ic - teses sobre a questão negra (1922)

Upload: diego-grossi

Post on 10-Jan-2016

212 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Documento da Internacional Comunista datado de 1922 e em defesa dos direitos dos negros.

TRANSCRIPT

Internacional ComunistaQuarto Congresso5 Novembro 5 Dezembro de 1922A Questo Negra30 de Novembro de 19221Durante e depois da guerra um movimento revolucionrio comeou a desenvolver-se entre os povos coloniais e semi-coloniais e este movimento ainda desafia a dominao do capital mundial. Portanto, se o capitalismo para continuar, ele deve entrar em acordo com o problema cada vez mais difcil de como intensificar a sua colonizao das regies habitadas por pessoas negras. O capitalismo Francs reconhece claramente que o poder pr-guerra do imperialismo Francs s pode ser mantido atravs da criao de um imprio Franco-Africano, defendido por uma ferrovia Trans-Saariana. Os magnatas financeiros Americanos (que j exploram 12 milhes de negros no seu prprio pas) comearam uma invaso pacfica de frica. A medida em que a Gr-Bretanha, por sua vez, teme qualquer ameaa sua posio na frica claramente mostrada pelas medidas extremas que tomou para reprimir as greves na frica do Sul. [Isso refere-se greve Rand de 1922, numa poca na qual o lema dominante era "Por uma frica do Sul branca". O Partido Comunista apoiou o movimento de greve, enquanto apelava unidade dos trabalhadores negros e brancos]. Embora a concorrncia entre as potncias imperialistas no Pacfico cresceu com a ameaa de uma nova guerra mundial, a rivalidade imperialista na frica, tambm desempenha um papel sinistro. Finalmente, a guerra, a revoluo Russa e a rebelio anti-imperialista entre os povos asiticos e muulmanos tm despertado a conscincia de milhes de negros que durante sculos foram oprimidos e humilhados pelo capitalismo na frica, e, provavelmente, ainda em maior grau na Amrica.2A histria dos negros americanos preparou-os para desempenhar um papel importante na luta de libertao de toda a raa Africana. H 300 anos, os negros Americanos foram arrancados da sua terra natal Africana, transportados para a Amrica em navios negreiros e, em condies indescritivelmente cruis, vendidos como escravo. Por 250 anos, eles foram tratados como gado humano, sob o chicote do feitor Americano. O seu trabalho limpou as florestas, construiu as estradas, cultivou o algodo, construiu as ferrovias nas quais repousa a riqueza da aristocracia do sul dos EUA. A recompensa para seu trabalho era o analfabetismo, a pobreza e a degradao. Os negros no eram escravos dceis; a sua histria cheia de revoltas, rebelies, e uma luta clandestina pela liberdade, mas todos os seus esforos para se libertarem foram violentamente reprimidos. Eles foram torturados, enquanto a imprensa burguesa justificava a sua escravido. Quando a escravido se tornou num obstculo que impede o desenvolvimento pleno e irrestrito da Amrica para o capitalismo, quando esta escravido entrou em conflito com a escravido do trabalho assalariado, ela teve que ceder. A guerra civil, que no era uma guerra para a emancipao dos negros, mas uma guerra para a preservao da hegemonia industrial do Norte, confrontou os negros com uma escolha entre o trabalho forado no Sul e a escravido salarial no Norte. O sangue, suor e lgrimas dos "emancipados" negros ajudaram a construir o capitalismo Americano, e quando o pas, que agora se tornou uma potncia mundial, foi inevitavelmente puxado para a [primeira] Guerra Mundial, os negros Americanos ganharam igualdade de direitos com os brancos... para matar e para morrer pela "democracia". Quatrocentos mil proletrios de cor foram recrutados para o exrcito Americano e organizados em regimentos especiais. Estes soldados negros mal tinham retornado do banho de sangue da guerra antes de serem confrontados com a perseguio racial, linchamentos, assassinatos, a negao dos direitos, a discriminao e desprezo geral. Eles lutaram, mas pagaram caro pela tentativa de fazer valer os seus direitos humanos. A perseguio de negros tornou-se ainda mais difundida do que antes da guerra, e os negros mais uma vez aprenderam a "conhecer o seu lugar". O esprito de revolta, inflamado pela violncia ps-guerra e da perseguio, foi suprimido, mas os casos de crueldade desumana, como os eventos em Tulsa City em Oklahoma (cena de um massacre em 1921) ainda incendeia os nimos novamente. Isto, somado industrializao da ps-guerra dos negros no Norte, coloca os negros Americanos, em especial os do Norte, na vanguarda da luta pela libertao dos negros.3A Internacional Comunista est extremamente orgulhosa de ver os trabalhadores explorados negros resistindo aos ataques dos exploradores, uma vez que o inimigo da raa negra e o inimigo dos trabalhadores brancos o mesmo - o capitalismo e o imperialismo. A luta internacional da raa negra uma luta contra o inimigo comum. Um movimento negro internacional com base nesta luta deve ser organizado: nos Estados Unidos, o centro da cultura negra e protesto negro, na frica, com a sua reserva de mo-de-obra humana para o desenvolvimento do capitalismo, na Amrica Central (Costa Rica, Guatemala, Colmbia, Nicargua e outros pases "independente"), onde o domnio do capitalismo Americano absoluto, em Porto Rico, Haiti, So Domingos e outras ilhas do Caribe, onde o tratamento brutal dos nossos irmos negros pela ocupao Americana provocou um protesto em todo o mundo de negros conscientes e trabalhadores brancos revolucionrios, na frica do Sul e Congo, onde a industrializao crescente da populao negra levou a todos os tipos de revoltas, e no leste da frica, onde as incurses do capital mundial levou a populao local a iniciar um activo movimento anti-imperialista.4A Internacional Comunista deve mostrar aos negros que eles no so os nicos a sofrer a opresso capitalista e imperialista, que os trabalhadores e camponeses da Europa, sia e Amrica tambm so vtimas do imperialismo, que a luta negra contra o imperialismo no a luta de um nico povo, mas de todos os povos do mundo; que na ndia e na China, na Prsia e Turquia, no Egipto e Marrocos, os povos oprimidos no-brancos das colnias esto lutando heroicamente contra os seus exploradores imperialistas; que esses povos esto se levantando contra os mesmos males, ou seja, contra a opresso racial, desigualdade e explorao, e esto lutando pelos mesmos fins emancipao poltica, econmica, social e pela igualdade.

A Internacional Comunista representa os trabalhadores e camponeses revolucionrios de todo o mundo na sua luta contra o poder do imperialismo - no apenas uma organizao dos trabalhadores escravizados brancos da Europa e da Amrica, mas tambm uma organizao dos povos oprimidos no-brancos do mundo, que assim incentivam e apoiam as organizaes internacionais dos negros na sua luta contra o inimigo comum.5A questo negra tornou-se parte integrante da revoluo mundial. A Terceira Internacional j reconheceu a valiosa ajuda que os povos de cor Asiticos pode dar revoluo proletria, e ela percebe que nos pases semi-capitalistas, a cooperao com os nossos irmos negros oprimidos extremamente importante para a revoluo proletria e para a destruio do poder capitalista. Portanto, o IV Congresso d aos comunistas a responsabilidade especial de vigiar perto a aplicao das "Teses sobre a questo colonial" situao dos negros.61. O IV Congresso considera essencial apoiar todas as formas do movimento negro que visam minar ou enfraquecer o capitalismo e o imperialismo ou impedir a sua expanso.

2. A Internacional Comunista lutar pela igualdade racial de negros e brancos, por salrios iguais e igualdade de direitos sociais e polticos.

3. A Internacional Comunista vai fazer todos os possveis para forar os sindicatos a admitirem trabalhadores negros onde a admisso legal, e vai insistir numa campanha especial para alcanar este fim. Se esta no tiver xito, ele ir organizar os negros nos seus prprios sindicatos e ento fazer uso especial da tctica da frente nica para forar os sindicatos gerais a admiti-los.

4. A Internacional Comunista vai tomar imediatamente medidas para convocar uma conferncia ou congresso internacional negro em Moscovo.