histÓria e teoria da arquitetura e do urbanismo...
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Curso de Arquitetura e Urbanismo
Escola de Artes e Arquitetura
Pontificia Universidade Católica de Goiás
Entendida como um espaço político,
centro poderoso de decisão e de grande
importância estratégica, a cidade
medievo-renascentista do século XVI
sofreu intervenções que permitiram a
abertura de ruas e praças, edificadas
dentro dos princípios da simetria e da
proporção.
Os ideais estéticos da Renascença
defendiam o alargamento de vias, as
quais deveriam confluir para
construções monumentais, agora
destacadas em praças ajardinadas,
repletas de fontes esculturais, estátuas e
Villa Rotonda,(1566, Vicenza).
.
Em I Quattro Libri
dell’Architettura (1570),
ANDREA PALLADIO
(1508-80) estabeleceu as
premissas de concepção
tanto da arquitetura como da
cidade, as quais se baseavam
em uma atitude de lógica e de
produção mental, estabelecendo
a relação das partes e a
harmonia das suas grandezas, o
que foi muito bem
exemplificado através do
projeto de suas villas.
Surgimento do Estado Nacional – como
expressão de um todo territorial, de uma
integração em vez de uma soma do conjunto
aditivo de cidades.
A formação da Cidade Capital – vinculada ao
desenvolvimento da urbanística praticada pelo
Barroco em tratar de forma cenográfica os
espaços urbanos.
Cidade Capital Capital moderna de criação
Barroca onde estão associadas as sedes de
poder que tudo absorviam e suscitava à grandes
intervenções urbanas em cada uma das capitais
que se firmavam através deste conceito.
A nova concepção do espaço urbano tornou-se
um dos grandes triunfos da mentalidade
barroca: organizar o espaço, tornando-o
contínuo, estendendo os limites da grandeza,
para abranger o extremamente remoto e o
extremamente pequeno, finalmente,
associando o espaço ao movimento e ao tempo.
Uma espécie de início do que conhecemos hoje
como “zoneamento” – uso do solo.
A linguagem Barroca oferecia dinâmica,
movimento e drama à forma clássica estática
do Renascimento, para que fosse acessível a
todos, que fosse revelado de forma sedutora
para as inúmeras camadas sociais.
Afresco da Biblioteca Vaticana mostrando o plano de Sisto V e Domenico Fontana para Roma, 1587-1589. (INSOLERA, 1981, p. 193)
Extensas avenidas cortando a preexistência
medieval, os sítios arqueológicos, formando
eixos perspectivos que uniriam muitas das
principais basílicas cristãs, proporcionando
nova legibilidade ao espaço urbano.
Piazza del Popolo
(1589/1680, Roma
Itália)
Carlo Rainaldi (1611-
91)
No século XVII até meados do
XVIII, a arte BARROCA promoveu
um prolongamento em escala do
Renascimento e, embora negasse
suas normas rígidas e proporções
imutáveis, manteve a perspectiva
como elemento primordial na
concepção espacial e da
valorização das vias e
monumentos. (Kostof,
1991).
Place Stanilas
ant. Place Royale
(Séc. XVII, Nancy,
França)
A CIDADE BARROCA teve que atender às
aspirações estéticas aristocráticas pela
grandiloquência de suas formas – expressão de
poder, de ordem e de controle social – e, ao
mesmo tempo, aos interesses burgueses pelo
seu aspecto socioeconômico. (Goitia, 2003).
Place de la Liberátion, Séc. XVII, Dijon França. François Mansart.
A cidade tornou-se um
espetáculo para os
olhos, emocionante e
dinâmico que utilizava
um repertório mais rico
que o renascentista,
composto por
obeliscos, chafarizes,
estátuas, colunatas e
arcadas, além de
grandes planimetrias,
traçados
radiocêntricos e
ajardinamentos.
Gravura da praça San Carlo, em Torino, projetada
por Carlo de Castellamonte, toda com arquitetura
uniforme e as duas igrejas gêmeas emoldurando
o eixo perspectivo da Via Roma – projetada por
Ascanio Vittozi, apenas a igreja da esquerda foi
construída.
A primeira grande cidade européia a fazer grandes
remodelações foi Roma, sob o pontificado de
Nicolau V.
Roma até os meados do séc. XV era uma cidade
pouco importante frente a cidades italianas como
Florença e Veneza, estava bastante empobrecida
pela longa ausência do poder papal, desde 1309.
Os papas voltam do exílio em Avignon apenas em
1420 e recuperam o pleno controle sobre a cidade
apenas em 1453.
A intenção de Nicolau V era de reconstruir a antiga
cidade imperial transformando-a novamente na
capital do mundo.
Os diversos planos de remodelação da cidade, de
Nicolau V (c.1450) a Sisto V (c.1590), traçaram
grandes eixos monumentais na cidade, mas que
não foram suficientes para exterminar a malha
urbana medieval, que na verdade só veio a ter
perda considerável no séc. XX, com os grandes
saneamentos fascistas.
Bairros inteiros resistiram, como é o caso do
Trastevere.- O plano de Sisto V, baseado nos
grandes eixos e nos obeliscos trazidos e copiados
do Egito, remodelava algumas áreas, introduzindo
praças publicas monumentais, revestidas por
fachadas contínuas, coroadas centralmente por
fontes ornadas com grandes conjuntos alegóricos e
acessadas por grandes vias axiais.
Roma – plano
de Sisto V
Entrada norte de Roma -
Praça del Popolo e o
obelisco egípcio, com a
imagem de duas igrejas
gêmeas com poucas
características diferentes
(Santa Maria de´Miracoli e
Santa Maria di Monte
Santo).
Piazza del Popolo (1589/1680, Roma Itália) Carlo Rainaldi (1611-91).
Palácio de Versailles: vista aérea do palácio e do tridente (trivium) concebida pelo Rei Luís XV (1638-1715).
Principais elementos do URBANISMO
BARROCO, característico da Europa dos
séculos XVII e XVIII:
a) Traçados de bases renascentistas, guiados
pela perspectiva, mas dotados de maior
liberdade, movimento e escala, passando a
simetria a ser relativa (em composição, mas
não em detalhes);
b) Caráter monumental expresso pela busca
da grandiosidade e pela criação de verdadeiras
“cidades-cenário”, o que foi obtido por meio de
rasgamento e alargamento de vias, assim
como a criação de amplos espaços públicos.
Piazza di Spagna, 1690-1720, Roma. Francesco de Sanctis.
c) Desenho urbano realizado com base na
composição arquitetônica – simetria, ritmo,
dominância de massas compactas e aspecto
imponente e sólido das obras – além da
artificialidade dos jardins;
d) Paisagem concebida como construção
humana, adquirindo assim um espírito mais
arquitetônico artificial e cênico: proliferam eixos,
ruas e avenidas radiais, composições
geométricas e a retificação de canais, fontes e
espelhos d’água.
e) Arquitetura urbana exuberante e retórica, de
escala monumental composta por igrejas,
palácios e monumentos para os quais
convergiam alamedas arborizadas e consistiam
nos principais temas estéticos.
Piazza di Spagna, 1690-1720, Roma.
Francesco de Sanctis.
A CIDADE BARROCA foi a espacialização dos
ideais do absolutismo e seu traçado – centro
urbano, palácio e jardim – baseava-se em um
conjunto de premissas teóricas e de
idealização perspéctica e geométrica.
O uso de eixos divergentes e convergentes era
a expressão e instrumento do poder e da
ordem monárquica.
Até o Renascimento a arte dos jardins resumia-
se na apropriação pela cidade dos espaços
verdes naturais, que eram cercados e
domesticados.
A partir do Barroco os jardins expandem-se em
amplas praças e parques com desenhos
geométricos e elementos esculturais.
ANTECEDENTES Á COLONIZAÇÃO BRASILEIRA