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ESP1 nas Escolas Públicas do Estado do Paraná:
O Ensino do Inglês Instrumental nos Cursos Técnico-Profissionalizantes
Maria Cristina Pereira2
Orientador: João Negrão
RESUMO A intenção desta pesquisa é o ensino do inglês Técnico aos alunos dos
cursos profissionalizantes voltados à área da Informática, ou seja, Tecnologia da Informação (TI). A metodologia do ensino segue os parâmetros estabelecidos na abordagem do inglês Instrumental, conhecido internacionalmente como ESP (English for Specific Purposes, ou seja: Inglês para fins específicos), onde o ensino do inglês-técnico em TI esta centrado em pesquisas para que o professor possa descobrir as necessidades específicas do aluno, também chamada de: Needs analysis O projeto foi desenvolvido dentro da escola, em turmas do ensino profissionalizante, e levou em conta, primeiramente a bagagem de conhecimento do aluno em relação a Língua Inglesa, e depois, utilizando-se estratégias de leitura e compreensão de textos, como: SCANNING (lida rápida, para achar algo específico), SKIMMING(lida rápida, para encontrar o sentido geral do texto), BRAISNTORMING (tempestade de idéias) e PALAVRAS COGNATAS (palavras parecidas na escrita e/ou significado).
Palavras-chaves: Ensino de Língua Estrangeira (L.E.), Inglês Técnico, Ensino Profissionalizante, Informática, Inglês Instrumental.
ABSTRACT The purpose of this research is at the teaching of English to students
of technical courses aimed at computer science, or in the field of Information Technology (IT). The method of teaching follows the parameters established approach in ESP (English for Specific Purposes), where the teaching of English in IT- technical focuses on the specific needs of the student, also called: Needs analysis. The project in the school, was made in the classes of professional courses, where it took into account, first the knowledge of the English students, then, using strategies for reading and understanding texts, such as scanning, skimming, brainstorming and cognates words.
Key-words: ELT, tecnical english, profissional courses, IT, ESP(english for specific
purposes).
1 ESP – sigla em inglês para: English for especific purpose (inglês para fins específicos)
2 Professora titular da rede estadual de ensino do Paraná desde 1996. Atuante em Língua Inglesa, no
Colégio Estadual Pedro Macedo, Curitiba/PR. Graduada em Letras Inglês e Português pela PUC/PR.
Integrante da 2ª turma PDE-2008. E-mail [email protected]. Orientada em seu Artigo Científico pelo
porfessor João Negrão, professor titular da UFPR.
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Introdução
“ …learning English has become one of the major tools of contemporary education.As in most parts of the world, learning English is one of the most valued symbolic assets in Brazil in view of the role of English in worldwide communication media.”
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Moita Lopes (2005:2)
Este artigo tem como objetivo apresentar, a análise obtida em sala de aula,
em relação ao ensino do inglês técnico. Utilizando-se de uma lição introdutória,
tipo WARM UP (aquecimento), onde o aluno do ensino profissional voltado a área
de informática, possa ver o Inglês, como algo prazeroso em um primeiro
momento, o que com certeza facilitará seu aprendizado ao longo do curso, uma
vez que o ensino do inglês técnico, no Brasil conhecido como: Inglês Instrumental,
a partir de agora representado pelas inciais I.I., se voltará principalmente ao
desenvolvimento da compreensão da leitura.
Muitos podem estar se perguntando “Por que a ênfase nesta abordagem
do Inglês Instrumental?”, e esta pergunta fica fácil responder, pois segundo Moita
Lopes(1990) e Celani (1998), autores usados como referencia no presente
trabalho, o inglês que devemos desenvolver em nossos alunos brasileiros, é o
inglês que eles realmente utilizarão em sua vivência, no seu dia-a-dia ou seja, a
compreensão da Leitura.
After broadly sketching what to my mind seems to be the panorama emerging in the future, both in GE as well as in strict ESP contexts, I will finally elaborate on the paradox of how and why what in a certain context is a misconception, i.e., ESP equals teaching reading, may be proposed as a more sensible option in the much wider national context regarding teaching English in the general Brazilian school context. As a conclusion to the argument, surprise is expressed at how objections from some areas – excluding learners from learning the “full” language – can become self-defeating, because the result of trying to teach the “full” language frequently ends up in not teaching any
language.4 Celani,M.A.A. (2008)
3 Tradução livre do autor:”...aprender Inglês tem se tornado em uma das principais ferramentas na
educação contemporânea. Assim como na maioria dos locais em todo o mundo, aprender Inglês é um dos bens mais valorizados no Brasil tendo em conta o papel do Inglês nos meios de comunicação de todo o mundo.”
4 Tradução livre do autor: “Depois de esboçar amplamente o que a meu ver, parece ser o
panorama futuro, tanto na GE, bem como em contextos estritamente ESP, vou finalmente detalhar
o paradoxo de como e por que em um determinado contexto é um engano, isto é, a leitura ESP é
igual à de ensino, pode ser proposta como uma opção mais sensata no contexto muito mais amplo
nacionalmente na questão de ensino de Inglês no contexto escolar geral brasileiro. Como
3
1. O papel da emoção na aprendizagem
Segundo Leffa (1999) o ensino do inglês, como das línguas estrangeiras
em geral, baseia-se e fundamenta-se em três grandes pontos da aprendizagem:
O cognitivo, o afetivo e o psicomotor. A interrelação da emoção com a inteligência
abre caminho para explorar a conexão com o prazer da aprendizagem, que pode
ser sentida tanto pela via sócio-interacional como pela via biológica. Essa
iinterrelação é uma tentativa de juntar, integrar o domínio cognitivo com o afetivo,
uma preocupação que não é recente entre os pesquisadores da área. (Moscovitz,
1978 ; Celani, 1983).
Pela via biológica, podemos apresentar a aprendizagem como a formação
de novas conexões entre os neurônios. Essas conexões, estabelecidas pelos
neurotransmissores, são causadas tanto por fatores genéticos como por
informações que chegam ao cérebro através do meio ambiente, como imagens,
sons, cheiros, etc. Um elemento importante para ampliar essa “fiação” do cérebro
é a presença do prazer na atividade. Se a criança ou o adulto não gostarem do
que estiverem fazendo, se a aula for cansativa, a aprendizagem diminuirá ou
deixará de ocorrer (PRADO, 1998).
Por isso, na sala de aula, o uso da emoção tanto pode ajudar como
atrapalhar, principalmente no caso do ensino de uma língua estrangeira, no nosso
caso, o inglês. Há um fator ideológico que precisa ser ministrado e analisado: A
Admiração pela língua ou cultura é muitas vezes visto como um deslumbramento
ingênuo e inadequado de uma mente colonizada. (LEFFA, 2003)
Por este parecer, e por conhecimento geral, por parte de nós profissionais
da educação, um dos segredos do sucesso na aprendizagem está em tornar o
ambiente da sala de aula o mais agradável possível, lutando, incansavelmente
para despertar entre todos, professor e alunos, alunos e professor sentimentos de
respeito e solidariedade, não de maneira tímida mas com força e determinação.
Hoje já temos o conhecimento, e até as empresas já descobriram que estamos
conclusão do argumento, a surpresa é expressa como as objeções de algumas áreas prejudicam
os alunos no aprender da língua plenamente - podendo se tornar autodestrutivo, pois o resultado
de tentar ensinar a linguagem plenamente freqüentemente acaba por não ensinar nenhuma
língua.”
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entrando numa economia que não esta mais baseada em riquezas naturais, e
nem apenas no conhecimento por si só, mas hoje a emoção tem prioridade , e as
empresa, hoje já, elegem como primordial a gentileza com que deve ser tratado o
cliente.(Leffa, 2003)
2. A prática do Inglês Instrumental (I.I.):
No caso do ensino da linguagem técnica em inglês, além do prazer da
aprendizagem, devemos fazer com que o aluno aprenda estratégias específicas
para um melhor aproveitamento da aprendizagem do inglês técnico. Para isto,
neste estudo, mostramos que o inglês instrumental é um facilitador para estes
alunos já adultos, e muitas vezes com dificuldades no aprendizado de línguas.
Para melhor compreendermos o que seja o inglês instrumental, podemos
fazer às seguintes definições. Segundo Dudley(1998), as principais características
do I.I. são:
1. O inglês Instrumental é definido para encontrar as específicas
necessidades do aluno;
2. O I.I. faz uso da metodologia subjacente e atividades da disciplina que
serve.
3. O I.I. é centrado na linguagem apropriada destas atividades em termos
de gramática,léxico, habilidades, discurso e gêneros;
Existem ainda algumas características chamadas por Duddley (1998 –
2005) de variáveis, quais sejam:
1. O I. I. pode ser designado para disciplinas específicas
2. Pode ser usado em situações de ensino como uma metodologia de
ensino, diferente do que se usa para ensinar o “Inglês Geral”
3. Como metodologia, o I.I. é designado a estudantes em idade adulta,
como em CEBEJAS ou em cursos subsequentes, técnicos e/ou
profissionalizantes, onde se possa ensinar o Inglês qu deva ser usado
5
diretamente na profissão desejada. O método é usado para que o aluno veja as
reais razões para o aprendizado do inglês instrumental.
Se nós concordamos com as definições acima mencionadas, podemos ver
como a metodologia do I.I. realmente é. De fato, podemos perguntar: “Qual a
diferença entre o Inglês Instrumental e o Inglês Geral?”, no que se refere em suas
metodologias de ensino?(Hutchinson et al.-1987:53) a resposta é , " na teoria
nada difere, mas na prática é muito grande a diferença, o resultado obtido.”
No ensino de inglês, abordando a metodologia do I.I. é imprescindível que
o professor tenha consciência da necessidade do uso de questionários e
avaliações, chamadas de “Needs Analysis”, pois com esta pesquisa o professor
pode saber exatamente as reais necessidades do aluno de um curso técnico, e
assim escolher o melhor material para ser usado em suas aulas; material este
que poderá estimular o aluno para a aprendizagem do inglês, além de
proporcionar prazer ao professor que terá consciência do que esta ensinando e
que isto poderá ajudar de forma mais concreta ao seu aluno.
Partindo do estudo de Dudley(1987), podemos concluir que se a
comunidade de seguidores do I.I. espera crescer, é vital que a comunidade como
um todo entenda o quê o Inglês Instrumental representa na formação de alunos
adultos ou daqueles de cursos profissionalizantes, e possam assim incentivar
outros professores a usar a metodologia com sucesso.
É preciso que entendamos, como educadores, o que Moita Lopes, já disse,
e o que a professora Maria A. A. Celani repediu em seus diversos trabalhos
publicados sobre a metodologia ESP (english for specific purposes) que devemos
desenvolver em nossos alunos, aquilo que realmente fará diferença em seu dia-a-
dia, uma vez que nosso país não tem uma segunda língua mãe, e que o inglês,
no mercado de trabalho, é muito mais usado como meio de leitura e compreensão
de textos diversos como : livros, manuais, artigos, notícias, etc...
Através desta metodologia do I.I. podemos trabalhar o conhecimento prévio
do aluno, e fazê-lo entender e empregar este conhecimento de organização
textual em sala de aula e no mundo do trabalho.
Fazendo isto, o aluno será capaz de utilizar textos cuja finalidade seja
compreender um conceito, apresentar uma informação nova, descrever um
problema e comparar diferentes pontos de vista, pois "o domínio” deste
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conhecimento colabora para o envolvimento de pessoas tanto na tarefa de
produção quanto na de compreensão do discurso" (Lopes apud FREIRE, 1998:
48).
No Brasil, de um modo geral, o Inglês Instrumental é uma das numeras
abordagens do ensino de língua inglesa que trata do inglês como língua técnica e
científica. É uma metodologia de ensino diferente, pois como o próprio nome diz,
ela tem um propósito estabelecido.
Para desenvolvermos um trabalho disciplinar onde possamos usar a
metodologia ESP, primeiramente temos que saber quais são os objetivos que se
pretende alcançar com esta disciplina e a importância de se fazer a “Needs
Analysis” (Hutchinson e Waters,1987), que nada mais é do verificar o que o aluno
quer aprender, quais suas reais expectativas do curso, quais suas necessidades
de conhecimentos; se o aluno está interessando em falar com mais desenvoltura,
em compreender aquilo que ouve (treinar o ouvido), se ele deseja escrever bem
em inglês, ou conseguir ler e compreender com proficiência aquilo que leu.
Depois de determinarmos a necessidade do aluno, o seu objetivo, é fundamental
encontrar as técnicas de apoio para que se possa desenvolver seu aprendizado
usando a metodologia ESP, inglês instrumental. No ESP, podemos usar as
estratégias de compreensão geral de textos verbais ou não verbais, redigidos em
língua inglesa.Estas estratégias podem ser:
- Identificação do padrão geral de organização (gênero textual)
- Skimming: Olhada rápida (um passar de olhos) pelo texto para ter uma idéia
geral do assunto tratado.
- Scanning: localização rápida de informação no texto.
- Uso de pistas não-verbais (ilustrações, diagramas, tabelas, etc.)
- Uso de títulos, subtítulos, legendas, suporte (ou portador) do texto
- Uso de pistas textuais (pronomes, conectivos, articuladores, etc.)
- Uso de contextos e cognatos,
- Construção de elos coesivos (lexicais e gramaticais)
- Descoberta do significado pelo contexto,
- Uso da experiência prévia sobre o assunto (background knowledge);
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Essas estratégias têm por finalidade incitar a solução de problemas,
facilitando o entendimento daquilo que foi lido e por que não, estimular a
aprendizagem.
Conforme Celani (1981) explica:
Na denominação English for Specific Purposes, a palavra purpose, finalidade, parece ser o termo crucial, indicando que esse tipo de ensino se encontra nos objetivos que procuramos alcançar. Isto não significa, no entanto, que o ensino de inglês antes do advento deESP fosse necessariamente desprovido de objetivos. Significa apenas, que na situação de ESP, a finalidade a que se destina o curso passa a ter prioridade. Os diferentes fins para os quais o aluno necessita de inglês podem ser mais facilmente percebidos e definidos, possibilitando, assim, uma visão das diferentes habilidades que serão necessárias à execução daqueles fins."
Este projeto pode servir de argumento para salientar aos professores de
inglês para o ensino Profissional, fora da esfera da informática, que ESP não é, e
nem deve ser confundido como uma abordagem somente para fins de Leitura.
Podemos sim desenvolver a fala, a escrita e a compreensão, deste que usadas as
estratégias técnicas adequadas a cada cursos profissionalizante.
Devemos lembrar também, no que se refere ao vocabulário verbal e não
verbal, que não é a quantidade de palavras, frases e expressões que o aluno
conhece que é relevante, mas a utilização das estratégias que o auxiliem a
compreender o significado daquelas palavras que ainda lhes são desconhecidas,
e fazer com que consiga compreender o sentido geral de um texto.
Segundo diz nossas Diretrizes, o contexto em que a palavra foi
empregada também ajudará ao aluno do ensino profissional a descobrir o seu
significado.
Este artigo foi elaborado com o intuito de mostrar aos colegas professores
que não somos mais os detentores do saber, uma autoridade e sim, um
facilitador, um orientador, aquele que estimula, anima, encoraja, que desafia o
aluno a ir além dos objetivos traçados.
Dessa forma, o professor tem uma série de procedimentos a preparar.
Um dos principais é a escolha e/ou elaboração do material a ser utilizado no
desenvolvimento de sua disciplina. O professor deve estar atento ao selecionar
um material, material este que proporcione ao aluno possibilidades de
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desenvolver, de ser o agente de sua própria aprendizagem, participando
ativamente do seu apre(e)nder, a ter a sua autonomia.
Usando a metodologia ESP, podemos ver a aprendizagem como
aquisição de conhecimentos através do desenvolvimento de raciocínio e de
tomada de decisões. Por isso é essencial que o professor faça com que seu aluno
raciocine, reflita sobre tudo o que ele esta aprendendo, que esteja consciente de
seus progressos e também de seus fracassos, para que o próprio aluno seja
capaz de se avaliar e aplicar-se mais intensamente na área lingüística do inglês
onde tiver maior dificuldade.
Como professores de Língua Inglesa, não devemos subjugar nossos
alunos do ensino profissional, ou mesmo fundamental e médio. Eles sabem muito,
principalmente aqueles alunos que vivem nos grandes centros urbanos, como o
nosso de Curitiba. Estes alunos têm acesso à internet, a equipamento de alta
tecnologia como: pendrive, I-pods, jogos eletrônicos, MP3, 4, 5, 6,7,8,etc...
Sendo assim, o professor pode usar as estratégias do ESP e as novas
tecnologias para um efetivo aprendizado do inglês, seja este inglês Técnico ou
não, mas objetivamos que os alunos possam:
A)- Alcançar uma compreensão geral de textos em língua inglesa;
B)- Extrair informações específicas sem recorrer à leitura linear;
C)-Formular hipóteses de significado para palavras desconhecidas.
D)- Enriquecer progressivamente o seu vocabulário geral e técnico;
E)- Terem a capacidade de usar discursos verbais ou não verbais, para se
comunicarem e se fazerem entender em uma situação profissional;
F)- E o que mais for conveniente a ser objeto de estudo.
Hoje a metodologia usada para ensinar o Inglês Técnico em cursos
profissionalizantes, muito pouco se difere do que é ensinado no ensino
fundamental ou no ensino médio (Inglês Geral). Temos que levar em conta que o
aluno que vem para um cursos técnico profissionalizante, espera por métodos de
aprendizagens onde ele possa enriquecer sua formação profissional. Por isto os
currículos das matérias técnicas estão intimamente ligados na sua área de
atuação. O ensino de Inglês a alunos do ensino profissionalizante deve possibilitá-
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lo o uso da língua inglesa, em situações significativas. (Diretrizes Curriculares,
2008)
Nossa clientela dos cursos profissionalizantes são pessoas que tem
sérias dificuldades de aprendizado na língua inglesa, ou que há muito tempo
estavam afastados dos bancos escolares.
Será que usando a mesma abordagem e metodologias desconexas da
realidade deste aluno de cursos profissionalizantes, estaremos formando
profissionais mais competentes e cidadãos mais críticos?
Para finalizar esta parte do presente trabalho, usaremos a voz da
professora Celani (2009), que nos diz que, no entanto, a situação tende a se
reverter com o fim da crença de muitos educadores na existência do que
costumam chamar de "o melhor método". Ela também adiciona a sua fala que "Já
baseamos as aulas em gramática e em tradução, por exemplo, mas hoje
sabemos que cabe ao professor analisar a turma para atuar bem", afirma. Celani
e explica por que acredita que a busca por receitas só mudará com a formação
reflexiva - a capacitação que prepara cada docente para avaliar a realidade em
que atua e aplicar princípios de ensino e aprendizagem que funcionem para o
grupo de estudantes que tem em cada sala de aula.
3. Desenvolvimento Projeto PDE-2008
- A troca de experiência no GTR
Usamos a plataforma “Moodle” no qual cada professor PDE participava
como Tutor. Neste curso à distância, tivemos a participação de 40 professores da
rede estadual de ensino, onde o objetivo deste GTR5 era expor o objeto de estudo
para gerar discussões em rede e assim obtermos sugestões que contribuíssem
para a futura intervenção na escola, e melhoria de nosso material a ser
empregado em sala de aula.
5 GTR (Grupo de trabalho em Grupo): curso à distância dos professores da rede estadual do Paraná
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No Projeto “ESP nas escolas publicas do Paraná”, fizeram a inscrição
cinco professores QPM, dois quais somente duas concluíram eficazmente.
Esta experiência trouxe um grande enriquecimento ao Projeto proposto,
pois as professoras concluintes puderam experimentar o trabalho em suas
escolas de origem, e com isto dividir seus pros e contras, fazendo com que o
trabalho final fosse mais rico em resultados.
O desenvolvimento do objeto de pesquisa se deu na escolha e elaboração
de uma “Unidade Temática” elaborada para a introdução do inglês técnico nas
turmas do ensino profissionalizante em informática, em um colégio da Rede
pública estadual do Paraná.
Esta unidade, também chamada em termos técnicos de Warm up,( que
significa “aquecimento”) serviu para que pudéssemos, através dos estudos
citados anteriormente neste artigo, fazermos com que o aluno possa se sentir
mais confiante, iniciando o aprendizado do inglês técnico de maneira mais
prazerosa e produtiva. No caso do ensino de inglês para os alunos do ensino
profissionalizantes, principalmente no ensino Subsequente. Há muitos alunos que
estavam longe dos bancos escolares há muito tempo, e o inglês, em geral, pode
assustar um poucos estes alunos, que sempre dizem não saber o inglês, pois já
faz muito tempo que não vêem e não tem contato com a disciplina.
Esta primeira aula teve duração de 50 minutos, onde foi apresentado aos
alunos dois vídeos tirados do youtube6: a música “Pelo Telefone” cantada por
Chico Buarque e por Donga (1966) em um programa de TV nos anos sessenta e
o vídeo da música “ Pela Internet” de autoria do cantos Gilberto Gil(1986)
Foi solicitado aos alunos que prestassem muita atenção nos dois vídeos,
para que pudessem fazer uma comparação geral logo após a apresentação.
Ao término dos vídeos, os alunos tinham uma serie de questões a serem
respondidas. Nesta etapa da aula, estas perguntas eram voltadas a comparação
entre as duas músicas seu tempo histórico e suas interpretações.
6 YouTube é um site que permite que seus usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato
digital
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Esta etapa foi muito produtiva e abrangente. Nela, os alunos compararam
os instrumentos tecnológicos usados em cada época, e fizeram, também, a
análise da própria letra. Como exemplo pode-se citar alguns comentários e
análises feitas pelos participantes do GRT:
“ ...foi uma maneira mais eficaz na introdução de um tema as vezes
complicado...(participante 1)
“...usar música na sala de aula, sempre a torna mais atrativa,
principalmente para eles, alunos que trabalhamos o dia inteiro e vão para a escola
super cansados e às vezes desmotivados...a música, parece, lhes dá um novo
„gás‟”(participante 2)
Para esclarecimentos e ilustração, colocamos um trecho estudado nesta
aula de introdução apresentamos a seguir as letras das músicas trabalhadas:
UNIDADE DIDÁTICA: Is Information Technology part of your daily life?
Inglês Técnico para Informática
Unidade 1
Part A:
Music: Pelo Telefone (Donga & Mauro De Almeida)
O chefe da polícia pelo telefone mandou me avisar Que na Carioca tem uma roleta para se jogar O chefe da polícia pelo telefone mandou me avisar Que na Carioca tem uma roleta para se jogar Ai, ai, ai,... Deixa as mágoas para trás ó rapaz Ai, ai, ai, Fica triste se é capaz, e verás. Tomara que tu apanhes Pra nunca mais fazer isso Tirar o amor dos outros E depois fazer feitiço.
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Ai, a rolinha / Sinhô, Sinhô Se embaraçou / Sinhô, Sinhô Caiu no laço / Sinhô, Sinhô Do nosso amor / Sinhô, Sinhô Porque esse samba, /Sinhô, Sinhô É de arrepiar, /Sinhô, Sinhô Põe a perna bamba / Sinhô, Sinhô Me faz gozar, / Sinhô, Sinhô O "Peru" me disse Se o "Morcego" visse Eu fazer tolice, Que eu então saísse Dessa esquisitice De disse que não disse. Ai, ai, ai, Deixa as mágoas para trás ó rapaz Ai, ai, ai, Fica triste se é capaz, e verás. Oueres ou não / Sinhô, Sinhô, Vir pro cordão / Sinhô, Sinhô Ser folião / Sinhô, Sinhô De coração / Sinhô, Sinhô Porque este samba/ Sinhô, Sinhô É de arrepiar / Sinhô, Sinhô Põe a perna bamba / Sinhô, Sinhô Mas faz gozar / Sinhô, Sinhô
(fonte: http://vagalume.uol.com.br/martinho-da-vila/pelotelefone.html)
Music : Pela Internet (Gilberto Gil)
Criar meu web site Fazer minha home-page Com quantos gigabytes Se faz uma jangada Um barco que veleje Que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante da infomare Que leve um oriki do meu velho orixa Ao porto de um disquete de um micro em Taipe Um barco que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante da infomare Que leve meu e-mail ate Calcuta Depois de um hot-link Num site de Helsinque Para abastecer Eu quero entrar na rede
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Promover um debate Juntar via Internet Um grupo de tietes de Connecticut De Connecticut acessar O chefe da milícia de Milão Um hacker mafioso acaba de soltar Um vírus pra atacar programas no Japão Eu quero entrar na rede pra contactar Os lares do Nepal, os bares do Gabão Que o chefe da policia carioca avisa pelo celular Que La na praça Onze tem um vídeo pôquer para se jogar (fonte: http://vagalume.uol.com.br/gilberto-gil/pela-internet.html)
Logo, após a apresentação dos vídeos, e da análise lingüística, os alunos
estudaram o vocabulário empregado nas duas músicas, e foi solicitada uma
pesquisa sobre os aparelhos: Telefone e Celular, e suas evoluções. Partindo
deste estudo do vocabulário, não somente técnico, mas em geral, eles fizeram
uma pesquisa na internet, onde procuraram pesquisar dados históricos referentes
as tecnologias, como: telefone, Celular, Computador, TV, Internet...seus
inventores, componentes eletrônicos, verdades e mitos.
Na segunda aula foi os alunos fizeram uma leitura do texto “O que é
Tecnologia?”, onde foi feita uma discussão envolvendo toda a classe.
Depois que os alunos expuseram sua pesquisa, puderam constatar que
mesmo na internet, os dados às vezes são bem divergentes. Na aula seguinte foi
apresentado o slide sobre “Pesquisa na internet”, elaborado por professores da
parte tecnológica da Universidade Federal do Paraná
Estes slides mostraram como fazer pesquisas na Web e como identificar
sites confiáveis de falsos sites...
Em aulas seguintes, ainda voltamos a falar sobre novas tecnologias, onde
os alunos expuseram o que sabiam a respeito do assunto, e nos quais o inglês
aprece constantemente.
Para permitir momentos de descontração, com intuito educativo, foram
apresentados os vídeos “Le book” e “Funny”, os quais fazem sátiras a respeito da
descoberta do livro, em comparação ao computador... e sobre o futuro do celular,
onde as pessoas não terão mais aparelhos celulares, mas um chip, que poderá
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ser inserido em diversas partes do corpo humano...Estes vídeos nos deram a
introdução para a discussão sobre o futuro das novas tecnologias.
Ao longo dos meses de fevereiro, março e abril, houve várias leituras
técnicas sobre as TICs7, e em várias aulas, onde sempre empregamos o
vocabulário específico do inglês para dar embasamento à disciplina de inglês
técnico. Os alunos pesquisaram também sobre: Eads8, Orkut9, Facebook10,
Blogs11, Sites12, etc. Ao final destes estudos, foi feito um jogo do “Mico”13, o qual
serviu para que os alunos mostrassem o que aprenderam , o que internalizaram
do vocabulário técnico apresentado na sala de aula.
O jogo empregado para a finalização deste estudo era composto por 56
cartas. A turma foi dividida em grupos, e cada aluno recebia sete ou oito
cartas,dependendo do numero de alunos. Cada aluno deveria ir pegando a carta
do colega, até formar seus pares. Ganharia o jogo quem formasse todos os seus
pares.
Outra variante do jogo seria dividir a sala em dois grupos, sendo que um
grupo pegaria a classe das palavras e o outro as suas definições. Nesta parte, foi
adapta a unidade referente à pesquisa na internet, pois sentimos que alunos não
sabiam quase nada sobre quem inventou e como foram descobertos os principais
meios de comunicação que são envolvidos em IT (information technology).Outra
7 TIC sigla de Tecnologia da Informação e Comunicação - sigla para designar a informática e sua
potencialização com os recursos de comunicação.
8 EaD : Ensino à distância.
9 Orkut : é um website de comunidade on-line projetado para amigos. O principal objetivo deste
serviço é tornar a sua vida social, ...
10 Facebook : é um site de relacionamento, similar ao Orkut.
11 Blogs : Blog é uma abreviação de weblogs e são usados pelas pessoas como uma espécie de diário on-
line. Inclusive a própria tradução do seu nome completo – WebLog – é diário da web. O proprietário do blog
(ou proprietários, em blogs comunitários) usa essa ferramenta para a publicação de histórias, novidades,
assunto diversifcados, idéias e imagens…
12 Um site ou sítio é um conjunto de páginas Web, isto é, de hipertextos acessíveis geralmente
pelo protocolo HTTP na Internet
13 Jogo do Mico: cada jogador pega um determinado número de cartas e vai fazendo pares ao escolher as
cartas de outros jogadores. O objetivo é acabar com as cartas da mão, fazendo o maior número de pares
possível.
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parte que não constava no projeto original, foi no que diz respeito as TICs, pois é
um tema muito relevante na disciplina de inglês técnico, bem como na realidade
de um profissional em TI.
Nestas aulas sobre as novas tecnologias, foram empregados textos
técnicos voltados a área da TI, e sempre usando o inglês como objeto de estudo,
foram empregadas as estratégias de Brainstorming, cognatos, scanning and
skimming.
Ao final desta unidade, foi solicitado aos alunos o preenchimento de uma
pesquisa, onde pudemos constatar que os alunos do ensino profissionalizante são
oriundos de classes sociais desprivilegiadas, ou seja, trabalhadores ou filhos de
trabalhadores. Pudemos verificar também que a grande maioria acha a língua
inglesa importante em sua formação profissional, embora afirmassem ter grau
muito baixo de compreensão da língua inglesa. A alta porcentagem (97%, 98%)
ainda se manteve no que diz respeito ao modo como o inglês técnico, dentro do
que escolheram para se aperfeiçoar, deve ser mesmo centrado em suas
necessidades primordiais, levando em conta a compreensão da leitura, desde que
sejam de textos autênticos, usados na área de formação do aluno. Pudemos
constatar também que os alunos ainda têm uma visão tradicional do ensino do
inglês, pois acham que não conseguiram compreender/aprender o inglês sem o
ensino dos aspectos gramaticais. A parte gramatical foi um ponto importante e
reforçado pelos alunos, que acham importantes as “pinceladas” na gramática,
desde que aplicada em textos, não sendo necessária a explicação de toda a
gramática, mas sim, da que faz parte da maioria dos textos técnicos que se
utilizam da língua inglesa. Abaixo alguns comentários:
“... aprender parte da gramática utilizada nos textos técnicos,
nos ajudam a fazer as ligações de palavras já conhecidas, de maneira mais
eficiente e com sentido na leitura...”(aluno 1)
“...saber usar as estratégias de leitura juntamente com a parte
gramatical utilizada nestes textos, faz com que possamos entender o que o
texto quer dizer, o seu significa...”
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A título de ilustração, apresentamos o modelo de ficha que os alunos
tiveram que responder como encerramento das atividades didáticas. Foi
retirada toda a identificação dos alunos para não haver nenhuma maneira
de constrangimento.
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Referências:
Celani, Maria A.Almeida(2007) - When myth and reality meet: reflections on ESP
in Brazil. São Paulo, SP (2008)
Dudley-Evans, T. (1997/8). Developments in English for Specific Purposes: A
multi-disciplinary approach. Cambridge University Press.
FREIRE, A. Aquisição de português como segunda língua: uma proposta de currículo. Revista Espaço-Informativo do INES. Rio de Janeiro, p. 46-52. 1998.
Hutchinson, T. & Waters, A. (1987). English for Specific Purposes: A learner-
centered approach.-Cambridge University Press.
LEFFA, Vilson J. O ensino do inglês no futuro: da dicotomia para a convergência. In: STEVENS, Cristina Maria Teixeira; CUNHA, Maria Jandyra Cavalcanti. Caminhos e colheita: ensino e pesquisa na área de inglês no Brasil. Brasília: Editora UnB, 2003. p. 225-250.
LEFFA, Vilson J.; PEREIRA, Aracy, E. (Orgs.), O ensino da leitura e produção
textual: Alternativas de renovação. Pelotas: Educat, 1999.
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