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IEP INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA - SANTA CASA DE BELO HORIZONTE Mestrado Profissional em Educação em Diabetes Marina Moreno Wardi EDUCAÇÃO NUTRICIONAL EM PACIENTES DIABÉTICOS TIPO 2: COMPARAÇÃO DO ATENDIMENTO INDIVIDUAL E EM GRUPO Belo Horizonte 2013

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IEP – INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA - SANTA CASA DE

BELO HORIZONTE

Mestrado Profissional em Educação em Diabetes

Marina Moreno Wardi

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL EM PACIENTES DIABÉTICOS TIPO 2:

COMPARAÇÃO DO ATENDIMENTO INDIVIDUAL E EM GRUPO

Belo Horizonte

2013

MARINA MORENO WARDI

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL EM PACIENTES DIABÉTICOS TIPO 2:

COMPARAÇÃO DO ATENDIMENTO INDIVIDUAL E EM GRUPO

Dissertação apresentada ao programa de

pós-graduação do Instituto de Ensino e

Pesquisa – IEP, do Grupo Santa Casa de

Belo Horizonte, como requisito parcial

para a obtenção do título de Mestre em

Educação em Diabetes.

Orientadora: Dra. Maria Regina Calsolari

Coorientador: Pedro Weslley Souza do Rosário

Belo Horizonte

DEDICATÓRIA

Ao meu pai Roberto Wardi e minha mãe Maria Cândida Moreno Wardi pela vida e

por todos os ensinamentos.

Ao meu irmão José Roberto Moreno Wardi por sempre estar ao meu lado.

AGRADECIMENTOS

À minha grande amiga e orientadora Dra. Maria Regina Calsolari por acreditar no

meu trabalho e por me apresentar ao maravilhoso mundo do diabetes. Obrigada

pela ajuda constante e confiança.

À Dra. Janice Sepúlveda dos Reis pela amizade, pelo grande incentivo aos estudos

e por acreditar no nosso crescimento profissional.

Ao meu coorientador Pedro Weslley pela ajuda e pelas excelentes dicas no meu

trabalho.

À minha querida equipe de nutrição do Ambulatório de Diabetes Tipo 1 da Santa

Casa (Beatriz Diniz, Débora Bohnen e Marcella Lobato) pela amizade, incentivo e

ajuda constantes. Agradeço aos outros membros da equipe (Cristiane Vieira, Izabela

Sena, Paula Lamego, Sônia Maulais e William Valadares) pela acolhida carinhosa

de sempre e pela disposição em ajudar. Agradeço também aos queridos médicos

Daniel Dutra e Marina Nogueira.

Aos queridos pacientes que participaram do trabalho. Muito obrigada pela

disponibilidade e dedicação.

À Carmen Martins pela colaboração na coleta dos pacientes.

Obrigada meus tios, tias, primos e primas e em especial meus tios Edwiges Moreno

e Antônio Marques pela grande consideração e por apostar na minha profissão.

À minha querida cunhada Bárbara Freitas pelas palavras de conforto e minha amada

afilhada Gabriela Wardi por todos os momentos de alegria.

Aos meus amigos e amigos por fazerem parte da minha história. Em especial

agradeço à minha amiga Maria Cristina Prado por ser uma pessoa maravilhosa e

tornar meus dias muito mais agradáveis.

Aos meus queridos colegas do mestrado que enriqueceram minhas tardes e noites

de sexta e minhas manhãs de sábado.

À todos que de alguma forma participaram desta jornada!

RESUMO

Diante do crescente número de casos de diabetes tipo 2 no mundo e seu impacto na Saúde Pública, é necessário utilizar técnicas que contribuam positivamente para o tratamento. Educar o paciente torna-se um desafio para o profissional, que deve considerar os aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos do indivíduo. O acompanhamento nutricional é fundamental para o tratamento, sendo considerado uma das terapias de primeira escolha para o alcance de boas metas glicêmicas. O presente estudo teve como objetivo principal comparar dois grupos com atendimento diferente: o atendimento individual (Gi) e o atendimento em grupo (Gc), utilizando as mesmas técnicas de abordagem para verificar a existência de diferenças em relação à aderência ao tratamento. Foram selecionados 31 pacientes diabéticos tipo 2, com idades entre 40 e 75 anos, de ambos os sexos, de um consultório particular de Belo Horizonte. Durante três meses, os indivíduos selecionados participaram de seis encontros. No primeiro encontro foram coletados os dados antropométricos (peso, altura, IMC e circunferência de cintura), dados bioquímicos (glicose de jejum, A1c, colesterol total e frações e triglicérides) e aplicado um questionário de hábitos alimentares. Nos outros encontros foram ministradas aulas e discussões entre os grupos. No último encontro, foram colhidos os mesmos parâmetros do primeiro encontro para verificação do aprendizado. A análise estatística foi realizada através dos testes Mann- Whitney e Wilcoxon. Os resultados mostraram que os dois grupos tinham características basais similares no início do tratamento. Ao comparar os grupos Gi e Gc não houve diferença significativa quanto à idade e tempo de doença. Em relação aos parâmetros bioquímicos não foram detectadas diferenças após a intervenção. Dentre os dados antropométricos, o peso e o IMC não apresentaram modificações significativas, mas a circunferência de cintura variou significativamente (p = 0.002) para o grupo de atendimento coletivo. No questionário de hábitos alimentares, os dois grupos Gi e Gc apresentaram diferenças significativas em relação ao número de acerto no final do tratamento (p=0.045 e p =0.025, respectivamente). Mesmo não havendo grandes diferenças entre as duas metodologias, concluiu-se a educação nutricional pode ter um impacto positivo no tratamento de pacientes diabéticos e pode ser uma importante ferramenta para o profissional da saúde, principalmente nutricionistas.

Palavras chaves: Educação em diabetes. Diabetes mellitus tipo 2. Nutrição.

ABSTRACT

Given the increasing number of cases of type 2 diabetes in the world and the impact on public health it is necessary to use techniques that contribute positively to its treatment.Educating patients has become a challenge for the professional that should consider the social, cultural, political and economic aspects of the individual. The nutritional monitoring is essential for treatment and is considered one of the first choice of therapies for achieving good glycemic targets. The main objective of the present study was to compare two distinct groups of care: one of individual care (Gi) and another of collective care (Gc), using the same approaching techniques to verify the existing of differences in relation to compliance to treatment . The study comprises a sample of 31 patients with aged between 40 and 75 years old, of both sexes, from a private practice in Belo Horizonte. For three months the selected individuals attended to six meetings. In the first meeting anthropometric data (weight, height, BMI and waist circumference) and biochemical parameters (fasting glucose, HbA1c, total and fractionated cholesterol and triglycerides) were collected, and a questionnaire on eating habits was applied. In the other meetings classes and discussions between the groups were held. In the last meeting the same parameters from the first meeting were collected to check learning. Statistical analysis was performed using the Mann-Whitney and Wilcoxon. The results demonstrated that both groups had similar baseline characteristics at the beginning of the treatment. Comparing the groups Gi and Gc no significant difference in age and duration of disease was reported. Regarding biochemical parameters no differences were detected after the intervention. Among the anthropometric data, weight and BMI showed no significant changes, however, the waist circumference varied significantly (p = 0.002) for the group of collective care. In the questionnaire on eating habits, both groups (Gi and Gc) showed significant differences in the number of correct answers at the end of treatment (p = 0.045 and p = 0.025, respectively). Even with no major differences between the two methodologies, concluded nutrition education can have a positive impact on the treatment of diabetic patients and can be an important tool for health professionals, especially nutritionist.

Keywords: Diabetes Education. Diabetes mellitus type 2. Nutrition.

LISTA DE ABREVIATURAS

AADE – Associação Americana de Educadores em Diabetes

ADA – Associação Americana de Diabetes

HbA1c – Hemoglobina Glicada

CEP – Comitê de Ética e Pesquisa

CGPAN – Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição

DCCT - Diabetes Control and Complications Trial

DM – Diabetes Mellitus

DM1 – Diabetes Mellitus tipo1

DM2 – Diabetes Mellitus tipo 2

DMG – Diabetes Mellitus Gestacional

EASD – European Association for the Study of Diabetes

Gc – Grupo de atendimento coletivo

Gi – Grupo de atendimento individual

HDL – Lipoproteína de Alta Densidade

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDF – Federação Internacional de Diabetes

IEP – Instituto de Ensino e Pesquisa

IMC – Índice de Massa Corporal

LDL – Lipoproteína de Baixa Densidade

OMS – Organização Mundial de Saúde

POF – Pesquisa de Orçamento Familiar

SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes

SBEM – Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia

Vigitel – Pesquisa de Vigilância Crônica de Fatores de Risco e Proteção para

Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico

VLDL – Lipoproteína de Muito Baixa Densidade

WHO – Organização Mundial da Saúde

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Modelo de pirâmide mostrada na primeira aula ........................................ 22

Figura 2 - Importância dos carboidratos nas refeições .............................................. 22

Figura 3 - Medidas caseiras ...................................................................................... 23

Figura 4 - Modelo de rótulo de alimentos .................................................................. 24

Figura 5- Achocolatado comum ................................................................................. 24

Figura 6- Achocolatado Light ..................................................................................... 25

Figura 7. Achocolatado Diet ...................................................................................... 25

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classificação nutricional de acordo com índice de massa corporal .......... 27

Tabela 2. Circunferência da cintura e risco de complicações metabólicas ............... 28

Tabela 3. Características dos pacientes antes do estudo ......................................... 31

Tabela 4. Comparação do Gi no início e no final do estudo ...................................... 32

Tabela 5. Comparação do questionário para o Gi no início e final do estudo ........... 32

Tabela 6. Comparação Gc no início e no final do estudo .......................................... 33

Tabela 7. Comparação do questionário para o Gc no início e no final do estudo .... 33

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13

2 OBJETIVO ....................................................................................................... 15

3 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 16

3.1 Diabetes Mellitus ................................................................................................. 16

3.3 Importância da alimentação para o tratamento do diabetes ................................ 17

3.4 Educação em diabetes ........................................................................................ 18

4 METODOLOGIA .............................................................................................. 20

4.1 Pacientes ............................................................................................................. 20

4.2 Encontros ............................................................................................................ 21

4.3 Questionário de análise dos hábitos alimentares ................................................ 26

4.4 Avaliação antropométrica .................................................................................... 26

4.4.1 Peso e altura .................................................................................................... 26

4.4.2 IMC ................................................................................................................... 27

4.4.3 Circunferência da Cintura ................................................................................. 27

4.4.4 Avaliação laboratorial ....................................................................................... 28

5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................. 29

6 RESULTADOS ................................................................................................ 30

6.1 Características dos grupos .................................................................................. 30

6.2 Análise dos participantes do grupo de atendimento individual (Gi) ..................... 31

6.3 Análise dos participantes do grupo coletivo (Gc) ................................................ 32

7 DISCUSSÃO ................................................................................................... 34

8 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 39

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............ 44

APÊNDICE B- QUESTIONÁRIO DE HÁBITOS ALIMENTARES .............................. 46

APÊNDICE C - FICHA DE CADASTRO ................................................................... 48

APÊNDICE D – CARTILHA 1 .................................................................................... 49

APÊNDICE E – CARDÁPIO DE 1500 KCAL ............................................................. 51

APÊNDICE F: LISTA DE SUBSTITUIÇÃO................................................................ 52

APÊNDICE G – CARTILHA 2 .................................................................................... 53

ANEXO A .................................................................................................................. 54

13

1 INTRODUÇÃO

O Diabetes Mellitus (DM) é um importante problema de Saúde Pública que atinge

pessoas do mundo inteiro, tanto indivíduos que vivem em países desenvolvidos

como os que vivem em países em desenvolvimento. Na América Latina encontramos

uma grande frequência de casos devido ao impacto negativo sobre a qualidade de

vida, ao crescimento da população, ao aumento do número de idosos e à crescente

prevalência de obesidade e sedentarismo (1). Atualmente estima-se que o número

de diabéticos no mundo seja de 382 milhões e a previsão para 2035 é que seja de

592 milhões de pessoas. Essas estimativas mostram uma tendência crescente de

diabetes em pessoas mais jovens, tornando preocupante para as futuras gerações

(2).

Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) é a forma mais comum dessa doença, acometendo

90% dos casos, principalmente adultos e idosos. No estudo multicêntrico feito em

nove capitais brasileiras na década de oitenta, 7,6% da população com idade entre

30 a 69 anos apresentava diabetes tipo 2 (3). No Brasil, de acordo com os dados da

pesquisa de Vigilância Crônica de Fatores de Risco e Proteção para Doenças

Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), 5,6% dos brasileiros responderam que

eram diabéticos, sendo o sudeste a região com maior prevalência da doença (4).

Dados recentes mostram taxas bem mais elevadas em cidades de diversos Estados

brasileiros, como em Ribeirão Preto e São Carlos, ambas no Estado de São Paulo

com prevalências de 12,1% e 13,5% respectivamente (5). Atualmente estima-se que

no Brasil esta prevalência esteja aumentando e que na população está em torno de

10% (6).

Estudos clínicos mostram que o mau controle metabólico (a hiperglicemia) é o maior

responsável pelas complicações diabéticas e a doença em evolução acaba sendo o

maior desafio dos Serviços de Saúde Pública dos países em geral (7 e 8). A

Organização Mundial de Saúde (OMS) recentemente em relatório sobre dieta,

nutrição e prevenção de doenças crônicas, mostrou associação entre ganho de

peso, obesidade visceral e o desenvolvimento de diabetes tipo 2 (9).

14

A alimentação exerce importante papel na vida dos indivíduos, influenciando no

crescimento e no desenvolvimento. Evidências indicam que a educação em diabetes

pode impactar positivamente no tratamento da doença, tanto do ponto de vista social

como do ponto de vista nutricional (9). Ao adquirir mais conhecimentos sobre

alimentação, medicações, atividade física e seus benefícios, o paciente passa a ter

melhor cuidado com a saúde (10 e 11).

Uma das medidas fundamentais para o controle, tratamento e prevenção das

complicações dos diabéticos é o consumo dietético adequado. Segundo a American

Diabetes Association (ADA) a melhor estratégia nutricional para a promoção da

saúde é a ingestão de nutrientes adequados a partir de uma alimentação variada,

disciplinada e adequada. A dieta que se propõe para pessoas com diabetes deve ser

rica em fibras, com baixos teores de gordura saturada, sal e açúcares simples (12).

Também se recomenda que a alimentação seja fracionada em seis vezes por dia,

com consumo diário até quatro porções de frutas e três a cinco porções de hortaliças

(1).

Estudos clínicos mostram as dificuldades de aderência ao tratamento, tanto quanto

aos hábitos de vida como ao uso de medicação em diabéticos (13). Pesquisando na

literatura encontramos poucos estudos que tentaram comparar pacientes diabéticos

em atendimentos individuais e em atendimentos em grupos (14,15). Não há

consenso sobre qual metodologia é mais facilmente aplicável. Nos trabalhos

pesquisados, observou-se que a maioria foi feita com equipe multidisciplinar (14,

15).

Pelas razões expostas e pela necessidade da educação para o paciente diabético, o

objetivo desse estudo foi comparar métodos de educação nutricional em pacientes

diabéticos atendidos individualmente e em grupo, visando a melhor maneira de se

aplicar as mesmas ferramentas educacionais para aumentar a aderência ao

tratamento e aprendizado.

15

2 OBJETIVO

Comparar o aprendizado educacional de diabéticos tipo 2 em atendimento individual

(Gi) e em atendimento coletivo (Gc) utilizando técnicas de abordagem nutricional por

um mesmo profissional, analisando os seguintes aspectos:

Dados antropométricos – peso, Índice de Massa Corporal (IMC) e circunferência

da cintura;

Exames bioquímicos;

Análise do conhecimento aprendido através do questionário de análise de hábitos

alimentares.

16

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Diabetes Mellitus

Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica que tem como principal característica

níveis elevados de glicemia (hiperglicemia) resultante de defeitos na produção, ação

ou secreção da insulina. O aumento atual do número de casos de diabetes está

relacionado à maior expectativa de vida, maior urbanização e hábitos incorretos (16).

Etiologicamente, o DM classifica-se em Diabetes tipo 1 (DM1), Diabetes tipo 2

(DM2), Diabetes gestacional (DMG) e outros tipos específicos de DM (17,18).

Atualmente os critérios para diagnóstico da doença são a glicemia casual > 200

mg/dl mais sintomas como poliúria, polidipsia e perda ponderal, glicemia de jejum ≥

126 mg/dl e glicemia de 2 horas após sobrecarga de 75 gramas de glicose > 200

mg/dl (18). Recentemente também utiliza-se a hemoglobina glicada (HbA1c) como

critério de diagnóstico do diabetes. A HbA1c é um conjunto de substância resultante

da conjugação entre glicose e hemoglobina e permite avaliar a média de glicemia do

indivíduo a longo prazo , entre 90 a 120 dias (19). A ADA recomenda que se o

individuo estiver com a HbA1c > 6,5% a ser confirmada com mais de um exame,

pode ser considerado diabético (19).

O DM2 é a forma mais comum desta doença acometendo 90% a 95% dos casos

principalmente em adultos e idosos. Neste tipo de diabetes existe um defeito na

ação e na secreção da insulina o que leva a hiperglicemia, principal elemento

fisiopatológico para complicações microvasculares (1). Os sintomas relacionados a

essa doença são pouco perceptíveis e na maioria das vezes os pacientes são

diagnosticados tardiamente ficando sem tratamento, o que leva ao surgimento de

complicações em órgãos importantes. Frequentemente o DM2 está associado a

outras doenças como obesidade, hipertensão e dislipidemia, além de hábitos

alimentares incorretos e falta de exercícios físicos (1).

17

A Organização Mundial da Saúde (OMS) cita a importância em prevenção das

complicações diabéticas como complicações microangiopáticas (retinopatia,

nefropatia e polineuropatia) assim como as complicações cardiovasculares,

consequentes do mau controle diabético e da macroangiopatia (9). Mudanças no

estilo de vida dos pacientes diabéticos demonstram impacto positivo no tratamento,

como por exemplo a redução nos níveis de glicose. O estudo Diabetes Control and

Complications Trial (DCCT) mostrou a importância em manter níveis normais de

glicemia para ajudar na prevenção de complicações nos olhos, rins e nervos (20).

Um grande estudo, o Diabetes Prevetion Program realizado nos Estados Unidos

mostrou a longo prazo que uma dieta balanceada aliada à prática de exercício físico,

reduz o risco em 58% em desenvolver o diabetes (21). O Nurses Health Study

observou durante cerca de dezesseis anos, a redução em 91% do risco em

desenvolver diabetes tipo 2 em mais de oitenta mil mulheres americanas nas quais

foram aplicadas intervenções na qualidade de vida (22).

3.3 Importância da alimentação para o tratamento do diabetes

Evidências mostram que a intervenção nutricional no indivíduo diabético pode ajudar

na prevenção, no tratamento e no gerenciamento da doença. Uma boa alimentação

influencia na melhora dos níveis glicêmicos, refletindo na redução da hemoglobina

glicada. (1). Outros autores sugerem que mudanças no perfil da alimentação de

pacientes diabéticos tipo 2, como acréscimo de alimentos ricos em fibras e com

baixo índice glicêmico, podem melhorar os níveis glicêmicos no período pós-prandial

(23).

A ADA salienta a importância da terapia nutricional para a manutenção do bom

controle metabólico e para a perda de peso ou a manutenção do peso saudável (12).

Estudos mostram que o paciente diabético que está em acompanhamento

nutricional realizado por um especialista, pode ter reduções importantes nos níveis

da hemoglobina glicada (24 e 25). A dieta deve ser equilibrada e com adequadas

concentrações de carboidratos (45%-60% do valor calórico total), proteínas (15% -

18

20% do valor calórico total), gorduras (até 30% do valor calórico total), fibras (

mínimo 20 g/dia) e vitaminas e minerais seguindo a mesma recomendação para a

população em geral (26).

Estima-se que entre 80% a 90% dos indivíduos diabéticos tipo 2 são obesos e a

obesidade tem sido apontada como um dos principais riscos para o desenvolvimento

do diabetes. Nos Estados o aumento da obesidade tem sido atribuído as

modificações do consumo alimentar: alto consumo de carboidratos, gorduras

saturadas, ácidos graxos trans, bebidas alcoólicas, alimentos tipo fast-food e vida

sedentária (27). No Brasil, nos últimos 60 anos ocorreram mudanças significativas

na economia, política e tecnologia que refletiram negativamente no perfil alimentar

da população (28). Em uma publicação do IBGE de 2008-2009, através da Pesquisa

de Orçamentos Familiares (POF), que teve como objetivo investigar hábitos de

consumo alimentar, constatou-se o aumento do consumo de alimentos calóricos

ricos em gorduras, açúcares, sal e conservantes e redução de nutrientes como

vitaminas, minerais e fibras (29). Tais modificações podem ter refletido no aumento

do número de casos de diabetes no país, sendo necessária a implantação de

programas educacionais que ajudem na prevenção de complicações da doença.

3.4 Educação em diabetes

A educação em diabetes vem mostrando bons resultados sobre o controle

metabólico e no aperfeiçoamento das técnicas que influenciam o autocuidado (30 e

31). A Associação Americana de Educadores em Diabetes (AADE) sugere que

hábitos alimentares saudáveis, prática regular de atividade física, boa adaptação

psicossocial, uso correto dos medicamentos e automonitorização glicêmica, refletem

positivamente na educação do indivíduo com diabetes (32). A implantação de um

programa educativo em dez países da America Latina mostrou um impacto positivo

em vários aspectos fisiológicos de portadores de DM2 como redução da

hemoglobina glicada, peso corporal e colesterol total e triglicérides (33).

19

Fatores pessoais (sexo, idade e tempo de doença), fatores psicológicos, fatores

socioeconômicos e apoio familiar e social estão relacionados diretamente com

sucesso ou o fracasso do tratamento e rotina do autocuidado do diabético (34).

Paulo Freire defende que para se passar o conhecimento, o educador tem que estar

envolvido com ele, devendo estimular o educando a desenvolver seus próprios

pensamentos (35).

Antes de iniciar o processo de educação, a equipe multiprofissional deve estar

capacitada para atender o paciente, respeitando suas individualidades (36). O

profissional deve estar preparado para reconhecer a individualidade e identificar as

necessidades de cada pessoa para tornar o aprendizado mais acessível aos seus

contextos (37). O atendimento individual ajuda o educador a reconhecer as

necessidades de cada paciente, garantindo que ele siga seu próprio ritmo para

alcançar as metas estabelecidas. Esse processo educativo mais individualizado

facilita a elaboração de programas educativos, que devem ser adequados ao nível

sociocultural e idade do público alvo (38). As vantagens dos atendimentos em grupo

estão relacionadas ao custo benefício e para crianças e adolescentes possibilita

efeitos psicossociais positivos (1).

20

4 METODOLOGIA

Trata-se de um ensaio clínico aleatório. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética

e Pesquisa (CEP) do Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa (IEP) (CAAE:

07408712.0.0000.5138 - ANEXO A) e o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE A) foi obtido de todos os pacientes, após

esclarecimentos ao mesmo.

4.1 Pacientes

Os voluntários do estudo tinham diagnóstico de DM2 sem acompanhamento

nutricional anterior e foram atendidos e encaminhados para o estudo por um mesmo

endocrinologista. Na amostra foram excluídos os pacientes com insuficiência renal

crônica em diálise, insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência hepática, câncer

em atividade, etilistas graves, diabéticos com limitações intelectuais e os que não

quiseram participar da pesquisa. Inicialmente foram selecionados 46 pacientes e

após submissão aos critérios de exclusão, foram incluídos 31 pacientes. Os

pacientes eram de ambos os sexos, a idade variou entre 40 anos a 75 anos e a

média de tempo de doença foi em torno de 10 anos. O grau de escolaridade variou

predominante entre primeiro e terceiro graus completos.

A seleção dos participantes foi feita em consultório particular de Belo Horizonte,

atendidos no período de setembro de 2012 a dezembro de 2012. Os indivíduos

incluídos foram divididos aleatoriamente para atendimentos individuais e em grupos

e passaram pela mesma técnica de educação nutricional. Foram realizados análise

laboratorial (glicose de jejum, hemoglobina glicada, colesterol total e frações,

triglicérides), medidas antropométricas (peso, altura, IMC e circunferência da cintura)

e aplicação de um questionário para análise de hábitos alimentares, visando

principalmente o conhecimento sobre nutrientes e suas porções diárias que devem

ser ingeridas, além de conceitos sobre alimentos que podem ser usados pelos

21

diabéticos (APÊNDICE B). Durante a execução do estudo, não houve modificações

nas prescrições dos medicamentos dos pacientes.

4.2 Encontros

Houve um total de seis encontros. O primeiro encontro foi realizado em um período

de duas semanas sendo individual para todos os pacientes. Este encontro inicial

constou da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),

registro de dados do paciente (APÊNDICE C), coleta de dados antropométricos e

exames bioquímicos, aplicação do questionário de análise dos hábitos alimentares e

divisão aleatória para atendimento individual ou em grupo.

No segundo encontro realizado após quinze dias do atendimento inicial, os

participantes já estavam divididos para atendimentos em grupos ou para

atendimento individual. Temas essenciais de nutrição foram repassados aos

pacientes de maneira clara e objetiva, utilizando slides, lâminas com linguagem de

fácil entendimento e figuras. Os assuntos foram: introdução ao diabetes tipo 2,

pirâmide alimentar e grupos de nutrientes (FIG. 1), importância dos carboidratos

(FIG. 2), água, sal e alimentação saudável. No final da explicação todos os

indivíduos receberam uma cartilha informativa (APÊNDICE D) com os temas dados

e foram orientados para registrarem suas dúvidas durante o período de espera para

o terceiro encontro quando as explicações seriam dadas.

22

Figura 1 - Modelo de pirâmide mostrada na primeira aula

Fonte: http://www1.hu.usp.br/profissionais/nutricao/nutricao_alim_saudavel2.htm

Figura 2 - Importância dos carboidratos nas refeições

Fonte: Programa de Educação em Diabetes do Ambulatório de Diabetes Tipo 1 da Santa Casa

O terceiro encontro foi realizado vinte dias após o segundo encontro. Foi feita uma

revisão dos primeiros temas dados e respondidas as questões relativas às dúvidas

anteriores. A participação dos indivíduos foi estimulada através de discussões e

cada um teve um tempo definido para que pudessem expressar suas dúvidas. Como

exemplo de discussão foi mostrado um cardápio de 1500 kcal (APÊNDICE E) com a

23

lista de substituição (APÊNDICE F). Ambos são materiais utilizados no Ambulatório

de Diabetes tipo 1 da Santa Casa de Belo Horizonte.

No quarto encontro realizado quinze dias após o terceiro, foram abordados os

seguintes temas: medidas caseiras (FIG. 3), rótulos (FIG. 4) e dúvidas frequentes

sobre alimentação, baseada em dúvidas gerais encontradas no site do

Departamento de Nutrição da SBD (39). No final da explicação todos os indivíduos

também receberam uma cartilha informativa sobre os temas abordados (APÊNDICE

G).

Figura 3 - Medidas caseiras

Fonte: arquivo pessoal cedido por Débora Bohnen Guimarães

24

Figura 4 - Modelo de rótulo de alimentos

No quinto encontro realizado vinte dias após o quarto encontro, foi feito uma revisão

dos temas da aula anterior. Os pacientes levaram suas dúvidas para serem

esclarecidas. Como exemplos, foram mostrados rótulos para comparação e

compreensão de alimentos comuns, diet e light (FIG. 6, 7 e 8). Nesse encontro todos

os pacientes receberam uma lupa para visualizarem melhor as letras pequenas que

comumente aparecem nos rótulos.

Figura 5- Achocolatado comum

25

Figura 6- Achocolatado Light

Figura 7. Achocolatado Diet

O último encontro foi realizado após 15 dias e constou de reavaliação das medidas

antropométricas, análise de exames bioquímicos e nova aplicação do questionário

para avaliação do aprendizado.

Durante o estudo, 6 pacientes não participaram de todos os encontros, sendo 5 do

grupo individual e 1 do grupo coletivo. Estes participantes foram excluídos das

análises finais.

26

Grupo individual

Todos os encontros foram realizados seguindo os mesmos critérios utilizados com o

grupo coletivo, mas os indivíduos participaram individualmente com o nutricionista.

No terceiro e quinto encontros, para estimular a discussão, foi utilizado as cartilhas

informativas mais as informações da rotina alimentar de cada participante.

4.3 Questionário de análise dos hábitos alimentares

Este documento foi criado pelo autor para analisar o conhecimento dos indivíduos e

observar características do perfil alimentar de cada um. Após leitura de vários

trabalhos, foi baseado no questionário “Como está sua alimentação?” presente no

site da Política Nacional de Alimentação e Nutrição e no livro “Assim ou Assado:

como se alimentar bem de maneira prática e saudável”, sendo o primeiro

referendado pela Coordenação Geral de Política de Alimentação e Nutrição

(CGPAN) (40) e o segundo pelos autores Hirschbruch M. D. e Pereira R. F (41) .

Também algumas recomendações foram baseadas na pirâmide alimentar proposta

por Philippi, S.T. et al (42). Para análise dos dados, todos os pacientes, tanto do

grupo individual quanto do grupo coletivo, responderam o questionário no início e no

final dos encontros.

4.4 Avaliação antropométrica

Os dados antropométricos coletados foram: peso, estatura, IMC e circunferência da

cintura.

4.4.1 Peso e altura

27

O peso foi aferido em uma balança Filizzola® de acordo com as técnicas propostas

pelo Ministério da Saúde. A mesma balança foi utilizada para medir a altura.

4.4.2 IMC

O IMC foi obtido através da relação dos valores do peso e altura e calculado através

da equação:

IMC = Peso atual (kg)

[Altura (m)]²

A classificação segue os parâmetros do OMS descritos na tabela abaixo:

Tabela 1. Classificação nutricional de acordo com índice de massa corporal (IMC)

IMC kg/m² Classificação

< 18,5 Magreza

18,5 – 24,9 Eutrofia

24,9 – 29,9 Sobrepeso

30,0 – 34,9 Obesidade I

35,0 – 39,9 Obesidade II

> 40 Obesidade III

Fonte: World Health Organization. Obesity: Preventing and managing the global epidemic: Genebra, 1997 (9)

4.4.3 Circunferência da Cintura

A medida foi realizada de acordo com as recomendações da OMS (9). Para aferição

utilizou-se uma fita métrica não extensível e foi realizada nos indivíduos uma marca

de caneta no ponto médio entre a borda inferior da última costela e o osso do quadril

28

(crista ilíaca). Após rodar a fita nesse local e pedir aos indivíduos que fizessem uma

expiração total, realizou-se a medida.

Tabela 2. Circunferência da cintura e risco de complicações metabólicas

associadas com obesidade em homens e mulheres caucasianos

Circunferência da cintura (cm)

Homem Mulher

Aumentado ≥ 94 cm ≥ 80 cm

Aumentado substancialmente

≥ 102 cm ≥ 88 cm

Fonte: World Health Organization. Obesity: Preventing an managing the global epidemic: Genebra, 1997 (9)

4.4.4 Avaliação laboratorial

Foram realizados testes laboratoriais antes e depois dos encontros. Os exames

foram pedidos previamente pelo médico responsável um mês antes do início das

aulas e no terceiro mês após as aulas.

Colesterol total e frações: Colorimétrico enzimático

Glicemia de jejum: Colorimétrico enzimático

HbA1c: método HPLC (cromatografia líquida de alta performance) por troca iônica

Triglicérides: Colorimétrico enzimático

29

5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para as variáveis contínuas foi realizada uma análise descritiva dos dados, sendo

calculados as médias e desvios padrão. Os testes usados foram Mann-Whitney e

Wilcoxon. O Mann- Whitney compara dois grupos diferentes (grupo de atendimento

individual e grupo de atendimento coletivo) que são amostras não pareadas. No

estudo, este teste foi usado para avaliar a homogeneidade das amostras no início do

trabalho. Utiliza-se o teste de Wilcoxon para duas amostras pareadas. No estudo foi

utilizado para analisar os momentos antes e depois do grupo de atendimento

individual e grupo de atendimento coletivo. Os dois testes são não paramétricos

usados para analisar amostras pequenas ( abaixo de 30) e não normal. As análises

foram realizadas no software STATA (Stata Corporation, College Station, Texas)

versão 12.0. Considerou-se um nível de significância de 5%.

30

6 RESULTADOS

Inicialmente foram selecionados 46 pacientes. Após submissão aos critérios de

exclusão, foram incluídos 31 participantes. Desse total, 25 (80,6%) participaram até

a finalização do estudo e os outros 6 indivíduos (19,4%) não participaram de todos

os encontros propostos no começo do estudo, sendo excluídos da amostra.

6.1 Características dos grupos

Utilizou-se para caracterização dos grupos a altura, idade, tempo de doença, peso,

IMC, circunferência da cintura, glicose de jejum, A1c, colesterol total e frações e

triglicérides.

A amostra final do grupo de atendimento individual (Gi) foi de 10 participantes sendo

5 (50%) do sexo feminino e o grupo de atendimento coletivo (Gc) foi de 15 pacientes

sendo 11 (73,3%) do sexo feminino.

As características clínicas, dados antropométricos e bioquímicos dos dois grupos no

momento inicial do estudo estão descritas na tabela 3.

31

Tabela 3. Características dos pacientes antes do estudo

Gi

n= 10 Gc

n = 15 Valor de p

Variável Média (Desvio Padrão) Média (Desvio Padrão) Idade 58.5 (10.7) 59.5 (8.5) 0.697

Tempo de Diabetes 12.4 (7.9) 12.7 (6.6) 0.978

Altura 1.6 (0.1) 1.6 (0.1) 0.803

Peso 80.8 (18.1) 78.1 (14.1) 0.782

IMC 31.1 (4.8) 30.4 (5.9) 0.506

Circunferência da cintura 103.0 (14.3) 100.4 (13.9) 0.598

Glicose Jejum 142.2 (70.9) 138.9 (39.3) 0.637

HbA1c 7.9 (1.6) 8.2 (1.4) 0.598

Colesterol Total 194.6 (39.4) 173.2 (39.7) 0.192

HDL 48.7 (13.8) 59.8 (18.1) 0.233

LDL 104.8 (30.2) 86.8 (24.2) 0.183

VLDL 38.5 (20.3) 26.6 (15.2) 0.120

Triglicérides 208.3 (98.8) 133.0 (76.0) 0.059

Gi= grupo de atendimento individual; Gc= grupo de atendimento coletivo; n= número de pacientes; p

significante = <0.05 . Teste de Mann Whitney

Estes dados mostram que os dois grupos G i e Gc estavam homogêneos no início

do trabalho.

6.2 Análise dos participantes do grupo de atendimento individual (Gi)

Os dados antropométricos peso, IMC e circunferência da cintura aferidos antes e

após três meses não sofreram modificações estatisticamente significantes. Os

exames bioquímicos também não sofreram alterações durante os três meses (Tab.

4).

Para o Gi somente o questionário de análise de hábitos alimentares apresentou

diferença significativa (p= 0.045) (Tab. 5): os pacientes do Gi tiveram um maior

número de acertos após o final do tratamento.

32

Tabela 4. Comparação do Gi no início e no final do estudo

Início Final Valor p

Variável Média (Desvio Padrão) Média (Desvio Padrão)

Idade 58.5 (10.7) - -

Tempo de diabetes 12.4 (7.9) - -

Altura 1.6 (0.1) - -

Peso 80.8 (18.0) 81.3 (18.7) 0.221

IMC 31.1 (4.8) 31.2 (4.9) 0.261

Circunferência da cintura 103.0 (14.3) 102.7 (14.6) 0.758

Glicose de jejum 142.2 (70.9) 149.3 (54.1) 0.721

HbA1c 7.9 (1.5) 7.8 (1.3) 0.799

Colesterol total 194.69 (39.3) 190.2 (33.5) 0.959

HDL 48.7 (13.8) 51.7 (19.6) 0.358

LDL 104.8 (30.2) 102. (22.4) 0.959 VLDL 38.5 (20.3) 36.6 (18.3) 0.199

Triglicérides 208.3 (98.7) 186.9 (96.9) 0.152

n= 10 pacientes / Teste de Wilcoxon significativo ao nível de significância de 5%.

Tabela 5. Comparação do questionário de análise de hábitos alimentares para o Gi no início e final do estudo

Início Final Valor p

Variável Média (Desvio Padrão) Média (Desvio Padrão)

Questionário 9.4 (2.9) 11.8 (2.4) 0.045

n = 10 pacientes Teste de Wilcoxon significativo ao nível de 5%.

6.3 Análise dos participantes do grupo coletivo (Gc)

As variáveis idade, tempo de diabetes e altura não modificaram nos três meses de

análise (Tab. 6).

Dentre os dados antropométricos, o peso e o IMC não tiveram modificações

significativas, mas a circunferência de cintura variou significantemente (p = 0.002)

reduzindo a média de 100,39 cm para 98.29 cm (Tab. 6).

33

Não houve alterações estatisticamente significativas para os exames bioquímicos

glicemia de jejum, HbA1c, colesterol total e frações e triglicérides (Tab. 6).

Tabela 6. Comparação Gc no início e no final do estudo

Início Final

Variável Média (Desvio Padrão) Média (Desvio Padrão) Valor p

Idade 59.5 (8.5) - -

Tempo de diabetes 12.6 (6.6) - -

Altura 1.6 (0.1) - -

Peso 78.0 (14.0) 77.1 (14.1) 0.181

Circunferência da cintura 100.3 (13.8 98.2 (13.6) 0.002

IMC 30.3 (5.8) 29.9 (5.6) 0.139

Glicose de jejum 138. (39.3) 149.4 (46.9) 0.910

HbA1c 8.1 (1.3) 7.6 (1.6) 0.074

Colesterol total 173.2 (39.7) 168.0 (38.3) 0.514

HDL 59.8 (18.1) 53.2 (16.3) 0.069

LDL 86.8 (24.2) 88.9 (24.6) 0.268

VLDL 26.6 (15.2) 25.6 (15.9) 0.711

Triglicérides 133.0 (76.0) 128.6 (79.2) 0.733

n= 15 pacientes / Teste de Wilcoxon significativo ao nível de 5%.

No questionário de análise de hábitos alimentares houve aumento do número de

acertos comparando os momentos antes e depois (p = 0,025) (Tab.7).

Tabela 7. Comparação do questionário para o Gc no início e no final do estudo

Início Final Valor p

Variável Média ± Desvio Padrão Média ± Desvio Padrão Questionário 9.87 (2.88) 12.13 (1.81) 0.025

N= 15 pacientes / Teste de Wilcoxon significativo ao nível de 5%

34

7 DISCUSSÃO

O objetivo principal do trabalho foi comparar os atendimentos em grupo e os

atendimentos individuais, analisando a melhor metodologia para incrementar o

aprendizado do indivíduo. Pela análise estatística realizada não houve diferença

significativa na maioria dos parâmetros pesquisados entre os dois grupos após a

intervenção educacional. Entretanto encontramos diferença significativa para melhor

em relação ao questionário em ambos os grupos. Há diversas maneiras de explicar

esses resultados: em relação aos parâmetros bioquímicos podemos concluir que o

tempo de estudo foi apenas de três meses e no caso em questão podemos dizer

que os pacientes não estavam tão descompensados, com a HbA1c em níveis

toleráveis (valores próximos de 8%) para adultos e idosos e nem fora da

recomendação atualmente dada pelas sociedades SBD (1) e Sociedade Brasileira

de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) (43). Podemos também pensar que o fato

deles estarem em acompanhamento com endocrinologista especializado em

diabetes possa ter contribuído para esse resultado.

Em relação ao questionário de análise de hábitos alimentares, tanto os participantes

do Gi quanto os participantes do Gc obtiveram maior número de acertos no final do

tratamento de forma significativa. Eles deveriam responder questões de múltipla

escolha relacionadas aos seguintes temas: nutrientes e suas porções, alimentos e

relacionados ao diabetes e hábitos alimentares cotidianos. Este achado pode indicar

que a intervenção educacional foi efetiva e que os participantes melhoraram o

aprendizado em relação aos hábitos alimentares.

Uma das questões relacionadas ao número de porções de carboidratos permitidas

ao dia pode ser considerada importante para análise. A maioria dos participantes

dos dois grupos Gi e Gc respondeu alternativas relacionadas a um número menor de

porções permitidas ao dia. No Gc somente 33,3 % acertaram a questão após o

termino dos encontros e no Gi 40% dos participantes acertaram. Podemos sugerir a

existência de uma crença negativa em torno da ingestão de carboidrato por ele ser o

principal nutriente que afeta a glicemia. Lembramos que a ADA preconiza que as

35

concentrações dos carboidratos devem ser em torno de 40% a 60% do valor calórico

total diário, sendo a principal fonte de energia da dieta (12).

A questão sobre o que são alimentos diet também pode ser destacada. A maioria

dos participantes no início da intervenção respondeu alternativas incorretas, sendo

Gc com 73,4% de respostas erradas e Gi com 60,0% de erros. Talvez possamos

pensar que havia pouco conhecimento dos participantes acerca deste assunto. Ao

final do estudo, 53,3% dos participantes do Gc e 80,0% dos participantes do Gi

acertaram a questão, sugerindo uma melhora do aprendizado.

A circunferência da cintura é considerada um método simples para verificar a

obesidade e um dado clínico adicional para ajudar a identificar fatores de riscos

cardiovasculares (10 e 44). No Gc, além do aumento do número de acertos no

questionário, houve modificações significativas para os valores de circunferência de

cintura (p= 0.002). Mesmo havendo uma redução importante dessa medida

antropométrica, os participantes não atingiram a meta recomendada pela OMS. As

médias foram 100,0 cm para os homens e 97 cm para as mulheres, sendo

recomendado para o sexo feminino valores abaixo de 80 cm e para homens abaixo

de 94 cm (9).

O consenso publicado pela ADA e a European Association for the Study of Diabetes

(EASD) em 2009 indica a mudança do estilo de vida como parte fundamental no

sucesso do tratamento (12,45,46). Evidências mostram que a boa alimentação e

prática regular de atividade física podem ajudar no tratamento, sendo consideradas

terapias de primeira escolha. Vários estudos clínicos prospectivos mostram um efeito

protetor para o diabetes mellitus tipo 2 através da adoção de modificação do estilo

de vida, como ausência de tabagismo, prática de atividades físicas diárias e padrão

nutricional rico em fibras, em ácidos graxos poliinsaturados, com baixo índice

glicêmico (22 e 47). Em nosso estudo pudemos verificar que 60% dos participantes,

tanto do Gi do Gc realizavam algum tipo de exercício físico, embora o estilo de vida

não tenha sido nosso foco.

A ADA salienta a importância de um nutricionista no tratamento e segundo o

Ministério da Saúde, a educação nutricional ajuda na implantação de hábitos

36

alimentares saudáveis, refletindo positivamente na qualidade da alimentação (12).

Sendo assim, pacientes que recebem orientações nutricionais podem ter

principalmente, uma melhora no controle glicêmico (6). No estudo somente um

nutricionista fez a intervenção educacional para minimizar as diferenças e não

modificar o modo como seriam repassadas aos pacientes.

O tratamento individualizado feito por um especialista pode favorecer o controle do

diabetes, pois este especialista poderá detectar acuradamente se o paciente está

motivado, ouvindo e entendendo o que esta sendo explicado, fato que não acontece

em grupo. Já o atendimento em grupo pode estimular a partilha de experiência e

criar um vínculo entre os participantes, ajudando no enfrentamento da doença.

Rickheim et al, 2002 demonstraram que a educação realizada em grupos de

pacientes comparadas com atendimentos individuais utilizando a mesma

metodologia foi equivalente em relação a melhora do controle metabólico (14). Mas

ao analisar a relação custo/benefício, o grupo se destacou mais. Um estudo clínico

aleatório realizado em um ambulatório de Belo Horizonte (15), aplicou um tipo de

estratégia para atendimentos em grupos e outra estratégia para atendimentos

individuais. Os resultados mostraram que as duas estratégias foram efetivas, porém

houve melhora no controle glicêmico nos pacientes atendidos em grupo em relação

ao atendimento individual. Campbell et al (48) comparou programas de

atendimentos individual e em grupo não achando diferenças na HbA1c e IMC dos

participantes. O nosso estudo, assim como os trabalhos citados, mostrou que as

duas estratégias foram efetivas. Tal resultado pode ser interessante, pois indica que

independente da metodologia (abordagem em grupo ou individual), há um efeito

positivo na mudança do estilo de vida dos diabéticos. Além disso, tanto os

profissionais da rede básica de saúde como os de rede privada poderiam investir

mais ou serem melhor capacitados em educação, situação que evitaria gastos

excessivos com as complicações diabéticas consequentes do mau controle

glicêmico.

A educação exerce o mais importante papel no sucesso do tratamento do diabetes,

podendo estimular o autocuidado e aumentar o conhecimento sobre a doença,

refletindo positivamente no comportamento do indivíduo. A mudança de

comportamento do diabético não está relacionada somente à aquisição do

37

conhecimento. Outros fatores como apoio familiar, escolaridade, tempo de

diagnóstico, crenças e tabus sobre a doença atingem o indivíduo refletindo em suas

escolhas e visão sobre o tratamento (49). Essa realidade pode ter influenciado os

integrantes do estudo que independente dos seus problemas pessoais, participaram

ativamente dos encontros demonstrando interesse pelos temas repassados.

Finalizando, o presente estudo mostrou que as duas estratégias podem ser efetivas

para o controle do diabetes e podem ajudar profissionais de saúde tanto de rede

privada como rede pública a educar pacientes. E para que a educação seja mais

efetiva, o apoio de uma equipe multidisciplinar ao diabético torna-se essencial no

tratamento.

38

8 CONCLUSÃO

As duas metodologias podem ter sido importantes para o tratamento dos

pacientes, pois os dois grupos apresentaram aprendizado efetivo em relação ao

início do estudo quando responderam o questionário no final do tratamento.

Em relação ao questionário de análise de hábitos alimentares, tanto os

participantes do grupo individual quanto os participantes do grupo coletivo

obtiveram maior número de acertos no final do tratamento de forma significativa.

No grupo de atendimento individual não houve modificações significativas para

os parâmetros bioquímicos e antropométricos.

No grupo de atendimento coletivo houve diferença significativa na circunferência

de cintura para melhor em relação ao início do estudo (p=0.002). Já os

parâmetros bioquímicos não se alteraram no final dos estudos.

Tanto para serviços públicos como privados, as duas estratégias podem sem

usadas, sendo adaptadas às necessidades dos participantes e à disponibilidade

de recursos do local.

39

8 REFERÊNCIAS

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43

44

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Este estudo intitulado “Educação nutricional em pacientes diabéticos tipo 2:

comparação do atendimento individual e em grupo ” tem como objetivo comparar o

aprendizado educacional de diabéticos tipo 2 em atendimento individual e em grupo

utilizando técnicas de abordagem nutricional. Serão convidados a participar para o estudo pacientes adultos com diagnóstico de

diabetes tipo 2, atendidos em um consultório particular de Belo Horizonte. Os critérios de

inclusão e exclusão deverão ser seguidos.

Os pacientes selecionados serão divididos no início do projeto. Metade participará de

encontros individuais e outra parte participará de encontros em grupo. Todos receberão o

mesmo conteúdo de informações.

Serão realizados seis encontros. O primeiro encontro será a entrega e explicação do

termo de consentimento livre e esclarecido seguido da assinatura do participante, aferição de

medidas antropométricas como peso, altura, IMC e circunferência da cintura. Também será

aplicado um questionário de análise de hábitos alimentares e análise de exames bioquímicos,

previamente solicitados pelo médico responsável.

O segundo encontro será realizado após uma semana e abordará temas relacionados à

educação nutricional como grupos de nutrientes (carboidratos, proteínas, lipídios, fibras,

vitaminas e minerais): importância, funções e fontes alimentares e explicação de produtos

Diet e Light. No final da explicação todos os indivíduos receberão uma cartilha informativa

com os temas dados.

O terceiro encontro será realizado 15 dias após o segundo. Os participantes poderão tirar

as dúvidas dos primeiros temas. Cada participante terá um tempo para falar. Os pacientes

manterão divididos em grupos e individuais.

O quarto encontro será realizado 7 dias após e novos temas serão abordados: rótulos,

medidas caseiras, peso dos alimentos e dúvidas frequentes sobre alimentação. Também será

entregue uma cartilha informativa sobre os assuntos.

O quinto encontro ocorrerá 15 dias após e os participantes poderão tirar as dúvidas

sobre os temas do segundo encontro.

O sexto e último encontro ocorrerá 1semana após o quinto encontro e assemelha-se ao

primeiro encontro. Os participantes farão nova aferição das medidas antropométricas: peso,

altura, IMC e circunferência da cintura. Ocorrerá a aplicação do questionário e análise de

novos exames bioquímicos.

Os indivíduos selecionados para o estudo não sofrerão nenhum tipo de prejuízo físico,

pois as técnicas antropométricas não são invasivas.

Será realizada coleta sanguínea em laboratórios especializados para melhorar a análise

dos resultados. Os exames serão pedidos em consultas individuais com endocrinologistas e

sem custo adicional aos participantes. Todos os participantes deverão pertencer à planos de

saúde.

Os participantes serão informados sobre todos os procedimentos realizados e poderão se

recusar a participar da pesquisa, ou retirar o consentimento, mesmo após a assinatura deste

45

termo. Os mesmos permanecerão anônimos no estudo, não constando em nenhum arquivo o

nome completo e/ou endereço, apenas iniciais e números.

Os resultados serão apresentados em reunião clínica, nas instituições ligadas ao estudo,

ao final do trabalho e estarão disponíveis inclusive para os participantes. Este projeto visa

também publicação dos resultados em revistas especializadas e dissertação de tese de

mestrado.

Não haverá despesas para o paciente em relação ao trabalho, nem compensação

financeira pela sua participação. O pesquisador também não será remunerado e seu interesse é

apenas científico.

Em qualquer época do estudo o paciente poderá solicitar esclarecimentos ao

investigador principal, mestranda Marina Moreno Wardi, que poderá ser encontrada na

Clínica Metabólica, Av. Brasil, 1701 - 10o

andar, salas 1001- telefones (31) 3261-2650/ 9227-

2754. Se tiver alguma dúvida sobre a ética da pesquisa, poderá consultar o Comitê de Ética

em Pesquisa – Rua Domingos Vieira n° 590 telefone: (31) 32388933.

Belo Horizonte: / / 12. _____________________________________

Assinatura do paciente ou representante legal.

Declaro que obtive, de forma apropriada e voluntária, o Consentimento Livre e

Esclarecido deste paciente ou representante legal, para participação neste estudo.

Belo Horizonte: / / 12. __________________________________

Assinatura do responsável pelo estudo.

46

APÊNDICE B- QUESTIONÁRIO DE HÁBITOS ALIMENTARES

Questionário de análise de hábitos alimentares Nome:______________________________________________________________________

1-Quantas refeições você faz por dia

(considere até pequenos lanches)?

a) 1 a 2 refeição por dia

b) 3 a 4 refeições por dia

c) 5 a 6 refeições por dia

d) 7 ou mais refeições por dia

2- Quantas porções de carboidratos ( arroz,

pães, batatas, mandioca, cereais, farinhas,

bolos, etc) devemos comer ao dia?

a) Nenhuma a 1 porção

b) 2 a 3 porções

c) 5 a 9 porções

d) mais de 10 porções

3- Quantas porções de vegetais crus ou

cozidos, frutas frescas, secas ou suco de frutas

você deve consumir por dia?

a) 1 porção

b) 2 porções

c) 3 a 5 porções

d) mais de 6 porções

4- Quantas porções de carne de boi, peixes,

aves, ovos é o correto para consumirmos

diariamente?

a) Nenhuma

b) 1 a 2 porções por dia

c) 3 a 4 porções por dia

d) 5 porções

5- Quantas porções do grupo dos feijões você

deve consumir por dia?

a) Nenhuma

b) 1 porção

c) 2 porções

d) 3 porções

6- Quantas porções de leite, queijo, iogurte

você deve consumir por dia?

a) Nenhuma

b) 1 porção

c) 2 porções

d) 3 porções

7- Qual o consumo correto de alimentos

gordurosos (sanduíches, carnes gordurosas,

frango com pele, presuntos, etc)?

a) Podemos consumir todos os dias

b) Podemos consumir 5 a 7 vezes por semana

c) Podemos consumir 2 a 4 vezes por semana d) Podemos consumir menos de 1 vez por semana/

raramente/ nunca

8- Com que frequência você deve consumir

refrigerantes ou bebidas açucaradas?

a) Todos os dias

b) 4 a 6 vezes por semana

c) 2 a 3 vezes por semana

d) menos de 1 vez por semana/ raramente/ nunca

9- Qual a freqüência correta de consumir

doces ou adicionar açúcar em alimentos ou

bebidas?

a) Todos os dias

b) 4 a 5 vezes por semana

c) 1 a 2 vezes por semana

d) menos de 1 vez por semana/ raramente/ nunca

10- Com que freqüência você deve consumir

frituras( salgados, bolinhos, batata frita, etc)?

a) Todos os dias

b) 3 a 4 vezes por semana

c) nunca

d) raramente

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11- Quantos copos de água você deve tomar

por dia?

a) Nenhum

b) 1 a 4 copos por dia

c) 5 a 8 copos por dia

d) 9 ou mais copos por dia

12- Você costuma ler as informações

nutricionais dos rótulos de produtos

industrializados antes de comprá-los?

a) Nunca

b) Quase nunca

c) Algumas vezes, somente alguns produtos

d) Sempre ou quase sempre para todos os

produtos

13- Você usa alimentos diet no seu dia a dia?

a) Não conheço muito sobre estes produtos

b) Não. Todos são proibidos

c) Sim. Uso todos os alimentos diet, pois são

próprios para o diabetes

d) Sim. Uso depois de ler as informações

nutricionais e concluir que aquele alimento não

contém açúcar

14- Você sabe o que é alimento light?

a) Não. Não faço uso/ não conheço esses

produtos

b) Sim. São alimentos usados para emagrecer

c) Sim. São produtos que possuem redução

mínima de 25% de qualquer nutriente

d) Sim. São alimentos com poucas calorias

15- Ordene as colheres da menor para maior:

a) Não sei identificar o tamanho das colheres

b) Colher de sopa, de servir, de café, de

sobremesa, de chá.

c) Colher de chá, de café, de sobremesa, de sopa,

de servir

d) Colher de café, de chá, de sobremesa, de sopa,

de servir

16 – Qual é a forma correta de usar

adoçantes?

a) Não devo usar adoçantes, pois as marcas

podem causar câncer e mal de Alzheimer

b) Não sei a resposta. Costumo esguichar o

líquido sem observar a quantidade que coloco na

bebida

c) Uso moderadamente, sempre contando as

gotas/ medindo a quantidade de pó

d) Uso sempre o mínimo possível

17- Você sabe quantos gramas de sal devemos

consumir por dia?

a) Não sei a resposta

b) 5 gramas = 1 colher de chá

c) 10 gramas = 2 colheres de chá

d) 15gramas = 1 colher de sopa rasa

18- Suponhamos que no almoço tem arroz e

batata para comer. O que é correto fazer?

a) Não podemos misturar arroz e batata na

mesma refeição

b) Podemos colocar somente um dos alimentos –

ou o arroz ou a batata

c) Podemos dividir as quantidades dos alimentos.

Por exemplo: 1 colher de batata + 1 colher de

arroz

d) O ideal é comer somente o arroz. A batata é

um alimento proibido, pois vem debaixo da terra.

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APÊNDICE C - FICHA DE CADASTRO

Ficha de cadastro

Nome:_________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Data de Nascimento: ____/_____/_____ Idade:______

Sexo: ( ) Masculino ( )Feminino

Estado civil: ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Viúvo(a)

Telefone:____________________________Celular: ___________________________

Endereço:______________________________________________________________

CEP: ___________________ Cidade: ______________________________UF: _____

Escolaridade:________________________Profissão:__________________________

Email:_________________________________________________________________

Participação no projeto: ( ) individual ( ) grupo

Tempo da doença:_______________________________________________________

Atividade física: ________________________________________________________

Doenças:_______________________________________________________________

Medicamentos

Dados Antropométricos

Antes Depois

Dados Valores Dados Valores

Peso (kg) Peso (kg)

Altura (m) Altura (m)

Circunferência cintura (cm) Circunferência cintura (cm)

IMC IMC

Exames bioquímicos

Antes Depois

Exames Valores Exames Valores

Glicose jejum Glicose jejum

HbA1c HbA1c

Colesterol total Colesterol total

HDL HDL

LDL LDL

VLDL VLDL

TGO / TGP TGO/ TGP

Creatinina Creatinina

Uréia Uréia

Triglicérides Triglicérides

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APÊNDICE D – CARTILHA 1

Educação Nutricional – primeiros temas

Pirâmide Alimentar

1º Nível Base da pirâmide: grupo dos cereais, tubérculos, raízes (5 a 9 porções). São os alimentos ricos em carboidratos, sendo a maior fonte de energia para nosso corpo. Devem ser consumidos mais vezes ao longo do dia. Exemplos: arroz, macarrão, batata, inhame, mandioca, pães e biscoitos. Dica: Para variar a alimentação, a quantidade de arroz recomendada na dieta pode ser substituída por igual porção de batatas, mandioca, cará, milho verde, macarrão e outras massas, angu, farofa, etc. 2º Nível Grupo dos legumes, verduras e frutas (3 a 5 porções). São os alimentos que fornecem vitaminas, minerais e fibras. Exemplos: alface, couve, tomate, cenoura, beterraba, pepino, maçã, melancia, laranja e banana. Dica: Prefira os vegetais na sua forma natural, crus e com casca, pois a quantidade de nutrientes é maior do que em alimentos descascados e cozidos. 3º Nível Grupo das proteínas (1 a 2 porções de carnes e leguminosas / 3 porções de laticínios). São os alimentos construtores, necessários para o crescimento e para a manutenção dos tecidos. Além dessa função, fornecem minerais e vitaminas como ferro, cálcio, fósforo e vitamina B12. Exemplos: carne de boi, frango, peixe, porco, ovos, feijão, lentilha, soja, leite e derivados. Dica: Os alimentos ricos em proteína animal devem ser consumidos com moderação, pois são ricos em gorduras saturadas. 4º Nível Grupo dos óleos, gorduras, açúcares e doces - uso moderado (1 a 2 porções). São os alimentos mais calóricos e que contêm menos nutrientes.

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Exemplos: manteiga, batata frita, bala, sorvete e chocolate TIPOS DE CARBOIDRATOS

Carboidratos SIMPLES São aqueles absorvidos rapidamente pelo organismo e aumentam a glicemia. Exemplo: açúcar, doces, mel, frutas (frutose), leite (lactose).

Carboidratos COMPLEXOS São aqueles absorvidos mais lentamente, pois necessitam de processos digestivos. Exemplo: Amido presente nos pães e cereais ÁGUA Nutriente essencial a vida. Funções: Regulação da temperatura / Transporte de nutrientes / Eliminação de toxinas Beba de 5 a 8 copos por dia!! Dica: Se não possui o hábito, ande sempre com uma garrafa em mãos e prefira beber nos intervalos das refeições; SAL O consumo diário: SAL deve ser de 5g por dia = 1 colher de chá SÓDIO deve ser de 2000 mg Dicas:

Reduza o sal de cozinha e tempere suas refeições com alho, cebola, limão e ervas naturais (manjericão, salsa, cebolinha, orégano, hortelã, etc).

Alimentos que devem ser usados com moderação: - Vegetais em conserva; - Embutidos (salame, salsicha, presuntos, linguiça, etc.) - Molhos industrializados (catchup, mostarda, maionese, shoyu, tabletes de caldo) ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL Faça pratos bonitos, coloridos e atraentes. Equilibre todos os nutrientes da pirâmide alimentar. Faça 5 a 6 refeições por dia, sendo 3 refeições grandes (café da manhã, almoço e jantar) e pequenos lanches nos intervalos. Realize as refeições em ambientes tranquilos. Coma devagar e mastigue bens os alimentos. Isso favorece a digestão.

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APÊNDICE E – CARDÁPIO DE 1500 KCAL

Cardápio de 1.500 Kcal

Alimento Porção

DESJEJUM Hora:

Café, chá ou limonada com adoçante à vontade

Leite desnatado 1 copo americano

Pão francês 1 unidade

Margarina 2 pontas de faca

COLAÇÃO Hora:

Grupo Fruta B 1 porção

ALMOÇO Hora:

Grupo Vegetal A 1 porção ou à vontade

Grupo Vegetal B 4 Colheres de Sopa

Arroz branco 3 Colheres de Sopa

Feijão cozido 3 Colheres de Sopa

Grupo Carne 1 bife médio

Grupo Fruta A 1 porção

LANCHE DA TARDE Hora:

Café, chá ou limonada com adoçante à vontade

Leite desnatado 1 copo americano

Pão francês ½ unidade

Margarina 1 ponta de faca

JANTAR Hora:

Grupo Vegetal A 1 porção

Grupo Vegetal B 4 Colheres de Sopa

Arroz branco 3 Colheres de Sopa

Feijão cozido 3 Colheres de Sopa

Grupo Carne 1 bife médio

Grupo da Fruta A 1 porção

CEIA Hora:

Café, chá ou limonada com adoçante à vontade

Leite desnatado 1 copo americano

Biscoito água e sal 2 unidades

Consulte sempre sua Lista de Substituições dos Alimentos.

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APÊNDICE F: LISTA DE SUBSTITUIÇÃO

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APÊNDICE G – CARTILHA 2

Educação Nutricional – segunda parte

Medidas Caseiras

1 colher de servir = 2 colheres de sopa 1 escumadeira média = 3 colheres de sopa 1 escumadeira grande = 4 colheres de sopa

1 concha média= 5 colheres de sopa 1 copo americano = 165ml

1 copo duplo = 240ml

Rótulos Informações importantes: - tamanho da porção – g/ml - quantidade de carboidratos - quantidade de sódio e fibras alimentar Alimentos DIET Alimentos que possuem restrição de um nutriente, ou seja, retirada total de algum elemento da composição (açúcar, gordura, proteína, sódio). Geralmente não contem açúcar, mas possuem uma cota calórica significativa. Podem ser usados com moderação. Alimentos LIGHT São alimentos que possuem a redução mínima de 25% em determinado nutriente ou calorias comparados com o alimento convencional. Possuem quantidades menores de calorias, porém podem conter açúcar.

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ANEXO A – APROVAÇÃO DO CEP

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