3. O cenário com o nome Skolkan é uma operação no âmbito do Artigo 5 do Tratado do Atlântico Norte4 face a uma agressão militar e ocupação parcial da Estónia por um país beligerante, Bothnia, situado a norte do primeiro. Decorrente de disputas históricas relati-vas à soberania sobre as águas territoriais, de recentes deco-bertas de jazidas de petróleo e de tensões étnicas, a Bothnia, atravessando uma grave crise económica, agiu unilateralmen-te com o recurso a meios militares e invadiu a Estónia conti-nental e as suas ilhas próximas.

Por decisão do Conselho do Atlântico Norte (NAC)5, a NATO é convocada a prestar assistência à Estónia no âmbito do Artigo 5 do Tratado. A SFN recebe a missão de defender a Estónia, repor a sua integridade territorial e contribuir para o restabelecimento da estabilidade na região. Para tal efeito, são geradas as forças consideradas necessárias, de acordo com as capacidades que o planeamento operacional de resposta a crise definiu. Num total de quase 60.000 militares, 90 navios agrupados em Forças Tarefa Anfíbias, de Porta-aviões e Expedicionárias (Amphibious, Carrier and Expeditionary Strike Groups), 229 aeronaves, uma Brigada Terrestre Lituana e forças especiais, entre outras, a SFN assumiu o Comando da Força do Báltico (BALFOR) em apoio à Estónia exe-cutando as tarefas deduzidas da missão militar atribuída.

Decorrente da recente alteração das estruturas dos Comandos e das Forças da NATO, a capacidade e as organizações logísticas da organização sofreram uma significativa redução com o encer-ramento dos Comandos de Força de Madrid, Espanha, e de Hei-delberg, Alemanha6. Em cada um destes comandos operavam 2 elementos nucleares do Joint Logistics Support Group (JLSG)7 num total de 100 pessoas. A arquitetura do JLSG, com esta rees-truturação, ficou com apenas 2 elementos nucleares – 4 oficiais em cada Comando Operacional Conjunto de Nápoles, Itália, e Brunssum, Holanda. Os restantes 21 estão noutros cargos acu-mulando funções nessas 2 organizações.

No âmbito das MEO e face ao condicionalismo anterior que a NATO enfrenta, a SFN desenvolveu um conceito logístico para

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operações expedicionárias marítimas conjuntas e que o exercício TRJR14 também serviu para testar.

De acordo com a definição, uma MEO refere-se à capacidade da NATO projetar forças marítimas a fim de desencadear efeitos conjuntos decisivos nos diversos domínios, operando a distâncias estratégicas, com pouco ou nenhum apoio de nação hospedeira, logística integrada e com uma pegada terrestre mínima.

O apoio logístico a distâncias estratégicas é complexo e dispen-dioso. Contudo, uma das inerentes virtudes das forças marítimas é a sua capacidade para se manterem auto-sustentáveis por pro-longados períodos. Uma operação MEO, que seja predominan-temente organizada com forças marítimas, poderá dispensar o requisito tradicional e doutrinário como o JLSG. Mesmo numa operação com um pendor conjunto mais acentuado, onde exis-ta o Comando sobre forças terrestres e elementos anfíbios, a principal função da logística operacional em terra para receber e sustentar as forças pode ser limitada ou mesmo inexistente. Isto verifica-se porquanto as unidades navais têm um elevado grau de capacidades orgânicas, o que fornece ao Comandante Opera-cional Conjunto um poderoso instrumento de entrada marítima, sem ter que depender excessivamente dum apoio logístico de re-taguarda a fim de manter ininterruptamente a sustentabilidade da sua força.

Importante também a realçar é o facto de as forças marítimas multinacionais serem muito interoperáveis e estarem muito fa-miliarizadas com as diversas modalidades de apoio multinacio-nal. Não menos importante é que o mar continuará a ser o meio principal de transporte de todo o tipo de cargas. Os navios são, por conseguinte, excelentes meios logísticos conjuntos e a sua disponibilidade determinará, em última análise, quando e onde operações militares poderão ter viabilidade.

Não menos relevante é a existência de navios polivalentes lo-gísticos que encerram todas as capacidades exigidas no emprego no ambiente conjunto, em unidade de esforço e de uma forma ímpar maximizando os recursos disponibilizados.

Voltando ao cenário do exercício TRJR14 e não obstante não se predispor totalmente aos pressupostos das MEO (por existir mui-ta disponibilidade de apoio de nações hospedeiras na região), não deixou de levantar enormes desafios. A projeção e a sub-sequente sustentação logística da força em operações contínuas no Mar Báltico, grande parte proveniente da costa leste dos EUA, exigiu o estabelecimento de uma robusta infraestrutura logística em terra e outra no mar. Em terra, a edificação de bases logísti-cas avançadas na Dinamarca e na Lituânia, espaços de armaze-namento dos quantitativos necessários para as várias classes de abastecimento8, portos e aeroportos de desembarque9, estabe-lecimento de áreas de estacionamento das forças, da sua movi-mentação por vias rodo e ferroviárias, da sua proteção de for-ça, de contratação local dos diversos serviços necessários, etc., encerraram inúmeros fatores de planeamento com um elevado grau de complexidade.

Não fosse a existência de vários países da NATO na região, toda esta estrutura em terra não teria sido possível. Num ambiente agravado por não ser permissivo, lembrando um pouco a Guerra das Falklands em 1982, a força teria que dotar os seus meios com mais capacidades logísticas embarcadas garantindo a sua plena capacidade conjunta de combate. Nos dias que correm, esta é uma realidade pelo uso de forças marítimas pré-posicionadas para servirem de bases logísticas no mar10.

Um significativo efetivo de quase 60.000 militares, 90 navios, 229 aeronaves e 1 Brigada Terrestre dispersos por uma área geo-gráfica extensa criou naturais desafios.

Contudo, o conceito logístico flexível, robusto, contingente, prote-gendo as infraestruturas logísticas face às ameaças presentes, com uma eficiente unidade de esforço e sob uma organização de coman-

do e controlo efetiva, permitiu atingir, muito satisfatoriamente, os objetivos de treino pretendidos, tendo sido considerado pela equipa de avaliação do SHAPE11 uma “best practice” para a NATO.

Em tom conclusivo, e regressando às Maritime Expeditionary Operations, o correto posicionamento e a cuidadosa sequencia-ção da logística marítima na resposta a crises exige uma perfeita sincronização entre os planeadores das operacões e da logística. Forças marítimas expedicionárias são, e serão sempre, um forte instrumento de poder flexível e logisticamente sustentável à dis-posição do Comandante Operacional Conjunto, permitindo-lhe desencadear efeitos conjuntos nos diversos domínios militares e não-militares com uma cadência operacional ininterrupta e mais significativamente, com menor risco para as suas forças e para a missão que lhe foi superiormente atribuída.

Amaral MotaCFR

Chefe da Divisão de Logística da STRIKFORNATO

Notas

1 MEO – Maritime Expeditionary Operations: NATO’s ability to project maritime forc-es that can deliver decisive joint effects in the different domains, at ranges up to strategic distance, with little or no Host Nation Support, sustained by embedded lo-gistics and communications and with a minimum military footprint ashore.2 Battle Staff Training, na sua expressão mais simples, é o ensaio dos diversos even-tos que compõem o ritmo da batalha e que informam o ciclo do processo de deci-são operacional do Comandante.3 CAX – Computer Assisted Exercise.4 Artigo 5 do Tratado do Atlântico Norte requer que os Estados-membros auxiliem qualquer membro, que assim o expresse, e que esteja sujeito a um ataque armado, compromisso que foi invocado pela primeira e única vez após os ataques de 11 de Setembro de 2001 contra os EUA.5 NAC – North Atlantic Council. Orgão principal de decisão política da NATO.6 Force Commands Madrid and Heidelberg.7 JLSG – Joint Logistics Support Group é o braço executor do plano logístico do Co-mandante Operacional no Teatro de Operações.8 As 5 Classes de Abastecimento na NATO (Classes of Supply). I – Água e alimenta-ção; II – Equipamento diverso, vestuário, medicamentos, etc; III – Combustíveis e lubrificantes; IV – Sobressalentes e materiais de construção; V - Munições.9 A/SPODs – Air/Sea Ports of Debarkation.10 Military Sealift Command (MSC) é o exemplo Americano com os sea based mari-time pre-positioned units.11 SHAPE – Supreme Headquarters Allied Powers Europe.

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A EUROPA,PORTUGALE O MARPARTE I

Nas últimas décadas assistiu-se ao in-cremento do interesse dos Estados no

mar enquanto vector estratégico de de-senvolvimento, sobretudo após a II GM, devido à consciencialização da necessi-dade de exploração dos seus recursos e de gestão e governação do oceano e das zonas costeiras, envolvendo as activida-des humanas aí realizadas, a requererem uma abordagem abrangente e integrado-ra, com vista ao desenvolvimento susten-tável e à adopção de medidas precaucio-nárias na gestão de riscos, de acordo com uma perspectiva ecossistémica.

Nesta aposta nos espaços marítimos, em referência aos mares da Europa, incluin-do o português, é justo referir que o nos-so país assumiu, no passado recente, um papel meritório de pro-actividade, ao cola-borar na tarefa de reforço da relevância da componente mar no quadro das priorida-des políticas da União Europeia (UE).

É desta problemática e das principais políticas e estratégias marítimas, euro-peia e nacional, relativas ao mar, que nos ocuparemos a seguir, necessariamente em modo muito resumido.

A IMPORTâNCIA DO MAR

Perfila-se, hoje, a nível internacional, uma espécie de corrida aos oceanos, no-tando-se um interesse renovado pelas ac-tividades marítimas e questões afins, as-sociado à evolução do ambiente interna-cional no sentido de uma clara valorização

do mar, sob a óptica económica, estraté-gica, ambiental e de segurança e defesa.

Competir com valor e competência, no-meadamente nos domínios económico e ambiental, constituirá a desafiante finalida-de da fórmula organizativa assente no mo-delo de cluster ou hypercluster (marítimo), visando a maior eficácia da resposta dada pelas estruturas que permitem conglomerar e a facilitação de uma abordagem integrado-ra de todos os protagonistas e matérias afins. Nessa visão holística realça-se a problemáti-ca da sustentabilidade que vem preocupan-do alguns países e fora internacionais.

POLíTICAS E ESTRATÉGIASMARíTIMAS

Vejamos o que tem acontecido de mais significativo na UE e em Portugal, anteceden-do com um breve registo acerca dos actores de contexto na circunstância da maritimida-de europeia, atlântica e nacional.

Da Europa, diremos que durante dé-cadas foi um objectivo comum o estar do lado do projecto europeu, mesmo que este acabasse por ir permeando lentamente as fronteiras nacionais em troca da construção de um sentido de

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recuperação do seu papel cimeiro no mapa económico e geopolítico do século XXI, que ventos adversos teimam em contrariar:

(1) PMI europeiaFoi uma aposta com algum significado e

mérito da presidência portuguesa da Co-missão Europeia (CE), dado que, à épo-ca, a iniciativa de incluir o mar na agen-da europeia como domínio relevante não era tarefa fácil e mais difícil ainda que en-trasse, de facto, nos objectivos estratégi-cos da UE e neles passasse a constar como uma prioridade.

Este processo de edificação da nova po-lítica demorou 3 anos, desde o pontapé de saída com o “Livro Verde” até ao “Livro Azul”1, adoptado pela CE, em 10OUT2007, no qual se propunha uma “Política Maríti-ma Integrada” (PMI) para a UE e um “Pla-no de Acção” circunstanciado, aprovados pelo Conselho Europeu de 14DEZ2007.

propósito comum europeu. Mas a ac-tual crise da zona euro e das dívidas so-beranas veio “desgastar” a equação e quanto mais os cidadãos europeus per-cepcionarem o seu efeito nefasto no móbil da construção europeia – coesão e solidariedade –, mais expressarão o desencanto e a falta de confiança nesse processo comunitário. Ora é aqui que o mar irrompe, tanto na Europa como em Portugal. Daí que os clusters marítimos estejam particularmente bem colocados para contribuírem para a realização da Política Marítima Integrada (PMI) euro-peia, reclamante do desenvolvimento do projecto de uma rede europeia de clusters marítimos.

Do Mar, esse imenso lençol líquido que afaga as costas dos países ribeirinhos, a re-querer a necessária e exigente acção dos Estados nesses espaços marítimos sob so-berania e jurisdição nacionais. Os mares e oceanos, para além da sua função regula-dora do clima, podem desempenhar um papel decisivo na recuperação económi-ca, com o aproveitamento das potenciali-dades da economia azul europeia.

Do Atlântico, enquanto poderosa par-cela daquele Oceano global e vizinho chegado do território continental euro-peu. A sua bacia representa uma área to-tal de 20% da superfície da Terra e 26% da sua superfície líquida, dimensões que fazem deste Oceano o segundo maior e onde se inclui o Mar-Portugal. Realce-se que, ao contrário do que se tem ventila-do, julgamos pertinente falar da ressur-gência do Atlântico, se vingar a tese de que os EUA não estarão a planear afas-tarem-se da Europa para a Ásia, mas sim a virarem-se para ela com a Europa, que o desejável sucesso das negociações so-bre um acordo de livre comércio e inves-timento (TTI-P, na sigla inglesa) entre am-bos, poderá ratificar.

De Portugal, apenas para lembrar a nos-sa incontornável relação histórica e identi-tária com os “mares”. Ganharemos com a consideração da unidade atlântica enquan-to espaço geopolítico relevante da política internacional. Eis uma via para o reforço da centralidade e dimensão de um país cuja circunstância geográfica o habilita a rejei-tar o epíteto de pequeno e periférico.

Passemos, então, à apreciação das políti-cas e estratégias marítimas:

a) EuropaA nível global, a UE tem, efectivamente,

demonstrado algum poder de iniciativa, ao pressionar em favor de mais ambiciosas Re-soluções sobre os oceanos, do Direito do Mar e das pescas sustentáveis. Vejamos até que ponto a documentação política e estratégica da União poderá contribuir para a necessária

Um dos pontos basilares da PMI foi o de propor a mudança da lógica da gover-nação sectorial das políticas e das tute-las, inibidora do aproveitamento das si-nergias entre elas, oferecendo, em con-trapartida, uma nova visão para a gestão dos oceanos na Europa, através de uma política integrada, inter-sectorial e mul-ti-disciplinar, o que se fica a dever em boa parte ao trabalho de um dos grandes conceptualistas desta abordagem holísti-ca, o Prof. Mário Ruivo.

A PMI abrange, especificamente, as seguintes políticas transversais: “cresci-mento azul”; conhecimento e dados so-bre o meio marinho; ordenamento do espaço marítimo e gestão costeira inte-grada; vigilância marítima integrada; e estratégias para as bacias marítimas. O seu objectivo central passa pelo desen-volvimento de uma cooperação estreita

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dental da UE, para o efeito delimitado pelas costas, águas territoriais e jurisdi-cionais dos cinco E-M´s atlânticos (FR, IRL, PO, ESP e RU) e águas internacionais até às zonas oriental da América, ociden-tal de África e do Oceano Índico, a sul até ao Oceano Antárctico e a norte até ao Oceano Árctico.

Numa análise crítica5, apontar-lhe-ía-mos uma certa inconsistência à luz do que são os normais requisitos de um quadro orientador da acção estratégica (objectivos, recursos e linhas de acção), clara e coerentemente enunciados, que permitem classificar a EMAA como, mais do que uma exigente “documentação es-tratégica”, uma bem intencionada “de-claração de intenções”. Diríamos até que mais parece ter saído prematuramente da incubadora para vir a tempo de ser apresentada ao público na referida con-ferência em Lisboa.

A Comissão Europeia, com a aprova-ção a 13MAI2013 de um “action plan”, definidor de prioridades de interven-ção em ordem a impulsionar a “econo-mia azul”, preservando simultaneamen-te o equilíbrio ambiental e ecológico do oceano Atlântico, terá visado a escassez de resultados operacionais na região-al-vo desta estratégia.

Para não abusar da paciência do leitor, proponho uma “pausa estratégica” e, ao mesmo tempo, uma “ponte-movediça”, para tratar, no próximo número, do qua-dro nacional no que às políticas públicas e estratégias marítimas diz respeito.

Rebelo DuarteVALM REF

N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico.

Notas

1 O Livro Azul, consagrador da PMI na sequência do Livro Verde, intitula-se “O Mar – Um oceano de Oportunidades”. Um oceano de oportunida-des para a Europa, bem entendido, também ver-dade para Portugal.2 Directiva 2008/56/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17JUL2008.3 Em 13 de outubro de 2010, foi publicado o De-creto-Lei nº 108/2010, alterado pelo Decreto-Lei nº 201/2012, de 27 Agosto, que transpõe para a ordem jurídica interna a DQEM, e estabelece o regime jurídico das medidas necessárias para garantir o bom estado ambiental das águas mari-nhas nacionais até 2020.4 Comunicação da Comissão Europeia, COM (2011) 782 Final, de 21NOV11, a diversas enti-dades institucionais europeias (Parlamento Eu-ropeu/PE, Conselho Europeu/CnE, Comité Eco-nómico e Social/CES e Comité das Regiões/CR.5 Desenvolvida em artigo publicado a seu tempo na Revista científica e-“Maria Scientia”, número de JUL2012.

entre os responsáveis dos vários níveis de governação e sectores, tanto no in-terior como no exterior da Europa, além de visar o enquadramento, que faltava, facilitador do desenvolvimento e coor-denação das diversas, e por vezes con-traditórias, actividades marítimas: ma-ximização da utilização sustentável dos mares e oceanos; melhoria da qualidade de vida nas regiões; fomento da lideran-ça europeia nos assuntos marítimos in-ternacionais; e promoção da visibilidade da Europa marítima.

A maioria das medidas propostas pela CE são de natureza indicativa. E se a isso associarmos outras particularidades, como a disparidade de interesses dos E-M´s em relação aos assuntos do mar, os diferentes graus de desenvolvimento, atenção políti-ca e de sensibilização pública relativamen-te ao domínio marítimo, nos 28 E-M´s da União, facilmente descortinamos a razão do diferencial “objectivos proclamados-re-sultados práticos”.

Os dois relatórios de progresso da PMI (em 2009 e 2012) têm pecado, julgamos nós, por contornar a ineficácia e iludido a nevrálgica questão dos conhecidos cons-trangimentos em matéria de recursos fi-nanceiros da União e dos E-M´s.

(2) Directiva-Quadro EstratégiaMarinha (DQEM)2

Esta directiva determina o quadro de acção comunitária, no domínio da política para o meio marinho, no âmbito do qual os E-M´s devem tomar as medidas neces-sárias para obter ou manter o seu bom es-tado ambiental, até 2020. Apareceu como a trave-mestra da PMI, constituindo uma espécie de “directiva chapéu”, em termos ambientais, no que respeita às águas ma-rinhas europeias.

A DQEM já foi transposta para o nosso ordenamento interno3, de que resultou a elaboração das estratégias marinhas para as subdivisões do continente e da plata-forma continental para além das 200 mi-lhas marítimas.

(3) Estratégia Marítima para a Área do Atlântico (EMAA)4

Esta documentação estratégica, inti-tulada "Developing a Maritime Strate-gy for the Atlantic Ocean Area” –, foi apresentada pela CE, por ocasião da Conferência do Atlântico, realizada em Lisboa, em 28/29NOV2011, e reporta-se a um espaço atlântico constituído por um conjunto bastante heterogéneo de regiões.

Tem como finalidade a valorização do activo estratégico e económico que cons-titui o segundo maior oceano – o Atlân-tico –, na sua qualidade de fronteira oci-

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veículos autónomos de superfície (USV), sistemas de visão (incluindo infraverme-lho) e sistemas de sonar. Alguns dos parcei-ros aproveitaram para testar e demonstrar sistemas submarinos (UUV) e sistemas aé-reos (UAV) em que estão a trabalhar.

Pela primeira vez participou uma equi-pa da Universidade Nova de Lisboa, mais concretamente do centro de investiga-ção UNINOVA, envolvida no projeto RI-VERWATCH, que desenvolveu um veícu-lo de superfície apoiado por um veículo aéreo (um quadcopter) que aumenta a sua capacidade de observação e navega-ção. Este sistema fez uma demonstração da sua capacidade de evitar obstáculos e realizar mapeamentos do fundo usando sonares multifeixe.

Também pela primeira vez participou uma equipa da empresa portuguesa Teke-ver, parceira da Marinha no Projeto AU-TOLAND, que visa adaptar a operações navais a aeronave não tripulada AR4 da Tekever, pelo seu lançamento e recolha a bordo de navios. A aeronave utilizada re-colheu imagens aéreas do exercício.

Realizou-se um VIP DAY, onde foram rece-bidas diversas entidades externas e internas à Marinha: Instituto Superior Técnico (IST), Centro de Investigação da Academia Militar (CINAMIL), Centro de Investigação da Força Aérea (CIAFA), Escola Naval (EN), Base Naval de Lisboa (BNL), Esquadrilha de Submarinos (ES) e Direção de Navios (DN).

Atendendo aos objetivos estabelecidos, considera-se que o REX14 foi um sucesso. Participaram mais de 60 pessoas exter-nas à Marinha, oriundas de 8 instituições nacionais e internacionais, foram testa-dos diversos sistemas, e recolhida uma quantidade apreciável de dados experi-mentais. Com um número de participan-tes crescente, pretende-se dar-lhe conti-nuidade, com periodicidade anual, permi-tindo aproximar a componente científica da componente operacional e potenciar o interesse nos sistemas de robótica na-cionais. Dá-se, assim, corpo à política de abertura ao exterior da Marinha que, para garantir o uso do Mar por Portugal, se as-sume como parceira no desenvolvimento económico, científico e cultural.

Colaboração do CInaV

REX14Exercício de Robótica

Desde 2010, o CINAV vem privilegiando as parcerias com Universidades, Cen-

tros de Investigação e Empresas envolvi-das no que hoje se chama “crescimento azul” (“blue growth”). A Marinha tem de facto um papel muito importante neste crescimento, pois dispõe de recursos, hu-manos e materiais, únicos no panorama nacional. Deste modo, surge o exercício Robotics Exercise (REX), com dois objeti-vos principais:

– Realizar experiências de mar em apoio dos projetos em que o CINAV está envolvido;

– Permitir que equipas de investiga-ção oriundas dos outros parceiros pos-sam testar e demonstrar os seus siste-mas, particularmente na área da Robóti-ca Móvel, podendo vir, eventualmente, a estabelecer relações de trabalho com a Marinha.

Ao longo do exercício é feita a recolha de dados experimentais; testes de opera-ção de veículos e sistemas; demonstração de capacidade operacional e tecnológica nacional junto de diversos parceiros; e de-monstração de novos produtos e tecnolo-gias dos participantes.

Este exercício aproveita a experiência que a Marinha adquiriu em exercícios como o REP (que tem sido realizado, desde 2010, com a Faculdade de Engenharia da Univer-sidade do Porto), mas proporciona um am-biente mais descontraído e aberto, onde equipas muito diversas podem interagir com a Marinha, criando relações de con-fiança e conhecimento mútuo.

ROBOTICS EXERCISE 2014 – REX14

Este ano, pela primeira vez, o exercício REX decorreu no rio Tejo – Canal do Arsenal, de 30 de junho a 04 de julho, e contou com a preciosa colaboração do Arsenal do Alfeite. Como é habitual, o Destacamento de Mer-gulhadores Sapadores nº 3 deu o apoio aos investigadores, tendo sido utilizadas uma LDM da Unidade de Meios Anfíbios do Cor-po de Fuzileiros e lanchas da Escola Naval. Durante o exercício, a maior parte dos inves-tigadores ficaram alojados na messe da BNL e puderam visitar algumas unidades navais.

O enfoque do REX14 era o projeto ICA-RUS (“Integrated Components of Assisted Rescue and Unmadded Search Operations" – utilização de veículos autónomos hetero-géneos para busca e salvamento em cená-rios de catástrofe). Este projeto é financia-do pela União Europeia (através do progra-ma de Investigação e Desenvolvimento do 7º Programa Quadro) e o CINAV participa com 24 outras instituições, coordenadas pela Academia Militar Belga. Na compo-nente marítima deste projeto participa o CINAV, o INESC-TEC (Instituto de Engenha-ria de Sistemas e Computadores – Tecno-logia e Ciência, sediado no Porto), o CMRE (Nato Center for Maritime Research and Experimentation) e a empresa Italiana Cal-zoni. No entanto, para garantir a integra-ção dos sistemas marítimos com os outros sistemas que estão a ser desenvolvidos no projeto, estiveram também presentes in-vestigadores da ESRI-Portugal, ASCAMM (Espanha), e Space Applications Services (SAS) (Bélgica). Foram testados diversos

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CENTRO DE MEDICINA NAVAL

NASCEU Há 15 ANOS

O Centro de Medicina Naval é um órgão de execução de servi-ços na dependência da Direção do Serviço de Saúde da Marinha (DSS) criado pelo despacho do CEMA nº 54 de 1999 e comple-mentado posteriormente pelo despacho do SSP nº 1 de 2001, que estabelecem as suas competências: “coordenação dos cui-dados de saúde primários, da saúde ocupacional e da medicina preventiva, incluindo o aprontamento de unidades navais e a coordenação dos serviços de saúde das unidades”.

Mais recentemente as missões do CMN passam a estar en-quadradas numa Unidade de Saúde do Tipo III, dependente da DSS, através do Despacho nº 16 de 2014 do MDN.

Edificado nas antigas instalações do serviço de saúde da Base Naval de Lisboa, que se encontravam desajustadas e envelhecidas, o Centro tem sido objeto de um processo de requalificação, apetrechamento e adaptação dos espaços, tendo em vista otimizar o seu funcionamento.

Assim, o CMN tem sofrido várias obras de beneficiação, das quais se destacam a remodelação do 1º piso e parte da cave, há cerca de 5 anos, a pintura exterior e a substituição do telhado, no

ano passado, e, mais recentemente, a remodelação da Unidade de Radiologia. Atualmente aguarda-se a remodelação do 2º piso, onde já funciona a área da direção e secretarias, estando lá pre-visto nascer um auditório.

DEPARTAMENTO DE CUIDADOS DE SAúDE PRIMáRIOS

À semelhança do mundo civil, dispõe de um SAP (Serviço de Atendimento Permanente), disponível durante 24 horas – médico das 8 às 16 horas e enfermeiro permanente – e pos-sui uma ambulância medicalizada (com sistemas de supor-te avançado de vida) para transporte dos casos mais graves para o HFAR, ou para o Hospital Garcia D’Orta, em Almada. Outro setor é o das consultas de cuidados de saúde primá-rios, que constituem o atendimento em clínica geral a que todos os militares têm acesso. Finalmente, o setor de saúde oral, também recentemente equipado, com um papel impor-tante na saúde preventiva e no aprontamento dos militares para as missões.

DEPARTAMENTO DE SAúDE OCUPACIONAL

Procede à avaliação da Aptidão Física e Psíquica e ao apron-tamento médico-sanitário dos militares e militarizados. O CMN tem atualmente capacidade para efetuar os exames complemen-tares de diagnóstico que são necessários nos Exames Periódicos ou nos Exames Médicos Anuais. Estes abrangem as análises labo-ratoriais, a radiografia de tórax e o eletrocardiograma. Este de-partamento conta com o apoio das consultas de saúde oral, bem como de pareceres nas áreas de neurologia, oftalmologia, otorri-nolaringologia e urologia.

O Centro de Medicina Naval (CMN) detém hoje uma relação de complementaridade com o Hospital das Forças Armadas (HFAR), à semelhança do que já se passava com o ex-Hospital da Marinha sendo, na sua essência, um centro de saúde operacional, virado para uma ação preventiva e de proximidade com as unidades navais.

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Direção

Gab. de Apoio

Dep. CuidadosSaúde Primários

Dep. SaúdeOcupacional

Dep. SaúdeOperacional Dep. Apoio

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Com base nestes, e em conjunto com os resultados dos exa-mes complementares previamente efetuados, o Médico da Saú-de Ocupacional poderá ajuizar da aptidão de militares e militari-zados. Esta área abrange também exames para as Provas de Apti-dão Física e Psíquica que se realizam, anualmente, para todos os militares até aos 45 anos.

É ainda responsabilidade deste departamento a vacinação, a coordenação de rastreios, avaliação e controlo dos riscos em saú-de pública, nomeadamente a gestão dos resíduos hospitalares e o protocolo de controlo de águas de consumo humano.

Sob coordenação do departamento funciona também o ser-viço de apoio à saúde mental, que tem como atividades a ava-liação e monitorização psicológica do pessoal em contexto ocu-pacional e operacional.

DEPARTAMENTO DE SAúDE OPERACIONAL

Promove as ações necessárias à garantia do apoio médico-sa-nitário adequado à atividade operacional da Marinha. Abrange o controlo do nível de prontidão médico-sanitário da força, a co-laboração no processo de planeamento operacional e o apoio à decisão do comando.

Mais especificamente, o departamento ocupa-se da avalia-ção do estado de saúde das forças deslocadas; do risco ambien-tal para a saúde dos militares a deslocar para o teatro de ope-rações, e consequente determinação das medidas preventivas; da estimativa de baixas e cálculo da necessidade de apoio mé-dico-sanitário a projetar; da cadeia de evacuação médica e do apoio de retaguarda.

Muito do esforço da Medicina Operacional tem sido igual-mente colocado no acompanhamento de proximidade das Secções de Saúde das Unidades Navais, através de reuniões de coordenação mensais, no sentido de se identificarem constrangimentos com potencial impacto na atividade ope-racional, procurando facilitar a resolução ou minimização dos mesmos.

DEPARTAMENTO DE APOIO

O departamento de apoio é responsável pelo apoio administrati-vo e financeiro, pela manutenção do equipamento e infraestruturas.

A REALIDADE

Em termos de números, no âmbito do departamento de cuidados de saúde primários, constatou-se uma intensificação da actividade assistencial, traduzida nos dados estatísticos. Em relação ao depar-tamento da saúde ocupacional, verificou-se o alargamento da avalia-ção médica anual ao pessoal civil da Marinha, conforme previsto na legislação em vigor. No âmbito do departamento de saúde operacio-nal, prosseguiu a colaboração com o CITAN no contexto da avaliação e treino, o aprontamento de militares e unidades navais, assim como o apoio sanitário ao Dia da Marinha, e às atividades militares comple-mentares integradas no Dia de Portugal.

O CMN é pois uma unidade que mantém a mais honrosa tradição dos cuidados de saúde navais, como um estabelecimento de saúde de ambulatório robusto, vocacionado para a área operacional, num equilíbrio pragmático entre atividade hospitalar e extra hospitalar, aliando o conhecimento técnico à vontade de bem servir a Marinha.

O CMN colabora com o OSHSTO Observatório de Saúde, Higiene e Segurança no Trabalho (OSHST) é mem-

bro da Agência Europeia para a Segurança no Trabalho (OSHA), criada em 1996 com o objetivo de dar a conhecer aos trabalhadores e às entidades patronais os riscos com que estão confrontados e a forma de os gerir. A sua missão é tornar os locais de trabalho mais seguros, mais saudáveis e mais produtivos.

O CMN tem dois elementos em acumulação no OSHST: o chefe do De-partamento de Saúde Ocupacional, que desempenha as funções de coor-denador-adjunto de saúde no trabalho, e a responsável do Gabinete de Psi-cologia, que integra a secção de saúde no trabalho. Em colaboração com o OSHST, o CMN vai elaborando Planos de Vigilância Específicos, consoante os fatores de risco de natureza profissional detetados.

Melo e Sousa CFR REF

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NRP SAGRESMANOBRAS NO APARELHO

No âmbito dos trabalhos de manutenção decorridos no passado inverno (2013-14), onde se inclui a revisão do estado da mas-

treação e do aparelho fixo e de laborar com substituição de algum poleame e massame, foi realizada mais uma manobra relevante para a operação do navio: o “acachapar de mastaréus”. Trata-se de uma manobra que permite reduzir a cota máxima do navio para os 39,5m (cota aproximada da mezena) viabilizando a sua passagem sob algumas pontes, requisito de construção dos cinco navios da classe “Gorch Fock” mandados construir na Blohm & Voss para a Kriegsmarine nos anos 30, um dos quais a atual Barca Sagres, via-bilizando neste caso a navegação do Mar do Norte ao Mar Báltico através do canal de Kiel, sem ter de contornar a Dinamarca.

Esta manobra é fundamental que se realize periodicamen-te em ambos os mastros, garantindo, por um lado, que perante uma real necessidade de passagem em determinado local (pas-sar sob determinada ponte) tudo esteja a funcionar, por outro lado, a passagem de conhecimentos e treino às diversas gerações de pessoal da classe “manobras (e serviços)” que passam pelo navio, sendo uma excelente aula prática de Marinharia.

Realizada exclusivamente com os meios de bordo, implica um conjunto de preparativos em que se destaca, entre outros, o fol-gar de parte do aparelho fixo do navio (estais, brandais e enxár-cias dos mastaréus) e o desligar da verga do joanete da sua ca-lha no mastaréu, colocando-a num suporte próprio existente no calcêz do mastro real, quer no Traquete como no Grande. Com a passagem de cabo específico (amante) pelo gorne na base do mastaréu, ligado à ostaga da gávea alta do respetivo mastro e en-trando com o cabrestante, foi possível aliviar e retirar a cunha de segurança existente no cesto do joanete. Posteriormente foram arriados cerca de 4,5 metros no Traquete e 4 metros no Gran-de, podendo ser arriado cerca de 6 metros, o conjunto mastaréu com a verga do sobre e algum aparelho, que pode rondar as 2 to-neladas, ficando então todo o navio com o galope dos três mas-tros abaixo dos 40 metros. Tudo testado, foi realizado o processo inverso, garantindo a prontidão para uma situação real.

Mas o treino de Marinharia foi necessário para outra tarefa no âmbito da manutenção do aparelho. Identificada uma necessidade de intervenção nas vergas do joanete, a ser executada em oficina

pelo Arsenal do Alfeite, S.A., o navio assumiu o arriar para o con-vés daqueles componentes do aparelho (do Traquete e do Grande), ação executada de novo exclusivamente com meios de bordo. Após os respetivos preparativos e um longo dia a terminar noite dentro, no caso da primeira verga, foi colocada no castelo a verga do joane-te do Traquete com cerca de 771 Kg, arriando assim cerca de 32 me-tros da sua posição inicial. De destacar que havia poucos elementos a bordo que já tinham efetuado tal ação, pelo que serviu de referên-cia para o arriar da verga do joanete do Grande para o poço.

Sendo o NRP Sagres um navio-escola e guardião das tradições, são de extrema importância estas ações de adestramento, que permitem preservar e transmitir às gerações mais novas de ma-rinheiros, as técnicas e os conhecimentos, imprescindíveis à área da Marinharia e à operação deste tipo de veleiros, com reflexos diretos na passagem de conhecimento para os cadetes embarca-dos nas viagens de instrução, garantindo que os marinheiros da Barca são verdadeiras referências.

Colaboração do CoMando do nRP SaGRES

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A DESPEDIDA DE um hEróI

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Faleceu no dia 30 de Setembro, após doença prolongada, o Capitão-de-

-Mar-e-Guerra Guilherme Almor de Al-poim Calvão, aos 77 anos, no Hospital de Cascais.

Era o militar da Marinha mais conde-corado em combate e ostentava, entre outras, a Ordem Militar da Torre e Es-pada, do Valor, Lealdade e Mérito, com Palma (Grau Oficial); a Medalha Mili-tar de Ouro de Valor Militar, com Pal-ma; duas Medalhas Militares da Cruz de Guerra de 1ª Classe; Medalha Militar da Cruz de Guerra Coletiva de 1ª Classe.

Mais do que um homem de armas, foi um dos protagonistas da História de Por-tugal das últimas épocas. Comandou aos 33 anos a operação Mar Verde, em que foram resgatados 26 portugueses, ação militar que hoje em dia ainda é estudada em escolas militares por todo o mundo.

Mas o seu amor a África revela-se quando volta mais tarde à Guiné, onde se tinha notabilizado como combatente, sendo recebido de braços abertos e tor-nando-se um dos maiores empregado-res através de uma fábrica de transfor-mação de caju, que ergue em Bolama.

Mas para além da faceta de estra-tega militar, revelou-se no seu talento como cantor de ópera e profundo co-nhecedor de arte. Foi também um ho-mem generoso como se comprova ao ter sido mecenas da Fragata D. Fernan-do II e Glória, e pela oferta ao Museu de Marinha, entre outras peças de va-lor, do altar portátil que viajou na es-quadra de Vasco da Gama.

Uma semana antes de nos deixar cumpriu a sua última missão assinando, já com muita dificuldade, a declaração da entrega do seu espólio documental à Marinha, para memória futura.

Natural de Chaves, casado com Maria Alda, deixa três filhos e sete netos.

M.S.À família enlutada, a RA apresenta senti-

das condolências.

No dia 2 de Outubro celebrou-se no Mosteiro dos Jerónimos a missa de corpo pre-sente do CMG Alpoim Calvão que registou uma invulgar afluência, e onde se podiam

ver militares fardados e à civil dos três ramos das forças armadas e muitos naturais da Guiné, numa manifestação de pesar e agradecimento por quem soube ajudar o seu país com distinção.

No cemitério dos Olivais, o cortejo fúnebre – para além das honras da ordenança prestadas por uma companhia de fuzileiros a três pelotões – foi ladeado por militares do ativo e na reforma que assim prestaram a última homenagem a quem elevou alto a boina azul ferrete.

No dia 16 de Outubro, a bordo do NRP Corte Real, satisfazendo um pedido do Coman-dante Alpoim Calvão, as suas cinzas foram lançadas ao mar pela família, entre torres, no eixo da barra sul do porto de Lisboa e com a maré a vazar, numa cerimónia digna e plena de significado e simbolismo.

Melo e SousaCFR REF

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CAPITÃO-DE-MAR-E-GUERRA

GUILHERME ALMOR DE ALPOIM CALVÃO(1937-2014)

TRIBUTO DEHOMENAGEM

Embora me sinta um dos melhores amigos de toda uma vida deste grande Homem, devo confessar alguma dificuldade em

escrever sobre si, quando a memória já me falha e também por-que a fraqueza emocional me invade.

Ambos assentámos praça em 15.10.53 na então Escola do Exército já com destino à Escola Naval, curso que terminámos em 31.12.57.

O “Maningue” vinha de Moçambique e cedo se revelou a sua vontade indomável de servir Portugal nas suas Forças Armadas.

Evidenciando uma boa preparação física e muito bem intelec-tualmente, com uma cultura muito acima da média, de forte per-sonalidade e exemplar carácter, fazia prever uma excelente aqui-sição para a nossa Marinha.

E assim aconteceu em todo o seu trajecto, quer em tempo de paz, quer na guerra de África. Depois de um curso nada fácil em Inglaterra para mergulhador e um curso de submarinos, após o eclodir da guerra em 1961, voluntariou-se para fuzileiro especial.

Preferiu a Guiné para seu teatro de operações, onde cumpriu duas comissões de 1963/65 e de 1969/71. Aqui, por coincidên-cia, surgiu a oportunidade de o acompanhar de perto e foi onde tive o privilégio de apreciar a sua destemida coragem em comba-te, tantas vezes testada perante a admiração e respeito de todos nós na Guiné. A sua liderança arrebatava todos quantos serviam sob as suas ordens.

Realizou e comandou inúmeras operações de alto risco, com baixas no terreno, mas nunca o vi desfalecer, antes pelo contrário. Cada vez o sentia melhor preparado e a ope-ração Tridente em Janeiro de 1964, com uma duração de 72 dias, foi, além dos resultados obtidos, de grande utilidade para o aperfeiçoamento na manobra do seu Destacamento de Fuzileiros nº 8.

Já em 1963 me falava na necessidade de irmos à Guiné Conacri buscar o piloto da FAP, António Lobato, que se encontrava preso desde 22 de Maio de 1963, após queda do seu avião T6.

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Nunca desistiu desta ideia, que apenas a tornou possível con-cretizar em 22 de Novembro de 1970, no planeamento e coman-do da Operação Mar Verde, o que permitiu, entre outros objec-tivos, destruir e afundar 7 lanchas rápidas de origem russa e li-bertar não só o referido piloto como outros 25 prisioneiros por-tugueses que ali se encontravam.

Numa cerimónia do 10 de Junho, junto ao Monumento dos Combatentes, em Pedrouços, em ano que já não lembro, assisti a um homem que se aproximou do Comandante Calvão, acompa-nhado da mulher e de dois filhos que, de lágrimas nos olhos, veio apresentar a família a quem lhe tinha salvo a vida. Eu vi e ouvi. Foi emocionante.

Também tive muitas vezes a oportunidade de apreciar o convívio e a amizade mútua entre o Cmdt. Calvão e o agora TCOR REF Antó-nio Lobato, que tinha a liberdade a qualquer momento, desde que assinasse uma declaração em como estava contra a guerra. Nunca o fez e esteve preso nas masmorras da prisão de Conacri durante pre-cisamente 7 anos e meio. Interrogado porque não assinou, escreveu no seu livro Liberdade ou Evasão “com que cara eu chegava ao largo da minha aldeia?”.

Já lá vão quarenta e poucos anos sobre esta aventura de guerra com episódios que certamente dariam um bom filme e que ainda hoje é uma operação de estudo nas Escolas Militares dos E.U.A.

Depois deu-se o 25 de Abril, para o qual o Comandante foi contactado e não aceitou participar, perante a dúvida do que ia acontecer ao Ultramar. Como diz um grande amigo comum, Pro-fessor Universitário Rui Azevedo Teixeira, “Fechado o PREC com a actuação dos Comandos chefiados pela dupla Neves/Eanes, Al-poim Calvão não se deixou cair na política. Aliás, para político, não tinha os defeitos necessários”.

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1TEN Alpoim Calvão, CTEN Costa Santos e 1TEN Lopes Carvalheira

Terminada a descolonização apressada, logo o Comandante Calvão orientou a sua vida para voltar à Guiné sempre com o objectivo de compensar todos os nativos que serviram nos Fuzileiros, Comandos e Pára-Quedistas, e que conseguiram sobreviver sem serem fuzilados, fuzilamentos estes que ocorreram em série, efectuados ao tempo de Luís Cabral como Presidente da República da Guiné-Bissau.

Esta foi a obsessão do Comandante, que o tornou o maior em-pregador da Guiné atingindo os cerca de 400 postos de trabalho e que viria a fomentar o processo de desfalecimento da sua saúde.

A última ida à Guiné, em Setembro de 2013, foi determinante, pois regressou bastante debilitado, em consequência de um for-te paludismo e duma infecção complexa, que o prostrou no Hos-pital durante muito tempo. Começava então o princípio do fim.

Depois de enorme sofrimento durante quase um ano, acabou por falecer em 30 de Setembro de 2014.

O Comandante Alpoim Calvão, o oficial de Marinha mais con-decorado de todos os tempos, com um nobre carácter, era um Homem bom que praticava o bem, Amigo do seu Amigo, dotado de uma coragem ímpar, amante da sua Pátria, da sua Família e dos seus Amigos, pelos seus feitos e atitude deixa entre nós, na nossa Marinha e também na História de Portugal, o exemplo dos seus mais fiéis servidores que, estou certo, a sua memória o vai libertar da lei da morte.

Tive o privilégio de termos mantido uma amizade mútua desde cadetes e que se prolongou por toda uma vida.

Paz à sua Alma. Que Deus o receba e até sempre, meu bom Amigo.

Lopes Carvalheira VALM REF

N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico.

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No dia 26 de setembro decorreu na Escola Naval (EN) a Cerimónia de Entrega de Espadas e Juramento de Bandeira dos Aspirantes

do Curso “CALM Leotte do Rego” e de Entrega de Espadas aos Ofi-ciais do Curso de Formação de Oficiais Técnicos (CFOST) 2009/2012 e 2010/2013, presidida pelo CEMA, Almirante Macieira Fragoso.

O Batalhão do Corpo de Alunos da EN prestou honras ao Almi-rante CEMA, seguida de revista à formatura e de Cerimónia de Imposição de Condecorações.

Seguiu-se a Cerimónia de Entrega de Prémios Escolares, desig-nadamente, o Prémio “Aprumo Militar”, atribuído à Aspirante da classe de Administração Naval Ana Filipa Correia Pereira, entre-gue pelo Almirante CEMA, e o Prémio “Reserva Naval”, atribuído ao Guarda-marinha da classe de Fuzileiros Filipe Miguel Torres Côrte-Real, entregue pelo Presidente da Direção da AORN, Engº Armando António Pereira Teles Fortes.

A Cerimónia continuou com a Entrega de Espadas aos Oficiais do CFOST 2009/2012 e 2010/2013 e ao Curso “CALM Leotte do Rego”. Aos Aspirantes do Curso “CALM Leotte do Rego”, foi ainda entregue um exemplar dos “Lusíadas”. Finalizando esta parte da cerimónia, os Oficiais e Aspirantes prestaram continência ao ALM CEMA, pela primeira vez, com as suas espadas.

Seguidamente, e antes do Juramento de Bandeira, o Coman-dante do Corpo de Alunos proferiu uma exortação aos alunos, realçando que “…A entrega das espadas aos Oficiais do Curso de Formação de Oficiais do Serviço Técnico, bem como aos As-pirantes do curso “CALM Leotte do Rego”, é um momento so-lene que representa o investir de autoridade, nas funções de comando, direção e chefia, àqueles que agora a receberam. Re-cai sobre eles a responsabilidade pela condução exemplar dos seus subordinados…” Exortou ainda os Aspirantes a “…quando amanhã chegardes às vossas futuras unidades, pautem a vossa atuação, como oficiais demonstrando estarem sempre prontos e disponíveis, como subordinados, sendo leais, obedientes, mas frontais, como comandantes, diretores ou chefes, sendo corre-tos, justos, honestos e frontais. Como marinheiros, demonstran-do a vossa dedicação à Marinha, o espírito de camaradagem e entreajuda e, finalmente como Patriotas, demonstrando honra pela Pátria e assegurando a sua defesa quando vos for exigi-do…”. Terminou, dirigindo palavras de agradecimento aos fami-liares e amigos dos Aspirantes do Curso “CALM Leotte do Rego” pelo apoio ao longo do período de formação. A Cerimónia con-tinuou com a leitura dos Deveres Militares e com o Juramento de Bandeira dos aspirantes.

A Banda da Armada executou a Marcha de Guerra e o Hino Na-cional, que foi entoado pelo Batalhão do Corpo de Alunos.

No final, o Batalhão do Corpo de Alunos desfilou em continên-cia ao Almirante CEMA, a que se seguiu um Porto de Honra.

ENTREGA DE ESPADASE JURAMENTO DE BANDEIRA

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21NOVEMBRO 2014

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O segundo painel da manhã foi dedicado às empresas, onde cada uma partilhou a visão estratégia que está a seguir para compreender as ameaças no ciberespaço e qual o caminho a seguir a fim de minimizar o impacto destas ameaças no funcio-namento das organizações. Neste painel participaram a Edisoft do grupo THALES (Nuno Guerreiro), a Oracle (Sharon Uziel) e a AnubisNetworks (Pedro Barbosa).

No período da tarde, seguiram-se mais dois painéis, onde fo-ram apresentados os contributos do meio académico para a for-mação de quadros com conhecimentos sobre as implicações tec-nológicas e legais no ciberespaço. O painel dedicado à “Ciberse-gurança: Procedimentos e tecnologia” teve a presença do CFR EN-AEL Fernando Correia da EN e dos professores Carlos Ribeiro e Ricardo Chaves do Instituto Superior Técnico.

O tema dedicado ao quadro legal que pode ser aplicado em matéria de cibersegurança teve a participação da Mestre Raquel Castro e do Professor Alexandre Pinheiro da Faculdade de Direi-to, e do Juiz Joel Pereira, Conselho Superior da Magistratura. Fo-ram debatidos temas relacionados com a proteção de dados e di-reitos fundamentais dos cidadãos, e com a liberdade de impren-sa e meios de informação.

SEMINÁRIO

No passado dia 2 de julho, a Escola Naval (EN), a Faculdade de Direito e o Instituto Superior Técnico, da Universidade de

Lisboa, com a colaboração da AFCEA Portugal, organizaram um seminário subordinado ao tema “Cibersegurança: Questões Tec-nológicas e Implicações Legais”. O evento teve cerca de 150 par-ticipantes, onde se incluíram elementos das Forças Armadas e de Forças de Segurança, organizações governamentais, centros de investigação e indústria.

Este seminário teve como objetivo debater um conjunto de te-mas relevantes relacionados com a segurança de informação e o direito no ciberespaço. O tema da cibersegurança apresenta uma multidisciplinaridade e diferentes áreas de formação e atuação dos seus profissionais, pelo que este seminário abordou de uma forma integrada o direito no ciberespaço, os procedimentos de gestão de informação, a tecnologia e suas bases científicas.

O direito no ciberespaço é um tema atual e de elevado interesse face às questões de privacidade, proteção de dados pessoais e pro-teção de direitos de propriedade intelectual, entre muitos outros, resultantes da utilização de tecnologias de comunicação e partilha de informação. No presente, nenhuma estratégia de ciberseguran-ça pode ignorar os aspetos legais das matérias em causa.

A sessão de abertura teve a participação do Comandante da EN, CALM Bastos Ribeiro, do Diretor da Faculdade de Direito, Professor Doutor Jorge Duarte Pinheiro, do Presidente do Instituto Superior Técnico, Professor Arlindo Ribeiro, e do Presidente da AFCEA Por-tugal, CALM Carlos Rodrigues Rodolfo. Nesta sessão o Almirante José Torres Sobral, Autoridade Nacional de Segurança, nas suas pa-lavras de abertura, fez uma introdução relacionada com a estraté-gia nacional para as questões da segurança no ciberespaço e o es-tado de desenvolvimento do Centro Nacional de Cibersegurança.

No período da manhã foram apresentados dois painéis. O pri-meiro painel subordinado ao tema “Cibersegurança e o Impacto nas Organizações”, onde foi apresentada a visão por parte de or-ganizações públicas e privadas, tendo como base a segurança das infraestruturas criticas. Neste painel estiveram presentes o CMG Manuel Honorato, Diretor do CEGER; o CALM Gameiro Marques, Secretário-geral Adjunto do MDN; e o Professor António Costa e Silva, PARTEX Oil&Gas Portugal.

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O segundo dia de estágio iniciou-se aos primeiros alvores, com a realização de um cross matinal pela área da BNL, tendo-se proporcionado aos estagiários a possibili-dade da visualização do nascer do sol.

O estágio culminou com a realização do de-briefing, tendo ainda sido solicitado aos es-tagiários que manifestassem as suas impres-sões sobre todas as atividades realizadas. No final, os alunos do MBA do ISEG responderam a um inquérito de avaliação da satisfação com o estágio e as oportunidades de melhoria. De referir que o estágio obteve a avaliação média de 4,47 numa escala de 0 a 5.

É intenção da Escola Naval e do ISEG que este modelo de estágio em liderança e de-senvolvimento de equipas continue a ser incluído no programa dos futuros MBA’s a serem realizados por esta escola de gestão.

Com a realização deste tipo de eventos a EN contribui, de forma relevante, para a abertura da Marinha ao exterior, expressa nos seus objetivos estratégicos. Neste está-gio em concreto, a EN transfere valor acres-centado a indivíduos de relevo da sociedade civil, obtendo como contrapartida o reco-nhecimento da qualidade do ensino minis-trado, bem como a inclusão de dois oficiais da Marinha nos futuros MBA’s do ISEG.

Colaboração da ESCoLa naVaL

LIDERANÇAE DESENVOLVIMENTO DE EqUIPASNo fim de semana de 10 e 11 de maio,

realizou-se na Escola Naval (EN) um es-tágio em liderança e desenvolvimento de equipas para 23 alunos do 30º Masters in Business Administration (MBA), do Institu-to Superior de Economia e Gestão (ISEG), da Universidade de Lisboa. Os alunos fo-ram acompanhados pelo Professor Dou-tor Jorge Gomes, Associate Director do 30º MBA. De realçar que este MBA foi nomea-do, pelo terceiro ano consecutivo, para o “Top Tier One” da “CEO Magazine”, revista australiana destinada a executivos de topo.

O estágio teve como objetivo principal contribuir para o desenvolvimento das com-petências em liderança e de trabalho em equipa, dos alunos do MBA do ISEG. Para que este objetivo fosse atingido, foi cons-tituída uma equipa de oficiais, sargentos e praças da EN (designada por equipa tarefa).

O primeiro dia de estágio iniciou-se com uma avaliação geral da condição física dos alunos, por forma a apreciar a disponibili-dade física e, ao mesmo tempo, compor-tamental de cada aluno para as atividades onde iriam participar.

Seguidamente foi realizada uma palestra sobre a Marinha e a EN, com o intuito de enquadrar os participantes nas missões da Marinha, e da EN como Estabelecimento de Ensino Superior Público Universitário Militar.

Foi também abordado o modelo de Li-derança Funcional, atualmente utilizado na área de ensino e formação da Lideran-ça na Marinha, no sentido de se fazer a ligação da teoria com a prática, fazendo a preparação para um exercício de lideran-ça e trabalho em equipa, realizado no si-mulador de navegação da EN. Este exercí-cio foi desenhado com base num cenário naval básico, tendo em consideração os limitados conhecimentos navais dos es-tagiários. Neste exercício os estagiários dividiram-se por equipas, cada uma das quais seria responsável pelo comando de uma fragata da classe “Vasco da Gama”. Os navios encontravam-se no enfiamen-to da barra sul do Porto de Lisboa, regres-sando de uma missão SAR. O objetivo do exercício consistia em entrar no Porto de Lisboa, segundo um determinado planea-mento de navegação, e atracar no cais de honra da Base Naval de Lisboa, num tem-po máximo de 45 minutos. As equipas de-veriam cumprir determinadas regras e ul-trapassar adversidades que iriam sendo injetadas durante a execução do exercício.

Foi igualmente efetuado um embar-que no NRP Polar e Veleiro Blaus VII, que permitiu que os estagiários desenvolves-sem as suas capacidades de liderança e de trabalho em equipa, em contexto real, através da realização de diversas tarefas realizadas a bordo, tais como condução do navio, manobra de fundear, manobra do bote na água, e diversas fainas de ve-las, entre outras. Por questões de segu-rança, a execução das referidas tarefas foi supervisionada por oficiais dos dois navios. Os estagiários adaptaram-se fa-cilmente ao ambiente de vida a bordo, e tiveram oportunidade de constatar a importância da eficácia do trabalho das equipas nos navios. O embarque permi-tiu também fazer a ponte de ligação en-tre o exercício realizado no simulador de navegação e a realidade.

O primeiro dia de estágio terminou com a concretização do exercício noturno de orien-tação, liderança e estratégia, na variante de Score 100. Neste exercício foi solicitado aos estagiários que no tempo máximo de 2h30 alcançassem 100 pontos através da execu-ção de um conjunto de tarefas e a transpo-sição de obstáculos, de forma que colocas-sem em prática, em ambiente de stress, as suas capacidades de gestão e liderança, no-meadamente no âmbito do planeamento, tomada de decisão, organização e controlo, apreendidas durante todo o MBA.

23NOVEMBRO 2014

ENTREGAS DE COMANDO

NRP AURIGA E NRP ANDRÓMEDA

No dia 30 de setembro, decorreu no gabinete do Comandante Naval, na

BNL, a cerimónia de entrega de coman-do dos NRP Auriga e NRP Andrómeda. A cerimónia, presidida pelo 2º Coman-dante Naval e Comandante da Flotilha, CALM Silvestre Correia, contou com a presença do Diretor Geral do Instituto Hidrográfico, CALM Seabra de Melo, ou-tros oficiais generais, comandantes de unidades navais, diretores de diversas unidades, convidados civis e chefes de missão do IH.

A cerimónia iniciou-se com a entrega de comando do NRP Auriga, assinalada pelo discurso do Comandante cessan-te, 1TEN Pires Barroqueiro, seguindo- -se a leitura do louvor e o ato formal da entrega de comando. O novo coman-dante, 1TEN Almeida Valverde, usou da palavra agradecendo a confiança depo-

A 1TEN Dóris Filipa Ribeiro Fonseca nasceu em Lisboa a 10 de agosto de 1982, ingressou na EN em 2001 concluindo a Li-cenciatura em Ciências Militares Navais em 2006.

Entre 2006 e 2008 esteve embarcada no NRP General Pereira D’Eça, onde de-sempenhou as funções de chefe do Ser-viço de Operações e Armas, Adjunta do Imediato para a Gestão do Pessoal e Che-fe do Serviço de Navegação.

Em setembro de 2008 destacou para o NRP Vasco da Gama, onde desempenhou as funções de Adjunto do Navegador, até junho de 2009, altura em que destacou para o NRP Bartolomeu Dias, onde fez parte da primeira guarnição, desempe-nhando funções de Adjunta do Navega-dor, Chefe de Equipa de Vistoria e Oficial de Quarto à Ponte.

De 2010 a setembro a 2014 foi Coman-dante de Companhia no Corpo de Alunos da Escola Naval.

Frequentou diversos cursos de aperfei-çoamento ao longo da sua carreira.

O 1TEN Rui Manuel de Almeida Val-verde nasceu em Lisboa e ingressou na EN em setembro de 2000, tendo concluí-do em 2006 o curso de Marinha - Ramo de Marinha.

Em 2006 realizou o tirocínio de embar-que nos NRP's Baptista de Andrade e Vas-co da Gama.

Prestou serviço no NRP Baptista de Andra-de, como Chefe do Serviço de Navegação.

De 2010 a 2012, prestou serviço no NRP D. Francisco de Almeida como Adjun-to do Imediato para a Gestão do Pessoal e Oficial de Quarto à Ponte. Frequentou o Curso de Especialização de Oficiais em Comunicações, na Escola de Tecnologias Navais, no ano letivo de 2012/13.

De junho de 2013 até setembro de 2014, prestou serviço no NRP Corte Real como Chefe do Serviço de Comunicações e Oficial de Ação Tática.

Faz parte do Grupo de Trabalho de-dicado ao desenvolvimento do concei-to “Harbour Protection” no âmbito da NATO, projeto liderado por Portugal.

sitada em si e manifestando a vontade em cumprir a missão, predispondo-se a manter uma guarnição treinada e mo-tivada e um navio pronto. De seguida deu-se a cerimónia do NRP Andróme-da, com o discurso do comandante ces-sante, 1TEN Franco Leitão. Foi lido o seu louvor e realizada a passagem for-mal do comando à 1TEN Ribeiro Fonse-ca. A nova comandante fez uso da pala-vra manifestando o seu orgulho e satis-fação pelas novas funções, partilhando

DEstAcAMENto DE MERGUlhADoREs sAPADoREs Nº3

O 1TEN Paulo Alexandre Claro Lou-renço nasceu a 16 de março de 1978, na freguesia da Alhos Vedros, Concelho da Moita, ingressando na EN em novembro de 1996, concluindo em 2002 a licencia-tura em Ciências Militares Navais - Ramo de Marinha.

Entre 2000 e 2007 prestou serviço nos NRP Zaire e NRP Cuanza, como 3º Oficial e Oficial Imediato, e ainda no NRP Pereira D’Eça onde desempenhou as funções de Oficial Imediato.

Frequentou o Curso de Especialização de Oficiais em Mergulhador Sapador, na Escola de Mergulhadores, entre 2007 e 2009, assumindo as funções de Oficial Ime-diato no DMS1.

Entre outubro de 2010 e setembro de 2013 comandou o DMS2.

Frequentou o Curso de Promoção a Oficial Superior no ano letivo 2013/14.

Frequentou diversos cursos de for-mação tais como Tiro de Combate para Mergulhadores, Clearance Diving Offi-cer Course, no Canadá, e curso de Emer-gência em Combate.

Presidida pelo CALM Silvestre Correia, 2º Comandante Naval e Comandante

da Flotilha, teve lugar no dia 2 de outu-bro a cerimónia de entrega de Comando do Destacamento de Mergulhadores Sa-padores nº3 (ou DMS3-MW).

A cerimónia decorreu na Casa de Mer-gulho da Esquadrilha de Submarinos, onde se encontrava formada uma compa-nhia composta por militares dos três Des-tacamentos de Mergulhadores Sapado-res, comandada pelo oficial Imediato do DMS3-MW, 2TEN Leandro de Oliveira.

Após umas breves e sentidas palavras alu-sivas ao DMS3-MW e à sua atividade ope-racional dos últimos cinco anos, proferidas pelo Comandante cessante, 1TEN Robalo Rodrigues, foi lida a ordem do dia à Esqua-drilha de Submarinos a que se seguiu o ato de entrega do Comando com a transferên-cia do “Comando, ordens e instruções do Destacamento de Mergulhadores Sapado-res nº3” e recebidas pelo novo Comandan-te, 1TEN Claro Lourenço, a que se seguiu a imposição do distintivo de Comando.

O Comandante do DMS3-MW dirigiu-se aos militares do destacamento relevando os valores dos Mergulhadores e exortan-do-os a cumprir com dedicação e compe-tência os desafios futuros.

A cerimónia terminou após a alocução do Comandante do Agrupamento de Mer-gulhadores Sapadores e com a primeira ordem do novo Comandante “o destroçar da companhia”.

Uma modesta e singela cerimónia, car-regada de emoção e significado, onde soou e sobressaiu o lema dos Mergulha-dores “In Aqua Optimi”.

alguns dos princípios orientadores para o seu comando.

Formalizadas as entregas de comando, o Comandante do Agrupamento dos Navios Hidrográficos, CFR José Manuel Moreira Pinto, dirigiu-se aos comandantes cessan-tes, felicitando-os pelo excelente desempe-nho obtido no exercício de comando, que em muito colaborou para o desempenho do agrupamento. Terminou dirigindo-se aos novos comandantes, desejando-lhes sorte, bons ventos e mar de feição.

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novo DIREToR Da aFCEa PoRTugal

No dia 1 de outubro, tomaram posse os novos Órgãos Sociais da AFCEA Portu-

gal para o biénio 2014-2016, em confor-midade com o resultado das eleições rea-lizadas em 11 de setembro.

Na cerimónia para apresentação dos no-vos Órgãos Sociais da Associação, que se realizou na sala dos presidentes da AIP-CCI, na Junqueira, estiveram presentes mais de uma centena de associados e colaboradores da Associação, incluindo representantes das forças armadas, das forças e serviços de se-gurança, universidades e empresas.

O CALM Carlos Rodolfo exerceu du-rante dez anos as funções executivas da AFCEA Portugal, que passam a ser assumidas pelo CALM Mário Durão, novo Presidente da Direção. O Presi-dente cessante continuará, no entanto, ligado à Associação como Presidente da Mesa da Assembleia Geral, substi-tuindo nesse cargo o Prof. Doutor Car-valho Rodrigues. O CALM Carlos Rodol-fo foi ainda nomeado, pela AFCEA In-ternacional, Vice-Presidente Regional da Área Atlântica.

NRP ORÍON, NRP PÉGASO E NRP ARGOS

A 29 de setembro, presidida pelo 2º Co-mandante Naval e Comandante da Flo-

tilha, CALM Silvestre Correia, em represen-tação do VALM Comandante Naval, ocorre-ram no cais nº 5 da BNL, as cerimónias de entrega de comando dos NRP´s Oríon, Pé-gaso e Argos, que contaram com a presen-ça dos Contra-Almirantes Diretor de Na-vios, Diretor de Abastecimento e Coman-dante do Corpo de Fuzileiros, entre outros convidados militares e familiares.

O evento iniciou-se com a entrega de co-mando do NRP Oríon, do 1TEN Henriques Vitorino para o 2TEN Chagas Fernandes, de seguida a do NRP Pégaso, do 2TEN Bats-chelet Rosas para o 2TEN Quintela Marçal, e, por fim, do NRP Argos, do 2TEN Pereira Rosinha para o 2TEN Torcato Faustino.

Nas palavras de despedida dos Coman-dantes cessantes foi comum a manifestação de reconhecimento a todos os organismos e entidades da Marinha que contribuíram para o cumprimento das missões que com-pletaram ao longo dos 2 anos de comando. Em tom de despedida, mas com sentimen-to de missão cumprida, dirigiram-se às suas guarnições, agradecendo o esforço, dedica-ção e o empenho demonstrado na prepara-ção e execução das diversas missões.

Os Comandantes empossados, que ten-do como objetivo comum “poder servir Portugal no mar”, agradeceram o facto de serem distinguidos com um comando de uma Lancha de Fiscalização. Com grande orgulho, satisfação e motivação, foi-lhes imposto ao peito o distintivo de comando pelo 2º Comandante Naval.

A encerrar a cerimónia, o Oficial Exercen-do Funções de Comandante da Esquadrilha de Navios Patrulha, CFR Gonçalves Vigário, dirigiu algumas palavras aos comandantes cessantes, felicitando-os pelo desempenho do cargo, partilhando o sentimento do de-ver cumprido, e aos novos comandantes dos NRP Oríon, NRP Pégaso e NRP Argos de-sejando-lhes sorte e mar de feição.

Já no hangar da Esquadrilha de Submari-nos brindou-se com o grito dos artilheiros aos comandantes cessantes, aos coman-dantes empossados, à Marinha e a Portugal.

O 2TEN Tiago Filipe das Chagas Fer-nandes nasceu em Setúbal e em outubro de 2006 ingressou na EN, tendo concluído o mestrado em Ciências Militares Navais – Marinha em 2011.

Em outubro de 2011, prestou serviço no NRP Sagres como Chefe do Serviço de Ar-tilharia, Adjunto do Imediato para a Ges-tão do Pessoal e Oficial de Educação Física e acumulou o cargo de Oficial de Relações Públicas do Navio. Nesta comissão, desta-ca-se a participação em cinco Viagens de Instrução dos Cadetes da EN e três Viagens de Candidatos.

O 2TEN Pedro Miguel Torcato Faustino nasceu em Almeirim e ingressou na EN em outubro de 2005, tendo concluído o Mes-trado em Ciências Militares Navais – Mari-nha. Ainda como Aspirante a oficial, esta-giou no NRP João Coutinho.

Prestou serviço no NRP Schultz Xavier como Adjunto do Imediato para a Gestão do Pessoal, Chefe de Operações e Oficial de Quarto à Ponte.

Prestou serviço como Adjunto do Ime-diato para a Gestão do Pessoal e Oficial de Quarto no NRP Álvares Cabral.

Efetuou missões de fiscalizações maríti-mas na ZMN e na ZMM, nos NRP's Schultz Xavier e Álvares Cabral, onde efetuou o Plano de Treino Básico (PTB), o Operational Sea Training (POST) e participou na Opera-ção Atalanta, como navio-almirante da For-ça Naval da UE, no combate à pirataria no Oceano Índico.

O 2TEN Pedro Igor Quintela Marçal nasceu em Lisboa e ingressou na EN, tendo concluído o mestrado em Ciências Milita-res Navais – Marinha.

Em outubro de 2010, prestou serviço no NRP Zaire, como Chefe do Serviço de Navegação, Serviço de Operações de Su-perfície e Anti-aéreas e do cargo de co-municações.

Prestou serviço no NRP Viana do Castelo, tendo assumido as funções de Chefe do Serviço de Navegação e de Oficial de Relações Públicas, entre ou-tros cargos eventuais, a partir de ou-tubro de 2012 até setembro de 2014. Acumulou ainda as funções de Chefe da Secção de Fiscalização Marítima até se-tembro de 2013.

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25NOVEMBRO 2014

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CERIMóNIA DE ATRIBUIÇÃO DO NOME“VALM SARMENTO GOUVEIA” à BASE HIDROGRÁFICA

Realizou-se no passado dia 12 de junho, a Cerimónia de Atri-buição do nome do Vice-almirante Sarmento Gouveia à Base

Hidrográfica (Azinheira), sediada no Seixal. A cerimónia, presidida pelo Diretor-geral do Instituto Hi-

drográfico (IH), CALM Silva Ribeiro, teve início com o des-cerramento da placa pelo homenageado, Vice-almirante Sarmento Gouveia, que contou com a presença dos seus familiares e distintos convidados. Seguiu-se uma alocução

proferida pelo Diretor-geral do IH, onde destacou o empe-nho desenvolvido pelo Vice-almirante Sarmento Gouveia na atribuição destas Infraestruturas ao Instituto Hidrográfi-co, sendo estas instalações, atualmente, um polo tecnoló-gico ligado às ciências e técnica do mar. O evento terminou com uma visita pelas instalações da Base Hidrográfica, des-tacando-se o Centro de Instrumentação Marítima, recente-mente inaugurado.

O CALM Carvalho Afonso era um notável estudioso e detentor de uma cultura supe-rior e, já na reserva, em 1980, foi com natu-ralidade que exerceu o cargo de Diretor da Biblioteca da Marinha e mais tarde Diretor da Revista da Armada, entre 29MAR89 e 02OUT91, data da sua passagem à reforma.

Fora da Marinha, foi professor de duas cadeiras na Escola Náutica, Chefe do De-partamento de Estudos da Firma Parry & Son e Promotor do Estudo e Implementa-ção de Programas numa firma de constru-ção naval.

Foi presidente da Comissão de Reda-ção dos Anais do Clube Militar Naval e era membro efetivo da Academia de Marinha, na classe de Artes, Letras e Ciências.Da sua folha de serviço destacam-se três Medalhas de Prata de Serviços Distintos, a Medalha de Mérito Militar de 2ª Classe, a Medalha de Oficial da Ordem Militar de Avis e a Medalha Naval Vasco da Gama.

À família enlutada, a RA apresenta sentidas

condolências.

CALM EMQ JOAQUIM DE CARVALHO AFONSO (1923-2014)EX-DIRETOR DA REVISTA DA ARMADA

Faleceu no dia 15 de agosto, aos 91 anos, o Contra-almirante EMQ Joaquim

de Carvalho Afonso, natural de Lisboa.Ingressou na Escola Naval em 1942

onde lhe foi atribuído o prémio de Apru-mo Militar, sendo promovido a Guarda--Marinha em 1946.

Como engenheiro maquinista naval embarcou em várias classes de navios do seu tempo, como foram os casos, entre outros, da lancha de fiscalização Corvina, o aviso de 2ª Classe Gonçal-ves Zarco, o aviso de 1ª Classe Afonso de Albuquerque, os contratorpedeiros Dão e Douro, a fragata Nuno Tristão, o aviso de 1ª Classe Bartolomeu Dias, a fragata Pero Escobar, e o navio petro-leiro Sam Brás.

Como oficial subalterno esteve em co-missão de serviço na Índia, embarcado. Como oficial superior fez duas comissões de serviço, uma embarcado em Moçambi-que e outra em Cabo Verde, tendo nesta acumulado as funções de diretor das Ofi-cinas Navais de S. Vicente.

Oficial de reconhecida capacidade de trabalho e competência, assumiu rele-vantes cargos na Marinha, tendo sido Diretor das Infraestruturas Navais, Ad-ministrador do Arsenal do Alfeite e Che-fe do Gabinete de Gestão da Superin-tendência do Serviço do Material.

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aos novos desafios, na tradição de bem servir enformadora da sua visão: “Ser um organismo de excelência no domínio da ges-tão financeira pública”.

Colaboração da SSF

ANIVERSÁRIOS

Durante o mês de setembro diversas Unidades celebraram o seu dia. A Revista da Armada associa-se a esta efeméri-

de, endereçando os parabéns aos Comandantes/Diretores e respetivas Guarnições.

Direção de Transportes 14 setembroCentro de Medicina Subaquática e Hiperbárica 15 setembroSuperintendência dos Serviços Financeiros 18 setembroDireção de Auditoria e Controlo Financeiro 18 setembroDireção de Administração Financeira 18 setembroDireção dos Serviços Administrativos e Financeiros Centrais 18 setembroInstituto Hidrográfico 22 setembroEscola de Tecnologias Navais (ETNA) 27 setembro

Superintendência doS ServiçoS de tecnologiaS da informação4º aniversário

Superintendência doS ServiçoS financeiroS40º aniversário

No dia 8 de julho a SSTI efetuou, no seu 4º ano de existência, um almoço-convívio, evento que se vem realizando anualmente desde julho de 2002.

A iniciativa mantem-se desde a data da criação das Comissões Eventuais da Direção de Análise e Gestão da Informação (DAGI-CE) e da Direção de Tecnologias de Informação e Comunicações (DITIC-CE), em 2 de julho de 2001.

Este encontro da SSTI teve lugar na BNL, reunindo, para além da DAGI e da DITIC, o Centro de Documentação, Informação e Ar-quivo Central da Marinha (CDIACM).

O dia começou com um jogo de futebol no campo relvado do CEFA entre equipas mistas, formadas por elementos militares e civis. Após o jogo, pautado pela camaradagem e pelo fair-play, seguiu-se o almoço no parque das merendas da BNL que decor-reu em ambiente de descontração.

O momento alto do dia deu-se com a partilha do bolo e com as palavras dirigidas a todo o pessoal militar e civil, proferidas pelo CALM SSTI. Este convívio, que assinalou o aniversário da SSTI, possi-bilitou uma rara oportunidade para juntar, em ambiente informal, as pessoas que diariamente trabalham na Superintendência, propor-

cionando um momento que permitiu estreitar laços entre as guar-nições, facilitando a comunicação horizontal dentro da organização.

Colaboração da SSTI

No dia 25 de setembro celebrou-se o 40º aniversário da Superin-tendência dos Serviços Financeiros (SSF). A SSF foi criada em 1974, substituindo a Intendência dos Serviços de Administração Finan-ceira da Marinha, mas as suas origens remontam ao séc. XVI, en-contrando raízes nas Ordenações de Fazenda do Rei D. Manuel I.

Compõem a SSF, para além do gabinete do Superintendente, três direções que asseguram a coerência e integridade funcional do ciclo de gestão dos recursos financeiros, englobando as vertentes orça-mental, financeira, económica e patrimonial: Direção de Adminis-tração Financeira (DAF), Direção de Auditoria e Controlo Financeiro (DACF) e Direção dos Serviços Administrativos e Financeiros Cen-trais (DSAFC), num total de 111 elementos, entre civis e militares.

Nos dias que antecederam a efeméride realizou-se um disputa-do torneio de futebol de sala, tendo saído vitoriosa a equipa repre-sentativa da DAF. O dia do aniversário foi celebrado simbolicamen-te no rio Tejo a bordo da UAM Zêzere, onde se desfrutou de salutar convívio e excelente almoço servido pela BNL, com o bolo de ani-versário a servir de mote para mais um brinde à SSF e à Marinha.

Fruto do labor, dedicação e competência dos homens e mulhe-res que nela prestam serviço, a SSF tem acompanhado a evolu-ção que se vem registando na administração pública em resposta

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• PORTINSURANCE

Foi celebrado um protocolo de colaboração entre o Ministério da Defesa Nacional e a Portinsurance (Açoreana Seguros). A parceria abrange uma oferta alargada de soluções em várias áreas: ramo vida/ramo automóvel/área multirriscos/área da saúde, entre outras.

Relativamente aos produtos ligados à área da saúde, a Portinsuran-ce possui um seguro “Saúde Complementar à ADSE/ADM”, que prevê as seguintes coberturas: hospitalização, parto, assistência ambulató-ria, medicamentos, acesso à rede Dentinet, próteses e ortóteses.

Com este protocolo os beneficiários podem ainda usufruir de um cartão de descontos, a utilizar numa vasta rede de lo-jas (entre as quais a cadeira de abastecimento de combustí-veis PRIO).

Para aceder ao simulador de Seguro de Vida Crédito, visite: www.grupoportinsurance.pt/MDN, utilizado os seguintes dados: Utilizador: W00947510; Password: a5E4He

• HEALTH CLUB INFANTE SAGRES

O Ministério da Defesa Nacional assinou um protocolo de cooperação com o Health Club "Infante Sagres". A parceria es-

SAIBAM TODOS

tabelece as condições preferenciais/benefícios e abrange todos os militares e civis.

Ao abrigo do protocolo, encontram-se incluídos os seguintes serviços: inscrição, avaliação da condição física, dois treinos as-sistidos e posterior acompanhamento em sala, toalhas e duas horas de estacionamento grátis.

Para consultar o protocolo na íntegra visite: http://umc.defesa.pt/Lists/Protocolos/DispForm.aspx?ID=50

• REGIME ESPECIAL DE PROTEÇÃO NA INVALIDEZ

O regime especial de proteção na invalidez, consagrado na lei nº 90/2009, de 31 de agosto, abrange as seguintes pato-logias: Paramiloidose Familiar; Doença de Machado-Joseph (DMJ); Sida (Vírus da imunodeficiência humana, HIV); Escle-rose múltipla; Doença de foro oncológico; Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA); Doença de Parkinson (DP); Doença de Al-zheimer (DA).Esclarecimentos adicionais podem ser efetuados através da As-sistente Social da Direção de Apoio Social: [email protected]; 213 217 558; RTM – 32 91 67

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originando assim um incêndio que rapida-mente se estendeu ao muito material ali existente e que veio a provocar a total destruição de uma das alas do edifício.

O director, que estou em crer ser então o oficial da Armada Marino Miguel Fran-zini, no relatório inicial que escreveu so-bre o sucedido, refere que o incêndio não tinha assumido maiores dimensões gra-ças à pronta intervenção de um almiran-te inglês de uma esquadra fundeada, na Junqueira, frente à Cordoaria, o qual, ten-do-se apercebido do incêndio, mobilizara marinheiros ingleses e, juntamente com eles, combatera o incêndio.

Curiosamente, na pesquisa sucinta que efectuei, não encontrei qualquer men-ção de apreço ao almirante inglês, cuja identidade anda perdida no espaço, nem aos ingleses.

O que mais me surpreendeu, não foi tanto o facto de um almirante ter parti-cipado directamente no combate, estou certo que, se a idade e condição física lhes permitissem, muitos dos almirantes que conheço teriam tido comportamen-to idêntico; o que verdadeiramente con-sidero de realçar foi o facto de Franzini, no relatório em causa, afirmar que, in-dependentemente da destruição de par-te da Cordoaria, nenhum operário ficaria sem trabalhar, tendo já adoptado medi-das nesse sentido.

Tal decisão, que a ocorrer nos nossos dias mereceria honras de abertura em qualquer noticiário da TV, assume parti-cular significado numa época em que di-reitos dos trabalhadores não faziam parte do léxico nacional.

Com. E. Gomes

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68

N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico

VIGIA DA HISTÓRIA

INCÊNDIONA CORDOARIAO meu relacionamento com a infor-

mática está longe de ser pacífico; tudo o que de mau me poderia aconte-cer, já aconteceu, sendo que a situação mais grave ocorreu há uns anos atrás quando grande parte da informação que vinha recolhendo há muito tempo resol-veu desaparecer do computador, sem que nada conseguisse fazer para suster tal desaparecimento.

Vem isto a propósito de que uma sé-rie de propostas de artigos que, tanto quanto é possível afirmar, foram por mim enviados, resolveram “emigrar” para parte incerta, talvez se encontran-do hoje a vaguear pelo éter, espaço esse que se a informática não o tem, deveria seguramente tê-lo.

O destinatário garante, e nada me per-mite duvidar, não ter recebido tais pro-postas, enfim, mistérios insondáveis da in-formática que, quanto a mim, não são de forma nenhuma tão poucos quanto isso.

É evidente que tivesse eu guardado cópia do que envio, ou até mesmo das fontes que utilizei, não haveria proble-ma de maior, dá-se o caso, no entanto, que, por razões que nem eu próprio por vezes consigo compreender, nunca utili-zei tal procedimento.

É evidente que a falta de tais artigos não traz grande mal ao mundo mas, dada a curiosidade dos episódios, resolvi aven-turar-me e tentar reproduzi-los, basean-do-me na memória que mantenho dos principais elementos, se bem que a me-mória já tenha conhecido melhores dias.

Acresce ainda que, não referenciando as fontes onde recolhi as informações que deram origem a tais propostas de artigo, o eventual leitor ficará impossibilitado de verificar a veracidade do que relato, fican-do pois ao seu critério acreditar, ou não, no que adiante segue.

O incêndio ocorrido na Cordoaria Na-cional, em 1826, é um dos casos abrangi-dos pelo que atrás se escreveu.

Na sequência do trabalho normal, um operário terá colocado um ferro em bra-sa num balde contendo pez (ou alcatrão?),

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Acreditar que em África é possível, presentemente, impedir a pro-pagação de uma qualquer doença de forma simples é pura e simples utopia. Até porque o resto do mundo se tem mostrado pouco preo-cupado com o falecimento crónico (parece até programado) de uns milhares de africanos, por doenças evitáveis no mundo dito civiliza-do. A atual preocupação com o ébola parece até hipocrisia ao estilo, "parece que agora temos que fazer alguma coisa"…

A conclusão desta tragédia em três atos é, por certo, a seguinte: o ébola não é um problema de saúde. O ébola e outras entidades se-melhantes constituem um problema político. Esse problema terá, mais tarde ou mais cedo, que ser assumido de forma sistemática.

E em Portugal, estamos expostos? Conto a esse propósito a his-tória real de uma médica de família que mora na cidade mais africana de Portugal e, mesmo, da Europa: a Amadora, bem às portas de Lisboa. Determinado casal, da Guiné-Bissau, recebeu um sobrinho recém chegado da Guiné, via Senegal. Levam-no de imediato ao médico e solicitam: – Doutô, chegou de África onte. Tem um dô e muita febre… Veja tudo por favor…

Portugal – salta à vista – é um país certamente em risco. A amea-ça parece até mais grave do que a gripe A (que motivou um maci-ço investimento). Os médicos e os enfermeiros estão na linha da frente e têm expressado esses alertas. Na Idade Média a peste ne-gra mudou a sociedade, vamos ver o que acontecerá neste tempo digital em que o homem acreditou controlar todas as ameaças?

Doc

NOVAS HISTÓRIAS DA BOTICA 37

O ÉBOLA, AS PESSOASE O MUNDO…A atual epidemia do ébola encerra a verdade do mundo. Estou

certo que é muito, muito mais do que só um vírus, agressivo e mortal. O ébola, acredite o leitor paciente, é um símbolo… um símbolo para este mundo profundamente injusto, frio, calculista e motivado por um objetivo apenas… o lucro. Vou passar a expli-car esta tragédia em três atos, sem sequer entrar por descrições médicas, ou riscos preventivos.ATO 1 – O cenário: África permanece o continente mais pobre do mundo, em contradição com as suas vastas potencialidades naturais. Durante séculos, essas riquezas foram exploradas, com pouco benefício dos autóctones. Aquando da descolonização, ao contrário do esperado as populações ficaram bastante mais empobrecidas. A descolonização criou nos novos países elites de super ricos e, infelizmente, na maioria dos casos, sem qualquer preocupação de ordem social (ouso dizer mesmo, sem qualquer preocupação de ordem moral).

A delapidação continuou a ritmos nunca antes testados. As faces dos atuais "colonizadores" mudaram. Deixamos de ter os "odiosos" portugueses, para ter os sempre presentes defenso-res da democracia ocidental, com as suas multinacionais ex-tratoras de matérias-primas valiosas em grande laboração no Continente Negro. Ele é o petróleo, pedras preciosas, madeiras raras, etc. Tudo se vende em África, até a dignidade. Daí que al-gumas potências do oriente, menos preocupadas com a demo-cracia, decidiram entrar de forma firme no mercado africano. Naturalmente muito pouca desta riqueza chega a quem dela precisa, induzindo um gigantesco fluxo migratório, impossível de conter e, espantosamente, incompreensível aos olhos dos incrédulos europeus. ATO 2 – A componente social: A pobreza opressiva a que a grande parte da população africana está votada a conhecer, bem como outros fenómenos de ordem social, nos quais figura de forma relevante a guerra endémica que caracteriza um con-tinente onde "até Deus parece estar ausente", concentraram a população em grandes cidades. Essas cidades caracterizam-se por juntarem milhões de indivíduos sem as mais básicas condi-ções sanitárias.

Trata-se de situações inimagináveis, sem água corrente, sem qual-quer espécie de higiene, onde certamente não se vive… sobrevive-se, no pior sentido que a palavra acarreta…

O Ocidente aqui tem estado presente, quer através de Organi-zações Não Governamentais (ONGs) – que frequentemente fa-zem a diferença entre a vida e a morte, para milhões – quer pelas igrejas missionárias, também elas, tábuas de salvação para mui-tos. Pouca desta atividade humanitária chega aos noticiários, ex-ceto quando um anónimo funcionário das ONGs é trucidado em direto na Internet, ou um qualquer missonário é abatido, claro, por razões de pureza religiosa…ATO 3 – A epidemiologia das doenças em África: Após os atos 1 e 2 facilmente que o Ato 3 só pode ter um título: tragédia. Países que não conseguem assegurar a dignidade mínima dos seus cidadãos, não têm capacidade para travar qualquer doen-ça ou epidemia. Ora, epidemias e endemias (doenças sempre presentes) há muitas em África. Da longa lista seleciono a malá-ria, as múltiplas parasitoses e as ainda mais frequentes doenças virais, controladas pela vacinação noutros lugares (poliomielite, sarampo, etc).

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JOGO PATOLÓGICO

SAÚDE PARA TODOS 19

AP – Como se caracteriza o Jogo Patológico?CR – O Jogo Patológico é caracterizado por uma contínua ou pe-riódica perda de controlo em relação ao jogo, uma preocupação em jogar e obter dinheiro para jogar, por pensamento irracional, bem como pela manutenção deste comportamento, apesar das consequências adversas.AP – Existem diferentes tipos de jogadores patológicos?CR – Sim. Existem 4 tipos de jogadores patológicos:● GAMER PATOLÓGICO ONLINE – joga nas redes sociais (e.g.: fa-cebook) e noutros sites de jogo online (jogos de RPG, FPS, etc.) de forma compulsiva, mas não aplica dinheiro.● JOGADOR PATOLÓGICO ONLINE – faz apostas desportivas, no casino virtual, no poker através da internet, entre outros, mas aplica dinheiro.

Jogo Patológico ou ludomania, vulgarmente conhecido como “vício” do jogo, é definido pela Organização Mundial de Saúde como um transtor-no em que se verificam episódios repetidos e frequentes de jogo que dominam a vida do sujeito em detrimento dos valores e dos compromissos sociais, profissionais, materiais e familiares.Apesar das consequências negativas que o jogo traz aos adictos e seus familiares, e do desejo que os mesmos têm de parar, os jogadores patológicos precisam de jogar cada vez mais, e com cada vez mais riscos, para obter o mesmo prazer que os jogadores ocasionais. Esse mecanismo é muito semelhante ao da dependência química que se observa, por exemplo, na adição a drogas.Existem várias atividades conhecidas associadas ao Jogo Patológico, as mais comuns são os videojogos, cartas, casino, bingo, lotaria, bolsa e apostas desportivas, quer o jogo se realize em presença física ou através da internet. É mais prejudicial nos jogos que envolvem dinheiro, mas qualquer jogo prazeroso se pode tornar viciante.Dado os problemas sérios associados a este transtorno, e o facto de a sua prevalência se encontrar em crescimento nas sociedades de-senvolvidas, é importante divulgar as suas caraterísticas pela população em geral. Assim, para melhor compreensão deste problema, foi pedida a colaboração à Subtenente Carolina Rodrigues, chefe do Serviço de Psicologia e Aconselhamento da UTITA (Unidade de Trata-mento Intensivo de Toxicodependências e Alcoolismo).

● JOGADOR PATOLÓGICO OFFLINE – joga no casino, bingo, na banca, máquinas/slots, poker, entre outros, e aplica dinheiro.● JOGADOR MISTO OFF/ONLINE – joga a dinheiro através das duas formas (via tradicional e via internet).AP – Como se pode fazer o diagnóstico de jogador patológico?CR – Habitualmente estas pessoas apresentam uma preocupação ob-sessiva com o jogo. Têm necessidade de aumentar o tamanho de apos-tas e o tempo despendido a jogar para alcançar a excitação e adrena-lina desejada. Não conseguem controlar, diminuir ou parar de jogar. Perante a privação do jogo, estes jogadores apresentam inquietude, irrequietude e irritabilidade. Se o jogo envolveu perda de dinheiro, é frequente estes jogadores regressarem no dia seguinte para recuperar o dinheiro perdido. Existe utilização da mentira, como forma de ma-nipular e de esconder a extensão do envolvimento com o jogo, bem

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como de atos ilegais para financiar o jogo, como a falsificação, fraude, roubo ou desfalque. Por fim, existe um conjunto de consequências a nível familiar (e.g.: divórcio, maus tratos) e laboral (e.g.: perda do em-prego, problemas com as chefias/colegas, atrasos e faltas).AP – Conhece-se a etiologia desta doença?CR – O Jogo Patológico é uma doença aditiva com fatores biopsi-cossociais, ou seja, associada a causas biológicas, psicológicas e so-ciais. São frequentes os traços de personalidade impulsivos, com-petitivos e de grandiosidade, bem como a distorção cognitiva e não aquisição de competências psicossociais. Muitas vezes, o Jogo Patológico aparece em simultâneo com outras adições (álcool/dro-gas), com a depressão ou com a ansiedade. Pode surgir em famílias disfuncionais ou onde já existe a tradição e o modelo familiar do jogo. O próprio meio onde a pessoa está inserida pode reforçar a acessibilidade e disponibilidade ao jogo. Também o marketing e a publicidade acabam por ser fatores que reforçam a adição. AP – Como começa habitualmente esta dependência do jogo?CR – Esta dependência não surge de um momento para o outro, é uma doença progressiva e contínua, como tal, passa por diferentes fases. De acordo com as investigações mais recentes, o jogo come-ça com pequenas apostas, normalmente na adolescência, sendo mais frequente entre os homens. O intervalo de tempo entre começar a jo-gar e a perda de controlo sobre o jogo varia de 1 a 20 anos, sendo mais comum num período de 5 anos. É frequente que as primeiras apostas tenham resultado em ganho de uma quantia expressiva de dinheiro. A primeira fase é a fase da vitória, onde a sorte inicial é rapidamen-te substituída pela habilidade no jogo. As vitórias tornam-se cada vez mais excitantes e a pessoa passa a jogar com maior frequência, acre-ditando que é um jogador excecional. Uma pessoa que joga apenas socialmente geralmente pára de jogar aí. A segunda fase é a fase da perda, onde a atitude de otimismo não-realista passa a ser a caracte-rística do jogador patológico. O jogo não sai da sua cabeça e ele passa a jogar sozinho. Depois de ganhar uma grande quantia de dinheiro, o valor da aposta aumenta consideravelmente, na esperança de ganhos ainda maiores. A perda passa a ser difícil de ser tolerada. O dinheiro que ganhou no jogo é utilizado para jogar mais e rapidamente começa a gastar o ordenado, a poupança e o dinheiro de familiares e amigos. A terceira fase já é a fase do desespero caracterizada pelo aumento de tempo e dinheiro gastos com o jogo e pelo afastamento da família. Nesta fase, o jogador percebe a dimensão da sua dívida e deseja pa-gá-la rapidamente. Começa a confrontar-se com a sua imagem social negativa e tem tendência a isolar-se dos familiares e amigos. A perce-ção desses fatores pressionam o jogador e o comportamento de jogar aumenta ainda mais, na esperança de ganhar uma quantia que possa resolver todos esses problemas. Alguns passam então a utilizar recur-sos ilegais para obter dinheiro. Nessa fase, é comum a fadiga física e psicológica, sendo frequente a depressão e pensamentos suicidas.AP – Os jogadores patológicos reconhecem a sua doença?CR – Qualquer jogador patológico apresenta o sintoma de nega-ção pois tem a necessidade de reduzir a consciência de que é o jogo a causa do seu sofrimento. A negação é um mecanismo de defesa que bloqueia a motivação para a recuperação porque o jogador esconde a si próprio, e aos outros, a realidade do seu sofrimento interior. Negar a doença é um sintoma e faz parte da doença. Assim, a família e os amigos deverão encorajar, de forma assertiva, a procura de ajuda de tratamento adequado. AP – Qual o tratamento de eleição para esta doença? CR – O tratamento implica uma reabilitação biopsicossocial. Atualmente o modelo com mais sucesso para o tratamento do jogo patológico, e de outras adições, é aquele que combina os princípios do Programa dos Doze-Passos dos Alcoólicos Anóni-mos, o Modelo Minnesota, o aconselhamento e terapia cogniti-va-comportamental individual e em grupo, bem como o aconse-lhamento e terapia familiar. É este o modelo utilizado pela UTITA.

AP – Em que consiste esse modelo de tratamento?CR – Este modelo considera como objetivos gerais de um progra-ma de recuperação o reconhecimento da dependência do jogo como uma doença, a aceitação da necessidade de abstinência to-tal, o estabelecimento de um programa para manter a abstinên-cia e, por último, o diagnóstico e o tratamento de problemáticas biopsicossociais que possam prejudicar a abstinência. AP – Que profissionais estão envolvidos no tratamento?CR – Esta reabilitação implica que o tratamento seja acompanhado por médicos, psicólogos, terapeutas, enfermeiros e outros profissio-nais, de forma a reabilitar a pessoa ao nível físico, psicológico e social. AP – Como funcionam os tratamentos na UTITA?CR – A UTITA é um serviço de utilização comum das Forças Armadas, recebendo militares no ativo e na reserva dos três ramos e ainda ele-mentos da GNR, PSP e civis, de acordo com a sua capacidade sobran-te. A admissão dos pacientes é realizada na sede da UTITA, no Alfeite, por uma equipa clínica. O paciente realiza uma avaliação médica e psicológica e, se reunir os critérios de admissão, seguem-se todos os procedimentos necessários ao tratamento. As terapias são realizadas preferencialmente em grupo e com pessoas que têm a mesma doen-ça. Deste modo, é frequente existir um processo de identificação e de entreajuda entre os vários pacientes.AP – Qual a taxa de sucesso destes tratamentos?CR – O modelo de tratamento utilizado na UTITA tem provado conseguir elevadas taxas de recuperação, pelo que, ao longo dos tempos, tem sido considerado como um dos modelos mais efica-zes no tratamento da doença aditiva, nomeadamente alcoólica e do jogo patológico. Por esse motivo tem vindo a expandir-se por todo o mundo com enorme sucesso. AP – É comum ouvirmos publicidade a grupos de autoajuda. Exis-tem alguns dirigidos especificamente a jogadores patológicos?CR – Sim, chamam-se Jogadores Anónimos e, à semelhança dos Al-coólicos Anónimos e dos Narcóticos Anónimos, são constituídos por pessoas que apresentam a mesma doença e que se auxiliam mutua-mente no processo de recuperação. Estes grupos constituem uma rede de apoio importantíssima na reabilitação, a par do modelo de tratamento biopsicossocial já descrito anteriormente. Existe tam-bém uma linha de ajuda, conhecida por SOS Jogo (968230998).

O Jogo Patológico não é um “vício” de caráter, é uma doença! A melhor ajuda é referenciar para tratamento.

ana Cristina Pratas1TEN MN

32 NOVEMBRO 2014

Melo e SousaCFR REF

Com a colaboração do CEFA

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Decorreu entre 15 de setembro e 4 de outubro a 30ª edição do Campeonato de Marinha de Voleibol, que contou com a participa-ção de 73 militares, sendo 57 e 16 respetivamente dos escalões masculino e feminino.

No final, obtiveram-se as seguintes classificações:

Escalão Masculino Escalão Feminino1º EN 1º BNL / FLOT2º BNL / FLOT 2º EN3º EF 3º UAICM

XXX Campeonato marinha de Voleibol

marinha na frente do triatlo longo masCulino

assoCiação de fuzileirosII Prova de remo em Botes

DESPORTO

No dia 30 de setembro, 12 equipas constituídas por fuzilei-ros e respetivas famílias, venceram o desafio ao completarem 6 km a remar em botes de borracha, tendo como cenário o rio Coina, numa competição amigável, organizada pela Asso-ciação de Fuzileiros, que contou com o apoio do Comando do Corpo de Fuzileiros.

A classificação foi o que menos importou, pois o objetivo pas-sava mais pela partilha de histórias antigas e pelo convívio da fa-mília da boina azul ferrete.

Está de parabéns a Marinha, mais precisamente o CAB FZ Duarte, do CEFA, pela vitória, no dia 31 de Agosto, em Viana do Castelo, numa etapa do Triatlo Longo Masculino, com o tempo de 3 horas e 57 minutos. A prova consistiu num percurso inicial de natação com 1.900 m, seguido de 88.200 m de bicicleta e termi-nado com uma corrida de 21.000 mt.

Após esta vitória, o CAB FZ Duarte isola-se no 1º lugar do ranking nacional do Triatlo Longo.

A RA felicita o CAB FZ Duarte pela brilhante participação e resultado alcan-çado nesta prova .

33NOVEMBRO 2014

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SOLUÇÕES: PROBLEMA Nº 459

QUARTO DE FOLGA

JOGUEMOS O BRIDGE Problema nº 177

SOLUÇÕES: PROBLEMA Nº 9

SUDOKU Problema nº 9

FÁCIL

FÁCIL DIFÍCIL

DIFÍCIL

4

6 4 9 5

8 1 5

7 9 5

9 8 5 7

2 1 3

9 3 4

7 2 8 1

3

2 7 3 8 6

7 2 5

5 9 7

9 5 8 2 3

3 8

2 4 6 1 9

9 3 6

8 1 7

4 7 9 8 6

Problema nº 459PALAVRAS CRUZADAS

HORIZONTAIS: 1 – Que vive conforme a lei de Deus; peça representativa do elefante no xadrez. 2 – Rapai na confusão; cinco de maleta. 3 – Falta a primeira, para ser cioso; sacerdote (Inv). 4 – Das no confusão; acredita; o mesmo que eiró (Inv). 5 – Pedra que ressai de uma parede, embebendo-se noutra, para a ligar e segurar; no princípio e no meio da Ana. 6 – Larva que se cria nas feridas dos animais; rezo. 7 – Letra grega; endireitar na adastra. 8 – Espécie de capa sem mangas; reza; ice. 9 – Que é ou pode ser tacteado; troca (Inv). 10 – Icaro, na confusão; ímpia. 11 – Mosca pequena; cidade e município do est. do Amazonas, Brasil. VERTICAIS: 1 – Antiga e grosseira vestidura para homem ou mulher; ramo de uma espécie de palmeira das Índias, que se emprega para fazer bengalas. 2 – Cidade e município do est. do Rio Grande do Norte, Brasil; que não é transparente. 3 – Antigo ducado da Alemanha, constituído em 1816, membro da Confe-deração Germânica, anexado à Prússia em 1866, e que faz parte, desde 1947, do Hesse e do Palatinado Renano; povos de raça anã, que os etnógrafos julgam representar uma raça aborígene do continente negro, hoje decadente e dispersa. 4 – Irmão do pai; doutora; falta uma para ser toca. 5 – Ou em inglês; coador. 6 – Nome de homem; lar na confusão. 7 – Grandiosa; antes de Cristo. 8 – Norma; no princípio de ortografia; ligo. 9 – Alveolar de cera em que a abelha deposita o mel; cidade da Roménia. 10 – Repete; abalar. 11 – Cidade de Espanha, província de Pontevedra; nadai.

HORIZONTAIS: 1 – SANTO; ALFIL. 2 – APAIR; LEATA. 3 – IOSO; ATIVEL. 4 – ADS; CRE; ORI. 5 – LIADOIRO; AN. 6 – URA; ORO. 7 – RO; ADASTRAR. 8 – OPA; ORA; ALE. 9 – TACTIL; ADUM. 10 – ICAOR; ATEIA. 11 – MOSCO; COARI.VERTICAIS: 1 – SAIAL; ROTIM. 2 – APODI; OPACO. 3 – NASSAU; ACAS. 4 – TIO; DRA; TOC. 5 – OR; COADOIRO. 6 – ARI; ARL. 7 – ALTEROSA; AC. 8 – LEI; ORT; ATO. 9 – FAVO; ORADEA. 10 – ITERA; ALUIR. 11 – LALIN; REMAI.

Carmo Pinto1TEN

21 3 4 5 6 7 8 9 10 11

123456789

1011

NORTE (N)

OESTE (W) ESTE (E)

♠♥ ♦♣ R D V D 8 10 8 5 9 5 8 4 3

♠♥ ♦♣ V R D V 6 V 4 10 2 7 2 9 4

♠♥ ♦♣ A A A - 10 6 R 3 2 10 9 7 6 3

♠♥ ♦♣ D 5 8 A 9 3 5 R 7 7 4 6 2

SUL (S)

Todos vuln. S joga 5♦ com a saída a ♣A. Face à má colocação da D de ♥ o contrato parece estar con-denado. Analise atentamente as 4 mãos e tente encontrar a linha de jogo que S deverá seguir para cumprir o seu contrato.

SOLUÇÃO: PROBLEMA Nº 177

Corta de 6 para preservar o 3 como futura entrada no morto, o que se torna importante como veremos a seguir. Destrunfa com A e outra para a D, continuando a conservar o 3♦; joga outro ♣ para cortar alto, se-guido de A♥ e R para o morto; no último ♣ balda a ♥ perdente na mão, eliminando o naipe de ♣. Verifique agora que, onde quer que fique o flanco, este será obrigado a dar-lhe a 11ª vaza para cumprir o contrato: se for E e jogar ♠, permite-lhe fazer 2 vazas no naipe, se jogar ♥ abona-lhe o V do morto e daí o interesse em ter preservado o 3 para lá entrar e baldar uma ♠, e jogando ♣ dá corte e balda da ♠ perdente; se for W, jogar ♠ ou ♣ a que está reduzido produzirá o mesmo efeito.

Nunes MarquesCALM AN

NOVEMBRO 2014

Realizou-se no passado dia 31 de agosto, na Escola de Fuzileiros, a comemoração do 25º ani-versário da incorporação do 1º CFORN FZ 89/90.

Recebidos pelo Comandante da EF, CMG FZ Teixeira Moreira, junto do Monumento e com Guarda de Honra, foi depositada uma coroa de flores em homenagem aos Fuzilei-ros mortos em combate e ao camarada do 1º CFORN FZ 89/90, 74389 2TEN FZ/RN Joa-quim Bravo, entretanto falecido.

Foram organizadas algumas atividades desportivas e culturais, das quais se destacam uma prova de orientação, a inesquecível pista de lodo e uma visita ao Museu do Fuzileiro.

No almoço-convívio, realizado na Associação de Fuzileiros, no Barreiro, os elementos do 1º CFORN FZ 89/90 e seus familiares, em ambiente descontraído, de extrema alegria e camaradagem, recordaram inúmeras peripécias acontecidas há um quarto de século, quando, por terras de Vale de Zebro, galhardamente se esforçaram para merecer a boina azul ferrete.

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REVISTA DA ARMADA | 490

NOTÍCIAS PESSOAIS

RESERVA

● SAJ CM José Francisco Lucas Romano ● SAJ MQ Henrique José de Sousa Pereira ● CAB L Ireneu Alberto Lopo de Lemos.

● 57242 CALM ECN REF Carlos Ribeiro Caldeira Saraiva ● 14250 CMG REF Afonso Telo Marques Carneiro ● 16351 CMG REF Jor-ge Figueiredo de Carvalho ● 290052 CFR REF Diogo José Puppe

fALECIDOS

NOMEAÇÕES● CALM Luís Carlos de Sousa Pereira, Comandante do Corpo de Fuzileiros ● CMG João Paulo Ramalho Marreiros, Diretor de Ensino da Escola Naval.

COMANDOS E CARGOS

25º ANIVERSáRIO DO 1º CFORN Fz 89/90

XX ENCONTRO DOS MARINHEIROS DO CONCELHO DO SABUGAL

CONVÍVIOS

dos Santos ● 32360 CTEN REF Manuel Inácio Godinho Novais Leite ● 263549 1TEN OT REF Joaquim António Teixeira da Ro-cha ● 345653 1TEN OT REF Manuel Pereira ● 30069 SCH CE REF José Vaz Martins ● 255250 SAJ R REF Horácio Coelho Saraiva ● 331153 SAJ B REF José Esteves Duarte ● 197148 SAJ M REF Eduardo Rodrigues ● 347953 SAJ E REF António Sousa Capela ● 173547 1SAR TF REF Alberto de Almeida Manteigas ● 321453 1SAR TF REF Maurício Joaquim ● 297252 1SAR TF REF Francisco Lopes Monteiro ● 357380 CAB L REF José Correia de Almeida ● 3267 CAB FZ REF Manuel Caeiro Godinho ● 31002955 AG 1ª CL QPPM APOS João da Silva Leal Pinto ● 36007452 FAR SUBSCH QPMM APOS José da Encarnação ● 33001253 AG 1ª CL QPPM APOS Silvério Melo Travassos ● 36000899 FAR 2ª CL QPMM ATI Victor Manuel de Jesus Paquete.

No passado dia 26 de julho, realizou-se o XX Encontro dos Ma-rinheiros naturais do concelho do Sabugal, tendo lugar desta vez nas instalações da BNL, no Alfeite.

Cerca de 100 elementos, incluindo familiares, iniciaram o pro-grama com uma visita ao NRP Vasco da Gama, à qual se seguiu a celebração de uma missa, pelo Capelão Costa Amorim, em me-mória dos marinheiros já falecidos.

Seguiu-se um almoço na messe de Sargentos da BNL, que con-tou com a presença do Comandante da Unidade, Comandante Do-res Aresta, rumando-se em seguida para uma visita guiada à ETNA, onde o grupo foi recebido pelo Comandante Henriques Gomes.

O encontro permitiu a todos mais uma reafirmação dos for-tes laços que os ligam para sempre à "nossa" Marinha e termi-nou com um agradável convívio gastronómico no Parque das Merendas, junto ao CEFA, onde não faltaram as tradicionais "salvas artilheiras".

SÍMBOLOS HERÁLDICOS

DESCRIÇÃO HERáLDICAEscudo de azul com torre de prata entre dois pergaminhos enrolados do mesmo. Campanha ondada de cinco peças de prata e azul. Coronel naval de ouro forrado de vermelho. Sotoposto listel ondulado com a legenda em letras negras maiúsculas, tipo elzevir, «Centro de Docu-mentação, Informação e Arquivo Central da Marinha».

SIMBOLOGIAA torre expressa a proteção conferida pelo arquivo à documentação simbolizada pelos pergaminhos, enquanto a prata e o ondado traduzem o seu caráter marítimo. A torre e o ondado encontram-se igualmente conotados com a localização do arquivo – a antiga Cordoaria – que em tempos teve frente para a praia da Junqueira e era banhada pelas águas do Tejo.

BRASÃO DO CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO, INFORMAÇÃO E ARQUIVO CENTRAL DA MARINHA

SÍMBOLOS HERÁLDICOS

BRASÃO DO CENTRO DE MEDICINA NAVAL

DESCRIÇÃO HERáLDICAEscudo de vermelho com uma vara de Esculápio de ouro em pala, com uma serpente marinha de prata enroscada, lampassada e animada de ouro. Coronel naval de ouro forrado de vermelho. Sotoposto listel ondulado de prata com a legenda em letras negras maiúsculas, tipo elzevir, «CENTRO DE MEDICINA NAVAL».

SIMBOLOGIAO escudo de vermelho é sinónimo do “sangue da vida”, valor que o Centro de Medicina Naval visa preservar. O bastão com a serpente marinha enroscada alude à vara de Esculápio – deus grego da medicina – atributo que se perpetuou como símbolo da atividade médica.