exercício físico e hipertensão uma relação entre a carga e s

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Page 1: Exercício físico e Hipertensão Uma Relação Entre a Carga e s

ARTIGO ORIGINALEXERCÍCIO FÍSICO E HIPERTENSÃO: UMA RELAÇÃO ENTRE A CARGA E SEU

EFEITO HIPOTENSOR EM HIPERTENSOSPHYSICAL EXERCISE: A RELATIONSHIP BETWEEN THE LOAD AND EFFECT HYPOTENSOR IN

HYPERTENSIVES

MARLON DANIEL DE OLIVEIRA KLEILSSON RICARDO ALBUQUERQUE

HEBERT THYERES OLIVEIRA DE MACEDOPós Graduação em Educação Física - UGF

RESUMO

FINALIDADE: Através de um estudo de revisão, discutimos e apresentamos a utilização deexercícios físicos, enquanto parte de tratamento não – farmacológico da hipertensão arterial, bem comoclarificamos possíveis duvidas a respeito da sua aplicabilidade.

A hipertensão hoje em dia é observada como um dos principais fatores de risco de morbidade emortalidade cardiovasculares, é responsável por cerca de 40% das aposentadorias precoces eabsenteísmo no trabalho. Como forma de tratamento não farmacológico, o exercício físico vem sendoestudado na redução da hipertensão arterial. Estudos recentes mostram que a resposta hipotensora após oexercício é verificada em indivíduos hipertensos. Um estudo realizado com idosos de idade variando entre60 e 81 anos, mostrou que ao final de 25 semanas realizando um programa de exercícios físicos,observaram considerável redução da pressão sistólica (7,7 mmHg) e diastólica (4,2 mmHg). O treinamentofísico de baixa intensidade é observado como um fator hipotensor com elevada expressividade emdetrimento das atividades de maior intensidade. Uma atividade moderada entre 40 – 70% do VO2máx., com 3a 5 sessões semanais, e com duração de 15 a 60min., parecem conseguir melhores efeitos para redução daHA.

CONCLUSÕES: O exercício físico de baixa e moderada intensidade, e a aplicação de sessões maisprolongadas, mostraram resultados hipotensores em indivíduos apresentando uma hipertensão leve oumoderada.

Palavras-chaves: exercício, treinamento e tratamento

ABSTRACT

PURPOSE: through a revision study, we discussed and presented the use of physical exercises,while part of treatment no-pharmacological of the arterial hypertension, as well as we clarified possiblesdoubts the regard its applicability. The hypertension nowadays is observed as one of the main factors ofmorbosity risk and cardiovascular mortality, it is responsible for about 40% of the precocious retirements andabsence in the work. As treatment form no pharmacological, the physical exercise has been studied in thereduction of the arterial hypertension. Recent studies show that the answer hypotensor after the exercise isverified in individuals hipertensos. A study accomplished with seniors of age varying between 60 and 81years, it showed that at the end of 25 weeks accomplishing a program of physical exercises, they observedconsiderable reduction of the systolic pressure (7,7 mmHg) and diastolic (4,2 mmHg). The physical trainingof low intensity is observed as a factor hypotensor with high expressiveness to the detriment of the activitiesof larger intensity. A moderate activity among 40-70% of VO2máx., with 3 to 5 weekly sessions, and withduration from 15 to 60min., they seem to get better effects for reduction of the HA.

CONCLUSIONS: The physical exercise of low and moderate intensity, and the application of morelingering sessions, they showed resulted hypotensors in individuals presenting a light or moderatehypertension.

Key words: exercise, training and treatment

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INTRODUÇÃO

O objetivo fundamental deste pequeno

estudo de revisão foi discutir a utilização do

exercício físico, enquanto parte da terapia não-

farmacológica da hipertensão bem como clarificar

possíveis dúvidas a respeito da sua aplicabilidade.

Os mecanismos responsáveis pela hipotensão,

resultante do treinamento físico, ainda não são

consensuais e a razão pela qual alguns destes

fazerem parte deste estudo foi unicamente para

ressaltar o fato de que este é um campo fértil para

futuras investigações.

A hipertensão é um dos principais fatores de

risco de morbidade e mortalidade cardiovasculares

e, ainda, é responsável por cerca de 40% das

aposentadorias precoces e de absenteísmo no

trabalho 18. A magnitude do problema tem levado

muitos estudiosos a pesquisar todo o complexo de

fatores relacionados à hipertensão, desde sua

origem até as formas de tratamento.

Já a algum tempo, o exercício tem sido

estudado com a finalidade de incluí-lo como parte

do tratamento não - farmacológico de sujeitos

hipertensos e os resultados destes estudos foram

em alguns momentos contestados devido às falhas

metodológicas.

Todavia estudos mais recentes têm

confirmado o efeito hipotensor do exercício

principalmente em sujeitos com hipertensão no

estágio I 15.

Vários estudos utilizaram protocolos

diferentes, com intensidades diferentes no sentido

de estabelecer um padrão de procedimentos, e

apesar de algumas variações parece haver um

consenso das seguintes caraterísticas do exercício

para este fim. Para que o exercício seja eficaz e

seguro ele deve ser cíclico como: andar, pedalar,

correr ou nadar, com uma intensidade que varia de

leve a moderada com duração de 30 - 45 min. com

uma freqüência de 3 a 4 vezes por semana 18.

1- Efeito Agudo do Exercício na Pressão Arterial

em Hipertensos

Em meados dos anos 80, já haviam sido

feitas críticas aos estudos relacionados ao exercício

como fator hipotensor. Estas críticas recaiam

diretamente sobre os métodos de estudo, sujeitos, o

tamanho das amostras etc. Neste mesmo período, o

exercício foi estudado e já era utilizado até como

terapia não - farmacológica para o tratamento de

hipertensos 6-8.

Estudos mais recentes mostram que a

resposta hipotensora pós- exercício tem sido

verificada com base em sujeitos hipertensos 1-2-9.

Alguns desses estudos têm demonstrado

que os níveis pressóricos de um indivíduo

hipertenso podem ser reduzidos significativamente

com apenas uma sessão de exercício físico e essa

redução pode alcançar valores mais evidentes e

mais duradouros se o estímulo ( exercício ) for mais

prolongado 1-2.

2- Efeito do Treinamento Físico na Pressão

Arterial

O estilo de vida sedentário é um fator

preponderante para o desenvolvimento da

hipertensão arterial (HA), onde é considerado como

fator de risco para o desenvolvimento de doenças

cardiovasculares. O sedentarismo isolado é

responsável por cerca de 25% das mortes,

enquanto que a HA fica com cerca de 70%. Outros

fatores são as dislipidemias (30%), obesidade (31%)

e tabagismo (76%) 12.

Inúmeras pesquisas realizadas em ratos e

em seres humanos verificaram uma atenuação da

hipertensão em hipertensos e normotensos 11.

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Um estudo realizado com idosos de 60-81

anos de idade que cumpriram 25 semanas de um

programa de exercícios obtiveram redução da

pressão sistólica em torno de 7,7 mmHg e 4,2

mmHg da pressão diastólica 21.

O exercício físico aeróbio como meio

terapêutico isolado ou associado ao tratamento

farmacológico, é um dos principais fatores na

redução dos níveis tensionais em indivíduos

hipertensos 3-14-17. O efeito hipotensor da atividade

física pode ser atribuído diretamente a mecanismos

hemodinâmicos ou, indiretamente, através de

modificações nutricionais, metabólicas e

comportamentais 13. Já em outro estudo se afirma

que o decréscimo da pressão arterial independe da

perda de peso e oscila entre 0-20 mmHg para

sistólica e 2,5-12 mmHg para a diastólica 12.

Um outro aspecto interessante é o fato de

que o condicionamento físico em adolescentes,

influencia no padrão da curva tensional

principalmente nos negros quando comparados com

os de mesma idade brancos, estes não

apresentaram, no estudo, diferenças de PA durante

24h em virtude do condicionamento físico 13. Em

adultos com hipertensão leve, o exercício físico

aeróbio tem demonstrado bastante efetividade na

redução da PA desses indivíduos, todavia quando

estes apresentam graus de HA mais elevados o

efeito do exercício já não é mais tão evidente.

De qualquer maneira Whelton 22, publicou o

resultado de uma meta- análise concluindo que o

exercício aeróbio reduz a PA de hipertensos e de

normotensos. Seu estudo envolveu 54 experimentos

e 2.419 sujeitos

3- Mecanismos Relacionados com a

Hipotensão

Antes de verificar os mecanismos acionados

pelo exercício na alteração da pressão arterial se

faz necessária uma breve revisão sobre os

mecanismos básicos que influenciam a pressão

arterial. Para faze-lo com bastante brevidade foi

construído um quadro baseado em dados de

Guyton 20 .

Já em se tratando do exercício, a literatura

relata alguns mecanismos responsáveis pela

diminuição da PA, onde esses interagem em

conjunto, e por diversos caminhos. Dentre as

principais alterações hemodinâmicas, estão a

diminuição do débito cardíaco (DC) e a resistência

vascular periférica (RVP), em conseqüência a uma

redução do volume plasmático 3-11-12.

Uma diminuição da atividade nervosa

simpática, parece ser fator importante na redução

da PA19, uma vez que, é responsável por baixar os

níveis de norepinefrina (NE) circulante11. Em

conseqüência ocorre um aumento na secreção

MECANISMOS

BÁSICOSAÇÃO

MECANISMO

NEURAL

Constrição dos vasos e

bombeamento.

*efeitos simpáticos da

circulação;

*efeitos parassimpáticos

sobre o coração;

*tônus vasomotor;

*barorreceptores para o

controle da PA.

MECANISMO DE

TROCAS LÍQUIDAS

Volume sangüíneo ( nível

capilar )

*saída de líquido para o

intersticial.

MECANISMO DE

EXCREÇÃO RENAL

Volume sangüíneo e

angiotensina II

*secreção de urina;

*vasoconstrição.

MECANISMO

HORMONAL

Constrição e volume

sangüíneo

*secreção da aldosterona.

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urinária e conseqüente redução da renina

plasmática 2-12. Podemos ainda destacar a

importância dos níveis de catecolaminas para a

redução da PA, pois indivíduos hipertensos com

nível plasmático de NE elevado, apresentaram

redução na PA sangüínea após treinamento físico11. Esse comportamento pode ser explicado pelo

aumento da concentração de prostaglandina E 2-11,

aumento sérico de taurina e diminuição endógena

no plasma de substância ouabaína endógena 3-11.

Ainda merece destaque ação do endotélio

vascular, pois esse é responsável pelo controle do

tônus muscular arterial. Fatores relaxantes

derivados do endotélio, interagem com o músculo

liso vascular, atenuando o efeito constritor direto

das catecolaminas, esse mecanismo reduz a PA,

graças ao óxido nítrico (NO), que assume grande

importância na diminuição da RVP 12-17.

4- Características do Exercício

Estudos recentes mostraram que exercícios

isométricos com cargas elevadas aumentam a PA 2.

Em contra partida, exercícios dinâmicos que

provocam leve aumento da PA e uma queda

expressiva da RVP são bem indicados.

O treinamento físico de baixa intensidade

exerce um fator hipotensor mais pronunciado que o

de alta intensidade 2. Uma atividade moderada entre

40-70% do VO2máx., com 3 a 5 sessões por semana,

com duração de 15 a 60 min., parecem conseguir

melhores efeitos para uma redução da hipertensão

arterial 2-4. As intensidades do exercício

recomendadas de 40 - 70% do VO2máx. têm sido

bastante utilizadas em programas de treinamento e

estudos relacionados com hipertensos 3-4 . Todavia,

parece não haver problemas em se utilizar 75% do

VO2máx. como intensidade do exercício, pois esta

intensidade já demonstrou produzir um efeito

hipotensor mais duradouro, em hipertensos, quando

comparado com 50% do VO2máx. 5.

O treinamento com as intensidades

controladas pela freqüência cardíaca de reserva (

Karvonen ), entre 65% a 85% e a escala subjetiva

de esforço (Borg) já fora utilizado com resultados

significativos na redução da pressão arterial em

deficientes físicos utilizando cicloergômetro

adaptado para membros inferiores 16.

5- CONCLUSÃO

Teoricamente, e de acordo com o que foi

exposto nos últimos parágrafos, uma sessão mais

prolongada e com uma intensidade um pouco mais

elevada traria uma maior e mais duradoura redução

da PA, porém isso é apenas uma mera associação

de resultados e deve ser estudado com maior

propriedade.

Parece então que o exercício físico regular,

pode ser uma alternativa importante no tratamento

não farmacológico da HA, desde que atentemos

para o tipo de exercício, a sua freqüência, a

intensidade e duração desse exercício.

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