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ESP 1 nas Escolas Públicas do Estado do Paraná: O Ensino do Inglês Instrumental nos Cursos Técnico-Profissionalizantes Maria Cristina Pereira 2 Orientador: João Negrão RESUMO A intenção desta pesquisa é o ensino do inglês Técnico aos alunos dos cursos profissionalizantes voltados à área da Informática, ou seja, Tecnologia da Informação (TI). A metodologia do ensino segue os parâmetros estabelecidos na abordagem do inglês Instrumental, conhecido internacionalmente como ESP (English for Specific Purposes, ou seja: Inglês para fins específicos), onde o ensino do inglês-técnico em TI esta centrado em pesquisas para que o professor possa descobrir as necessidades específicas do aluno, também chamada de: Needs analysis O projeto foi desenvolvido dentro da escola, em turmas do ensino profissionalizante, e levou em conta, primeiramente a bagagem de conhecimento do aluno em relação a Língua Inglesa, e depois, utilizando-se estratégias de leitura e compreensão de textos, como: SCANNING (lida rápida, para achar algo específico), SKIMMING(lida rápida, para encontrar o sentido geral do texto), BRAISNTORMING (tempestade de idéias) e PALAVRAS COGNATAS (palavras parecidas na escrita e/ou significado). Palavras-chaves: Ensino de Língua Estrangeira (L.E.), Inglês Técnico, Ensino Profissionalizante, Informática, Inglês Instrumental. ABSTRACT The purpose of this research is at the teaching of English to students of technical courses aimed at computer science, or in the field of Information Technology (IT). The method of teaching follows the parameters established approach in ESP (English for Specific Purposes), where the teaching of English in IT- technical focuses on the specific needs of the student, also called: Needs analysis. The project in the school, was made in the classes of professional courses, where it took into account, first the knowledge of the English students, then, using strategies for reading and understanding texts, such as scanning, skimming, brainstorming and cognates words. Key-words: ELT, tecnical english, profissional courses, IT, ESP(english for specific purposes). 1 ESP sigla em inglês para: English for especific purpose (inglês para fins específicos) 2 Professora titular da rede estadual de ensino do Paraná desde 1996. Atuante em Língua Inglesa, no Colégio Estadual Pedro Macedo, Curitiba/PR. Graduada em Letras Inglês e Português pela PUC/PR. Integrante da 2ª turma PDE-2008. E-mail [email protected] . Orientada em seu Artigo Científico pelo porfessor João Negrão, professor titular da UFPR.

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ESP1 nas Escolas Públicas do Estado do Paraná:

O Ensino do Inglês Instrumental nos Cursos Técnico-Profissionalizantes

Maria Cristina Pereira2

Orientador: João Negrão

RESUMO A intenção desta pesquisa é o ensino do inglês Técnico aos alunos dos

cursos profissionalizantes voltados à área da Informática, ou seja, Tecnologia da Informação (TI). A metodologia do ensino segue os parâmetros estabelecidos na abordagem do inglês Instrumental, conhecido internacionalmente como ESP (English for Specific Purposes, ou seja: Inglês para fins específicos), onde o ensino do inglês-técnico em TI esta centrado em pesquisas para que o professor possa descobrir as necessidades específicas do aluno, também chamada de: Needs analysis O projeto foi desenvolvido dentro da escola, em turmas do ensino profissionalizante, e levou em conta, primeiramente a bagagem de conhecimento do aluno em relação a Língua Inglesa, e depois, utilizando-se estratégias de leitura e compreensão de textos, como: SCANNING (lida rápida, para achar algo específico), SKIMMING(lida rápida, para encontrar o sentido geral do texto), BRAISNTORMING (tempestade de idéias) e PALAVRAS COGNATAS (palavras parecidas na escrita e/ou significado).

Palavras-chaves: Ensino de Língua Estrangeira (L.E.), Inglês Técnico, Ensino Profissionalizante, Informática, Inglês Instrumental.

ABSTRACT The purpose of this research is at the teaching of English to students

of technical courses aimed at computer science, or in the field of Information Technology (IT). The method of teaching follows the parameters established approach in ESP (English for Specific Purposes), where the teaching of English in IT- technical focuses on the specific needs of the student, also called: Needs analysis. The project in the school, was made in the classes of professional courses, where it took into account, first the knowledge of the English students, then, using strategies for reading and understanding texts, such as scanning, skimming, brainstorming and cognates words.

Key-words: ELT, tecnical english, profissional courses, IT, ESP(english for specific

purposes).

1 ESP – sigla em inglês para: English for especific purpose (inglês para fins específicos)

2 Professora titular da rede estadual de ensino do Paraná desde 1996. Atuante em Língua Inglesa, no

Colégio Estadual Pedro Macedo, Curitiba/PR. Graduada em Letras Inglês e Português pela PUC/PR.

Integrante da 2ª turma PDE-2008. E-mail [email protected]. Orientada em seu Artigo Científico pelo

porfessor João Negrão, professor titular da UFPR.

2

Introdução

“ …learning English has become one of the major tools of contemporary education.As in most parts of the world, learning English is one of the most valued symbolic assets in Brazil in view of the role of English in worldwide communication media.”

3

Moita Lopes (2005:2)

Este artigo tem como objetivo apresentar, a análise obtida em sala de aula,

em relação ao ensino do inglês técnico. Utilizando-se de uma lição introdutória,

tipo WARM UP (aquecimento), onde o aluno do ensino profissional voltado a área

de informática, possa ver o Inglês, como algo prazeroso em um primeiro

momento, o que com certeza facilitará seu aprendizado ao longo do curso, uma

vez que o ensino do inglês técnico, no Brasil conhecido como: Inglês Instrumental,

a partir de agora representado pelas inciais I.I., se voltará principalmente ao

desenvolvimento da compreensão da leitura.

Muitos podem estar se perguntando “Por que a ênfase nesta abordagem

do Inglês Instrumental?”, e esta pergunta fica fácil responder, pois segundo Moita

Lopes(1990) e Celani (1998), autores usados como referencia no presente

trabalho, o inglês que devemos desenvolver em nossos alunos brasileiros, é o

inglês que eles realmente utilizarão em sua vivência, no seu dia-a-dia ou seja, a

compreensão da Leitura.

After broadly sketching what to my mind seems to be the panorama emerging in the future, both in GE as well as in strict ESP contexts, I will finally elaborate on the paradox of how and why what in a certain context is a misconception, i.e., ESP equals teaching reading, may be proposed as a more sensible option in the much wider national context regarding teaching English in the general Brazilian school context. As a conclusion to the argument, surprise is expressed at how objections from some areas – excluding learners from learning the “full” language – can become self-defeating, because the result of trying to teach the “full” language frequently ends up in not teaching any

language.4 Celani,M.A.A. (2008)

3 Tradução livre do autor:”...aprender Inglês tem se tornado em uma das principais ferramentas na

educação contemporânea. Assim como na maioria dos locais em todo o mundo, aprender Inglês é um dos bens mais valorizados no Brasil tendo em conta o papel do Inglês nos meios de comunicação de todo o mundo.”

4 Tradução livre do autor: “Depois de esboçar amplamente o que a meu ver, parece ser o

panorama futuro, tanto na GE, bem como em contextos estritamente ESP, vou finalmente detalhar

o paradoxo de como e por que em um determinado contexto é um engano, isto é, a leitura ESP é

igual à de ensino, pode ser proposta como uma opção mais sensata no contexto muito mais amplo

nacionalmente na questão de ensino de Inglês no contexto escolar geral brasileiro. Como

3

1. O papel da emoção na aprendizagem

Segundo Leffa (1999) o ensino do inglês, como das línguas estrangeiras

em geral, baseia-se e fundamenta-se em três grandes pontos da aprendizagem:

O cognitivo, o afetivo e o psicomotor. A interrelação da emoção com a inteligência

abre caminho para explorar a conexão com o prazer da aprendizagem, que pode

ser sentida tanto pela via sócio-interacional como pela via biológica. Essa

iinterrelação é uma tentativa de juntar, integrar o domínio cognitivo com o afetivo,

uma preocupação que não é recente entre os pesquisadores da área. (Moscovitz,

1978 ; Celani, 1983).

Pela via biológica, podemos apresentar a aprendizagem como a formação

de novas conexões entre os neurônios. Essas conexões, estabelecidas pelos

neurotransmissores, são causadas tanto por fatores genéticos como por

informações que chegam ao cérebro através do meio ambiente, como imagens,

sons, cheiros, etc. Um elemento importante para ampliar essa “fiação” do cérebro

é a presença do prazer na atividade. Se a criança ou o adulto não gostarem do

que estiverem fazendo, se a aula for cansativa, a aprendizagem diminuirá ou

deixará de ocorrer (PRADO, 1998).

Por isso, na sala de aula, o uso da emoção tanto pode ajudar como

atrapalhar, principalmente no caso do ensino de uma língua estrangeira, no nosso

caso, o inglês. Há um fator ideológico que precisa ser ministrado e analisado: A

Admiração pela língua ou cultura é muitas vezes visto como um deslumbramento

ingênuo e inadequado de uma mente colonizada. (LEFFA, 2003)

Por este parecer, e por conhecimento geral, por parte de nós profissionais

da educação, um dos segredos do sucesso na aprendizagem está em tornar o

ambiente da sala de aula o mais agradável possível, lutando, incansavelmente

para despertar entre todos, professor e alunos, alunos e professor sentimentos de

respeito e solidariedade, não de maneira tímida mas com força e determinação.

Hoje já temos o conhecimento, e até as empresas já descobriram que estamos

conclusão do argumento, a surpresa é expressa como as objeções de algumas áreas prejudicam

os alunos no aprender da língua plenamente - podendo se tornar autodestrutivo, pois o resultado

de tentar ensinar a linguagem plenamente freqüentemente acaba por não ensinar nenhuma

língua.”

4

entrando numa economia que não esta mais baseada em riquezas naturais, e

nem apenas no conhecimento por si só, mas hoje a emoção tem prioridade , e as

empresa, hoje já, elegem como primordial a gentileza com que deve ser tratado o

cliente.(Leffa, 2003)

2. A prática do Inglês Instrumental (I.I.):

No caso do ensino da linguagem técnica em inglês, além do prazer da

aprendizagem, devemos fazer com que o aluno aprenda estratégias específicas

para um melhor aproveitamento da aprendizagem do inglês técnico. Para isto,

neste estudo, mostramos que o inglês instrumental é um facilitador para estes

alunos já adultos, e muitas vezes com dificuldades no aprendizado de línguas.

Para melhor compreendermos o que seja o inglês instrumental, podemos

fazer às seguintes definições. Segundo Dudley(1998), as principais características

do I.I. são:

1. O inglês Instrumental é definido para encontrar as específicas

necessidades do aluno;

2. O I.I. faz uso da metodologia subjacente e atividades da disciplina que

serve.

3. O I.I. é centrado na linguagem apropriada destas atividades em termos

de gramática,léxico, habilidades, discurso e gêneros;

Existem ainda algumas características chamadas por Duddley (1998 –

2005) de variáveis, quais sejam:

1. O I. I. pode ser designado para disciplinas específicas

2. Pode ser usado em situações de ensino como uma metodologia de

ensino, diferente do que se usa para ensinar o “Inglês Geral”

3. Como metodologia, o I.I. é designado a estudantes em idade adulta,

como em CEBEJAS ou em cursos subsequentes, técnicos e/ou

profissionalizantes, onde se possa ensinar o Inglês qu deva ser usado

5

diretamente na profissão desejada. O método é usado para que o aluno veja as

reais razões para o aprendizado do inglês instrumental.

Se nós concordamos com as definições acima mencionadas, podemos ver

como a metodologia do I.I. realmente é. De fato, podemos perguntar: “Qual a

diferença entre o Inglês Instrumental e o Inglês Geral?”, no que se refere em suas

metodologias de ensino?(Hutchinson et al.-1987:53) a resposta é , " na teoria

nada difere, mas na prática é muito grande a diferença, o resultado obtido.”

No ensino de inglês, abordando a metodologia do I.I. é imprescindível que

o professor tenha consciência da necessidade do uso de questionários e

avaliações, chamadas de “Needs Analysis”, pois com esta pesquisa o professor

pode saber exatamente as reais necessidades do aluno de um curso técnico, e

assim escolher o melhor material para ser usado em suas aulas; material este

que poderá estimular o aluno para a aprendizagem do inglês, além de

proporcionar prazer ao professor que terá consciência do que esta ensinando e

que isto poderá ajudar de forma mais concreta ao seu aluno.

Partindo do estudo de Dudley(1987), podemos concluir que se a

comunidade de seguidores do I.I. espera crescer, é vital que a comunidade como

um todo entenda o quê o Inglês Instrumental representa na formação de alunos

adultos ou daqueles de cursos profissionalizantes, e possam assim incentivar

outros professores a usar a metodologia com sucesso.

É preciso que entendamos, como educadores, o que Moita Lopes, já disse,

e o que a professora Maria A. A. Celani repediu em seus diversos trabalhos

publicados sobre a metodologia ESP (english for specific purposes) que devemos

desenvolver em nossos alunos, aquilo que realmente fará diferença em seu dia-a-

dia, uma vez que nosso país não tem uma segunda língua mãe, e que o inglês,

no mercado de trabalho, é muito mais usado como meio de leitura e compreensão

de textos diversos como : livros, manuais, artigos, notícias, etc...

Através desta metodologia do I.I. podemos trabalhar o conhecimento prévio

do aluno, e fazê-lo entender e empregar este conhecimento de organização

textual em sala de aula e no mundo do trabalho.

Fazendo isto, o aluno será capaz de utilizar textos cuja finalidade seja

compreender um conceito, apresentar uma informação nova, descrever um

problema e comparar diferentes pontos de vista, pois "o domínio” deste

6

conhecimento colabora para o envolvimento de pessoas tanto na tarefa de

produção quanto na de compreensão do discurso" (Lopes apud FREIRE, 1998:

48).

No Brasil, de um modo geral, o Inglês Instrumental é uma das numeras

abordagens do ensino de língua inglesa que trata do inglês como língua técnica e

científica. É uma metodologia de ensino diferente, pois como o próprio nome diz,

ela tem um propósito estabelecido.

Para desenvolvermos um trabalho disciplinar onde possamos usar a

metodologia ESP, primeiramente temos que saber quais são os objetivos que se

pretende alcançar com esta disciplina e a importância de se fazer a “Needs

Analysis” (Hutchinson e Waters,1987), que nada mais é do verificar o que o aluno

quer aprender, quais suas reais expectativas do curso, quais suas necessidades

de conhecimentos; se o aluno está interessando em falar com mais desenvoltura,

em compreender aquilo que ouve (treinar o ouvido), se ele deseja escrever bem

em inglês, ou conseguir ler e compreender com proficiência aquilo que leu.

Depois de determinarmos a necessidade do aluno, o seu objetivo, é fundamental

encontrar as técnicas de apoio para que se possa desenvolver seu aprendizado

usando a metodologia ESP, inglês instrumental. No ESP, podemos usar as

estratégias de compreensão geral de textos verbais ou não verbais, redigidos em

língua inglesa.Estas estratégias podem ser:

- Identificação do padrão geral de organização (gênero textual)

- Skimming: Olhada rápida (um passar de olhos) pelo texto para ter uma idéia

geral do assunto tratado.

- Scanning: localização rápida de informação no texto.

- Uso de pistas não-verbais (ilustrações, diagramas, tabelas, etc.)

- Uso de títulos, subtítulos, legendas, suporte (ou portador) do texto

- Uso de pistas textuais (pronomes, conectivos, articuladores, etc.)

- Uso de contextos e cognatos,

- Construção de elos coesivos (lexicais e gramaticais)

- Descoberta do significado pelo contexto,

- Uso da experiência prévia sobre o assunto (background knowledge);

7

Essas estratégias têm por finalidade incitar a solução de problemas,

facilitando o entendimento daquilo que foi lido e por que não, estimular a

aprendizagem.

Conforme Celani (1981) explica:

Na denominação English for Specific Purposes, a palavra purpose, finalidade, parece ser o termo crucial, indicando que esse tipo de ensino se encontra nos objetivos que procuramos alcançar. Isto não significa, no entanto, que o ensino de inglês antes do advento deESP fosse necessariamente desprovido de objetivos. Significa apenas, que na situação de ESP, a finalidade a que se destina o curso passa a ter prioridade. Os diferentes fins para os quais o aluno necessita de inglês podem ser mais facilmente percebidos e definidos, possibilitando, assim, uma visão das diferentes habilidades que serão necessárias à execução daqueles fins."

Este projeto pode servir de argumento para salientar aos professores de

inglês para o ensino Profissional, fora da esfera da informática, que ESP não é, e

nem deve ser confundido como uma abordagem somente para fins de Leitura.

Podemos sim desenvolver a fala, a escrita e a compreensão, deste que usadas as

estratégias técnicas adequadas a cada cursos profissionalizante.

Devemos lembrar também, no que se refere ao vocabulário verbal e não

verbal, que não é a quantidade de palavras, frases e expressões que o aluno

conhece que é relevante, mas a utilização das estratégias que o auxiliem a

compreender o significado daquelas palavras que ainda lhes são desconhecidas,

e fazer com que consiga compreender o sentido geral de um texto.

Segundo diz nossas Diretrizes, o contexto em que a palavra foi

empregada também ajudará ao aluno do ensino profissional a descobrir o seu

significado.

Este artigo foi elaborado com o intuito de mostrar aos colegas professores

que não somos mais os detentores do saber, uma autoridade e sim, um

facilitador, um orientador, aquele que estimula, anima, encoraja, que desafia o

aluno a ir além dos objetivos traçados.

Dessa forma, o professor tem uma série de procedimentos a preparar.

Um dos principais é a escolha e/ou elaboração do material a ser utilizado no

desenvolvimento de sua disciplina. O professor deve estar atento ao selecionar

um material, material este que proporcione ao aluno possibilidades de

8

desenvolver, de ser o agente de sua própria aprendizagem, participando

ativamente do seu apre(e)nder, a ter a sua autonomia.

Usando a metodologia ESP, podemos ver a aprendizagem como

aquisição de conhecimentos através do desenvolvimento de raciocínio e de

tomada de decisões. Por isso é essencial que o professor faça com que seu aluno

raciocine, reflita sobre tudo o que ele esta aprendendo, que esteja consciente de

seus progressos e também de seus fracassos, para que o próprio aluno seja

capaz de se avaliar e aplicar-se mais intensamente na área lingüística do inglês

onde tiver maior dificuldade.

Como professores de Língua Inglesa, não devemos subjugar nossos

alunos do ensino profissional, ou mesmo fundamental e médio. Eles sabem muito,

principalmente aqueles alunos que vivem nos grandes centros urbanos, como o

nosso de Curitiba. Estes alunos têm acesso à internet, a equipamento de alta

tecnologia como: pendrive, I-pods, jogos eletrônicos, MP3, 4, 5, 6,7,8,etc...

Sendo assim, o professor pode usar as estratégias do ESP e as novas

tecnologias para um efetivo aprendizado do inglês, seja este inglês Técnico ou

não, mas objetivamos que os alunos possam:

A)- Alcançar uma compreensão geral de textos em língua inglesa;

B)- Extrair informações específicas sem recorrer à leitura linear;

C)-Formular hipóteses de significado para palavras desconhecidas.

D)- Enriquecer progressivamente o seu vocabulário geral e técnico;

E)- Terem a capacidade de usar discursos verbais ou não verbais, para se

comunicarem e se fazerem entender em uma situação profissional;

F)- E o que mais for conveniente a ser objeto de estudo.

Hoje a metodologia usada para ensinar o Inglês Técnico em cursos

profissionalizantes, muito pouco se difere do que é ensinado no ensino

fundamental ou no ensino médio (Inglês Geral). Temos que levar em conta que o

aluno que vem para um cursos técnico profissionalizante, espera por métodos de

aprendizagens onde ele possa enriquecer sua formação profissional. Por isto os

currículos das matérias técnicas estão intimamente ligados na sua área de

atuação. O ensino de Inglês a alunos do ensino profissionalizante deve possibilitá-

9

lo o uso da língua inglesa, em situações significativas. (Diretrizes Curriculares,

2008)

Nossa clientela dos cursos profissionalizantes são pessoas que tem

sérias dificuldades de aprendizado na língua inglesa, ou que há muito tempo

estavam afastados dos bancos escolares.

Será que usando a mesma abordagem e metodologias desconexas da

realidade deste aluno de cursos profissionalizantes, estaremos formando

profissionais mais competentes e cidadãos mais críticos?

Para finalizar esta parte do presente trabalho, usaremos a voz da

professora Celani (2009), que nos diz que, no entanto, a situação tende a se

reverter com o fim da crença de muitos educadores na existência do que

costumam chamar de "o melhor método". Ela também adiciona a sua fala que "Já

baseamos as aulas em gramática e em tradução, por exemplo, mas hoje

sabemos que cabe ao professor analisar a turma para atuar bem", afirma. Celani

e explica por que acredita que a busca por receitas só mudará com a formação

reflexiva - a capacitação que prepara cada docente para avaliar a realidade em

que atua e aplicar princípios de ensino e aprendizagem que funcionem para o

grupo de estudantes que tem em cada sala de aula.

3. Desenvolvimento Projeto PDE-2008

- A troca de experiência no GTR

Usamos a plataforma “Moodle” no qual cada professor PDE participava

como Tutor. Neste curso à distância, tivemos a participação de 40 professores da

rede estadual de ensino, onde o objetivo deste GTR5 era expor o objeto de estudo

para gerar discussões em rede e assim obtermos sugestões que contribuíssem

para a futura intervenção na escola, e melhoria de nosso material a ser

empregado em sala de aula.

5 GTR (Grupo de trabalho em Grupo): curso à distância dos professores da rede estadual do Paraná

10

No Projeto “ESP nas escolas publicas do Paraná”, fizeram a inscrição

cinco professores QPM, dois quais somente duas concluíram eficazmente.

Esta experiência trouxe um grande enriquecimento ao Projeto proposto,

pois as professoras concluintes puderam experimentar o trabalho em suas

escolas de origem, e com isto dividir seus pros e contras, fazendo com que o

trabalho final fosse mais rico em resultados.

O desenvolvimento do objeto de pesquisa se deu na escolha e elaboração

de uma “Unidade Temática” elaborada para a introdução do inglês técnico nas

turmas do ensino profissionalizante em informática, em um colégio da Rede

pública estadual do Paraná.

Esta unidade, também chamada em termos técnicos de Warm up,( que

significa “aquecimento”) serviu para que pudéssemos, através dos estudos

citados anteriormente neste artigo, fazermos com que o aluno possa se sentir

mais confiante, iniciando o aprendizado do inglês técnico de maneira mais

prazerosa e produtiva. No caso do ensino de inglês para os alunos do ensino

profissionalizantes, principalmente no ensino Subsequente. Há muitos alunos que

estavam longe dos bancos escolares há muito tempo, e o inglês, em geral, pode

assustar um poucos estes alunos, que sempre dizem não saber o inglês, pois já

faz muito tempo que não vêem e não tem contato com a disciplina.

Esta primeira aula teve duração de 50 minutos, onde foi apresentado aos

alunos dois vídeos tirados do youtube6: a música “Pelo Telefone” cantada por

Chico Buarque e por Donga (1966) em um programa de TV nos anos sessenta e

o vídeo da música “ Pela Internet” de autoria do cantos Gilberto Gil(1986)

Foi solicitado aos alunos que prestassem muita atenção nos dois vídeos,

para que pudessem fazer uma comparação geral logo após a apresentação.

Ao término dos vídeos, os alunos tinham uma serie de questões a serem

respondidas. Nesta etapa da aula, estas perguntas eram voltadas a comparação

entre as duas músicas seu tempo histórico e suas interpretações.

6 YouTube é um site que permite que seus usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato

digital

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Esta etapa foi muito produtiva e abrangente. Nela, os alunos compararam

os instrumentos tecnológicos usados em cada época, e fizeram, também, a

análise da própria letra. Como exemplo pode-se citar alguns comentários e

análises feitas pelos participantes do GRT:

“ ...foi uma maneira mais eficaz na introdução de um tema as vezes

complicado...(participante 1)

“...usar música na sala de aula, sempre a torna mais atrativa,

principalmente para eles, alunos que trabalhamos o dia inteiro e vão para a escola

super cansados e às vezes desmotivados...a música, parece, lhes dá um novo

„gás‟”(participante 2)

Para esclarecimentos e ilustração, colocamos um trecho estudado nesta

aula de introdução apresentamos a seguir as letras das músicas trabalhadas:

UNIDADE DIDÁTICA: Is Information Technology part of your daily life?

Inglês Técnico para Informática

Unidade 1

Part A:

Music: Pelo Telefone (Donga & Mauro De Almeida)

O chefe da polícia pelo telefone mandou me avisar Que na Carioca tem uma roleta para se jogar O chefe da polícia pelo telefone mandou me avisar Que na Carioca tem uma roleta para se jogar Ai, ai, ai,... Deixa as mágoas para trás ó rapaz Ai, ai, ai, Fica triste se é capaz, e verás. Tomara que tu apanhes Pra nunca mais fazer isso Tirar o amor dos outros E depois fazer feitiço.

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Ai, a rolinha / Sinhô, Sinhô Se embaraçou / Sinhô, Sinhô Caiu no laço / Sinhô, Sinhô Do nosso amor / Sinhô, Sinhô Porque esse samba, /Sinhô, Sinhô É de arrepiar, /Sinhô, Sinhô Põe a perna bamba / Sinhô, Sinhô Me faz gozar, / Sinhô, Sinhô O "Peru" me disse Se o "Morcego" visse Eu fazer tolice, Que eu então saísse Dessa esquisitice De disse que não disse. Ai, ai, ai, Deixa as mágoas para trás ó rapaz Ai, ai, ai, Fica triste se é capaz, e verás. Oueres ou não / Sinhô, Sinhô, Vir pro cordão / Sinhô, Sinhô Ser folião / Sinhô, Sinhô De coração / Sinhô, Sinhô Porque este samba/ Sinhô, Sinhô É de arrepiar / Sinhô, Sinhô Põe a perna bamba / Sinhô, Sinhô Mas faz gozar / Sinhô, Sinhô

(fonte: http://vagalume.uol.com.br/martinho-da-vila/pelotelefone.html)

Music : Pela Internet (Gilberto Gil)

Criar meu web site Fazer minha home-page Com quantos gigabytes Se faz uma jangada Um barco que veleje Que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante da infomare Que leve um oriki do meu velho orixa Ao porto de um disquete de um micro em Taipe Um barco que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante da infomare Que leve meu e-mail ate Calcuta Depois de um hot-link Num site de Helsinque Para abastecer Eu quero entrar na rede

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Promover um debate Juntar via Internet Um grupo de tietes de Connecticut De Connecticut acessar O chefe da milícia de Milão Um hacker mafioso acaba de soltar Um vírus pra atacar programas no Japão Eu quero entrar na rede pra contactar Os lares do Nepal, os bares do Gabão Que o chefe da policia carioca avisa pelo celular Que La na praça Onze tem um vídeo pôquer para se jogar (fonte: http://vagalume.uol.com.br/gilberto-gil/pela-internet.html)

Logo, após a apresentação dos vídeos, e da análise lingüística, os alunos

estudaram o vocabulário empregado nas duas músicas, e foi solicitada uma

pesquisa sobre os aparelhos: Telefone e Celular, e suas evoluções. Partindo

deste estudo do vocabulário, não somente técnico, mas em geral, eles fizeram

uma pesquisa na internet, onde procuraram pesquisar dados históricos referentes

as tecnologias, como: telefone, Celular, Computador, TV, Internet...seus

inventores, componentes eletrônicos, verdades e mitos.

Na segunda aula foi os alunos fizeram uma leitura do texto “O que é

Tecnologia?”, onde foi feita uma discussão envolvendo toda a classe.

Depois que os alunos expuseram sua pesquisa, puderam constatar que

mesmo na internet, os dados às vezes são bem divergentes. Na aula seguinte foi

apresentado o slide sobre “Pesquisa na internet”, elaborado por professores da

parte tecnológica da Universidade Federal do Paraná

Estes slides mostraram como fazer pesquisas na Web e como identificar

sites confiáveis de falsos sites...

Em aulas seguintes, ainda voltamos a falar sobre novas tecnologias, onde

os alunos expuseram o que sabiam a respeito do assunto, e nos quais o inglês

aprece constantemente.

Para permitir momentos de descontração, com intuito educativo, foram

apresentados os vídeos “Le book” e “Funny”, os quais fazem sátiras a respeito da

descoberta do livro, em comparação ao computador... e sobre o futuro do celular,

onde as pessoas não terão mais aparelhos celulares, mas um chip, que poderá

14

ser inserido em diversas partes do corpo humano...Estes vídeos nos deram a

introdução para a discussão sobre o futuro das novas tecnologias.

Ao longo dos meses de fevereiro, março e abril, houve várias leituras

técnicas sobre as TICs7, e em várias aulas, onde sempre empregamos o

vocabulário específico do inglês para dar embasamento à disciplina de inglês

técnico. Os alunos pesquisaram também sobre: Eads8, Orkut9, Facebook10,

Blogs11, Sites12, etc. Ao final destes estudos, foi feito um jogo do “Mico”13, o qual

serviu para que os alunos mostrassem o que aprenderam , o que internalizaram

do vocabulário técnico apresentado na sala de aula.

O jogo empregado para a finalização deste estudo era composto por 56

cartas. A turma foi dividida em grupos, e cada aluno recebia sete ou oito

cartas,dependendo do numero de alunos. Cada aluno deveria ir pegando a carta

do colega, até formar seus pares. Ganharia o jogo quem formasse todos os seus

pares.

Outra variante do jogo seria dividir a sala em dois grupos, sendo que um

grupo pegaria a classe das palavras e o outro as suas definições. Nesta parte, foi

adapta a unidade referente à pesquisa na internet, pois sentimos que alunos não

sabiam quase nada sobre quem inventou e como foram descobertos os principais

meios de comunicação que são envolvidos em IT (information technology).Outra

7 TIC sigla de Tecnologia da Informação e Comunicação - sigla para designar a informática e sua

potencialização com os recursos de comunicação.

8 EaD : Ensino à distância.

9 Orkut : é um website de comunidade on-line projetado para amigos. O principal objetivo deste

serviço é tornar a sua vida social, ...

10 Facebook : é um site de relacionamento, similar ao Orkut.

11 Blogs : Blog é uma abreviação de weblogs e são usados pelas pessoas como uma espécie de diário on-

line. Inclusive a própria tradução do seu nome completo – WebLog – é diário da web. O proprietário do blog

(ou proprietários, em blogs comunitários) usa essa ferramenta para a publicação de histórias, novidades,

assunto diversifcados, idéias e imagens…

12 Um site ou sítio é um conjunto de páginas Web, isto é, de hipertextos acessíveis geralmente

pelo protocolo HTTP na Internet

13 Jogo do Mico: cada jogador pega um determinado número de cartas e vai fazendo pares ao escolher as

cartas de outros jogadores. O objetivo é acabar com as cartas da mão, fazendo o maior número de pares

possível.

15

parte que não constava no projeto original, foi no que diz respeito as TICs, pois é

um tema muito relevante na disciplina de inglês técnico, bem como na realidade

de um profissional em TI.

Nestas aulas sobre as novas tecnologias, foram empregados textos

técnicos voltados a área da TI, e sempre usando o inglês como objeto de estudo,

foram empregadas as estratégias de Brainstorming, cognatos, scanning and

skimming.

Ao final desta unidade, foi solicitado aos alunos o preenchimento de uma

pesquisa, onde pudemos constatar que os alunos do ensino profissionalizante são

oriundos de classes sociais desprivilegiadas, ou seja, trabalhadores ou filhos de

trabalhadores. Pudemos verificar também que a grande maioria acha a língua

inglesa importante em sua formação profissional, embora afirmassem ter grau

muito baixo de compreensão da língua inglesa. A alta porcentagem (97%, 98%)

ainda se manteve no que diz respeito ao modo como o inglês técnico, dentro do

que escolheram para se aperfeiçoar, deve ser mesmo centrado em suas

necessidades primordiais, levando em conta a compreensão da leitura, desde que

sejam de textos autênticos, usados na área de formação do aluno. Pudemos

constatar também que os alunos ainda têm uma visão tradicional do ensino do

inglês, pois acham que não conseguiram compreender/aprender o inglês sem o

ensino dos aspectos gramaticais. A parte gramatical foi um ponto importante e

reforçado pelos alunos, que acham importantes as “pinceladas” na gramática,

desde que aplicada em textos, não sendo necessária a explicação de toda a

gramática, mas sim, da que faz parte da maioria dos textos técnicos que se

utilizam da língua inglesa. Abaixo alguns comentários:

“... aprender parte da gramática utilizada nos textos técnicos,

nos ajudam a fazer as ligações de palavras já conhecidas, de maneira mais

eficiente e com sentido na leitura...”(aluno 1)

“...saber usar as estratégias de leitura juntamente com a parte

gramatical utilizada nestes textos, faz com que possamos entender o que o

texto quer dizer, o seu significa...”

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A título de ilustração, apresentamos o modelo de ficha que os alunos

tiveram que responder como encerramento das atividades didáticas. Foi

retirada toda a identificação dos alunos para não haver nenhuma maneira

de constrangimento.

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Referências:

Celani, Maria A.Almeida(2007) - When myth and reality meet: reflections on ESP

in Brazil. São Paulo, SP (2008)

Dudley-Evans, T. (1997/8). Developments in English for Specific Purposes: A

multi-disciplinary approach. Cambridge University Press.

FREIRE, A. Aquisição de português como segunda língua: uma proposta de currículo. Revista Espaço-Informativo do INES. Rio de Janeiro, p. 46-52. 1998.

Hutchinson, T. & Waters, A. (1987). English for Specific Purposes: A learner-

centered approach.-Cambridge University Press.

LEFFA, Vilson J. O ensino do inglês no futuro: da dicotomia para a convergência. In: STEVENS, Cristina Maria Teixeira; CUNHA, Maria Jandyra Cavalcanti. Caminhos e colheita: ensino e pesquisa na área de inglês no Brasil. Brasília: Editora UnB, 2003. p. 225-250.

LEFFA, Vilson J.; PEREIRA, Aracy, E. (Orgs.), O ensino da leitura e produção

textual: Alternativas de renovação. Pelotas: Educat, 1999.

Moita Lopes,L.P.. (1996) Oficina de Lingüística Aplicada. Campinas: Mercado de

Letras. ESP in Brazil : 25 years of Evolution and Reflection / M. A. A. Celani…[et

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MOSCOWITZ, G. Caring and Sharing in the Foreign Language Class. Massachussetts: Newbury House Publishers, Inc., 1978.

PRADO, F. de A. Prazer, a energia dos vencedores. São Paulo: Mercuryo, 1998

Pesquisa na Internet:

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http://educarparacrescer.abril.com.br/politica-publica/entrevista-antonieta-celani-

471473.shtml, acessado em 05/12/2009.

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